museu de lamego | apontamentos junho 2016
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Nesta edição dos "apontamentos", destaque para a quarta edição das Conferências do Museu de Lamego.TRANSCRIPT
APONTAMENTOS junho 2016
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use
ud
ela
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go
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1917-2017
15 de julho
4 CONFERÊNCIAS DO MUSEU DE LAMEGO / CITCEM2016
as
VINDOS DE LONGE ESTRANGEIROS NO DOURO
www.museudelamego.pt
dest
aque
Em julho regressam as Conferências do Museu de Lamego/CITCEM. Na quarta edição, estará
em discussão a importância da presença estrangeira na construção da história duriense.
«Vindos de Longe: Estrangeiros no Douro» promete promover o debate num evento que se
assume como um espaço de partilha e divulgação da atividade científica desenvolvida em
torno do Douro. O encontro está marcado para o dia 15 de julho. As inscrições são
gratuitas, mas obrigatórias.
EMIGRAÇÃO NO DOURO EM DEBATE
“De Forrester a Biel, de Mark Klett a Dussaud: a
construção de modelos do olhar fotográfico no
Douro” marca o arranque dos trabalhos, com a
conferência de abertura a cargo da investigadora
Maria do Carmo Serén. Paul Symington e Cristiano
van Zeller vão ainda dar o testemunho de duas
famílias no Douro: a primeira britância e a segunda
de origem flamenga.
O debate sobre os Estrangeiros no Vale do Douro ao
longo dos séculos passará ainda pelos romanos,
muçulmanos e cristãos, assim como pela presença
da força da mão-obra galega. A região nos guias de
viagem estrangeiros dos séculos XIX e XX (1845-
1975) e um inglês no Douro dos anos trinta (John
Gibbons) serão outros dos temas a abordar.
Mais uma vez e já na quarta edição, o Museu de
Lamego volta a assumir-se como uma plataforma de
divulgação, promovendo a partilha de
conhecimento e alargando-a, logo de seguida, a
todo o Douro, através da publicação online, de
acesso livre, das Atas das Conferências.
3 | APONTAMENTOS
Em 2013 dedicadas ao tema “História e Património
no/do Douro”, em 2014 concentradas nas “Quintas
do Douro” e em 2015 nos 100 anos do Motim de
Lamego, as 4ªs Conferências do Museu de
Lamego/CITCEM voltam a promover o debate em
questões fundamentais que contribuíram para a
emergência da região do Douro e que podem na
atualidade suportar, material ou imaterialmente, o
conhecimento profundo do território, dos seus
imóveis e sítios históricos, das suas tradições,
utilizando-a a seu favor da dinamização do turismo
cultural.
As inscrições estão abertas até ao próximo dia 11
de julho e podem ser feitas no site do Museu de
Lamego em www.museudelamego.pt.
4 CONFERÊNCIAS DO MUSEU DE LAMEGO / CITCEM2016
as
15 de julho
ww
w.m
use
ud
ela
me
go
.pt
VINDOS DE LONGE ESTRANGEIROS NO DOURO
Apoios
Lam
egoLiga dos
Amigos doMuseu de Lamego
4 | APONTAMENTOS
pré
mio
Pelo segundo ano consecutivo, a APOM – Associação Portuguesa de Museologia – distingue o
trabalho do Museu de Lamego na área da Comunicação Online. Depois de em 2015 ter visto
reconhecida, na generalidade, todas as suas plataformas de divulgação digital, em 2016 é a
edição do catálogo de exposição "A Glorificação do Divino", sob a forma de e-book, a
receber o galardão. A sessão decorreu no dia 3 de junho, no Museu do Dinheiro, em Lisboa.
APOM VOLTA A DISTINGUIR MUSEU
Editado em 2015, “A Glorificação do Divino”
proporcionou um novo olhar sobre a escultura
barroca do museu, fechando um ciclo iniciado
ainda em novembro de 2013, com o restauro do
retábulo de São João Evangelista, proveniente do
extinto Convento das Chagas de Lamego, processo
concluído no ano seguinte e também premiado pela
APOM em 2015 na categoria de Melhor Intervenção
em Conservação e Restauro.
Neste âmbito, o restauro das 19 esculturas que
integram a capela levaria à conceção de uma
exposição temporária, a que se juntaram outras
esculturas barrocas do museu, num total de 26.
Durante cerca de um mês e pela primeira vez as
esculturas puderam ser observadas na sua
verdadeira tridimensionalidade, ganhando outra
dimensão, aproximando-se do público, sublinhando
a expressão plástica e iconográfica da escultura
portuguesa dos séculos XVII e XVIII.
O catálogo agora distinguido pela APOM procura ser
uma síntese de todo este percurso, procurando ser
um documento testemunho quer do restauro, quer
da exposição daí resultante.
5 | APONTAMENTOS
Atribuídos anualmente, os Prémios APOM
pretendem incentivar e premiar a imaginação e a
criatividade dos museólogos portugueses e o seu
contributo efetivo na melhoria da qualidade dos
museus em Portugal.
A distinção da APOM na área na Comunicação
Online em dois anos consecutivos vem reconhecer o
esforço do Museu de Lamego em chegar ao maior
número de pessoas possível, através de uma
política de divulgação online que coloca em
definitivo o museu «em linha» com os seus
públicos.
“A Glorificação do Divino” está disponível para
download em www.museudelamego.pt.
6 | APONTAMENTOS
em
exp
osi
ção
São fisionomias, rostos, perfis, homens e mulheres,
anónimos ou célebres, que marcam gestos e se
ligam à cidade e ao Museu de Lamego. São
doadores e legatários, são faces singulares que se
unem na salvaguarda da memória individual e
coletiva e que contribuem desde 1917 para o
enriquecimento do acervo do Museu de Lamego.
FACES é também o título da segunda exposição do
centenário da Fundação do Museu (1917-2017).
Patente até março de 2017. Entrada livre.
Visite!
FACES de doadores e legatáriosem exposição
Exposição
Portraits and identities
in donations and legacies
of the Lamego Museum
Exhibition
2017March
Retrato e identidade
21 maio 2016 | 31 marçoMayst st
mecenato | sponsor
B e i r a D o u r o
apoio | supportorganização | organization
Museu de Lamego Largo de Camões 5100-147 Lamego PORTUGAL . Tel +351 254 600 230 . [email protected] . www.museudelamego.pt . /museu.de.lamego
foto
gra
fia
O Ciclo de Fotografia ocupa o pátio do Museu de Lamego em junho, no âmbito da
programação de verão. Na quarta edição, é a “A Fotografia na Arquitetura” a estar em
destaque, num projeto que, em 2016, conta com comissariado do arquiteto Alexandre Alves
Costa. Depois do sucesso de ano passado, há ainda lugar para o regresso do projeto “10
Vidas. 10 Olhares”, onde dez participantes dão forma a dez olhares sobre o mundo. O
tema? Só poderia ser a arquitetura.
JUNHO É O MÊS DA FOTOGRAFIA
A fotografia da arquitetura tem vindo a ganhar
força, a partir do momento em que a imagem
abandona o mero registo do trabalho do arquiteto,
para passar ela própria a ser uma obra de arte. O
trabalho final será sempre uma releitura do
fotógrafo que interpreta de acordo com a sua
técnica, conhecimento, sensibilidade.
No pátio do Museu, Fernando Guerra, Inês d'Orey e
Nelson Garrido são os fotógrafos convidados que
dão forma a este tema, expressando a sua própria
perceção da arquitetura.
Pelo segundo ano consecutivo, depois do sucesso de
2015, às exposições em formato de projeção
multimédia volta a juntar-se o projeto “10 Vidas.
10 Olhares” que desafia fotógrafos amadores a
partilharem a sua visão do mundo, que integra a
última exposição do Ciclo de Fotografia, a 24 e 25
de junho.
ENTRADA LIVRE
10 | APONTAMENTOS
PHOTOGRAPHY FESTIVAL
comissariado arquiteto ALVES COSTAcurator
Contactos ContactsMuseu de LamegoLargo de Camões 5100-147 Lamego PORTUGALTel + 351 254 600 230 | [email protected] | www.museudelamego.pt | /museu.de.lamego
www.museudelamego.pt
Com a participação dos fotógrafosFernando GuerraInês d’OreyNelson Garrido
serv
iço e
duca
tivo
No dia 4 de junho os colaboradores do Museu de
Lamego foram crianças e a eles coube a
responsabilidade de apresentar o museu a todos os
visitantes. A iniciativa, inserida nas comemorações
do Dia da Criança, resultou de uma parceria entre o
Museu de Lamego, Liga dos Amigos do Museu de
Lamego e Agrupamento de Escola da Sé-Lamego.
Este é um projeto que procura sensibilizar a
comunidade para a importância da preservação e
valorização do património, ao mesmo tempo que
pretende despertar as crianças para o importante e
indispensável compromisso que é cuidar de um
espaço de arte, cultura e memória.
VEJA O VÍDEO E SURPREENDA-SE...
http://bit.ly/guiaspalmomeio
GUIAS DE PALMO E MEIO
14 | APONTAMENTOS
um
ano. um
tem
a
A rubrica UM ANO. UM TEMA destaca em junho duas arcas tumulares: o túmulo de D. Pedro
Afonso, conde de Barcelos (Mosteiro de São João de Tarouca), e o túmulo dito de D. Branca
de Sousa (Museu de Lamego).
UM ANO. UM TEMATumulária do Museu de Lamego e Vale do Varosa
A exemplo do progenitor, que inicia a ocupação do interior do templo por parte dos monumentos
fúnebres ao fazer-se tumular na igreja do mosteiro das monjas cistercienses de Odivelas, por
ele fundado, num sarcófago que é considerado um dos primeiros verdadeiramente monumentais
da tumulária gótica portuguesa, o bastardo régio de D. Dinis, o conde D. Pedro Afonso, escolheu
para sua última morada o mosteiro de São João de Tarouca, pertencente à mesma comunidade
religiosa.
Figura de relevo no panorama cultural e político português da primeira metade do século XIV,
Pedro Afonso nasceu no último quartel do século XIII. Foi casado com Dona Branca Pires Portel e
Dona Maria Ximenes, tendo sido a sua última mulher, Dona Teresa Anes de Toledo, o seu grande
amor e musa inspiradora de algumas das cantigas de Amigo que lhe são atribuídas.
SARCÓFAGO DE D. PEDRO AFONSO, CONDE DE BARCELOS
c. 1340
Granito
Igreja do mosteiro de São João de Tarouca
Túmulo de D. Pedro Afonso, conde de Barcelos (cliché de Marques Abreu), em 1918, na nave direita da igreja do Mosteiro de São João de Tarouca, antes da sua deslocação para o transepto do lado oposto. In. Vasconcellos, Joaquim de (1918) – Arte Românica em Portugal. Porto: Marques Abreu, p.64.
Túmulo de D. Pedro Afonso
18 | APONTAMENTOS
Com a morte da primeira mulher, o conde herdou uma das maiores fortunas do seu
tempo, a que se somariam várias doações régias com que o seu pai o foi distinguindo,
pese embora as incompatibilidades existentes entre ambos que o obrigaram a um exílio
político.
Esse exílio permitiu-lhe um contacto estreito com a realidade cultural castelhana e
europeia. De regresso ao reino, opta por viver nos seus domínios das Beiras, sobretudo
na Honra de Lalim, dedicando-se à redação de três obras: Livro de Cantigas, Livro de
Linhagens e a Crónica Geral de Espanha (BARROCA, 1992: 135).
Viria a falecer em 1354. O seu túmulo resulta de uma encomenda prévia do próprio
conde e devia estar concluído em 1350, pois nesse ano redigiu o seu testamento, onde
declara o local onde queria ser sepultado. Essa referência é muito importante já que
permite saber que as impressionantes dimensões da sua arca feral foram resultado de
uma encomenda do próprio. Revela-nos que pretendia um monumento decididamente
imponente. Em Portugal, poucos monumentos (ou moimentos, como eram designados na
Idade Média) conseguiram igualar, em dimensão e imponência, o túmulo de D. Pedro
(BARROCA, 1992: 136).
18 | APONTAMENTOS
Túmulo de D. Pedro Afonso, na nave direita da igreja do mosteiro de São João de Tarouca, antes de ter sido deslocado para o transepto do lado oposto (1950) © SIPA. Foto 0083546
Túmulo de D. Pedro Afonso (pormenor).© DRCN . Museu de Lamego.José Pessoa
Originalmente situado no lado direito do cruzeiro, o túmulo foi transferido pelos monges
de São João de Tarouca para a nave do mesmo lado, em 1634. Só mais tarde, na década
de 50 do século XX, obras decorridas no interior da igreja, o fizeram trasladar para o
local onde hoje se encontra, no transepto do lado oposto.
Sobre a deslocação da arca ocorrida no século XVII, seis anos antes da Restauração da
Independência e, por conseguinte, com uma intenção clara de enaltecimento da figura
do bastardo régio, a crónica sobre o reinado de D. Dinis, do monge alcobacense, Fr.
Francisco Brandão informa-nos sobre a abertura da sepultura nessa data:
acharaõ a armaçaõ dos ossos toda inteira: mediraõ o corpo com h~ua cana, & constou
ter de comprido quasi onze palmos & meio [cerca de 2,53 m]; a sepultura não promettia
menos corpo, porque he grande em demasia… na meia cabeça da parte direita, tinha
meio barrete de cetim amarelo tostado, forrado de tafeta da mesma còr, tudo mui saõ
ainda; & o cabelo desta mesma parte crecido com grande melena, & sobre maneira
ruivo; calçava esporas douradas, & dentro dellas estavaõ as solas do calçado inteiras de
ponta aguda, como então se custumava (BRANDÃO, 1650: fl. 180).
Legenda foto: Túmulo de D. Pedro Afonso. © Museu de Lamego | Pedro Martins
Túmulo de D. Pedro Afonso (pormenor).© DRCN. Museu de Lamego.José Pessoa
22 | APONTAMENTOS
Estudado e analisado por inúmeros historiadores, é
comum, para além de sublinhar-se as desmesuradas
proporções do sarcófago, destacar-se o interesse da
narrativa incluída em três das faces do sarcófago,
inserindo-a num reduzido número de arcas que recorrem
à representação de cenas cinegéticas ou venatórias, como
modo de assinalar a origem social do tumulado,
constituindo a caça uma das atividades principais da
nobreza. (BARROCA, 1992: 136). Entre outros exemplares
com o mesmo assunto, refira-se o sarcófago de outro
bastardo de D. Dinis, D. Fernão Sanches, que se conserva
no Museu Arqueológico do Carmo, sem dúvida o de melhor
qualidade entre aqueles que recorrem a esta iconografia,
e o erroneamente atribuído a D. Branca Pires Portel, no
Museu de Lamego. (GOULÃO, 2009: 58).
Composto por uma arca retangular em granito, o túmulo
de São João de Tarouca revela-nos nas faces longas duas
cenas de montaria, que constituem um documento de
inegável interesse sobre as técnicas mais comuns na Idade
Média de caça ao porco montês. No facial da direita,
entre arbustos estilizados, três caçadores, empunhando
lanças e tocando olifantes, enquanto vários cães
encurralam e atacam o javardo, entretanto vítima da
lança de um dos monteiros. Na outra face, um cavaleiro,
identificado como o próprio D. Pedro, ataca o javali com
uma longa lança em riste. (GOULÃO, 2009: 58). Na secção
da arca correspondente aos pés, divisa-se um escudo com
as armas nacionais.
Contudo, será no jacente, com uma evidente intenção
retratística, que melhor se releva a personalidade do
portentoso conde de Barcelos, numa representação que é
considerada das mais conseguidas que a nobreza nos
apresenta de si própria no século XIV (SILVA, 2005: 62).
24 | APONTAMENTOS
Túmulo de D. Pedro Afonso (pormenor).© DRCN. Museu de Lamego. José Pessoa
Impõem-se desde logo as dimensões gigantes da figura (mais de três metros),
correspondendo não propriamente ao tamanho físico […], mas antes à enorme
importância social e política deste filho bastardo de D. Dinis: a túnica larga recobrindo
os pés (um pormenor raro na imagética masculina coeva), o manto (visível apenas sobre
os ombros), com a mão direita a segurar, em gesto cortês, o comprido cordão que,
pendendo do manto, desce a direito, ornando com nós espaçados e uma desenvolvida
borla no final; a espada, por fim (apesar de muito destruída), discretamente empunhada
pela mão esquerda e colocada lateralmente. O rosto é de um ancião, de barba, bigode e
cabelos forte, testa alta, uma expressão de grande serenidade e maior dignidade que
(esta, sim) agiganta notavelmente a figura do conde de Barcelos (SILVA, 2005:62-63).
Aos pés, repousa um mastim, ou lebréu, que a par da figuração da espada, constitui um
dos mais importantes símbolos de nobilitação utilizados na tumulária medieval
portuguesa.
Referência bibliográfica:
BARROCA, Mário Jorge (1992) – «Sarcófago do Conde D. Pedro». In Nos Confins da Idade Média. Arte Portuguesa
Séculos XII-XV. Porto: SEC/ Museu Nacional Soares dos Reis.
BRANDÃO, Francisco Fr. (1650) –Monarchia Lusytana: que contem a historia dos primeiros 23.annos del Rey D.
Dinis, vol. V. Lisboa: na officina de Paulo Craesbuck.
[http://purl.pt/14191/3/#/0, 15-06-2016]
FREIRE, Anselmo Braancamp (1996) – Brasões da Sala de Sintra, vol. I. Lisboa: INCM
GOULÃO, Maria José (2009) – «Expressões Artísticas do Universo Medieval». In RODRIGUES, Dalila (coord.) – Arte
Portuguesa da Pré-História ao Século XX, vol. 4. Lisboa: FUBU Editores.
SILVA, José Custódio Vieira da (2005) - «Memória e Imagem. Reflexões sobre Escultura Tumular Portuguesa
(séculos XIII e XIV)», Revista de História da Arte, nº1, Lisboa: Instituto de História da Arte - Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas, pp. 47-81. [https://run.unl.pt/bitstream/10362/12429/1/ART_2_Cust%C3%B3dio_RHA1.pdf,
14-06-2016]
VASCONCELLOS, Joaquim (1918) – Arte Românica em Portugal. Porto: Marques Abreu.
25 | APONTAMENTOS
um
ano. um
tem
a
Não obstante o título de Tesouro Nacional que lhe foi atribuído em 2006 (a par de outros objetos
do Museu de Lamego tão emblemáticos como as pinturas de Grão Vasco ou o conjunto de
tapeçarias flamengas), continua por esclarecer a longa controvérsia que tem envolvido o
sarcófago em destaque, em relação à identificação da figura tumulada.
É o abade de São João de Tarouca, Vasco Moreira, que refere, em 1924, que esta arca, que
originalmente se encontrava ao lado do túmulo do conde D. Pedro Afonso, teria pertencido a
Dona Branca Pires Portel, primeira mulher do bastardo de D. Dinis (MOREIRA, 1924:74). Mais
tarde, apeada das mãos de uns lavradores, que a utilizavam como lagar de vinho, foi
transportada para Lamego, onde passou a integrar a secção de arqueologia do museu.
TÚMULO DITO DE D. BRANCA
Século XIV (1.ª metade)
Granito
Proveniente da igreja do Mosteiro de São João de Tarouca
Museu de Lamego, inv. 559
Túmulo dito de D. Branca de Sousa© DRCN . Museu de Lamego. José Pessoa
Túmulo dito de D. Branca
28 | APONTAMENTOS
A ligação de Dona Branca à arca tumular seria depois
veementemente contestada pelo medievalista A. Almeida
Fernandes, que aponta tratar-se de um erro que, partindo
do Ab. Moreira e, adoptado, expressamente, dele por
gente de responsabilidade […] se tornou teimoso,
cancerígeno (ou incurável) (FERNANDES, 1990:307). E
prossegue, demonstrando o equívoco: o próprio Conde diz
a esposa sepultada em Santarém, com a sua mãe, no
mosteiro de São Domingos (FERNANDES, 1990:307).
O mesmo historiador diz-nos que foi a Dona Teresa Anes
de Toledo, a terceira mulher e grande amor de D. Pedro
Afonso, a quem coube o privilégio da sepultura em
Tarouca, junto do marido: Claro que o conde, pois ele
mesmo se mandou sepultar aí, ordenou se fizesse o
mesmo a ela em S. João de Tarouca (o que explica que o
testamento dela e o do Conde tivessem ficado no
respectivo arquivo, facto que, para o dela, não se
explicaria bem se assim não tivesse sido. (FERNANDES,
1990: 297).
Aspeto da exposição da secção de arqueologia no pátio interior do Museu de Lamego na década de 1930. Postal editado pela Câmara Municipal de Lamego e Grupo de Amigos Pró Museu e Turismo
29 | APONTAMENTOS
De inegável valor (e posta de parte a atribuição a D. Branca Pires Portel),
esta informação poderia levar-nos a supor que o sarcófago poderia ter
pertencido a Dona Teresa Anes de Toledo, a musa inspiradora das trovas de
Amor escritas pelo conde.
No entanto, pensamos que também esta hipótese deva ser descartada,
considerando o tema escolhido para decoração das duas faces longas do
túmulo: uma cena de caça ao javali, com um cavaleiro atingindo um
javardo com uma lança, enquanto um peão o auxilia com um poderoso
mastim, que abocanha a presa, numa das faces, prosseguindo, na outra, a
montaria.
Na verdade, se são conhecidos outros exemplares que optaram pela
iconografia de cenas cinegéticas ou venatórias, como forma de sublinhar a
condição social do homem nobre, trata-se, no entanto, de um assunto
pouco adequado a uma mulher (LEAL, 2002: 43).
Perdidos os elementos que na arca poderiam indicar a identidade do
tumulado – a tampa (onde figuraria o jacente) e a heráldica entretanto
esboroada, que estaria incluída nos dois escudos dos topos - a sua
atribuição é uma discussão que se mantém em aberto.
32 | APONTAMENTOS
Túmulo dito de D. Branca (pormenor) © DRCN . Museu de Lamego. Pedro Martins
Referência bibliográfica:
FERNANDES, A. Almeida (1990) -
Homenagem de Lalim ao Conde
Dom Pedro - A História de Lalim.
Lamego: C.M.L e Junta de
Freguesia de Lalim.
MOREIRA, Ab. Vasco (1924) -
Monografia do Concelho de
Tarouca ( História e Arte). Viseu
LEAL , A F re i t a s ( 2002 ) -
Máthesis, Viseu: Universidade
Católica Portuguesa. Faculdade
de Letras.
em
imagens
Pelo terceiro ano consecutivo, o Museu de Lamego volta a integrar na sua programação de
verão a rubrica “Museu em Imagens”. Em julho, sempre aos fins de semana, sob a forma de
projeção multimédia, o Pátio do Museu volta a revelar os bastidores, os eventos, a riqueza
das coleções.
MUSEU EM IMAGENS REGRESSA EM JULHO
“Museu em Imagens” nasceu em 2014, a partir do momento em que o museu
sentiu a necessidade de trazer as suas coleções para o exterior, apelando à
curiosidade, deixando um convite à visita. No entanto, além da natural
divulgação da exposição permanente, este projeto assumiu-se sempre como
uma oportunidade de dar a conhecer coleções que se encontram em reserva
e naturalmente menos conhecidas do grande público.
Em 2016, o Museu de Lamego aposta na divulgação do trabalho de
bastidores, que na maioria das vezes não é conhecido, além da divulgação
dos seus espaços e eventos.
Semanalmente, durante todo o mês de julho, sempre às sextas e sábados, a
partir das 21h30, em grande formato, uma projeção ganha forma no pátio
do Museu de Lamego. Entrada livre.
3 | APONTAMENTOS
SUGESTÕES
De terça a domingo, das 10h00 às 18h00.
35 | APONTAMENTOS
co
mu
nic
açã
o
MUSEU DE LAMEGOLargo de Camões5100-147 Lamego
(+351)254600230 [email protected] www.museudelamego.pt /museu.de.lamego /museudelamego /c/museudelamego
N 41º05’50’’ W 7º48’22’
ENCONTRE-NOS
36 | APONTAMENTOS
co
mu
nic
açã
o
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ATÉ BREVE!
PARTILHE
37 | APONTAMENTOS
Museu de Lamego
Largo de Camões
5100-147 Lamego
Tel: (+351) 254600230
E-mail: [email protected]
Site: www.museudelamego.pt
Facebook: www.facebook.com/museu.de.lamego
Horário
De terça-feira a domingo, das 10h00 às 18h00.
Encerra às segundas-feiras.
Gratuito no primeiro domingo do mês.
Serviço Educativo
Visitas orientadas/comentadas à exposição permanente e
exposições temporárias, mediante marcação prévia.
Biblioteca
De terça a sexta-feira, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às
18h00, mediante contacto prévio.
Auditório
100 lugares
Loja
APONTAMENTOS junho 2016100 ANOS
[1917-2017]
38 | APONTAMENTOS
Retrato e identidadeExposição
Portraits and identities
in donations and legacies
of the Lamego Museum
Exhibition
21 maio 2016 | 31 março 2017May Marchst st