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ASSAS EM DEFESA DA REVOLUÇÃO E DITADURA PROLETÁRIAS ÓRGÃO BISSEMANAL DO PARTIDO OPERÁRIO REVOLUCIONÁRIO MEMBRO DO COMITÊ DE ENLACE PELA RECONSTRUÇÃO DA IV INTERNACIONAL ANO 20 - Nº 373 - DE 23 DE ABRIL A 06 DE MAIO DE 2009 - R$ 3,00 Frente às demissões, greve com ocupação de fábrica Emprego não se negocia, defende-se com luta! Escala móvel das horas de trabalho, para que todos tenham emprego! Estatização sem indenização das empresas quebradas, controle operário! Abertura de todos os livros caixa! Salário Mínimo Vital! Escala móvel de salários! Por um Primeiro de Maio sob as bandeiras da Classe Operária Não teremos um 1º de Maio unitário, sob bandeiras operárias, combativo e de massa. Nem mesmo a crise e as demissões em massa obrigaram as Centrais a convocar em conjunto uma grande manifestação de massa. O que mostra a farsa da frente única do Dia Nacional de Luta, de 30 de março. A bandeira de 1º de Maio proletário, unitário, de massa e de combate é uma exigência diante da situação em que a burocracia divide os trabalhadores e substitui suas necessidades por “pão e circo”. A crise exige uma verdadeira frente única sindical e um programa de luta radical em defesa do emprego e do salário. Nada de festas! Nada de missas! Organizar um 1º de Maio de combate!

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ASSAS

EM DEFESA DA REVOLUÇÃO E DITADURA PROLETÁRIAS

ÓRGÃO BISSEMANAL DO PARTIDO OPERÁRIO REVOLUCIONÁRIOMEMBRO DO COMITÊ DE ENLACE PELA RECONSTRUÇÃO DA IV INTERNACIONAL

ANO 20 - Nº 373 - DE 23 DE ABRIL A 06 DE MAIO DE 2009 - R$ 3,00

Frente às demissões, greve com ocupação de fábrica

Emprego não se negocia, defende-se com luta!Escala móvel das horas de trabalho, para que todos tenham emprego!Estatização sem indenização das empresas quebradas, controle operário!Abertura de todos os livros caixa! Salário Mínimo Vital! Escala móvel de salários!

Por um Primeiro de Maiosob as bandeiras

da Classe Operária

Não teremos um 1º de Maio unitário, sob bandeiras operárias, combativoe de massa. Nem mesmo a crise e as demissões em massa obrigaram asCentrais a convocar em conjunto uma grande manifestação de massa.O que mostra a farsa da frente única do Dia Nacional de Luta, de 30 de março.

A bandeira de 1º de Maio proletário, unitário,de massa e de combate é uma exigência diante dasituação em que a burocracia divide os trabalhadorese substitui suas necessidades por “pão e circo”.A crise exige uma verdadeira frente única sindicale um programa de luta radical em defesa do empregoe do salário. Nada de festas! Nada de missas!

Organizar um 1º de Maio de combate!

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� – MASSAS – de �� de abril a 06 de maio de �009

NacionalAumenta o desemprego e a pobreza no mundo

A crise que explodiu nosEstados Unidos levou a recessão asmaioreseconomiasdomundoenãodeixaráde forapaísessemicoloniais,comooBrasil.Outraseconomias se-rão atingidas por meio da desacele-ração no crescimento, a exemplo daChinaeÍndia.Ospaíses,queviven-ciaramarestauraçãocapitalista,estãoliteralmente arruinados, como os doLesteEuropeu.Portodosos lados,areceita imperialista tem sido a mes-ma: utilização de dinheiro públicoparaprotegerbancoseindústrias.Noentanto, apesar dessa enorme massadedinheiroqueestásendodestinadaaos capitalistas, não foi possível es-tancaracrise.

A situação recessiva vem àtona com os efeitos sociais da crise.A quantidade de trabalhadores quevem sendo demitida diariamente nomundoéosintomamaisevidentedarecessãoeconômicaedofracassodasmedidasgovernamentais.

NosEstadosUnidos,jáforameliminados 5,1 milhões de empre-gosdesdedezembrode2007.Ataxade desemprego subiu para 8,5% emmarço,amaiordesdeacrisede1983.Trata-sede13,2milhõesdetrabalha-dores desempregados. O relatóriodo FED (Banco Central) afirma que o desemprego, no final de 2009, poderá ultrapassaros10%.

AEuropa tambémestáasso-lada.NaEspanha,são1,3milhõesdedemitidos nos últimos meses. Entrejaneiro e fevereiro, 350 mil trabalha-doresperderamoemprego.Essasci-frasnãoparamdecresceresesomamaos 3,6 milhões de desempregadosexistentesnopaís.Háumdadoestar-recedor:827milfamíliastêmtodososseusmembrosdesempregados.Oqueexpressaumataxadedesempregodaordemde15,5%.NaInglaterra,ataxade desemprego atingiu 6,5%. Só nomês de fevereiro, 165 mil perderamseus postos de trabalho. Institutosapontamqueataxachegaráa10%dapopulaçãoeconomicamenteativa.NaFrança,odesempregoalcançou7,8%.Aumentou, principalmente, entre osjovensaté24anos.Nessafaixaetária,20,4%perderamoemprego.NaItália,

entre12dedezembroa12dejaneiro,a indústria praticamente ficou para-da. Destruíram-se 900 mil postos detrabalho.Asameaçasde fechamentodeduasdascincofábricasdaFiatco-locamemriscomaisde58milempre-gos.AFiatéresponsávelpor12%doPIBnessepaís.NaAlemanha,são3,2milhõesdedesempregadas.Ataxafoipara7,6%.

OLesteEuropeuconstituiumcapítuloapartedacrise,umavezqueestáemprocessoderestauraçãocapi-talista e comportaeconomiasatrasa-dasedependentes.ARepúblicaTche-ca, que tem 60% de sua econômicabaseada nas exportações, sofreu umdurogolpe.ALetôniaestásobadire-trizdoFMI,queexigeametadedé-ficit orçamentário de 7% do PIB, para quepossa contar com7,5bilhõesdeeuros.AHungriarecebeu25,1bilhõesdeeurosdoFMI,UEeBird,oqueim-plicarácortesdesaláriosedireitosdostrabalhadores.ARomêniaemprestou20bilhõesdeeurosdoFMI.NaBul-gária,aondadeprotestoscresceemfunçãododesempregoedecortesdesalários.NaIrlanda,comaquebradebancos, as demissões afloraram. São 326 mil desempregados e os capita-listas continuam demitindo.A ruínanessespaisesdoLestesetransformouem crise política. A renúncia dos 1ºministrosdaRepúblicaTcheca;daLe-tônia,daBulgária,sobmanifestaçõespopulares, indicam a instabilidadequetomoucontadaregiãoequeten-deaseprojetaremtodaaEuropa.

Avanço da barbárie A crise econômica, além de

provocar o desemprego em massa,tem arrastado milhões e milhões detrabalhadores para a informalidade,com salários baixos e sem nenhumaproteção social. Segundo a OCDE,o número de pessoas no mundo nainformalidade chegou a 1,8 bilhão,enquantoque1,2bilhãosãodetraba-lhadorescomcontratoseseguridadesocial. Na América Latina, norte daÁfrica e Oriente Médio, metade dosempregossãoinformais.NoSudesteAsiático, mais de dois terços de tra-balhadores estão na informalidade.

A informalidade cresceu na épocadeaceleraçãodaseconomiasesepo-tencializacomacrise.OexemplodaÍndia–emque9emcada10trabalha-dores,cercade370milhõesdepesso-as,nãotêmaposentadoria–mostraaquepontochegouaexploraçãocapi-talista.

O avanço do emprego informalsignifica crescente rebaixamento sa-larial. O fato de 700 milhões de tra-balhadores informais viverem commenos de 1,25 dólares por dia e 1,2milhão com menos de 2 dólares aodiaatestaamisériacrescente.

Dados do Banco Mundial edo FMI prevêem que 4 a 6 milhõesde latino-americanos engrossarão,nospróximosmeses,amassademi-seráveis.Estima-seque2a3milhõesserãodoMéxico,paíscompletamentedependentedosEstadosUnidos.NoBrasil,serão400a600milnovospo-bres. E o restante ficará entre Argenti-na,Venezuela,Equador.

Vimos que nos últimos anosde crescimento econômico o capita-lismosequeramenizouapobrezaeamisériadasmassasmundiais,embo-ra não tenham faltado planos e pro-messas da ONU, FAO, OIT, BancoMundial etc. Ocorre que a penúriadasmassasresultadaexploraçãodotrabalho.Abarbárieéumsintomaes-truturaldocapitalismo.Nãoéacrisequeacria.Estaapenasapotencia.E,destavez,abarbárieavançaráapon-tos desconhecidos na história socialdocapitalismo.Evidentemente,ade-pender da reação da classe operáriamundial.

A impotência do G-20 O relatório do FMI sobre a

economiamundial indicouqueare-cessãoserá“longaesevera”.Mostraque,noúltimo trimestrede2008, 15economias avançadas já estavam emrecessão. Afirma que a crise atual é piordoqueade1929.EmrelaçãoaoBrasil, apontouqueesteanoseráde“crescimento mínimo ou entrará emrecessão. O fundamental desse qua-dropessimistadaeconomiaéqueoscapitalistas aprofundarão os ataquessobreosassalariados.

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Nacional AreuniãodoG-20,porsisó,

confirmou a gravidade do quadro. As potências se vêem na contingênciadecoordenarumaaçãoparaconteroprocessodedesagregaçãodocapita-lismo,impulsionadopelacontradiçãoentre as forças produtivas e as rela-ções de produção, que aparecem naformade superproduçãoeparasitis-mo financeiro. Os trilhões despejados pelosgovernosnãopuderamestancarastendênciasdesintegradorasdaeco-nomia. É claro que sem o amplo in-tervencionismoeendividamentodostesourosnacionaisarecessão játeriaatingidoadepressão.Asconseqüên-cias para as massas também seriamaindamaisgraves.

A burguesia internacional estágastandopartedogigantescocapitalacumulado para manter em pé seuregimedeexploração.MasoG-20foioretratodaimpossibilidadedeseto-mar medidas abrangentes, uma vezque a crise coloca umanação contraaoutra.Osinteressesparticularesdasfrações do grande capital se chocamcomosinteressesgeraisdepreservarascondiçõesanterioresàcrise.Apo-sição de reerguer o FMI, reforçandoseucaixacombilhõesdedólares,evi-denciouafalênciadepaísesinteiros,acomeçarpeloLesteEuropeu.

Oimperialismoseencontraacua-do pela crise. Os Estados Unidos sevestemcomapeledocordeiro, comonovogovernodeObama.Aspotên-ciaseuropéiaslevantamabandeiradecooperação multilateral, que incluaos chamados países “emergentes”.China,Brasil,ÍndiaeRússiasefanta-siamdeindependenteseclamampelaigualdade de condições. Esse novoespectro de relações reflete a convul-são econômica mundial. Obscureceascontradiçõesearotadecolisãodaspotênciasentresi.

OespetáculodiplomáticodoG-20acobertouosconfrontosinterimperia-listas,quesepassamnosbastidores.Não pôde deixar de transparecer asdivergências em torno do ordena-mento financeiro ditado pelos Esta-dos Unidos, da hegemonia de umamoeda ameaçada de instabilidade,das diretrizes norte-americanas deflexibilização fiscal e das exigências de que os tais dos emergentes con-

tribuam ainda mais com a ação daspotênciasfrenteàcrise.Odesenvolvi-mentodarecessão,daperdademer-cados e quebras industriais, comer-ciais e financeiras colocarão por terra oteatrodacooperação,daigualdadeedaunidade.

O caminho a percorrer será o doprotecionismodaspotênciasedoin-tervencionismo liberalizante sobreas semicolônias. É possível que sedesencadeiem choques em torno daChina, sob o comando dos EstadosUnidos. As tendências bélicas estãosendoincentivadas,emboraogover-nodeObamaacenecomahipocrisiadodesarmamentonuclear.

Problemas fundamentais da crise Há um elemento que tem

dadofôlegoàclassecapitalistaeseusgovernantes. A enorme destruiçãodepostosdetrabalhoeasperspecti-vasfunestasparaopróximoperíodoainda não levaram a uma reação deconjunto por parte da classe operá-ria. Pelo agigantamento da crise nosEstados Unidos, os protestos têmsido limitados.Aburocracia sindicalnorte-americana se nega a organizarqualquermovimentogrevistaecom-pactuacomascorporações.Aeleiçãode Obama tem servido de justificativa paraseexigirdaclasseoperáriasacri-fícioseinstilarnasmassasosentimen-todeotimismocomonovogoverno.

NaEuropa,asmanifestaçõesmaiscontundentestêmsurgidonaFrança,Grécia,ItáliaeEspanha.Destaca-seagrevegeraleamanifestaçãodemaisde1milhãodetrabalhadoresnaFran-ça. Com menos contundência, vêmocorrendoparalisaçõesemquase to-dosospaíses.

No sudeste asiático, a crise noJapão e as demissões em massa nãoprovocaram levantes generalizados.Os protestos pontuais, no entanto,expressam o descontentamento quecrescenospaísesasiáticos.

A América Latina está sendo ar-rastada pela crise. Chama a atençãoo profundo recolhimento da classeoperáriaedasmassasexploradas.Oque não quer dizer que não haja re-voltacontraasdemissõesemmassaeamisériacrescente.NoBrasil,afracaresistência do proletariado está em

desconformidade com a brutalidadedas demissões, a exemplo do Em-braer, Vale, CSN e GM. As direçõessindicaisvendidasatuamnosentidode dissolver o descontentamento epotenciaro terrordasdemissõesen-tre os assalariados. As falsificações otimistasdaCUTsobreacriseeare-cuperação econômica são um crimecontraavidadosexplorados.

Notamosquenomundotodoa burocracia sindical age em conso-nânciacomograndecapitaleosgo-vernos imperialistas. Apóiam a tea-tralização do G-20. Na França, ondea pressão das massas é maior, a bu-rocracia se vê obrigada a dar vazãoao descontentamento, convocandomanifestações que no dia seguintesãodissolvidaseperdemacontinui-dade.Nosúltimosanosdecrescimen-to mundial e tremenda especulaçãofinanceira, a burocracia de todos os naipes se dedicou a endeusar a re-novação tecnológica e a contribuircom a “reestruturação produtiva”.As burocracias sindicais, nos paísesatrasados,comooBrasil,estreitaramseuslaçoscomaburocraciaeuropéiae norte-americana, e passaram a co-piarseusmodelosdesindicalismoderesultado, propositivo e de ações afir-mativas.

Esse fenômeno político éclaramente entendível. A burocraciaatual se assenta na crise de direção,abertapelarevisãoestalinistadobol-chevismo,dadestruiçãoda III Inter-nacionaledoprocessoderestauraçãocapitalista na ex-União Soviética. Osfundamentosdavelhaburocraciaso-cial-democrata e estalinista continu-amvigenteseaburocraciaatualésuaherdeira.

Acriseeconômicagolpeiaasmassas. A burocracia sindical coo-peracomocapital.Trata-sedeumacontradição, que modificará a rela-çãodosexploradoscomaburguesiaecomosaparatossindicaisestatiza-dos.Avanguardaquelutaporcons-truiropartidorevolucionárioseen-contraemposiçãofavorável.Atarefaconsiste em empunhar o Programade Transição e aplicá-lo de acordocomasparticularidadesdecadapaísepotenciarointernacionalismopro-letário.

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NacionalA quem serve o Pacto republicano

Compublicidade,foiassinadonodia13deabriloquesedeno-minouPactoRepublicano.Comotal,participaramopresidentedaRepúblicaeospresidentesdoSenado,daCâmaraFederaledoSu-premoTribunalFederal(STF).OfeitoobjetivaresolverproblemasdaJustiça.Masarazãoprimordialseencontranacrisepolítica,quesemanifestanointeriordoaparatodoEstado.

Asdenúnciasconstantesdecorrupçãonostrêspoderes(Execu-tivo,LegislativoeJudiciário),asinvestigaçõesdaPolíciaFederal,asespetacularesdemonstraçõesdoenvolvimentodegraúdoscapita-listas, as cisões internas no aparelho judiciário-policial, os conflitos deatribuições,aspressõesdepoderososgruposeconômicos,are-velação da promiscuidade dos partidos, de figurões do parlamento etc eosperigosde instabilidadegovernamental, tudo isso levouLulaasereunircomospresidentesdacasalegislativaedoSTF.

AaproximaçãodospoderesfoinecessáriadesdeomomentoemqueaOperaçãoSatiagraha,comandadapelodelegadoProtógenes,indicouograudeindependênciaalcançadapelaPolíciaFederal,aopontodeenvolvernãosóaquadrilhadobanqueiroDantas,mastambémaltasautoridades, inclusiveopresidentedoSTF,que foisubmetidoaescuta telefônica.Éumprincípioecondiçãoda Jus-tiçainvestigarapenaspontualmenteumououtrocasodecorrup-ção,falcatrua,lavagemdedinheiro,desfalqueetc.Issonocasodoburguêsinvestigadoterexcedidoaodireitoinformaldesevalerdemeiosescusosàordemjurídica.Nãosepodepermitirqueumde-legadotenhaprerrogativasparairalémdapontualidade,anãoserqueostrêspoderesoautorizem,sobumdevidocontrole.

O problema começou no primeiro mandato de Lula com oescândalo do mensalão, que foi devidamente enquadrado e fina-lizado.ComoenfraquecimentodoExecutivo,oSTFarvorouinde-pendênciaesecolocoucomoguardiãodoEstado.Ascrisesdecor-rupçãonaCâmaraFederalenoSenado–todastendoamesmaraiznadecomposiçãodapolíticaburguesa–potenciaramaindamaisoSTF,quepassouadirimirdisputaspartidáriasea responderaquestõescabíveisapenasaoparlamento,portanto,a legislar.SeoExecutivo,sobocomandodeLulaedesuacoligação,nãoeracapazde empurrar o Congresso e se este não era capaz de impor umalinhaaoExecutivoeseacrisequasediáriaameaçavacomocaospolítico-administrativo,entãocabiaaoSTFagirporcimadetodos,emnomedaConstituição.

Certamente,umaanomalianahistóriadaconstituiçãodoEsta-do republicano brasileiro e de sua ultra-centralização. Fenômenoeste que adveio com o fim da centralização ditatorial do regime mi-litar,danovacentralizaçãopresidencialqueaseguiu,dafraquezados partidos burgueses oligárquicos, da influência direta do grande capitalnaordempolíticadostrêspoderes,deumaburocraciave-nal, da qual faz parte a oficialidade militar, e da ascensão ao poder deumpartidocomooPT,semraízesprofundasnaburguesia.

AsinvestigaçõesdeProtógenes,amparadaspelaAgênciaBra-sileiradeInteligência(Abin),ameaçaramexporumapodridãosemtamanho.ParacercaraquadrilhadoBancoOpportunity,odelega-do teve de adentrar às ramificações, que iam por tudo quando é direção.Porta-vozesdaburguesiareagiramcontraopoderdaPFdeviolarsegredosquecomprometemumalistadepersonalidadesque lavam bilhões, usam paraísos fiscais, sonegam impostos etc.

Quando a campanha da imprensa contra o Satiagraha haviaabafadoocasoDantas,Protógenes tornadoacusadodeabusode

autoridadeeochefedaAbinafastadodocargo,novainvestigaçãodaPFabalouostrêspoderes.Destavez,foiaOperaçãoCastelodeAreia, que trouxe à luz do dia as sujeiras da poderosa CamargoCorreia.ComonocasoDantas,partidosealtoschefesdapolíticademocrática estavam comprometidos. Na folha de pagamento,uma listadeparlamentaresque receberam fundosde campanha,“legais”eilegais.OpresidentedaFiespPauloSkafsaiudasombraeapareceucomoarticuladorempresarialdacomprademandatos.ACamargoCorreaotinhacomoemissáriodesuascontribuições.Ofatoéque tantoascontribuiçõesdeclaradasquantoasnãode-claradas resultamnomesmo:parlamentares sãocompradosparaserviraosinteressesdaconstrutora,que,comoindicouaOperaçãoCastelodeAreia,roubaotesouronacional.

FoiumDeusnosacudaparaabafarasinformações.Ládoaltodatoga,GilmarMendesretomouaofensivacontraaexposiçãodoscrimesdaburguesia.AcusouoMinistérioPúblicoFederalde serconiventecomodescontroledaPF,mesmoquedestavezestivessesobocomandododiretor-geral,LuizFernandoCorrea,querepri-miuodelegadoProtógeneseprometeurigorna lei.CondenouaautorizaçãodojuizfederalDeSanctisaPFdevasculharoescritóriodeadvocacia internoàempresa,consideradopelaOABterritóriolivre dos advogados. Os partidos da oposição acusaram a PF deusopolítico,umavezquevazouinformaçõessobreoDEM,PSDBetcepoupouoPT.ArthurVirgílio,senadordoPSDB,ameaçoude-nunciar falcatruas na Petrobrás e abrir uma CPI. Imediatamente,osjornaisnoticiarampossívelfraudecomosroyaltiesdopetróleo,envolvendoVictorMartins,irmãodoministrodaSecretariadeCo-municaçãoSocialdaPresidência,amigo íntimodeLula,FranklinMartins.Estavaarmadoocontra-ataquegeralemdefesadaCamar-goCorreaedetodosseuscomandadosnoparlamento,noexecuti-voenolegislativo.

Asdenúnciasdeumpodercontraooutroacirrouoânimonointerstíciodaburocraciaestatal.Eranecessárioconteraguerraver-bal,aspropostasdecontroleexternodaPFeodescontentamentocomosobressaídoSTF.SeogovernoLulanãoconsegue imporaférreacentralizaçãodospoderesedisciplinarapolíticaburguesa,asaídaestavaeestáemestabelecerumacordocomGilmarMen-des,JoséSarneyeMichelTemer.EmatoconjuntoparaordenaradesordemrealimentadapelocasoCamargoCorreia,assinou-seumcompromisso dito democrático, que deverá ser enviado ao Con-gressoemformadelei.OPactoRepublicanodostrêspoderesnãoésenãoumaaçãoconjuntaparaprotegerosnegócioseoscrimesdaburguesia.

Lula,emmaisumcasodepodridãodoscapitalistasedeseuEstado,semostraoestadistadasgrandescausasburguesas.

Doladooposto,estãoaclasseoperária,oscamponeseseaju-ventudeoprimida.Nãodevemsearrastarportrásdasfraçõesbur-guesas em choque. Devem por em pé seus Tribunais Populares,parajulgarepunirdeverdadeaburguesiacorrupta.Adecadênciadaburguesiaedesuasinstituiçõesmostraanecessidadedarevolu-çãoproletária.Avanguardatemodeverdeseorganizarnopartidorevolucionárioeempunharoprogramadetransformaçãodapro-priedadeprivadadosmeiosdeproduçãoempropriedadecoletiva.A revolução soterrará o pântano fétido do capitalismo, varrerá apolíticadospactosdecorrupçãoeiniciaráumanovavidaparaasmassas,hojefamintas.,

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Nacional

Milite no POR, um partido de quadros, marxista-leninista-trotskista.Discuta nosso programa.

CAIXA POSTAL Nº 01171 - CEP 01059-970 - SÃO PAULOwww.pormassas.org

OgovernoLulajáestánameta-dedeseusegundomandato.Noprimei-ro, justificou que recebeu uma “herança maldita”e,por isso, tevede“arrumara casa”. No segundo, trata as reivin-dicações dos camponeses sem-terra aconta-gotas.Aspuniçõesaosmandan-tes da chacina do Pará, 17 de abril de1996, que tanto discursou no passado,têm se tornado letra-morta. A políticadogovernoédeproteçãoaoagronegó-cio,queéocarro-chefedasexportaçõese fontedosuperávitcomercial.Comaquedadasexportaçõesparaosmerca-doseuropeus–Alemanha,Itália,Fran-ça,Inglaterra–Lulatratoudereforçaras vendas para a China, Índia, Coréiado Sul e Arábia Saudita e subsidiar osetorcomdinheiropúblicoparaqueseprotejadacriseeconômica.Nacriseounaépocadecrescimentoeconômico,oagronegócio ocupou o centro da polí-tica governamental. No entanto, coma crise, o agronegócio, entre setembroe fevereiro de 2009, destruiu 153 milpostosdetrabalho.Aumentandoassimo número de trabalhadores do campodesempregados,quesesomamaosmi-lharesdecamponesessem-terra.

O movimento camponês estáobrigado a pressionar o governo pormeiodasocupaçõesdeterraederepar-tiçõespúblicas,queexecutamapolíticaagrícola. Nesse momento, protagonizaa jornada“AbrilVermelho”.Emquasetodososestados,gruposdeacampadosocuparam fazendas improdutivas outerrasque já foramdestinadasàrefor-maagrária.

No Pará, os camponeses fo-ram violentamente reprimidos pelosjagunços da fazenda Castanhais, daAgropecuária Santa Bárbara, perten-cente ao grupo do corrupto DanielDantas.Os sem-terra forambaleados.ApolíciamilitardoParádeprontosedeslocou para o local para garantir apropriedade do banqueiro, a mando

dagovernadoraAnaJúliadoPT.Aim-prensadistorceuosfatos,parafazeracampanhadecriminalizaçãodossem-terra,comosfalsosargumentosdequejornalistaseadvogadaforammantidoscomorefénspeloMST.OSupremoTri-bunalFederalpronunciou-sepelapu-nição aos integrantes do movimentoe por validar a lei de suspensão dasvistoriais de fazendas para fins de as-sentamentos. Certamente, os sem-ter-raserãopunidoseosresponsáveisporbalear os camponeses ficarão impunes. Essa história de massacre e repres-sãoaoMSTnoParánãoédehoje.Osexemplos de Eldorado dos Carajás ededezenasdeliderançasassassinadastestemunham o quanto os latifundiá-rios, madeireiros e o agronegócio do-minam o estado e a política nacional.NostrezeanosdeEldoradodosCara-jás repete-se a violência das milíciasarmadasdosfazendeiros.

EmPernambuco,oMSTjáocupoucercadedez fazendas,usinas e enge-nhos.Quase1.500famíliasexigemas-sentamentosecondiçõesdeexistênciapara os trabalhadores já assentados.Em Alagoas, o protesto foi contra aexploração da empresa privada deminérios, Vale Verde. Na Bahia, ma-nifestantesocuparamasededaSecre-taria da Agricultura para pressionaro governo petista, Jacques Wagner, acumprirapromessade2007–vistoriadeáreasemtodooestado,construçãode estradas e melhorias nos assenta-mentos.Quasemilfamíliasocuparamtambém terras devolutas, utilizadasparaaplantaçãodeeucaliptopelaem-presa de celulose Veracel. Em Goiás,as 2500 famílias acampadas exigemque o Incra cumpra o assentamentode 1400 famílias, previsto para 2008.Em Minas Gerais, uma ação coorde-nada pelo MST, Brigadas populares epelo Fórum de Moradia do Barreiroocupouumterrenoabandonadoeexi-

geaposse.NoMatoGrosso,centenasdecamponesesrealizaramummarchapela reforma agrária e pelo emprego.Denunciamamisérianosassentamen-toseaexistênciade3milfamíliasvi-vendoàbeiradasestradas.NoRiodeJaneiro, encontram-se cerca de 3 milfamíliasacampadasàesperadoassen-tamento e exigem medidas urgentespor parte dos governos. Denunciamocortede30% doorçamento federaldestinadoparaa reformaagrária.EmSão Paulo, os camponeses ocuparamfazendas, cobram resoluções sobre asfazendasjávistoriadas,exigemescola,transporteepostodesaúdeparaoas-sentamento Mario Lago e denunciamempresasqueexploramáreasdesapro-priadas.Estima-seque12milfamíliasestãoaesperadosassentamentos.NoRioGrandedoSul,maisdeduascen-tenasdefamíliasocuparamafazendaSão João D´Armada, considerada im-produtivapeloIncra,masquenãofoidesapropriada. A Brigada Militar re-primiuaMarchaRumoaoLatifúndio,emSãoLuizGonzaga.

Ajornadadeabrilaindanãoseen-cerrou.Asocupaçõesmostramométo-doparasealcançaraterra.Denunciama morosidade do governo Lula emassentar as famílias e os cortes de re-cursosàpolíticadereformaagrária.ErevelamocaráterdeclassedogovernoLula,deproteçãoàpropriedadepriva-da,demanutençãodasleisrepressivascontraasocupações,das impunidadesaosassassinosdecamponesesedousodoaparatomilitar.Mastêmalimitaçãodeutilizá-las(ocupações)comopressãoparaqueogovernoapresseosassenta-mentos prometidos. Não têm o objeti-vodeocuparpelaviadaexpropriação.Semrompercomessaorientação,omo-vimentocamponêsquetemradicaliza-doesofridoumabrutalrepressão,nãopoderádarumpassonosentidodepôrempráticaareformaagrária.

13 anos do massacre de Eldorado dos Carajás

Violenta repressão sobre os sem-terra do Pará

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NacionalNacionalPrograma e tática da classe operária frente à crise capitalistaNatureza do Programa de Transição

Asreivindicaçõeselementaresdoproletariadoedosdemaisex-ploradossãoopontodepartidadaluta,queoslevaasechocarcomocapitalismoeacolocaratomadadopoderpelarevolução.AssimexplicaTrotsky:“Éprecisoajudarasmassasnoprocessodasualutacotidiana encontrar a ponte entre as suas reivindicações atuais e oprogramadarevoluçãosocialista”.

Comosevê,oproblemaseresumeaqueopartidomarxistaestáobrigado a trabalhar no seio das massas com o programa que nãoseparaasreivindicaçõeselementaresdeproteçãodavidadosexplo-radosdatarefasocialistadedestruiçãodasociedadeburguesa.Are-voluçãosocialpõeabaixooEstadoburguês,portantoaditaduradeclassedaburguesia,etransformaapropriedadeprivadadosmeiosdeproduçãoempropriedadecoletiva.

Oproletariadotemdeseelevaràalturadessa tarefa.Suaorga-nizaçãoepolitização,noentanto,estãomuitoaquémdesseobjetivo.Terádesuperaracontradiçãoentreamaturidadedascondiçõesobje-tivasdarevoluçãoeasuaimaturidadepolítica.OProgramadeTran-siçãoéuminstrumentoparaisso.

Oreformismo,aocontrário, isolao“programamínimo”(asrei-vindicaçõeselementares)doprogramamáximo(socialista).Oestali-nismopassouafazeromesmo.Pressupõe-sequehaveráumaetapadelutasporreformasequeoacúmulodeconquistascriaráascondi-çõesparaachegadadosocialismo.Rompem-seassimoselosentrealutapresentepelasreivindicaçõeselementarescomaestratégiasocia-lista.Ocapitalismodaépocamonopolistanãosónãotemcomoaten-deroprograma mínimo comoataca sistematicamenteas condiçõesdeexistênciadasmassas.Assim,oreformismodesviaocombatedosexploradoseossubordinaàsdecisõesdosmonopólios.

OProgramadeTransiçãopartedaconstataçãohistóricadoes-gotamento do capitalismo e da ação reacionária em toda linha daclasseburguesa.Proclama:“AtarefaestratégicadaIVInternacionalnão consiste em reformar o capitalismo, mas em derrubá-lo”. Paraisso,consideraqueasreivindicaçõesdoproletariado–emesmodapequenaburguesia–,quedefatoimpulsionamasmassassedefende-remdaexploração,levamalutaparaalémdoslimitesdapropriedadecapitalistaedoEstadoburguês.EisporqueépartedoProgramadeTransiçãoocombateaoreformismoeaocentrismo,queemnomedaconsciênciaatrasadadoproletariadodefendeasreivindicaçõespossí-veisdeserematingidasnomomento.

Opartidoatuasobreoinstintoderevoltadosoperários,extraiasreivindicações que os mobilizam e os unificam e as integram em um sistemadereivindicaçõestransitórias,deformaquecumpraoobje-tivo estratégico de combate sistemático das massas ao capitalismo.Trotsky, que redigiu o programa da IV Internacional, usou a figura deuma“ponte”entreasreivindicaçõeselementareseas tarefasdatransformaçãosocialistaparaevidenciaraunidadedoprogramare-volucionário. Dessa maneira, tornou gráfica a natureza do programa marxista,quenãoseparaasreivindicaçõesmínimasdasmáximase,ao mesmo tempo, identifica o ponto de partida e de chegada. Eis a definição: “a IV Internacional propõe um sistema de REIVINDICA-ÇÕESTRANSITÓRIAScujosentidoéodedirigircadavezmaisaber-taeresolutamentecontraasbasesdoregimeburguês”.

Oprogramaparaserencarnadopelasmassasdependedotraba-lhomarxista,queatentapara”todasasquestõesdetática,mesmoquepequenas e parciais”. Justamente porque o programa de transiçãoimplicaatarefadedesenvolverasposiçõessocialistasdederrubadadopoderburguêséquetodaequalquerluta,todaequalquerreivin-dicaçãodeproteçãodosexplorados,pormaisrestritaquesejam,têmimportância.

Escala móvel das horas de trabalhoNeste ponto, o Programa de Transição começa explicando que

diversasreivindicaçõesparciaissurgemacadamomentodaexplora-çãoedascondiçõesdeapodrecimentodocapitalismo,equedevemser incorporadas na luta. O partido deve ser capaz de identificá-las e colocá-lasaserviçodosexplorados.Mastemdesedirigirpor“doismaleseconômicosfundamentaisnosquaisseresumeaabsurdidadecrescentedocapitalismo,istoé,odesemprego e carestia de vida.”

Arespostaaessedoisproblemas“exigempalavrasdeordememétodo de luta generalizada. O Programa de Transição reivindicaTRABALHO eumaEXISTÊNCIADIGNAparatodos.Trata-se,por-tanto, de males que afligem o conjunto dos explorados e que só po-demsercombatidosporreivindicaçõesabrangentes.Jánãosetratadereivindicaçõesparciais,limitadasaestaouàquelacamadadapopula-çãoouaestaouàquelasituaçãoparticular.Logoasreivindicaçõeseométodoconduzemàunidadegeraldosexplorados.

Frente ao desemprego crônico, às demissões que engrossam oexército de desempregado e à miséria crescente das massas, a rei-vindicaçãoquecorrespondeéESCALA MÓVEL DAS HORAS DE TRABALHO.“Ossindicatoseoutrasorganizaçõesdemassadevemligarosquetêmtrabalhoeosquenãotêmpeloscompromissosmú-tuosdesolidariedade.O trabalho disponível será repartido entre todos os trabalhadores existentes, é assim que será determinada a duração da semana de trabalho, permanecendo o salário de cada operário o mesmo que na antiga semana de trabalho.

Emrelaçãoàcarestia,oprogramadetransiçãodefendequeosca-pitalistasasseguremo salário mínimonecessárioatodos equesejaau-tomaticamente reajustado conforme a inflação e a carestia, por meio daESCALA MÓVEL DOS SALÁRIOS.

Conclusão: “Nenhum outro programa pode ser aceito para o perí-odo catastrófico atual”.

Possibilidade ou ImpossibilidadeOreformismo - e emcerto sentidoa esquerdacentrista–alega

que a escala móvel das horas de trabalho e o salário mínimo vitalcomescalamóveldereajustesãoforadarealidadeeconômica.Assim,rejeitaecombate-as.Aoseapegarnaidéiadequeéprecisodefendera reivindicação possível, na realidade, procura a via de conciliaçãocomosexploradores.

NoProgramadeTransição,Trotskyalertaparaofatodoscapita-listasalegarem“impossibilidadedesatisfazeressasreivindicações”.Responde:“Apossibilidadeouimpossibilidadederealizarasreivin-dicaçõesé,nocasopresente,umarelaçãodeforçaquenãosepoderesolversenãopelaluta.”

Asbandeirasdeescalamóvelde trabalhoedereajustesalarial,bemcomodesaláriomínimovital,sãoextraídasdanecessidadedos

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Nacionalexploradosselivraremdamisériaedafome.Emrazãodisso,contra-põem-seànecessidadedaclassecapitalistadedefenderseuslucros,suaacumulaçãoderiquezaesuaspropriedades.Aqui,estáoantago-nismoentrepropriedadeprivadadosmeiosdeproduçãoemisériadasmassas.Essaleieconômicadeveserentendidaeusadapelopro-letariado.Possibilidadeouimpossibilidadeservemaosdefensoresdapropriedadeedaexploração.

OProgramadeTransiçãoconclui:“Esta luta, quaisquer que sejam os seus sucessos práticos imediatos, será a melhor maneira de levar os operários a compreender a necessidade de liquidar a escravidão capitalista.”

A crise atual e o Programa de TransiçãoAscentraiseossindicatostransformaram-seemcorporaçõescon-

tráriasàtarefadeuniraclasseoperária.Aestatizaçãodasorganiza-çõesoperáriaschegouatalpontoquenemmesmoasreivindicaçõesparciaissãodefendidas.Aburocraciadirigenteseintegroucompleta-menteàpolíticadaclassecapitalista,deseuEstadoedeseusgover-nos. Desfiguraram-se a tal ponto os sindicatos que estes vêm atuando comolinhaauxiliardasinstituiçõesburguesas.

Ocapitalismosedecompõeaolhosvistos,asmassassobrevivemnapobrezaetodotipodesofrimentolheséimposto.Odesemprego,o subemprego, o trabalho flexibilizado e a instabilidade constante são motivos mais do que suficientes para as organizações sindicais se lan-çaremàmobilizaçãoeorganizaçãocoletivas.Masaburocraciafazocontrário:evitaqueosoperáriosconstruamnalutaporsuasreivindi-caçõesasolidariedadedeclasse.

Adefesadoempregoatodoseosaláriomínimovitalpermitemaos trabalhadoresaunidadenecessáriaparacombaterapobreza,aindigênciaeafome.Essaéabaseparaoproletariadoelevarsuacons-ciênciacoletivadeclasseprodutivaeespoliada,declassequeexerceaproduçãosocialequeseachasubmetidaàsrelaçõescapitalistasdepropriedade. Depende, portanto, do programa anticapitalista (pro-gramadetransição)edeumadireçãorevolucionária.

À semelhança com o passado, quando foi redigido o ProgramadeTransição,temosquea“orientaçãodasmassasestádeterminada,porumlado,pelascondiçõesobjetivasdocapitalismoputrefato;poroutro,pelapolíticadetraiçãodasvelhasorganizaçõesoperárias”.Acrisequeexplodiuemsetembrodoanopassadoexpõeaputrefaçãodocapitalismomundialeassuasbárbarasconseqüências.Retomaaspremissasdoperíodopré-guerrade1945.Avelhaburocraciaconti-nuaacomandarnaEuropa,nosEstadosUnidoseJapão.

NoBrasil,forjou-seumanovaburocracia,nascidasobaditaduramilitar edesenvolvida noatual período democráticoburguês. Bementendido,umanovaburocraciaquereproduzavelhaburocraciasin-dicalinternacional.

Masnãosepodelimitaracaracterizaçãonesseponto.Dasduasforçasdeterminantesdaorientaçãodasmassas,oProgramadeTran-siçãoconclui:“Destesdois fatores,odecisivoé, semdúvida,opri-meiro:asleisdahistóriasãomaispoderosasqueosaparelhosburo-cráticos.”

Temos enfrentado a situação em que os capitalistas brasileirosdestroemmaciçamentepostosdetrabalho,depoisdeumperíododeseis anos de recuperação econômica e diminuição das taxas de de-semprego.Nessesseisanos,aburocraciase tornouprofundamentegovernista,desenvolvendoas tendênciasestatizantesdapolíticadeconciliaçãodeclasse.JásobogovernoFHC,aCUTquecompareciaopositora,expressandoosobjetivoseleitoraisdoPT,nãoselançoua

unir empregados e desempregados, quando, em fins anos 90, dez mi-lhõesdepostoshaviamsidodestruídospelacrise.OPT,dirigentedaCUT,integrou-seàdemocraciaburguesaapontodecolaborarcomasreformasneoliberaisdeFHC(privatizações,reformadaprevidência,flexibilização do trabalho etc). A Força Sindical se comportava fran-camentecomoagentesgovernistas.

Napresentesituação,osforcistasnegociamabertamentearedu-çãodesalárioseoscutistasofazempordebaixodopano,procuramesconder inúmeros acordos de redução de salários, banco horas,PDVs com a bandeira de defesa dos direitos trabalhistas. Nos seisanosderecuperação,ambasastendênciasdaburocraciadominantenão fizeram senão assinar acordos de flexibilização e se negar a defen-deraumentossalariais.Aclasseoperárianãotevecomoaproveitarasituaçãofavorávelparaasreivindicaçõeseparaalutagrevista.Desar-mada,foitomadapelacrise.

A burocracia imediatamente atuou de mãos dadas com a Fiespparaevitarquearevoltasetransformasseemmovimentogeral.Pas-souaconvencerostrabalhadoresdequeareduçãosalarialéomelhorfrenteàsdemissões.Nãoparouaí.Lançou-senadefesadareduçãodastaxasdejuros,dospread,dossubsídios,dasisençõesoureduçãodeimpostosaosindustriais.AburocraciadaCUTeForçaSindical,se-guidadaCTBestalinista,mostrou-se,nesteprimeiroataquepatronal,constituirumforteaparatodecontençãodarevoltadosexplorados.

AConlutaséumaorganizaçãorecente,frutodadivisãodaCUT,encabeçadapeloPSTU.Sofreuumprimeiroteste.Nãosemostrousu-ficientemente capaz de dirigir uma fração da classe operária contra a ofensivadosexploradores.Isolada,nãopôdeencabeçarumaresistên-ciaemSãoJosédosCampos.Asdemissõesvierameosoperáriosnãosaíramemdefesadoemprego.AConlutas,noentanto,teveoméritodenãoaceitaracordosdereduçãosalarial.EavitóriaestrondosanaseleiçõesdoSindicatoMetalúrgicodeSão José,emplenacriseede-missões, contra as chapas da CUT e Força, refletiu a confiança dos operários.Indicaquenãosaíramemlutaporcondenaraposiçãodosindicatodenão fazeracordode redução salarial.Tudo indicaqueprevaleceu o medo dos metalúrgicos frente ao terror patronal dasdemissões. Neste ponto fundamental,a política desenvolvida pelaConlutas/PSTU não ganhou a confiança dos trabalhadores. Essa con-tradiçãoépassíveldeexplicação.

Reconhecemosquenãosetratadeumasituaçãosimples.Equeprecisaserexplicada.Adebilidadedanovaorganizaçãoquepretendederrubarapoderdaburocraciaestatizanteourompersuahegemoniaficou evidente. Lembramos que o POR se opôs e se opõem à divisão daCUTedefendeaconstituiçãodeumafraçãorevolucionária,por-tanto programática. Não é o caso de retomar a divergência inicial,massubmetê-laaocrivodosacontecimentospresentes.

Oponto fundamentalnãoseencontrana fraquezaorganizativadaConlutas,masjustamentenasrespostasebandeirasfrenteàcriseestruturaldocapitalismo.Asbandeiras“reduçãodajornada,semre-duçãosalarial”,“estabilidadenoemprego”,“emdefesadosserviçospúblicos”e“reestatizaçãodaEmbraer”,semdúvidaadvêmdasitua-çãoedevemseragitadas.Masnãorespondemàdefesageraldavidadasmassas.A“reduçãodajornada,semreduçãosalarial”selimitaaresponderàpretensãodoscapitalistasdereduziremossalários,comocontrapartida à redução da jornada. Está aí por que não se quantifi-caaredução(de44para40(CUT),de44para36(Conlutas).Ocorreque tais reduções não empregariam a todos. Milhões continuariamdesempregadosesubempregados.AConlutas,ousejasuadireção,oPSTU,senegaaassumirabandeiradeESCALAMÓVELDASHO-

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NacionalRASDETRABALHO,queporsuavezsótemsentidoevalidadefa-zendopartedeumconjuntodemedidasdedefesadavidadasmassasedecombateaocapitalismo.

Osmarxistasestãoobrigadospelacrisemundialepelaparticularofensivadopatronatocontraasmassasalançarnasfábricas,reparti-ções,comércio,bairros,escolaseruasapropagandaeaagitaçãoemtornodeumconjuntodereivindicaçõeseapresentarmeiosemétodosdeluta.Frenteàsdemissões,GREVECOMOCUPAÇÃODEFÁBRI-CA.Frenteàpropostapatronaldereduçãodossalários:CONTROLEOPERÁRIODAPRODUÇÃOEABERTURADACONTABILIDADE.Frenteaodesemprego:ESCALAMÓVELDASHORASDETRABA-LHO,SEMREDUÇÃOSALARIAL.Frenteàmiséria,àfome,àsdo-enças,àcriminalidade,aoanalfabetismo:SALÁRIOMÍNIMOVITAL,COMESCALAMÓVELDEREAJUSTE.Frenteàsfábricasquefechamoudemitememmassa:ESTATIZAÇÃOSEMINDENIZAÇÃO,SOBOCONTROLECOLETIVODOSTRABALHADORES.Frenteaosban-cos, financiadoras, fundos, seguradoras, responsáveis pela especula-çãoequebras:EXPROPRIAÇÃOENACIONALIZAÇÃO,CRIAÇÃODO BANCO ESTATAL ÚNICO E PROTEÇÃO DOS PEQUENOSPOUPADORES.Frenteàperdadaspequenaspropriedades,expulsãodasterrasedamisériadossem-terra:EXPROPRIAÇÃODOSLATI-FÚNDIOSENACIONALIZAÇÃODASTERRAS,PROTEÇÃODOSPEQUENOSEMÉDIOSPRODUTORES,ACESSODOSCAMPONE-SESEXPULSOSÀTERRA.Nãosepodeemhipótesealgumadeixardetrabalharpelaaliançaoperáriaecamponesa.

Semdúvida,não seremosconseqüentes semobservarporondecomeçaaluta,quesóosexploradosnosdirão.Atáticaeosmeiosdis-poníveisparaamobilizaçãodemassasãocondiçõesimprescindíveisparaorganizarocombate.Maspormaisparcialquesejaareivindi-cação exigida inicialmente pelos trabalhadores, é necessário propa-gandearoprogramadeenfrentamentodacriseetrabalharparaqueoproletariadooencarne.ÉinaceitávelaConlutasoferecerumacanoaaosnáufragosdiantedomarrevolto.Paraqueservemossindicatossobocapitalismomonopolistaquesedesintegra?Paradefenderemosexploradosdeconjuntodabarbárieeauxiliaraclasseoperáriaatomaradireçãodarevoluçãosocial.Emboranãosejamumpartidoenempossamsubstituí-lo,têmdeteremseucomandoumapolíticare-volucionária.Esenãocumprematarefadeimpulsionararevolução?Inevitavelmente,serãoanuladospelaburguesia,destroçadoseburo-cratizados.Ouseja,servirãodelinhaauxiliardapolíticacontra-revo-lucionária.Referimo-nosaossindicatosdaConlutas,umavezqueaesmagadora maioria cutista, forcista, cetebista etc estão estatizadospelapolíticapró-capitalistadaburocracia.

Frente única SindicalÉpartedasituação,atarefadedenunciareenfrentarosaparatos

burocráticos.Semaquebradopoderdaburocracia,oinstintodere-voltadoproletariadoésufocadoacadainstante.

Queexigênciassãocolocadasparaavanguardarevolucionária?1)terclaroqueacriseéhistóricaequeassoluçõesconjunturaisapresen-tadaspelaclassecapitalistaresultamembarbárie:2)respondercomoprogramadetransição;3)colherosanseiosdostrabalhadores,armá-lospormeiodasreivindicaçõesetransformá-losemlutaanticapitalis-ta;4)unirostrabalhadoresemumafrenteúnica.

Adivisãoaparelhistadomovimentosindicalentreváriascentraisrepresenta um poderoso obstáculo à luta unitária. Expressa a polí-tica burguesa de fragmentar a classe operária e constituir o corpo-rativismo. A burocracia é produto da influência do Estado sobre as

organizaçõesdostrabalhadores,doatrasopolíticodaclasseoperáriae da pequena camada acomodada pelos salários mais elevados. Osburocratas se dividem não só em função das variantes da políticaburguesa, mas também em virtude de interesses próprios de castaprivilegiada.

OnascimentodaCUT,impulsionadopelasgrevesdadécadade1980,foicombatidopelaalaqueveioaconstituiraForçaSindicaleinicialmente pelo estalinismo (PCdoB), que só mais tarde aderiu àCentral,vindoa cindi-la recentemente.Outras cisõesocorreramnocampo da burocracia anticutista. Não há como desvincular a cisãoprovocadapeloPSTUque levouàConlutasdesseprocessodeesti-lhaçamentodasorganizaçõessindicais,opostoàtarefarevolucionáriadecentralizarregionalenacionalmenteoproletariadoeasmassasemgeral. As justificativas são distintas, mas a cisão organizativa, não.

Adefesada frenteúnicasindicalparacombaterasdemissõeseo desemprego se impõe. Deve ser feita no seio dos explorados, di-vulgandooprogramadereivindicaçõestransitóriasederejeiçãodapolíticadeconciliação.Enquantoaburocraciativernocomandodasnegociaçõesenacontençãododescontentamentodostrabalhadores,nãoserápossívelumafrentesindicaldeenfrentamentocomapatro-naleseuEstado.Otrabalhorevolucionárioconsisteempropagande-areagitarasreivindicaçõesemantersobseveracríticaasposiçõesdaCUT,Forçaetc.Asuposiçãodeumafrentesindicaldeenfrentamentoàsdemissõesnestacircunstânciaresultaemumafraude.Aburocraciaadmiteenecessitadeumafrentedeaparatosparapôremmarchasuapolíticadesoluçãocapitalistaparaacrise.Nãosónãodevemosacei-taressaconduçãocomodevemosdenunciá-laerechaçá-laperanteosexplorados.

A experiência do dia Nacional de Luta (30/março) comprovaessanossacompreensão.Eisasrazões:1.Nãoexpressouumaamplacampanhadedefesadoempregoentreasmassas;2.Aconvocatóriamesclou reivindicações patronais (redução dos juros) com as dosoperários (reduçãoda jornada semreduçãodos salários; 3.No seucomando estava a CUT e Força que fizeram acordos de redução dos salários.4.Nodiaseguinte,nadamaisfoifeito.AConlutassaudouodia30comoa“unidadenaação”entreascentrais.Queação?Umatorestritoaosaparatoseàvanguarda,queaburocraciausouparalevan-tarabandeiradareduçãodos juros?Poressecaminho,nãohaveráunidadequeleveàresistênciaeàvitóriacontraaondadedemissões,comoimaginaJoséMaria,dirigentedaConlutasedoPSTU.

AConlutasassinouaconvocatóriaquedefendeareduçãodosju-ros.Alguémpoderefutar:foiumaconcessãonecessáriaelimitadaaumabandeiraambígua,queinteressatantoaoindustrialendividadoquanto ao assalariado pendurado nos carnês. Não é correta tal justifi-cativa.Umafrentesindicalnãodeveconstarumasóbandeirapatro-nal.Maisainda,nãosetratadeumaúnicabandeira,trata-sedaban-deiradaFiespequecompõeafrenteburguesaindustrialecomercialparaqueogovernoprotejaseuscapitais,pressionandoosbanqueirosamoderaremsualucratividade,econcedavantagens,comoreduçãodeimpostosetc.Piorainda:nomanifestodaConlutasnãoapareceabandeirade“reduçãodosjuros”etambémnãoarechaça,apenasaomite.Quantoàreivindicaçãodenãoreduçãodosalário,oPSTUnãodenunciaocinismodaburocracia,queacontrariaatodoomomento.Eporquê?PorqueaConlutasnãopoderechaçarenemcriticaraquiloqueassinounaconvocatória.

Não se deve confundir uma frente sindical impulsionada pelapressãodasmassasqueaspiramaunidadenalutacomumafrenteburocráticapró-patronal.AdireçãodaConlutastrocougatoporlebre;

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Nacionalenãoporacaso.NecessitaapresentaroDiaNacionaldeLutacomoumaconquistadaConlutas,deformaaconvencerasiprópriadequehojeéumarealidade,quefazpartedasdemaiscentrais.Defato,aca-bouporsearrastarpordetrásdaburocraciacutistaeforcista.

Atáticafazpartedoprograma.Materializaaindependênciapo-litico-organizativadiantedaburguesia,expressaalutadeclassedoproletariadoeconduzàunidadedosexplorados.

Construir o Partido- programaAausênciadeumpoderosopartidomarxista-leninista-trotskista

implantado no proletariado explica as dificuldades em responder à crisecomoProgramadeTransição.Aconstruçãodopartido-progra-maéatarefaimpostergável.Adecomposiçãodocapitalismofavorece

a sua edificação. A vanguarda deve assimilar o programa marxista, aprendercomasexperiências internacionais,compreenderasparti-cularidadesdarevoluçãonoBrasileelaboraroprograma.

Oreformismoestámarcadopela traiçãohistórica.Ocentrismo,pelaimpotênciapequeno-burguesa,éincapazdeseconstituirempar-tido-programa.

Nãoháproblemadocapitalismoemdecomposiçãoqueescapeànecessidadedaclasseoperáriasuperaracrisededireção,queseabriucomadestruiçãodopartidobolcheviqueeda III Internacional.Nofogo da crise em andamento, a vanguarda tem a tarefa de identificar omarxismo,nãoconfundi-locomocentrismoetrabalharpelacons-truçãodopartido-programa,queéoPartidoMundialdaRevoluçãoSocialista,aIVInternacional.

Nãoteremosum1ºdeMaiounitário,sobbandeirasoperá-rias,combativoedemassa.NemmesmoacriseeasdemissõesemmassaobrigaramasCentraisaconvocaremconjuntoumagrandemanifestaçãodemassa.OquemostraafarsadafrenteúnicadoDiaNacionaldeLuta,de30demarço.

AConlutasnãoseimportouemtravaralutacontraabu-rocracia divisionista em defesa de um 1º de Maio unitário.Nãousouabandeiradeque“aCUTrompacomogoverno”econvoqueo1ºdeMaioclassista.Desconheceu,queasCentraisgovernistascomandamamaioriaeosmaisimportantessindi-catosdoPaís.

Mais uma vez, a CUT, Força Sindical etc farão a surradafestadodiadotrabalhador.Quantomaisfomeemisériadasmassas,mais“pãoecirco”.

EaConlutas?Nomaisimportantecentroindustrial–SãoPaulo – faz a convocatória frentista, encabeçada pelo Fórumdas Pastorais Sociais e CEBs daArquidiocese de São Paulo,cuja atividade inicial é a tradicional “Missa dos Trabalhado-res”. Asbandeirasnãopoderiamserasmaisgenéricas:“Ostrabalhadoresnãovãopagaracrise!Emprego,salário,mora-dia, terra e direitos sociais”. Assim, em plena crise a classeoperáriapassaráo1ºdeMaiocomoumferiado.

A vanguarda militante, acompanhada de um pequenocontingente de explorados e da juventude, protestará contraas demissões e a política do governo de auxiliar banqueirosemultinacionais.ACUTmontaráseupalcomusical,atraindoumamultidãodejovens.AForçaSindicalfaráseu“baúdafeli-cidade”,comsorteiosmilionáriosparaasfamíliasoperárias.

Estáaíoretratodacrisededireçãomundial,queseabriucom a degeneração estalinista do partido bolchevique, cons-truídoporLêninecontinuadoporTrotsky.Aclasseoperáriaestádesarmadadesuaprincipalarma:oPartidoMundialdaRevolução Socialista.A burocracia sindical tomou conta dasorganizaçõesdemassaeasdividiusegundoseusinteressesdecasta.Portanto,aclassecapitalistaestácomasmãoslivresparademitiremmassa,mantermilhõesemilhõesnodesempregocrônicoesesocorrerdabarbáriefrenteàcrisedocapitalismo.

Em cada luta, em cada ato, em cada conflito, está colocada a tarefadeconstruiroPartidoOperárioRevolucionário.

Ouaclasseoperáriacomeçaasuperaracrisededireção,ouabarbárieavançará.AbandeiradeRosaLuxemburgo“Socia-

lismoouBarbárie”,deusocorrenteentreasesquerdas,temdeserconcretizadanalutapelaconstruçãodopartido-programanoseiodoproletariado.

Épartedessatarefaoenfrentamentocomaburocracia,comasdivisõesimpostasàsorganizaçõessindicaisecomasdefor-maçõesdaesquerdacentrista.

Abandeirade1ºdeMaioproletário,unitário,demassaedecombateéumaexigênciadiantedasituaçãoemqueabu-rocraciadivideostrabalhadoresesubstituisuasnecessidadespor“pãoecirco”.CUT,ForçaSindical,CTBecongêneresdirãoNão,dirãoqueomelhorcaminhoénegociarorebaixamentodossaláriosparamanterempregos,dirãoquesuasbandeirassão“reduçãodastaxasdejuros”,reduçãodeimpostoeapoiofinanceiro aos capitalistas.

Nósosdenunciaremosdiantedaclasseoperária,diremosquesãotraidores,quedividemostrabalhadores,quenãoque-remlutar,queestãosubmetidosaogovernoLula.Diremosqueacriseexigeumaverdadeirafrenteúnicasindicaleumprogra-madelutaradicalemdefesadoempregoedosalário.

Nadadefestas!Nadademissas!Organizarum1ºdeMaiodecombate!Estácolocado:

Frente às demissões, GREVE COM OCUPAÇÃO DE FÁ-BRICA. Frente à proposta patronal de redução dos salários:CONTROLEOPERÁRIODAPRODUÇÃOEABERTURADACONTABILIDADE.Frenteaodesemprego:ESCALAMÓVELDASHORASDETRABALHO,SEMREDUÇÃOSALARIAL.Frenteàmiséria,àfome,àsdoenças,àcriminalidade,aoanal-fabetismo: SALÁRIO MÍNIMO VITAL, COM ESCALA MÓ-VELDEREAJUSTE.Frenteàs fábricasquefechamoudemi-tem em massa: ESTATIZAÇÃO SEM INDENIZAÇÃO, SOBOCONTROLECOLETIVODOSTRABALHADORES.Frenteaos bancos, financiadoras, fundos, seguradoras, responsáveis pelaespeculaçãoequebras:EXPROPRIAÇÃOENACIONA-LIZAÇÃO,CRIAÇÃODOBANCOESTATALÚNICOEPRO-TEÇÃODOSPEQUENOSPOUPADORES.Frenteàperdadaspequenaspropriedades,expulsãodasterrasedamisériadossem-terra:EXPROPRIAÇÃODOSLATIFÚNDIOSENACIO-NALIZAÇÃODASTERRAS,PROTEÇÃODOSPEQUENOSEMÉDIOSPRODUTORES,ACESSODOSCAMPONESESEX-PULSOSÀTERRA.Nãosepodeemhipótesealgumadeixardetrabalharpelaaliançaoperáriaecamponesa.

Por um Primeiro de Maio sob as bandeiras da Classe Operária

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Nacional

Duranteomovimentocontraas4.270demissões ocorridas na Embraer, a Con-lutas convocou as Centrais Sindicais emovimentopopularesparaaconstituiçãode um Comitê pela reestatização daempresaereadmissãodosdemitidos.OprimeiroatorealizousenaCâmaraMunicipal de São José dos Campos .Nodia15deabril, foi lançadooCo-mitênaAssembléiaLegislativadeSãoPaulo.

AlutacontraasdemissõesnaEm-braernãoteveforçaparaimporarea-dmissão.Oretornoaotrabalhodepen-diadamobilizaçãonãosódaEmbraer,mas do conjunto da classe operária.Isso não ocorreu, o movimento ficou isolado e caminhou para as decisõesjudiciais. O julgamento do TRT, queaceitou a proposta patronal, foi con-testadopeloTST, livrandoaempresadepagarcercadeummêsamaisdesalário. No Jornal Massas 371, fizemos um balanço e apontamos as dificulda-desemtransformaralutadaEmbraeremresistênciadoproletariadocontraadestruiçãodepostosdetrabalho.

OComitêpelareestatizaçãofezumatoemSãoPaulo,quecontoucom200pessoas, na maioria dirigentes sindi-cais, militantes da Conlutas e PSTU.Foipresididopelopresidentedosin-dicato de São José dos Campos, Vi-valdoMoreiraeporNivaldoSantana(PCdoB).Foramconvocadas todasasCentrais, inclusive a Força Sindical,quenãocompareceu.CompuseramamesaaCTB(PCdoB),CUT(PT)eCon-lutas(PSTU).

Depoisdascolocaçõeshistóricasdaluta na Embraer, feita pelo ex-presi-dentedosindicato(Índio),foiapresen-tadoumvídeo,quetraziaalutacontraaprivatizaçãodaEmbraer(1994)easmanifestaçõesocorridascontraavio-lenta demissão dos 4.270 trabalhado-res. Os que compuseram a mesautilizaramapalavraparadenunciaraprivatizaçãoeosaltossubsídios,con-cedidospeloEstadoàEmbraer.

PlíniodeArrudaSampaio (PSOL)

mostrou a dificuldade na criação da Embraer pelo Estado, a obtenção demercado e, em seguida, a privatiza-ção. Disse que 70% da empresa seencontram sob o controle de gruposestrangeiros. Enfatizou que a criseeconômica poderá transformar a ex-estatal em subsidiária de uma dastrês maiores empresas de aviação domundo,Boeing,AirbuseBombardier.E colocou-se pela campanha de rees-tatização.

O PCdoB, depois das denúnciasdaprivatização,apresentoucomores-postaàsdemissõesaexigênciademu-dançasnapolíticaeconômicadeLula,entreelasareduçãodejurosedospre-edbancário.

Julio Turra – dirigente do O Tra-balho, falou pela CUT – denuncioua fábula de dinheiro público que osgovernos têmusadoparasocorrerosbancoseempresas,mostrouqueacri-seeconômicaéestruturalequea“so-luçãoparaaEmbraernãoéexportar”,porque o “mercado externo está emrecessão, mas “fortalecer o mercadointerno”.

O representante da Intersindicaldisse que a defesa da estabilidade épara todos os trabalhadores e que areestatização da Embraer é parte dalutapelareestatizaçãodetodasasem-presasprivatizadas.

OsdirigentesdaConlutasePSTUcriticaram o governo Lula com o ar-gumentodeque“nãotemodireitodeficar torcendo pelos empregos”, mas tem o dever de editar uma MedidaProvisóriaquegarantaaestabilidadeaos trabalhadores. Fez uma crítica àbandeira de redução de juros, defen-didapelamaioriadasCentrais,eres-saltouqueareestatizaçãoéumaban-deira que une centrais, sindicatos emovimentos populares. Concluiriamdizendo que reestatização permitedisputaraconsciênciadapopulação.

O ato de lançamento do Comitêchamou a atenção, particularmente,pordoisaspectos:1)nãoselevantaa

bandeiradereestatizaçãosemindeni-zação;2)nãosecolocaareestatizaçãodo conjunto das empresas privatiza-das,edocontroleoperáriodaprodu-ção.ACUT,CTBeasoutrasnãome-xerãoumapalhaparapôrempéummovimentopelareestatização.

Por onde começar a luta pela reestatização

Háquaseduasdécadasqueosgo-vernos vêm entregando as empresasestatais às multinacionais, a bancosestrangeiros e ao grande capital na-cional.Todaalegislaçãoarmadaparaos leilões de privatização, na qualdestinava parte do dinheiro à saúdee educação públicas e que restringiaaparticipaçãodocapitalimperialista,desfez-sedanoiteparaodia.Averda-deéqueramosestratégicosdaecono-mia nacional passaram para as mãosdoscapitalistasestrangeiros.Milharesemilharesdedemissões foramfeitasnaocasiãodasprivatizações,comoin-tuito de torná-las mais “produtivas”.Eagora coma criseaproveitamparacortarmaispostosdetrabalho.ÉoquevemocorrendonaValedoRioDoce,naCompanhiaSiderúrgicaNacionalenaEmbraer.

A luta contra as demissões e pelareestatização encontra um obstácu-lo,queéaburocraciadamaioriadasCentrais sindicais. A CUT e a ForçaSindical controlam 50% dos sindica-tos (36,79% e 13,10% respectivamen-te) e se utilizam da crise econômicapara selar acordos de redução sala-rialsemgarantiadeestabilidade.SãoCentrais diretamente vinculadas aogoverno. Nos discursos, concordamcomareestatizaçãoereadmissãodostrabalhadores,masdiariamenteestãoimplementando a política patronal.Portanto,seuapoioàreestatizaçãoeàreadmissãoserestringeapalavras.

A Central do PCdoB, que tem odomínio sobre 6,12% dos sindicatos,écarneeunhadaCUTedogovernoLula., o que significa que não moverá

Campanha contra as demissões na Embraer

Ato de lançamento do Comitê pela reestatização da Embraer

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de �� de abril a 06 de maio de �009 – MASSAS – 11

Nacional

Rondônia

Operários da Odebrecht protestam contra as demissões e se unem com os desempregados

Malcomeçaaconstruçãodasusinas,osoperáriosdaOdebrechtsen-temaofensivapatronalcontraosem-pregoseascondiçõesdevida.

Neste início de abril, os ope-ráriosdaOdebrechetprotestaramemfrente ao escritório da empresa nocentrodePortoVelhoemtornodasse-guintes reivindicações: 1) No tocanteao salário: reivindicam aumento nospisos salariais, equiparando-os aossalários de operários que trabalhamnaconstruçãodebarragensemoutrasregiões. Combatem a desigualdadedesaláriosentreostrabalhadoresqueexercemfunçõesiguaisaquinacapitaldoEstadoequeestãoganhandosalá-rioinferioremrelaçãoaosquevieramdeoutrosEstados.2)Sobreotranspor-te:reivindicamoaumentodenúmerodosônibus,paralevá-losaoscanteirosde obra das usinas.A superlotação eimpossibilidadedeembarcartêmcau-sado penalidades - faltas registradasno trabalho.Outras reivindicações:pedidodacestaalimentaçãopara to-dos, pois no momento ela só é pagapara aqueles que têm postos de co-mando-osencarregados;assistência

médica,privilégiojáestabelecidoparaosencarregados;Combatemoassédiomoral, nome que dão atualmente àopressãodeclassenotrabalho,comoforma de obscurecer as humilhaçõesdos trabalhadores provocadas peloschefetes (encarregados).Exigemtam-bémarevisãodoacordocoletivoedaConvençãoColetiva,cujoteorterádeser aprovado em assembléia da cate-goria,comampladivulgaçãodacon-vocação,antesdeseremassinados.

Papel conciliador da CUTDiantedasmedidas tomadaspela

empresa, a CUT apresenta como su-gestão em assembléia participar dasnegociações com a Odebrecht e elei-ção de uma comissão de negociaçãocompostapelostrabalhadores.Asex-periênciastêmmostradoaosoperáriosqueessasnegociaçõessótêmservidopara que a burocracia sindical aceiteas medidas patronais e para o des-monte do movimento. Um exemplo:paracombateràopressãonotrabalho,quedãoonomede“AssédioMoral”,aburocracia defende a implantação deum “programa de conscientização”.

Como se fosse possível conscientizarospatrõesseuschefesnaempresadequeissonãoébomequetodosdevemagircomharmonianointeriordasfá-bricas.Aopressãoépartedaexplora-çãocapitalistaesuaeliminaçãosedarápeloenfrentamentodaclasseoperáriacontraaclasseexploradora.

Avançar na luta com nossos métodos

A luta dos operários da Ode-brechtéalutadosmilhõesqueperde-ramseusempregosedaenormemassade desempregados que tem no país.A crise econômica mundial atingiu oBrasileoscapitalistasseprotegemdes-truindopostosdetrabalho,eliminandodireitoseaumentandoasuperexplora-çãodotrabalho.Nessesentido,épreci-so rejeitar todos os acordos assinadospelaburocraciasindicalquereduziramossalários,impuserambancodehoras,PDVsetc.Asreivindicaçõesdosoperá-riosdaOdebrechtsóserãoarrancadaspormeiodalutadireta.Porisso,épre-cisoorganizaragreve,ganharasruaseavançarnosmétodosgenuínosdaclas-seoperária.

umapalhaquecontrarieaorientaçãodogoverno.Sequersãocapazesdeor-ganizar uma campanha contra a pri-vatizaçãodeserviçosnoMetrôdeSãoPaulo,setorquedirige.

Outras centrais, CGTB, NCST eUGT,gravitamemtornooudaCUT,ou da Força, não compareceram aoato.

Poroutrolado,aConlutasnãotemexpressãonacionalnaclasseoperária.AlutatravadacontraasdemissõesnaGMenaEmbraerfoi importanteporrejeitar os acordos patronais.A Con-lutas entende que está jogando umpapel em favor de uma frente únicaem torno da bandeira de reestatiza-çãodaEmbraer.Omesmosepassoucom o Dia Nacional de Luta (30/3).

Chegou, inclusive,aassinaraconvo-catóriacomasCentraisemqueconstaa bandeira pró-patronal de reduçãode juros.VemosqueasCentraispró-Lula aceitaram o ato unificado do dia 30porquenãohaviapossibilidadedesetransformaremataqueàburguesiaeaogoverno.AreestatizaçãodaEm-braeré impensávelpelogovernoquesubsidiaoscapitalistaseosprotegenasuaofensivacontraosempregos.

Um movimento sério e consisten-te pela reestatização começa por terasbandeirasclaras,aquemdirigi-las,comotrabalhá-lasnoseiodasmassasecomqueforçascontar.MasaConlu-tasevitaaprecisãojustamenteporqueentendequeumafrenteúnicadepen-de de aliados que não admitem defi-

nições.Adefesada reestatizaçãodaEm-

braerdevefazerpartedabandeirage-raldereestatização,semindenizaçãoe sob o controle operário. Deve serdirigida como exigência ao governoe, por isso, é necessário deixar claroqueesteéprotetordograndecapital.Constituircomitêsdeagitaçãoepro-pagandadebase.Realizarumacam-panha massiva, que inclua as ban-deirascontraasdemissões,empregoatodosedefesadosalário.TerclaroqueaCUT,Força,CTBeoutrasboi-cotarão a campanha. Estas só virãopara uma frente única sob pressãodas massas. Combater as tentativasde institucionalização parlamentardadefesadareestatização.

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Num encontro de estudantes deServiçoSocialdosEstadosdeParaná,SantaCatarinaeRioGrandedoSul,realizado no último final de semana, debateu-seotemadaUniversidade Po-pular. A intenção dos organizadoreseraformularumapropostaalternati-va ao projeto de “contra-reforma dogoverno Lula” como eles definem os ataquesprivatistascontraauniversi-dade porque, segundo afirma: “não podemosnoslimitaracriticarenegaraspropostasdogoverno”.

Em torno à formulação do queseriaaUniversidade Popular, seorga-nizariamasoutrasbandeirascomoaoposiçãoaoREUNI,PROUNI,ENA-DE,EADeoutras,assimcomoade-fesa da autonomia universitária e alutacontraosaumentosdasmensali-dades.Noessencial,entretanto,oses-tudantesentendemqueéprecisoterumprojetodomovimentoestudantilparasecontraporaodogoverno.Atéa disputa em torno à ruptura com aUNEecriaçãodeumanovaentidadeficaria num segundo plano, defen-dendo-se, enquanto esse problemanão se define, a intervenção em todos osfórunsdaUNEedoConlute.

Trata-se, aparentemente, de umpassoprogressivonamedidaemquesepropõeaconstruçãodeumprogra-ma em lugar de uma ruptura mera-menteaparelhista.Entretanto,épreci-soobservarqueesteaparenteavançoécomprometidopelapretensãodeseformularumaproposta“alternativa”,uma vez que esta “alternativa” nãosevinculaaumprogramarevolucio-nário–ouseja,dopontodevistadoproletariado. Além disso, se preten-de que a luta dos estudantes efetiveauniversidadepopularemlugardaspropostasdogoverno,ouseja,imagi-na-sefazê-lafuncionarnoquadrodasatuaisrelaçõescapitalistasvigentes.Apropostade“projetoalternativo”ser-veparanegociarmudançasnoquadrodauniversidadedeclasse.

Asreferênciasemquesebaseiaatentativadeformularapropostasãoas mais disparatadas e reveladorasda faltadeclarezaprogramática. In-

cluemdesdeasUniversidadesPopu-laresGonzálezPradacriadanadéca-dade1920porHayadeLaTorrenoPeru;gruposanarquistas/autonomis-tasqueenxergamabandeiradauni-versidade popular como a que unifi-couo“movimentodasocupaçõesdereitorias”; movimento de cursinhospopulares que defendem o assisten-cialismoaospobresqueenfrentamovestibular e que se autodenominam“universidades populares” e até auniversidade venezuelana/bolivaria-nadeHugoChávez.

A universidade burguesa é caduca porque corresponde a um regime social caduco

Adefesadoensinopúblicoegra-tuito, da autonomia universitária ea luta contra a privatização não po-dem ser tomadas como um fim em simesmo.Devemimpulsionaralutae estruturar de fato um movimentomassivocomopartedeumprograma de transição,esuafunçãoéajudarosestudantesacompreenderquesobodomínio das relações capitalistas ajuventudenãoencontraránauniver-sidade um espaço para desenvolverseu potencial cultural, técnico, profis-sionalepolítico.Queauniversidadedeumpaísatrasadoéumauniversi-dadeatrasada,poiselaédetermina-dapelasrelaçõesdeproduçãoepelapolítica da burguesia subordinadaao imperialismo. E que, portanto, alutadosuniversitáriosdevenecessa-riamente ser parte da luta pela des-truição do capitalismo e edificação da sociedade comunista, ou seja, colo-car-sesobaperspectivadoprogramada classe operária pela revolução editaduraproletárias.

Vivemos na época do imperialis-mo, resultado do desenvolvimentocapitalista. O capitalismo anterior àépocaimperialistateveumpapelre-volucionário na medida em que de-senvolveu as forças produtivas emnívelnuncaantesalcançadoecriouomercadomundial.Noseuatualestá-gio,entretanto,nãotemqualquertra-ço progressivo, pelo contrário é um

regimequeparaseperpetuarprecisadestruirforçasprodutivasemmassa,sejamedianteasguerras,medianteascrises ou destruir a capacidade cria-tiva e a vida dos próprios trabalha-dores. O controle da burguesia e deseusgovernossobreauniversidadeasubmete aos interesses imediatos daclassedominanteedeseusistemaemdecomposição.

Estaéarazãoprincipalpelaqualsobocapitalismoimperialistaauni-versidadenãopodemaisserumele-mentodeprogressoeincrementodasforças produtivas sociais. Se a estacircunstâcia acrescentamos a condi-ção do Brasil ser um país oprimidopelaspotênciasimperialistas,forçososerá concluir que no quadro da do-minação vigente, o Estado Nacionalnão tem a finalidade de estimular o florescimento da universidade, mas, apenastransformá-laemespaçoparavalorizarcapitaledegradaraforma-çãodajuventudeemníveiscadavezmaisprecários.

Omovimentoestudantilsópoderádesempenhar um papel na luta polí-ticamaisgeral se forestruturadoemtorno de claras bandeiras políticas e,nasociedadecapitalista,alutaépola-rizadapeloenfrentamentoentreabur-guesiaeoproletariado.Entretanto,nomovimentoestudantilsãoascorrentespolíticasemqueseexpressaapeque-na-burguesia as que predominam:o estalinismo, o reformismo petista,nacionalistas,anarquistasecentristas.A idéia de que é possível reformar ocapitalismo – e, portanto, reformar auniversidade – expressa o ponto devistadapequena-burguesia.

Ao contrario disto, reafirmamos queauniversidadeburguesaécadu-caporquecorrespondeaumregimesocial caduco. E a condição para omovimento estudantil enfrentar osataques privatistas do governo é, apartir da luta por suas reivindica-ções,secolocarsobaperspectivadaclasse operária, quer dizer, do pro-gramadarevoluçãoeditadurapro-letárias. Lutar pelo fim da universi-dadedeclasse.

“Universidade Popular” ou Programa Proletário

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Educação

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de �� de abril a 06 de maio de �009 – MASSAS – 1�

Educação

direção da UNEAdireçãodaUNEapresentouno12ºConebdaUNE,emSalvador,

seuprojetodereformauniversitária.Eleseinsere,desdeoinício,comoinstrumento“deatuaçãodentrodaReformadaEducaçãoSuperior”,portantoclaramentenosmarcosdoprojetodogovernoLula.Otextoservedebaseparacriticaralgunspontosdareformagovernamentaleapoiaroutros;nogeralédeapoio.Antesdemaisnada,porisso,trata-sedeumconjuntodepropostassubmetidaàpolíticagovernamental.Portanto,cadaumetodosospontosdesseprojetoestãoinseridosnoquadrodecolaboraçãodaUNEcomogoverno,semqualquertraçodeindependênciapolíticaouautonomia.

1. Autonomia Universitária A falsa autonomia da UNE

AautonomiaentendidapeladireçãodaUNEpartedeseucon-dicionamento à “vinculação concreta com os problemas do povo equeaelesejaprestadocontasdesuaprodução.”Essaformulaçãotemportrásdesi:a)opovonãoestánointeriordauniversidade–éumaaceitaçãodauniversidadeelitista;b)aautonomianãoéplena,masdependedecondicionantes:avinculaçãoeprestaçãodecontas.Comoopovonãoestánointeriordauniversidade,essaprestaçãodecontassópodeserentendidacomoumaprestaçãodecontasaogovernoououtrainstituiçãogovernamental.Napráticaéoopostodaautonomia,éaadmissãodaintervençãodosgovernosnauniversidade.

AautonomiadadireçãodaUNEestáligadaà“necessidadedeexistir um financiamento regular e público”, como parte de um orça-mentoglobaldoEstadoeàeleiçãodiretaeparitáriadosdirigentes.Éevidente que se o financiamento da universidade tem origem privada, osinteressesdequempagaprevalecerãosobrequaisqueroutrosenãohaverá autonomia. Mas o financiamento público por si só não garante a autonomia também, porque o Estado, manejado pelo poder eco-nômico, preserva seu intervencionismo na universidade.A simpleseleiçãodosdirigentestambémnãogaranteaautonomiadauniversi-dade,aindamaiscomaparidadeprivilegiandoovotodeprofessoresefuncionários(quetêminteressescorporativos)emrelaçãoàmaioriaestudantil.

Emrelaçãoàsuniversidadesprivadas,adireçãodaUNEpreten-derealizarautopiada“independênciadasmantidasemrelaçãoàsmantenedoras”.Ouseja,queoscapitalistasabrammãodecontrolarseucapitalinvestidoeoentreguemaocontroleparitáriodeestudan-tes,professoresefuncionários.AdireçãodaUNErechaçaadefesadoensinopúblicoegratuitoparatodos,aceitaaexistênciadoensinopri-vadoetentaefetivarachamada“regulaçãodosetorprivado”.ComoseoEstadodoscapitalistaspudessecontrariarosinteressesgeraisdospróprioscapitalistas.Ofatoéqueaexistênciadapropriedadeprivadadeuniversidadesécontraditóriacomsuaautonomia.Nãoadiantarei-vindicar “contra a financeirização da educação e especulação na bolsa devalores”seseadmiteaexistênciadoensinoprivado,ouseja,daeducaçãocomomercadoria.Pretenderqueumamercadoriacapitalis-tanãosejanegociadanasbolsasdevaloreséquererqueocapitalistaabramãodeseus lucros.Sobocapitalismo,asmercadoriasestarãosujeitasàsleisdemercadocapitalista.Aúnicaformadeimpedirqueoensinosejatratadocomomercadoriaéestatizandosemindenizaçãoecolocandooensinosobcontroledequemestudaetrabalha.

Consta também das propostas da direção da UNE a “restrição

total do capital estrangeiro nas universidades pagas”.Alguns anosatrás,essamesmadireçãodaUNEdefendiaalimitaçãodocapitales-trangeiroa30%dasações.Poisoqueseviufoiqueocapitalestrangei-ropenetrouprofundamenteassimilandoboapartedarededeensinoprivada.Equeseformarammonopóliosdaeducação,comoaUnipeaEstáciodeSá.Oensinoprivadocresceuemnúmerosabsolutoseemrelaçãoaoensinopúblico. IssoocorreuemboaparteduranteogovernoLula,apoiadopeladireçãodaUNE.Agora,assustadacomosfatos,pretendeexcluirocapitalestrangeirodosnegóciosdaeducaçãosuperior.

Quantoàpresençadaidéiadochamadotripé“ensino/pesquisa/extensão”equalsuarelaçãocomaautonomia,nãoseapresentaclara-mente.Falaremosdesse“tripé”maisadiante.

Nossa posiçãoArealautonomiauniversitárianãotemnadaavercomaspropos-

tasdadireçãodaUNE.Auniversidade,sobocapitalismo,emgeralcorrespondeaosinteressesdaclassedominanteeseusgovernos,queatuamsobreelaimpondoseusinteressesatravésdeseuinstrumento,a burocracia dirigente da universidade. Sob o poder da burocraciauniversitária, casta de professores corrompidos pelo carreirismo econtroledeverbas,nãopoderáexistirautonomiaemrelaçãoaosgo-vernoseaopodereconômico.

Os que estudam e trabalham na universidade só podem impora realautonomiauniversitáriaem lutacontraaburocraciaeosgo-vernos.Aconstituiçãodaassembléiageraluniversitária,quevemdanecessidade de unidade na luta dos que estudam e trabalham, é oprimeiropassonessesentido.Quandoesseorganismodemassader-rotaaburocraciaealcançaa soberaniadedecidirepôrempráticasuasdecisões,constróiaautonomiadauniversidadeemrelaçãoaosgovernoseàburguesia.Nesseponto,aassembléiageraluniversitáriadeliberasobreasreaisnecessidadesdeorçamentoeexigedoEstadoque lhe entregue as verbas necessárias ao seu funcionamento, semnenhumaingerênciaexterna.Essaassembléiasoberanaconstituiumgovernouniversitáriotripartite,submetidoaela,paraexecutarsuasdeliberações.

Quantoaoensinoprivado,deveserestatizadosemindenizaçãoecolocadosobcontroledosqueestudametrabalham,quecomsualuta implantarão a soberania da assembléia geral universitária e aaberturadasvagasàpopulaçãoassalariada.Somenteassimpoderádesenvolverarealautonomia, independizando-sedasnecessidadesdeacumulaçãodocapital.

A população assalariada não terá de ficar de fora, esperando que osmembrosdauniversidadeafaçamagiremseubenefício,ouqueostomemcomo“referência”.Aimposiçãodoacessoatodosgarantiráqueostrabalhadoresdecidamoquefazerdedentrodauniversidade.Vãotransformá-laprofundamente,eliminandoadissociaçãodateo-ria com a prática. Estamos falando do fim da universidade de classe, edonascimentodeumanovasociedade,socialista.Atransformaçãoprofundadauniversidadeépartedarevoluçãoproletária.

2. FinanciamentoAdireçãodaUNEapontaareduçãodasverbaspúblicasnoperíodo

1995-2001, mas afirma que esse quadro foi revertido durante o gover-noLula,emboraaindanãodeformasatisfatória.Ocultaqueasverbascresceramcomoaumentodaarrecadação,enãoporumainversãode

O “Projeto de Reforma Universitária” da

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1� – MASSAS – de �� de abril a 06 de maio de �009

Educação

Ceará

Por um Piso Nacional que corresponda ao salário mínimo vitalAprovemos a greve nacional

prioridades.TantoéassimquesepreservouaDRU, instrumentodedesviodeverbasdaeducaçãoparapagamentodejurosdasdívidas,nogovernoLula.NãosereconhecequeogovernoLulapreservaaessênciadapolíticaeconômicadogovernoFHC.

AdireçãodaUNEaindareclamadadesregulamentaçãodosetorprivado,quelevaaaumentosdemensalidadeabusivos,faltadecontro-leenenhumatransparênciasobreasplanilhasdecustos.Oquesepro-põeparacontrolaressesaumentosabusivos?Umaespéciede“agênciareguladora”doensinoprivado?Sefuncionarcomoasdemaisagências,deremédios,planosdesaúdeoudepetróleo,servirámuitomaisaoscapitalistas como meio de pressão sobre o governo que o contrário.Trata-sedemedidasdecontrolenoquadrodapreservaçãodoensinoprivado.

Denuncia também que o capital influencia ensino e pesquisa nas universidades públicas através das fundações. Pede o fim das funda-ções,masdeformagradativaecondicionada:“passaporgarantiadefinanciamento e participação”. A direção da UNE recusa-se a erguer a bandeira do fim imediato das fundações, teme pelas consequências.

Suaconclusãoéquedeveser“fundamentalmenteresponsabilida-de do Estado o financiamento da universidade brasileira”. Ou seja, que embora o Estado deva ser o financiador, é admissível que existam ou-tros financiadores.

Suaspropostas:a)10%doPIBparaaeducação;75%doorçamentofederal da educação ao ensino superior; b) novas fontes de financia-mento: 50%doarrecadadoemroyaltiesnoPré-Salparaa educação;c)transparência,controlepúblico,aberturadasplanilhasdasprivadase gestão participativa, fim gradativo e condicional das fundações; d) transferênciadopagamentodosaposentadosparaoTesouroNacional;e) fim da DRU.

De que orçamento precisa a universidadeA fixação de um índice de 10% do PIB para a educação não corres-

pondeàsreaisnecessidadesdoensinobrasileiro.Trata-sedeumnú-mero arbitrário (fixado pelos reformistas e centristas como “proposta dasociedadecivil”),quenãopartedeumaavaliaçãodasreaisnecessi-dades,quesópoderiaserfeitapelosqueestudametrabalham(enãodeforaparadentro),equeseenquadranasnecessidadesestataisdepreservar os compromissos com o capital financeiro (custeio das dívi-das)ecomoparasitismodebandosdaburguesiasobreoorçamentopúblico.Arelaçãoentreverbasdoensinosuperiorefundamentalemé-dio também é fixada arbitrariamente. Pensa-se no que seja no que seja “possível”àeducaçãosobocapitalismodecadente.

A busca de financiamento por novas fontes, como o Pré-Sal, é par-te da política submissa ao capital: a fixação de 50% dos royalties do Pré-Salequivaleaconcederaoscapitalistasaexploraçãodasriquezasnacionais,condicionando-aaumamigalhaparaaeducação.

Astentativasdecontrolesobreocapitalnasuniversidadesprivadasésóumacortinadefumaçaparaesconderaaceitaçãodamercantiliza-çãodaeducação.Estabelecerlimites,aumentaraparticipação(direitoa dar palpites), transparência de contas sem poder de modificar os gas-tos,tudoissoéumafarsa.

AtransferênciadopagamentodosaposentadosparaoTesouroNa-cionallevariaaumareduçãorealdaspensões.Éumapropostaquebuscarecursosparaaeducaçãoàscustasdoempobrecimentodosaposentados.

O fim da DRU é uma falsa bandeira, pois a UNE não move uma palhaparalutarcontraapolíticadogovernoquesustenta.

OsestudantesdevemexigirdoEstadoqueconcedaatotalidadedasverbasnecessáriasaofuncionamentodauniversidade,semnenhumaingerência externa sobre elas. Essas verbas devem ser determinadaspelaassembléiageraluniversitáriaegeridasporela.Asuniversidadesprivadasdevemserestatizadassemindenizaçãoecolocadassobcon-trole de quem estuda e trabalha, seu financiamento deve ser público e determinadopelamesmaassembléiageraluniversitária.

(continua)

O Piso Nacional é uma reivindicaçãohistóricadomagistério.Noentanto,aCNTE(PT/PCdoB)emconjuntocomaCUT/PTeogoverno Lula /PT passaram a defender umPisorebaixadodeR$950,00(hojecorrespon-denteaR$1.132,00),quenãoatendeàsnos-sasnecessidades.

Duranteoanopassado,osgovernistasdaCNTE criaram ilusões nos professores comnegociatasnoparlamento,audiênciaspúbli-caseparalisaçõesinócuas.Rejeitouosméto-dosdeenfrentamentodostrabalhadoresdaeducaçãocontraapolíticadosgovernantes.Trabalhou sistematicamente, no Estado doCeará,paradestruiresabotaragrevedoma-gistério(aexemplodoquefezaAPEOCnofinal da greve). Recentemente, os professores dosestadosRN,SEeDFentraramemgreve,masaCNTEserecusouaconstruiraunida-dedomagistério.

ALei11.738/08,queinstituiopisosala-rial, foi golpeada pelos governadores (CE,RS, PR, MS e SC), que entraram com umaADInoSTFquestionandoosaspectoslegaisda leieaautonomiadosestados.Portanto,recusaram-se a cumprir uma decisão pre-sidencial, ainda que extremamente aquémdas necessidades dos trabalhadores. Comocontrolam o STF, este emitiu o parecer dosgovernos(porém,semjulgaraindaoméritodefinitivo). Agora, a CNTE decidiu por uma paralisaçãonacionalparacobraraaplicaçãodatalLeidoPiso.

A Corrente Proletária tem insistido nométododelutaparaarrancaropisosalarial.As burocracias sindicais não se esforçaramparaqueostrabalhadoresdaeducação,pormeiodesuasassembléias,decidissemova-loreajornada.Aocontrário,embarcaramnaLeidoPisodogovernoLula.OPSTUcriti-

cou o valor do Piso, mas concordou com aoutra parte da Lei que estipula a 1/3 paraatividadesextra-classe.OPORdefendequenenhum trabalhador receba menos que osaláriomínimovital,quesegundoosnossoscálculosédeR$3.500,00.Nonossocaso,quenenhumprofessorrecebamenosqueesseva-lorequea jornadasejareduzidaaplicandoa escala móvel das horas de trabalho. Issoporque queremos unir empregados e de-sempregados,professoresedemaisexplora-dos.Adefesadoempregoedo saláriounea maioria dos trabalhadores para enfrentaraofensivapatronalegovernamentaldedes-truiçãodepostosdetrabalhoeaumentodasuperexploração.Porisso,criticaasparalisa-çõesdefazdecontaeexigequeossindicatosconvoquemassembléiaseaprovemaofensi-va nacional dos trabalhadores da educaçãoemdefesadesuasreivindicações.

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de �� de abril a 06 de maio de �009 – MASSAS – 1�

EducaçãoEstado: Governo e SEDUC atacam e direções sindicais não encampam a luta

O governo Cid/PT/PSDB vem aprofundando seus ataques aosservidoresdaeducaçãocomorebaixamentosalarialdoprofessoresdo antigo telensino (retirou os 20% de gratificação de atividades ex-traclasse),fechamentoemunicipalizaçãodeescolas,nãopagamento,atéestadata,daprogressãohorizontalcomoitomesesdeatraso,au-mentodacargahorária,poisobrigaqueosprofessorespermaneçamnaescolamaisumoudoisperíodosporsemanaparaoplanejamento,criaçãododecretodenº29.624(05/02/09),queinstituiaavaliaçãodedesempenhodofuncionalismoestadualparademitirumaparceladosservidores,eampliouasrelaçõesprecáriasdetrabalhonomagistério(contratotemporário).

Diantedessequadro,oquetemfeitoasdireçõesdoAPEOC(Pe-nha/Articulação/PT/PCdoB) e SINDIUTE (Corrente O Trabalho)?Nada!Jáestamosentrandonoquintomêsdoanoeaindanãoiniciouacampanhasalarialde2009enãoaconteceunenhumaassembléiaprin-cipalmente, por parte daAPEOC para organizar a categoria diantedosproblemasexistentes.OresultadodessaparalisiadossindicatosseexplicaporquesãogovernistasenãovãosechocarcomogovernoCidporqueajudaramaeleger.

Osprofessoresnãopodemmaispermitiradivisãoimpostapelaburocracia sindical da APEOC e SINDIUTE nos atos e atividades.Alémdisso,acategoriadeveexigirocumprimento,jáaprovadoemassembléias anteriores, da realização de um congresso estadual deunificação da APEOC e SINDIUTE pela base, pois as entidades não sãopropriedadesdestasdireções.Neste sentido, essa reivindicaçãodosprofessores colocaráo sindicatoa serviçodos seus interessesenãodosgovernos.

MUNICIPIO: direções sindicais pedem esmola de 13% de reposição salarial junto à Prefeitura

Asituaçãodosprofessoresdaredemunicipalnãoémuitodiferen-te da rede estadual. A Luzianne Lins/PT vem dando passos significati-vosemseusataquesaosservidores,comoporexemplo:terceirizaçãodosserviços internosdasregionais,desmontedo IPM,aumentodaexploraçãoatravésdossábadosletivosetc.esequerimplantouore-baixadopisonacionalquehaviaprometido.

Ofórumdosservidoresmunicipais(SINDIUTE,SINDIFORTetc.)propõeumíndicede13%dereajustediantedaenormeperdasalarialdo funcionalismo, issoéumamiséria. Issoprovaqueesse fórumégovernista.

AdireçãodoSINDIUTE,duranteagrevedosprofessoresdoEs-tado,dividiuealimentouafalsailusãonacategoriadequeaprefeitairiaimplantaropisonacionalparanãoimpulsionaralutanomunicí-pio.AcorrenteO Trabalho/PTfazencenaçãoemradicalizarodiscursoporqueesteanovãoocorreràseleiçõesparaoSINDIUTE,porissoagoraposadelutadoradiantedaPrefeita.Nãopassaderetóricadian-tedosataquesdesferidospelaprefeiturapetistaháanos.

Por fim, a Corrente Proletária na Educação faz um chamado aos professoreseascorrentesquesereivindicamdaoposiçãoparaafor-maçãodeumachapaprogramática,paraderrotarosgovernistasdaatualdireçãodoSINDIUTE.Sóassimiremosavançarnalutanoma-gistério e trabalhar concretamente na unificação dos sindicatos APE-OCeSINDIUTEpelabaseemumaúnicaentidadesindicalparaosprofessores.

Falta de democracia nas assembléias e atosAdemocraciavemsendoaniquiladaedestruídanasassembléias

e atos por parte dos sindicatos, e o resultado dessa burocratizaçãotemlevadoacategoriaaamargasderrotas.UmexemplodissofoiaburocratizaçãoimplementadapelasdireçõesdaAPEOCeSINDIUTE,queseuniramnagrevedosprofessoresdoEstadoemqueasinterven-çõesselimitavambasicamenteaosdirigentessindicaise,aomesmotempo,nãoencaminhavamasdeliberaçõesdasassembléias.Portanto,sefaznecessáriaademocraciaparaqueosprofessorespossamenca-minharalutademaneiraconseqüenteparaimporavitóriacontraosgovernos.

* PorumPisoSalarialdeR$3.500,00parainíciodecarreira!* Reduçãodajornadadetrabalhopormeiodaimplantaçãodaesca-

lamóveldashorasdetrabalho,paraquehajaempregoatodos!* Estabilidadeatodososprofessoresdecontratotemporário(efeti-

vaçãoparatodos)!* PasseLivreparaestudantesedesempregados!* Acessoàescolaemtodososníveis!Fimdosvestibulares!* AbaixoaavaliaçãodedesempenhodogovernoCid!* Nenhumjovemsemescola,nenhumjovemsemtrabalho!Queo

jovempossapermanecer4horasnotrabalhoeorestanteparaes-colaelazer!

* Combater a violência nas escolas e nos bairros com emprego àjuventude!Queotrabalhosejacompatívelcomsuaestruturafísi-co-mental!

* Pelaescolaúnicapúblicagratuitaevinculadaàproduçãosocial!

A Municipalização do Ensino em OsascoSabemosqueaMunicipalizaçãodoEnsinoéumadasprimeirasestra-

tégiasparaodesmontedaescolapública,oquerequerqueosgovernospor vezes sejam mais flexíveis para legitimar a política de descentraliza-çãodoensino.JustamenteoqueaconteceuemOsasco,ondeamunicipa-lizaçãofoiiniciadaporGiglio/PSDBetevecontinuidadecomEmídio/PT,atualprefeito,eleitopelosegundomandato.

Hoje a municipalização se deu quase que por completa no Ensinofundamental,ea ilusãodequehaveriamaisrecursose,portanto,maisinvestimentosnaEducaçãocaemporterra.Osprimeirosanosdemuni-cipalizaçãoemOsasco,criaramnostrabalhadoresdaeducaçãoenaco-munidadeescolarafalsaexpectativadequeoensinoiriamelhorar,poisnovos prédios foram construídos e/ou reformados, recursos materiaischegavamàsescolasehouveaberturadeconcursopúblicoparaospro-fessores.Esta foiumaestratégiadogovernoparaqueos trabalhadores

aceitassemamunicipalizaçãosemcontestar.Noentanto,osanosforampassandoecomtodasasescolasdeEnsinoFundamentalImunicipaliza-das,ouseja,primeirametacumprida,osgovernosjánãoprecisammaisiludirostrabalhadores,ascondiçõesdetrabalhoeensinonogovernodeEmídio/PTtêmsetornadobrutais.

A Precarização na Educação MunicipalAsescolasmunicipaisdeOsascoiniciaramoanode2009em

condiçõessubumanasdetrabalhoedeensino.Comosenãobastassemofechamentodeclasseseasuperlotaçãodas

salasdeaula,esteanoasaulasseiniciamsem professores nas escolas(todososdiasmuitosdosalunossãomandadosdevoltaparacasaporquegran-departedasclassesaindanãoforamatribuídas),porcontadostrâmitesburocráticosdoúltimoconcursopúblico,queteminviabilizadoaposse

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Educaçãodosprofessores,principalmenteporcontadanãoaceitaçãodosacúmu-los,enquantoquemilharesdeprofessoresqueestavamcontratadosoanopassadoforamdemitidoseaindaencontram-sesemaula,jáqueocritériodeadmissão,numprimeiromomento,passaaserapenasporconcursodeprovasetítulos.

Alémdafaltadeprofessores,a merenda escolar também não chegou,porcontadasfalcatruasnaslicitaçõesnosanosanteriores.Assim,osalunosque jáestãotendoaulasestãopassandolongosperíodosnaescolasemsealimentarousealimentandodeformamuitoprecária.Hádenúnciasdequeemalgumascrechespor faltademerendaparaas criançasquepermanecemodiatodonaescola,adireçãofezempréstimosdealimentosdeoutrasescolas,eacabaramtendodealimentarascriançascomoquetinha,arrozecarnemoídaaosbebês.

Issosemfalardafaltadefuncionáriosdoquadrodeapoiodasescolas,limpezaemerenda(grandepartedosfuncionáriosdoquadrodeapoiodasescolasteveseuscontratosencerradosenãoforammaisreadmitidos).Segundo várias denúncias, em diversas escolas a falta de funcionários,principalmentenasescolas integrais (creches) levouosprofessoresaserevezaremnoatendimentoàscriançasparadarcontadalimpezadosba-nheirosedemaisambientesdasescolas,aumentandoasuperexploraçãodo trabalho dos professores, que se submeteram a ficar com duas turmas enquantoocolegafaziaoserviçodelimpeza.

Outrasituaçãoagravanteéafaltademanutençãodosprédios,como,porexemplo,nasescolasdeeducaçãoinfantil,emqueascriançasestãoprivadasatédebrincar,porqueosbrinquedosdoparquealémdequebra-dos,estãocobertospormatoeostrabalhadoresnasescolasestãodemãosatadas, já que a prefeitura não encaminha pessoal para a manutenção,nemtampoucoasescolastêmcondiçõesdesuprirqualquergasto,poisosaldoquerestoudasubvençãodaAPMdasescolasem2008foirecolhidopela prefeitura no final do ano.

Estascondiçõesprecáriassinalizamparamaisumplanodogoverno,quefazpartedomesmoprocessodedestruiçãodoensinopúblico,poistratadetornarasescolasdependentesdefundosprivados,terceirizandoserviçosefazendoparceriascomempresasprivadas,ouseja,abrindoasportas para a privatização do ensino, estratégia final das reformas edu-cacionais ditadas pelos organismos internacionais em toda a AméricaLatina.

Acrescentam-se a isso o arrocho salarial, as precárias condições detrabalhoeareformulaçãodoPlanodeCarreiradomagistério,queretiradireitodos trabalhadores,alémdenãogarantirnemmesmoospoucosdireitosmantidos,precarizandoaindamaiso trabalho,comoaumentoda jornada de trabalho, dificuldade ainda maior para a evolução funcio-nal,poisoscursosantesaceitosagorasóservirãomedianteavaliaçãodedesempenho;diferenciaçãodedireitosentreosPEBI,adjuntoseosPDI’s,dentreoutros.Poroutrolado,ogovernocontinuasustentandooassisten-cialismo,comaentregademateriaiseuniformesaosalunos,estratégiautilizadaprincipalmenteparamanterospaissatisfeitos,passandoafalsaidéiadequetudocaminhabemnaEducaçãodomunicípio.

Movimento dos professores frente aos ataques de Emídio/PT

Frenteaodesempregoeaosubemprego,ostrabalhadoresencontram-sedispersosemfunçãodapolíticadasdireçõessindicaisburocráticas,emsuamaioriaatreladaaosgovernose,porisso,incapazesdeorganizaralutacontraasofensivasdogoverno.

A direção do SINTRASP (Sindicato dos Trabalhadores em ServiçosPúblicosdoMunicípiodeOsascoeregião)chamouassembléia,masfoiincapazdeaprovarumplanodelutaspormelhorescondiçõesdetrabalhoeporumreajustesalarialquegarantaavidadostrabalhadores.

AAPOS(AssociaçãodosProfessoresdeOsascoeregião),associaçãoquetemmaiorrepresentatividadeentreosprofessoresdomunicípio,na

primeiraassembléiadoano,realizadalogoapósoRE,aprovouumpla-nodelutascomaorganizaçãodeumatopúblicoparaentregarapautadereivindicações.Apósaentregadapauta,outroatofoiaprovadopelosprofessoresemassembléia.Nesteato,realizadonodia01deabril,comapresençadeaproximadamente300professores,quepararamo trânsitodeOsasconasproximidadesdaprefeitura,Emídio/PTrespondeucomarepressãodapolícia,queagrediuosmanifestantescompancadasegásdepimenta.Apósesteato,osprofessoressereuniramemassembléianova-menteedeliberarampelacontinuidadedomovimento,marcandonovoatoparaodia06deabril.

Reunidosemfrenteàprefeituranodia06/04,adireçãodaAPOStinhaaclaraintençãodedispersaromovimento,poisocarrodesomsóchegouapósduashorasdohoráriomarcadoparaoatoe,assimqueocarrodesomchegou,suapropostaeradequeosprofessoressaíssemempasseatanasredondezasdaprefeitura.ACorrenteProletáriapropôsarealizaçãodaassembléiaparadeliberaracercadasaçõesnaqueledia,propostaaca-tadapelosprofessores.

Duranteaassembléia,adireçãoapresentouumapautarebaixadaemrelaçãoàaprovadaemassembléiaanterioreosprofessoresaprovaram,apoiados na justificativa da direção sindical de que se tratava de uma es-tratégiaparaqueogovernorecebesseacomissão.Logoapósaleituradapauta,contestadaapenasporalgunsprofessores(poisamesmanãocon-templavaapropostadereajustesalarial,aisonomiasalarialparaospro-fessoresdacreche,dentreoutrospontos),aadministraçãoaceitoureceberuma comissão para dar início às negociações. Foi eleita uma comissãode10representantes,dentreelesprofessores(creche,EMEI,EMEF),paisdealunos,representantedadireçãodaAPOSeaadvogadadaentidade(militantedoPSTU)

FomosrecebidospelasecretáriadeEducação,MazéFavarão(ex-diri-gentedeOTrabalho),pelossecretáriosdeadministraçãoepeloencarrega-dopelamerendanomunicípio,jáqueEmídioseencontravaemBrasília.

A negociação foi uma verdadeira enrolação. Logo no início, o se-cretário de administração, juntamente com a secretária, foram descar-tando vários pontos da pauta de reivindicações, porque, segundo eles,não poderiam ser discutidos ali, pois eram pontos para serem levadospara a Mesa de Negociação Permanente, mesa esta que seria realizadaentre os dias 08/04 a 14/04 junto com todas as entidades do município(APOS,SINTRASP, eASSO).A comissão discutiu por longas três horasapenasalgunsproblemas,comoamerendaescolar,afaltadefuncionárioseprofessoresnasescolasesobrealgunsprojetospedagógicosdarede,ouseja, a questão do salário, por exemplo, ficou para ser negociado junto às demaisentidadesemumapautaúnicadasmesmas.Ficoumuitoexplícitopara os professores a preservação dos acordos já firmados anteriormente entreadireçãodaAPOSeaadministração,poistodosospontosqueosprofessoresdacomissãoinsistiamquedeveriamserdiscutidosalitinhamarespostadequeelesjáhaviamacordadocomaAPOSquenãocaberiadiscutirnomovimento,massimnasmesasdenegociaçãocomasenti-dades.

Éimportantesaberqueestedispositivo,criadopeloPTemOsasco,temservido,desdeoiníciodagestãodeEmídio,únicaeexclusivamentepara desmobilizar os trabalhadores, fazendo-os se contentar com algu-masmigalhas,omesmoqueaconteceunareformulaçãodoplanodecar-reira,noqualforamconstituídosváriosgruposdetrabalho(GT’s),comaparticipaçãodasentidadessindicaisedosprofessoresdabase,sóparailudir os trabalhadores, já que, ao final das discussões, nada que os pro-fessores haviam proposto foi aceito, a não ser a concessão de algumasmigalhas. Enfim, foi aprovado o plano que a secretaria de Educação já tinhaestabelecido.

Mas,comosenãobastasse,apresidentedaAPÓS,quealicompunhaaquelacomissão,pediuparaqueossecretáriososacompanhassematéosprofessoresdoladodeforadaprefeituraparaajudaraexplicarcomose

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Educaçãodariaoprocessodenegociação.Masnãoparouporaí.Alémdogovernosepronunciarnaassembléiadostrabalhadores,adireçãopretendia“to-car”aassembléiamesmocomapresençadosrepresentantesdoscapita-listas,senãofossea intervençãodaCorrenteProletáriater levantadooproblema. Essa direção deu sinais de que teria dificuldade em organizar oenfrentamentocoletivodostrabalhadoresfrenteaogovernoporcolocarempráticaapolíticadecolaboração.

Assim que os secretários se retiraram e se deu inicio à assembléia,adireçãofezapropostadequeaguardássemosoperíododasmesasdenegociaçãoparaqueentãodepoissedecidíssepelacontinuidadeounãodomovimentocasoasreivindicaçõesfossemounãoatendidas,alémdeafirmar que não havia outra saída se não acreditar, naquele momento, na disposiçãodaadministraçãoparaatender.

Alémdadireção,apenasaCorrenteproletáriahaviaseinscritoparaapresentarpropostas,emqueprimeiramentedenunciouafarsadasme-sas de negociação, exatamente como já vínhamos alertado em nossosmateriais sobre a falsa ilusão que a prefeitura e as entidades vinhamalimentandoemtornodestedispositivoquehámuitotempovemser-vindoapenasparadesmobilizarostrabalhadoreseque,seexistiaalgu-mavitória,comoadireçãodaAPOStantoanunciava,estaseramméritodo movimento dos professores e não das mesas de negociação. Por fim, propomosqueformássemosaliumcomitêdelutaparaacompanhares-tas mesas, ou seja, que não ficássemos esperando de braços cruzados, massimqueomovimentofossemantido,poissabíamosque,semomo-vimento,ousejasemaaçãodireta,nãoteríamosnenhumadasnossasreivindicaçõesatendidas.Antesdecolocaremvotação,aadvogadadaentidade(PSTU)tentoufazerumapropostadeconsenso,dequeames-ma comissão eleita ali em assembléia naquele dia fosse mantida paraacompanhar as negociações e que nós aprovássemos ali o “estado degreve” até o fim das negociações, para que em nova assembléia deci-díssemossobreosrumosdomovimento;ganhouapropostafeitapelaadvogadadaentidade.

Mais uma proposta enganosa aos trabalhadores, pois, aprovar oestado de greve significa enterrar o movimento. Dizemos isso pois as experiênciasnaredeestadualdeensino(APEOESP)nosmostraramquea burocracia, com o intuito de por fim ao movimento grevista, defendia oestadodegreve,oque constituíaumamanobra costurandoaportadesaída.Assistimos,também,aburocracialevantaroestadodegrevenaredemunicipaldeSãoPaulocomoclaroobjetivodeameaçarogo-verno.Noentanto,oestadodegrevenãoameaçanenhumgoverno,éumaenganação.Nãosebrincadeestaremgreve.Ouestáemgreveounão está em greve. Aprovar o estado de greve é não confiar na força do movimento.

Portanto,sefaznecessárioumbalançosériodapráticadadireçãodaAPOS, pois consideramos erros gravíssimos: 1º) ter permitido o atrasodocarrode som.Prática comumdesindicatosburocratizados;2º)Pro-por,antesde instalaraAssembléia,passeataspelosarredoresdo local,favorecendoarepressãoeadispersão;3º)apresentarumapautaderei-vindicaçõesrebaixada,mostrandoaausênciadademocraciasindicalquesefundamentanaampladiscussão,encaminhamentoecumprimentodasdeliberaçõesdostrabalhadores;4º)oacordoexistenteentreadireçãoeogovernoevidenciadonacomissãodenegociação;5º)pedirparaqueogo-vernoexplique,naassembléiadostrabalhadores,comosedaráoprocessodenegociação.Umadireçãoquechamaogovernoparadarexplicaçãoaostrabalhadoresdecomosedaráanegociaçãomostraoquantoéservil,sub-missaeabertaacolaborarcomopatrão;6º)permitirqueogoverno,apósaexplicação,permaneçanaassembléiaénãoenxergá-locomopatrãoesimcomoparceiro;7º)pedirparaqueosprofessoresaguardassemasne-gociações e só depois aprovar os rumos do movimento, com a justificativa de que não havia outra saída, significa confiar nas mesas de negociação.

Mesas de Negociação Permanente – Emídio/PTApósasprimeirasmesasdenegociaçãoantesdoferiado,nãotivemos

nenhumaresposta,sóenrolação.Porcontadisso,adireçãodaAPOStevedechamarnovaassembléiaparaodia13/04,umdiaantesdaconclusãodasnegociações.

É importanteressaltarqueestaassembléiafoichamadaapenaspore-mailenviadoaosRE,eque,portanto,adireçãosindicalapostavanoes-vaziamentodestaassembléiaparaaprovarumapautadereivindicaçõesaindamaisrebaixada,acordadacomasdemaisentidades.

Apautaapresentadanaassembléianãocontemplavaasreivindica-ções mais sentidas pelos trabalhadores da Educação, como a isonomiasalarialparaasPDI’s,aigualdadededireitosaosprofessoresadjuntoseapropostadereajustesalarial,quefoiextremamenterebaixada,de85%para32%.

Mesmo diante de uma assembléia esvaziada, a Corrente Proletáriadenunciounovamentea farsadasmesasdenegociaçõeseapolíticadecolaboraçãodadireçãosindicalemfazerpartedosacordoscomasdemaisentidadesburocratizadas,aceitandoasmigalhasdogovernoeconseqüen-tementetraindoostrabalhadores,aomostrarmaisumavezaausênciadademocraciasindical,quesefundamentanaampladiscussãocomabase.

Noentanto,adireçãoconseguiumaisumaveziludirospoucostraba-lhadoresquealiseencontravam,dequenãotínhamosoutrasaída,senãoapostarquepelomenosaquelasreivindicaçõesacordadasentreasentida-des fossem atendidas, chegando a afirmar que não adiantava criar resis-tênciadiantedasdemaisentidadesnasmesasdenegociação,mantendonossapautadereivindicações,poisnãocontávamoscomadisposiçãodostrabalhadoresparadarcontinuidadeaomovimento.ApenasaCorrenteProletáriadefendeuevotoucontraapautareduzida,pelaretomadadomovimento,enquantoqueadireçãoeosprofessoresaprovaramapro-postaderebaixamentodapautaacordadacomasdemaisentidadeseapresidentedaentidadetambémmanifestouseuvotocontrário,demanei-radiplomática,jáqueamesmatambémdefendeuaproposta.

Por fim, Emídio/PT, junto a Mazé, secretária de Educação, e as en-tidadessindicaisdãocontinuidadeaoprocessodeenrolaçãopropondoa extensão das discussões, com a criação de mais um mecanismo parailudirostrabalhadoresjuntoàsmesasdenegociaçãopermanente,osGT’s(gruposdetrabalho)paradiscutir,comaparticipaçãodostrabalhadores,algumas especificidades da pauta de reivindicações, como os projetos pe-dagógicos,arevisãodoplanodecarreira,dentreoutros.

Algumas das propostas defendidas pela Corrente Proletária:• Rejeitemosasdemissõeseosubempregocomoconseqüênciadacrise

capitalista;• Defendemosaaçãodireta(paralisações,manifestaçõespúblicas,greves

etc.)comométodoprópriodostrabalhadoreseúnicocapazdeimporconquistasaostrabalhadores;

• Denunciamos,durantetodoomovimento,afarsadasmesasdenego-ciaçãoesuaclaraintençãodedesmobilizarostrabalhadores;

• DefendemosaUnidadecomofuncionalismoparaderrotarogoverno;• ReajusteSalarialimediato.DefesadoSalárioMínimoVital(calculado

pelostrabalhadoresemassembléia);• Readmissão de todos os contratados. Implantação da Escala móvel

dasHorasdeTrabalho(divisãodashorasdetrabalhoentretodosostrabalhadoresqueestãoaptos,semreduçãosalarial);

• Efetivaçãodetodosostrabalhadorescontratados;• ExtensãodetodososdireitosaosprofessoresadjuntoseaosPDI’s.Que

nãohajadiferenciaçãoentreostrabalhadores;• Melhoriasdascondiçõesdetrabalhoeensino;• Reduçãodonúmerodealunosporsala.

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Internacional

5ª Cúpula das Américas: Para quê?Osgovernoslatino-americanossemostraramextasiadoscomBarack

Obama. Abraços, afagos e sorrisos. As carrancas e formalidades ficaram comGeorgeW.Bush.HugoChávez se sobressaiu, comcumprimentos,tapinhanascostas,levepousodasmãosnosombros,comosefossemín-timos.Oaugedoentusiasmofoicomo“AsVeiasAbertasdaAméricaLa-tina:CincoSéculosdaPilhagemdeumContinente”,doescritoruruguaioEduardoGaleano.Obamaabriuumlargosorrisoaoreceberopresente.

AdiplomaciabrasileiraestavaencarregadadequenenhummalestarfosseprovocadoporChávez.Tudosaiucomperfeição.OgovernoVene-zuelanonãoatacouoimpério.FezumdiscursocronometradoecheiodeboasesperançascomogovernodosDemocratas.

OgestodaentregadolivrodeGaleanopodeserinterpretadocomooqueChávezpensasobreosEUAeoquegostariadedizernareunião,mas não diria. E os afagos? A Casa Branca, na figura de Jeffrey Davidow, assessordeassuntosparaaCúpuladasAméricas,achaqueHugoChávezquiz aproveitar a fama de Obama. (Estadão,19/4). Mas assim é melhorparaapolíticadoimperialismo,não?

Obama,umpoucoantesdareuniãoemTrinidadeTobago,haviaexor-tadoolíderdo“SocialismodoSéculoXXI”aparardeexportaroterro-rismo. Chávez contestou que Obama só poderia fazer tal acusação porignorância. Ou seja, que estava ainda sob a influência do legado de Bush. SeráqueaCasaBrancaestácertaemdizerqueChávezapenasquerapa-receraoladodeObama,parasemanternosnoticiárioseseprojetar?Nãoapenas isso,ChávezsemostrapropensoamudarsuapolíticafrenteaonovogovernodoEUA.Umacenoconcreto:aVenezuelaanunciouemple-naCúpuladasAméricasquereatavaoslaçosdiplomáticoscomosEUA,nomeandoumnovoembaixador.

O imperialismonorte-americano tevedemudarsua táticade inter-vencionismo mundial.A vitória do Partido Democrata nas eleições e oafastamentodaadministraçãodoPartidoRepublicanoocorreramnumasituaçãoderepúdiomundialàeraBushedecrisequejáeravisível,desde2007,nosEUA.Adiretrizdesepararnaçõesamigaseinimigas,governosantiterroristaseterroristasedepôràfrentedadiplomaciaedasnegocia-çõesameaçasbélicaseintervençõesmilitaresesbarrounaresistênciana-cionalistaemváriaspartesdomundo,principalmentenoOrienteMédio.

Na América Latina, Chávez lidera um agrupamento de governos,reunidonaAlternativaBolivarianaparaasAméricas(Alba),cujoprogra-maéode tornaroEstadosóciodasmultinacionaisenacionalizarcomindenizaçãoalgunssetores,casoasociedadenãosejapossível.Porisso,caracteriza-seporumnacionalismocaricato.Oquemesmoassimprovocaatritoscomoimperialismo.

Obamanãocomeçouporhostilizarnenhumnacionalismo.Levantoua

bandeiradediplomaciaàfrentedasarmas.AprovadeboavontadedochefedapotênciafoidadaaoseproclamardispostoaestenderamãoaogovernoiranianoeaocontornaradissensãocomaRússiaemtornodoassentamentodeumabasedemísseisnaPolôniaeRepúblicaCheca.TambémevitoumaioresameaçasàCoréiadoNorte,frenteàdesobediênciadelançarumfoguete,semcontudodeixardeacionaraONUparasechegaraumacartadecondenação.

Obama não poderia ser diferente com os governos da “alternativabolivariana”,emnossocontinente.ECuba?AIlhacastristafoipontodediscussãopréviaàCúpuladasAméricas.

A Alba pleiteou a suspensão do bloqueio econômico imposto pelosEUAdesde1962.Osecretário-geraldaOEA,JoséMiguelInsulza,semos-troufavorávelàreintegraçãodeCuba,quehá47anosatrásfoiexpurgadadestaorganização,naConferênciadePuntaDelEste(1962).

Obama fez o mínimo. Quase nas vésperas do encontro da Cúpula,anunciou o fim das restrições às remessas de dinheiro e viagens dos cuba-nosquevivemnosEUA.Deu,assim,publicidadeàidéiadequeomundoestá diante de um governo tolerante com os infiéis, e disposto a desbastar os conflitos que brotam por toda parte. O fim das absurdas restrições era uma aguardadacartada,queserviuaoBrasil,Chileetcparalamentaremqueeramuito,masrepresentavaumprimeiropassonabuscadaconcórdia.

RaúlCastroimediatamentedeclarouqueCubaestáprontaadiscutirtudocomosEUA.Desdequea soberaniadePaíseaautodeterminaçãofossemresguardas,ogovernocubanosedispunhaadiscutir“direitoshu-manos,liberdadedeimprensaepresospolíticos”.AdiplomaciabrasileirasugeriuaObamaqueareivindicaçãodesoberaniaeracompreensívelequeconsiderasseaposiçãodogovernocubano.Lula,nodiscursolidonareu-niãodaCúpula,sereferiuàsuspensãodobloqueiosempré-condições.

PordetrásdacartadadeObamaedopalavreadofavorávelàreinser-çãodeCubanaCúpuladasAméricaseOEA,estáaprincipalexigênciadoimperialismo:asconquistasdarevoluçãodevemsereliminadas,proprie-dadeprivadadosmeiosdeproduçãotemdeserrestaurada,comoestásepassandonaex-UniãoSoviética,LesteEuropeu,ChinaeVietnã.AtéquandooregimedeFidelCastroretardaráasuarestauração?

AcamarilhadogovernoLula,formadaporex-esquerdistas,querumamorte natural para a revolução cubana. O bloqueio norte-americano étido como um empecilho para desintegrar o poder castrista, fraturar aburocracia estatal, fortalecer a oposição pró-capitalista, introduzir umademocraciaburguesacaricataeabrirailhaparaasmultinacionais.Essaposiçãojáéaventadaporumafraçãodoimperialismonorte-americanoehámuitoétrabalhadapeloimperialismosocial-democrataeuropeu.Oba-materádeconvenceroEstadonorte-americanoqueessaviaépossívelemelhordoqueatruculênciapraticadadesde1962.Contaparaissocoma

Nesta edição:– 5ªCúpuladasAméricas:

Paraquê?– QualapazdeObama?Bolívia:– Luta inter-burguesa pela lei

eleitoraldetransição– O país está sobrecarregado em

uma permanente pantonimaeleitoral

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colaboraçãodoBrasil,Argentina,Chileetc.ChávezesuaAlbasãoumapedranosapatodeObama.Nãohácomo

compatibilizarpormuitotemposuasmedidasestatizantes,aindaquepa-gasdevidamente.OfatodoBrasileChileteremseunidoparalimitarochavismojogaafavordoimperialismo.AdisposiçãodeRaúlCastrodaralgumpassonasexigênciasdeObamapermiteaLulatrabalharoregressodeCubaaocapitalismo.Espera-seque,comaquedanopreçodopetróleoeagravamentodacriseeconômica internaàVenezuela,Chávezseaco-mode.Equeoalinhamentodosbolivarianosbolivianos,nicaragüenseseequatorianoemtornodeChávezpercasuaforça.

Queoutroproblemateveimportânciaparaa5ªCúpuladasAméricassenãoprojetara“nova”políticadoimperialismoparaassemicolôniasdonossocontinente?EmTrinidadeTobaco,osgovernossemicoloniaislati-

no-americanosarmaramumatribunaObamaaredirecionaro interven-cionismonorte-americano.

Aclasseoperária internacional e, emespecial adaAméricaLatina,deverechaçaraestratégiarestauracionistadirigidaaCuba,quevemsen-dogestadapelogovernoObamaeporseuscapachoslatino-americanos.Énecessáriotambémrejeitaronacionalismointegracionista,incapazderompercomoimperialismoequeseembasbacacomopresidentenegroequesemostraprogressista.Nãodemorarámuitoparaquepordebaixodocourodocordeiroapareçaolobo.ÉnecessáriodefenderCubacontraaofensivaimperialistaespoliadoraecontraasforçasinternasrestauracio-nistas.OProgramadeTransiçãodaIVInternacionaléaarmacapazdeorganizararesistênciaaoimperialismo,àdesintegraçãodocapitalismoeàreaçãopró-capitalista.

Qual a paz de Obama?Asinvasõeseocupaçõesterritoriaisdeumgrupomaisfortesobreos

maisenfraquecidosnãoécriaçãodocapitalismo,nosremeteàépocadomododevidanômade.Tomouformagenocidaapartirdasgrandesnave-gações.DesdeosremotosterritóriosdaÁsia,Oceania,Áfricaatéoterritórioamericano os europeus penetraram com sua força bélica trucidando po-vosnativosdestasregiões.MasfoiduranteoséculoXXqueassistimosasmaioresaçõesdedestruiçãodohomempelohomem-asgrandesguerrasmundiais, através do enorme potencial bélico-tecnológico. Tratava-se deguerrasdedominaçãoimperialista.NoiníciodoséculoXXI,asguerrassãolocalizadas,masimpulsionadaspelomesmoobjetivodedominação–apo-derar-sedasfontesderiqueza,sobocontroledepovossemicoloniais.

Com a atual crise mundial, novamente os conflitos entre as potências seacirram.Opaísmilitarmentemaispoderosodogloboagencia,promove,enfim está direto ou indiretamente envolvido em todos os conflitos bélicos emandamento.Avelhamotivaçãodeseapoderardasfontesderiquezadosoutrosagoraganhaimpulso.Oargumentodocarro-chefedaeconomiamun-dialéqueosEstadosUnidosdevemtomaremsuasmãosatarefadeprotegerdasriquezasdahumanidadeesalvaromundodaameaçaterrorista.

SeBushmotivavaamovimentaçãodeváriosgruposemtodoomun-docontraademonizaçãoimperialistasobreospaísesfracoseoprimidos,seusucessorObamaécelebradocomoosalvador,quenumgestodecon-córdiadiplomáticadeixouparatrásapotênciamilitareointervencionis-mo.MasaondadeObama“salve-mundosemguerras”aindanecessitadar feição a Barack Obama como uma figura inofensiva.

Durante a semana do G20 – e também na semana dos 60 anos deaniversáriodaaliançamilitarocidental-OTAN-,opresidentedosEUAdeuaentenderqueconcederiaumfavoraoIrã,desistindodaexigêncianorte-americanadequeaquelepaíssuspendesseseuprogramadeenri-quecimentodeurânio.Ogovernoiranianopoderiacontinuarcomopro-gramasoboTratadodeNão-ProliferaçãoNuclearoucomacooperaçãoda agência internacional de energia atômica –AIEA. Mas deixou claroqueosEUAcontinuaráaproibirqueoIrãcrieumarsenalnuclear.Umdospontosaltosdos60anosfoioingressodaFrançaàOTAN,comclarointuitodefortalecerodomínioimperialistaemtodoomundo.NaRepú-blicaChecafezumdiscursodereduçãodoarmamentonucleardirigidoàRússia.Oquenãoresolveabsolutamentenadadiantedessetipodetecno-logiamilitaraltamentedestrutiva.

AoutradecisãodeObamadizrespeitoàGuatánamo.OsEUAiriamde-volveralgunspresosdasex-colôniasparapaíseseuropeuscolonizadores,aexemplodosargelinosqueirãoparaaFrança.Noentanto,estespaísesaju-darãoosEUAnaocupaçãonoAfeganistão.AEspanhamandariamaissol-dadosechegariaa800,jáoReinoUnidoenviarámaismil,soma-seaosmaisde8.000jánosoloafegão.Hoje,achamadaforçaocidentaljácontacom91milsoldadosnaquelepaís.Oobjetivoéenviarmais17milsoldadosquese

ocupariamdotreinamentodeforçasafegãs.EssaaçãoestácontidananovaestratégiadeguerradosEUAnaquelepaís.Obama tambémpreservaostermosusadospeloseuantecessor,paraeletrata-sedeumaguerracontraoterrorismoislâmicoeseusbraçosarmados:AlQaedaeTaleban–forçasdo“eixodomal”.EmsuaperegrinaçãopelaEuropa,Obamaexigiumaiorcomprometimentodoseuropeus,argumentandoqueosgruposterroristascontinuamsuasatividadeseosoloeuropeuéumalvopróximo.

As operações militares no Paquistão mostram que os EUA têm au-mentadooreforçomilitar,Visamliquidararesistênciadosrebeldesqueatacamasviasdetráfegoutilizadaspelosnorte-americanoscomopassa-gemparaaÁsiaCentral.Emretaliação,osEUAtêmlançadobrutaisata-quesaéreosnaquelaregião–conhecidacomocinturãodepassagemparaoAfeganistão. DiantedaheróicaresistênciadaguerrilhadosTalebans,Obama que a OTAN pressione o Irã a colaborar nos conflitos no Afeganis-tãoePaquistão.FazomesmocomChinaeRússia.

Observa que essa movimentação expressa as tendências bélicas maisprofundasdocapitalismoemdecomposição.ÉoqueexplicaofatodaRússiacolocarnoencontrodaOrganizaçãodeCooperaçãodeXangaiqueasoluçãoécriarumcinturãoemtornodoAfeganistão,comaesfarrapadaalegaçãodebloquearaaçãoterroristaeasaídadedrogasdopaís.ÉaretomadadaRússiaemrecuperarseupoderionasfronteiras,emparticularnadastrêsex-repú-blicassoviéticas.ARússiatambémtemlideradooutradisputamilitar–ocu-paçãodaregiãodoÁrtico.ARússiaquerasseguraropotencialpetrolíferoedegásdaquelaregiãoquechegaa25%dasreservasmundiais.Canadá,EUA,DinamarcaeNoruegatambémdisputamocontroledaregião.Comovemos,afúriapelocontroledasfontesdematéria-primacontinuaatodovapor.

ÉimportantecompreenderqueanecessidadedorearmamentodaRússiaearmamentodaChinacorrespondeàrestauraçãocapitalistaeàstendênciasdeagravamentodacrisemundial.Adivisãodomundoaqueaspotênciasche-garamapósaSegundaGuerraMundialjánãocondizcomonovoquadrodedesintegração do capitalismo. A identificação do rearmamento das potências imperialistas,quearrastamaRússiaeaChinaparaomesmocaminho,édeci-sivaparaaclasseoperárialevantarseuprogramaantiimperialistaeanticapita-lista.Naprimeiraguerramundial,oPartidoBolcheviqueliderouarevoluçãoproletáriaconstituindoaUniãodasRepúblicasSoviéticasepondoempéaIIIInternacional.Foiomaioravançoqueahistóriatevenocombateàstendênciasbélicasdocapitalismo.Jánasegundaguerramundial,aRevoluçãoRussare-grediasobapolíticadosocialismoemumsópaísdeStalin,queculminoucomadestruiçãodaIIIInternacional.Foiomaiorretrocessoqueahumanidadejáconheceu.Hoje,retomamosesseselosdahistória.Estamosdiantedeumaetapadecrisequecertamenteavançaránomesmosentidodascrisesanteriores.Háque se trabalhar firmemente pela reconstrução da IV Internacional. A vanguar-datemdeassumirplenamenteoProgramadeTransiçãoecomeletrabalharnoseiodoproletariado.Essaéatarefaessencialdasituação.

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Internacional

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Luta inter-burguesa pela lei eleitoral de transição

Já Basta de Tanta Farsa!Nósexploradosjáestamosfartosdalutamesquinhaemi-

serávelentreogovernoeaoposiçãodedireitapelocontroledopoderedosrecursosdoEstado.Estalutaépurafarsapor-que definitivamente ambos os lados estão de acordo no funda-mentalnaobediênciaàordemsocialburguesa,naproteçãodagrandepropriedadeprivadasobreosmeiosdeprodução.Porisso,depoisderecorreratodososmeiosquepodemeenvolveremsua luta setoresdapopulaçãoqueacabamsematandoeferindono lugardeles,estesacabamfazendoaspazescomoirmãosdeleite.

Estavez,abrigaéemtornodaaprovaçãodaLeiEleitoraldeTransiçãoparaaseleiçõespresidenciaisdedezembro.No-vamente,vemosopositoresegovernomostraremosdenteseconvocaremseusseguidoresparaasruasparamanifestarem-secontraoadversário.

Podemospredizercomcertezaqueahistóriavoltaráaserepetir.

Estáclaroqueaoposiçãodedireitanãoquerqueestaselei-çõesocorram.Aprofundacrisepolíticaburguesapulverizouseuspartidostradicionais,aoposiçãodedireitaeseusbrutaiscaudilhoslocaisfascistaseracistasnãotêmumcandidatona-cionalquefaçafrenteaEvo,sechocamcomorepúdiopopu-lar.

Ogoverno,porseulado,jásenteadesilusãodeimportan-tessetoresdosexploradosquecomprovamqueogovernodo

MAS,épuramentira,queéincapazderesolverosproblemasdafome,danecessidadedeterraaoscamponeses,dafaltadetrabalho, dos baixos salários, dos efeitos da crise econômicamundialetc.,queo“processodemudançanademocracia”nãomudanada,queosmasistassãoumbancodeladrõesvulgaresassimcomoseusparesneo-liberais.Porissoestádesesperadoparaqueaseleiçõescheguemomaisrápidopossível,antesqueseucurraleleitoralsedebiliteaindamais.

Contradiçõessociaisdetodotipoestalamnacaradogover-noquesevêdesarmado.Incapazderesolverosproblemas,tra-ta de manter o apoio aos setores sociais em conflito (no caso da lutaentreasconfecçõesderoupaseosvendedoresderoupasusadas).Suapolíticademagógicasepõeemevidenciaquandotem de sair em defesa da propriedade privada, condenandoas ações das massas que atentam contra ela (a comunidadedaMinaImalayacontraaempresaKillman,acomunidadedeSank´ajawira contra o lacaio da direita Victor Hugo Cárdenas). Porpurocálculopolíticoeleitoral,deixaquesejaajustiçaordi-náriacomtodasualentidãoaqueseencarreguederepararodanoesancionaroscabeças,sóparaganhartempo.

Nós explorados não devemos nos envolver nesta luta decúpulas.Esimganharasruaspara impornossasreivindica-çõesmaissentidas:terra,pãoetrabalho!

(extraído do jornal “Masas” boliviano nº 2123 de10/04/09)

A farsa de nunca acabar:

O país está sobrecarregado em uma permanente pantonima eleitoral Já poucos são os que se surpreendem com as comedias que

protagonizam o governo do MAS e os opositores direitistas. Tudo é uma farsa entre politiqueiros burgueses; era sabido que chega-riam ao consenso.

O governo do MAS é reformista burguês, por isso sua políti-ca não é diferente da dos políticos burgueses tradicionais e seu destino é entrar em consenso com eles cedendo a suas demandas através da greve de fome e todos os outros meios.

O que se mostra intolerável é o cinismo do governo de apre-sentar o acordo entre amigos como “triunfo da democracia” gra-ças a “luta do povo”. O desaforo masista já não conhece limites.

A luta política em torno da realização de novas eleições ge-rais demonstra que Evo Morales e o MAS estão se esgotando em uma permanente embriaguez eleitoral, que só interessa aos ma-sistas e a oposição burguesa. Enquanto masistas e opositores procuram se mostrar quem é o mais democrata-burguês, dis-tribuindo dinheiro (o recadastramento eleitoral nos custará 35 milhões de dólares), o povo vê como, plebiscito depois de ple-biscito, sua situação não muda, segue sumido na pobreza, com salários de fome (quando encontra trabalho) a terra nas mãos dos latifundiários, o poder político como sempre nas mãos de corruptos, a produção de matérias primas, eixo da economia, sob controle dos imperialistas “sócios” do governo, golpeada pela crise mundial capitalista.

Para os explorados do país, nada muda com os referendos ou as eleições.

Nós explorados nada temos a fazer nesta luta inter-burguesa

Os trabalhadores e explorados acertarão em não se meter em uma luta que só interessa aos politiqueiros burgueses de colari-nho branco ou de poncho e aos burocratas sindicais vendidos ao governo.

A esse burocrata teimoso, Pedro Montes, que parece a som-bra de Evo, lhe recordamos que a COB nasceu como um órgão de poder das massas exploradas insurretas, lideradas pelos prole-tários e sua vanguarda minera para proclamar a necessidade da luta pela instauração de um governo de operários e camponeses que ponha fim à burguesia nativa inútil e serviçal do imperialis-mo; não para buscar um governo de consenso com os opressores, nem “sócio” do imperialismo.

A luta dos trabalhadores é para nos libertarmos do capitalis-mo caduco e explorador e do imperialismo opressor.

O que nos corresponde compreender é que se não queremos ser destroçados e atolados na miséria pela exploração capitalista, estamos obrigados a nos rebelar contra da farsa eleitoral e re-tomar a luta independente por nossos próprios interesses: pão, trabalho, terra e pelos nossos objetivos políticos: a estruturação de um governo próprio dos explorados e oprimidos do país, um governo operário e campones.

(extraído do jornal “Masas” boliviano nº 2124, de17/04/09)

�0 – MASSAS – de �� de abril a 06 de maio de �009

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