museu de lamego | apontamentos junho 2016

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APONTAMENTOS junho 2016 www.museudelamego.pt 1917-2017 15 de julho 4 CONFERÊNCIAS DO MUSEU DE LAMEGO / CITCEM 2016 as VINDOS DE LONGE ESTRANGEIROS NO DOURO www.museudelamego.pt

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Nesta edição dos "apontamentos", destaque para a quarta edição das Conferências do Museu de Lamego.

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Page 1: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

APONTAMENTOS junho 2016

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1917-2017

15 de julho

4 CONFERÊNCIAS DO MUSEU DE LAMEGO / CITCEM2016

as

VINDOS DE LONGE ESTRANGEIROS NO DOURO

www.museudelamego.pt

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Page 3: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

dest

aque

Em julho regressam as Conferências do Museu de Lamego/CITCEM. Na quarta edição, estará

em discussão a importância da presença estrangeira na construção da história duriense.

«Vindos de Longe: Estrangeiros no Douro» promete promover o debate num evento que se

assume como um espaço de partilha e divulgação da atividade científica desenvolvida em

torno do Douro. O encontro está marcado para o dia 15 de julho. As inscrições são

gratuitas, mas obrigatórias.

EMIGRAÇÃO NO DOURO EM DEBATE

“De Forrester a Biel, de Mark Klett a Dussaud: a

construção de modelos do olhar fotográfico no

Douro” marca o arranque dos trabalhos, com a

conferência de abertura a cargo da investigadora

Maria do Carmo Serén. Paul Symington e Cristiano

van Zeller vão ainda dar o testemunho de duas

famílias no Douro: a primeira britância e a segunda

de origem flamenga.

O debate sobre os Estrangeiros no Vale do Douro ao

longo dos séculos passará ainda pelos romanos,

muçulmanos e cristãos, assim como pela presença

da força da mão-obra galega. A região nos guias de

viagem estrangeiros dos séculos XIX e XX (1845-

1975) e um inglês no Douro dos anos trinta (John

Gibbons) serão outros dos temas a abordar.

Mais uma vez e já na quarta edição, o Museu de

Lamego volta a assumir-se como uma plataforma de

divulgação, promovendo a partilha de

conhecimento e alargando-a, logo de seguida, a

todo o Douro, através da publicação online, de

acesso livre, das Atas das Conferências.

3 | APONTAMENTOS

Page 4: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

Em 2013 dedicadas ao tema “História e Património

no/do Douro”, em 2014 concentradas nas “Quintas

do Douro” e em 2015 nos 100 anos do Motim de

Lamego, as 4ªs Conferências do Museu de

Lamego/CITCEM voltam a promover o debate em

questões fundamentais que contribuíram para a

emergência da região do Douro e que podem na

atualidade suportar, material ou imaterialmente, o

conhecimento profundo do território, dos seus

imóveis e sítios históricos, das suas tradições,

utilizando-a a seu favor da dinamização do turismo

cultural.

As inscrições estão abertas até ao próximo dia 11

de julho e podem ser feitas no site do Museu de

Lamego em www.museudelamego.pt.

4 CONFERÊNCIAS DO MUSEU DE LAMEGO / CITCEM2016

as

15 de julho

ww

w.m

use

ud

ela

me

go

.pt

VINDOS DE LONGE ESTRANGEIROS NO DOURO

Apoios

Lam

egoLiga dos

Amigos doMuseu de Lamego

4 | APONTAMENTOS

Page 5: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

pré

mio

Pelo segundo ano consecutivo, a APOM – Associação Portuguesa de Museologia – distingue o

trabalho do Museu de Lamego na área da Comunicação Online. Depois de em 2015 ter visto

reconhecida, na generalidade, todas as suas plataformas de divulgação digital, em 2016 é a

edição do catálogo de exposição "A Glorificação do Divino", sob a forma de e-book, a

receber o galardão. A sessão decorreu no dia 3 de junho, no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

APOM VOLTA A DISTINGUIR MUSEU

Editado em 2015, “A Glorificação do Divino”

proporcionou um novo olhar sobre a escultura

barroca do museu, fechando um ciclo iniciado

ainda em novembro de 2013, com o restauro do

retábulo de São João Evangelista, proveniente do

extinto Convento das Chagas de Lamego, processo

concluído no ano seguinte e também premiado pela

APOM em 2015 na categoria de Melhor Intervenção

em Conservação e Restauro.

Neste âmbito, o restauro das 19 esculturas que

integram a capela levaria à conceção de uma

exposição temporária, a que se juntaram outras

esculturas barrocas do museu, num total de 26.

Durante cerca de um mês e pela primeira vez as

esculturas puderam ser observadas na sua

verdadeira tridimensionalidade, ganhando outra

dimensão, aproximando-se do público, sublinhando

a expressão plástica e iconográfica da escultura

portuguesa dos séculos XVII e XVIII.

O catálogo agora distinguido pela APOM procura ser

uma síntese de todo este percurso, procurando ser

um documento testemunho quer do restauro, quer

da exposição daí resultante.

5 | APONTAMENTOS

Page 6: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

Atribuídos anualmente, os Prémios APOM

pretendem incentivar e premiar a imaginação e a

criatividade dos museólogos portugueses e o seu

contributo efetivo na melhoria da qualidade dos

museus em Portugal.

A distinção da APOM na área na Comunicação

Online em dois anos consecutivos vem reconhecer o

esforço do Museu de Lamego em chegar ao maior

número de pessoas possível, através de uma

política de divulgação online que coloca em

definitivo o museu «em linha» com os seus

públicos.

“A Glorificação do Divino” está disponível para

download em www.museudelamego.pt.

6 | APONTAMENTOS

Page 7: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

em

exp

osi

ção

São fisionomias, rostos, perfis, homens e mulheres,

anónimos ou célebres, que marcam gestos e se

ligam à cidade e ao Museu de Lamego. São

doadores e legatários, são faces singulares que se

unem na salvaguarda da memória individual e

coletiva e que contribuem desde 1917 para o

enriquecimento do acervo do Museu de Lamego.

FACES é também o título da segunda exposição do

centenário da Fundação do Museu (1917-2017).

Patente até março de 2017. Entrada livre.

Visite!

FACES de doadores e legatáriosem exposição

Exposição

Portraits and identities

in donations and legacies

of the Lamego Museum

Exhibition

2017March

Retrato e identidade

21 maio 2016 | 31 marçoMayst st

mecenato | sponsor

B e i r a D o u r o

apoio | supportorganização | organization

Museu de Lamego Largo de Camões 5100-147 Lamego PORTUGAL . Tel +351 254 600 230 . [email protected] . www.museudelamego.pt . /museu.de.lamego

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foto

gra

fia

O Ciclo de Fotografia ocupa o pátio do Museu de Lamego em junho, no âmbito da

programação de verão. Na quarta edição, é a “A Fotografia na Arquitetura” a estar em

destaque, num projeto que, em 2016, conta com comissariado do arquiteto Alexandre Alves

Costa. Depois do sucesso de ano passado, há ainda lugar para o regresso do projeto “10

Vidas. 10 Olhares”, onde dez participantes dão forma a dez olhares sobre o mundo. O

tema? Só poderia ser a arquitetura.

JUNHO É O MÊS DA FOTOGRAFIA

A fotografia da arquitetura tem vindo a ganhar

força, a partir do momento em que a imagem

abandona o mero registo do trabalho do arquiteto,

para passar ela própria a ser uma obra de arte. O

trabalho final será sempre uma releitura do

fotógrafo que interpreta de acordo com a sua

técnica, conhecimento, sensibilidade.

No pátio do Museu, Fernando Guerra, Inês d'Orey e

Nelson Garrido são os fotógrafos convidados que

dão forma a este tema, expressando a sua própria

perceção da arquitetura.

Pelo segundo ano consecutivo, depois do sucesso de

2015, às exposições em formato de projeção

multimédia volta a juntar-se o projeto “10 Vidas.

10 Olhares” que desafia fotógrafos amadores a

partilharem a sua visão do mundo, que integra a

última exposição do Ciclo de Fotografia, a 24 e 25

de junho.

ENTRADA LIVRE

10 | APONTAMENTOS

Page 11: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

PHOTOGRAPHY FESTIVAL

comissariado arquiteto ALVES COSTAcurator

Contactos ContactsMuseu de LamegoLargo de Camões 5100-147 Lamego PORTUGALTel + 351 254 600 230 | [email protected] | www.museudelamego.pt | /museu.de.lamego

www.museudelamego.pt

Com a participação dos fotógrafosFernando GuerraInês d’OreyNelson Garrido

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serv

iço e

duca

tivo

No dia 4 de junho os colaboradores do Museu de

Lamego foram crianças e a eles coube a

responsabilidade de apresentar o museu a todos os

visitantes. A iniciativa, inserida nas comemorações

do Dia da Criança, resultou de uma parceria entre o

Museu de Lamego, Liga dos Amigos do Museu de

Lamego e Agrupamento de Escola da Sé-Lamego.

Este é um projeto que procura sensibilizar a

comunidade para a importância da preservação e

valorização do património, ao mesmo tempo que

pretende despertar as crianças para o importante e

indispensável compromisso que é cuidar de um

espaço de arte, cultura e memória.

VEJA O VÍDEO E SURPREENDA-SE...

http://bit.ly/guiaspalmomeio

GUIAS DE PALMO E MEIO

14 | APONTAMENTOS

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um

ano. um

tem

a

A rubrica UM ANO. UM TEMA destaca em junho duas arcas tumulares: o túmulo de D. Pedro

Afonso, conde de Barcelos (Mosteiro de São João de Tarouca), e o túmulo dito de D. Branca

de Sousa (Museu de Lamego).

UM ANO. UM TEMATumulária do Museu de Lamego e Vale do Varosa

A exemplo do progenitor, que inicia a ocupação do interior do templo por parte dos monumentos

fúnebres ao fazer-se tumular na igreja do mosteiro das monjas cistercienses de Odivelas, por

ele fundado, num sarcófago que é considerado um dos primeiros verdadeiramente monumentais

da tumulária gótica portuguesa, o bastardo régio de D. Dinis, o conde D. Pedro Afonso, escolheu

para sua última morada o mosteiro de São João de Tarouca, pertencente à mesma comunidade

religiosa.

Figura de relevo no panorama cultural e político português da primeira metade do século XIV,

Pedro Afonso nasceu no último quartel do século XIII. Foi casado com Dona Branca Pires Portel e

Dona Maria Ximenes, tendo sido a sua última mulher, Dona Teresa Anes de Toledo, o seu grande

amor e musa inspiradora de algumas das cantigas de Amigo que lhe são atribuídas.

SARCÓFAGO DE D. PEDRO AFONSO, CONDE DE BARCELOS

c. 1340

Granito

Igreja do mosteiro de São João de Tarouca

Túmulo de D. Pedro Afonso, conde de Barcelos (cliché de Marques Abreu), em 1918, na nave direita da igreja do Mosteiro de São João de Tarouca, antes da sua deslocação para o transepto do lado oposto. In. Vasconcellos, Joaquim de (1918) – Arte Românica em Portugal. Porto: Marques Abreu, p.64.

Túmulo de D. Pedro Afonso

18 | APONTAMENTOS

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Com a morte da primeira mulher, o conde herdou uma das maiores fortunas do seu

tempo, a que se somariam várias doações régias com que o seu pai o foi distinguindo,

pese embora as incompatibilidades existentes entre ambos que o obrigaram a um exílio

político.

Esse exílio permitiu-lhe um contacto estreito com a realidade cultural castelhana e

europeia. De regresso ao reino, opta por viver nos seus domínios das Beiras, sobretudo

na Honra de Lalim, dedicando-se à redação de três obras: Livro de Cantigas, Livro de

Linhagens e a Crónica Geral de Espanha (BARROCA, 1992: 135).

Viria a falecer em 1354. O seu túmulo resulta de uma encomenda prévia do próprio

conde e devia estar concluído em 1350, pois nesse ano redigiu o seu testamento, onde

declara o local onde queria ser sepultado. Essa referência é muito importante já que

permite saber que as impressionantes dimensões da sua arca feral foram resultado de

uma encomenda do próprio. Revela-nos que pretendia um monumento decididamente

imponente. Em Portugal, poucos monumentos (ou moimentos, como eram designados na

Idade Média) conseguiram igualar, em dimensão e imponência, o túmulo de D. Pedro

(BARROCA, 1992: 136).

18 | APONTAMENTOS

Túmulo de D. Pedro Afonso, na nave direita da igreja do mosteiro de São João de Tarouca, antes de ter sido deslocado para o transepto do lado oposto (1950) © SIPA. Foto 0083546

Túmulo de D. Pedro Afonso (pormenor).© DRCN . Museu de Lamego.José Pessoa

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Originalmente situado no lado direito do cruzeiro, o túmulo foi transferido pelos monges

de São João de Tarouca para a nave do mesmo lado, em 1634. Só mais tarde, na década

de 50 do século XX, obras decorridas no interior da igreja, o fizeram trasladar para o

local onde hoje se encontra, no transepto do lado oposto.

Sobre a deslocação da arca ocorrida no século XVII, seis anos antes da Restauração da

Independência e, por conseguinte, com uma intenção clara de enaltecimento da figura

do bastardo régio, a crónica sobre o reinado de D. Dinis, do monge alcobacense, Fr.

Francisco Brandão informa-nos sobre a abertura da sepultura nessa data:

acharaõ a armaçaõ dos ossos toda inteira: mediraõ o corpo com h~ua cana, & constou

ter de comprido quasi onze palmos & meio [cerca de 2,53 m]; a sepultura não promettia

menos corpo, porque he grande em demasia… na meia cabeça da parte direita, tinha

meio barrete de cetim amarelo tostado, forrado de tafeta da mesma còr, tudo mui saõ

ainda; & o cabelo desta mesma parte crecido com grande melena, & sobre maneira

ruivo; calçava esporas douradas, & dentro dellas estavaõ as solas do calçado inteiras de

ponta aguda, como então se custumava (BRANDÃO, 1650: fl. 180).

Legenda foto: Túmulo de D. Pedro Afonso. © Museu de Lamego | Pedro Martins

Túmulo de D. Pedro Afonso (pormenor).© DRCN. Museu de Lamego.José Pessoa

22 | APONTAMENTOS

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Page 24: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

Estudado e analisado por inúmeros historiadores, é

comum, para além de sublinhar-se as desmesuradas

proporções do sarcófago, destacar-se o interesse da

narrativa incluída em três das faces do sarcófago,

inserindo-a num reduzido número de arcas que recorrem

à representação de cenas cinegéticas ou venatórias, como

modo de assinalar a origem social do tumulado,

constituindo a caça uma das atividades principais da

nobreza. (BARROCA, 1992: 136). Entre outros exemplares

com o mesmo assunto, refira-se o sarcófago de outro

bastardo de D. Dinis, D. Fernão Sanches, que se conserva

no Museu Arqueológico do Carmo, sem dúvida o de melhor

qualidade entre aqueles que recorrem a esta iconografia,

e o erroneamente atribuído a D. Branca Pires Portel, no

Museu de Lamego. (GOULÃO, 2009: 58).

Composto por uma arca retangular em granito, o túmulo

de São João de Tarouca revela-nos nas faces longas duas

cenas de montaria, que constituem um documento de

inegável interesse sobre as técnicas mais comuns na Idade

Média de caça ao porco montês. No facial da direita,

entre arbustos estilizados, três caçadores, empunhando

lanças e tocando olifantes, enquanto vários cães

encurralam e atacam o javardo, entretanto vítima da

lança de um dos monteiros. Na outra face, um cavaleiro,

identificado como o próprio D. Pedro, ataca o javali com

uma longa lança em riste. (GOULÃO, 2009: 58). Na secção

da arca correspondente aos pés, divisa-se um escudo com

as armas nacionais.

Contudo, será no jacente, com uma evidente intenção

retratística, que melhor se releva a personalidade do

portentoso conde de Barcelos, numa representação que é

considerada das mais conseguidas que a nobreza nos

apresenta de si própria no século XIV (SILVA, 2005: 62).

24 | APONTAMENTOS

Túmulo de D. Pedro Afonso (pormenor).© DRCN. Museu de Lamego. José Pessoa

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Impõem-se desde logo as dimensões gigantes da figura (mais de três metros),

correspondendo não propriamente ao tamanho físico […], mas antes à enorme

importância social e política deste filho bastardo de D. Dinis: a túnica larga recobrindo

os pés (um pormenor raro na imagética masculina coeva), o manto (visível apenas sobre

os ombros), com a mão direita a segurar, em gesto cortês, o comprido cordão que,

pendendo do manto, desce a direito, ornando com nós espaçados e uma desenvolvida

borla no final; a espada, por fim (apesar de muito destruída), discretamente empunhada

pela mão esquerda e colocada lateralmente. O rosto é de um ancião, de barba, bigode e

cabelos forte, testa alta, uma expressão de grande serenidade e maior dignidade que

(esta, sim) agiganta notavelmente a figura do conde de Barcelos (SILVA, 2005:62-63).

Aos pés, repousa um mastim, ou lebréu, que a par da figuração da espada, constitui um

dos mais importantes símbolos de nobilitação utilizados na tumulária medieval

portuguesa.

Referência bibliográfica:

BARROCA, Mário Jorge (1992) – «Sarcófago do Conde D. Pedro». In Nos Confins da Idade Média. Arte Portuguesa

Séculos XII-XV. Porto: SEC/ Museu Nacional Soares dos Reis.

BRANDÃO, Francisco Fr. (1650) –Monarchia Lusytana: que contem a historia dos primeiros 23.annos del Rey D.

Dinis, vol. V. Lisboa: na officina de Paulo Craesbuck.

[http://purl.pt/14191/3/#/0, 15-06-2016]

FREIRE, Anselmo Braancamp (1996) – Brasões da Sala de Sintra, vol. I. Lisboa: INCM

GOULÃO, Maria José (2009) – «Expressões Artísticas do Universo Medieval». In RODRIGUES, Dalila (coord.) – Arte

Portuguesa da Pré-História ao Século XX, vol. 4. Lisboa: FUBU Editores.

SILVA, José Custódio Vieira da (2005) - «Memória e Imagem. Reflexões sobre Escultura Tumular Portuguesa

(séculos XIII e XIV)», Revista de História da Arte, nº1, Lisboa: Instituto de História da Arte - Faculdade de Ciências

Sociais e Humanas, pp. 47-81. [https://run.unl.pt/bitstream/10362/12429/1/ART_2_Cust%C3%B3dio_RHA1.pdf,

14-06-2016]

VASCONCELLOS, Joaquim (1918) – Arte Românica em Portugal. Porto: Marques Abreu.

25 | APONTAMENTOS

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um

ano. um

tem

a

Não obstante o título de Tesouro Nacional que lhe foi atribuído em 2006 (a par de outros objetos

do Museu de Lamego tão emblemáticos como as pinturas de Grão Vasco ou o conjunto de

tapeçarias flamengas), continua por esclarecer a longa controvérsia que tem envolvido o

sarcófago em destaque, em relação à identificação da figura tumulada.

É o abade de São João de Tarouca, Vasco Moreira, que refere, em 1924, que esta arca, que

originalmente se encontrava ao lado do túmulo do conde D. Pedro Afonso, teria pertencido a

Dona Branca Pires Portel, primeira mulher do bastardo de D. Dinis (MOREIRA, 1924:74). Mais

tarde, apeada das mãos de uns lavradores, que a utilizavam como lagar de vinho, foi

transportada para Lamego, onde passou a integrar a secção de arqueologia do museu.

TÚMULO DITO DE D. BRANCA

Século XIV (1.ª metade)

Granito

Proveniente da igreja do Mosteiro de São João de Tarouca

Museu de Lamego, inv. 559

Túmulo dito de D. Branca de Sousa© DRCN . Museu de Lamego. José Pessoa

Túmulo dito de D. Branca

28 | APONTAMENTOS

Page 29: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

A ligação de Dona Branca à arca tumular seria depois

veementemente contestada pelo medievalista A. Almeida

Fernandes, que aponta tratar-se de um erro que, partindo

do Ab. Moreira e, adoptado, expressamente, dele por

gente de responsabilidade […] se tornou teimoso,

cancerígeno (ou incurável) (FERNANDES, 1990:307). E

prossegue, demonstrando o equívoco: o próprio Conde diz

a esposa sepultada em Santarém, com a sua mãe, no

mosteiro de São Domingos (FERNANDES, 1990:307).

O mesmo historiador diz-nos que foi a Dona Teresa Anes

de Toledo, a terceira mulher e grande amor de D. Pedro

Afonso, a quem coube o privilégio da sepultura em

Tarouca, junto do marido: Claro que o conde, pois ele

mesmo se mandou sepultar aí, ordenou se fizesse o

mesmo a ela em S. João de Tarouca (o que explica que o

testamento dela e o do Conde tivessem ficado no

respectivo arquivo, facto que, para o dela, não se

explicaria bem se assim não tivesse sido. (FERNANDES,

1990: 297).

Aspeto da exposição da secção de arqueologia no pátio interior do Museu de Lamego na década de 1930. Postal editado pela Câmara Municipal de Lamego e Grupo de Amigos Pró Museu e Turismo

29 | APONTAMENTOS

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De inegável valor (e posta de parte a atribuição a D. Branca Pires Portel),

esta informação poderia levar-nos a supor que o sarcófago poderia ter

pertencido a Dona Teresa Anes de Toledo, a musa inspiradora das trovas de

Amor escritas pelo conde.

No entanto, pensamos que também esta hipótese deva ser descartada,

considerando o tema escolhido para decoração das duas faces longas do

túmulo: uma cena de caça ao javali, com um cavaleiro atingindo um

javardo com uma lança, enquanto um peão o auxilia com um poderoso

mastim, que abocanha a presa, numa das faces, prosseguindo, na outra, a

montaria.

Na verdade, se são conhecidos outros exemplares que optaram pela

iconografia de cenas cinegéticas ou venatórias, como forma de sublinhar a

condição social do homem nobre, trata-se, no entanto, de um assunto

pouco adequado a uma mulher (LEAL, 2002: 43).

Perdidos os elementos que na arca poderiam indicar a identidade do

tumulado – a tampa (onde figuraria o jacente) e a heráldica entretanto

esboroada, que estaria incluída nos dois escudos dos topos - a sua

atribuição é uma discussão que se mantém em aberto.

32 | APONTAMENTOS

Túmulo dito de D. Branca (pormenor) © DRCN . Museu de Lamego. Pedro Martins

Referência bibliográfica:

FERNANDES, A. Almeida (1990) -

Homenagem de Lalim ao Conde

Dom Pedro - A História de Lalim.

Lamego: C.M.L e Junta de

Freguesia de Lalim.

MOREIRA, Ab. Vasco (1924) -

Monografia do Concelho de

Tarouca ( História e Arte). Viseu

LEAL , A F re i t a s ( 2002 ) -

Máthesis, Viseu: Universidade

Católica Portuguesa. Faculdade

de Letras.

Page 33: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016
Page 34: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

em

imagens

Pelo terceiro ano consecutivo, o Museu de Lamego volta a integrar na sua programação de

verão a rubrica “Museu em Imagens”. Em julho, sempre aos fins de semana, sob a forma de

projeção multimédia, o Pátio do Museu volta a revelar os bastidores, os eventos, a riqueza

das coleções.

MUSEU EM IMAGENS REGRESSA EM JULHO

“Museu em Imagens” nasceu em 2014, a partir do momento em que o museu

sentiu a necessidade de trazer as suas coleções para o exterior, apelando à

curiosidade, deixando um convite à visita. No entanto, além da natural

divulgação da exposição permanente, este projeto assumiu-se sempre como

uma oportunidade de dar a conhecer coleções que se encontram em reserva

e naturalmente menos conhecidas do grande público.

Em 2016, o Museu de Lamego aposta na divulgação do trabalho de

bastidores, que na maioria das vezes não é conhecido, além da divulgação

dos seus espaços e eventos.

Semanalmente, durante todo o mês de julho, sempre às sextas e sábados, a

partir das 21h30, em grande formato, uma projeção ganha forma no pátio

do Museu de Lamego. Entrada livre.

3 | APONTAMENTOS

Page 35: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

SUGESTÕES

De terça a domingo, das 10h00 às 18h00.

35 | APONTAMENTOS

Page 36: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

co

mu

nic

açã

o

MUSEU DE LAMEGOLargo de Camões5100-147 Lamego

(+351)254600230 [email protected] www.museudelamego.pt /museu.de.lamego /museudelamego /c/museudelamego

N 41º05’50’’ W 7º48’22’

ENCONTRE-NOS

36 | APONTAMENTOS

Page 37: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

co

mu

nic

açã

o

Visite-nos e partilhe a sua experiência de visita. Diga-nos

do que mais gostou e no que podemos melhorar.

ATÉ BREVE!

PARTILHE

37 | APONTAMENTOS

Page 38: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

Museu de Lamego

Largo de Camões

5100-147 Lamego

Tel: (+351) 254600230

E-mail: [email protected]

Site: www.museudelamego.pt

Facebook: www.facebook.com/museu.de.lamego

Horário

De terça-feira a domingo, das 10h00 às 18h00.

Encerra às segundas-feiras.

Gratuito no primeiro domingo do mês.

Serviço Educativo

Visitas orientadas/comentadas à exposição permanente e

exposições temporárias, mediante marcação prévia.

Biblioteca

De terça a sexta-feira, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às

18h00, mediante contacto prévio.

Auditório

100 lugares

Loja

APONTAMENTOS junho 2016100 ANOS

[1917-2017]

38 | APONTAMENTOS

Page 39: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016
Page 40: MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

Retrato e identidadeExposição

Portraits and identities

in donations and legacies

of the Lamego Museum

Exhibition

21 maio 2016 | 31 março 2017May Marchst st