mundo universitário - edição 177

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Directora: Laura Alves | Segunda-feira, 31 de Janeiro de 2011 | N.º 177 | Quinzenal | Distribuição gratuita | www.mundouniversitario.pt E tu, és um estudante ‘low cost’? Em tempos de crise, são muitos os estudantes que não ficam imunes às dificuldades económicas. Mas há quem veja na dificuldade uma oportunidade para ser criativo. Fomos à procura de exemplos e de sugestões para combater a crise. P. 08 E 09 BOAS CAUSAS ODM CAMPUS CHALLENGE E INTERCÂMBIOS DE ESTUDANTES. P. 04 E 05 ORQUESTRA DO YOUTUBE HÁ UM PORTUGUÊS LÁ PELO MEIO! P. 06 DESAFIO U. CATÓLICA DÁ CARTAS NO EMPREENDEDORISMO. P. 10

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31 Janeiro 2011

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E tu, és um estudante ‘low cost’?Em tempos de crise, são muitos os estudantes que não ficam imunes às dificuldades económicas. Mas há quem veja na dificuldade uma oportunidade para ser criativo. Fomos à procura de exemplos e de sugestões para combater a crise. P. 08 e 09

BOAS CAUSASODM CaMPus Challenge e interCâMbiOs De estuDantes. P. 04 e 05

ORQUESTRA DO YOUTUBEhá uM POrtuguês lá PelO MeiO! P. 06

DESAFIOu. CatóliCa Dá Cartas nO eMPreenDeDOrisMO. P. 10

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EDIÇÃO 177 de 31 de Janeiro a 13 de Fevereiro 2011

ficHa TécNica: Título registado no I.C.S. sob o n.º 124469 | Propriedade: Moving Media Publicações Lda | Empresa n.º 223575 | Matrícula n.º 10138 da C.R.C. de Lisboa | NIPC 507159861 | Conselho de Gerência: António Stilwell Zilhão, Francisco Pinto Barbosa, Gonçalo Sousa Uva | Directora: Laura Alves | Redacção: Andreia Arenga | Online: Graziela Costa | Colaboradores: Emanuel Amorim, João Tomé, José Frazão Reis, Luís Magalhães, Magda Valente, Mónica Moitas | Projecto Gráfiico: Joana Túlio | Paginação: Filipa Andrade | Revisão: Catarina Poderoso | Marketing: Vanda Filipe | Publicidade: Margarida Rêgo (Directora Comercial), Elsa Tomé (Account Sénior), Mariana Jesus (Account Júnior) | Distribuição: José Magalhães | Sede Redacção: Estrada da Outurela n.º 118 Parque Holanda Edifício Holanda, 2790-114 Carnaxide | Tel: 21 420 13 50 | Tiragem: 35 000 | Periodicidade: Quinzenal | Distribuição: Gratuita | Impressão: Grafedisport; Morada: Casal Sta. Leopoldina – Queluz de Baixo 2745 Barcarena; ISSN 1646-1649.

vê as novidades que temos para ti na página de fãs do mu no faCeBooK

www.mundouniversitario.pt

O MU dá-te UMa ajUdinha!

Já que estamos numa de falar de poupança e de estratégias para ganhar uns trocos, o Mundo Universitário tem uma proposta para ti. Se vives numa destas cidades – Aveiro, Braga, Coimbra, Faro, Lisboa ou Porto –, tens entre 18 e 26 anos, algum tempo para tra-balhar em part-time e se és uma pessoa responsável e dinâmica, contacta-nos. Estamos constantemente a precisar de promoto-res para desenvolver acções de promoção do jornal, sampling de produtos, demonstrações e eventos dirigidos a estudantes de diversos níveis de ensino. Envia o teu currículo com foto para [email protected]. Encontramo-nos por aí!

» editOrial

Laura Alves • [email protected]

Ser esbanjador não é tocar banjo

Vamos por partes: falar-te da necessidade de poupar dinheiro é o mesmo que dizer a um pombo que não pode comer milho. Com tanta coisa apetitosa a chamar por ti – ora são tele-móveis topo de gama, ora são roupas da moda, ora é simplesmente uma noite de copos com os amigos – não vale a pena pregar a mensagem da poupança a quem não está disposto a ouvi--la. Mas o pior cego é aquele que não quer ver, lá dizem os adeptos dos lugares comuns. O que me parece completamente adequado, já que a “crise”, qualquer dia, também corre o risco de se transformar num lugar comum. Ora puxa lá pela cabeça: tens memória de alguma vez o país não ter vivido em estado de crise? Pois...A verdade – tens de ouvi-la! – é que se calhar te tornaste um esbanjador. E não estamos a fa-lar de tocar banjo, por muito bom que sejas a dar música aos teus pais. Provavelmente, lá em casa, as conversas giram todos os dias em torno do mesmo: os cortes dos ordenados, o aumento dos impostos, o preço das coisas no supermerca-do, «a vida está cara», «onde é que vamos chegar se isto continua assim», etecetera, etecetera...

Por isso, que tal dares o teu modesto (mas pre-cioso) contributo no que toca a equilibrar as fi-nanças domésticas? Se fizeres as contas ao que os teus pais gastam todos os meses com as tuas despesas – entre despesas pessoais e despesas académicas – verás que a conta é digna de revirar os olhos. Claro que tu até podes contra-argumen-tar: «Ora essa! Eles são meus pais, têm mais é que me sustentar!» Está muito bem, mas lembra-te que não podes comer o bolo e ficar com ele na mão. Ou seja: se o orçamento lá de casa não che-gar para tudo, imagina o que é que os teus pais vão escolher se tiverem de optar entre pagar as tuas propinas ou comprar-te um ténis novos que tu tens mesmo, mesmo, mesmo de ter? Prepara--te para ir para as aulas descalço, portanto...Ora bem. Nesta edição do MU falamos-te de algumas estratégias para poupares, mas tam-bém para ganhares algum dinheiro extra. Há tanta coisa que podes fazer para passares a ser um estudante “low cost”! Gestos tão sim-ples como lembrares-te de tirar um iogurte líqui-do do frigorífico para beber a meio da manhã, em vez de ires comprar ao bar da faculdade;

organizar festas caseiras temáticas com a tua música e uns snacks pre-parados por ti e pelos teus amigos, no lugar de gastares dinheiro em discotecas, bebidas e táxi; reciclar a roupa antiga dos teus pais ou tios, uma vez que o look vintage até está na moda; criar um sistema de boleia com os teus colegas de turma, divi-dindo a despesa do combustível (ou então ir para as aulas de transportes públicos); concorrer a passatempos para ganhar entradas para o cinema ou concertos, em vez de comprares bilhetes; ou até mesmo encontrar uma ocupação em part-time que te permita enfrentar algumas despesas sem ter de recorreres aos teus pais... Dá uma espreitadela às páginas centrais des-ta edição do MU e descobre ainda as histórias de alguns estudantes que, diariamente, sentem na pele as dificuldades de ter mais despesas do que recursos. Damos-te algumas ideias para tornares a tua vida um bocadinho mais “low cost”. ‘Bora lá combater a crise, pá!

não perCasa próximaedição

14 de fevereiro

Page 3: Mundo Universitário - Edição 177

7[17 jan 2011]

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Page 4: Mundo Universitário - Edição 177

mos com o programa Juventu-de em Acção que já existe desde 1999 e que permite aos jovens realizar intercâmbios, forma-ções, acções de voluntariado através do Serviço Voluntário Europeu», explica Inês Duarte, coordenadora de projectos na ACV.

Viajar a custo zero Qualquer uma destas activida-des pode ser realizada duran-te uma semana, dez dias, seis, nove ou 12 meses num país europeu parceiro da entidade organizadora. A vantagem é que os projectos desen-volvidos, sobre os mais variados temas, são sub-sidiados pela Comissão Europeia e os jovens que neles participam têm apenas que contri-buir com uma parte dos custos. «Recebem um ‘po-cket money’, não têm que pagar a alimentação nem a estadia nem as viagens de ida e

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És criativo? isto É para ti!

A Media-Saturn está a promover um concurso de criatividade – Cam-peonato Mundial das Ideias – destinado aos estudantes universitários. Trata-se de um concurso de boas ideias que levará o vencedor a participar num curso com estágio integrado em ‘Internatio-nal Retail Management’, em cooperação com a University of Applied Sciences de Ingolstadt,na Alemanha. O desafio, que está a ser colocado a estudantes europeus, e ainda da China, Rússia e Turquia, pretende esti- mular a criatividade em diversos suportes. As ideias podem ser apresentadas na forma de desenhos, vídeos amado-res, peças de teatro ou fo-tografias. As candidaturas mais criativas e originais também terão direito a prémios como netbooks ou iPods. Podes participar até 31 de Março. Vai a www.international-retail-management.com para saberes mais.

iNtErcÂMBios. UNivErsitários fazEM volUNtariado E acçõEs dE forMação EM paísEs EUropEUs

Há todo um mundo lá foraFora do campus da tua Faculdade ou iNstituto há actiVidades que te podem oFerecer NoVos amigos, mas também mais coNhecimeNto sobre o muNdo e sobre os temas da actualidade. o serViço de VoluNtariado europeu (sVe) e os iNtercâmbios culturais são iNiciatiVas que podem trazer-te mais-Valias eNquaNto ser humaNo, mas também (quem sabe?) para o teu Futuro proFissioNal. o mu Falou com alguNs joVeNs que partilharam as suas experiêNcias iNterNacioNais.

» alUNos oBrigados a dEvolvEr diNhEiro das BolsasPerto de 700 alunos bolseiros do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) foram notificados para devolverem o dinheiro já recebido das bolsas atribuídas para este ano lectivo. Manuel Heitor, Secretário de Estado do MCTES, afirmou que «houve adiantamentos feitos indevidamente» que tiveram que ser corrigidos. É o caso de alunos com rendimentos mais altos e que estavam a beneficiar daquele apoio social, outros que não tiveram o aproveitamento escolar exigido e outros ainda que deixaram de ser estudantes.

» politÉcNico dE BEja avaliado coM Nota positivaO Instituto Politécnico de Beja obteve níveis de grande qualidade numa avaliação externa da European University Association (EUA), cujos resul-tados deixaram a presidência da instituição de ensino público bastante satisfeita. A nota positiva foi dada tendo em conta os recursos humanos, infra-estruturas, processo de auto-avaliação; organização e governação; desenvolvimento estratégico; internacionalização; investigação, desenvol-vimento, inovação e transferência de conhecimento.

Andreia [email protected]

Aprender mais sobre os ins-trumentos musicais da Grécia, fazer uma formação em direitos humanos ou trocar experiências interculturais com outros jovens. Se alguma vez sonhaste com alguma destas (ou com outras) hipóteses, tens várias oportuni-dades à tua espera, proporcio-nadas por diversas associações por todo o país. Cidadania Viva, Rota Jovem, Máquina do Mun-do, Experimentáculo e Instituto Português da Juventude são apenas alguns exemplos.

alargar horizoNtesHá várias associações sem fins lucrativos que organizam este tipo de actividades. A Associa-ção Cidadania Viva (ACV) é uma delas. «A missão da ACV é capa-citar os jovens, entre os 13 e os 30 anos, através do seu engenho e da sua arte próprias. Trabalha-

diogo NascimeNto estudaNte de psicologia do trabalho, uNiVersidade lusóFoNa

Em que tipo de programa participaste?Participei num intercâmbio na Polónia em Agosto do ano passado, na simulação do Parlamento Europeu. O tema era União Europeia e todos os dias nos reuníamos no auditório da Faculdade de Ciência Política e tínhamos que arranjar várias soluções para problemas que eram apresentados e discuti-los como se fôssemos deputados do Parlamento Europeu.

O que te atrai nos intercâmbios?É uma experiência de que gosto bastante. Primeiro

porque estou em contacto com várias nacionalidades diferentes e essa questão da interculturalidade interessa-me bastante. Depois, é a experiência de visitar um país novo.

Achas que é importante no futuro profissional?Claro que sim. Os intercâmbios são uma óptima

maneira de ganhar competências ao nível de capacidade de adaptação, organização, responsabilidade,

trabalho em equipa e a possibilidade de estar em contacto com outros países e conhecer essas realidades.

bárbara WahNoN estudaNte de relações iNterNacioNais, iNstituto superior de ciêNcias sociais e políticas

Em que tipo de programa participaste?Fiz uma conferência sobre direitos humanos em França e uma formação em planeamento estratégico em Montenegro durante uma semana em cada um.

Porquê?Era uma experiência que eu queria ter, estar noutro país com pessoal jovem de outras culturas. Essa foi a razão principal; e depois é o facto de ser muito mais em conta, porque pagamos apenas 30 por cento da viagem. Para quem estuda, é fácil. E são experiências que nos ajudam a conhecer-nos e a perceber que há assuntos que nos tocam verdadeiramente e que há jovens como nós que também se preocupam com os mesmos assuntos e que estão ali connosco também para reflectir sobre eles. E são também as amizades que se fazem. É brutal! Aconselho a toda a gente!

Achas que esse tipo de intercâmbios é importante no futuro profisisonal?Não estou a ver que haja uma mais-valia directa dessas experiências no meu trabalho. Mas a nível de competências pessoais é muito importante, é como o Erasmus. Passamos a ter uma noção diferente do mundo, conhecer pessoas num país diferente. Se calhar aprendes a ser mais desenvencilhada e ganhas algum know-how prático das coisas.

volta. Aconselho a todos porque realmente é uma grande opor-tunidade. Permite aos jovens alargarem os seus horizontes, promoverem a sua capacitação e aplicarem mais tarde esses co-nhecimentos que adquiriram».

Page 5: Mundo Universitário - Edição 177

Novo Na

Agora pode criar um Clube de Poker online exclusivo, com uma tabela de líderes, estatísticas e classificações dos jogadores.

Estes são os Home Games. o novo conceito de jogos da PokerStars, de uso gratuito e disponível apenas em PokerStars.com/homegames.

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pUBLICIDADE

DESAFIO. CEntEnAS DE EStuDAntES unIvErSItárIOS DESEnvOlvEm ACtIvIDADES Em prOl DOS ObjECtIvOS DO mIlénIO

Estudantes em acçãoCriar t-shirts apelativas, Chamar a atenção para os livros sobre direitos humanos na biblioteCa ou até fazer vídeos Com os objeCtivos de desenvol-vimento do milénio (odm) em língua gestual. estas são apenas algumas das iniCiativas que têm animado universidades de norte a sul do país. pensar globalmente e agir loCalmente é o mote do odm Campus Challenge, uma iniCiativa da assoCiação par – respostas soCiais. objeCtivo? mudar o mundo.

Campuswww.mundouniversitario.pt

A campanha do ODM Campus Challenge, que teve início em Outubro do ano passado, pro-vavelmente, assustou muita gente. Anunciava-se que o fim estava próximo, e houve quem ali visse uma mensagem fata-lista. Não podiam estar mais enganados. Tratava-se, isso sim, de uma campanha para mudar o mundo, para me-lhor. Como? Através da acção dos estudantes universitários nas suas próprias faculdades, em prol dos oito Objectivos do Milénio. «Surpreendeu-nos a receptividade pelas visitas que tivemos no site. Inclu-sive, houve equipas que se inscreveram ainda durante essa fase», revela Amândio Rodrigues, director da PAR – Respostas Sociais, respon-sável pela Agência ODM em

Portugal. Findo o mistério, a adesão a esta causa tem su-perado as expectativas. A ideia é que os estudantes cumpram, em equipa, diver-sos desafios para alertar a comunidade académica para os Objectivos do Milénio, os direitos humanos e a solida-riedade. As possibilidades são dadas pela própria as-sociação, sendo que a cada desafio corresponde uma determinada pontuação, con-soante o grau de dificuldade. O ODM Campus Challenge dirige-se a todos os estudan-tes, independentemente da área de formação, esclarece Amândio Rodrigues. «A nossa ideia é precisamente chegar aos estudantes que não estão tão familiarizados com os Ob-jectivos do Milénio. E temos

muitos que, quando entram em contacto com este tema, começam a querer perceber ainda mais».

venCedores vão a um palopNa altura em que falámos com Amândio Rodrigues ha-via já 37 equipas inscritas. Na liderança estava então uma equipa de Lisboa, composta por estudantes de diferentes instituições, com 56 desafios já realizados. O acompanhamento dos de-safios é feito quer através do site da Agência ODM, quer através do Facebook, e basta uma breve incursão pelas pá-ginas para perceber que não faltam por aí estudantes em-penhados e dinâmicos. Tudo isto irá desembocar num de-

safio final, que consiste na criação de uma campanha de transformação social inspi-rada pelos ODM. Nessa fase, a equipa mais votada terá a oportunidade de conhecer um país africano de língua oficial portuguesa (ainda por definir) com todas as despe-sas pagas, a fim de entrar em contacto com comunidades locais e se envolver num pro-jecto de cooperação para o desenvolvimento.Se ficaste com vontade de participar no ODM Campus Challenge, ainda estás a tem-po. «Terá de trabalhar mais para acompanhar as outras equipas, porque os desafios dão trabalho, mas depende da criatividade, dos desafios e da estratégia escolhida», re-corda Amândio Rodrigues.

Laura [email protected]

As inscrições estão abertas até 31 de Março. Junta uns amigos e inscreve-te em www.odmcampuschallenge.org.pt.

EquIpA yES wE CAn

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[31 JAN 2011]6

Andreia [email protected]

Quando soube que tinha sido um dos quatro trompetistas a integrar a Orquestra Sinfóni-ca do YouTube, o Pedro ficou surpreendido. Participou por acaso e a ideia de conseguir chegar lá parecia-lhe distante. «Estive parado durante três meses com um problema mus-cular e, no fim desse período, recomecei a tocar. Soube que estavam abertas as inscrições para a orquestra e fiz as audi-ções com um amigo meu.»

A herANçA dA músicAComeçou a tocar aos 11 anos por impulso do pai, músico amador. No Natal, o Pedro recebeu um trompete de pre-sente e não sabia muito bem o que fazer com ele. Era ape-

nas um miúdo e a música não estava nos seus planos. «Fi-quei a olhar para aquilo (risos). O meu pai é músico numa banda filarmónica e decidiu oferecer-me um instrumen-to para eu também começar a tocar», conta. Hoje, com 20 anos, está no terceiro ano da licenciatura de Música na Universidade do Minho em regime pós-laboral, o que lhe dá mais tempo para praticar. «É mais fácil porque deixa-me mais tempo para me dedicar ao trompete.»

Futuro divididoNão sabe explicar muito bem porquê, mas prefere a música clássica ao jazz. Quer acabar o curso para um dia poder juntar-se a uma orquestra nacional, de preferência a Or-questra da Casa da Música ou da Gulbenkian. Sabe que é di-fícil, e se não conseguir, quer conciliar a vida de músico com

o ensino. «Há poucas orques-tras em Portugal e as vagas também são limitadas, há pou-cas oportunidades. Penso que é mais fácil seguir a via do ensi-no, dar aulas numa academia, por exemplo. Qualquer músico de orquestra tende a conciliar a vida de músico com o ensino e não me importava de dar aulas num conservatório.»

coNcretizAr um soNhoAssim como nunca imaginou que a sua vida iria passar pela música, também nunca pensou que iria agora ser um dos 104 elementos da orquestra mun-dial e tocar com a Ópera de Sidney, conduzido por um dos grandes maestros da actuali-dade, Michael Tilson Thomas. Mas confessa que é um sonho que vai concretizar com esta oportunidade. «Espero que seja muito bom porque é o sonho de qualquer músico vir a pisar um palco daqueles.»

EXCELÊNCIA. EstudANtE dE MúsICA dA uNIvErsIdAdE do MINho é o úNICo portuguÊs A toCAr NA orquEstrA do YoutubE

» ArtIstA portuguEsA gANhA boLsA pArA NovA IorquEA artista intermedia Laetitia Morais ganhou a Bolsa Ernesto de Sousa 2010/2011, uma iniciativa da Fundação Luso-Americana e da Gulbenkian que proporciona um estágio de um mês em Nova Iorque. Laetitia Morais propõe-se a desenvolver em Nova Iorque a instalação vídeo/performance “Missing for 10 Years”. O projecto que combina a imagem, o som e o movimento é uma homenagem ao desaparecido artista Bas Jan Ader e procura reflectir sobre pessoas que fazem do mundo a sua casa.

» EstudANtE CrIA IMAgEM dA CApItAL EuropEIA dA CuLturA A imagem gráfica de “Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura” é da autoria do ex-aluno de Design da Universidade de Aveiro, João Campos. O projecto, com 26 variações distintas, explora a ideia de diversidade cultural, valorização individual e abertura à multiplicidade de visões pessoais. O símbolo desenvolvido, em forma de coração, presta homenagem à visão de D. Afonso Henriques, figura central da História de Portugal, mas também da cidade de Guimarães.

«É o sonho de qualquer músico»

Idade: 20 anos

Naturalidade:: Santa Maria da Feira

Curso: Licenciatura em Música

Instituição de ensino: Universidade do Minho

CV: Começou por tocar na Tuna Musical de Fiães, em Santa Maria da Feira. Integrou a Academia de Música de Santa Maria da Feira e há dois anos completou o 8.º Grau no Conservatório de Música de Fornos. É membro da Banda e Orquestra Sinfónica de Santa Maria da Feira e do quinteto de metais Feira Brass. Participou em estágios da Orquestra de Câmara do Minho, da Banda Sinfónica da Covilhã e tocou a solo com a Orquestra Sinfónica do Conservatório de Fornos. Fez várias digressões internacionais, nomeadamente em Espanha, Brasil e Alemanha.

quANdo tINhA 11 ANos, o pAI ofErECEu-LhE uM troMpEtE E foI A pArtIr dAí quE pEdro sILvA CoMEçou A toCAr. AgorA, CoM 20 ANos, dIfICILMENtE IMAgINAvA quE vIrIA A fAzEr pArtE dE uM projECto INtErNACIoNAL dEstA dIMENsão: toCAr NA orquEstrA do YoutubE. pEdro é EstudANtE dE MúsICA NA uNIvErsIdAdE do MINho, foI o úNICo portuguÊs A sEr sELECCIoNAdo pArA EstE projECto E prEpArA-sE pArA subIr Ao pALCo dA sIdNEY opErA housE, NA AustráLIA, No próXIMo dIA 20 dE MArço.

doCENtE dIstINguIdo CoMo o MELhor INvEstIgAdor dA EuropA E do MédIo orIENtE

Com apenas 34 anos, João Barros, professor da Faculdade de Engenha-ria da Universidade do Porto, foi distinguido com o Prémio Jovem Investigador IEEE ComSoc para a Europa, Médio Oriente e África pela Sociedade das Teleco-municações (ComSoc) da organização mundial Institute of Electrical and Electronics Engineers, Inc. (IEEE). João Barros é docente da FEUP e do MIT, Director Nacional do Programa Carnegie Mellon Portugal e responsável pela delegação do Institu-to de Telecomunicações (IT) no Porto. Como inves-tigador, o seu trabalho é reconhecido internacional-mente pela investigação em áreas relevantes para a Internet do futuro, em particular a segurança de redes sem fios, as redes distribuídas de sensores e os protocolos de comu- nicação com base em codificação em rede.

Iluminados www.mundouniversitario.pt

bI: pEdro sILvA

o quE é A orquEstrA do YoutubE?

A Orquestra Sinfónica do YouTube nasceu em 2009 como a primeira orquestra colaborativa do mundo. Os intérpretes, grande parte deles estudantes universitários, prestam provas em vídeo, são avaliados

via Internet por um júri que escolhe os finalistas e estes

são votados online pelos internautas. Na primeira edição concorreram 3 mil músicos de 70 países, sendo escolhidos 94, entre os quais o violinista

português Tiago Santos. Em 2010 candidataram-se cerca

de 10 mil intérpretes e o júri escolheu 336 finalistas, incluindo quatro portugueses. Este ano, Pedro Silva, trompetista, foi o único português a ser escolhido para

integrar a orquestra.

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ECONOMIA. EM TEMPO DE CRISE QUEM PAGA SÃO OS UNIVERSITÁRIOS. EIS ALGUMAS ESTRATÉGIAS DE POUPANÇA NA PRIMEIRA PESSOA

Que o país está em crise, já todos sabemos. o mu Quis perceber é como é Que os universitários estão a enfrentá-la. Há Quem passe reais dificuldades para poder estudar. festas, só das Que não se pagam. e os concertos são no Quarto com o rádio no máximo em tardes de sábado soalHeiro para animar a alma. eis alguns exemplos de como os estudantes começam a ficar pros no “low cost”.

08 [31 JAN 2011]

Estudantes apertam o cintoMagda [email protected]

DICAS

PARA POUPARES

DINhEIRO

12

34

67

89

10

5

Concorre a todas as bolsas de estudo que existem.

Utiliza os transportes públicos.

Almoça em casa e, se não for possível, leva o teu almoço.

Faz uma visita à biblioteca e aluga livros e DVD.

Divide a casa com mais colegas ou tenta ir morar numa residência universitária.

Não gastes dinheiro no telemóvel. Aproveita a Internet para fazeres telefone- mas grátis para os teus amigos e pais através do Skype.

Reutiliza a tua roupa ou troca as roupas que já não usas com os teus amigos.

Em vez de te inscreveres no ginásio, organiza corridas, caminhadas ou jogos de futebol com os teus colegas.

Faz um mealheiro. Guarda os trocos, moedas de 1 até 5 cêntimos, e ao final de uns meses contabiliza o dinheiro que juntaste.

Aproveita as festas e ofertas culturais gratuitas. Também podes organizar festas em

casa onde cada um leva o que come e bebe.

ANA LUíSA OLIVEIRA, 23 anosMestrado em EsculturaFaculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa

em 2005 já realizava uma exposição individual por ano e participava em concursos de arte. Mas foi em 2008 que começou a vender obras de escultura para conseguir aliviar as dificuldades económicas que tem sentido. «o meu curso de escultura obrigou-me desde cedo a fazer inves-timentos em materiais para conseguir responder aos exercícios das cadeiras práticas. como nunca tive direito a receber grandes apoios sociais, fui obtendo ajuda por parte da minha mãe que nem sempre me conseguiu auxiliar da melhor maneira.»no último ano de mestrado, ana luísa queria dedicar-se à tese, mas, com os recentes cortes às bolsas sociais que apoiam os estudantes carenciados, e com o fraco apoio financeiro que a mãe lhe podia dar, teve que tomar uma decisão para garantir a conclusão do curso. «já fui à procura de emprego porque senão nem a tese poderei entregar por falta de dinheiro.»

ANA JOÃO CARVALhO, 23 anosMestrado Integrado de MedicinaFaculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

no último ano pediu dinheiro emprestado ao namorado e trabalhou numa loja de brinquedos. não tinha dinheiro para pagar os transportes diários que a levavam até ao estágio no hospital e nem para a rentrée universitária. vai vender roupa e «tudo o que não precisar» na internet. para a ana joão, crise também é sinónimo de oportunidade, e as poucas oportunidades que surgem são aproveitadas. colabora duas tardes por semana com o ginásio da universidade e recebe, por isso, uma bolsa de 100 euros que junta aos restantes 98 euros mensais da bolsa so-cial para pagar as propinas. «acho que vou ter que pedir dinheiro emprestado outra vez e voltar a sobrecarregar os meus pais. a principal razão pela qual não peço mais dinheiro aos meus pais é porque sei que eles não podem dar sem tirar de algum lado importante.»confessa que na residência universitária onde vive existem colegas a passar fome para sobre-viver e está muito preocupada com o próximo ano. «para o ano não sei como vai ser, porque é o meu ano de estágio a tempo inteiro e de estudo para o exame de acesso à especialidade, não estou a ver onde é que vou ter tempo para trabalhar.»está preparada para ir à luta e tem mais algumas opções. «este ano não cheguei a entrar na feira do livro sublinhado, que é uma venda de livros e apontamentos em segunda mão da facul-dade, mas no próximo ano não quero falhar! E se, ainda assim tudo juntinho não for suficiente, vou ter que arranjar (mais) uma solução».

PEDRO SILVA, (nome fictício), 21 anosLicenciatura em PinturaFaculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa

«acho que não estou numa situação boa, mas não tenho vergonha. orgulho-me de estar a lutar pelas minhas coisas, mas apesar disso prefiro manter o anonimato.» É assim que começa por explicar o “ciclo vicioso” em que está envolvido e para o qual não tem solução. sente a crise desde que entrou na universidade. morou em casa de amigos, saltitou da casa de uma tia para outra até que a faculdade lhe atribuísse uma casa e uma bolsa para estudar. «o meu pai foi obrigado a escrever uma declaração em como não me podia ajudar a nível financeiro.» Com os baixos rendimentos que o agregado familiar tinha, os serviços sociais nem sequer acreditavam que pudesse chegar à faculdade. ele encarregou-se de provar o contrário. esteve um ano em escultura, pediu transferência e obteve equivalências, mas não tinha dinheiro para as pagar porque lhe reduziram a bolsa, única fonte de sustento, para metade. mais cartas, mais pedidos, mais justificações, mais burocracia.

Reunir forças para continuardecidido a prosseguir estudos, arranjou um trabalho para conciliar com as aulas. enviou dezenas de currículos e, no final do mês de Agosto, obteve uma resposta. Trabalha num café em part-time, mas ainda assim não tem os problemas resolvidos. «ainda não tinha pago as propinas. muito menos as equivalências. sem as propinas pagas não me podia inscrever no segundo ano de pintura. sem as equivalências, o meu primeiro ano não existia na base de dados.» restava- -lhe uma opção: recorrer ao crédito bancário que irá pagar durante três anos em conjunto com as propinas, transportes, material escolar e comida. a única maneira de se sustentar é manter o part-time, mas por causa deste está a prejudicar-se nos estudos. «em toda a minha vida não tive uma disciplina ou cadeira em que tivesse reprovado. este semestre sei que seguramente reprovo a duas. As outras cadeiras também estão em risco. E o pior mesmo é que se não fizer pelo menos metade dos créditos perco a bolsa e, com ela, também vai a residência.»

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ECONOMIA. EM TEMPO DE CRISE QUEM PAGA SÃO OS UNIVERSITÁRIOS. EIS ALGUMAS ESTRATÉGIAS DE POUPANÇA NA PRIMEIRA PESSOA

Que o país está em crise, já todos sabemos. o mu Quis perceber é como é Que os universitários estão a enfrentá-la. Há Quem passe reais dificuldades para poder estudar. festas, só das Que não se pagam. e os concertos são no Quarto com o rádio no máximo em tardes de sábado soalHeiro para animar a alma. eis alguns exemplos de como os estudantes começam a ficar pros no “low cost”.

Estudantes apertam o cinto

DISCURSO DIRECTO

Mas afinal o que é que se passa com as bolsas?

ana joão carvalho, curso de medicina na universidade de lisboa

«o grande problema das bolsas, no geral, é que elas pressupõem que os pais suportem a maior parte das despesas, quando isso acontece apenas numa pequena percentagem dos casos, pelo menos de acordo com o que eu vejo. esta nova fórmula em especí-fico é altamente injusta porque deixa de con-tar com as despesas do agregado familiar, quer sejam despesas de saúde, empréstimos bancários, rendas, despesas com a educação, nada é tido em conta para o cálculo das bolsas. além disso, se por exemplo o meu irmão estiver também no ensino superior a receber bolsa de estudo, isso vai con-tar como um rendimen-to do agregado familiar, e assim baixa a minha bolsa e a dele também, porque a minha interfere. outra grande alteração é a da ponderação de cada elemento do agregado familiar no denominador, ou seja, antes a capitação anual era dividida, no caso do meu agregado, por cinco. agora é dife-rente, eu conto como um, por ser candidato, mas o meu irmão mais novo, por ser menor, conta como 0,5 e o meu irmão do meio, assim como os meus pais, contam como 0,7 cada um, por serem maiores de idade. sendo assim a capitação é divi-dida por 3,6.»

DICAS PARA

GANhARESALGUM DINhEIRO ExTRA

Não gastes dinheiro no telemóvel. Aproveita a Internet para fazeres telefone- mas grátis para os teus amigos e pais através do Skype.

Em vez de te inscreveres no ginásio, organiza corridas, caminhadas ou jogos de futebol com os teus colegas.

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Arranja um part-time num restaurante, call center, café ou loja.

Gostas de crianças? Oferece-te para seres babysitter.

Dá explicações do que melhor sabes a outros alunos.

Se tens bons apontamentos, vende-os por um preço de amigo.

Se tens jeito para a cozinha faz bolos, sobremesas ou até mesmo pratos para vender a quem não sabe ou não tem jeito para cozinhar.

Inscreve-te numa agência e faz de figurante nos concursos e talk shows diários.

És um ás em avarias eléctricas e computadores? Põe os teus conhecimentos a render e trata dos problemas de outras pessoas.

Sabes passar a ferro? A maioria dos teus colegas não deve gostar de o fazer. Publicita esse serviço e engoma todos os teus colegas por um preço simpático.

Distribui publicidade. Fazes dinheiro e exercício físico.

Tens objectos pessoais que já não queres, mas que ainda estão em bom estado? Livra-te deles na feira da ladra ou no eBay.

MIGUEL ANGEL GUTIERREz, 22 anosLicenciatura em MarketingInstituto Politécnico de Setúbal – Escola Superior de Ciências Sociais

para miguel, gerir é o melhor remédio. «é tudo uma questão de tentar contornar as despesas poupando em outras coisas.» Aproveita todas as ajudas e oportunidades financeiras que apa-recem. recorre à bolsa de estudo, mas também trabalha em part-time na indústria musical, uma das suas grandes paixões. utiliza os conhecimentos que adquire na licenciatura para esta iniciativa e tem tido a sorte de contar com alguma ajuda da família para concretizar sonhos. a crise chegou-lhe ao bolso há cerca de um ano e onde sente mais dificuldades é nos «custos das deslocações (preço dos bilhetes e dos passes), na alimentação (cada vez mais cara), nas pape-larias (impressões mais caras) e, obviamente, no valor das propinas». apesar disso aponta uma sugestão de como poupar dinheiro: «se estipularmos uma quantia limite ou standard das nossas necessidades, despesas e diversões, é mais fácil conseguir poupar.»

SÉRGIO NUNES, 23 anosMestrado em Engenharia InformáticaFaculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

vive em casa dos pais e não tem encargos. estuda e trabalha, mas por opção própria. «além de uma eventual subida de preços dos produtos que consumo, não estou à mercê da crise.» o pri-meiro ordenado chegou há poucos meses à conta. sérgio está a desenvolver a tese de mestrado e candidatou-se a algumas empresas da área. Acabou por ficar a trabalhar numa das primeiras que respondeu e acha que foi melhor assim. «tenho dinheiro para ir às festas, e não vou porque não tenho tempo. duas vantagens? para a carteira sim, para a cabeça nem por isso.» está atento à crise e sabe de estudantes que viram a bolsa de apoio social cortada. não é assunto que fale com eles, mas mostra-se solidário com a situação. «Queixavam-se e compreendo. podemos dizer que vão trabalhar para pagar o curso, mas além de não haver emprego na maioria das áreas, há também um balanço entre estudar e trabalhar que é dificil de encontrar. Provavelmente, ao trabalhar não é possível fazer todas as cadeiras a que nos propomos no início do semestre e isso também tem custos.» a pensar num futuro próximo, e consciente desta realidade, está a poupar dinheiro para realizar objectivos pessoais.

DIOGO SILVA, 18 anosMestrado Integrado de MedicinaFaculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

Especialistas em educação financeira alertam que é de criança que se deve aprender a gerir o dinheiro, e foi isso que os pais do Diogo fizeram. «Eu fui ensinado a ser poupado e a ter em conta que o dinheiro que gasto resulta do trabalho e do esforço dos meus pais, que sempre tiveram rendimentos estáveis, permitindo que não tenha de fazer sacrifícios por falta de dinheiro. sem-pre me motivaram a não gastar em coisas desnecessárias, pois assim teria para as coisas real-mente importantes.» admite que entre os corredores da faculdade se fala muito da crise, mas não pode dizer que alguma vez a tenha sentido. «como a maioria dos estudantes universitários, fui para a faculdade logo a seguir a acabar o ensino secundário e o meu objectivo sempre foi aca-bar o curso antes de começar a trabalhar, por isso todos os encargos que tenho com os estudos e com todas as outras despesas pessoais são suportados pelos meus pais.» como caloiro que é, está agora a conhecer os colegas e não sabe de nenhum que esteja numa situação económica complicada. «não é algo que se fale assim muito, mas também não creio que haja discriminação quanto a isso.»

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Para Fátima Barros, directo-ra da FCEE-UCP, esta é uma oportunidade única para tra-zer o mercado de trabalho para dentro da universidade. «Muitos dos nossos alunos já não querem apenas construir uma carreira em consultoria, mas sim criar o seu próprio negócio. Temos hoje uma liga-ção muito estreita com as em-presas e essa é a única forma de gerar valor acrescentado, através da aposta na inovação e no empreendedorismo».

O IADE – Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing abre mais uma edição da Oficina de Portfólio. Este workshop pretende ajudar os estudantes a preparar o seu portfólio de modo a integrá-los mais facilmente no mercado de trabalho. Os alunos são desafiados a criar campanhas de marketing e comunicação para diversas marcas reais, a compilá-las na sua pasta de trabalho e a apresentá-las às empresas. As inscrições decorrem até 15 de Março com descontos especiais para os primeiros candidatos.

Andreia [email protected]

O curso começou no passado dia 25 de Janeiro e decorre ao longo de quatro meses inten-sivos na Faculdade de Ciên-cias Económicas e Empresa-riais da Universidade Católica de Lisboa (FCEE-UCP). O ob-jectivo é fornecer ferramen-tas aos jovens que têm uma empresa e que estão na fase de arranque do negócio ou

que simplesmente têm uma ideia inovadora, mas não sa-bem como aplicá-la.

Da iDeia à empresa É o caso do Tiago Almeida, licenciado pela Escola Supe-rior de Tecnologias do Mar do Instituto Politécnico de Leiria que, em conjunto com mais três dos seus colegas, quer criar uma empresa no sector das pescas, mas ainda não tem a empresa formada. «Nós somos biólogos marinhos,

mas faltam-nos todos os co-nhecimentos práticos da Ges-tão. Daí este curso ser funda-mental para nos prepararmos. Ainda estamos a desenvolver a ideia de negócio, muito vi-rada para o ambiente, para a ecologia marinha e para a sus-tentação dos recursos», conta Tiago, porta-voz do grupo.

aposta na inovação Como desenhar um plano de negócio, contabilidade e fi-nanças, liderança, marketing [31 Jan 2011] 10

» ISCTE promovE CarEEr ForumÉ a oitava edição e acontece nos dias 3 e 4 de Fevereiro na ISCTE Bussiness School. À semelhança de outras edições, o Career Forum proporciona o encontro entre os estudantes e as empresas, numa acção de recrutamento. O objectivo é criar oportunidades de emprego para jovens recém-licenciados. A edição deste ano é especialmente dedicada aos alunos de Gestão e Informática e conta com mais de 36 empresas.

» avEIro prEmEIa IdEIaS dE nEgóCIoJá foram divulgados os projectos vencedores da segunda edição do concurso “Empreende+” promovido pela Universidade de Aveiro. As ideias de negócio Thin Film Tec, EcoBioSys e 2CTech foram as vencedoras nas categorias Empreendedorismo de Base Tecnológica, Empreendedorismo Inovador Jovem e Empreende-dorismo Inovador Feminino. Cada um dos projectos ganhou um prémio monetário no valor de 5 mil euros.

oFICIna dE porTFólIo abrE novaS InSCrIçõES

FormaçÃo. unIvErSIdadE CaTólICa E bES CrIam programa avançado dE gESTÃo E InovaçÃo

Católica descobre empreendedoreseles são biólogos marinhos, querem criar uma empresa, mas não percebem naDa De gestão. por isso, o tiago, a cláuDia, a mariana e o hugo DeciDiram inscrever-se no programa avançaDo De gestão e inovação para empreenDeDores. um curso promoviDo pela universiDaDe católica e pelo bes para aJuDar Jovens que têm uma boa iDeia e que querem transformá-la numa empresa De sucesso.

e comunicação são alguns dos conteúdos programáticos do curso. O programa foi criado de raiz pela FCEE-UCP em con-junto com o BES e vai contar com cerca de 30 participantes de 17 empresas ou projec-tos provenientes das diver-sas universidades parceiras. Além disso, os formandos vão ter a oportunidade de contac-tar com gestores de referência do tecido empresarial portu-guês através de seminários especiais e acções de coaching.

Fátima Barros (ao centro), directora da FCEE-UCP, acompanhada de Ricardo Salgado (à esquerda), presidente da Comissão Executiva do BES e Francisco Veloso (à direita), coordenador do programa

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Num auditório cheio de talento, onde estavam presentes muitos dos jovens que responderam ao desafio da ZoN, não houve margem para dúvidas. Por cá faz-se animação e cinema de qualidade internacional. E o videojogo “Under Siege”, criado pela empresa portuense Seed Studio para a PlayStation 3, é o grande vencedor desta edição do Pré-mio ZoN Criatividade em Multimédia. Trata-se do maior pré-mio monetário nacional atribuído num concurso multidis- ciplinar, com o valor global de 200 mil euros distribuídos pelas diversas categorias. os vencedores de cada categoria irão ainda usufruir de uma bolsa de estudo para estudar na Universidade de Austin, Texas, uma referência internacional no sector multimédia e audiovisual.

Qualidade e inovaçãoNa entrega do Prémio ZoN Criatividade em Multimédia esteve, entre diversas individualidades da área cultural, o Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, que deixou uma palavra de incentivo a todos os jovens que desejam trabalhar na área do cinema e da animação. o Secretário de Estado recordou «o bom trabalho e a excelência» dos projectos a concurso. E, sendo esta iniciativa da ZoN desenvolvida em parceria com di-versas instituições de ensino superior e com o apoio da Fundação Para a Ciên-cia e Tecnologia, Manuel Heitor desejou ainda a continuidade de actividades de in-vestigação e de produção de conteúdos que «estimulem a participação em associação».Também Rodrigo Costa, presidente do Conselho Executivo da ZoN, não poupou elogios à qualidade dos trabalhos candidatos. «Uma das coisas que mais gosto e me dá prazer é encontrar valores que até então eram des-

ZON CRIATIVIDADE. CERIMÓNIA DE ENTREGA DOS PRéMIOS DECORREU NO MUSEU DO ORIENTE A 27 DE JANEIRO

PUBLIrePortagem

11[31 Jan 2011]

Já na sua 3.º edição, o Prémio Criatividade Zon distinguiu os melhores ProJeCtos na área da animação, Curtas-metragens e aPliCações multimédia. Foram CerCa de 200 os trabalhos Candidatos, mas o grande venCedor é o videoJogo “under siege”, da emPresa seed studio. o ProJeCto é o Primeiro Jogo Português a integrar o PortFólio da Playstation 3.

PUBLICIDaDePUBLICIDADEZon premeia jogo nacional inédito

Na cerimónia de entrega de prémios, o Secretário

de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior,

Manuel Heitor, dirigiu palavras de incentivo a todos

os jovens que querem trabalhar na área multimédia

A empresa Seed Studio é a grande vencedora desta edição do Prémio ZON Criatividade em Multimédia

Rodrigo Costa, presidente do Conselho

Executivo da ZON, reafirmou a qualidade

internacional dos projectos apresentados

jo Prémio Zon

Tendo sido lançada em Abril de 2008, a iniciativa recebeu, este ano, quase 200 inscrições. o objecti-vo é promover a inovação e premiar a excelência, contribuindo para o desenvolvimento das indústrias multimédia e audiovisual em Portugal. A ZoN visa ainda distinguir trabalhos que reflictam os valores da empresa, nomeadamente, agilidade, inovação, competência, proximidade e diversidade. As edi-ções anteriores do Prémio representaram um forte estímulo à produção de conteúdos com grande qua-lidade e constituíram um contributo ímpar na des-coberta e divulgação de novos talentos. Nuno Rocha foi um deles. Com a curta-metragem “3x3” alcan-çou o Grande Prémio em 2008, tendo ganho, além do Grande Prémio, a oportunidade de lançar a sua carreira. A sua curta-metragem foi ainda exibida, em conjunto com o oscarizado “Quem quer ser Bilio-nário”, nas salas de cinema portuguesas, tendo sido visto por mais de 150 mil espectadores. Em 2009 a Universidade Lusófona foi a grande vencedora, com seis trabalhos na lista de finalistas e alcançando o Grande Prémio com a curta “Romeu e Julieta – o Musical”. Todos os trabalhos finalistas na categoria curtas-metragens podem ser visualizados no ZoN Videoclube.

conhecidos», observou. «Ver tanta qualidade nas diversas categorias deste prémio é muito bom. São todos projectos de grande qualidade internacional. E nós temos o compro-misso de continuar a divulgar estas obras.»

Portugueses na vanguarda“Under Siege” – vencedor na categoria Conteúdos e Aplica-ções Multimédia – é o primeiro videojogo nacional a inte-grar o portfólio da PlayStation e o único, a nível mundial, de estratégia em tempo real. Ainda na categoria Conteúdos e Aplicações Multimédia o segundo lugar foi para “Beam Browser”, a primeira ferramenta multi-toque desenhada especificamente para utilização regular em televisão em Portugal. O terceiro classificado foi o jogo “Billabong Surf Trip”, uma parceria com a marca australiana Billabong, publicado em 90 App Stores da Apple em todo o mundo.

mais venCedoresNa Categoria Animação Digital, o primeiro lugar

coube a “Daydream Chronicles”, série de ani-mação infantil produzida pela Gameinvest. No segundo e terceiro lugares foram distin-guidas as obras “Foxy & Meg” e “Dream Factory”. Por sua vez, na categoria Curtas-metra-gens foi distinguido o estreante Pedro Resende, que alcança o primeiro lugar com o trabalho “Maybe”, rodado em Austin,

Texas, e baseado em factos reais. “Quando os Monstros se vão embora” de Bernardo Gra-

maxo, para a Universidade Lusófona e “Tejo”, de dois jovens amadores, receberam respectiva-

mente o segundo e terceiro lugares. Alguns dos trabalhos finalistas serão ainda submetidos ao IAPMEI para avaliação e eventual financiamento.

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[31 JAN 2011]

Aquilo que reparamos é que, quando tocamos ao vivo, a certa altura as pessoas reco-nhecem uma ou outra música que não associavam a Caim e muitas vezes até pensavam que eram de bandas estran-geiras.

Por falar em concertos, consideram-se uma banda de palco?Sem dúvida nenhuma! Não somos o tipo de banda que reproduz ao vivo fielmen-te aquilo que está no disco. Deixamos muito espaço para improviso. Enquanto espec-tadores, gostamos de ver um concerto, queremos ver o que de diferente as bandas conse-guem fazer em palco. Se for apenas a réplica fiel daquilo que está no disco, ficamos um pouco desiludidos. E é isso que também oferecemos a quem vai assistir a um con-certo nosso.

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LONG WAY TO ALASCA EASTRIVER Há muito que prometiam um bom longa duração, e cumpriram! Os mais atentos já estavam familiarizados com a folk límpida do quarteto bra-carense. Agora, com o disco no mercado, os Long Way To Alaska saltam de uma promis-sora banda, para um dos mais criativos grupos nacionais.

THE GLOCKENWISE BUILDING WAVES Há um nicho de punk rock a fervilhar pelas ruas de Barce-los. Nessa ebulição cozeram-se os The Glockenwise. “Building Waves” é um energético registo, capaz de despertar emoções e de propocionar bons concertos à banda, à imagem do que se passou no ano passado no Festival Milhões de Festa.

WHITE LIES RITUAL Os White Lies apareceram há um par de anos e entraram tarde e desfasados da nova corrente pós-punk. Neste segundo álbum, “Ritual”, a banda procura uma evolu-ção, arrumando de parte as guitarras e dando mais tempo aos teclados. Deste somatório surge uma espécie de new rave em banho-maria, que não aquece, nem arrefece.

PEARL JAM LIVE ON TEN LEGS Esgotada a hegemonia do grunge dos anos 90, os Pearl Jam insistem em revisitar o passado para se confirmarem como uma banda de culto. Mas o resultado é que surgem como um banda que em palco cumpre calendário e que nos discos dá tiros nos pés. Este úl-timo, “Live on Ten Legs” num formato ao vivo, é meramente um objecto mórbido para coleccionadores.

Emanuel [email protected]

Como definirias a sonorida-de dos Caim a quem não vos conhece?Tenho dificuldade em definir a nossa sonoridade, porque há influência de muitos es-tilos musicais. Se ouvirem o álbum vão perceber isso. De qualquer maneira, se fos-se obrigado a utilizar apenas um rótulo, diria rock. No fun-do é o rock que acaba por ligar todas as nossas influên-cias.

No primeiro disco a mistura de vários estilos musicais era maior.Em certas músicas desse dis-co havia alguma salgalhada. Fomos evoluindo e hoje sabe-mos concentrar um pouco mais as coisas. Este disco está mais coeso.

Isso leva-nos ao título do disco: “Work in Progress”.O título tem a ver com a for-ma como o álbum foi desen-volvido. Começamos sempre a compor as músicas em

ENTREVISTA. CAIM APRESENTAM O NOVO ÁLBUM NO INÍCIO DE FEVEREIRO

Rock em progressoDepois De um primeiro Disco oNDe misturAvAm vários estilos, os cAim regressAm com “Work iN progress” um DiscomAis rock, mAs sem perDer A coNtAmiNAção De outrAs soNoriDADes. o mu esteve à coNversA com BruNo loBo, guitArristA, que Nos fAlou Do processo De criAção Do Disco e DA DificulDADe que umA BANDA eNcoNtrA pArA o eDitAr. o álBum será ApreseNtADo Ao vivo No DiA 5 De fevereiro NAs fNAcs De AlfrAgiDe e AlmADA.

» TRIBUTO A BOB MARLEYO pretexto é a celebração do aniversário de Bob Marley e a festa acontece a 5 de Fevereiro, no Teatro Sá da bandeira, no Porto. Haverá três bandas ao vivo – Que-en Omega, Mo’Kalamity and The Wizards e ainda Uprising, com Freddy Locks, Ja-nelo da Costa (Kussondulola), Jahlu (One Love Family), Marrokan e Dubi (Sativa) – e vários soundsystem pela noite dentro. Para prestar homenagem ao maior ícone

do reggae está ainda prevista a presença de Amlak Tafari,

dos Steel Pulse. Este evento apoia a ADDHU - Associação de Defesa dos Direitos

Humanos, sendo que parte das receitas rever tem a favor desta ONG para prestar ajuda a crianças em África.

» MOONSPELL NO RIVOLIUma proposta sombria para contrariar o rosa típico do dia 14 de Fevereiro: os Moonspell preparam um espectáculo especial que será apresentado no Teatro Rivoli, no Porto. O concerto terá a participação de Sónia

Tavares dos The Gift – que colabora pela primeira vez com os Moonspell. «Decidi fazer aquilo que os namora-dos fazem, que é convidar a minha namorada para sair. Neste caso, para vir cantar comigo», esclarece o vocalis-ta, Fernando Ribeiro. A primeira parte será assegurada pelos Opus Diabolicum.

» a não peRdeR

» ANAqUIM NO S. JORGE No dia 10 de Fevereiro, o projecto coimbrense leva “As Vidas dos Outros” – a propósito da reedição aumentada do álbum – ao Cinema S. Jorge, em Lisboa. Estão prometidas surpresas, confirma José Rebola, líder

do grupo: «Este concerto é uma maneira de reafirmar-mos o nosso disco, teremos alguns temas com novos arranjos, e haverá alguns convidados, claro. Mas ainda não posso divulgar tudo...» Para já, sabemos que vamos poder contar com muita energia e bom humor. Espreita o canal do YouTube dos Anaquim para saber quem é que vai e quem é que não vai ao S. Jorge.

caim

anaquimmoonspell ©RuiVasco

conjunto, durante os ensaios, e nunca as definimos muito. Depois em estúdio é que de-finimos o que cada músico faz. Muitas vezes, a músi-ca já está quase terminada e ainda queremos fazer mais alterações. O processo de gravação foi longo, devido a várias contingências: o tem-po disponível, o dinheiro, os empregos de cada um (só dois de nós é que fazem da música profissão), etc…

Planeavam lançar o disco em 2009, mas só o fizeram no final de 2010. A que se deveu esse atraso? Decidimos gravar uma música de cada vez, ao invés de gra-var todas aos poucos. Isso permitia-nos enviar a música acabada para as rádios, um pouco em jeito de ‘teaser’. Queríamos dar a conhecer o disco que estávamos a gravar e gerar alguma

expectativa. As gravações atrasaram devido às tais contingências que falei. O single acabou por rodar nas rádios um ano antes do álbum sair.

O que vos levou a fazer uma edição de autor? Foi uma decisão vossa, ou existe falta de vontade das edi-toras em apostar em novas bandas?Foi uma mistura das duas coisas. Apesar de tudo, con-tinua a ser mais vantajoso ter o apoio de uma editora, porque estas têm uma força de marketing que nós não temos. Andámos a ligar e a chatear as editoras e só uma chegou a ouvir a nossa músi-ca. Todas se desculpam com os tempos difíceis para jus-tificar a falta de aposta em novas bandas.

Nunca acharam que o facto de cantarem em inglês fosse um problema?Tenho a certeza que se as nossas letras fossem em por-tuguês seríamos mais conhe-cidos do que na realidade so-mos. Existem vários factores para cantarmos em inglês. O Duarte [vocalista], que escre-ve a maioria das letras, sente- -se mais à vontade a escrever em inglês. Essa é a razão prin-cipal, mas também não acre-ditamos que seja possível sair do nosso país cantando rock em português. E nós ainda não queremos abdicar do so-nho da internacionalização.

O facto de terem quatro mú-sicas vossas na série “Mo-rangos com Açúcar” da TVI ajudou na vossa promoção?Não sei dizer. Ajuda um pouco, mas não tanto como nós esperaríamos ao início.

José Frazão [email protected]

Ganhaentradas

com o MU em

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Page 13: Mundo Universitário - Edição 177

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DESTAQUE

EnTrEviSTA

O MU descobriu que estiveste recentemente em Moçambique. Podemos saber o que foste lá fazer? Ou enganaste-te simplesmente no avião? Olha que cuscos!! Mas vá! Criei o hábito de fugir para o calor quando por cá faz frio. Serve para agarrar um bronze invejável e ganhar o sorriso que o Inverno nos consegue tirar. Passei 16 dias a viajar por Moçambique e África do Sul. Mais que umas férias de descanso foram as experiências vividas que me marcaram. Mergulhei com tubarões-baleia, fiz snorkling, grandes passeios de moto 4, visitei ilhas praticamente inabitadas, banhei-me em água a 30º e terminei com um enorme passeio pelo Kruger Park e a busca dos Big 5 (leão, rinoceronte, elefante, búfalo e leopardo ). Aliás, cada vez mais faço férias para a natureza e menos para cidades e grandes capitais.

Esta edição do MU tem como tema central as formas que alguns estudantes encontram para combater a crise. Tu és uma pessoa poupadinha? Ando fanático! Confesso que nunca me preocupei muito até porque não sou de grandes gastos, mas este clima de crise e afins tornou-me obcecado. Hoje penso dez vezes antes de fazer qualquer gasto e até mesmo em casa a poupança energética tornou-se uma fixação. Desde que as Mega Manhãs fizeram a edição Pop’s do Mr. Boombastic, com perguntas “verdes”, que ganhei consciência dos gastos desnecessários que fazemos em casa, muitas vezes apenas por comodismo. Nunca mais deixei um carregador de telemó-vel na tomada, a televisão no stand by ou o computador portátil ligado. Se o segredo de uma economia caseira saudável é a redução dos custos fixos, vamos lá trabalhar para isso! E volto a repetir – ando fanático!

Quando viajas és mais do género mochila às costas e sandes de atum na mão ou, pelo contrário, levas dois trolleys (mais um para os sapatos), e és adepto incondicional do room service? Nas férias sou absolutamente relaxado e muito feliz de calções e chinelos. Faço o meu caminho tranquilamente de mochila e sandes de atum, dis-penso o room service e a maioria dos luxos… mas não me peças para acampar! Aliás, é tanta a minha fixação que até já escrevi aqui no MU uma crónica sobre isso mesmo. É curioso que, nos primeiros dias de férias, até as mais simples coisas são feitas em stress, ou pelo menos feitas a correr. «Vá lá pessoal! Despachem-se! Temos de ir para a praia!» Dias depois já tudo se faz na paz dos anjos, com a maior calma possível e já ninguém se importa de esperar por ninguém! No fundo, as férias são pequenos exemplos de como deveria ser a vida – com calma e em estado zen!

Os sOrrisOs nãO TêM PrEçO!

André henriquesAnimador Mega hits – 07h às 10h

Dá-nos alguns exemplos de ideias para um estudante combater a crise. ideias legais, claro está!Bem, pode começar por levar almoço de casa e poupar uns tro-cos. Se bem que não é propriamente bem visto... Nos tempos que correm “bem visto” é chegar ao fim do mês com saldo positivo na conta. Pode também optar pela biblioteca ao invés de comprar a bibliografia completa. Pedir à mãe que tire as fotocópias no emprego também é uma boa ideia e deixar o carro à porta de casa ainda melhor.

A Mega Hits é exímia no que toca a espantar os fantasmas da crise. O que é que andam a preparar para breve para animar o pessoal? Podemos saber mais pormenores? A Mega Hits vive este drama da crise, mas sempre com um pen-samento positivo e construtivo. Não nos queixamos e fazemos de tudo para que haja boa energia no que ouves diariamente. Depois acabamos por proporcionar tudo a custo ZERO. Sejam antestreias de cinema, festas académicas, entradas em disco-tecas e até levamos o Diego Miranda para dentro da tua casa. Além de tudo isto, 365 dias por ano, 7 dias por semana e 24 horas por dia temos os melhores Hits absolutamente de borla e provocamos sorrisos. E esses não têm preço!

LiSBOA 92.4

POrTO 90.6

COiMBrA 90.0

SinTrA 88.0

AvEirO 105.6

BrAGA 92.9

WWW.MEGA.FM

Page 14: Mundo Universitário - Edição 177

precisos e, como a pontuação soma cada vez mais rápido quanto mais se acelera, há um forte incentivo para arriscar. E é aqui que faz toda a diferença o jogo estar no Facebook. A tabela de pontuação dos nossos amigos que já jogaram é visível assim que se inicia o jogo, e com um par de cliques podemos desafiá-los para comparar pontuações. Os jogos de Facebook enten- dem que é com os nossos amigos e conhecidos que que- remos ser comparados, com quem sentimos afinidade com-petitiva. Dez minutos livres em frente ao computador? Joga uma rodada e desafia os teus amigos. Em breve vais estar a assobiar ao ritmo de pop pirosa.

No seguimento do artigo da última edição, exploremos o outro lado dos videojogos, aquele que se consegue descobrir através do mais modesto computador, onde o preço vai de barato a grátis.Falemos, então, de Robot Unicorn Attack. O jogo flash, posteriormente lançado no Facebook, em que um uni-córnio se vê lançado numa corrida interminável da es-querda para a direita, por entre cenários pintados de cor- -de-rosa sacarino, apimentados com arco-íris, fadas, golfinhos e estrelas. A velocidade está sempre a aumentar, as únicas

LittleBigPlanet2 vai buscar inspiração ao mundo da arte, com cenários e referências tão diversas como as invenções de Leonardo da Vinci ou a época vitoriana. Algumas das novidades desta nova edição do jogo

– que se assume como uma plataforma de jogos – são, por exemplo, a possibilidade de persona-

lizar níveis e personagens, criar novos jogos e conceber uma série de engenhocas e funcionalidades tais como concursos, vídeos musicais ou captar cenas para

realizar pequenos filmes. A versão por-tuguesa de LittleBigPlanet2 conta com

a voz de Nuno Markl para animar ainda mais a tua performance.

O MU esteve no lançamento do jogo e percebeu que, para Nuno Markl, esta foi uma experiência bastante fofinha e que a grande

dificuldade foi «não abandalhar» o projecto. O humorista, que já tinha emprestado a

voz na primeira edição, confessou-se abismado pelos pormenores esté-ticos do jogo. «Continuo fascinado

com a possibilidade de se criar bone-cos de serapilheira e de outros materiais que parecem mesmo verdadeiros!»

» 5.ª Dimensão

Em 3D e sem óculos Um jogável mundo novo

O CinemA perdeU O exClUsivO dO 3d. A nintendO ApresentOU A sUA nOvA COnsOlA pOrtátil 3ds, qUe ChegA A pOrtUgAl A 25 de mArçO e tem O COndãO de nOs pôr A ver A três dimensões, sem preCisArmOs de óCUlOs espeCiAis (qUem já Os UtilizA deve mAntê-lOs COlOCAdOs).

O adorável Sackboy está de volta. A Sony Computer Entertainment anunciou recen-temente o lançamento de LittleBigPlanet2 para PSP3, com novas potencialidades e cenários que te vão deixar de queixo caído.

ROBOT UNICORN ATTACK. NãO lIgUes AO AR UlTRA-fOfINhO: há AqUI mAIs dO qUe TU peNsAs

ANTeCIpAÇãO. NOvA NINTeNdO 3ds

Acção cor-de-rosa no FacebookesCrevO istO pOUCO depOis de A nintendO AnUnCiAr qUe A sUA pOrtátil 3d, A 3ds, será lAnçAdA em mArçO. O sensO COmUm diriA qUe é sObre issO qUe se deveriA FAlAr nA COlUnA, mAs será mesmO? nOs diAs de hOje, será mesmO UmA COnsOlA pOrtátil COm Um CUstO sUperiOr A 200 eUrOs UmA priOridAde pArA O típiCO estUdAnte UniversitáriO? eU sei qUe pArA mim nãO seriA. pOr issO, nãO negUes à pArtidA Um UniCórniO qUe desCOnheCes.

Luís Magalhã[email protected]

João Tomé[email protected]

Laura [email protected]

coisas que podemos fazer é saltar ou acelerar, e qualquer colisão é fatal.

O inevitável poder do pirosoO ridículo de tudo isto faz parte da atracção inicial, claro, ainda mais quando tudo de-corre ao som de uma música pop romântica dos anos 80, em loop constante. O jogo tenta ser o mais piroso pos-sível, e consegue fazê-lo ao ponto de se tornar uma co-média. Mas por trás deste véu de patetice está um jogo viciante e bem construído. Os obstáculos são sempre alea-tórios, pelo que há sempre esperança de chegarmos um pouco mais longe na próxima jogada; os movimentos são

Robot Unicorn Attack

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A primeira consola sem óculosCusta 250 euros e o que mais surpreende é o facto de oferecer 3d “ao natural”. já testámos a 3ds numa breve passagem que ela teve por Portugal e podemos dizer que o sistema funciona – “sente-se” a profundidade dos objectos e personagens. Existe um botão que regula a intensidade das três dimensões (pode-se optar por tirar o efeito) e, apesar de o monitor não ser tão grande quanto o da playstation Portable, transmite uma experiência única. Além do ecrã principal, existe outro que é táctil e inclui menus e comandos.

do futebol ao terrorA empresa nipónica disponibiliza no lançamento, entre outros, alguns pesos pesados dos jogos: pro evolution soccer 2011 3d (desenhado especificamente), super street Fighter 3d

e resident evil: revelations. em junho chegam 25 jogos exclusivos para a 3ds, que será compatível com os títulos mais antigos. graças ao sensor de movimento e a um giroscópio integrado será possível usar o nosso movimento em alguns jogos.

Tirar fotos em 3dOutra das características únicas da nintendo 3ds é tirar fotos 3d. Como é que é possível? Com duas câmaras na parte de trás da consola. O efeito é curioso. também existe uma câmara frontal. A 3ds vem com funcionalidades que existem acesso a pontos Wi-Fi e, por isso, a nintendo vai-se juntar à tmn para disponibilizar um serviço especial. A aplicação streetpass, que permite trocar informações entre duas consolas automaticamente, é exemplo disso.

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[31 JAN 2011]

Pressão & concorrência A concorrência chega sob a forma de Lily (Mila Kunis, da série “That 70’s Show”), uma bailarina nova, sen-sual, rebelde e misteriosa, com todas as característi-cas para ser um óptimo Cis-ne Negro. É perante a pres-são agonizante que Nina vai ter de questionar toda a sua maneira de pensar e agir, de forma a encontrar o seu lado negro. A excelente realização de Aronofsky leva-nos neste thriller psicológico para caminhos pouco habituais no cinema, com a ajuda de uma incrível Natalie Port-man, em plena transfor-mação.

João Tomé[email protected]

O bailado pode não ser uma arte para o gosto de todos. Mas uma boa história pode acontecer com qualquer pessoa, em qualquer actividade ou profissão. “Cisne Negro” é daqueles filmes que mis-tura ingredientes como uma refeição deliciosa que fica na memória. Não é por acaso que tem cinco nomeações para um “pe-queno” evento a que mui-tos chamam Óscares. Está nomeado para algu-mas das categorias mais importantes: Melhor Fil-me, Melhor Realizador e Melhor Actriz. O filme de Darren Aronofsky, que já nos tinha trazido a pérola que reanimou a carreira de Mickey Rourke, “The Wrestler”, segue a viagem entusiasmante de entrar na mente de uma bailari-na com a missão de uma vida.

Uma viagem interior Acompanhamos a dedica-da e frágil Nina, uma bai-larina do Bailado de Nova Iorque que tem a oportu-nidade que tanto aguar-dava. É a escolhida para substituir a problemática e veterana Beth (Winona Ryder) no papel de Rai-nha Cisne, no clássico “O Lago dos Cisnes”. A deci-são do director artístico Thomas Leroy (um papel à imagem do francês Vincent Cas-sel) não agrada à es-trela da companhia e a pressão sobre Nina começa. Esta jovem actriz que vive com uma mãe ex-cessivamente protec-tora (Barbara Hershey), uma bailarina fracassa-da, terá de lidar com as invejas e a pressão du-rante os ensaios. É que a sua inocência e graça perfeitas para interpre-tar o papel de Cisne Bran-co não chegam, já que lhe vai faltando a rebeldia e sensualidade enquanto Cisne Negro. 15

estreia Da semana. cisne negro, Forte canDiDato a cinco Óscares

O lado negro de PortmanChAmA-se NAtAlie PortmAN, é umA dAs ACtrizes mAis geNiAis dA NovA gerAção e tem um dos mAiores desAfios dA CArreirA Neste “CisNe Negro”, em que ProCurA o lAdo Negro e AterrAdor que há em si. um thriller PsiCológiCo iNCrível que está NomeAdo PArA os ósCAres.

ESTREIA A 3 DE FEVEREIRO

the green hornetEm “The Green Hornet” não faltam tantas enge-nhocas como em “James Bond”, tanta acção citadina quanto vimos em “Bat-man” e tantas piadas como em “Homem de Ferro”. Realizado pelo imaginativo Michel Gondry, que nos trouxe “O Despertar da Mente” e “A Ciência dos Sonhos”, esta é a história de um vigilante masca-rado – personagem criada em 1936 para a rádio. Desde então passou por BD e várias séries de televisão. Agora surge o filme que foi escrito pelo protagonista, Seth Rogen. Acompanha-mos o multimilionário Britt Reid, um jovem playboy que vive às custas do pai. Quando o progenitor morre, Britt decide mudar de vida. Depois de uma aventura no cemitério, con-vence o assistente do pai, Kato (Jay Cho), que ambos se deviam tornar vigilantes contra o crime. Acção, comédia e uma Cameron Diaz sensual não faltam.

BlUe valentine Foi dado a conhecer pela primeira vez ao mundo no Festival de Sundance. Desde então, tornou-se num fenómeno e as boas interpretações valeram a Michelle Williams uma nomeação nos Óscares para Melhor Actriz. Escrito e realizado por Derek Cianfrance, este drama romântico retrata um casal em diferentes partes da sua vida, desde que se apaixonam até à dissolu-ção do casamento.O cenário é Nova Iorque. Dean (Ryan Gosling) trabalha numa empresa de mudanças e Cindy (Williams) é uma estudante de medicina a viver com os pais na Pennsylvania, que se apaixona à primeira vista numa viagem à “Big Apple”. A paixão dos dois torna-se em casamento quando Cindy descobre que está grávida de um ex--namorado. Entre o amor e a dureza das circunstân-cias, este é um drama de emoções extremas.

oUtras estreias

Breves Dos Óscares

27 De Fevereiro é a data em que se

realizam os Óscares este ano, um domingo.

James Franco e anne hathaway

vão apresentar a ceri-mónia pela primeira vez e Franco está nomeado para Melhor Actor, pelo

filme “127 Horas”.

12 nomeações foi quanto conseguiu “O Discurso do Rei”,

uma surpresa quando o favorito era o filme

sobre o criador do Facebook, “A Rede Social”

(teve oito nomeações).

“toy story 3” foi a primeira animação desde “A Bela e o Mons-tro” (1991) a entrar na

corrida de Melhor Filme.

cisne negroRealizador: Darren AronofskyCom: Natalie Portman, Vincent Cassel, Mila Kunis, Barbara Hershey, Winona RyderGénero: ThrillerEUA, 2010; 107 minutos

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