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Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 4. Imperialismo, nacionalismo e militarismo na América Latina 60 GT 4. Imperialismo, nacionalismo e militarismo na América Latina Nações e desenvolvimento na América Latina Olívia Carolino Pires Resumo: O presente artigo tem como objetivo examinar a questão nacional como desdobramento da contradição que move o processo histórico na América Latina. Nos marcos do referencial de análise do método do materialismo histórico dialético, tratando- se de um processo histórico diferente do que aconteceu na Europa, é de se supor que o pensamento crítico sobre as determinações dessa realidade tenha um conteúdo com especificidades próprias, em relação ao assumido nas formulações do marxismo clássico, que reflete a contradição que move o processo histórico europeu e se universalizou como o fundamento do pensamento crítico da classe trabalhadora em nível mundial.Para apoiar essa reflexão trazemos a contribuição de Vito Antonio Letizia por meio de documentos bibliográficos a respeito dessa temática. Nas contribuições de Letizia vamos destacar o que ele chama de aleijume na formação nacional, nas ex-colônias do continente a oeste do Atlântico. O aleijume na formação nacional coloca ao pensamento crítico marxista no caso latino-americano, o tema da Libertação Nacional, fundamental para maior parte dos povos e que não era uma proposição original de Marx. Para nos ajudar a sustentar essa hipótese trazemos também as contribuições de Fernando Martinez Heredia. Nossas análises preliminares conduzem à idéia de que a formulação política de um “horizonte de tarefas nacionais e democráticas pendentes de serem realizadas” pode contribuir para a organização e lutas dos trabalhadores. Palavras-chave: marxismo; libertação nacional; socialismo. 1) Introdução A América Latina, a partir das contradições de seu processo histórico de desenvolvimento capitalista, apresenta peculiaridades na questão das formações nacionais, amplamente abordadas nos estudos do subdesenvolvimento, capitalismo periférico e dependente. Essas teorias se constituem a partir da formulação bastante conhecida de que o capitalismo sempre foi um modo de produção mundial, de valorização em escala internacional e universal, mas que se desenvolve em formações sócio-econômicas específicas. Tomamos esse pressuposto como ponto de partida para uma reflexão sobre a questão nacional, com

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Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro”

ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013

GT 4. Imperialismo, nacionalismo e militarismo na América Latina 60

GT 4. Imperialismo, nacionalismo e militarismo na América

Latina

Nações e desenvolvimento na América Latina

Olívia Carolino Pires

Resumo: O presente artigo tem como objetivo examinar a questão nacional como desdobramento da contradição que move o processo histórico na América Latina. Nos marcos do referencial de análise do método do materialismo histórico dialético, tratando-se de um processo histórico diferente do que aconteceu na Europa, é de se supor que o pensamento crítico sobre as determinações dessa realidade tenha um conteúdo com especificidades próprias, em relação ao assumido nas formulações do marxismo clássico, que reflete a contradição que move o processo histórico europeu e se universalizou como o fundamento do pensamento crítico da classe trabalhadora em nível mundial.Para apoiar essa reflexão trazemos a contribuição de Vito Antonio Letizia por meio de documentos bibliográficos a respeito dessa temática. Nas contribuições de Letizia vamos destacar o que ele chama de aleijume na formação nacional, nas ex-colônias do continente a oeste do Atlântico. O aleijume na formação nacional coloca ao pensamento crítico marxista no caso latino-americano, o tema da Libertação Nacional, fundamental para maior parte dos povos e que não era uma proposição original de Marx. Para nos ajudar a sustentar essa hipótese trazemos também as contribuições de Fernando Martinez Heredia. Nossas análises preliminares conduzem à idéia de que a formulação política de um “horizonte de tarefas nacionais e democráticas pendentes de serem realizadas” pode contribuir para a organização e lutas dos trabalhadores. Palavras-chave: marxismo; libertação nacional; socialismo.

1) Introdução A América Latina, a partir das contradições de seu processo histórico de

desenvolvimento capitalista, apresenta peculiaridades na questão das formações nacionais,

amplamente abordadas nos estudos do subdesenvolvimento, capitalismo periférico e

dependente. Essas teorias se constituem a partir da formulação bastante conhecida de que o

capitalismo sempre foi um modo de produção mundial, de valorização em escala internacional

e universal, mas que se desenvolve em formações sócio-econômicas específicas. Tomamos

esse pressuposto como ponto de partida para uma reflexão sobre a questão nacional, com

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vistas a reunir elementos para examinar a hipótese de que, dessa especificidade deriva um

sentido nacional próprio de cada formação sócio-econômica.

O objetivo desse artigo é examinar a questão nacional como desdobramento da

contradição que move o processo histórico na América Latina. Nos marcos do referencial de

análise do método do materialismo histórico dialético, tratando-se de um processo histórico

diferente do que aconteceu na Europa, com uma base material distinta, é de se supor que o

pensamento crítico sobre as determinações dessa realidade tenha um conteúdo com

especificidades próprias, em relação ao assumido nas formulações do marxismo clássico, que

reflete a contradição que move o processo histórico europeu e se universalizou como o

fundamento do pensamento crítico da classe trabalhadora em nível mundial.

No presente artigo apresentamos uma revisão bibliográfica a fim de reunir

contribuições que permitam examinar as contradições do desenvolvimento capitalista na

América Latina, que colocam ao pensamento crítico marxista o tema de tarefas pendentes a

serem realizadas na construção nacional, sem o qual não se pode pensar em democracia e nem

em uma esfera de desenvolvimento autônomo para povos que aqui habitam1.

Para essa reflexão trazemos a contribuição de Vito Antonio Letizia2 por meio de

documentos bibliográficos e entrevistas a respeito dessa temática. Nas contribuições de

Letizia vamos destacar o que ele chama de aleijume na formação nacional, nas ex-colônias do

continente a oeste do Atlântico. O aleijume na formação nacional coloca ao pensamento

crítico marxista no caso latino-americano, o tema da Libertação Nacional, fundamental para

maior parte dos povos e que não era uma proposição original de Marx. Para nos ajudar a

sustentar essa hipótese trazemos também as contribuições de Fernando Martinez Heredia3.

No presente artigo, nosso propósito é promover um “encontro” de dois professoresque

foram fundamentais na minha formação e que despertaram em conversas e estudos esse tema

objeto da pesquisa que venho desenvolvendo sob a orientação do professor doutor Lúcio

Flávio Rodrigues de Almeida, para quem a questão nacional também é muito cara,

1Obras como as de Michel Lowÿ - Marxismo na América Latina: Uma antologia de 1909 aos dias atuais (2ª

edição) (2006, Editora Perseu Abramo ) - colocam as especificidades da América latina, nas pautas das

discussões marxistas. 2VitoAntonioLetizia foi professor de Economia da PUC SP, fundador do grupo Interludium reflexões

anticapitalistas em 2011, autor de A Grande Crise Rastejante, Editora Caros Amigos 2012. 3Fernando Martinez Heredia: Doutor em Direito e professor titular adjunto da Universidad de La Habana, onde

dirigido Departamento de Filosofia. Trabalha como investigador titular do Centro Juan Marinello, do Ministério

de Cultura de Cuba. Ensaísta e historiador, foi diretor da revista cubana Pensamiento Crítico, e se dedicou as

pesquisas sobre a revolução,a historia cubana e aos movimentos populares latinoamericanos. É autor de uma

dezena de livros e de mais de 200 ensaios y artígos publicados em numerosos países. É membro da Unión de

Escritores y Artistas de Cuba.

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contribuindo com um contraponto em relação aos desdobramentos políticos inerentes à

ideologia nacional4.

Numa primeira aproximação podemos identificar pelo menos dois tipos de

apropriações da questão nacional5. Uma delas é a que predomina a questão nacional como

ideologia burguesa. Exemplos dessa apropriação, vão desde movimentos de massa em nome

da questão nacional que levaram a nazismo ou fascismo até processos que em torno da

questão nacional foram feitas alianças de classe entre a burguesia e os trabalhadores que

comprometeram o avanço de nas lutas desses últimos. A segunda forma de apropriação pode

ser caracterizada pela presença do apelo ao "nacional"em siglas representativas de

organizações, movimentos e partidos que não separam libertação nacional de socialismo e

antiimperialismo em seus processos de lutas.6

Analisar a questão da apropriação do "nacional" é relevante, pois se trata de uma

temática presente em formulações como as do nacional desenvolvimentismo, e atualmente no

debate sobre o chamado neodesenvolvimentismo em alguns países da América Latina

defendido com propostas ancoradas em ideologias e matizes políticas diversas.

Esse cenário de diversidade de apropriação do "nacional" coloca uma indagação que

acreditamos ser importante para a classe trabalhadora, qual seja: a formulação política de um

“horizonte de tarefas nacionais pendentes de serem realizadas” contribui para a organização e

lutas dos trabalhadores ou representa um retrocesso, um rebaixamento de programa

partidáriosou até uma ameaça?

4 ALMEIDA, 1997,em Nacionalitarismo e democracia: para um reexame da questão nacional sustenta a

hipótese que o nacionalismo de "nação oprimida", não está sempre articulado a programas político-ideológico

das classes dominadas. Ao contrário, esta articulação é um resultado potencial das lutas de classes. 5 ALMEIDA 1997 se refere a um duplo caráter das lutas nacionais:“Uma fonte inesgotável de equívocos sobre o

nacionalismo consiste em tratá-lo diretamente, sem considerar a estrutura ideológica que lhes confere pertinência

política. É o estudo da ideologia nacional que possibilita a inteligibilidade teórica do nacionalismo. A ideologia

nacional postula a existência de um igualitarismo especifico que se constitui entre os membros de uma

comunidade cuja soberania se expressa no Estado-Nação. Compartilho da tese de que esse igualitarismo, que

apresenta a todos os membros da referida comunidade como indivíduos – sujeitos, é fundamental para a

reprodução da dominação capitalista de classe. Daí o duplo caráter das lutas nacionais nos processos de

revolução burguesa. Por um lado, existe um aspecto "progressista", pois estes processos se voltam para

constituição de uma nova estrutura jurídico-política (burguesa) indispensável para a instauração desse

igualitarismo específico: o igualitarismo nacional. Por outro lado, este igualitarismo se articula a um novo tipo

de dominação de classe (a dominação capitalista), sendo fundamental para a reprodução desta”. (ALMEIDA,

1997, p. 86) 6Exemplos: Ação Libertadora Nacional (Brasil, 1966), Frente Sandinista de Libertação Nacional (Nicaragua,

1979), Frente FarabundoMarti de Libertação Nacional (El, Salvador,1980), Exercito Zapatista de Libertação

Nacional (México, 1994) etc. Também processos como no Viet Nam, China, Corea,nas colônias portuguesas e

Argélia Estados na África se qualificaram como socialistas nas primeras décadas de sua existência enquanto tal,

e foram marcados por movimentos políticos que desejavam unir a justiça social a busca de Libertação Nacional.

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A busca de respostas para essa questão deve levar em conta necessariamente essa

dupla apropriação do "nacional" tanto em termos da primeira forma de apropriação,

relacionada a questão nacional como ideologia burguesa quanto em termos da segunda forma

de apropriação do "nacional" relacionado a processos emancipatórios7.

Nosso propósito é focalizar essa segunda apropriação do "nacional" por seu vínculo

umbilical com a história daAmérica Latina, que por suas características trouxe novas

formulações e modos de pensar o desenvolvimento, a democracia e processos de transição

socialista com um conteúdo originalem relação ao marxismo especialmente na questão do

internacionalismo proletário.

Procurando reunir essas idéias, todas elas comprometidas com o pensamento crítico de

uma perspectiva da classe trabalhadora e com as transformações sociais, dividimos o artigo

em três momentos:

O primeiro momento Nações Negadas, baseado nas contribuições de Vito Letizia

aborda a contradição entre Sociedade OcidentalSociedades Nativas que tem como força

motriz a violência. Dessa contradição se desdobra o primeiro molde gerador da forma social

das colônias baseado em dois métodos de colonização: "sociedades subjugadas" e

"sociedades rejeitadas". Esse “modo de agir com violência” é a marca de como a contradição

vai se desenvolver no processo histórico do continente. Identificar a violência como força

motriz do processo explica a condição de sub-humanidade que foram lançados os povos

nativos do continente oeste atlântico que vem a ser uma violência de natureza distinta da

violência identificada por Marx na Assim chamada Acumulação Primitiva (CapítuloXXIV, O

Capital).

O segundo momento, Nações Aleijadas ainda apoiados nas contribuições de Letizia

reunimos elementos para examinar como a ressonância da revolução francesa trazendo os

ideais de emancipação da modernidade que repercute na América Latina e ficam restritos a

independência política da burguesia o que esvazia a questão nacional dos Movimentos de

Independência. Ao esvaziar a luta emancipatória de seu sentido nacional as tarefas não-

realizadas no processo de independência reaparecem transmitidas a épocas posteriores.

E por fim, Nações por venir se baseia nas contribuições do cubano Fernando M.

Heredia que mostra as peculiaridades que fazem com que no processo histórico da América

7 “Uma fonte inesgotável de equívocos sobre o nacionalismo consiste em tratá-lo diretamente, sem considerar a

estrutura ideológica que lhes confere pertinência política (ALMEIDA, 1997, p. 86)

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Latina os povos do continente estão condenados a ir além dos ideais da modernidade, e

portanto dessas aspirações, para virem a se constituir como nações.

2) Nações Negadas

(LETIZIA, 2012) nos sugere análise de longa duração para captar a contradição que

move o processo histórico no continente a pretexto de identificar as forças sociais cujas

contradições puseram em movimento cada momento sucessivo do processo histórico do

Continente Oeste-Atlântico. O autor se refere a Continente Oeste Atlântico em vez de

América porque essa só passou a existir realmente quando as colônias nele criadas pela

Sociedade Ocidental se emanciparam.8

O termo invasão em si remete à violência. A invasão dos espanhóis e portugueses nas

terras das colônias ocidentais destroem as sociedades nativas com objetivo fundamental de

torná-las fonte de riqueza mercantil, isto principalmente metais monetizáveis. O que move a

colonização é a pressão crescente das cortes sobre os empreendedores mercantilistas por um

maior rendimento monetário das Colônia. Usufruindo de direitos exclusivos e privilégios, os

mercadores não deixariam de ser firmes guardiões dos laços com a metrópole, laços esses que

faziam das colônias oeste-atlântica meras extensões territoriais da Europa Ocidental.

(LETIZIA, 2012)

É recorrente nas análises críticas de interpretação da formação sócio econômica do Brasil

o entendimento muitas vezes generalizado para América de que "A ocupação econômica das

terras americanas constitui um episódio da expansão comercial da Europa" como diz Celso

Furtado (1968) no início do primeiro capitulo de seu livro Formação Econômico do Brasil.

Nesse capítulo ou episódio da expansão mercantilista a violência foi a protagonista e vai

marcar o desfecho do desenvolvimento no continente. Da perspectiva das preocupações de

nosso trabalho o que é preciso destacar que desse capítulo ou episódio se tem a primeira

contradição que move a história no Continente Oeste-Atlântico: a contradição entre Sociedade

OcidentalSociedades Nativas que tem como força motriz a violência9.

A força expansiva da economia mercantil ocidental fez com que o homem civilizado

ocidental se deparasse com sociedades nativas, sendo elas nações civilizadas ou nações

8FARRET , R. L. e PINTO, S. R. (2011) trabalham com a idéia de um processo de construção da idéia de

América Latina como conceito e simbologia na modernidade e identificam a criação do nome América Latina e a

sua predominância frente aos demais termos empregados para definir a identidade continental em fins do século

XIX, tais como hispanoamérica, indoámerica, iberoámérica, entre outros.

9“O primeiro confronto dessas forças se desenrolou sob o signo da violência, e sua coabitação - mais

precisamente a exploração do colonizado pelo colono - prosseguiu graças às baionetas e aos canhões"

(FANON, 1979, p 52)

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primitivas, a superioridade militar garantiu desequilíbrio de forças favorecendo a vitória das

forças invasoras. Dessa contradição se desdobra o primeiro molde gerador da forma social

das colônias, e do desfecho das guerras resultou o “modo de agir e a ideologia” que criaram

as relações de trabalho brutais com os nativos subjugados; relações reforçadas pelo tráfico e

pela exploração de escravos africanos, que não poderiam deixar de ser transferidas

parcialmente a toda forças de trabalho livre da época e que até hoje reproduzem o modo de

agir e a ideologia nas relações da burguesia com a classe operária, assim como as da

burguesia com seus serviçais prática notadamente comum nos atuais países americanos.

Nos moldes da violência e da negação se estrutura a forma social das colônias ocidentais

oeste-atlânticas, a forma de comunidades já distintas das comunidades metropolitanas, por

terem se tornado, só ali, aptas ao extermínio de povos inteiros ou sua exploração até o limite

último de suas forças físicas no trabalho compulsório. (Letizia, 2012)

A diferença que aqui registramos com os explorados nas metrópoles é a negação da

humanidade dos explorados. As sociedade nativas foram lançadas em condição de sub

humanidade ao descartar no processo de exploração a nação nativa como unidade básica e

funcional de toda, e qualquer, sociedade humana.

Só uma resistência vitoriosa de sociedades nativas poderia levar os colonos

a ampliar seu agir humano, o que geraria outro molde social básico, menos

brutal e mais igualitário nos novos países ocidentais em formação no

Continente Oeste-Atlântico. Isso não tendo sido possível, o uso exclusivo da

violência na exploração mercantil se tornou o modo de agir fundante das

sociedades coloniais ocidentais do Continente. (LETIZIA,2012,p.8)

Esse “modo de agir com violência” é a marca de como a contradição vai se desenvolver

no processo histórico do continente. É da contradição Sociedade OcidentalSociedades

Nativas que vem o impulso para o surgimento da contradição que trouxe as colônias

ocidentais à existência enquanto comunidades distintas das européias. Esses fatos explicam o

fundamento para compreender nesses termos que a nação que se constitui nas formações

sociais ocidentais a oeste atlantica como nações aleijadas.

3) Nações Aleijadas

A questão nacional tem um conteúdo distinto do processo europeu em se tratando do

processo da América Latina. Numa primeira aproximação diríamos: enquanto no primeiro as

aspirações nacionais foram sintetizadas na forma de organização social própria da dominação

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burguesa que é o Estado-Nação10; na segunda, essas aspirações repousam no povo portador da

tarefa de realizá-las11.

Para caracterizar a nação que na América se forma recorremos a contribuição de

LETIZIA que desenvolvimento capitalista mundial coube às ex-colônias uma formação

nacional aleijada. Na América Latina, os Estados nascidos dos Movimentos de

Independência12(1808 – 1829) das ex-colônias espanholas e portuguesa no século XIX, a

construção de novas nações se deu sob a liderança de burguesias que capitanearam a luta

emancipatória. Desse modo, as aspirações nacionais que a modernidade alçara a partir da

Europa repercutiram entre o povo pobre das ex-colônias, mas, alijados do processo

emancipatório, ficaram as aspirações pendentes de serem realizadas, sem aplicação na forma

de Estado-Nação que se constituiu. (LETIZIA, 2012)

A constituição da nação burguesa no século XIX na Europa ocidental esteve

relacionada às aspirações de universalizar os direitos políticos de populações inteiras alçadas

à vida de povos. Essa é uma tarefa histórica que surge como reivindicação antifeudal da

burguesia capitalista nascente no ocidente e que se manifesta pela exigência de novas formas

de propriedade, comandadas pela circulação de moeda de crédito, e de novas relações sociais,

tendentes a um individualismo mais desenvolvido, exigências estas postas pela primeira vez

pelo conjunto da sociedade européia a partir da Revolução Francesa. Esta tarefa histórica

decorre das convulsões sociais da Europa e repercutiram entre o povo.

De modo geral, na Europa, as bandeiras da “liberdade, igualdade, fraternidade”, embora

reduzida pela burguesia francesa a liberdade de empreendimento econômico, a igualdade

10“gradualmente se aproximariam de um modelo internacional de um Estado – Nação definido territorialmente,

com uma Constituição garantindo a propriedade e os direitos civis, assembleias representativas e governos

eleitos por elas e, quando possível, uma participação do povo comum na política dentro de limites tais que

garantissem a ordem social burguesa e evitassem o risco de ela ser derrubada.. (HOBSBAWM,2004, p. 19)

11Acreditamos que essa formulação vai ao encontro da diferença elaborada por Lenin entre os chamados

nacionalismo de “nação oprimida” e nacionalismo de “nação opressora” que segundo ALMEIDA (1997)

proporcionam referências teóricas importantes para se pensar a relação entre dependência e questões nacionais:

“A primeira distinção situa-se, portanto, entre, por um lado, movimentos nacionais que se dão em um contexto

marcado pela eclosão de revoluções burguesas e, por outro lado, aqueles que afloram em um contexto já

marcado pela ordem capitalista. Frequentemente, esta distinção adquire a forma de uma periodização,

referindo-se, neste caso, a duas grandes “épocas”: 1) derrocada do feudalismo e do absolutismo, na qual se

constituíram uma sociedade e um Estado burguês sob forma democrática, sob o impacto dos movimentos de

massas; 2) a época da ordem capitalista consolidada, com regime constitucional já estabelecido há muito tempo

e com antagonismo entre o proletariado e a burguesia bastante desenvolvido. Se a luta pelas liberdades

políticas em geral e, em particular, pelos direitos da nacionalidade, eram típicas da primeira época, a segunda

seria marcada pela ausência de movimentos democráticos burgueses de massas” (Lenin, 1971;590) IN

(ALMEIDA, 1997, p. 88) 12 Exemplos: Equador (1809),Venezuela (1810), México (1810), Paraguai (1811), Argentina (1816), Chile

(1818), Uruguai (1818), Nicarágua (1838), Guatemala (1839).

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formal perante a lei e a fraternidade entre as potências do Ocidente, foi e permanece

grandiosa, porque as tormentas revolucionárias européias do século XIX lhe deram um

significado universal.

LETIZIA (2012) nos sugere pensar como na América a bandeira da Revolução Francesa

teve uma tradução particular desse significado universal, exatamente por ser feita pelos

segmentos urbanos da classe mercantil colonial, que era o grupo social mais informado e mais

apto a responder aos acontecimentos europeus, assim como o mais interessado em mudanças

aparentemente alcançáveis nas relações com a metrópole.

A ressonância da Revolução Francesa na América Latina que se dá notadamente pelo

aparecimento dessas aspirações como decorrência da continuidade social entre as metrópoles

européias ocidentais e suas colônias americanas. A ressonância da Revolução Francesa que

chega à América de colonização ibérica como caráter civilizatório, repercute entre o povo

como aspiração à emancipação e desencadeia os Movimentos de Independência.

Consideramos importante destacar nessa análise é que essa repercussão se das formas

distorcidas, correspondentes ao rebaixamento humano das sociedades coloniais, onde as

grandes idéias revolucionárias só poderiam ser mal traduzidas por suas lideranças.Ou seja, no

Continente Oeste-Atlântico, as tormentas independentistas tiveram outros conteúdos.

Na América Latina, o segmento urbano das classes mercantis tentou

enquadrar a simpatia popular pela Revolução Francesa nos estreitos limites

de sua campanha contra o monopólio comercial de suas metrópoles. Para

isso traduziu “liberdade” como emancipação política, “igualdade” como

equiparação dos direitos de todos os países ao acesso ao comércio

internacional e “fraternidade” como alegre confraternização entre

escravistas, exploradores de nativos subjugados e “bons homens” de origem

européia, sem mexer nas hierarquias sociais estabelecidas durante a

colonização. (LETIZIA, p. 15 2012, p.)

O que essa análise traz de central para pensar a peculiaridade da questão nacional na

América é que a tarefa histórica colocada como pano de fundo nos Movimentos de

Independência esta relacionada a aspirações gerais dos povos da América de constituir-se em

nações.

É amplamente abordado na literatura sobre o período dos Movimentos de Independência

da América Latina que esses movimentos aparecem apenas como necessidade de

diferenciação de interesses econômicos regionais impulsionados pelo desenvolvimento do

mercado mundial capitalista, que vão aos poucos se afastando dos da metrópole, até

desembocar na necessidade de construção de uma nação livre politicamente. Letizia se refere

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a isso como “a visão de curto alcance característica comum a todas as burguesias

independentistas, mesmo as mais avançadas”.

Enquanto a burguesia reduzem os movimentos à "visão de curto alcance", o povo

estende seu horizonte. Para as classes exploradas e oprimidas, a Independência coloca como

aspiração à Igualdade, sentida como conquista imediatamente ligada à liberdade na nação

projetada no horizonte pela revolta geral.

A questão é que o povo, o povo explorado e oprimido não podia deixar de

ver a questão da liberdade como uma possibilidade concreta de universalizar

os direitos humanos e civis proclamados pela Revolução Francesa, o que o

fazia fundir a liberdade com a realização da igualdade, isto é, com a

abolição da escravatura e da servidão, inevitavelmente ligada ao livre acesso

à apropriação da terra para todos. E essas aspirações populares foram

frustradas nos movimentos de independência. (LETIZIA,2012,p. 20)

A análise de como se moveram as forças sociais nesse momento histórico é o

fundamento para se entender que apesar do processo ser portador do conteúdo da

emancipação os Movimentos de Independência na América Latina esvaziam esse conteúdona

medida em que as aspirações ficam restritas a independência econômica da colônia com

relação a economia da metrópole européia.

A aspiração da Liberdade no momento da independência fica restrita a autonomia da

colônia para seu desenvolvimento quando o interesse regional se contrapõe ao estrangeiro, ou

seja, o desenvolvimento do capitalismo nas colônias coloca a questão da autonomia e não

necessariamente a independência. Continua no poder o mesmo grupo social restrito, já

dominante durante a colônia o que reduziu a independência dessa área a mero desligamento

da administração metropolitana.

Á medida que na colônia a economia era integralmente imposta pela lógica europeia, o

regime de propriedade nos países da América Latina contrariava o desenvolvimento

capitalista que não pode prescindir da propriedade como base na qual os indivíduos formam

comunidades modernas. A propriedade capitalista impõe a frustração da aspiração da

Liberdade nos Movimentos de Libertação Nacional. Para as classes exploradas e oprimidas o

primeiro conteúdo frustrado da Independência, a Liberdade, se deu com a concretização da

proibição ao livre acesso ao uso dos recursos naturais e à propriedade da terra. Esse processo

se dá concretamente no caso do Brasil pela Lei de Terra de 1850.

Para o homem cindido da sociedade burguesa, só a propriedade lhe permite alçar-se ao

reconhecimento pleno como ser humano, com os direitos “naturais” burgueses inerentes ao

“Homem”.

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Nos novos estados nascidos da independência das ex-colônias oeste-

atlânticas, a construção de novas nações só poderia se dar sob a liderança da

burguesia que havia capitaneado a luta emancipatória e comandava as

relações internacionais.As aspirações materiais dos pobres das ex-colônias,

que não haviam comandado o processo emancipatório, ficaram sem

aplicação. Sendo que, com a falta de poder para decidir os rumos políticos

dos respectivos estados, estes perdiam o único meio de colocar o interesse

geral do povo, e não apenas o interesse restrito dos herdeiros do

empreendimento mercantil. (LETIZIA, 2012,p. 17)

Além da propriedade privada da terra para se desenvolver o capitalismo precisa da força

de trabalho que impõe a frustração à aspiração da Igualdade nos Movimentos de Libertação

Nacional. A universalização dos direitos civis se coloca como abolição da escravatura

africana e da servidão dos índios, instituições incompatíveis com a realização desta aspiração.

Para as burguesias de toda a América, de início a Igualdade simplesmente não se coloca, ou se

coloca às avessas, a saber: como manter o escravismo africano e a servidão dos índios em

meio à crise da sociedade colonial e à agitação das novas idéias libertárias vindas da Europa.

Cabe lembrar que esta tendência da burguesia foi facilitada, no momento das independências,

pelo bloqueio temporário da disseminação das conquistas da Revolução Francesa.

Não houve nos processos de independência da América Latina a apropriação do

território pelo povo nem a universalização dos direitos civis, portanto na América Latina a

constituição da nação esta liquidada na Independência que o povo não participou.

A não realização dessas tarefas históricas resulta o aleijume de nascença das sociedades

da América, divididas entre um estrato social com direitos civis efetivos maiores

(descendentes de imigrantes europeus, mas nem todos estes) e outro com direitos efetivos

menores (descendentes de escravos e de índios submetidos), inclusive a dos EUA, em que

pese o mito da “democracia americana”.

Letizia sintetiza:

É pela ausência de forças sociais que defendessem os interesses

econômicos gerais, que fracassou a construção nacional na área ibérica.

Continuou a prevalecer nos novos estados os interesses dos mesmos

empreendimentos baseados em mão-de-obra servil ou escrava, o que

esvaziou a luta emancipatória de seu sentido nacional. Por isso as

independências dessa área ficaram limitadas à emancipação política, mas

não porque a Inglaterra tenha impedido seu desenvolvimento econômico,

como reza certa tradição esquerdista latino-americana e sim porque foram

independências vazias de conteúdo social. (LETIZIA,2012,p. 21.)

Ao esvaziar a luta emancipatória de seu sentido nacional as tarefas não-realizadas no

processo de independência reaparecem transmitidas a épocas posteriores. A aspiração da

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Liberdade e Igualdade não realizadas na Independência da América Latina reaparece como

movimentos nacionalistas, que vão repercutir nos povos como movimentos anti-imperialistas.

4) Nações por venir

O processo de transitoriedade em formações sociais ou modos de produção esta

relacionadoa perspectiva do desenvolvimento de contradições como qual sintetizado por Marx

no célebre parágrafo do Prefácio a Introdução da Crítica a Economia Política.13. Baseado em

investigações do processo histórico Marx chega a um resultado em seus estudos resumindo

numa formulação que aponta para um sentido histórico que ao chegar a uma determinada fase

de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade se chocam com as relações

de produção existentes e se abre, assim, uma época de revolução social.

O conteúdo de desenvolvimento das contradições implícito no tema da Libertação

Nacional na história da América Latina aponta para uma perspectiva de sentido histórico

original com relação à formulação clássica de Marx. 14

Se no marxismo clássico o desenvolvimento era condição do socialismo, para os

países subdesenvolvidos o socialismo é condição do desenvolvimento (CASTRO, 1970).

Ponderamos que talvez não o socialismo, mas a realização de aspirações profundas do

povo latino americano que se move pela construção de nações democráticas na qual a relação

social de forças seria bem mais favorável ao proletariado, relação que é a condição

fundamental para qualquer possibilidade de realização do socialismo.

A diferença existente na concepção de transição socialista elaborada em regiões, onde se

deu a gênese e desenvolvimento do capitalismo e a produzida na parte do mundo que foi

arrastada e arrasada pela expansão mundial do capitalismo conduziu durante o século XX a

13

(...)O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu de fio condutor aos meus estudos, pode

resumir-se assim: na produção social da sua vida, os homens contraem determinadas relações necessárias e

independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada fase de

desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção forma a

estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta a superestrutura jurídica e política e à

qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material

condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência do homem que

determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência. Ao chegar a uma

determinada fase de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade se chocam com as relações

de produção existentes, ou, o que não é senão a sua expressão jurídica, com as relações de propriedade dentro

das quais se desenvolveram até ali. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações se

convertem em obstáculos a elas. E se abre, assim, uma época de revolução social. (MARX,1982, p. 129)

14Marx concibióel socialismo como resultado deldesarrollo. Hoy para el mundo subdesarrolladoel socialismo ya

es incluso condicióndeldesarrollo. Porque si no se aplica el método socialista –poner todos los recursos naturales

y humanos del país al serviciodel país, encaminaresos recursos enladirecciónnecesaria para lograr los objetivos

sociales que se persiguen--, si no se haceeso, ningún país saldrádelsubdesarrollo.” Fidel Castro a los 244

graduados del Instituto de Economía de laUniversidad de La Habana, el 20-12-1969. (CASTRO, p. 133,1970)

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grandes desacertos teóricos e políticos que até hoje são flagrantes na determinação do sujeito

histórico, formas de luta, identificação do inimigo. Vamos nos concentrar num aspecto dessa

diferença, qual seja o entendimento sobre questão nacional.

Para identificar a diferença entre dois sentidos que a questão nacional15 assume nesses

dois processos históricos recorremos à contribuição de Fernando Martinez Heredia no texto

Concepto de Socialismo (2005) onde ele expõe a duas maneiras diferentes de entender o

socialismo no mundo do século XX. A primeira é a formulação clássica do marxismo assim

apresentada pelo autor:

A primeira é um socialismo que pretende mudar totalmente o sistema de

relações econômicas, mediante a racionalização dos processos de produção

e de trabalho, a eliminação do lucro, o crescimento sustentável das riquezas

e a satisfação crescentes das necessidades da população. Propõe-se eliminar

o caráter contraditório do progresso, cumprir o sentido da história, consumar

a obra da civilização e o ideal da modernidade. Seu material cultural prévio

foram três séculos de pensamento avançado europeu, que aportaram os

conceitos, as ideias acerca das instituições guardiãs da liberdade e da

equidade, e a fonte de crenças cívicas do Ocidente. Este socialismo propõe

consumar a promessa não cumprida da modernidade, introduzindo a justiça

social e a harmonia universal. Para triunfar, necessita um grande

desenvolvimento econômico e uma grande libertação dos trabalhadores, até

o ponto em que a economia deixe de ser medida pelo tempo de trabalho.

Neste socialismo a democracia seria posta em prática num grau muito

superior ao alcançadopelo capitalismo, inclusive nos projetos mais radicais.

(HEREDIA, 2005, p. 17, tradução nossa).

HEREDIA (2005) chama atenção para o fato de que no ambiente desse "primeiro

socialismo", portador de um sentido de consumar a obra da civilização e o ideal da

modernidade,se privilegia a significação burguesa do Estado, a nação e o nacionalismo

relacionados a instituições de dominação e manipulação.

O nacionalismo, como conceito derivado do processo histórico referente à gênese das

classes antagônicas e complementares, burguesia e proletariado, carrega essa contradição, que

as fronteiras nacionais assumem na lógica da racionalidade moderna.

O nacionalismo, política e ideal triunfante em grande parte do continente e

que parecia próximo a generalizar-se, seria superado pela ação do

proletariado paneuropeu, que conduziria finalmente o resto do mundo a uma

nova ordemnaqual nãohaveria fronteiras. As ideologias burguesas do

15

Acreditamos que a distinção desses dois sentidos do nacional vai ao encontro da distinção entre o caráter dos

movimentos nacionais que se articulam à distinção entre os chamados nacionalismo de “nação oprimida” e

nacionalismo de “nação opressora”. Segundo ALMEIDA (1997), o segundo nacionalismo, ao se tornar um

componente importante da revolução burguesa, especialmente (embora não seja condição necessária) em um

contexto marcado por um forte potencial de participações de massas, apresenta um aspecto democrático burguês.

(ALMEIDA, 1997, p. 89).

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progresso e da civilização podiam ser aceitas pelos proletários porque eles

as voltariam contra o domínio burguês: o socialismo seria a realização da

racionalidade moderna.(HEREDIA, 2005, p. 04, tradução nossa)

Essa concepção de nacionalismo traz implícita a conotação de um sujeito histórico16,

resultado de um processo de desenvolvimento do capitalismo, capaz de levar a cabo una nova

onda revolucionária como fora a da burguesa, de alcance mundial, mas com um conteúdo

oposto, libertador de todas as opressões e de todos os oprimidos. Com relação a esse sujeito

histórico portador das aspirações colocadas no programa da modernidade,o internacionalismo

proletário assume centralidade nos projetos políticos.

O interessante é comparar com projetos políticos que estão obrigados a ir muito além

do que os ideais da razão e da modernidade e por isso devem mover-se em outro terreno

como sugere Heredia:

A transição socialista dos países pobres deveria ser então o que a primeira

vista pareceria um paradoxo: o socialismo que está a seu alcance e o projeto

que pretende realizar estão obrigados a ir muito além do cumprimento dos

ideais da razão da modernidade e, de entrada, devem mover-se em outro

terreno. Seu caminho exige negar que a nova sociedade seja o resultado da

evolução do capitalismo, negar a ilusão de que apenas a expropriação dos

instrumentos do capitalismo permitirá construir uma sociedade que o

“supere” e negar-se a “cumprir etapas intermediárias” supostamente

“anteriores” ao socialismo. É dizer, a este socialismo que lhe é inevitável

trabalhar pela criação de uma nova concepção da vida e do mundo, ao

mesmo tempo em que se empenha em cumprir com suas práticas mais

imediatas. (HEREDIA, p.20, 2005)

Essa "segunda formulação sobre socialismo" que Heredia nos convida a pensar é

precisamente a que traz um conteúdo original com relação a essa primeira formulação clássica

do marxismo ao levar em conta o tema da libertação nacional. Ele assim se posiciona.

A outra maneira de entender o socialismo tem sido a de conquistar em um

país a libertação nacional e social, derrocando o poder estabelecidoe criando

um novo poder, pondo fim ao regime de exploração capitalistae seu sistema

de propriedade, eliminar a opressãoe abater a miséria, e efetuar uma grande

redistribuição das riquezas e da justiça. Suas práticas têm outros pontos de

partida. Suas conquistas fundamentais sãoo respeito à integridadee à

dignidade humana, a obtenção de alimentação, serviços de saúde,educação,

emprego e demais condições de uma qualidade de vida decente para todos, e

a implantação da prioridade dos diretos das maiorias e das premissas da

igualdade efetiva das pessoas, além de seu lugar social, gênero, raça eidade.

16 “A burguesia é considerada como classe revolucionária enquanto agente da grande indústria – em relação aos

feudais e ás classes médias decididos a manter todas as suas posições sociais, que são produto de modos de

produção caducos. Por outro lado, o proletariado é revolucionário frente à burguesia porque, resultante ele

próprio da grande indústria, tende a despojar a produção de seu caráter capitalista, que a burguesia procura

perpetuar.” (MARX, Gotha, 19)

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Garante sua ordem social e certo grau de desenvolvimento econômico e

social, mediante um poder muito forte e uma organização revolucionária a

serviço da causa, honestidade administrativa, centralização dos recursos e

suadestinação aos fins econômicos e sociais selecionados ou urgentes, busca

de relações econômicasinternacionais menos injustas, e planos de

desenvolvimento. (HEREDIA, 2005, p.17, tradução nossa)

Sem desmerecer a centralidade da contradição entre capital e trabalho, esse socialismo

deve garantir em seu processo de transição a satisfação de necessidades básicas e, ao mesmo

tempo, ser criativo para fundar instituições e práticas democráticas no bojo de uma nova

cultura “diferente e oposta ao do capitalismo”:

Este socialismo deve recorrer um duro e longo caminho visando garantir a

satisfação de necessidades básicas, a resistência eficaz frente a seus

inimigos e às agressões e atrativos do capitalismo, e enfrentar as graves

insuficiências emergentes do chamado subdesenvolvimento e dosdefeitos de

seu próprio regime. Ao mesmo tempo que realiza todas essas tarefas - e não

depois - deve fundar instituições e cultura democráticas, e um estado de

direto. Em realidade está obrigado a criar uma nova cultura diferente e

oposta à do capitalismo. (HEREDIA, p.18, 2005)

Além de não poder depreciar o esforço civilizatório esse segundo modo de socialismo

tem como fundamento um projeto libertador que deve combinar com êxito as aspirações de

justiça social com as de liberdade e autodeterminação nacional.

No ambiente do segundo (socialismo), a libertação nacional e a plena

soberania têm um peso crucial, porque a ação e o pensamento socialistas

deve haver derrotado ao binômio dominante nativo-estrangeiro, libertar as

relações e as subjetividades de sua colonização, e arrebatar à burguesia o

controle do nacionalismo e do patriotismo. Para o segundo socialismo é

vital combinar com êxito as ânsias de justiça social com as de liberdade e

autodeterminação nacional. O poder do Estado lhe é indispensável, suas

funções aumentam fortemente e sua imagem cresce muito, às vezes até a

graus desmesurados. (HEREDIA, p. 18, 2005)

Destacamos que a contribuição dessa distinção que faz Heredia é no sentido de

mostrar que, enquanto a exploração do trabalho assalariado e a missão do proletariado têm

lugares prioritários na ideologia do primeiro socialismo, para o segundo, o central são as

reivindicações de todos os oprimidos, explorados, marginalizados ou humilhados em derrotar

o binômio dominante nativo-estrangeiro, libertar as relações e as subjetividades da

colonização, o que passa por expropriar daburguesia, o controle do nacionalismo e do

patriotismo17.

17

ALMEIDA, 1997 apresenta um contraponto a essa formulação ao explorar a idéia de que a implicação

democrática necessária dos movimentos nacionais das “nações oprimidas” refere-se apenas a um dos aspectos

deles. Muitos desses movimentos podem ser, quanto a outros aspectos, incrivelmente antidemocráticos e é

unicamente em relação aquele aspecto que o autor propõe o termo “nacionalitarismo” (ALMEIDA, 1997, p. 90)

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5) Considerações finais

Resgatemos a indagação inicial do nosso artigo: da perspectiva da classe trabalhadora,

a formulação política de um “horizonte de tarefas nacionais pendentes de serem realizadas”

contribui para a organização e lutas dos trabalhadores ou representa um retrocesso, um

rebaixamento de programaspartidários ou até uma ameaça?

Destacamos nos autores pesquisados que, em se tratando de povos com histórico de

Nações Negadas, “o modo de agir com violência” é a marca de como a contradição vai se

desenvolver no processohistóricodo continente. Como pontuamos, identificar a violência

como força motriz do processo revela o fundamento predominante nas relações sociais

marcado pela violência exacerbada das forças opressoras dos Estados Nacionais, pelo

desprezo à vida e notadamente pela exploração da força de trabalho. Essa violência é

desdobramento de um processo distinto da violência própria da sociedade de classes em geral.

Trata-se de uma violência que não opera na condição de um ser humano sobre outro, mas no

caso rejeitaa humanidade de homens, mulheres e crianças,ao negar as nações nativas das

colônias no continente a oeste do Atlântico.

Desse modo, identificar a violência como força que move a contradição no continente

é reconhecer a condição de sub-humanidade em que foram lançados os povos nativos do

continente a oeste do Atlântico, como resultado de uma violência de natureza distinta a da

violência identificada por Marx na Assim chama Acumulação Primitiva, Capítulo XXIV, O

Capital.

A violência, que em Marx é o “pecado original” na constituição de Nações Burguesas,

é a marca da formação deformada de Nações Aleijadas, em que as aspirações de formação

nacional não foram realizadas.

É precisamente nos Movimentos de Independência, quando a ressonância da

Revolução Francesa repercute no povo da América Latina trazendo aspirações emancipatórias

da modernidade, que se observa que esses ideais ficam restritos à independência política da

burguesia, e que caracteriza o aleijo de nascença da questão nacional. Ou seja, os ideais

humanos que a modernidade prenuncia,não têm aderênciaà sub-humanidade a que foram

lançados os povos de nações negadas.

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A violência de negar as aspirações emancipatórias da modernidade a esses povos os

obrigam a ir além das aspirações modernas de igualdade e liberdade para existirem enquanto

nações18.

Em conseqüência, as tarefas de realização nacional,que são pressuposto para

democracia, colocam-se como pendentes e dizem respeito a aspirações profundas desses

povos, transmitidas a épocas posteriores19. Essas aspirações aparecem como conteúdo dos

movimentos por libertação nacional que não separam essa luta da luta antiimperialista e

socialista. Nesse sentido são nações por venir que, precisam ir além dos ideais da

modernidade para realizar suas necessidades mais básicas.

A questão é a inviabilidade histórica dessas necessidades mais básicas serem atendidas

no desenvolvimento capitalista previsto para formas nacionais por meio de reformas. Nesse

caso, o “horizonte de tarefas nacionais pendentes de serem realizadas” representa um

retrocesso, um rebaixamento de programaspartidários ou até uma ameaça decair no chamado

reformismo, quando se acredita que é possível a realização das tarefas nacionais e

democráticas em sociedadesde nações aleijadas, em que a luta de classes tem uma dinâmica

marcada pela exacerbada violência20.

A luta por revolução, em Nações Aleijadas, apropria-se da formulação política de um

“horizonte de tarefas nacionais pendentes de serem realizadas” no sentido de contribuir para a

organização e lutas dos trabalhadores, entendendo que essas reformas não são realizadas na

sociedade de classe e, portanto o que está em jogo, num programa de tarefas nacionaise

democráticas pendentes, não é a realização dessas tarefas, mas sim, mudar a correlação de

forças na sociedade para realizar as tarefas populares, num processo de transformações

profundas e estruturais na sociedade.21

18

O Colonizado descobre o real e o transforma no movimento da sua práxis, no exercício da violência, no seu

projeto de libertação. (FANON, 1979, p 75)

19 Por exemplo, a luta por Liberdade, apropriação do território pelo povo, reaparece nos movimentos por

Reforma Agrária. 20

Há uma necessidade diante desse embate teórico, político e ideológico que historicamente o Programa

Nacional Democrático e Popular assumiu no Brasil na trajetória do Partido dos Trabalhadores.

21 ALMEIDA (1997) apresenta uma importante ponderação ao defender que: “ Depois de montado o Estado

“próprio”, o caráter de “nação oprimida” que a formação dependente vem a adquirir manifesta-se nas

limitações que a situação de dependência impõe à capacidade de “seu” Estado implementar políticas (internas

e externas). Reciprocamente, o nacionalitarismo expressa-se nesta demanda por autonomia, que – como se viu-

pode ou não ser articulada a outros componentes democráticos (burgueses). Só que, agora, a organização por

excelência da dominação burguesa já esta constituída. Embora as possibilidades de articulação do

nacionalitarismo com as lutas operárias e populares jamais devam ser desprezadas, elas nem sempre se

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A luta anti-capitalista, ou o confronto ao capital, deve visara garantir a satisfação de

necessidades básicas e, nesse sentido, levar em conta que as massas não estão inclinadas a se

engajarpela revolução. Concretamente, é a possibilidade de criar força social que leve as

conquistas por direitos, até o limite, com a intencionalidade de classe de evidenciar que essas

conquistas não serão realizadas no capitalismo e que, portanto, o esforço de levar até o fim as

tarefas do Programa Nacional Democráticoconduzemao processo de transição socialista.

O esgotamento das possibilidades de conquista dos trabalhadores na sociedade

capitalista, em última instância,pressupõe superar a ilusão com a democracia liberal burguesa,

o que só se dá pela experiência concreta das massas populares.

A idéia de vir a ser nações (ou nações por vir) evidencia a centralidade no terreno da

luta política em que a democracia liberal burguesa deve ser apontada como o limite da luta

reivindicativa, que é superada pela luta revolucionária, por sua vez, com centralidade na

conquista do poder Estado. Florestan Fernandes disse que “a luta por reformas cede lugar à

luta revolucionaria”, ou seja, cede lugar num processo sem etapas de avanço da democracia,

pelo avanço num processo ininterrupto de esforços da classe trabalhadora, ao buscar realizar

reformas e obter conquista se depara concretamente com as contradições de classe. Esse

processo de avanço das reformas e direitos altera a correlação de forças, criando uma situação

de impasse, quando se coloca objetivamente no horizonte de luta, a superação da dominação

do Estado e da sociedade de classes pela retomada dos meios de produção, esforço esse

propriamente de um processo de revolução socialista.

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realizam e, quando isto ocorre, assumem diferentes concretudes, que, obviamente, não são indiferentes à

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______________. A Ideologia Alemã. São Paulo, São Paulo, Editora Boitempo, 2007.

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2012.