estilista faz sucesso em durban trabalhando com refugiadas · 2019. 12. 9. · estilista faz...

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Cidades Domingo, 17 de setembro de 2017 5 portalnews.com.br Estilista faz sucesso em Durban trabalhando com refugiadas De família mogiana, Julia Pinheiro Franco criou uma marca que alia moda com um trabalho feito na área social NA ÁFRICA DO SUL A estilista Julia Mendes Pinheiro Franco, de 33 anos, de Mogi das Cruzes, tem se destacado no mundo da moda ao criar a Shweshwe, uma marca que alia a criati- vidade de suas roupas com um trabalho social feito com refugiadas e mulheres carentes ou de asilos de Durban, na África do Sul, onde ela vive com o marido, um guitarrista sul-africano. Julia, que é filha do advo- gado José Pinheiro Franco Filho e de Wanderli Ocaña, conta que morou entre Arujá e Mogi das Cruzes, mas que já tinha morado nos Estados Unidos com os pais quando pequena. “Depois voltei com 14 anos e, aos 17 anos, mudei para os EUA, onde fiquei um ano fazendo intercâmbio. Quando voltei, me mudei para São Paulo e fui fazer Hotelaria. Me formei e decidi fazer Marketing de Moda em Milão aos 23 anos. Então, fui para lá”, descreveu. O curso de Marketing de Moda em Milão era de três anos de duração e ela acabou ficando quase 5 anos e meio. Julia atuou lá em uma agência de pesquisas de tendências de moda, em seguida trabalhou com o renomado estilista italiano Roberto Cavalli e, ainda em Milão, conheceu aquele que viria a ser seu marido. “Então, me mudei para Durban, na África do Sul, e há cinco anos moro lá”. Quando se mudou para Durban, ela não conhecia Julia alia a profissão de estilista com trabalho social que inclui mulheres que já sofreram violência doméstica ninguém que lidasse com moda, mas começou a procurar um jeito de ser útil, visto que o lugar abriga muitas desigual- dades sociais. “Em Durban virei estilista, designer, sem querer. Comecei eu mesma a desenhar as roupas e ver maneiras de me envolver mais nessa parte de modelagem e criação. Comecei com a Shweshwe, que é a minha marca e, desde então, meu trabalho não tem sido bem uma ação social, mas sim uma marca social, pois eu queria fazer alguma coisa bacana e decidi escolher algumas mulheres para qualificá-las, para elas se sustentarem”, explicou. Claudia Irente Fotos: Divulgação Em um asilo africano, a profissional mogiana qualifica idosas de até 93 anos dos maridos. “A gente deu todo o apoio e infraestrutura para ela também repassar esses ensinamentos para essas mulheres. Ao todo, nesses três projetos, são 64 mulheres atendidas e 28 delas vão para uma faculdade de moda, em Durban, para aprender a fazer modelagem. Fui lá pedir ajuda e, junto com alunos e professores, foram criados cursos para elas, porque a maioria não sabe ler, nem escrever, e os cursos as preparam para montar seus próprios ne- gócios”, comentou. A ideia de dividir seus conhecimentos e auxiliar as mulheres sul-africanas, ajudando-as a ter chances de mudar de vida, a inspira a fazer algo semelhante no Brasil, que visita com frequên- cia. Entretanto, Julia afirma que possui pouco tempo disponível para desmembrar ou criar um novo projeto no País, já que o trabalho em Durban a consome muito. Quem quiser conhecer suas coleções e saber mais sobre o seu trabalho, pode acessar o site: https://www. thewearablelibrary.com/. Modelo veste roupa da marca Shweshwe Quando se mudou para Durban, ela não conhecia ninguém que lidasse com moda A estilista diz ter se apai- xonado por três projetos: um com refugiados, que a fez montar junto com um sociólogo, um workshop dentro do centro que os recebia, onde passaram a ensinar as mulheres que estavam lá para serem qua- lificadas de graça. Outro projeto desenvolvido foi com o asilo municipal, com mulheres na média dos 80, 85 anos (a mais idosa tem 93 anos). E, o terceiro, com uma mulher da comunidade de Durban, que costura e acolhe mulheres que sofreram abusos, inclusive por parte

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Page 1: Estilista faz sucesso em Durban trabalhando com refugiadas · 2019. 12. 9. · Estilista faz sucesso em Durban trabalhando com refugiadas De família mogiana, Julia Pinheiro Franco

CidadesDomingo, 17 de setembro de 2017 5portalnews.com.br

Estilista faz sucesso em Durban trabalhando com refugiadas

De família mogiana, Julia Pinheiro Franco criou uma marca que alia moda com um trabalho feito na área socialNA ÁFRICA DO SUL

A estilista Julia Mendes Pinheiro Franco, de 33 anos, de Mogi das Cruzes, tem se destacado no mundo da moda ao criar a Shweshwe, uma marca que alia a criati-vidade de suas roupas com um trabalho social feito com refugiadas e mulheres carentes ou de asilos de Durban, na África do Sul, onde ela vive com o marido, um guitarrista sul-africano.

Julia, que é filha do advo-gado José Pinheiro Franco Filho e de Wanderli Ocaña, conta que morou entre Arujá e Mogi das Cruzes, mas que já tinha morado nos Estados Unidos com os pais quando pequena. “Depois voltei com 14 anos e, aos 17 anos, mudei para os EUA, onde fiquei um ano fazendo intercâmbio. Quando voltei, me mudei para São Paulo e fui fazer Hotelaria. Me formei e decidi fazer Marketing de Moda em Milão aos 23 anos. Então, fui para lá”, descreveu.

O curso de Marketing de Moda em Milão era de três anos de duração e ela acabou ficando quase 5 anos e meio. Julia atuou lá em uma agência de pesquisas de tendências de moda, em seguida trabalhou com o renomado estilista italiano Roberto Cavalli e, ainda em Milão, conheceu aquele que viria a ser seu marido. “Então, me mudei para Durban, na África do Sul, e há cinco anos moro lá”.

Quando se mudou para Durban, ela não conhecia Julia alia a profissão de estilista com trabalho social que inclui mulheres que já sofreram violência doméstica

ninguém que lidasse com moda, mas começou a procurar um jeito de ser útil, visto que o lugar abriga muitas desigual-dades sociais. “Em Durban virei estilista, designer, sem querer. Comecei eu mesma a desenhar as roupas e ver maneiras de me envolver mais nessa parte de modelagem e criação. Comecei com a Shweshwe, que é a minha marca e, desde então, meu trabalho não tem sido bem uma ação social, mas sim uma marca social, pois eu queria fazer alguma coisa bacana e decidi escolher algumas mulheres para qualificá-las, para elas se sustentarem”, explicou.

Claudia Irente

Fotos: Divulgação

Em um asilo africano, a profissional mogiana qualifica idosas de até 93 anos

dos maridos. “A gente deu todo o apoio e infraestrutura para ela também repassar esses ensinamentos para essas mulheres. Ao todo, nesses três projetos, são 64 mulheres atendidas e 28 delas vão para uma faculdade de moda, em Durban, para aprender a fazer modelagem. Fui lá pedir ajuda e, junto com alunos e professores, foram criados cursos para elas, porque a maioria não sabe ler, nem escrever, e os cursos as preparam para montar seus próprios ne-gócios”, comentou.

A ideia de dividir seus conhecimentos e auxiliar as mulheres sul-africanas, ajudando-as a ter chances de mudar de vida, a inspira a fazer algo semelhante no Brasil, que visita com frequên-cia. Entretanto, Julia afirma que possui pouco tempo disponível para desmembrar ou criar um novo projeto no País, já que o trabalho em Durban a consome muito. 

Quem quiser conhecer suas coleções e saber mais sobre o seu trabalho, pode acessar o site: https://www.thewearablelibrary.com/. Modelo veste roupa da marca Shweshwe

Quando se mudou para Durban, ela não conhecia ninguém que lidasse com moda

A estilista diz ter se apai-xonado por três projetos: um com refugiados, que a fez montar junto com um sociólogo, um workshop dentro do centro que os recebia, onde passaram a ensinar as mulheres que estavam lá para serem qua-lificadas de graça. Outro projeto desenvolvido foi com o asilo municipal, com mulheres na média dos 80, 85 anos (a mais idosa tem 93 anos). E, o terceiro, com uma mulher da comunidade de Durban, que costura e acolhe mulheres que sofreram abusos, inclusive por parte