mulheres refugiadas: um estudo sobre sua...

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1 MULHERES REFUGIADAS: UM ESTUDO SOBRE SUA INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO PAULISTANO Marisa Andrade 1 RESUMO: Esta comunicação resulta de pesquisa realizada sobre a inserção de mulheres refugiadas no mercado de trabalho paulistano. O estudo objetivou analisar essa inserção, considerando o reflexo desta nas condições de vida e sobrevivência dessas mulheres, isto é, nas suas condições de vida real. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, apoiada em pesquisa bibliográfica e documental, além da pesquisa de campo realizada na cidade de São Paulo. Utilizaram-se como técnicas um questionário e entrevistas aprofundadas, aplicadas aos partícipes da pesquisa. Inicialmente, fez-se contato com as organizações que atuam com este público, procedeu-se a um levantamento do universo de refugiadas residentes em São Paulo e um mapeamento de sua localização. Esses procedimentos permitiram captar a realidade vivenciada pelas refugiadas, identificando-se as discriminações e preconceitos a que são vítimas cotidianamente. Em relação ao mercado de trabalho, concluiu-se que a inserção se dá na área de serviços, é temporária, precarizada, marginal, instável e volátil nesses chamados “tempos pós- modernos” de globalização. PALAVRAS-CHAVE: Mulheres refugiadas; Mercado de trabalho; Inserção formal e informal; Condições de vida. INTRODUÇÃO A discussão sobre refúgio no Brasil é um tema antigo, tratado nos meios jurídicos, visto que o país é signatário da Convenção dos Refugiados de 1951 desde o ano de 1960, embora nesse início a concessão tenha ocorrido com restrições, como assinala Almeida: “[...] o Brasil só aceitava receber em seu território pessoas provenientes do continente europeu, portanto mediante reserva geográfica” (ALMEIDA, 2001, p. 115). Segundo este autor a Convenção não foi acatada plenamente, pois também houve restrições relacionadas aos artigos 15 e 17 da Convenção, que se referiam ao associativismo e ao exercício da atividade profissional assalariada. Nesse período, portanto, o Brasil negou ao refugiado qualquer tipo de associativismo, assim como impossibilitou o seu acesso ao mercado de trabalho, contradizendo as recomendações da Convenção. A intenção declarada com tais medidas foi a de proteger o mercado de trabalho interno contra possíveis ameaças à sua soberania. 1 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); E-mail: [email protected].

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MULHERES REFUGIADAS: UM ESTUDO SOBRE SUA INSERÇÃO NO

MERCADO DE TRABALHO PAULISTANO

Marisa Andrade1

RESUMO: Esta comunicação resulta de pesquisa realizada sobre a inserção de mulheres refugiadas no

mercado de trabalho paulistano. O estudo objetivou analisar essa inserção, considerando o reflexo desta nas

condições de vida e sobrevivência dessas mulheres, isto é, nas suas condições de vida real. Trata-se de uma

pesquisa qualitativa, apoiada em pesquisa bibliográfica e documental, além da pesquisa de campo realizada na

cidade de São Paulo. Utilizaram-se como técnicas um questionário e entrevistas aprofundadas, aplicadas aos

partícipes da pesquisa. Inicialmente, fez-se contato com as organizações que atuam com este público,

procedeu-se a um levantamento do universo de refugiadas residentes em São Paulo e um mapeamento de sua

localização. Esses procedimentos permitiram captar a realidade vivenciada pelas refugiadas, identificando-se

as discriminações e preconceitos a que são vítimas cotidianamente. Em relação ao mercado de trabalho,

concluiu-se que a inserção se dá na área de serviços, é temporária, precarizada, marginal, instável e volátil

nesses chamados “tempos pós-modernos” de globalização.

PALAVRAS-CHAVE: Mulheres refugiadas; Mercado de trabalho; Inserção formal e informal;

Condições de vida.

INTRODUÇÃO

A discussão sobre refúgio no Brasil é um tema antigo, tratado nos meios jurídicos,

visto que o país é signatário da Convenção dos Refugiados de 1951 desde o ano de 1960,

embora nesse início a concessão tenha ocorrido com restrições, como assinala Almeida: “[...]

o Brasil só aceitava receber em seu território pessoas provenientes do continente europeu,

portanto mediante reserva geográfica” (ALMEIDA, 2001, p. 115). Segundo este autor a

Convenção não foi acatada plenamente, pois também houve restrições relacionadas aos

artigos 15 e 17 da Convenção, que se referiam ao associativismo e ao exercício da atividade

profissional assalariada.

Nesse período, portanto, o Brasil negou ao refugiado qualquer tipo de associativismo,

assim como impossibilitou o seu acesso ao mercado de trabalho, contradizendo as

recomendações da Convenção. A intenção declarada com tais medidas foi a de proteger o

mercado de trabalho interno contra possíveis ameaças à sua soberania.

1 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); E-mail: [email protected].

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Naquela ocasião o País não estava preocupado com a situação dos refugiados, mas

interessado em manter a aparência frente aos países estrangeiros desenvolvidos, os quais já

acatavam a Convenção em sua totalidade. A ratificação da Convenção pelo Brasil ocorreu em

função de interesses políticos e econômicos no cenário internacional, daí seu explícito

interesse pelos europeus, porém, mesmo aos europeus foram feitas poucas concessões, na

verdade o Brasil mantinha-se em uma espécie de redoma, fechado em relação aos direitos

concedidos aos estrangeiros.

Segundo Moreira (2006) o discurso brasileiro de recepção dos refugiados esbarrou na

política interna de crescimento econômico, o posicionamento do governo brasileiro ocorreu

de forma contraditória em relação à acolhida dos refugiados.

Se, de um lado, demonstrou-se um país comprometido com essa problemática (razão pela

qual foi escolhido para fazer parte do Comitê Consultivo do ACNUR e tornou-se membro

do Comitê Executivo do mesmo organismo internacional), por outro lado deixou de

acolher grande contingente de refugiados latino- americanos durante as décadas de 1970

a 1980, período que se constatou sistemáticos conflitos armados na região. (MOREIRA,

2006, p. 71).

Contudo, só no final de 1990 o Brasil por meio do Estado inicia sua atuação com os

refugiados, após pressão de diversas organizações da sociedade civil, mormente algumas

instituições ligadas à igreja católica que perceberam o aumento desse fluxo de pessoas e que

por falta de apoio das autoridades governamentais brasileira, viviam em condições

subumanas, sem quaisquer direito resguardados, dependendo apenas das benesses da igreja,

em especial da igreja Católica.

No entanto, sendo o Brasil um país de grandes contradições, não foi diferente com a

questão do refúgio. Em 1997 o Brasil assumiu a proteção aos direitos dos refugiados com a

aprovação da Lei nº. 9.4742, instituindo-se este ato como um marco histórico em relação

aos direitos dos refugi ados, o qual propiciou ao Brasil o título de pioneiro e líder na proteção

internacional dos refugiados. Assim o Brasil passou a se constituir como o primeiro país do

Cone Sul a ratificar a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951.

2 Esta lei representou um grande avanço na questão do refúgio, pois normatizou e regulamentou a concessão

do refúgio no Brasil.

3

Esse breve histórico sobre os direitos dos refugiados no Brasil permite compreender a

importância dessa discussão na atualidade, uma vez que os direitos adquiridos remetem ao

imperativo da criação de políticas públicas que atendam às necessidades mais emergentes

desses sujeitos: sua inserção no mercado de trabalho.

Este, portanto, é o foco central da pesquisa realizada, que discutiu a inserção de

mulheres refugiadas no mercado de trabalho, especificamente na cidade de São Paulo, em um

contexto de constantes perdas de direitos trabalhistas, como o vivenciado no país, que após

décadas de lutas operárias, por meio do Estado, retira - lhes os direitos adquiridos, como

apontado na discussão a seguir.

FLEXIBILIZAÇÃO PRODUTIVA E PRECARIZAÇÃO DO MERCADO DE

TRABALHO

O mundo assiste nessas últimas décadas profundas mudanças no contexto social,

econômico, político e cultural. Globalização, neoliberalismo, crise dos Estados, reestruturação

e flexibilização produtiva, crise dos mercados, além de outras transformações que impuseram

novas atitudes de dominação por parte do sistema capitalista, que promove novas formas de

exclusões e de colonizações por meio da exploração e do endividamento das nações. Por

conseguinte, a satisfação dos direitos humanos fundamentais cede lugar a estratégias de

espoliação e opressão, que camufladas em planos de ajuda, de auxílio, submetem populações

inteiras a condições de extrema precariedade, de miséria, de pobreza absoluta.

A atual crise capitalista se reflete e é refletida nas condições de trabalho vivenciadas

pela sociedade, caracterizada pelas recentes formas de precarização do trabalho informal, tais

como o trabalho autônomo, a domicílio, sem contrato ou por tempo determinado, utilizados

para o rebaixamento de custos empresariais. Essas chamadas “novas formas” de configuração

do trabalho, pautadas no rebaixamento de custos e precarização do trabalho por meio do

emprego autônomo e nos empreendimentos autogestionários, são apresentadas pelo sistema

como alternativas viáveis de geração de emprego e renda.

Esse cenário político, econômico e social, provocado pela crise atual, gerou altos

níveis de desemprego e a chamada flexibilização do mercado de trabalho incorporou no setor

informal bolsões de trabalhadores excluídos do setor formal, em condições precárias de renda

4

e sem direitos trabalhistas, tendo-se como consequência a expansão do trabalho precarizado,

parcial, temporário, terceirizado, informalizado, etc.

Segundo Druck (2013), o caráter dessa precarização apoia-se na institucionalização do

processo de flexibilização e precarização moderna do trabalho no contexto econômico, social

e político globalizado, haja vista a necessidade de adaptação do capital aos novos tempos.

Nesse contexto, o trabalhador passa a aceitar qualquer condição de inserção e, ao mesmo

tempo, qualquer salário é aceitável. A precarização do trabalho regula a servidão e a reprodução do

sistema, criando grandes bolsões de trabalhadores sobrantes, descartáveis, capazes de servirem à

reprodução do capital pela redução do valor do trabalhador e da remuneração da força de trabalho

em amplitude global, pela retração salarial dos que se encontram empregados.

O neoliberalismo vigente, ao reconfigurar e ampliar a precarização social do trabalho, eleva

os níveis de desemprego, permitindo o deslocamento do trabalho do núcleo central que ele ocupa

nas relações societárias para as margens da realidade social, esvaziando-o de essencialidade. Nesse

processo, grassam discursos ideológicos representativos de perda da centralidade do trabalho sob

uma conjuntura na qual “[...] milhões de pessoas são condenadas à condição de supérfluos, de

descartáveis pelo sistema global do capital em escala mundial” (ANTUNES, 2004, p. 08).

Agregado a essas questões tem-se a precarização das relações de trabalho, a perda de

postos e a exigência de polivalência da atuação do trabalhador, além da cobrança por novas

competências quanto ao domínio das inovações tecnológicas, decorrentes dos processos de

reestruturação produtivas, que requerem diferenciadas capacitações na atividade laborativa.

Diante dessas novas exigências, tem-se a ampliação e o agravamento, como supracitado, do

quadro de doenças e riscos de acidentes nos espaços sociais e ocupacionais.

Os ajustamentos à nova economia global, particularmente em países

subdesenvolvimento como o Brasil, ocasionaram as modificações ocorridas no mundo do

trabalho e a flexibilização do trabalho, deteriorando ainda mais as condições sociais e de vida

do trabalhador. Como consequência tem-se o desmantelamento das políticas sociais, dos

serviços públicos, das proteções aos direitos trabalhistas e a expansão, sem precedentes, de

trabalhadores em condições precárias de trabalho.

Nesse contexto, o sistema global do capitalismo, em sua face neoliberal, exclui e inclui

trabalhadores segundo seus interesses, dilapidando direitos e racionalizando os sistemas

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produtivos pelas políticas de subcontratações que precarizam laços empregatícios e

flexibilizam o uso da força de trabalho.

Segundo Mészáros (2006), o maior problema acerca da precarização do trabalho

incide na desregulamentação dos direitos trabalhistas, cuja política neoliberal decorrente tem

se apresentado na realidade concreta como prática autoritária e é regulamentada por uma

legislação antitrabalho. Essa desregulamentação, ao mesmo tempo em que fragiliza a proteção

social do trabalhador, corrobora para o avanço contínuo do capitalismo. A flexibilização e a

desregulamentação das relações de trabalho deterioram as condições de vida e de trabalho dos

trabalhadores, em contrapartida o sistema financeiro aumenta vertiginosamente seus lucros.

O tripé de sustentação desse sistema, desregulamentação, flexibilização e terceirização

subordinam os trabalhadores a uma exclusão integrativa marginal, como assinalado por

Martins (2008), incluindo o trabalhador de maneira precária, marginal e instável, permitindo-

lhe condições mínimas de sobrevida, da expropriação de sua própria vida, do não

pertencimento a si mesmo.

Segundo Harvey (2011), a oferta ou ausência da demanda por emprego é provocada pelos

próprios empresários que manipulam o mercado de trabalho de acordo com seus interesses, pois,

“[...] em algumas ocasiões, os capitalistas [...] iniciam uma greve, recusando-se a reinvestir,

porque os salários mais altos são um corte em sua rentabilidade” (HARVEY, 2011, p. 56). O

desemprego resultante dessas atitudes flexibiliza as condições da oferta de trabalho, obrigando o

trabalhador a aceitar precarizadas condições de inserção e salários menores.

Nessa conjuntura, o que se constatou foi o aumento das ocupações precárias

informalizadas, as quais desobrigaram o capital em arcar com os custos sociais. Como

consequência o capital aumentou sua lucratividade e reduziu os gastos “[...] com departamento de

pessoal, [que era utilizado] tanto para motivar os trabalhadores quanto para gerenciá-los em sua

produção” (CACCIAMALI, 2000, p. 152). As ocupações autônomas eram efetivadas por grupos

familiares de trabalhadores, sem garantias previdenciárias asseguradas.

Em relação ao papel do Estado, os órgãos legalmente regulamentados para

acompanhar e subsidiar os grupos de trabalhadores autônomos formaram a grande rede de

apoio ao capital, nas ausências de fiscalizações quanto às condições de trabalho.

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Restou ao trabalhador autônomo “[...] sonhar com as propagandas enganosas do

governo e de suas agências, incentivando-o a ser seu próprio patrão, uma pessoa bem

sucedida tendo seu próprio negócio” (CACCIAMALI, 2000, p. 152). Nessa configuração, o

trabalhador “[...] não é registrado, portanto não tem acesso às convenções coletivas de sua

categoria e não tem direito ao seguro desemprego” (MARTINS E DOMBROSWSKI, 2000, p.

24-39), portanto um “trabalhador descadastrado e desfiliado” (CASTEL, 2000) do sistema

de proteção social.

Destarte, este trabalhador não se percebe como classe, mas prestador de um serviço

isolado, cuja alienação passa pela sua não identificação com o seu grupo, com a categoria

laboral que pertence. Passa a se identificar como indivíduo, por meio de relações afetivas e

domésticas, o que afeta diretamente as relações de direito e o modo de produção.

Para o trabalhador se realizar como trabalhador autônomo o Estado passa a incentivar

empréstimos e orientações empreendedoras e gerenciais. Conforme orientado pela OIT, nos

anos 90 cresceu o incentivo para o empreendedorismo e cooperativismo, paralelo ao aumento

de situações de trabalhos precários. Porém, estudos realizados a partir do contexto da

globalização demonstram que a maioria dos trabalhadores que se empenharam em “abrir seus

próprios negócios” fechou as portas antes mesmo de completar um ano. Outros acumularam

dívidas que dificilmente teriam condições de pagar.

Em relação à inserção feminina no mercado de trabalho, estudos realizados por Pollert

(1996), Hirata (2002), Saffioti (1994) e Segnini (2000) têm demonstrado que

gradativamente o número de mulheres inseridas vem aumentando significativamente. Esses

estudos também apontam que tal inserção se dá de modo precário e marginal com salários

inferiores aos dos homens, como afirma Antunes:

[...] quando se trata da temática salarial e dos direitos, em que a desigualdade salarial,

quando as mulheres são comparadas aos homens, contradita a sua crescente participação

no mercado de trabalho. Seu percentual de remuneração é bem menor do que aquele

auferido pelo trabalho masculino. O mesmo frequentemente ocorre no que concerne aos

direitos e condições de trabalho (ANTUNES, 2005, p. 29).

Em Mészáros (2002) tem-se a seguinte reflexão sobre a participação da mulher na

esfera pública:

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[...] a estrutura de comando do capital sempre foi e para sempre será totalmente incompatível

com a ideia de conceder a qualquer pessoa igualdade substantiva na tomada de decisões, até

mesmo às “personificações do capital” que devem operar rigorosamente sob seus ditames

materiais. Nesse sentido, quer as mulheres tenham quer deixem de ter o direito de votar, elas

devem ser excluídas do verdadeiro poder de decisão por causa de seu papel decisivo na

reprodução da família, que terá de se alinhar com os imperativos absolutos e os ditames

autoritários do capital. E isto deve acontecer porque a família, por sua vez, ocupa uma posição

de importância essencial na reprodução do próprio sistema do capital: ela é seu “microcosmo”

insubstituível de reprodução e consumo (MÉSZÁROS, 2002, p. 277).

Apesar da importância da mulher trabalhadora na reprodução do sistema capitalista,

constata-se a manutenção da desigualdade na divisão sexual do trabalho, bem como as

relações de opressão do homem sobre a mulher. Essas realidades são fundamentais para que o

sistema capitalista imponha sobre ambos sua lógica dominante.

O processo de precarização do trabalho, mais especificamente do trabalho feminino,

causa tanto a degradação humana da trabalhadora desvalorizada, quanto de sua família e,

consequentemente, em terceiros que são afetados por essa relação desigual e injusta.

Os baixos salários recebidos pelas mulheres, desiguais em relação aos homens,

contribuem significativamente para reforçar esse processo de degradação feminina no

trabalho. A justificativa do capital para corroborar essas diferenças se sustenta pelo discurso

falacioso da baixa qualificação feminina diante das atuais exigências do mercado. Segundo

esse discurso, as vagas de emprego que requerem qualificação e conhecimento técnico são

disponibilizadas, mas não ocupadas pelo segmento feminino. Dessa forma, o mercado tende a

utilizar a mão de obra feminina em funções inferiores, pagando-as um salário menor que

exige menor qualificação.

O embuste desse discurso se evidencia quando se confrontam os dados da realidade. Em

pesquisa realizada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE) na Região

Metropolitana de São Paulo em 20103, comprova-se que houve um significativo aumento da

inserção no mercado de trabalho de mulheres com nível escolar superior. Quando a mesma

pesquisa aponta a relação entre essa ocupação e as faixas salariais recebidas, constata-se que

mulheres ocupando o mesmo cargo que homens, com o mesmo grau de formação, percebem

3 Publicação “Mulher e Trabalho” divulgado em março de 2011.

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valores inferiores, chegando a 25% a menos que seus colegas do sexo masculino. À medida que o

nível de instrução diminui, aumenta a disparidade salarial entre gênero.

Depreende-se disso que para o gênero feminino ainda é reservado alto grau de

discriminação no mercado de trabalho. Para que a mesma possa galgar um espaço no mercado

de trabalho, cuja remuneração salarial viabilize o seu sustento, faz-se necessário que possua

qualificação superior ao gênero oposto, apesar disto não lhe garantir salário maior.

Harvey (2011) assinala que o fosso salarial entre homens e mulheres não desapareceu,

“[...] mesmo após meio século de campanha pelo princípio ‘salário igual para trabalho igual’,

mesmo nos Estados Unidos, onde as pressões têm sido provavelmente mais fortes”

(HARVEY, 2011, p. 59).

No Brasil este quadro pode ser confirmado nas pesquisas que apontam a oferta de

emprego às mulheres. Segundo levantamentos da SEADE (2013)4, embora tenha crescido a

oferta de emprego para as mulheres, o mesmo não ocorre em relação à percepção salarial

destas que continuam em desvantagem, com valores médios 77,0% menores do que o salário

recebido pelos homens em funções iguais.

Outro fator revelado pela pesquisa supracitada que contribuiu para o aumento da

empregabilidade feminina é o crescimento do mercado de trabalho no setor de serviços. Isso

constata que para a mulher ainda lhe é reservada a esfera inferior. Mesmo quando se trata de uma

possível ascensão, essa vem acompanhada pela marca da desigualdade de gênero nas funções

menores nas empresas, distante do denominado trabalho decente, segundo OIT (2012).

Essa situação excludente e de precarização do trabalho agrava-se ainda mais quando se

descreve a realidade das trabalhadoras refugiadas no município de São Paulo, que

desconhecem o idioma pátrio, encontram-se em um país estranho, além de se constituírem

como provedoras familiares.

A partir dessa reflexão discute-se o processo de inserção da mulher refugiada no mercado de

trabalho. Se no caso de trabalhadoras brasileiras a situação é de aviltamento das condições de

trabalho, precarização social e desregulamentação no processo atual de flexibilização produtiva, o

quadro de trabalhadoras que desconhecem o idioma pátrio, constitui-se em um desafio investigativo.

4 Fonte: Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Convênio Seade – Dieese e MTE/FAT.

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No item a seguir, busca-se aprofundar algumas das situações enfrentadas por essas mulheres, em

especial ao que tange às normas reguladoras de direitos e deveres trabalhistas.

A MULHER REFUGIADA E SUA INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO

PAULISTANO

A partir dos anos 1990, sob o processo de reestruturação produtiva das atividades

econômicas e o baixo ritmo de crescimento, com reflexo na mudança do padrão de

incorporação da força de trabalho na Região Metropolitana de São Paulo, assiste-se a

precarização do trabalho na Região, o que provocou um forte crescimento da taxa de

desemprego no município paulistano.

O rápido crescimento do desemprego constituiu-se na primeira consequência desse

modelo econômico implantado na década de 90 do século passado. Uma segunda

consequência decorreu das maiores restrições para absorção em trabalhos assalariados

regulamentados, implicando em prejuízos na qualidade da inserção, por meio do trabalho

informal, e na perda da proteção oferecida pelos direitos trabalhistas.

A inserção feminina, caracterizada pelo acesso a ocupações precárias, passou a ter maior

peso entre os ocupados da família. As possibilidades de expansão de sua inserção no mercado de

trabalho ocorreram, especialmente, em ocupações como: assalariadas sem carteira assinada,

emprego doméstico, autônomas e trabalhadoras familiares que oferecem baixos rendimentos,

sempre por meio de salários inferiores ao do sexo masculino (MONTALI, 2004).

Segundo a SEADE, a taxa de desemprego entre 1995 e 2000 foi mais expressiva para

o contingente feminino do que para o masculino, com variação no período de 36,6% e de

27,1%, respectivamente.

Dados da Fundação também enfatizam que ao se considerar o atributo raça, as

diferenças entre as taxas de desemprego das mulheres tornam-se mais evidentes. A situação

fica ainda mais desfavorável quando se associa o gênero a raça negra. Em 2000 a taxa de

desemprego registrada para as mulheres negras alcançou 25,1%, ou seja, de cada 100

trabalhadoras negras um quarto estava sem emprego na Região Metropolitana de São Paulo -

RMSP, enquanto as não-negras nesta situação correspondiam a 18,9% (SEADE, 2000).

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Importa assinalar que os níveis de escolaridade e de instrução também influenciam na

inserção feminina ao mercado de trabalho na RMSP. O que não difere da realidade nacional.

Quanto menor o nível de escolaridade e o grau de instrução aumentam as chances no mercado de

trabalho às mulheres, isto, porém, não se configura como garantia de empregabilidade as mesmas.

As pesquisas da Fundação também informam que as menores taxas de desemprego

correspondem a níveis mais elevados de instrução. No entanto, ressaltam que a taxa de

desemprego das mulheres com ensino médio completo é equivalente àquela verificada para os

homens com no máximo o fundamental completo, indicando que somente a conclusão do ensino

superior fornece às mulheres uma situação menos desfavorável na procura por trabalho.

Conforme supraexposto soma-se a essa discussão o agravamento da situação

quando relacionada à questão da mulher refugiada, que em sua maioria possui baixa

escolaridade, não apresenta qualificação profissional, desconhece a cultura local e

tampouco sabe de seus direitos e deveres trabalhistas, ficando por vezes susceptível a palavra

do patrão, que em certas situações se aproveita da situação vulnerável em que se encontra a

mulher refugiada.

Segundo Egreja e Peixoto (2012), referindo-se a grupos de estrangeiros que buscam

inserir-se no mercado de trabalho, enquanto “[...] uns são mais qualificados e outros menos;

uns dirigem-se diretamente para o mercado de trabalho e outros só o procuram depois de uma

fase inicial de inatividade” (EGREJA & PEIXOTO, 2012, p. 15).

Essa inatividade momentânea se dá por diversas razões e no caso das refugiadas que

chegam ao Brasil isso ocorre devido a fatores como: adentram ao país acometidas com certo

grau de depressão pela violência sofrida em seu país; abandono de sua família e terra natal;

desconhecimento do idioma e dos costumes; desqualificação para realizarem as atividades

disponíveis no mercado; entre outros.

Esse período traduz um tempo crítico na vida dessas pessoas, especialmente pelo fato

de chegarem a uma megalópole como São Paulo, cujo ritmo de vida é acelerado. A exclusão é

grande, fazendo com que essas pessoas se sintam mais sozinhas. Na maioria das vezes são

atendidas por profissionais que não falam seu idioma, recebidas pela Polícia Federal por vezes

com desconfiança, devido ao aumento de quadrilhas internacionais que também se deslocam

pelo mundo. Enfim, sua chegada expressa a continuidade de seus tormentos.

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Além dos baixos salários, das raras possibilidades de seguirem carreira profissional e da

ausência de recompensas sociais, a grande maioria dos refugiados insere-se no mercado de trabalho

precarizado e sem direitos trabalhistas, chamado flexível, como assinala Phizacklea (2005):

[...] os aspectos habitualmente considerados mais positivos da flexibilidade, como a maior

autonomia individual, ocorrem, sobretudo em trabalhadores nativos, os aspectos mais

negativos, como a precariedade laboral, incidem relativamente mais sobre imigrantes,

refugiadas (grifo nosso) e outros grupos populacionais, incluindo as mulheres e os jovens

(PHIZACKLEA, 2005, p. 161).

Dados obtidos no relatório da OIT (2010) revelam a situação em que se encontram os

imigrantes, inclusos os refugiados, referindo-se ao universo mundial de 214 milhões de

estrangeiros economicamente ativos. Destes, somente 105,4 milhões estão inseridos no

mercado de trabalho. O relatório aponta como agravante as múltiplas discriminações sofridas

pelo grupo em questão (OIT, 2012, p. 222).

Quanto às mulheres refugiadas a situação de discriminação se apresenta mais

evidente. A condição de refugiada é pejorativamente associada à de “fugitiva” (pessoa que

cometeu algum crime em seu país) e isso reforça as discriminações. Além disso, a mulher

refugiada também enfrenta a discriminação de seus pares, isto é, as trabalhadoras brasileiras

as acusam de tomar-lhes seus trabalhos.

Esses enclaves corroboram as dificuldades enfrentadas pelas refugiadas. Instaura-se a

violência simbólica, que segundo Bourdieu (2007):

[...] deriva seu poder precisamente da dificuldade de ser percebida objetivamente como

mecanismo de dominação. Não se trata de uma imposição material, mas de um processo que

busca legitimar uma ordem que, ao separar dominantes e dominados confere aos primeiros o

poder de impor uma visão específica sobre o mundo social (BOURDIEU, 2007, p. 208).

Encontra-se nessa relação uma divisão entre indivíduos que na prática estão do mesmo

lado, na condição de trabalhadoras, e, portanto, vilipendiadas. Alienadas de sua condição

veem-se como adversárias, rivais, e disso resulta a violência simbólica, desdobrando-se na

exclusão dos já excluídos.

Trata-se, na verdade, de mulheres superexploradas e superdiscriminadas no mundo do

trabalho, na vida e no plano dos direitos. Resta-lhes a inserção instável, marginal e precarizada

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na área de serviços, em funções que requerem conhecimentos básicos, mediante grande esforço

físico, um conhecimento mínimo do português e a execução rotineira da tarefa.

Outro agravante refere-se ao ritmo acelerado dos paulistanos, que se constitui em desafios

a serem enfrentados pelas refugiadas, pois em seus países de origem os ritmos e as regras de

trabalho obedecem a padrões culturais específicos, estabelecendo-se um choque entre culturas.

Em síntese, as mazelas a serem superadas pelas mulheres refugiadas na cidade de São

Paulo são muitas e diversas, cujas relações se apresentam de forma complexa. Diante desse

contexto e do aumento de refugiadas na capital paulistana, faz-se necessário repensar as

condições existentes de trabalho, vida e assistência social às refugiadas. Essa entidade

federativa, juntamente com o Estado tem obrigações em promover políticas públicas que

atendam essas mulheres, propiciando-lhes condições dignas de trabalho, saúde, moradia,

educação, assistência social para esse coletivo social.

OBJETIVOS

Examinar e analisar a inserção de mulheres refugiadas no mercado de trabalho

paulistano, considerando o tipo e as condições de inserção, em que setores, com que direitos

trabalhistas, com que remuneração e se a mesma possibilita condições mínimas de

sobrevivência, isto é, se lhes são garantidos os direitos sociais e econômicos básicos.

METODOLOGIA

Este estudo constitui-se como uma pesquisa de abordagem qualitativa, descritiva, em

que se procedeu preliminarmente uma revisão da literatura com base na pesquisa bibliográfica

e documental acerca do assunto. O levantamento bibliográfico e documental permitiu um

estudo histórico dos fatos, no qual se buscou apreender como se deu o processo de refúgio ao

longo da história no cenário internacional e brasileiro, resgatando-se nesse processo a

participação do Brasil e seu envolvimento com a questão.

Concomitante procedeu-se a solicitação do autorizo da Plataforma Brasil para a

realização da pesquisa com seres humanos, o qual foi autorizado em julho de 2012 sob o

número 50715, o que possibilitou a essa acadêmica prosseguir em sua investigação.

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Realizou-se também pesquisa de campo na cidade de São Paulo. Inicialmente fez-se

contato com as organizações que atuam com este público, procedeu-se a um levantamento do

universo de refugiadas residentes em São Paulo e um mapeamento de sua localização. Esses

procedimentos foram fundamentais no acesso às mulheres refugiadas, vez que subsidiaram a

análise das condições e situação de vida desse grupo social.

Utilizou-se como técnicas de coleta de dados a observação, um questionário aplicado

às organizações e entrevistas aprofundadas aplicadas às partícipes da pesquisa. Esses

procedimentos permitiram captar a realidade vivenciada pelas mulheres refugiadas no que

concerne ao objeto deste estudo, identificando-se também no tratamento a elas dispensado as

discriminações e preconceitos quase sempre explícitos a que são vítimas. Detectou-se que

essa situação é habitual na vida cotidiana dos refugiados.

Os dados obtidos por meio dos questionários, das entrevistas e da observação direta,

realizadas por ocasião das entrevistas em lugares diversos, serviram para elucidar os

problemas e as proposições elencados na pesquisa, com a finalidade de complementar e

identificar prováveis contradições presentes quando do cruzamento das informações obtidas.

Para proceder à análise desses dados, utilizou-se o software PSPP, um software livre

que permitiu gerar relatórios tabulados e gráficos com a finalidade de realizar inferências

sobre as correlações entre as variáveis selecionadas para avaliar as condições

socioeconômicas e de inserção das mulheres no mercado de trabalho paulistano. A partir dos

relatórios emitidos e analisados procederam-se as conclusões relativas à pesquisa.

RESULTADOS

A partir do mapeamento pode localizar e contatar as refugiadas para a pesquisa.

Constatou-se que as condições de sobrevivência assemelham-se às mesmas dos brasileiros.

Verificou ainda que a inserção desse grupo no mercado de trabalho se dá pelas vias

formais, as quais estão inseridas em maior número na área de serviços com baixos salários, o

que impossibilita que esse grupo social supra suas necessidades básicas.

Detectou-se em grande parte das entrevistadas que a sociabilidade das refugiadas na

sociedade brasileira não ocorre isso se dá pela discriminação sofrida pelas mesmas, e pelo fato

de elas também não se sentirem pertencentes a essa sociedade.

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CONCLUSÃO

A pesquisa possibilitou compreender que mulheres refugiadas no município de São

Paulo vivem um paradoxo: o de buscar dignidade humana onde essa dignidade é pseudo-

ofertada, ou é ofertada em “migalhas”. Da perda dos direitos humanos à aquisição desses

direitos, mediados por uma falsa cidadania, que na busca de direitos e de serem incluídas

vivenciam dialeticamente uma exclusão integrativa marginal, oferecida como benesse a quem

foi privado de tudo, inclusive da convivência com os seus familiares. Segundo Piovesan

(2006) a própria condição de refugiado já é uma violação dos Direitos Humanos.

A investigação permitiu se adentrar na cotidianidade desse grupo social, mergulhando

nas mazelas da perversidade humana, em que aqueles que detêm o poder, mediante relações

capitalistas, o utilizam como meio de dominação, de aniquilação do outro, levando-o à

condição de “subsistência”, a uma existência subumana na qual ele – o ser, não se reconhece

mais enquanto ser, pois foi restringido ao niilismo existencial.

A despeito de essa realidade assemelhar-se a vivenciada por milhões de brasileiros

subempregados, afetados pela atual crise global contemporânea, a situação das refugiadas

constitui-se com maior complexidade, agravada em virtude das diferenças culturais, da raça,

do idioma, das leis, da distância dos filhos e demais familiares, da dificuldade em se

adaptarem em outro país, além de outras situações que provocam inseguranças e

instabilidades psíquicas, deixando-as suscetíveis à marginalidade.

Depreende-se que sem uma mudança estrutural, sem uma reforma política, não haverá

as transformações: ideológica, política, econômica e cultural, inviabilizando de fato a inclusão

social. Portanto, sem o real envolvimento do Estado para a resolução desses conflitos eles não

vão cessar, pois a cada ano intensifica-se o deslocamento de pessoas pelo mundo, realidade

esta que arrasta outros agravamentos da questão social.

Em relação às mulheres refugiadas, identificaram-se resquícios da colonização

africana, reproduzidos pela maioria do grupo, mediante comportamentos autodiscriminadores

culturais e educacionais que induzem à autoexclusões, ainda presentes nas gerações jovens de

descendentes africanos, que continuam a padecer o processo exploratório e colonizador.

Identificaram-se também, no tratamento dispensado às refugiadas, discriminações e

preconceitos quase sempre explícitos a que são vítimas. Detectou-se que essa situação é

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habitual na vida cotidiana dos refugiados em geral, porém é maior em relação às mulheres.

Quanto à inserção no mercado de trabalho, concluiu-se que a mesma se dá quase que

exclusivamente na área de serviços, constituindo-se como temporária, precarizada,

marginal, instável e volátil nesses chamados “tempos pós-modernos” de globalização.

Espera-se que este trabalho suscite novas discussões e novos debates sobre a

realidade das pessoas refugiadas, a sua inserção no mercado de trabalho capitalista, as

condições de vida propiciadas a esses sujeitos pelo capital, assim como a atuação e o papel do

Estado junto a esse público.

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