não se pode servir espíritos protetores 150 anos de...

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março/2011 | edição 102 | ano IX | www.nossolarcampinas.org.br A Revista que se Responsabiliza Doutrinariamente pelos Textos Publicados. Não se pode servir a dois senhores Espíritos Protetores 150 Anos de Viagem Espírita , desde 1862 Obsessão e Loucura

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março/2011 | edição 102 | ano IX | www.nossolarcampinas.org.br

A Revista que se Responsabiliza doutrinariamente

pelos textos Publicados.

Não se pode servir a dois senhores

Espíritos Protetores

150 Anos deviagem Espírita,

desde 1862

Obsessão e Loucura

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FidelidadESPÍRITA | Março/2011

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP

sumárioexpediente

Editor Emanuel Cristiano

Jornalista Responsável Renata Levantesi (Mtb 28.765)

Design Gráfico Julio Giacomelli

Revisão Zilda Nascimento

Administração e Comércio Elizabeth Cristina S. Silva

Apoio Cultural Braga Produtos Adesivos

Impressão Citygráfica

FALE [email protected] (19) 3233-5596

ASSINATURASAssinatura anual: R$50,00(Exterior: US$55,00)

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Dr. Luís Silvério, 120 – Vila Marieta

13042-010 Campinas/SP

CNPJ: 01.990.042/0001-80

Inscr. Estadual: 244.933.991.112

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E ADICIONE O NOSSO ENDEREÇO:

[email protected]

O Centro de Estudos Espíritas “Nosso

Lar” responsabiliza-se doutrinariamente

pelos artigos publicados nesta revista.

chico xavier

Emmanuel, Pregador de Cartazes do Reino

conduta

Espíritos Protetores

diálogo

Promoção do Livro Espírita

capa

Não se Pode Servir a Dois Senhores

literatura

150 Anos de Viagem Espírita, desde 1862.

comportamento

O Franguinho da Maledicência

comunicação

Como Fazer

psicanálise

Obsessão e Loucura

orientação

Jogos e Rifas

com todas as letras

Prefira Chamar o Estado de “Rorãima”

mensagem

No Campo

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Assine 19 3233 5596 3Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Março/2011 editorial

POR VINÍCIUS

“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas; pelo contrário, terá o lume da vida.” (João - 8:12)

A função da luz é alumiar. Alumiar é revelar o que se achava oculto. Sem ela, todas as coisas seriam como se não existissem. Para que as realidades se tornem patentes é indispensável o con-curso da luz.

“No princípio tudo era vão e vazio, então disse Deus: Faça-se a luz.” Desde que a luz foi feita começou a revelar-se a criação em todas as suas modalidades. A criação é eterna, coexiste com Deus. No entanto, só nos aperce-bemos dela mediante a revelação da luz. A luz, pois, é a reveladora das realidades da vida física.

Do mesmo modo, há uma luz que nos revela as maravilhas da vida espiritual. Essa luz é o Cris-to, o Ungido de Deus. Todas as belezas do plano espiritual são ig-noradas antes de nos serem reve-

ladas por Jesus. Ele é o revelador por excelência da vida espiritual. “A Lei veio por Moisés, a verdade e a graça vieram por Jesus.”

Sem Ele tudo é vão e vazio. Com Ele os encantos da espiritu-alidade surgem do infinito como surgiu a criação no cenário terre-no após o fiat lux do Gênesis.

Existem maravilhas internas tão positivas e reais como a natu-reza que nos cerca pelo exterior. O verdadeiro mundo das maravi-lhas está no interior. Basta que em nosso íntimo se acenda o lume da vida para que tais maravilhas nos sejam reveladas.

O Espírito precisa do lume da vida para se conduzir, do mes-mo modo que o homem está na dependência da luz do dia para locomover-se livremente. Cami-nhar nas trevas é expor-se a toda a sorte de perigos. A causa de todas as insânias e erros que se come-tem está na ausência dessa luz de que muitos se acham privados. O vício, o crime, a hipocrisia e a ini-quidade só medram nas trevas. A

enfermidade, a dor e as decepções amargas são, a seu turno, conse-quências das quedas a que estão sujeitos os que caminham às es-curas. O lume da vida tudo acla-ra, tudo resolve satisfatoriamente. Libertando o homem dos flagelos que o perseguem, proporciona-lhe ao mesmo tempo a contem-plação e o gozo indizível das mais surpreendentes maravilhas.

Os problemas dos nossos des-tinos já estão resolvidos. O lume da vida no-los revela clara e posi-tivamente. Nada há novo debaixo do Sol. A criação é eterna, como eterna é a lei que rege os destinos da alma imortal. Jesus é o mode-lo, é o protótipo que nos foi dado para ser imitado. Nele os destinos estão cumpridos. Ele é de cima, nós somos de baixo. Ele é a luz do mundo; quem o segue não anda-rá em trevas: pelo contrário, terá o lume da vida. v

Fonte: VINÍCIUS. Em Torno do Mestre. Págs. 373 – 374. Feb. 2009.

A LUZ DO MUNDO

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FidelidadESPÍRITA | Março/2011

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP

chico xavier

21-4-1946 “(...) Foi uma nota de alegria a tua informação inicial do sonho dos cartazes. No fim da carta, li a tua referência às noticias do lsmael e ri-me bastante. Emmanuel afirmou, de fato, a um exaltado companheiro, que ele, Emmanuel, nada faz e que é um simples ‘pregador de cartazes convidando à festa do Reino’. E acrescentou que ele não foi ainda passoalmente convidado à festa, mas que está espalhando cartazes por ordem superior. Achei também a idéia muito engraçada. (...)

Muito grato pelas tuas instruções, quanto à cláusula a ser observada nos direitos a serem concedidos a ou-tras entidades doutrinárias. Espero, porém, que não precisaremos pensar nisso, senão muito raramente, pois a Casa de lsmael está à nossa frente, recordando-nos a extensão de nossos deveres para com ela. Vou entender- me com os nossos companheiros do Abrigo Batuira sobre o assunto. Muito grato ao teu carinhoso cui-dado de sempre.(...)”

Um sonho e uma passagem ve-rídica estão registrados por Chico

Xavier, que escreve com alegria sobre ambos. Chico está confir-mando algum comentário feito na carta anterior de Wantuil, re-lacionado com um sonho. O que sobressai nessas linhas é a afirma-tiva de Emmanuel de que ele é um “simples pregador de cartazes convidando à festa do Reino”. Há fundamento nesta assertiva do querido Instrutor Espiritual. De fato, ele tem convidado por toda parte e a toda gente para o grande banquete espiritual de que nos fala o Evangelho. Toda a obra mediúnica de Chico Xavier, orien-tada por Emmanuel, é o convite amoroso do Cristo que se renova, através do Consolador Prometido. Todos estão sendo convidados. Mas, para comparecer é necessário o traje especial: “(...) é preciso, antes de tudo e sob condição expressa, estar revestido da túnica nupcial, isto é, ter puro o coração e cum-prir a lei segundo o espírito.” (“O Evangelho segundo o Espiritismo”, Cap. XVIII, Item 2.)

Com humildade, Emmanuel acrescenta “que ele não foi ainda pessoalmente convidado à festa,

mas que está espalhando os carta-zes por ordem superior”. Uma be-leza este ensinamento, feito com tanta singeleza e alegria.

Emmanuel é o pregador de car-tazes convidando à festa do Reino.

Quantos estarão atendendo ao convite?

Quantos terão condições de comparecer?

* No segundo tópico, Chico agra-

dece a Wantuil pelas instruções enviadas para o caso de ceder direi-tos autorais a outras entidades dou-trinárias. Chico admite que algum dia possa, eventualmente, ceder a outras instituições as suas obras psicográficas, embora mencione que só “muito raramente”.

Nessa correspondência, verifi- camos que foi exatamente quatro anos depois desta carta (22-4-1950) que Chico, conforme permissão de Emmanuel, cede o primeiro livro por ele psicografado para ser editado fora da FEB. v

Fonte: SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de Chico Xavier.

Págs. 73 - 75. Feb. 1986.

EMMANUEL, PREGAdOR dE CARTAZES DO REINO

POR SUELy CALDAS SChUbERt

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FidelidadESPÍRITA | Março/2011 conduta

POR HUMbERTO DE CAMPOS/CHICO XAVIER

ESPíRItOS PROTETORES

Jehul, elevada entidade das mais belas regiões da vida espiritual, foi chamado pelo caricioso apelo de um nobre mensageiro da Verdade e do Bem, que lhe falou nestes termos:

- Uma das almas a que te vens devotando particularmente, de há muitos séculos, vai agora ressurgir nas tarefas da reencarnação sobre a Terra. Seus destinos foram agrava-dos de muito em virtude das quedas a que se condenou pela ausência de qualquer vigilância, mas o Senhor da Vida concedeu-lhe nova oportuni-dade de resgate e elevação.

Jehul sorriu e exclamou, denun-ciando sublimes esperanças:

- É Laio?- Sim, replicou o generoso

mentor, ele mesmo, que noutras eras te foi tão amado na Etrúria. Atendendo às tuas rogativas, per-mite Jesus que lhe sejas o guardião desvelado, através de seus futuros caminhos. Ouve, Jehul! Serás seu companheiro constante e invisível, poderás inspirar-lhe pensamentos retificadores, cooperar em suas realizações proveitosas, auxiliando- o, em nome de Deus; mas, não es-queças que a tua tarefa é de guardar e proteger, nunca a de arrebatar o co-ração do teu tutelado das experiên-cias próprias, dentro do livre-arbítrio espiritual, a fim de que construa suas

estradas para o Altíssimo com as pró-prias mãos.

Jehul agradeceu a dádiva, derra- mando lágrimas de reconhecimento.

Com que enlevo pensou nas possi-bilidades de conchegar ao seio aquele ser amado que, havia tanto tempo, se lhe perdera do caminho!... Laio lhe fora filho idolatrado na paisagem longínqua. É certo que não lhe com-preendera a afeição, na recuada expe-riência. Desviara-se das sendas retas, quando ele mais esperava de sua mocidade e inteligência; seu coração carinhoso, porém, preferira ver no fato um incidente que o tempo se en-carregaria de eliminar. Agora, tomá- lo-ia de novo nos braços fortes e o reconduziria à Casa de Deus. Suportaria, corajosamente, por ele,

a pesada atmosfera dos fluidos ma-teriais. Toleraria, de bom grado, os contrastes da Terra. Todos os sofri-mentos eventuais seriam poucos, pois acabava de alcançar a oportuni-dade de erguer, dentre as dores hu-manas, um irmão muito amado, que fora seu filho inesquecível.

O generoso amigo espiritual atravessou as paisagens mara-vilhosas que o separavam do ambiente terrestre. Ficaram para trás de seus passos os jardins suspensos, repletos de flores e de luz. As melodias das regiões venturosas distanciavam-se-lhe dos ouvidos.

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FidelidadESPÍRITA | Março/2011

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conduta

Esperançoso, desassombrado, o solícito emissário penetrou a atmosfera terrestre e achou-se diante de um leito confortável, onde se identificava um recém-nascido pelo seu brando chora-mingar. Os Espíritos Amigos, encarregados de velar pela transição daquele nascimento, entregaram-lhe o pequenino, que Jehul beijou, tomado de profunda emoção, apertando-o de encontro ao peito afetuoso.

E era de observar-se, daí em diante, o devotamento com que o guardião se empenhou na ta-refa de amparar a débil criança. Sustentou, de instante a instante, o espírito maternal, solucionando, de maneira indireta, difíceis pro-blemas orgânicos, para que não faltassem os recursos da paz aos primeiros tempos do inocenti-nho humano. E Jehul ensinou-lhe a soletrar as primeiras palavras, reajustando-lhe as possibilidades de usar novamente a linguagem terrestre. Velou-lhe os sonos, co-locou-o a salvo das vibrações per-niciosas do invisível, guiou-lhe os primeiros movimentos dos pés. O generoso protetor nada esque-ceu e foi com lágrimas de emoção que inspirou ao coração materno as necessidades da prece para a idolatrada criancinha. Depois das mãos postas para  pronunciar o nome de Deus, o amigo desvelado acompanhou-o à escola, a fi m de restituir-lhe, sob as bênçãos do Cristo, a luz do raciocínio.

Jehul não cabia em si de con-tentamento e esperança, quando Laio se abeirou da mocidade.

Então, a perspectiva dos senti-mentos transformou-se.

gando-se à ociosidade destruidora. Não obstante os cuidados do men-tor carinhoso, procurou o álcool, o jogo e a sífi lis, que lhe sitiaram a existência consagrada por ele ao desperdício. O dedicado amigo, entretanto, não desanimava.

Após o esgotamento dos re-cursos paternos, Jehul cooperou junto de companheiros prestigio-sos, para que o tutelado alcançasse trabalho.

Embora contrafeito e sub-traindo-se, quanto possível, ao cumprimento das obrigações, Laio

De alma afl ita, observou que o tutelado regressava aos mesmos erros de outros tempos, na recapi-tulação das experiências necessárias. Subtraia-se, agora, à vigilância afetuosa dos pais, inventava pretex-tos desconcertantes e, por mais que ouvisse as advertências preciosas e doces do mentor espiritual, no santuário da consciên-cia, entregava-se, vencido, aos conselheiros de rua, caindo miseravelmente nas estações do vício.

Se Jehul lhe apontava o trabalho como recurso de elevação, Laio queria facilidades criminosas; se alvitrava providências da virtude, o fraco rapaz desejava dinheiro com que se desvencilhasse dos esforços indispensáveis e justos. Entre sacri-fícios e dores ásperas, o prestimoso guardião viu-o gastar, em prazeres condenáveis, todas as economias do suor paternal, assistindo aos der-radeiros instantes de sua mãe, que partia, da Terra, ferida pela ingra-tidão fi lial. Laio relegara todos os deveres santos ao abandono, entre-

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FidelidadESPÍRITA | Março/2011 conduta

tornou-se auxiliar de uma empresa honesta, que, às ocultas, era objeto de suas críticas escarnecedoras. Quem se habitua à ociosidade cri-minosa costuma caluniar os bens do espírito de serviço.

De nada valiam os conselhos do guardião, que lhe falava, solí-cito, nos mais profundos recessos do ser.

Daí a pouco tempo, menos por amor que por necessidade, Laio buscou uma companheira. Casou-se. Mas, no desregramento a que se entregava, de muito tempo, não encontrou no matri-mônio senão sensações efêmeras que terminavam em poucas sema-nas, como a potencialidade de um fósforo que se apaga em alguns segundos. Jehul, no entanto, ali-mentou a esperança de que talvez a união conjugal lhe proporcionasse oportunidade para ser convenien-temente ouvido. Isso, todavia, não aconteceu. O tutelado não sabia tratar a esposa senão entre des-confianças e atitudes violentas. Sua casa era uma seção do mundo inferior a que havia confiado seus ideais. Recebendo três filhinhos para o jardim do lar, muito cedo lhes inoculava no coração as se-mentes do vício, segregando-os num egoísmo cruel.

Quando viu o infeliz envene-nando outras almas que chegavam pela bondade infinita de Deus para a santa oportunidade de serviços novos, Jehul se sentiu desolado e, reconhecendo que não poderia prosseguir sozinho naquela tarefa, solicitou o socorro dos Anjos das Necessidades. Esses mensageiros de educação espiritual lhe aten-deram atenciosamente aos rogos,

começando por alijar o tutelado do emprego em que obtinha o pão cotidiano. Entretanto, em lugar de melhorar-se com a experiência buscando meditar como convi-nha, Laio internou-se por uma rede de mentiras, fazendo-se de ví-tima para recorrer às leis humanas e ferir as mãos de antigos benfei-tores. Acusou pessoas inocentes, exigiu indenizações descabidas, tornou-se odioso aos amigos de outros tempos.

Jehul foi então mais longe, pedindo providência aos Anjos que se incumbem do Serviço das Moléstias Úteis, os quais o auxi-liaram, de pronto, conduzindo Laio ao aposento da enfermidade reparadora, a fim de que o mísero pudesse refletir na indigência da condição humana e na generosa paternidade do Altíssimo; aquele homem rebelde, contudo, pareceu piorar cem por cento. Tornou-se irascível e insolente, abominava o nome de Deus, sujava a boca com inúmeras blasfêmias. Foram necessários verdadeiros prodígios de paciência para que Jehul lhe lavasse do cérebro esfogueado e caprichoso os propósitos de sui-cídio. Foi aí que, desalentado quanto aos recursos postos em prática, o bondoso guardião im-plorou os bons ofícios dos Anjos que se encarregam dos Trabalhos da Velhice Prematura. Os novos emissários rodearam Laio com atenção, amoleceram-lhe as cé-lulas orgânicas, subtraíram-lhe do rosto a expressão de firmeza e resistência, alvejaram-lhe os cabe-los e enrugaram-lhe o semblante. No entanto, o infeliz não cedeu. Preferia ser criança ridícula nas

aparências de um velho, a entrar em acordo com o programa da sabedoria divina, a favor de si mesmo.

Enquanto blasfemava, seu amigo orava e desdobrava esforços incessantes; enquanto praticava loucuras, o guardião duplicava sacrifícios e esperanças. 

O tempo passava célere, mas, um dia, o Anjo da Morte veio es-pontaneamente ao grande duelo e falou com doçura:

- Jehul, chegou a ocasião de tua retirada!...

O generoso mentor abafou as lágrimas de angustiosa surpresa. Fixou o mensageiro com olhos doridos e súplices; o outro, no en-tanto, continuou:

- Não intercedas por mais tempo! Laio agora me pertence. Conduzi-lo-ei aos meus domínios, mas podes rogar a Deus que o teu tutelado recomece, mais tarde, outra vez...

Terminara a grande partida. A morte decidira no feito, pelos seus poderes transformadores, en-quanto o guardião recolhia, entre lágrimas, o tesouro de suas espe-ranças imortais.

E, grafando esta história, lem-bro-me que quase todos os espíri-tos encarnados tem algum traço do Laio, ao passo que todos os Espíritos Protetores tem consigo os desvelos e os sacrifícios de Jehul. v       

Fonte: XAVIER, Francisco. Reportagens de Além-Túmulo Cap. IV. Feb. 1997.

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FidelidadESPÍRITA | Março/2011

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diálogo

DIÁLOGO COM

POR DIVALDO FRANCO

dIvALdO1.21 - Promoção do Livro Espírita

PERGUNtA: — Segundo um con-ceito muito conhecido, o livro, de forma geral, tem a missão de ilu-minar o conhecimento do homem. O livro espírita também possui esse valor? Como o Centro e o Movi-mento Espírita poderiam promover ainda mais o livro espírita?

DIVALDO: — É muito oportuna a pergunta, porque temos ouvido pa-lestras e conferências proferidas por espíritas (sem nenhuma crítica) que, se examinadas com carinho, são po-sitivas, mas não necessariamente es-píritas.

As pessoas apresentam-nos uma história comovente, que nos sensibi-liza e nos chama ao amor, mas, na qual, não se fazem conotações espíri-tas, não se citam fontes espíritas, para se motivar o público à leitura.

Vejamos, por exemplo, o que ocorre quando nos chega um livro novo, em nossa Casa, em Salvador. Os orado-res lêem-no, fazem palestras baseadas nele, comentam, estimulam os ouvin-tes a conhecê-lo; então, ao término da palestra, todos querem adquirir a nova obra, o interesse foi despertado.

Infelizmente em muitas Casas e Centros Espíritas, as pessoas assim não procedem. Ao receberem o livro novo, trancam-no...

É horrível a mentalidade de biblio-tecas e livrarias trancadas a cadeado!

Algumas justifi cam que o povo não gosta de ler, nem compra as obras. No entanto, ninguém lhes fala a respeito, de forma agradável e positiva, então o resultado é o desinteresse.

Ante um livro novo, recém-chegado à nossa Casa, podemos dizer ao público: “Hoje a nossa palestra será inspirada neste capítulo maravi-lhoso, que vamos pedir licença para ler”. Fazemos a leitura, comenta-mos; os ouvintes fi cam ansiosos para adquirirem a obra e a levarem para casa. Doutras vezes, anunciamos: “No próximo dia, iremos comentar o livro tal”. Interessados, compram-no para ler e, enquanto estamos comentando, os ouvintes acompa-nham o tema com justa emoção.

Ainda ontem, afi rmamos à respei-tável senhora que o livro ditado do Além por seu fi lho, a Chico Xavier, é notável, porque escrito para jovens — Augusto César é o autor. Nós o lemos e o achamos interessante, fazendo mesmo uma conotação de humor. Emmanuel, que é a austeridade per-sonificada, ao apresentar o livro, utilizou-se de expressão nele escrita, com estas palavras: “E, como afi rma nosso querido Augusto César, Falou e Disse”. “Falou e Disse” é o título do livro, repleto de gírias, que nem sabía-mos existirem em tal quantidade.

Eu o li, com os jovens da “Mansão do Caminho” ao meu lado. Lia-o e eles me explicavam o signifi cado, por-que a gíria é um idioma diferente, dentro do idioma... Chegando à reu-

nião noturna comentei-o para os con-frades: “Meus irmãos, que livro in-teressante. Lerei aqui apenas uma página, em que o autor fala sobre a droga, escrevendo para um público próprio, não para nós, mas sim para quem vai entrar nessa guerra...” Ora, nossa Casa dispunha de apenas cin-qüenta exemplares, que logo se esgo-taram. Foram adquiridos outros tan-tos que, igualmente, foram vendidos.

Na quinta-feira, dia dezessete de abril, fi zemos uma palestra sobre O Livro dos Espíritos. Era véspera do aniversário do Espiritismo, que nas-ceu a 18 de abril. Que data linda, o dezoito de abril. E tão carismática que a humanidade a transformou no Dia Internacional do Livro, no Dia da Bíblia, tudo isto, depois de Kardec.

Pois bem, falamos sobre O Livro dos Espíritos, a sua tradição histó-rica, entretecemos considerações fun-damentais em alguns artigos do Dr. Canuto de Abreu, que foram publica-dos há muitos anos, na antiga revista Aurora(*). Quando terminamos a pa-lestra, foram vendidos todos os exem-plares de O Livro dos Espíritos que a Casa possuía em estoque. Todos os de O Evangelho, A Gênese, o que havia de Kardec...

Quando comecei o exercício da mediunidade — se hoje enfrento di-ficuldades, os irmãos imaginem há trinta anos que é que eu era — via os Espíritos, sentia-os, mas não compre-endia o fenômeno. Certo dia, apare-ceu-me um espírito e disse-me:

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FidelidadESPÍRITA | Março/2011 diálogo

Fonte: FRANCO, Divaldo P. Diálogo com Dirigentes e Trabalhadores

Espíritas. USE. 2001.

— Divaldo, você é médium, mas não é espírita, não é verdade?

Ao que confi rmei: — Não, senhor, não sou espírita. — Mas deve sê-lo! — E a única

forma de ser espírita é começar pelo co-meço: estudar O Livro dos Espíritos.

Até 1948 nunca tinha ouvido falar em O Livro dos Espíritos. Procurei-o muito, enfim o encontrei. Era um livro grosso, bem gordinho — porque os livros lidos engordam; aqueles bo-nitinhos, na estante, são para deco-rar, comprados a metro, fi cam belos, lustrosos e magros. Quando o vi, pen-sei, surpreso: “Meu Deus, será que eu vou agüentar ler este livro todo até o fi m?” Porque eu estava acostumado a ler “Guri”, “Gibi”, “Globo Juvenil”, que eram as revistas da época. Como o Espírito me mandara lê-lo, assim o fi z.

Ao deparar a letra miúda da “Introdução”, comecei a saltar trechos que não me pareciam interessantes, tal a minha ignorância. Depois, to-mava assim casualmente e virava di-versas páginas. Acabei a “Introdução” em alguns minutos. No Capítulo do “Prolegômenos”, por ignorar o sig-nificado da palavra, perguntei ao Espírito amigo e ele respondeu-me:

— Compre um dicionário, porque o Espiritismo também é doutrina de cultura. À medida que você estudar o Espiritismo, melhorará o seu vocabu-lário, o seu conhecimento.

Comprei o dicionário, mas fui tão sem sorte que nele não havia a palavra

“Prolegômenos”. Adquiri, então, um outro dicionário, maior. Em dois dias, acabei de ler O Livro dos Espíritos.

Quando o Espírito amigo me apa-receu — ainda me lembro como hoje — indaguei:

— E agora, qual o livro que devo ler?

— Leia, de novo, O Livro dos Espíritos.

— Mas, meu irmão — esclareci —, eu já o li.

— Leia-o de novo, Divaldo, — ele insistiu.

Pensei: “Vai ver que ele notou que eu saltei algumas páginas”.

Voltei a ler a extraordinária obra. Fui descobrindo tesouros valio-sos. Demorei dois meses, ou mais, e o li até a última palavra. Quando o Espírito volveu a aparecer-me, disse-lhe:

— Agora eu o li de ponta a ponta. Qual é o livro que deverei ler? — Volte a ler com mais atenção O Livro dos Espíritos.

Obedeci. Durante a leitura eu tinha que parar para meditar, porque as res-postas eram tão extraordinárias que me conduziam a demoradas refl exões. Demorei-me quase um ano na leitura. Memorizei questões e detive-me a pensar. Posteriormente, indaguei ao Benfeitor Espiritual:

— E agora qual o livro que deve-rei ler?

Ele orientou-me: — Bem, agora você pode ler

O Livro dos Médiuns, mas vai continuar estudando O Livro dos Espíritos até além da morte. Porque, à medida que você vá tendo tirocínio, melhor o entenderá. Se você aplicar cem anos da sua vida examinando o conhecimento geral à luz de O Livro dos Espíritos, os cem anos serão insufi cientes para penetrá-lo na sua totalidade, já que ele é como a seiva e a síntese da cultura universal, que só daqui a muito tempo o homem en-tenderá em toda a sua profundidade.

Há trinta e dois anos estudo com

carinho O Livro dos Espíritos e me comovo com o estudo das suas pal-pitantes lições. E sabem, inclusive, porque me comovo? Porque um dia ouvi alguém falar sobre física nu-clear, átomo... Eu não entendo desses assuntos. Pensei: “Será que Allan Kardec examinou tais quesitos?” O Espírito generoso sugeriu-me que examinasse a pergunta 540. Obedeci para constatar: Kardec já o tinha feito, antes de Planck, de Bohr, de Einstein. Na referida pergunta, há uma abordagem em torno do átomo “que será arcanjo e do arcanjo que já foi átomo”, demonstrando, em sín-tese, o processo da evolução, da fi ssão nuclear, da aglutinação de molécu-las... numa época em que o átomo era desprezado pelas ciências, considerado indivisível.

Kardec examinou todos estes temas da atualidade, no seu tempo, sob a inspiração superior, com faci-lidade, com terminologia simples. É muito difícil dizer a verdade com simplicidade, mas confundir a ver-dade com verbalismo é muito fácil. A parapsicologia está hoje rotulando com nomes novos os antigos fatos. Vemos, porém, em O Livro dos Médiuns, toda essa questão.

O Livro dos Espíritos é, sem a menor sombra de dúvida, um verda-deiro sol. Quando o abrimos, ele nos ilumina; quando fechamos, ele não se apaga, porque prossegue irradiando.

Daí ser de grande importância nossa atitude doutrinária perante a vida, mediante o estudo permanente, fazendo do Centro Espírita uma ver-dadeira escola. v

(*) - Nota da Editora (2ª edição): Atualmente encontra-se disponível na obra: ‘O Livro dos Espíritos e Sua Tradição Histórica e Lendária’, de Canuto de Abreu, São Paulo.

Edições L.F.U., 1992.

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Allan Kardec, nos estudos, nas cogitações,

nas atividades, nas obras, a fim de que a

nossa fé não faça hipnose, pela qual o domínio

da sombra se estabelece sobre as mentes mais

fracas, acorrentando-as a séculos de ilusão e

sofrimento.

Bezerra de Menezes

Lins de Vasconcellos, um dos mais notáveis dentre os espíritas contemporâneos, que empreendeu vitoriosa saga em favor do trabalho da unificação e da difusão da cris-talina Doutrina Espírita, sem jaça, sem distorções, sem concessões desfigurativas, pregava em alto e bom som: A Doutrina está exarada na Codificação e nas obras que lhes são subsidiárias, e o Movimento é a incorporação da Doutrina ao “modus operandi” daqueles que se encantaram pela mensagem karde-quiana. 1

Buscando não deixar dúvidas sobre seu posicionamento, insis-tia, esclarecendo, corajosamente: É mister considerar que a Doutrina se incorpora no mundo através do Movimento Espírita e que os espíri-tas somos o corpo da Doutrina reve-lada por Allan Kardec, e a nós não nos cabe a mesma posição farisaica dos nossos antepassados, nem a ati-tude soberba e mesquinha, fraudu-

lenta e vil daqueles que não tiveram os centros da vontade motivados pela revelação da verdade. 2

Logo, não se pode pensar um movimento espírita que não esteja fundamentado unicamente nos postulados espíritas, colhidos na fonte veneranda da Doutrina Espírita. O Movimento deve refletir, sem sombras ou mesclas, o Espiritismo por inteiro.

Como não se pode imaginar o espírita com duas condutas diver-gentes: a conduta do homem e a conduta do espírita, também não se pode imaginar o movimento espírita ora acontecendo segundo os preceitos kardequianos, ora segundo outro preceito qualquer, aceito equivocadamente no seu contexto em nome do respeito ao pluralismo de idéias decorrente de uma dinâmica mundial que caminha para a globalização de algumas áreas da ação humana, globalização essa sem aceitação

NãO SE PODE SERvIR A dOIS SENhORESNÃO hÁ COMO CONTEMPORIZAR COM SISTEMAS dIvERGENTES NO MEIO ESPÍRITA

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plena e ainda muito pontual, mas, mesmo assim, já contestada por muitos, principalmente por deter-minados efeitos em cascata, como é o caso das chamadas crises finan-ceiras. A Doutrina progressista preconizada por Allan Kardec está calcada numa evolução natural da mesma, porém sem rompimento com as suas bases de sustentação. Modernidade e modernice têm diferenças fundamentais.

Assim, pretender-se, em nome da modernice, flexibilização de idéias ou de postulados quanto ao movimento espírita, como solução para desaparecimento de divergências entre sistemas dou-trinariamente de há muito diver-gentes, é dar tiro no próprio pé, prestando um desserviço à Causa, gerando confusão caótica, indu-zindo rompimentos. Ou determi-nada pessoa ou instituição adere aos postulados espíritas, ou não adere. Não existe meio-espírita,

nem meia-adesão. Como flexi-bilizar posição espírita diante do ramatisismo, roustainguismo, ubaldismo, armondismo, umban-dismo e outros “ismos”? Em nome da indulgência, aceitarmos tudo como se Espiritismo fosse? Se por aí se seguir, logo teremos federações espiritualistas ao invés de espíritas.

Indulgência, sempre; conivên-cia, jamais.

Respeitar idéias alheias, sim; acatá-las, não obrigatoriamente.

Dirão uns, repetindo texto de O Evangelho Segundo o Espiritismo (X, 16), que “a indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita”; e é verdade, mas não está dito aí que em nome da indulgência se deve fazer concessões que desfigurem o essencial, ou que tenhamos que compartilhar idéias que não se coadunam com os posicionamen-tos doutrinários, só para atender

a moda da globalização com o sofismático título de unificação indulgente, como se a dita globa-lização tornasse obrigatórios mis-tura, miscigenação, sincretismo doutrinário, sob pena de estarmos perdendo o bonde da história!

É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitórios. 3

O que se nota, a bem da ver-dade, é que ainda não há rigor suficiente das instituições espíritas para com a pureza doutrinária tão necessária, pois não se viu bater

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em retirada de todos os rincões do meio espírita os sistemas diver-gentes, que teimam em se alojar aqui e ali, na tentativa de, pelo decurso do tempo, serem confun-didos e aceitos como Espiritismo de fato: ramatisismo, roustain-guismo, ubaldismo, armondismo, umbandismo etc, e mais os apo-metristas, cromoterapistas, poma-distas, cepistas etc. O que se quer é a transparência doutrinária no movimento espírita ou a confusão doutrinária? Se for transparência doutrinária, então, maior rigor para com os divergentes, a fim de que desanimem e se afastem de vez por todas. A vida moderna, glo-balizada ou não, está a pedir, isso sim, posicionamentos e compor-tamentos firmes e consentâneos com a proposta espírita.

Como bem recomenda o ínclito Codificador, em Viagem Espírita 1862, pág. 33: “O excesso em tudo é prejudicial, mas, em semelhante caso, vale mais pecar por excesso de prudência do que por excesso de confiança”.

Se mesmo sem aceitar-se a plura-lidade de idéias divergentes e a fle-xibilização de postulados (absurdo dos absurdos), já se tem todas essas enxertias, imaginemos o laisse faire ora sonhado como diretriz oficial! Aliás, não sonho, delírio.

Tudo indica que o que se pre-tende, sob a falsa alegação de fra-ternidade (já que esta, enquanto tola, tudo aceita) e indulgência, é corroborar pontos de vista pes-

soais e situações esdrúxulas hoje já existentes, e, assim, unificados, darmo-nos as mãos e fazermos do e no movimento espírita o que bem entendermos, desde que todos digam que “aceitam” as idéias de Kardec... depois das suas próprias. Ou é ingenuidade ou é caso pen-sado de quem as está propondo. Não caiamos nessa armadilha.

Ainda, e sempre, o bom senso reencarnado lecionando (também no Viagem Espírita 1862, pág. 103): “Se, pois, eu tivesse que opinar em uma divergência, eu me preocu-paria menos com as causas e mais com as conseqüências”.

Essa é a linha ora pretendida como Diretrizes da Dinamização das Atividades Espíritas para o Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira,

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em documento a ser apresentado na próxima reunião prevista para os dias 10 a 12 de novembro, em nome de “releitura da unificação”, buscando, agora, “unificação com indulgência”.

Unificação, sim; miscelânea, jamais.

Kardec é único. Espiritismo tam-bém, por conseguinte.

Allan Kardec sempre preconizou a unidade doutrinária. Não há o menor espaço para compor com outras idéias, que não sejam ou convergentes e em uníssono com as suas, ou reflexos luminíferos destas.

Kardec não se lê no plural, é singular.

Não ao pluralismo e não à flexi-bilização. Kardec unicamente.

É inútil insistir. Ninguém lobriga êxito servindo a Deus e a Mamon, simultaneamente.4

Convém mergulhar o entendi-mento nas fontes austeras e nobres da Revelação, para que a nossa sementeira não seja inócua, ou, quando menos, não se transforme em espezinhamento dos tesouros da verdade. 5

Solidários, seremos união. Separados uns dos outros, seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos. Distanciados entre nós, continuaremos à procura do trabalho com que já nos encontramos honrados pela Divina Providência.6

É óbvio que solidários e unidos em Kardec.

Também oportunas as lições do Espírito Camilo, conforme encon-tramos no livro Correnteza de Luz, Cap. 7, Contra Serviços, psicogra-fia de Raul Teixeira: O Espiritismo para ser grande e vitorioso entre os homens, não necessita desses arranjos; não admite em seus arrazoados o que não se apóie na amadurecida coerên-cia com o equilíbrio, com o bem geral, com a disciplina. Todos esses que o exploram para obter qualquer tipo de lucro passageiro ou que o mutilam, a fim de se exaltarem, nos processos da sua vaidade, darão conta disso, um dia, sem que lhes faltem, ao redor de seus passos, aqueles mesmos indi-víduos aos quais enganaram, explo-rando-lhes a boa fé ou a credulidade, ou aquelas outras criaturas as quais engodaram e desencaminharam com seus raciocínios imaturos ou falseados, apenas em nome do personalismo que não puderam ou não quiseram deter.

(...)O de que carece o Movimento

Espírita, em seus labores, é daque-les que se sintonizem com a lógica do pensamento espírita, aprumada nas considerações clarificadoras do Espírito da Verdade, capaz de facear o avanço intelectual terrestre, sem temores, sem tibieza, estabelecendo a inabalável fé, que faz a alma crescer, iluminar-se, libertando-se do cruel pieguismo ou da exaltação neurótica ou, ainda, do anseio de domínio da opinião, quando uma luz mais alta se ergue, a do Cristo, que o Espiritismo alimenta com os óleos da sua celeste inspiração.

Unidade doutrinária foi a única e derradeira divisa de Allan Kardec, por ser a fortaleza inexpugnável do Espiritismo. Que seja o nosso lema, o nosso norte, a nossa bandeira.

É o próprio Codificador que nos chama a atenção: A tática ora em ação pelos inimigos dos Espíritas, mas que vai ser empregada com novo ardor, é a de tentar dividi-los, criando sistemas divergentes e sus-citando entre eles a desconfiança e a inveja. Não vos deixeis cair na armadilha; e tende certeza de que quem quer que procure, seja por que meio for, romper a boa harmonia, não pode ter boas intenções. (Revista Espírita - Ano V - fevereiro 1862 - Vol 2.)

Seja Allan Kardec, não apenas crido ou sentido, apregoado ou manifestado, a nossa bandeira, mas suficientemente vivido, sofrido, chorado e realizado em nossas pró-prias vidas. Sem essa base é difícil forjar o caráter espírita-cristão que o mundo conturbado espera de nós pela unificação. 7 v

-------------------------------------------------1) Lins de Vasconcellos. Mundo Espírita de junho de 1995, pág. 5;2) Idem;3) Bezerra de Menezes - Psicografia de F. C. Xavier Unificação - “Reformador” dez./1975;4) Lins de Vasconcellos. Mundo Espírita de junho de 1995, pág. 5;5) Idem;6) Bezerra de Menezes - Psicografia de F. C. Xavier Mensagem de União - “Unificação” nov.-dez./1980.7) Idem.

Fonte: Jornal Mundo Espírita. Novembro/ 2000.

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O livro Viagem Espírita em 1862, editado pela Casa Editora O Clarim e também pela Federação Espírita Brasileira, é uma das mais valiosas obras publicadas e disponíveis na literatura espírita. Como se sabe, o livro traz os pronunciamentos de Allan Kardec a grupos espíritas que ele visitou em viagens de divulgação doutrinária, e como o próprio nome diz, no ano de 1862. Portanto, há 150 anos. A obra é preciosa, pois que repleta de esclarecimentos e orientações, considerando que vamos nos encontrar com palestras proferidas pelo Codificador do Espiritismo. Não poderíamos deixar passar tão impor-tante efeméride em meio às comemorações às demais obras da Codificação que também alcançam datas significativas.

Na edição da Casa Editora O Clarim, a tradução é de Wallace Leal V. Rodrigues, cujo Prefácio é outro precioso documento, de onde extraímos parcialmente o trecho abaixo transcrito, para estimular o leitor a inteirar-se da obra completa:

“(...) é o próprio Codificador, lúcido e des-perto, que se encarrega de iniciar a divulgação das verdades espíritas através das tribunas. Em seguida a ele, em perfeita coordenação, surgirá Léon Denis.

Em um como em outro, e tal como sucede ainda em nosso dias, a preocupação se con-verge para uma ética que, em sendo, até certo ponto, patrimônio das mais antigas culturas, era, praticamente, apenas “ letra que mata”; agora vai ser “espírito que vivifica”, subver-siva no sentido de arremeter do exterior para o interior, da teoria para a ação. Seu caráter renovador torna-a evangelicamente desmisti-ficada e autenticamente apostolar, o que nos leva a estabelecer a comparação com o livro dos “Atos”, essa crônica de viagem, durante a qual os inúmeros personagens têm, o tempo todo, os lábios entreabertos, como que preparados para traduzir em palavras o pensamento da Boa Nova, em especulações sobre ações passadas e presentes, que se acumulam em seus espíritos com a força do rio comprimido contra as pare-des de uma barragem.

Esta “Viagem Espírita de 1862” é qualquer coisa de semelhante e assim Allan Kardec nela se comporta. (...)

“O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns” tinham-se constituído, desde os seus lançamentos, em êxitos de livraria, e o seu autor se fez, de imediato, notado. Dilacerada por uma acabrunhante tristeza, a Humanidade disputava pensamentos capazes de oferecer uma

CENTO E CINQUENTA ANOS,

desde 1862. POR ORSON PETER CARRARA

literatura

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nova e veraz interpretação para tudo quanto pudesse ser julgado de real importância. As religiões apresentavam os sinais de uma incu-rável senilidade e deixavam de ser o “ freio” esterelizante; mas a ética que tresandava do ensino comunicado pelos Espíritos Superiores podia ser considerada não como “uma reli-gião”, mas a própria “Religião”, surgindo de uma tenebrosa noite sufocada pelo fumo acre que tresandava a carne humana assada nas fogueiras. O seu símbolo não era o “ freio”, porém a “chave”, e nisso estava implícito ao mesmo tempo uma esperança e uma ameaça. Havia algo de esgotante e doentio naquele de-cisivo século XIX, em que o homem alcançara o superlativo de uma técnica elaborada em um suceder inimaginável de gerações: a de amar tão bem, amando tão pouco. (...)

Noite! 19 de setembro de 1860. Kardec é re-cebido no Centro Espírita de Broteaux, o único existente em Lyon. À porta esperam-no Dijou, operário, chefe de oficinas, e sua esposa.

Este é, na História, o primeiro encontro de dirigentes espíritas. Dijou encontra-se à testa do grupo lionês; Kardec desempenha as fun-ções maiores na “Societé” parisiense. A mão do emérito pensador aperta vigorosamente os dedos calosos e ásperos do companheiro, a quem chama “irmão”. No olhar grave que trocam vê-se que mutuamente se entendem: embora em planos diferentes, suas responsabilidades se eqüivalem.

Transpostos os portais, o coração de Kardec se rejubila. O “milagre” a que tantas vezes já fizera menção, sempre com arrebatamento e orgulho, o grande feito que compete à doutrina espírita realizar, consubstancia-se ali, ante seus olhos; e é um mentor espiritual, Erasto em su-blime epístola dirigida à comunidade lionesa, quem vai encontrar palavras para vestir a

emoção do Codificador: “Não podeis imaginar quanto nos é doce e agradável presidir ao vosso banquete, onde o rico e o operário se abraçam, bebendo a fraternidade!”

Kardec dirige-se à tribuna singela e o Centro Espírita de Broteaux, pelo futuro em fora, será lembrado como o local da pira. Ali é aceso o fogo sagrado que empunharão, através dos sé-culos, todos aqueles que se compromissaram, mesmo ao preço de injúrias, suor e lágrimas, a divulgar as glórias do Espiritismo pela bênção da palavra. (...)

No outono de 1862 deixa Paris para sua terceira viagem de propaganda espírita. Esta será a mais extensa a ser feita em toda a sua vida e se alongará até Bordeaux. Precisa cons-tatar o processo de fermentação. O mundo do homem encarnado era um mundo enfermo que se tentava analisar dentro dos quadros da psicologia ou da filosofia. Mas tudo aquilo era susceptível de mais de uma explicação.

Kardec preparou, com zelo habitual, o ma-terial de sua oratória e, de fato, o seu tema de eleição está, melhor do que nunca, expresso no legado dessa viagem.

Tudo quanto vai dizer é fruto de uma expe-riência pessoal. Essa experiência caminha para nós e a voz que a expressa, apesar dos anos, nada tem de debilidade. Entre o homem e sua felicidade, ergue-se a Sombra, a terrível pai-xão: o Egoísmo. Isto é uma espécie de grito que precisa ser mil vezes repetido, até que o grande obstáculo, a Sombra, seja reconhecida como o pior dos inimigos. Enquanto isso não se faça todos estaremos excluídos da felicidade que de-sejamos partilhar. (...)

André Moreil, o mais recente biógrafo de Kardec, comenta a “Viagem Espírita em 1862” nos seguintes termos: “Essa grande viagem foi, mais tarde, publicada em obra especial, que

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se tornou auxiliar indispensável aos grupos espíritas, tanto no que concerne à doutrina, quanto no que diz respeito à organização e administração das sociedades espíritas”.

Cremos que este livro não foi, até o mo-mento, editado em língua portuguesa. Lançamo-lo não apenas por sua alta qua-lidade doutrinária, mas ainda como uma adesão da “Casa de Cairbar Schutel” às come-morações do 1º Centenário de Desencarne de Allan Kardec, ocorrido em 1869.

Os conceitos nele contidos são tão atuais e frescos, tão fundamentais à boa conduta das entidades espíritas, que poderiam ter sido escritos em 1962. O leitor arguto e atento fará aqui mil descobertas de transcendental valor. Cem anos transcorridos, as instruções de Kardec são ainda perfeitamente aplicáveis e uma garantia para a pureza doutrinária. Caracterizam-se pela firmeza, lucidez e res-ponsabilidade. Finalmente, o seu curioso mo-delo de Regulamento, o antepassado dos atuais estatutos das sociedades espíritas, é um exem-plo de ponderação, de repulsa ao misticismo e uma revelação de alto espírito universalista.

A “Viagem Espírita em 1862” é obra em que, de singular maneira, o “homem” Allan Kardec se nos revela com sua consciência histó-rica e, em súbitos clarões, permite que o veja-mos bem próximo de nós, o ser que já realizou o que intentamos, isto é, a substancial reforma interior que, só ela, possibilita a mágica in-teração: a criatura vivendo no Espiritismo, o Espiritismo vivendo na criatura”.

* * *

Neste início de 2012, nada de mais oportuno que divulgar a obra, estudá-la nos grupos espíritas, incentivar o conhecimento

de seu conteúdo. Há valiosas orientações para os grupos, para os comportamentos individuais e dicas muito preciosas para a superação das dificuldades na condução dos grupos de estudos e mediúnicos e para a própria vivência espírita, com destaque especial para o sentido da caridade. Referindo-se a essa virtude, considera o Codificador num dos trechos da obra:

a) “(...) se todos os membros de uma so-ciedade agissem de conformidade com esse princípio, haveria menos decepções na vida. Uma vez que dois indivíduos estão reunidos, contratam, por força disso mesmo, deveres recíprocos (...)”;

b) “(...) urge que os esforços, e sobretu-do os exemplos de todos homens de bem, a difundam; e que eles não se desencorajem ao defrontarem as recrudescências das más paixões (...)”;

c) “(...) é preciso reconhecer que a base da caridade é a crença (...)”;

d) “(...) a propagação da ideia espírita tende, necessariamente, a tornar os homens melhores em suas mútuas relações. O que ele faz hoje, relativamente aos indivíduos, fará amanhã, em relação às massas, quando estiver difundido de maneira geral. Trate-mos, pois, de torná-lo conhecido, em pro-veito de todos (...)”.

* * *

Nada mais a acrescentar, para não tornar longa demais a matéria. O fato marcante é o exemplo do Codificador, no estímulo aos grupos nascentes e na lucidez própria que lhe caracterizava o caráter. Algo mais ousa-mos acrescentar: convidar o leitor a conhe-cer a preciosa obra. v

literatura

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A cidade era, na ocasião (hoje é uma cidade de porte médio), pe-quena e sobrava tempo ocioso para todo mundo. Poucos aproveitavam bem o tempo, com uma leitura edificante, por exemplo. A maioria reunia-se todos os finais de tarde numa esquina, apelidada pejora-tivamente de “senadinho”, onde o assunto principal era a vida alheia.

Havia (e ainda há) um único Centro Espírita, que na ocasião da nossa história, tinha uma dire-toria composta por cinco pessoas. Aconteciam três reuniões semanais, sendo uma reunião mediúnica, outra da infância e juventude e uma palestra semanal.

Eram tão “deliciosos” (como diziam) esses encontros fraternos, que o desejo de estarem perma-nentemente em contato motivou um dos componentes da diretoria a propor um jantar (um franguinho) semanal na principal churrascaria da cidade, que funcionaria como uma reunião descontraída.

Mas talvez, o ambiente de des-contração tenha feito com que aquelas pessoas, embora evangeli-zadas, fugissem totalmente do ob-jetivo traçado. E entre uma garfada

e outra, ou entre um gole e outro, surgiam verdadeiras alfinetadas ao comportamento de pessoas e organizações. De encontro frater-nal, aquelas reuniões passaram a ser denominadas, na cidade, de “o franguinho da maledicência”.

Interessante (para não dizer gro-tescas) eram as cenas infantis que se registravam. Havia ao que criticava o outro, que só gostava de frango sem pele; o que não admitia que tomassem mais que um refrige-rante, para não aumentar a conta; dois deles ficavam contrariados, pois não gostavam de se servirem de saladas, antes da refeição prin-cipal; outros dois reivindicavam o frango cortado na junta, o que não era do agrado de todos.

Mais hilariante era na hora de pagar a conta. Até os garçons formavam uma roda para apre-ciarem o que parecia brincadeira de criança. O primeiro conferia os valores, dava a comanda para o outro e assim ia passando de mão em mão, pois entendiam que quem a retivesse, é quem deveria pagar. Incrível é que havia um trato entre eles, de que as despesas sempre se-riam dividas.

Esse hábito alimentar durou aproximadamente dois anos. Depois que cada jantar aconte-cia, eles percebiam que apesar de estarem com os estômagos cheios, ficavam, entretanto, cada vez mais entediados e na realidade, aquele encontro semanal não resultava em algo positivo. Por isso, resolve-ram cancelar o compromisso.

Sem o jantar, que acontecia aos sábados, as reuniões públicas (palestras) as noites de domingo, voltaram a ser desenvolvidas num clima de paz e tranqüilidade. A cada domingo, um dirigente fazia a palestra. E passaram a ter muito mais a dizer, principalmente por que aproveitavam as noites de sábado para pesquisarem e estuda-rem mais o tema doutrinário que teriam de expor.

Hoje, eles se reúnem anualmente em dezembro no mesmo local, num grande jantar (às vezes um al-moço) de confraternização, em que participam a diretoria e os demais trabalhadores do Centro Espírita, quando renovam os votos de união, trabalho, solidariedade e amor. v

Fonte: Jornal Espírita. Março/2001.

O FRANGUINhO DA MALEdICêNCIA

POR CIÇO DI NIRO

comportamento

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comunicação

A trajetória da União das Socie-dades Espíritas do Estado de São Paulo teve início em 5 de junho de 1947, quando foi fundada durante a realização do 1º Congresso Espí-rita Estadual de São Paulo, com o intuito de formar, orientar e unir os trabalhadores espíritas. Desde a sua criação, a entidade vem reali-zando um trabalho de conscienti-zação de seu público por meio dos encontros, seminários, simpósios e cursos - que proporcionaram, além do embasamento doutrinário e téc-nico, a troca de experiências bem sucedidas, bem como e reflexão de temas de interesse geral. A USE SP desenvolve, ainda, o programa radiofônico Momento Espírita, le-vado ao ar todos os domingos, das 12:30 às 13:30 horas, pela Rede Boa Nova de Rádio; campanhas voltadas à difusão do espiritismo; elabora e distribui materiais de comunicação e, ainda, possui um Portal na Internet - ferramenta que, cada vez mais, vem se desta-cando pelos inúmeros benefícios que oferece aos seus usuários.Contudo, o mais tradicional canal de comunicação entre essa federati-va paulista e seu público alvo ainda é este jornal, Dirigente Espírita,

que possui periodicidade bimestral, é distribuído em todo território na-cional (e até no exterior, ainda que a grande maioria de seus leitores seja os trabalhadores das Casas Espíri-tas de São Paulo) e conta a signi-ficativa tiragem de mais de cinco mil exemplares. Criado em 1953 - com o nome de Unificação, sendo rebatizado com o nome atual em 1990 - esta importante ferramenta passou por modificações ao longo dos anos, sempre visando atender - mais e melhor - as necessidades de seu leitor.Assim sendo, uma vez mais, inova-mos nosso informativo visando le-var aos Dirigentes e Trabalhadores informações úteis para o cotidiano das Casas Espíritas. Desta manei-ra, as suas quatro páginas centrais trazem o Suplemento “Como Fa-zer”. A ideia é tratarmos de forma clara, objetiva e direta, os mais va-riados temas que compõem as ati-vidades e serviços das instituições, proporcionando a troca de experi-ências bem sucedidas que poderão ser implantadas (em sua totalidade ou com adaptações) para promover a melhoria na qualidade da socie-dade e, consequentemente, do mo-vimento espírita.

COMO FAZERPOR DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇãO USE SP

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FidelidadESPÍRITA | Março/2011 comunicação

Formada pela soma de Centros Espíritas do Estado de São Paulo, a USE tem como base a institui-ção espírita, o que equivale dizer que é esta quem delibera sobre o que é melhor e mais conveniente para o movimento espírita estadual.

Qual a finalidade desta federativa?A USE tem por finalidade unir as instituições espíritas; difundir o Es-piritismo nos seus aspectos filosófico, científico e religioso e realizar traba-lhos que, por sua natureza, não pos-sam ser realizados individualmente pelas instituições espíritas.Para atender as finalidades para as quais foi criada, a USE facilita a tro-ca de informações sobre experiências realizadas pelas casas espíritas, in-centiva, orienta e organiza eventos para o ensino metódico da Doutrina Espírita, bem como estimula a rea-lização de obras e serviços assisten-ciais.Tendo por finalidade dinamizar as ações em todo o estado, a Diretoria Executiva da USE mantém vários departamentos especializados que planejam, executam e coordenam as atividades nas áreas de: infância, finanças e contábil, livro, mocidade, orientação doutrinária, relações pú-blicas e serviço assistencial, podendo criar outras áreas, de acordo com a necessidade do momento.

Quantas associações espíritas lo-calizadas no estado de São Paulo formam a USE?São cerca de 1.400 instituições que se unem para a manutenção, a ex-pansão e o fortalecimento do mo-vimento espírita. Debatem sobre a preservação dos princípios doutriná-rios e promovem a confraternização entre os adeptos do Espiritismo. Re-

Esperamos que essa ação simples possa oferecer ainda mais atrativos para leitura de nosso jornal e, desde já, convidamos cada leitor para co-laborar na construção de um infor-mativo cada vez mais adequado aos seus anseios e necessidades diárias na difícil tarefa de conduzir de forma harmoniosa os rumos da Casa Espí-rita. Assim, aguardamos seus comen-tários, sugestões de temas a serem abordados, enfim, sua participação, já que acreditamos plenamente na máxima “A USE somos todos nós” e, por isso, “Juntos, podemos fazer mais” ... e melhor.Para abrirmos esse suplemento op-tamos por falar sobre a União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo para que, uma vez mais, possamos unir nossos esforços e nos-sos corações na divulgação do maior movimento de união espírita que existe no planeta.

Conheça a USE - União das Socie-dades Espíritas do Estado de São PauloEntidade coordenadora e representa-tiva do movimento espírita estadual no Conselho Federativo Nacional – CFN da Federação Espírita Brasilei-ra (FEB).

Como surgiu a USE SP?A USE foi fundada em 5 de junho de 1947, no 1º Congresso Espírita Esta-dual. À época as lideranças espíritas que mais de destacavam (Sinagoga Espírita Nova Jerusalém, União fe-derativa Espírita Paulista, Federa-ção Espírita do Estado de São Pau-lo e Liga Espírita do Estado de São Paulo) se uniram a outras lideranças paulistas, trabalhando pela criação de um único órgão de unificação ofi-cial e permanente.

alizam encontros, seminários e con-gressos cujos resultados se refletem na própria casa espírita, ampliando os horizontes de informações e me-lhorando sua capacidade de atendi-mento ao público. Esta é a grande vantagem proporcionada pela parti-cipação compartilhada.

E como se dá a organização useana?A organização da USE no Estado de São Paulo se dá por meio de USEs Regionais, Intermunicipais, Munici-pais e Distritais, sintonizadas com as obras da Codificação Espírita, a ser-viço da unificação, possuindo órgãos que viabilizam a unificação do Mo-vimento Espírita em todas as regiões do estado de São Paulo.Na Capital, os Centros Espíritas se reúnem em torno das USEs distritais com o nome de um bairro; no inte-rior, as USEs intermunicipais reúnem os Centros Espíritas de uma mesma cidade. Esta descentralização permi-tiu a divisão do estado em USEs re-gionais que facilitam e apoiam as ati-vidades de todas as USEs distritais, municipais e intermunicipais.Nesse contexto organizacional, a USE sugere atividades, orienta sua execução e facilita a transferência de experiências, sem condicionamen-tos, em respeito aos princípios de liberdade e responsabilidade que o Espiritismo indica. Em outras pala-vras, não impõe, nem interfere nas atividades das instituições espíritas; procura integrar suas ações junto aos conselheiros e diretores das USEs, porque todos são trabalhadores das instituições unidas. Todo programa, colaboração e apoio são colocados à disposição dos Centros Espíritas, como sugestões e subsídios aos seus trabalhos, podendo a casa espírita

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Mas, afinal, de que forma a USE pode ser útil para mim, enquanto adepto do Espiritismo, e para a socie-dade espírita da qual faço parte?• Para a troca de experiências e

ideias que possibilitem o cres-cimento qualitativo das Casas Espíritas e dos seus trabalha-dores.

• Na busca de soluções para problemas comuns às institui-ções espíritas.

• Oferecendo parâmetros que levem a instituição e o traba-lhador à correta avaliação de sua trajetória e à implementa-ção de melhorias constantes.

• No estabelecimento de rede de contatos de qualidade para ações da sociedade espírita.

E por que é importante que as Casas Espíritas tenham uma representação no movimento espírita?• Para que a Doutrina Espírita

possa crescer respeitando as bases kardequianas.

• Para que o Espiritismo possaser respeitado e, assim, ocu-par seu papel como uma das fontes morais (religiosas) mais importantes da atualidade.

• Para que a Doutrina Espíritatenha espaço garantido na so-ciedade e, desta forma, passe a emitir opinião sobre assuntos relevantes.

• Para que, nosmomentosne-cessários, a sociedade em geral (mídia e pesquisadores em es-pecial), tenha acesso a fontes seguras que possam falar em nome do espiritismo.

adotá-los ou não, como pode adap-tá-los às suas necessidades. A insti-tuição única continua a manter a sua autonomia e funcional.

E quais os benefícios proporcio-nados pelo movimento de unifi-cação?• Favorece a aproximação dos

espíritas para que melhor se co-nheçam e se confraternizem, criando condições para maior entrosamento entre as institui-ções espíritas e proporcionando maior estabilidade e eficácia no Movimento Espírita.

• Beneficia a troca de informações entre as casas espíritas, através de seus representantes, sobre suas vivências e conhecimentos em todos os aspectos do Movimento Espírita.

• Assegura o retorno qualitativo de todas as experiências para o pró-prio centro espírita e o seu aper-feiçoamento progressivo em todos os setores de suas atividades.

• Concorre eficientemente para o desaparecimento do persona-lismo individual ou de grupos no meio espírita, facilitando e esti-mulando o desenvolvimento da humildade e da renúncia, virtu-des tão necessárias à estabilidade dos trabalhos coletivos.

• Gera uma imagem pública insti-tucional consciente, permanente e atuante, através da sinergia entre as instituições unidas, em defesa dos princípios do Espiritismo.

• Assegura ao meio espírita uma força social, cada vez mais neces-sária, mais útil e mais eficiente para a evolução humana no sen-tido espiritual e fraterno.

• Evita o desvirtuamento do Espiritismo, por conta de interpretações equivocadas, per-sonalistas e práticas nocivas, que visem interesses e ambições pes-soais, com evidente desprezo aos seus postulados fundamentais.

• Desestimula a independência do Movimento Espírita e sua au-tossuficiência, em todos os seus setores de atividades e, em qual-quer época e circunstâncias.

• Dá sustentação ao meio espírita para uma sintonia maior com as forças espirituais que dirigem o Planeta e, em particular, o pró-prio Movimento Espírita.

• Contribui para assegurar a preservação dos princípios dou-trinários, de acordo com o legado de Allan Kardec e dá pleno de-sempenho às finalidades do Espiritismo.

comunicação

Assembléia GeralCentros Espíritas

CdE - Conselho deliberativo Estadual

Centros Espíritas Capital e Interior

CA - Conselho de Administração

Sociedades Patrocinadas

Sociedades Especializadas

USEsDistritais

USEsMunicipais

USEs Inter-Municipais

USEs Regionais USEs Regionais

Assessorias

dE - diretoriaExecutiva

Organograma da USE

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Há alguma forma especial da Casa Espírita da qual faço parte colaborar com a USE SP?Além de participar das reuniões e atividades promovidas pela União das Sociedades Espíritas de São Paulo (e divulgá-las), pode aju-dar com atitudes simples como manter atualizado o cadastro da instituição junto à USE SP (dados completos e atuais de cada mem-bro da Diretoria); divulgar a todos os frequentadores da sociedade o que é a USE e sua importância para o Espiritismo; conhecer os canais de comunicação oferecidos pela federativa (jornal, site, materiais diversos, livros, etc.) e divulgá-los de forma ampla a todos da Casa Espírita; entre outros.

A União das Sociedades Espíri-tas de SP oferece algum serviço às Casas unidas?O principal serviço oferecido baseia-se em informações de quali-dade - e totalmente de acordo com a base doutrinária espírita - que po-dem auxiliar no desenvolvimento das tarefas da Casa Espírita. Dispo-nibiliza, ainda, serviços de Livraria; Biblioteca Circulante com títulos diversos, incluindo obras básicas, clássicos e, até, algumas obras já esgotadas no mercado editorial; materiais variados (campanhas, palestras, mensagens, informa-tivos, etc.) e de grande utilidade para a disseminação da Doutrina Espírita; orientação nas diversas áreas da Casa Espírita, com tra-balhadores que possuem amplo conhecimento da doutrina, do funcionamento de uma instituição espírita e, claro, do movimento unificacionista.

Como posso participar do mo-vimento de unificação da São Paulo?Existem várias formas de participa-ção. Você pode participar dos cur-sos, seminários e outras iniciativas disponibilizadas pela USE São Pau-lo, bem como receber informações sobre as diversas áreas que existem em sua estrutura. Para isso, basta estar presente nas atividades e/ou contatar os Diretores desta Fede-rativa e navegar em nosso portal. Contudo, se além dessa participa-ção, você deseja ser um represen-tante da Casa Espírita da qual faz parte, é preciso que ela o nomeie re-presentante junto à USE (distrital, intermunicipal ou municipal), en-viando formulário para nosso regis-tro e arquivo. Depois disso, basta estar presente nas reuniões mensais e acompanhar os debates de assun-tos relacionados com a unificação.

Existe trabalho voluntário na USE?Praticamente todo trabalho exe-cutado na União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo é voluntário, isto é, executado por pessoas que não recebem remu-neração financeira. Todos eles são importantes para o bom funciona-mento da instituição e, acima de tudo, estão sempre à disposição de quem queira colaborar e se benefi-ciar dessa iniciativa.

Quais os benefícios provenientes do trabalho voluntário?São inúmeros, entre eles destacamos:• Propicia um sentido para a vida.• Auxilia para que nos tornemos

profissionais mais produtivos.• Faz bem à saúde, conforme ates-

tam pesquisas científicas.• Possibilita maior equilíbrio espi-

ritual.• Amplia os laços de amizade e

afeto.• Aumenta a autoestima.

Se quiser saber mais informa-ções sobre a USE e tudo o que ela representa, o que devo fazer?Contatar-nos para obter as infor-mações que desejar:Portal: www.usesp.org.brTelefone: (11) 2950-6554Reuniões: Você pode consultar a data de reunião da USE que está mais próxima de você, através do telefone de nossa secretaria.Programa Momento Espírita: Domingos, 12:30 às 13:30 horas, pela Rádio Boa Nova de Guarulhos.Sintonias: 1450 AM – Grande São Paulo. 1080 AM - Sorocaba e região, 1160 AM - Mococa, 870 AM - Também pela parabólica e internet. v

Fonte: Dirigente Espírita. Suplemento “Como Fazer”. Julho/Agosto de 2011.

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psicanálise

Frequentemente os espíritas e os médicos psiquiatras são chama-dos a fazer observações e estudos e a dar suas explicações sobre o assunto relativo às perturbações mentais.

Na interpretação desses dis-túrbios psíquicos, o erro está, como em todas as questões, em se querer enquadrar tudo dentro de uma única explicação teórica. Está em se querer ajustar os fatos a uma concepção pré-estabele-cida, seja ela de ordem científica, seja de ordem doutrinária. Em suma, o erro é dos extremos e o mal consiste em querer fazer com que os outros aceitem determi-nada hipótese, impregnada por um fundo partidário ou pessoal.

De um lado, temos os psi-quiatras, dominados por um materialismo feroz, encarando todas as moléstias mentais como conseqüência direta de lesões do sistema nervoso. Desde que a priori, consideram absurda a exis-tência de uma alma, todo o seu raciocínio parte do afastamento

completo, em suas cogitações, desse elemento. Assim sendo, torna-se-lhes difícil explicar cer-tos distúrbios psíquicos, pois não encontram fundamento objetivo que o justifique.

De outro lado, temos os espíri-tas admitindo a alma, evolução, reencarnação, comunicabilidade dos espíritos, admissões estas que os levam à consideração de muitas desordens mentais como obsessões por espíritos desen-carnados. Muitas e muitas vezes doentes mentais, tidos como loucos, são submetidos a toda espécie de tratamento médico e só vão obter sua cura por um processo espírita. É porque se tratava simplesmente de obseda-dos. Aos senhores psiquiatras isto não pode deixar de ser um ab-surdo tremendo, mas nós temos a lhes dizer que é apenas verdade. Os fatos diariamente estão a demonstrá-la. Talvez seja um absurdo dentro das teorias da ciência materialista, mas isso não impede que o fenômeno se dê e

o impossível se realize com uma teimosia alarmante para eles.

Houve um notável cientista (Willian Crookes) que, após estu-dar acuradamente o Espiritismo, teve de se render à evidência. Diante da admiração de seus colegas, que consideravam um absurdo aquilo tudo, respondeu: “talvez todos esses fatos sejam impossíveis, mas eu sei que eles existem”.

Dia a dia vão sendo estudados e tratados mais casos de obses-sões; dia a dia vai se tornando mais claro o domínio dos fatos extranormais. Com o conheci-mento da mediunidade, vão se curando obsessões e evitando que elas apareçam. Entretanto, não se deve generalizar. É erro grave querer estender a toda uma gama de fenômenos a explicação válida para um deles. Por haver obsessões, não quer dizer que todos os casos de perturbações mentais sejam devidos a espíritos desencarnados.

O defeito da explicação pola-

OBSESSÃO E LOUCURA

POR ARy LEX

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rizada pelo extremo espírita está em considerar todas as moléstias mentais como obsessões. Se o tratamento espírita consegue re-sultados brilhantes, muitas vezes nenhuma melhoria advirá dele, por se tratar de lesões nervosas, como nos casos de sífilis cerebral, tumores, demência senil, idiotia congênita etc. O espírita que qui-ser curar espiritualmente todas as moléstias mentais, muitas vezes fracassará. Da mesma forma os médicos nada conseguem em inúmeros casos. Há moléstias de fundo espiritual, contra as quais a ciência nada pode fazer e os espíritos curam. São as obsessões.

Entretanto não nos admire-mos do combate movido pelos médicos aos centros espíritas e a terapêutica espírita. Eles par-tem da negação da existência do

Espírito e, por isso não pode dei-xar de ser absurda a manipulação de forças e elementos que eles desconhecem.

Reconheçamos, porém, que os psiquiatras em parte têm razão. Não a têm quando atacam em tese o Espiritismo, pois com isso demonstram apenas uma profunda ignorância do assunto. Têm, todavia, razão ao atacar a exploração vil que se faz em nome do Espiritismo.

Estamos numa fase em que, com a aceitação das verdades espíritas por muita gente, junta-ram-se sob a denominação espiri-tismo os mais variados modos de

pensar, os mais esquisitos pontos de vista e mesmo as mais exóti-cas práticas religiosas. Estamos numa época que se dizem es-píritas desde o ignorante até o pesquisador metódico e sagaz. Por isso, vê-se impingida como espírita a mais revoltante prática mediúnica.

Esse mal não pode perdurar. Cabe aos que já têm definidas e esclarecidas suas concepções fazer ver a todos que essas práti-cas não são espíritas, e são alta-mente nocivas. Cabe a esses uma intensa obra saneadora dentro dos arraiais espíritas, qual seja a de esclarecer os incautos, fazer com que eles compreendam que tais antros de exploração não são espíritas; contar-lhes que em nossa Doutrina não se con-cebem práticas feitas com terra

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de cemitério, água benta, velas e incenso, cruzes, altares, imagens e vestes especiais.

Nós, como bons espíritas, de-vemos ser os primeiros a admo-estar todo aquele que se valha do nome do Espiritismo para prati-car isso. Devemos, sempre que possível, ir esclarecer aqueles que, pela sua ignorância, são levados a crer nas proezas desses embus-teiros. Todo aquele que fizer do Espiritismo meio de vida deve ser considerado explorador. As qua-lidades mediúnicas são dádivas e devem ser postas a serviço do bem desinteressadamente.

Quanto ao tratamento das obsessões, é preciso ter muita cautela. Só se deve afirmar que o doente é um obsidiado quando houver provas suficientes para isso. Já tive oportunidade de ver débeis mentais, epiléticos, idiotas perfeitos, que haviam estado em centros espíritas, onde lhes foi dito serem obsidiados.

A perturbação do psiquismo nes-ses doentes era evidente. Um deles apresentava um crânio pequenino, o ar idiota; a boca, de lábios volu-mosos, sempre semi-aberta; a face inexpressiva, mal respondia às per-guntas. Enfim, um idiota perfeito. Outras vezes são epiléticos que apresentavam as crises característi-cas, rotulados como obsidiados.

Tendo, assim, visto os defeitos da explicação parcial espírita de todas as moléstias mentais, vejamos as fa-lhas das explicações psiquiátricas.

Surgem, às vezes, indivíduos, tidos como loucos, falando lín-guas desconhecidas, não só por eles, como por todos da família. Esses casos de xenoglossia ou mediunidade poliglota são uma pedra no sapato dos senhores mestres da ciência, porquanto aqui nada podem explicar, nem teorias, nem apelando para a cé-lebre e tão abusada telepatia, nem tampouco do subconsciente, essa cartola mágica donde tudo se pode tirar.

Mas por que os materi-alistas não tomaram conhecimento dos fatos espíritas? Porque não são, dizem eles, cientificamente provados.

Já que, segundo laureados, a explicação espírita é destitu-ída de fundamentos positivos, únicos fatores que lhes possam permitir a arrogância altaneira de que se reveste quando se fala em Espiritismo. Era de se esperar que eles fossem sólidos e profun-dos, pois só assim justificariam o dogmático das afirmações. Infelizmente esse fundamento não existe. Não se conhecem as causas dos distúrbios mentais, girando os comentários em torno apenas das causas predisponentes ou das que facilitam a eclosão da moléstia. Também não se conhecem as lesões. Há doenças que alteram gravemente a per-

sonalidade e não determinam a mínima lesão perceptível no cérebro. São poucas as psico-patias acompanhadas de lesão anatômica do cérebro. Porém, na maioria delas quando se trata de pessoas equilibradas que, em dado momento, começam a apre-sentar sintomas de alienação, não se encontram lesões anatomo- patológicas cerebrais que possam ser responsabilizadas pelo dese-quilíbrio psíquico.

Morre um louco. Toma-se seu cérebro e pasma-se ante sua perfei-ção: todas as circunvoluções pre-sentes, todas elas normais, todas bem desenvolvidas. Estudam-se em minúcia as partes desse cére-bro. Fazem-se cortes. Leva-se ao microscópio e visualisam-se as células nervosas e seus prolon-gamentos. Nem assim se conse-gue surpreender o defeito desse sistema complicadíssimo. Nem a análise mais meticulosa revela onde está a lesão que é responsável pela loucura.

Chamam-nos tolos, por achar possível haver distúrbios men-tais causados pela influência dos Espíritos. No entanto, os próprios especialistas muito pouco sabem sobre as bases orgânicas dessas moléstias. Admira-nos que seja sobre bases tão pouco consistentes que se queira assentar as baterias estimadas a atacar e destruir a ex-plicação espírita. v

Fonte: Jornal Espírita. Junho/2001.

psicanálise

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FidelidadESPÍRITA | Março/2011 orientação

Coberto de razão está o Presidente da FEB, Juvanir Borges de Souza, quando alerta certas instituições espíritas para a incoerência dos ví-cios humanos, na forma de jogos, bingos, rifas, etc., ainda que com o objetivo superior da promoção social de carentes ou para a ma-nutenção da Casa que traz em sua fachada o título de espírita, a logomarca moderna do Cristo que dizemos amar.

Nenhuma doutrina, filosofia, religião ou seita explica tão racionalmente a incompatibilidade de jogos de azar com os princípios cristãos como o espírita.

Os jogos a dinheiro, a qualquer pretexto, condicionam a criatura à idéia do ganho fácil, do menor es-forço, da ilusão da sorte, etc.

Os que ganham vibram felizes,

numa alegria imerecida; os que perdem vêem-se frustrados e aza-rados pelo destino, como se Deus fosse proprietário de lotérica.

Há a evasiva explicação de que jogam para ajudar a instituição. Mentem a si próprios. Quem quer, sincera e conscienciosamente ajudar, ajuda sem jogar, tornando-se sócio e resgatando o compromisso a cada mês, por saber dos compromissos inadiáveis do Centro a que se fi-liou, tomado de ardor pela Nova Mensagem.

Dirigentes existem que justificam o jogo citando dados estatísticos da miséria humana, da indigên-cia social, mas não mostram em que página ou em que frase Allan Kardec ou qualquer outro benfeitor estimula esse procedimento.

O jogo desvia o dinheiro do pão, do leite, da passagem, animaliza as emoções, incita à competição, desestabiliza o lar e violenta, em

todas as circunstâncias, a estrutura espiritual da pessoa.

O jogo, quase sempre, está as-sociado à prostituição, ao fumo, ao álcool, à contravenção penal e a outros ilícitos combatidos pela so-ciedade que pretendemos reformar.

O espírita está livre para jogar, mas não está autorizado a fazê-lo em nome da Doutrina, que apre-goa emoções elevadas e equilíbrio nos pensamentos, palavras e ações.

De que adianta tentar curar um mal gerando outro?

Pior do que errar é permanecer no erro.

A advertência do Presidente da FEB merece ser meditada, antes que o Movimento Espírita se transforme em feira-livre ou mercado, em que o ganho do di-nheiro está acima da importância dos princípios. v

Fonte: O Espírita. Jan. Mar./ 1996

JOGOS E RIFAS

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com todas as letras

Fonte: MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág. 29. Editora Moderna. 1999.

Afi nal, quem está certo: os repór-teres e os locutores da Rede Globo, que pronunciam Roráima, ou os profi ssionais de outras emis-soras e a maioria da população, para os quais o nome do Estado é Rorãima?Do ponto de vista formal do idioma, não deve haver dúvida: a pronúncia recomendável é Rorãima, com som fechado. Até porque, na língua portuguesa, os ditongos (grupo de duas vogais) que vêm antes de m e n adquirem o som nasal dessas consoantes.Repare que não se diz andáime, mas andãime, não se diz fáina, mas fãina, nem Bocáina, mas Bocãina. Muito menos se chama a cidade paulista de Rifáina, mas de Rifãina. A mesma justifi cativa impõe as pronúncias polãina, plãina, comezãina, em vez de poláina, pláina, comezáina, etc.Os professores Luiz Antonio Sacconi, no dicionário de Pronúncia Correta, e Arnaldo Niskier, em Questões Práticas da Língua Portuguesa: 700 Perguntas, são taxativos: é Rorãima a forma correta.

Por que a confusão, então?

Ocorre que as tribos dominantes em Roraima - entre as quais as dos macuxis, uapixanas e tuarepangues - dizem Roráima, com som aberto. A propósito, a palavra de origem indígena, signifi ca “terra do grande vento”. O ex-correspondente de O Estado de S. Paulo em Boa Vista, Plínio Vicente, explica que os professores Dorval Magalhães e José Ferreira pesquisaram o assunto e seus estudos, com base na forma adotada pelos índios, foram decisivos para a adoção, naquele Estado, da pronúncia Roráima.Um conselho fi nal: deixe a pronúncia Roráima para os habitantes da região e diga, como sempre se fez no Brasil, Rorãima. O Estado, aliás, tem também a Serra de Picaraima (pronuncie Picarãima). v

PREFIRA ChAMAR O EStADO DE “RORÃIMA”POR EDUARDO MARTINS

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FidelidadESPÍRITA | Março/2011 mensagem

NO CAMPO“O campo é o mundo.” - Jesus. (Mateus, 13:38.)

Jesus tem o seu campo de serviço no mundo inteiro.

Nele, naturalmente, como em todo campo de lavoura, há infi -nito potencial de realizações, com faixas de terra excelentes e zonas necessitadas de arrimo, corretivo e proteção.

Por vezes, após fl orestas dadi-vosas, surgem charcos gigantescos, requisitando drenagem e socorro imediato.

Ao lado de montanhas aureo-ladas de luz, aparecem vales envol-vidos em sombra indefi nível.

Troncos retos alteiam-se, junto de árvores retorcidas; galhos mortos entram em contraste com frondes verdes, repletas de ninhos.

A gleba imensa do Cristo reclama trabalhadores devotados, que não demonstrem predileções pessoais por zonas de serviço ou gênero de tarefa.

Apresentam-se muitos operários ao Senhor do Trabalho, diaria-mente, mas os verdadeiros servi-dores são raros.

A maioria dos tarefeiros que se candidatam à obra do Mestre não

seguem além do cultivo de certas fl ores, recuam à frente dos pân-tanos desprezados, temem os sítios desertos ou se espantam diante da magnitude do serviço, recolhendo-se a longas e ruinosas vacilações ou fugindo das regiões infecciosas.

Em algumas ocasiões cos-tumam ser hábeis horticultores ou jardineiros, no entanto, quase sempre repousam nesses títulos e amedrontam-se perante os terrenos agressivos e multiformes.

Jesus, todavia, não descansa e prossegue aguardando compa-nheiros para as realizações infi -nitas, em favor do Reino Celeste na Terra.

Refl ete nesta verdade e enriquece as tuas qualidades de colaboração, aperfeiçoando-as e intensifi cando-as nas obras do bem indiscriminado e ininterrupto...

É certo que não se improvisa um cooperador para Jesus, entretanto, não te esqueças de trabalhar, dia a dia, na direção do glorioso fi m... v

Vinha de LuzEmmanuel/ Chico Xavier

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Cursos gratuitos Dias Horários Início

1º Ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de fi lmes (em telão)alusivos aos temas. Duração1 ano com uma aula por semana. 2ª Feira 20h00 - 21h30 07/03/2011

1º Ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de fi lmes (em telão)alusivos aos temas. Duração1 ano com uma aula por semana. domingo 10h00 - 11h00 13/03/2011

2º Ano 3ª Feira 20h00 - 22h00 01/02/2011 Restrito

2º Ano Domingo 09h00 – 11h00 06/02/2011 Restrito

3º Ano 4ª Feira 20h00 - 22h00 02/02/2011 Restrito

3º Ano Sábado 16h00 – 18h00 05/02/2011 Restrito

Evangelização da Infância Domingo 10h00 – 11h00 Fev / Nov Aberto ao público

Mocidade Espírita Domingo 10h00 – 11h00 ininterrupto Aberto ao público

Atendimento ao público

Assistência Espiritual: Passes 2ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao público

Assistência Espiritual: Passes 4ª Feira 14h00 - 14h40 ininterrupto Aberto ao público

Assistência Espiritual: Passes 5ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao público

Assistência Espiritual: Passes Domingo 09h00 - 09h40 ininterrupto Aberto ao público

Palestras Públicas Domingo 10h00 - 11h00 ininterrupto Aberto ao público

Rua Dr. Luís Silvério, 120Vila Marieta - Campinas/SP(19) 3233-5596

Ônibus: Vila Marieta nr. 348*Ponto da benjamim Constant em frente à biblioteca municipal.

Centro de Estudos Espíritas

Nosso Lar

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