nadia battella gotlib - a literatura feita por mulheres no brasil

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  • 5/24/2018 Nadia Battella Gotlib - A Literatura Feita Por Mulheres No Brasil

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    A literatura feita por mulheres no Brasil

    Ndia Battella Gotlib

    (Universidade de So Paulo)

    Para aprender o meu nome.

    Ceclia Meireles

    t! "ue me se#a en$im revelado "ue a vida em mim no tem o meu nome.

    Clarice %ispector

    Construir e desconstruir nomes ou sistemas de identidade $eminina. &sta ! uma via

    tril'ada pelas mul'eres "ue escrevem no Brasil. & pode ser um possvel camin'o para seler a produo cultural literria $eita por mul'eres no Brasil.

    no ncleo da "uesto

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    Sob tal perspectiva de leitura* Macab!a* a persona+em do breve romance intitulado 'ora da estrela* da escritora #udia (russa,ucraniana) e brasileira (nordestina,carioca)Clarice %ispector-/* constitui um ponto0c'ave* pois encarna* no seu estado demiserabilidade da identidade pessoal e social* +rande parte das mul'eres no Brasil. Semacesso a "ual"uer bem de produo* essa persona+em nordestina parte do serto de

    la+oas para uma +rande capital* a cidade do 1io de 2aneiro* onde vive na maiscompleta mis!ria* sem ter acesso 3 cultura de bens materiais* intelectuais e a$etivos. Notem condio de construir uma 'ist4ria* # "ue* 3 mar+em dos tril'os "ue direcionam osacontecimentos* a persona+em vive da cultura de sucata5 sobras dispensadas pelosoutros* os "ue t6m. Por isso resta0l'e apenas* por e7emplo* a bele8a rosada de outramul'er* Maril9n Monroe* em $oto recortada de p+ina de revista vel'a "ue ela pre+a na

    parede do seu "uarto su#o de penso.

    No entanto* vive em estado de pure8a. No tem noo nen'uma a respeito do mundo

    desumano "ue a cerca. & o "ue bem poderia ser* noutro conte7to de obra* uma :mconsci6ncia;* !* neste romance* um estado de 'umanismo latente. Macab!a vive*inc4lume 3s perversidades do mundo* um estado de condio 'umana ut4pica* "uedesconcerta o leitor5 ! ao mesmo tempo (sem saber "ue estava sendo) um pouco c

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    desi+ualdades sociais* pela considerao das di$erenas de se7o e pelas mltiplasimplica=es das "uest=es de +6nero* problemati8adas no corpo mesmo da representaoou construo simb4lica* sob a $orma da metalin+ua+em em arte literria.

    Pretende0se* neste te7to* determinar al+uns momentos mais si+ni$icativos dessa 'ist4riada literatura brasileira $eita por mul'eres* bem como da 'ist4ria dos estudos re$erentes 3mul'er no campo da literatura. e7posio parte da seleo de determinadas situa=ese7perimentadas pelas mul'eres nesse percurso de construo e desconstruo deima+ens de si* e7aminando0as na sua condio de persona+ens* na sua condio denarradoras e autoras e na sua condio de pes"uisadoras e crticas da literatura.

    a viso dos via#antes

    condio de subordinao da mul'er brasileira* numa sociedade patriarcal de passadocolonial* tal como noutros pases da m!rica %atina coloni8ados por europeus* dei7ouas suas marcas. Dalve8 a mais evidente delas se#a a do sil6ncio e a de uma aus6ncia*notada tanto no cenrio pblico da vida cultural literria* "uanto no re+istro das 'ist4riasda nossa literatura.

    Num dos arti+os pioneiros no sentido de mapear as :Caractersticas da 'ist4ria damul'er no Brasil;* escrito por Maria Beatri8 Ni88a da Silva* a autora a$irma5 :no temosacesso direto ao discurso $eminino seno tardiamente no s!culo EFE e at! ento temosde nos contentar em con'ecer os dese#os* vontades* "uei7as ou decis=es das mul'eresatrav!s da lin+ua+em $ormal dos documentos ou peti=es* mane#ada pelos 'omens. lin+ua+em masculina dos procuradores e advo+ados sobrep=e0se* de$ormando0a* a uma

    lin+ua+em $eminina ori+inal e inatin+vel.;-/

    Damb!m os depoimentos de via#antes "ue estiveram no Brasil no s!culo EFE re+istrama presena das mul'eres "ue a"ui viram > ou no conse+uiram ver. l+uns desteste7tos* reunidos pela 'istoriadora Miriam Moreira %eite* re$erem0se ao isolamento damul'er no meio dom!stico* se mul'er brancaH e aos vrios o$cios "ue e7ercia* semul'er ne+ra. 1ealam* em ambos os casos* pelo menos em incio do s!culo EFE* o

    bai7o rendimento cultural* # "ue no tin'am acesso 3 educao "ue l'es +arantisse aleitura e a escrita.

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    A o "ue a$irma* por e7emplo* um dos via#antes* B. ebret5 :esde a c'e+ada da Corteao Brasil tudo se preparara* mas nada de positivo se $i8era em prol da educao das

    #ovens brasileiras. &sta* em IJ* se restrin+ia* como anti+amente* a recitar preces decor e a calcular de mem4ria* sem saber escrever nem $a8er as opera=es. Somente o

    trabal'o de a+ul'a ocupava seus la8eres* pois os demais cuidados relativos ao lar soentre+ues sempre 3s escravas.;-K/

    Pouco tempo antes* um comerciante in+l6s* 2o'n %uccocL # observara "ue* entre asmul'eres da classe alta e m!dia* e especialmente as mais moas* :a i+norncia entre elas

    predominava;* o "ue era estimulado* pois :no se dese#ava "ue escrevessem; para "ueno $i8essem :um mau uso dessa arte;. ?bserva ainda "ue tais mul'eres viviam :muitomais reclusas "ue em nossa pr4pria terra.;-/

    & ! o pr4prio ebret "ue nota mudanas a partir de I* "uando a educao comeou atomar impulso de tal modo "ue :no ! raro encontrar0se uma sen'ora capa8 de manteruma correspond6ncia em vrias ln+uas e apreciar a leitura* como na &uropa.;-J/Ouanto 3s mul'eres ne+ras escravas* ocupavam0se do trabal'o em mbito dom!stico ouem o$icinas* sem receberem "ual"uer instruo* numa situao "ue 'averia de se

    prolon+ar por muito tempo. &ram artess5 $a8iam $lores* rendas* roupas. ?u erama+uadeiras* "uitandeiras* amas0de0leite. Con$orme observa Fda P$ei$$er* em I* :somantidos de prop4sito numa esp!cie de in$ncia (@) pois o despertar desse povooprimido poderia ser terrvel; e ento :a populao branca poderia tomar o lu+ar "ue !'o#e ocupado pelos in$eli8es ne+ros;.-/

    primeira le+islao re$erente 3 educao $eminina apareceu apenas em IQ*asse+urando os estudos elementares. & o in+resso de mul'eres em escola normal de SoPaulo aconteceu apenas em IQ* embora desde os anos essa escola recebesse alunosde se7o masculino.-Q/ Mesmo em meados do s!culo EFE* portanto* a mul'er permaneceisolada de ambiente cultural. & permanece isolada at! do convvio de pessoas na sua

    pr4pria casa. ? Conde de Su8annet* em via+em ao Brasil* no ano de IJ* observa "ue*

    se no 1io :as mul'eres tomam parte da vida social;* :no interior* uma pessoa podepassar semanas inteiras sob um teto sem nem ao menos entrever a mul'er e as $il'as dodono da casa.;-I/ ?utras mul'eres* caso recusassem casamento de conveni6ncia comrapa8 escol'ido pela $amlia* eram depositadas no convento* como o convento da #uda*e l $icavam 3s ve8es at! 3 morte* con$orme relata o via#ante D'omas &RbanL* em I.-/

    &m IJ* o via#ante +assi8 reitera5 :o nvel de ensino dado nas escolas $emininas !pou"ussimo elevado;* pois se desenvolve dos sete ou oito aos tre8e ou "uator8e anos*

    "uando* ento* so retiradas dos col!+ios e lo+o se casam. &mbora ten'a con'ecidomul'eres de :alta cultura;* considera "ue so e7ce=es* pois* :e$etivamente* nunca

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    conversei com as sen'oras brasileiras com "uem mais de perto privei no Brasil semdelas receber as mais tristes con$id6ncias acerca de sua e7ist6ncia estreita econ$inada.;-/ & complementa5

    :No ' uma s4 mul'er brasileira "ue* tendo re$letido um pouco sobre o assunto* no sesaiba condenada a uma vida de repress=es e constran+imento. No podem transpor a

    porta de sua casa* seno em determinadas condi=es* sem provocar escndalo. educao "ue l'es do* limitada a um con'ecimento so$rvel de Tranc6s e Msica*dei7a0as na i+norncia de uma multido de "uest=es +eraisH o mundo dos livros l'es est$ec'ado* pois ! redu8ido o nmero de obras portu+uesas "ue l'es permitem ler* e menorainda o das obras a seu alcance escritas em outras ln+uas. Pouca coisa sabem da'ist4ria do seu pas* "uase nada da de outras na=es* e nem parecem suspeitar "ue possa'aver outro credo reli+ioso al!m da"uele "ue domina no Brasil(@) &m suma* al!m docrculo estreito da e7ist6ncia dom!stica* nada e7iste para elas.;-/

    Portanto* o via#ante ou no v6 a mul'er* ou a v6* mas na"uilo "ue* para ela* no e7iste.Dal ol'ar* do "ue vem de $ora* estran'a e critica a recluso social e a i+nornciaintelectual da mul'er* ressaltando nela o seu no0estar (aus6ncia no lu+ar social de

    prest+io) e o seu no0saber ($alta de instruo). ssim sendo* o "ue e$etivamente e7istiapara a mul'er* ou se#a* o universo $eminino "ue se desenrolava nesse espao dom!stico*para al!m da descrio da super$cie dos +estos vistos como vitimi8ados* permaneceintocado pelo ol'ar estran+eiro masculino.

    a viso da escritora e crtica %cia Mi+uel Pereira

    Na tentativa de analisar o conte7to cultural da mul'er brasileira de modo sistemtico* aescritora brasileira %cia Mi+uel Pereira* "ue escreveu "uatro romancesproblemati8ando a "uesto da mul'er no Brasil no s!culo EE e "ue $oi tamb!m umaestudiosa e crtica da literatura-/* escreveu arti+o publicado em J* intitulado :smul'eres na literatura brasileira;* em "ue descreve a condio $eminina no Brasil-K/.

    percorre vrios te7tos "ue se re$erem ao papel da mul'er na sociedade brasileira*tentando $a8er no Brasil o "ue ir+inia Vool$ $i8era trinta anos atrs na Fn+laterra* comas con$er6ncias de I* depois revistas e publicadas com o ttulo de room o$ oneWs

    oRn-/. $iccionista e crtica* "ue lera e cita a ir+inia Vool$ da con$er6ncia diri+idapara moas de um col!+io in+l6s* procura nomes de escritoras brasileiras nos volumes

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    de 'ist4rias da nossa literatura e recorre a al+umas obras de escritores renomados parae7aminar como a mul'er aparece a representada.

    Nas 'ist4rias de literatura brasileira* encontra poucos nomes. Slvio 1omero* na suaXist4ria da %iteratura Brasileira* de II* mencionou apenas sete. & Sacramento BlaLe*no seu icionrio biblio+r$ico editado em II* menciona J. s re$er6ncias poderiamse estender a outras 'ist4rias de literatura.

    l!m da aus6ncia da mul'er no re+istro* $eito por 'omens* de produ=es literrias aolon+o da 'ist4ria de nossa literatura* a pes"uisadora det!m0se em al+uns e7emplos deaus6ncia da mul'er no campo social das atividades artsticas* detectando preconceitos"ue norteiam o comportamento da mul'er no Brasil.

    a obra Comp6ndio do Pere+rino da m!rica* escrita por Nuno Mar"ues Pereira-J/*de nacionalidade provavelmente portu+uesa* a crtica cita trec'o em "ue o narrador dconsel'os aos 'omens5 "ue eles no permitam "ue mul'eres :$il'as* irms* parentas e

    pessoas 'onradas de sua obri+ao* "ue estiverem debai7o de sua proteo* vo vercom!dias nem semel'antes $arsas (@);* pois :sairo de tais $un=es distradas e com

    pensamentos to estra+ados "ue no se poder re$ormar (tais pensamentos) em muitosdias;.-/ consel'a tamb!m a proibio do teatro e da Ypoesia cantadaW* como asmodin'as de omin+os Caldas Barbosa* :por"ue +rande $ora $a8 no se7o $eminino;* o"ual conse+ue :perverter e abrasar em um inc6ndio amoroso;.-Q/

    &mbora recon'ea e7ce=es* o "uadro +eral da condio da mul'er no s!culo EFFFprolon+a0se at! o s!culo EFE* "ue a escritora bem con'ecia* en"uanto leitora de &a deOueir4s e de Mac'ado de ssisH deste ltimo* $e8* alis* renomada bio+ra$ia.-I/ Uma+udo ceticismo aparece no comentrio "ue a escritora $a8 re$erente 3s mul'eres dosoitocentos.

    :essas doces don8elin'as* ariscas e sonsas* das cidas don8elas "ue* no encontrandomarido* se a+re+avam a parentes* em suas casas ve+etando "uase como aias* dessascasadas tementes aos maridos ou sorrateiramente os traindo* dessas matriarcasdecididas* no raro desp4ticas* compun'a0se a sociedade real* e a "ue povoava a$ico;.-/

    & depois do romantismo e do realismo* # no $inal do s!culo EFE* se+undo ainda a

    mesma escritora* tudo parece mudar. Mas no muda. s mul'eres tornam0se maisousadas na valori8ao do amor $sico* "ue substitui o amor sentimental* mas no '* a*

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    revoluo. &sses casos* de &vas arrebatadas* so considerados m4rbidos e e7cepcionais.No se altera a estrutura da $amlia* baseada na contin6ncia $eminina.

    Nos seus pr4prios romances* escritos nos anos e J do s!culo EE* a escritoraproblemati8a a "uesto dos pap!is sociais da mul'er* detectando preconceitos ecensuras* "ue causam $rustra=es e retrocessos no percurso das op=es porcomportamentos e atitudes a serem assumidas pela mul'er numa sociedade $ec'ada ealtamente codi$icada. No entanto* a viso "ue tem a escritora ao acompan'ar a 'ist4riada mul'er na literatura brasileira ao lon+o dos s!culos > do s!culo EFFF aos incios dos!culo EE > parece se pautar por uma crtica severa no dos mecanismos cerceadores*mas dos procedimentos adotados pela mul'er imune a a=es de uma prtica demudana. ? discurso crtico parece crispado por um certo rancor* na dennciaimpaciente dos tipos de mul'eres oitocentistas "ue se+uem* com disciplina* os pap!isinstitucionalmente impostos e aceitos.

    Taltaria* ainda* recon'ecer uma outra lin'a+em de mul'eres militantes dentro daliteratura (como persona+ens ou como autoras) e da sociedade (na militncia polticaatrav!s sobretudo do veculo #ornalstico) "ue desenvolveram trabal'o emancipat4rio

    preparador das condi=es "ue propiciariam* no s!culo EE* a implementao esolidi$icao de um movimento "ue poderamos c'amar de est!tica $eminista.

    as primeiras escritoras5 de Dere8a Mar+arida a Nsia Tloresta

    So do s!culo EFE os primeiros te7tos escritos por mul'eres brasileiras "ue t6m al+umadivul+ao entre o pblico letrado. t! l* nos tempos coloniais* a mul'er nada escreve*

    ou escreve mas os te7tos no aparecem* ou aparecem como e7ceo* entre maioria"uase absoluta de te7tos escritos por 'omens. ra8o ! simples5 apenas os 'omenstin'am acesso 3 educao $ormal* $ornecida no em universidades > cu#a criao emterras brasileiras $oi proibida pelo reino portu+u6s > mas em seminrios de vrias ordensreli+iosas.

    ssim mesmo* nem todos podiam $re"Zentar os seminrios. &m certos casos* lestudavam desde "ue no $ossem :pardos;. Poderiam tamb!m* sobretudo a partir dae7pulso dos #esutas* em QJ* receber as c'amadas aulas r!+ias* educao o$icial com

    apoio do rei portu+u6s* mas em :ensino escolar elo"Zente* ret4rico e imitativo > e* deresto* elitista e ornamental;* numa educao :voltada para a perpetuao de uma ordem

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    patriarcal* estamental e colonial;.-/ Xavia* ainda* a possibilidade do autodidatismo*$orma de educao no $ormal* em ambiente dom!stico. & ainda em territ4riodom!stico* 'avia distribuio da mat!ria de acordo com o se7o. e modo +eral* ao'omem era de pra7e se :ensinar a ler* a escrever e contar;* e 3 mul'er* :a coser* lavar* a$a8er rendas e todos os misteres $emininos;-/* "ue inclua a re8a. Se muitas mul'eres*

    sobretudo irms :$6meas; e sem dote* eram depositadas no convento* muitas tamb!mpassaram a manter escolas no pr4prio espao privado* a ensinado leitura* msica* cortee costura.-/

    No mais* aparecem nomes isolados de escritoras. A o caso de Dere8a Mar+arida da Silvae ?rta* $il'a de um portu+u6s e uma brasileira* "ue viveu desde os cinco anos emPortu+al. &screveu obra de cun'o moralista* intitulada venturas de i4$anes*considerada por al+uns como o primeiro romance brasileiro* # "ue a escritora nasceu noBrasil* e* por outros* como obra portu+uesa* # "ue a autora $oi "uando menina para

    Portu+al e nunca mais voltou ao Brasil.

    ? livro* publicado em Portu+al em QJ e "ue teve outras edi=es* portu+uesas ebrasileiras* tradu8 o +osto clssico* sob a inspirao das venturas de Del6maco* deT!nelon. 1evela erudio da mul'er "ue teve acesso 3 educao* iniciada em Portu+al*

    #unto 3s $reiras do convento das Drinas* onde aprende* por e7emplo* al!m do desen'o ebordado* idiomas anti+os e modernos* letras* 'ist4ria* msica* astronomia* $iloso$ia*teolo+ia. & revela tamb!m dose de e7peri6ncia de vida movimentada* de mul'ercora#osa "ue en$renta certos preconceitos. moa* contrariando a vontade da $amlia*"ue* alis* $e8 $ortuna no Brasil* $o+e de casa para se unir ao #ovem e pobre pro$essoralemo. Por isso ! deserdada* cabendo a $ortuna do pai ao irmo* tamb!m escritor*Matias ires da Silva de &a* autor de 1e$le7=es sobre a vaidade dos 'omens*

    publicado em %isboa tamb!m em QJ. Com $il'os* $ica viva* em QJK. Aperse+uida pelos #esutas* rebelando0se contra eles no te7to 1elao abreviada. Tica* noentanto* e por causas descon'ecidas* presa durante sete anos* at! a "ueda do Mar"u6s dePombal* "uando morre . 2os! e sobe ao trono . Maria F. 2 livre da priso* vive na

    pobre8a* em casa de um cun'ado* at! morrer* em QK.-K/

    Dais circunstncias de vida comprovam o conte7to europeu em "ue a escritora se$ormou e escreveu. &ntre o coloni8ador e o coloni8ado no e7iste ainda* praticamente*nen'um embate* pois o "ue a escritora parece carre+ar da terra ! apenas* al!m da$ortuna do pai* de "uem* alis* nada recebeu por"ue $oi deserdada* a marca de umanacionalidade em cinco anos de vida aparentemente diludos na marcante e7peri6ncia devida europ!ia.

    Num conte7to de cultura colonial em "ue a $undao de universidades era proibida e em

    "ue o anal$abetismo imperava* em "ue as tipo+ra$ias passam a $uncionar livrementeapenas depois de II* "uando a Tamlia 1eal c'e+a ao Brasil* os te7tos $eitos por

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    mul'eres* se e7istiram* devem ter circulado oralmente5 se assim $oi* encontram0se natradio da poesia e contos e cantos populares* territ4rio de cultura "ue merece aindacuidadosa investi+ao. ?utros te7tos por elas escritos $ariam parte de um conte7to decultura bem espec$ico5 o espao dom!stico re+istrado nos livros de receitas* dirios*cartas* simples anota=es* ora=es* pensamentos* lista de deveres e obri+a=es* "ue

    tamb!m* e$6meros* "uase na sua +rande maioria* desapareceram. Ouanto aos te7tos decarter mais artstico* constituiriam e7ceo. & so poucas as e7ce=es. Uma delasre$ere0se aos te7tos escritos por Nsia Tloresta Brasileira u+usta* considerada a

    primeira $eminista brasileira.

    Nascida no 1io Grande do Norte* no nordeste* em I* a menina ionsia GonalvesPinto-/ lo+o passa por uma primeira e mal$adada e7peri6ncia de casamento* aos Kanos de idade. Mora tamb!m em 1eci$e* onde o pai ! assassinado* e onde se casanovamente* com um acad6mico liberal. 1eci$e era* nesta $ase de Fndepend6ncia em

    relao ao trono portu+u6s* +rande centro de com!rcio aucareiro e tamb!m palco desucessivas rebeli=es "ue incentivavam a imprensa para a divul+ao das propostasliberais. & $oi l "ue a ento #ovem escritora iniciou uma militncia poltica e

    #ornalstica* de carter republicano* $avorvel 3 liberao dos escravos e 3 luta pelosdireitos da mul'er.

    Um dos seus mais importantes trabal'os ! uma adaptao do livro da in+lesa Mar9Vollstonecra$t (ou Mistriss GodRin)* o livro indication o$ t'e ri+'ts o$ Roman* "ueintitulou ireito das mul'eres e in#ustia dos 'omens* publicado em IK* "ue assina #como Nsia Tloresta Brasileira u+usta.-J/ Se+undo Constncia %ima uarte* a autora$a8 uma :traduo livre;* adaptando o te7to 3s circunstncias da realidade brasileira*tendo como resultado :o te7to $undante do $eminismo brasileiro;. $irma a crtica5

    :Nsia no reali8a* propriamente* uma traduo do te7to da $eminista. &la reali8a* sim*um outro te7to* o seu te7to sobre os direitos das mul'eres. Mar9 Vollstonecra$t l'e d amotivao ao colocar em letra impressa "uest=es pertinentes 3 mul'er in+lesa* voltadasnaturalmente para o pblico de seu pas. Nsia como "ue reali8a uma :antropo$a+ia

    libertria;. & poderamos ainda acrescentar5 no como opo* mas at! como $atalidade'ist4rica. Na de+lutio +eral das id!ias estran+eiras* era pra7e promover0se umaacomodao de tais id!ias ao cenrio nacional. A o "ue ela $a8. ssimila as concep=esde Mar9 Vollstonecra$t e devolve um outro produto* pessoal (@) e7trado da pr4priae7peri6ncia (@);.-/

    ssim sendo* ' pontos em comum5 :tanto na denncia da mul'er como classeoprimida como na reivindicao de uma sociedade mais #usta* em "ue ela se#arespeitada e ten'a os mesmos direitos. Damb!m so pontos comuns as denncias da

    superioridade $eminina apoiada na $ora $sica* a educao como o meio e$ica8 depromoo $eminina e o aparato $ilos4$ico de $eio iluminista. No mais* os te7tos se

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    distanciam tomando cada "ual o seu rumo* se+undo as motiva=es das autoras* opblico a "ue se destinavam e as peculiaridades da condio $eminina num e noutrolu+ar;.-Q/

    escritora in+lesa menciona a necessria :revoluo;* incluindo a e7i+6ncia de umaindepend6ncia econ

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    numa primeira edio italiana* em Tlorena* com mais um ensaio sobre : Mul'er; emais tr6s te7tos* num volume intitulado Cintila=es de uma alma brasileira*recentemente editado em portu+u6s.-K/ olta ao Brasil no decorrer da d!cada de Q.Mas permanece na &uropa at! morrer* com Q anos* em IIJ.-KK/

    obra de Nsia Tloresta* de variado assunto e +6nero* mostra sensibilidade e lucide8 aoabordar no s4 a bele8a da terra brasileira e de tantos pases europeus* mas a rebeldia dondio* a educao da mul'er e a luta pelos seus direitos* mantendo um $io de coer6nciaintelectual e demarcando* assim* um territ4rio preciso e seu* no espao de construo damul'er brasileira a camin'o da sua emancipao cultural.

    o periodismo $eminino

    Um dos veculos dessa emancipao* "ue possibilitou a divul+ao dos te7tos dasmul'eres* tanto literrios "uanto mais propriamente polticos* $oi a imprensa. &* dentroda imprensa* o periodismo $eminino. ? primeiro deles $oi provavelmente* se+undoulclia S. Buitoni* o #ornal carioca ? &spel'o iamantino* lanado em IQ.-K/esde ento* outros #ornais $eitos por mul'eres $oram $undados com a inteno de tratarde "uest=es li+adas 3s mul'eres e* por ve8es* problemati8ando "uest=es importantes decarter poltico* incluindo a o direito ao voto.

    Mas a mat!ria era* em +eral* variada. Um dos pioneiros* intitulado Correio das Modas(IK0I)* tra8ia :bastante literatura* cr

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    pelo su$r+io $eminino* 2ose$ina [lvares de 8evedo escreveu pea de teatro intitulada? voto $eminino* em IK* "ue $oi representada no Deatro ramtico do 1io de 2aneiro.

    & tem re+ularidade tamb!m* uma :revista literria; publicada na virada do s!culo* emSo Paulo* intitulada Mensa+eira* diri+ida por Presciliana uarte de lmeida* deIQ a .-KI/ revista* centrada em "uest=es re$erentes 3 mul'er* tem como ei7odas considera=es a necessidade da educao $eminina* no sentido de se proclamar* nas

    palavras da diretora* :a i+ualdade na di$erena;. Dradu8 posi=es mais conservadoras*na de$esa de uma educao da mul'er "ue no inter$ira no papel de me e esposa* noaceitando* con$orme a$irmao de um colaborador da revista* :nem a mul'er "ue vota*nem a mul'er "ue mata\;.-K/ & insere tamb!m arti+os mais avanados* "ue de$endemo voto $eminino e o trabal'o como instrumento de independ6ncia econ

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    abolicionismo e o republicanismo* mas atrelada ainda aos laos $ortes de uma tradiobur+uesa calcada no e7clusivismo dos seus pap!is sociais dom!sticos.

    Colaboram na revista tanto escritoras da se+unda metade do s!culo EFE* provenientesda era romntica* como Narcisa mlia* "uanto escritoras "ue continuaro a escreverpelo incio do s!culo EE* at! a se+unda d!cada* na $ase do pr!0modernismo brasileiro*como 2lia %opes de lmeida.

    Nesta se+unda metade do s!culo EFE* portanto* as mul'eres +an'am pro+ressivamenteespao cultural* ainda "ue de modo um tanto acan'ado e "uase "ue sem repercussonacional* sobretudo se se encontram em re+i=es a$astadas da re+io sudeste (do 1io de2aneiro e de So Paulo* por e7emplo). l!m disso* a maioria das mul'eres escritoras da

    !poca acumula 3 atividade da escrita* um trabal'o didtico* mais ou menospro$issionali8ado* e um trabal'o #ornalstico* na divul+ao das propostas de teor$eminista* mais ou menos politicamente en+a#ado.

    A o caso de* por e7emplo* Maria Tirmina dos 1eis* pro$essora de $amlia 'umilde* "ueescandali8ou cidade do interior do &stado "uando $undou* em II* uma sala de aulamista* $ormada por meninos e meninas. l!m de poesia e de romances "ue tratam darelao entre brancos e ndios* publicou tamb!m um romance intitulado ]rsula* emIJ* em So %us (do Maran'o). Se o enredo se+ue o padro romntico* de amor*incesto e morte* o romance anuncia uma nova postura da mul'er diante de problemassociais* denunciando* de uma perspectiva abolicionista* os 'orrores do escravismo. Sobesse aspecto* a escritora avana ao de$ender certos valores* como por e7emplo* ale+itimidade da rebelio do $il'o bac'arel em relao ao pai tiranoH o seu pro#eto de secasar com uma #ovem sem "ual"uer dote e a sua ami8ade por um escravo. & avanatamb!m "uando atribui ao escravo uma $orte personalidade.-K/

    Persiste* no entanto* ao lon+o do s!culo* a id!ia preconceituosa de "ue 3 mul'er no

    compete inter$erir nos assuntos de poltica. Narcisa mlia (de ?liveira Campos)* pore7emplo* "ue tamb!m $oi pro$essora* no 1io de 2aneiro* e "ue publicou seus poemas emIQ* em volume intitulado Nebulosas* de$endia id!ias liberais democrticas*abolicionistas e republicanas* e por isso recebeu crticas severas. Guimares 2nior* emcarta a ami+o* de IQK* re$erindo0se 3 escritora* a$irma5 :em suas composi=es polticas

    parece "ue dei7a de lado a alma* para tomar a baioneta* cousa bem pouco $eminina;.-/ Damb!m C. Terreira* no Correio do Brasil* do 1io de 2aneiro* em IQ* # se

    pronunciara5 :Mas perante a poltica* cantando as revolu=es (@)* endeusando asturbas* ac'o0a simplesmente $ora de lu+ar (@) o mel'or ! dei7ar -o talento da ilustredama/ na sua es$era per$umada de sentimento e sin+ele8a;.-J/

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    Mas as mul'eres consideradas como $ora de lu+ar # 'aviam* a essa altura* de$inido umalin'a de ocupao do seu espao pr4prio. Sob tal perspectiva* !lia* pseud

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    Nessa lin'a de enredo traado nos meandros das miude8as da vida $amiliar bur+uesa 0na cidade +rande ou no meio rural pitoresco 0 * desenvolve0se a prosa de 2lia %opes delmeida (I0K)* em mais de anos de atividade literria dedicados tanto 3 $ico

    "uanto ao #ornalismo.

    Nas de8enas de livros publicados (entre romances* contos* cr

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    mon4lo+os e dilo+os 0 recurso "ue permite a $ala* direta* das mul'eres e 'omens arespeito dos seus pr4prios problemas* na maioria* con#u+ais.

    Partindo sempre de situa=es banalssimas do cotidiado* sur+em os detal'es decomportamento* em tom bem 'umorado* usados teatralmente* a +arantirem a e$iccia dote7to como uma esp!cie de com!dia de costumes. Neste conte7to ! "ue sur+e uma desuas persona+ens* a mul'er consciente mas inoperante* "ue se recon'ece como :bonecade carne e osso; e :mais nada;* mas sem $ora para se livrar dessa depend6ncia. & mais5sem nem mesmo ter palavras para se $a8er entender pelo marido@-J/ a o tom duplo"ue estes contos,cr

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    a mscara. & para a mul'er* ela paira* sob o inv4lucro de c'ap!us com v!us e plumas*"ue sinali8am uma aparente e boa consci6ncia e o dever tamb!m aparente do bem0estarsocial.

    2 na poesia do incio do s!culo* pelo menos duas tend6ncias se sobressaem. Na lin'a datradio 'erdada do $inal do s!culo EFE e "ue persistem* em al+uns casos* at! os anos do s!culo se+uinte* persiste a poesia "ue prima pelo acabamento nos moldes

    parnasianos* na tril'a de um dos lderes desse movimento5 o poeta ?lavo Bilac. A o casoda escritora Trancisca 2lia* por e7emplo* "ue mant!m repert4rio temtico de +osto+reco0latino e cultiva sonetos imitados dos poetas0'omens "ue considerava mestres. t!nos pr4prios ttulos nota0se o aplacamento de nsias e emo=es* "ue so praticamentedomesticadas em $avor da ob#etividade e dos ri+orosos compromissos $ormais. Um dosseus livros de poemas intitula0se Mrmore* publicado em IJH e outro* # de *intitula0se &s$in+es. Neste* um dos poemas intitula0se :Musa impassvel;...

    Mrio de ndrade* na c!lebre s!rie de arti+os intitulados :Mestres do Passado; epublicados em So Paulo* no 2ornal do Commercio* em * ao criticar os parnasianos?lavo Bilac* 1aimundo Correa* lberto de ?liveira* icente de Carval'o* inclui a suacrtica a Trancisca 2lia "ue* se+undo o crtico* era didtica e tamb!m :+elada;@esacri$icava a poesia 3 arte de :$a8er belos versos;.-JK/

    Paralelamente* um outro tipo de poesia se instaura5 a poesia er4tica de GilLa Mac'ado*"ue $oi muito divul+ada no seu tempo. Contrariamente a cole+as suas "ue tentavamaplacar sensa=es e sentimentos e procuravam* ao $a8er poesia* no se mani$estaren"uanto mul'eres* GilLa Mac'ado ele+e o dese#o $eminino como principal motivo deconstruo po!tica.

    os anos* inicia uma carreira po!tica marcada por dados de uma sensibilidade ntimada mul'er* patente nos ttulos de livros de poemas5 Cristais partidos* de JH &stados

    de alma* de QH Mul'er nua* de H Meu +lorioso pecado* de I. Nesses poemas*embora 'a#a cuidados de teor parnasiano* a poeta adota solu=es de teor simbolista* "ue$uncionam como vlvulas de escape de suas puls=es sensoriais. ?s sentidos socultivados at! com certo re"uinte* re+ados a per$umes de sndalo* manacs* rosas*violetas e sempre0vivas. & a sensualidade +an'a espao* em poemas sobre temas at!ento proibidos5 o :cio;* :a volpia;* por e7emplo.-J/ Mas as sensa=es* de carterliberador* so mobili8adas em poemas de ansiedade e de denncia social do papel damul'er reprimida.

    l!m de reivindicar o direito de tomar decis=es a respeito do pr4prio corpo e o direitode sua representao sob a $orma po!tica* a poesia de GilLa Mac'ado vai mais al!m5

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    acusa os a+entes opressores > os 'omensH e proclama a re#eio dessa $orma reprimidade ser mul'er.

    crtica* diante dessa escritora $orte e decidida* adotou soluo curiosa5 de$endeu amul'er0 esposa e me. lis* GilLa Mac'ado bati8ou a $il'a com o nome de &rosolsia* menina "ue 'averia de se tornar bailarina $amosa* com e7perimenta=es nalin'a da dana de motivos nacionais brasileiros. ssim como a crtica de$endeu amul'er0esposa e me* separou0a da mul'er0artista e

    poeta.-JJ/ Portanto* incapa8 de admitir as duas em uma* dividiu a GilLa Mac'ado emduas. Uma delas ! a :poetisa de ima+inao ardente* transpirando pai7o carnal nosseus nervos;H e a outra ! :a mais virtuosa das mul'eres e a mais abne+ada das mes;.-J/ artista ainda no podia ser socialmente aceita como uma mul'er "ue tem > e "uemani$esta > seus dese#os.

    a ecloso do modernismo e o romance social

    Curiosamente* na d!cada de * en"uanto as mul'eres se notabili8avam pela produoplstica* as escritoras continuavam a escrever como os 'omens de antes > adotandoposturas de um romantismo* um parnasianismo ou um simbolismo tardio. ?u escreviamcomo mul'eres* misturando tend6ncias* mas desbravando um novo repert4rio temtico*marcado pelo sensualismo vi+oroso* "uando* ento* eram vistas com reservas por essemesmo pblico.

    &mbora a literatura $eita por mul'eres nos anos no ten'a ainda sido su$icientemente

    e7aminada* pode0se* at! o presente momento* a$irmar* com base nos dados de "uedispomos* "ue a literatura $eminina dos anos no teve o mesmo vi+or e divul+ao"ue as artes plsticas produ8idas pelas mul'eres neste mesmo perodo. nita Mal$atti*em Q* com suas desen'os e 4leos de cun'o e7pressionista,cubista* inau+urava omodernismo* c'ocando a opinio pblica de concepo mais conservadora* de "ue nos$icou documento primoroso do ponto de vista do re+istro da recepo5 o depoimento deMonteiro %obato "ue* surpreso e desorientado* pre$eria devolver para um outro o "uedessa arte recebera* per+untando* desconcertado* se tal pintura seria uma paran4ia(loucura "ue levava o artista a perse+uir o espectador) ou seria uma misti$icao($in+imento do artista "ue dava como sendo bom o "ue era ruim).-JQ/

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    Se sua arte no a+radou a %obato* nem mesmo a al+uns modernistas* como Darsila domaral* # estava $eita a primeira revoluo nas artes plsticas brasileiras. abdicaodo $i+urativismo acad6mico cedia terreno 3s cores $ortes* pinceladas lar+as* eme7press=es conturbadas de so$rimentos e anomalias mentais* num tipo de pintura edesen'o "ue valori8ava a ener+ia* tanto da musculatura da $i+ura 'umana* "uanto dos

    elementos "ue inte+ravam paisa+ens.

    & Darsila do maral inau+urava* a partir de J* com seu parceiro e marido ?sRald dendrade* a arte pau0brasil* ap4s c!lebre via+em passando Semana Santa em MinasGerais e Carnaval no 1io de 2aneiro. Mais tarde* por volta de I* o c'amado :casalDarsiRald; (Darsila e ?sRald de ndrade casaram0se em )* pratica a arte daantropo$a+ia* inau+urada com "uadro de Darsila do maral* intitulado :baporu; (o'omem "ue come carne 'umana)* arte "ue teve mani$esto* revista* muitos "uadros*

    poemas* crticas e* nesse mesmo ano* Macunama* de Mrio de ndrade.

    Danto na $ase do pau0brasil "uanto na $ase da antropo$a+ia* a arte de Darsila do maralinventa um novo modo de ol'ar a realidade brasileira* pela volta 3s ra8es da suacultura* relendo toda uma 'ist4ria* retradu8indo0a mediante o desrecal"ue do "ue at!ento era considerado secundrio e indi+no de entrar no rol dos repert4rios plsticos5 ascores rosa e a8ul* por e7emplo. Cria um Brasil +eometri8ado* com cores e $ormasvariadas* de teor in$antil e ale+re* na $ase pau0brasil. Cria um Brasil onrico* com cores$ortes e intensas* remetendo a lendas* mist!rios e mitos populares* na $ase daantropo$a+ia.

    Mas na literatura no 'ouve uma mani$estao das mul'eres correspondente 3participao das mul'eres nas artes plsticas nesse momento de ecloso modernista.Nen'uma mul'er participou* como escritora* da Semana de . & as "ue na !pocaescreviam* na sua maioria $iliavam0se a movimentos "ue provin'am do s!culo EFE. Noentanto* o modo de participao de tais escritoras na vida cultural brasileira dos anos ainda est para ser devidamente avaliado.

    No $inal da d!cada de sur+e uma escritora "ue $uncionar como uma esp!cie desmbolo da ponte entre o +rupo modernista dos anos * esteticamente inovador* e o+rupo dos escritores en+a#ados politicamente "ue atuaro ap4s a 1evoluo de K* a"ual p=e $im 3 c'amada 1epblica el'a dominada pela oli+ar"uia ca$eeira.

    Patrcia Galvo* c'amada Pa+u* nos seus de8oito anos* $oi recebida pelo casal Darsila domaral e ?sRald de ndrade. Pa+u seria a pr47ima mul'er de ?sRald de ndrade e

    iria escrever* em K* com pseud

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    Dalve8 a $i+ura de Pa+u* marcada pela militncia poltica* ten'a sido o seu trao maisimportante* sobretudo com suas cr

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    romancista prima por praticar recursos "ue $avorecem o dinamismo da narrativa*como $rases brevssimas em lin+ua+em tele+r$ica* ima+ens0$las'es $oto+r$icas ereunidas por cola+em* se+undo os moldes do modernismo dos anos . Mas o romancese sobressai mais pelo seu tom de $irme incon$ormismo* buscando novos camin'os de

    ao prtica e evitando o peri+o da simples e passiva constatao da vitimi8ao damul'er e do 'omem* a+ora* unidos ou en"uanto operrios* ou en"uanto militantes*diante das circunstncias ne$astas de desi+ualdade social.

    &ste tamb!m ! o ei7o central do romance escrito por 1ac'el de Oueiro8 em KQ*intitulado Camin'o de pedras. epois de se dedicar ao romance nordestino* abordando otema da $amosa seca de J* no romance por isso intitulado ? "uin8e* de K* aescritora conta a 'ist4ria de mul'er "ue escol'e o seu compan'eiro5 abandona o marido"ue ela no ama e se une a um outro 'omem* en$rentando os preconceitos "ue tal

    deciso provoca.

    Tica* do romance* uma especial sensibilidade da narradora em relao 3 persona+em$eminina* "ue aparece representada na sua inte+ridade de carter* marcada pela $irme8ae pertincia nos camin'os polticos e a$etivos. ? e"uilbrio mani$esta0se no percurso daao* entre o comportamento individual e coletivo. ?s $atos da intimidade* "ue a$lorame se e7pandem* revertem em a=es prticas de satis$ao* e"uilibrando0se com os davida social* "ue se #usti$icam na prtica da militncia poltica. e um lado* a pai7o. eoutro* a revoluo. & os dois* unidos nesta dupla e 'armoniosa causa. Concluindo5 diria"ue 'ouve* nesse romance* por parte da sua autora* 1a"uel* a construo de uma $eli8coincid6ncia5 o 'omem amado ser tamb!m o cole+a poltico...at! "ue um $inal in$eli8 ossepare.

    Nesta 'ist4ria* parece 'aver muito da 'ist4ria da pr4pria autora* "ue* com seus Q anosde idade* # 'avia passado por boa literatura com seu c!lebre ? Ouin8e* e # 'avia

    passado pelo Partido Comunista* de K a KKH e ! presa como trotsL9sta nestemesmo ano de KQ* #ustamente no ano da publicao deste romance* o Camin'o de

    pedras.

    Mas se e7iste uma conteno estrutural "ue asse+ura permanente e"uilbrio entre $orasindividuais e sociais* t

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    momentos de sutile8a* em "ue se espera tudo e* aparentemente* nada acontece a no sero $lu7o irremedivel do sentimento* simplesmente acontecendo* como se $osse umcrime5 :essa $ora invencvel arrastando* $a8endo a+ir* e essa lucide8 melanc4lica eimpotente constatando;.-/

    Toi #ustamente esta capacidade de perceber nuances de um comportamento $emininoapai7onado "ue se v6 abandonar 3s suas $oras 0 o "ue considero* tal como a"ui $oiconstrudo* uma "ualidade 0 * $oi #ustamente este $ato "ue a crtica no recon'eceu* aoelo+iar seus valores de escritora. ?lvio Montene+ro* por e7emplo* e #ustamente no:Pre$cio; deste livro* atribui o valor da escritora ao $ato de* em nen'um de seusromances* dei7ar :trair (mani$estar) o sentimentalismo do seu se7o;* pois o "ue adistin+ue* a$irma ele* ! ser :uma personalidade viril;...-J/

    Uma das boas ra8=es "ue encontra para elo+iar os livros 0 e talve8 tivesse ra8=es paraisso 0 ! "ue a escritora* al!m de ser 'omem na escrita* no :se det!m tampouco emnen'uma $antasia.; Parece no 'aver ele lido o trec'o em "ue e7iste a entre+a da

    persona+em $eminina principal a um son'o de libertao. & no 'averia como e7ecutar*na prtica* o pro#eto de libertao do camin'o de pedras 0 individual e coletivo 0 sem sedei7ar levar por estes camin'os de areia do ima+inrio* sacudindo* de ve8 em "uando*os sapatos* na $eli8 compan'ia do amante camarada.

    ?s romances de %cia Mi+uel Pereira* ainda nos anos K* no t6m a t

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    $elicidade* "uando tem caso com um su#eito "ue mal con'ece e constr4i* assim* o seu:se+redo;. (Clarice %ispector diria5 a sua :$elicidade clandestina;.) Oue dura* alis*muito pouco.

    estrutura romanesca tradu8* nesse universo $ec'ado e severo* os resultados de umae7peri6ncia de vida da autora "ue se desenvolveu em ambiente de $ormao cat4licaacentuada* li+ada ao +rupo om ital* no 1io de 2aneiro* a "ue se somariam outrase7peri6ncias5 a de mul'er casada com 'istoriador de renome* ?tvio Dar"unio deSousaH a de mul'er de +rande atividade intelectual* tamb!m $uncionria da Secretaria de&ducao e Cultura e da Biblioteca de &ducao* inte+rante da comisso Mac'ado dessis* encarre+ada da publicao das obras desse autorH a de bi4+ra$a 0 de Mac'ado dessis e de Gonalves iasH a de tradutora* ensasta* #ornalista* e* sobretudo* crtica.

    ?s romances tra8em as marcas dessa $ormao. estrutura do primeiro deles* Maria%ui8a* inclui di+ress=es de ordem reli+iosa* $ilos4$ica* moral* voltadas* na maioria* paraas $ases da e7peri6ncia da persona+em "ue camin'a do dever ao pra8er* e do pra8er*novamente ao dever* passando* ao $inal* por toda sorte de morti$ica=es* at! a con$issoe absolvio. & se a lin+ua+em ! bem or+ani8ada* sem +randes lances ima+sticos*restrin+e0se ao andamento epis4dico* com amarrao um tanto $rou7a entre al+unscaptulos. & ! no se+undo* &m Surdina* "ue a narradora desenvolve uma verdadeirain"uisio a respeito do "ue ! a vida de mul'er carioca* com pap!is sociais bemdemarcados.

    nuncia* pois* e critica* as vrias op=es de vida da mul'er5 se casada* escrava*dependente $inanceiramente e mentirosaH ou casada e me* verdadeira criadeira*decadente $isicamenteH ou ainda casada e separada tra+icamenteH ou casada sema$inidade com o marido e in$iel a ele. este emaran'ado de $un=es* s4 a solteira sesalva* conservando certa di+nidade 0 ainda "ue sem muita ale+ria. &ste retrato de $amlia

    brasileira carre+a um substrato moralista de crtica 3 avare8a* ao 'edonismo* aoadult!rio* aos pra8eres e7a+erados* ao e+osmo* ao casamento sob variadas $ormas* aocomportamento estereotipado. & de$ende a liberdade ainda "ue relativa e a criao

    literria.

    autora denuncia* pois* a presso das conven=es de $amlia* a submisso da mul'erdiante de tal peso e os vcios de uma $amlia aparentemente bem comportada. No 'satis$ao pessoal nessas rela=es convencionais. Simplesmente por"ue tais rela=es soconvencionais* ou se#a* a e7peri6ncia aparece $iltrada pela barreira das re+ras movidas a'ipocrisia de uma sociedade "ue perdeu o sentido da e7peri6ncia de sua pr4priaautenticidade. Perdeu0se a pr4pria identidade primitiva* nica +arantia possvel desobreviv6ncia 0 diria 0 criativa e* assim* ori+inal.

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    constatao dessa perda de identidade e a sua problemati8ao* pela prtica de umalin+ua+em literria* ! o "ue a poesia de Ceclia Meireles e a prosa de Clarice %ispectore$etivamente e7ecutam* nas d!cadas subse"uentes* a partir da d!cada de .

    a poesia de Ceclia Meireles

    Ceclia Meireles* por sua "ualidade po!tica* marcou a 'ist4ria de nossa poesia no s!culo

    EE. sua poesia mostra cuidado $ormal ri+oroso. ?s versos bem medidos t6mmusicalidade* com nuances de ritmos e cad6ncias* e plasticidade* em ima+ens "ue sedistribuem com variedade cromtica de tons past!is. delicade8a* "ue +era leve8a nos+estos e $inos traos* pode ser uma t

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    Como resultado da primeira* cria uma poesia "ue* ainda se+undo Mrio de ndrade*:parece totalmente sem assunto_.-QK/ & "ue se pauta por uma preocupao "ueatravessa a sua produo po!tica* a de e7perimentar _$emininamente* al!m das

    l+rimas* a an+ustiada volpia de ter um nome;* usando* para atin+ir tal meta* umat!cnica _ener+icamente ade"uada_. & dando va8o a uma _alma +rave e modesta*bastante desencantada* simples e estran'a ao mesmo tempo* pro$undamente vivida. &silenciosa_.-Q/ a talve8 a constante do tema do auto0retrato* em ima+ens "uetradu8em a temporariedade dos $atos e sua $luide8 em $lu7o vital* trans$i+urando0se em+uas* ares e mares.

    a se+unda vertente de sua poesia* a do seu pendor popular* sur+e a marca damusicalidade em sons "ue constr4em can=es e serenatas. Cultivando um lirismo de

    tradio medieval* a escritora e7ercita a oralidade em lin+ua+em lmpida. & dessapes"uisa* adv!m o seu 1omanceiro da Fncon$id6ncia* de JK* "uando sua poesia +an'aainda nova dimenso* mediante a construo do retrato nacional do pas em momento decrise e de luta* mediante de$esa de reivindica=es de carter poltico "ue alimentaram aFncon$id6ncia Mineira.

    Nesse trabal'o +an'a vi+or a autora poeta e tamb!m pes"uisadora dos utos daevassa* estudiosa do $olclore brasileiro* en"uanto pro$essora da 'o#e UniversidadeTederal do 1io de 2aneiro (na !poca Universidade do istrito Tederal)* onde lecionou%iteratura %uso0Brasileira e D!cnica e Crtica %iterria.

    ? poema 'ist4rico monta0se em "uadros sucessivos mediante cola+em de cenas eretratos de persona+ens envolvidos no movimento pela nossa independ6ncia eautonomia* em obra de maturidade po!tica* em "ue o lirismo social pisa $irme o c'o da'ist4ria. & assume o tom de denncia* a partir do compromisso de luta. cusa* entretantos erros* o de$eito da corrupo pelo ouro. & o da in#ustia.

    ? con#unto da obra po!tica de Ceclia Meireles caracteri8a0se* pois* por uma dimensoindividual > a mul'er buscando sua ima+em > e tamb!m por uma e7peri6ncia dedimenso coletiva > no campo poltico das reivindica=es de carter libertador.

    Se+uindo a tril'a dessa primeira vertente da poesia de Ceclia Meireles* muitas outrasescritoras vo procurar* no espao da representao artstica da literatura* a suaidentidade de mul'er. &ntre elas* d!lia Prado* "ue se recon'ece :desdobrvel; e "ue*

    na sua :ba+a+em; drummondiana* incorpora um cotidiano em :dor sem amar+ura; 0e7presso "ue* a meu ver* # bem tradu8 o clima po!tico de sua obra.-QJ/ Fnstala0se 3

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    vontade neste ponto de encru8il'ada de mltiplos pap!is* "ue e7i+em versatilidade e at!acrobacia. ssume atribui=es "ue vai simplesmente incorporando* sem ri+orosastria+ens eletivas nem e7i+6ncias constran+edoras. dere a si* de bom +rado e de bom'umor.

    &m poesia plantada no cotidiano mineiro de ivin4polis a mul'er come :arro8* $ei#o0rou7in'o* mol'o de batatin'as;* tem o `!* bonito* do lado* tem $il'os e compadres* tem$!* "ue d certe8a e tem eus* "ue d tudo. Dalve8 por isso* rodeada de tanta +raa* se#a

    poesia "ue mais responde "ue per+unta.

    Parece 'aver uma +radao neste percurso po!tico5 da sensao vida* perturbadora* deGilLa Mac'ado* at! a suavidade serena* inda+adora* de Ceclia Meireles* e desta* at! a

    con$iana $irme e inabalvel da $!* em d!lia Prado* em universo de certe8as "ue* noentanto* se des$a8...em al+umas outras escritoras contemporneas.

    A o caso de na Cristina C!sar* "ue 'abita um ponto e7tremo da contund6ncia e daener+ia problemati8adora* no s4 nos seus poemas* mas nos seus te7tos te4ricos ecrticos* todos de carter pol6mico* de muita erudio* de a+uda curiosidade* de raralucide8. i$icilmente um mundo po!tico se encontra to alimentado pelo pr4priouniverso das ima+ens da arte* da palavra* do livro* da e7peri6ncia artstica* en$im. &nesse mundo marcado pelos tempos do p4s0modernismo* nele tudo cabe e nada*$inalmente* ! verdade5 lu+ares de vrios pases* cita=es de vrios autores* peas devrios +uarda0roupas* num misto de ma+icista e de camel< ambulante de cidade +rande.-Q/

    Num mural virtual de op=es* cu#o suporte ! sempre a sensao intensa e desesperada*as ima+ens se somam* por cola+ens* cita=es* remiss=es* numa esp!cie de clica+em*ancorada em duas propostas de anti+a lin'a+em $eminina5 o dirio ntimo 0 $iccional*sim* mas "uem sabe tamb!m autobio+r$ico^ 0 em "ue o eu se encontra diante de si

    mesmoH e a correspond6ncia ou carta* em "ue o eu se diri+e a um outro supostamenteausente. Oual a ra8o dessa desen$reada interlocuo* no sentido de sempre "uerermobili8ar al+u!m^ e sempre "uerer atin+ir esse ponto* do eu* do outro* esticando amal'a po!tica at! as ltimas conse"u6ncias^ & tal ponto e7tremo l'e c'e+a* mesmo* soba $orma do suicdio.

    a prosa de Clarice %ispector

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    ntecedendo a contund6ncia e7trema de na Cristina C!sar* Clarice %ispector tentatamb!m levar 3s ltimas conse"u6ncias a capacidade de resist6ncia da lin+ua+em* numa

    arte YsuicidaW. esmanc'a a realidade $eita* assim* de capas* de inv4lucros* de mscaras.& reconstr4i* do caos primitivo* ou dos cacos de um caos primitivo* restos de umacivili8ao $alida* um #eito novo de ver* ao mesmo tempo enviesado* perscrutrador*diri+ido a pro$undidades remotas e arcaicas* mas recon'ecidas na realidade desuper$cie em "ue se desnudam* ou simplesmente aparecem* por um ol'ar tamb!mloucamente direto.

    Sob este aspecto* a literatura de Clarice pode ser considerada como um cora#osoprocesso de desconstruo* pela via da lin+ua+em* ela tamb!m* a todo momento*

    "uestionada* inserindo0se* assim* na $!rtil lin'a+em de literatura metalin+ustica donosso s!culo. novidade dessa literatura reside* talve8* no $ato de submeter o discursoa essa prova de resist6ncia* elastici8ando o movimento de tenso at! um pontodeterminado "ue* no seu caso* ! o do encontro de si consi+o mesmo* "ue !* ao mesmotempo* um outro* "ue ! o outro tamb!m social* e "ue* a certa altura* se trans$i+ura emnada.

    No decorrer do percurso* a certa altura* sob a $i+ura do parado7o* Fn$erno e Paraso see"uivalem. & por um instante* no ' seno sil6ncio. * :a vida se me !;* como a$irmaem Pai7o se+undo G.X.-QQ/* ap4s os di$ceis passos de uma via0sacra "ue levam a

    persona+em a se apro7imar do pior e mel'or de si mesma 0 a barata 0 at! se recon'ecera como essa mat!ria reles* arcaica* mat!ria viva pulsando.

    ? #o+o de alteridade* praticado sob di$erentes con$i+ura=es em "uase toda a obra deClarice %ispector* desde os primeiros contos dos anos * encontra uma e"uival6nciameta$4rica de carter social no seu ltimo romance publicado em vida* Xora da&strela.-QI/ Neste* o :drama em lin+ua+em; 0 para usar e7presso do crtico Benedito

    Nunes-Q/ 0 * $a80se pelo desdobramento # tpico dessa autora5 o indivduo "ue* aorecon'ecer0se como tal* aparece # desdobrvel num eu e num outro* cada umdesdobrando0se* por si* em mais dois* e assim sucessivamente.

    essa $orma* Clarice assina seu nome de autora sobre os tre8e ttulos "ue d aoromance. & cria um outro* 1odri+o* "ue ir escrever o romance* criando* por sua ve8*uma outra* a Macab!a* "ue tem nome de ori+em #udia e ! nordestina pobre 0 como*alis* a pr4pria Clarice. e7peri6ncia individual 0 a mul'er em busca de seu outrocriando esse outro em "ue se espel'a 0 $a80se em vrios nveis5 autora "ue vira narrador

    "ue vira persona+em de si mesma* persona+em "ue tamb!m ! o narrador e tamb!m ! aautora.

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    Numa das cenas "ue representam tal acopla+em o escritor 1odri+o v6 a nordestina aoespel'o e :no espel'o aparece o meu rosto cansado e barbudo. Danto n4s nos

    intertrocamos;.-I/ Dermo e$ica8* este* o da intertroca* para tradu8ir a monta+em dessaconstruo de ima+ens,persona+ens "ue se desdobram ao lon+o da obra "ue se $a8.

    Numa outra cena ! Macab!a "ue* ap4s receber a notcia de "ue seria despedida doempre+o* vai ao ban'eiro :para $icar so8in'a por"ue estava toda atordoada; e l se v6

    #o+ada em duplo* en7er+ando0se ora como Ynin+u!mW* ora com a Yde$ormaoW5 :?l'ou0se ma"uinalmente ao espel'o "ue encimava a pia imunda e rac'ada* c'eia de cabelos* o"ue tanto combinava com sua vida. Pareceu0l'e "ue o espel'o bao e escurecido nore$letia ima+em al+uma. Sumira por acaso a sua e7ist6ncia $sica^ %o+o depois passou a

    iluso e en7er+ou a cara toda de$ormada pelo espel'o ordinrio* o nari8 tornado enormecomo o de um pal'ao de nari8 de papelo. ?l'ou0se e levemente pensou5 to #ovem e

    # com $erru+em;.-I/

    ? espel'amento de eus $a80se no s4 no campo das classes sociais* mas no de +6neros ede culturas. autora Clarice ! a "ue supomos "ue con'ecemos5 muito pobre* en"uantoimi+rante #udia passando $ome no nordeste* at! os seus do8e anos 0 ou vivendo tamb!mmiseravelmente "uando c'e+a ao 1io de 2aneiro* onde vive dos aos KH ou no di+orica* mas de classe alta* en"uanto casada com diplomata* vivendo no e7terior* primeirona Ftlia* depois na Sua* Fn+laterra* &stados Unidos. & ! a Clarice novamente bem

    pobre* mas sobrevivendo por atividade artstica* precisando escrever cr

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    Paralelamente 3s classes* as respectivas culturas5 a escritora Clarice e o escritor 1odri+ot6m o bem cultural da escrita. So autores. &* al!m disso* pertencem 3 lin'a+em dosautores "ue "uestionam essa cultura* metalin+uisticamente* com so$istica=es re$inadas.

    o criar* com pra8er e dor* desdobram0se num outro* nas suas criaturas* como Macab!a.&sta* como datil4+ra$a* copia apenas. No s4 su#a o papel* com dedos de un'as curtasdemais e maltratadas* como copia errado* sem saber o "ue si+ni$icam as palavras.&screve :desi+uinar;. & per+unta o "ue ! :cultura;. ive de cultura de massa e desucata5 ouve msicas sentimentais pelo rdio* aprende coisas de almana"ue ("ue* pore7emplo* uma mosca leva I dias para dar volta ao mundo* caso voe em lin'a reta) erecorta anncios das revistas "ue outros l6em.

    Damb!m sucedem0se* em cadeia* os +6neros. ? $eminino de Clarice cria o masculino de

    1odri+o "ue* por sua ve8* cria o neutro de Macab!a* "ue no se descobre socialmentelocali8ado5 mar+inal* no ! mul'er nem 'omem* ! coisa. ssim* tanto pode ser YlidaWcomo $ora positiva* "uanto ne+ativa* ou se#a* nela tudo cabe por"ue ela nada !. Paira*superior* acima das mes"uin'arias de uma sociedade como a nossa* re+ulada peloimp!rio das apar6ncias $alsas e en+anosas* e a paira sem nem ter consci6ncia de "uerepresenta YissoW* esse mila+re de resist6ncia* di+na de um macabeu* "ue sobrevive*apesar de tudo e de todos* emitindo* na vo8 $raca e na morte na sar#eta* o +rito mudo dereivindicao de um lu+ar onde possa son'ar 0 e se casar com o loiro estran+eiro* bonitoe rico. &n$im* onde possa tornar0se su#eito de uma 'ist4ria* at! ento manipulada pelosoutros donos do saber* inclusive pelo seu proprietrio intelectual* o escritor* "ue vive 3scustas dessa persona+em "ue no pode viver ao seu lado* numa sociedade onde eletamb!m* poderoso* vive escrevendo* criando e...matando Macab!as.

    'ist4ria de amor do romance tamb!m se desdobra* em tantas outras5 ! a 'ist4ria deamor de Clarice por 1odri+o* este narrador do seu romance* criatura sua* modelada paraessa $uno de contar a 'ist4ria. A a 'ist4ria de amor de 1odri+o por sua persona+emMacab!a* criatura sua* modelada para essa $uno de contar de "uanta mis!ria 0 e* aomesmo tempo* "uanta +rande8a 0 se $a8 a condio 'umana. & ! a 'ist4ria de amor deMacab!a por ?lmpico* o bandido "ue "uer ser deputado. ?u por Xans* o moo bonito

    anunciado pela cartomante.

    i$icilmente* na 'ist4ria da nossa literatura 0 de 'omens e de mul'eres 0 'ouve um"uestionamento do intelectual de tal enver+adura e cora+em. Captulo subse"uente dosromances sociais dos anos K* esse romance de Clarice %ispector desmiti$ica* oudesconstr4i tamb!m* a $i+ura do intelectual* do escritor* do artista* "ue ! um dos "uet6m* em contraste com o seu ob#eto de arte* ou persona+em* o "ue no tem. Numae7peri6ncia da di$erena "ue se $a8 por dentro 0 ' os "ue cosem por $ora* eu coso paradentro* a$irmava Clarice 0 . a YverdadeW dessa in#ustia social sur+e no por teorias* nem

    por plata$ormas revolucionrias. Sur+e por e7peri6ncia desmiti$icadora5 desmonta o "ue

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    est $eito. & ! assim tamb!m "ue cada um con"uista a sua 'ora da estrela* em momentode e7trema +rande8a e mis!ria.

    ? dese#o 0 como mani$estao de um "uerer* "ue ! simultaneamente con$i+urado comoindividual e coletivo 0 * tradu80se* tamb!m em Clarice* tal como o $oi no incio dos!culo com 2lia %opes de lmeida* por um ardoroso ape+o ao detal'e e por umaaparente li+eire8a e banalidade* como se a nada $osse importante* mas num tomdescompromissado "ue esconde* perversamente* sob a $orma da mscara* uma outrarealidade.

    Nesse espel'amento a mul'er* de l para c* mudou muito. Sempre em estado desolido e* por ve8es* de insatis$ao* tais estados de dese#o so elaborados literariamente

    sob di$erentes ol'ares* por essas mul'eres. Um passeio pela li+eire8a do cotidiano*como trao "uase caricaturesco de uma sociedade em mida $esta da banalidade* com2lia %opes de lmeida. Uma re$le7o da condio social com aparel'amentoideol4+ico mar7ista* mediante e7perimenta=es modernistas* com Pa+u0Mara %oboHsensvel* com aberturas para e7peri6ncias da $antasia* em 1ac'el de Oueiro8Hestritamente $amiliar* a partir do peso da estrutura conservadora* em %cia Mi+uelPereira. & metalin+uisticamente* em etapas sucessivas* +radativas* ritualisticamente*num processo desconstrutor radical* em Clarice %ispector.

    t! essa Xora de &strela* a Mul'er teve de percorrer um lon+o e penoso camin'o.$inal* no ! $cil recon'ecer0se* a partir do tudo com "ue nos deparamos* no e7tremonada de "ue todos* 'omens e mul'eres* somos $eitos. & em "ue* parado7almente* amul'er encontra seu bril'o pr4prio. Nessa altura* no entanto* # no se v6 mais* pois est$eito o percurso necessrio :para desaprender o seu nome;* con$orme e7presso min'a

    para parodiar* 3 moda de Clarice %ispector* o verso de Ceclia Meireles. Sem espel'o*sem ima+em* sem re$le7o* na con"uista de si mesma* a mul'er0persona+em # pode

    pairar* an ser nada e nin+u!m >por um $lu7o narrativo "ue escava* em pro$undidade* os inv4lucros ou arti$ciosculturais "ue aba$am a selva+eria instintiva* pode ser considerada como uma nova etapade nossa antropo$a+ia cultural. ? mundo da privacidade recalcada e at! m4rbida damul'er* no seu espao $amiliar de "ue se v6 na maioria das ve8es prisioneira* e adimenso coletiva em "ue a mul'er descortina a consci6ncia de seu no0espao*mar+inal e massacrado* ser assunto de outros romances $emininos* como os de %9+iaTa+undes Delles e %9a %u$t* por e7emplo.-IK/ Mas o "ue se sobressai nesse ltimoromance de Clarice %ispector ! o +rau de "uestionamento "ue leva a mul'er at! oe7tremo limite de sua capacidade desconstrutora.

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    t! o presente momento* ! o +rito de Macab!a na sua 'ora de a+onia e morte* "uandocon"uista a +rande8a da dimenso 'umana pelo poder de resist6ncia num conte7toadverso* "ue ainda ecoa* $orte* como msica de $undo de toda uma 'ist4ria da mul'er naliteratura brasileira.

    os estudos $eministas

    Pode0se a$irmar "ue os estudos da mul'er na literatura brasileira sur+em* no Brasil*como conse"u6ncia das "uest=es at! a"ui anunciadas. Se ' te7tos es"uecidos* 'necessidade de recuper0los* ressuscitando0os das p+inas manuscritas* ou de primeirasedi=es escondidas nas estantes* ou de reedi=es es+otadas. Drata0se* neste primeirocaso* de trabal'o de res+ate.

    Com tal inteno* $oram $undadas editoras especiali8adas em te7tos escritos pormul'eres* na maioria com prop4sitos de divul+ao de trabal'os em vrias reas decon'ecimento a$ins-I/* li+adas ou no diretamente a a+6ncias de $omento e a +rupos de

    pes"uisa espec$icos sobre mul'eres.-IJ/

    Pes"uisas de mbito re+ional so incentivadas* visando o levantamento de dadosre$erentes a escritoras de vrias cidades ou &stados do Brasil* em estudos "ue se $a8emnecessrios* tendo em vista a enorme e7tenso territorial do pas e a diversidade deculturas a e7istentes. Pressup=em a pes"uisa a peri4dicos de !poca* a livros* a catlo+ose a demais $ontes "ue possam permitir um mapeamento da produo literria e

    #ornalstica de cada re+io* bem como das trocas culturais* mediante estudos de

    recepo. ? levantamento* relativamente recente* tem contribudo para "ue se determineum corpus bsico* para "ue* ento* se possa proceder 3s etapas subse"uentes de anlisecrtica e interpretativa das obras* acompan'adas de um sistemtico balano das

    premissas metodol4+icas mais ade"uadas ao ob#eto em "uesto.

    Como produto desse trabal'o* t6m sur+ido reedi=es importantes* como as de escritorasdo s!culo EFE* tanto as "ue se dedicaram ao romance-I/* como 3 poesia-IQ/* 3 cr

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    livros de mem4rias de mul'eres.-/ Damb!m in$orma=es teis aparecem sob a $ormade verbetes re$erentes a* por e7emplo* mul'eres ensastas.-/

    Num se+undo bloco* situam0se os estudos "ue tentam reler os te7tos escritos pormul'eres > e por 'omens* com o ob#etivo de praticar um novo modo de ler* de cun'o namaioria das ve8es $eminista. inda "ue* dentro dessa lin'a* possam ser assumidasdi$erentes posturas te4ricas* metodol4+icas e crticas* tais estudos t6m mostrado* demodo +eral* uma dupla perspectiva5 ora a adoo de uma lin'a+em an+lo0sa7

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    Num balano crtico datado de incio dos anos * Xeloisa Buar"ue de Xollandarecon'ecia tr6s lin'as mestras de estudos no +rupo de trabal'o mul'er na literatura*

    "ue denominou de5 literatura e $eminismo* literatura e $eminino* literatura e mul'er.-/ primeira vertente* recon'ece como sendo a de carter participante* :absorvendo desdea pes"uisa no sentido da recuperao da 'ist4ria silenciada da produo $eminina at! aanlise dos paradi+mas patriarcais e lo+oc6ntricos da literatura can

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    ? est+io atual dos estudos at! o momento desenvolvidos* sobretudo no "ue se re$ere ao"uestionamento de $undamentos bsicos de metodolo+ia de trabal'o e 3 divul+ao de

    te7tos literrios es"uecidos e de $ontes primrias de pes"uisa* mostra "ue a literatura$eminina no Brasil se viabili8a como um campo $!rtil de investi+ao* "ue vemcontribuindo para* mediante o dilo+o interdisciplinar* estender os resultados de talinvesti+ao ao mbito mais +eral das ci6ncias 'umanas* aper$eioando a discusso de"uest=es "ue envolvem o ser no campo mais +eral da cultura brasileira. ? ser e osnomes do ser.

    00000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

    -/ ? romance 'ora da estrela* de Clarice %ispector* $oi publicado em QQ* ano damorte da escritora* "ue ocorreu em de8embro desse ano.

    Clarice %ispector nasceu em Dc'ec'elniL (Ucrnia)* em * "uando via#ava para oBrasil* onde viveu durante dois anos na cidade de Macei4* no estado de la+oas* e emse+uida* at! os seus anos* na cidade de 1eci$e* capital do estado do Pernambuco. sduas cidades esto situadas no nordeste do Brasil* re+io muito pobre sobretudo nointerior (serto)* em "ue a mis!ria se a+rava devido a lon+os perodos de seca. (C$.5

    Ndia Battella Gotlib* Clarice* uma vida "ue se conta. So Paulo* [tica* J.)

    -/ Maria Beatri8 Ni88a da Silva* :Caractersticas da Xist4ria da Mul'er no Brasil;.1evista do Fnstituto de &studos Brasileiros* So Paulo* Q5QJ0* IQ* p. IQ. Drata0sede trabal'o pioneiro no sentido de se tentar um mapeamento dos estudos re$erentes 3Y'ist4ria das mul'eresW no Brasil na rea das ci6ncias sociais.

    -K/ Miriam Moreira %eite (or+.)* condio $eminina no 1io de 2aneiro. S!culo EFE.So Paulo* Xucitec,FN%* I* p. I.

    -/ pud Miriam Moreira %eite (or+.)* ob. cit.* p.I.

    -J/ pud Miriam Moreira %eite (or+.)* ob. cit.* p..

    -/ pud Miriam Moreira %eite (or+.)* ob. cit.* p.Q.

    -Q/ 2une &. Xa'mer* mul'er brasileira e suas lutas sociais e polticas (IJ0KQ).So Paulo* Brasiliense* I* p. KK.

    -I/ pud Miriam Moreira %eite (or+.)* ob.cit.* p. K.

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    -/ pud Miriam Moreira %eite (or+.)* ob. cit.* p. K0J.

    -/ pud Miriam Moreira %eite (or+.)* ob. cit.* p.Q.

    -/ pud Miriam Moreira %eite (or+.)* ob. cit.* p.Q0QJ.

    -/ ?s romances publicados por %cia Mi+uel Pereira (K0J) so5 Maria %u8a*KKH &m surdina* KK (reeditado em )H man'ecer* KIH Cabra0Ce+a* J.l!m desses romances* escreveu tamb!m livros de literatura in$antil.

    -K/ %cia Mi+uel Pereira* :s mul'eres na literatura brasileira;. n'embi. 1io de2aneiro* no * vol. EFF* n. * de8.,J* p..

    -/ ? livro de ir+inia Vool$ $oi tradu8ido para o portu+u6s em edio brasileira como ttulo de Um teto todo seu (Drad. de era 1ibeiro. 1io de 2aneiro* ed. Nova Tronteira*

    IJ).

    -J/ Nuno Mar"ues Pereira (J0QK^) publica o seu Comp6ndio do Pere+rino dam!rica em QI* contando as aventuras de um pere+rino "ue parte pelo serto

    brasileiro para converter ao bom camin'o moral e reli+ioso* os ambiciosos e7ploradoresde minas* bem como outras pessoas "ue o pere+rino ia encontrando pelo seu camin'o.

    -/ omin+os Caldas Barbosa (1io de 2aneiro* c.Q 0 %isboa I)* mestio*msico* tocador e cantador de viola* compun'a e acompan'ava modin'as e lunduns. Toi$undador da Nova rcdia* academia para cultivo da poesia e da orat4ria. &screveu*com pseud

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    -/ Mar9 el Priore* :1itos da vida privada;. Xist4ria da vida privada no Brasil* v. 5Cotidiano e vida privada na m!rica portu+uesa. So Paulo* Compan'ia das %etras*Q* p. QJ0KK.

    -K/ Para biblio+ra$ia re$erente 3 atividade literria de Deresa Mar+arida da Silva e ?rta*ver5 Nell9 Novaes Coel'o* : ima+em da mul'er no s!culo EFFF5 venturas dei4$anes* de Deresa Mar+arida;. 1evista da Biblioteca Mrio de ndrade* n. KJ(:Fma+ens da mul'er;)* #an.0de8. J* p. J0K.

    -/ Nasceu a de outubro de * no stio Tloresta* perto de Papari (estado dela+oas). C$. Constncia %ima uarte* Nsia Tloresta. ida e obra. Natal* UT1N&ditora Universitria* J* p..

    -J/Nsia Tloresta Brasileira u+usta* ireitos das mul'eres e in#ustia dos 'omens.(Draduo livre do ori+inal indication o$ t'e ri+'ts o$ Roman* de Mar9

    Vollstonecra$t). Fntroduo* notas e pos$cio5 Constncia %ima uarte. So Paulo*Corte8* I.

    -/ Constncia %ima uarte* :Nos prim4rdios do $eminismo brasileiro;. &m5 NsiaTloresta Brasileira u+usta* ireitos das mul'eres e in#ustia dos 'omens. (Draduolivre do ori+inal indication o$ t'e ri+'ts o$ Roman* de Mar9 Vollstonecra$t).Fntroduo* notas e pos$cio5 Constncia %ima uarte. So Paulo* Corte8* I* p.Q0I.

    -Q/ Constncia %ima uarte* ob. cit.* p.I.

    -I/ Constncia %ima uarte* ob. cit.* p..

    -/ C$. Maria D'ere8a Caiub9 Crescenti Bernardes* Mul'eres de ontem^ 1io de2aneiro* S!culo EFE. So Paulo* D. . Oueiro8 editor* I.

    -K/ Nsia Tloresta Brasileira u+usta* ?psculo Xumanitrio. Fntroduo e notas5Pe++9 S'arpe0aladares. So Paulo,Corte8* Braslia,FN&P* I.

    -K/ Nsia Tloresta Brasileira u+usta* ob. cit.* p. J.

    -K/ ? ensaio : Mul'er; $oi tradu8ido para o in+l6s pela $il'a de Nsia Tloresta epublicado com o ttulo :Voman;* em %ondres* em IJ* por G. ParLer* %ittle St.ndreR Street* Upper* St. Martin %ane. (C$. Constncia %ima uarte* :Fntroduo;*em5 Nsia Tloresta Brasileira u+usta* Cintila=es de uma alma brasileira* Drad. deMic'ele artulli* Tlorian4polis* &ditora Mul'eres0&ditora da Unisc* Q* p. EFE.).

    &ditora Mul'eres* responsvel por esta publicao* tem reeditado outros te7tosescritos por mul'eres* privile+iando as escritoras brasileiras do s!culo EFE (! o caso doromance %!sbia* por Maria Benedita Borman ou !lia* de IH e do volume Mul'eresFllustres do Bra8il* de . F+ne8 Sabino* de I) e incio do s!culo EE (! o caso de Silveirin'a* romance de 2lia %opes de lmeida* de * por e7emplo). editora tem

    no prelo uma ntolo+ia de escritoras brasileiras do s!culo EFE* or+ani8ada por `a'id!%. Mu8art. Damb!m com esta $inalidade* o Fnstituto Nacional do %ivro iniciou em IQ

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    uma coleo intitulada :1es+ate;* "ue publicou* por e7emplo* em co0edio com aPresena edi=es* Correio da roa* de 2lia %opes de lmeida* romance epistolar deK* e oleta* romance de lbertina Berta* de .

    -KK/ er5 Constncia %ima uarte* Nsia Tloresta. ida e ?bra. Natal* UT1N &ditora

    Universitria* J.

    -K/ ulclia Sc'roeder Buitoni* Fmprensa Teminina. So Paulo* [tica* I. C$.ulclia Sc'roeder Buitoni* Mul'er de papel. representao da mul'er pela imprensa$eminina brasileira. So Paulo* %o9ola* I.

    -KJ/ ulclia Sc'roeder Buitoni* ob. cit.* p. KI.

    -K/ 2une &. Xa'mer* mul'er brasileira e suas lutas sociais e polticas (IJ0KQ).So Paulo* Brasiliense* I* p. KJ.

    -KQ/ ? Se7o Teminino $oi $undado pela pro$essora Trancisca Sen'orin'a da Mottaini8* em Campan'a da Princesa* em Minas Gerais. C$. 2une &. Xa'mer* ob. cit.* p. J.

    -KI/ Mensa+eira. 1evista literria dedicada 3 mul'er bra8ileira* iretora5 Prescilianauarte de lmeida. &dio $ac0similar. v. Comentrios5 `uleiLa lambert. So Paulo*Fmprensa ?$icial do &stado* Secretaria de &stado da Cultura* IQ.

    -K/ 2. ieira de lmeida* :C'ronica omnimoda;. Mensa+eira* ano F* n. K* J nov.IQ* v. * p. KK.

    -/ Maria mlia a8 de Carval'o* : mul'er do $uturo;. Mensa+eira* ano FF* n. K*K a+o. I* v. FF* p. K.

    -/ Maria Clara da Cun'a Santos* :Carta do 1io;. Mensa+eira* ano F* n. * K de8.IQ* v. F* p. I0IK.

    Fra# ! bairro da cidade do 1io de 2aneiro.

    -/ Fnteressante observar a meno 3 ento contempornea produo literria $eminina*pela re$er6ncia a escritoras brasileiras sob a $orma de notcias* num relato YvivoW* emtom de cr

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    -J/ C$. Norma Delles* ob. cit.* p. .

    -/ C$. Norma Delles* ob. cit.* p. K0KJ.

    -Q/ Para o estudo da cultura literria da belle0!po"ue* sobretudo no "ue se re$ere 3

    participao das mul'eres nos sal=es literrios* ver5 2e$$re9 . Needell* Belle Apo"ueDropical5 Sociedade e cultura de elite no 1io de 2aneiro na virada do s!culo. Drad. CelsoNo+ueira. So Paulo* Compan'ia das %etras* K.

    -I/ Trancisca Clotilde* ivorciada. Tortale8a* . ele ' edio recente5Trancisca Clotilde* ivorciada. 1omance. . ed. atuali8ada* acrescida de estudoscrticos de ?taclio Colares* n+ela Barros %eal* Ndia Battella Gotlib. Cear* DerraBrbara* .

    -/ A o caso do manual em "ue d consel'os 3s noivas* publicado com o ttulo de ?livro das noivas em I.

    -J/ 2ulia %opes de lmeida* :Cada ve8 "ue@;. &m5 &les e &las. . ed. 1io de 2aneiro*Trancisco lves* * p. 0I.

    -J/ 2ulia %opes de lmeida* ob. cit.* p.IJ.

    -J/ 2ulia %opes de lmeida* ob. cit.* p. .

    -JK/ Mrio de ndrade* :Mestres do Passado;* em5 Mrio da Silva Brito* Xist4ria doModernismo brasileiro5 ntecedentes da Semana de rte Moderna. . ed. 1io de2aneiro* Civili8ao Brasileira* Q* p. J0.

    -J/ GilLa Mac'ado* :Nocturno FFF;. &m5 Poesias (J0Q). 1io de 2aneiro*2acint'o 1ibeiro dos Santos* I* p. K. (&sta edio rene Cristais Partidos e &stadosde alma).

    -JJ/ Uma leitura da $ortuna crtica de GilLa Mac'ado desenvolvo em5 Ndia BattellaGotlib* :Com dona GilLa Mac'ado* &ros pede a palavra. (Poesia er4tica $eminina

    brasileira nos incios do s!culo EE).; Polmica5 1evista de crtica e criao. So Paulo*n. * I* p. K0Q. er5 S9lvia Pai7o* $ala0a0menos5 represso do dese#o na

    poesia $eminina. 1io de 2aneiro* Nmen* .

    -J/ Xumberto de Campos* Crtica. . ed. 1io de 2aneiro,So Paulo,Porto le+re* V.M. 2acLson* J* p. .

    -JQ/ Monteiro %obado* : prop4sito da &7posio Mal$atti;. ? &stado de S. Paulo* de8. Q. ? arti+o* "ue $icaria con'ecido atrav!s de um outro ttulo* :Paran4ia ouMisti$icao^;* encontra0se transcrito em5 Mrio da Silva Brito* Xist4ria domodernismo brasileiro. F > ntecedentes da Semana de arte Moderna. . ed. 1io de2aneiro* Civili8ao Brasileira* Q* p. J0J.

    -JI/ Mara %obo (Patrcia Galvo)* Par"ue Fndustrial. So Paulo* KK.

    -J/ Fdem* ibidem* p. I.

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    -/ Fdem* ibidem* p. KI.

    -/ C$. Ndia Battella Gotlib* : mul'er artista* a mul'er arteira5 Pa+u* ou uma certapo!tica poltica dos anos K;. Belo Xori8onte* Cadernos do Ncleo de &studos e

    Pes"uisas sobre a Mul'er, UTMG* n. * nov. II* p. K0Q.

    -/ Pa+u* : Bai7a da lta;. :? Xomem do Povo; n. * I mar. K. Fn u+usto deCampos (?r+.)* ob. cit.* p.I.

    -K/ 1ac'el de Oueiro8* Camin'o de Pedras. Q. ed. 1io de 2aneiro* 2os! ?l9mpio* Q*p.J.

    -/ 1ac'el de Oueiro8* ob. cit.* p. .

    -J/ ?lvio Monene+ro* Pre$cio. Fn5 1ac'el de Oueiro8* ob.cit.* p.FFF.

    -/ %cia Mi+uel Pereira* Maria %ui8a. 1io de 2aneiro* Sc'midt* KK.

    -Q/ %cia Mi+uel Pereira* &m Surdina. K. ed. 1io de 2aneiro* 2os! ?l9mpio ed.* Q.

    -I/ %cia Mi+uel Pereira* man'ecer. 1io de 2aneiro* 2os! ?l9mpio ed.* KI.

    -/ %cia Mi+uel Pereira* Cabra0Ce+a. 1io de 2aneiro* 2os! ?l9mpio ed.* J.

    -Q/ Dais propostas encontram0se desenvolvidase em5 Ndia Battella Gotlib* :Nemaus6ncia* nem desventura5 ser poeta;. 1evista da Biblioteca Mrio de ndrade* n. JK5Fma+ens da Mul'er (?r+.5 Ben#amin bdala 2nior)* #an.0de8.J* p.J0.

    -Q/ madeu maral* :Ceclia Meireles;. &m5 ? &lo+io da Mediocridade. So Paulo0Xucitec* Secretaria de Cultura do &stado de So Paulo* Q* p. J0.

    -Q/ Mrio de ndrade* :ia+em.; &m5 ? &mpal'ador de Passarin'o. K. ed. So Paulo*Martins* Q* p.0.

    -QK/ Mrio de ndrade* ob. cit.* p. K.

    -Q/ Mrio de ndrade* ob. cit.* p. .

    -QJ/ Dal tend6ncia anuncia0se desde seus primeiros livros publicados* Ba+a+em e ?corao disparado* "ue sur+iram pela &ditora Nova Tronteira em QQ e QI*respectivamente.

    -Q/ tend6ncia ! patente no s4 nos seus poemas reunidos em* por e7emplo* teusp!s (So Paulo* Brasiliense* IQH esta edio tra8* al!m dos poemas de teus p!s*tamb!m os poemas de Cenas de abril* Correspond6ncia completa* %uvas de pelica).parece tamb!m em outros te7tos da autora* como em &scritos da Fn+laterra (SoPaulo* Brasiliense* II) e &scritos no 1io (So Paulo01io de 2aneiro* Brasiliense0&d.

    da UT12* K).

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    -QQ/ Clarice %ispector* Pai7o se+undo G.X. () . ed. 1io de 2aneiro* 2os!?l9mpio ed.* Q* p. Q.

    -QI/ Clarice %ispector* Xora da &strela (QQ) . ed. 1io de 2aneiro* 2os! ?l9mpioed.* QI.

    -Q/ Benedito Nunes* ? drama da lin+ua+em5 Uma leitura de Clarice %ispector. SoPaulo* [tica* I.

    -I/ Clarice %ispector* ob. cit.* p. I.

    -I/ Clarice %ispector* ob. cit.* p. K.

    -I/ Clarice %ispector* ob. cit.* p. .

    -IK/ Dais escritoras t6m sido privile+iadas pela crtica* ao lado de > apenas para citar

    al+uns e7emplos 0 N!lida Pion* `ulmira 1ibeiro Davares* 1ac'el 2ardim. entre aspoetas* Xilda Xilst e ?rides Tontella. & dentre as mais #ovens* na Miranda e MarileneTelinto. l!m de trabal'os acad6micos e livros "ue t6m como assunto a leitura analticae crtica da obra de cada escritora* t6m sido publicados volumes de ensaios e arti+osre$erentes a vrias escritoras.

    -I/ A o caso da editora Mul'eres* diri+ida por pro$essoras de literatura da UniversidadeTederal de Santa Catarina. l+umas dessas editoras mant6m vnculo institucional e soli+adas a Universidades de mbito $ederal ou estadualH outras* so empresas

    particulares.

    -IJ/ Damb!m com o ob#etivo de incentivar e divul+ar pes"uisas em torno da Ymul'erW*tem $undamental importncia o trabal'o desenvolvido pela Tundao Carlos C'a+as*com pro#etos implementados desde o $inal da d!cada de Q5 o primeiro :Pro#etoMul'er; da Tundao Carlos C'a+as* subvencionado pela Tundao Tord* ! de QHdesde QI a Tundao vem mantendo concursos para dotao de pes"uisa sobre amul'er brasileira e publicando os resultados. Neste sentido* ! pioneira a publicao deMul'er Brasileira5 Biblio+ra$ia notada* em dois volumes* em So Paulo* pelaTundao Carlos C'a+as e editora Brasiliense5 o primeiro volume* com dados

    biblio+r$icos re$erentes 3 produo da mul'er nas reas de Xist4ria* Tamlia* +ruposAtnicos e Teminismo* em IH o se+undo* com dados re$erentes 3s de Drabal'o*

    ireito* &ducao* rtes e Meios de Comunicao* em I. ?s demais resultados depes"uisas dos concursos v6m sendo sistematicamente publicados pela Tundao.

    -I/ A o caso* por e7emplo* da reedio do romance . Narcisa de illar5 %e+enda dotempo colonial* de IJ* escrito por na %usa de 8evedo Castro* or+ani8ado por`a'id! %. Mu8art (Tlorian4polis* &ditora Mul'eres* ).

    -IQ/ A o caso* por e7emplo* do volume or+ani8ado por %u8il Gonalves Terreira* &mbusca de D'ar+!lia5 Poesias escritas por mul'eres em Pernambuco no se+undooitocentismo (IQ0)* tomo F (1eci$e* TUN1P&* ). l+umas dessas

    pes"uisas t6m site na internet* como a "ue en$oca as :escritoras cariocas;5

    nielmopenlinL.com.br

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    -II/ A o caso de* por e7emplo* Mensa+eira5 1evista literria dedicada 3 mul'erbrasileira* publicada em So Paulo de IQ a (ob. cit.).

    -I/ &is al+uns e7emplos de revistas "ue v6m sendo e7aminadas5 ioleta (asmin2amil Nada$* Sob o si+no de uma $lor5 &studo da revista ioleta* publicao do

    Gr6mio %iterrio 2lia %opes* 0J. 1io de 2aneiro* Sette %etras* K)H ]nica(por S9lvia Perlin+eiro Pai7o* :Mul'eres em revista5 a participao $eminina nopro#eto modernista do 1io de 2aneiro nos anos ;* em5 Susana Born!o TuncL (?r+.)*Drocando id!ias sobre a mul'er e a literatura. Tlorian4polis* Universidade Tederal deSanta Catarina (UTSC)0P4s0Graduao em Fn+l6s* * p. 0)H ValL9rias (narruda Callado* :Uma ValL9ria entra em cena em K;. &studos Teministas5 CF&C0&C?0UT12* v. * n. * * p. KJ0KJJ).

    -/ A o caso* por e7emplo* de5 Maria 2os! Motta iana* o s4to 3 vitrine5 Mem4riasde mul'eres. Belo Xori8onte* editora UTMG* J.

    -/ Xelosa Buar"ue de Xollanda e %cia N. ra#o* &nsastas Brasileiras. 1io de2aneiro* 1occo* K.

    -/ &ntre publica=es de carter acad6mico sobre o assunto* discutindo as di$erentesvertentes te4ricas e com anlise de te7tos de di$erentes escritoras* cito* dentre vrias*como e7emplo* a revista Gra+oat5 1evista do Fnstituto de %etras* em nmero especialsobre :Ti+ura=es do +6nero e da identidade;5 UTT* Niter4i (12)* n. K* . semestre deQ.

    -K/ esde IQ* ano em "ue $oi $undado o GD mul'er na literatura* $iliado aNP?%%* # $oram publicados sete Boletins "ue tra8em in$orma=es a respeito de tais

    pes"uisas* com resumos de te7tos e te7tos na nte+ra apresentados nos &ncontros doGD. Damb!m os +rupos responsveis pelos Seminrios t6m publicado os trabal'osapresentados nos vrios eventos. ttulo de e7emplo* cito uma das primeiras

    publica=es5 o volume or+ani8ado* entre outras* por 1ita Dere8in'a Sc'midt5 ?r+anon*n. * UT1GS (Universidade Tederal do 1io Grande do Sul)0Fnstituto de %etras* I.

    -/ Xeloisa Buar"ue de Xollanda* : 'istorio+ra$ia $eminista5 al+umas "uest=es de$undo;. &m5 Susana Born!o TuncL (?r+.)* Drocando id!ias sobre a mul'er e a literatura.Tlorian4polis* Universidade Tederal de Santa Catarina (UTSC)0P4s0Graduao emFn+l6s* * p. JK0K. (1epublicado* com al+umas modi$ica=es* com o ttulo

    :Mul'er e literatura no Brasil5 uma primeira aborda+em;* em5 Uma "uesto de +6nero.1io de 2aneiro* &ditora 1osa dos Dempos* * p. J0.) Problemati8ando a "uestomais +eral da crtica $eminista* da mesma autora ! o te7to :Fntroduo5 Teminismo emtempos modernos;* em5 Xeloisa Buar"ue de Xollanda (?r+.)* Dend6ncias e Fmpasses5 o$eminismo como crtica da cultura. 1io de 2aneiro* 1occo* * p. Q0. & tamb!m5Maria ?dila %eite da Silva ias* :Novas sub#etividades na pes"uisa 'ist4rica $eminista5uma 'ermen6utica das di$erenas;. &studos Teministas* CF&C0&C?0UT12* v. .* n. ** p. KQK0KI.

    -J/ Dais temas $i+uram no pro+rama para o FFF Seminrio Nacional Mul'er e%iteratura* a ser reali8ado em Salvador* na Universidade Tederal da Ba'ia* em setembro

    de .

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    -/ implementao e a consolidao de tais estudos no Brasil* em mbitointerdisciplinar* incluindo no s4 as vrias sub0reas dos estudos literrios* mas as dasci6ncias 'umanas em +eral* li+adas a estudos de +6nero* podem ser e7aminadas a partirdos K volumes # publicados da revista &studos Teministas (1io de 2aneiro* CF&C0&C?0UT12* no momento5 1io de 2aneiro* FTCS0UT12). revista tra8* desde *

    arti+os e ensaios* encartes em in+l6s* resen'as de livros nacionais e estran+eiros ein$orma=es sobre cursos* ncleos de estudos* eventos e publica=es* no Brasil e noe7terior.

    -Q/ er5 asmin 2amil Nada$ (or+.)* Catlo+o de ttulos sobre a mul'er. Cuiab (MD)*UTMD* Q* v.H Cristina Brusc'ini* anielle rdaillon e Sandra G. Unbe'aum*Desauro para estudos de +6nero e sobre mul'eres. So Paulo* Tundao Carlos C'a+as e&ditora K* I.