narrativas do lugar certo · e luize neuman berger pertencentes a etnia alemã; anna rossa,...
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NARRATIVAS DO LUGAR CERTO: Memórias de imigrantes alemães, poloneses e
italianos em Irati-PR.
Autor: Gilberto Ivan Dias Soares1
Orientador: José Adilçon Campigoto2
RESUMO
O artigo em questão trabalha a memória local da imigração dentro do município de Irati, no Estado do Paraná. As correntes migratórias estudadas tratam dos poloneses, dos italianos e dos alemães. Para colaborar na elaboração do estudo, foram coletados em entrevista os depoimentos de 12 pessoas pertencentes às etnias que são o objeto de estudo deste artigo, que também apresenta um breve histórico sobre Irati e um tópico sobre história oral, inserido para dar maior credibilidade aos depoimentos. Foram tecidos comentários sobre as correntes migratórias embasados nas entrevistas e em estudiosos do assunto com o intuito de fornecer subsídios para serem usados futuramente em aulas de História. Também foram feitos comentários sobre possíveis elos entre as correntes estudadas. Para alicerçar este artigo, foram referenciados estudiosos como Barreto (2000), Martins (2006), Mika (2003), Orreda (1980; 2007), Sochodolak e Campigoto (2008), Thompson (1992) entre outros.
Palavras-chave: Correntes migratórias; Poloneses, italianos e alemães; Irati, História oral.
ABSTRACT
The article in question works the local memory of immigration within the municipality of Irati, State of Parana. The migration flows studied are the Poles, Italians and Germans. To assist in the preparation of this work were collected in an interview the testimony of 12 persons belonging to ethnic groups that are the subject matter of this article. The article contains a brief history of Irati, and to give greater credibility to the testimony, was part of a topic on oral history. Tissues were comments on the current migration grounded in interviews and students of the subject in order to provide information for future use in history classes. Were also made comments about possible links between the chains studied. In support of this article were referenced scholars as Barreto (2000), Martins (2006), Mika (2003), Orreda (1980, 2007), Sochodolak Campigoto (2008), Thompson (1992) among others. Keywords: Migration flows, Poles, Italians and Germans; Irati, Oral History.
1 Professor PDE da Rede Estadual de Ensino do Paraná – Licenciado em História.
2 Orientador PDE.
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Introdução
O tema deste estudo são as narrativas a respeito das correntes migratórias no
estado do Paraná, especificamente, no município de Irati3. Foram investigadas as
memórias da imigração especialmente entre os poloneses, italianos e alemães, os
quais contribuíram para a formação do município de Irati. Um dos objetivos
específicos do trabalho é que este estudo possa ser utilizado em sala de aula, nas
aulas de História, para facilitar discussões sobre etnias e migrações. Doze pessoas
pertencentes às etnias polonesa, italiana e alemã foram entrevistadas e
descreveram um pouco da história de suas famílias4.
Ao colher as narrativas dos entrevistados, privilegiou-se a história oral. Bosi
(2007, p. 55) diz que
Na maior parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar, com imagens e idéias de hoje, as experiências do passado. A memória não é sonho, é trabalho. Se assim é, deve-se duvidar da sobrevivência do passado, "tal como foi", e que se daria no inconsciente de cada sujeito. A lembrança é uma imagem construída pelos materiais que estão, agora, à nossa disposição, no conjunto de representações que povoam nossa consciência atual. Por mais nítida que nos pareça a lembrança de um fato antigo, ela não é a mesma imagem que experimentamos na infância, porque nós não somos os mesmos de então e porque nossa percepção alterou-se e, com ela, nossas idéias, nossos juízos de realidade e de valor. O simples fato de lembrar o passado, no presente, exclui a identidade entre as imagens de um e de outro, e propõe a sua diferença em termos de ponto de vista.
Todavia, a história oral levantada pelas entrevistas constitui uma grande base
para este trabalho. Ela ratifica as entrevistas. Podemos dizer que um olhar de
identificação e afeição pelo lugar em que se vive seja fundamental para a
compreensão e o ensino da história. Sem dúvida, é um exercício de cidadania.
Suscitar nos alunos o interesse pela pesquisa de sua própria localidade, sem cair
em exclusivismos, pode ser considerado como uma forma de levá-los a reescrever e
compreender melhor sua própria história. Assim, conhecer a história local em seus
3 O município a ser trabalhado existe há 104 anos com a denominação de Irati e localiza-se no
Estado do Paraná. De acordo com Orreda (1980, p. 9): “Irati nasceu como município em 15 de julho de 1907 criado pela Lei n.º 716, de 2 de abril de 1907”. 4 Os doze entrevistados foram os seguintes: Almerindo Schaly, Frieda Kopp Boyko, Hilmar Gaedicke e Luize Neuman Berger pertencentes a etnia alemã; Anna Rossa, Catarina Andreassa, Pedro Zarpelon e Sebastião Cosmos da etnia italiana e Bronislava Pabis, Catarina Zajaç Mazurek, Gaspar Valenga e Silvestre Bernarski, representantes da etnia polonesa.
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detalhes, além de desenvolver a capacidade de construção de uma consciência
crítica e participativa dos sujeitos nesse processo, contribui para a resignificação da
disciplina de História.
Irati, breve relato histórico
Segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o município
de Irati está localizado na zona fisiográfica de Irati, uma das onze em que o Paraná
se divide. Sua localização geográfica é a seguinte: Paralelo 25º 27' 56" de latitude
Sul com interseção com o meridiano 50º 37' 51" de longitude Oeste. Encontra-se na
sub-região dos pinhais do segundo planalto paranaense.
A economia de Irati tem sua maior fatia centrada em serviços, seguida pela
indústria e depois pela agropecuária. Houve um tempo em que o município se
destacava pelas atividades agrícolas, porém os tempos hoje são outros e o mercado
de prestação de serviços cresce dia a dia. Contudo, a agricultura iratiense continua
sendo destaque no Estado (http://www.irati.pr.gov.br).
Irati é um dos primeiros produtores de batata-inglesa, o que em parte se deve,
provavelmente, a natureza argilo-silicosa do solo e o empenho da população rural no
cultivo. Outros produtos de natureza agrícola que saem de Irati são: o milho (safra
normal e safrinha); feijão das águas; soja e fumo (http://www.irati.pr.gov.br).
O PIB (Produto Interno Bruto) iratiense é, segundo a Prefeitura Municipal, de
US$ 100.230.977,425. Isso resulta em um PIB per capita de US$ 2.037,756. Quanto
à localização, pode-se dizer que em linha reta, Irati situa-se a 138 km de Curitiba,
capital do Estado, e a 1105 km de Brasília, Distrito Federal.
O clima é temperado e, em geral, saudável, como o de todo o sul do Estado,
variando a temperatura desde o mínimo de 5 graus abaixo de zero até o máximo de
38 graus. Registram-se geadas no inverno. As chuvas caem com mais intensidade
de setembro a fevereiro. O município de Irati encontra-se no segundo compartimento
5 http://www.irati.pr.gov.br, 2011
6 A população iratiense, segundo o IBGE, reportando-se ao Censo de 2010 mostra o seguinte
panorama:Total:56207. Total Urbana: 44932. Total Rural: 11275.Total Masculina: 27708. Masculina Urbana: 21814. Masculina Rural: 5894. Total Feminina: 28499.Feminina Urbana: 23118.Feminina Rural: 5381. (IBGE, Censo 2010).
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geológico do Paraná. Este compartimento é constituído de sedimentos paleozoicos
da bacia do Paraná (http://www.irati.pr.gov.br).
O memorialista local José Maria Orreda narra uma história sobre o nome dos
lugares e dos acidentes geográficos existentes no espaço em que se localizou a
sede do município. Diz o autor que
A denominação Irati ocorreu em 1829 ou 1830, quando dois moradores do antigo povoado Boa Vista (hoje Teixeira Soares), Pacífico de Souza Borges e Cipriano Francisco Ferraz, vieram conhecer o sertão, dando nomes às terras e aos rios. Batizaram o lugar onde hoje se encontra a Vila São João com o nome das abelhas encontradas por lá: Iraty. (ORREDA: 2007, p. 11).
A história dos nomes fundadores será, aqui, considerada como uma narrativa
entre outras, inclusive entre aquelas que dizem respeito às correntes migratórias.
Assim, afirma-se que:
Em 1908, Irati recebia o primeiro contingente de colonos, os Holandeses que se fixaram no Núcleo Irati. Poloneses e Ucranianos, no mesmo ano, 1908, localizaram-se em Itapará, alcançando as nascentes do Rio dos Patos através de picadas e caminhos quase intransponíveis, orientados por líderes do município de Prudentópolis. Em 1909 vieram para o Núcleo Irati, mais tarde denominado Colônia Gonçalves Júnior, os imigrantes alemães; em 1910/1912 chegaram os Ucranianos e Poloneses. Esse movimento imigratório foi iniciado e dirigido pelo Governo Federal. Provenientes da Região de Campo Largo, depois de 1913, começaram a fixar-se em Rio do Couro, Mato Queimado, na sede municipal e outras áreas, os italianos. (ORREDA 1980, p. 13 e 15).
Orreda (1980, p. 15) toma como certo os ditos sobre a função desempenhada
pelos imigrantes no pressuposto desenvolvimento. Para ele, “Os colonos alemães,
poloneses, italianos e seus descendentes, na fusão de raças com os portugueses,
espanhóis e nacionais, disseminados em todas as áreas do município, tornaram-se
a grande força e a motivação da economia de Irati”.
Tais enunciados a respeito da força econômica dos imigrantes são comuns na
tradição oral local, que será acessada por meio da história oral. Conforme o Centro
de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação
Getúlio Vargas (CPDOC FGV: 2009) entende-se que
A história oral é uma metodologia de pesquisa que consiste em realizar entrevistas gravadas com pessoas que podem testemunhar sobre acontecimentos, conjunturas, instituições, modos de vida ou outros
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aspectos da história contemporânea. Começou a ser utilizada nos anos 1950, após a invenção do gravador, nos Estados Unidos, na Europa e no México, e desde então difundiu-se bastante. Ganhou também cada vez mais adeptos, ampliando-se o intercâmbio entre os que a praticam: historiadores, antropólogos, cientistas políticos, sociólogos, pedagogos, teóricos da literatura, psicólogos e outros.
Aqui a história oral é utilizada como metodologia de pesquisa que demonstra
certo privilégio por meio das entrevistas. Todavia, podemos dizer que a entrevista é
um mecanismo constituído de duas pontas: numa delas, o entrevistador, aquele que
dirige o tom da conversa e, de outro, o entrevistado, que poderá responder ou não a
respeito do que lhe foi solicitado. Assim “A história oral tem como matéria a
memória, que pode vir à tona através de estímulos diretos, que comumente
denominamos memória voluntária” (MONTENEGRO: 2003, p. 151). O que se vê, ou
ouve, é a história retratada através da oralidade. Sochodolak e Campigoto (2008)
escreveram sobre a importância dos depoimentos e das histórias de vida no âmbito
da história cultural. Para eles
A transmissão dos conhecimentos por meio da oralidade, ou pela adoção de certas práticas, emerge como foco de importância básico para história cultural. O que antes era classificado genericamente como mito passou a ser designado e tratado como narrativas e teologia do povo. Tal perspectiva fundamenta-se e evidencia-se nos usos da História Oral, metodologia vital para o trabalho com os povos ágrafos e aqueles grupos considerados como povos de cultura oral.
Para Thompson, a história oral (1992, p. 22) “foi a primeira espécie de
história”. O autor também enfatiza que “a história oral é uma história construída em
torno de pessoas. Ela lança a vida para dentro da própria história e isso alarga seu
campo de ação” (THOMPSON: 1992, p. 44). O autor ainda afirma que
Essa capacidade de fazer conexões entre esferas distintas da vida constitui uma força intrínseca da história oral no desenvolvimento da interpretação histórica. Ao estudar a transição de uma cultura para outra, no tempo, ou por migração, não só podemos ver essas culturas separadamente, mas também observar os caminhos trilhados por cada indivíduo de uma cultura para outra. (THOMPSON: 1992, p. 327).
A história oral será aqui utilizada para a investigação das memórias da
imigração local. Mas o fenômeno migratório, ou os discursos sobre os imigrantes,
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nesse caso, serão tomados como patrimônio cultural brasileiro. Brasil (1988) diz que
tal patrimônio é constituído por
(...) bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais, os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Podemos dizer que os bens de natureza material e imaterial compõem o
patrimônio cultural. Isso leva ao entendimento de que patrimônio cultural não é
somente o que se pode tocar, ou seja, o que é concreto, mas também aquilo que é
significativo ou simbólico, não físico. Nesse sentido, estaremos considerando as
falas, os depoimentos e as histórias narradas pelos imigrantes e descendentes de
imigrantes como patrimônio. Margarita Barreto (2000, p. 11) comunga dessa ideia,
afirmando que
Atualmente, há consenso de que a noção de patrimônio cultural é muito mais ampla, que inclui não apenas os bens tangíveis como também os intangíveis, não só as manifestações artísticas, mas todo o fazer humano, e não só aquilo que representa a cultura das classes mais abastadas, mas também o que representa a cultura dos menos favorecidos.
Ampliando um pouco a discussão, Sílvia Helena Zanirato e Wagner Costa
Ribeiro (2006, p. 1) escreveram que
Nos últimos anos, o conceito "patrimônio cultural" adquiriu um peso significativo no mundo ocidental. De um discurso patrimonial referido aos grandes monumentos artísticos do passado, interpretados como fatos destacados de uma civilização, se avançou para uma concepção do patrimônio entendido como o conjunto dos bens culturais, referente às identidades coletivas. Desta maneira, múltiplas paisagens, arquiteturas, tradições, gastronomias, expressões de arte, documentos e sítios arqueológicos passaram a ser reconhecidos e valorizados pelas comunidades e organismos governamentais na esfera local, estadual, nacional ou internacional.
Podemos dizer, então, que se entende por patrimônio cultural o conjunto de
bens culturais de qualquer natureza pertencentes a uma nação, a um povo ou a um
determinado grupo. A questão da pertença aparece claramente nos depoimentos.
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Frieda Kopp Boyko, por exemplo, forneceu o seguinte depoimento:
Com a nossa religião tivemos um pouco de dificuldades, porque em Irati tinha a Igreja católica e outras Igrejas evangélicas e não tinha a luterana. Quando Eliana (filha) foi estudar na escola Duque de Caxias ela tinha uma amiga que os pais eram luteranos e estavam com a mesma dificuldade, aí começamos a frequentar a igreja presbiteriana que é parecida com a igreja luterana, até que formamos um grupo de sete mulheres quando fundamos a Igreja Luterana que fica perto do cemitério municipal e da Igreja São Miguel, eu sou praticamente a fundadora daquela igreja.
A narrativa praticamente se repete a respeito do templo pertencente à Igreja
de Confissão Luterana localizado em Gonçalves Júnior pelo depoimento de outra
entrevistada. Luize Neuman Berger, descendente de imigrantes alemães, narrou o
seguinte:
Nós sempre fizemos parte da religião luterana, desde que meus pais vieram da Alemanha. Aqui os alemães se reuniram e construíram a nossa igreja na colônia, a nossa religião é chamada de Evangélica Luterana do Brasil, é quase igual à Religião Católica, até tem uns hinos que cantamos que são os mesmos, bem pouca coisa diferente, uma das diferenças é que os católicos usam santos nas casas e nós luteranos não. Tem muita gente que condena os luteranos só por isso. O nosso Símbolo maior é o crucifixo, que fica no altar, mas sem Jesus, porque ele ressuscitou e Maria, mãe de Jesus é vista como uma santa, a única que temos na Igreja.
Os depoimentos dos imigrantes alemães estão vinculados à história das duas
grandes guerras mundiais. Nas suas narrativas, afirmaram que a Europa estava
quase que totalmente envolvida no conflito e que alguns povos procuraram fugir
daquele problema. Para alguns depoentes, o regime era duro e forçava as pessoas
a procurar alternativas. Eles afirmaram que o regime comunista obrigava o povo a
entregar suas propriedades ao Governo, Frieda relatou que
Nós morávamos em uma colônia da Alemanha, todo mundo teve que entregar suas propriedades para o governo. Começa o inferno, o povo é castigado e minha família também. Primeiro castigaram meu tio, porque ele tinha mais propriedades. Chegaram à noite, tiraram meu tio da família, depois passou um tempo, tiraram o filho mais velho dele de mais ou menos 15, 16 anos e levaram meu sobrinho também.
Os depoentes recorrem a pontos específicos tais como a gastronomia. Hilmar
Gaedicke diz que “(...) o baile do chopp e da linguiça já é tradicional em Irati”. O
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evento é também evocado no depoimento concedido por Luize Neuman Berger. A
religiosidade, como veremos adiante, também será um dos pontos recorrentes.
O estado do Paraná recebeu muitos desses imigrantes, também conhecidos
como colonos. Segundo Rui Wachowicz (2010, p.173), um descendente de
imigrantes poloneses
(...) as elites diretivas do Brasil pensavam numa forma de impedir que o país se tornasse a maior nação negra do planeta, tamanho era o número de africanos trazidos ao Brasil desde o século XV. Era o problema do caiamento da população. Segundo essas elites, era preciso tornar o país majoritariamente branco e não africano.
Wachowicz (2010, p.173), afirma, ainda, o seguinte:
No Paraná, a primeira iniciativa para localizar imigrantes europeus deu-se em 1829. O tropeiro e latifundiário João da Silva Machado, posteriormente barão de Antonina, conseguiu autorização da Corte para localizar às margens do Rio Negro um núcleo de imigrantes alemães. Estes foram estabelecidos na Capela da Mata, posteriormente Rio Negro, situada no caminho de tropas que fazia a ligação de São Paulo ao Rio Grande. Na realidade, os 238 alemães foram ali localizados para que, com sua atividade agrícola e conseqüente expansão, afugentassem o indígena xokleng mais para as matas, diminuindo os ataques que as tropas do futuro barão sofriam na região. Dessa forma, os prejuízos de João da Silva Machado haveriam de diminuir.
A história da imigração dos alemães para o Brasil também é narrada por
grupos específicos e não somente por cientistas ou por parte de narradores
populares. Os membros da comunidade religiosa guardam sua memória.
De acordo com dados da Comunidade Evangélica Luterana de Irati (CELI:
2011), os primeiros imigrantes de origem germânica a fixarem residência nessa
região, vieram
A partir de 1907 e 1908, através das propagandas feitas pelo governo brasileiro, ocorreu uma grande imigração de famílias alemãs, holandesas, polonesas e rutanesas, inicialmente à região de Prudentópolis, onde desde há anos já havia cerca de 10 mil famílias rutanesas e, posteriormente, também na direção de Irati e Marechal Mallet, como também no sentido norte, em direção a Ivaí.
Almerindo Schaly aponta algumas características da religião que professa,
como se representasse algumas marcas de sua identidade imigrante
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Assim como na Igreja Católica, na Igreja Luterana também temos algumas correntes. Uma que saiu da Alemanha e foi para os Estados Unidos, evoluiu muito, embora seja só uma sigla diferente. No Brasil, demorou evoluir e nossos pastores vieram da Alemanha. A Igreja Luterana de Gonçalves Júnior já tem 100 anos. Em Irati, é mais nova com a construção da Paróquia, há bem pouco tempo. Em Irati, temos uma corrente um pouco diferente de Gonçalves Júnior. A doutrina é praticamente a mesma. A ICLB que é a nossa é mais ecumênica. A outra é bem mais conservadora.
Além dos grupos religiosos, também existem as narrativas oficiais. Segundo a
Secretaria de Estado do Turismo do Paraná – (SETU).
Os alemães foram os primeiros a chegar ao Paraná, em 1829, fixando-se em Rio Negro. Mas, o maior número de imigrantes vindos da Alemanha chegou ao Estado no período entre as guerras mundiais. Esse povo trouxe ao Paraná todas as atividades a que se dedicavam, entre elas a olaria, agricultura, marcenaria, carpintaria, etc. E, à medida que as cidades prosperavam, os imigrantes passaram a exercer também atividades comerciais e industriais. Hoje, a maior colônia de alemães está no município de Marechal Cândido Rondon, que guarda na fachada das casas, na culinária e no rosto de seus habitantes a marca da colonização. Os alemães estão concentrados também em Rolândia, Cambé e Rio Negro. A maioria deles chegou ao Paraná vindo de Santa Catarina. (PARANÁ: 2011, p. 1).
Frieda Kopp afirma o seguinte:
(...) o Brasil é um país maravilhoso. Basta termos vontade de trabalhar que conseguimos as coisas. Um tanto do povo daqui não sabe o que é sofrer como acontece em outros países. A partir de 1935 na Europa, nós não tínhamos lugar certo, éramos jogados de um lugar para o outro.
Os depoentes partem do princípio de que os imigrantes encontraram aqui
uma segunda pátria. O Brasil é considerado como um país acolhedor, ideia que se
repete nos depoimentos dos italianos e poloneses.
Conforme o discurso oficial,
Os poloneses chegaram ao Paraná por volta de 1871, e fixaram-se em São Mateus do Sul, Rio Claro, Mallet, Cruz Machado, Ivaí, Reserva e Irati. Em Curitiba, fundaram várias colônias que hoje são os bairros Santa Cândida e Abranches. Esse povo ajudou a difundir o uso do arado e da carroça de cabeçalho móvel, puxado a cavalo. Dedicados à agricultura, ajudaram a aumentar a produção do Estado. (PARANÁ: 2011, p. 1).
Os descendentes de poloneses, em seus depoimentos, vincularam a
imigração e a cultura polonesa a alguns ritos, festas e à religiosidade. Conforme
Bronislava Pabis, os casamentos dos poloneses eram marcados por festas que
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duravam três dias ou mais e descreve algumas partes do que considera como um
casamento ao modo polonês
O noivo saía da casa da noiva porque o noivo pousava na casa dela. A bênção dos noivos é feita em casa. Os pais do noivo e da noiva ficavam na sala, enquanto a noiva saía do quarto. O noivo chegava e tinha que fazer um discurso e a noiva tinha que pedir a bênção dos pais para sair e ir até a Igreja. O noivo se ajoelhava três vezes para os pais da noiva. Os padrinhos levavam a noiva e o noivo na carroça de trás jogando água benta neles. (...) Só lembrando que a festa de casamento sempre começava três dias antes.
A depoente considera o ‘casamento polonês’ como uma celebração marcante.
Sobre isso, é possível ver o que relata Mika (2003, p. 1)
A festa do casamento era feita na casa dos pais da noiva, num dia de sábado. Em décadas anteriores, o casamento era celebrado na segunda-feira e não no sábado. Para marcar o casamento, era preciso pensar em contratar uma cozinheira (kucharka) com seus tachos e talheres, uma bandinha de música (musykanti), o padre (ksiads)... algo que tinha que ser feito com uns dezoito meses de antecedência. Marcada a data com esses três profissionais, então era hora de ir convidando o casal coordenador da festa (druzba e druzbina), os padrinhos e madrinhas, os condes e as damas (sfat e druszka). O convite geral era dirigido para os familiares e vizinhos; na prática, a colônia toda era convidada.
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Conforme os depoimentos e os discursos correntes na região, uma das
características do povo polonês é ser festeiro, porém extremamente rigorosos
quando o assunto é a religiosidade e a moral. Bronislava afirma que
Os poloneses sempre gostavam de fazer festas nas casas e na Igreja. A quaresma era muito rigorosa. Na sexta feira santa, era proibido até de conversar, não dava pra fazer nada, a gente apanhava se falasse, tinha que cumprir todos os horários, almoçar e jantar na hora certa e não podia comer nada de carne. Nós íamos à missa de carroça, enquanto uma pessoa ficava em casa fazendo o almoço, porque demorava muito. A Igreja era longe, não dava tempo de voltar para fazer o almoço. Os cavalos ficavam soltos no pátio da Igreja que era próprio para isso. A maioria dos poloneses praticava a religião católica.
Essas narrativas, assim como as dos imigrantes alemães e seus
descendentes, recorrem à culinária, aos pratos típicos, como uma forma, talvez, de
afirmação de um discurso de identidade cultural. Catarina afirma que “As festas de
7 Os vocábulos em polonês aqui inseridos entre parênteses nem sempre existem no dicionário
polonês porque são vocábulos criados nas colônias polonesas.
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casamento duravam uma semana, com muita comida como charuto, pierogue, sopa
de beterraba, repolho azedo, geleia de porco e antes da festa de casamento,
também preparavam muita cerveja caseira”.
Gaspar Valenga afirma que
A alimentação dos poloneses era à base de muitos legumes, verduras, carne de porco. A comida era muito saborosa, faziam o pierogue, charuto, essas coisas eu tenho certeza que vieram da polônia, a maioria das outras coisas aprendemos aqui, foram se acostumando com o arroz e o feijão.
A alimentação entra na narrativa da imigração como parte do cenário da
chegada dos primeiros imigrantes. Silvestre Bernarski, por exemplo, comenta em
depoimento
A base da alimentação era repolho cozido e azedo, comida bastante apreciada na Polônia, sopa de galinha com macarrão caseiro e arroz. Faziam o arroz carreteiro, batatinha cozida, o pierogue, os derivados de trigo como pão, a broa e outros tipos de massas. Depois começaram a plantar cebola. Possuíam algumas criações, como porco, galinha, pato, ganso e criavam gado também. Aqui já existia moinho, então papai levava sacos de trigo para moer e socava bem para não estragar, outro produto que era mandado descascar no moinho era o arroz. Nós plantávamos alface, tomate, beterraba e outros produtos. O repolho, nós deixávamos em vasilhas para azedar, depois fazíamos sopa azeda e também um cozido com carne de porco.
A alimentação passa a ser considerada como uma tradição e, portanto, como
um elemento identitário. Dessa forma, vincula-se a outras tradições e outras
vivências, incluindo a religiosidade. Catarina assegura que: “não podia faltar à igreja,
principalmente se tinha missa.”.
Mika (2003, p. 5) relata:
As tradições polonesas estão intimamente ligadas ao catolicismo. As colônias polonesas eram atendidas pelos padres missionários vicentinos poloneses que formaram uma paróquia em cada colônia: Tomaz Coelho, Orleans, Araucária, Contenda, Catanduvas do Sul, Dom Pedro II, Abranches, Santa Cândida, Barreirinha, São Mateus do Sul, Irati, Ivaí, Imbituva, Prudentópolis, Alto Paraguassu, Itaiópolis, Mafra. A missa de domingo era o ponto de encontro dos poloneses, oportunidade em que colocavam todas as notícias em dia.
É possível perceber, nos depoimentos dos imigrantes poloneses e de seus
descendentes, uma associação entre a imigração e a identidade étnica por meio da
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festa, dos ritos, da alimentação e da religiosidade própria. Enquanto, os imigrantes e
descendentes germânicos consideram-se como luteranos, os poloneses identificam-
se como católicos. Enquanto os poloneses apresentam os ritos de matrimônio como
traço destacado, os germânicos apresentam o baile do chopp.
Os imigrantes italianos também construíram narrativas sobre a contribuição
para o desenvolvimento estadual e sobre as marcas que imprimiram no município de
Irati. Parte-se do princípio de que eles ocuparam o primeiro lugar nas imigrações
brasileiras. Oficialmente, afirma-se que
No Paraná, eles contribuíram muito trabalhando nas lavouras de café e, mais tarde, em outras culturas. A principal concentração desses imigrantes no Estado está na capital, Curitiba, em Morretes, no litoral, e nas cidades de Palmeira e Lapa, onde existiu a colônia anarquista de Santa Cecília. Os italianos contribuíram também na indústria e na formação de associações trabalhistas e culturais. (PARANÁ: 2011, p. 2).
Uma das afirmações básicas nesses depoimentos é de que o italiano tem um
profundo respeito por sua cultura, especialmente, no que tange a religião. Anna
Rossa, por exemplo, afirma que
A religião dos italianos era católica. As missas, no início, eram rezadas em italiano, depois passou a ser rezada em latim. As festas da Igreja eram bem bonitas, uma média de três festas por ano e saía tudo muito bonito. De manhã a missa, almoço com churrasco, churrasco de valo, como eles chamavam. Faziam um valo no chão e colocavam o churrasco em um espeto de madeira e assavam naquele valo. Isso os italianos aprenderam com a cultura daqui.
A religiosidade e a festa aparecem como elementos identitários, além do jogo
e do vinho. O sentimentalismo, que é um traço característico nos discursos sobre a
identidade étnica italiana, aparece claramente. Anna diz que
À tarde, eles jogavam muita mora, um jogo que era lá da Itália e veio com a nossa cultura pra cá. Nesse jogo, eles batiam na mesa com as mãos, ficavam feridos e não conseguiam trabalhar depois. Tomavam muito vinho e gritavam muito. No final da festa, choravam bastante, eu acho que alguns deles sentiam saudades da Itália. Na festa era só música italiana.
Catarina Andreassa diz que as videiras foram cultivadas por aqui, como na
Itália. Comenta: “(...) isso eu tenho certeza que veio da Itália e a parreira também
porque meus pais sempre fizeram o vinho”. Pedro Zarpelon afirma que, nessa
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região, “O pessoal bebia muito vinho e ficava meio quente,” isto é, acontecia que os
ânimos ficavam exaltados pelo estado ébrio que se instalava após o consumo da
bebida.
A produção era artesanal como diz Sebastião Cosmos. Esse descendente de
imigrantes afirma que
Não tem segredo. A uva bem madura, colhia um pouco adiantado. Colocava em câmara fria, era esmagada com os pés, de início era isso. Tinha um caixão próprio chamado de vasca. Tinha um tabuleiro e ia esmagando. Saia o suco embaixo. Trouxeram tudo de Campo Largo. A madeira do carvalho também.
A imigração italiana, nessas narrativas é associada ao catolicismo, à festa, ao
jogo, ao sentimentalismo e ao vinho artesanal. Assim narra-se parte dessa história
dos imigrantes italianos e de seus descendentes que primeiramente estiveram em
Curitiba e Morretes, depois em Campo Largo, de onde trouxeram seus apetrechos
até Irati, lugar em que fixaram residência.
Nos meios oficiais, o discurso é de um mosaico de etnias vivendo de forma
harmoniosa e próspera. Conforme a Secretaria de Estado do Turismo do Paraná,
As 28 etnias que colonizaram o Estado do Paraná trouxeram na bagagem sua cultura, costumes e tradições. Os imigrantes chegaram com a promessa de encontrar a paz numa terra desconhecida, mas que prometia trabalho, terra, produção e tranquilidade. (PARANÁ: 2011, p. 1).
Conclusão
Todo e qualquer trabalho acadêmico sempre leva a conclusões interessantes.
Uns buscam provas que corroborem com teorias formuladas, outros fazem uma
reflexão sobre determinada situação e ainda há os que vão a campo e, por meio de
pesquisas in loco, chamam a atenção para determinado fato. Todavia, quando o
trabalho é baseado em pessoas, certamente a satisfação ao vê-lo concluído é bem
maior. Falar sobre correntes migratórias tendo a oportunidade de entrevistar
pessoas ligadas a essas correntes foi, sem dúvida, muito prazeroso. E o prazer
torna-se maior ainda sabendo que o que se aprendeu pode ser repassado adiante, o
que contribuirá para a formação de futuros alunos. É pertinente comentar que as
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entrevistas utilizadas para esse trabalho serão doadas ao laboratório dos povos
eslavos e faxinalenses da Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO.
Reconhecer que os poloneses, os italianos e os alemães contribuíram para a
formação do município de Irati foi muito bom, contudo confirmar isso através de
descendentes desses povos foi muito mais gratificante. Ao conhecimento se une a
satisfação de saber de forma oral como as coisas realmente aconteceram. É algo
como viajar no tempo acompanhado de quem vivenciou os eventos ocorridos nessa
dimensão temporal. Pode parecer fantasioso, mas é como ser testemunha da
história. A história desses europeus que vieram para o Brasil e se estabeleceram no
município de Irati pouco depois de sua emancipação política e por isso são parte
integrante da constituição do município.
Quando se comenta sobre o casamento polonês e sobre os noivos irem até a
igreja de carroça nos reportamos pela imaginação àquele tempo. É possível
compreender que as primeiras carroças em nosso município foram construídas pelos
poloneses. Quando ouvimos os relatos sobre as festas de casamento, imaginamos
que esse povo mesmo tendo passado por inúmeros sofrimentos em sua terra natal
não perdeu a vontade de viver, de festejar e de espalhar alegria. Outro fato que
chama a atenção diz respeito aos valores. O ritual de casamento vai muito além de
uma cerimônia religiosa. Ele nos põe frente a valores como gratidão, respeito ao
próximo e compromisso ético. O casamento, dessa forma, mostra bem mais que a
simples união de um homem mais uma mulher. O que se vê é a união de duas
famílias.
Da mesma forma, puderam ser tiradas valiosas lições dos depoimentos dos
descendentes de alemães e italianos. Os alemães vieram em condições difíceis dos
tempos de guerra e aqui, em terras iratienses, encontraram não só a paz, impossível
em solo europeu àquela época, mas uma segunda pátria. Para estes, não foi difícil
reconhecer o Brasil como país maravilhoso, acolhedor e de muitas oportunidades.
Ficou nítido que as tradições alemãs também vieram junto a esses imigrantes, que
trataram de viabilizar aquilo que na ocasião lhes faltava: um templo para professar a
fé luterana. Assim pode-se perceber a intensa troca que houve nesse processo de
chegada desses povos: eles se sentiram acolhidos e passaram a ter a pátria que
perderam e essa pátria que os acolheu conheceu novas tradições culturais,
gastronômicas e religiosas, incorporando-as.
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Quanto aos italianos que se fixaram em Irati é possível dizer que a
contribuição se deu no campo cultural, religioso e também econômico, pois estes
ocuparam o primeiro lugar entre os imigrantes brasileiros. Essa contribuição foi
percebida, primeiramente, no cultivo das lavouras de café, posteriormente, em
outras culturas. Os italianos também foram bastante ativos no setor industrial e na
formação de associações tanto trabalhistas, quanto culturais, traço em que sempre
se destacaram pela inegável devoção à cultura da terra de origem.
Referências
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Depoentes
ANDREASSA, Catarina. Depoimento Concedido em Entrevista a Gilberto Ivan Dias Soares em 17 de junho de 2011.
BERNARSKI, Silvestre. Depoimento Concedido em Entrevista a Gilberto Ivan Dias Soares em 22 de julho de 2011.
BERGER, Luize Neuman. Depoimento Concedido em Entrevista a Gilberto Ivan Dias Soares em 11 de junho de 2011.
BOYKO, Frieda Kopp. Depoimento Concedido em Entrevista a Gilberto Ivan Dias Soares em 14 de julho de 2011.
COSMOS, Sebastião. Depoimento Concedido em Entrevista a Gilberto Ivan Dias Soares em 28 de maio de 2011.
GAEDICKE, Hilmar. Depoimento Concedido em Entrevista a Gilberto Ivan Dias Soares em 27 de julho de 2011.
MAZUREK, Catarina Zajaç. Depoimento Concedido em Entrevista a Gilberto Ivan Dias Soares em 30 de abril de 2011.
PABIS, Bronislava. Depoimento Concedido em Entrevista a Gilberto Ivan Dias Soares em 20 de maio de 2011.
ROSSA, Ana. Depoimento Concedido em Entrevista a Gilberto Ivan Dias Soares em 14 de maio de 2011.
SCHALY, Almerindo. Depoimento Concedido em Entrevista a Gilberto Ivan Dias Soares em 29 de julho de 2011.
VALENGA, Gaspar. Depoimento Concedido em Entrevista a Gilberto Ivan Dias Soares em 13 de abril de 2011.
ZARPELON, Pedro. Depoimento Concedido em Entrevista a Gilberto Ivan Dias Soares em 28 de julho de 2011.