nada e coisa nenhuma - ernesto kramer

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Livro sobre absolutamente Nada e Coisa Nenhuma, um puro exercício de escrever por escrever, apenas por treino de estilo.

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  • NADA

    E

    COISANENHUMA

    Ernesto kramer

    Eies universo separado

  • NADAECOISANENHUMA

    ErnestoKramerescrito depois de 1983 at alguns anos dos 90 DigitadoemCoritibaPR/1998RevisadoemMatrixgPR/2006

    Edies Universo Separado X X I

    SUMRIO NemGarapaNemCachaa 2 PrisioneirodoMundo 10

    EncararoDado 10 EunovouBailarnaCurva 24 Encruzilhada 31 OvulgarAnimalHumano 34 GritodeJustia 42 TodoComercianteLadro 39 BostaEsferide 42 OSonhoSemFim 55 SuicidaLibertrio 64

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  • NEMGARAPANEMCACHAA

    NODEIXESQUEOSILNCIOFIQUESEMPALAVRAS

    Ter que procurar tema estar fora de tema. Minha cabea,descansando,no assume.Passou todoumdia, inteiro,quase semmedar conta.Descansobem, levanto cedo,masnoqueropensaremtrabalho.Nemtenhotema.Um dia desses quando no hmais nada a fazer e no tem outraopoqueescrever, semquealgumaoutra coisa tenhaprioridade.Coisarara.Assimmesmo,acabaopapel.Estouemum lugarbom,tranqiloe limpo,provisionadodeminhasnecessidades. Nada do que penso que deveria estar fazendo possvelfazer.Nemsentidodeculpapossoter.Umdiadedescanso.Escrevendoparaaproveitardepreencherespao, fazendo listasdascoisas que no consigo, no consigo fazer, no consigo conseguir,no consigo alcanar; do que fiz e passou; do que estou fazendo,assimcomoagora,escrevendoqualquercoisaparasoltaropulsoeno perder o costume de ter o devaneio de escrever. Comcapacidadeparavriasdiferentesatividadesqueencontreinavida,ouataptidesgrandes, fortes,paraalgumascoisasconcretasqueexperimentei, mas vocao, profunda vocao para algo, digamosassim como priorizar depois do fato de existir e cuidar da prpriasupervivncia, s se apresenta escrever.Que o escrito justifiquesocialmenteminhaexistncia.Muitospretenderoqueacoernciasereflitaemumacontinuidadetemtica.Noquero,nempretendo,nemmeinteressaanotartodaaseqncia do filme, nem nada em especial. Sim me interessa

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  • relacionaraspalavrasemuma forma legvelepretendendo fazelascompreensveis. o menos que pode pretender uma pessoa queescreve.Comoestasanotaesnotemafinalidadedeserumtratadosobrequalquercoisa,mereservoaliberdadedeentrarounoemmaisoumenosdetalhessobrequalquerassuntoede levarasdescriesatonde eu disponha, sem nenhum outro compromisso que escreverumaquantidadedepginasquepossam sermulticopiadas,dandolheso formatodeum livroquepossasermostrado.Sendoassim,atemtica permanece amplia e variada, sem cair na tentao deescreverum abstruso tratadoqueesmice intelectualmente algumtemaespecializado.Almdomais,socoisasqueagentevaivivendoao passar, sem que sua importncia supere o fato de que soacontecimentosatuaisprpriosdaatividadediriaebanalnombitoondeseachaaminhapresena.Os flashes da existncia diria vo se intercalando no labor dasanotaes. O trabalho no pode ser constante e com dedicaoexclusiva ou absoluta. O que a gente desenvolvia dias atrs sedesvanecenafaltadehbitoeconstncia.Acontecimentosexternosmudamosmbitosdementaoeaconcentraosevafetadapelapresenadeoutraspessoas,comatividadesquesedesenvolvemnomesmo lugar onde eu me encontro. Somente noite est tudotranqilo. Agora no o momento de escrever, ainda que adisposioestejapresente.Entoagenteoptapordormirnohorriodeluznatural,quandohtantobarulhoemovimento,eacordasnoite, quando tudo est tranqilo e d para pensar seminterferncias,dispersesoudesvios.Osacontecimentosacontecemaomeuredor,enchendodeanedotasmeuperambular.Algumaspodemaparecerporali,usadasemalgumexercciodedescrio,nesta lnguabastantecomumparaumgrupohumano calculado em mais de duzentos milhes de pessoas;realmenteumapequenaminoriahumana.

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  • Fazendooexercciode contaro contoaalgum,podeaumentaranitidez da lembrana ainda fresca em seu passo pela memria.Apiome nesta tcnica para tentar tecer um relato que, em todocaso, ser imperfeito. Sucedemse episdios que reforam minhasegurana nalgumas afirmaes de reiterada confirmao, como oextremoaumentodaviolnciaedadelinqnciaaqui,nestacidade,enosmbitosquemetocacontatardiariamente.Surgeapergunta sobre como seria ter tempoparaescrever.Comoconseguir seguir o fio da trama sem ter que me preocupar deproduzir outra coisa que no fossem letras, palavras, frases,pargrafos,captulos,folhasemaisfolhasescritas,seminterfernciadapaneladepressoquecozinhouasbatatas.Alis,semprepassoamaiorfomequandomededicoaescreverdemais.Bemquenoposso lavarroupa,poisosbaldesestoocupadoscombarro, com a argila que uso para produzir artigos de cermica.Tambm no posso seguir cozinhando porque ainda no tenhobastante gua filtrada. Ento, que/como se pode escrever, entrepulosepeidos?Pralgumaspalavrasemumpapelsetornalabordoacaso e os temas ficam longe duma meditao profunda,condicionados aos fatos/acontecimentos de qualquer idiotamomentodeumdiaadianoplanejadonemquerido.Assimnorestamuitomaisquesonharaquelahistriaaospedaos,buscando inutilmente um lugar onde possa criar as condies queno dificultem ou impeam o desenvolvimento da atividadedesejada.Ento, no possvel, por agora, coordenar uma histria.Nem htempo para rever as anotaes acumuladas durante anos. Se nofossecoisadesobrevivnciaimediata,detempodisponvelemgeral,existe o domstico que absorve o tempo usado na batalha pelasobrevivncia diria. O tempo de descanso pouco e o laser

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  • praticamentenoexiste.Escreveralgovlidoimpossveleopoucoque escrevo intil. Tudo o que fao no passa dum esforoexageradoparasobreviveremcondiesprecrias.Almoo pouco e cedo. Logo durmo at as trs. Agora tenho quecomearodiadenovoeesquecertudooquepenseique iaanotarhoje. Oimpossvelintil.Quando acabameu dia, tarde noite, poderia escrever se tivessemaisenergiae inspirao,tudo junto,nestemesmomomento,paraaproveitar de aumentar as anotaes. Gostaria de escrever aimaginao, pr as imagens em papel, com palavras, comrepresentaesfigurativasdasformasecoresemovimentosesonsecheiros, sensaes que compem nossa percepo do mundo.Gostaria descrever a dinmica de um processo que seria umahistria.Noteriaprincpionemfimou,maisbem,comeanofimeacabacomocomeo,aindaquenobemassim,porquechegandoao final pode comear diretamente de novo e descobrir que podeseguirlendocomosenotivessefimnemprincpio.Moebiusexplica.algoqueestprojetadodeantemoecondicionaoclssicofinaldeumlivroaumcomeojescritoelido.Emcmbio,almdeesvaziarocinzeiroedesligaraluz,svouredepradormir,cansadssimoporumdiamenosdevida.Comea outro dia. Fresco. Nebulosidade parcial. Tem que usarcamiseta.Acasaestcheiadeformigasouestousonhandoqueestoudentrodeum formigueiro.Nocabemaisnada.Somente formigas.Soasformigasoueueminhascoisas,umasdentroeoutrasforadecasa,ouviceversa.Anotartudooqueagentefaz,enumerarcadaato,soasintenes.Comearasairdarede,seguindocombeberorestodocaffriode

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  • ontemeenxaguaracafeteira.Comearamatarformigaseanotarasprojees dos atos seguintes, ou aquilo que a gente poderia estarfazendono existindo formigas, como curtindooutromomentodeumdiaestpidoqualquer.Fazer contas, lavar roupa,anotar sonhos,prepararmaisbarroparatrabalharnaproduo,fazeracomida,ascomprase,agoramesmo,inventarahistriadoexterminadorde formigas.No fazendomaisqueoanotado.Agoratemquecuidardaguadosfiltros,masantesdevolavarasmoscobertasdecadveresdeformigas.Outro dia inteiro pintando as peas produzidas, sem erros.Empacotar e estocar o que para vender. Cansado, sem dormir,consumindo p de guaran, caf e erva mate para seguirfuncionando.Sintomeacabado.Nopossofazermaisnada.Assim como a gente vive.Uma corrida contnua atrs do temponecessrio para ganhar dinheiro. Alheio a toda utopia na vivnciadiria.Onicodesejopermitidopelosistemapoderteralgumavezmuitomaisdinheirodoqueagentepossafazerouganhar.Tanto,quedeixeagenteempde igualdadeouaindamelhor,superior,aqualquerumdessesoutrospoucosque tem tanto, tantssimomaisquemuitosoutros.Quemno tem sorte,dizem,no temacessoaessasoportunidades.Asortesedemonstraganhando.Noganhou,porque no teve sorte. Isto no utopia, roubo, enganao eexploraodeterceiros,numacivilizaodecadente.Tudo isto,semqueasanotaessejamrealmente importantes.Sofeitasparanoperderocostumedeescrevereparaquenomesejato difcil fazelo quando possame dedicar primariamente a fazeruma grande quantidade de anotaes.Agora noposso fazer isso,quandopriorizoordenararoupaqueestacimadacama,separandooquepreciso lavareoqueaindadprausar,enquantoolho dereolhomeiagarrafadevinhoborgonha,meupreferido.

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  • Optei por um cafdamanh leve. Fazendo caf novo, tentandopensarnascompraspendentes.Vouremoverobarrodetrsbaldes.Comeaafazercalor.Cafenanacabeaecigarronamoesquerda.Adireitaescreveporescrever.Anotaporanotar,paranoperderocostume como jdito ,parachegarumpoucomaispertodaquiloquequeriaestarfazendocommaisfreqncia,comoutrotema.O servio de sobrevivncia ficou bastante adiantado. Se eu no ofizer,nopoderiasobreviver.Atdeupratrabalharnasanotaeseparecequehalgumaidiaportrsdoqueescrevihoje.Tenhoquedispordemaistempoparaisto,seno,todaminhavidavaiemboraeno poderei terminar. Ali onde dificulta. Queria tlo tudopublicado, publicao estrela, a posterior introduo ao que deveseguir,quesoasanotaesdoquenoestpublicadoainda.Oquesestnorascunhoenaidia.Oquesequerchegarafazer.poraliachavequeabreidiacentral.Aobradosobreviventequequeriaescreverenadamais.Somenteescrever,semnuncaparardefazelo.Tentandodesesperadamentedecumpriresseanelo,escreviaem todoequalquermomentopossvel, sobrequalquerassuntooutotalmente semassunto, comoafde seguirescrevendoparanoficar semescrever.No issooqueopintor faz,quando trabalhapintando suas obras?Minha obra escrita. outra tcnica, outramaneiradeusara composio criativa.uma coisadiferente,mastambmartee todifcilde fazerouentender,ecomoqualquerarteapresentadificuldadeoufacilidadedeinterpretao.Assim se ingressa no mundo da literatura, at involuntariamente,comosimplesconseqnciadofatodeescrever,quenosimples.outro nvel de intelectualizao que a conversa ou a discussocomum, falada. Escrever para ser lido; estar por cima dacomunicaooral.Crculo restritoquantidadedeexemplaresquepossamserconfeccionados.Leitoresocasionaistentandoentenderoquehavianacabeadequemescreveuaquiloporacaso.

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  • Etu,commeulivronamo,quepensas,quesentes,quefazes?Ondeests?Tecomunicasoutetrumbicas?Qualteucaso?mailto:[email protected]]Noestclarocomo sechegarapublicar.Mereceriaumahistriaaparte.Nomepreocupodissoagora;primeiro tenhoqueescrevermuito,amo.Logotenhoqueircompondonamquinadeescrever.Maisde alguma coisa terque sermodificada aopassar toda estamatria a um primeiro original digitado, provavelmente ainda nodefinitivo.Aliondeestminha loucura.Sofropornopoderfazeroquenopode ser feito. Totalmente infantil, imaturo. Subdesenvolvido.Desnutridomental.AliestMaia,desfigurandoavidadohomem.divertido:no lembrodadataexatadehojeeno seiquehorasque.Estobscuro,comeandoanoitedoquenaqueletempoera.Poisinteressanteescreverdestamaneira.Comonolembrodoqueestavaescrevendoooutrodia,quandodormiesgotadoeesvaziadode contedo,agorame sintovazioao comear.alionde resideagrandevantagemdosistema,quesepodevalerdetodaaestruturadeuma lngua,doscostumesedasconvenes,paraestruturarumescrito, multicopiar e distribulo, ficando eu agora mesmo com antima certezaquemuitagente vai ler isto simplesmenteporqueuma passagem pertencente a um todo e no porque esteja tointeressada no que est escrito aqui; porque se o tivesse sabidoantes,nempassavaporestasletrasquenadatemparaacrescentarobra,senomaisoutrapginatotalmentedispensvelcomoesta.Postas assim as coisas, no de estranhar que sinta uma certaresistncia,ntima,interna,deentraremtema.comoseaquilonodevessemepreocupar,comosenofossebempora.

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  • Tento lembrar se houve algum tipo de compromisso ao iniciar otrabalho.Comigomesmo,squeiaescreverumlivro,enchendoodamaiorquantidadepossveldemateriallegvel.Comrespeitoaoleitor,devo crer que sua expectativa possa ser satisfeita. Mas comoningum vai saber disto antes de llo e eu no sei quem vai ler,possomedaraquieagoraoluxodeescrever,enquantochoveforade casa, cortou a energia eltrica e no deveria perder o fio doescritoparaconservarcertacoerncia.Pois,afinal,oqueescrever?Mas no se trata de escrever sobre o ato de escrever.Aparentementeestforadetema.Surgealioaparentecompromissocomumacertacoerncia temtica,daqualoocasional leitorpossase beneficiar na eleio de seus interesses. Mais nada. Ousimplesmenteestouusandocertosfatosdeminhavidaparaescreversemfim,semprecomacomodidadedenotercompromissonemdeterquefazerumgrandeesforodeimaginao,queaficoexigiria.Tambmnoestfcil,napenumbra,comapenasduasvelaseseminspirao.Nadaadeclarar. CaptuloAparteTema: todoequalquercoisaquequeira recordar,comopodeseroprazerdeescreversimplesmentepelofatodefazer issomesmoqueo leitor est lendo. E tem que ter memria para tanta nada.Garantido.Grataaexperinciaquemepossibilitouasupervivnciaatestepontoequemepermiteseguirsobrevivendo. Ento,antesdemaisnada,caf,depoisdefazertudooquetinhaprafazer,produo,manuteno,provisoeaindafaltaumalimpezanacozinha.Nadadoque foiusadoparacomerouprepararcomida foilimpo depois do uso. Parece um assunto trivial,mas no deixo detomar em conta que durante doze horas no tive um perodo dedescanso, salvo alguns minutos intercalados entre uma ocupaopraticamentecontnua.

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  • O trabalho intenso. Exige movimentao contnua. Ficar quieto,escrever,umdescanso.Vouviajaramanh,meausentarpor trsdias. Tambm tenho que deixar tudo preparado para sair sempensar, semnecessidadedeesperarquea conscinciaacordee sefaapresentelembrandotudooquehparalevar.Mealevanto zumbiecompressa.Tenhoque ter tudonopontodepegar e levar, para no esquecer nada aqui em casa. Ainda quequisessedormir,descansar,sonharou,pelomenos,escrever.Volteiaomeiodiaedormiumpoucoantesdecomerumpouco.Liumadeliciosacoleodeoitocontosdecincia fico.Soantigos,prviosaosprimeirosvos tripuladosdaltimacivilizaoantesdofim da era vulgar. Li rapidamente as letras, sintetizei as palavras,elaboreialgumasimagensbaseadasnotexto,etenteifilosofarsobreodiadedescansoqueagentesentequedevedesfrutarquandoestcansado.Alcanceiamedeliciar comasestupidezesaparentementeinteligentes dos escritores, escolhidos entre os melhores de suapoca.Nopossofazercrticaliterriaagora.Minhas pernas pesam como se estivessem caladas com pesadasbotas. Houve bastante trabalho fsico realizado. Pelo menos, estfeito.Varrer, lavar ebanhar combactericida a casa recmpintadacomumademodecalvirgem,previamentefumigadacomobaratimosquicida. Amanh vou encerar, antes de mudar a ela, a duasquadrasdaqui.Massemprepersisteavontadedeescreverantesdedormireseguirjuntandomaispginas,engrossaraobra;porquenose tratadeummero folhetooucaderninho.algomaisvolumoso,complexo e completo, que possa dar espao a um humor maisdivertido.U.Emalgummomentopodereiinsistirnestetema,podereivoltarsobreele e detalhar alguns aspectos dentro de outro contexto e assimexercer algumas comparaes com tempos da Era Vulgar, quandoesteescritocomeouaserlido.

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  • Agora mesmo me apraz mais dedicar minha ateno a escutar osbarulhos fora de casa. Distingo um sapo, grilos e outros que noreconheo.Ummotor,ao longe,deum veculoagasolina.Poderiadesligara luzeltricaeacenderumavela,oudormirpensandoquetodos neste Planeta esto razoavelmente bem alimentados, quepossuema roupaque lhesnecessria,eno lhes falta lugarparaviverdentrodenormaspadronizadasdehigienee segurana;maisoutros detalhes que so a base de todo esse imenso esforo porpreservaravidadelesnestePlaneta.Nopensamentoparadormir.Dormir,sobraoesquerdo,devidoposioparaescrever,nacama.Tambmnopossoafirmarqueafome tenha sidoerradicada,porqueantesdeontem sbadoehojesegundafeiraeumesmopasseifome.Nochegaramproviseseeunadatinhaguardado.Domingoconseguiumpoucodealimento,mastivequeviajarpara isso.Paraamanhoproblemaestsolucionado.Ouseja,outraveznohtema. LaranjasePrasChinesasNesta ordem de coisas, at legtimo colocar ttulo a um captuloquenadatemavercomseucontedonemcomorestantedaobra.Podeparecerdivertido,ouno.Emsimesmo,demonstraoutravezatotalfaltadeplanejamentoeatotal improvisaodeumaobraqueapenastemumafraca idiacentral.Almdomais,nemcom istosedemonstra absolutamente nada e outra vezme dedico ao favoritoentretenimentodeescreverpelopuroprazerdefazelo.Tudodnomesmo,nogeradiscussonempolmicacomo,porexemplo,seeuafirmasse aqui coisas como que o deus dos cristos no cristo.Simplesmente Deus, como o deus nico de qualquer religiomonotesta.

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  • Tivesse um plano, uma estratgia de pensamento, uma tticaprevista, uma real capacidade de ser coerente com o escrito, eupoderia estar escrevendo agora sobre temas mais bem pensados.Mas estou em nada, apenas tentando esclarecer as bases queserviroparaexplicaroqueestouvivenciandoagora,semfazeroutracoisaquenadae,svezes,anotandoalgumaslembranas/memriasde tempos ignorados e lugares que nunca existiram. E solembranas, ainda que de um futuro incerto; so tambm aslembranasdecasosecoisasquesempreocorreramemtodo lugar.Pois sempre, durante toda a histria de nossa espcie, foramregistradas experincias traumticas, guerras, desgraas,hecatombes, pestes, terremotos, invases, fomes, assaltos,acidentes, injustias, prepotncias, exploraes, humilhaes,enganos, roubos, violaes, estupros, incoerncias, imbecilidades eestupidezes,emtodoequalquerlugardestePlaneta.Emvezdisso,nanadamaisabstrata,fazendocontasdomsticas.Eusouescritor.Oseidesdeantesdecomearatentarusara lnguaespanhola como canalde comunicao,quando jusavaoutra.Fuiobrigado,pelascircunstnciasdeminhavida,aaprenderoutrastrseestudarmaisoutrameiadzia,desdeaeducaoprimria,atomomento vital atual. Algumas aprendi bastante bem. Agora tentoaprender a lngua do pas onde minha presena se encontraatualmente.EstouancoradonoBrasildefimdemilnio,anoeleitoralfederal.Faz favor,querotermeucomputador ligadonaredeuniversal.Masnuncaestudeiportugus.Escrevodojeitoquemednamente,paracoloclonacomunicaoglobal,competindocomtodososcapitaisexistentes, em todas suas formas e expresses de fora e poder.Batatas cozidas, commargarinae shoyu.Criandooprximo livropardeprojetosdesobrevivncia.Chdemangarataia. Instrumentalna FM Educativa. Esfriando, mas o barraco est resistindo bem,quasetudoempapeladodejornal.Demanhquebravo.Omundo

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  • inteiro vai pirar com o heavy metal do senhor. Sobrevivendo deteimosia,comescassaperspectivademelhorar.Ponoforno.Senofizeroqueconsumo,nodariapracomprartodososdias.Pensando em escrever e escrever, e sem escrever at hoje, semacabarocomeadoh tantosanosatrs.svezesspensandoemescrever,semmotivaosuficienteparaesvaziaracanetanopapel.Os dias, as semanas, os meses se sucedendo, sem a caneta tocarpapel,deixandosemanotar,semtrabalhar,complementosdoquefoianteriormente iniciadoequeestali,esperandopela continuidadedaaoempreendida.Tento culpar falta de computador, mas no cola: nunca escrevidiretamente em mquina alguma. pura falta de clareza epersistncia nos objetivos. Deixao, desleixo. Me deixar envolverpelos fatos corriqueiros da vida, pelos acontecimentos fteis, meacomodarnorolardodiaadiasemtentar,sem lutar.Quem lnosente,maishdezanosnestaspoucaspginas. o que o sistema faz conosco, os militantes da sobrevivncia. Otempo totalmenteocupado com atividades relativas aoesquemareduzido ao mnimo essencial: respirar, se alimentar, no ficar aorelento,conseguiralgumingressomonetrioemanterumendereo.Tambmhquedescansar,quando sepode.No restaoramentopara financiar o tempo que poderia se considerar livre; o lazerextremamente reduzido amanifestaesprimrias e alienadas, ematividades longedequalquercontedoculturalsignificativo. JazznaFM.CopadoMundonacaixaidiota.Como dizer:mais uma anotao.O dia a dia. A vida da gente.Osacontecimentosdodecorrerdavida.Osacidentes,asmudanasdepercurso, a acumulao de conhecimentos e suas correspondentesinterpretaes, com os erros e acertos que estas produzem comfreqncia.[Maisumpargrafopreenchido].

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  • Ocupao de hora vaga. Exerccio para descrever o imprevisvel;para manter acesa a chama e ser conseqente com o propsito.ApesardosbolerosdaFM.O tempo seestendeporanos,esperandoomelhormomentopararecomear. Tomando notas nos intervalos, para no esquecer adireo dos atos, sem tempo de desenvolver uma seqncia, semespaoparaaspalavrasquedeveriamserimpressas.Comainsegurasensaodequeagora,outravez,aqueleinstantederecomearoque nunca foi terminado. Indescritvel sensao de obrigaes nohonradas,decoisasporfazernocomeadaseodireitoaumavidadigna,aumasobrevivnciasemdoresnempenasqueprovenhamdeoutroshumanos,nemcastigosquenosejamdivinos.Assim,cadatantosanos,apareceumaoportunidadepararascunharumpapelcomacanetaeagenteanotaoutropoucodotantoquehparaescrever.bemprovvelquenumcasocomoestebastanteperdovel que a continuao da obra no seja retomada desde oltimopontoondesedeixoudeescreveravezanterior.Lembrandooescritoantes,encontrodesde j justificadaumahistriano lineal,semumanarrativadeordemlgica,masque,detodasasmaneiras,possuauma tramaquemantenhaou reflitauma idiaou intenocentral.Atpensarnistomaisfcilqueusarapalavraescritacomoveculodesta manifestao pblica [como um livro]. Muitas lnguas eidiomas aprendi emminhas viagens pelo Planeta;muitas terras vi,comseuspovos,raas,culturasecrenasdiferentes.Ocasionalmenteaprendi deles o que precisava naquele preciso momento,descobrindo de passo que no tinha necessidade de render umDoutoradoemFilologiaparaumestreitoeseletogrupode leitores,osquetambmnadaiamaproveitar.Muitasvezesaortografiae/ouagramticaparecemvtimasdelapsos[ourelapsos],aindaquepossaserquetenhamsidoproduzidoscomo

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  • propsito de liberar ou flexibilizar formas no acadmicas, sejamestas de uso popular, inventadas ou tomadas por semelhana aoutras lnguas, ou por influncia da metalinguagem popular hojemaisusada,aqualaplicarigidamenteaspectosmuitoflexveis,etodomundo se entende bastante bem entre si. Ou se entendem bemporque podem flexibilizar a comunicao, apesar da rigidez dasnormas.Assimvouatcompletaralgoquepossaserreconhecidofisicamentecomoum livro,equeesteestejaescrito;ouseja,estejapreenchidodematriaescritanamaiorpartedesuaspginas.Sintome insistente: escrevo sobre nada mesmo. Mas o ato deescrever sobrenoescrevernadamesmo ameaaem se constituirum fio condutornodesejado.No vamosescapardo fatodequeexisteumacertaunidadenaobra.Perfilamseosalcancese limitestemticos.No se dmais do que se oferece, nemmenos do queindicaaintenodoato,plenamenteesclarecidonottulo.Parao leitorumnegcioredondo,redondo,redondo.[Odeioestaparte,prefirooutramarca].Pelacapa,pelottulodaobra,jsesabeo que se est levando.Nada sobre coisa nenhuma. Pegou, pagou,levouoquequeria.Seacharalgumacoisaalmdoqueottuloindica,podeclassificlacomoumobsquiogratuito,umbnus,umprmio,umextraque tendea valorizaraobraeenriquecerao felizmortalqueadquiriualgopornada.Ento por ali. Se at um livro em branco vendeu uma imensaquantidade de exemplares,mais ainda deve vender este, que pelomenostemalgoescritoquecompreensvelaoleitorbrasileiroeataosportugueses,moambicanosealgunsoutros,comoaquelesqueesto sendo ultrajados na ilha de Timor Leste. Contando, alm domais, comas tradues inevitveis.Eeste,pelomenos,dpra ler.Aturaroutracoisa.

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  • Fica difcil fugir do tema, ao mesmo tempo em que no se podedesenvolvertemaalgum,aperigodeperderanadaproposta.Aarteestarianafugadaproposta,paraqueistopossasemanifestaremsuaexpressototal.Sassimpoderamoscristalizaranada.Nemestaselucubraespoderiam seradmitidas,pois j soalgoenorepresentariamanada.Masnofazmal,porquenofogemdotema, cooperando ostensivamente no preenchimento do espaodestinadoobra.Poucoimportaouinteressaaassimilaodoleitor,anoserqueesteentendaqueaquiloqueestlendonotemoutrasintenesqueaquelasmanifestadaspreviamenteedurante todoodecorrerdo livroquecomprousabendoque iaencontrarnada.[Meincomodaaduplanegao.Nesta,onoest totalmente foradelugar].Ento comea a ser atiada a curiosidade: qual ser o volume deproduo alcanado? Ser que j tem bastante material? Quantomaisfalta?Neste ponto surgem consideraes sobre o volume da publicao,sobreaconveninciapessoalde se seguirenvolvendoemalgoqueocupa o espao do tempo livre com uma ao que no temsignificadoeutilidade,enuncateve.Assim fcil visualizaro fimdodesempenho, ficando como tarefafinal a montagem dos fragmentos acumulados, seguindo umprocesso lgico,passoapassoataaprovao finaldeumoriginalqueser impresso,como fimde reproduziramaiorquantidadedecpiaspossveis,deacordocomummercadofriamentecalculado.Fantstico!Termineiumlivro!

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  • Parece assim de fcil mesmo, mas fica em p a questo davalorizaodomesmo.Por istoserumtemaemsimesmo,tornaseimpossvelaabordagem,aindaquealgumasdicasforamdadas.Mas,serqueseconseguiucumprircomopropsitoexposto?Nosermuitaempolgaoacreditarqueagentealcanouofim,ouserqueaindafalta[muito,bastante,pouco,algomais]poragregar;justamenteaquiloqueestfaltando? DEQUESETRATA? Qualque?Faltam pginas por preencher. Tecnicamente precisamos de umaquantidadequesejaummltiplodeumnmerofixo,dado.Passouamais, tem que preencher, obrigatoriamente, para no ficar embranco,umespaopreestabelecido;oudevecortar,parasercontidonum espao menor. Mas cortar no est no plano, nem censuraexiste.Alm disso tudo, muito poucamatria para conseguir fazer algoquepareaumlivro.Umasadapoderiaseraumentarotamanhodasletras,porexemplo.Ento aquesto seguir escrevendo/preenchendo folhasdepapelatacabar.Devechegarummomentoemquevocestejalendoumacpia do que estou escrevendo agora, margem de nossoposicionamento temporal e espacial. Pena que este no seja oveculo mais apropriado para estabelecer uma comunicao maisdireta. Poderia receber um feedback, que no mudaria coisanenhuma.ParaissoteramosqueestarnaRede,pelomenos.Chego ao ponto em que no estou sabendo o que mesmo. S acaneta se desliza sobre o papel, manejada por impulsos nervososobedientesaoscomandosdeumapequenapartedeprpriocrebro.Quem ler tudo poderia se autoproclamar heri, sem brincadeira.

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  • Posso[podemos]continuar,aindasejasparareforaressaimagem.Hajasaco.Ora bolas. J escrevi outras coisas tambm. s consultar abibliografia.Masagentenopodeestarserepetindosempre.Almdisso,agente tambm temque seexercitarparaque, chegandoaocasio certa, possa possuir a disciplinada prtica do ofcio. umpontoqueoleitormeajudaadesenvolver.Compreendido?Ento estvamos certos: no estamos desprovidos de um certosentido,oqueagregaumcertocontedoaumanadamaisincerta.um valor adicional que incorpora antimatria a aquela coisanenhuma.Assimdpraverquandoagentesaidocontexto.Certo?Fazbempensarqueistoterumfim.Imaginasficaravidatodasnisto.Nemareceitadaquelemolhodehojepodesedar.Os limitesse manifestam junto definio temtica. O interesse no assuntoestdecrescendoeocompromissocomaatividadeestdiminuindo.Seriabomdormiragora.Boanoite.Lavar quinze camisetas, alm das meias, panos de cozinha,bermudas, cuecas,eprdemolhoa roupade camaeo restoquesujou no intervalo. como cozinhar: uma ocupao sem fimcomparvel ao castigo de Ssifo. Pelo menos este ganhou aimortalidadeatravsdesuaatividade,semterquesepreocuparporlavar roupa,cozinhar, limparacasaou tomarbanho.Sempurraapedra pra cima do morro, deixa rolar de volta pra baixo, desceassobiandocom todoo tempodomundoaseudisporeaempurrapracimaoutravez.Nodprasaberqualsituaomelhoroupior.Serqueeleridenossas ocupaes e preocupaesmundanas?Ou ter vontade detrocarcomalgumdens,trocandosuaprivilegiadaimortalidadeporumamortecerta?Serqueele liberadopara fazerabarba?Deveserminhaprximaocupao,antesdetomarbanho.

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  • Feito. Ento agora d para escrever mais um pouco, antes decomear a preparar o almoo, o qual deveria estar pronto econsumidoantesdocomeodosjogosdoCampeonatoBrasileirodeFutebol. Esse no tem problema de comentar. Total tanto nadacomocoisanenhumamesmo.Sserveparapreencherespaovazio,sem significado nem influncia na evoluo humana propriamentetal. bastante similar a esta obra, com suas devidas diferencias demtodoe formadeexpresso.Pessoalmenteprefiroescreverantesque chutar bola, ainda que no dispense de um bom jogo dechutebolnacaixaidiota.O problema, nesse contexto, que desde o comeo da copa domundoestamosatravessandouma fasedep frio,dandozebraemtodas as nossas preferncias e torcidas. Fase negra, que deve sersuperada e seremos campees outra vez, para alegria de nossatorcida,queassimesquecer seusproblemas cotidianos,apssimaperformancedaeconomiaglobaleavendadaTelebrs.Pragente,pelomenosmais interessanteeentretidoqueanovelaglobal e parece bem menos nocivo, apesar de que o anarquismoneoliberal esteja conseguindo penetrar o esquema desportivo,descaracterizando totalmente as formas e fins duma competiohonesta.A festa do povo se transformou em fonte de grandes lucros parafatores totalmente alheios ao torcedor ludibriado traioeiramente.Mas issocapitalismototalequemcapitalistaquese foda;tantofaz.Isso tranqilidade.O filho, que estava chutando bola, vem pedirlicenaparaalmoaremcasadeumvizinho.RockinhobestanaFM.Cafefumo.Hortelprachsecando.Tempoparaescrever,tempo

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  • paracriaralgumacoisamaisconsistenteesignificativaqueisto.Horaparamudardetema,oqueimplicasairdestecontexto.Ficamaquicentosdepginasmanuscritas,comprimidasporgotasdetintaparacaneta,passadasamquinaelogocopiadaserecompostasemcomputador,emimpulsosincansveisdeummomentoemqueoservioseamontoaenoseconsegueefetivarcoisaalgumaetudonos conduz a um desgaste, nas atuais circunstncias em que seencontraminhapresenanestePlanetanoqualos sereshumanos,todos juntos,estotentandodeseexterminar,aceitando istocomoumasoluototalefatal,transladandoestaatitude intimidadedetodosecadaumdeseusatos,paraconsigomesmoecomqualqueroutrapessoaoucoisa.Ameaovoltarmais tarde,emqualquermomento,qualquerdia,dequalquermodo,comqualqueroutrodevaneio.Atento.

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  • PRISIONEIRODOMUNDO

    somosiguaisatodosospovosdouniversoquepreferemaliberdadecomomododevida

    ENCARARODADO Desdequeeumelembrodealgoecomosempreesteveclaro,temossado da gua, tal como se sabe desde o primeiro que o soubeporque emergiu da gua e transmitiu esta histria a seusdescendentesquetiveramsempredissoconscincia.Assimsempreotemossabidoenuncahouvedvidadeconhecernossaevoluoemtodososdetalheseaspectos.Nuncapodehaveralgumadvidasobreo que todos sabemos da absoluta realidade consciente sobre nsmesmosenossaexistnciasoboatualaspectohumano.Compreendi a cadeia de acontecimentos que me trouxe a minhapresena atual. Assim pude ir apreendendo sobre meu futuro,predizendoofuturojuntoaosquesocomoeusou.Ento,sempre,seguimos confirmando nosso saber entre ns, como o seguirofazendonossosdescendentes.Minhaprocednciapodeparecerpoucocomumouatestranha.Igualameusconterrneosquechegaramecoabitamconosco,passeium perodo confinado na cpsula onde comecei a me familiarizarcom minha nova aparncia: aquele corpo que chamo ainda carinhosamentedemeutrajeespacial.Quandofoiodiadesair,medeslizeipelanicaaberturaesofriumfortechoqueaoinalaroartoricoemoxignioequecontinhatantosgasesestranhos.Escapoumeum grito e, ao voltar a inalar, tanto ar me apertou a barriga queoprimiu a bexiga cheia de lquido, em meu traje espacial, com o

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  • resultadoqueurineiduasoutrspessoasqueestavampertodemais.Estiveapontodemeenvergonharporofenderassimesseshumanos,mas eles limitaramse a lanar mutuamente algumas piadas queperdiamagraaao ser repetidasmecanicamentedurantegeraesdeparteiras.Demeus pais nome lembromuito bem.Mais forte registrei emminha memria o contato com pessoas que brincavam conosco,outros infantesougentemaior,quecuidavadenossaalimentao,higiene e preparao educacional. Os pais se diluram em umasucesso de ausncias e imagens simblicas, prprias de nossamentao.Oseducadoresnosforaminculcandogradualmentealgunsconhecimentos e fomos crescendo com a experincia de estarconstruindo nossas prprias vidas, visando uma comunidade noagressiva.NossahistriacontaasnossasmigraesporestePlaneta.Emmuitasculturas reconhecemos o passo de nossa gente, e a influncia denossa presena passageira em usos e costumes de lugares muitodiversos.Muitosdosnossosdispersaramseousedesenvolveramemforma totalmente independente, sem contato com grupos maiscentralizados. Como muitas das primitivas civilizaes, custounosachar um lugar onde pudssemos nos estabelecer, depois que umgrande cataclismo nos expulsou do lugar mais antigo que registranossamemriacoletivaterrestre.Conhecemos a existncia passada de muitas civilizaes, que sodesconhecidas aos historicistas atuais. Nossa supervivncia esttingida de penrias e tristezas, de sofrimento, lutas e esperana.Passamospormomentosmuitodifceis,almdediversasmutaes.Emcertapocaelugartivemosquevivernasrvores.Descerterra,aindasejaparaagarrarqualquercoisanumpulorpido,eraperigosoe freqentemente mortal. Foi ento que batemos as legiesencouraadasdeumimprio,comosgalhosdasrvores.

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  • Fomos gigantes que no temamos as imensas feras que nosdisputavamcomosedisputaumpratodecomidaemdiasde fome,ouumadelicadezaespecialnumamesafartadebanquete.Atravessamos pacificamente vastos territrios ocupados por raasestranhasedesconhecidas.Fomosguerreirosqueocupamosotronode quem quis nos conquistar. Nossa cultura traz consigo oscontedos de nossa histria, viva hoje na conscincia de nossossemelhantes.Vindo nossa semente do espao, criamonos aqui, com a fora evontadepostaemnossaevoluoedesenvolvimento.Sobrevivemoscomogrupoecomoindivduos,equeremossobrevivercomoespcieuniversal,juntocomaquelescomosquaisnospossamoscomunicareconviveremformanoviolenta.Apenassouumsobrevivente.Custdiotransitriodosbensquemeforam confiados.Aindano fui assassinado,nemperecide algumaoutra formatonaturalcomoesta,aqui.Agorame limitoacomporminhasmemrias,medidaqueohorscopovaigirandosua roda.Lembranasde instantes terrestres.Em trnsitopeloPlanetaTerra,uma testemunha em vivo e direto das atrocidades da CivilizaoHumana;me protegendo do gelado vento outonal num quarto dehotelbarato.Jpensouoquefazqueaoshumanossejatodifcilconviver?Dizemquehpaz,somenteporqueoPlanetanoestemguerratotal.Masa violncia est em todas as relaes. Tem momentos que ficomaravilhado de minha sobrevivncia. Ontem morreram dez,inocentemente assassinados num lugar por ali. Quase nada,comparadocomoutroslugares.coisadiriaecorriqueira.Quantosoutros morreram por iguais razes e circunstncias, matados porseus iguais? Sem contaros feridos,os torturados,os impedidosdetrabalhar e de se expressar. E por que centralizar a ateno em

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  • lugares isolados.No so s asnotciasdos lugaresmaisprximosquenostocam.Etambmnocoisadeumregimeespecial,nemsdeumaformapoltica,nemdealgumareligio,em lugares isolados.coisaqueacontececontinuamenteemtodososcantoserincesdetodoestePlaneta.

    EUNOVOUBAILARNACURVA

    Aosairdecasatinhaumporconaesquinadaavenida,passeandoemdireocasaqueabandonava.Tinhaoutronaprximaesquina.Eus ia caminhando e percebendo o setor cercado por outros doisporco,almdaatividadedesusadadeveculospoliciais,atpicadumdia to comum e normal.No ar, alm da pura imaginao, est apresena desagradvel da represso. como o faiscar intangvel,ameaante e controlador, intruso e ofensor da privacidade. Nogosto.Tomaraquepudesseestarcertoquenovoubailarnacurva.No quero. Por razo nenhuma.Devo estar fora de toda suspeita,inalcanvelpelaminteno,tpicocomooindefinido.Elesolhamopapelondedizminha idadeenomeolham.No seinteressamporoutrodetalhequenosejaesseestpidonmeroqueindica o tempo de minha permanncia neste Planeta, at estemomento.Euseiquesrepresentaminhaidadebiolgica,deacordocomatransiodeminhapresenaatual.Nominhaidadeenoasintocomotal.

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  • VenhodaLuz,aLuzcomigoeparaaLuzvoltareiquandocumprameuciclo.Soutovelhocomoouniversoetojovemcomoodiadeamanh,quedespertaremmimcomasemprerenovadapromessadeumavidamelhor.Aqui, neste Planeta, onde estou em trnsito, levo comigo umanacionalidade, obrigado pelo fato de ter ocorrido minha plenaassimilao fsica a este mbitonum lugar geogrfico especfico.Ogoverno deste lugar/cidade cobre uma certa extenso de terrenonum espao maior chamado pas, do qual sou identificado comocidadodecdulanumeradanamo.Quandonoestouali,precisoumaautorizaoespecficapararealizaratividadesdesobrevivncianoutro lugar.Quando no estou autorizado legalmente, no possorealizaroutraatividadequenosejagastardinheiroepossoficarsotempoquedemoraremgastaroquetiver.Realmente no est fcil. A comida muito escassa, transporte ecomunicaoquase impossveis, sem luzeltrica, as guas servidascorrempelas ruas,chovequase todososdiase tudose transformanumbarralfedorento;acasanotempisomassimmuitasgoteiras,houveram trs crimes em trs semanas, assaltaram a padaria,algumasnoitesescutamsetiros.Masopiordetudoaperspectivademelhoria.Por sorte os vizinhos mais chegados so gente boa. So pobres,humildes, alguns deles muito ignorantes, mas no so ruins. Istoajudaaagentar,masnoaprogredir.Minhaconclusoquedevo irembora,tenhoquesairdaqui,destelugarondesoudiscriminado,perseguido,excludo.Umaforamuitograndeseopeamimenopossoencararumabatalha.Minhavidacorreperigo.Duasvezestentarammematar.Soupessoanograta.Nemeumesmotinhacadoemcontadaprofundidadedodioquemetemcertoselementoschegadosaopodercentral.Meperseguem,

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  • metiramdequalquerprojeto,nomedeixamviverempaz.Minhasatividadessosuspensas,boicotadasporquemseconsiderameuinimigo.Serviuparameabrirosolhos.Notemsentidoeminsistir,nempossvel.Qualquerdia,pornada,mearmamumaciladaqualquerenemvoupodermedefender.Noexageradopensarassim,porqueassimquesefazaqui.Noexistedilogo. Se obedece calado e cegamente, se apiam as lideranasdesignadas,porcimadetudoeapesardequalquerirregularidade,ousecorreperigodemorte.Amelhorpolticanoparticipardenadaquenoseja indicadopeloncleodopodercentral,atravsdeseusrepresentantes.Eu fuidescartado.Mobilizeimeumpardevezes, infringindo fortesderrotas a esferas hegemnicas; feri os interesses de foraseconmicas e polticas importantes, atuando sozinho. Agora metemem e no daro outra oportunidade, nem uma chance demeredimir. Estou totalmente fora de lugar e em constante perigo,encurralado. S posso pensar em ir embora. No existe outrasoluo. Tenho queme centrar em sair daqui e decidir para ondefazelo.Otransfundodetudopodeseresumirnapalavrachavecorrupo.Ogrande roubodaadministraopblica,que levadoaomximopelos sequazes dos poderosos e se repete em todo nvel. umamquina de enriquecimento ilcito que mantm oprimido o povoexploradoeenganado.Quempretendeserhonestoafastado.Estforadoesquema.todoumgrandemerdal,umapaneladecobras,lagartos, aranhas, escorpies, que s se comunicam entre si parapoderroubaraomximo.O serhumanono conta, ano ser como instrumentousadoparafins de enriquecimento dos burotecnocratas e polticos. Eles seencobremedefendementresi.Perseguem juntosaquemseope.Acabamcomquemnosejadesuaconvenincia.

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  • Agora seimais que antes das relaes emaneiras de atuar dessesmonstros.Agoraentendomelhorsobreaforaepoderdoesquema.Entra poltica e a religio no alheia. cruel, desumano e semescapatria. No perdoa, mata direta ou indiretamente, semcompaixo.Umsistemamuitofilhodaputa,queeutivecoragemdeenfrentare,pior,derrotar.Ganhei algumas batalhas, mas no a guerra. Infringi perdasapreciveis,mas em setores limitados, que no colocavam a bestaemperigo.Estaseguevivaeestsevingando.Selheapresentooutrabatalha,nomedeixavivo.Assimnotemsentido lutar.Notenhoalmademrtir.Aperguntaatondealcanasuaesferadeatuao.Noponhoemdvidaquesejanacional,aindaqueseunveldeprofundidadedevaserbastante superficial.Nohouve,porminhaparte, aes ilegaisque permitam uma persecuooficial e aberta.Mas no ser fcilachar um porto seguro. Os ces so ferozes, especialistas emperseguir e derrubar, apesar de ser bastante incompetentes naprofisso assinalada. possvel que fiquem satisfeitos se eudesapareodesuareadeinflunciaimediata,masminhaposiojsetornoumuitodesconfortvelnestePlaneta.Nocontavacomisto.Estavailusionadocomarealidadedummundoinexistente. Esqueci a ferocidade das feras. Agora que entendomelhor a realidade socialdeste lugar, j tarde eno tenhomaisparaondecorrer.Nenhum lugar,nenhumpas.Nopertenoaumgrupoorganizado,nosirvoaningum,apenastenhoumqueoutroamigo ocasional sem compromisso. Estou sozinho, como quasesempre.Sozinhocontratodoessedioeatdevocrerqueelestmumcertomedo de mim. Fui muito bom em meu acionar. Devem imaginarmuitascoisasdemim,sempodermeencaixarnumesquema lgico

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  • paraeles.Nuncaentenderiamporqueeufizoquefiz,semumapoio,sdefendendoumaporcalhadadelugardetrabalho.Agora,dosquedefendi,ningumse lembradoquefizporeles,nemreconhecemobenefcio que tiveram. Entregaramse ao poder e voltaram aretroceder.Grandeerrodeminhaparte?Ecomoiaaficarcalado,quieto,inativo,se todos estvamos sendo prejudicados, enganados, roubados,injustiados...Estranha sensaome produz esta situao.Nunca estive em algoigual, assim to pior, ainda que j passei por situaes de perigoantesenoaprimeiravezquevou fugirdeum lugar.No tenhomedo,porqueoperigonomanifesto,no tembalasebombas,comoemumaguerraaberta.Sseiqueoperigoexisteequemeucaso ficariabemmaisgrave,perigoso, seeu insistisseno combate.Istonomeinteressapormotivonenhum.dizer,ficarsiminteressa,mas tenhoque reconhecerque logo,mais tarde, teriaquedesistir.Entomelhoriragora.Semdvida.Acompreensodistoumgolpeduro,forte.Derrubaumavisodarealidade socialhumana.muitssimopiordoquenuncaacreditei.Sporesta revelao,o feitovaleapena.Paraminha conscincia,melhoristo,antesqueacreditarnoesquemadosistema.Aindadoa.Pois isso.Nada que levante o nimo.Barra pesada.A situao emestepasestpssimaequandoagentepensaeexaminaumpoucomaisemprofundidadeedetalhes,vquearealidademuitopiordoque parece. No tem chance de melhorar e menos ainda deprogressosocial.Porsuaforma,estrutura, idiossincrasia,etc.,opasest condenado a ficar fora da esfera mais adiantada do Planeta.Muito pior, bem atrasado.No existem dados alentadores. tudoumabsolutobaixoastral.

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  • OprprioPlanetapareceestarmucholouco.Nenhumlugarpareceasalvo de algum tipo de crise violenta. Me faz sentir encurralado,prisioneiro. Viajar perde o sabor de conhecer o novo, para seconverter na fuga de um lugar insustentvel. No h espao parailuses.O Planeta parece estar imerso numa sndrome de fim de sculo.Semprehouvecrisespsicolgicasesociaisnestaspocas.Masagoraest agravado pela sndrome de fim de milnio, o segundo doscristos, influenciados por uma cultura apocalptica que permeia apsiquedeumagrandepartedoshumanos.Noacreditonoqueelesacreditam.Vejoadesgraadeoutraformaeme importocom isso.Mepreocupo.Medapenaeraiva,revolta.No consigo me desconectar e fazer minha vida como se nadaestivesseacontecendo.Sintomesozinhonisto,aindaquehoutros,ainda que por aqui paream poucos demais, escassos, quaseausentes.Assimmeconvertinumdissidentesocial isolado,solitrio,comminhasopiniesepontosdevistaspessoais.Noconcordocomascoisascomoso/esto.Nopossomudarnadaeestouobrigadoaseguirojogoquedesprezo,parapodersobreviver.Nofundodopoo.Ainda,oucomosempre.Hoje,outrodiaqualquercomo tantos outros, crucial na sobrevivncia. Decises absolutas,importantssimas,quedependemdeoutrosquenosoueu,seguemmeconvencendoqueascoisasdevemser feitaspelagentemesmo.Oumevendercomoescravo, juntoaminha integridadepresencial.No achoo caminhodomeio,quemedeixeumplusde liberdadepara realizar, ainda seja em parte, as tarefas que me impe meuconceitodomundoedarealidade.Meudestinoemmosdeoutros.ridculoeestpido,masassimmesmo.Gentehumanacomoeu,quenomeconhece,queapenastemmevistoouconversadocomigo,aquemno importoalmdeumarelativautilidadequepossaterparaeles,decidemsobreminha

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  • vida.Eusozinho,pormuitooupoucoquefaa,nenhumvalortenho.Sem uma produtividade econmica que gere lucro, no gerodinheiro.Somentesendocomoeles,explorandootrabalhodeoutroshumanos,poderiamelhorarminhavida.Pior ainda o aberrante nvel dos trabalhos que o sistema mepermite realizar. E mais, para realizlos devo renunciar a todaatividade pessoal, pois so assim to absorventes. Tambm nemsequer deixam lugar possibilidade de que por meio dessasocupaesmeliberedoscondicionamentoseconmicosesociais.Agenteficacadavezmaispresoaumavielasemsada.Por outro lado, o estudo do mbito que me rodeia indica umdeterioroprogressivo,aceleradoeirreversveldascondiesdevidae das possibilidades de sobrevivncia. Fatos concretos apontam ainflexibilidade de um sistema scioeconmico que parececondenado desintegrao e ao caos definitivo. A falta deconscinciahumanistanos integrantesdestaestruturaeaausnciade proteo/segurana social, so apenas alguns aspectos quedificultamatarefadaprpriavida.Aexistnciasemanifestacomoalutaconstantepelocotidiano,emduracompetioegostaedesleal.Odesafiocolocadoporestaproblemticaparecepoucomenosqueimpossvel de superar. Por onde est o caminho? Aquele que noobriguearenunciaraosideaiseconcilieanecessidadedesobrevivercomaevoluoeocrescimentopessoal,semprejudicaraterceirosnemecologiadoPlaneta.Qualaformaeaspossibilidadesreais?Nadafica,salvoador,aimpotncia,ofracasso,afomeeamisria.

    OSPODEROSOSNOAJUDAMAQUEMCANTALIBERDADE.

    O problema se me apresenta com um fundo insolvel. Rejeitoqualquer alternativa, desestimulo qualquer iniciativa. Qualquer

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  • necessidade ou prioridade deixada a um lado, trocada por umasoneca. No tenho mais alegria: desvaneceuse. Nem falar defelicidade. Algumas satisfaes so apreciveis, mas no muitoprofundas.Nohretorno,adecadnciagrande.Noqueromaisnadaenadadenada.Que posso dizer ou pensar, quando j mais nada pode ajudar? niilismo reconhecerquemaisnada tem soluo?derrotismo crerque tudo est perdido? O que no ver nem uma possibilidadeevolutiva? Como se faz para sobreviver uma fase destas? Temalgum que possa dar uma guinada, uma mudana profunda edrstica ao imundo mundo objetivo que me rodeia? Quem podemudararealidade? PerceboqueoPlanetaestpassandopormomentoscruciaisdesuaexistncia,chegandopertodomomentodecisivodeumadestruiototal ou a aceitao de uma sobrevivncia sem vencidos nemvencedores. Estou aqui tentando pensar no caf da manh deamanh, sem ter que ser necessariamente destrudo. Assoa aimbecilidade galopante, mas a luta pela sobrevivncia ocupatotalmente meu dia. Apenas fica tempo para algumas anotaes,commuito tempoentreumaeoutra.Estou to imersonosistema,que apenas posso pensar ou falar. Os atos que realizo socondicionados e passo por ali como qualquer filho de vizinho,querendo apagar essa imbecil humanidade que me rodeia,incomoda, implacavelmenteperturbadorademinha individualidadeeprivacidade.Semqualquer liberdadeparapoder realizarqualqueraoqueeupudessealbergarnaintenodeminhavida.

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  • ENCRUZILHADANeste marco, as liberdades concedidas no podem parecerexcessivasenomeabandonaaestranhasensaodequererestarno lugar errado, ante a nsia de escapar da onda de violncia copresente existnciamesma neste lugar que representa tamanhainfelicidade.Arestriodasobrevivnciaestranguladora,comosuponhoapoderegistrarqualquerserhumanonestemomento,emqualquerlugardoPlaneta. como se todo acionar for encaminhado prpriadestruio,coordenadaelevadaacaboportodosecadaumdens.Um imenso impulso de destruio terrestre, prestes a acabar comtodovestgiodestaimprevistahistria.A imperfeio se autoelimina, como quando o experimento noobtm sucesso.O processo podeno realizar um salto qualitativo.Imbecil destino para quem quisera nunca voltar a aparecer nestepesadelo estpido. Enfim, a energia verde e chamase dlar; ouseja,a formaqueassumeadvidanummomentodado. Istoagora,quando desaparece o circulante e ningum, ou muito poucos,escassssimos entre tantos ainda sobreviventes, injetam algumasmigalhasnumsistemaparalisadopelansiadeautodestruio.umsuicdio assumir crditos, financiamentos ou emprstimos. Otrabalho puro no tem valor por si mesmo. Com esta dinmica osistemanopodearrojarresultadospositivos.Todos temos que adquirir mais quantidade de dinheiro em cadamomento de nossa existncia, que se converteu em uma dvidacrescentepelosimplesfatodeternascidoesobrevivido.Istoafetaatodos,absolutamenteatodososhumanosquehabitamestePlaneta.Viverparacorreratrsdodinheiro,parapoderseguirsobrevivendo.Noevitaamorte,masfazpossvelasobrevivnciaparcialelimitada.

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  • Precisariadeumamquinacibernticaparaaliviaromanejodetantodado,eescreverpelomenosumlivrosobreotema,parapoderfalarcoerentemente agora sobre o complexo aspecto da economiavigorantenestearrevesadoPlaneta.Asespeculaescomabstraesacidentaisoupropositaispretendem refletir realidadesobjetivasdasabedoriadivulgada,masnopodemencararalgumacoisacrvel.comoseestivessemseesforando,dandoomximodaimbecilidadepossvel,paradissimularoimensoburacodaarmadilhaquesegestouquando apareceu entre os humanos o conceito dinheiro e suaspossveis formas de aplicao e uso num sistema econmicoplanetrio, onde os ganhos e lucros ilimitados poderiam serteoricamentealcanadosportodosequalquerumapessoa,sempre,portodaaeternidade.Encarado o dado, relacionando com o atual estado de extremanecessidade que atravessa a grandemaioria da populao, parecebviodemaisqueosistemanofuncionacomofoiproposto.Muitopelocontrrio.Estamos vivendo o mito anarconeoliberal que desagrega ahumanidadeecobea integraocomunitria.Eleproduzoconflitoentre globalizao e sua conciliao com as necessidades reais eobjetivas dos humanos. O sistema financeiro inadequado e ossetores informais so discriminados e reprimidos. As formas detributao reduzem a eficcia do sistema produtivo. A lutadistributivaproduzdesagregao.O neoliberalismo uma ideologia que at pode se disfarar deevolutiva, filo socialdemocrata, inventando de passo camalenicassemelhanas socialistas. Maneja uma perigosa adaptao convenincia / necessidade que dita o voto poltico e muitodependente da manipulao deste. Na realidade, a prtica ocultaumaeconomiadeguerradirigidaocupao territorialpelaselites,comimensosofrimentodospovosaindasobreviventes.

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  • Poderamos perguntar qual ser a imagem do dia em que ahiperinflao semanifeste em formaplanetria? Indefectivelmentedever chegar esse momento. Sabemos que inerente aos ciclosinevitveis do sistema capitalista, que hoje chega a sua mximaexpressonoesquemaanarquistaneoliberal.Sintoquenemvaleapenameadentrarporelucubraessobreesteespecfico ponto. O liberalismo sempre foi o ltimo refgio dopoltico fracassado. uma aberrao sistmica. Tem que deixarmuitos margem do desenvolvimento, longe dos lucros ebenfeitorias,paraquepoucospossamdesfrutardegrandesriquezas.Issocriminoso.Existem relativamente poucos humanos que possam trabalhar nasatuaiscondiesdemercado.Quemficaforadoesquemaproduo/servio no consome. No pode, est impedido de consumir. Oesquema social aceito / adotado no beneficia o desenvolvimentoeconmico. Inibe o desenvolvimento e marginaliza multides. Amaiorpartedos integrados/nomarginadosdo fluxomonetrio,sobrecarregadaemsuasocupaeseprecariamente retribuda.Sominorias que conseguem ocupaes fixas, que permitam certaseguranaedignidadenasobrevivncia.Sopouqussimosindivduosquesebeneficiamemformadesmedidadosacrifciosocialdetodoorestodahumanidade.Istooquetemquemudar.Aambiodeveserredirecionadacomsentido social, criando a imagem de si mesmo e de sua prpriasobrevivncia e bemestar, integrada na organizao social.Identidadedoserhumanocomseumbitodevida.Devesedarumrotundonoindividualcorridaaorpidoenriquecimento,masdevesepriorizaraidentificaocomamelhoriadetodoogruposocial,emsentidoamplo,asuavezrelacionado/estruturado/organizadoemnvelglobal.

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  • OVULGARANIMALHUMANO

    Podemosservistoscomoumaespciedeterminal,umterminalfsicocadaumdens,unidosaumcomputadorcentralvirtual,inexistentenum plano fsico /material.No quero nem entrar em discutir seexiste ou no. No plano fsico comprovvel empiricamente, seestabelece a comunicao entre humanos e cada um se definecontraditoriamenteouemharmoniacomrespeitoaosoutros.Um exemplo presente na psicologia materialista, tanto como napseudoreligiosa, a sistemtica represso da inteligncia. Ahumanidadeinteiralesadapelainformaoreprimida,tergiversadaou absolutamente falsa. Esta uma expropriao violenta dosconhecimentosquedeveriamsercomunsecompartilhadosportodaahumanidade.Amanipulaodoconhecimentochegaaestabelecercertas castas que justificam e fundamentam filosfica ereligiosamente a explorao de seus semelhantes. A confusoideolgica chega a ser bestial. O prprio sistema de circulao dainformao leva em si, primordialmente, a inteno de lucro, quedefineelitistamenteosqueobtmacessoaela.Paraanimaisinteligentesdemaioratividadeneuronal,elaborouseumtipodesubcultura,queeliminadrasticamentenosomentetodaoutra cultura, mas que no considera em absoluto a formaoconscientedossereshumanos.Culturamaisumamercadoriaquedeveproduzir lucroeestnomesmonvelenasmesmascondiesque qualquer outra mercadoria que persiga o mesmo fim,obedecendoa leisdemercadoeseatendoao jogoesprioridadesestabelecidas num sistema alienante, mais do que opressor,destruidordosvaloresqueofereceriamumreal impulsoevolutivoespcie.

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  • Fomentaseodogmatismoindividualistacomomiragemdeliberdadepessoal.Emseumximoegosmo,esteafirmaqueaverdadecomoeu a interpreto, sem considerar em absoluto o riqussimo acervoculturalecientficodahumanidade,oqualdeveriaestaraoalcanceedisposiodetodos,de formagratuita,como fimdedesenvolvereaplicartodoopotencialqueoshumanostemos.Todosistemaquedificulteouimpossibiliteaamplaelivrecirculaodetodainformao,umsistemaqueprejudicaodesenvolvimento.Quando, alm disso, a informao manipulada e negociada porumaminoriaque seapossadelaedosmeiosquea transmitem, seproduz uma aberrante involuo, prpria dos mais obscurosmomentosregressivos.Imensosrecursosfinanceirossodesviadosaumaautodestrutivaexacerbao da violncia. Para osmessias do fracasso no difcilachar exemplos que justifiquem suas vises apocalpticas. Aosmessias do futuro no resta mais do que abominar das idiasderrotistas, que por sua mesma espcie deixam sem valor toda ahistria da permanncia humana neste Planeta. Somente podemvalorizarorenascimentodavidaplenaedosiguaisdireitosdetodosdegozaravidaemseumximoesplendor.O poder no est explicando as coisas com clareza. O engano grandedemais.NohcoernciaentreoPlanoEconmicoMundialeo futurodaespcie.oerroprimordialdaculturadeconsumo.Oslimites j esto praticamente ultrapassados, chegandoperigosamente perto de uma situao catastrfica. Ainda assim secontinua insistindo em mtodos de produo que fazem imensodano ao meio ambiente, produtos suprfluos e/ou mal feitos,produode riquezae repartiodestadeummodoqueaceleraadestruio do restante, incluindo os seres humanos quepossivelmentecheguemapovoarestePlanetapormaisalgunsanos.

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  • GRITODEJUSTIANopodequalquerminoria se sentir comodireitode seapropriarautoritariamente dos bens pertencentes a toda a humanidade. Oconhecimento est entre estes e pode se considerar recompensa,mas no apropriao. No lcito comerciar a informao, aformaoouacultura.Nohsistema,crena,doutrinaoureligioalguma que quiser se chamar humanista, que possa justificar emformacoerente,semcontradies,aviolnciaeconmicaqueestsepraticando contra os habitantes da Terra, degradada por umafantica venerao de valores totalmente opostos a uma salutarconvivnciapacfica.OsprincipaissistemasqueregemhojeoPlanetaeaseushabitantesestocondenadosaofracasso.Nenhumamentemedianamenteclarapoderia aceitar a possibilidade que algum destes chegue a seradotado definitivamente como modelo para o futuro. Estamostransmitindoporcalhadaeproduzindosofrimentoinfinitoemnossosdescendentes, multiplicando a dor que os povos sofrem hoje.Pretendemosque sejam to imbecilizadosquenempossamcriticaraosquedestruramoPlanetaparaeles?Ouqueremosapagar todovestgiodevidanestecantodouniverso?Seguir funcionando com os sistemas em prtica uma fraude aofuturo. uma traio humanidade. Utilizar nossos recursos limitados em si na violncia e na destruio , no mnimo, umirresponsvelesbanjamentodasriquezas.Aapropriaodotodosocialporumaminoriaumrouboecomotaldeveserdenunciado.Amanipulaodenossasriquezasnaturais,porgruposdepoder171descarado,quenopodeinvocarjustificaovlidaanteavida.Seuusonaproduodearmamentossofisticados,capazesdeimensadestruio,umatosemprecedentesnahistria

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  • csmica.Parecenoexistircastigoaptoparaserestoinfinitamenteidiotas,verdadeirosporcosimbecis,quenopodemserconfundidoscom humanos por certa semelhana fsica. Nunca podero seconsiderar integralmentecomoseresaptosparapovoarasgalxias,levandoaocosmosamensagemdeumaculturaprpriadaespcieaparentementeinteligentequepovoaaTerra.No lcito exercer o poder para se autobeneficiar. Nenhum serhumano pode se considerarmais do que outro, commais direitosqueoutro,pelo s fatodeque somenteumhumanomais,entremuitssimosoutros.Correspondeaoconjuntosocialadecisosobreouso e aplicaes dos bens e recursos disponveis e o destino doproduzido. O mximo de bens materiais aos quais todos temosdireitooquetodospodempossuirporigual.Nem pode se cogitar que a evoluo seja produzida por uns eusufruda por outros. Pior se estes outros formam uma eliteminoritria que mantm autoritariamente um sistema injusto,bestial,doqualseguemsebeneficiandoexclusivamente. Istonuncana histria conduziu a ummelhoramento da qualidade de vida dahumanidade. Muito pelo contrrio, tem nos levado a condiesapocalpticasdesobrevivncia.Nenhumserhumanotemodireitodeimpor a outro este estado de coisas. Nada pode justificar umafilosofia,poltica, ideologiaou religioque imponhaesteestadodecoisas. No existe lgica nem razo num sistema que destruasociedades e culturas, ecossistemas e recursos, indivduos eambientes, idias e realizaes, s para manter sua hegemonia ebeneficiar a muito poucos sobreviventes e por tempo bastantelimitado. Impossvel no entender que este o caminho dadestruio,dosofrimento,danegaodavida.S depois de solucionada a proviso das necessidades bsicas[alimento, moradia, vestimenta]; provisionados a educao, ocuidado sade, o tempo de descanso e de lazer, conseguindoocupaoeasmesmasoportunidadesparatodos,semdiscriminao

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  • de espcie alguma; alcanando uma justa repartio das riquezasproduzidas em conjunto; no seria justo inibir a tendncia, tantoindividualcomocoletiva,demelhoraronveldaqualidadedavida.Os recursos atuais deveriam ser destinados a milhes de serespostergados em seus legtimos direitos de alcanar uma vida deacordo com o nvel que poderiam alcanar, tomando em conta osadiantamentos tecnolgicos que temos conseguido realizar.O queimpede o imoral esbanjamento de recursos, a exploraoinconcebveldaspessoasedanatureza,eaestpidapersecuodefinsquesbeneficiamumaminoriainjustamenteprivilegiada.

    TODOCOMERCIANTE

    LADROOquehonestidadecomercial?Aomenosnadaquetenhaavercomlucrooupreosdemercado.Noexistecomerciantehonesto.Oatodecompraevendadevesersuspenso,eliminandodeumavezeportodasestesistemapredatriodaraahumanaedanaturezatoda.Sempreprejudicadoquemtemquepagaraplusvaliaqueformadolucroalheio.Quemcompraroubadoeporissotudocomercianteladro.Nopornada,maspelosimplesfatodepraticarcomrcio,uma das mais imorais ocupaes humanas. Um nojo. Degradaototal.Atividadenoaptaparaevoluoedesenvolvimento.

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  • Nascomunidadesmaispobresecarentesseobservamaisclaramenteo destaque que assume o comerciante que retira sua riqueza dosreduzidoselimitadoshaveresdeseusvizinhos.Secoartaasimesmoe, aomesmo tempo, coarta a possibilidade de evoluo do grupo,restringindo o acesso s mercadorias, por meio de polticas depreos.Lembremos que tudo o que est se produzindo no alcana paratodos. Ento o preo de mercado no reflete o valor social doproduto,massomximoquepossapermitirodinheirodisponvelna sociedade, recorrendose a toda uma srie de artimanhas paraalcanarmaioreslucros,emdetrimentodoadquirentenecessitado.Os preos aumentados em cada elo da cadeia de distribuioaumentamasrestriescirculaoerepartiodequalquerriquezaproduzida; o que outra vez redunda na dificuldade de conciliar asmnimas necessidades de milhares de milhes de pessoas. Muitagentedemaispagandoosdesatinosebarbaridadesdeumgrupoqueseautodenominadecivilizados.Parecequementalmenteestopiorqueumcaverncola,semquererofendelo.Mashojeparecepiadademau gosto chamar ''homosapiens a espcie que se considerahumana neste Planeta. Na verdade, esta denominao d umaimagemtotalmenteerrada,extremamenteidlicaeevolucionada,doindivduoqueseestperfilandocomoumbrutoanimaldepredador,inconsciente, desequilibrado mental e emocionalmente, ignoranteatdomalqueestcausando.Parece difcil? Ento que o explique algum que permaneceu emalgum campus por certos anos, caa de crditos que lhepermitissem ganhar uma bolsa de estudos para adquirir umdoutoradorelacionadocomotema.Oatodecompraevendaqueproduz lucro imoral,distorcedordalimpa conscincia do ser. Este simples ato cotidiano est nos

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  • destruindo a todos, inclusiveoPlaneta.O comrciodoprodutodenossosesforos sempreproduziuconflitos.Uma sociedadepacfica,com menores restries libertrias e igualitaristas, s pode serpossveldepoisdarevisodosalcancesdoconceitodepropriedade,dentrodumsistemaeconmicoquenosejacontrrioaobemestardetodaapopulaosobrevivente.No servem modelos passados. Esto condenados ao fracasso,estando includas formasquedem lugarao lucrona transaodebenseservios.Anoodeplusvalianopodeserconcebidanumaeconomia benfica. O sistema de escambo est obsoleto e emnenhum caso satisfaz a quem est procurando alternativas.No voltando idade da pedra que encontraremos a soluo a nossosconflitos econmicos, nem poderemos dinamizar nossodesenvolvimento.O fatodequeo fimda transfernciadebensentrepessoas fsicase/ou entidades reside na obteno de lucro, caractersticasobressalente dos principais sistemas scioeconmicos vigentes.Aobtenodo lucrocomoobsessopretensamentenaturalehumanaumengano,umabsurdo,umalacra,umaverdadeiratarasocial.Deporsi,a intermediaonopodeserexcludadadistribuiodebens.Oquesedeveexcluirolucrodosintermedirios.Istoexcluiocomerciante, o grande vilo que se aproveita da necessidade dosoutros.Lucro,depor si,nogarantedesenvolvimento.OconceitocapitalistadelucroproduzdanoaohumanoeressenteaecologiadoPlaneta.Noumidealmuitoconvenienteparaossobreviventesdeumafuturasociedadequequeiraissomesmoseguirsobrevivendo.Seno formodificadooconceitosobrecomrcioe lucro,nopodesurgirumasociedadesuperioratual.Qualquer tipo de sociedade que permita o comrcio com fins delucro deve ser considerada como inimiga da vida. Um tipo deeconomiabenficaparaahumanidadenopodeconsideraro lucro

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  • comercial,ouo termodeve ser reinterpretado comoutro enfoquemoral,ticoesocial.Bem no fundo, os pregadores do lucro como necessidadeimprescindvel,notembasemoralemsuasrazes,poisoqueestemjogoasupervivnciadaespciehumana.Squeestadependedo que ns fizermos agora, todos os que estamos vivos nestemomento.Enfim,o lucrorealdoquefizermosaprpriavidaedaqualidade desta; pelo contrrio ser realidade a aniquilaoapregoadae at apoiada / ajudadapelos apocalpticos,que soosmais verdadeiros e encarniados inimigos da vida. Eles e todo oaparatomontadoem torno,preparadoparasucumbirnomomentoemqueelesestejamprontosparaviajaraocuusandoosmeiosmaispitorescos,comonuvens,tapetesmgicosourabosdecometas.

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  • BOSTAESFEROIDE

    OH,MAIA,MEPROTEGECOMTEUVU

    PARANOENXERGARASBESTEIRASDAREALIDADE

    Abolaseguegirandoaoredordosoleemtornoaseuprprioeixoinclinado,eosolseguedisparado,girandoasuavezaoredordeumncleo indeterminado pela cincia local e nem os cientistas maismodernos podem elucidar o aparente mistrio de seis corposestelares[umdelesnossosol]percorrendooutraelipsequeseafastapaulatinamentedocentrodagalxia.Lar fica cada vez mais longe. H um aumento progressivo daescuridonodeserto celestialaoque vamos lanados.Tambmhmais frio eos corpos se cristalizam,onde a evoluoou a simplesmudana so dificultados. Sucede em imensos espaos de tempo.Todo movimento se cristaliza. O tempo fica capturado em formasacrlicas. Um ser, uma presena qualquer, congelado portemporadasenicas.

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  • isso a programao? Se desfazer deste trao inservvel de lixo,destalixeiracsmica,destaltimapresenainescapveldoterrordouniverso:aRaaHumanachamadaRebelio!Quelongeests,Luz,quenoalcanasestelugarcomtuapotncia!Tuaaobenficanosentida.Euquerianucatehaverconhecido,malditoPlanetaafastadodasrotascelestiais.Minhanave foiembora. S tinha ticketde ida [dizerde vinda]euma indeterminada estadia pela frente. Algum dia, sem sabloagora,apareceromomentofulgurantedoveculoquetransportarminhaexistnciaerranteemdireoaofuturoseguinte.

    Selembrarodemim?Estartudodevidamenteprogramado?Aqueobedeceestafuno?

    Este circo me tem bastante cansado, mas depois de ingerir muitaprotena, que estava me faltando, estou em condies de ver oaspecto simpticodo lugar.Aclaremosumadiferena. Istonooinferno, ainda que aqui se encontrem inumerveis destinospiorqueamorte.Cadaumcarregasuaprpriamochila,semdvida.Base Lar. onde se pode reunir toda a bagagem, abrila e poderdispordetudooqueagentepossui.O lugarsempremuda,atravsdo tempo. A adaptao natureza das condies ambientais crucial, ficandoaCondiodoProcessosubordinadaaosmeiosquetivermosacesso.Fazerascoisasdomodoquepossamserbemfeitas,para favorecer a supervivncia, em liberdade, com justia esegurana.Tm momentos cuja calma me faz lembrar velhas histrias desilnciosselvticos,premonitriosdetormentosasdesgraas;masagentesquerser irresponsavelmente feliznummundodestinadofelicidade.AfugadarealidadenestePlanetasetornaassimumfato,

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  • sendoascondiesambientaistotalmentedesfavorveis,chegandose a um lastimoso estado de destruio irreversvel. S porquequeramosnosdivertir;ns,osqueestvamosvivosantesdevocleristo. Parece que, se seguirmos assim, no vai ser divertido nuncamais,paraningum.comocaminharporumcampoquepoderiaestarminado,duranteomomentodomaiorregistrodepazdesuaexperincia.Acreditandoquenoestminado[paravoc],quandoatravessouatensodesuaexistncia.Tambmnopodeassegurarsuanoexistnciaaoutroquequeira repetiraexperincia.Vocnoguiadeningum. Issodeveestarbemclarodesdeoprincpio.Na tela televisiva deminhamemria, desde o quarto usado comodormitrio, escutava a expanso do som das aeronaves quepraticavam suas experincias guerreiras. Explodiam alegrementepelos ares, naqueles tempos. Ou eram derrubadas, ou seestraalhavamcontraobstculos.Enfim,seguem fazendoomesmo,deformaigualmentealegre.Queimensoaparatosepeemmarchanestemundo,manipulandoavontadedasmassas,injetandodioemaqueles que vo ao mesmo lugar aonde todos vamos, igual einexoravelmente! Ou ser que, por ser religiosos, podem seguirmatandonos?Nosepodeseguirassim,procurandoaguerratotal.Notemlgicanenhuma.Os escritos como refgio ante os pensamentos que emergemtentando interpretar a realidade que os sentidos percebem etentando,aomesmotempo,sobrevivercomoindivduonasociedadehumana.Estranhahumoradadoconceitodesociedade,querendoenfocar um ponto de vista positivo. Coisa difcil de realizar, tendocomo vizinho um negro imenso do outro lado da parede, oquarto/cela vizinho aminhas costas, lanandoumdiscurso em vozalta,dirigidopessoalmenteamimporquenosoucristo.Ohomem violentoeperigoso, fanticodeuma seitaque considera Jesuse

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  • seus ExrcitosGloriosos chamados a varrer com sanha tudooqueencontremnoUniverso.Tmdessesexrcitosdesobra,dediferentesseitase religiesque,com religiosa f, como um poltico qualquer, se destroem uns aosoutros,semtomaremcontaocontextoglobaldoconflito.Uma tintura pseudoreligiosa, com a nefanda viso de religiesimperantesesuas inmerasseitas,acentuaacrise.Estomaispelofim,queporumapossvelevoluo.Ningumpareceentenderqueno se pode sobreviver sozinho, eliminando os outros pareceres eparceiros e, aomesmo tempo, rejeitando aobjetivaodo caso.Anica razo dos pregoeiros do caos so predies acumuladas aolongodahistriahumana,asquaisnosecumpriramnemnapartemessinica do salvacionismo redentor, como demonstrado pelocaosimperante.No entendo o fim ou sentido damutua agresso, encaminhada auma total destruio segura, somente porque uma vez algumapessoadivulgouumsonhoquetevesobreofimdetudo,algumdia.simplesmente ridculo.Algunsdiasatrs tiveum sonhomuitomaisbonitoenopossoacreditarquesejamenosvlido.Noexisteumpassodecisivo,absoluto,paracessarcomtodaaquelabeligerncia ou conflito, de imediato. Suponho que as implicnciasseriamtoprofundasecomplexas,queteriamdelevarforosamentea criar uma srie de mudanas no queridas ou outras atimprevisveis.No h dados sobre o planejamento racional de umprocesso pacificador. A tendncia o contrrio. A idia geralinculcadaada impossibilidadedeumAtodePazGlobalaparecersobreaTerra.Ou seja,nomesmo.No,nemnumbairro,nemnaisolada casa dum campons ou dum eremita. Neste momento,parecequeningumtemcoragemdetentar.

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  • Estseproduzindoumaexcepcional,exageradssimaquantidadedematerialblico;almdeseuusocontnuoeirreprimidoporbelicososqueserecusamaaceitaraigualdadedascondiesdesobrevivnciapara todos e continuam a praticar o assassinato de seres de suaprpriaespcie.Comoopesadelodeumarealidadeinexistente,sempoderfazernadaparaacordar.Asnotciaseasexperinciasdiriassoviolentas.Estnopontodearrebentar a incoerncia [?]dasmassas.Ouno serqueesta anicaformadesercoerentecomasituao?Perceboqueoaparatorepressivo do poder est treinado e armado, prevendo rebeliesconcomitantes com este perodo de estagnao e pilhagemeconmica.bastantehorripilanteoqueestacontecendoemrelaopolticaeconmica.O futuro se v aindapior. Sadano aparece.Nenhumpaspoderpagarsuasdvidas,nunca.Nopodehaverrecuperaoeconmicadaformacomoascoisassolevadas.Sunspoucosseresgozarodosprivilgiosreservadosaosqueseprestamparapreservarosistema.Poragora,fortesbrotesdeviolnciaapenasaparecemnavidadiria,masmostramtendnciaaaumentar.aviolnciasocial,quetornaperigosaaconvivnciahumanaemseusmaissimplesatosdodiaadia.Tambm h grandes tragdias naturais e aumentam as pessoassubalimentadas. O poder aquisitivo do dinheiro se restringecontinuamente. O investimento na produo de armamento e emcoisas fteisnonecessriasedepssimaqualidade tornase cadavezmais insuportvel,devidoasuaalta incidncianadiminuiodaprobabilidade de sobrevivncia. Neste momento, ningum podealegarfaltaderesponsabilidade.Adefesadomeioambienteentendidaagressivamente,produzindoincomensurveis danos ao prprio cho que nos produz o nossosustento.Oconceitovirasedefenderdomeioambiente,comose

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  • estenosatacasse.Aguerradeextermnioemcursosevoltacontraas forasdanatureza, tentando futilmenteodomnio sobre coisatocomplexa,ousimpleseterrena.Passouse a fomentar a contaminao da Terra toda, seguindoestpidos sonhos de poder, dominao, enriquecimento pessoal,fatalistas e belicistas, de religiosos e polticos depravados efanatizadosporideaisqueemnadaservem,nemsmaisretrgradasteoriasevolucionistas,poisaevoluoacabouaquieagora.Aeleio imposio para a implementao de uma via, por uma eliteminoritria,simplesreflexoeprovadeummtododesumano.Assumo que existe poder tecnolgico bastante nossa disposiohumana,parapenetraremtodocantodestaMiservelBolaeavisaratodos que no h mais guerras nem inimizades e que a violnciaacabou e que tem alimento e ocupao para todos, sempre quetodos realizarem tarefas menos destrutivas. Um plano dereprogramao seria facilmente realizado pelas redes decomunicaodemassas.Noempatariamuitosanosedariamuitomais ocupao, distribuio de riquezas, envolvimento social esentido de vida que, por exemplo, a direo espacial que estconsumindoumacolossalsomadeesforoserecursos.Isto,unidoaocustodoarmamentodisponveleemaltaproduo,nonospermiteaningumviveremcondiomaisseguraedigna.Em cmbio, chega carta contando de bombas que explodem emqualquer lugaroumomento. issoemqualquer lugarederepente,sem aviso prvio nem discriminao. Cada semana contamse osmortos. H lugares onde explode uma bomba por minuto. Issomesmopodeaconteceraqui,emqualquermomento.Comoestoascoisas,podeexplodirtodaaPorcaBolaagoramesmo.Masamaioriaparecedesinformadaouassumeessaatitude.Parecealgolongnquo,quenoafetarcertasreasdoPlanetacomoesta,protegidaporumdeusinventado,ouqueanoveladasoitosempreestarali,soitoe

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  • quarentae cinco,passeoquepassar,paraesquecer a verdadedomundoreal.Aonveldeconversaeatitudesdopessoal,atpareceummomentoprapocalptico.Esto todoscomoatordoados,piorquealienados.Parecequenadadoqueexistepossaagentaroutrosdezanos.Nadanovocriadoparadurartanto;nemdezanosefreqentementenemdezmeses.Gastamse fabulosasquantidadesde recursos enada feitoparadurar.Empregamse imensosrecursosemproduzircoisasque rapidamente vopro lixo.Todescartvel comoqualquer vidahumana.Nadase fazpensandono futurodaespcie.Vivemosumaeconomiaapocalptica.Algunsatacreditamquehaveralgumgrupoquesobreviver,quetodos no morrero, que algum poder seguir procriando, quesobrar algum lugar neste puto Planeta onde algum sobreviventepodersobreviver.Eorestodaestria?Sexiste:tenhoquevenderhoje, e amanh mais do que hoje e mais caro, para ganhar maisdinheiro.Onde est o sentido?No o encontro entre esse tipo dehumanosdestePlaneta.Noconheonenhumtipodeprofeciaquedigaqueoserhumanoseautodestruir. conhecimento novo na cultura planetria, masestamos chegando nesse ponto. Os processos de autodestruiopostos em marcha pelos humanos ainda so reversveis. Algunsprecisam de uma enrgica ao imediata para ser freados.Muitasformasdeverosermudadasparaevitarodesastremaior.Nadadevehaver que possa evitar ou limitar a possibilidade de fazer destePlanetaumlugarmaisharmoniosoeequilibrado.Quemqueira salvarestePlanetadeveparar j,agoramesmo, semesperaroutracoisaacontecer.Nohquempossaparar istosenoformostodosnsjuntos.

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  • Pior o apocalipse da vida prpria da gentemesmo, nummundodominado pelo Terrorismo Apocalptico mascarado atrs de umailusosobreaspossibilidades futurasdahumanidade.Porcomentlo commuita suavidade, as possibilidades de sobrevivncia de umindivduoqualquersobastanteprecrias.Quantas possibilidades de vida engendradas por humanos nestePlaneta morreram sadios e felizes em idade avanada? Nemsomando todososmortosquepossamoscontarem todaahistriadenossa existncia como espciehumana,poderemos contabilizarmuitoscasos!Qualocasodahumanidadeinsistiremsistemasdeconfrontoparaasseguraremelhorarsuaprpriasobrevivncia?Noseriaumabaitadeumacontradio?SerquenestePlaneta spodese sobreviverpiorandoavidadosoutros?extremamenteestranhoqueossereshumanos,emsuatotalidade,no se questionem o modelo econmico e social, as crenasreligiosas e seu prprio comportamento relativo, sendo que so acausa dos maiores sofrimentos e aberraes que existem aqui;justamenteporestacausa:pornosequestionar.Objetivamente.Dado frio,objetivo, reale concreto.Absurdo comoestepasouqualqueroutronestePlaneta,nesteprecisomomento.Parece se tratardeumaguerradoEstado contraoPovo.Guerraamorte,masdeum lados.OgrandeepoderosoaparatodoEstadono sofre; exerce violncia no contestada pelos prejudicados.Impossvel se rebelar sem perecer. A dominao extremamenteforte. No existe poder para derrubla. Menos ainda existe umaformapossveldeoposioefetiva.Tudo,absolutamentetudo,estsedeteriorando,estsendodestrudopelocaprichodeumaminoriaprivilegiada, fortemente armada, provista de razes e legalidadesbastantediscutveis.

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  • A participao nas agrupaes privilegiadas est restrita demais.Cada vezmenos pessoas tem acesso a uma sobrevivncia digna esegura.Oquesevmorteedestruiomassiva,porumaextensavariedadedemtodos.Indiscriminadaeliminaodevidashumanas,friamente postas de lado por no servir aos destinos dos que sesentem amos e senhores deste Planeta. Massas famintas matamcachorros a gritos para poder comer. Qualquer opositor oudenuncianterapidamenteeliminado.Nada,nemaentregatotalsengrenagensdosistema,garanteaseguranadaexistncia.Estoseeliminando as constantes de sobrevivncia. Desde simples roubos,assaltoseseqestrosemqualquermomentooulugar,atosgrandesconfrontosorganizados,nohlugarseguroaquinoPlaneta.Os lugares semconflitosmaioresmostramosquemorremcalados,agradecendoadesgraa,serefocilandonaestupidezenaignornciadesuacovardia.Nodeveria,qui, julgarou condenar formas e atitudeshumanasneste tempo, porque em si mesmas tambm so uma forma depreservar a prpria existncia e, bvia e primariamente, apreservao da prpria espcie, dos mais chegados, dos maisconhecidos e afins, dos que compartilham a maioria dos laosparentais, culturais, religiosos, raciais, regionais, grupais, nacionais,etc.Consideraesaparte,omomentoestmegaperversoeoengano,aprepotncia e a corrupo fazem a desgraa de bilhes depovoadoresterrestres.Nosaqui,ondevocestlendoouondeeu escrevi. Desafio a me mostrar um s lugar onde no estejaocorrendo amesmahistria. Issono coisaque sepossa aceitarassimtofacilmente.umacriminosaviolnciaeconmica impedirobemestardeoutro.Oestadoprivilegiaminoriasdapopulao.Orestoliteralmenteabandonado,apenasusadooportunisticamente,ousimplesmente

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  • eliminado, seguindo critrios estritamente econmicos vulgares. Oser humano, como espcie habitante deste Planeta, no consideradoemabsolutocomoumatotalidade.Imensasagrupaeshumanas,povosenaes,soobrigadosavivernamaiormisria, pobreza e ignorncia, em condies subumanas,para garantir o luxo e o esbanjamento de que fazem gala aspoderosasminoriasexploradorasemanipuladoras.Secolocarmosistoemcontexto,emtodasuadimensoexataeatual,vemosqueessetaldesistemacapitalistaqueestamosvivenciandoresponsveldequeoPlanetapossaexplodiremqualquermomento,atagoramesmo.Ouque,empoucosanos sedeteriore tanto suaqualidade, que se tornaria inabitvel. Ou que, com o mximo devontade cooperativa e solidria, possamos nos salvar e superar opossvel holocausto final. Mas isto no poder ser possvel seseguirmos pelas trilhas que agora estamos percorrendo. Seguimosassimeestamoscondenados.Todosns.Muitoobviamentenoumaidiaaceitvelparaosqueusufruemasituaoatual.Nofundo,todosnsnoqueremosougostamosnempensar que h alguma realidade nisto.A verdade que se precisaumaverdadeirarevoluomental,paraaceitarascoisasdesdeestaperspectiva.Almde todosos conhecimentos seremquestionados,exige uma reestruturao mental profunda. Removemseconhecimentos, crenas, sentimentos, atitudes... e se passaconscientementeaenfrentarcomummundoinimigodavida.No fcil.Quem queira experimentar, que faa a prova.Omaisprovvelquesevolteaadaptaraosistemaaberrante,quesevoltea transformar naquele pobre diabo, cndido cmplice dodesaparecimento de um Planeta deste universo. Inconsciente, porsuposto, sendo lhe imposto o vu encantado, atravs do qualacredita perceber somente sua prpria satisfao iludida.Maiormenteofazporuminstintodesobrevivnciaemcurtoprazo

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  • semsentidodepertenaaumaespcie ,ouparanocairnaqueleniilismoautodestrutivo,outravezpresonamalhaaniquilacionista.Se adaptar ao sistema s a ilusoda fugadaprpriadestruio,reservadadeformamaisimediataaosdissidentes.Jogarojogo,dealgum modo cumprir as regras, com a justificao da prpriasobrevivncia,cairnaarmadilhadosenganadores,servtimadaopressoimensaqueahumanidadeestobrigadaasuportar.Empreender esplendorosas e monumentais obras ou destrutivasguerras, se iguala nos resultados de fome, doena, ignorncia einsegurana,paraaabsolutamaioriadoshabitantesdaTerra. impressionante,arrepiante...eno sepode falar.A LeidoUsoeCostume condena a morte a quem abre a boca. Genericamenteaplicoaexpressoaquemescrevaoumostreimagens.Assimchegasesituaoderespeitaroexpertoladroeidealizamse as margens que a corrupo oferece para melhorar a prpriasubsistncia.Noquesejaconsideradoamoral.omodoque,etodaaestruturasocialumimensorouboeumprofundoengano.Averdadequeseproduzumcrueleconstanteextermniodegrandepartedaraahumana, juntoaovalordeseusconhecimentosesuasexperincias acumuladas. Os povos remanescentes ficam semmemriadesuaverdadeirahistria.Oshumanossosurrupiadosdesuasverdadeiraspossibilidadesecondies.Existem, claramente, desmedidas foras dedicadas destruio.Nada existe, neste momento, que possa se opor a esse poder.Ningum enadapodepretenderquedetenha tantopoder e forasuficiente para mudar o rumo dos acontecimentos; nem sequerquemtenhanooclara, lgicaecompreensveldecomoconseguilo. A nica expectativa realista a deteriorao da situao, paratodos.Quemnochegaraestaconclusoestcomosdadoserrados,insuficientesoucomprometidos,emuitoprovavelmenteinfluenciado

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  • pela manipulada rede dos meios de comunicao. Esses so oscultoresdeMaia,propagandistas imbecisdo sistemaqueproclamaque tudo estbem, tudo estmelhorando, seguirmelhorando eser melhor ainda; enquanto a humanidade est morrendo noabandono.Errado. Absolutamente errado. Totalmente enganado, se acreditarealmenteque suaprpriaopulncianopaga comamisriademuitasoutraspessoas.impossvelquenocapitalismoliberal[oudequalqueroutra expresso], seproduzam riquezaspara alguns, semum resultado negativo correspondente no outro extremo, vistolinearmente.Enquantomaisalguns recebem [deveramosdizer: seapropriamindevidamente],menosdisponibilidadeficaparaoutros.Em qualquer sistema no qual a riqueza seja produzida poracumulaoenoporrepartio,maiororesultadodepobreza,emaioramisriadaquelesquenosopermitidosde tomarpartenoprocesso.oproblemaqueproduzopoderisolado,concentradoemgruposouindivduos, a diferena do poder repartido socialmente, que seriaresponsvel por uma verdadeira evoluo humana. Isto algodificilmente imaginveldeser implementadohojeemdia,nempelamaiorrevoluodetodosostempos.Nosevmeio,modo, formanem condio.Digamos, pelomenos, no nvel humano. Porque notecnolgico seria teoricamente fcil mudar e reestruturar toda amentaohumanaesuasrelaesscioeconmicapolticaculturalecolgica,simplesmenteusandoosmeiosdecomunicaoexistentesedisponveis.Faltaofatorhumanoe,seexistisse,seriaforadamente impedidooacessoaomeio.Semdvidaalguma.Ningumvaicomprometersuasprpriasprerrogativasebenesses.Demodoalgum.Equemno seadapta ao jogo e seu regulamento, tem sua existncia imediatacomprometida. Fechase o crculo e se completa a tramia que

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  • imobiliza toda a humanidade, no somente impedindo uma vidadignaealegre,nemfalardealgumaexpressoevolutivavlida,maslevando todo o mundo beira do extermnio total. Bestialmenteestpido,masreal.Podem ser observadas certas insinuaes de querer reduzir acarnificina,porpartedopoder.Atgrandespotncias cruzampelapaz, pelo afastamento da ameaa de confronto em grande escala.Masacmbiodesuaprpriahegemoniaepelaampliaodesuazona de influncia, pela conquista sem resistncia de novosmercados e, sem dvida, pela perpetuao com leves retoquesformais da forma de vida desenvolvida. Parece que sempre foiassim,emefeito,squeagoratendeapiorarmuitomais.Imensos e concentrados poderes econmicos giram em torno deprojetos que lhes produzam mais riquezas, custa dos que nointegram o seleto grupo. O capitalismo sempre prejudicar maisgentequeaquelespoucosquebeneficia.partedaessnciadesuaforma.Segundoaregradojogo,umganhaeorestoperde.Comoemuma eleio da democracia burguesa.Ainda que tenha alguns queconsigam alguma vantagemou at imaginemque ganharam, estessoconceitosrelativosaoGrandeGanhadornormalmenteinvisvelque levou osmaiores valores. Ficam atrs os que foram usados acmbio de um investimento mnimo e os que nada obtiveram ouforamdiretamenteprejudicados.Nosepode falarde justiasocialnocapitalismo.

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  • OSONHOSEMFIM

    seasutopiasnoexistissementotudoseriapermitido

    Meencontrarnum futurono localizadodumpassadoposterioraopresente, intermedirioentreohojeeaquele lugarnenhum. Issonovela,romance.Noapartepropriamenteutpicadatrama.apuradesgraadeestarvivoaquieagora,nestePlaneta.Opresentedatrama,odiaadiadoescrivo

    ubquonofuturoutpico,ubquonoespaoenotempo,

    presentenanarrao,deprincpioafim.Ento,propriamentetal,estemesmomomento,vividonopresente,nem sequerestacontecendona realidade.Esta reversibilidadedotempoutpicodeveterdeixadoalgunsutopistastoperplexoscomoThomas Morus frente a seu carrasco. muito estranho esseredemoinhopsquico,quetransformaa intenobenfeitoradaaoutpicanumaameaasocial.Enautopiaprticaonderesidemasameaasde transformaoem focosrevolucionrios,queosistemanoconsente.A prtica de esquemas sociais/econmicos hegemnicos,considerados imperecveis, superiores e imutveis, no permite aprticadeeconomiassociaisalternativas.Piorainda,sofrustradasedifamadas como utopia, smbolo burgus do irrealizvel. Estadifamao e persecuo da utopia vm a ser reforada pelos

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  • elementosmais reacionriosoupor aquelesquemantmposiesdehegemonianasesferasdepoder.J neste nvel, no muito salutar a profisso de utopista. Pelocontrrio,suavidaseexpeaacidentesimprevisveis,comaumentoprogressivodarepresso,emrelaodiretaasuafamaedivulgao.Quando os sonhos dum utopista so comeados a ser postos emprtica mostra a experincia histrica todos os participantesarriscam suas vidas.Os impactos sociaisdeumaequalquerutopiasempreforamfortesetiveramqueserreprimidospelosistemacomviolnciaextrema.Istoexplicaapoucadifusoouinteressenotema,especialmente na atualidade, pois sempre alcana situaesexplosivas,conflitais.Puraautoproteo.Escrever bom. Imaginar e escrever. Descrever os detalhes doimaginado,comosefosseumarealidadequeestacontecendoagoramesmo.Nopodemserhistriasda realidade,porquedevemserepretendemseralgo totalmentediferente realidade imperanteerealidade histrica. Utopia nada deve ao passado, a no ser suaprpria histria. A histria da utopia deixa ver claramente orompimentodeeloscomopassadoepresente,parase lanaraumfuturo, nico capaz de cristalizar o velho mito dos devaneiosutopistas.a rupturahistricadeummundo totalmentediferenteaoatualesemligaescomopassado.Comoantecedentesnaparteprtica,executiva,dossonhosutpicos,seencontra fartomaterial, interminveishistriasdeexperimentosfracassados,semexpansonomeio.Atagora,nuncaumautopiafoirealizadanasuaplenitude,emuitomenosanvelplanetrio,aindasejaparcialmente.Masessenoproblemadoutopista.Aeste srestaocaminhodedescreverumautopia.Houve utopistas que usaram o gnero para denunciar, mais oumenos veladamente, condies contemporneas existentes. Oprimeiro humano que cunhou o termo utopia, foi executado por

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  • problemascomaigrejacristeospolticosliberais.Muitostentarame erraram o caminho. Mais tarde foram classificados e definidoscomo noutopistas, ou distopistas, quando sua proposta erarealmentenegativa,comoem1984.Adefinioque foiusadanocaso foi que uma utopia tem um final feliz, coisa boa para ahumanidade. a caracterstica do gnero: perseguese ummundomelhorpara todos; semprecomum sistema toperfeito,quedoagradodetodos.Nunca nenhum utopista conseguiu que suas ideaes fossemintegralmente adotadas ou, no melhor dos casos, apenas foramexperimentadaspor curtosperodosde tempo.Praticamente todososmovimentosiniciadoscomintenesprticasdedesenvolvimentoeexpanso foram violentamente reprimidos.Tratasededestruiracrena que exista a possibilidade de unir os seres humanos numadireopositiva.Agora, a utopia, descrita tambm como sendo lugar nenhum emnenhummomento,pretendeserefugiarnumantiespaoatemporal.Por se subtrairde lugares conhecidos, identificveis, inconfundveis[at por razes de seguridade pessoal] houve utopistas quedescreveram ilhas, terras ou Planetas longnquos e culturasdiferentes.Quandooutopista,devaneando,descrevia seuuniversoseparadoeo identificava com algum lugar concretodestePlaneta,muitas vezes formavamse pequenos ncleos que tentavam viveressautopia.Athojenohouvesequerumdessesmovimentosqueproduzissea sociedadequepretendia.Pordiversosmotivos entreos maiores, o combate dado pelo mbito social diferente notiveramaoportunidadedeexpansoenopuderamapresentarumaalternativavivel,aplicvelemtodoequalquerlugar.Utopianoexiste.Nuncaexistiu.Odesenvolvimentodotemapurautopia.Noexistereligio,nempartidopolticoouformaeconmicaconhecidaquepossagarantirasobrevivnciadaRaaHumanaedeseuPlanetaTerra.Snsmesmossomososquepoderamosfazelo,

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  • garantindo a vida digna para todos. algo que falta em nossasexistnciasespodeserpartedofuturo.Oanterior implicaque, simplesmente tentardescreverumautopia,nummomentotocrticocomoopresente,umescapismoeumadireoquezeroenada,sem futuro,sempresentenempassado.ta labor do utopista. Pode justificar sua prpria sobrevivncia,fazendooquefaz?Quedireitotemoutopistadeusarseutemponavvisodeummundoimpossvel?Masaindaqueroverumutopistaquenotivessesuasvisescomoresposta a um meio hostil, irracional e degradante. Eles semprecanalizaram fortes crticas sociais, culturais, religiosas, econmicas,polticas e psicolgicas, atravs de suas fices. Inspiraram arealizaodeesquemasdeconvivnciahumanamuitoheterogneos,semprevisandoaevoluodanossaespcie.A introduo da utopia no campo revolucionrio deuse de formanatural.Antes, inclusive,de ser reclamadacomopropriedadepelosanarquistas, j tinha conquistado o status de antisocial. Afinal,reduzidaapanfleto,convertidaemgrafite,nuncadeixoudeaparecerem relao aos substratos de tendnciamodificadora da estruturasocial.Ainda assim difcil achar uma filiao partidria em sua histria.Parte se deve a que sua forma poltica parte da prpria utopia.Apareceram tendncias sociopolticas e tambm outras commanifestaespsicossociais.Houvetambmaquelesquenegaramoutopismoeforammaisutopistasqueutopistanenhumfoiemtodaahistria, aindaque elesmesmosneguemo fato.O que atbompara a utopia, pois o exemplo no foi muito edificante, comodemonstraram os marxistas / leninistas / stalinistas / trotskistas,espelhosdesuaprpriacrtica.

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  • Temaindaoutrosquequeremtentarteconvencerdequeautopiaumarealidadevigente,ondecomssonhlopodesealcanartudoe qualquer coisa. Basta te inscrever no esquema da sociedade deconsumo,oucantarHareHare.Autopiano faz segredodequererdar aesperanadequepossahaverumanovapossibilidadequecristalizeosonhodesupervivnciaequeogarantano futuro.Semprequis resolverproblemas.Coisasatuais,coetneas.Muitasdesuasobrassoprofundamentetcnicas.Outras so pragadas de delrios messinicos, ou permeadas decomplexas estruturas sociais esquematizadas, que no resolvem oproblemaemquesto.Visto assim, a utopia pode ser um estudo e a proposta de umasoluo, de certos problemas em particular.Nunca foimuito feliznisto, mas pode colaborar com a proposta duma soluo. Suaocasionalfaltadeobjetividade,radicadaemsuaprocednciaonrica,colaboranaconstruodeoutraobjetividade,baseadanummundototalmentediferente.Sendo uma forma radical de resposta, produz