música na idade média

9
 Música na idade média (séculos IX a XII) 1. Canto Gregoriano e Dramatizações Litúrgicas A tradição da teoria musical grega foi transmitida para a Idade Média atr avés de Boécio (Anicius Manlius Boethius, fi lóso fo , matemático e estadista, c. 480 – c.524), de Cassiodoro (Flavius Magnus Aurelius Cassiodorus, distinto estadista e erudito, c. 485 – c. 580) e de Isidoro de Sevilha (bispo de Sevilha, um dos mais doutos e prolíferos autores da sua época, C. 570 – 636). Boécio escreveu «De Institutione Musica» e, nessa obra, dividiu a arte musical em: - Musica Mundana (a harmonia do macrocosmos; as relações numéricas fixas observáveis no movimento dos planetas, na sucessão das estações e nos elementos) - Music a Human a (a harmonia do microcosmos, do homem, aquela que determina a união do corpo e da alma) - Musica Instrumenti s Con sti tut a (a música prática, a imitação da Musica Mundana e Musica Humana, incluindo música vocal e instrumental; os meios naturais e artificiais mediante os quais o homem faz intencionalmente música; a música audível produzida pelos instrumentos) Segundo este autor, a música é a disciplina que se ocupa de examinar minuciosamente a diversidade dos sons agudos e graves por meio da razão e dos sentidos. O verdadeiro músico conhece o sentido profundo daquilo que faz, por isso deve ser considerado um filósofo e um crítico. Será alguém «que apresenta a faculdade de formular juízos, segundo a especulação ou razão apropriadas à música, acerca dos modos e ritmos, do género das canções, das consonâncias, de todas as coisas» respeitantes ao assunto. A música está relacionada com a moral e com o conhecimento. Para controlar a natureza humana era necessário compreender e controlar os elementos da música. No seu tratado «De Musica», Cassiodoro dividia a música em: - Scientia Harmonica (a que se ocupa da estrutura da melodia, do grave e do agudo nos sons) - Scientia Rhytmica ( a que se ocupa da correspondência entre melodia e texto, da combinação correcta das palavras) - Scientia Metrica (a que se ocupa da análise métrica ou seja, dos diferentes tipos de versos) A música, se gu ndo ele, é o conhecimento da modulação apropriada. Se a nossa vida for virtuosa, estaremos sob a disciplina da música mas se formos injustos ficamos privados de música. Os céus e 1

Upload: fabio-macorano

Post on 19-Jul-2015

69 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Música na Idade Média

5/17/2018 Música na Idade Média - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/musica-na-idade-media 1/9

 

Música na idade média(séculos IX a XII)

1. Canto Gregoriano e Dramatizações Litúrgicas

A tradição da teoria musical grega foi transmitida para a IdadeMédia através de Boécio (Anicius Manlius Boethius, filósofo,matemático e estadista, c. 480 – c.524), de Cassiodoro (Flavius MagnusAurelius Cassiodorus, distinto estadista e erudito, c. 485 – c. 580) e deIsidoro de Sevilha (bispo de Sevilha, um dos mais doutos e prolíferos

autores da sua época, C. 570 – 636).Boécio escreveu «De Institutione Musica» e, nessa obra, dividiu aarte musical em:

- Musica Mundana (a harmonia do macrocosmos; as relaçõesnuméricas fixas observáveis no movimento dos planetas, na sucessãodas estações e nos elementos)

- Musica Humana (a harmonia do microcosmos, do homem,aquela que determina a união do corpo e da alma)

- Musica Instrumentis Constituta (a música prática, aimitação da Musica Mundana e Musica Humana, incluindo música vocale instrumental; os meios naturais e artificiais mediante os quais o

homem faz intencionalmente música; a música audível produzida pelosinstrumentos)

Segundo este autor, a música é a disciplina que se ocupa deexaminar minuciosamente a diversidade dos sons agudos e graves pormeio da razão e dos sentidos. O verdadeiro músico conhece o sentidoprofundo daquilo que faz, por isso deve ser considerado um filósofo eum crítico. Será alguém «que apresenta a faculdade de formular juízos,segundo a especulação ou razão apropriadas à música, acerca dosmodos e ritmos, do género das canções, das consonâncias, de todas ascoisas» respeitantes ao assunto. A música está relacionada com a

moral e com o conhecimento. Para controlar a natureza humana eranecessário compreender e controlar os elementos da música.No seu tratado «De Musica», Cassiodoro dividia a música em:- Scientia Harmonica (a que se ocupa da estrutura da melodia,

do grave e do agudo nos sons)- Scientia Rhytmica ( a que se ocupa da correspondência entre

melodia e texto, da combinação correcta das palavras)- Scientia Metrica (a que se ocupa da análise métrica ou seja,

dos diferentes tipos de versos)A música, segundo ele, é o conhecimento da modulação

apropriada. Se a nossa vida for virtuosa, estaremos sob a disciplina da

música mas se formos injustos ficamos privados de música. Os céus e

1

Page 2: Música na Idade Média

5/17/2018 Música na Idade Média - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/musica-na-idade-media 2/9

 

a terra, todas as coisas dirigidas por um poder superior partilham estadisciplina da música.

Isidoro de Sevilha no seu «Etymologiarum» mantém acategorização estabelecida por Cassiodoro. Cada som tem umanatureza dividida em três aspectos:

- O harmónico (que consiste no canto, na modulação da voz).- O orgânico (que é produzido pelo sopro, pelos instrumentos

activados de modo a produzirem, por corrente de ar, um som vocal).- O rítmico (no qual a música é produzida pelo impulso dos

dedos, pelos instrumentos de cordas soadas com os dedos).

Boécio CassiodoroIsidoro de Sevilha

O Canto Gregoriano, música em estilo diatónico e ritmo livreligado à celebração solene da liturgia da igreja romana (em francêsPlain Chant  e em inglês Plain Song, do latim Cantus Planus de ondederiva o termo português Cantochão), recebeu esta designação emhomenagem a S. Gregório e às reformas que lhe são atribuídas namúsica litúrgica. S. Gregório (540 - 604, papa entre 590 e 604)institucionalizou a Schola Cantorum na qual ensinou e cultivou o cantolitúrgico (litúrgico = associado aos rituais eclesiásticos), tendosupostamente redigido uma colecção de composições necessárias parao culto religioso, à qual de deu o nome de «Antifonário de S. Gregório».

Gregório, o Grande, foi o fundador do Estado papal

independente. Exigiu a autonomia da igreja nos assuntos espirituais edogmáticos (dogma = o conjunto dos princípios essenciais docristianismo) e afirmou a supremacia da Igreja romana sobre as outras.Entrou assim em conflito com os patriarcas de Constantinopla cujaconsequência foi a separação entre Igreja Ortodoxa e Igreja Católica. Opapa foi reconhecido no Ocidente como a máxima autoridadeadministrativa e dogmática da Igreja.

A origem do Canto Gregoriano provém das leituras enfáticas detextos nas sinagogas judias, leituras essas que davam especial atençãoà pontuação (à divisão do discurso proferido) e à intonação (o modocomo os sons das palavras eram emitidos), bem como na tradição

vocal greco-romana. O «Antifonário de S. Gregório» foi revisto eampliado pelo papa Martinho I (pontífice entre 649 e 655). No século

2

Page 3: Música na Idade Média

5/17/2018 Música na Idade Média - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/musica-na-idade-media 3/9

 

VIII firmou-se um acordo de unidade de canto litúrgico que abrangessetoda a cristandade. Os cânticos da Igreja Romana são um dos grandestesouros da civilização Ocidental. Tal como a arquitectura românicaerguem-se como um monumento à fé religiosa do Homem medieval eforam a fonte e a inspiração de boa parte do conjunto da música

Ocidental até ao século XVI.Historicamente o Canto Gregoriano é dividido em quatro

períodos.- O período de formação (312-604) que termina com o

pontificado de Gregório, o Grande (590-604). Gregório terá compilado eorganizado melodias litúrgicas existentes para celebrar o divino.

- O período de aperfeiçoamento (de 604 ao século XII) que sesubdivide em duas fases. A primeira, a «idade de ouro» do cantogregoriano na qual se verifica a expansão rápida da obra de S.Gregório na Itália, em Inglaterra com o seu discípulo S. Agostinho(596), na Gália com Pepino, a quem o papa Paulo I (757-767) envia osseus cantores e com a ampla difusão durante o reinado de CarlosMagno (768-814). Fundam-se as escolas de Saint-Gall e Metz.

No final deste primeira fase a notação neumática ou quironómicadá ligar à notação diastemática.

Na segunda fase, dita «de conservação» ou «de transição», orepertório gregoriano é transmitido e aumentado. Porém as novascomposições perdem a simplicidade e a espontaneidade das antigas. Aforma musical torna-se mais elaborada.

- Período de decadência (finais do século XIII a meados do séculoXIX).

- Período de restauração (meados do século XIX até aos dias dehoje).

 Gregório I, o Grande

 No ponto de vista melódico (baseado nos acentos gramaticais

dos textos litúrgicos) as composições Gregorianas dividem-se em:  Estilo Silábico – A cada sílaba do texto corresponde uma notaou, por vezes, uma sílaba conta com um neuma (fórmula melódicaornamental) de 2 ou 3 notas. O recitador declama todas as sílabas coma mesma nota fazendo cair a voz com uma inflexão final. Usa-se naleitura de epístolas e dos evangelhos, no canto de salmos, em oraçõese versículos.

3

Page 4: Música na Idade Média

5/17/2018 Música na Idade Média - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/musica-na-idade-media 4/9

 

Estilo Neumático – Algumas sílabas têm uma nota, a maioriaconta com um neuma de 2 ou 3 grupos de notas.

Estilo Florido ou Melismático – Uma só sílaba é cantada commuitos grupos de notas. Melismas são notas de passagem de umamelodia, são desenhos flexíveis de som que adornam a melodia

(melodia = sucessão ordenada de sons).

 Tipos principais de composições Gregorianas:

Composições Estróficas – Repetição literal e imediata desecções melódicas de certa duração (usado em hinos e sequências).

Composições Salmódicas – Baseadas nos textos dos salmos(Cânticos da Bíblia atribuídos ao rei David) com versos não métricos.

Composições Cromáticas – Divididas em cláusulas ou textoscurtos sem estrofes nem versos propriamente ditos mas sim secçõesde composição livre. Se nos Cantos Estróficos e Salmódicos osdiferentes textos têm uma mesma melodia, nos Cantos Cromáticos oselementos do texto podem ter o seu próprio desenho melódico. Asinflexões musicais do Canto Cromático dependem da acentuaçãotónica das palavras individuais. Os elementos parciais das frasespodem ter o seu próprio desenho melódico.

Composições Monológicas e Dialógicas – As primeiras sãocantadas pelo celebrante (um bispo ou sacerdote) ou pelos demaisreligiosos (diácono, por exemplo). As segundas são entoadas pelocelebrante e a congregação de fiéis religiosos.

Géneros de composições Gregorianas:

Antífona – Do grego anti («contra») e  phoné («voz», «som»),significa contra canto ou canto alternado, pois na sua origem eracantado por dois coros que respondiam entre si alternativamente. NoCanto Gregoriano recebia o nome de Antífona tudo o que era cantadona igreja por dois coros (ou um coro dividido em duas partes). AAntifonia era a interpretação alternada do canto e foi introduzida noOcidente por Santo Ambrósio (bispo de Milão) em 386.

Responsório ou Responso – Género aparentado com a

Antífona. Um versículo curto é cantado pelo solista (solista = aquele ouaquela que interpreta um solo ou seja, uma peça ou parte de uma peçamusical destinada a uma só pessoa) e repetido pelo coro antes de umaoração ou de uma breve passagem das Escrituras e depois repetidopelo coro no final da leitura. Por exemplo, o cantor solista diz: «amavitcum dominus et ornavit eus» e o coro responde repetindo as mesmaspalavras.

Tracto – Cantos longos e sem repetições. Nas melodiasvocalizadas usam-se melismas. Os textos são alternados entre o solista

e o coro.

4

Page 5: Música na Idade Média

5/17/2018 Música na Idade Média - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/musica-na-idade-media 5/9

 

Tropo – Acréscimo musical ou verbal (ou uma combinação deambos). Estas peças litúrgicas são formadas pela intercalação depalavras ou notas novas no decurso de uma melodia e de um textopreexistente. Os Tropos estiveram muito em voga durante os séculosIX e XI e com eles se constituíram livros (Tropários).

 Sequência ou Sequela – Género especial de Tropo associado

com o «Aleluia» da missa. Inicialmente Sequência significava o Jubilus(vocalizações acrescidas) ou Neuma da última sílaba da palavra«Aleluia». Na sua forma medieval final a Sequência consistia num textoextenso em verso ou prosa poética adaptado a uma nova melodia ouuma modificação do Jubilus original.

Conductus – Canção processional solene geralmenteprecedendo um acto litúrgico. O conductus só foi introduzido no séculoXI através da dramatização litúrgica. Consiste numa peça polifónicaescrita à maneira do organum ou diafonia, isto é, nota contra nota.

Gradual – Tem melodias mais adornadas que os Tractos. É umcanto florido baseado num versículo e corresponde a uma variante commodificações do Responsório.

Aleluia - Cantava-se durante a Páscoa, em Roma, antes daépoca de S. Gregório. O Aleluia tem uma origem hebraica e foiadoptado pelos cristãos como uma exclamação de júbilo, juntando-sena liturgia católica às melodias de certos Responsos que passaram

então a chamar-se Responsos Aleluiáticos. O solista cantahabitiualmente a palavra «Aleluia», o coro repete-a e prossegue com o Jubilus, um longo Melisma sobre a sílaba «ia» de «Aleluia». O solistacanta depois um versículo acompanhado pelo coro na última frase.Depois, todo o «Aleluia», o Jubilus, é entoado pelo coro.

Ofertório – Apresenta semelhanças com os Graduais e asmesmas técnicas de repetição de motivos e de rima musical dos«Aleluias». Uma característica dos Ofertórios é a repetição de palavrase frases do texto.

Dramatizações Litúrgicas - As formas mais precoces dedramatização litúrgica evidenciam-se nos Tropos para a natividade eRessurreição Pascal. Os elementos necessários para a existência dedramatização estavam igualmente latentes em certos ritoseclesiásticos como o Ofertório da missa ou no Canto Antifonal.

O mais antigo drama litúrgico (com texto e descrição da acção)data de meados do século X. Uma compilação de dramas litúrgicoscentrados na Páscoa intitula-se Regularis Concordia (c. 965-975). Estasdramatizações prolongavam a cerimónia religiosa e estavam na maiorparte das vezes associadas com a Páscoa e natividade. Eram cantadas

em latim por monges. Não tinham encenação mas respeitavammovimentos formalizados. Realizavam-se na igreja em períodosespecíficos do ano e integravam as actividades da comunidade cristã.

5

Page 6: Música na Idade Média

5/17/2018 Música na Idade Média - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/musica-na-idade-media 6/9

 

Os temas eram retirados de acontecimentos relatados nas escriturassagradas, acompanhados por Antífonas, Sequências, Responsórios,Hinos, por vezes música de origem profana e composições originais.Estes diálogos cantados gradualmente incorporaram acção dramática edaqui nasceram representações sacras independentes como o Ludius

Danielis (c. 1140) e posteriormente os Milagres e Mistérios (séculos XIIa XV). Para além destas formas dramáticas haviam ainda rarasrepresentações nos claustros (pátio interior) dos conventos emosteiros. Como testemunho disso ficou a obra de Hrosvitha (ouRoswitha ou Hrotsuit, c. 935 - 1001), beneditina da abadia deGandersheim na Saxónia e o drama popular «O Jogo de S. Nicolau» dopoeta Jean Bodel (c. 1170 – c.1210).

As proibições eclesiásticas sugerem a presença de formas deespectáculo popular com jograis, mimos, malabaristas, acrobatas,ilusionistas e dançarinos.

 

Exemplos de notação de Canto Gregoriano

2. Trovadores, troveiros, Minnesänger , goliardos e jograis

 Jograis (do latim  Joculator , em francês  Jongleur , em alemãoGlaukler  ou Fahrende Sänger ) – Músicos itinerantes e actores,conhecidos desde o século IX, supostos descendentes dos mimoslatinos, que cantavam peças compostas por outros. Apresentavamnúmeros diversos (por exemplo com animais amestrados), eramsolicitados para animar festas populares (como casamentos) ecomportavam-se de um modo escandaloso causando o desespero doclero. Alguns com mais talento e sorte abandonaram a vida errante eocuparam postos nas casas nobres.

6

Page 7: Música na Idade Média

5/17/2018 Música na Idade Média - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/musica-na-idade-media 7/9

 

Os jograis reuniam-se com alguma frequência em «escolas»,lugares de encontro de profissionais para onde periodicamente sedeslocavam a fim de trocarem conhecimentos e renovarem os seusrepertórios. As suas peças tinham textos em latim ou em línguasvernáculas (as línguas próprias de um país ou região) abarcando as

Canções de Gesta (crónicas épicas das proezas de heróis como a«Canção de Rolando»). Sabiam tocar instrumentos de música e muitasvezes ajudavam os trovadores com acompanhamento musical. As«Vidas» (narrativas biográficas ficcionadas de trovadores) eramrecitadas por jograis como introdução às suas canções.

Goliardos (nome que deriva do mítico bispo Golias ou de«gula») – Jovens e estudantes com estatuto clerical menor quevagabundeavam em grande número por toda a Europa Ocidental(séculos X – XIII). Louvavam a natureza, a Primavera, o vinho, asmulheres, criticavam a ordem eclesiástica, parodiavam os vícios e asvirtudes da sua época. A vida devassa, o desregramento, a vergonhosaconduta dos goliardos proporcionou-lhes considerável fama. Bebiam, jogavam, frequentavam prostitutas e os seus escritos eram muitasvezes obscenos e satirizavam a Igreja.

Entre as grandes antologias goliardescas consta a «CarminaBurana» (compilada por meados do século XIII e com um repertóriodatado entre os séculos XI e XIII, a sua maioria secular).

Trovadores (Trobadors ou Troubadours; de Trobar  =«encontrar» ou «inventar» palavras ou melodias) – Músicos e poetas (epoetizas) da Provença cuja língua era a Langue d’Oc (Occitano), quefloresceram entre os séculos XI e XIII. Pertenciam inicialmente à classe

aristocrática e a influência da sua lírica espalhou-se pela Europa e poroutrs categorias sociais (clérigos e burgueses). A arte dos trovadoressurgiu em parte da poesia cultivada na corte de Guilherme IX, Duqueda Aquitânia (1071 - 1127), conhecido como «o primeiro trovador». Nasua corte em Poitiers, centro notável de cultura secular ou leiga,recitava e cantava o seu amor por Maubegeon, a bela mulher doVisconde de Châtellerault, com isso obtendo a excomunhão (privaçãodos bens espirituais concedidos pela igreja) do papa.

Embora não houvessem limitações específicas, o temapredominante da poesia trovadoresca era o amor cortês (a afeição poruma dama que não é unicamente objecto de desejo ou de amor físico e

no qual existe uma dimensão mística e mágica). As melodias eramgeralmente criadas pelos próprios poetas.

Troveiros (Trouvères, de Trouver , «encontrar», «inventar») – Termo geral para os poetas músicos (trovadores) do Norte da Françacuja língua era a Langue d’Oïl (hoje chamado francês antigo).

Minnesänger (Minnesinger no singular) – Os equivalentesalemães dos trovadores e troveiros.

Outros géneros musicais – Para além das canções dostrovadores (Canso) existiam as canções políticas e morais (Sirventés)

7

Page 8: Música na Idade Média

5/17/2018 Música na Idade Média - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/musica-na-idade-media 8/9

 

que muitas vezes pediam emprestadas as melodias das canções deamor, as canções de invectiva (Enueg) dirigidas de um modo rude eviolento contra alguém, as disputas dialogadas (Tenso), as cançõespara dançar com refrão (Balada e Dansa) ou as narrativas de seduçãoamorosa (Pastorela).

 

 Jograis

   Trovadores

8

Page 9: Música na Idade Média

5/17/2018 Música na Idade Média - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/musica-na-idade-media 9/9

 

 Trovadores 

9