mulheres curirtibanas na 1ª república
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Mulheres curitibanas na Primeira República
INTRODUÇÃO
A proposta do trabalho, nosso objeto de estudo, é fazer uma leitura da
obra Clotildes ou Marias – mulheres de Curitiba na Primeira República, de Etelvina
Maria de Castro Trindade, procurando mostrar como a mulher curitibana, no
contexto da primeira república, via-se e era vista no espaço sociocultural,
educacional e religioso da época, face aos pressupostos de correntes de
pensamento como o positivismo de Augusto Comte – que idealiza o perfil da mulher
na musa Clotilde Vaux – e o catolicismo de posições ultramontanas – cujo símbolo é
Maria.
Etelvina Maria de Castro Trindade é graduada (1975) e mestre em Educação
(1983) pela Universidade Federal do Paraná, doutora em História Social pela USP
(1992) com pós-doutorado por Sorbonne Nouvelle, Paris III. Foi professora da
UFPR, atualmente leciona na Universidade Tuiuti. Atua em História do Brasil com
ênfase nos seguintes temas: mulheres, Curitiba, cidade, meio ambiente, urbanismo
e identidade regional.1
1. Assim era Curitiba na Primeira República
A Primeira República ou República Velha foi o período da história do Brasil
compreendido entre 15 de Novembro de 1889 até a Revolução de 1930 que depôs
Washington Luís. Esse período era também conhecido como República dos
Bacharéis ou Maçônica visto que todos os presidentes civis da época eram
bacharéis em Direito, com exceção de Epitácio Pessoa, e todos serem maçons.
Foi um período de grande expansão urbana no mundo e no Brasil que sofreu
reestruturação estética em suas cidades, inclusive em Curitiba graças a seus
governantes. As mudanças mais significativas que ocorreram em Curitiba foram a
criação da linha telegráfica com o Rio de Janeiro e outras cidades (1871), a
iluminação pública a querosene (1874), a construção do mercado municipal (1874) e
a construção da estrada de ferro (1879).
1 Dados obtidos através do Currículo Lattes, atualizado em 2012.
2
"Vi Curityba enfesada, rachitica, pequenina, descalça, atolada na lama, iluminada por tênue e bruxuleante luz de espaçados lampeões a kerozene. [...] Mas, com o decorrer do tempo as cousas se modificam. Os anos passavam como a areia na ampulheta; veio a Estrada da Graciosa; (...). Deu um passo á frente o systema de esgoto, sendo as dejecções conduzidas por três maquinas de sucção que tinham escarneo, as denominações de Opopanax, Violeta, Resedá! Cresceu o número de escolas, O Lyceu teve regular freqüencia'.- Ninguém mais se lembrava das Congadas: das altas fogueiras ateadas nas ruas; do barbaro entrudo feito com seringa de folha de Flandres ou com laranjinhas cheias de agua perfumosa. O progresso desatava-se !" (Curytiba de outrora e de hoje por Sebastião Paraná, 1930)2
Apesar de toda a modernização Curitiba ainda possuía um cheiro campesino,
com os imigrantes que vinham à cidade com suas carroças para vender seus
produtos coloniais. A modernidade também provocou um aumento no custo de vida
do curitibano ao final dos anos de 1910 quando terrenos e imóveis valorizavam-se e
geravam a alta dos aluguéis. Também os impostos sobre produtos e o aumento das
tarifas de luz elétrica.3
Obras para instalação de trilhos para os bondes, Curitiba, 1912.
Fonte: Google imagens
Nessa época, o moderno significava a instauração de uma cultura urbana,
baseada em países como os Estados Unidos, a Inglaterra e a França, num processo
de transplante cultural.
Assim Curitiba, através de seus prefeitos Cândido de Abreu e Moreira Garcez
foi objeto de “modernidades” que alteraram seu quadro urbano com a instalação de
fábricas, saneamento básico, serviços de utilidade pública entre outros.
2 Sebastião Paraná, Curitiba, 1894-1938. Casado com Elvira Paraná em 1905. Diplomado em Direito e Ciências Políticas e Sociais no Rio de Janeiro. Foi professor catedrático de Geografia e Corografia do Brasil, no Ginásio Paranaense e Escola Normal de Curitiba em 1900.3 CRUZETTA, Fernanda Carolina Rememorações da cidade de Curitiba - Visões do progresso nas décadas iniciais do século XX, Curitiba, 2010.
3
Edificação de 1938, sede própria da fábrica de fitas criada em 1907 pelo alemão Gustavo Venske.
A empresa permaneceu com a família e funcionou até 1980
Fonte: http://asvirtudesdobemmorar.wordpress.com/
“Em busca da feição reformista das grandes cidades, em 1906, Curitiba foi dividida em zonas concêntricas que continuavam privilegiando as regiões centrais. A isso se seguiram muitas novidades embelezadoras que atravessam as principais praças e ruas da cidade”4
Fonte: Google imagens
“Logo, em 1907, nasceria a Avenida Luís Xavier; um pequeno trecho entre a Praça Osório e a Rua XV de Novembro receberia saneamento, jardins centrais e fileiras de árvores, transformando-se "na menor avenida do mundo". Nela “Homens de terno escuro, colarinho quebrados nas pontas, chapéu coco, bengala" formavam grupos ou passeavam por botequins e confeitarias. ” 5
4 PERUSSOLO - IMIGRAÇÃO, URBANIZAÇÃO, INDUSTRIALIZAÇÃO NO PARANÁ NO PERÍODO DE 1890-1913.5 idem
4
Todas essas transformações urbanas deram visibilidade às precárias
condições das moradias, ao adensamento populacional, ao incremento da
criminalidade, às precárias condições dos calçamentos das ruas, ao aparecimento
de novas doenças e das endemias, o que gerou um crescimento, nas primeiras
décadas do século XX, de instituições como leprosários, hospitais de isolamento,
patronatos agrícolas, prisões, albergues e outros para atuar no controle, vigilância,
tratamento e isolamento de uma população bastante heterogênea , isolando-os do
contato com os demais, considerando-se que a salubridade do clima e o
branqueamento da raça não tiveram o êxito esperado.
Na administração de João Antonio Xavier como prefeito de Curitiba,
construíram-se praças e galerias pluviais, expandiu-se a rede de esgoto, a de
iluminação pública e a higienização dos serviços. A sociedade se embelezou e se
protegeu. 6
Assim, nos últimos cinco anos da década de vinte foram construídos: o
Leprosário São Roque (1926), o Sanatório São Sebastião da Lapa (1927) e o
Hospital de Isolamento (1928 – mais tarde denominado Oswaldo Cruz). Claro está
que a Lepra, a tuberculose e outras doenças não deveriam circular livres na “terra do
futuro”.
Atenta a essa realidade a autora buscou recuperar a presença feminina em
um espaço e uma sociedade que se achava em vias de transformação através do
estudo da imprensa periódica local como fonte básica de pesquisa. E nos descortina
uma mulher que passeia entre a vida doméstica e reclusa do lar àquela que estuda e
trabalha de forma autônoma e àquelas marginalizadas, agressivas e irreverentes
que enfrentam a todo instante a repressão e a violência.
“A mulher curitibana aproveita os espaços que a República positivista e o livre-pensamento lhe oferecem, recebendo muitas vezes, nas escolas, educação de cunho científico e liberal e participando ativamente dos momentos cívicos e sociais da cidade”[...] “Curva-se, por outro lado, à inevitabilidade dos severos moldes religiosos quando se torna difícil a resistência frontal” [....] “Atende ao mesmo tempo, os apelos feministas em sua face emancipadora” [...] é antes de tudo uma mulher urbana”. 7
6 LARROCA E MARQUES - A CONSTRUÇÃO DO NOVO PARANÁ: UMA ANÁLISE DOS DISCURSOS HIGIENISTAS7 TRINDADE, Etelvina Mª de Castro. Clotildes ou Marias – Mulheres de Curitiba na Primeira República, 1996.p. 16;
5
2. A educação Feminina
A educação sempre desempenhou um papel estratégico na formação do
homem “novo” no início do século XX, de acordo com os ideais republicanos
discutidos e difundidos após a Proclamação da República, que pretendiam produzir
um novo Brasil, levando em conta o crescimento da economia, pela comercialização
do café e pelo início da industrialização. Esse movimento tem início nas principais
cidades do país e aos poucos se expande para os demais centros urbanos.
A escola assim, principalmente a primária, é utilizada como veículo de
reprodução dos objetivos maiores da nação e como transmissora da mensagem
patriótica e civilizatória a todos os cidadãos que ao mesmo tempo, sendo
reprodutora, oportuniza a escolarização à população com o discurso de igualdade.8
No Paraná, as campanhas de difusão da escola primária foram organizadas, pois:
“é base senão primordial, pelo menos fonte secundária onde o povo vae haurir a longos sorvos as luzes que aclaram o espírito de seus filhos.” (A ESCOLA, 1906, n. 1, p.06).9
Surgem os primeiros grupos escolares, pois no ideário liberal dos
republicanos paranaenses a instrução tinha um lugar de destaque, compreendida
como um instrumento indispensável para a consolidação da República.
1903-Cândido F. Abreu 1907- Ângelo Bottechia 1909 – Dario Vellozo, V. Izabel.
8 TRINDADE, Etelvina Mª de Castro. Clotildes ou Marias – Mulheres de Curitiba na Primeira República, 1996.9 Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná, 1906-1910.
6
1911 – Secretaria de Obras Públicas e Colonização - SOPC
1911 – SOPC 1911 – Ângelo Bottechia 1911 – demolido
1925 – projeto sem registro 1935 – Manoel Ribas
Fonte: Grupos Escolares de Curitiba na primeira metade do século XX10
“Com a grande afluência de imigrantes, ocorrida a partir da segunda metade do século XIX e intensificada nas primeiras décadas do XX, o discurso nacionalista precisava ser disseminado e a Escola de Aprendizes Artífices do Paraná servia como porta de entrada para o “gerenciamento” e nacionalização dos imigrantes e a preparação do elemento nacional.”11
Já existentes na capital paranaense: o Lyceu de Curitiba, futuro Gymnasio
Paranaense (1846), a Escola Carvalho (1882), a Escola Oliveira Bello (1881) e a
10 CASTRO, Elizabeth Amorim. Grupos Escolares de Curitiba na primeira metade do século XX. Curitiba: Edição do autor, 2008.11 PANDINI, Silvia. A Escola de Aprendizes Artífices do Paraná: Viveiro de homens aptos e úteis (1910-1928).
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Escola Tiradentes (1895) além dos colégios particulares, dos imigrantes e
confessionais.
A edificação do prédio da Universidade Federal do Paraná, 1912, é o ponto
máximo na formação e instalação da rede escolar de ensino na Curitiba republicana.
Outras como a Escola Municipal de Santa Felicidade, o Grupo Escolar Júlia
Wanderley, a Escola Municipal Cajuru, o Grupo Escolar Lysimaco Ferreira da Costa
e a Escola Municipal do Guabirotuba são da década de 1940.
O discurso liberal que imperava nessa época defendia como princípio a
escola pública, laica, universal, sendo esse o caminho para o progresso individual,
social e econômico, o que resultou na adequação do sistema educacional à ordem
democrática. Sabe-se, no entanto, que este modelo era o imposto pelas elites – o
modelo europeu, branco e masculino.
Também no final do século XIX e início do XX o Brasil passa a receber
milhares de imigrantes europeus, que se instalam em sua maioria no sul do país, e
que sem esperar a ação do governo constroem e mantém escolas para seus filhos,
identificadas com seus países de origem. 12
Contudo, para o governo brasileiro, a formação da nação brasileira tinha
como critério a língua nacional e as escolas deveriam ensinar a língua pátria e
enfatizar o ensino dos símbolos nacionais assim como a história e geografia do país.
O estudo das datas cívicas foi estimulada pelas autoridades. No período da guerra,
em 1917, a escola alemã (Escola da Communa Allemã) foi obrigada a fechar por
vários meses.
Para formar o cidadão brasileiro a escola deveria ensinar História, Geografia,
Moral e Cívica, Canto, Música, Declamação e os esportes.13
A imprensa também foi utilizada como meio de propagação dos ideais
republicanos visando, principalmente orientar o trabalho docente e o método de
ensino das séries iniciais no Paraná. 14
12 RENK, Valquiria Elita. Educação Étnica - Nacionalização do Ensino no Paraná13 idem14 ZANLORENZI, Claudia Mª Petchak - Educação, imprensa e ideologia: ideais republicanos, método Intuitivo e trabalho docente na revista “a escola” (1906-1910).
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Também no século XX o país conheceu diferentes iniciativas na proteção,
amparo e educação das crianças, especialmente as órfãs, as oriundas de famílias
trabalhadoras e as pobres, mas o discurso respaldava-se em teorias higienistas que
ao combater a mortalidade infantil influenciavam o modo de criação dos filhos,
advertindo às mães a não deixarem seus filhos aos cuidados de uma ama de leite. 15
Acompanhando os grupos de imigrantes estavam presentes também as
igrejas para garantir a expansão da fé e o espaço do ensino aos filhos destes. As
escolas particulares laicas opõem-se as confessionais introduzidas em Curitiba de
1880 a 1930 (São José, Sion, Divina Providência, etc.). Das escolas não católicas as
protestantes (evangélicas, luterana ou presbiteriana) são as mais numerosas.
A inserção da mulher das classes operárias e populares no mercado de
trabalho movimentou um novo tipo de educação: o ensino das artes aplicadas.
Assim, a Escola Profissional Feminina oferece uma opção à Escola Normal. Em seu
ensino constam artes, economia doméstica e prendas manuais. 16
Escola Profissional Feminina, 1917.
Corpo discente da Escola Profissional Feminina de Curitiba - Arquivo Público do Paraná.
15 PANDINI, Silvia. A Escola de Aprendizes do Paraná: Viveiro de homens aptos e úteis (1910-1928).16 FREITAS, Danielle Gross de. Entre Ofícios e Prendas Domésticas: A Escola Profissional Feminina de Curitiba (1917-1974).
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Atendendo aos anseios republicanos buscava-se também, desde cedo,
adequar a futura mãe aos mecanismos de controle social, acionando-se, em
primeiro lugar, a prática escolar. 17
“Que se pretende do menino? Que como particular e como cidadão, trilhe o caminho do dever e da virtude. Que se pretende da menina? Que seja anjo velador do lar, a carinhosa promotora da educação da família. Pois o regime disciplinar da escola deve ser o mais acomodado para que no menino forme-se o homem de bem e na menina a matrona exemplar.” ( TRINDADE, 1996, p.32)
Assim, em acordo com o pensamento da época a mulher é o receptáculo das
futuras gerações que só se completa quando se torna educadora. É nesta base
moral que a estrutura de ensino está calcada cunhando a imagem da esposa e mãe
idealizadas. Paralelamente a isto, o ensino religioso obrigatório ou, pelo menos
facultativo, ganha força na formação da futura mãe curitibana. Dentro do que a
religião católica considera a boa formação da mulher está o sacrifício, a disciplina e
a renúncia centrados na salvação dos filhos e contra a descrença do cônjuge. Cria-
se o conceito de “sexo frágil” que limita e espaços e atividades dessa mulher.
Outra forma de controle são os regulamentos impostos, inclusive pelas
escolas laicas, femininas e masculinas que estabelecem uma “justiça penal”
concretizada em castigos ou prêmios, classificando as pessoas em boas ou más.
“[...] As próprias educandas devem atribuir-se as notas que merecem no dia, sob o ponto de vista da polidez, da observância do regulamento, da ordem e da aplicação”.(TRINDADE, 1996, p.51)
O exame, momento máximo da produção escolar, compunha-se de uma
mostra dos resultados obtidos pelas alunas, em cerimônia pública, para que se visse
o sucesso ou fracasso de cada uma.
Cada vez mais circunscrita ao espaço interior a mulher doméstica compõe
uma face que não se opõe a de mãe e esposa. Auxiliando na construção deste
modelo a escola assimila e divulga uma posição que cerceia o acesso da mulher ao
saber científico que segundo Etelvina Trindade assenta-se no preconceito que
17 TRINDADE, Etelvina Mª de Castro. Clotildes ou Marias – Mulheres de Curitiba na Primeira República, 1996.
10
considera o sexo feminino inapto a exercer seus direitos políticos, sua
intelectualidade e seu raciocínio.
“Se quereis que vossa filha seja uma eficiente dona de casa, senhora do lar, mãe dedicada, então enviai-a ao menos por algum tempo para instruir-se e educar-se nas Escolas de EDUCAÇÃO FAMILIAR DAS IRMÃS DE CARIDADE, onde receberá melhor desembaraço e traquejo, aprenderá a tratar com gosto, de si e dos outros, aprendendo corte e costura, limpeza de roupa, culinária, trabalhos domésticos e variados trabalhos manuais [...] Dessa maneira, tornará a vida aprazível para si e para os outros [...] (TRINDADE,1996, p.56).
Assim, segundo Etelvina a escola e a sociedade permitem a ocupação vigiada
dos espaços públicos onde se espera que a mulher seja o “adorno no lazer e nas
artes, cooperação no trabalho rentável e esteio da construção nacional”. Atrelada a
essa funções, a mulher agora consegue transpor os limites da casa, manifestando-
se no exterior.18
A mulher da sociedade ocupa os espaços exteriores sua presença é visível,
nos teatros, cinemas, lojas e diversões, lugares até então restritos ao homem. A
educação ainda resiste, pretende-se formar uma mulher para a vida social sem
nivelá-la ao homem no conteúdo dos conhecimentos, menos ainda na área
científica. A curitibana aprende a gramática, línguas, história e geografia e a
matemática, quando ensinam, é com orientação meramente utilitária.
“A arte dramática, o canto, a declamação e, sobretudo, a música são considerados extremamente úteis à apresentação feminina nos salões, além de constituírem um recurso último em caso de celibato, viuvez ou desastre financeiro, quando o ensino das “belas artes” é ofício mais “honroso” do que costurar ou bordar” 19
Ir ao teatro era uma importante opção de lazer nas últimas décadas do
século XIX e início do XX. O Teatro Theodora inaugurado em 1884 passou a ser
chamado de Teatro Guaíra em 1900. O Teatro Thalia, 1891 mais tarde ficou
conhecido como Teatro Hauer. Os cinemas também eram populares: o Édem, o
Mignon e o Smart Cinema.
Ainda a dança, incluída como esporte transforma-se em fator de socialização
entre alunos e alunas. Nas “escolas de dança” aprimoram-se a coreografia para
18 TRINDADE, Etelvina Mª de Castro. Clotildes ou Marias – Mulheres de Curitiba na Primeira República, 1996. p.62.19 Idem p.67
11
aplicação imediata na vida social em bailes, saraus e serões do Grêmio Bouquet. As
pessoas se encontravam nas ruas, cinemas ou nas associações.
Utilizando-se uma das fontes de Etelvina Trindade, o periódico “O Olho da Rua”,
encontrou-se em seu primeiro número, um poema de Bohemio que descreve essa
interação das mulheres nos bailes realizados na cidade:
[...]
Aos accordes de musica harmoniosa
Gyrava o carrocel com ligeireza
E passeavam de azul ou cor de rosa
As moças na apotheose da belleza.
[...]
Eis os nomes das bellas senhoritas
Que conseguimos no carnet notar
Das 7 às 8 ½ e a luz do luar
Lá andaram com suas graças infinitas:
[...]
“Como dois cysnes em lagoa mansa,
Esther Motta com seu gentil chapéo
De camponeza e Maritta França
Floriam encantando o Colyseo.”
[...]
Estas são admiradas por sua
beleza e porte, divertindo-se
socialmente, fora do reduto do lar.
As pessoas se encontravam nas ruas, cinemas ou nas associações
O Olho da Rua, n°01
O Olho da Rua, página 14
12
As associações de imigrantes influenciaram a elite local que também passa a se
organizar em clubes e grêmios (Sociedade Helvetia, 1915, a Sociedade Beneficente
e Recreativa dos Austríacos, 1928, a Sociedade Polono Brasileira Tadeu
Kosciuszko, 1890 e a Sociedade Giuseppe Garibaldi – 1883).20
Em 1909, o jornal A República noticiou um grande acontecimento de lazer em Curitiba:
“Como estava anunciada realizou-se ontem a ascensão do balão “Granada”, da empresa do conhecido aeronauta capitão Magalhães Costa. As quatro horas da tarde, o Passeio Público estava repleto de assistentes e meia hora depois a ascensão se fazia, nas melhores condições. O “Granada” à voz de – ‘Larga tudo!’ – do maquinista, elevou-se a prumo e imponentemente, levando a sua arrojada passageira, a aeronauta Maria Aída, que dava vivas ao Brasil, acenando a bandeira nacional [..]21
Em que pese toda essa “liberdade”, o início da industrialização trouxe uma
divisão sexual mais acirrada, passa-se a ter uma face interna, doméstica, feminina e
não remunerada e uma externa, masculina e paga.
É desse momento também a preocupação dos ideólogos com a formação,
pela educação, de mão de obra para o mercado, valorizando as escolas
profissionais com a criação de escolas noturnas e dos cursos comerciais, cogitando-
se incluir a mulher no preparo à profissionalização.
Contudo, no que diz respeito, aos direitos femininos ao trabalho a sociedade
curitibana se aliena frente à urgência em preparar esta mão de obra, sendo
desejável para ela que a mulher evite qualquer desvio de comportamento que afete
a família ou a sociedade mediante um certo grau de instrução.
Segundo Elvira, “apesar da urgência de prepara-la para o exercício efetivo de
uma profissão, estimulada principalmente por educadoras do porte de Mariana
Coelho, Elvira Paraná ou Júlia Wanderley, nem sempre se consegue introduzir em
Curitiba uma mentalidade que privilegie o encaminhamento da mulher ao trabalho
rentável”. 22
Nos anos de 1870 até 1920 há uma presença maciça de mulheres na
indústria, no entanto, após esse período há “uma tendência diversa, de expulsão das
20 PERUSSOLO, Denise Antonia. IMIGRAÇÃO, URBANIZAÇÃO, INDUSTRIALIZAÇÃO NO PARANÁ NO PERÍODO DE 1890-1913.21 idem22 TRINDADE, Etelvina Mª de Castro. Clotildes ou Marias – Mulheres de Curitiba na Primeira República, 1996.p.76.
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mulheres do mercado de trabalho industrial. [..] foi acompanhada da vitória de
concepções duvidosas que enfatizavam a fragilidade de corpo das operárias e os
perigos morais que as espreitavam nas fábricas”23
O preconceito sobre o papel específico da mulher na sociedade, que permeia
os educadores curitibanos, impõe junto às diferenças de classe uma diferenciação
no que ensinar. Ás mulheres pobres o ensino ganha um viés utilitário enquanto às
mais abastadas acrescenta-se ao fundo doméstico comum, uma bagagem variada
de artes de salão e conhecimentos literários. As congregações religiosas são as que
internamente aos seus espaços fomentam esta discriminação ao evocarem seu
cunho benemérito no atendimento aos órfãos e desamparados. As instituições
católicas, além de uma base moral, preparam a mulher para a vivência religiosa em
seu espaço profissional, para que possam exercer ocupações menores no mercado
e torná-la um exemplo de educação religiosa.
Surgem neste cenário a “Escola Prática de Commercio de Curitiba” e a Escola
Normal. A sociedade aplaude a inserção feminina no magistério, mas ainda lhe
vedam o acesso aos estudos universitários.
Fatores sociais adversos levam a abertura dos cursos de enfermeiras práticas
e voluntárias da Cruz Vermelha e dos cursos de parteiras, nas dependências da
Universidade. Também algumas mulheres, pioneiras, aventuram-se, após passar
pelo ensino secundário do Gymnasio Paranaense, nos cursos universitários
diplomando-se dentistas, farmacêuticas, advogadas, médicas e engenheiras.
“Não é séria. Essa concorrência que a mulher vem fazendo ao homem é desleal. Desleal e lesiva dos próprios interesses das Evas modernas cheias de idéias avançadas para.... trás.Vamos à “discussão” do caso. Em toda parte, no comércio, na indústria, no funcionalismo público ou não, por todos os cantos se mete a mulher evoluída. O que acontece com isso? Os homens vão sendo desbancados nos empregos e são lesados os próprios pais, os próprios irmãos da costela que progride ou julga progredir”24
Retomando-se os ideais republicanos de construção da identidade nacional, a
escola ao formar o cidadão transmite-lhe disciplina e ordem, aprimoramento físico,
moral e cívico. Assim, a escola curitibana empenha-se na formação de patriotas
brasileiros em moldes quase militares. Atribui-se ao espaço escolar a função de
23 SOIHET, Rachel. Domínios da História – ensaio de teoria e metodologia. Mulheres numa perspectiva micro histórica: alguns enfoques24 TRINDADE, Etelvina Mª de Castro. Clotildes ou Marias – Mulheres de Curitiba na Primeira República, 1996. P.88.
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vigiar, hierarquizar e recompensar. A ênfase na educação física é motivada, pela
necessidade da Pátria, de corpos fortes e adestrados para a defesa e procriação,
também o controle médico e sanitário passa a desempenhar papel de relevo. Como
consequência a necessidade de instrutores capacitados, alijando-se o professor
normalista do desempenho desta função.
Não falta ao cerimonial patriótico a comemoração das efemérides em que
participam, sem distinção de sexo ou idade, alunos de todas as escolas.
Contudo é também em Curitiba que a presença dos imigrantes impõe limites
aos planos doutrinários nacionalistas por formarem núcleos de resistência. No
entanto, é na escola que se desencadeia um processo de “nacionalização” em
oposição aos estabelecimentos estrangeiros. “Neste contexto, o apego do imigrante
às tradições e à cultura da pátria longínqua é denunciado e combatido como ameaça
à unidade nacional”. 25 As divergências entre o ensino laico e confessional persistem
e se acirram quando em 1920 o governo estadual confere seu beneplácito às
instituições católicas.
Para Dario Vellozo, educador republicano do início do século: “O Estado é
leigo, leiga é a escola”. Mas, o preparo da patriota laica não implica no
reconhecimento de seus direitos políticos.
3. Ideias e Mulheres
Na Curitiba da Primeira Republica juntamente com o desenvolvimento urbano,
somam-se a disputa pelo predomínio do pensamento na cidade. Maçonaria e
neopitagorismo com seus ideais de livre-pensamento, o positivismo e suas
concepções comtistas, as novas religiões menos restritivas, o movimento operário e
sua militância, e o feminismo e sua busca por igualdade, a igreja católica e seu
conservadorismo. Excetuando a última, as demais concepções possuíam um ponto
de convergência, a instituição de uma sociedade livre e laica.
Em oposição aos dogmas do catolicismo e aliados aos ideais de modernidade
propagados pela República surgiram grêmios e associações com a das “Livres
Pensadoras” e “As Filhas de Acácia” entre outras entidades femininas espíritas,
maçons e rosa-cruz. 26
25 TRINDADE, Etelvina Mª de Castro. Clotildes ou Marias – Mulheres de Curitiba na Primeira República, 1996.p.99
15
Aliás, tanto a maçonaria como o kardecismo floresce em Curitiba quando a
maior parte do universo pensante da cidade (Emiliano Perneta, Dario Vellozo, Júlio
Perneta, Silveira Neto, Leite Junior) está envolta nas formas do simbolismo europeu.
De forma similar o movimento operário e o questionamento dos grupos
feministas ocupam seus espaços. O movimento operário de ideologias diversas é
ativo e se expressa nos jornais e nas sociedades beneficentes, leigos e
antirreligiosos sua operosidade se deve aos imigrantes.
No entanto o movimento feminista, cuja expressão maior se dá com Bertha
Lutz causa polêmica. Aliam-se ao pensamento Marianna Coelho, Elvira Paraná,
contrapõem-se a ele Nestor de Castro, Gastão Faria, Flávio Suplicy de Lacerda e
Georgina Mongruel.
Fonte: Google imagens
Em oposição a uma sociedade livre e laica estão os grupos religiosos. De um
lado os protestantes e de outro a Igreja Católica vista com pessimismo por seu
primeiro Bispo, D. José de Camargo Barros.
26 SOIHET,Rachel. Domínios da História – ensaio de teoria e metodologia. Mulheres numa perspectiva micro histórica: alguns enfoques
16
Fonte: Google imagens
“Não temos recursos materiais, não temos clero e quase que posso dizer, não temos católicos” – queixa-se em carta dirigida ao Arcebispo da Bahia, no ano de 1900.27
Predominando o discurso positivista e o conservador católico, ambos
diferenciam-se apenas no rigor da conduta feminina.
Influenciada pelos diversos ramos de pensamento, a imagem da mulher, real
ou idealizada, deveria ser de “anjo na família, força na sociedade e esteio da
pátria”.28
“A imagem da mãe-esposa-dona de casa como a principal e mais importante
função da mulher correspondia àquilo que era pregado pela Igreja, ensinado pelos
médicos e juristas, legitimado pelo Estado e divulgado pela imprensa”.29
As influencias da Igreja Católica encontram eco nas imigrantes,
principalmente, italianas e polonesas, para as quais a religião faz parte da tradição e
na conservação da identidade nacional.
No caso positivista, com inspiração em Clotilde De Vaux, a amada de Comte,
a mulher é valorizada por sua condição materna, pois é ela que criará e educará
cidadãos para a Humanidade, conduzindo o homem para o sentimento de
solidariedade social.
27 TRINDADE, Etelvina Mª de Castro. Clotildes ou Marias – Mulheres de Curitiba na Primeira República, 1996.p.11128TRINDADE, Etelvina Mª de Castro. Clotildes ou Marias – Mulheres de Curitiba na Primeira República, 1996.p.11329 MALUF, Maria; MOTT, Maria Lúcia. Recônditos do mundo feminino. In: História da Vida Privada no Brasil, 1999. p.374
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Clotilde de Vaux Maria com menino Jesus – mulher e criança
Fonte: Google imagens
“Há no pensamento laico e anticlerical não apenas a construção da imagem
projetada da esposa, mas a oposição aos grupos católicos na disputa pelo domínio
das consciências femininas”30
A condição materna da mulher é indiscutível mesmo com os crescentes
debates sobre seus direitos e defendida por muitas. Direitos esses como a
emancipação da mulher casada (tutela do marido, gestão do patrimônio comum, a
dissolução matrimonial).
As discussões sobre a posição da mulher no conjunto da família não abala
sua tríplice condição de esposa-mãe-dona-de-casa e por isso mesmo, as próprias
mulheres faziam objeção à presença feminina nos espaços externos, sobretudo nos
ambientes de trabalho. Assim a mulher republicana oscila entre o interno e externo,
entre o público e o privado.
Nem mesmo o movimento feminista conseguiu a adesão de grandes massas
femininas, pois seu pensamento pactuava com os grupos locais pelo desejo de
combinar presença atuante e comportamento público impecável ao anticlericalismo
na virada do século. Mesmo a prostituição e as prostitutas não eram defendidas
pelas mais ferrenhas feministas. O cerco as feministas, pela Igreja, cresce e em
1926, a revista católica “A Cruzada” exorta as filhas de Maria a darem um exemplo
cristão usando roupas mais recatadas. E assim a luta contra o modernismo se
desenvolve. 31
Mas para os ideais republicanos era necessário que se educasse e se
tornasse culta e laica, pois, para atender aos questionamentos de seus filhos
30 TRINDADE, Etelvina Mª de Castro. Clotildes ou Marias – Mulheres de Curitiba na Primeira República, 1996, p.132.31 TRINDADE, Etelvina Mª de Castro. Clotildes ou Marias – Mulheres de Curitiba na Primeira República, 1996, p.161.
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futuramente, precisaria que soubesse de determinados conhecimentos que eram
negados ao sexo feminino.
“Mas não é só direitos políticos que precisam as mulheres. O de que mais
elas precisam é de uma educação compatível com as necessidades da época, de
uma educação literária, científica e profissional que saia dos limites da chamada boa
dona de casa quase sinônimo de boa cozinheira”.32
No entanto, o argumento da fragilidade da mulher, física, intelectual e moral é,
de novo, a tese da inadequação destas as tarefas que excedam as fronteiras do lar.
As trabalhadoras curitibanas unem-se ao fosso comum da discriminação
independente de origem, posses, cultura ou ocupação e com isso as operárias têm
negadas as mínimas condições de trabalho (jornada, salário justo, assistência
social). Surge dai o feminismo protecionista, caritativo que bem ou mal acaba por
promover a formação profissional de muitas mulheres. “ Ameaçando o homem em
seu campo econômico e alterando a divisão sexual das tarefas, as atividades
femininas fora do lar reforçam, em momentos de crise, reivindicações trabalhistas
até então ignoradas, como igualdade salarial, melhoria de condições e possiblidades
de ascensão profissional”.33
Em relação aos imigrantes a política imigrantista valoriza sua contribuição no
trabalho agrícola e a República estabelece como condição para sua assimilação a
inserção destes na vida econômica que se moderniza.
As concepções da Igreja sobre a vivência da trabalhadora cristã mantêm-se
inalterada servindo de freio às pretensões femininas no mundo social e do trabalho.
O Estado vê a mulher como a professora-mãe, formadora de patriotas, em sua
dimensão cívica. As mulheres empreendem a luta pela campanha do direito ao voto.
O antifeminismo teme pelo rompimento dos elos familiares uma vez que a mulher
tenha direito à opinião própria. Os imigrantes, por sua vez, se opõem a esse
nacionalismo com uma retórica etnocêntrica, ligada ao país de origem.
É esse etnocentrismo dos imigrantes a maior preocupação dos nacionalistas
que faz surgir o movimento paranista em busca da “nacionalização” desse imigrante
e de tudo que lhe diz respeito.32 idem33 TRINDADE, Etelvina Mª de Castro. Clotildes ou Marias – Mulheres de Curitiba na Primeira República, 1996. P.168.
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Assim, a cidade organiza-se em moldes tradicionais e conservadores, o
pensamento republicano radical e do positivismo são postos de lado, o regime se
estabelece sob uma base oligárquica e paternalista na qual a mulher tem dificuldade
para buscar seus espaços de conquista.
4. As mulheres são Mil
Não só dentro de casa viviam as mulheres. Apesar de a função feminina
primordial continuar a ser a maternidade, aos poucos, as mulheres foram abrindo
espaço nas brechas da sociedade, embora se restringindo aos padrões de
comportamento e ideológicos vigentes.
Abordando o cotidiano feminino, encontram-se mulheres na primeira república
em bailes e festas, eventos sociais, teatros, cinemas, chás e piqueniques.
Trabalhando exteriormente, somente com a autorização masculina, e como
donas de casa, sua jornada torna-se dual, mas, nem por isso, ela se apaga da
cidade. Esportistas, secretárias, datilógrafas, enfermeiras, operárias, professoras,
modistas. Embora ainda limitado e sob a vigilância masculina e religiosa, o universo
do trabalho abre-se a ela, possibilitando cada vez mais sua emancipação.
Novos discursos aparecem contestando regras vigentes, como, por exemplo,
a proposta de se introduzir a educação sexual nas escolas.
As escolas passam a promover valores que as preparem para uma atuação
externa. A expressão individual continua limitada e seus direitos de cidadania ainda
não existem.
Fonte: Google imagens
A educadora portuguesa Mariana Coelho, que dedicou grande parte da sua
vida ao magistério. Esteve à frente de várias instituições de ensino, publicou livros e
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colaborou em diversos jornais. Foi uma das mais destacadas e assumidas
feministas do início do século.
Fonte: CASTRO - Grupos Escolares de Curitiba na primeira metade do século XX
Muitas, como Júlia Wanderley, projetaram o desejo de emancipação social e
política, atuando arduamente no magistério, utilizando-se, dessa forma, de uma das
premissas da sociedade burguesa (a alfabetização como tarefa essencialmente
feminina), para romper com preconceitos, assumir responsabilidades novas e,
sobretudo, ampliar o acesso feminino à instrução.
5. Conclusão
“Num período de urbanização e industrialização crescentes, as quais
convocam os indivíduos e a família para novas formas de associação e lazer,
ao mesmo tempo que ofereciam outras oportunidades, ainda que desiguais,
de trabalho” (MALLUF; MOTT, 1999; p. 385)34, ela não permaneceu a mesma.
A mulher que se apresenta é urbana onde tudo o que acontece, direta ou
indiretamente, reflete-se nela.
As mudanças de comportamento, os novos ideários, a educação, as
inovações, recaem sobre esta que é mãe, rainha do lar, trabalhadora e, acima de
tudo, mulher.
34 MALUF, Maria; MOTT, Maria Lúcia. Recônditos do mundo feminino. In: História da Vida Privada no Brasil – República: da Belle époque à era do Rádio. Editora Schwartz LTDA, São Paulo, 1999. p. 367- 422.
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Ao concluir este trabalho fica uma certeza: a mulher Curitibana não foi omissa
em seu papel de mãe, esposa, operária e mulher. Enfrentou dificuldades, espelhou-
se em parte nas imigrantes, mais resolutas, mas não deixou de esmorecer frente a
seus direitos. Talvez não tenha obtido grandes êxitos e até tenha experimentado um
retrocesso frente à ferrenha oposição da Igreja Católica e de alguns setores da
sociedade, mas não deixou de lutar para ter mais “liberdade” e espaço. Espaços
esses cujas fronteiras entre o público e o privado se mesclaram permitindo a mulher
algumas conquistas que para elas foi enorme e que hoje consideramos tão banais.
A essas mulheres que tanto fizeram e nos ensinaram só temos a agradecer.
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Enfermagem. UFPR. Disponível em:
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cogitare/article/viewArticle/17187
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aptos e úteis (1910-1928). Dissertação Mestrado em Educação, Orientadora: Prof.ª Dr.ª
Vera R. Beltrão Marques, UFPR, Curitiba:2006. Disponível em:
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Primeira República, Coleção Farol do Saber. CURITIBA: Fundação Cultural de Curitiba:
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republicanos, método Intuitivo e trabalho docente na revista “a escola” (1906-
1910). Artigo doutoramento UEPG. Orientadora: NASCIMENTO, Maria Isabel Moura,
Dra. Educação pela Universidade de Campinas. Disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada10/_files/1aSzPuP7.pdf