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N'? 2 1983 Abril Vocação e família ......... .. ............ ... .. . Dignidade e responsabilidade dos leig os . . . . . . . . 3 t bom não brincar com o logo . . . . . . . . . . . . . . . . 5 O Papa fala aos jovens ... e a nós também . . . . 8 Ressurreição e libertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 24 de abril - Um ponto de partida . . . . . . . . . . 12 Perdão, Senhor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 O culto doméstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Novo livro do Pe . Callarel ........ . ... . . , . . . . . 16 Até o fim do caminho . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Livros oportunos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 Um bale -papo com os noivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Retiro também é apostolado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Crescendo juntos e com os filhos . . . . . . . . . . . . . . 24 Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Mais uma opção para o retiro anual . . . . . . . . . . 31 Quando o Senhor chama . ..... ... .. . ...... . . 32

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N'? 2 1983

Abril

Vocação e família ......... .. ............ . . . .. .

Dignidade e responsabilidade dos leigos . . . . . . . . 3

t bom não brincar com o logo . . . . . . . . . . . . . . . . 5

O Papa fala aos jovens ... e a nós também . . . . 8

Ressurreição e libertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

24 de abril - Um ponto de partida . . . . . . . . . . 12

Perdão, Senhor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

O culto doméstico . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . 14

Novo livro do Pe. Callarel ........ . ... . . , . . . . . 16

Até o fim do caminho . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Livros oportunos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Um bale-papo com os noivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Retiro também é apostolado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Crescendo juntos e com os filhos . . . . . . . . . . . . . . 24

Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Mais uma opção para o retiro anual . . . . . . . . . . 31

Quando o Senhor chama . ..... . . . .. . ...... ~ . . . 32

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EDITORIAL

VOCAÇÃO E FAMíLIA

Por ocasião da abertura do Ano Vocacional, pedimos a Dom Benedito de Ulhoa Vieira, Arcebispo Metropolitano de Uberaba, que escrevesse para nós sobre o papel da familia na vocação dos filhos.

Em artigo inserido no livro "Porque me tornei sacerdote", o Cardeal Motta, recém-falecido, revela como num filme o ambiente familiar de sua casa. Família de fé, unida pelos vínculos normais do amor e do respeito, alimentada na oração diária do terço e na participação da Missa dominical, apesar da distância em que mo­rava. A este sadio ambiente de austeridade no trabalho, de se­riedade e respeito, de convívio efetivo, de fé e oração, Dom Car­los Carmelo atribui a sua vocação sacerdotal. E tinha razão. Não foi o único padre nascido em lares desse elevado padrão religioso.

Sente-se nas mães e pais cristãos, dos vários movimentos de casais que brotaram na pastoral da Igreja nos últimos trinta anos, desejo sincero de que algum de seus filhos escolhessem o sacer­dócio ou a vida religiosa. Mas apesar do exemplo dos pais e do engajamento destes na vida da Igreja, os filhos tomam outros ru­r.:.os e, às vezes, até se afastam da vida religiosa em que foram educados. Isto aflige com razão aos pais e traz uma inquietante pergunta aos pastores e educadores cristãos.

As vocações que hoje se vêm despertando e florindo na Igreja, de maneira geral, surgem das famílias de nível econômico menos favorecido, do meio mais simples e ambiente de cultura popular. Alguma exceção - que eu desejaria conhecer - não será su­ficiente para desmentir este dado de observação. Numa arqui­diocese-capital de Estado, dizia-me o bispo auxiliar - e confir­mou-me recentemente o reitor do Seminário - a maioria quase absoluta dos jovens estudantes de Filosofia e Teologia viera das comunidades de base. Estas, como todos sabem, se têm multi­plicado nas periferias e nos ambientes rurais. Nunca nos centros mais assistidos.

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Numa análise apriorística- "a olho", como tudo no Brasil­poderia pensar-se que esses jovens procuram "status", que vão para o Seminário porque ali a caridade cristã os sustenta, a Igreja os instrui e a sociedade passa a olhá-los com complacente aceitação, uma vez que subiram na escala social. Não vejo impossibilidade de, numa sociedade competitiva como a nossa, haver algum caso que mereça inclusão nesse quadro. Mas quando o Seminário é o que a Igreja deseja que seja - uma austera casa de formação sacerdotal, de convivência fraterna e alegre, de profunda fé e oração, de estudos sérios, não só de hipóteses, mas das verdades sólidas da fé, com solícita presen~a do bispo e atento acompa­nhamento do reitor - as vocações autênticas vão pouco a pouco desabrochando e florindo, as inautênticas estiolam e morrem.

A explicação que se deveria aventar parece ser outra: a vida sacerdotal e a vida religiosa exigem, na raiz, renúncia ou rup­tura para, em seguida, ser dedicação ao próximo e esquecimento de si. Os jovens do meio popular, pela própria vida que levam, são mais dispostos a renunciar-se e a dar-se do que os meninos mais afortunados, aos quais nunca faltou a guloseima nem o brin­quedo nem o lazer no clube nem o divertimento das viagens e das férias. Educar é conduzir. E ninguém conduz a ninguém na superabundância dos bens. Isto afoga. Ninguém se educa sem re­núncia voluntária e sem sacrifício. O consumismo e o hedonismo mstalaram-se nos lares cristãos. E nestes ambientes, mesmo quan­do Deus chama - e chama! - sua voz não é ouvida. Os apare­lhos de som gritam mais alto . ..

Os pais mais abonados, mais cultos, menos necessitados, cuja fé lhes desperta o justo e santo desejo de um filho-padre, vão ter de esperar por um bisneto-padre . . . Isto se houver uma mu­dança radical na nossa mentalidade e na educação. Porque en­quanto o consumismo e o hedonismo dominarem a filosofia da educação familiar os pais cristãos vão ter de apenas rezar pelas vocações. . . dos filhos dos outros.

Dom Benedito de Ulhoa Vieira Arcebispo Metropolitano de Uberaba

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A PALAVRA DO PAPA

DIGNIDADE E RESPONSABILIDADE DOS LEIGOS

<Da homilia aos membros dos movimentos de apostolado leigo, em Toledo, Espanha, 4-11-82)

Todos os cristãos são chamados a renovar constantemente a sua profissão de fé, com a palavra e com a vida, como uma adesão total a Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, crucificado para a nossa salvação e ressuscitado pelo poder de Deus.

Aqui está enraizado o centro do anúncio e do testemunho da fé cristã. Por isso, a primeira atitude da testemunha da fé é pro­fEssar esta mesma fé que anuncia, deixando-se converter docil­mente pelo Espírito de Deus e conformando a sua vida com essa Sabedoria divina.

Não se trata de adaptar o Evangelho à sabedoria do mundo. Com palavras que poderiam traduzir a experiência de Paulo, hoje poder-se-ia afirmar: Não são as análises da realidade, ou o uso das ciências sociais, ou o manejo da estatística, ou a perfeição de métodos e técnicas organizativas - meios úteis e instrumentos valiosos às vezes - que determinarão os conteúdos do Evangelho recebido e professado. E tanto menos será a convivência com ideologias secularizadas que abrirá os corações ao anúncio da sal­vação.

Como tampouco o apóstolo deverá deixar-se seduzir pela pre­tendida sabedoria "dos príncipes deste século", baseada no poder, na riqueza e no prazer, que ao propor a ilusão de uma felici­dade humana, de fato conduz a uma total destruição os que su­cumbem ao seu culto.

Só Cristo! Proclamamo-lO agradecidos e maravilhados. NEle já se encontra a plenitude do que "Deus preparou para aqueles que O amam". É o anúncio que a Igreja confia a todos os que são chamados a proclamar, celebrar, comunicar e viver o Amor infinito da Sabedoria divina. É esta a sublime ciência que pre­serva o sabor do sal a fim de não se tornar insípido; que alimenta a luz da lâmpada para que alumie o mais profundo do coração humano e oriente as suas secretas aspirações, as suas buscas e esperanças.

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O Papa exorta todos os leigos a assumirem com coerência e \-igor a sua dignidade e responsabilidade. O Papa confia nos lei­gos e espera grandes coisas de todos eles para a glória de Deus e para o serviço do homem! Sim, como já recordei, a vocação cristã é essencialmente apostólica; só nesta dimensão de serviço ao Evangelho o cristão encontrará a plenitude de sua dignidade e de sua responsabilidade.

Se quereis ser fiéis a essa dignidade, não é suficiente aco­lher passivamente as riquezas da fé que vos legaram a vossa tra­di·ção e a vossa cultura. Um tesouro vos é confiado, talentos vos são dados, que devem ser assumidos com responsabilidade para que frutifiquem com abundância.

o

Dentre os empenhos mais urgentes do apostolado dos leigos, quero. salientar alguns de maior importância.

Penso concretamente no testemunho de vida e no esforço evangelizador exigidos da família cristã: que os cônjuges cristãos vivam o sacramento de matrimônio como uma participação. na união fecunda e indissolúvel entre Cristo e a Igreja; que sejam os fundadores e animadores da igreja doméstica, a família, com o compromisso. de uma integral educação ética e religiosa dos seus filhos; que abram aos jovens os horizontes das diversas vocações cristãs, como um desafio de plenitude às alternativas do consu.­mismo hedonista ou do materialismo ateu.

o

(Continua)

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~ BOM NÃO BRINCAR COM O FOGO

Assim reza o dito popular. Não conseguimos nos desvenci­lhar dessa imagem quando começamos a juntar as peças que te­mos diante de nós:

- o artigo de Dom Benedito de Ulhoa Vieira, "Vocação e Família", que vocês acabam de ler;

- os capítulos sobre "A Educação" (n.0 s 36 a 41), "A Ora­ção Familiar" (n.0 59), e "Educadores da Oração" (n.0 s 60 e 61) da Familiaris Consortio;

- diversas notícias trágicas, envolvendo filhos de casais ami­gos, alguns das Equipes, os mais graves dando conta da tentativa de suicídio da filha de um casal das Equipes e, em outro caso, o suicídio de dois jovens, um deles filho de equipistas.

Caros amigos, quando lhes escrevemos, procuramos sempre abrir-lhes a alma e conversar com vocês sobre aquilo que mais monopoliza a nossa atenção. Hoje, não podemos deixar de dar o que quiséramos fosse um GRITO DE ALERTA!

Há seis anos e após sua permanência de um mês no Brasil, Marie D'Amonville- ela e Louis são o casal responsável pelo Mo­vimento -. escreveu uma carta onde alertava a todos nós da ur­gente necessidade de uma séria reflexão acerca do nosso compor­tamento de pais quanto aos ideais cristãos que professamos e às atitudes concretas de nossa vida. Ainda havia tempo de evitar aqui o que acontecera na França: a revolta dos jovens que, não encontrando coerência na atitude dos pais e, sem resposta aos seus anseios de paz e de justiça, desorientados, entregavam-se à droga, ao amor livre, e até ao suicídio. Em casa, viam seus pais vivendo, na prática, divorciados da religião que pregavam, obcecados pela ânsia de ganhar sempre mais em busca de uma pseudo-segurança, e desinteressados da sorte dos oprimidos e marginalizados.

Será que ainda há tempo?

Cada um de nós deve responder ... mas não demoremos muito!

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Nós temos um privilégio: pertencemos a uma comunidade cristã de casais - a equipe - que é acompanhada por um con­selheiro espiritual. De certa forma, conhecemo-nos muito bem, às vezes melhor do que qualquer outro parente ou amigo. Em face da seriedade do problema que nos aflige, é o caso de começarmos por analisar, em equipe, a nossa situação. Para tanto e a fim de evitar divagações, podemos nos utilizar do modelo proposto pelo Papa João Paulo II na Familiaris Consortio quando trata do pa­pel dos pais como educadores e mestres da ora-ção.

Afinal, qual a nossa situação? Nossa, não a do irmão ou do vizinho. O que fizemos ou deixamos de fazer para que nossos fi­lhos tenham condições de viver no mundo de hoje, criando as resistências necessárias para não se tornarem presas fáceis do con­sumismo, do hedonismo, do ambiente materialista que predomina na universidade?

Como classificaríamos pais que, na época própria, deixassem de imunizar seus filhos contra a paralisia infantil, por exemplo, não providenciando para que eles recebessem as adequadas doses da vacina? Com o mesmo parâmetro, olhemos para o interior do nosso lar.

Enfim, qual a imagem que nossos filhos têm de nós? E por que não perguntar a eles?

Posta a nu a realidade, é a vez do auxílio mútuo. Não fique~ mos na superficialidade do problema nem nos entreguemos ao desânimo. Com muita confiança em Deus, encaremos o assunto na perspectiva do Ano Santo, tempo forte de penitência e conver­são, e saibamos ouvir Aquela que possibilitou ao Salvador do mun­do crescer em idade e sabedoria, perante Deus e perante os ho­mens. Maria, que escolhemos para o nosso caminho até Cristo, há de ajudar-nos como fez em Caná da Galiléia.

Talvez as nossas descobertas e atitudes concretas possam ser muito bons antecedentes para credenciar-nos a ampliar o nosso campo de ação e partirmos para ajudar outras famílias.

A Igreja quer que neste ano, dedicado à Voca-ção, os cristãos se interroguem como, concretamente, incentivam as vocações sur­gidas. Ora, como podem vingar sementes de vocação religiosa nos nossos lares se não fazemos a oração conjugal e familiar, se omitimos a educação religiosa dos filhos, se fugimos a tratar com eles das adequadas atitudes cristãs que devem nortear a sexuali­dade, a exata compreensão da virgindade, porque isto está fora de moda, seria ridículo, etc.? Onde tudo se admite porque a maio­ria faz assim e o que vale é "ir na onda", "vale mais quem tem mais" - como pode a família cumprir seu papel de primeiro se­•minário?

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Será que, com a força do Evangelho, não podemos fazer al­guma coisa, começar uma reversão de expectativas? Ou serão ne­cessários mais filhos drogados, desquitados ou divorciados e .. . mais suicídios?

Por favor, ajudem-nos. Queremos que a nossa Carta Mensal seja um baluarte na deflagração desta campanha: salvemos nos­sos filhos e os filhos dos outros. Escrevam mandando seus teste­munhos, suas experiências, seus êxitos e fracassos. Não passem indiferentes, não virem as costas, pois É BOM NÃO BRINCAR COM O FOGO .. .

Dirce e Rubens

PARA O ESTUDO EM EQUIPE DA "FAMILIARIS CONSORTIO"

Como mais uma forma de "colaboração à obra de Deus e serviço prestado aos homens", as Equipes de Nossa Senhora assumiram o compromisso de co­nhecer em profundidade e difundir em todos os ambientes que puderem atingir a Exortação Apostólica "Sobre a Função da Família. Cristã. no Mundo de Hoje - Famlliaris Consortio".

Ora, a riqueza desse documento não se esgota com uma simples leitura. Um conhecimento mais profundo, principalmente quanto às suas implicações em nossa própria vida familiar, tanto no interior da familla como em suas expressões missionárias, exige um estudo mais acurado e troca de idéias em equipe.

Foi elaborado e encontra-se à disposição em nossa Secretaria em São Paulo um plano de estudo distribuído em 7 reuniões, nos moldes dos nossos temas. As equipes que se encontram no meio de outros temas, aconselha-se realizar esse estudo em reuniões extras.

Finalmente, esse material está à disposição também de outras comunidades que não as Equipes de Nossa Senhora, pois é nosso desejo incentivar ao má­ximo a divulgação desse importante documento sobre a FamUia.

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O PAPA FALA AOS JOVENS

(E A NóS TAMBtM .. . )

Sabemos bem, queridos jovens, que o "reino dos céus" é o "reino de Deus" e que "está próximo". Porque foi inaugurado com a morte e ressurreição de Cristo. Sim, está próximo, porque em boa parte depende de nós, cristãos e "discípulos" de Jesus.

Somos nós, batizados e confirmados em Cristo, os chamados a aproximar este reino, a torná-lo visível e atual neste mundo, como preparação para a sua instaura~ão definitiva.

E isto consegue-se com o nosso empenho pessoal, com o nosso esforço e conduta concorde com os preceitos do Senhor, com a nossa fidelidade à sua pessoa, com a nossa imitação do seu exem­plo, com a nossa dignidade moral.

Assim, o cristão vence o mal; e vós, jovens, venceis o mal com o bem cada vez que, por amor e a exemplo de Cristo, vos libertais da escravidão daqueles que aspiram a ter mais e não a ser mais.

Quando sabeis ser dignamente simples num mundo que paga qualquer preço pelo poder; quando sois puros de coração no meio de quem julga só em termos de sexo, de aparência ou hipocrisia; quando construis a paz, num mundo de violência e de guerra, quando lutais pela justiça perante a exploração do homem pelo homem ou de uma nação pela outra; quando com misericórdia generosa não procurais a vingança mas chegais a amar o inimigo; quando, no meio do sofrimento e das dificuldades, não perdeis a esperança e a constância no bem, apoiados no conforto e no exem­plo de Cristo e no amor ao homem irmão. Então converteis-vos em transformadores eficazes e radicais do mundo e em constru­tores da nova civilização do amor, da verdade, da justiça, que é trazida por Cristo como mensagem.

O amor tem uma enorme capacidade transformadora: trans­forma em luz as trevas do ódio.

João Paulo 11

(Aos jovens espanhóis - mais de 250 .000 - em Madrid, 3/ 11/ 82)

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RESSURREIÇÃO E LIBERTAÇÃO

Padre Paulo Bratti

O homem vive de utopias. Já se disse até que a utopia é o único país que jamais será riscado do "mapa-mundi". Hoje, so­bretudo, há uma busca generalizada de libertação. Homens de todas as raças desejam sacudir os jugos políticos, culturais, eco­nômicos ou mentais que mantinham sua liberdade dependente e alienada. Movimentos, ideologias e lutas tomaram a libertação como meta para restituir ao homem de hoje sua estatura de ser autônomo e responsável por si mesmo.

Essas filosofias libertacionistas não estão sempre de acordo nem sobre o "de que", nem sobre o "como" se libertar. Fala-se, por isso, de um conflito atual dos humanismos. Todas, porém, são unânimes em afirmar a necessidade de se construir um "homem novo", liberto das servidões atuais.

Tal ânsia de libertação não raro gera profundas frustrações, pois esbarra em obstáculos intransponíveis. O maior e o mais temível desses obstáculos é a morte. Esta aparece à razão hu­mana como um destino cortado, como uma comunicação rompida. Por isso o homem tenta afastar de seu caminho a morte e tudo o que se lhe assemelha, como a dor e o sofrimento.

Não há dúvida de que o sofrimento e a morte constituem um escândalo para a nossa razão. Camus dizia não poder amar um mundo onde tantos inocentes padecem. Muitos, a seu exemplo, quando visitados pela cruz, blasfemam e movem um processo con­tra o Criador. Diante do absurdo de uma morte inocente e ines­perada, a tentação do homem é exatamente a de intimar a Deus para que Se justifique.

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Na Semana Santa, porém, nós recordamos e presenciamos uma atitude diferente assumida diante do sacrifício: Jesus de Nazaré, um inocente condenado, aceita a morte num ato de li­berdade, de obediência e de caridade suprema. Solidário com os pecadores, Ele partilha até o fim sua condição e transforma a mor­te-ruptura-perdição-solidão em acontecimento de comunhão e de libertação definitivas.

É que a morte foi tragada pela vida. São Paulo afirma que "Cristo se fez por nós obediente até a morte, e morte de cruz: por isso Deus o exaltou". Jesus, que na Sua existência terrena Se entregara totalmente à fidelidade e ao amor do Pai, na Res­sc.rreição experimentou que o amor e a fidelidade de Deus nem na morte encontram seu limite. Crer na ressurreição é, portanto. crer que amor é mais forte que a morte. Quem confia no amor do Pai pode ter a certeza que Ele dá uma vida para além da morte.

Então, para o crente, a utopia de uma total libertação, gra-ças à ressurreição de Cristo, torna-se uma topia, isto é: realidade, lugar concreto. Porque a ressurreição não é reanimação de um cadáver e regresso à vida biológica e perecível, mas passagem· para um estado de vida de total liberdade. Ressuscitado, Jesus 'r não está mais sujeito às leis do espa·ço e do tempo, pois vive to- · talmente na dimensão do Espírito, liberto de todas as amarras que , impedem a comunhão com Deus e com o universo.

Ele ressuscitou, nós também ressuscitaremos. É esse um pon- ' to central da fé cristã. Somos filhos e herdeiros da ressurreição. Com uma condição: seguirmos as pegadas do Mestre. Porque se vivermos presos meramente aos bens materiais seremos candida­tos a uma vida sem sentido e mesmo ao desespero. Uma mística da pura terra é a pior das mistificações. E quanta gente vive nesse . mundo pensando ter aqui morada permanente! Quantos se es­quecem que são peregrinos nesse mundo! Por isso todas as pes­soas tem seu Calvário e sua Sexta-feira Santa, porque todas so­frem e morrem, mas nem todas conhecem a alegria do domingo de Páscoa, porque muitas vivem sem esperança. E é triste mor­rer sem saber porquê; é triste partir sem saber para onde ...

Podemos, portanto, tirar algumas lições concretas da Páscoa:

1) O nosso destino é a ressurreição, isto é: uma vida de plena libertação. O caminho, porém, que leva a essa libertação é o da Cruz. Quem não morre não ressuscita. Isso a partir já da vida presente. A estrada que conduz à vida é a via estreita. Não haverá ressurreição para os ímpios, os corruptos, os descren­tes, os egoístas, os idólatras.

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2) Vivendo num mundo onde imperam filosofias pessimistas que pregam o absurdo e o não-sentido da existência, o crente po­derá e deverá ser "profeta do sentido e adversário do absurdo". Ele sabe que, ressuscitando Jesus dentre os mortos, Deus pronun­ciou uma palavra definitiva sobre o destino humano. E essa pa­lavra é de vitória, de vida sem fim. Por isso o cristão pode viver jovialmente. E ser jovial é dizer "sim" à bondade da vida.

3) Essa fé na ressurreição final, lohge de atenuar, antes deve impulsionar o empenho pelo aperfeiçoamento desta terra, lutando p<.ra construir a "civilizaÇão do amor". Estaremos, assim, pre­parando a imagem da cidade futura que buscamos, iluminada pela luz do Cordeiro que foi imolado e que ressuscitou para devolver a alegria e a esperança a toda a humanidade.

<Transcrito do Boletim de Florianópolis)

Cristo ressuscitou! Aleluia!

O mundo já não é o mesmo de ontem.

Tudo ganhou alma nova porque Cristo ressuscitou e continua sempre conosco.

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.:_ 24 DE ABRIL -

UM PONTO DE PARTIDA

Ao dar destaque, todos os anos, ao Dia Mundial de Oração pelas Vocações, a Carta Mensal sempre insistiu que nossas ora­ções não se deviam limitar a um "Dia", cujo objetivo é a Igreja como um todo rezar para que Deus conceda operários à Sua messe. Pois, este ano, mais ainda: a Igreja do Brasil conclama todo o Povo de Deus a fazer um esforço especial de oração (e reflexão) durante o ano inteiro. O Dia Mundial de Oração pelas Vocações vai abrir o Ano Vocacional. Assim, não basta que este ou aquele casal mais sensibilizado, esta ou aquela família mais consciente ore pedindo vocações, inclusive entre os próprios filhos. É preciso que todos nós nos coloquemos aos pés do Senhor da messe. É pre­ciso que peçamos juntos ("onde dois ou três . . . ") , como equipe e como conjunto de equipes. Os Setores e Coordenações irão or­ganizar noites de oração e Horas Santas com este objetivo. Em­penhemo-nos em participar.

E convém lembrar mais uma vez: não se trata apenas de orar para que surjam novas vocações, mas também pela perseverança e plena realização das que já existem. Oremos para que seja sem­pre maior o número de jovens atraídos pelo ideal de serviço ao próximo nas vocações de especial consagração e para que concre­tizem a sua opção; oremos também pelos nossos sacerdotes, pelas religiosas, pelos missionários, para que se sintam cada vez mais realizados no estado de vida que escolheram, respondendo ao cha­mado que um dia o Senhor lhes fez: "Vem e segue-me!".

O próximo domingo do Bom Pastor será um ponto de partida. E não só em termos de oração: durante o Ano Vocacional somos convidados a rezar, mas também a pensar e a trabalhar em prol àas vocações. Dias de estudos, mutirões, retiros serão ocasiões propícias para refletirmos juntos sobre o problema das vocações e o que cada um pode fazer, no âmbito da própria família e inte­grando-se ao esforço realizado na sua paróquia e na sua diocese.

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PERDÃO, SENHOR ...

Senhor, que disseste: a roesse é grande e poucos são os operários, olha o território imenso do nosso B1asil, as tentaculares cidades, com suas miseráveis periferias, os campos sem fim, famílias inteiras trabalhando de sol a sol para o minguado arroz de cada dia, os jovens perdidos no asfalto, os velhos jogados nos asilos, as crianças abandonadas ...

Quem anunciará, Senhor, a tua Palavra de esperança e de libertação, o teu Amor de Pai, a tua salva~o?

Quem perdoará, Senhor, a desesperança, quem dará o Pão da Vida aos que na mesa não têm pão?

Rogai, disseste, rogai ...

Perdão, Senhor, porque não rogamos o suficiente, pe~dão, Senhor, porque não oferecemos os nossos filhos para serem os operários, preferindo que fossem médicos, engenheiros ou advogados, perdão porque não os preparamos para ouvir o chamado . . .

Que não seja tarde, Senhor!

Eis, diante da roesse iD)en~a. dos campos já brancos para a ceifa, que um ou outro responde: aqui estou, Senhor!

Livra-nos, Senhor, de perguntarmos porque justo ele e não o do vizinho, livra-nos, Senhor, de dizer meu filho, pensa um pouco mais, mas dá-nos a graça de oferecer-te, em meio a hosana&> glórias e aleluias, este outro, esta, aquele ainda, Senhor, todos, se quiseres, louvado sejas, pois é imensa a tua messe neste nosso Brasil e tão poucos são os operários!

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O CULTO DOMÉSTICO

(Do Boletim de Jundiai)

Numa reunião da Equipe do Setor de que participei há pouco, ficou claro, na partilha feita sobre a oração conjugal e familiar, que todos tinham dificuldades nesse aspecto.

Essa dificuldade fez-me reconhecer que o problema não é a oração, mas o modo como rezamos.

No livreto "O espírito e as grandes linhas do. movimento", enfatiza-se o grande valor da oração familiar e conjugal, definin­do-a como autêntico "culto doméstico".

Ora, o que é culto? Culto é a celebração da memória, do que se tem para recordar e tornar presente. No caso do "culto do­méstico"- e é isto que deve ser a oração familiar e conjugal -devemos celebrar as maravilhas que Deus opera a cada instante em nossa vida. De fato, a dificuldade em rezar que todos nós te­mos é resultado da oração extremamente intelectual que queremos fazer. Na oração usamos apenas nossa mente e não todo nosso corpo e toda nossa vida. Desse modo nossa oração normalmente se torna um intrincado e cansativo processo mental de encadear conceitos abstratos, um após outro. Por exemplo: "Deus onipo­tente e misericordioso". Mas nunca dizemos porque Deus é oni­potente e misericordioso, além do fato de que muitas vezes nem sequer nos damos conta do profundo significado do que dizemos. Por que não seguimos o exemplo de Moisés, que, após a triunfal travessia do Mar Vermelho, entoou seu grandioso canto de ale­gria e vitória (Ex. 15, 1-18)? Ou o exemplo de Maria Santíssima, cuja "alma engrandece o Senhor" por inúmeros motivos que ela vai enumerando a seguir (Lc. 1, 46-55)?

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Em nossa vida, hoje, o que poderíamos agradecer a Deus?

Alguém já se lembrou de celebrar o dom da vida? A cada ano fazem-se festas de aniversário, mas quem se preocupa em reunir os familiares e amigos também para agradecer a Deus a vida que dEle recebeu e que Sua misericórdia ainda mantém? Nesse sentido, há a 3.a parte do livro de !ris Boff Serbena, "Do coração da mãe, para o coração dos filhos" (Editora Vozes), em que ela dá algumas excelentes sugestões para tais celebrações fa­miliares.

Quando se tem mágoa pela traição de um amigo, quem tem a coragem de abrir seu coração diante de Deus e clamar como o salmista? ( cf. SI. 5; 7; 9; 9-B; 34 e outros) . Os salmos, rezados como a oração oficial e universal da Igreja, dão-nos lições con­cretas de como rezar, isto é, de como nos colocarmos diante de Deus, abrir-Lhe o coração, celebrar nosso "culto doméstico".

Quantos, nas E.N.S., têm feito do Natal e da Páscoa (para citar apenas as festas litúrgicas mais importantes do ano cristão), no seio da família, uma celebração ao mesmo tempo religiosa, familiar e festiva? Os judeus celebravam, a cada ano (e o fazem ainda hoje), a Páscoa do Senhor, sua passagem salvadora e li­bertadora pelo meio do povo, e quando seus filhos jovens pergun­tavam qual o significado daquilo tudo, os pais respondiam nar­rando as maravilhas que Deus operara entre eles (Ex. lt, 25-27).

É esta a oração que as Sagradas Escrituras, fundamento de toda nossa fé e caminhada cristãs, nos ensinam, inspiradas pelo amor do Espírito Santo. É esta a oração que devemos elevar a Deus. É este o culto doméstico que devemos celebrar em nossas famílias: a lembrança das maravilhas de Deus em nossa vida, a cada dia, a cada instante, hoje e agora.

Dom Mauro de Souza Fernandes, OSB

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NOVO LIVRO DO PADRE CAFFAREL

Com o título "NOVAS CARTAS SOBRE A ORAÇÃO", as Edições Loyola acabam de editar, em tradução muito feliz do Pe. Maurício Ruffier, s.j., mais uma obra do Pe. Caffarel. ...

Como a anterior publicação da mesma editora, "Presença de Deus - Cem Cartas sobre a Oração" - já em sua segunda edi­ção -, é um livro destinado a ajudar o cristão a dialogar com o Pai, na entrega filial de todo o seu ser. Entre conselhos e estorie­tas, o grande apóstolo da ora·ção procura fazer-nos entender que esse relacionamento de amor, que teimamos em complicar, é na realidade muito simples.

Assim, esta obra, que completa a anterior na medida em que responde às indagações suscitadas pelas primeiras cem cartas, é leitura obrigatória para nós, não só por sermos filhos espirituais ào Pe. Caffarel, mas principalmente por termos como meio de aperfeiçoamento a meditação diária, para a qual constitue mais um precioso subsídio.

Nosso mundo se materializa a cada dia mais e a única força que pode inverter a corrente é a oração. É aproximando-nos da Fonte e do Fogo que haurimos as forças para sermos o fermento na massa. Por isso, o que fizermos para divulgar este novo livro do Pe. Caffarel será um grande serviço prestado à Igreja.

(Quem não encontrar em sua cidade os livros do Pe. Caffarel pode pedi­-los à Secretaria das E.N.S. em São Paulo).

o

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ATÉ AO FIM DO CAMINHO

Um homem e uma mulher

partem juntos para uma "vida a dois".

É feita de meandros, de divergências, de lutas, de paciência.

É feita de coragem a "vida a dois".

Partimos de braços dados.

Reencontramo-nos, separados por uma plataforma, cada qual com sua mala, esperando trens diferentes, dizendo-nos: "Não o reconheço". "Não a reconheço".

Eis a contradição. Será que nos conhecemos verdadeira­mente?

Há, no início de tudo amor, uma tal sede do outro, um tal desejo de tudo dar, tudo receber, e há, muitas vezes, um tal deslumbramento, que nós nos "inventamos" sem nos conhecer.

O que buscamos no outro, o que amamos nele, é ele, certa­mente, mas é também essa parte de nós mesmos que lhe demos, que lhe consagramos, essa parte de nós mesmos que lhe entre­gamos para guardar e que desejaríamos tornar a encontrar in­tacta, sem rugas, nem marcas no fim do caminho ...

Conhecermo-nos não é apenas "descrever" a nós mesmos. É compreender. É partilhar. Partilhar treva e luz, erro e perdão, é realizar, dia após dia, essa obra prima, difícil, única, que se chama o "casal", e não simplesmente, o "par".

Se quisermos que a vida a dois dure para sempre, é preciso que tenhamos a humildade, a paciência, a sabedoria, de recome­çá-la cada manhã, 365 vezes por ano.

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Ontem vi um casal Ele tinha mais de 80 anos. Ela teria pouco menos. Ambos ofegavam, subindo a ladeira. Ele tinha cabelos brancos. Ela, olhos muito azuis e umas rugas que dava vontade de beijar. Ele sofria de asma e ela de reumatismo. Estou certa de que tinham um punhado de netos e bisnetos. Que haviam passado por inúmeros sofrimentos, preocupações, brigas e reconciliações. Que vinham vivendo talvez, sem muitas pala­vras, mas com a vontade de permanecerem juntos e, juntos tam­bém, morrerem.

Isto pode fazer sorrir. No entanto, é preciso amar muito alguém para dizer: "gostaria de morrer ao lado dela ... ao lado dele ... " e sentir-se enfim seguro.

Ela possuía um olhar muito azul, que fazia ainda perguntas. Ele, segurando-a pela mão, acreditava protegê-la de tudo: da ve­lhice, da maldade, da solidão, da morte.

Não ousei perguntar se eles, outrora, discutiram, traíram, se dilaceraram. Não ousei perguntar se, certa manhã, ele a acha­ra menos bela, menos atraente que antes. Não ousei perguntar se ela o achara maníaco, rabujento, cansativo e autoritário.

Se ela o irritara com seus tricôs, seus doces, sua tagarelice e suas arrumações. Se ele a exasperara com suas palavras cru­zadas, suas coleções de selos, sua vaidade. Não ousei perguntar quantas vezes ele saíra batendo a porta, quantas vezes ela cho­rara, quantas vezes ele havia dito: "você está engordando ... ", quantas vezes ela havia exclamado: "você já não me ama como antigamente".

Não ousei perguntar quantas vezes eles estiveram a ponto de se destruir, se odiar, se separar quem sabe? De que adian­taria isso? Eles ali estavam, juntos. Não existe um truque, um sistema, uma receita-milagre, para um "amor-milagre".

Existe o amor: com suas inseguranças, suas etapas, suas sombras, suas crises, que muitas vezes são apenas crises de cres­cimento. Existe o Amor coberto de cicatrizes, talvez mais co­movente, justamente por causa de suas cicatrizes, do que o que nada sofreu, nada arriscou, nada enfrentou.

Não ousei perguntar: "Como fizeram?" Quem teria ousado perguntar?

Aos vinte anos, ela sem dúvida, lhe dizia: "Vamos dançar?" Ele respondia: - "Se você quiser, querida".

Aos trinta anos: "Vamos até a praia?" - "Se você quiser, querida"

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Mais tarde: "Vamos ver a~ crianças?" - "Se você quiser, querida".

Ali, na minha rua, com seu ar de quem pressente os acon­tecimentos e seus lindos olhos azuis, ela parecia dizer: - "Va­mos até ao fim da vida?"

E ele, apertando com força a pequena mão enrugada, devia responder em seu cora·ção: - "Se você quiser, querida".

* Olhei para eles, e disse a mim mesma, com lágrimas nos

olhos: "Senhor, por que permitiste que Romeu e Julieta enve­lhecessem?"

Pergunta ridícula. Pergunta idiota. O milagre, a beleza, a lição do amor é isso. E todos os dias cruzamos com ele, nós, os inquietos, nós, que amamos mal, nós, que pretendemos fazer a análise, a síntese de tudo.

O Amor é isso: dois anciãos numa ladeira, de mãos dadas, para chegar juntos - ofegantes, mas, juntos - ao fim desse ca­minho difícil, de onde poderão, enfim, contemplar o rio, as ár­vores e a VIDA!

Simone Conduché

(Texto, traduzido do francês, para ser dei­xado "displicentemente" na sala de espera de Centro de Aconselhamento Familiar).

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LIVROS OPORTUNOS

No momento em que se abre oficialmente o Ano Vocacional, entre as recomendações de livros que nos chegaram dos Setores, destacamos os se­guintes:

O S·R. PREFEITO SE FEZ PADRE - Pe. Mario Gerlin - Edições Pauli­nas, 1982.

É a autobiografia de Pe. Mario Gerlin, que se dedica à assis­tência aos hansenianos no sanatório de Bambui, MG. Tornou-se padre depois de anos de afastamento de Deus e, até iniciar os estudos de teologia, era prefeito de um município da região de Veneza, na Itália.

O BEM. CESAR DE BUS - Pe. José Valsânia - Editora Salesiana Dom Bosco (Coleção "Heróis") - São Paulo, 1982.

O autor, Conselheiro espiritual de equipe em Catanduva, adverte que se trata apenas de uma mini-biografia, embora con­tenha o suficiente para que se possa conhecer um pouco a figura do Bemaventurado Cesar de Bus, fundador da Congregação dos Padres da Doutrina Cristã (doutrinários). A congregação chegou da França à Itália em 1700, da Itália ao Brasil em 1957 e, hoje, cs doutrinários patrícios já igualam em número os vindos de fora.

Lembra o Pe. José Valsânia que "tanto o Pe. Mário como o Bem. Cesar de Bus são vocações adultas e ambos quase abraça­ram o estado matrimonial. É interessante ver como isto não acon­teceu e como Deus os chamou para outro caminho, onde haveriam de cumprir a missão que em Sua Sabedoria destinara para eles" .

• Recebemos de D. José Melhado Campos, com carinhosa

dedicatória "à Direção das ENS e à 'Carta Mensal', felicitando e agradecendo", a llfil edição da transcrição em versos das con­clusões de Puebla. A nova edição de "Puebla em Versos", mais completas e com sóbrias e apropriadas ilustrações, veio tornar mais fácil ainda a leitura. O inspirado Pastor, Bispo resignatá­rio de Sorocaba, colocou assim nas mãos dos que lidam com comunidades um instrumento muito válido para o conhecimento e o aprofundamento da mensagem de Puebla.

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APOSTOLADO

UM BATE PAPO COM OS NOIVOS

Numa certa noite do início do mês de julho, fomos surpreen­didos com a visita de um casal amigo e de sua filha Cristina, que em breve se casaria. Vinham com um pedido do Frei Clarêncio para que batêssemos um papo com o jovem casal, uma vez que não haviam feito o Curso de Noivos. Aceitamos, embora um pouco assustados. Juntaram-se a esse mais três casais de noivos, igual­mente encaminhados por Frei Clarêncio e Frei Névio.

Marcamos um encontro para uma terça-feira, na casa dos pais de Cristina. Lá estavam oito jovens com olhares indagati­vos, curiosos e até mesmo aborrecidos. Uns estavam mais recep­tivos, outros nitidamente constrangidos. Através de uma dinâmica informal, todos foram sendo envolvidos. Ao final de alguns mi­nutos, um dos noivos declarava: "Vim contrariado, mas confesso que estou muito satisfeito em ouvir outras experiências. Isto é legal!" Por essas palavras, já estava valendo, para nós, o en­contro!

Nessas horas em que estivemos juntos, trocamos idéias sobre o amor, sobre os princípios básicos do casamento cristão: a fideli­dade e a indissolubilidade, sobre o papel dos filhos na vida do casal, sobre o respeito mútuo e a prática religiosa, e chegamos até a falar um pouco de nossa vida espiritual e dos meios de que nos utilizamos, a oração conjugal, o dever de sentar-se, o que pro­vocou bastante interesse. Os assuntos foram sendo extraídos das próprias colocações e indagações que faziam.

Ao final de tudo, nos sentimos imensamente gratificados pelos sorrisos e olhares brilhantes que davam. Sentimos que a mão de Deus mais uma vez nos havia impulsionado.

Há poucos meses atrás, lemos um artigo na Carta Mensal que falava do Curso de Noivos dado a pequenos grupos em sucessivos

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encontros, experimentado com êxito numa localidade. Ao ler­mos, ficamos entusiasmados, pois vinha de encontro a tudo que pensamos.

Nossa experiência não foi um Curso de Noivos, nem suces­sivos encontros, foi apenas um único e breve contato, que nos ensinou que há muito interesse dos jovens casais em se reunirem para falar de amor, de casamento, de Cristo. Foi incrível! Em tão pouco tempo, tanto se falou, e como dE>ixou marcas em nossos corações!

No final da noite, nos perguntávamos: Será esse mais um chamado? Será um novo desafio? Que Deus seja louvado por tudo isso!

Helô e Ivanir

Equipe 11 de Petrópolis

Obrigado, Helô e Ivanir, por partilharem esta sua expe­riência! Não temos dúvida de que se trata mesmo de "mais um chamado" . . . Não pode ter sido mera coincidência vocês serem levados a sentir pessoalmente a düerença entre um curso tradicional e esse tipo de preparação. Como vocês puderam perceber. os noivos querem falar, perguntar, esclarecer suas dúvidas, expor seus problemas - e isto só é possivel assim, em pequenos grupos. Se resolverem levar adiante o que vocês cha­mam de "um novo desafio" - e não deixa de ser -, gosta­r iamos que nos contassem!

E.T. - Se desejarem informações mais detalhadas sobre a experiência relatada na Carta Mensal, podem escrever para

Marialba e Mariano Bacellar Rua Thomás Carvalhal, 348, apto. 61

04006 - São Paulo (Fone: (011) 570-1578)

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RETIRO TAMB~M ~ APOSTOLADO

Você já convidou parentes, amigos, colegas de trabalho para participar de um retiro com você? Pois o Setor de Blu­menau/Gaspar promoveu um retiro especialmente para paren­tes e amigos dos equipistas.

Foram dois dias maravilhosos e de grande proveito, em que 22 casais estiveram reunidos, ouvindo e refletindo sobre a mensa­gem de Cristo, transmitida pelo Frei Wilson Steiner, Diretor do Colégio Franciscano Santo Antônio, em Blumenau.

Todos os participantes do encontro saíram felizes e agradeci­dos por terem tido essa oportunidade. Para a grande maioria, foi o primeiro retiro que fizeram em sua vida!

O aproveitamento foi total em todos os sentidos. Para sur­presa dos organizadores, dias após o retiro muitos foram os casais que manifestaram o desejo de participar dos próximos encontros programados pelas Equipes. O próprio Frei Wilson recebeu diver­sos telefonemas e cartas agradecendo a mensagem que transmitiu naqueles dias de recolhimento e encontro com Cristo. Algumas cartas e testemunhos foram realmente comoventes e tocaram no fundo do coração do pregador.

Assim, Frei Wilson deve se ter sentido duplamente recom­pensado pelo bem que fez, pois, para poder atender ao convite das Equipes para pregar o retiro, deixou de participar da festa de ani­versário de sua querida mãe juntamente com todos os seus fa­miliares.

Que a Virgem Maria recompense> a dedicação de todos - do J.'rei Wilson, da equipe organizadora, que desempenhou muito bem a sua missão, e dos equipistas que indicaram os casais para par­ticipar do retiro.

Esta primeira experiência teve um resultado excelente. Ou­tras atividades neste sentido deverão ser programadas pelo Setor. Espera-se que, para o futuro, haja maior interesse ainda por parte de todos os casais equipistas em se dedicarem a este tipo de apos­tolado junto àqueles a quem ainda não foi dada a grande graça de serem chamados para mais perto de Cristo, como nós o fomos.

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CRESCENDO JUNTOS E COM OS FILHOS

Escreve-nos a Equipe 23 de Campinas, relatando duas ex· periências.

Comemoração de vinte anos de casamento

No período de setembro de 1981 a julho de 1982, todos os ca­sais da nossa equipe, um a um, foram completando 20 anos de casados. Para comemorar essa graça de Deus e como agradeci­mento às forças recebidas de Cristo para que essa união se con­cretizasse cada vez mais, combinamos com o nosso conselheiro espiritual a celebração de uma missa, em que a renovação das promessas do casamento seria feita por todos os casais.

Na hora e dia marcados estávamos todos os casais, com os fi­lhos e também os namorados das filhas, para a celebração euca­rística.

Ao iniciarmos o ato religioso, um misto de surpresa, alegria e até lágrimas de emoção tomou conta de todos nós ao constatar­mos que toda a celebração - mensagens, orações, leituras, cânti­cos - havia sido escolhida e preparada por nossos filhos, em segredo, com o Pe. José Carlos! Os cânticos foram acompanhados por violões tocados por alguns deles.

Completando esse quadro, o ofertório foi feito pelos 5 filhos menores, de 9 e 10 anos, cada qual trazendo sua oferta, sob forma de pão, Bíblia, bola de futebol e cadernos escolares.

Equipe dos filhos Com o intuito de mostrar aos nossos filhos a verdadeira men­

sagem que a Páscoa representa para os cristãos, programamos uma reunião com eles. Essa reunião foi coordenada pela catequista da nossa equipe, e realizada num clima de muita espiritualidade.

O sucesso foi tão grande que, por iniciativa de nossos próprios filhos, a partir daquela data, uma vez por mês, eles passaram a se reunir, formando uma verdadeira equipinha.

O (s) tema (s) discutidos nessas reuniões são escolhidos e pre­parados pelos filhos do casal que cede a casa para a reunião. O entusiasmo e a convivência fraterna entre eles crescem a cada reunião.

Em paralelo a tudo isso, todo mês a nossa equipe tem um programa recreativo, com a presença de pais, filhos e namorados. O amor fraterno e a ajuda mútua são parte importante no nosso crescimento espiritual e familiar.

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NOTíCIAS DOS SETORES

GUARATINGUETÃ - Os filhos servindo

"Doze jovens, de 14 a 20 anos, orientados por uma coordena­àora e pelo casal Zélia e Antonio Caetano, responsáveis pelas equi­pinhas do nosso Setor, fizeram todas as refeições, serviram os tra­dicionais cafezinhos e mantiveram a limpeza de toda a casa. No almoço de domingo, tocaram violão, cantaram e declamaram men­sagens sinceras sobre o que sentem e esperam de nós, pais, e, entre lágrimas de emoção e alegria, fomos homenageados com bo­tões de rosas e um cartão com as palavras Acreditem em nós.

A disponibilidade, a responsabilidade com que assumiram, o amor que colocaram nos mínimos detalhes dos seus arranjos, a alegria com que serviram, ficando presos um fim de semana in­teiro, deixando seus lazeres e suas obrigações nesta época de pro­vas, e também a resignação de alguns jovens que, embora muito o desejassem, não puderam participar, foi para nós, podemos di­zer, a mais eficaz das palestras, um exemplo edificante e também uma felicidade imensa ao sentirmos concretamente que as semen­tes que plantamos já estão brotando e os nossos esforços não têm sido em vão.

Anexo segue uma foto do grupo de jovens. Em cima, à direita, Padre Magella, assistente das equipinhas, que, sabendo da ação dos

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seus jovens, veio até eles, como sempre dando seu apoio, estímulo e carinho. Logo abaixo do Padre Magella, a coordenadora, Apare­cida Paula Santos que, mesmo sem pertencer ao nosso movimento, foi incansável e declarou-se muito feliz em participar dessa expe­riência e disposta a estar outras vezes conosco. No último degrau, um pouco à esquerda, Zélia, responsável pelas equipinhas - An­tonio Caetano tirava as fotografias!"

Assim descrevem Heloisa e João Maurício, responsáveis pelo Setor, o que se constituiu no ponto alto do retiro de novembro. Outros pontos positivos: a participação de 40 casais, de Guara­tinguetá, Aparecida e Pindamonhangaba; as reflexões do Pe. Fran­cisco V. Costa, colocando no dia a dia da vida a essência da Fa~ miliaris Consortio; o silêncio, para o qual os casais, "mais cons­cientizados de sua necessidade, colaboraram de tal forma que o retiro atingiu seu objetivo".

RIO DE JANEIRO - Reuniões de férias

~creve Daisy, a quem agradecemos a noticia:

Está se divulgando entre nós o hábito de reunir equipistas durante as férias. Várias equipes se encontram para uma "infor­mal", outras para uma reunião estruturada mesmo, com medita­ção, partilha, co-participação e tema. Os conselheiros participam, e às vezes até são convidados sacerdotes ainda não engajados no movimento.

Tivemos uma "inter-equipes de férias" em Teresópolis, com casais dos Setores A, B e C, num total de 26 leigos e um sacer­dote, o Frei Ubiratan, mestre do noviciado do Convento dos Capu­chinhos em Teresópolis. Foi uma excelente reunião, dividida em dois grupos de casais. O tema foi "Ouvir a Palavra jle Deus" e a meditação, baseada no texto de Lucas 9, 28-36. 'Ali fizemos uma tenda', disse alguém. O agradável convívio provocou a decisão de já marcarmos data para o próximo encontro de férias, no mês de julho.

PETRóPOLIS - São Francisco e o SOM

Por ocasião da abertura do Oitavo Centenário de São Fran­cisco, Frei Clarêncio, vigário da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus e Conselheiro Espiritual do Setor B, levou às Equipes a su­gestão de se reiniciar um costume desaparecido havia mais de 30 anos, o da "Festa do Sagrado", com barraquinhas em torno da igreja, bênção dos animais, etc. Depois do sucesso alcançado, re­solveu-se repetir a promoção, cuja renda reverteria novamente em benefício do S.O.M. (Serviço de Obras de Misericórdia, departa­mento de promoção humana do Setor de Petrópolis). Ao prepa-

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rarem a festa durante mais de dois meses e participarem com o entusiasmo de sempre, os equipistas se reencontraram "na alegria, no servi-ço aos pobres e no louvor ao Bom Deus; essa seqüência de razões pode ser invertida à vontade, que o sentido permanece o mesmo", afirma Frei Clarêncio, que escreve: "A festa, ao mes­mo tempo que é congraçamento, deve ser uma lição. De amor fraterno, pela entre-ajuda e pela principal finalidade: a manuten­ção do S.O.M. De respeito à Natureza, pelo carinho das barracas e plantas e bichos. De educação religiosa, pela barraca dos Pre­sépios, que dá oportunidade de explicar o sentido do nascimento de Deus entre os homens, no dia de Natal, festa que tanto entu­siasmava São Francisco, que queria que no Natal todos os pobres se saciassem de comida, os bois e burros tivessem maior quanti­dade de ra-ção e todos jogassem pelas ruas trigo e grãos em abun­dância para os passarinhos, porque o Filho de Deus nascera, nesse dia, 'feito menino pobrezinho'."

- Notícias de Rio do Ouro

Temos dado ampla cobertura ao trabalho realizado pelos equi­pistas em Rio do Ouro. Continua o apoio àquela comunidade rural e os equipistas se entusiasmaram com dois acontecimentos: o pri­meiro casamento (como não poderia deixar de ser) na igreja que ajudaram a construir, e a encenação da Paixão de Cristo, realizada pela primeira vez em Rio do Ouro, na Sexta-feira Santa. "Foram oito as estações representadas por um elenco de 40 moradores, todas acompanhadas pelo povo - cerca de 500 pessoas - com muita emoção e verdadeiro sentimento de piedade, uma vez que a representação oferecia momentos de reflexão muito profunda sobre o sofrimento de Cristo. A equipe 12 confeccionou as 40 tú­nicas que foram usadas pelos figurantes e compareceu a Rio do Ouro para se alegrar com o resultado do esplêndido trabalho de Frei Antonio e Frei Paulo".

- As Equipes em Piabetá

Um resultado esperado desde o tempo em que o vigário, en­tusiasmado com o trabalho realizado pelas Equipes em Rio do Ouro, mandara, por intermédio de Frei Antonio, um convite ao Setor para implantar em Piabetá "um movimento de gente tão disposta" (cf. C.M. junho-julho 80, pág. 38). Após um ano de encontros orientados por Elfie e Dragan, um grupo de oito casais resolveu optar pelas E.N.S. Diz o boletim de Set./Out. que "es­tão há seis meses vivendo a experiência na vida em equipe" -o que significa que a equipe agora tem um ano de vida! Acres­centa que, "sendo um grupo já bastante atuante na sua comuni-

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éade, pretendem difundir o Movimento naquela região, levando a outros casais as riquezas que já descobriram nas E.N.S. ".

- Notícias da equipe de viúvas

Despediu-se o conselheiro espiritual, Frei Fred, com as seguin­tes palavras: "Todo o bem que fazemos, ou nos é feito, não pode acabar. Ao contrário, deve continuar e permanecer para sempre. Essa foi a experiência que senti e vivi ao participar da Equipe de Viúvas como Assistente Espiritual. Ou melhor dizendo, como al­guém que procurou comungar e co-participar da espiritualidade que o próprio grupo tem em si. Foram apenas poucos meses, in­felizmente, mas o suficiente para que talvez eu marcasse presença e fosse marcado pela presença de vocês, caras irmãs. Quero estar unido a vocês na caminhada, mesmo distante. O importante é viver nessa unidade espiritual, lutando pelo mesmo ideal. Há muitas maneiras de anunciarmos e sobretudo vivermos o Reino de Deus presente entre nós. O Movimento das Equipes de Nossa Senhora do qual vocês fazem parte é uma delas. E a cada um é dado uma Missão. Vamos cumpri-la fielmente".

A equipe, já com Frei Paulo Cesar - e acrescida de mais quatro viúvas - viveu momentos de intensa espiritualidade por ocasião de sua reunião de oração, quando recebeu, "inesperada­mente, uma visita muito especial: Frei Paulo Cesar nos surpre­endeu trazendo consigo o SS. Sacramento. Naquela noite, nossos cantos e orações se voltaram àquela Divina Presença, e de modo especial nos certificamos de que Cristo Caminha Conosco, em nós mesmos, comunicando-nos a Sua Vida, fortalecendo e congregan­do-nos no caminho, infundindo-nos a Verdade e o amor recíproco".

- Catequese infantil

Percebendo a dificuldade de levar as crianças pequenas à missa, onde, além de pouco interessadas, perturbam os adultos, os equipistas da 14 resolveram instituir uma missa das crianças. •··sentimos os resultados já nas primeiras etapas, escrevem. Gran­de participação das crianças e um número cada vez maior de par­ticipantes, não só de crianças como também de adultos, levados por elas. . . Como é bom constatar a cada domingo que as crianças sentiram a mensagem do Evangelho e também as demais orações - tudo é feito para elas, em linguagem de criança". Acrescen­tam: "A equipe se enriquece sob nova dimensão ao assumir um novo compromisso apostólico." Lembram que, por um lado, "o mi­nistério da evangelização dos pais cristãos é original e insubsti­tuível", e por outro "é nos primeiros anos de vida da criança que 5e lançam a base e o fundamento do seu futuro ••.

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- Uma experiência inesquecível

A Equipe 17, ao comemorar seus quatro anos de existência com uma Santa Missa seguida de noite de oração, viveu uma ex­periência diferente. Escrevem: "Após uma breve reflexão sobre a acolhida de Cristo no outro, Frei José nos convidou a um gesto concreto: sugeriu que os casais se olhassem e, ao fazê-lo, veriam o próprio Cristo, e então falassem o que estavam sentindo. Que emoção! Ouvimos lindas orações e manifestações de amor ao Cris­to presente no cônjuge. Nosso assistente nos disse mais tarde que a oração conjugal que tanto nos preocupa nada mais é do que uma oração como aquelas ditas ali, com tanta espontaneidade. De­pois que Frei José saudou o Cristo que caminha com a equipe uestes quatro anos, terminamos com um Pai Nosso de mãos dadas. Foi uma noite inesquecível, realmente especial!"

- Ramalhete espiritual

A Equipe 8 tem dado especial atenção aos aniversários de ca­samento de seus casais. Comemoram mandando celebrar uma mis­sa e oferecendo ao casal aniversariante um "ramalhete espiritual". "Oferecemos nossas orações, nossos esforços, nossos pequenos e grandes sacrifícios a Deus Pai em intenção do casal que home­nageamos. Solicitamos também a participação dos filhos e ami­gos, constituindo assim um presente que supera todo valor mate­rial e eleva ao Senhor o pedido conjunto de uma comunidade pela vida conjugal de nossos irmãos. Esse gesto une a equipe e sa­lienta a importância de uma comemoração nas datas que realmen­t~ devem ser valorizadas".

- Ainda o adesivo

A C.M. já relatou a alegria de um casal de Santo André de passagem pela cidade de Santos ao encontrar no parabrisa de seu carro um recado deixado por filhos de equipistas (cf. C.M. de abril de 82) . Agora ocorreu algo parecido em Petrópolis. Escreve um casal da Equipe 16: "No domingo, quando saímos da Missa na Igreja do Sagrado Coração, havia toda uma família desconhecida parada junto ao nosso carro. Um casal, duas jovens e um meni­no. "Que bom que encontramos equipistas! Reconhecemos pelo adesivo ... ", foram logo dizendo com sotaque sulista. Eram equi­pistas de Florianópolis. Muito simpáticos, conversaram muito co­nosco e, ao nos dizerem que tinham um bom amigo, filho de com­panheiros equipistas, fazendo seminário em Petrópolis, como fran­ciscano, mas não sabiam como chegar lá, pudemos dar-lhes a

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satisfação de saberem que Frei Francisco Orofino estava a poucos passos deles, bastando que tocassem a campainha do Convento para que pudessem estar com ele e dar-lhe notícias dos seus fa­miliares, coisa que nossos novos amigos se apressaram em fazer, não antes de trocarmos nossos endereços e de prometermos pro­curá-los numa futura viagem ao sul do país. Foi uma grande ale­gria conhecermos esses irmãos da Equipe 14 de Florianópolis".

- Adotando famílias

.. Por causa dos temas propostos pelo Movimento, escreve a Equipe 18, caçula das equipes petropolitanas, nossa equipe se po­sicionou de maneira própria: diante de um problema, resolvemos tomar uma iniciativa no sentido da solução definitiva do mesmo. Assim, surgiu a 'adoção por amor' . Cada casal dispensa a sua atenção a uma, duas e até três famílias". Parece que essa inicia­tiva surgiu no início de 1982, por ocasião das enchentes em Pe­trópolis: "Frei Emilio procurou junto à nossa equipe e ao SOM minorar os sofrimentos daqueles atingidos pelo infortúnio. Com o drama maior de uma família do bairro Duques, sensibilizados com o testemunho de nosso Frei, resolvemos comprar todo o ma­terial de construção necessário à construção da casa à qual tinha direito". Também os filhos são envolvidos no trabalho de promo­ção humana dos pais, por exemplo preparando um enxoval para uma criança próxima a nascer.

BAURU - "Encontro com o Pai e conosco mesmos"

Um entusiasmado casal da Equipe 7 faz relato do retiro: ·'Que bênção! A cada minuto íamos nos encontrando e sentindo o imen­so amor do Pai por nós. Padre Jonas esteve realmente inspiradís­si.mo; por diversas vezes, pensamos em fazer-lhe determinadas per­guntas no intervalo, mas, como uma terapia, no meio das suas co­locações já vinham as respostas e, com elas, mais um pouco de paz interior e de luz. As meditações foram maravilhosas. A voz gos­tosa da Anísia nos conduzia a uma calma que há muitos anos não sentíamos. E aquela noite, onde nos encontramos com o Pai e conosco mesmos sob o maravilhoso céu estrelado, que experiência incrível!

Ao avaliarmos nosso retiro, uma opinião foi quase unânime: que pena os irmãos não terem podido participar todos conosco, desfrutando de horas tão plenas de amor e de luz. Vamos fazer uma forcinha no próximo ano? Como famílias de Cristo, temos uma responsabilidade enorme em relação à nossa sociedade, mas só poderemos ser coerentes se nos recondicionarmos de vez em quando - sem o quE" murcharemos!"

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MAIS UMA OPÇÃO PARA O RETIRO ANUAL

"Colocar-se cada ano diante do Senhor para rever e pla­nificar a sua vida, durante um retiro de pelo menos 48 horas, vivido, se possível, em casal".

t um dos nossos meios de aperfeiçoamento. Múl!iplos obstáculos interpõem-se para dificultar a realização dessa parada tão benéfica para nossa vida cristã, nossa vida con­jugal e familiar, nosso apostolado. As solicitações do trabalho e de outros engajamentos, os problemas a enfrentar para deixar os filhos, as dificuldades conjunturais que atravessamos - · tudo deve ser superado para podermos realizar o nosso encontro anual com o Criador, na paz de um local retirado.

Na expectativa de que a iniciativa incentive a divulgação de outras propos1çoes pois é obrigação de lodo o Movimento empenhar-se em encontrar formas de ajudar os casais a fazerem o seu retiro -, informamos a existência de uma casa especializada em retiros.

Traia-se do "Foyer de Cbarilé" Nossa Senhora da Gnarda, localizado em Mendes, perto de Vassouras, no Estado do Rio. Os "Foyers de Cbarité", nascidos na França, "são comu­nidades de balizados, homens e mulheres que, a exemplo dos primeiros cristãos, põem em comum os seus bens, intelectuais, materiais e espirituais, e vivem para realizar, lendo Maria como Mãe, a família de Deus na !erra. Sob a direção de um sacerdote, num inces­sante esforço de caridade entre si, dão ao mundo, por sua vida de oração e trabalho, um testemunho de 1 uz, de caridade e de amor, segundo a grande mensagem do Cristo - Rei, Profeta e Sacerdote". - O apostolado dessas comunidades faz-se através de retiros, nos quais proporcionam aos participantes todas as condições para um profundo encontro com Deus. Eis as datas para este ano de 1983:

30 de março a 3 de abril

20 a 24 de abril

8 a 14 de maio

17 a 23 de julbo

14 a 20 de agosto

2 a 7 de setembro

7 a 12 de outubro

28 de outubro a 2 de novembro

4 a 10 de dezembro

26 de dezembro a 1.0 de janeiro

Todos os retiros começam no dia marcado, às 19 hs. As pessoas devem levar roupa de cama e banho, guardanapo, Bíblia ou Evangelho e material para escrever. O acesso ao "Foyer de Charité", de automóvel, faz-se pela estrada de Paracambí-Vassouras; na primeira parada de ônibus de Humberto Antunes, uma ladeira de lajotas leva ao "Foyer de Charité".

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QUANDO O SENHOR CHAMA

Não chama somente para uma vocação de total consagra­ção. Chama também para servi-lo no estado matrimonial.

Qual a nossa resposta?

TEXTO DE MEDITAÇAO - Mt. 4, 18-22

Estando Jesus a caminhar junto ao mar da Galiléia, viu dois

irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam

a rede ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes: "Segui-me e eu

vos farei pescadores de homens." Eles, deixando imediatamente

as redes, o seguiram.

Continuando a caminhar, viu outros dois irmãos : Tiago, filho

de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com o pai Zebedeu, a con­

sertar as redes. E os chamou. Eles, deixando imediatamente o

barco e o pai, seguiram-no.

ORAÇAO - Da C.N.B.B. para o Ano Voca.cional - no encarte

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ORAÇÃO PARA

O ANO VOCACIONAL

Senhor da Messe e Pastor do Rebanho, faz ressoar em nossos ouvidos teu forte e suave convite: "Vem e segue-me!" Derrama sobre nós o teu Espírito. Que Ele nos dê Sabedoria para ver o Caminho, e Generosidade para seguir tua Voz.

Senhor, que a Messe não se perca por falta de Operários. Desperta nossas comunidades para a Missão, Ensina nossa vida a ser serviço. Fortalece os que querem dedicar-se ao Reino, na Vida Consagrada e Religiosa.

Senhor, que o Rebanho não pereça por falta de Pastores. Sustenta a fidelidade de nossos bispos, padres e ministros. Dá perseverança a nossos seminaristas. Desperta o coração de nossos jovens para o ministério pastoral em tua Igreja.

Senhor da Messe e Pastor do Rebanho, chama-nos para o serviço de teu povo.

Maria, Mãe da Igreja, modelo dos servidores do Evangelho, ajuda-nos a responder SIM. Amém.

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EQUIPES DE NOSSA SENHORA

Movimento de casais por uma espiritualidade

conjugal e familiar

Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das

E.QUIPES DE NOSSA SENHORA

01050 - Rua João Adolfo, 118 - 99 - conj. 901 - Te!. : 34-8833 SAO PAULO. SP