mudanças de uso e cobertura do solo na amazônia: impactos
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Programa de Ciência e Tecnologia para Gestão de Ecosistemas
Ação "Métodos, modelos e geoinformação para a gestão ambiental”
Mudanças de Uso e Cobertura do Solo na Amazônia:Impactos Sócio-Ambientais na Ocupação de Regiões de
Fronteira Agrícola“
Maria Isabel Sobral Escada
Diógenes Salas Alves
Relatório Técnico Parcial
Dezembro, 2001
ResumoResumo
A Amazônia é composta por uma grande heterogeneidade de ecossistemas e formas deocupação, assumindo uma grande diversidade de configurações espaciais, que variam de
região para região. Partindo dessa percepção da heterogeneidade do espaço Amazônico,é proposto neste trabalho, como contribuição para os estudos sobre a ocupação naAmazônia, uma metodologia que possibilita tratar o processo de ocupação, através da
compartimentação do espaço em Unidades de Ocupação. Diferentes configuraçõesespaciais são identificadas e individualizadas em imagens de satélite, assumindo-se queatores, através da sua forma de produção e, condicionados pelo meio físico, imprimem
diferentes padrões espaço-temporais e impactos na paisagem. Para identificar diferençasregionais nos processos e efeitos da ocupação propõe-se a realização de análisescomparativas, em duas áreas de estudo, uma no Sudeste do Pará e outra no Nordeste de
Rondônia que, embora tenham em comum, altas taxas de desflorestamento, possuemum diferenciado histórico de ocupação. A caracterização da dinâmica de ocupaçãodeverá ser feita para o período de 1985 – 2000, através da análise dos principais fatores
ambientais e sócio-econômicos envolvidos na transformação da paisagem. Comoresultado, espera-se obter diagnósticos das áreas de estudo, utilizando-se indicadores deinclusão/exclusão social desenvolvidos por Sposati (1996) e indicadores ambientais,
construídos e adaptados para a realidade do espaço rural e das unidades de análise.Espera-se obter para cada tipologia de ocupação, o conjunto de fatores que determinamos diferentes níveis de desenvolvimento sócio-econômico e ambiental, estabelecendo
diferenças regionais no processo de ocupação e nas intensidades dos impactos.
SSSSuuuu mmmmáááá rrrriiii oooo
11 IntroduçãoIntrodução _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 11
1.11.1 MotivaçãoMotivação _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 22
1.21.2 Organização do DocumentoOrganização do Documento _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ 33
22 ObjetivosObjetivos _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 44
33 Paisagens Amazônicas e a Dinâmica da OcupaçãoPaisagens Amazônicas e a Dinâmica da Ocupação _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 55
3.13.1 A Paisagem e suas ComponentesA Paisagem e suas Componentes _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 55
3.23.2 O Homem na Estruturação da PaisagemO Homem na Estruturação da Paisagem _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 66
3.2.1 Metodologia para a Análise de Regiões de Fronteira Agrícola: O Método de
Laqques7
3.2.2 O Zoneamento Ecológico Econômico e as Unidades Territoriais Básicas –UTB’s 7
3.33.3 Histórico de Ocupação na AmazôniaHistórico de Ocupação na Amazônia _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 88
3.3.1 Efeito da Ocupação nas Taxas de Desflorestamento da Amazônia __________9
3.3.2 Dinâmica do Uso da Terra em regiões Amazônicas ____________________10
44 Proposta Metodológica para Análise do Processo de Ocupação em Regiões de FronteiraProposta Metodológica para Análise do Processo de Ocupação em Regiões de Fronteira
Agrícola na AmazôniaAgrícola na Amazônia _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 1111
4.14.1 CoConceituando Unidades de Ocupaçãonceituando Unidades de Ocupação _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 1111
4.24.2 Áreas de EstudoÁreas de Estudo _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 1111
4.2.1 Nordeste de Rondônia ___________________________________________12
4.2.2 Sudeste do Pará ________________________________________________13
4.34.3 Proposta MetodológiProposta Metodológicaca _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ 1414
4.3.1 Mapeamento de Unidades de Ocupação _____________________________16
4.3.2 Caracterização das Unidades de Ocupação ___________________________22
4.3.2.1 Caracterização Ambiental_______________________________________22
4.3.2.2 Caracterização Sócio-econômica _________________________________23
4.3.2.3 Evolução da produção__________________________________________24
4.3.3 Análise dos Impactos da Ocupação _________________________________25
4.3.3.1 Indicadores de Inclusão/Exclusão Social: O método de Sposati__________25
4.3.3.2 Indicadores de Inclusão/Exclusão Social para UOP’s__________________26
4.3.3.3 Desflorestamento _____________________________________________31
4.3.3.3.1 Fração de Desflorestamento. __________________________________31
4.3.3.3.2 Distribuição Espacial do Desflorestamento.______________________32
4.3.3.3.3 Fragmentação dos Remanescentes Florestais _____________________32
4.3.4 Análise da Relação entre Fatores, Agentes e Impactos da Ocupação________33
4.3.5 Síntese _______________________________________________________33
55 Resultados EsperadosResultados Esperados _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ 3434
66 Cronograma de AtividadesCronograma de Atividades _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ 3838
LLLLiiii ssss ttttaaaa ddddeeee FFFFiiii gggguuuurrrraaaassss
Figura 1. Área de Estudo em Rondônia 12
Figura 2. Área de Estudo no Sudeste do Pará. 13
Figura 3– Proposta Metodológica para Análise Sócio-ambiental de Unidades de Ocupação.15
Figura 4 Particionamento do espaço em tipologias de ocupaçã21
1
1 Introdução
A região Amazônica devido a sua extensão, é composta por um intrincadomosaico de ambientes, definido não só pela heterogeneidade dos seus ecossistemas
como também pelo processo de ocupação e desenvolvimento. O espaço Amazônicopode ser visto como um espaço segmentado e organizado de acordo com usos e agentespredominantes de ocupação, assumindo diferentes identidades sócio-econômicas e
institucionais (Godfrey & Browder, 1996). Esta forma de ver a Amazônia é importantenos processos de tomadas de decisões no planejamento regional, evitando generalizaçõese considerando as especificidades locais de cada região.
Este estudo baseia-se nesta percepção da heterogeneidade espacial da Amazônia ese propõe a identificar processos predominantes de ocupação em escala local,caracterizando-os e avaliando seus efeitos sócio-econômicos e sobre o meio ambiente.
Estudos envolvendo o território da Amazônia Legal, sobre mudanças no uso da terra edesflorestamento (INPE, 1989, 1996, 1999 e 2000; Alves et al, 1998; Alves, no prelo;Skole & Tucker, 1993) têm apontado para regiões que apresentam uma forte e
permanente dinâmica, indicando que tais processos têm se concentrado em algumasáreas, principalmente nos estados do Acre, Rondônia, Maranhão e Mato Grosso e Pará.
Apesar de terem em comum altas taxas de desflorestamento e uma intensa
dinâmica do uso da terra, essas regiões apresentam características distintas em seushistóricos e evolução da ocupação (Becker, 1997 e 1998; Godfrey & Browder, 1996).Diferentes tipologias de ocupação predominam, gerando uma grande diversidade de
configurações espaciais que variam de região para região. Por exemplo, em Rondônia, omodelo predominante de ocupação é o do assentamento dirigido criado e gerenciadopelo INCRA, permeado, muitas vezes, por áreas de ocupação espontânea, com
ocorrências de invasões e conflitos. Podemos encontrar também nesta região, áreas degrandes e médios estabelecimentos onde se desenvolvem predominantemente atividadesrelacionadas com a pecuária.
No Sudeste do Pará, o processo de ocupação foi induzido pelo governo, atravésde ações indiretas, como a abertura de estradas e o financiamento de grandes projetosagropecuários e de exploração mineral, sendo o processo predominante o da ocupação
espontânea, decorrente dos grandes fluxos migratórios dos anos 70 e 80 (Schimink &Wood, 1992). Nesta região pode-se observar a sobreposição de processos antigos deocupação, como descrevem Godfrey & Browder (1996), nas faixas ribeirinhas dos rios,
com processos mais atuais de colonização, ao longo das estradas, nos planaltos de terrafirme.
Nestas configurações espaciais, diferentes atores, que podem ser subdivididos em
três categorias, pequenos, médios e grandes produtores rurais, através de suas diferentes
2
formas de produção e condicionados por fatores físicos e antrópicos da paisagem,ocupam a terra dando contornos, formas e sequências de usos distintos para a terra.
A caracterização do processo de ocupação nas diferentes áreas de estudo envolve
o conhecimento dos principais atores e motores físicos e sócio-econômicos envolvidosna transformação da cobertura e uso da terra, o que requer uma análise espaço-temporal, que permita reconstituir trajetórias de conversão do uso da terra e identificar
os principais fatores que explicam essas trajetórias.
Dentre os fatores físicos e sócio-econômicos mais importantes, podem-seconsiderar: (1) fatores físicos: relevo, drenagem, solos e cobertura vegetal (Laques, 1993;
Dale & O’Neill, 1993; Dale et al, 1994; Castilhos et al, 1998; Moran, 1991; Moran et al,no prelo) e; (2) fatores sócio-econômicos: acesso a malha viária, distância de núcleosurbanos e rurais, contexto sócio-econômico, apoio técnico e financeiro, manejo,
disponibilidade de mão-de-obra, etc (McCracken et al, no prelo; Wood & Skole, 1998;Burger, 1999; Castilhos et al, 1998; Coy , 1987; Dale et al, 1994; Pedlowsky & Dale,1992).
Assumindo-se que o processo de ocupação ocorre de forma diferenciadaapresentando diferentes padrões espaço-temporais, supõe-se então, que as intensidadesdos impactos ambientais produzidos, como desflorestamento, fragmentação florestal,
degradação ambiental e; dos impactos sócio-econômicos, que podem ser medidosatravés de indicadores de autonomia, qualidade de vida e desenvolvimento humano,também devem ser diferenciados.
Partindo destas suposições, foi elaborada uma metodologia para a análise daexpansão da fronteira agrícola, que deverá ser desenvolvida em três etapas: (1)Mapeamento das Unidades de Ocupação, UOP’s, células básicas de análise do processo
de ocupação, onde é feita a compartimentação do espaço baseada na análise temporal deimagens TM/Landasat; (2) Diagnóstico sócio-ambiental, quando é feita a análise daevolução espaço-temporal de fatores e indicadores sócio-econômicos, ambientais e do
uso da terra e; (3) Síntese das informações, nesta etapa são produzidos documentos eprodutos cartográficos contendo a síntese dos processos que estruturam e organizam oespaço. Esta estruturação baseou-se na metodologia desenvolvida por Laques (1993),
porém, a segmentação do espaço em unidades de tipologias de ocupação é umacontribuição deste trabalho.
1.1 Motivação
A setorização da fronteira agrícola, proposta neste trabalho, em Unidades deOcupação, possibilita a análise de processos e impactos da ocupação categorizados pordiferentes agentes, que modelam a paisagem, segundo suas formas de produção e as
condições ambientais presentes. Essa segmentação do espaço é um passo importante
3
pois, em meio à heterogeneidade e à diversidade dos processos de ocupação da regiãoAmazônica, torna-se possível identificar e isolar processos predominantes de ocupação,para melhor analisá-los e compreendê-los.
A compartimentação do espaço baseia-se no uso de produtos de sensores orbitaisde resolução média, como o TM/Landsat, que fornecem uma visão sinótica e temporalde processos locais de ocupação. Esta abordagem procura preencher uma lacuna, entre
as muitas existentes, nos estudos sobre a ocupação de regiões de fronteira agrícola naAmazônia, que em geral são realizados em macro (INPE, 1989, 1996, 1999, 2000; Dalveset al, 1998; Dalves, no prelo; Fearnside, 1993; Skole & Tucker ,1993) ou em micro escala
(Dale & O’Neill, 1993; Morán, no prelo; Laqques, 1993; Pedlowsky & Dale, 1992;McCracken, no prelo; Coy, 1987). Uma das vantagem deste tipo de estudo em relaçãoaos realizados ao nível de propriedades é que neste, o que se perde na precisão dos
dados, devido a impossibilidade de realizar levantamentos detalhados, ganha-se naextensão e quantidade de áreas estudadas, custo, tempo e principalmente na capacidadede generalização dos resultados.
Outra contribuição está no desenvolvimento de uma metodologia para a análiseintegrada de dados sócio-econômicos com dados ambientais. Impactos econômicos esociais, em geral, são tratados separadamente, nos métodos de análise da dinâmica do
uso da terra, devido a independência histórica dessas duas áreas do conhecimento, e àsdificuldades de realização de uma análise combinada (Dale & O’Neill, 1993). Entretanto,esses fatores são interdependentes e influenciam fortemente a dinâmica do uso da terra,
podendo, muitas vezes, ser determinantes na formação de uma paisagem.
A escolha de duas regiões se justifica pela possibilidade da realização de análisescomparativas, observando diferenças regionais, como também pela possibilidade de
incorporar e caracterizar uma conjunto maior de tipologias de ocupação, enriquecendoa análise.
1.2 Organização do Documento
Este documento está organizado em 7 capítulos, sendo o primeiro deles umaintrodução, onde podem ser encontradas as principais contribuições e justificativasdeste trabalho. Os objetivos específicos e geral são apresentado no segundo capítulo,
onde é dada ênfase à caracterização da dinâmica e dos impactos de ocupação, no espaçocompartimentado em unidades homogêneas de ocupação.
No terceiro capítulo é feita uma revisão bibliográfica onde são apresentados
conceitos da Paisagem e de seus componentes. Estes conceitos serão utilizados comoreferência na construção do conceito de Unidades de Ocupação, apresentado nocapítulo 4, no qual se baseia a proposta metodológica. Ainda neste capítulo, um
histórico sobre o processo de ocupação da Amazônia é apresentado, onde são abordados
4
temas como as políticas territoriais de ocupação da, o efeito da ocupação nas taxas dodesflorestamento e a dinâmica do uso da terra.
A proposta metodológica é apresentada no quinto capítulo através de um
diagrama de fluxo, seguindo três etapas metodológicas: 1) Mapeamento das UOP’s, 2)Diagnóstico sócio-ambiental e; 3) Síntese dos processos de estruturação da paisagem.Em seguida, nos capítulos 6 e 7, são apresentados os resultados esperados e o
cronograma de atividades, respectivamente.
2 Objetivos
O principal objetivo deste estudo é caracterizar a dinâmica de ocupação de duas
regiões distintas da Amazônia, situadas no Sudeste do Pará e Nordeste de Rondônia, noperíodo de 1985 a 2000, através da identificação e mapeamento de padrões espaço-temporais de ocupação e, da análise dos principais fatores físicos e sócio-econômicos
envolvidos na transformação da cobertura e do uso da terra, estabelecendo um conjuntode indicadores que possam caracterizar impactos sócio-econômicos e ambientais.Dentro deste escopo delinearam-se os seguintes objetivos específicos:
1. Mapear unidades homogêneas de tipologia de ocupação considerandopadrões espaciais, temporais e espectrais da paisagem, identificando e caracterizandoagentes (atores) e fatores (motores) predominantes que influenciam os processos de
transformação da paisagem, além das principais trajetórias de conversão do uso da terra;
2. Avaliar impactos da ocupação, através de análises de indicadores sócio-ambientais e da sua evolução, relacionando-os com os principais agentes e motores que
influenciam o processo de ocupação.
3. Gerar informações que possibilitem subsidiar o planejamento regional,que indiquem principais fatores e agentes condicionantes na transformação da paisagem
localizando áreas de maior impacto sócio-ambiental, onde as políticas públicas devem seconcentrar prioritariamente.
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3 Paisagens Amazônicas e a Dinâmica da Ocupação
Este capítulo é uma revisão teórica de alguns temas relevantes para a proposiçãometodológica que será feita no capítulo 4.
Os temas serão abordados em três seções, a primeira trata dos conceitos dePaisagem, que deverão ser utilizados como referência na conceituação das Unidades deOcupação apresentada no capítulo 4. Na segunda seção, são apresentados dois métodos
para o diagnóstico e planejamento de regiões de expansão de fronteira agrícola, emgrande e em pequena escala, mostrando haver limitações em relação às análises deaspectos sociais. Na terceira parte é apresentado o histórico de ocupação da Amazônia,
seus efeitos no desflorestamento e na dinâmica de ocupação.
3.1 A Paisagem e suas Componentes
O conceito de Paisagem, com uma conotação científica ligada à geografia, foiintroduzido pela primeira vez na Alemanha, no início do século 19 pelo geógrafo físico
A. Von Humboldt que a definiu como “a totalidade das características de uma região daTerra” (Naveh & Lieberman, 1993).
Troll, biogeógrafo alemão, em 1939 (apud Forman, 1995) concebeu a paisagem
como uma entidade holística integrada, considerando-a como um “todo”, sendo maisdo que simplesmente a soma de suas partes e, devendo ser estudada na sua totalidade 1.De acordo com este conceito, o universo é concebido como uma organização, cuja
totalidade é composta por uma hierarquia de níveis, de forma que cada sistema de nívelsuperior é composto por sistemas de níveis inferiores, se caracterizando por conternovas qualidades que emergem a cada nível.
Zonneveld em 1972 (apud Naveh & Lieberman, 1993) considerou a Paisagemcomo uma entidade holística composta de diferentes elementos, uns influenciando osoutros. Propôs níveis hierárquico de organização da paisagem no espaço, sendo eles
(apud, Medeiros, 1999):
1) ecótopos – “land unit” é a menor unidade de terra holística, caracterizada pelahomogeneidade de pelo menos um dos atributos da terra na geosfera como:
atmosfera, vegetação, solos, relevo, rocha, água e etc.
1 “O todo é mais do que a soma de suas partes”, afirmação feita por Smuts (1926) , apud Naveh & Lieberman (1993), e
introduzida em Ecologia por Egler (1942), no contexto da hierarquia de organização da natureza.
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2) Fácies da Terra – “land facet” é uma combinação de ecótopos, formando um padrãode relações espaciais no qual as propriedades de pelo menos um dos atributos dosecótopos estejam intimamente relacionadas.
3) O Sistema de Terra – “land system” é uma combinação de fácies que formam umaunidade de mapeamento adequada em uma escala de reconhecimento.
4) A Paisagem Principal – “main landscape” é uma combinação de sistemas de terra em
uma região geográfica.
Mais recentemente, surgiu a abordagem norte-americana em ecologia dapaisagem, cujas pesquisas baseiam-se nos conceitos elaborados por Forman & Godrom
(1986), e que vêm a Ecologia da Paisagem como o estudo de áreas espacialmenteheterogêneas em escalas que variam de dez a centenas de quilômetros, compostas deagrupamentos de sistemas que contêm manchas e corredores de diferentes tamanhos,
número, tipos, configurações e funções. Forman (1995) define a paisagem como ummosaico onde a mistura de ecossistemas locais ou usos da terra são repetido de formasimilar em uma ampla área.
Esta abordagem enfatiza a heterogeneidade espacial e efeitos ecológicos dopadrão espacial de ecossistemas em grandes áreas de mosaicos de paisagens. Comparadacom a abordagem Européia, que é mais voltada para o planejamento do uso da terra e
processos de tomada de decisão (Turner & O’Neill, 1991), a abordagem norte-americana enfatiza processos ecológicos.
3.2 O Homem na Estruturação da Paisagem
Nas subseções que seguem são apresentadas duas metodologias desenvolvidaspara realização de diagnósticos com a finalidade de subsidiar o planejamento em áreasde ocupação humana, em regiões de frentes pioneiras. A primeira metodologia
apresentada foi aplicada a uma área relativamente pequena na Venezuela, com cerca de6 X 6 km, possibilitando a coleta de dados de campo e a realização de uma análisedetalhada dos fatores que atuam na dinâmica da transformação da paisagem. Neste
trabalho a autora dá ênfase aos aspectos ambientais e econômicos, porém suaabordagem não trata os aspectos sociais.
O segundo trabalho, refere-se a metodologia do Zoneamento Ecológico
Econômico, onde o espaço é particionado através de critérios fisionômicos dehomogeneidade utilizando imagens de satélite. Um zoneamento é proposto tendo comobase a análise da vulnerabilidade natural e do potencial sócio-econômico das unidades
de análise. Esta metodologia é útil para áreas amplas, realizado na escala 1:250.000, eincorpora váriáveis sócio-econômicas, porém, de forma limitada.
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3.2.1 METODOLOGIA PARA A ANÁLISE DE REGIÕES DE FRONTEIRA AGRÍCOLA: OMÉTODO DE LAQQUES
Laqques (1993) estudou a frente pioneira na reserva florestal de Ticoporo, na
Venezuela com o objetivo de construir uma visão global da frente pioneira, para aprodução de resultados para o gerenciamento regional e tomada de decisões. Suametodologia foi estruturada em duas etapas. Na primeira etapa é adquirido o
conhecimento sobre a região de estudo, onde mecanismos do território, fatores eagentes estruturadores da paisagem, bem como a dinâmica espaço-temporal, visualizadaatravés de diagramas, são identificados. A área foi mapeada em classes de cobertura da
terra, estratificadas pela intensidade de intervenção do homem sobre o meio.
Em uma segunda fase, é feita a síntese das informações resultando na elaboraçãode documentos, entre eles, uma carta definindo zonas de risco de fogo e
desflorestamento; a modelagem espacial da região identificando processos e estruturasdeterminantes da paisagem e; cenários prospectivos da evolução espacial da paisagemmostrando tendências de evolução.
3.2.2 O ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO E AS UNIDADES TERRITORIAIS BÁSICAS
– UTB’S
No Brasil, existem vários exemplos de aplicações de conceitos e metodologias
utilizadas em ecologia da paisagem, principalmente da abordagem européia, em projetosligados ao planejamento do uso da terra. O exemplo que mais aproxima deste trabalho,porém, em escala mais ampla, é o do Zoneamento Ecológico Econômico, cuja
metodologia baseia-se na setorização do espaço em células básicas de análise, asUnidades Territorias Básicas, UTB’s. As UTB’s são “entidades geográficas que contêmatributos ambientais que permitem diferenciá-las de suas vizinhas, ao mesmo tempo em
que possuem vínculos dinâmicos que as articulam a uma complexa rede integrada poroutras unidades territoriais” (Becker & Egler, 1997).
O procedimento metodológico envolve a análise de processos naturais, do ponto
de vista da estabilidade/vulnerabilidade, e da potencialidade social das UnidadesTerritoriais. Como resultado, são confeccionadas três cartas, duas cartas temáticas, devulnerabilidade natural e potencialidade social, e uma carta-síntese de proposta de
zoneamento, onde níveis de sustentabilidade são definidos.
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3.3 Histórico de Ocupação na Amazônia
Para melhor entender a diversidade de configurações espaciais das áreasocupadas na Amazônia, é feita nesta seção, uma descrição do seu histórico e das
principais políticas territoriais de ocupação que originaram sua organização espacialatual.
Até a década de 50, a ocupação da Amazônia limitava-se à região litorânea e às
faixas de terras ribeirinhas dos principais rios navegáveis. Os ciclos de exploraçãoeconômica pouco alteraram este quadro, já que se tratavam de atividades extrativistas(Costa, 1997). Entre 1920 e 1930, tiveram início as frentes pioneiras espontâneas
oriundas do Nordeste, que se intensificaram em 1950 e 1960, devido as primeirasmedidas do Estado para o povoamento da Amazônia, a criação da SPVEA –Superintendência de Valorização Econômica da Amazônia - e a abertura da rodovia
Belém-Brasília. A partir dos anos 70, a ocupação da Amazônia tornou-se prioridadenacional e o governo federal passou a viabilizar e subsidiar a ocupação de terras paraexpansão pioneira. As políticas de ocupação procuraram combinar os empreendimentos
de exploração econômica com estratégias geopolíticas ( Costa, 1997).
As estratégias utilizadas pelo governo para a ocupação da Amazônia podem serresumidas em três linhas de ação: Implantação de redes de integração espacial, através da
construção da rede rodoviária, de telecomunicações, hidroelétrica e urbana;desapropriação de terras devolutas para implantação de projetos de colonização emineração e; subsídios ao fluxo de capital e indução de fluxos migratórios (Becker, 1997;
Machado,1997).
O plano principal deste período, foi o I PND – Plano Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social - o qual procurou enfocar políticas territoriais
através de estratégias de integração nacional. Foram construídas rodovias como aTransamazônica e a Cuiabá-Santarém que, ao lado de rodovias já existentes,compunham a estrutura básica de circulação dentro do Projeto de Integração Nacional,
o PIN.
Um dos empreendimento executados no PIN e I PND foi a colonização oficial,através do INCRA, para faixas de até 100 km de largura ao longo das estradas, visando o
assentamento de pequenos produtores apoiados pelo governo .Uma importantemudança de direção, de atendimento de colonos migrantes para os grandes fazendeiros,deu-se em 1974, com o lançamento do PND II, que passou a defender nas terras
fronteiriças, uma agricultura capitalista em detrimento da agricultura familiar(Kitamura, 1994). Com isso, deixou-se de lado uma política de ocupação do tipoextensiva e abrangente para a região, concentrando os investimentos em grandes
empreendimentos estatais e privados, que tinham maior probabilidade de retorno a
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curto prazo, privilegiando as áreas que já apresentavam alguma concentração econômicae populacional (Costa, 1997).
As fases mais recentes de ocupação da Amazônia, inaugurada nos anos oitenta,
conjugou esforços voltados à mineração, agroindústria e à reforma agrária, sendocolocada a mineração como o centro do desenvolvimento regional (Kitamura, 1994).Nos anos 90 teve início o cultivo de soja na região, prometendo mudanças nos modelos
de ocupação da Amazônia e na economia regional, com previsão de abertura decorredores multimodais, integrando hidrovias, ferrovias e rodovias (Carvalho, 1999).
Nos itens que seguem, é feita uma discussão sobre os efeitos do processo de ocupação no
desflorestamento e na dinâmica do uso da terra da região Amazônica.
3.3.1 EFEITO DA OCUPAÇÃO NAS TAXAS DE DESFLORESTAMENTO DA AMAZÔNIA
Desde a década de 70, têm sido realizados levantamentos que avaliam o processo
de ocupação humana na Amazônia baseados na análise de produtos de sensores ópticos.O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, iniciou o primeiro levantamento de áreasdesflorestadas utilizando o sensor MSS/Landsat, para o período de 1973 a 1978, em
1:500.000 (Tardin, 1980). Mais recentemente foram realizados levantamentos para osanos de 1988 a 1998, baseados no sensor TM/Landsat, na escala 1:250.000 ( INPE 1989,1996, 1999 e 2000).
Como resultado desses estudos, tem sido possível estimar a extensão e taxas dedesflorestamento da Amazônia Legal. A análise dessas estimativas têm demonstrado queos estados de Rondônia, Pará e Mato Grosso, incorporam, desde os anos setenta, as
frentes pioneiras mais dinâmicas da Amazônia brasileira. Alves et al (1998, 1999) e Alves(no prelo), com o objetivo de tornarem disponíveis indicadores da intensidade doprocesso de desflorestamento, estratificaram mapas de desflorestamento para células de
¼ de grau, analisando a distribuição espacial dos desflorestamento dentro dosmunicípios. Esses trabalhos constataram que 90% do desflorestamento total estavaconcentrado em 40% das células, mostrando que o desflorestamento concentra-se em
áreas que já têm infra-estrutura, nas proximidades de áreas pioneiras dedesflorestamento e estradas principais.
De acordo com o último levantamento realizado pelo INPE (2000), a extensão
do desflorestamento estimada até agosto de 1998 foi de 551.782 km2, cerca de 13,8 % daárea total de floresta da Amazônia. A taxa média do desflorestamento para o ano de foi1998 de 17.383 km2, sendo que 78% da taxa média do desflorestamento se concentra em
44 cenas, das 229 cenas que cobrem a região inteira, representando cerca de 19% daárea.
10
3.3.2 DINÂMICA DO USO DA TERRA EM REGIÕES AMAZÔNICAS
Vários autores têm descrito o sistema de conversão de uso da terra na Amazôniacomo um processo dinâmico (McCracken, no prelo; Coy, 1987; Walker et al, 1997;
Pedlowsky & Dale, 1992) causados por diversos fatores, dentre eles fatores sócio-econômicos, físicos e culturais, que determinam tipologias de uso e cobertura da terra,resultando em padrões espaciais e temporais diferenciados.
Tem-se observado atualmente, com relação às mudanças no uso da terra, excetopara algumas regiões mais tradicionais, uma tendência na pecuarização (Veiga et al1996), que pode ser explicada por diversos fatores: a valorização da terra com a
implantação da pastagem (Pedlowsky & Dale, 1992), a segurança que o gado representaem termos de investimento familiar e a estabilidade do preço da carne no mercado(Veiga et all, 1996), entre outros.
A criação de gado requer a utilização de grandes áreas, o que potencializa oprocesso de conversão de floresta em pastagem (Serrão et al, 1996) A baixa longevidadeda produtividade associada com a baixa fertilidade dos solos da Amazônia e práticas
inadequadas de manejo, leva os produtores a abandonar suas áreas originais em buscade outras áreas para a implantação de novas pastagens, em geral, avançando sobre áreasde florestas primárias (Demattê, 1988).
11
4 Proposta Metodológica para Análise do Processo de
Ocupação em Regiões de Fronteira Agrícola na Amazônia
Este capítulo está organizado em três partes, na primeira delas é feita a
conceituação das Unidades de Ocupação, que são as células básicas de análise deprocessos de ocupação. Na segunda parte é feita a descrição e a localização das duasáreas de estudo, uma na região Nordeste de Rondônia e a outra no Sudeste do Pará. Na
segunda parte, é apresentado um fluxograma com as etapas metodológicas, que sãodescritas posteriormente, seguindo a sequência estabelecida.
4.1 Conceituando Unidades de Ocupação
O termo Unidades de Ocupação, ou UOP’s, baseia-se nos conceitos de Paisagem
descritos no capítulo 3. Neste contexto, as UOP’s serão concebidas como célulasespecializadas para a análise de processos de ocupação e mapeadas em função depadrões espaço-temporais de ocupação, identificados em uma série temporal de imagens
de satélite.
As UOP’s são Unidades de Paisagem, onde podem-se observar claramenteintervenções humanas de diferentes intensidades. Assim como as Unidades de Paisagem,
as Unidades de Ocupação apresentam padrões que se repetem, com uma configuraçãoespaço-temporal bem definida que as distingue das demais, o que posssibilita suaidentificação e individualização através da análise de imagens de satélite.
Os critérios utilizados para a estratificação das Unidades de Ocupação emdiferentes tipologias são ambientais e antrópicos, os quais consideram a ação de agentesclassificados em, pequenos, médios e grandes proprietários, que modelam a paisagem
segundo seus sistemas de produção, condicionados por fatores ambientais e antrópicos.Esses critérios são discutidos com maior profundidade na seção 4.3, onde é apresentadaa proposta metodológica.
4.2 Áreas de Estudo
A seleção das áreas de Rondônia e do Sudeste do Pará para a análise dosprocessos de ocupação baseou-se nos trabalhos de Alves et al (1998) e Alves (no prelo),
que apontam para regiões de grande e permanente intensidade de desflorestamento,onde há uma forte dinâmica de ocupação. Apesar de terem em comum altas taxas dedesflorestamento, são duas regiões que apresentam históricos de ocupação
diferenciados, com fluxos migratórios oriundos de diferentes regiões do país e comcaracterísticas próprias em relação ao desenvolvimento das atividades econômicas. Essas
12
duas áreas são descritas nas seções que seguem.
4.2.1 NORDESTE DE RONDÔNIA
A área de estudo localiza-se na porção Nordeste do Estado de Rondônia e inclui
partes dos Municípios de Jaru, Ouro Preto d’Oeste, Ariquemes, Rio Crespo,Machadinho d’Oeste, Vale do Anari, Ariquemes, Vale do Paraíso, Cujubim e omunicípio de Theobroma, podendo ser observada na figura 1. Seus limites estão
incluídos nas cenas 231/67 e 231/66 do TM Landsat.
A ocupação desta região se deu à partir da abertura da BR-364 como eixo depenetração, nos anos 70, resultando em grandes fluxos migratórios, provenientes
principalmente do sul do país (Becker, 1997). A forma predominante de ocupação emRondônia foi a da ocupação dirigida, onde a colonização foi planejada e executada peloEstado, fundamentando-se nas concepções do INCRA, quanto à estruturação do espaço,
que previa um sistema de núcleos urbanos-rurais hierarquizado.
A maioria das propriedades nesses assentamento eram relativamente pequenas,com tamanhos que variavam de 25 à 100 ha, predominando os assentamentos que se
desenvolveram em configurações ortogonais, denominados “espinhas de peixe”. Emmeio aos assentamentos oficiais, pode-se encontrar áreas de ocupação espontânea e deinvasões. A área inclui também médias e grandes propriedades que desenvolvem
predominantemente atividades ligadas à pecuária.
Figura 1. Área de Estudo em Rondônia engloba dez municípios: (1) Machadinho dÓeste;(2) Cujubim;(3) Rio Crespo; (4) Ariquemes; (5)Cacaulândia; (6) Theobroma; (7) Jaru; (8)Ouro Preto D’Oeste; (9)Vale do Paraíso e; (10) Vale do Anari.
13
4.2.2 SUDESTE DO PARÁ
A segunda área de estudo localiza-se na região Sudeste do Pará e inclui partes dosMunicípios de São Félix do Xingú, Ourilândia do Norte, Água Azul do Norte,
Paraupebas e o Município de Tucumã, conforme pode ser observado na figura 2. Seuslimites estão incluídos nas cenas 224/64, 224/65, 225/64 e 225/65 do TM Landsat.
O processo predominante de ocupação desta região foi espontâneo, onde a ação
do governo foi indireta, através da abertura de estradas, incentivos fiscais e, favorecendoa apropriação privada das terras por empresas e grupos econômicos ou fazendeirosindividuais.
A abertura de duas estradas foi responsável pela intensificação da ocupação nestaregião, a PA-150, que abriu acesso para a exploração do mogno no sul do Pará e, a PA-279 , que liga São Félix do Xingú à Pa-150. O fluxo migratório desta região veio
principalmente do Nordeste e Centro-Oeste do país.
Na Pa-279 núcleos urbanos foram criados e desenvolvidos, como Tucumã, queera um projeto de colonização privada, implantado pela empresa Andrade Gutierrez e
deu origem ao município que caracterizou-se pela ocupação predominante de pequenose médios proprietários e pela produção de gado leiteiro (Schimink & Wood, 1992). Éuma região que apresenta manchas de solos ricos e depósitos minerais.
Na área de estudo encontram-se numerosas fazendas, grandes e médias,localizadas principalmente no município de São Félix do Xingú e, desenvolvendoatividades relacionadas com a pecuária.
Figura 2. Área de Estudo no Sudeste do Pará engloba cinco municípios: (1) São Félix doXingú, (2) Paraupebas, (3) Água Azul do norte, (4) Ourilândia do Norte e; (5) Tucumã.
14
4.3 Proposta Metodológica
Este trabalho se propõe a abordar a dinâmica da paisagem integrando os doisaspectos considerados por Laqques (1993), o ambiental e o econômico, além de
incorporar à análise, o aspecto social, através da utilização de indicadores deinclusão/exclusão social adaptados de Sposati (1996), para a escala e realidade rural dasUnidades de Ocupação.
A metodologia elaborada para o cumprimento dos objetivos propostos foiestruturada em três etapas, que podem ser visualizadas no fluxograma da figura 3,representadas pelos retângulos pontilhados no fundo da figura, sendo elas: (I)
Mapeamento das Unidades de Ocupação; (II) Diagnóstico Sócio-ambiental e; (III)Síntese das Informações.
O mapeamento das Unidades de Ocupação baseia-se na utilização de uma série
temporal de imagens TM/Landsat e na utilização de dados complementares, de outrossensores, quando disponíveis. A identificação e delimitação de Unidades de Ocupaçãodeverá ser feita visualmente devendo ser refinada à medida que novas informações são
acrescentadas e que as análises são realizadas.
Na segunda etapa da metodologia deverão ser realizados levantamentos dedados sócio-econômicos e ambientais, constituindo a base de dados para caracterização
das UOP’s, que deverá ser feita para o período de quinze anos, entr 1985 e 2000. Asfontes de dados compreendem uma série temporal de imagens Landsat, dadoscartográficos e tabulares do IBGE, INCRA e de outras Instituições regionais e locais.
Técnicas de análise espacial que possibilitem a combinação dos diferentes tipos de dadosdeverão ser empregadas em um SIG, para a caracterização e diagnóstico sócio-ambientais das UOP’s. Nesta fase deverá ser feita também, a caracterização da dinâmica
do uso da terra, buscando-se detectar seus padrões espaço-temporais.
Na terceira etapa deverão ser produzidos documentos e produtos cartográficoscontendo a síntese dos processos que estruturam e organizam o espaço e o estado sócio-
ambiental das UP’s.
15
Figura 3– Proposta Metodológica para Análise Sócio-ambiental de Unidades de Ocupação
1. Mapeamentode Unidades de
Ocupação
(I)
(II)
1.1.3 Estágio
1.1.1 Agentes
2. Caracterizaçãodas UOP's 2.2 Sócio-econômica
2.1 Ambiental3. Análise dos Impactos daOcupação
2.3 Evolução do Uso da Terra
6. Síntese dosprincipais fatoresque estruturam e
organizam as UOP's
1.1 Padrões Espaço-temporais
(III)
4. Análise da Relação Fatores, Agentes e
Impactos daOcupação
5. Carta de Estado
Sócio-Ambientaldas UOP's
3.1 ImpactosAmbientais
3.2 ImpactosSócio-Econômicos
7. AnáliseComparativa
entre as Áreas de estudo
1.1.2 Relevo
1.1.5 Configuração Espacial
1.1.4 Fisionomia Vegetal
Proposta Metodológica para Análise Proposta Metodológica para Análise de Unidades de Ocupaçãode Unidades de Ocupação
16
4.3.1 MAPEAMENTO DE UNIDADES DE OCUPAÇÃO
O mapeamento das Unidades de Ocupação deverá ser realizado utilizando-seuma série temporal de imagens TM/Landsat, referente ao período de 1985 a 2000, onde,
as imagens mais recentes deverão ser utilizadas para a identificação e individualizaçãodas diferentes configurações espaciais e, as imagens mais antigas e intermediárias,deverão ser utilizadas para auxiliar na identificação da origem e estágio do processo de
ocupação. Outros dados, quando disponíveis, como imagens de radar, fotografia aérea evideografia, poderão auxiliar no refinamento deste mapeamento, que é dinâmico e podeser alterado na medida em que novas informações são acrescentadas à análise.
O método utilizado para o mapeamento das Unidades de Ocupação é visual,podendo ser realizado, através de um Sistema de Processamento de Imagens ou um SIG,através da sobreposição de imagens com os dados vetoriais relativos às Unidades de
Ocupação. As imagens utilizadas deverão estar georeferenciadas e registradas entre si,possibilitando visualizar e sobrepor as UOP’s às imagens de diferentes datas. Os critériosutilizados para o mapeamento das Unidades de Ocupação são basicamente 5,
apresentados a seguir:
1) Fisionomia Vegetal – Este critério deverá ser utilizado de forma a restringir omapeamento das UOP’s em áreas com cobertura de floresta primária.
2) Relevo – Deverão ser separadas áreas de relevo suaves das de relevo montanhoso.Esta separação deverá ser feita, por considerar-se que terrenos montanhososoferecem maiores limitações quanto ao seu uso, quando comparado com terrenos
planos.
5) Agentes de Ocupação – Os agentes de ocupação aqui considerados serão três:grandes, pequenos e médios proprietários, cujo processo de ocupação pode ser
facilmente discriminado nas imagens, devido ao tamanho, geometria e localizaçãodas manchas de desflorestamento.
3) Configuração espacial – Neste item deverá ser considerado o arranjo espacial das
áreas ocupadas que formam padrões na imagem, podendo ser eles de diferentestipos: aleatórios, ortogonais, dendríticos, radiais, alongados, etc.
4) Estágio da Ocupação – A definição do estágio deverá basear-se na análise temporal
das imagens, de acordo com três faixas de idade indicativas: 1) Inicial, com menos de5 anos, 2) Intermediária, entre 5 a 15 anos e; 3) Antiga, com mais de 15 anos.
Deverão ser utilizados como critérios para a delimitação de fronteiras entre as
Unidades de Ocupação, estradas, rios e reservas, que funcionem visivelmente comobarreiras para a expansão contínua de uma frente. Os critérios considerados são os databela 1, testados preliminarmente em Rondônia.
17
TABELA 1. TIPOLOGIAS DE OCUPAÇÃO EM RONDÔNIA
Agente Relevo Configuração
Espacial
Estágio Descrição
11 Recente Apresentam parcelas desflorestadas de pequeno tamanho,
menor que 10 ha (*). Em geral essas parcelas estão próximas
à um eixo rodoviário, muitas vezes precário, não estando,
necessariamente conectadas a ele. O relevo é plano e a
configuração espacial representada por linhas ortogonais
começa a se delinear. Nesta fase predominam grandes
blocos contínuos de floresta primária.
12 Intermediária Apresentam parcelas de desflorestadas de pequeno
tamanho, cerca de 30-50 ha (*). Em geral essas parcelas
estão próximas à um eixo rodoviário ainda precário, estando,
na maioria das vezes, contíguas às áreas já desflorestadas
que se conectam ao eixo. O relevo é plano e a configuração
espacial representada por linhas ortogonais com desenho já
bem definido. Nesta fase ainda predominam grandes blocos
contínuos de floresta primária, sendo encontrados também
numerosos fragmentos de áreas desflorestadas de pequeno
tamanho permeando blocos contínuos de floresta.
1 Pequeno Plano Espinha de Peixe
13 Antigo Apresentam parcelas de desflorestadas de pequeno
tamanho, entre 50-100 ha (*), com uma taxa de
desflorestamento em declínio **, devido a diminuição dos
remanescentes florestais. Em geral essas parcelas estão
próximas à um eixo rodoviário importante, estando, na
maioria das vezes, conectadas a ele ou a uma rodovia que
dê acesso ao eixo principal. O relevo é plano e a
configuração espacial é representada por linhas ortogonais
com um desenho bem característico, conhecido como
“espinha de peixe”. Nesta fase aparecem numerosos
fragmentos de floresta de pequeno tamanho, em meio às
grandes extensões de áreas contínuas desflorestadas.
18
Radial 14 Recente Apresentam parcelas desflorestadas de pequeno tamanho,
na média menor que 10 ha (*), porém contíguas, formando
em geral blocos de mais de 30 ha *. Todas as parcelas têm
as frentes dos lotes voltadas para o núcleo rural, estabelecido
ou não.
As parcelas não estão, na maioria das vezes, conectadas a
um eixo rodoviário. O relevo é plano e a configuração
espacial começa a se delinear. Esta configuração é
representada por linhas radiais que saem dos núcleos rurais,
onde concentra-se a maior parte das parcelas desflorestadas.
Formam pequenos blocos maciços de desflorestamento que
se expandem radialmente.
Nesta fase encontram-se grandes blocos contínuos de
floresta.
Dendrítica Intermediária Apresentam parcelas de desflorestamento de pequeno
tamanho, na média entre 10 e 12 ha (*), porém, como essas
parcelas são contíguas formam blocos maiores de áreas
desflorestadas, entre 30-50 ha *. Essas parcelas
acompanham a rede de drenagem, e estão próximas ou
conectadas a um eixo rodoviário principal ou secundário. O
relevo é plano e a configuração espacial é representada por
linhas irregulares, longas e paralelas a drenagem. Esta
configuração garante disponibilidade de água para grande
parte das propriedades, no fundo dos lotes. Assim como na
configuração ortogonal, há contiguidade no processo de
desflorestamento, estando as parcelas desflorestadas, na
maioria das vezes, contíguas às áreas desflorestadas. Nesta
fase pode-se encontrar, ainda, grandes blocos contínuos de
floresta primária.
19
Alongada Intermediária Apresentam parcelas de desflorestadas de pequeno
tamanho, na média entre 30 – 50 há (*). Em geral essas
parcelas estão conectadas à um eixo rodoviário. São
configurações alongadas que se desenvolvem ao longo de
um ou mais eixos rodoviários. O relevo é plano e a
configuração espacial é representada pelas linhas das
estradas que possuem um traçado predominantemente reto
contendo algumas poucas curvas abruptas. Nesta fase pode-
se encontrar ainda grandes blocos contínuos de floresta
primária afastados do eixo rodoviário.
Plano Aleatória Antigo Apresentam parcelas desflorestadas, onde geralmente é
utililizado o corte raso, com formas geométricas de tamanho
médio variando entre 100-500 ha (*). Essas parcelas podem
estar isoladas de outras propriedades, muitas vezes sem
conexão viária ou contiguidade com áreas desflorestadas. O
relevo é plano e na maioria das vezes a configuração
espacial que se desenvolve é aleatória.
Pode-se observar esta tipologia desenvolvendo-se em torno
de núcleos urbanos ou de estradas.
Pode-se encontrar grandes blocos contínuos de floresta
primária.
2 Médio
Acidenta
do
Aleatória Intermediária Similar à tipologia descrita acima, porém com relevo
acidentado.
Plano Aleatória Intermediária Apresentam grandes parcelas desflorestadas, na maioria
das vezes por corte raso, com formas geométricas. Estão,
em geral, isoladas de outras propriedades, sem conexão
viária ou contiguidade com outras áreas desflorestadas. O
relevo é plano e na maioria das vezes a configuração
espacial que se desenvolve é aleatória. Pode-se encontrar
grandes blocos contínuos de floresta primária.
3 Grande
Acidenta
do
Aleatória Intermediária Idem ao descrito acima, porém, com relevo
predominantemente acidentado.
4 Floresta Plano Polígonos grandes e contínuos de floresta, com pouca
alteração e sem processo de ocupação definido. Podem ser
áreas de reservas florestais, parques ou território indígena.
*Valores a serem redefinidos após a análise. ** À ser confirmado.
20
A tipologia floresta foi introduzida no mapeamento, representando grandespolígonos contínuos de floresta, com pouca alteração e sem um processo de ocupação
definido. Alguns desses polígonos, com a introdução de novas informações, poderão serincorporados às unidades de ocupação, se pertencentes à elas.
A figura abaixo mostra um mapeamento preliminar realizado na região nordeste
de Rondônia onde cerca de 40 Unidades de Ocupação (UP’s) foram delimitadas. Namedida em que forem se desenvolvendo as análises da evolução da ocupação e em quenovas informações forem introduzidas à análise, as UOP’s serão refinadas.
21
Figura 4 Particionamento do espaço em tipologias de ocupação, porção nordeste deRondônia. Observa-se que nesta região há predomínio de pequenas propriedades comconfiguração ortogonal, conhecida como “espinha de peixe”. Imagem TM/Landsat , Bandas3, 4, 5, julho de 1999.
22
4.3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES DE OCUPAÇÃO
A caracterização das UOP’s deverá ser feita em função do tipo de diagnóstico quese pretende obter, neste caso um diagnóstico sócio-ambiental, onde indicadores
compostos deverão ser utilizados para integrar a análise de fatores ambientais aos sócio-econômicos. O método utilizado para a construção desses indicadores pode ser visto noitme 4.3.3. Em paralelo, deverá ser feita a análise da evolução do uso da terra das UOP’s,
permitindo-se verificar usos predominantes, associando-os, posteriormente comimpactos sócio-econômicos e ambientais. Nos itens que seguem, os fatores ambientais,sócio-econômicos e métodos para análise da evolução da produção são descritos.
CCaarraacctteerriizzaaççããoo AAmmbbiieennttaall
A caracterização física das UOP’s deverá ser feita através da análise do resultadodo cruzamento em um SIG, da malha das UOP’s com mapas de solos, declividade, rede
de drenagem e vegetação. Esses fatores são os mais frequentemente citados na literaturacomo os de maior relevância no desenvolvimento de atividades agropecuárias porMorán (in press), Dale et al (1994), Castilhos et al (1998), Laqques (1993) Demattê
(1988), entre outros e são listados abaixo:
1) Solos - As UOP’s deverão ser analisadas quanto aos tipos e às proporções de cadatipo de solo presente. As manchas de solos deverão ser avaliadas, quanto à sua
aptidão, para o uso agropecuário. Propriedades com bons solos oferecem maiorlongevidade (Moran et al, in press), interferindo na produtividade e renda doagricultor.
2) Topografia - A topografia é um fator que restringe o uso agropecuário. Áreasacidentadas, são mais propensas aos processos erosivos, além de dificultarem omanejo e a mecanização. Cartas topográficas deverão ser utilizadas para a construção
de Modelos Numéricos de Terreno de altimetria, permitindo a geração de mapasfatiados por faixas de declividade, que deverão ser cruzados em um SIG com a malhadas UOP’s, obtendo-se, assim, a proporção de áreas das UOP’s pertencentes às
diferentes faixas de declividade.
3) Água - A disponibilidade de água para consumo humano e para as atividadesagropecuárias pode ser um fator limitante para o êxito do sistema agropecuário. A
rede de drenagem deverá ser analisada em função da densidade de corpos d’água,nascentes e rios nas UOP’s. Esses elementos deverão ser mapeados utiizando-sedados cartográficos e imagens de satélite.
4) Cobertura da terra – Os mapas de cobertura deverão ser obtidos através da análisetemporal de imagens, onde capoeiras de diferentes faixas de idade deverão seridentificadas e mapeadas. Este fator pode ser utilizado como um indicador de
23
abandono ou da presença de invasoras, podendo indicar áreas prováveis deocorrência de processos de degradação2 de pastagens ou do abandono das atividadesagropecuárias e do próprio estabelecimento.
CCaarraacctteerriizzaaççããoo SSóócciioo--eeccoonnôômmiiccaa
A caracterização sócio-econômica das UOP’s irá depender do conjunto de dadosdisponíveis e da sua representação, possibilitando ou não sua espacialização. Existemvários fatores que podem limitar o uso de dados sócio-econômicos como a
disponibilidade, periodicidade de coleta de dados, variação do tamanho e limites dasunidades de levantamento, variação no conjunto de itens levantados, entre outros.
Castilhos et al (1998), Veiga et al (1996); Wood & Skole ( 1998), Pedlowsky &
Dale (1992), Walker et al (1997); Coy, (1987); Morán et al (no prelo), Burger (1999),McCracken et al (no prelo), entre outros autores, citam vários fatores que influenciam odesempenho sócio-econômico das propriedades rurais, a maioria deles extraídos de
estudos em áreas de pequenas propriedades e que são, em sua maioria, importantestambém para propriedades médias e grandes.
Uma vez que são duas as áreas de estudo, e que o conjunto de dados disponível
deverá variar, os fatores aqui relacionados são potenciais. As fontes de dados quedeverão ser utilizadas neste trabalho são: levantamentos sócio-econômicos do Censo doIBGE de 1991 e 2000, dados tabulares e da malha fundiária do INCRA, dados tabulares
de prefeituras, empresas de extensão rural, associações e cooperativas de produtoresrurais, entrevistas com informantes chaves, dados de videografia, etc. Esses fatores sãolistados abaixo:
1) Origem do agricultor - Se rural ou urbana e se teve experiência com atividadesagrícolas;
5) Categoria fundiária - É a forma de acesso a terra, PIC, PAC, espontânea, invasão, etc.
6) Alfabetização - Nível de escolaridade do agricultor;
7) Contexto sócio-econômico no entorno das UOP’s - Existência de agroindústrias,beneficiadoras e indústrias de agregação de valor;
8) Participação do produtor no sistema de produção;
2 A degradação ocorre quando a forrageira perde permanentemente o seu vigor, a ponto de não ser capaz
de voltar a dominar a área após diminuída a competição das plantas invasoras. Segundo esta definição, uma
pastagem degradada não implica necessariamente em solo degradado ( Veiga, 1996).
24
9) Existência de infra-estrutura para a produção - Diz respeito à existência e condiçõesdas estradas para escoamento da produção, à disponibilidade de água para atividadesagropecuárias,
10) Existência de infra-estrutura doméstica – Refere-se à disponibilidade de água paraabastecimento familiar, ao acesso à energia elétrica e, às condições de habitação.
11) Qualidade e acesso aos serviços sociais na área de saúde e educação ;
12) Estrutura de produção - Refere-se ao uso de tecnologia, mão de obra e infra-estrutura para a produção;
13) Acesso à financiamentos;
14) Acesso à assistência técnica;
15) Quadro Institucional;
16) Renda agrícola e externas ao sistema de produção agropecuário.
EEvvoolluuççããoo ddaa pprroodduuççããoo
As principais fontes de dados para caracterização do uso da terra das UOP’sdeverão ser a pesquisa agropecuária municipal anual e os levantamentos do censoagropecuário, realizados pelo IBGE.
A espacialização desses dados deverá ser explorada através de técnicas degeoestatística onde superfícies contínuas de densidade de rebanho bovino e de produçãoagrícola deverão ser geradas.
A geoestatística, é um conjunto de técnicas utilizadas para analisar e inferirvalores de uma variável distribuída no espaço e ou no tempo. Tais valores sãocorrelacionados com outros valores, e o estudo desta correlação é denominado análise
estrutural ou modelagem de variogramas (Camargo, 1999). Métodos para a interpolaçãode pontos, para a geração de superfícies contínuas, a partir de pesos estabelecidos pelovariograma podem ser utilizados como a Krigeagem ordinária, simples, em bloco,
probabilística entre outras, podendo ser vista com mais detalhe em Burrough &McDonnell (1998). Esses métodos possibilitam, além da interpolação dos dados,conhecer as incertezas associadas aos valores estimados.
Como os dados do censo agrícola são reportados por unidades de município, adesagregação e espacialização desses dados deverá ser feita com auxílio de imagens desatélite classificadas, que possibilitam discriminar regiões ocupadas das regiões de
floresta e capoeira, onde não há uso agropecuário.
Deverão ser introduzidas amostras contendo a densidade bovina e agrícola, nasáreas classificadas como ocupadas. Para se obter a densidade em áreas de pequenas,
25
médias e grandes propriedades, serão utilizados dados de rebanho bovino e áreaplantada/colhida do censo agropecuário, estratificados por faixas de tamanho de área depastagem e agrícola, que estão relacionadas com o tamanho das propriedades.
A validação dessas superfícies deverá ser feita em campo, através de entrevistascom informantes chaves, nos laticínios, abatedouros, armazéns de grão, etc; ondeperguntas sobre a origem dos produtos agropecuários, armazenados e/ou processados,
deverão ser feitas.
Esses dados deverão ser, posteriormente, agregados por UOP’s, permitindorealizar análise da evolução do uso da terra para cada tipologia encontrada. Uma
limitação imposta pela disponibilidade de dados, diz respeito ao aspecto temporal; sóserá possível gerar superfícies agropecuárias para dois anos, 1985 e 1996, que são os anoscorrespondentes aos levantamentos do censo agropecuário. O censo agropecuário é um
levantamento mais completo do que o anual, onde as variáveis que permitemespacializar esses dados foram levantadas, que são as faixas de tamanho de pastagens ede áreas agrícolas. No levantamento anual, apenas os dados de efetivo bovino e de área
plantada e colhida por municípios, são levantados.
4.3.3 ANÁLISE DOS IMPACTOS DA OCUPAÇÃO
Os impactos da ocupação serão avaliados quanto à aspectos sócio-econômicos e
ambientais. Fatores sócio-econômicos deverão ser integrados aos ambientais naconstrução de indicadores de autonomia, potencial para geração de renda, qualidadeambiental e desenvolvimento humano, através de adaptações da metodologia
desenvolvida por Sposati (1996), descrita na seção 4.2.3.1.
Serão gerados índices de discrepância, que possibilitam verificar disparidadesentre as UOP’s, além de um índice de exclusão social entre as UOP’s, permitindo
identificar unidades de melhores e piores condições sócio-ambientais, indicando, porexemplo, áreas prioritárias, para ação governamental.
Separadamente, deverão ser feitas análises do desflorestamento, que deverão
compreender estimativas de fração desflorestada, identificação de padrões espaço-temporais de desflorestamento e processos de fragmentação dos remanecentes florestais.Essas análises deverão ser realizadas separadamente, possibilitando relacionar níveis de
desenvolvimento sócio-ambientais das UOP’s com processos de desflorestamento e aevolução do uso da terra.
IInnddiiccaaddoorreess ddee IInncclluussããoo//EExxcclluussããoo SSoocciiaall :: OO mmééttooddoo ddee SSppoossaattii
Sposati (1996) estudando a inclusão/exclusão social na cidade de São Paulo
desenvolveu uma metodologia para a análise deste fenômeno através da construção de
26
índices e indicadores compostos, gerando um mapa de exclusão/inclusão social dacidade de São Paulo. A autora define a exclusão social como a impossibilidade de poderpartilhar da sociedade, levando à vivência da privação, recusa, abandono e da expulsão,
inclusive com violência, de uma parcela significativa da população.
O Indicador de exclusão social dos distritos de São Paulo foi formado a partir dacomposição de quatro índices resultantes da agregação de grupos de variáveis e de suas
respectivas notas, sendo eles: Índice de exclusão de autonomia, Índice de exclusão dedesenvolvimento humano, Índice de exclusão de qualidade de vida e Índice de exclusãode equidade. Esses quatro índices foram formados, pelas notas dadas aos respectivos
distritos, por vários índices formados a partir de variáveis simples ou compostas e sãoconceituados pelos autores, da seguinte forma:
Autonomia: Capacidade e a possibilidade do cidadão em suprir suas necessidades
vitais, especiais, culturais, políticas e sociais, sob as condições de respeito às idéiasindividuais e coletivas, supondo uma relação com o mercado, onde parte dasnecessidades deve ser adquirida, e com o Estado, responsável por assegurar outra parte
das necessidades e; a possibilidade de exercício de sua liberdade, tendo reconhecida a suadignidade, e a possibilidade de representar pública e partidariamente os seus interessessem ser obstaculizado por ações de violação dos direitos humanos e políticos ou pelo
cerceamento à sua expressão.
Qualidade de Vida: A possibilidade de melhor redistribuição e usufruto dariqueza social e tecnológica aos cidadãos de uma comunidade e; a garantia de um
ambiente de desenvolvimento ecológico e participativo de respeito ao homem e ànatureza, com o menor grau de degradação e precariedade.
Desenvolvimento Humano: : A possibilidade de todos os cidadãos de uma
sociedade melhor desenvolverem seu potencial com menor grau possível de privação ede sofrimento; a possibilidade da sociedade poder usufruir coletivamente do mais altograu de capacidade humana.
Eqüidade: A possibilidade das diferenças serem manifestadas e respeitadas, semdiscriminação; condição que favoreça o combate das práticas de subordinação ou depreconceito em relação às diferenças de gênero, políticas, étnicas, religiosas, culturais, de
minorias etc.
44..33..33..11 IInnddiiccaaddoorreess ddee IInncclluussããoo//EExxcclluussããoo SSoocciiaall ppaarraa UUOOPP’’ss
Nesta etapa será utilizada a metodologia desenvolvida por Sposati (1996) comadaptações para o ambiente rural e para as unidades de estudo. Uma das vantagens do
uso desta metodologia é a sua flexibilidade quanto ao conjunto de dados utilizados, quepode variar entre as áreas de estudo , em função da disponibilidade dos mesmos.
27
No caso da análise das UOP’s, localizadas em ambientes rurais, além dos 4indicadores citados, foi introduzido um indicador denominado Potencial para GerarRenda. Este indicador possibilita conhecer as potencialidades das UOP’s para o
desenvolvimento das atividades agropecuárias, considerando o quadro natural da região,o perfil médio do agricultor, sua organização, financiamento e o entorno no qual estáinserido.
O indicador de equidade foi excluído dessas análise, não por ser considerado depouca importância, mas pela dificuldade de, nas UOP’s, identificar minorias e mulhereschefe de família. O objetivo final é verificar onde o processo de ocupação está trazendo
benefícios sócio-econômicos e para quem e, onde e quem está sendo excluído doprocesso sócio-econômico. Deverão ser estabelecidos índices de discrepância, que é umamedida da disparidade entre as UOP’s, daquela com a situação mais favorável para a de
situação menos favorável, em relação a cada variável estudada.
Para o cálculo dos índices, serão utilizados valores relativos, estimados emfunção da área das UOP’s, do total de habitantes, famílias ou propriedades existentes.
Padrões básicos de inclusão para cada variável, por convenção ou por média da área deestudo, deverão ser fixados e, o valor zero deverá ser atribuído à eles. Os valoresestimados deverão ser normalizados para o intervalo entre -1 e 1. O mesmo
procedimento deverá ser adotado para os indicadores e para obtenção do Índice Globalde Exclusão Social entre UOP’s. \A tabela 2 mostra os indicadores potenciais para aanálise da Exclusão/Inclusão das UOP’s.
28
TABELA 2. COMPOSIÇÃO DOS ÍNDICES PARA AVALIAÇÃO DAS UOP’S
CampoCampo VariávelVariável FontesFontes IndicadoresIndicadores ÍndicesÍndices
Potencialpara Gerar
Renda
Quadro Natural
Solos
Água
Relevo
Vegetação
Série temporalde imagensTM/Landsat,
DadosCartográficos(IBGE),dados decampo.
Proporção de áreas com solos comaptidão para agropecuária
Proporção de áreas com solos aptospara agricultura:
è Ótimo
è Regular
è Ruim
Medidas de Compacidade
Proporção de áreas Irrigadas porcorpos d’água.
Proporção de área:
è Declividade < 2,5% (suave)
è Declividade 2,5-12%(moderada)
è Declividade > 12% (forte)
Proporção de área com processoserosivos
Proporção de áreas com capoeira:
< 5 anos
5 -10 anos
10 -15 anos
Presença de espécies invasoras
no entorno – densidade
(1) Aptidão dossolos paraagropecuária
(2) Qualidade dossolos
(3) Compactaçãodo solo
(4) Abastecimentode água paraatividadesagropecuárias
(5) Declividade*
(6) Perda de solo
(7) Abandono
(8) Propensão àinvasoras
29
Contexto sócio-econômico
Imagens,basesCartográficasdo IBGE,dadostabularescoletados emInstituiçõeslocais,INCRA, IBGEe Informanteschaves.
Participação no fornecimento deprodutos agropecuários paraagroindústrias e assemelhados:
è Laticínios;
è Frigoríficos;
è Postos de Resfriamento deLeite;
è Armazéns para Grãos;
è Serviço de coleta de Leite;
è Beneficiamento de grãos;
è Madeireiras.
Escoamento da produção
è Condições precárias detransporte;
è Serviços de transporte deterceiros;
è Transporte próprio(cooperativa ou individual) .
Acesso à malha viária
è Ruim
è Regular
è Bom
Acesso a Infra-estrutura paraescoamento,armazenamento eprocessamentodos produtosagropecuários.
30
Qualidadede vida
Oferta deserviços sociaisbásicos
• Educação
• Saúde
• Moradia
Prefeituras,INCRA,Malhafundiária,dados IBGE,InformantesChaves,dados devideografia.
Disponibilidade de serviços básicos desaúde:
è Número de Escolas;
è Serviços deTransporte deEstudantes;
è Distância à unidade deeducação mais próxima.
è Número de Unidades deSaúde;
è Serviços de Transporte dedoentes;
è Distância à unidade de saúdemais próxima.
Condição da habitação
è Alvenaria
è Madeira, taipa, etc..
è Acesso à energia elétrica
è Acesso à água paraabastecimento
(1) Acessopotencial àeducação básica
(2) Acessopotencial à saúdebásica
(3) Qualidade dahabitação.
Autonomia Precariedade doChefe de família
Renda do Chefede família
Censo IBGE– 2000;
è Chefe de família abaixo dalinha da pobreza (semrendimento)
è Chefe de família na linha dapobreza – à definir
è Fontes de renda externas àsatividades agropecuárias(aposentadoria, garimpo, etc)
è Chefe de família sem renda
è Faixas de ganho em saláriomínimo – à definir
(1) PrecáriaCondição familiar
(2) Índice dedistibuição derenda
Índice deDesenvolvimentoHumano
EducaçãoInfantil
Censo IBGE– 2000,
SecretariaMunicipal deEducação
è Alfabetização Precoce (aos 5anos)
è Alfabetização tardia (10 a 14anos)
(1) Estímulo àEducação Infantil
31
ConcentraçãoLongevidade
è Adultosacima de 70anos
Censo IBGE -2000
è Concentração daLongevidade da População
(2) Longevidade
Mortalidade
è Mortalidade na faixados 0 a 4anos
è Mortalidade na faixade 15 a 24anos
Censo IBGE– 2000,SecretariaMunicipal deSaúde
è Mortalidade na Infância
è Mortalidade Juvenil
(3) Risco de Morte
Violência
è Distribuição dos casosde Violência
Censo IBGE2000 eSecretaria deSegurançaPúblicaMunicipal
è Casos de Furto
è Casos de Roubo
è Casos de Homicídio
(4) Risco deViolência
* Baseado em Bertoni & Lombardi neto (1990)
DDeessfflloorreessttaammeennttoo
O processo de desflorestamento deverá ser analisado utilizando-se diferentes
abordagens e técnicas de análise espacial em um SIG, sendo elas: fração dedesflorestamento, distribuição espacial do desflorestamento e fragmentação dosremanescentes florestais. Essas três abordagens são descritas nos itens abaixo.
Fração de Desflorestamento.
As taxas de desflorestamento para as Unidades de Ocupação deverão ser obtidasa partir do cruzamento de imagens classificadas em áreas de floresta e não floresta, com
a malha das UOP’s. Os índices de fração desflorestada deverão ser obtidos para períodosde três anos, entre 1985 e 2000. A estimativa anual de taxas de desflorestamento pode seinadequada, segundo resultados preliminares da análise do desflorestamento obtidos
para o período de 1991 a 1997, principalmente para análise de áreas de grandespropriedades, onde a derrubada de floresta ocorre em um ciclo maior do que o anual,podendo haver anos com taxas de desflorestamento próximas de zero.
No caso de áreas de pequenas propriedades, ocorre o inverso, quando as taxassão estimadas para grandes intervalos de tempo, mais do que três anos, pode-se obteruma média de de áreas desflorestadas de dimensões maiores do que o esperado, devido a
agregação das pequenas parcelas, em um único polígono, descaracterizando o processo.Além de estimativas de fração de desflorestamento, as UOP’s deverão ser caracterizadasem função do tamanho, frequência e evolução das parcelas de desflorestamento.
32
Distribuição Espacial do Desflorestamento.
Neste item dois tipos de técnicas de análise espacial deverão ser utilizadas, sendoa primeira delas operações de distância, nas quais deverão ser estabelecidas faixas de
distâncias em relação a rodovias e núcleos urbanos/rurais. Taxas de desflorestamentodeverão ser estimadas dentro dessas faixas, permitindo verificar a influência das rodoviase núcleos urbanos/rurais nos processos de desflorestamento.
O segundo tipo de técnica que deverá ser utilizada, são indicadores de correlaçãoespacial, como o índice de Morán Local (Anselin, 1995), que possibilita identificarregimes espaciais nas áreas de estudo, indicando bolsões, que podem estar associados à
eixos de rodovias, à núcleos urbanos e à fatores físicos e sócio-econômicos das UP’s.Técnicas de estatística espacial podem ser vistas com maior detalhe em Anselin (1995),Getis & Ord (1992), Ord & Getis (1995); Câmara et al (1999).
Fragmentação dos Remanescentes Florestais
A análise da fragmentação dos remanescentes florestais deverá ser feita atravésda análise da evolução de índices de fragmentação, para cada UOP, em imagens
classificadas em classes de floresta e não-floresta, podendo ser testados, entre outros, osÍndices de Matheron e Contágio.
O índice de Matheron é calculado em uma janela de 9 X 9 pixels, através da
seguinte equação (apud, Mertens & Lambin, 1996):
M = Número de pares de pixels adjacentes classificados como floresta e outrotipo de uso
Número de pixels de floresta X Número total de pixel
Para paisagens fragmentadas, o valor de M é próximo de 1, enquanto que parapaisagens pouco fragmentadas o índice é próximo de 0.
Uma das fórmulas mais utilizada para cálculo de índice de contágio é dada pelaseguinte equação (Forman, 1995):
∑∑= =
+=t
i
t
j
ijij NnNntContágio1 1
2 ))/ln()/(()ln(
onde:
nn ijij é o número de pixels compartilhados pelas bordas entre a classe i e j;
NN é duas vezes o número total de pixels de borda, considerando que as bordas
são contadas duas vezes; e tt é o número total de classes.
33
Valores elevados de contágio, próximos de 1 resultam geralmente de paisagenscom poucas manchas, grandes e contínuas, enquanto que valores baixos, próximos de 0,caracterizam paisagens com muitas manchas pequenas e dispersas, fragmentadas.
Medidas como tamanho médio dos fragmentos, densidade de bordas, borda total,medidas de área central, número de manchas, deverão ser realizadas, de forma acaracterizar as UOP’s, quanto aos seus remanescentes florestais. Essas métricas podem
ser vistas com mais detalhe em McGarigal &Marks (1994), Frohm (1998), Frohm et al(1996) e Forman (1995).
4.3.4 ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE FATORES, AGENTES E IMPACTOS DA OCUPAÇÃO
Nesta etapa deverão ser feitas as relações entre os tipos de uso da terrapredominantes nas UOP’s, a evolução das taxas de desflorestamento e da fragmentaçãoflorestal, procurando-se relacionar os efeitos ambientais e sócio-econômicos aos agentes
de ocupação e suas formas de produção. Cada UOP deverá ser caracterizada quanto aoprocesso de desflorestamento, uso da terra e aos aspectos sócio-econômicos,possibilitando identificar os principais fatores que transformam e modificam a
paisagem. Através dos indicadores de exclusão/inclusão social será possível conhecer elocalizar áreas de maior e menor impacto social, além de estabelecer medidas dedisparidade entre as UOP’s, daquelas com a situação mais favorável para a de situação
menos favorável, em relação a cada variável estudada.
4.3.5 SÍNTESE
Nesta etapa, deverá ser feita a síntese dos principais fatores que estruturam e
modificam as UOP’s e dos principais impactos decorrentes do processo de ocupaçãogerando informações que possam auxiliar no planejamento da região. Os processos deOcupação, bem como a caracterização física, sócio-econômica e dos Impactos das
Unidades de Ocupação deverão ser representados através de mapas e documentos.Espera-se gerar um mapa síntese para as duas áreas de estudo contendo informaçõessobre o “estado” sócio-ambiental das unidades de ocupação, mostrando áreas onde
devem concentrar-se as ações públicas. Deverá ser feita uma análise comparativa dosprocessos de ocupação entre as duas áreas de estudo, apontando semelhanças ediferenças regionais entre os processos de ocupação, destacando a importância dos
diferentes fatores para cada área de estudo. A discussão final deve ser orientada pararesponder às questões iniciais do trabalho, quanto à:
1) Importância das variáveis físicas e sócio-econômicas no processo de ocupação;
2) Ocupação por diferentes atores, resultando em diferentes processos e padrões deocupação; Diferentes processos de ocupação resultando em diferentes impactossócio-ambientais.
34
5 Resultados Esperados
O que se espera obter como resultado das análises aqui propostas é, em primeirolugar, poder caracterizar Unidades de Ocupação, estabelecendo tipologias de ocupação,
através da identificação de padrões ambientais e sócio-econômicos, relacionando-oscom os padrões espaço-temporais da paisagem, mapeados através da análise de imagensde satélite.
Esta caracterização deverá possibilitar a realização de diagnósticos sócio-econômico e ambiental, através da construção de índices e indicadores de exclusãosocial, de desflorestamento e fragmentação florestal, para as UOP’s. É importante
lembrar que nos indicadores de exclusão social variáveis ambientais serão consideradas,compondo o indicador Potencial para Gerar Renda, em que fatores e condiçõesambientais das UOP’s, serão considerados, através da análise das características físicas e
dos processos de perdas de solo, compactação, abandono, etc; constituindo umametodologia que integra fatores ambientais aos sócio-econômicos.
Através desses indicadores será possível conhecer os impactos ambientais e
sócio-econômicos decorrentes dos tipos de ocupação promovidos pelos diferentes atorese associados à suas formas de produção. À partir destas análises, espera-se obter paracada tipologia de ocupação, os principais fatores e impactos que influenciam o
desenvolvimento sócio-econômico e ambiental das UOP’s. A análise comparativa entreas duas áreas de estudo deverá ser útil para estabelecer diferenças regionais no processode ocupação, introduzindo outros fatores de importância no desenvolvimento das
UOP’s e, possivelmente, diferentes impactos.
Além disso, espera-se poder incorporar à análise, através da introdução de outraárea de estudo, novas tipologias e processos de ocupação, enriquecendo-a.
38
6 Cronograma de Atividades
Atividades/trimAtividades/trim
estreestre
Dez-Dez-
fevfev
20012001
Mar-Mar-
maimai
20022002
Jun-Jun-
agoago
20022002
Set-Set-
novnov
20022002
Dez-Dez-
fevfev
20032003
Mar-Mar-
maimai
20032003
Jun-Jun-
AgoAgo
20032003
Aquisição de
dados RO
Aquisição de
Imagens
Levant. De
Dados IBGE
Malha de
UOP’s – RO
malha de
UOP’s – PA
Análise do
Desflorest RO
Análise do
Desflorest– PA
Uso da Terra –
RO e PA
sócio-econômica
–RO e PA
Diagnóstico
ambientais l
Síntese dos
Processos
1
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