muito mais que louvor - renato vargens

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Ultimamente muito se tem falado de um enorme avivamento em terras tupiniquins. Reportagens sobre um grande despertamento espiritual no Brasil têm se espalhado por boa parte do mundo. De fato, a graça de Cristo tem sido derramada de forma especial em milhões de pessoas, o que, por conseguinte, tem levado as nossas igrejas a ficarem completamente lotadas. Homens, mulheres e crianças a cada ano que passa, migram em direção a fé evangélica produzindo um índice de crescimento da igreja maior que o da população do país.

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    VINACC VISO NACIONAL PARA A

    CONSCINCIA CRIST

    Renato Vargens

    O Pr. Renato Vargens conferencista, plantador de Igrejas e escritor

    com treze livros publicados e dois no prelo. colunista e articulista de revistas, jornais e diversos sites protestantes, sendo considerado um dos blogueiros cristos mais lidos no Brasil. Alm disso, pastor presidente da Igreja Crist da Aliana em Niteri.

    Contatos e maiores informaes em: www.renatovargens.com.br

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    Renato Vargens

    MUITO MAIS QUE LOUVOR

    Uma abordagem franca sobre a adorao na Igreja

    1a Edio Campina Grande - Paraba

    2012

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    2012 Renato Vargens Todos os direitos desta edio reservados VCP - Viso Cristocntrica Publicaes.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    (Ficha Catalogrfica - VCP - Viso Cristocntrica Publicaes)

    V553m Vargens, Renato

    Muito mais que Louvor: uma abordagem franca sobre a adorao na Igreja / Renato Vargens. - Campina Grande, PB : Viso Cristocntrica Publicaes, 2012.

    72 p.; 21xl4cm.

    ISBN 978-85-65365-03-1

    l. Teologia crist. 2. Louvor. 3. Adorao. I. Vargens, Renato. II. Ttulo.

    CDU[29:2-53](81)

    ndices para catlogo sistemtico: 1. Teologia crist : Louvor : Adorao [29:2-53](81)

    Site: www.conscienciacrista.com.br

    Email:

    [email protected]

    Facebook: Conscincia Crist VINACC

    Endereo:

    Rua Oswaldo Cruz, 229, Centenrio, CEP 58.428-095

    Campina Grande - Paraba

    Telefone: (83) 3342-4654

    Jos Fabiano Gonalves Silva

    Diretor Geral

    Uziel Santana dos Santos Editor Geral

    Jos Cludio Alvares de Almeida

    Reviso textual

    Sandro Wagner Capas e Diagramao

    Conselho Editorial

    Euder Faber Guedes Ferreira Jorge Issao Noda

    Robson Tavares Fernandes Weber Firmino Alves Jos Mrio da Silva

    Janeide Andrade Feitosa Ferreira Renato Vargens

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    DEDICATRIA

    Dedico este livro aos milhares de msicos cristos espalhados neste

    imenso pas que, com paixo, dedicao, amor e zelo, tm servido ao Senhor da

    Glria com dons e talentos.

    "Eu olho para a cruz E para a Cruz eu vou

    Do seu sofrer participar Da sua obra vou cantar

    O meu salvador Na cruz mostrou O amor do Pai O Justo Deus

    Pela cruz me chamou Gentilmente me atraiu

    E eu sem palavras me aproximo Quebrantado por seu amor

    Imerecida vida, de graa recebi Por sua cruz, da morte me livrou

    Trouxe-me a vida e eu estava condenado Mas agora pela cruz eu fui reconciliado

    Impressionante o seu amor Me redimiu e me mostrou

    O quanto fiel."

    Vineyard

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    SUMRIO

    PREFCIO..................................................................................................... 07 INTRODUO............................................................................................... 10 Conceito Bblico de adorao...................................................................... 12 O Evangelho de uma nota s....................................................................... 14 Esquisitices da msica e do movimento gospel........................................... 15 Refletindo sobre as msicas tocadas nos cultos evanglicos..................... 20 Os mercadores da msica gospel................................................................. 21 Rdio! Um termmetro da f evanglica no Brasil...................................... 22 Cuidado com o veneno................................................................................ 24 O que fazer ento?...................................................................................... 26 Grandes coisas tem feito o Senhor ...............................................................29

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    PREFCIO

    Nem sempre as melhores amizades entre servos do Senhor decorrem de intensas e prolongadas convivncias. Grandes vnculos de comunho, como os de Davi e Jnatas, Noemi e Rute, Paulo e Timteo, resultaram, sobretudo, da soberana vontade de Deus. Renato Vargens e eu moramos na mesma cidade, em Niteri, Rio de Janeiro. Ambos somos pastores, pregadores do Evangelho, escritores e articulistas. Alm disso, mantemos na Internet blogs que tratam da mesma temtica: apologtica. Entretanto, se o Senhor no tivesse nos aproximado, jamais seramos to amigos.

    Era uma noite de sexta-feira, no ano de 2010. Ambos jantvamos com as nossas famlias, no mesmo restaurante. No dia seguinte, viajaramos para diferentes cidades do Brasil, a fim de pregarmos e ensinarmos a Palavra do Senhor. Reconhecemos um ao outro por causa das fotos publicadas em nossos perfis do Google , nos cumprimentamos de modo rpido e, depois disso, trocamos e-mails. Desde ento, nos tornamos grandes amigos, que se encontram com certa frequncia para almoar, trocar livros, falar de projetos, etc.

    H apenas duas diferenas entre ns. A primeira, de ordem biotpica, no vem ao caso... A outra, no mbito teolgico, at que poderia gerar grandes e acalorados debates. Mas as nossas amizade e comunho so to especiais que jamais discutimos sobre os assuntos em que divergimos.

    Temos preferido priorizar as conversas sobre assuntos em que temos afinidade. E um deles a adorao.

    Muito Mais que Louvor um livro de contrastes. Ele tem poucas pginas e muitas verdades. Seu autor um exmio biblista e telogo, mas qualquer leigo compreende a sua mensagem. Conquanto o assunto tratado nestas pginas seja da mais alta seriedade, ele apresentado com leveza e bom humor. Todas essas caractersticas tornam esta obra sui generis. Seu objetivo apresentar mediante a refutao de heresias e modismos verificados no evangelicalismo brasileiro a conceituao correta, bblica, da adorao e seu intercmbio com o louvor e a msica.

    No pense que esta obra prioriza o lado negativo. Este apresentado apenas e to-somente para despertar o povo de Deus, a fim de que valorizem ainda mais o lado positivo. Isso visto nos tpicos "Cuidado com o veneno" e "O que fazer, ento?" Ou seja, faz-se o diagnstico da doena e, em seguida, apresenta-se o remdio apropriado.

    Bom seria que todos os cantores e msicos cristos, inclusive os mais famosos, lessem este livro, a fim de compreenderem o real significado da adorao e abandonarem as "esquisitices da msica e do movimento gospel". Uma delas a famigerada "adorao extravagante", que abarca inmeros comportamentos e manifestaes exticos, perpetrados por aqueles que se dizem "levitas".

    Alis, o termo "adorao extravagante", em si, imprprio e antibblico. Os inventores desse jugo desigual deviam saber que o termo "adorao" (gr. proskyn) denota, ao mesmo tempo, "prostrar-se" e "adorar", e no "danar" e "gritar" ou "divertir-se" e "pular". Casar adorao com extravagncia (dissipao, esbanjamento, estroinice, libertinagem) to impossvel quanto ouvir uma msica composta por Beethoven e Lady Gaga!

    Renato Vargens demonstra que a verdadeira adorao reverente; envolve quebrantamento e prostrao (cf. J 1.20; 2 Cr 20.18; 29.29). Nada tem a ver com "mantra gospel", "dana proftica" e "toque de shofar". Como os magos do Oriente adoraram o Menino Jesus? Eles, "prostrando-se, o adoraram" (Mt 2.11). Isso est em perfeita harmonia com Salmos 95.6: " vinde, adoremos e prostremo-nos!" Como os filhos de Israel, nos dias de Esdras e Neemias, adoraram ao Senhor, depois de ouvirem a exposio da Palavra? Eles "inclinaram-se e adoraram o SENHOR, com o rosto em terra" (Ne 8.6).

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    Outras invencionices gospel so mencionadas pelo autor. Ele mostra como o adjetivo "gospel" tem sido usado de modo indiscriminado para "cristianizar" produtos, prticas, filosofias, condutas, festas pags e eventos mundanos. Surpreendo-me, a cada dia, com as novidades gospel. J temos at boates e festas (have) gospel, verdadeiras aberraes! Como diria Roberto Carlos, so tantas e tantas esquisitices e invencionices gospel... Que Deus nos ajude a no nos conformarmos com este mundo (Rm 12.1,2).

    Mas o autor discorre tambm sobre o rdio, definido como um termmetro da f evanglica no Brasil, e os mercadores da msica gospel, "levitas" que se valem da ingenuidade de muitos cristos (que se comportam como fs) para mercadejar a Palavra de Deus (2 Co 2.17). Ele faz, ainda, uma abordagem bblica das composies empregadas em muitos cultos evanglicos. E lamenta o fato de elas estarem cada vez mais distantes do Evangelho de Cristo, haja vista priorizarem o antropocentrismo.

    Este livro no poderia terminar de forma melhor, com vrios "precisamos", os quais nos remetem aos lemas da Reforma Protestante. Precisamos voltar s Escrituras. Quantos, hoje, j no consideram a Bblia a sua fonte primacial de autoridade?

    Precisamos cantar as Escrituras. Chega de "sonhos de Deus", "sabor de mel" e outros bordes antropocntricos!

    Precisamos fortalecer a Escola Bblica Dominical, que continua sendo a melhor instituio de ensino do povo de Deus.

    Precisamos voltar s verdades da cruz. Afinal, "os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas ns pregamos a Cristo crucificado" (l Co 1.22,23).

    Enfim, precisamos ler esta obra!

    Pr. Ciro Sanches Zibordi

    Pastor da Assembleia de Deus de Codorvil

    So Paulo, poucas horas antes do apagar das luzes de 2011.

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    INTRODUO

    Ultimamente muito se tem falado de um enorme avivamento em terras tupiniquins. Reportagens sobre um grande despertamento espiritual no Brasil tm se espalhado por boa parte do mundo. De fato, a graa de Cristo tem sido derramada de forma especial em milhes de pessoas, o que, por conseguinte, tem levado as nossas igrejas a ficarem completamente lotadas. Homens, mulheres e crianas a cada ano que passa, migram em direo a f evanglica produzindo um ndice de crescimento da igreja maior que o da populao do pas.

    No Possuo a menor dvida de que existe um grande despertar no povo brasileiro quanto a necessidade de encontrar-se com Deus. O Brasil, outrora conhecido como terra da magia, da feitiaria e do Candombl, aos poucos tem mudado as suas expresses de f. Contudo, ainda que experimentemos da ao do Esprito, ainda que o evangelho se esparrame por toda nao, absolutamente perceptvel inmeras discrepncias em nosso meio.

    Caro leitor, o fato de possuirmos uma grande quantidade de pessoas em nossas igrejas, no significa necessariamente que estejamos experimentando um genuno avivamento.

    No dia 19 de junho de 1969, em sermo pregado no Madison Square Garden, em Nova York, Billy Graham declarou algo interessantssimo: "O que precisamos nos Estados Unidos nos desfazermos de muita gente que temos na igreja. Creio que poderamos fazer muito melhor trabalho se fssemos discpulos dedicados e disciplinados como havia na igreja primitiva. preciso ter disciplina para levantar uma hora mais cedo para estudar a bblia. preciso ter disciplina para desligar a televiso noite uma hora mais cedo para gast-la em orao. Julgo ser uma boa coisa o fato de os cristos se tornarem minoria. Foi assim que a Igreja primitiva virou o mundo de cabea para baixo. Creio que temos sido numerosos demais. Temos nos estorvado uns aos outros e no temos tido disciplina e dedicao. O que precisamos de uma minoria dedicada para transformar este pas e o mundo."

    Ao fazer esta declarao, Billy Graham o faz num contexto onde a maioria da populao norte-americana considerava-se protestante. Isto porque, nos encontros dominicais os templos estavam cheios e repletos de pessoas, as quais religiosamente "prestavam seu culto a Deus." Hoje no Brasil, a maioria ainda no evanglica, no entanto, percebe-se a olhos vistos que o nmero daqueles que se consideram evanglicos a cada dia mais elevado. Entretanto, sou obrigado a confessar que boa parte destes que frequentam os nossos cultos no tiveram uma genuna experincia de converso. Na verdade, tais pessoas, movidas por um misticismo exacerbado, alm de uma f fundamentada na busca pelo prazer, procuram em Deus as bnos que tanto necessitam.

    Em alguns lugares deste imenso pas ser crente virou moda. Isto porque, artistas, modelos e jogadores de futebol, alm de socialites e emergentes, "descobriram" na f crist um tipo de amuleto pelo qual podem ser "protegidos da inveja e do mal". Infelizmente, disciplina, orao e santidade no fazem parte da prxis de vida de muitos, alis, para estes, Deus no passa de um galardoador, ou interventor, o qual mediante as oraes determinantes submete-se a vontade de seus filhos atendendo todos os seus "decretos" instantaneamente.

    Prezado amigo, por favor, pare, pense e responda sinceramente: ser que no Brasil no estamos com "crentes demais"? Ser que os escndalos que tem tomado de assalto os jornais, continuariam a acontecer se tivssemos em nossos templos menos pessoas e mais gente compromissada com o reino? Ora, acredito que o tipo de "evangelho" pregado tem contribudo para o inchao de nossas congregaes, levando-nos a impresso de que este evangelho fashion que faz a diferena no mundo em que vivemos.

    Diante disto, afirmo sem a menor sombra de dvidas que o fato de sermos muitos no nos torna uma igreja cheia do Esprito Santo. Como j preguei inmeras vezes, avivamentos sempre vo produzir cultos centrados em Cristo. Na verdade, os avivamentos bblicos e histricos sempre

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    foram teocntricos. Alm disso, avivamentos verdadeiros sempre nos levaro a urna adorao desinteressada. Entretanto, tenho percebido que quanto mais avanamos no quesito quantidade, mais pobres ficamos em nossa devoo e espiritualidade. Por acaso voc j se deu conta que boa parte das nossas canes esto focadas nas necessidades humanas e no nos atributos de Deus? Voc j percebeu que em nome de uma falsa espiritualidade banaliza-se a adorao em detrimento das necessidades daquele que canta? Sei que canes belssimas tm sido entoadas do Oiapoque ao Chu, No entanto, inegvel que juntamente a tais canes outras completamente estapafrdias estejam sendo ministradas em nossos plpitos.

    Pois , ultimamente tenho pensado nas canes ministradas pelo povo de Deus. Alis, vale a pena ressaltar que a esmagadora maioria dos denominados cultos evanglicos dedicam muito mais tempo a msica do que qualquer outra coisa. Infelizmente os louvores cantados em nossas reunies so extremamente antropocntricos, o que nitidamente se percebe em nossos encontros congregacionais. Se fizermos uma anlise de nossas liturgias chegaremos a concluso que boa parte das canes que entoamos so feitas na primeira pessoa do singular ou na primeira pessoal do plural, cujas letras prioritariamente reivindicam as bnos de Deus.

    Numa liturgia preponderantemente hedonista, os evanglicos tem sido extravagantes, querem de volta o que seu, necessitam de restituio, determinam a prosperidade, tocam no altar, pedem chuva, cantam mantras repetitivos erotizando sua relao com o Eterno, desejando da parte do Criador, beijos, abraos e colo.

    Caro leitor, sem sombra de dvidas vivemos dias complicadssimos onde o Todo-poderoso foi transformado em gnio da lmpada mgica, cuja misso prioritria promover satisfao aos crentes. Diante disto, precisamos rogar ao Senhor pedindo a Ele que nos livre definitivamente desse louvor, filho bastardo da indstria mercantilista gospel, o qual, nos tem empurrado goela abaixo, conceitos e valores anticristos, cujo objetivo final no a glria de Deus, mas a satisfao dos homens. Da mesma maneira, necessitamos clamar ao Pai pedindo-lhe que nos liberte do louvor engessado, feito de cabeas baixas e bocas carrancudas, de letras difceis, de msicas duras, sejam elas importadas ou brasileiras.

    Por favor, pare, pense e responda: Para onde a igreja est indo? Ser que no est caminhando a largos passos a uma nova e derradeira sincretizao?

    Ah! Que saudade da boa msica, ministrada, cantada com uno, cujo interesse era simplesmente engrandecer o nome de Deus! Parece que nos ltimos anos, a igreja se perdeu no caminho em direo ao trono do Altssimo, isto porque, as letras de algumas das suas composies, so empobrecidas teologicamente, simplistas e sem graa. Alm disso, falta orao, busca de Deus, consagrao e compromisso com a Palavra.

    Caro leitor, o livro "Muito mais que louvor" foi escrito com o propsito de ajudar a Igreja evanglica Brasileira a retomar o caminho da adorao, alm claro de contribuir com aqueles que servem a Deus como msicos, para desenvolverem um ministrio centrado na glria de Deus.

    Minha orao que atravs da leitura deste livro, o Deus Todo Poderoso possa abeno-lo de forma especial levando-o ao entendimento de que louvar a Deus muito mais do que entoar canes ao Senhor.

    Boa leitura!

    Niteri, vero de 2012.

    Renato Vargens

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    CAPTULO 1

    Conceito Bblico de adorao

    "Adorar a Deus compreender o propsito com o qual Ele nos criou." Herbert M. Carson

    "A adorao a submisso de toda nossa natureza a Deus. a vivificao

    da conscincia mediante Sua santidade, o nutrir da mente com Sua verdade, a purificao da imaginao por Sua beleza, o abrir do corao

    ao Seu amor e a entrega da vontade ao Seu propsito." William Temple

    Na 27a Conferncia Fiel para Pastores e Lderes, ouvi uma frase do Dr. Heber Campos que

    mexeu comigo. Ao dissertar sobre a glria de Deus, Heber afirmou que adorao no brincadeira e que os homens prestaro contas ao Senhor por aquilo que tem feito dela.

    Pois , luz dessa afirmao fico pensando sobre aquilo que parte dos evanglicos tem chamado de adorao. Infelizmente em nome de uma espiritualidade equivocada, pastores e cantores esto brincando com a glria de Deus, entoando cnticos cujo objetivo final visa satisfao humana.

    Caro leitor, quando falamos em adorao, a primeira ideia que temos daqueles momentos preciosos em que juntos na igreja entoamos canes de louvor a Deus. E normal pensarmos assim, mesmo porque, cantar na nossa perspectiva, a maneira mais simples de louvar ao Senhor.

    Entretanto, adorar a Deus no se limita apenas a cantar hinos ou cnticos espirituais. Adorar ao Senhor muito mais do que isso! Na verdade, afirmo sem a menor sombra de dvidas que louvar a Deus envolve um estilo de vida onde o Senhor glorificado no somente por aquilo que cantamos, mas tambm por atos, atitudes e comportamentos.

    Em sua primeira epstola aos Corntios, Paulo afirmou que devemos fazer todas as coisas para a glria do Senhor. "Portanto quer comais, quer bebais, ou faais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glria de Deus" (I Co 10:31).

    Diante desta exortao paulina, sou tomado pela convico de que para o cristo a vida deve ser um constante ato de louvor a Deus, ou seja, adorar segundo as Escrituras mais do que cantar. tambm servir, amar, doar, trabalhar, comer, beber e muito mais. Nesta perspectiva o crente glorifica a Deus quando trata com respeito e dignidade os que convivem com ele, ou quando serve ao prximo doando parte do seu tempo ou recursos queles que com ele se relaciona; ou quando se esmera com dedicao e afinco na escola, na universidade ou no local de trabalho. O cristo tambm adora a Deus atravs da generosidade, como tambm demonstrando no dia-a-dia, compaixo e misericrdia para com aqueles que sofrem e choram, sendo amante do bem, tico, honesto e decente tanto nas relaes pessoais como institucionais.

    O problema que devido a uma viso dualista da f, parte dos evanglicos acredita que adorar a Deus se resume exclusivamente em entoar cnticos e nada mais. Neste contexto, canta-se muito, mas adora-se pouco; profetizasse aos borbotes, mas no se serve ao prximo; celebra-se esfuziantemente, mas no se exerce misericrdia. Lamentavelmente, os evanglicos em questo, cantam com paixo e extravagncia, todavia, ao contrrio do que deveria ser, tem desenvolvido em sua cotidianidade comportamentos que afrontam a santidade do Senhor.

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    Caro leitor, por favor, responda com sinceridade: De que adianta o crente em Jesus cantar, saltar e glorificar a Deus emitindo atos profticos, sem, contudo, que isso redunde na integralidade da adorao? Ora, adorar muito mais que louv-lo apaixonadamente! Adorar glorificar o Eterno atravs de uma vida honesta, santa e abnegada. Adorar demonstrar com a vida e no somente com os lbios, que Cristo nos salvou e que pela sua graa, mediante o Espirito Santo, fomos regenerados, sendo transformados em novas criaturas.

    Compreendendo o significado de adorao

    As Escrituras nos trazem algumas expresses que tratam especificamente da adorao,

    veja, por exemplo, algumas palavras encontradas no texto original: Proskuneo - Originalmente significava "beijar". Entre os gregos era um termo tcnico que

    significava "adorar os deuses", dobrando os joelhos ou prostrando-se. Em outras palavras, descrevia o gesto de curvar-se diante de uma pessoa e ir at o ponto de beijar os seus ps. Este gesto traduz o ato de reconhecer a insuficincia do adorador e a superioridade do objeto adorado, colocando-se sua inteira disposio. Sua ideia bsica a de submisso.

    Latreia - Significa cultuar e oferecer atos de adorao que agradem a Deus. Esse termo usado por Paulo em Romanos 12:1, para descrever a dedicao de nossas vidas ao Senhor.

    Sebein - Significa reverenciar com temor. Essa expresso derivada da raiz (seb) que transmitia o quadro caracterstico do homem como religioso devotado a seus deuses para evitar as nefastas consequncias do azar (Atos 17). Essa conotao religiosa grega impediu que estes vocbulos fossem muito usados para designar culto (adorao), na traduo do Antigo Testamento, devido ao seu contexto pago. O mesmo ocorreu com o Novo Testamento, onde estes vocbulos tambm so bem raros. Entretanto, com o passar do tempo, estas palavras passaram a expressar outro significado, ao ponto de serem utilizadas com bastante frequncia por Pedro em sua segunda epistola. Joo tambm mostrou esse novo contedo: "Sabemos que Deus no atende pecadores, mas pelo contrrio se algum teme a Deus (Theosebes) e pratica sua vontade, a este atende" (Joo 9:31). Ou seja, esse termo trata-se de um temor sadio, aquele que nos torna conscientes da santidade e da majestade de Deus, e nos exorta a viver uma vida santa diante do Todo-Poderoso. Em outras palavras, ns no vivemos "aterrorizados" pela presena de Deus, mas vivemos com uma reverente preocupao com as atitudes, pensamentos e comportamentos que agradam a Ele.

    Leitourgeo - Este vocbulo composto por duas palavras gregas, "povo" (laos) e "Trabalho" (ergon). Significava originalmente fazer trabalho pblico, mas pagando, sozinho, as despesas. Mais tarde passou de origem secular para o religioso, de modo que os tradutores do Antigo Testamento tambm usaram frequentemente este termo, para indicar o ministrio sagrado dos sacerdotes.

    Prezado amigo a adorao um ato de gratido. O crente adora a Deus no porque se sente obrigado, tampouco, por questes religiosas. Ele adora o Senhor simplesmente pelo fato de ter compreendido que sem Cristo estava morto em seus delitos e pecados e que mediante sua maravilhosa graa foi salvo da condenao eterna.

    Diante disto, afirmo sem titubeios que a adorao a resposta imediata daquele que reconhece seu estado de miserabilidade e incapacidade total de agradar a Deus, bem como, o amor insondvel de um Deus to generoso que enviou seu nico filho para morrer em nosso lugar na Cruz do Calvrio. Como bem afirmou Oswald B. Milligan adorar dar ao Senhor a glria que Lhe devida como resposta ao que Ele nos revelou e fez em Seu Filho Jesus Cristo. 1 Bianchini, M. Giovani. Bblia World Net. Estudos - Louvor. Conceitos e Definies sobre Louvor e Adorao. Disponvel em: http://www2.uol.com.br/bibliaworld/igreja/estudos/louv003.htm. Acesso em: dezembro de 2011.

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    CAPTULO 2

    O Evangelho de uma nota s

    "A heresia vem montada nos lombos da tolerncia."

    John MacArthur

    Lamentavelmente o denominado movimento gospel tem contribudo em muito com o empobrecimento da msica evanglica brasileira. Basta olharmos para as canes cantadas em nossos templos que chegaremos concluso de que a safra no to boa assim.

    Bem, antes que algum me apedreje preciso afirmar que bem sei que pela graa de Deus, temos em nossos arraiais excelentes compositores e musicistas, todavia, boa parte das composies evanglicas pauprrima em graa e contedo.

    Ora, para incio de conversa, a esmagadora maioria das canes congregacionais : "umbilical", isso sem falar nas melodias que so desprovidas de inteligncia e versatilidade. Para piorar a situao, o evangelho que tem sido "tocado" por parte de alguns dos nossos cantores o evangelho de uma nota s. Este evangelho a anttese do evangelho dos evangelhos, isto porque, anuncia o amor de Deus e esquece o juzo eterno; prega prosperidade e nega solidariedade; fala de f e no confessa pecados; propaga a vitria, e nega a cruz.

    Caro leitor, creio que o empobrecimento das nossas canes se deva em parte ao fato de termos abandonado a exposio e a pregao da Palavra. Na verdade, o problema foi que trocamos a Bblia pela "baqueta", deixando de lado o estudo e a reflexo das Escrituras Sagradas, o que tem contribudo para o surgimento de uma adorao esquizofrnica, ensimesmada e antropocntrica.

    Infelizmente os adoradores deste tempo no querem mais as doutrinas bblicas, preferem semear prosperidade; no querem mais adorar a Deus, preferem shows; no querem mais pregar sobre arrependimento, querem vitria a qualquer preo; no querem mais viver uma vida de quebrantamento, querem determinar as bnos de Deus; no querem mais as Escrituras Sagradas, preferem "o retet de Jeov"; no querem mais ser chamados de servos, preferem o titulo de apstolo; no querem mais a mensagem libertadora da Cruz de Cristo; querem quebrar maldies hereditrias; no querem mais a providncia divina, querem barganhar com Deus; no querem mais a graa, querem vender indulgncias; no querem mais servir a Deus como mordomos, querem dominar o mundo.

    Prezado amigo, lamentavelmente estamos vivendo um tempo da paganizao do evangelho, onde cultos se fundamentam em impresses e achismos. Na verdade, o que determina o sucesso do culto no mais a Palavra, mas o gosto da freguesia4. A igreja prega o que d ibope, oferecendo ao povo o que ele quer ouvir. Esse evangelho hbrido anuncia Cristo juntamente com o evangelho do descarrego, da quebra de maldies, da prosperidade material e dos decretos humanos.

    2 Neologismo que aponta para um evangelho "ensimesmado".

    3 Ressalto que no existe nenhum preconceito quanto a tocar bateria nos cultos. O exemplo foi dado com intuito nico de exemplificar o fato de que a pregao da Palavra de Deus h muito deixou de ter a centralidade em nossas reunies.

    4"Vargens, Renato. Cristianismo ao Gosto do Fregus. Niteri: Scrittura Editora, 2010.

  • 15

    CAPTULO 3

    Esquisitices da msica e do

    movimento gospel

    "O diabo raramente criou algo mais perspicaz do que sugerir igreja que sua misso consiste em prover entretenimento para as pessoas, tendo em

    vista ganh-las para Cristo." C.H. Spurgeon

    No quesito criatividade alguns dos evanglicos se superam! impressionante a quantidade

    de novas doutrinas e percepes teolgicas que brotam da frtil mente dos nossos irmos. Da judaizao da f, ao Shu proftico, passando pelo toque do shofar, e pela instituio dos levitas, o que mais vemos so ensinamentos estapafrdios e antibblicos, seno vejamos:

    Adorao extravagante.

    O louvor da sua igreja extravagante? No? Ento voc est fora do mover de Deus.

    exatamente isso que algumas pessoas tm dito queles que no aderiram a um dos mais novos mtodos de adorao.

    Em linhas gerais, os adoradores extravagantes afirmam a necessidade de uma adorao sincera, abundante, espontnea, totalmente guiada pelo Esprito de Deus. Para estes apalavra "extravagante" fala da atitude do adorador, a qual deve sobrepujar os padres formais e expressar sua adorao em termos de liberdade e espontaneidade. Nesta perspectiva, o verdadeiro adorador voa como guia, ruge como leo, salta como coelho, late como cachorro, canta de costas para o pblico, alm de rolar pelo cho quando tocado por Deus. Para os adoradores extravagantes o que vale romper com os paradigmas religiosos, manifestando atravs do louvor congregacional uma adorao desprovida de frieza espiritual. Segundo estes, tudo vlido desde o riso incontido ao choro histrico por parte dos adoradores.

    Caro leitor, vamos combinar uma coisa? Em nenhum momento as Escrituras Sagradas nos ensinam a cantar extravagantemente. O Novo Testamento no nos concede respaldo teolgico para que entoemos cnticos cuja inspirao seja de cunho delirante. Ora, vale pena ressaltar que o nosso louvor ainda que emocionado deva ser absolutamente racional.

    "Rogo-vos, pois, irmos, pela compaixo de Deus, que apresenteis

    os vossos corpos em sacrifcio vivo, santo e agradvel a Deus, que o vosso culto racional." Rm 12:1

    Shu proftico

    H alguns anos participei de um culto, onde o dirigente de louvor mediante muitas caras e

    bocas emitia um estranho som. Confesso que fiquei intrigado com aquilo e me aproximei dele no intuito de discernir o que dizia. Para minha surpresa, descobri que a palavra pronunciada era desconhecida por mim. Ao final do culto, indaguei ao ministro de louvor o que repetidamente balbuciava antes de cada cano, descobrindo ento que a expresso usada por ele era a tal de "SHU".

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    Bom, deixe-me explicar: segundo alguns adeptos do neopentecostalismo, "Shu" um clamor proftico, uma Palavra proftica lanada nas regies celestiais, semelhana de um ato proftico, feito para extirpar a presena do pecado e convidar a vinda do Senhor Jesus com Sua Santidade!

    Em algumas igrejas, no perodo de louvor com msica, comum, entre uma cano e outra, ouvirmos dos cantores a expresso em questo. Shu para l, Shu para c, Shu em louvores alegres, em canes tristes, Shu em todo tempo e todo momento.

    Pois , o que me chama a ateno que em nenhuma parte das Escrituras Sagradas vemos o Senhor ou os apstolos orientando a Igreja de Cristo a pronunciar SHU enquanto canta. Alis, vamos combinar uma coisa: que capacidade impressionante esse pessoal tem de inventar novas doutrinas.

    Caro leitor, como afirmei no livro "Cristianismo ao Gosto do Fregus", no tenho a menor dvida de que somente a Bblia Sagrada a suprema autoridade em matria de vida e doutrina; e que somente ela o rbitro de todas as controvrsias, como tambm a norma para todas as decises de f e vida.

    Isto, posto, afirmo que qualquer comportamento, ensino, ou prtica que no se adeque as Sagradas Escrituras deve ser rechaado pelo povo de Deus.

    Mantra Gospel

    Na maioria das igrejas evanglicas brasileiras o tempo destinado a msica muito mais

    valorizado do que a pregao da Palavra de Deus. Para piorar a situao as canes ministradas afrontam diretamente as Sagradas Escrituras, at porque, em alguns casos as letras e contedo so ensimesmados, antropocntricas e "erotizadas."

    Uma nova mania tem sido disseminada entre os evanglicos, que o que denomino de Mantra Gospel. Mantras so poemas religiosos que originaram do hindusmo, porm tambm so utilizados no budismo. Os mantras so entoados como oraes repetidas, contudo, no constituem propriamente um dilogo com Deus. Os hindustas Acreditam que os mantras, por sua repetio, possuem uma energia sonora que movimenta outras energias que envolvem quem o entoa. O mantra gospel seria a repetio, em canes, de algumas frases durante 15,20 ou 30 minutos.

    Caro leitor, antes de qualquer coisa, no me venha com essa ideia de licena potica. Licena potica absolutamente diferente disso.

    Confesso que estou assustado com o fato de que canes como estas, chegam a ter uma conotao romntico-sensual. Ora, s falta aos nossos vocacionados e abnegados cantores gospel parafrasearem Roberto Carlos cantando "como grande o meu amor por voc."

    Dana proftica

    Uma das mais marcantes caractersticas litrgicas das igrejas neopentecostais so os

    grupos e ministrios de dana. Em todo lugar deste tupiniquim pas, tornou-se comum encontrar nas comunidades evanglicas grupos coreogrficos que danam em meio ao louvor. Mediante passos coreografados, roupas extravagantes e esvoaantes, alm de variados acessrios, rapazes e moas danam de forma esfuziante enquanto a congregao entoa canes a Deus.

    Bom, antes que seja apedrejado pelos bailarinos de planto, quero afirmar que acho a dana uma arte belssima, e que acredito piamente que possua o seu lugar e espao no cenrio evanglico. Entretanto, colocar a dana em meio adorao no mnimo mau gosto. Ora, para inicio de conversa o momento de adorao com msica deveria ser nica e exclusivamente para adorar a Deus e no para a apresentao de grupos artsticos. Para piorar a situao algumas das

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    danas em questo so absurdamente sensuais, de pssima coreografia e com uma roupa que faz inveja a qualquer concurso brega deste pas.

    Se no bastasse essa esquisitice toda, os que advogam o ministrio de dana o fazem afirmando que quando danam, agem profeticamente. Como no poderia deixar de ser, os bailarinos gospel foram uma interpretao bblica fundamentando sua prtica em textos do Antigo Testamento, como por exemplo, os episdios ocorridos a Miri e Davi respectivamente. No Novo Testamento encontram base para o seu comportamento ao afirmarem que Joo Batista estremece e salta de alegria no ventre de sua me ao sentir a presena do Messias. Alm disso, afirmam que a Igreja nasceu em Jerusalm, no em Roma e em virtude disto podem danar com liberdade.

    Para complicar a situao, os bailarinos de Jesus, interpretam de forma equivocada o texto em que Paulo afirma que o Senhor Esprito; e, onde est o Esprito do Senhor, a h liberdade.

    Ora, quem foi que disse que liberdade no Esprito significa necessariamente a ausncia de normas, regras e princpios? Claro que Deus Soberano e absolutamente capaz e poderoso para fazer o que quiser, todavia, Ele nos deixou as Escrituras como referncia litrgica, a qual deve ser consultada como nica e exclusiva regra de f, a comear pelo fato de que esta passagem, "onde est o Esprito do Senhor, a h liberdade" (II Cor 3:17) no tem absolutamente nada a ver com o culto. Paulo disse estas palavras se referindo leitura do Antigo Testamento. Os judeus no conseguiam enxergar a Cristo no Antigo Testamento quando o liam aos sbados nas sinagogas, pois o vu de Moiss estava sobre o corao e a mente deles (veja versculos 14-15). Estavam cegos. Quando, porm, um deles se convertia ao Senhor Jesus, o vu era retirado. Ele agora podia ler o Antigo Testamento sem o vu, em plena liberdade, livre dos impedimentos legalistas. Seu corao e sua mente agora estavam livres para ver a Cristo onde antes nada percebiam. desta liberdade que Paulo est falando. o Senhor, que o Esprito, que abre os olhos da mente e do corao para que possamos entender as Escrituras.

    Prezado amigo, o telogo e escritor Augustus Nicodemus, afirma que liberdade no Esprito no significa liberdade para inventarmos maneiras novas de cultu-lo. Sem dvida, temos espao para contextualizar as circunstncias do culto, mas no para inventar elementos. Seria uma contradio do Esprito, levar seu povo a adorar a Deus de forma contrria Palavra que Ele mesmo inspirou.

    Bem, isto, posto, afirmo que no sou contra a dana, desde que seja feita de forma contextualizada e fora do momento de louvor com msica. O que no d, no meio da adorao tirar a ateno daquele que nos salvou, focando num bando de danarinos despreparados, achando que aquilo que fazem expresso de arte. Ora, se querem danar, que o faam em momentos diferentes atravs de ritmos diferentes e com roupas menos esquisitas.

    Levitas

    Desde que me converti tenho ouvido por parte de alguns lderes evanglicos que aqueles

    que ministram o louvor com msica na Igreja so levitas do Senhor. Como j escrevi anteriormente algumas comunidades evanglicas tem uma enorme facilidade de judaizar o Evangelho de Cristo. Vale pena ressaltar que em nenhum lugar do Novo Testamento encontramos a referncia de que ministros de louvor, cantores ou instrumentistas sejam considerados como levitas do Senhor.

    Dentro deste contexto gostaria de reproduzir parte do excelente artigo escrito pelo pastor Natanael Rinaldi, apologista do Centro Apologtico Cristo de Pesquisas. Segundo Rinaldi o conceito de "levita" foi tomado por emprstimo de Israel e do Velho Testamento. Originalmente, "levita" significa "descendente de Levi", que era um dos 12 filhos de Jac. Os levitas comearam a se destacar entre as 12 tribos de Israel por ocasio do episdio do bezerro de ouro. Quando Moiss desceu do monte e viu o povo entregue idolatria, encheu-se de ira e cobrou um

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    posicionamento dos israelitas. Naquele momento, os descendentes de Levi se manifestaram para servirem somente ao Senhor (x 32:26). Da em diante, os levitas se tornaram ministros de Deus. Dentre eles, alguns eram sacerdotes (famlia de Aaro) e os outros, seus auxiliares. Embora os sacerdotes fossem levitas, tornou-se habitual separar os dois grupos. Ento, muitas das vezes em que se fala sobre os levitas no Velho Testamento, a referncia se aplica aos ajudantes dos sacerdotes. Seu servio era cuidar do tabernculo e de seus utenslios, inclusive carregando tudo isso durante a viagem pelo deserto (Nm 3, 4, 8, 18). Naquele tempo, os levitas no eram responsveis pela msica no tabernculo. Muito tempo depois, Davi inseriu a msica como parte integrante do culto. Afinal, ele era msico e compositor desde a sua juventude (I Sm 16:23). Ento, atribuiu a alguns levitas a responsabilidade musical. Em I Crnicas (9:14-33; 23:1-32; 25:1-7), vemos diversas atribuies dos levitas. Havia ento entre eles porteiros, guardas, padeiros e tambm cantores e instrumentistas (II Crnicas 5:13; 34:12). Em se tratando o ttulo levita ao Antigo Concerto no prprio chamarmos os msicos e cantores como integrando um corpo ministerial estranho ao Novo Concerto, at porque, segundo as Sagradas Escrituras todos aqueles que confessam a Cristo foram feitos por Ele, reis e sacerdotes. Portanto afirmar que os msicos so levitas do Senhor afronta de modo substancial o ensinamento bblico e cristo.

    Toque do Shofar

    Confesso que tenho ficado perplexo com algumas das novas prticas evanglicas.

    Ultimamente tem sido comum encontrar em alguns dos nossos arraiais nfases a um evangelho judaizante, isto porque, parte dos denominados discpulos de Cristo tm introduzido prticas veterotestamentrias nos cultos e liturgias de nossas igrejas. Na verdade, tais pessoas tm declarado que tal mtodo doutrinrio uma revelao de Deus a igreja contempornea, cujo slogan "Sair de Roma e voltar para Jerusalm"

    Nesta perspectiva o toque do shofar tem sido inserido em nossos cultos, isto porque, segundo os adeptos do "berrante judaico", o simples fato de toc-lo atrai a igreja presena de Deus. Para os judeus messinicos o toque do Shofar, anuncia um tempo para arrependimento, do juzo de Deus e da volta de Cristo, alm obviamente de proporcionar o despertar de um grande avivamento espiritual. Caro leitor, como j afirmei inmeras vezes, no existem pressupostos bblicos para que a igreja de Cristo, queira "recosturar" o vu do templo. Entretanto, alguns dos crentes atuais teimam em transformar em realidade aquilo que deveria ser uma simples sombra. Foi o Apostolo Paulo quem afirmou: "Portanto, ningum vos julgue pelo comer, ou pelo beber ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sbados. Estas so sombras das coisas futuras; a realidade, porm, encontra-se em Cristo", Colossences 2.16-17.

    As leis cerimoniais judaicas, os ritos sacrificiais, as festas anuais, foram abolidas definitivamente por Cristo na cruz do Calvrio (o significado de cada uma delas se cumpriu em nosso Senhor). Por esse motivo, mesmo os judeus que se convertem hoje ao cristianismo esto dispensados das leis cerimoniais judaicas. por esta razo que crentes em Jesus, no fazem sacrifcios de animais, no guardam o sbado, no celebram as festas judaicas, e, tampouco, fazem uso do shofar.

    Nossa mensagem, vida e testemunho deve ser Cristo, o Evangelho pregado deve ser o evangelho de Cristo, nossa mensagem central deve ser para a glria e o engrandecimento do nome de Cristo.

    Boate e festas Gospel

    Globo espelhado, canhes de luz, estroboscpio e fumaa, fazem parte de um contexto

    especial onde em nome de Deus, DJs e MCs embalam adolescentes e jovens em suas "danas"

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    para Jesus. Se no bastasse isso, nos eventos em questo a "pegao" rola solta, onde em clima de azarao e paixo a garotada se diverte beijando na boca.

    Pois , antes de qualquer coisa, preciso lhe explicar que no estou falando de uma boate comum e sim da mais nova mania "evanglica", o Night Song Gospel.

    Infelizmente em nome da contextualizao e da necessidade de se modernizar a propagao da Palavra de Deus, tem sido comum por parte de alguns pastores e lderes evanglicos a utilizao de estratgias diferenciadas na "evangelizao". Lamentavelmente, a cada instante, movidos por poderosas revelaes, novas e mirabolantes estratgias tem sido criado na expectativa de arrebanhar para os apriscos da f, um nmero cada vez mais significativo de jovens. E pensando assim que eventos dos mais estranhos possveis tm sido criados por parte da liderana evanglica neste pas, como por exemplo, o aparecimento de boates e discotecas gospel.

    Para alguns pastores, boates e discotecas tornaram-se "libis" indispensveis para se pregar "as boas novas" de Cristo Jesus. Na verdade, neste Brasil tupiniquim, cada vez mais em nome de uma liberdade crist, os jovens abandonam a palavra e o discipulado bblico em detrimento as festas e eventos que celebram efusivamente o hedonismo exacerbado de um tempo ps-moderno.

    Para piorar a situao, h pouco fiquei sabendo de uma igreja que movida por uma nova estratgia, instituiu uma festa, (obviamente de nfase gospel), denominada "Festa dos Sinais". A proposta desta festa era proporcionar aos jovens a possibilidade de arrumar um namorado, ou algum que ainda que momentaneamente pudesse trocar uns deliciosos beijos gospel. assim que num ambiente de muita msica, luzes e euforia, os participantes, colocam visivelmente em seus corpos, broches ou fitas nas cores verde, amarela, ou vermelha.

    As utilizaes destas cores trazem por si s os seguinte simbolismos: Os que usavam o vermelho estavam dizendo em outras palavras sua impossibilidade de contrair uma nova relao; j os que possuam a cor amarela, afirmavam que estavam interessados em alguma pessoa, no sendo necessariamente algum da festa, agora, j os que usaram o verde, demonstravam a todos os participantes a sua disponibilidade para uma nova relao.

    Diante disso, confesso que estou absolutamente boquiaberto e preocupado com os rumos da igreja evanglica brasileira. Isto porque, em detrimento do "novo" tm-se optado por um caminho onde se negocia o que no se pode negociar. Cad o compromisso com a Santa Palavra de Deus? Onde est o imperioso desejo de se fazer vontade do Senhor em todos os momentos da vida? Por que ser que temos coxeado entre dois pensamentos?

    Prezado amigo, vale pena ressaltar que em nenhum momento ns vemos nas Escrituras qualquer tipo de mandamento ou instruo por parte do Senhor de que a Igreja deveria promover entretenimento. A igreja foi chamada para glorificar a Cristo e pregar o Evangelho da Salvao Eterna. Ao fazer de Deus seu instrumento de lazer e descontrao, a igreja peca contra o terceiro mandamento tomando o nome do Senhor em vo.

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    CAPTULO 4

    Refletindo sobre as msicas

    tocadas nos cultos evanglicos

    "Eu sinto verdadeiro espanto no meu corao em constatar que o evangelho j mudou. Quem ontem era servo agora acha-se Senhor e diz

    a Deus como Ele tem que ser ...Mas o verdadeiro evangelho exalta a Deus ele to claro como a gua que eu bebi e no se negocia sua essncia e

    poder se camuflado a excelncia perder!" Grupo Logos

    H pouco participei de um culto onde o momento de louvor com msica foi uma pulao

    s. Depois de mais de uma hora de muitos gritos, saltos e urros espirituais, o pastor imbudo de uma espiritualidade opaca me avisou que o sermo no deveria passar de 10 minutos, isto porque, a hora havia passado e j estava tarde demais.

    Pois , ultimamente tenho pensado nas canes cantadas em nossas igrejas. Alis, vale pena ressaltar que a esmagadora maioria dos denominados cultos evanglicos dedicam muito mais tempo a msica do que qualquer outra coisa. Infelizmente os louvores cantados em nossas reunies so extremamente antropocntricos, o que nitidamente se percebe em nossos encontros congregacionais. Para piorar a situao, as msicas cantadas pelos denominados artistas gospel, nem o nome de Cristo mencionam mais.

    Caro leitor, participar de alguns cultos um verdadeiro desafio, isto porque as canes entoadas em nossas reunies so absolutamente desprovidas de boa teologia. Para piorar a situao este tipo de louvor tem se multiplicado a olhos vistos em nossas igrejas. Isso me faz lembrar um filme famoso na dcada de

    Os Gremlins o seu nome! Bom, para os mais novos que nunca ouviram falar num Gremlin deixe-me explicar: Os Gremlins eram bichinhos que se caracterizavam por duas maneiras: A primeira so os Mogwai, que seria o estgio infantil destes seres, no qual so quase inofensivos, e o segundo os Gremlins, que so muito perigosos. No filme existem algumas coisas que no podem ser feitos com um Gremlin. A primeira que a luz no deve ser administrada diretamente a eles, pois a odeiam: no se deve dar a luz do sol, sob o risco de serem mortos. A segunda que eles nunca devem entrar em contato com a gua, pois quando isso ocorre com um Mogwai, saem bolas de pelos de suas costas, e assim ele se reproduz, em cpias parecidas, porm, mais travessas proporcionando com isso enormes problemas.

    Caro leitor, sabe que s vezes eu tenho impresso que alguns msicos evanglicos so como os Gremlins? S que em vez de se multiplicarem tocando na gua, se multiplicam ouvindo msica de pssima qualidade. Ora, vamos combinar uma coisa? O que tem de msica ruim sendo tocada nas Igrejas evanglicas, no t no Gibi! Confesso que, ao ouvir algumas dessas canes, s vezes, sinto vontade de chorar! Para inicio de conversa, as letras so horrorosas, a melodia, pobre, e o ritmo pra l de brega, a, meu caro, a coisa complica, no verdade?

    No filme de Hollywood a nica coisa que podia EXTERMINAR os Gremlins era o brilho da luz do sol. Os bichinhos causadores da destruio alheia odiavam os raios solares.

    Prezado amigo, sabe de uma coisa? Da mesma forma que a luz trouxe libertao queles que sofriam os ataques dos bichos da maldade, tenho impresso que a nica coisa que pode acabar com essa onda de terror na musica evanglica brasileira a iluminao das verdades crists mediante a exposio das Escrituras.

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    CAPTULO 5

    Os mercadores da msica gospel

    "A adorao vem antes do servio, e o Rei, antes dos negcios do Rei." J. Blanchard

    O impagvel Andr "Reverbrio" comps uma cano extremamente inteligente

    satirizando o chamado movimento gospel. De forma descontrada Andr relata a histria de um rapaz que comunica a sua me que virou um "crente gospel".

    Pois , essa coisa chamada gospel virou febre neste tupiniquim pas! A consequncia disso que em nome da espiritualidade a f bblica-crist tem sido comercializada de modo escandaloso. Em nome de Deus, a msica e a adorao, passaram a ser vendidas como um produto qualquer em nossos templos. Cantores, cantoras em nome do ministrio, estipulam valores altssimos, para adorar aquele que digno de todo louvor. H pouco, soube de uma cantora famosa que cobrara "X" para cantar numa igreja, no entanto, a clusula contratual afirmava claramente que se a igreja desejasse que ela cantasse canes do seu novo CD, o preo seria "Y".

    Um querido amigo relata uma triste experincia que teve ao tentar marcar um evento com uma famosa cantora gospel, a qual reproduzida abaixo:

    "Certa feita a minha igreja teve a oportunidade de entrar em contato com determinada agncia de promoes e eventos para saber as condies necessrias para se realizar um evento com certa "cantora" gospel e sua banda. A famosa "cantora" apresentou ento entre as muitas exigncias para se "louvar a Deus" em um evento evanglico, um carro novo com ar condicionado exclusivo para ela e seu marido, com motorista particular. Exigiu ainda, passagem area para 14 pessoas unicamente por uma famosa empresa de aviao. Exigiu tambm, duas vans: uma com 16 lugares para o transporte de sua equipe e outra para os equipamentos. Hospedagem em um hotel com categoria mxima, e um quarto diferenciado para a "ela" e seu marido. Determinou que suas refeies no fossem no hotel, mas em um restaurante que disponibilizasse o seu caf da manh, almoo, jantar e lanche da tarde. Exigiu, que os equipamentos utilizados no show estivessem de acordo com o seu padro "gospel" de ser.

    Como se todas essas exigncias no bastassem, a cantora ainda cobrou pela "apresentao" o valor de R$ 25.000,00. Isso mesmo, Vinte e Cinco Mil Reais por cerca de uma hora uma hora e meia de "show". E mais, exigiu que nenhuma gravao em udio, vdeo ou qualquer outro meio fosse realizado, seja parcial ou integral do seu 'show'."

    Pois , disto fico a pensar com os meus botes: onde est Jesus nessa histria toda? Jesus nos d a salvao como um presente, mas uma cantora cobra R$ 25,000,00 para dar uma hora de msica?

    Lamentavelmente o nmero de cantores evanglicos cobrando nababescos caches um verdadeiro absurdo! Infelizmente essa coisa chamada gospel virou febre em nossa nao! A consequncia disso que em nome da espiritualidade a f bblico-crist tem sido comercializada de modo escandaloso. Em nome de Deus, a msica e a adorao, passaram a ser vendidas como um produto qualquer em nossos templos. Cantores, cantoras em nome do ministrio, estipulam valores altssimos, para adorar aquele que digno de todo louvor.

    Isso me faz lembrar o episdio em que Jesus entrou no templo com azorrague nas mos derramando o dinheiro dos cambistas no cho. "E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e tambm os cambistas assentados; tendo feito um azorrague de cordas, expulsou a todos do templo, bem como as ovelhas e os bois; derramou pelo cho o dinheiro dos

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    cambistas, virou as mesas, e disse aos que vendiam as pombas: tirai daqui estas coisas, no faais da casa de meu Pai casa de negcio." Jo 2:14-16

    No texto em questo a Bblia nos mostra um Jesus indignado, isto porque, os valores da Casa de Deus tinham sido absolutamente distorcidos. Vendiam-se tudo que se era possvel para o sacrifcio. Na verdade eles estavam muito mais preocupados com o lucro do que com o sacrifcio em si. Repare que Jesus repreendeu os que vendiam as pombas (vs 16), isto se deve ao fato das pombas serem geralmente oferecidas como sacrifcio pelos mais pobres. Jesus aqui combate tambm a espoliao dos menos favorecidos pelos exploradores da f. Sim, combate o enriquecimento de alguns em detrimento da religiosidade de outros. O Interessante que ele joga o dinheiro no cho. Isto nos leva a entender de que o lugar que dinheiro deve estar bem longe da cabea e do corao. Dinheiro tem que estar no cho! Debaixo dos nossos ps, submetido inteiramente a Deus.

    Caro leitor, por favor, pare, pense e responda: Qual a diferena dos chamados artistas gospel para os artistas seculares? Ambos no cobram caches? Qual a diferena das msicas cantadas? Ambas no so para entretenimento do ouvinte? Qual a diferena entre seus fs clubes? Ambos no adoram seus dolos? E quanto as suas canes? No so ambas antropocntricas? Ora, vamos combinar uma coisa? Esta histria de artista gospel uma verdadeira vergonha. Afirmar que seus shows fazem parte de um ministrio cristo no mnimo afrontar o conceito bblico de servio. Isto, posto, repudio veementemente os que em nome Deus se locupletam da f pblica cobrando valores imorais por seus shows e apresentaes.

    "Ao contrrio de muitos, no negociamos a Palavra de Deus visando lucro; antes, em Cristo falamos diante de Deus com

    sinceridade, como homens enviados por Deus." II Corntios 2.17

    CAPTULO 6

    Rdio!

    Um termmetro da f evanglica no Brasil

    "Afirmo que a maior tragdia do mundo de hoje que Deus fez o homem

    Sua imagem e o criou para ador-lo, formou-o para tocar a harpa da adorao diante de Sua face, dia e noite, mas ele falhou, deixando cair a

    harpa; e ela jaz sem som a seus ps." A. W. Tozer

    Confesso que no possuo o hbito de ouvir rdio evanglica. Todavia, depois de um bom

    tempo sem ouvi-las, resolvi sintonizar o dial em algumas delas. Trinta minutos depois j havia desistido, isto porque, num curto espao de tempo, ouvi pregaes distorcidas, canes estereotipadas, manifestaes politiqueiras dos pilantras da f, alm de decretos e determinaes contrrias as Sagradas Escrituras. Alis, o cara para ouvir algumas rdios evanglicas necessita de

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    uma dose extra de pacincia, at porque, as letras e melodias tocadas so uma verdadeira afronta ao bom gosto.

    Ora, antes que algum me excomungue no estou deforma alguma desfazendo deste veculo de comunicao. Sei da importncia dos meios de comunicao em massa e louvo a Deus por termos alguns destes em nossas mos, entretanto, prefiro ouvir bons CDs de gente que com certeza est compromissada com evangelho, do que dedicar o meu precioso tempo a programaes que manipulam a f do povo de Deus.

    Na minha perspectiva as Rdios Evanglicas funcionam como um tipo de termmetro do evangelicalismo brasileiro. Basta olharmos para a programao musical das principais rdios evanglicas do Brasil, que teremos um diagnstico preciso de como anda a Igreja Evanglica brasileira.

    Infelizmente as msicas tocadas, alm, obviamente, das pregaes ministradas pelos "apstolos" e profetas da f, apontam de forma ntida e eficaz para o fato de que o evangelicalismo brasileiro encontra-se febril e enfermo.

    Ouso afirmar que a "livre concorrncia" entre algumas destas comunidades crists, tem levado seus lderes a adotarem estratgias semelhantes s utilizadas por empresas de marketing que tem por objetivo final "comercializar" seus produtos no mercado. Na verdade, para estas a preferncia dos fiis determina a dinmica dos discursos religiosos e das prticas a eles relacionados.

    Como j escrevi anteriormente, o Brasil nos ltimos anos tem sido vitima de alguns apages, os quais proporcionaram serssimos problemas a toda sociedade brasileira. No que tange ao Cristianismo, vivemos hoje um srio apago teolgico, onde os mais variados distrbios doutrinrios so observados a comear por essa famigerada onda apostlica.

    Pois , por acaso voc j reparou que tudo que esse povo faz apostlico? Louvor apostlico, palavra apostlica, rede apostlica, namoro apostlico, casamento apostlico, dzimo apostlico e muito mais. Se no bastasse isso, nunca vi tanto tipo de uno diferente entre os evanglicos. Basta ligarmos nossos rdios que ouviremos sobre a uno do riso e outras tantas outras mais.

    Para piorar a situao, as rdios difundem heresias como crentes de segunda classe; troca de anjo da guarda; arrebatamento ao 3 cu; festa dos sinais; night gospel song; sal grosso pra espantar mal olhado; maldies hereditrias; encostos; leo ungido pra arrumar namorado; sesses do descarrego; coronelismo apostlico, msica para o diabo, atos profticos descabidos e burrificados, dentre tantas outras coisas mais, que infelizmente tornaram-se marcas negativas dessa gerao.

    Caro leitor, as prticas litrgicas por parte da igreja evanglica brasileira fazem-nos por um momento pensar que regressamos aos tenebrosos dias da idade mdia, at porque, nesses dias, como no sculo XVI a mercantilizao da f, bem como as manipulaes religiosas por parte de pseudoapstolos, se mostram presentes. Confesso que no sei aonde vamos parar.

    Ao pensar nas aberraes descritas, sinto-me inquieto com os rumos da igreja brasileira. At porque, em nome de uma espiritualidade burra, oca e egosta, centenas de "pastores" movidos pela ganncia e o poder, tm corrido desenfreadamente a procura de ttulos cada vez mais aberrativos. Infelizmente a apostolizao moderna tem feito de muitos destes, pequenos reis, os quais em cerimnias nababescas so coroados como tais.

    A febre do gospel, o mercantilismo podre na vida de muitos, me enojam substancialmente.

    H pouco soube por intermdio de um pastor amigo, que uma famosa cantora gospel, tinha no seu staff uma pessoa cuja opo sexual declaradamente contra o padro de sexualidade posto nas Escrituras Sagradas.

    Sinceramente, no sei onde vamos parar. Sem sombra de dvidas parte da igreja evanglica brasileira encontrasse gravemente enferma!

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    Confesso que no suporto mais o misticismo e dualismo promovido pelos gurus da batalha espiritual, no aguento mais ouvir as loucuras dos profetas da mentira, os quais escravizam o rebanho de Deus com heresias das mais hediondas, elaborando mapas, ungindo e urinando nos quatro cantos da cidade.

    Para piorar a coisa, tais prticas doutrinrias encontraram uma enorme aceitabilidade por parte da sociedade, e isto se deve ao fato de que as pessoas deste tempo, buscam desesperadamente por experincias e no a verdade.

    Infelizmente estamos vivendo um tempo de paganizao, onde cultos se fundamentam em impresses e achismos. Na verdade, o que determina o sucesso do culto no mais a Palavra, mas o gosto da freguesia.

    CAPTULO 7

    Cuidado com o veneno

    "Voltou Eliseu para Gilgal Havia fome naquela terra, e, estando os discpulos dos profetas

    assentados diante dele, disse ao seu moo: Pe a panela grande ao lume e faze um cozinhado para os discpulos dos profetas. Ento, saiu um ao campo a apanhar ervas e achou uma trepadeira silvestre; e, colhendo dela, encheu a sua capa de colocntidas; voltou e cortou-as em pedaos, pondo-os na panela, visto que no as conheciam. Depois, deram de comer aos homens. Enquanto comiam do cozinhado, exclamaram: Morte na panela, homem de Deus! E no puderam comer. Porm ele disse: Trazei farinha. Ele a deitou na panela e disse: Tira de comer para o povo. E j no havia mal nenhum na panela."

    2 Reis 4:38 - 41 Se eu te desse um copo d'gua com algumas gotas de veneno voc beberia? Claro que no,

    no verdade? Pois , tem muita gente bebendo teologia contaminada por heresias na igreja evanglica brasileira. Lamentavelmente existem inmeras pessoas comendo colocntidas em nossos arraiais ingerindo sem perceber, veneno para a alma.

    H alguns anos estava em Braslia participando de um evento, quando no intervalo entre uma palestra e outra, fui a uma lanchonete comprar um refrigerante. Lembro que paguei a bebida com uma nota de cinquenta reais, recebendo a seguir o troco da compra. Peguei o dinheiro, e quando ia guard-lo na carteira, um amigo olhando as notas em minhas mos, percebeu que uma delas era falsa. Ao ver tanta convico em suas palavras perguntei:

    - "Como voc tem certeza disso?" Ele me respondeu: - "Trabalhei muitos anos como comerciante e conheo bem uma nota verdadeira. S de olhar eu sei quando uma nota falsa."

    Naquele mesmo instante pensei na igreja evanglica brasileira que por desconhecer as Sagradas Escrituras tem se deixado levar por inmeras heresias.

    Pois , sem sombra de dvidas vivemos dias difceis onde s heresias se multiplicam a olhos vistos. Uma das mais sucintas e discretas o unicismo pregado por alguns grupos denominados evanglicos que se dizem a voz da sabedoria e da verdade. Tais grupos tem se infiltrado nas igrejas evanglicas negando descaradamente a doutrina da TRINDADE o que para ns cristos uma doutrina fundamental e inquestionvel.

    Os unicistas, como so denominados aqueles que negam a Trindade, fundamentam sua crena em duas verdades bblicas. Estas bases bblicas so usadas como fundamentos sobre o ponto de vista que tem de Deus e Jesus Cristo. A primeira verdade bblica que h somente um Deus e que Jesus Deus. Destas duas verdades, os Unicistas deduzem que Jesus Cristo Deus em

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    sua totalidade, sendo assim, Jesus tem que ser o Pai, o Filho e o Esprito Santo, rechaando a doutrina da Trindade.

    Caro leitor, a Igreja, atravs dos sculos, sempre ensinou que dentro da unidade do nico Deus existem trs pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Esprito Santo; e estas trs pessoas compartilham da mesma natureza e atributos; ento, com efeito, estas trs so o nico Deus. Todavia a teologia unicista ensina que Jesus Cristo o Pai encarnado, e que o Esprito Santo Jesus Cristo tambm negando com veemncia a doutrina da Trindade. Para piorar a situao os adeptos do unicismo negam o batismo em nome da Trindade, batizando somente em nome de Jesus. O Centro Apologtico Cristo de Pesquisa atravs do presbtero da Assembleia de Deus, Paulo Cristiano, traz um breve relato histrico desta prtica hertica de batizar somente em nome de Jesus:

    "Essa doutrina surgiu em uma reunio pentecostal das igrejas Assembleias de Deus, realizada em abril de 1913, em Arroyo Seco, nos arredores de Los Angeles, na Califrnia, numa cerimonia de batismo. O preletor, R. E. McAlister, disse que os apstolos batizavam em nome do Senhor Jesus e no em nome do Pai, do Filho e do Esprito Santo, e quando as pessoas ouviram isso ficaram atnitas. McAlister foi notificado que seu ensino possua elementos herticos. Ele tentou esclarecer sua prdica, mas ela j havia produzido efeito. Um de seus ouvintes era John Sheppe que aps aquela mensagem, passou uma noite em orao, refletindo a mensagem de McAlister e concluiu que Deus havia revelado o batismo verdadeiro que seria somente em nome de Jesus. Tambm Franck J. Ewart, australiano, adotou essa doutrina e em 15 de abril de 1914 levantou uma tenda em Belvedere, ainda nos arredores de Los Angeles, e passou a pregar sobre a frmula batismal de Atos 2.38. Comparando com Mt 28.19, chegou concluso de que o nome de Deus seria ento somente o nome Jesus. verdade que o batismo somente no nome de Jesus era praticado por pastores pentecostais como Howard Goss e Andrew Urshan, mas foi somente com Franck J. Ewart que o batismo em nome de Jesus desenvolveu teor teolgico prprio. Assim, em 15 de abril de 1914, Franck J. Ewart e Glenn Cook se batizaram mutuamente com a nova frmula. Esse movimento comeou ento a crescer em cima dessa polmica e ficou conhecido por vrios nomes como: Nova Questo, movimento Somente Jesus, o Nome de Jesus, Apostlico, ou Pentecostalismo Unicista."

    Caro leitor, a essncia da doutrina unicista a centralizao no nome de Jesus. Os telogos unicistas entendem que a expresso em nome, de Mateus 28.19 referindo ao Pai, Filho e Esprito Santo so apenas nomes singulares de Jesus. Assim, o que parecia ser apenas uma polmica referente frmula batismal resultou na negao da doutrina da Trindade. Os unicistas no aceitam a pluralidade de pessoas na unidade divina, qualquer referncia ideia de Trindade eles interpretam como sendo vrias manifestaes de Deus ou de Jesus. Logo no so contra a Trindade pelo fato de no crer que Jesus seja Deus, mas ironicamente pelo fato de crer que Deus s Jesus.

    Isto, posto, rogo aos irmos, que tomem todo cuidado para no beberem de qualquer fonte, at porque, sem que percebam ou se deem conta, podero beber veneno para alma.

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    CAPTULO 8

    O que fazer ento?

    "A adorao a submisso de toda nossa natureza a Deus. a vivificao da conscincia

    mediante Sua santidade, o nutrir da mente com Sua verdade, a purificao da imaginao por Sua beleza, o abrir do corao ao Seu amor e a entrega da vontade ao Seu. propsito."

    William Temple Depois de ter lido as crticas deste livro sobre o atual momento da msica evanglica

    brasileira, possivelmente voc esteja perguntando a si mesmo: O que podemos fazer diante de tantas aberraes e discrepncias teolgicas? Ser que existe um jeito ou uma forma de regressarmos a simples, porm, profunda mensagem da Cruz?

    Ora, claro que sim! No possuo a menor sombra de dvidas de que isso possvel, para tanto, torna-se necessrio que observemos os seguintes pontos:

    Precisamos voltar as Escrituras

    Esse o ponto primordial e fundamental da discusso. O fato de a igreja evanglica

    brasileira ter relativizado as Escrituras contribuiu em muito para o adoecimento de sua teologia. Um exemplo claro disso so as canes compostas pelos nossos msicos. Infelizmente os louvores ministrados em nossas assembleias, esto recheados de grotescos desvios teolgicos, simplesmente pelo fato de que a Bblia foi trocada pelas experincias pessoais.

    Caro leitor. luz desta afirmao, tenho a impresso que o chamado movimento gospel, sem que percebesse, criou atravs de sua liturgia um novo sacramento, denominado louvor. Para estes, ainda que inconscientemente, a adorao com msica transformou-se num meio de graa, onde mediante canes distorcidas teologicamente, os crentes so levados a um estado de catarse.

    Ora, creio veementemente que boa parte dos nossos problemas eclesisticos se deve ao fato de termos abandonado a margem da existncia, as Escrituras; e que se desejarmos mudar este contexto, necessitamos regressar a Bblia fazendo dela nossa nica e exclusiva regra de f.

    No tenho a menor dvida de que somente a Bblia Sagrada a suprema autoridade em matria de vida e doutrina; s ela o rbitro de todas as controvrsias, como tambm a norma para todas as decises de f e vida. indispensvel que entendamos que a autoridade da Escritura superior da Igreja, da tradio, bem como das experincias msticas adquiridas pelos crentes.

    O reformador Joo Calvino costumava dizer que o verdadeiro conhecimento de Deus est na Bblia, e de que ela o escudo que nos protege do erro.

    Alm disso, tambm vale pena ressaltar a infalibilidade da Bblia. A Bblia no contm erros. Ela correta em tudo o que declara, visto que Deus no mente ou erra. Tudo aquilo que nela est escrito a mais pura verdade. Jesus disse que "a Escritura no pode ser anulada" , e que mais fcil passar o cu e a terra do que cair um til da lei"

    A Bblia sozinha ensina tudo o que necessrio para nossa salvao do pecado, ela o padro pelo qual todo comportamento cristo deve ser avaliado. Nenhum credo, conclio ou indivduo tem o poder de constranger a conscincia do crente em Jesus contrariando aquilo que est exposto na Bblia.

    Diante destas maravilhosas afirmativas asseguro sem a menor sombra de dvidas que todo o contedo das Escrituras foi inspirado pelo Senhor, o que nos d plena convico de que no existe nenhum equivoco em denominar a Bblia como "a Palavra de Deus". Isto, posto, concluo

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    que no existe nenhum outro modo de se conhecer a Deus, superior ao estudo das Escrituras, como tambm, no existe nenhuma outra fonte de informao sobre Deus mais precisa, acurada e compreensiva que a Sua Palavra.

    Precisamos cantar as Escrituras

    Nada melhor do que cantar a Bblia no verdade? luz desta percepo julgo que seja

    necessrio com que a igreja de Jesus cante as Escrituras regressando aos temas centrais do Evangelho, entoando em seus cultos canes que falam do pecado, da expiao, do sacrifcio vigrio de Cristo, da vida eterna, do juzo vindouro, alm claro de outras doutrinas importantes de nossa f.

    O prncipe dos pregadores Charles Haddon Spurgeon costumava dizer que ansiava pelo avivamento de antigas doutrinas :

    "Queremos um avivamento das antigas doutrinas. No conhecemos uma doutrina bblica que, no presente, no tenha sido cuidadosamente prejudicada por aqueles que deveriam defend-la. H muitas doutrinas preciosas s nossas almas que tm sido negadas por aqueles cujo ofcio proclam-las. Para mim evidente que necessitamos de um avivamento da antiga pregao do evangelho, tal como a de Whitefield e de Wesley. As Escrituras tm de se tornar o infalvel alicerce de todo o ensino da igreja; a queda, a redeno e a regenerao dos homens precisam ser apresentadas em termos inconfundveis."

    Caro amigo, se desejarmos vivenciar um avivamento em terras tupiniquins mais do que nunca necessitamos regressar Palavra de Deus, cantando-a em nossos encontros dominicais, fazendo dela nossa nica regra de f, prtica e comportamento, at porque, somente assim conseguiremos corrigir as distores evanglicas que tanto nos tem feito ruborizar.

    Precisamos fortalecer a Escola Bblica Dominical

    Ao ler este tpico talvez voc esteja se perguntando: Como assim? Qual a relao entre

    msica e louvor na Igreja e escola bblica dominical? Toda. Creio eu que um dos motivos de estarmos cantando msicas esquisitas em nossos

    cultos se deve ao fato de termos relativizado a escola Bblica dominical. O que hoje chamamos de Escola Bblica Dominical teve como fundador o jornalista Robert

    Raikes (1735-1811). Raikes era natural da cidade de Gloucester, Inglaterra, e em 1757, aos vinte e dois anos, sucedeu o pai como editor do Gloucester Journal, um peridico voltado para a reforma das prises. Nesta pequena cidade inglesa, onde vivia, a delinquncia infantil era um problema que parecia insolvel. Menores trabalhavam em minas de carvo de segunda a sbado, tinham pouca ou nenhuma escolaridade, comportavam-se mal e envolviam-se em todo tipo de delitos e confuses. Raikes, preocupado com o que via comeou a convidar os pequenos transgressores para que se reunissem todos os domingos para aprender a Palavra de Deus. Juntamente com o ensino religioso, aprendiam disciplinas seculares, como matemtica, histria e ingls.

    Vale pena ressaltar que nessa poca, estava ocorrendo na Inglaterra um avivamento, com sua forte nfase social.

    A ideia de Raikes rapidamente se alastrou pelo pas. Apenas cinco anos mais tarde, em 1785, foi organizada em Londres uma sociedade voltada para a criao de escolas dominicais. Um ano depois, cerca de 200.000 crianas estavam sendo ensinadas em toda a Inglaterra. No princpio os professores eram pagos, mas depois passaram a ser voluntrios. Da Inglaterra a instituio foi para o Pas de Gales, Esccia, Irlanda e Estados Unidos.

    No Brasil a Escola Bblica Dominical foi fundada pelos Congregacionais Robert e Sarah Kalley em Petrpolis, no dia 19 de agosto de 1855. Sarah Kalley havia sido grande entusiasta desse movimento na sua ptria, a Inglaterra. A primeira escola dominical presbiteriana foi iniciada pelo

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    Rev. Ashbel Green Simonton em maio de 1861, no Rio de Janeiro. Reunia-se nos domingos tarde, na Rua Nova do Ouvidor. Essa escola aparentemente foi organizada de modo mais formal em maio de 1867. Um evento comum em muitas igrejas presbiterianas brasileiras nas primeiras dcadas do sculo 20 era o "Dia do rumo escola dominical", quando se fazia um esforo especial para trazer um grande nmero de visitantes.

    Mais de 150 anos se passaram desde que os Kalley organizaram a EBD no Brasil, e de l para c muita gua passou debaixo da ponte. Sem titubeios afirmo que inmeras geraes foram impactadas pelo ensino das doutrinas bblicas nas salas de aula das escolas dominicais esparramadas pelo nosso imenso territrio nacional. Hoje, em detrimento a ps modernidade, o que era absoluto foi relativizado. Os que outrora pregavam sobre a importncia da EBD, no o fazem mais. Para piorar a situao, os crentes optaram por fazer do domingo o seu dia de lazer deixando em segundo plano o estudo da Palavra de Deus.

    Ouso afirmar que a igreja do sculo XXI menos preparada e qualificada a explicar a razo da sua f aos incrdulos do que as geraes passadas. Como j escrevi anteriormente parte da igreja brasileira, prefere shows e entretenimento gospel a dedicar tempo estudando a Bblia numa escola dominical.

    A consequncia direta disso a multiplicao de doutrinas esprias. Tenho percebido que em vrios lugares deste pas, as igrejas abandonaram o hbito de se

    reunirem aos domingos em Escola Bblica Dominical. Segundo, os pastores que mudaram suas rotinas eclesisticas de suas comunidades, as razes para tal se devem ao novo mundo em que vivemos que por razes obvias exige mais dos seus cidados, o que impossibilita ida do crente a igreja duas vezes no mesmo dia.

    Bom, at entendo que o mundo outro, e que alguns conceitos precisam ser revistos, todavia, ser que o fato de negligenciarmos o ensino bblico no aponta para uma inverso na escala de valores do cristo? Ser que a ps modernidade e os conceitos filosficos do hedonismo no tm contribudo diretamente por um cristianismo mais light onde o que importa o desenvolvimento de uma relao com um Cristo bonacho? E o movimento gospel? No tem ele contribudo para a banalizao da f em Cristo?

    Caro leitor, tenho plena convico de que a Igreja de Cristo precisa regressar a Palavra. Para tanto, tornasse indispensvel que reconheamos que no nos ser possvel construirmos um cristianismo relevante em nosso pas sem que conheamos as doutrinas crists.

    Isto, posto, oro na expectativa de que os pastores da igreja evanglica brasileira no negligencie a Escola Bblica Dominical, antes pelo contrrio, incentivem os membros de suas comunidades locais a dedicarem suas vidas ao estudo da Palavra de Deus, at porque, agindo assim evitaremos alguns desvios doutrinrios e comportamentais.

    Precisamos voltar s verdades da cruz

    "Tomaram eles, pois, a Jesus; e ele prprio, carregando a sua cruz, saiu para o lugar

    chamado Calvrio, Glgota em hebraico, onde o crucificaram e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio." Jo 19:17-18

    Parte das igrejas evanglicas brasileiras tem pregado um evangelho muito diferente do evangelho da Bblia. Em dias tenebrosos como os nossos, muito se tem falado sobre vitria, bnos e prosperidade, contudo, quase no ouvimos mais pregaes sobre a centralidade da Cruz. O pastor anglicano John Stott certa vez afirmou que um dos mais graves equvocos da igreja evanglica querer um cristianismo sem cruz.

    Caro leitor, a cruz de Cristo deve ser a nossa mensagem central. A morte do Cordeiro que tira o pecado do mundo deve ser a nossa proclamao. O sangue justo derramado na cruz a favor dos eleitos deve ser a nossa nfase principal. A cruz o centro da histria do mundo. A

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    encarnao de Cristo e a crucificao de nosso Senhor so o centro ao redor do qual circulam todos os eventos de todos os tempos.

    Como bem afirmou John Stott, qualquer pessoa que investigue o cristianismo pela primeira vez ficar impressionada pelo destaque extraordinrio que os seguidores de Cristo do a sua morte. No caso de todos os outros grandes lderes espirituais, a morte deles lamentada como fator determinante do fim de suas carreiras. No tem importncia em si mesma; o que importa a vida, o ensino e a inspirao do exemplo deles. Com Jesus, no entanto, o contrrio. Seu ensino e exemplo foram, na verdade, incomparveis; mas, desde o princpio, seus seguidores enfatizaram sua morte. Alm disso, quando os evangelhos foram escritos, os quatro autores dedicaram uma quantidade de espao desproporcional ltima semana de vida de Jesus na terra no caso de Lucas, um quarto; de Mateus e Marcos, cerca de um tero; e de Joo, quase a metade.

    Oh! Quo maravilhosa a mensagem da Cruz! Como diz a clssica cano: "Sim eu amo a mensagem da cruz, at morrer eu a vou proclamar, Levarei eu tambm minha cruz, at por uma coroa trocar."

    CAPTULO 9

    Grandes coisas tem feito o Senhor

    "Grande o Senhor e mui digno de louvor, na cidade do nosso Deus seu Santo monte, alegria de

    toda terra. Grande o Senhor em quem ns temos a vitria e que nos ajuda Contra o inimigo, por isso diante Dele nos prostramos. Queremos o Teu Nome engrandecer e agradecer-Te por Tua obra em nossas vidas. Confiamos em Teu infinito amor pois s Tu s O Deus eterno Sobre toda terra e cus."

    Ademar de Campos

    Louvo ao Senhor pela sua graa e bondade porque mesmo em meio a um turbilho de

    heresias que se multiplica a olhos vistos nesse pas, o Senhor tem levantado ministrios como Stnio Marcius, Joo Alexandre, Nelson Bomilcar, Logos, Vencedores por Cristo, Asaph Borba, Sal da Terra, Atilano Muradas, Josu Rodrigues, Crombie, Palavrantiga, Vineyard, Ademar de Campos, Gerson Borges, isto sem falar em um incontvel nmero de bons msicos desconhecidos pela grande maioria dos evanglicos que tem tocado canes de qualidade nesse "brasilzo" de meu Deus. Bendito seja Deus porque ainda possvel ouvir em nossas igrejas canes cristocntricas, cujo objetivo final a glria de Deus! Veja por exemplo essa linda cano composta pelo cantor Stnio Marcius:

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    "Tapeceiro

    Grande artista Vai fazendo o seu trabalho

    Incansvel, paciente No seu tear Tapeceiro

    No se engana Sabe o fim desde o comeo Trana voltas, mil desvios

    Sem perder o fio Minha vida obra de tapearia tecida de cores alegres e vivas

    Que fazem contraste no meio das cores Nubladas e tristes

    Se voc olha do avesso Nem imagina o desfecho

    No fim das contas Tudo se explica Tudo se encaixa

    Tudo coopera pr meu bem Quando se v pelo lado certo

    Muda-se logo a expresso do rosto Obra de arte pra honra e glria

    Do Tapeceiro Quando se v pelo lado certo Todas as cores da minha vida

    Dignificam a Jesus Cristo O Tapeceiro"

    O que falar ento das canes entoadas pelos nossos pais? Quantos cnticos maravilhosos

    podem ser encontrados em nossos hinrios? Ora, impossvel no se emocionar ouvindo "Castelo Forte", Rude Cruz, Sossegai, Por que Ele vive" entre tantas outras mais.

    Caro leitor, meu desejo que a leitura deste livro possa ter contribudo significativamente para o seu crescimento pessoal, alm claro, de ter servido como divisor de guas em sua vida.

    Isto, posto, rogo, ao Todo-Poderoso, que as informaes adquiridas neste opsculo, possam ter produzido em seu corao muito mais que meras informaes. Na verdade, minha expectativa que o Esprito do nosso Deus tenha, atravs de cada palavra, ressuscitado no seu corao a esperana de dias melhores bem como o desejo de ver a Igreja de Cristo servindo ao seu redentor com integridade e compromisso.

    Naquele que reina soberanamente,

    Renato Vargens