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TÓXICOS Campanha Crack Destrói Página 10 Em defesa das mulheres A Lei Maria da Penha, considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como iniciativa pioneira na defesa dos direitos das mulheres, completa, em 2011, cinco anos. A norma, que protege a mulher contra violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, tornou-se não apenas meio de proteção mas tam- bém motivação para o debate da questão no âmbito da saúde pública. Conheça, nesta edição, os avanços alcançados nesse período de vigência da lei. BH - AGOSTO - 2011 ANO 17 - NÚMERO 163 Publicação da Secretaria do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais Páginas 6 e 7 Marcelo Albert

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Page 1: Em defesa das mulheres - Tribunal de Justiça de Minas Gerais · Em defesa das mulheres A Lei Maria da Penha, considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como iniciativa

TÓXICOSCampanha Crack Destrói

Página 10

Em defesa das mulheresA Lei Maria da Penha, considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU)como iniciativa pioneira na defesa dos direitos das mulheres, completa, em 2011,cinco anos. A norma, que protege a mulher contra violência física, psicológica,sexual, patrimonial e moral, tornou-se não apenas meio de proteção mas tam-bém motivação para o debate da questão no âmbito da saúde pública. Conheça,nesta edição, os avanços alcançados nesse período de vigência da lei.

BH - AGOSTO - 2011 ANO 17 - NÚMERO 163

Publicação da Secretaria do Tribunal

de Justiça do Estado de Minas Gerais

Páginas 6 e 7

Marcelo Albert

Page 2: Em defesa das mulheres - Tribunal de Justiça de Minas Gerais · Em defesa das mulheres A Lei Maria da Penha, considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como iniciativa

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Presidente:Desembargador Cláudio Costa1º Vice-Presidente:Desembargador Carreira Machado2º Vice-Presidente:Desembargador Herculano Rodrigues3º Vice-Presidente:Desembargadora Márcia MilanezCorregedor-Geral:Desembargador Alvim Soares

EXPEDIENTE

Secretário Especial da Presidência: LuizCarlos Elói; Assessora de ComunicaçãoInstitucional: Valéria Valle Vianna; Gerentede Imprensa: Wilson Menezes;Coordenadora de Imprensa: Letícia Lima;Editoras: Francis Rose; Patrícia Melillo;Revisora: Patricia Limongi; Design Gráfico:Shirley Moraes;

Fotolito e Impressão:CGB Artes Gráficas LtdaAscom TJMG Rua Goiás, 253 – 1º andar – Centro, BeloHorizonte/MG CEP 30190-030Tel.: (31) 3237-6551Fax: (31) 3226-2715E-mail: [email protected] TJMG/Unidade Raja Gabaglia:(31) 3299-4622Ascom Fórum BH: (31) 3330-2123Tiragem: 3 mil exemplaresPortal TJMG: www.tjmg.jus.br

E D I T O R I A L

O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Cláudio Costa, empossou, em22 de julho, o procurador de Justiça João Cancio de Mello Junior no cargo de desembar-gador do TJMG. A solenidade, realizada no gabinete da Presidência, contou com a par-ticipação de autoridades do TJMG e do Ministério Público, familiares e amigos de JoãoCancio. O novo desembargador ocupa uma das vagas destinadas ao QuintoConstitucional (para integrantes do Ministério Público), surgida com a aposentadoria dodesembargador Célio César Paduani.

TJ tem novo desembargador

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ParticipeInteressados em divulgar notícias nas próximas edições do TJMG Informativo devem encaminhar o material àAscom pelo e-mail [email protected].

Pelo fim daviolência doméstica

Em agosto deste ano, a Lei 11.340, conhecida comoLei Maria da Penha, completa cinco anos. Ao longo desseperíodo, as mulheres e a sociedade de uma forma geralconheceram as garantias trazidas pelo texto legal eseguem se acostumando com uma nova realidade: a denão aceitar passivamente a violência que ocorre entre qua-tro paredes, ameaçando vidas e comprometendo famílias.

Nesta edição do TJMG Informativo, a reportagem decapa destaca os avanços trazidos pela lei, que atua sobrepilares como a punição, a proteção e a prevenção.Magistrados e operadores do direito atestam que a lei ébenéfica e que trouxe, sim, garantias para a mulher vítimade violência. É cedo, contudo, para concluir que a legis-lação vai garantir o fim dos casos de agressão doméstica.O caminho até a mudança de mentalidade é árduo e exige,além da existência da legislação, a adequada estruturaçãodos órgãos de aplicação da lei e de assistências às vítimas.

Um dos desafios da nova lei, além de garantir pro-teção e de coibir as agressões, é acabar com aimpunidade. Muitas vezes, o laço de afeto entre agressor evítima pode servir como um entrave para que a mulher efe-tivamente dê continuidade à sua busca pelo respeito noambiente familiar.

O que fica claro, cinco anos depois de entrar emvigor, é que a lei era necessária e que vai ajudar a acabarcom o estigma de que a mulher é um ser inferior, que devese sujeitar a maus-tratos e agressões. Claro também é ofato de que a mulher deve se conscientizar da importânciade buscar seus direitos, sem, com isso, usar a lei comouma forma de vingança contra o agressor.

Além da reportagem de capa sobre a Lei Maria daPenha, esta edição traz matéria sobre a formação dosjuízes na atualidade. O texto mostra que os magistradostêm buscado cada vez mais o conhecimento de temas deáreas variadas como um suporte para atuar em processosque, na contemporaneidade, abrangem áreas as maisdiversas.

O jornal traz ainda reportagens sobre a campanhaCrack Destrói, o novo fórum de São João del-Rei, o progra-ma Atitude Legal, o Santuário do Caraça, a ginástica labo-ral e as aulas de violão ministradas aos condenados daAssociação de Proteção e Assistência ao Condenado(Apac) de Itaúna. A entrevista deste número mostra a atu-ação pioneira do Judiciário mineiro nas discussões sobre ajudicialização da saúde.

Boa leitura.

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I N T E R I O R

Patrícia Melillo

Novo fórum, que começou a ser construído em 2007, tem área de 7 mil m², cinco pavimentos e capacidade para abrigar dez varas, arquivo e setores de apoio

“O fórum é um local sagrado, es-paço por excelência do exercício demo-crático, que assegura o governo da lei. Étambém um território de honra das repú-blicas, pois nele todos são iguais e igual-mente submetidos à lei.” Essas palavrasforam proferidas pelo presidente doTJMG, desembargador Cláudio Costa, nainauguração, em 1º de julho, do novo pré-dio do Fórum Carvalho Mourão, dacomarca de São João del-Rei.

O edifício, com área total de 7 milm², tem cinco pavimentos e capacidadepara abrigar até dez varas (hoje, sãocinco), arquivo e setores de apoio. A obrateve início em julho de 2007 e foinecessária devido à insuficiência deespaço do antigo prédio – um casarãohistórico de 1849 – para abrigar todos ossetores do fórum. O prédio, projetado ecom obra administrada pela DiretoriaExecutiva de Engenharia e GestãoPredial (Dengep), foi construído conformeas normas de acessibilidade para defi-

cientes físicos e visuais.Durante a solenidade de inaugu-

ração, o presidente lembrou que a comar-ca de São João del-Rei originou-se dacomarca do Rio das Mortes, instituída em1714. “Sou filho de Sabará. Sei bem o sig-nificado de uma consciência coletiva mar-cada por uma longa e gloriosa experiên-cia”, disse Cláudio Costa. Para ele, quemmelhor pode representar essa herançacultural é o mais ilustre dos filhos de SãoJoão del-Rei: o presidente TancredoNeves.

O governador do Estado, AntonioAnastasia, cumprimentou o Poder Ju-diciário pela construção do edifício dofórum. Segundo ele, a realidade não podeser transformada do dia para a noite, épreciso serenidade e planejamento.“Obras bem planejadas e executadas,como o novo prédio do fórum, irão ofere-cer mais conforto e qualidade de atendi-

mento ao jurisdicionado”, concluiu.“A verdadeira riqueza de Minas

Gerais é a sua gente, e na comarca deSão João del-Rei isso não foge à regra”,disse o diretor do Foro da comarca, juizAuro Aparecido Maia Andrade. Para ele, oedifício do novo fórum foi construído paraessa gente, para devotar-se à sociedadea que serve, distribuindo e aplicando ajustiça com o propósito de pacificaçãosocial. Além de São João del-Rei, asnovas instalações irão beneficiar a popu-lação dos municípios de Conceição daBarra de Minas, Lagoa Dourada,Nazareno, Ritápolis, Santa Cruz deMinas, São Tiago e Tiradentes.

Também estavam presentes nasolenidade de inauguração o desembar-gador José Costa Loures, ex-presidentedo TJ; o corregedor-geral de Justiça,desembargador Antônio Marcos AlvimSoares; a desembargadora AlbergariaCosta; os desembargadores AfrânioVilela, Antônio de Pádua, Delmival deAlmeida Campos, Luiz Carlos Biasutti,Marcílio Eustáquio de Souza, MauroSoares e Rogério Medeiros; o presidenteda Associação dos Magistrados Mineiros(Amagis), juiz Bruno Terra Dias; os juízesda comarca de São João del-ReiArmando Barreto Marra, CarlosPabanelli Batista, Ernane BarbosaNeves, Hélio Martins Costa e Maria deFátima Santos Dolabela; além de reli-giosos, autoridades dos poderesExecutivo e Legislativo, advogados,membros do Ministério Público e dacomunidade.

obra foinecessária devido à

insuficiência de espaço do antigo prédio

APlanejamento

Presenças

São João del-Rei: Justiça de casa nova

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assuntos tem crescido. Cerca de 50% dosmagistrados mineiros fizeram o curso degestão administrativa oferecido, em par-ceria, pelo Conse-lho Nacional de Jus-tiça (CNJ) e pelaEjef. Em setembro,a Ejef vai oferecer ocurso de sociologiajudiciária, que enfo-cará os desafioscontemporâneos damagistratura, a ética dos profissionais dodireito, o pluralismo jurídico, os novosdireitos, os impactos socioeconômicosdas decisões, as formas alternativas desolução de controvérsias e o acesso àjurisdição.

A necessidade de uma formaçãoampla para os operadores do direito éobservada desde a graduação. SegundoRonaldo Brêtas de Carvalho Dias, coor-denador adjunto do Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC Minas, os

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Q U A L I F I C A Ç Ã O

Daniela Lima

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A expressão latina da mihi factum,dabo tibi jus (exponha o fato, e direi odireito) traduz o papel de um juiz ao deci-dir os conflitos surgidos na sociedade.Mas a formação de um magistrado vaialém das leis. O juiz precisa conhecer,ainda, as complexas normas que regem asociedade e o relacionamento entre aspessoas. No dia a dia, o magistrado lida,em sua comarca, com assuntos que nãosão essencialmente jurídicos, comoquestões administrativas que envolvemrotinas de trabalho, servidores, direção doForo, entre outros.

Atenta a isso, a Escola Judicial De-sembargador Edésio Fernandes (Ejef)aborda, no Curso de Formação para In-gresso na Carreira da Magistratura, últi-ma etapa do concurso, não só a práticajurídica mas também disciplinas comorelações interpessoais e interinstitucio-nais, administração judiciária, gestão depessoas e psicologia judiciária, técnicasde conciliação, capacitação em recursosda informação, impacto econômico, políti-co e social das decisões judiciais e acom-panhamento psicossocial.

Ana Paula Prosdocimi, coordena-

dora de Formação Inicial, explica que taismatérias passaram a ser recomendadaspela Escola Nacional de Formação eAperfeiçoamento de Magistrados(Enfam), mas já eram contempladas pelaEjef, nos cursos anteriores, exatamentepara atender às necessidades dos juízesiniciantes.

“Durante os dois primeiros anos decarreira, lapso temporal exigido para ovitaliciamento dos magistrados, é realiza-do pela Ejef o curso de aperfeiçoamentoVitaliciar, em que são debatidos os princi-pais problemas que os juízes enfrentamno começo da carreira. Esse feedback éimportante não só para a dinâmica docurso de vitaliciamento como para a a-tualização dos cursos de formaçãoseguintes”, esclarece a coordenadora.

Esses temas também estão sendovistos em cursos de atualização dos ma-gistrados vitaliciados. Embora a maioriados cursos oferecidos pela Ejef tratem datemática jurídica, o interesse por outros

Os vários saberes que formam um juiz

Atualização

Graduação

Diversas discipl inas, além das jurídicas, são abordadas durante o Curso de Formação para Ingresso na Carreira da Magistratura

programas pedagógicos das faculdadesde direito, no Brasil, abrangem matériasrelativas à formação cultural, profissional

e prática do bacha-rel em direito. Porisso, são incluídasmatérias como an-tropologia, sociolo-gia, economia, for-mação do mundocontemporâneo,ciência política, me-

dicina legal e psicologia jurídica. “A impor-tância dessas matérias é integrar o co-nhecimento técnico-profissional com dis-ciplinas de outras áreas da atividade hu-mana, visto que o direito é um fenômenocientífico universal e social”, afirma.

Segundo o professor, a procura porcursos de especialização interdisciplinartem aumentado. “A cada dia, novas teo-rias e figuras jurídicas despontam, emface da dinâmica da realidade política eda vida social. Daí a necessidade de ooperador do direito voltar aos estudos emcursos de pós-graduação ou de especia-lização, com o objetivo de atualizar suaformação”, conclui.

formação de ummagistrado vaialém das leisA

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A dor lombar é uma das causas físicas mais fre-quentes de incapacidade entre magistrados e servidoresda 1ª e da 2ª Instâncias do TJMG. Esse e outros dadossobre a saúde no trabalho são resultados de um estudoorganizado pela Gerência de Saúde no Trabalho(Gersat), que teve como objetivo identificar os motivosde falta ou atraso devido a doenças.

Segundo o estudo, o crescente volume de proces-sos nas varas e secretarias, acomodados em prateleirasque se estendem do chão até o teto, pode levar a pos-turas desfavoráveis e, eventualmente, ocasionardoenças osteomusculares, aquelas que atacam ossos emúsculos. O carregamento de processos também podeagravar o problema, já que cada volume contém cercade 200 páginas e pesa em torno de 1,1 kg. Quase sem-pre, o servidor necessita carregar vários volumes decada vez.

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Atividadesfei tas duranteo horário detrabalhomelhoram aqual idade de vida eevitamproblemasocupacionais

A fisioterapeuta Ana Paula Pereira diz que não é sóquem trabalha carregando peso que corre o risco dedesenvolver problemas musculares. Quem passa muitashoras na frente do computador ou exercendo umamesma função também deve tomar alguns cuidados.“Fazer pausas de 15 minutos após duas horas de traba-lho é fundamental. Manter a cadeira em uma altura ade-quada em relação à mesa de trabalho, utilizar apoios depunho e praticar regularmente a ginástica laboral sãopráticas que ajudam na prevenção”, ensina.

A ginástica laboral é formada por um conjunto deexercícios realizados no ambiente de trabalho, tem comofinalidade prevenir problemas ocupacionais e baseia-seem técnicas de alongamento. Os exercícios podem serrealizados em qualquer local, sem necessidade dedeslocamento ou roupas especiais.

“A ginástica tem o objetivo de proporcionar melhorqualidade de vida aos trabalhadores e evitar doençasocasionadas por movimentos repetitivos. Também é ummomento de relaxamento”, explica Sirlene Maria deSouza, estudante de educação física e professora deginástica laboral no Tribunal de Justiça.

No TJ, essa atividade é realizada duas vezes por

semana, em todos os prédios da capital, por meio daempresa Revigore. Para a assistente da 3ª CâmaraCriminal Patrícia Gonçalves, esse é um momento impor-tante na sua rotina. “É uma maneira de cuidar de mim etambém de interagir com os meus colegas. Com asaulas, me sinto bem e disposta.”

Além da ginástica laboral, outras iniciativas daGersat visam melhorar a qualidade de vida de magistra-dos e servidores. Uma delas é o programa Viva Bem –Mudando sua Postura de Vida, que tem como objetivopromover bons hábitos para uma vida saudável, como areeducação alimentar, o equilíbrio emocional e a ativi-dade física. Uma vez por semestre, é organizado umgrupo na modalidade presencial e outro a distância, paraas comarcas do interior. Os servidores são atendidos poruma equipe formada por médicos, enfermeiros e psicó-logos. Já o Qualidade de Vida nas Comarcas do Interiorenvolve atividades antitabagistas, de prevenção aocâncer bucal e de pele, de saúde do homem e oficinasde saúde emocional. O trabalho é desenvolvido pormédicos, enfermeiros, psicólogos e dentistas.

No banner Saúde no Trabalho, disponível naintranet do TJMG, há a sugestão de diversos exercíciospara alongamento e fortalecimento dos músculos.

s exercícios de ginástica laboralpodem ser realizados

em qualquer local, sem necessidade de deslocamentoou roupas especiais

OAlongamentos

Outros cuidados

Júlia Maia

Exercícios previnem doenças laborais

S A Ú D E

Exercícios Pernas Exercícios Costas

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L E G I S L A Ç Ã O

Contrariando o ditado segundo oqual “em briga de marido e mulher,ninguém mete a colher”, a Lei 11.340completa, em 2011, cinco anos salvandovidas. Apelidada Maria da Penha, emhomenagem à farmacêutica cearenseque transformou um problema pessoalnuma luta pelas vítimas de violênciadoméstica, a norma se tornou não ape-nas meio de proteção da mulher mastambém motivação para o debate daquestão no âmbito da saúde pública.

O texto da lei, citada no relatório2011/2012 da Organização das NaçõesUnidas (ONU) como iniciativa pioneira nadefesa dos direitos das mulheres, pro-tege contra violência física, psicológica,sexual, patrimonial e moral e prevê acooperação entre o poder público e asociedade civil. Com o objetivo de mudara concepção de que a violência domésti-ca e familiar era um crime de menorpotencial ofensivo, a lei vedou a apli-cação de penas como a doação de ces-tas básicas, a prestação pecuniária e opagamento isolado de multa.

Para a desembargadora TeresaCristina da Cunha Peixoto, a Maria daPenha protege não só a mulher mastambém a família. Grande entusiasta doinstituto, ela destaca a lei como um divi-sor de águas que só será justamente

apreciado no futuro: “Ao longo dahistória, a mulher foi considerada inferior,sujeitando-se ao domínio masculino e amaus-tratos. Até o início do século pas-sado, ela ainda precisava de autorizaçãodo marido ou pai para estudar e traba-lhar. A lei veio corrigir a situação e acabarcom a impunidade”.

A magistrada entende a Lei 11.340como uma ação afirmativa exclusivapara a mulher com a finalidade de permi-tir que ela assuma seu lugar na famíliasem que isso gere disputa. “Espero quea Maria da Penha modifique mentali-dades a ponto de um dia tornar-sedesnecessária. Mas isso é um sonho dis-tante e requer esforço. O processo cul-tural é lento, depende de toda asociedade”, completa.

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O juiz Nilseu Buarque de Lima, da14ª Vara Criminal de Belo Horizonte (quefunciona no Centro Integrado deAtendimento à Mulher Vítima daViolência Doméstica e Familiar – CIM),lembra que a lei criou “mecanismos paracoibir a violência doméstica e familiar,trazendo avanços como as medidas pro-tetivas, que socorrem as mulheres einibem a conduta do agressor, sob penade prisão”.

Lima destaca que a legislaçãoencorajou as mulheres a buscar seusdireitos, o que se comprova pelo signi-ficativo aumento do número de deman-das. Além disso, há a possibilidade deabrigamento quando a própria casa serevela insegura. “A repercussão é positi-va. Trata-se de uma norma com umimpacto social tremendo”, declara.

No entanto, o magistrado observaque, devido à enorme procura, a Lei11.340 corre o risco de perder o seuobjetivo, pois ainda falta estrutura paraos órgãos de aplicação da lei, especial-mente varas especializadas. Baseadoem reflexão do jurista Luiz Flávio Gomes,ele pondera: “Instaura-se o inquérito,

mas, com o passar do tempo, oferecidaa denúncia, a ofendida desiste da repre-sentação. Do ponto de vista criminal, oartigo 41 da Lei Maria da Penha, queexclui a possibilidade da aplicação da Lei9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais),foi um retrocesso”. Pelo que prevê aMaria da Penha, nos casos de violênciadoméstica não pode haver aplicação daspenas previstas na Lei dos JuizadosEspeciais. Porém, conforme o juiz, “omodelo da justiça retributiva é ultrapas-sado e dá respostas tardias, ao passoque a justiça consensual é segura e ime-diata”.

O magistrado elogia a lei, masentende que algumas mudanças poderi-am melhorá-la, sobretudo no que dizrespeito aos tipos de penas aplicadas.Nilseu Lima defende que é válido mantera possibilidade de adotar pena restritivade direitos ou multa e promover a conci-liação ou a transação penal. “Em casosespecíficos, a vítima, ao procurar a dele-gacia especializada, deveria ser enca-minhada pela autoridade policial ao juízocom o agressor. Ambos, acompanhadosde advogados, compareceriam à pre-sença do juiz e do promotor para recebera reprimenda penal. A resposta, além dedesestimular a reincidência, daria maiscredibilidade à Justiça”, sugere

A lei veiocorrigir asituação e

acabar com aimpunidade”‘

Manuela Ribeiro

Para a desembargadora Teresa Crist ina da Cunha Peixoto, a Lei Maria da Penha protege não só a mulher mas também a famíl ia

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Cidadania em construção

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De acordo com a desembargadoraTeresa Cristina, a violência domésticaatinge todas as classes, e crianças quevivem em lares violentos tendem a repro-duzir o que veem quando adultas. “A for-mação educativa de base é fundamentale, nisso, a imprensa pode ser uma aliada,mostrando que a lei alberga a mulher,mas não deve ser utilizada para revanche

e vingança. É uma conquista quedepende do compromisso de não tripudiardo agressor nem provocá-lo”, esclarece.

O juiz Nilseu Lima concorda: “A ini-ciativa da mulher é imprescindível. OEstado protege, mas a ofendida precisaavaliar sua situação, decidir-se ou nãopela continuação da ação penal e detectaro grau de risco a que está exposta”. Issoporque, por se tratar de relacionamentospróximos, o laço afetivo tende a dificultar orompimento e o afastamento do agressor,

que, em geral, é um parceiro ou parente.A desembargadora ressalta, contu-

do, que atualmente é complicado inter-romper o andamento de uma ação, por-que, para desistir do caso, a mulher devejustificar perante o juiz porque tomou adecisão. Dessa forma, evita-se que coer-ção, chantagem ou pressão façam asagredidas recuarem.

Em estudo de caso sobre a imple-mentação da Lei Maria da Penha emCuiabá (2009), a pesquisadora Wânia

Pasinato, da Universidade Estadual deCampinas (Unicamp), estabelece trêseixos de intervenção estruturadores dalei: punição, proteção e prevenção. Coma Maria da Penha, ainda que o caminhoseja longo e acidentado, resultados já sãovisíveis na conscientização da mulher ena criação de uma rede de assistênciaeficiente. Punir, proteger e prevenir: pas-sos vitais para fortalecer o chamado“sexo frágil” e fazer a violência de gênerosair definitivamente de moda.

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De acordo com ojuiz Ni lseu Lima,a lei t rouxeavanços como asmedidasprotet ivas, quesocorrem asmulheres einibem a condutado agressor

Quando um não quer...

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Conquista feminina faz aniversário

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A T I T U D E L E G A L

“O ser humano está em constantebusca da perfeição por ser inacabado.Mesmo diante das adversidades, hápossibilidades de crescimento.” Essasforam algumas das reflexões apresen-tadas pelo psicólogo e antropólogoRoberto Crema, numa palestra voltadapara gestores do Tribunal de Justiça,dentro de uma das atividades do progra-ma Atitude Legal. A premissa do progra-ma, desenvolvido pela Escola JudicialDesembargador Edésio Fernandes(Ejef), é a de que a excelência no atendi-mento é uma construção de todos.

A última campanha do programa,em curso na capital e nas demais co-marcas do Estado, adotou como um deseus símbolos o espelho. Assim, nosespelhos das unidades do TJMG, estãosendo colados adesivos com os dizeres“Veja aqui uma pessoa de atitude legal”.“O espelho nos convida a olhar para nósmesmos. Isso nos possibilita chegar aoautoconhecimento e ao reconhecimentodas potencialidades e das limitações decada um. Só a partir daí é que escolhas

Sidneia Simões e Wilson Menezes

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Na mesma linha de pensamento,Roberto Crema disse que as pessoas sóse transformam quando são motivadas.“E motivos não faltam. Sejamos atoresde nossas vidas. Vamos estimular osrelacionamentos interpessoais. A cadasituação vivida, temos a possibilidade demanter acesa nossa conexão com opróximo.”

O psicólogo explicou que as pes-soas, desde o nascimento, estão conec-tadas. “Se hoje falta compaixão, há umdesequilíbrio que deve ser combatido. Areceita é sermos agentes das situaçõesque nos cercam. Vamos aliar corpo econsciência. Deixar de cuidar somentede nosso mundo e expandir ações emtorno do outro. Temos que pensarglobalmente.”

Para o palestrante, se não houveruma mudança de atitudes, o mundoestará diante de um comportamentoinsustentável. “Ficaremos adaptados auma rotina desgastante até padecermosda ´normose´, que é a incapacidade de

podem ser feitas no sentido de se fazermelhor”, diz o 2º vice-presidente doTJMG e superintendente da Ejef, desem-bargador Herculano Rodrigues.

Durante a palestra, o magistradoafirmou que as mudanças devem partirde cada um. E vai além: “Não há dúvidade que o aprimoramento do mundocomeça pelo autodesenvolvimento. Osespelhos são para lembrar que nelesdevem estar refletidas as imagens depessoas de atitude legal, que estão debem com a vida”.

Para o desembargador Herculano Rodrigues, superintendente da Ejef, oautoconhecimento permite que as pessoas ident i f iquem suas potencial idades

O antropólogo Roberto Crema defende a mudança de at i tudes para que o serhumano não perca a sua capacidade de indignação diante das si tuações

A cadasituaçãovivida, temos

a possibilidade demanter acesa nossaconexão com o próximo”‘

sair da mesmice, do vazio”, alertou.Roberto Crema acentuou que cada pes-soa recebe talentos, mas é necessárioinvestir neles: “se não houver investimen-to de cada um em suas potencialidades,seremos apenas possibilidades”. Para opsicólogo, “se cada um não contar a suahistória, ninguém poderá contá-la”.

O programa Atitude Legal, realiza-do em parceria com a Assessoria deComunicação Institucional (Ascom) doTJMG, propõe reflexões sobre o dever deatender com excelência. “Por isso temosoferecido momentos que convidam osgestores e servidores a refletir sobretemas como o autoconhecimento, oautodesenvolvimento. Palestrantes reno-mados que apresentam possibilidades deaprofundamento sempre darão sua con-tribuição”, esclarece a gerente deFormação Permanente da Ejef, ThelmaRegina Cardoso. Os principais trechos dapalestra do psicólogo e antropólogoRoberto Crema serão contextualizadosem um documentário e estarão à dis-posição dos interessados brevemente.

Foto

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Servidor: um ser humano em construção

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Judicialização da saúde é crescente em Minas

E N T R E V I S T A - D e s e m b a r g a d o r a V a n e s s a V e r d o l i m H u d s o n A n d r a d e

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Vanessa Verdol imexpl ica que Minas

Gerais é referêncianas discussões

sobre o assunto

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Francis RoseNos últimos anos, tem havido uma crescente judicialização da saúde. Isso significa que, a cada dia, mais pessoas procuram a Justiça paragarantir internações urgentes ou a realização de procedimentos médicos, além do recebimento de medicamentos e de insumos essenciais àsaúde. Minas Gerais é uma referência nas discussões que tratam desse tema, já que o assunto é abordado pelo Judiciário, pelo MinistérioPúblico e pela Secretaria de Estado da Saúde desde 2006. O esforço do Judiciário é para dar ao cidadão o atendimento adequado, sem interferirexcessivamente nas políticas públicas de assistência à saúde. Em entrevista ao TJMG Informativo, a desembargadora Vanessa Verdolim HudsonAndrade, à frente do Fórum Estadual Permanente da Saúde, explica os impactos dessa busca dos pacientes pela Justiça e fala das iniciativaspara que os magistrados estejam cada vez mais informados e preparados para atuar nesses casos.

TJMG Informativo – A judicialização da saúde temimpactos positivos?

Vanessa Verdolim Hudson Andrade – O lado positi-vo é que os órgãos responsáveis pela assistência àsaúde atentaram para a necessidade de melhorar aspolíticas públicas. Nos últimos anos, o Estado aumen-tou sua lista de medicamentos, incluindo vários delesem seus protocolos de atendimento. O Estado tambémbaixou um ato normativo garantindo a internação ime-diata. Se não houver vaga em sua rede, ela será con-tratada em um hospital particular. O lado negativo éque, se o Judiciário não promover a discussão ampladesse assunto com os juízes, corremos o risco desubstituir o administrador, provocando uma ingerênciano Poder Executivo.

Como conciliar a necessidade alegada pelocidadão ao orçamento muitas vezes limitado demunicípios pequenos?

O orçamento é a parte preocupante, porque o Judi-

ciário decide sem se preocupar com isso. Na verdade,o Judiciário precisa atender, na medida do possível,observando as recomendações da Corregedoria-Geralde Justiça e do Conselho Nacional de Justiça, queatestam a necessidade de que o magistrado conheçaas políticas públicas. Por exemplo, muitas vezes opaciente aciona o município judicialmente, mas omedicamento pretendido já é fornecido pelo Estado.Se o juiz conhece as políticas públicas, não vai con-denar a administração municipal. Sabemos de cidadesmenores que estão em situação crítica por cumprir asdecisões. De qualquer forma, todas têm obedecido aoque é determinado pela Justiça.

Como garantir que os juízes estejam mais prepara-dos para as decisões na área da saúde?

O fórum já promoveu reuniões sobre a judicializaçãoda saúde em Belo Horizonte e Uberlândia. Agora, pre-tendemos realizá-las nas regiões do Vale do Aço, deJuiz de Fora, de Montes Claros e de Poços de Caldas.Em Uberlândia, o comparecimento de juízes da região

foi maciço. Outra iniciativa é o convênio que estásendo celebrado pela Escola Judicial DesembargadorEdésio Fernandes (Ejef) com uma entidade da áreatécnica. Essa entidade, que não é ligada ao Executivo,vai fornecer, aos magistrados de todo o Estado, infor-mações e pareceres técnicos que sirvam de base paraas decisões. Por e-mail, o magistrado vai solicitar osdados científicos, que vão ajudá-lo, por exemplo, adecidir se concede uma liminar ou uma tutela antecipa-da. O convênio está na fase final de acertos. Outra ini-ciativa são as informações que vamos disponibilizar nosite da Ejef. Leis, portarias e informações ficarãodisponíveis permanentemente para a consulta dosmagistrados.

Com qual embasamento técnico os magistradosdecidem hoje?

Atualmente, as informações técnicas são dadas aoJudiciário por médicos e farmacêuticos da Secretariade Estado da Saúde. Mas essa não é a situação ideal,já que o Estado é parte em muitos processos.

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Disponibilidade – facilidade de conseguir adroga e influência do tráfico

Círculo de amizades – o convívio comusuários de crack pode ser um incentivo para con-sumir a droga

Questões psicológicas e sociais – insegu-rança, baixa autoestima, sensação de inadequaçãosocial e depressão podem levar ao uso do crack

Uso de outras drogas – pesquisa do CentroBrasileiro de Informações sobre DrogasPsicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal deSão Paulo (Unifesp), aponta que a maior parte dosusuários de crack já havia usado álcool, tabaco eoutras drogas ilícitas

Fonte: http://www.brasil.gov.br/enfrentandoocrack

“Crack Destrói. Construa um caminho sempedras.” Esse é o slogan da campanha de prevençãoao uso do crack lançada em 11 de julho, no Tribunal deJustiça. A campanha é promovida pelo Instituto MinasPela Paz (IMPP), com apoio do TJMG – através doPrograma Novos Rumos e da Vara Infracional daInfância e da Juventude de Belo Horizonte –, doConselho Estadual de Políticas sobre Drogas(Conead/MG) e da TV Globo Minas.

A ação prevê uma intensa campanha publicitárianos veículos de comunicação, exibição de peças grá-ficas nos coletivos, pontos de ônibus, outdoors, ban-cas de revista e outros locais, além de ações educati-vas em escolas e espaços públicos. A realização deparcerias garantirá a veiculação gratuita do material,que foi produzido pela agência Libra ComunicaçãoIntegrada.

“O resultado do uso do crack é a desagregaçãofamiliar. Com a campanha, esperamos que esse pano-rama seja alterado”, disse ocoordenador do ProgramaNovos Rumos, desembar-gador Joaquim Alves deAndrade, representando opresidente do TJMG,desembargador CláudioCosta, no lançamento dacampanha.

A ação visa alcançar

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T Ó X I C O S

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“Essa pedra despedaça famíl ias” é uma das fotos da campanha Crack Destrói

Raul Machadotodas as classes sociais. “O crack não é uma droga sóda periferia”, disse a juíza da Vara Infracional daInfância e da Juventude de Belo Horizonte Valéria daSilva Rodrigues. O secretário executivo do IMPP, LuizFlávio Sapori, também ressaltou o caráter “democráti-co” da droga, que pode ser observado nos centros detratamento. “O crack perdeu o estigma de droga depobre”, disse o secretário do IMPP.

Nos anos 80, uma nova droga chegava aos bair-ros pobres de Nova York, Los Angeles e Miami. Opreço baixo foi fundamental para a popularização docrack, que é produzido a partir da mistura da pasta-base de coca ou da cocaína refinada com bicarbonatode sódio e água. Depois de aquecida, a mistura de-canta e, voltando à temperatura ambiente, dá origem

às pedras. O estalo que apedra faz quando queimada– “crack” – batizou a droga.

Ainda em 1989, SãoPaulo registra os primeiroscasos de uso da droga.Hoje, de acordo compesquisa realizada pelaAssociação Brasileira deMunicípios, a droga está

FATORES DE RISCO

Campanha de prevenção ao uso do crack é lançada no TJ

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presente em 98% dos municípios brasileiros. A infor-mação foi dada pelo presidente do Conead/MG, opsiquiatra Aloísio de Freitas, no lançamento da cam-panha.

Mais informações sobre a campanha podem serobtidas no site www.crackdestroi.org.br.

Popularização

ação prevê umaintensa campanhapublicitária nos

veículos de comunicação e aexibição de peças gráficas,além de ações educativas emescolas e espaços públicos

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O Santuário do Caraça, localizado nos municípios de Catas Altas e SantaBárbara, está aberto à visitação diariamente, das 7h às 17h, e, em finais de se-mana e feriados, das 8h às 17h. Para acesso à reserva, é cobrada uma taxa novalor de R$ 5 por pessoa. Crianças até 6 anos não pagam. Excursões com ônibusprecisam ser agendadas.

Dentro da reserva, uma lanchonete funciona das 8h às 17h. Os visitantesinteressados em almoçar no refeitório devem comprar fichas (R$ 12 por pessoa;self service sem balança) até as 11h. A refeição é servida das 12h às 14h.

Há diversos tipos de acomodação para quem deseja se hospedar no san-tuário, com preços que variam, na baixa temporada, por pessoa, de R$ 77 (quar-to com banheiro externo) a R$ 165 (suíte imperial), diárias com pensão completa.A reserva para finais de semana deve ser feita com dois meses de antecedência.

Informações pelos telefones: (31) 3837-2698, 3837-1939 e 3231-4993.

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T U R I S M O

A capel inha de 1866 f ica a 2 km do centro histór ico e pode ser avistada de várias partes do parque, que é uma reserva part icular do patr imônio natural

Visita ao sagradoUm lugar sagrado, tanto por sua

origem e vocação religiosas, quantopela história e pela beleza natural e avariedade de espécies da flora e dafauna que abriga. O Santuário doCaraça, a 120 km de Belo Horizonte, éum paraíso que convida à reflexão e àcontemplação. A temperatura amena,as belas paisagens, o verde em seusvariados tons e o barulho dos pás-saros e da água cortando o silêncioaguçam os sentidos e deslumbram osvisitantes. A reserva particular dopatrimônio natural (RPPN), que temcerca de 11 mil hectares, oferece atra-ções variadas, com foco religioso, cul-tural e ecoturístico.

Picos, corredeiras, piscinas na-turais, desfiladeiros, grutas e ca-choeiras estão espalhados por todo oterreno. Alguns locais são acessíveispor trilhas fáceis. Para chegar a outrospontos, contudo, é necessário con-tratar um dos sete guias credenciadosna reserva. O trajeto até algumasatrações, como os picos, é longo, difí-cil e exige preparo físico.

O pico do Sol é o mais alto dacadeia do Espinhaço e está a 2.072metros de altitude. Além dele, o turistapode visitar os picos do Inficionado, daCarapuça, da Canjerana, da Con-

ceição, Três Irmãos e da Verruguinha.Para quem prefere os passeios por tri-lhas mais acessíveis e em que não hánecessidade de guia, há opções comoa Cascatinha, o Tanque Grande, oBanho do Belchior e a Prainha.

Os aspectos culturais e reli-giosos do santuário, que é proprieda-de particular da Província Brasileira daCongregação da Missão, podem serconferidos com uma visita ao museu, àbiblioteca e à pinacoteca. Também sãoatrações a capelinha Sagrado Cora-ção de Jesus, o santuário neogóticode Nossa Senhora Mãe dos Homens,o calvário, a capela Irmão Lourenço, oclaustro, as catacumbas, o jardim e orelógio de sol.

Na igreja neogótica, construídacom pedra sabão, mármore e quartzitoda região, estão a obra A Ceia deAtaíde, de 1828, e os altares barrocos,de 1806 e 1807, pintados por mestreAtaíde. A construção também tem vi-trais franceses, uma imagem de Nos-sa Senhora Mãe dos Homens, vindade Portugal em 1784, e o corpo reves-tido de cera de são Pio Mártir. O órgão

com 628 tubos é tocado todo segundofinal de semana do mês pelo organistaLucas Raposo.

Anualmente, o Santuário do Ca-raça recebe cerca de 60 mil visitantes.No local funcionou, de 1820 a 1968,um importante colégio, por onde pas-saram 11 mil alunos. As atividades dainstituição de ensino foram encerradasapós um incêndio que destruiu partedas instalações e do rico acervo dabiblioteca. Em 2002, o prédio foi res-

Francis Rose

Rosana Maria

Religiosidade

SERVIÇO

taurado e passou a abrigar o museu. A partir de 1982, a visita noturna

do lobo-guará para receber alimen-tação na porta da igreja tornou-se umdestaque no local. Contudo, apenas oshóspedes da Pousada do Caraça,hospedagem que funciona dentro dareserva, podem acompanhar a visita,já que o acesso para os visitantescomuns se encerra diariamente às17h, e o lobo-guará só costuma apare-cer a partir das 19h.

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E N T R E V I S T A >> D e s e m b a r g a d o r

12 A G O S T O / 2 0 1 1 Remetente: Assessoria de Comunicação Institucional - TJMG | Rua Goiás, 253 - Térreo - Centro - Belo Horizonte - MG - CEP 30190-030

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C U L T U R A

Desde sempre, a harmonia e aexpressividade dos sons encantam o serhumano. A aposta do juiz GeraldoRogério de Souza, da 1ª Vara Cível deItaúna, é que esse poder da música sirvatambém como um instrumento para arecuperação e para a integração de con-denados. Semanalmente, o magistradodá aulas de violão aos detentos quecumprem pena na Associação deProteção e Assistência ao Condenado(Apac) de Itaúna, no Centro-Oeste deMinas. O juiz tem 20 alunos.

O magistrado acredita que a músi-ca e o esporte são importantes ferra-mentas para a prevenção de delitos e

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para a integração e a participação dequem está nos sistemas de custódia dopaís, seja em abrigos para menores, sejaem penitenciárias de segurança máxima.“A minha ação visa sempre levar a essaspessoas uma oportunidade de inte-gração, de participação, não só aos con-denados, mas também às pessoas quevivem à margem dos direitos”, afirma.

Nas comarcas por onde passa, omagistrado faz questão de dar a sua con-tribuição. “Desde que iniciei a minha car-reira no TJMG, tenho mantido atuações‘extracurriculares’. Em São João da

Condenados da Apac aprendem violão

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ação

Em Itaúna, 20 recuperandos

têm aulas semanaisde uma hora

com o juiz GeraldoRogério de Souza

C L I C K D O L E I T O R

The Living Water Wayside Chapel. É a menorcapela em atividade do mundo. Fica ao longo dorio Parkway Niagara entre Niagara Falls eNiagara-on-the-Lake, no Canadá. Foi erguidaem 1960 pela Igreja Cristã Reformada.Originalmente destinada a ser lugar de descan-so para os visitantes ao longo do ParkwayNiagara, tornou-se tão popular que passou a serlugar favorito para cerimônias de casamento.Tem apenas alguns bancos, uma caixa dedoações e um livro para os pedidos de orações.

Maria Goretti Dias Lopes Paiva –Programa Novos Rumos

Francis Rose e Vanderleia Rosa

Para publicar a sua foto no Click do Leitor, envie a imagem e o texto para o e-mail [email protected].

Ponte, fui técnico de futebol feminino deum time formado por crianças carentes.Em Vespasiano, orientei menores indica-dos pelo serviço de assistência sociallocal na prática de futebol. Em SãoLourenço, dei aulas de violão a menoresinfratores. Agora, meu trabalho tem sidocom as aulas de violão para os recu-perandos da Apac”, conta.

Geraldo Rogério de Souza afirmaque há outros trabalhos excepcionaisque usam a música e o esporte narecuperação de pessoas em conflito coma lei, a maior parte deles desenvolvidospela sociedade em geral, com pequenaparticipação do Estado. “Muitas vezes,

as iniciativas são preventivas e têmimportância vital para evitar que essaspessoas cheguem aos abrigos e presí-dios”, defende. Em Itaúna, segundo ojuiz, a primeira reação dos apenados àsaulas de violão foi de desconfiança. Essaresistência inicial, contudo, passou aolongo dos meses.

O curso de violão é realizadodurante uma hora, sempre às quartas-feiras. Os detentos aprendem nos violõesda própria Apac e em alguns instrumen-tos doados. “As doações são semprebem-vindas”, lembra o juiz, que toca vio-lão desde os 14 anos e que já compôsmúsicas e participou de festivais.

Contribuição