n° 60 - 15 de julho a 14 de agosto de...

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ESPAÇO SOCIALISTA Organização Marxista Revolucionária Contribuição: R$ 1,00 N° 60 - 15 de julho a 14 de agosto de 2013 DIA NACIONAL DE LUTAS: 30/08 Dinheiro público para os agiotas e especuladores - p.5 CONTRA O ASSÉDIO MORAL NA UFABC Derrotar os processos administrativos - p.9 MONITORAMENTO REDE SOCIAL Em defesa de Edward Snowden - p.10 DÍVIDA PÚBLICA NACIONAL Uma nova situação política no Brasil -p.2 MOBILIZAÇÕES Quem é o vândalo? - p.8 Unificar todas as lutas e as campanhas salariais -p.4

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ESPAÇOSOCIALISTA Organização Marxista Revolucionária

Contribuição: R$ 1,00N° 60 - 15 de julho a 14 de agosto de 2013

DIA NACIONAL DE LUTAS: 30/08

Dinheiro público para os agiotase especuladores - p.5

CONTRA O ASSÉDIO MORAL NA UFABCDerrotar os processosadministrativos - p.9

MONITORAMENTO REDE SOCIAL

Em defesa de Edward Snowden -p.10

DÍVIDA PÚBLICA

NACIONALUma nova situação política no

Brasil -p.2

MOBILIZAÇÕES

Quem é o vândalo? - p.8

Unificar todas as lutas e ascampanhas salariais -p.4

Os movimentos de junho abriramuma nova situação política no Brasil. Pormais que as manifestações, com centenasde milhares de pessoas, tenham refluídomomentaneamente, em seu lugar ficaramum sem-número de lutas menores, mascom abrangência nacional. Desde acontinuação dos movimentos pelo passe-livre, tarifa zero, pela moradia, contra aviolência policial nas periferias, emdefesa das terras históricas indígenas,ocupações de Câmaras Municipais eAssembleias Legislativas deramcontinuidade e de certa formapolitizando mais o processo. Em Maceióe no Rio de Janeiro, houve o chamandoà construção de uma AssembleiaPopular. No ABC, formou se um Comitêde Trabalhadores e Estudantes paraunif icar os vários movimentos eorganizações.

O cenário geral aponta para oaprofundamento dessas lutas e para aretomada de grandes mobilizações aqualquer momento daqui para frente.Isso porque as causas que deram origema esses movimentos permanecem e atése agravam. A principal lição foi a deque a juventude e os trabalhadorespodem se unir, sair às ruas e, quandoisso acontece, surte efeito. O clima derebelião ficou no ar juntamente com ocheiro do gás lacrimogêneo e do vinagre,trazendo a saudação das rebeliõesiniciadas na Tunísia, Egito, Turquia, etc.

NOVA SITUAÇÃO

EXPRESSA A POLÍTICA DO CAPITAL PARA

RESPONDER À CRISE NO BRASIL

Em primeiro lugar, está cada vezmais claro que o modelo econômicobaseado no endividamento, isenções deimpostos - tanto do estado como dasfamílias - para com isso incentivar oconsumo, está em xeque.

Mesmo com as sucessivas medidastomadas pelo governo, o crescimento épífio no marco de uma economiamundial em crise. A burguesia está a umpasso de romper com o governo,atuando por enquanto no desgaste daimagem do PT e na pressão pormudanças no modelo econômico.Exigem que o PT deslanche de vez asreformas que o capital necessita – e queo PT tem feito, mas não ao ritmodesejado pela burguesia. A pressão daburguesia e seus meios de comunicaçãodeve crescer para ver até onde o PT estádisposto a ir para servir à burguesia.

O governo tenta se mostrar aindao melhor agente para lidar com a “vozdas ruas”. Ao mesmo tempo, aumenta ataxa de juros e realiza cortes nos serviçospúblicos, visando tranquilizar asempresas que operam no Brasil de queseus rendimentos (juros da DívidaPública, hoje orçada em mais de 3bilhões de reais), obras de infraestrutura,empréstimos e isenções não estão

ameaçados. Entretanto, essas medidastrazem ainda mais dificuldades à vidados trabalhadores e da população pobreem geral.

JUVENTUDE ENFRENTA EMPREGOS

PRECÁRIOS, BAIXOS SALÁRIOS E FALTA

DE SERVIÇOS PÚBLICOS

O endividamento dos trabalhadorese da classe média se aproxima de umlimite. Dados da Confederação Nacionaldo Comércio (CNC) mostraram um nívelde endividamento de 65% das pessoas,ante 55% no mesmo período do anopassado. (brasileconomico.ig.com.br)

Além disso, o PT nesses dez anosà frente do governo, ao não atacar aburguesia, acabou descarregando parteimportante dos custos do estado sobreos ombros da classe média. Nisso resideparte importante do ódio da classe médiaao PT, o que também traz perigos, poisabre espaço para a direita intervir, comovimos nos movimentos recentes.

A situação dos trabalhadores maisespecializados também piorou muito. Orendimento médio real dos trabalhadoresno conjunto de sete regiõesmetropolitanas caiu 3,3% entrenovembro e abril. Em São Paulo, essaqueda foi de 6%. Nos últimos seis anos,a queda dos pisos salariais de quemganha acima de R$ 1.050 foi de 46%

UMA NOVA

SITUAÇÃO POLÍTICA

NO BRASIL

Jornal editado mensalmente sobresponsabilidade da coordenaçãonacional.

Somos uma organizaçãorevolucionária e socialista formadapor trabalhador@s e estudantes.Lutamos pelas reivindicações minímas,como o aumento de salário, por serviçospúblicos de qualidade, por cotas paranegr@s nas universidades públicas, etc,mas, para nós, essas lutas não têm umfim em si mesmas. Por isso, temos a

convicção de que somente numa sociedadesocialista poderemos garantir uma vidaplena para toda a humanidade, com asatisfação de todas as necessidadesmateriais e a mais completa democraciapara os trabalhadores.

Serão os que produzem a riquezamaterial quem decidirão sobre o quê, oquanto e o como produzir e também adistribuição tendo como central asnecessidades da coletividade.

Somos antigovernistas porque esses

governos (PT, PSDB e aliados) governampara o capital. Somos internacionalistasporque acreditamos na solidariedade entreos trabalhadores do mundo e por issoapoiamos as lutas dos trabalhadores e dajuventude de outros países.

Se quiser nos conhecer melhor, entreem contato:

[email protected]

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em termos reais (descontada a inflação).O aumento da terceirização, dos

ritmos e acidentes de trabalho,combinados ao aumento dainadimplência, da inflação e da volta daalta dos juros, completa um quadroeconômico bem diferente dos anosanteriores.

Uma juventude que estuda muito,faz cursos de inglês, informática,faculdade, se depara com empregosprecários, baixos salários e falta dedireitos quando vai trabalhar, geralmenteem ramos como telemarketing, estágiosque nunca efetivam, empregosterceirizados, serviços repetitivos e semnenhuma possibilidade dedesenvolvimento intelectual nem derealização. Isso entra em choque frontalcom todo um desenvolvimento datecnologia e da comunicação a que osjovens têm acesso. Uma contradiçãoentre um mundo extremamente rico, ecom relativo grau de liberdade nascomunicações, e por outro lado a faltade dinheiro, a monotonia e adesrealização na vida.

Se, por um período, essa geraçãoficava confinada no Facebook, agora estávindo para as ruas, sem abrir mão e, aocontrário, se utilizando dessa tecnologiapara sua luta e organização.

Junta-se a isso o início doesgotamento das políticas assistenciais.O valor das bolsas pago pelo governoevapora diante do aumento generalizadodos preços dos alimentos, aluguéis,remédios, vestuário, passagens, etc.

O mesmo contraste entre aopulência da Copa e o sucateamento eprecarização da estrutura e dofuncionamento das escolas, doshospitais, levaram ao surgimento de umsetor importante da juventude deperiferia que não aceita ser excluída eisolada pelo sistema.

DESENCANTO COM ADEMOCRACIA BURGUESA...

O desencanto dostrabalhadores eparticularmente da juventudecom a democracia burguesa évisível.

O balanço político écruel para todos os partidos;todos perderam empopularidade, mas o PT foisem dúvida o maior perdedor.O governo Dilma perdeu 27

pontos percentuais, indo de 57% para30%. Em São Paulo, a aprovação deAlckmin caiu 14 pontos. Haddad caiu16 pontos em três semanas, de 34% para18%. Sérgio Cabral despencou 30pontos. (Datafolha)

A base política de sustentação dogoverno Dilma no Congresso tambémapresenta inúmeros rachas. Asdificuldades econômicas levam aoaumento das críticas. As disputas pormaiores espaços nas alianças acirramesses problemas. Antes, a reeleição deDilma era dada como certa. Agora oquadro é outro.

Dilma ainda lidera, mas há a opçãode Marina Silva (A Rede) surgindo, aolado de Aécio Neves (PSDB) e EduardoCampos (PSB) – alternativas que aburguesia também considera até 2014.A burguesia ainda não rompeu com oPT, mas está a um passo disto. Ogoverno está à beira de uma crise políticaque se expressa já nas dificuldades paraelaborar uma política e ter uma aplicação.

MEDIDAS DOS GOVERNOS NÃO

RESOLVEM OS PROBLEMAS

Todas as medidas tomadas pelogoverno Dilma e sua base de apoio noCongresso são medidas superficiais parapassar a impressão de que o governoouviu os protestos. Mas os aspectosestruturais não foram mudados.

A redução das passagens foi amaior conquista imediata do movimento,ocorrendo em mais de 70 cidades. Já aaprovação dos royalties sobre o Pré-Sal(uma espécie de imposto pago pelasempresas por prejudicar o ambiente)para a Educação no calor dosmovimentos, foi posteriormente cortadapelo Senado, que com um novo Projetoreduz o valor para apenas mais 4 bilhõespara a Educação, ou apenas 0,12% doPIB!

PRINCIPAIS ORGANIZAÇÕES NÃO ESTÃO ÀALTURA DOS DESAFIOS!

A situação atual pegou as principaisorganizações de esquerda (PSTU, PSOL)literalmente desprovidas de umaalternativa para as massas que saíam àsruas. Foram repudiadas nasmanifestações, em grande medida peladespolitização das mesmas, mas emparte também por sua responsabilidade.

Durante todos os anos anteriores,essas organizações, todas com programasna TV, candidatos em todas as eleições erelativo conhecimento em setores amplosda vanguarda, não se preocuparam em seapresentar para as massas comoalternativa ao regime político e ao sistemacomo um todo. Suas campanhas tinhampropostas mais de esquerda, mas eramvistas como dentro do regime políticoposto, não como algo realmente novo.

Por mais que em seus discursospara dentro e para os mais próximos seapresentassem como revolucionários ouradicais, não fizeram esse trabalho dediferenciação e disputa política contra oregime democrático-burguês, nãodenunciaram em suas campanhas aseleições bancadas por empresas e nemfizeram propostas para a mudança geraldo regime político do país. Limitaram-se a aparecer como partidos mais deesquerda, mas que, para as massas,significavam o mesmo objetivo: a disputade eleições.

Rapidamente o PSOL sedegenerou, rebaixando seu programa,aceitando dinheiro de empresas em suascampanhas e compondo até com o DEMnas eleições em Macapá. O PSTUtambém rebaixou seu programa naseleições passadas e fez uma frente emBelém com o PC do B (que dirige a UNEe é base de apoio do governo Dilma).Elegeu dois vereadores (um em Beléme uma em Natal), mas ao custo desacrificar a independência de classe e adisputa pela consciência anticapitalistados trabalhadores.

Isso não se restringe às eleições. Otrabalho onde essas organizações têmacesso a setores de massa, como nossindicatos, permanece restrito àsquestões imediatistas, sem discutir comos trabalhadores alternativas políticas eideológicas, restringindo-se à denúnciados governos, sem apontar que estes sãoagentes de um sistema maior (ocapitalismo), cuja lógica de lucro deve

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ser quebrada, e em seu lugar construídaoutra forma de organização socialrealmente democrática e justa.

Nos movimentos e entidades quedirigem, essas organizações acumulamsério desgaste por priorizarem suaconstrução, muitas vezes em detrimentodas necessidades do movimento, semfalar no processo de aparatização eacomodação social presente em muitossetores de suas direções, por anosafastadas da base.

Outro exemplo: agora vemos comocustou caro a disputa de aparato entrePSTU e PSOL que resultou na rupturado CONCLAT e não-formação da NovaCentral unitária. Esta disputa se deu emtorno de um nome, e se o racha nãotivesse ocorrido, a esquerdaantigovernista teria acumulado muitomais força e aparecido em melhorescondições perante o movimento,contribuindo muito mais com aconstrução de uma alternativa de direçãopara o movimento que agora veio à tona.

Mas mesmo assim, a CSP-Conlutaspoderia cumprir um papel de destaquenos movimentos. Desde o ano passado,nós do Bloco Classista, Anticapitalista ede Base – formado por EspaçoSocia lista, MRS (MovimentoRevolucionário Socialista) eindependentes – vimos lutando nasreuniões da coordenação da CSP-Conlutas para que houvesse umacampanha de denúncias do governoDilma, dos governos estaduais e demaisinstituições, como aplicadores de umprojeto capitalista de extração da riquezados trabalhadores e do país.Defendíamos que essa campanhatambém apresentasse um programaalternativo dos trabalhadores, com aprioridade do orçamento para osserviços públicos como Saúde,Educação, Transporte, e não para asempresas; o não-pagamento da DívidaPública, que consome atualmente só dejuros e amortizações cerca de 50% doorçamento federal. Propusemos emvárias reuniões que fossem feitos 1milhão de panfletos, trabalhos com carrode som nas portas de fábricas, nosbairros e escolas, de modo a divulgar aposições da CSP-Conlutas. No entanto,isso não foi realizado. Tambémpropusemos que fosse apontado um dianacional de greves e paralisações, poucosdias antes de irromperem os

movimentos. Se essa propostativesse sido aprovada, a CSP-Conlutas estaria na vanguardaquando os movimentos surgiram,o que não ocorreu.

A concepção de sua correntemajoritária (PSTU) é de que aossindicatos e centrais cabem apenasum papel rebaixado de lutasimediatas, enquanto o trabalhomais político e ideológico cabeapenas ao partido. Só que essa concepçãoestá ultrapassada para os dias atuais.

DIA 11/07 E PERSPECTIVAS

O dia 11/07 foi um momentoimportante na situação nacional, poisenvolveu setores da classe trabalhadoraassalariada e movimentos populares.

Houve paralisações, ocupações deCâmaras de Vereadores, bloqueios derodovias, e outras manifestações em maisde 23 estados, indicando a possibilidadede uma Greve Geral para o próximoperíodo.

O problema é que as centraissindicais maiores, e que têm maiorinfluência como a CUT e a Força Sindical,fizeram de tudo para que o movimentonão saísse do seu controle. Na fábricasmesmo, apesar de estarem a favor deparar, a iniciativa e as decisões sobre omovimento não foram dos trabalhadores,mas da burocracia sindical em acordocom as empresas. As direções da CUT eForça Sindical fizeram isso para dar umasatisfação de que estavam mobilizandoe, ao mesmo tempo, procuraramdirecionar o movimento para a defesa eas bandeiras do governo Dilma, como aReforma Política, plebiscito, etc.

A direção da CSP-Conlutas (PSTU)conseguiu v iabilizar algumasparalisações parciais. Em São José,pararam cerca de 15 mil operários,embora na paralisação da Dutraestivessem cerca de 2 mil.

Mas onde poderia de fato provocarum impacto, que era em metroviários, já

que dirige o sindicato, a CSP-Conlutasfoi decepcionante, e mais uma vez perdeua oportunidade de aparecer com destaqueperante os trabalhadores do país.

Em SBC, as montadoras nãofuncionaram, mas na manifestação haviano máximo 3 mil operários, parandoapenas uma pista da Anchieta. A maioriados metalúrgicos não foi trabalhar, mastambém não foi para a manifestação. Háum grande desgaste das direçõesgovernistas, tanto pelas traições dopassado, como pelo fato de que aparalisação foi em acordo com a patronal.

É preciso questionar esses acordoscom as centrais governistas, pois levarama que a CSP-Conlutas, em seus materiaisde convocação do dia 11/07, abrissemão do nosso programa, colocando oprograma das centrais governistas. EmSBC, a fala do companheirorepresentante da CSP-Conlutas no carrode som não denunciou o governo Dilma,nem a prefeitura do PT, nem fezqualquer crítica à CUT e à política deparceria levada pelo Sindicato dosMetalúrgicos e por sua autoria do ACE(Acordo Coletivo Especial).

Isso tudo é extremamentecomplicado. A unidade de ação énecessária, mas não pode significarcomprometer a diferenciação com ossetores governistas, caso contrário, abre-se mão da construção de um campoalternativo antigovernista, o que éfundamental para dar umdirecionamento aos movimentos quesurgiram e que ainda virão.

PARA UM FORTE DIA 30/08:UNIFICAR TODAS AS LUTAS!

Os novos movimentos abriramuma oportunidade incrível defazermos discussões e mobilizaçõescom os trabalhadores e a juventude,impulsionando campanhas e lutas por

temas que, até junho, estavam restritosà esquerda ou a setores minoritários devanguarda.

Nesse sentido, temos ummomento muito mais favorável para a

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Nas manifestações de junho asprincipais reivindicações diziam respeitoà ausência de prestação de serviçospúblicos como Saúde, Educação eTransporte. Para o senso comum o fatode não termos esses serviços estárelacionado à má administração dosgovernos federal ou estaduais ou mesmomunicipal. Para nós, ainda que todosesses governos sejam péssimosadministradores, a precariedade dosserviços públicos (uma realidade namaioria dos países do mundo) tem suaexplicação no próprio sistema social, ouseja, no capitalismo.

Consideramos que estamos em umperíodo de crise estrutural do capital oque torna impossível que o Estadocapitalista propicie serviços públicos dequalidade para toda a população.  Ouatende as necessidades da minoriacapitalista ou as necessidades da maioriatrabalhadora. E o Estado, sob controle

da burguesia, não temcomo atender a maioriaporque estácomprometido com areprodução do capital.

Essa conclusão éimportante porquesignifica, por exemplo, aimpossibilidade darealização de reformascomo as quepresenciamos no séculoXX e consequentemente afalência de uma políticamuito presente naesquerda revolucionária que se limita acriticar apenas a forma de gestão estatalquando a crítica deve se estender aopróprio mecanismo de reprodução docapital.

 

O MECANISMO DA DÍVIDA PÚBLICAA existência de uma imensa

quantidade de capita l (provocada

principalmente pelo fim da paridade doouro com o dólar) e a necessidade de osgovernos financiarem os gastos públicos(vez que abrem mão de taxar os ricos)permitiram o deslocamento desse capitalpara a compra de títulos públicos comrendimentos seguros e vantajosos. Essaé a base do crescimento do montante da

unificação das lutas e movimentos dosdiversos tipos, que é o dia 30/08,indicado como um novo dia nacional deluta.

O dia 30/08 pode ser ainda maisforte que o 11/07, pois fará parte doaquecimento para as campanhas salariaisde bancários, correios, metalúrgicos epetroleiros, categorias nacionais de forteimpacto econômico.

Está colocada concretamente apossibilidade de uma Greve Geral nopaís para o próximo semestre, e nissodevem se concentrar os esforços da CSP-Conlutas, Intersindical e demais setoresde luta e antigovernistas.

É preciso que realizemos em cadalocal de trabalho, estudo e moradia,reuniões preparatórias entre os ativistase Plenárias Gerais entre as entidades emovimentos. A orientação geral deve serparar tudo que for possível e ir às ruas!Precisamos também discuti r umprograma mínimo, que sirva de ligaçãoentre todos os setores em luta.

Como primeiro ponto de umprograma dos trabalhadores deve estara luta para que o dinheiro do orçamentová para os serviços públicos, e não parao lucro das empresas; uma campanha

pelo não pagamento das Dívidas Externae Interna – já foram pagas há muitotempo –, e que esse dinheiro sejadirecionado para a Educação, a Saúde eo Transporte públicos, gratuitos e dequalidade; a defesa do passe-livre paraestudantes e desempregados; tarifa zero,através da taxação das grandes empresas;o aumento geral dos salários econgelamento dos bens consumo dostrabalhadores; o salário mínimo doDIEESE; contra a terceirização e o ACE(Acordo Coletivo Especial); contra aReforma da Previdência; pela revogaçãoda Reforma da Previdência de 2003; pelarevogação das privatizações da Vale; PelaReforma Agrária, com o fim dolatifúndio e estatização do agronegócio,sob controle dos trabalhadores.

Também é nosso papel denunciaressa democracia burguesa como cada vezmais ditatorial, e a ordem burguesa emgeral com suas instituições corruptas einimigas dos trabalhadores. Representamum poder das empresas para explorarmais e mais os trabalhadores. Contra adireita e o PT, defendemos umademocracia dos trabalhadores que sejaem base à eleição de representantes, sema participação das empresas e dos

patrões, e que estes representantesrecebam salários iguais ao de umtrabalhador médio, com mandatosrevogáveis e limitação do número demandatos. Para que essa democracia dostrabalhadores seja possível, é precisoavançar para quebrar o poder dasempresas, não apenas no aspectopolítico, mas fundamentalmente nosocial, pois o poder político da burguesiaé a expressão dessa dominação doburguês sobre o trabalhador.

É preciso resgatar e reatualizar aexperiência da Comuna de Paris e dosprimeiros anos da Revolução Russa, emque os governos eram apenasrepresentantes de um poder maior queestava nos organismos de base.

É preciso discutir com os jovensque entram agora nas lutas a necessidadede confrontar e quebrar a lógica docapital (exploração lucro), pois essalógica está levando o mundo à barbárie.É preciso que as empresas passem a serpropriedade social, controladasdemocraticamente. Resgatar a alternativasocialista como um modo viável deorganização social, a partir da imensatecnologia desenvolvida nos dias atuais,e sem repetir os erros do passado.

A DÍVIDA PÚBLICA ALIMENTA AGIOTAS

E ESPECULADORES

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dívida pública nas últimas décadas.  Os governos buscam financiamento

e os especuladores disponibilizam ocapital a altas taxas de juros (que sãopagas com dinheiro público). Uma partesignificativa da riqueza produzidasocialmente, ou seja, uma parte da maisvalia produzida pela classe trabalhadoraé apropriada e vai parar nas mãos dosagiotas. Um mecanismo sofisticado detransferência de dinheiro público para ainiciativa privada.

A fonte de novas receitas (ou olucro) dos especuladores são os jurospagos pelo Estado, de modo que ocontrole sobre os governos (gestores docapital no aparelho estatal) torna-se vitalpara a permanência dessa forma dereprodução.  

Com isso podemos compreender anecessidade do controle político sobreo Banco Central (seja na formaindependente - sem sujeição às ordensdo governo- ou quando o governonomeia pessoas ligadas aos banqueiros,como foi o caso de Henrique Meirellesnomeado por Lula. O Banco Centralestadunidense FED, por exemplo, temno seu conselho executivorepresentantes de vários bancosprivados) e do Ministério da Fazenda,

pois são fundamentais como órgãos quedefinem as taxas de juros pagas para oscredores da dívida pública.

Como parte deste controle osespeculadores impuseram e os governosadotaram uma legislação que dá amplaliberdade de circulação para o capitalespeculativo, como redução ou isençãotributária, redução do prazo ou fim dasrestrições de retirada e abolição dasregulamentações ou controle das taxasde serviços bancários (que possibilitoua criação de inúmeros produtosfinanceiros).

 O capital que busca se reproduzircom a dívida pública conta também como fato de que é um mecanismo que seautoalimenta na própria polí ticaeconômica dos governos.

No caso do Brasil, para garantir alucratividade dos negócios capitalistas nopaís, os governos Lula e Dilmaconcederam isenções fiscais (para asmontadoras, construção civil, etc.) edesoneraram a folha de pagamento(reduzindo a contribuiçãoprevidenciária) para várias empresas.Promoveram empréstimos a jurossubsidiados para compra de móveis eeletrodomésticos que têm comoconsequência a redução da arrecadação,

o que diminui a capacidade de o Estadofinanciar as despesas públicas.

Essa diminuição da capacidadefinanceira do Estado faz com que ogoverno tenha que frequentementerecorrer ao expediente de emissão detítulos públicos, seja para pagar a dívidaou mesmo para a realização de obraspúblicas, pois o Estado sequer dá contade realizar o mínimo das necessidades.

Os efeitos da dívida pública não sãoapenas financeiros, mas, sobretudopolíticos e sociais, uma vez que criamcompromissos do Estado, quecontribuem significativamente para aformação e manutenção de um pequenogrupo de especuladores em detrimentodo atendimento das necessidades básicas,como hospitais, moradia ou transporte demilhões e milhões de pessoas.

OU SE PAGA A DÍVIDA OU TEM

SERVIÇO PÚBICO DE QUALIDADEA dívida brasileira é um dos maiores

problemas que enfrentamos. Fruto docomprometimento com o capitalespeculativo, os sucessivos governosconduziram a política econômica para oaprofundamento desse modelo.

Pelos dados do site “AuditoriaCidadã da Dívida” (que se baseia em

dados oficiais) o total da dívidabrasileira (interna e externa) está

próximo de 3,7 trilhões dereais. Quase um PIB que é de4,4 trilhões de reais.

O peso que essa dívidatem sobre as condições de vida

dos trabalhadores é enorme. Em2012, 43,98% do orçamento federal(algo próximo de 750 bilhões de reais)foi destinado para pagamento dosserviços da dívida (juros, amortização,etc.). Para a Educação foi 3,34% e paraa Saúde 4,17%. Dados quedemonstram que a prioridade dogoverno é atender os compromissoscom os especuladores.

Somente neste ano, até o dia 01 dejunho, foi para o bolso dos credores

mais de 400 bilhões de reais, o queequivale a 51% do orçamentofederal do período.

Com o que foi pago dadívida em 2012 daria paraconstruir 8 milhões de casaspopulares, déficit habitacionaldo país, com preço médio de

70 mil reais. Também 6000 escolas com700 alunos cada (preço unitário de 4GRÁFICO ELABORADO PELA “AUDITORIA CIDADÃ DA DÍVIDA”

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milhões gastos pela prefeitura de SãoPaulo por unidade) sendo que o paísconta com 3,6 milhões de crianças ejovens fora da escola). Mais 2000hospitais (Pelos dados da ABDEH - Associação Brasileira para o Desenvolvimentodo Edifício Hospitalar - o déficit de hospitaisno Brasil é de 296 mil leitos, que exigiriaa construção de 1964 hospitais. O customédio de um hospital desse porte é R$60 milhões).

Ou seja, com o que foi pago emum ano para os agiotas dava paraacabarmos com o déficit de escolas,hospitais e casas. Claro que o problemanão é somente construir os prédios, poishá a falta de médicos, o baixo saláriodos professores e tantos outrosproblemas relacionados a essasquestões. 

Todos esses dados têm o objetivode comparar o que poderia ser feito como dinheiro público, mas que vai para obolso dos agiotas e especuladores.

 

GOVERNOS NÃO VÃO ROMPER COM OPAGAMENTO DA DÍVIDA

Não pagar a dívida é uma luta de

ruptura com o capitalismo. Primeiro, quenenhum governo vai aplicar essa política.Segundo, que significaria uma fissura emdos principais mecanismos dereprodução do capital.

Assim, a reivindicação de maishospitais, escolas, transporte públicossomente pode ser efetivada se houver aruptura com os especuladores. Para nósnão se trata de um problema de gestãodo Estado, mas sim da própria lógicado capital que necessita extrair cada vezmais recursos do Estado.

Daí o caráter revolucionário queessa luta pode ter. A condição é que, defato, o Movimento consiga chegar àconclusão de que a luta é contra ogoverno, mas, principalmente, contra osistema.

 

O BRASIL PAGOU O FMI, MAS...Os governos do PT alardeiam que

o Brasil não tem mais nenhuma relaçãocom o Fundo Monetário Internacionalporque o país pagou tudo o que devia aesse órgão. Mas, se é verdade que houveo pagamento também é verdade que oFMI continua sim monitorando as

contas do Brasil, pois o país continuaadepto  do artigo IV do estatuto do FMI(nesse artigo o FMI pode efetuarconsultas periódicas, analisar e fazerrecomendações sobre a polí ticaeconômica dos países membros).

Vale destacar que isso nãosignificou o fim da dívida externa, mastão somente a parte (que era minoritária)relativa ao FMI. Na ocasião (2005) adívida externa brasi leira era deaproximadamente 200 bilhões de dólarese somente 15,5 bilhões de dólares forampagos antecipadamente ao FMI.

Deve se considerar que essaantecipação foi extremamentedesfavorável financeiramente, pois adívida com o FMI era relativamentebarata, com taxas de juros de 4% porano e o governo brasileiro emitiu títulosda dívida externa a taxas de juros bemmais elevadas, de 7,5 a 12% ao ano etítulos da dívida interna, com taxas de19% ou mais à época. Ou seja, contraiuuma nova dívida com taxas que variamde 7,55 a 19% ao ano para pagar outradívida em que a taxa era de 4%..

A dívida interna: É o que ogoverno brasileiro deve para os bancos,empresas e pessoas que vivem daespeculação. É paga em moedanacional. Geralmente é composta pelaemissão de títulos públicos que sãopapéis (que constam prazo e juros queserão pagos) entregues pelo governopara aqueles que emprestam dinheiroao governo. Os portadores dessespapéis podem negociá-los no mercadofinanceiro.

Os juros pagos por esses títulossão fixados pelo COPOM (Comitê dePolítica Monetária, controlado pelogoverno) e servem para atrair osespeculadores que querem ganhar

dinheiro fácil, praticamente sem risco.Quanto maior os juros, mais osespeculadores querem emprestar.

Esse dinheiro é util izado para“rolar” a dívida, ou seja, trocar de credor– pagando os títulos vencidos ou os juros– mas fica devendo para outros. É porisso que chamam de bola de neve:quanto mais paga mais aumenta a dívidacom os especuladores.

Outra forma de pagar essa dívida éretirar dinheiro do orçamento público:em vez de ir para hospitais, escolas edemais serviços públicos para apopulação vai para os agiotas.

A dívida externa é a feita noexterior e deve ser paga em moedaestrangeira. Tem “duas partes”, umapública e outra privada.

A pública é a feita pelo governo oupor empresas estatais, por empréstimosjunto aos bancos ou governos

estrangeiros ou também pelavenda de títulos públicos nomercado externo. O dinheiro parao pagamento (moeda estrangeira)vem da exportação (o exportadorrecebe em moeda estrangeira,

DÍVIDA INTERNA E EXTERNAmas deve trocá-la por moeda nacionalno Banco Central) e da aquisição denovos empréstimos, fazendo o mesmociclo da dívida interna. Essa é a razãode o governo fazer tantas concessõesaos exportadores.

Já a dívida privada é o que asempresas privadas brasileiras devemno exterior. É considerado como parteda dívida externa brasileira porque asempresas para fazerem empréstimosprecisam do aval do Banco Central(onde são registradas) e, em muitoscasos, acabam sendo assumidas pelogoverno brasileiro.

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Tome uma sociedade em que duasem cada 20 pessoas ficam com maisriqueza do que as restantes 18. Faça comque, dessas 18 pessoas, pelo menos 12ou 13 vivam em favelas ou bairros emoradias muito piores do que os canisdos cachorros das 2 pessoas que ficamcom toda a riqueza. Faça com que,dessas 18 pessoas, 16 tenham queenfrentar enormes filas de ônibus,metrôs e/ou que gastem quase metadedas horas que trabalham no trânsito.Enquanto os filhos daqueles doiscidadãos têm as melhores escolas, quasesempre no exterior, os filhos de 4 das18 pessoas tenham que pagar muito caropor uma educação privada e ruim; osfilhos das 14 pessoas restantes sãodeixados para as escolas públicas, poucomais do que depósito de crianças eadolescentes para que os pais e mãespossam trabalhar. Quando chegarem àvelhice ou ficarem doentes, faça com que16 das 18 pessoas desejassem umatendimento médico semelhante aos dosanimais de estimação das pessoas maisricas e transforme a doença em enormefonte de lucro para as pessoas que jáficam com mais da metade da riqueza.

Organize a economia do país de talmodo que 60% da força de trabalho sejadeslocada para o trabalho informal, istoé, faça com que a maior parte das pessoasem idade de trabalhar não saibam de ondevirá o sustento do próximo mês, vivendoliteralmente da mão para a boca graças apequenos bicos, empregos temporáriosou pequenos furtos e malandragens.Organize a economia de tal modo queesta parcela da população tenha certezade que as coisas ficarão piores no futurodo que já são hoje. Construa enormesshoppings centers que expõem todas asmaravilhas que farão a falsa felicidade denão mais do que 4 ou 5 das 20 pessoas;construa lojas de carro, móveis e roupasde luxo que exibem o quanto os patrõesdesperdiçam da gigantesca fortuna queamealham todos os dias. Uma vez porano, faça festas populares que em alguns

poucos dias queimam centenasde milhões de reais (como oCarnaval carioca) apenas paraenriquecer os donos doturismo, organize Olimpíadas,Copas e mais Copas de futebol, promovaa sangria do dinheiro público, pelacorrupção e não apenas pela corrupção,para engrossar a conta daqueles 2cidadãos que já ficam com mais dametade da riqueza.

Caso seja um país com enormesriquezas naturais, terras ainda nãoocupadas, reservas minerais ainda a seremexploradas e muito desemprego nocampo, nada de promover umaagricultura que forneça alimentossaudáveis e gere emprego. Pelo contrário,destrua tudo: a água, o solo, a floresta, osanimais, os peixes; persiga os indígenas ecamponeses que moram no interior dopaís; adote toda tecnologia que fará osricos ainda mais ricos e os pobres aindamais pobres. Chegue ao absurdo de deixarplantar apenas as sementes cujos frutossão estéreis, para obrigar uma novacompra de sementes no plantio seguinte.

Construa muros entre os ricos e ospobres; coloque guardas armados nosmuros contra os pobres e faça com quea polícia, dia sim e dia sim, massacre,amedronte, torture, brutalize, viole,escrache, achincalhe, chantageie e exibaindescritível arrogância contra os “debaixo”. Gaste tudo o que for preciso paracomprar armas, instrumentos de tortura,bombas e mais bombas para os policiais“manterem o país sob controle (deles)”– e force a todos, dia sim e dia sim, aassistir na televisão como só é pobrequem é vadio, preguiçoso ou bandido.

Depois de 24 ou 25 anos deditadura militar, faça uma Constituinteque prometa corrigir todas as injustiçasdo país com uma coisa chamadaDemocracia. Promulgue umaConstituição que é apresentada a todoscomo sendo a saída para as misérias einjustiças. Ao mesmo tempo, mantenhano “poder democrático” as mesmas

forças que dominaram no “poderditatorial”. Mantenha até mesmo asmesmas pessoas, como Sarney (o últimopresidente da ARENA, o partido queapoiava os militares). Na medida em queas melhoras prometidas nãoaconteceram, para engambelar o povo,vá trocando os partidos na Presidência.Primeiro foi Sarney e depois o PMDBcom o Itamar Franco, depois o PSDBcom o Fernando Henrique e, depois, oPT com Lula e Dilma. Um partido é umadecepção maior que o outro.

Mas não há decepção maior do quea do PT. Porque esse enganou melhor opovo e despertou maiores esperanças demudanças. Ao contrário de mudanças,tivemos mais corrupção (o escândalo domensalão), mais favorecimento ao grandecapital (privatizações, reformas daprevidência, concentração da propriedadeda terra, resgate bilionário dos bancos,obras faraônicas como o estado de futebolem Brasília, etc.) e mais desprezo pelasnecessidades dos trabalhadores.

Junte a tudo isso, um Congressoformado por 4 centenas de “picaretas”(Lula), que dia sim dia sim é acusado debandalheiras de todas as ordens, falcatruasnunca imaginadas, favorecimento deparentes, roubos e corrupções comonunca tivemos em nossa história. E, ainda,um judiciário lento, burocrático, queapenas funciona quando é para defenderos privilégios dos ricos e endinheirados.

Na Democracia , a ética doCongresso, dos Presidentes da Repúblicae do Judiciário é uma só: se locupletarem“sem alma, sem dó e sem pejo”. Nãopossuem limites no seu cinismo e na artede embuste. Enquanto dizem servir aopovo trabalhador, obedecem apenas aum senhor: aqueles 2 cidadãos que ficamcom mais da metade de riqueza.

Para aumentar os lucros doscapitalistas, faça com que quase metade

QUEM É O VÂNDALO?CONTRIBUIÇÃO DE SÉRGIO LESSA (PROF. DA UFAL)

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dos trabalhadores do país viva emcondições precárias, entre bairrosinsalubres e favelas. Quanto menoscustar a moradia dos trabalhadores,menor o salário que o capitalista terá quepagar a eles. Que vivam na lama e nasujeira, pois!

Coloque, hoje, milhares de criançasnas ruas, amanhã adolescentes: semalimentos, sem moradia, sem educação,sem assistência médica ou odontológicae, quase sempre, sem família. Alegue quenão tem recurso para tirá-las doabandono, quando seria necessária apenasuma ínfima parcela do que roubam paraatender às crianças em situação de rua.Os “ricos” fecham as janelas e travam asportas dos seus carros nas esquinas emque essas crianças passam os dias; para

as crianças e adolescentes esse atosignifica que eles estão trancados “parafora” da civilização.

Faça tudo isso e, não se surpreendacaso, um dia em que a polícia não tenhaforça para reprimir a todos porque asmanifestações tomaram as ruas, algunsdesses mais explorados vierem a se rebelarcom uma guerra aberta à guerra que os 2cidadãos que ficam com a riqueza lhesmove de modo encoberto. Que quebrem aspropriedades que lhe são negadas, quesaqueiem o que o mercado lhes nega, quedesrespeitem o direito à propriedade dosmais ricos. Também não se surpreendamse estes dois cidadãos mais ricos, quenunca vacilaram em organizar a violênciacotidiana para se garantir contra os outros,agora assustados e amedrontados, forem

à televisão dizer que os protestos sãojustos, mas dentro da “ordem” deles,dentro dos limites da “paz” deles.

Ordem? Para quem? Para os 2cidadãos continuarem com a maior parteda riqueza?

Paz? A polícia está a se desarmar?Os 2 cidadãos estão desarmando suasseguranças privadas, abrindo mão deseus carros blindados — ou estãoinvestindo ainda mais em armas emunições, contratando mais soldados,comprando mais bombas?

Por todos os lados, ordem é apenasoutra palavra para defesa dos privilégiosda burguesia contra os trabalhadores; apaz apenas é pedida quando a burguesiacorre o risco de perder o confronto.

Quem é, então, o vândalo?

O assédio moral, como mais umadas formas de perseguição aostrabalhadores, tem se tornado comumem vários locais de trabalho. Funcionáriopúblico ou trabalhador de empresaprivada, todos são vítimas do controleque as empresas procuram ter comoforma de impor desvio de função,aumentar a produtividade e até comoataque ao direito de organização no localde trabalho e até aumentar a jornada detrabalho. Recentemente tivemos ativistasperseguidos na Caixa EconômicaFederal, no Banco do Brasil e agora naUFABC (Universidade Federal do ABC)com a instauração de processoadministrativo contra 18 trabalhadores.

O Jornal Espaço Socialistaentrevistou Silas Silva, Técnico emInformática, que está entre os 18funcionários processados pelaUniversidade Federal do ABC, porexercer o direito de se organizar no localde trabalho contra o assédio moral. Silas

Silva afirma que para impedir essaprática, utilizada pelas chefias, sãonecessárias a unidade e a solidariedadeentre os trabalhadores contra oassédio moral e por melhores

condições de trabalho!

JES: Vários trabalhadores da UFABCestão sendo processados pelaReitoria. Quais são as acusações?

Silas Silva: São várias as acusações,desde as mais comuns até as maisabsurdas. E para respondermos àspráticas de assédio moral do antigo chefeos técnicos do Núcleo de Tecnologia daInformação (NTI), com participação dosindicato (SINTUFABC), seorganizaram na Comissão deMobilização que é aberta e democrática.

O assédio moral está se tornandouma prática comum contra otrabalhador, principalmente no setorpúbl ico. Geralmente os chefes eadministradores passam a desmerecer,humilhar e constranger o trabalhador.Muitas vezes os trabalhadoresinterpretam como “um mal-entendido”.Ou como se fosse “o jeito do chefe”. Enão aceitam que foram vítimas de

assédio moral.Observamos que não há esforço das

administrações em combater o assédiomoral no local de trabalho. Além disso,com uma legislação deficiente nessaquestão – como vimos no caso dosprocessados da UFABC – ostrabalhadores somente conseguemcombater o assédio moral com aorganização política.

Dentre as acusações na UFABC, odireito à organização dos trabalhadoresvirou “insubordinação grave em serviço”,“coação” e, inclusive, “calúnia”,“difamação” e até “formação dequadrilha”, um artigo do Código Penal.

Outros colegas também estão sendoacusados injustamente, como é o casode alguns que tiveram faltas justificadas(com atestado médico) e mesmo assimestão sendo acusados de cometerinsubordinação.

É um absurdo observarmos que –ao mesmo tempo em que os colegasestão sofrendo acusações graves einfundadas – a Comissão de Sindicância(da Universidade) orientousimplesmente o encaminhamento docaso do chefe assediador para a

PELO DIREITO DE LUTAR!EM DEFESA DOS

PROCESSADOS DA UFABC!

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Nas últimas semanas o mundo temassistido a uma verdadeira caçadahumana contra um ex-funcionário daAgência de Segurança Nacionalestadunidense (NSA, em inglês)chamado Edward Snowden. Tudocomeçou quando o jornal inglês “TheGuardian” publicou um documento emque o governo requisitava da empresade telecomunicações Verizon dadossobre as ligações feitas por seus clientes,bem como sua localização via GPS.Descobriu-se depois que essedocumento era uma simples renovaçãotrimestral de uma ordem edi tadainicialmente desde 2006, sob o governoBush, obrigando também outras

empresas de telecomunicações como AT& T, Bell South e de internet comoGoogle, Yahoo, Facebook, YouTube,Skype, AOL, Apple, Microsoft a fornecerinformações sobre seus clientes. Aordem, chamada “Ato de Segurança eInteligência Exterior” (FISA, em inglês),é parte do Ato Patriótico lançado em2001 pelo governo Bush como parte da“guerra ao terror”, na sequência dosatentados de 11 de setembro.

O Ato dá poder às agênciasgovernamentais como FBI, CIA, NSA,Serviço Secreto, etc. (há dezenas deagências de espionagem e contra-

EM DEFESA DE EDWARD

SNOWDEN! PELO

DIREITO À VERDADE!

Comissão de Ética da universidade! Sóque o mais grave e que perpetuou todaessa ação são as práticas assediadorastambém do Coordenador e a conivênciae o encorajamento dados pela Reitoria.

JES: Para vocês, qual é o objetivo daReitoria com esses processos?

Silas Silva : A Reitoria, aCoordenação e chefia querem “dar umalição” contra a mobilização e organizaçãodos trabalhadores. Querem desmobilizare utilizar esses processos como exemplopara que os funcionários de outros setoresfiquem com medo e quietinhos,suportando todas as injustiças e absurdosque existem nessa universidade. Mesmodurante o movimento, ocorreram váriastentativas de retaliação: Um exemplo foio comunicado do vice-reitor que proibiaos funcionários do NTI de participar deassembleias e atividades sindicais! Essamedida absurda acontece com frequênciana UFABC e vem tanto da altaadministração como dos chefes imediatos.

Isso mostra como o reitor, o vice-reitor e toda a alta administração dauniversidade são coniventes e encorajamo assédio moral na UFABC como formade impedir a nossa organização.

Infelizmente, isso não éexclusividade da UFABC e tem sidocomum em todo o serviço público. Nocaso do serviço público federal, há todo

um sistema, toda uma hierarquia, comfunções gratificadas, cargoscomissionados, etc., que favorece aexistência e reprodução do assédio moralnas instituições. Não é novidade, porexemplo, que 33% dos funcionáriospúblicos federais já relataram terem sidovítima de assédio moral, ou que 12%dos afastamentos no mesmo setor sãopor transtornos mentais. Para piorar, alegislação é ruim e muitas vezes éutilizada não para proteger, mas paraatacar os trabalhadores que se organizamcontra essa prática. O governo e asadministrações dos órgãos públicosfazem uso sistemático do assédio moralpara possibilitar seu controle sobre ostrabalhadores e impedir a organizaçãono local de trabalho e o questionamentodesse sistema.

ES: E como vocês estão enfrentandoesse ataque?

Silas Silva: Estamos lançando umaampla Campanha política no intuito dedenunciar que 18 trabalhadores estãosendo processadas na UniversidadeFederal do ABC, para denunciar o papelque a Reitoria cumpre e todos os demaisque apoiam o assédio moral. EssaCampanha também é financeira paraauxiliar na consultoria jurídica. Temosbuscado o apoio de toda a comunidadeacadêmica e também o apoio dos

movimentos sociais, sindicatos,entidades, imprensa, realizaremos atos,seminários, etc.

É muito importante o apoio detodos os militantes e companheiros, dedentro e de fora da UFABC, nessaCampanha que não é somente doSINTUFABC, nem somente da categoriade Técnicos Administrativos da UFABC,mas de toda a classe trabalhadora, quesofre frequentemente com assédio eperseguição.

ES: O que os trabalhadores de outrascategorias podem fazer para sesolidarizarem?

Silas Silva: Os trabalhadorespodem participar ativamente daCampanha em solidariedade aos 18Processados e contra o assédio moral.Pedimos também para as entidades,movimentos sociais e organizaçõesenviarem Moções de Repúdio a essaspráticas da Reitoria e de Apoio aosTrabalhadores para a Reitoria e para oSINTUFABC. Realizaremos seminários,atos e atividades para fortalecermos essaluta . Esperamos contar com aparticipação de todos!

Todas as informações da Campanhae datas das atividades podem serencontradas no Blog da campanha: http://www.sintufabc.org.br/ntiemfoco

espionagem doméstica e estrangeira, quepor sua vez util izam empresassubcontratadas), para violar o sigilobancário, telefônico e postal de qualquercidadão, sem a necessidade de ordemjudicial (contrariando a Constituição eas leis do país), por suspeita de“terrorismo”. O programa deespionagem montado com a autorizaçãodo FISA permite a esses agentes captardados e metadados (localização via GPS,números discados, endereços de IP) deligações de celular, mensagens de correioeletrônico, redes sociais de qualquerpessoa no planeta. O sistema filtraautomaticamente mensagens de

DANIEL MENEZES E DALMO DUARTE

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conteúdo suspeito (por exemplo,palavras como “revolução”,“socialismo”, etc.) e as envia paraanalistas de inteligência que interpretamo risco contido nas mensagens.

QUEM É O CRIMINOSO?Os Estados Unidos proibiram

qualquer país de conceder asilo aSnowden e estão em seu encalço paraextraditá-lo e julgá-lo no territórioestadunidense pelos crimes de traição eespionagem, por ter repassado osdocumentos ao jornal. A imprensainternacional passou a divulgar os lancesdessa caçada humana como num filmede Hollywood, em que o fugitivo estáhora em Hong Kong, hora em Moscou,e assim por diante. A caçada chegou aocúmulo de fazer com que váriosgovernos europeus, entre eles França eEspanha, se recusassem a permitir aaterrissagem do avião do presidenteboliviano Evo Morales, por conta dasuspeita de que Snowden estariarefugiado na aeronave. Morales acabouaterrissando na Áustria, em meio aprotestos de seu governo e de outrospaíses latinoamericanos por conta dessagrosseira violação de soberania. OsEstados Unidos passam por cima dequalquer outro país, seja ele grande comoa França ou pequeno como a Bolívia,aliado ou supostamente inimigo, paraperseguir um indivíduo que se tornouperigoso para sua dominação.

Mas o mais grosseiro nesse caso éque Snowden se tornou o criminoso,quando ele nada mais fez do que revelara criminosa, sistemática, massiva,arbitrária violação da privacidade dacomunicação de centenas de milhões depessoas praticada pelo governoestadunidense! Snowden se soma assima Jul ian Assange, criador do siteWikileaks, que publicou na internetmilhares de mensagens da rede deembaixadas estadunidenses pelo mundo

(e expôs pela primeira vez os contornoscolossais da prepotência imperial aoespionar centenas de países, causandoimenso constrangimento e revolta), hojerefugiado na embaixada do Equador emLondres (foi forjada contra ele aacusação de assédio sexual comopretexto para extraditá-lo aos EstadosUnidos, onde o aparato de segurançadeseja julgá-lo por terrorismo); e aosoldado Bradley Manning, atualmentedetido em um presídio militar (emconfinamento solitário totalmente ilegal,sem direito a habeas corpus, nem a podersequer falar com um advogado) pelocrime de haver publicado documentosque provam os crimes da invasão dosEstados Unidos ao Afeganistão e aoIraque, onde servia.

A FACE SOMBRIA DO ESTADO

CAPITALISTA

O Ato Patriótico, em que se baseia oFISA (e o programa “Prisma”, em queSnowden trabalhava), não só não foirevogado, como foi ampliado no governoObama, convertendo-se nessa gigantescateia de espionagem. Isso mostra que nãohá diferença essencial entre as duasfrações do partido único do grande capitalestadunidense, republicanos edemocratas, no que se refere a garantirseus interesses imperiais. A “guerra aoterror” se transformou em uma políticade Estado, não apenas deste ou daquelegoverno. Para legitimar a espionagem, adetenção ilegal de suspeitos, a tortura emprisões secretas e ilegais como Abu Graibe Guantánamo, o bombardeio por aviõesnão pilotados (drones) de regiões quesupostamente abrigam terroristas noAfeganistão e no Paquistão (causandomortes de civis tratadas cinicamente como“danos colaterais”), a contratação demercenários, a realização de assassinatos,etc., o governo estadunidense assumiu adoutrina de que “os fins justificam osmeios”, e para “proteger as vidas de

cidadãos” estadunidenses, ogoverno e seus agentes podemtudo e passam por cima de suaspróprias leis.

O monstruoso aparato desegurança (que se destaca pela“incompetência”, pois osanalistas foram incapazes decaptar a ameaça do atentado namaratona de Boston) instala umclima de medo e paranóia, emque os indivíduos suspeitam uns

dos outros e fiscalizam comportamentostidos como suspeitos. Num país em quesão comuns casos de indivíduos quesurtam e realizam chacinas em escolas,a simples emissão de uma opiniãodivergente pode levar o autor a sertratado como potencial terrorista. Numamídia completamente controlada pelasgrandes corporações, as mesmas queditam a política do governo, não háespaço para qualquer tipo de debatesubstantivo e os críticos do governo,mesmo os mais suaves democratas eliberais burgueses, são tratados comoasseclas de Bin Laden em verdadeirascampanhas de difamação. Os EstadosUnidos, que se vangloriam de ser aprimeira nação democrática do mundo,são uma ditadura sombria em que setornam realidade os piores pesadelosdescritos no “1984”, de George Orwell.Abaixo o Grande Irmão!

A MÍDIA E AS EMPRESAS DE REDE

SOCIAL A SERVIÇO DA ESPIONAGEMSe por um lado a possibilidade de

as pessoas e instituições se comunicaremdeu um salto colossal, por outro nuncaa vida privada foi tão controlada peloEstado. Um telefonema, um e-mail, umamensagem no facebook, tudo sendocontrolado diretamente pelo Estado. Suaconta bancária (eles gostam de saber oquanto somos pobres...), as declaraçõesde amor a humanidade e as de ódio aocapitalismo, o que as pessoas comem, oque consomem, de onde acessam ainternet ou fazem as ligações, enfim,tudo monitorado.

Então, logo se vê que os direitosindividuais e a privacidade não existem.

Bisbilhotar as pessoas não se explicapor uma compulsão dos governantes emconhecer a intimidade das pessoas (a nãoser quando, amparadas em uma moralreacionária, as informações possam serusadas para chantagem), mas paragarantir que a vida material e socialmiserável continue do mesmo jeito.

A crise estrutural do capital(expressa no desemprego crônico, nossucessivos períodos de recessão daseconomias mais importantes docapitalismo), período histórico em queas contradições se tornam mais fortes eas margens de manobras do capital sãomenores, tem como efeito o aumento dasrebeliões sociais, colocando governos eo próprio sistema social em xeque.

Assim, o controle sobre o que as11

pessoas pensam e fazem torna-sefundamental para a uma intervenção noprocesso político e para a própriaarticulação da repressão aos movimentosou mesmo a grupos inimigos, como é ocaso das várias ações israelenses contraos grupos palestinos.

Mas, há outra questão importante aser discutida que é o papel das grandesempresas de comunicação, principalmenteas das redes sociais. Oferecem um serviço,exigem dados das pessoas e os repassampara os órgãos de repressão e espionagem,oferecendo livre acesso às contas einformações. Assim, ao contrário do quetentam passar, essas empresas não sãovítimas, mas parte do sistema deespionagem do Estado.

Segundo os documentos reveladospor Snowden, a NSA tem acordos commais de 80 empresas do setor detelecomunicações, pelo qual essasempresas repassam informações para ogoverno estadunidesne. Ou seja, nãoforam obrigadas a repassarem taisinformações, mas o fizeram por livre eespontãnea vontade, por compromissoque tem com a vigilância feita peloEstado.

GOVERNOS DO PT, PSDB, PMDBTAMBÉM MONITORAM OS MOVIMENTOS

SOCIAIS NO BRASILE não pense que é só o governo

estadunidense quem monitora os meiosde comunicação. Os vários órgãos derepressão ao movimento social do Estadobrasileiro também têm intensa atividadede monitoramento dos ativistas emovimentos sociais na rede. Desde aspolícias estaduais, a federal até o exércitoreconhecem publicamente essa prática.Oficialmente, o monitoramento é feito sócom as informações postadaspublicamente. É o mesmo argumento dogoverno estadunidense. Mas sabemos, atépor ser ilegal, que jamais irão reconhecer.Mais uma coincidência é o uso do mesmosoftware utilizado pelas agências deespionagem dos Estados Unidos.

O monitoramento pelas redessociais é só uma parte do trabalho deespionagem. As forças policiais tambéminfiltram agentes e policiais à paisana nasreuniões do movimento social (sindical,popular e estudantil), nas manifestaçõese muitas vezes para criar situações quepossam justificar ações de repressão.

É bem esclarecedor o que diz um

capitão da polícia militar da Bahia: “Hojeno Brasil não existe possibilidade de prisão paraaveriguação. Então, o que fazemos é dar cordapara essas pessoas que identificamos comosuspeitas. O infiltrado sugere algo, a liderançanão acata, pode também incitar atos. A ideiaé esperar que ela cometa ações previstas em lei,como incitação à violência, ou outros atoscriminosos, gravar e ter, com isso, respaldojurídico para a sua responsabilização”,(ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/64265/)

O modus operandi é o mesmo daditadura militar. É importante tambémcaracterizar que essas ações fazem partede uma política de Estado, onde a políciafederal, o exército e outros órgãos derepressão que sequer conhecemosexecutam a tarefa, mas o fazem em nomedo Estado.

Aqui mais uma vez é revelado ocaráter autoritário da democraciaburguesa. A democracia burguesa, se nãousa a tortura “legalizada”, usa outrosmétodos para incriminar os lutadores,enquadrando-os em leis feitasespecialmente para punir os que lutampara acabar com a exploração. Isso semdúvida trata-se também de tortura.

A SUBMISSÃO DO GOVERNO DILMAO que ocorreria se fosse revelado

que as forças policiais brasileiraspossuem uma base de espionagem emWashington? Provavelmente o governoestadunidense logo acusaria o Brasil deterrorismo.

E no Brasil, o que o governo, doPT e do PMDB, faria? Nada!

Edward Snowden também revelouque a Agência de Segurança Nacionalestadunidense mantinha uma base demonitoramento de contas na internet etelefonema em território brasileirosemelhante a que existe nos EstadosUnidos.

Ainda em 2002, a revista “Isto é” játinha revelado que agentes da CIAtrabalhavam, já há algum tempo,diretamente nos órgãos da políciafederal, quando tinham acesso ainformações privilegiadas sobre asprivatizações e informações ditas desegurança nacional. A CIA praticamentechefiava a polícia federal.

Na década de 90 foi quando foiinstalado o SIVAM (Sistema deVigilância da Amazônia), contrato deUS$ 1,7 bilhão, vencido pela empresa

estadunidense Raytheon. Foi tambémnesta época que o próprio FHC teveconversas telefônicas grampeadas.

As formas de participação da CIAe outras agências estadunidense passampela realização de convênios, açõesconjuntas contra o tráfico, treinamentoe tantas outras formas que mantém osórgãos de repressão sob controle e sobsuas ordens.

Diante de todas essas denúncias,estranha foi a reação do governo Dilma,que mais parecia um porta-voz dogoverno dos Estados Unidos e que nãoadotou nenhuma medida. Um governoque tivesse o mínimo de independênciaem relação ao imperialismo expulsaria oembaixador e exigiria reparações. Mas,nem a isso se prestou. O Senado foipublicamente desmoralizado peloembaixador estadunidense que se negoua comparecer em uma sessão para explicaras denúncias. E novamente se calaram.

É mais uma prova de como estegoverno e as insti tuições sãosubservientes e incapazes a de defenderaté a soberania nacional.

Mas a subserviência não para poraí. O pedido de asilo feito por EdwardSnowden foi prontamente negado pelogoverno brasileiro, tudo para nãocontrariar os interesses do governoestadunidense.

UMA SAÍDA QUE INTERESSA AOS

TRABALHADORESEssas denúncias colocam a

necessidade de se abrir uma discussãosobre o controle das tecnologias e dasredes sociais. Hoje essas empresasformam conglomerados bilionários ecom um poder político cada vez maior,sem nenhum controle. Não é demaislembrar que muitas delas operam porsistemas de telefonia que são concessõespúblicas, ou seja, um espaço público(ondas) que está sob controle de gruposeconômicos privilegiados.

É preciso que todas essastecnologias sejam colocadas sob controledos trabalhadores, garantindo o acessode todos e com garantias expressas deprivacidade individual. Também éimportante que todas as informações doEstado (acordos diplomáticos, etc) sejampublicizadas colocando fim a todos ostratados e acordos diplomáticos secretos.