mulheres na defesa

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Mulheres na defesa Elas aprendem a lutar krav magá para se proteger de bandidos nas ruas Renato Garcia Alvos preferenciais de assaltantes, as mulheres estão procurando as academias de krav magá, uma luta israelense, para aprender a se defender. Atualmente, elas representam 30% dos alunos nas 40 academias existentes no Rio, uma das cidades mais violentas do País. Por que as mulheres se interessam por essa luta? Segundo o professor Márcio Hirszberg, 32 anos, porque os movimentos são simples, rápidos e objetivos, e vale tudo, como dedo nos olhos ou puxar os órgãos genitais do agressor. A idéia é atingir os pontos mais vulneráveis para neutralizar o bandido. É uma luta acessível a pessoas de qualquer idade e capacidade física e, não por acaso, os alunos têm entre seis e 70 anos. Uma das adeptas, a médica Maria Ana Brandão, 40 anos, foi vítima de assalto, no ano passado, praticamente na porta da escola de seus filhos, de dois e cinco anos, em Botafogo, zona sul do Rio. Dois homens, numa motocicleta, tentaram roubar sua bolsa. O que mais assustou a médica foi sua própria reação: “Eu persegui os bandidos, impensadamente, correndo o risco de levar um tiro.” No dia seguinte, ela resolveu procurar algum “treinamento para sobrevivência” e se decidiu por uma academia de krav magá. Melhorou a sensação de segurança, embora não tenha superado o trauma do assalto. “Até hoje me sinto assustada quando lembro da minha reação intempestiva”, afirma. O krav magá foi criado por Imi Lichtenfeld na década de 40 com um grupo de elite do Exército israelense para missões especiais. Em 1964, os militares abriram cursos para civis, formando um grupo de 13 instrutores, entre eles o mestre Kobi Lichtenstein, que se tornou responsável por difundir a prática em toda a América Latina. Kobi chegou ao Brasil em 1990, instalando a primeira academia no Rio. Ele explica que a luta foi criada para vencer o medo. E, com orgulho, afirma que não há registros de casos de lutadores envolvidos em

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Mulheres na defesaElas aprendem a lutar krav mag para se proteger de bandidos nas ruasRenato GarciaAlvos preferenciais de assaltantes, as mulheres esto procurando as academias de krav mag, uma luta israelense, para aprender a se defender. Atualmente, elas representam 30% dos alunos nas 40 academias existentes no Rio, uma das cidades mais violentas do Pas. Por que as mulheres se interessam por essa luta? Segundo o professor Mrcio Hirszberg, 32 anos, porque os movimentos so simples, rpidos e objetivos, e vale tudo, como dedo nos olhos ou puxar os rgos genitais do agressor. A idia atingir os pontos mais vulnerveis para neutralizar o bandido. uma luta acessvel a pessoas de qualquer idade e capacidade fsica e, no por acaso, os alunos tm entre seis e 70 anos.Uma das adeptas, a mdica Maria Ana Brando, 40 anos, foi vtima de assalto, no ano passado, praticamente na porta da escola de seus filhos, de dois e cinco anos, em Botafogo, zona sul do Rio. Dois homens, numa motocicleta, tentaram roubar sua bolsa. O que mais assustou a mdica foi sua prpria reao: Eu persegui os bandidos, impensadamente, correndo o risco de levar um tiro. No dia seguinte, ela resolveu procurar algum treinamento para sobrevivncia e se decidiu por uma academia de krav mag. Melhorou a sensao de segurana, embora no tenha superado o trauma do assalto. At hoje me sinto assustada quando lembro da minha reao intempestiva, afirma.O krav mag foi criado por Imi Lichtenfeld na dcada de 40 com um grupo de elite do Exrcito israelense para misses especiais. Em 1964, os militares abriram cursos para civis, formando um grupo de 13 instrutores, entre eles o mestre Kobi Lichtenstein, que se tornou responsvel por difundir a prtica em toda a Amrica Latina. Kobi chegou ao Brasil em 1990, instalando a primeira academia no Rio. Ele explica que a luta foi criada para vencer o medo. E, com orgulho, afirma que no h registros de casos de lutadores envolvidos em brigas de rua. No existem pit boys no krav mag, declara o mestre.Mais um motivo pelo qual as mulheres se identificam com essa luta: alm das tcnicas, os instrutores passam aos alunos a conscientizao de que a luta s pode ser empregada para defesa pessoal. Segundo Kobi, apenas 16 horas de curso so suficientes para uma mulher estar tecnicamente apta a se livrar de um bandido, mas o curso dura, em mdia, quatro meses. A jovem Isabela Lessa de Lacerda Nick, 18 anos, pratica a luta h exatamente quatro meses. Me sinto muito mais segura quando estou na rua, garante. Isabela foi assaltada h dois anos, dentro de um nibus. O ladro levou seu celular, mas ela conseguiu, calmamente, convenc-lo a no roubar a bolsa com os documentos. A estudante, que se prepara para o vestibular de biologia, reconhece que h situaes em que melhor no esboar nenhum tipo de reao. uma sbia. O krav mag sob medida para pessoas como ela.

Fonte: http://www.portalmulher.net/articles.asp?id=5427, acessado em 12 de novembro de 2009.