monografia impactos do twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da agência...

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ÂNGELA CÂNDIDA PEREIRA DA SILVA IMPACTOS DO TWITTER NA COBERTURA JORNALÍSTICA DA CAMPANHA ELEITORAL 2010: O CASO DA AGÊNCIA ESTADO Universidade Metodista de Piracicaba Faculdade de Comunicação Social - Curso de Jornalismo Piracicaba, SP - 2010

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Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, na Universidade Metodista de Piracicaba. Autoria: Ângela Cândida Pereira da Silva. Orientação: Prof. Paulo Roberto Botão.RESUMOO serviço de microblogging Twitter surgiu sem a intenção de manter relação direta com o jornalismo. Apesar disso, passou a apresentar dupla faceta: conversação e informação instantânea, esta última em maior escala. O perfil de seus usuários no que se refere à colaboração/participação levou alguns grupos jornalísticos a adotá-lo como ferramenta. Blogueiros, tecnomaníacos e políticos estão entre os grupos mais ativos no microblog. Frente a esse cenário e a fim de entender a relação do jornalismo com as redes sociais, este trabalho toma como objeto o microblog Twitter para identificar seu uso pelo jornalismo enquanto uma ferramenta de captação de informações durante a cobertura das campanhas eleitorais de 2010. O foco é a relação entre personalidades políticas que usam o Twitter para divulgar suas ações e repórteres que se pautam por esses tweets . Essa situação é analisada a partir da experiência da editoria de política da Agência Estado. A pesquisa apresenta uma revisão conceitual e histórica sobre o jornalismo online, as redes sociais, os blogs, os microblogs e o jornalismo de agências. A partir de um estudo de caso do Twitter que incluiu a observação de 11 perfis, é feita uma análise sobre a forma com que os tweets publicados por políticos estão sendo utilizados no material noticioso produzido pela Agência Estado. Por fim, constata-se a hipótese de que os conteúdos do Twitter vêm sendo usados pelo jornalismo como fonte, a exemplo da identificação de notícias inteiramente baseadas em falas escritas pelos políticos no microblog.

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Page 1: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

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IIMMPPAACCTTOOSS DDOO TTWWIITTTTEERR NNAA CCOOBBEERRTTUURRAA JJOORRNNAALLÍÍSSTTIICCAA DDAA

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OO CCAASSOO DDAA AAGGÊÊNNCCIIAA EESSTTAADDOO

Universidade Metodista de Piracicaba

Faculdade de Comunicação Social - Curso de Jornalismo

Piracicaba, SP - 2010

Page 2: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

ÂÂNNGGEELLAA CCÂÂNNDDIIDDAA PPEERREEIIRRAA DDAA SSIILLVVAA

IIMMPPAACCTTOOSS DDOO TTWWIITTTTEERR NNAA CCOOBBEERRTTUURRAA JJOORRNNAALLÍÍSSTTIICCAA

DDAA CCAAMMPPAANNHHAA EELLEEIITTOORRAALL 22001100::

OO CCAASSOO DDAA AAGGÊÊNNCCIIAA EESSTTAADDOO

Monografia apresentada como requisito

parcial para obtenção do grau de Bacharel

em Comunicação Social – Habilitação em

Jornalismo, na Universidade Metodista de

Piracicaba.

Orientação: Prof. Paulo Roberto Botão.

Universidade Metodista de Piracicaba

Faculdade de Comunicação Social - Curso de Jornalismo

Piracicaba, SP - 2010

Page 3: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

DDEEDDIICCAATTÓÓRRIIAA

ÀÀqquueelleess qquuee ccoommuunniiccaamm......

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Page 4: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

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oouuttrraa mmaanneeiirraa ddee pprrooccrraassttiinnaarr,, ddee ffaazzeerr aass hhoorraass ppaassssaarreemm sseemm qquuee ssee

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pprróópprriioo eeggoo.. MMaass éé ttaammbbéémm uumm ccaannaall bbrriillhhaannttee ppaarraa ssee ttrraannssmmiittiirr nnoottíícciiaass

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TTwwiitttteerr ddee ddiisssseemmiinnaarr ccoonntteeúúddoo eemm tteemmppoo rreeaall ppoorr bbooccaa aa bbooccaa..""

DDaavviidd PPoogguuee

((@@ppoogguuee)),, ccoolluunniissttaa ddee

tteeccnnoollooggiiaa ddoo jjoorrnnaall TThhee NNeeww

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Page 5: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

AGRADECIMENTOS

A meus pais, Brasilino Pereira da Silva e Maria Benedita Romualdo da Silva,

por me proporcionarem chegar até aqui meu eterno agradecimento.

Aos professores de toda a minha vida acadêmica, por toda a contribuição.

Ao Profº Paulo Roberto Botão, pela orientação do trabalho.

Ao Profº Dr. Belarmino César Costa, pela orientação do anteprojeto de pesquisa.

À Profª Drª Ana Maria Cordenonssi, pelo impulso e pela indicação de fontes de

consulta.

Aos funcionários da Faculdade de Comunicação da Unimep.

Especialmente, aos amigos e colegas Aline Cristiane Joaquim (@AlynneCristiane),

Camila Gusmão (@camilagusmao), Patrícia Elias (@patriciaesilva), Zamir de Bellis

Junior (@zamirjr), Mayara Banow (@maybanow) e Vanessa Haas (@vanjornalismo),

pela colaboração na primeira fase deste trabalho. A determinação sempre foi a base

que uniu esta equipe e se tornou um apoio importante para o sucesso de nossos

projetos.

À Rafael Piveta Lopes, pela compreensão nos finais de semana ausentes.

Aos pesquisadores Pedro Aguiar e Maria Cleidejane Espiridião, pela colaboração em

relação à bibliografia sobre agências de notícias.

Aos jornalistas da Agência Estado: Gustavo Porto, pelas dicas iniciais; Gustavo Uribe,

Ana Conceição e Carolina Freitas, pela recepção na empresa para as entrevistas; e, em

especial, ao diretor executivo Roberto Lira, e à chefe de reportagem Elisabeth Lopes,

pelo estímulo.

Ao jornalista Erich Vallim Vicente, editor da Tribuna Piracicabana, pelo apoio na

obtenção de material da Agência Estado.

Page 6: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 – Estatísticas de acesso a redes sociais no Brasil .................................................. 33

Figura 02 – Tweet relacionado à agenda do político/partido ................................................. 61

Figura 03 – Tweet relacionado à agenda do jornalista .......................................................... 62

Figura 04 – Tweet de marketing político ............................................................................... 62

Figura 05 – Tweet relacionado a outros fatos da política ...................................................... 63

Figura 06 – Tweet de divulgação profissional ....................................................................... 63

Figura 07 – Reply no Twitter ................................................................................................. 64

Figura 08 – Retweet no Twitter ............................................................................................. 64

Figura 09 – Tweet variado ..................................................................................................... 65

Figura 10 – Tweet relacionado ao dossiê ............................................................................... 65

Figura 11 – Tweet de José Dutra dossiê (02/06 12h21) ......................................................... 73

Figura 12 – Tweet de José Dutra dossiê (01/06 20h23) ......................................................... 73

Figura 13 – Tweet de Sérgio Guerra dossiê (03/06 16h06) ................................................... 74

Figura 14 – Tweet de José Dutra dossiê (03/06 18h21) ......................................................... 75

Figura 15 – Tweet de Sérgio Guerra sobre Dutra (03/06 11h12) .......................................... 76

Figura 16 – Tweet de Sérgio Guerra sobre Dutra (03/06 11h10) .......................................... 76

Figura 17 – Tweet de José Dutra dossiê (02/06 12h21) ......................................................... 77

Figura 18 – Tweet de José Dutra dossiê (03/06 15h06) ......................................................... 78

Figura 19 – Tweet de José Dutra sobre Guerra (01/06 20h25) .............................................. 79

Figura 20 – Tweet de Marina Silva sobre Indio da Costa (18/07 21h07) ............................. 81

Figura 21 – Site oficial Minha Marina .................................................................................. 82

Figura 22 – Tweet de Marina Silva - 1ª interação com conta de portal jornalístico .............. 83

Figura 23 – Tweet de Marina Silva - 2ª interação com conta de portal jornalístico .............. 83

Figura 24 – Tweet de José Dutra sobre Indio da Costa (17/07 14h45) .................................. 87

Figura 25 – Tweet de José Dutra sobre Indio da Costa (18/07 18h46) .................................. 88

Figura 26 – Reprodução do Twitter sendo usada como ilustração na matéria ...................... 89

Figura 27 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 12h45) ............................................... 90

Figura 28 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (23/07 7h42) ................................................. 91

Figura 29 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 14h52) ............................................... 92

Figura 30 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 15h40) ............................................... 92

Figura 31 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 16h24) ............................................... 92

Page 7: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Twitters analisados na pesquisa ......................................................................... 60

Tabela 02 – Conteúdo dos tweets de Dilma Rousseff ........................................................... 66

Tabela 03 – Conteúdo dos tweets de José Serra .................................................................... 66

Tabela 04 – Conteúdo dos tweets de Marina Silva ................................................................ 67

Tabela 05 – Conteúdo dos tweets de José Eduardo Dutra ..................................................... 67

Tabela 06 – Conteúdo dos tweets de Sérgio Guerra .............................................................. 67

Tabela 07 – Conteúdo dos tweets de José Luiz Penna .......................................................... 67

Tabela 08 – Conteúdo dos tweets de Elisabeth Lopes ........................................................... 68

Tabela 09 – Conteúdo dos tweets de Carolina Freitas ........................................................... 69

Tabela 10 – Conteúdo dos tweets de Gustavo Uribe ............................................................. 69

Tabela 11 – Pesquisa de notícias no Google – primeira combinação ................................... 70

Tabela 12 – Pesquisa de notícias no Google – segunda combinação .................................... 71

Tabela 13 – Pesquisa de notícias no Google – terceira combinação ..................................... 71

Tabela 14 – Pesquisa de notícias no Google – quarta combinação ....................................... 72

Tabela 15 – Grau de aparição do Twitter nas matérias analisadas ........................................ 79

Tabela 16 – Twitters incluídos nas pesquisa ......................................................................... 80

Tabela 17 – Conteúdo dos tweets de Dilma Rousseff ........................................................... 80

Tabela 18 – Conteúdo dos tweets de José Serra .................................................................... 81

Tabela 19 – Conteúdo dos tweets de Marina Silva ................................................................ 81

Tabela 20 – Conteúdo dos tweets de José Eduardo Dutra ..................................................... 83

Tabela 21 – Conteúdo dos tweets de Sérgio Guerra .............................................................. 84

Tabela 22 – Conteúdo dos tweets de José Luiz Penna .......................................................... 84

Tabela 23 – Conteúdo dos tweets de Michel Temer .............................................................. 84

Tabela 24 – Conteúdo dos tweets de Indio da Costa ............................................................. 84

Tabela 25 – Conteúdo dos tweets de Elisabeth Lopes ........................................................... 85

Tabela 26 – Conteúdo dos tweets de Carolina Freitas ........................................................... 85

Tabela 27 – Conteúdo dos tweets de Gustavo Uribe ............................................................. 85

Tabela 28 – Pesquisa de notícias no Google – quinta combinação ....................................... 86

Tabela 29 – Pesquisa de notícias no Google – sexta combinação ......................................... 86

Tabela 30 – Grau de aparição do Twitter nas matérias analisadas ........................................ 93

Page 8: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

CAPÍTULO I – DA INTERNET AO JORNALISMO ONLINE .................................... 17

1. A Internet no Brasil ............................................................................................................................ 20

2. A evolução do jornalismo online no Brasil ........................................................ 21

CAPÍTULO II - REDES SOCIAIS E JORNALISMO NO TWITTER ......................... 25

1. As redes sociais no ciberespaço: conceito e surgimento ....................................................... 26

2. Os blogs e a geração de conversações ................................................................. 28

3. A onda dos microblogs e o fenômeno Twitter ..................................................... 30

3.1. Nascimento e características do Twitter ....................................................... 31

4. Política e Twitter: campanha em 140 caracteres ................................................. 36

5. As apropriações jornalísticas do Twitter ............................................................. 39

CAPÍTULO III - AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS E POLÍTICA: UMA

RELAÇÃO HISTÓRICA .................................................................................................. 42

1. Agências de notícias brasileiras ........................................................................... 45

1.1. A experiência da Agência Estado ................................................................. 47

1.2. Produtos e serviços da Agência Estado ........................................................ 49

2. Cobertura política e a relação com as agências de notícias ................................. 52

CAPÍTULO IV - IMPACTOS DO TWITTER NA COBERTURA

JORNALÍSTICA DA CAMPANHA ELEITORAL 2010: ANÁLISE DE

CONTEÚDO DA AGÊNCIA ESTADO ............................................................................ 56

1. Análise do Caso 1: A polêmica do dossiê contra José Serra ............................... 66

1.1. A repercussão dos tweets sobre o dossiê no material jornalístico da

Agência Estado..... ................................................................................................................. 70

2. Análise do Caso 2: PT é acusado de ligação com as Farc ................................... 79

2.1 A repercussão dos tweets sobre a suposta ligação entre PT e Farcs

no material jornalístico da Agência Estado ........................................................................... 85

3. Uso de tweets em matérias jornalísticas: avaliações ........................................... 93

Page 9: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 100

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 104

ANEXOS ............................................................................................................................. 108

Anexo A – Transcrição das entrevistas realizadas junto a jornalistas da

Agência Estado ..................................................................................................................... 109

Anexo B – Notícias relacionadas ao dossiê produzidas pela Agência

Estado e analisadas na pesquisa .......................................................................................... 118

Anexo C – Notícias relacionadas à acusação de ligação do PT com

as Farc produzidas pela Agência Estado e analisadas na pesquisa ..................................... 129

Anexo D – Relação integral dos tweets divulgados por políticos no período

analisado – caso dossiê ......................................................................................................... 135

Anexo E – Relação integral dos tweets divulgados por jornalistas no período

analisado – caso dossiê ......................................................................................................... 148

Anexo F – Relação integral dos tweets divulgados por políticos no período

analisado – caso PT-Farc ...................................................................................................... 156

Anexo G – Relação integral dos tweets divulgados por jornalistas no período

analisado – caso PT-Farc ...................................................................................................... 179

Page 10: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

RREESSUUMMOO

O serviço de microblogging Twitter1 surgiu sem a intenção de manter relação direta

com o jornalismo. Apesar disso, passou a apresentar dupla faceta: conversação e

informação instantânea, esta última em maior escala. O perfil de seus usuários no que se

refere à colaboração/participação levou alguns grupos jornalísticos a adotá-lo como

ferramenta. Blogueiros, tecnomaníacos e políticos estão entre os grupos mais ativos no

microblog. Frente a esse cenário e a fim de entender a relação do jornalismo com as redes

sociais, este trabalho toma como objeto o microblog Twitter para identificar seu uso pelo

jornalismo enquanto uma ferramenta de captação de informações durante a cobertura das

campanhas eleitorais de 2010. O foco é a relação entre personalidades políticas que usam o

Twitter para divulgar suas ações e repórteres que se pautam por esses tweets2. Essa situação

é analisada a partir da experiência da editoria de política da Agência Estado. A pesquisa

apresenta uma revisão conceitual e histórica sobre o jornalismo online, as redes sociais, os

blogs, os microblogs e o jornalismo de agências. A partir de um estudo de caso do Twitter

que incluiu a observação de 11 perfis, é feita uma análise sobre a forma com que os tweets

publicados por políticos estão sendo utilizados no material noticioso produzido pela

Agência Estado. Por fim, constata-se a hipótese de que os conteúdos do Twitter vêm sendo

usados pelo jornalismo como fonte, a exemplo da identificação de notícias inteiramente

baseadas em falas escritas pelos políticos no microblog.

PPaallaavvrraass--cchhaavvee::

Jornalismo online, Redes sociais, Twitter, Eleições, Agências de notícias.

1 http://twitter.com/

2 Mensagem enviada pelo Twitter.

Page 11: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

AABBSSTTRRAACCTT

The microblogging service Twitter has emerged without the intention of keep a

direct relationship with journalism. However, it now provides two facets: conversation and

instant information, this last on a larger scale. The profile of its users with respect to

collaboration/participation has led some publishers to adopt it as a tool. Bloggers, tecnology

maniacs and political personalities are among the most active groups in the microblog.

Given this reality and in order to understand the relationship of journalism with social

networks, this study takes the Twitter as its object for identify their use by the journalism as

a tool for capturing information during the coverage of 2010 election campaigns. The

intention is to analyze the relationship between political personalities that use Twitter to

publicize his actions and reporters who are guided by these tweets. This situation is

analyzed from de experience of the politics section of the Agência Estado. The research

presents a conceptual and historical review about online journalism, social networking,

blogs, microblogs and journalism agencies. From a case study of Twitter that included the

observation of 11 profiles, an analysis is made about the way the tweets published by

political personalities are being used in news material produced by the Agência Estado.

Finally, this research concludes that there is the possibility that the contents of Twitter are

being used by journalists as a source, such as the identification of news based entirely on

messages by political personalities on Twitter.

KKeeyy--wwoorrddss::

Webjournalism, Social networks, Twitter, Elections, News agencies.

Page 12: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

12

IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO A produção de conteúdo na rede mundial de computadores foi democratizada com a

consolidação da web 2.0, segunda geração da Internet caracterizada por apresentar plataforma

aberta, que reforça o ambiente de interação e a troca colaborativa entre sites e internautas, da

qual as redes sociais são um dos exemplos possíveis. Através de um blog, por exemplo,

amadores se tornam produtores de conteúdo, publicam sua posição sobre fatos informados

pela mídia ou lançam em primeira mão conteúdos relevantes que rapidamente se multiplicam

na web, chamando a atenção dos internautas e mesmo da imprensa.

Criado em 1992 e lançado ao público em 2006, o microblog Twitter teve seu papel

redirecionado por seus usuários num processo chamado de “apropriação”, na medida em que

passou a ser usado para fins de conversação, caracterizando-se, portanto, como uma rede

social, e também para o compartilhamento de informações (ZAGO, 2009a). Hoje, o serviço

pode ser apontado como uma ferramenta informativa porque possibilita tanto a circulação de

informações quanto o debate acerca delas e, consequentemente, a produção de novos

conteúdos. O Twitter está no apogeu de sua popularidade e só dá sinais de que crescerá ainda

mais (COMM, 2009). Seu uso estendeu-se inclusive para o campo político, com destaque para

a divulgação da campanha à presidência de Barack Obama pelo microblog, nos Estados

Unidos, em 2008.

Este estudo se debruça sobre as apropriações do Twitter como agregador de

informações, para analisar a repercussão delas na produção de notícias, no sentido de que o

microblog pode ser usado como ferramenta na redação. Assim como os usuários podem

escolher a quem irão seguir no site, os grupos de comunicação também podem fazer uso do

Page 13: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

13

Twitter para incrementar suas coberturas e contatar fontes de informação (CARVALHO;

BARRICHELLO, 2009).

No Twitter, existem indivíduos centrais que, pelo grande número de seguidores, atuam

como influenciadores de suas redes sociais (ZAGO, 2009a) e não se pode negar a relevância

de uma informação divulgada por eles. No momento em que cresce o uso de redes sociais de

comunicação e as pessoas se agrupam na Internet por nichos de interesses, o jornalismo tem a

possibilidade de se pautar por informações divulgadas diretamente do perfil de grupos

específicos. Assim, considerando que alguns grupos sociais recebem atenção redobrada dos

jornalistas, essa análise toma como foco as mensagens divulgadas por personalidades políticas

no microblog. Cabe destacar que a ideia não é associar ao jornalismo todo o conteúdo

divulgado por amadores no Twitter, mas sim considerar essas práticas como um complemento

da produção jornalística. Com base nessa tendência, o objeto do presente trabalho é o uso do

Twitter pelos jornalistas enquanto uma ferramenta adicional para a cobertura da campanha

eleitoral de 2010.

Para entender como isso se desdobra foram levantadas situações em que as

informações divulgadas por políticos no microblog serviram como fonte para matérias

publicadas pela Agência Estado. A escolha desta empresa ocorreu em virtude de dois fatores.

Primeiro porque seu material tem forte repercussão na mídia e, consequentemente, na opinião

pública, já que suas notícias são replicadas por seus inúmeros assinantes, representados por

jornais, portais e sites de informação de todo o país. Segundo porque a própria natureza de

operação das agências de notícias pressupõe um elevado grau de uso das novas tecnologias de

produção e difusão da informação, assim como a aceleração da velocidade nos processos em

que estão envolvidas.

O objetivo é avaliar o quanto o microblog vem sendo usado pela Agência Estado como

fonte para a cobertura da campanha eleitoral e se ele se configura como uma ferramenta eficaz

para o apoio do trabalho na redação, a fim de desvendar a relação que a agência mantém com

a rede social. Portanto, a observação feita nesse trabalho também apresenta algumas das

particularidades do jornalismo de agências, principalmente em relação à maneira de lidar com

as novas formas de produção de conteúdo possibilitadas pela web.

Considerando a natureza do objeto e o fato de que o procedimento metodológico é

composto pelo monitoramento do Twitter em determinados períodos e posterior interpretação,

que mescla elementos qualitativos e quantitativos, esta pesquisa foi baseada na estratégia de

estudo de caso. Seu enquadramento como tal se justifica pelo fato de investigar uma tendência

Page 14: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

14

atual por meio de múltiplas fontes de consulta (M. DUARTE, 2005) e de coleta de dados,

além de ter sua problemática mais relacionada à questão “como”. Acrescenta-se, ainda, o fato

de que os eventos analisados não permitiram qualquer controle pela pesquisadora, além da

observação passiva, já que se constituem em manifestações sociais ligadas a um fenômeno

contemporâneo (YIN, 2001). Ao analisar o Twitter por meio de uma situação única – seu uso

por jornalistas durante a cobertura das campanhas eleitorais – a estratégia dessa pesquisa

representa, portanto, a investigação de um caso específico e bem delimitado.

A problemática que se impôs ao estudo foi investigar de que maneira as mensagens

postadas no microblog vêm sendo usadas nas notícias em meio ao grande fluxo de

informações que a web proporciona e se a ferramenta acomoda o jornalista, no sentido de que

o contato “face a face” é posto em segundo plano e pode não haver a preocupação de checar

esse conteúdo e obter mais informações junto às fontes.

Além da revisão histórica e conceitual acerca do jornalismo online, das redes sociais e

do jornalismo de agências, as ferramentas usadas para a coleta de dados foram a própria web

como fonte principal; e a captação de entrevistas semi-abertas junto a repórteres da Agência

Estado (usuários do Twitter) como fonte complementar, a fim de compreender as formas de

uso do Twitter na redação.

O procedimento de análise se inicia com a seleção de dois fatos políticos de

repercussão nacional ocorridos durante a campanha eleitoral. Após a seleção destes dois

episódios, passou-se à observação de tweets divulgados por um grupo de políticos e de

jornalistas da Agência Estado durante o período de maior debate destes, realizando-se a sua

confrontação com matérias jornalísticas produzidas e veiculadas pela Agência no mesmo

período, em sistemática que é apresentada de forma detalhada no capítulo IX, que apresenta a

análise em questão.

Com esses procedimentos, procurou-se agregar o máximo de fidedignidade possível

ao trabalho, para que, uma vez repetida, sua análise apresente resultados aproximados aos

alcançados. Pela escolha da Internet como fonte para as coletas, os procedimentos adotados

foram de fato flexíveis, já que “a volatilidade da internet, em que as mudanças se dão com

inacreditável celeridade, impede a constituição do corpus por meio das amostragens

tradicionais” (ADGHIRNI; MORAES, 2008, p. 242).

Ao se voltar para a análise de perfis políticos no microblog, o presente trabalho

mantém a característica de atualidade, já que 2010 é ano de eleições presidenciais no Brasil e,

no período de análise, os políticos estiveram em ritmo de campanha, marcado por

Page 15: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

15

informações de bastidores que puderam ser coletadas nos perfis dos candidatos que usam o

Twitter. Além disso, a Internet teve papel fundamental nesse processo, já que o Congresso

Nacional aprovou a liberação do uso da web para campanhas políticas, em setembro de 2009,

através do Projeto de Lei 5498/093, sancionado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Considerando as discussões em torno do futuro do jornalismo diante da facilidade de

se produzir informação na Internet, esse trabalho avalia o comportamento do jornalista diante

de uma ferramenta diretamente ligada à web, ao ambiente de colaboração e à interação

mediada por computador, contribuindo para o debate acerca dos impactos da Internet no

jornalismo e sobre as novas formas de linguagem que a web proporciona, sem entretanto

esgotar a temática.

O primeiro capítulo deste estudo, “Da Internet ao jornalismo online”, trata do

surgimento da Internet e sua expansão pelo mundo e no Brasil. Esse aspecto histórico é

apresentado para que o nascimento e o desenvolvimento do jornalismo digital seja explicado,

desde a adaptação não muito clara à rede pela qual os veículos se submeteram, até o

entendimento de que a web exigia uma linguagem específica.

“Redes sociais e jornalismo no Twitter” é o tema do segundo capítulo, que aprofunda

o conceito de web 2.0, fala do surgimento das redes sociais, dos microblogs e seu papel na

Internet como ferramenta de participação. Também trata do nascimento do microblog Twitter,

suas possibilidades e sua apropriação como espaço de informação. O capítulo aborda a

reconstrução de sentido dessa rede social, liderada pelos grupos que a compõem, uma vez que

a pergunta “What are you doing4?”, lançada pelo Twitter foi convertida em “What’s

happening

5?”, ou seja, formou-se um espaço de circulação de informações de todos os tipos,

inclusive, noticiosas. O segundo momento do trabalho refere-se, portanto, à produção

colaborativa de conteúdo pelos usuários do Twitter.

O terceiro capítulo deste estudo aborda a trajetória histórica do jornalismo de agências

e seus desdobramentos no Brasil. Apresenta ainda a relação existente entre o jornalismo

político e as agências de notícias, uma vez que grande parte do conteúdo nacional publicado

pela imprensa nessa área é baseado nos serviços recebidos das agências contratadas. Este

3 O Projeto de Lei 5498/09, aprovado pela Câmara dos Deputados em 16 de setembro de 2009 determina que “é

livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato, durante a campanha eleitoral, por meio da rede

mundial de computadores - internet, assegurando o direito de resposta”. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

sancionou a lei em 29 de setembro de 2009, que já começou a vigorar nas eleições de 2010, sendo que os

candidatos puderam pedir votos pela internet a partir do dia 5 de julho de 2010. Porém, mesmo antes da

campanha, fica livre toda manifestação de pensamento. 4 O que você está fazendo?

5 O que está acontecendo?

Page 16: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

16

momento da monografia apresenta características do trabalho desenvolvido pela Agência

Estado, tais como aspectos da produção de seu conteúdo, serviços ofertados e sua presença na

web.

No quarto capítulo deste estudo, “Impactos do Twitter na cobertura jornalística da

campanha eleitoral 2010: análise de conteúdo da Agência Estado”, são apresentados os

procedimento metodológicos, que incluem a observação de perfis de personalidades políticas

no microblog, a coleta de notícias produzidas pela Agência Estado baseadas nesses tweets, a

análise acerca dessa produção e a citação de trechos de entrevistas realizadas junto a

repórteres da AE.

Finalmente, no último capítulo, são traçadas as considerações finais, retomando e

aprofundando as conclusões observadas na análise. Ressalta-se neste ponto a importância da

Internet e, sobretudo, das redes sociais, na produção de informação jornalística na atualidade,

e da forma como as novas ferramentas de interação da chamada web 2.0 vem sendo

incorporadas ao processo de produção e difusão destas informações.

Page 17: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

17

CAPÍTULO I – DA INTERNET AO JORNALISMO ONLINE

O termo Internet nasceu com a expressão inglesa “INTERaction or INTERconnection

between computer NETworks” e se refere à rede que reúne milhares de outras redes de

computadores, ou seja, um meio onde a comunicação se locomove em alta velocidade para

todos os locais. Ao longo das últimas décadas, o desenvolvimento dessa rede teve

consequências em muitas áreas da vida em sociedade, e provocou o surgimento do

webjornalismo, fenômeno que pode ser melhor compreendido a partir do conhecimento da

história da Internet e seus avanços após a criação do ambiente gráfico World Wide Web.

Apesar de os termos Internet e Web serem usados como sinônimos, Ward (2006)

aponta o primeiro como a infraestrutura que conecta os computadores em rede mundial. Já a

web é a interface que, através da Internet, possibilita a troca de dados, fotos, sons e vídeos.

A Internet surgiu em 1969, quando foi criada a Arpanet, pela Advanced Research

Projects Agency, organização do Departamento de Defesa dos Estados Unidos que

desenvolvia pesquisas de informação para o serviço militar. A Arpanet era uma rede nacional

de computadores que os Estados Unidos usavam como ferramenta de comunicação de

emergência em caso de ataque de outro país.

No final do ano de 1974, a Arpanet chegou a ter 62 servidores, sendo que a previsão

inicial era de funcionar com apenas 19 deles. Pinho (2003) cita que houve a necessidade de

aperfeiçoar seu protocolo de comunicação, o NCP, para ampliar a possibilidade de conexão

das máquinas.

Bob Kahn e Vinton Cerf desenvolveram e propuseram um novo conjunto de

protocolos que permitia a comunicação entre diferentes sistemas. O

Transmission Control Protocol (TCP) e o Internet Protocol (IP) oferecem 4

bilhões de endereços diferentes e utilizam uma arquitetura de comunicação

em camadas, com protocolos distintos cuidando de tarefas distintas (PINHO,

2003, p. 27).

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18

O TCP/IP foi adotado pela Arpanet e funcionou em paralelo com o NCP, até o ano de

1983, quando foi necessário usar um novo conjunto de protocolos TCP/IP para cada máquina.

A partir de 1975, a Agência de Comunicação e Defesa americana ganhou o controle da

Arpanet. Pesquisadores universitários passaram a usar a rede para trocar arquivos extensos,

causando o crescimento do tráfego de dados (FERRARI, 2004).

A partir disso, surgiram novas redes, tais como Bitnet (Because It’s Time Network) e

CSNET (Computer Science Network – Rede de Ciência da Computação), com o objetivo de

fornecer acesso para outras universidades e entidades de pesquisa. A Bitnet era uma rede

acadêmica da City University de Nova York, conectada à Universidade de Yale, e “[...] utiliza

sistemas de correio eletrônico e um mecanismo conhecido como „listserv‟, que permitia aos

usuários publicar artigos e subscrever mailing lists especializadas em determinados assuntos

enviando uma mensagem para um servidor de listas” (PINHO, 2003, p. 28).

A Arpanet desvinculou-se das origens militares em 1983. Na verdade, ela foi dividida

e a Milnet continuou com propósitos militares. A Arpanet em si dirigiu-se para a pesquisa e

progressivamente passou a ser chamada de Internet (PINHO, 2003).

Em 1984, a National Science Foundation, um órgão independente do governo norte-

americano, passou a administrar a Arpanet. Criou, então, em 1986, uma rede que conectava

pesquisadores de todo o país, a NSFNET. Em 1990, já eram mais de 80 países utilizando a

rede.

Até o final dos anos 80, os computadores existentes estavam ligados à academia,

instalados em laboratórios e centros de pesquisa. Enquanto isso, o ambiente gráfico World

Wide Web estava sendo criado, com base em hipertexto e sistemas de recursos para a Internet.

O principal precursor deste processo foi Tim Berners Lee, que já em 1980, desenvolveu o

programa Enquire, um organizador de informações e links, e anos depois, em 1989, propôs a

WWW, que impulsionou o desenvolvimento da Internet:

A Web é provavelmente a parte mais importante da Internet e, para muitas

pessoas, a única parte que elas usam, um sinônimo mesmo de Internet. Mas a

World Wide Web é fundamentalmente um modo de organização da

informação e dos arquivos na rede. O método extremamente simples e

eficiente do sistema de hipertexto distribuído, baseado no modelo cliente-

servidor, tem como principais padrões o protocolo de comunicação HTTP, a

linguagem de páginas HTML e o método de identificação de recursos URL

(PINHO, 2003, p. 33).

Por Hypertext Markup Language (HTML) entende-se a linguagem padrão usada para

escrever na web, nos formatos de texto, som, imagens e animação. O Hypertext Transport

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19

Protocol (HTTP) é o protocolo que estabelece como programas e servidores irão interagir. O

Uniform Resource Locator (URL) permite que um serviço na web seja localizado e acessado

(PINHO, 2003).

Outros nomes foram importantes na evolução do modelo da WWW. Robert Cailliau,

em 1981, colaborou com o sistema de hipertexto da CERN e com o browser6

Samba. Em

1992, Jean François Groff também teve importante contribuição, ajudando a criar a nova

configuração gráfica da Internet.

O esforço verificado neste período foi principalmente visando garantir melhor

usabilidade à rede, ou seja, o desenvolvimento de interfaces mais amigáveis, o que foi

decisivo para a ampliação rápida do número de usuários nos anos seguintes.

Nesta perspectiva, em 1992, foi criado o College, grupo de pesquisadores que

estudava as formas de se explorar a web. O grupo foi criado pelo Software Development

Group (Grupo de Desenvolvimento de Softwares), do National Center for Supercomputer

Applications (NCSA) – Centro Nacional de Aplicações para Supercomputadores. Um dos

membros, Max Andreessen criou o Mosaic, o primeiro navegador pré Netscape (FERRARI,

2004).

Alguns dados citados por Ferrari (2004) representam a dimensão do crescimento da

internet: em 1993, eram 1,7 milhão de computadores conectados no mundo, e em 1997, esse

número subiu para 20 milhões. Em 1996, foram enviados 98 bilhões de e-mails nos Estados

Unidos, face à 83 bilhões de cartas convencionais postadas nos correios.

Em 1997, o termo portal passou a ser utilizado, já que os sites de busca passaram a

agregar conteúdo e disponibilizar aplicativos na própria página de entrada. Segundo Ferrari

(2004), os portais congregam: ferramenta de busca, comunidades, comércio eletrônico, e-mail

gratuito, entretenimento e esportes, notícias, previsão do tempo, chat, discos virtuais (espaço

em seus servidores para que os usuários armazenem arquivos, que podem ser acessados via

web de qualquer lugar), home page pessoais (página inicial de um site que pode ser

personalizada), jogos online, páginas amarelas (guias de serviços, mapas, telefones úteis),

mapas, cotações financeiras, canais (demarcam assuntos estratégicos), mapa do site (mostra

todos os nomes dos canais, seções e serviços, por links), personalização.

6 Navegador da Internet, programa utilizado para visualizar páginas web.

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1. A Internet no Brasil

De acordo com PINHO (2003), alguns embriões de redes já eram observados no Brasil

em 1988. Eles interligavam universidades e centros de pesquisa do Rio de Janeiro, de São

Paulo e de Porto Alegre aos Estados Unidos.

A Rede Nacional de Pesquisa (RNP) teve papel importante na evolução da Internet no

Brasil. Surgido em 1989, o grupo era formado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e por

representantes do meio acadêmico, ligados a instituições como Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Financiadora de Estudos e Projetos

(Finep), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Fundação de

Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e Fundação de Amparo à Pesquisa

do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs). Essa rede aprimorou velocidades de conexões e

divulgou serviços da Internet para a comunidade acadêmica (PINHO, 2003).

O Brasil entrou para a rede de computadores em 1990, junto com Argentina, Áustria,

Bélgica, Chile, Grécia, Índia, Irlanda, Coréia, Espanha e Suíça (PINHO, 2003). Esse foi

também o ano em que a Arpanet foi encerrada, dando lugar a Internet de fato, com 1.500 sub-

redes e 250 mil hosts7.

O Ministério das Comunicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil,

promulgaram, em 1995, a Portaria Interministerial 147, que lançou o Comitê Gestor da

Internet no Brasil, “[...] com os objetivos de assegurar a qualidade e a eficiência dos serviços

ofertados, a justa e livre competição entre provedores e a manutenção de padrões de conduta

de usuários e provedores” (PINHO, 2003, p. 39).

Neste mesmo ano, houve a abertura da Internet comercial no país. Em razão disso, a

RNP expandiu os serviços de acesso, que antes eram restritos ao meio acadêmico, a todos os

setores da sociedade. A criação do Centro de Informações Internet/BR pela RNP “[...]

ofereceu um importante apoio à consolidação da Internet comercial no país” (PINHO, 2003,

p. 39).

A função de coordenar a atribuição de endereços IP foi transferida do Comitê Gestor

para a Fapesp, em 1998. Além disso, a manutenção das bases de dados na rede eletrônica

também ficou a cargo da Fundação. Para isso, a Fapesp foi autorizada a cobrar taxas de

registro e de manutenção de domínios.

7 Máquinas conectadas à rede.

Page 21: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

21

Em 1998, mais de 25% das declarações do Imposto de Renda de pessoas físicas foram

processadas via internet. Esse fato deu mostras de que a rede caminhava para grande potencial

de acesso no país (FERRARI, 2004).

Depois que os bancos Bradesco e Unibanco ofereceram acesso gratuito à Internet, o iG

lançou-se também neste mercado em 2000, fazendo com que muitos internautas deixassem de

pagar seus provedores para experimentar o serviço. Com isso, o número de usuários

brasileiros da Internet deu um salto. De acordo com uma pesquisa Ibope realizada em março

de 2000 (FERRARI, 2004), o crescimento foi de 1,2 milhão de internautas nos dois primeiros

meses do ano.

O estágio atual da Internet relaciona-se às tecnologias de conexão móvel, que

“consistem na transmissão de dados digitais para celulares e computadores de mão, através de

redes sem fio, como por exemplo, as redes das operadoras de celulares” (FERREIRA, 2003,

p. 71). Trata-se de um novo campo de exploração também para o jornalismo, na forma de

difusão de conteúdo. Antes de aprofundar essa questão, é necessário retomar as mudanças

pelas quais o jornalismo passou com a consolidação da Internet.

2. A evolução do jornalismo online no Brasil

Com o passar do tempo, a Internet passou a representar também um novo campo para

o emprego de práticas jornalísticas. À nível mundial, a primeira experiência

comercial relacionada ao jornalismo online ocorreu em 1993, quando o jornal americano

San Jose Mercury News lançou sua versão digital na Internet, sendo o primeiro jornal

presente na web (FERREIRA, 2003).

São muitas as definições para o webjornalismo. De acordo com Gonçalves (2000 apud PINHO, 2003, p. 58):

O jornalismo digital é todo produto discursivo que constrói a realidade por

meio da singularidade dos eventos, tendo como suporte de circulação as

redes telemáticas ou qualquer outro tipo de tecnologia por onde se transmita

sinais numéricos e que comporte a interação com os usuários ao longo do

processo produtivo.

Ferrari (2004) propõe uma distinção entre os jornalistas online, aqueles que trabalham

na transposição das mídias, traduzindo as notícias da linguagem impressa para a web; e

jornalismo digital, que “[...] compreende todos os noticiários, sites e produtos que nasceram

diretamente na Web” (FERRARI, 2004, p. 41).

Page 22: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

22

Há ainda o conceito de ciberjornalismo, que inclui tarefas de criação de textos para

os produtos do meio digital, tais como criação e manutenção de um blog, mediação de

chats e fóruns (FERRARI, 2004).

Ao contrário dos Estados Unidos, que viu seus portais de notícias surgirem em meio a

evolução dos sites de busca, no Brasil, os sites de conteúdo nasceram dentro das grandes

empresas jornalísticas (FERRARI, 2004). Em 1995, surge o primeiro site jornalístico

nacional, ligado ao Jornal do Brasil. Logo depois, surge também a versão eletrônica do jornal

O Globo. Neste período, a Agência Estado também lançou sua página na web.

Dessa forma, os portais brasileiros têm estreita relação com o próprio surgimento da

imprensa nacional, pois estão ligados aos grandes conglomerados de mídia, geralmente

pertencentes a empresas familiares:

Empresas tradicionais como as Organizações Globo, o grupo Estado

(detentor do jornal O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde), o grupo Folha

(do jornal Folha de S. Paulo) e a Editora Abril se mantêm como os maiores

conglomerados da mídia do país, tanto em audiência quanto em receita com

publicidade. Foram eles que deram os primeiros passos na Internet brasileira,

seguidos pelo boom mercadológico em 1999 e 2000, quando todas as

atenções se voltaram à Nasdaq (National Association of Securities Dealers

Automates Quotation), a bolsa de valores da Nova Economia. Muitos portais

brasileiros atraíram investidores estrangeiros. Projetos como IG, ZipNet, O

Site, Cidade Internet e StarMedia contaram com altos investimentos em

dinheiro (FERARRI, 2004, p. 27).

Entre 1997 e 2000, a aposta dos sites brasileiros foi na oferta abundante de conteúdo,

em detrimento de seu aprofundamento. Essa situação mudou a partir de 2001, quando “o

mercado passou a perceber a necessidade de aliar conteúdo à qualidade, design acessível e

viabilidade financeira” (FERRARI, 2004, p. 28).

A partir do ano 2000, alguns cursos de jornalismo inseriram em sua grade acadêmica a

disciplina jornalismo digital, e ensinar os alunos a criarem textos para as novas mídias era o

objetivo. A especialização nessa área também passou a ser ofertada em algumas

universidades.

De acordo com Ferreira (2003), a Internet como mídia se consolidou de fato no ataque

terrorista ocorrido em 11 de setembro de 20018

contra os Estados Unidos, “quando a rede

mundial de computadores se firmou como um recurso de suporte, pesquisa, difusão de

8 Série de ataques suicidas comandados pela rede terrorista islâmica Al-Qaeda contra os Estados Unidos.

Quatro aviões foram seqüestrados e dois deles colidiram intencionalmente contra as Torres Gêmeas do World

Trade Center, em Nova Iorque, matando passageiros e trabalhadores dos edifícios. O terceiro avião caiu no

Pentágono, nos arredores de Washington. O quarto avião caiu em um campo na Pensilvânia. Todos os

passageiros seqüestrados morreram.

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notícias e arquivamento de informações após o atentado às torres do World Trade Center”

(FERREIRA, 2003, p. 70). Isso porque a web foi acessada na ocasião por pessoas do mundo

todo, que estavam no trabalho na hora do ataque e não tinham acesso a aparelhos de televisão.

Para entrar no mercado digital, necessariamente os jornalistas precisaram aprender a

escrever notícias para a Internet. Foi preciso preparar as redações para lidar com formatos

multimídias (fotos, áudios e vídeos) sem deixar de lado a checagem das informações. Era

preciso ainda explorar as opções ofertadas pelo meio, tais como links, instantaneidade,

interatividade e profundidade. Esses recursos a serem explorados pelo jornalismo online são

decorrentes das próprias características da Internet (ZAGO, 2008a):

a) interatividade: possibilidade de interagir com os leitores, através dos comentários e

pela própria navegação, pelo hipertexto;

b) personalização: possibilidade de que o leitor personalize o conteúdo que recebe,

adequando-o ao seu perfil;

c) hipertextualidade: uso de hiperlinks que complementam a notícia;

d) multimidialidade: apresentação do conteúdo em formatos de texto, áudio e vídeo;

e) atualização contínua;

f) memória: o armazenamento de informações na web é infinito e pode ser acessado

pelos leitores.

Portanto, o principal desafio do jornalismo online é saber explorar todas as

potencialidades oferecidas pela Internet, de forma a apresentar um conteúdo multimídia.

Dessa missão, deriva todas as fases pelas quais passou o webjornalismo no Brasil. Mielniczuc

(2003) propõe sua própria classificação para as etapas de evolução do jornalismo na web. Ela

divide a trajetória dos produtos jornalísticos para a Internet em três momentos:

I) Produtos de primeira geração ou fase da transposição: reproduziam partes dos

grandes jornais impressos. “Os produtos dessa fase, em sua maioria, são

simplesmente cópias do conteúdo de jornais existentes no papel, só que, para a

web” (MIELNICZUC, 2003, p. 33).

II) Produtos de segunda geração ou fase da metáfora: experiências que começam a

explorar as características oferecidas pela rede, mas que ainda têm como referência o

jornal impresso. Uma das potencialidades exploradas são os links, o e-mail e os

recursos de hipertexto.

III) Produtos de terceira geração ou fase do webjornalismo: iniciativas empresariais

e editoriais destinadas exclusivamente para o suporte da web. “São sites jornalísticos

que extrapolam a idéia de uma versão para a web de um jornal impresso já existente”

Page 24: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

24

(MIELNICZUC, 2003, p. 36). Entre os recursos explorados nesta fase estão sons e

animações, interatividade (chats, enquetes, fóruns de discussões), personalização

do conteúdo de acordo com o usuário e utilização do hipertexto na própria narrativa

textual.

As muitas evoluções da Internet trazem ao jornalismo, em pleno século XXI, a

possibilidade de explorar também os dispositivos móveis. Segundo Ferreira (2003), entre as

experiências já exploradas pelo jornalismo brasileiro neste sentido estão a mobilidade, que

permite o recebimento de informações em qualquer lugar e a qualquer momento; a

especialização do conteúdo, que leva à produção de conteúdos de interesse do leitor, em geral

em curtos formatos; e a instantaneidade, que possibilita que o jornalismo envie informações

no exato momento em que o público necessita.

Além das transformações no campo da linguagem ocasionadas pela consolidação da

web, uma outra, talvez mais importante, provocou e ainda vem provocando muitas alterações

no processo de construção da notícia. Trata-se da ativa participação das fontes/leitores. Com a

potencialização das ferramentas de interação, surgiram novas alternativas para o envolvimento

dos leitores, acesso às fontes e participação do público no jornalismo.

Os blogs fazem parte de um primeiro momento de incorporação das ferramentas de

participação no jornalismo, pois permitiram uma ampliação significativa de vozes produzindo

conteúdo e debatendo o conteúdo produzido pelas empresas jornalísticas. Processo semelhante

ocorreu posteriormente com o Twitter, que vai também se incorporando ao jornalismo e

permitindo a recombinação de informações, como será exposto a seguir.

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CAPÍTULO II - REDES SOCIAIS E JORNALISMO NO TWITTER

As redes sociais são uma das principais vertentes da interação e participação do

público através da Internet a partir do século XXI e se formam “quando uma rede de

computadores conecta uma rede de pessoas e organizações”, uma tradução livre de Recuero

(2009) para a frase “when a computer network connects people and organizations, it is a

social network”, de Garton, Haythomthwaite e Wellman (1997 apud RECUERO, 2009, p.

15).

Portanto, falar em redes sociais na Internet é avaliar os tipos de conexões estabelecidas

no ciberespaço (RECUERO, 2009). Na sociedade da informação tecnológica, o

estabelecimento de relações na web fica cada vez mais demarcado, aspecto este relacionado à

chamada comunicação mediada por computador. Por sua vez, os atores dessa comunicação,

também usuários das redes sociais, passaram a ter um papel bastante ativo na segunda geração

da Internet, caracterizada pela colaboração e pela interação.

No final do século XX e início do século XXI, houve a intensificação do acesso à rede

mundial de computadores. Nesse espaço, verificou-se ainda a ampliação das possibilidades de

interação e mesmo da produção de conteúdo no ciberespaço. Essas ações fazem parte de uma

fase da plataforma web caracterizada por alguns autores como web 2.0, termo usado pela

primeira vez por Tim O‟Reilly9

para se referir a uma nova versão da Internet enquanto

plataforma para o desenvolvimento de aplicativos que exploram as potencialidades da

inteligência coletiva (O´REILLY, 2005 apud NUNES, 2009).

9 Tim O'Reilly é o fundador da O'Reilly Media, uma companhia de mídia e editora americana que publica

livros e websites e organiza conferências sobre temas de informática. Ativista em movimentos de apoio ao

software livre e código livre, O'Reilly é tido como o criador da expressão Web 2.0.

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26

O princípio chave da web 2.0 é que quanto mais pessoas usam os serviços mais

positivos eles se tornam. Exemplo disso é o site Youtube10

, fundado em 2005, que se

popularizou porque permite que seus usuários compartilhem vídeos em formato digital.

Nesse caso, quanto mais pessoas postarem vídeos no site, maior a variedade e maior o

número de acessos. Outros exemplos desta nova fase seriam os sistemas wiki11

, os blogs12

e a

categorização dos conteúdos por meio de tags13

. Portanto, os sites da geração 2.0 se

caracterizam por plataformas de interação, “espaços abertos os quais permitem que

qualquer um possa não só consumir como também produzir conteúdo” (ZAGO, 2008a, p.

13).

Alex Primo (2007, p. 01) também apresenta sua contribuição para a definição do

termo web 2.0:

A Web 2.0 é a segunda geração de serviços online e caracteriza-se por

potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de

informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os

participantes do processo. A Web 2.0 refere-se não apenas a uma

combinação de técnicas informáticas (serviços Web, linguagem Ajax, Web

syndication, etc.), mas também a um determinado período tecnológico, a um

conjunto de novas estratégias mercadológicas e a processos de comunicação

mediados pelo computador.

Assim, a web 2.0 se caracteriza pela possibilidade de usuários e desenvolvedores de

softwares modificarem sua plataforma através de alguns aplicativos, além de compartilhar

informações, comunicar, interagir, transmitir imagens, vídeos e músicas, através da banda

larga. Portanto, o conteúdo disponível na rede é marcado pela inteligência coletiva (NUNES,

2009), já que os usuários não mais apenas recebem conteúdo, mas também participam de sua

produção.

1. As redes sociais no ciberespaço: conceito e surgimento

Com a globalização e a evolução tecnológica, o ser humano tornou-se capaz de

superar o tempo e a distância, através de meios de comunicação imediata, que conectam

10

http://www.youtube.com 11

A plataforma wiki refere-se à construção livre e coletiva de conhecimento na web. Ela permite que os usuários

adicionem, removam e editem o conteúdo, fazendo uso de links, imagem ou som. 12

Contração do termo “web log”, que refere-se ao site que permite rápida atualização através de “posts”, textos

estruturados de acordo com a proposta da página. Uma ou mais pessoas podem ter acesso à edição do blog,

através de sistemas de criação, que oferecem ferramentas que não exigem o conhecimento em HTML. 13

Recursos usados em muitos sites de conteúdo colaborativo, e se referem a palavras-chaves, termos relevantes

associados às informações de que está se tratando.

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27

pessoas de locais extremos do mundo. Paralelamente à web 2.0, as redes sociais surgem para

facilitar o intercâmbio de informações entre os usuários.

Wasserman & Faust; Degenne e Forse (1994; 1999 apud RECUERO, 2009) definem

uma rede social como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos;

os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais).

De acordo com Recuero (2009), os atores são, portanto, as pessoas que participam da

rede, que acabam por moldá-la, através da interação entre si. De outro lado, ela caracteriza as

conexões como os nós da rede, ou seja, as interações, que geralmente são percebidas pelos

“rastros” que os usuários deixam na web, como um comentário que permanece visível até que

seja apagado.

As redes sociais surgiram na Internet em 1995, quando Randy Conrads criou o site

classmates.com, que pretendia conectar ex-alunos de escolas, institutos e universidades. Em

2002, começam a surgiu sites que promovem redes de amigos e ligam as pessoas por meio de

comunidades de interesse (FERRADÁS, 2009).

Em 2004, a Google lança o Orkut14

e surge também o Facebook15

. Esses sites se

constituem em espaços que abrigam as redes sociais, permitindo a seus usuários a construção

de um perfil ou uma página pessoal, a inserção de comentários e a divulgação de todas essas

informações. Nessa categoria, estariam ainda os fotologs16

, os weblogs e os microblogs, como

o Twitter (RECUERO, 2009).

Classificada por Comm (2009) como “revolução no segmento editorial”, a rede social

agrega conteúdos criados por seu público. O autor enfatiza que, atualmente, publicar é

participar.

Pessoas medianas como eu e você – o tipo de gente que não estudou

jornalismo na universidade, que nunca gastou anos como aprendiz de

repórter cobrindo casos policiais locais, e que nunca havia sido bom nem

mesmo para fazer rascunhos, o que se dirá para construir frases – estão

escrevendo sobre assuntos de que gostam e partilhando seus pontos de vista

(COMM, 2009, p. 02).

14

O Orkut é um site de rede social muito popular no Brasil. Foi criado por Orkut Buyukkokten, em 2001, e

lançado pelo Google em 2004. Caracteriza-se pela criação de perfis e comunidades focadas no interesse

pessoal.<http://www.orkut.com>. 15

O Facebook foi lançado em 2004 e criado para ser uma rede de alunos que estavam entrando na universidade.

Idealizado pelo americano Mark Zuckerberg, o site funciona através de perfis e comunidades, além da

possibilidade de se acrescentar aplicativos. <http://www.facebook.com> 16

Os fotologs são sistemas de publicação de fotografias e pequenos textos, que ainda permitem o envio de

comentários. Sua expansão foi impulsionada pela popularização das câmeras digitais. O site Fotolog foi criado

em 2002, por Scott Heiferman e Adam Seifer. < http://www.fotolog.com.br/>

Page 28: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

28

Outros exemplos de redes sociais se espalham pelo ambiente virtual. Os grupos de

discussão são um deles, são sites segmentados criados para que seus membros discutam

determinado assunto entre si. Há ainda os sites especializados no compartilhamento de

fotografias, e que foram impulsionados pela facilidade das câmeras digitais. Exemplo deles é

o Flickr17

, que permite a criação de listas de amigos, com quem você compartilha imagens e

comentários. O sucesso do conteúdo criado por usuários é tão grande que todos os dias

imagens são licenciadas no site (COMM, 2009).

Para Recuero (2009), as redes sociais podem ser de dois tipos: emergentes,

mantidas pelo sistema e que exigem menos esforço dos atores, e as redes de filiação ou de

associação, marcadas pela interação dos atores com as ferramentas, ou seja, sua manutenção

depende do usuário.

2. Os blogs e a geração de conversações

Como já explicitado, a Internet possui características que facilitam a comunicação e a

interação entre os indivíduos, além de agregar recursos como o hipertexto, a multimidialidade

e a instantaneidade. Dessas três características derivam o surgimento dos blogs e das

ferramentas wikis.

Os “weblogs” ou simplesmente “blogs” surgiram em 1997 e são conceituados como

páginas com temática definida e escritas por um único autor ou por coletivo de autores

(ZAGO, 2009b). Contração do termo “web log”, os blogs se referem a sites que permitem

rápida atualização através de posts, textos estruturados de acordo com a proposta da página.

Sua edição ocorre através de sistemas de criação, que oferecem ferramentas que não exigem o

conhecimento em HTML. Os blogs exercem basicamente a função de um diário online,

podendo ser atualizado quantas vezes seu usuário quiser, sem limite de caracteres e podendo

exibir os comentários dos leitores.

O crescimento dos blogs foi impulsionado pelo lançamento da ferramenta Pitas, em 1999, que permitia a criação e a publicação de blogs gratuitamente. No mesmo ano, a empresa

Pyra lançou o Blogger18

, ainda hoje um dos mais utilizados serviços de criação e atualização

dos blogs e que se caracteriza pela facilidade de operação (ZAGO, 2008a).

17

http://www.flickr.com/ 18

http://www.blogger.com

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29

Inicialmente produzidos como uma espécie de filtro das informações da web, pois

indicavam links acrescidos de comentários sobre as páginas, os blogs passaram a ser usados

como verdadeiros diários virtuais após a popularização das ferramentas de publicação. Essas

mesmas ferramentas contribuíram para o surgimento da blogosfera:

o espaço virtual resultante da união de todos os blogs em uma conversação

única. Os blogueiros passaram a citar outras pessoas, através da inclusão de

links para os seus sites, o que criava uma rede de referenciações mútuas

entre blogs (ZAGO, 2008a, p. 19).

Os blogueiros geralmente escrevem textos na intenção de que seus leitores comentem

e agucem a discussão. Um blogueiro bem sucedido não só cria conteúdo como também gera

debates. Para Comm (2009), publicar na web significa também participar, gerar conversações

que podem resultar em comunidades: “essa é a real beleza da mídia social, e [...] a mídia

social sempre poderá ter como resultado firmes conexões entre os participantes” (COMM,

2009, p. 03).

Porém, nem todos os blogueiros são especialistas, a grande maioria são pessoas

comuns, que compartilham suas ideias e imagens com o mundo. A própria criação de um blog

não é nada complexa. Basta se cadastrar em qualquer serviço de blog, como Blogger ou

Wordpress19

, e há inúmeras ferramentas que facilitam as postagens.

Cunha (2004) ressalta que escrever em blogs não é sinônimo de fazer jornalismo, já

que muitos blogs são marcados pela informalidade da linguagem e por conteúdos pouco

confiáveis. Por outro lado, seu sucesso já é um indicador de que o cidadão tem consumido

informação que já não passa, necessariamente, pela mediação do jornalista.

De modo geral, os blogs podem ser identificados por algumas características,

apontadas por Zago (2008a) como: apresentação das informações em ordem cronológica

inversa, publicação de microcontéudo, porções de conteúdo produzidas especificamente para

a web e que podem ser acessadas fora do contexto original, informalidade e impessoalidade

do espaço, interatividade e atualização constante. A autora aponta ainda formatos diferentes

entre os blogs, diferenciados pelo conteúdo produzido: tumblelogs, cujas postagens fazem uso

predominantemente de fotos, citações, diálogos e vídeos; videologs ou vlogs, que são blogs

com postagens em formato de vídeos; fotologs, utilizados para imagens e fotografias;

audiologs, em que predominam arquivos de áudio, os chamados podcasts20

; microblogs, cujas

postagens são mensagens curtas, como será detalhado na seção seguinte.

19

http://wordpress.org/ 20

Reprodução periódica de áudio na web.

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30

3. A onda dos microblogs e o fenômeno Twitter

Os serviços de microblogging apresentam a questão da agilidade no compartilhamento

de conteúdo. Eles são o oposto da maioria dos sites de redes sociais: enquanto estes tendem a

promover que seus membros insiram o máximo de conteúdo possível, os microblogs

delimitam o conteúdo que será inserido, acreditando que isso incentiva a criatividade

(COMM, 2009).

Zago (2008a) aponta uma diferenciação entre os termos microblog e microblogging. O

primeiro refere-se ao formato que congrega blog, rede social e mensagens instantâneas em

rápidas postagens. O caráter de rede social vem do fato de haver interação social, já que os

usuários possuem um perfil e uma lista de contatos que dá margem para a interação. Por

outro lado, existe a possibilidade de troca de mensagens curtas entre seus membros,

caracterizando assim a faceta de conversação por mensagens instantâneas do site. Já o termo

microblogging diz respeito à ação de postar os textos curtos.

Ainda na definição de Zago (2008a, p. 25), os microblogs são ferramentas de

publicação derivadas dos blogs, mas “[...] com funcionalidades reduzidas em relação aos

blogs, cuja diferença mais marcante diz respeito ao tamanho das atualizações, que

costuma ser limitado a no máximo 200 caracteres, em formato predominantemente de texto”.

O termo microblogging teria sido usado pela primeira vez, em 2002, no blog de

Natalie Solent21

, quando ela se referiu a postagens curtas (ZAGO, 2008b). A onda dos

microblogs teve inicio em 2006 com o Jaiku22

, seguido pelo Pownce23

, em meados de 2007, e

atualmente com o Twitter.

Os microblogs possuem limitação no que se refere à quantidade de caracteres

permitida, já que a ideia é viabilizar a publicação também por dispositivos móveis como o

celular. Em geral, possuem as mesmas funcionalidades de um blog, mas de forma

simplificada. Nos blogs, por exemplo, a conversação é marcada apenas pelos comentários,

enquanto que nos microblogs os próprios posts se constituem em interação entre os usuários.

21

http://www.nataliesolent.blogspot.com 22

O Jaiku foi fundado 2006 por Jyri Engeström e Petteri Koponen, na Finlândia, e lançado em julho de 2006.

Adquirida pelo Google em 2007, a ferramenta passou a ser acessível apenas para usuários convidados. As

atualizações podem ser feitas por IM, SMS, pela web ou pelo celular. Além disso, seus usuários podem

compartilhar suas atividades online de outros sites, como Flickr, Last.fm, blogs e Twitter.

<http://www.jaiku.com/> 23

O Pownce é um servidor para microblogging aberto ao público em 2008. Criado por Kevin Rose, Leah Culver

e Daniel Burka, tem como diferencial a possibilidade de enviar arquivos, links e eventos. <http://pownce.com/>

Page 31: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

31

Outros microblogs menos utilizados também podem ser citados, tais como o Spoink24

,

que permite o envio de áudio; o Yammer25

, de cunho corporativo, cujos usuários postam sobre

o que estão trabalhando; e o Plurk26

, cujas postagens aparecem na horizontal, como uma linha

do tempo.

Os microblogs apresentam ainda características comuns aos blogs, mas em formato

simplificado: microconteúdo, informalidade, interatividade e velocidade (ZAGO, 2008a).

Fidalgo e Canavilhas (2009, p. 115-116) apontam a tendência de que a Internet seja a

principal fonte de informação e que o acesso à rede seja feito cada vez mais a partir dos

celulares. Nesse sentido, o autor destaca as possibilidades oferecidas pelo Twitter:

Um dos possíveis modelos de informação noticiosa na Internet móvel,

combinando comunicação pessoal com informação noticiosa, é o modelo do

Twitter. O serviço de microblogging oferece a possibilidade de seguir

indivíduos, instituições e jornais, de responder diretamente e de postar urbi

et orbi as suas experiências e pensamentos. Em um modelo que copia o

SMS, de texto curto, reduzido a 160 caracteres, os tweets são textos de, no

máximo, 140 caracteres. As mensagens sucintas ajustam-se ao tipo de vida

móvel e fragmentada do cotidiano contemporâneo. Sem tempo para ler

grandes textos, pressionados por mil e um afazeres, os indivíduos, sobretudo

os jovens, preferem mensagens curtas e secas.

Todos esses atrativos oferecidos pelo Twitter – atualização via celular, mensagens

curtas e possibilidade de criar vínculos úteis com os seguidores – fizeram do microblog um

dos mais populares da categoria.

3.1 Nascimento e características do Twitter

O Twitter é um site que traz um serviço de microblogging, permitindo que os usuários

postem pequenos textos de até 140 caracteres, através de SMS (short message service) pelo

celular ou de IM (instant messenger), pela web, por Internet móvel ou por e-mail (ZAGO,

2008a).

Foi idealizado e criado pelo americano Jack Dorsey, um programador de softwares

para rastreamento de táxis, em 1992. Implantado como um serviço interno em março de 2006

pela empresa Obvious (São Francisco, EUA), de Evan Williams (o mesmo criador do

Blogger), só foi lançado a público em outubro de 2006. A ideia surgiu durante uma conversa

informal entre Dorsey e Williams e se constituía em criar um aplicativo instantâneo que

tivesse como foco o que as pessoas estão fazendo e que unisse o recurso de SMS à web

24

http://www.spoink.com 25

http://www.yammer.com/ 26

http://www.plurk.com/

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32

(AGUIAR; PAIVA, 2009; COMM, 2009).

O microblog começou a se popularizar em 2007, quando se desvinculou da empresa, e

depois de conquistar o prêmio South by Southwest Web27

, no mesmo ano. Um dos serviços

que atrai os usuários do microblog é a característica de plataforma aberta, que permite o uso

de aplicativos que ampliam as possibilidades do site.

Além disso, o Twitter não só permite atualizações instantâneas pela Internet, como

também através de dispositivos móveis. Seus usuários podem enviar e receber mensagens

SMS de seus aparelhos para o microblog de onde quer que estejam.

Um novo mundo de possibilidades é aberto para quem tuita pelo celular,

porque mesmo a mobilidade do laptop não se compara ao que você pode

fazer quando carrega a internet no bolso. Ele traz contexto para as trocas de

informação: você está no bar, no shopping, no aeroporto e pode compartilhar

pequenas jóias do cotidiano, uma frase solta e mesmo uma imagem ou um

vídeo quando o equipamento tiver câmera (SPYER, 2009, p. 34).

O poder dessa associação com o sistema SMS é demonstrado por Comm (2009, p. 29):

Em abril de 2008, James Buck (twitter.com/jamesbuck), um estudante de

jornalismo da Universidade da Califórnia em Berkeley, foi preso com seu

intérprete, Mohammed Maree, enquanto fotografava uma manifestação

contra o governo do Egito. Sentado no carro da polícia, Buck conseguiu

usar seu celular para mandar uma única palavra de mensagem – “preso” –

para seus seguidores no Twitter. Imediatamente, eles alertaram a embaixada

norte-americana e sua faculdade, que sem demora conseguiu um advogado

para ele. James continuou a fazer atualização sobre sua prisão, por meio do

Twitter, e foi solto no dia seguinte quando anunciou no Twitter, com a

palavra “livre”.

Pode-se pensar que o limite de 140 caracteres por postagem impostos pelo Twitter tem

o objetivo de diversificar, aguçar a criatividade, porém essa regra só vale porque as

operadoras de celulares fixam o limite máximo de 160 caracteres para os SMS. E essa

limitação caiu no gosto do público: “Os leitores esperam que o conteúdo no Twitter seja

pequeno. Esperam poder ler e absorver tudo de uma só mordida: o conteúdo é de um lanche, e

não refeições de três pratos com café” (COMM, 2009, p. 109).

Segundo monitoramento divulgado pela StatCounter, em abril de 2010, o Twitter é a

mídia social mais acessada no Brasil, com 55,84% (conforme gráfico abaixo). No mesmo

período do ano passado, o Orkut liderava em número de acessos. A nível mundial, o Twitter

aparece na terceira posição entre as ferramentas mais acessadas, com 7,15%. A metodologia

27

Festivais de cinema e música que acontece no Texas, EUA. O evento inclui lançamento de ferramentas ligadas

à tecnologia.

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33

empregada pelo StatCounter para medir o tráfego nas redes sociais baseia-se em um código

instalado em mais de três milhões de sites no mundo inteiro. Esse código é capaz de

identificar se um usuário passou pela rede social e seu país de origem, a partir do IP.

Figura 01 – Estatísticas de acesso a redes sociais no Brasil

A proposta do Twitter é de uma ferramenta de comunicação, um canal onde o usuário

pode informar outras pessoas sobre sua vida e seu trabalho (COMM, 2009). Sua estrutura é

constituída de seguidores (followers) e pessoas a seguir (following). Cada usuário escolhe

quem deseja seguir e pode ser seguido por outros: “[...] é um pouco como um reallity show da

TV, no qual você pode escolher dentre milhões de vidas para seguir, em vez dos indivíduos

estranhos que os produtores enfiam na casa do Big Brother” (COMM, 2009, p.124).

Os usuários geralmente personalizam suas páginas no Twitter, com inserção de plano

de fundo, imagem e definição da “bio”, que é a descrição de quem você é e faz. O conceito de

“seguir” constitui-se, aqui, em receber as frases públicas de 140 caracteres postadas pelos

usuários a quem se segue. A essas mensagens chama-se tweets. Mas o Twitter não se constitui

apenas um mural de postagens. O site abre outras possibilidades, tais como a comunicação

com os seguidores, através do envio de mensagens particulares e de referência a uma pessoa

ao usar @ antes do nome, sendo que todos os seus seguidores poderão ver essa citação. Ao

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34

responder a um seguidor ou contatá-lo, é necessário usar o botão “reply”28

. Há ainda a

possibilidade de retransmitir tweets de outros usuários, através da opção “retweet”29

.

Uma das coisas que faz o Twitter ser uma ferramenta tão poderosa é o fato

de que uma informação colocada no site pode rapidamente se espalhar como

um vírus. Quando uma pessoa assinala um bom tweet, pode passar essa

mensagem para seus próprios seguidores, e logo estará se espalhando por

todo o Twitterverso e além (COMM, 2009, p. 107).

Para Comm (2009), existem dois tipos de tweets: os de conversações, que foram

concebidos para disseminar discussões; e os de transmissão, que servem para levar aos

seguidores informações cotidianas. Dentro dessas duas linhas, existem outras categorias:

tweets com o objetivo de divulgar links ou fotos, de publicar pensamentos ou ações recém

realizadas, tweets com uma pergunta ou solicitação de ajuda, e tweets de diversão, que

promovem a distração dos seguidores.

O Twitter têm ainda uma função que permite o conhecimento sobre os termos mais

citados a nível mundial. Trata-se da lista Trending topics, que aparece no canto direito da

página inicial do microblog, após o login. Nesta lista, aparecem as hash tags, palavras-chaves

destacadas pelo símbolo # mais mencionadas pelos usuários naquele momento.

Os tweets foram concebidos para que se descreva o que se está fazendo no momento.

Originalmente criado a partir da pergunta “What are you doing?”, que remetia a trivialidades

do cotidiano, a ferramenta foi além dessa proposta e foi apropriado por seus usuários, tanto

para fins de conversação, marketing e até para troca de informações de relevância jornalística.

(CARVALHO; BARRICHELLO, 2009; RECUERO, 2009; ZAGO, 2008a), tanto que a

pergunta original foi alterada para “What’s happening?”, ou seja, “O que está acontecendo?”.

Processo semelhante ao que ocorreu com os blogs, na medida em que pessoas comuns

criaram seus blogs inicialmente como diários virtuais e muitas vezes chamam a atenção pelo

conteúdo informativo que produzem. Surgiram, com isso, especialistas blogueiros em

diversas áreas que passaram a atuar como influenciadores na rede. Da mesma forma, no

Twitter, usuários mais participativos passaram a se destacar:

[..] a capacidade de obter boas respostas no Twitter é uma de suas maiores

vantagens. Todo o site age como um fórum gigantesco, no qual especialistas

em toda sorte de assunto estão dispostos a oferece seus conselhos a

praticamente qualquer um que os solicite (COMM, 2009, p. 86).

Além do caráter jornalístico, que será detalhado adiante, o uso do microblog vem

sendo apropriado também para a autopromoção. De acordo com Primo (2009) vivemos em

28

Replicar, responder. 29

Retransmitir, repassar.

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35

uma sociedade narcisista, que busca alcançar fama e celebridade. Atualmente, a esfera digital

tem contribuído para essa busca pelo status, as pessoas usam a Internet como forma de

alcançar o reconhecimento pela mídia. No Brasil, um dos casos mais conhecidos é o da

curitibana Tessália Serighelli, que mantinha a personagem @twittess. Em pouco tempo, ela

atingiu mais de 40 mil seguidores, conseguindo levar essa popularidade à outros veículos, já

que foi entrevistada por revistas de renome como Playboy e Vip, e ainda foi uma das

selecionadas para participar do reality show mais conhecido do Brasil, o Big Brother Brasil,

na décima edição em 2010. Esse caso pode ser relacionado à afirmação de Primo (2009, p.12-

13), a respeito da fama instantânea obtida na Internet:

Cabe agora comentar a clara presença de posturas narcísicas na blogosfera e

o desejo pela fama. Apesar do potencial oferecido pelas mídias sociais para a

produção de conteúdos diferentes do que oferece a mídia de massa, com

facilidade encontram-se produções que buscam justamente reproduzir na

internet o padrão da grande mídia [...]. Sendo os blogs e o Twitter meios de

comunicação, poder-se-ia esperar que logo apareceriam celebridades da

blogosfera e da twittosfera.

A produção colaborativa de conteúdo através do Twitter se dá também nos momentos

marcados por tragédias. Nesse sentido, pode-se citar o tremor ocorrido em São Paulo, em

abril de 2008, e as enchentes que atingiram Santa Catarina, no final do mesmo ano. Os

usuários dessas regiões recorreram ao microblog para divulgar suas impressões, em tempo

real, sobre o caso.

Outro episódio nesta linha é citado por Comm (2009) e refere-se ao ataque terrorista

ocorrido em Mumbai, na Índia, em novembro de 2008, quando as primeiras fotos e manchetes

sobre o assunto não vieram de veículos jornalísticos, mas sim do Twitter, postadas por

pessoas comuns que estavam no local. O fato rendeu, inclusive, uma matéria na CNN,

intitulada “Twittando o terror: como a mídia social reagiu a Mumbai”.

[...] nada melhor do que isso para demonstrar como a tecnologia mudou a

maneira como nos comunicamos e interagimos. [...] Vivemos uma época em

que simples cidadãos têm o poder de conduzir informações para as massas

como nunca antes. As maiores redes de mídia não conseguem noticiar tão

rapidamente ou com tamanha precisão como aqueles que estão na cena em

que se desenrolam os acontecimentos (COMM, 2009, p. 22).

Outra vertente é o uso do microblog como ferramenta de marketing, para difundir

marcas e promover a publicidade de determinados produtos. Comm (2009) não só afirma o

poder do Twitter como instrumento de marketing, como também apresenta um manual

detalhado de como divulgar o negócio pelo microblog, que inclui a construção do perfil de

modo a atrair seguidores, o tipo de pessoa a quem seguir e como postar mensagens atrativas.

Page 36: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

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Afinal, segundo o autor, “seguidores são potenciais compradores”. Atualmente, já existem

postagens no Twitter que se constituem em verdadeiras promoções, sendo oferecidos códigos

de desconto, de duração limitada. Spyer (2009) também ressalta essa tendência do uso do

Twitter pelas empresas como um canal direto com o consumidor:

a idéia de seguir uma pizzaria pelo Twitter só soa estranha até você descobrir

que essa é a pizzaria na esquina da sua casa. O estabelecimento poderá,

obviamente, receber pedidos, mesmo quando você estiver saindo do trabalho

ou no trânsito, para não precisar esperar pela comida, e não só isso. Aqueles

anúncios de promoções que dependiam de panfletos impressos dão lugar a

tuitadas, podendo informar mudanças nas horas de funcionamento, ofertas,

produtos novos e eventos. Da mesma maneira, empresas internacionais, com

presença em centenas de cidades, terão a oportunidade de promover a

comunicação dentro de mercados locais (SPYER, 2009, p. 49).

Além do empresarial, o meio político também já percebeu o potencial do microblog no

que se refere à audiência. Nesse sentido, cabe destacar a campanha do então candidato à

presidência dos Estados Unidos Barack Obama, que dedicou estratégia específica para a web,

em 2008, em especial para as redes sociais, como o Twitter. A iniciativa rendeu a mobilização

de muitos eleitores militantes na esfera online e Obama conseguiu montar uma rede de

influência muito maior do que seu adversário republicano, o senador John McCain, a quem

derrotou nas urnas.

4. Política e Twitter: campanha em 140 caracteres

A presença de Obama no Twitter e em outras redes sociais e sua posterior chegada à

presidência dos Estados Unidos marcou o início do que pode ser chamado de período 2.0 das

campanhas eleitorais. Graeff (2009) destaca o fato de que essa evolução não tem a ver com a

mera utilização das redes sociais pelos políticos, mas sim com o uso participativo dessas

novas mídias pelos cidadãos. Ao invés de apenas receberem conteúdo, os usuários de redes

sociais opinam e alguns se engajam na defesa de seus políticos e partidos. Esse é o grande

diferencial das redes sociais: substituir a simples recepção por ações que se desdobram.

O que poucas pessoas sabem é que existe um exemplo de uso bem sucedido da

Internet em campanhas eleitorais anterior ao de Barack Obama. Nas eleições de 2004, o pré-

candidato democrata, Howard Dean, foi o “primeiro candidato em uma corrida presidencial a

conseguir de fato usar a internet como mais que uma ferramenta de comunicação de mão

única” (GRAEFF, 2009, p. 07). Durante as eleições internas (chamadas prévias) que definem

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37

o candidato que concorrerá nas eleições, Dean usou a internet para mobilizar simpatizantes e

levantar fundos. Ele usou o serviço online Meetup, onde os usuários criam grupos de acordo

com a localidade e com os interesses, que se reúnem esporadicamente. Dentro do site, já havia

alguns grupos que se reuniam para conversar sobre a candidatura de Dean. Aproveitando o

fato, a campanha incluiu na página do site do candidato um link para a sua página no Meetup,

fazendo com que o número de participantes nos encontros disparasse de 2.700 para 8 mil

pessoas, chegando a 190 mil durante a campanha. Por problemas na organização da

campanha, Dean perdeu algumas das eleições primárias e desistiu da disputa em fevereiro de

2004. Talvez por não ter resultado em vitória, como no caso de Obama, sua experiência não é

amplamente relembrada.

Nos Estados Unidos, em razão de o voto não ser obrigatório, o candidato precisa antes

de tudo convencer as pessoas a se registrarem para votar e comparecer para confirmar o voto

no dia da eleição. O que Barack Obama fez foi focar sua campanha nos jovens, e sua arma

para isso foram justamente as redes sociais. A campanha mostrou uma juventude com desejo

de participar da política, a seu modo: com o uso de Facebook, Twitter e compartilhando

vídeos no YouTube.

No Brasil, um dos primeiros exemplos de uso das redes sociais em campanhas ocorreu

em 2002, quando a equipe de José Serra, que concorria à presidência, criou o Pelotão 45,

formado por um grupo de voluntários internautas.

A partir de um monitoramento da cobertura noticiosa, de críticas e sugestões,

o comando de campanha enviava ao pelotão missões para serem executadas

online: votar na enquête de um site de determinada maneira, rebater

acusações em um fórum de discussão etc. (GRAEFF, 2009, p. 35).

Mas os políticos brasileiros ainda apresentam pouca familiaridade com a Internet,

explicada por Graeff (2009) pelo fato de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impunha

muitas restrições ao uso da web antes da Lei 5498/09, aprovada para as campanhas de 2010.

O domínio das mídias sociais pelos políticos brasileiros deve se potencializar a partir

das eleições de 2010, frente à liberação da propaganda política na web. A presença de

candidatos já pode ser percebida no microblog Twitter. Motivados pelo bem sucedido

exemplo de Obama, os candidatos fazem sua campanha particular reduzida ao espaço de 140

caracteres. Entre eles estão os candidatos à presidência, José Serra (twitter.com/joseserra_),

Dilma Rousseff (twitter.com/dilmabr) e Marina Silva (twitter.com/silva_marina), entre outros.

A presença deles no microblog será analisada adiante.

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38

A importância do Twitter enquanto canal de comunicação com o eleitor reside no fato

de que “o candidato pode levar dados em primeira mão que ajudem o eleitor a formar sua

opinião e também motivem os participantes da rede a repassar essa informação” (SPYER,

2009, p. 69). Além disso, o microblog permite que o candidato se mostre ao eleitor como

alguém além da figura pública, na medida em que pode expressar pensamentos, emoções e

atividades do dia a dia.

Cabe citar três episódios do campo político que repercutiram no Brasil e tiveram o

Twitter como cenário. O primeiro deles aconteceu em junho de 2009, quando os brasileiros

comandaram um movimento no microblog que pedia a renúncia de José Sarney, por seu

envolvimento em várias denúncias de corrupção. Para isso, os usuários postavam mensagens

de protesto acompanhadas da tag #ForaSarney. Para mobilizar também internautas de outros

países, os brasileiros escreveram na ferramenta What the trend, disponibilizada pelo Twitter

para que seus usuários entendam o motivo de uma tag estar na lista das mais citadas. Em

inglês, os brasileiros justificaram que o político era um ex-presidente do país, na época

senador do Amapá e que havia se envolvido em escândalos de nepotismo. Explicaram ainda

que o termo “fora” estava ligado à exigência de renúncia pela população. A estratégia

funcionou e twitteiros de todo o mundo passaram a retransmitir as mensagens, mantendo a

manifestação na lista dos Trending Topics.

O segundo episódio diz respeito a uma mensagem postada pelo senador Aluísio

Mercadante, do Partido dos Trabalhadores, em agosto de 2009. Pelo Twitter, ele anunciou em

primeira mão sua saída da liderança do partido em “caráter irrevogável". Mercadante

condenava a postura do Partido dos Trabalhadores (PT) em apoiar o arquivamento das

denúncias de corrupção contra José Sarney (então presidente do Senado), no Conselho de

Ética. A repercussão da mensagem foi imediata, tanto entre os usuários do microblog quanto

entre os veículos de comunicação. Mais tarde, Mercadante escreveu outra mensagem, dizendo

ter sido chamado pelo presidente Lula para uma conversa antes de sua renúncia oficial. Após

essa conversa, Mercadante decidiu permanecer no cargo e reconheceu o erro em outra

mensagem no Twitter, sendo criticado por twitteiros, outros políticos e pela mídia. O que

interessa destacar neste caso é a repercussão que um tweet postado no calor dos fatos

adquiriu, tendo provocado inclusive uma resposta imediata do presidente Lula, que convocou

Mercadante.

Outro episódio, talvez o caso mais relevante no que se refere ao uso do Twitter nas

campanhas eleitorais de 2010, foi protagonizado pelo presidente do Partido Trabalhista

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39

Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson, que divulgou no microblog, em junho deste ano, que o

vice-candidato à presidência na chapa de José Serra seria Álvaro Dias (Partido da Social

Democracia Brasileira PSDB-PR). A declaração causou desconforto no mundo político, pois

o partido Democratas (DEM), aliado na chapa de Serra, não havia sido consultado. Mais

tarde, após desistência de Álvaro Dias, o nome de Indio da Costa, filiado ao DEM, foi

anunciado. Assim, a declaração precipitada de Jefferson no Twitter provocou alterações no

cenário político.

São esses tipos de informações postadas por políticos no Twitter que o trabalho se

propõe a analisar, na medida em que elas são acompanhadas pelos repórteres que, ao notarem

relevância, têm a possibilidade de checar os fatos até que se chegue efetivamente a uma

notícia. Mais do que isso, o Twitter permite que o jornalista visualize até mesmo a reação dos

usuários aos textos postados pelos políticos; é uma espécie de termômetro. Isso sem contar

que a ferramenta permite a conversação aberta e em tempo real entre candidatos de posições

opostas, dando margem a debates.

Como se vê, o Twitter vem sendo utilizado para múltiplos fins não só na política, no

ambiente corporativo e pelo marketing, mas também por jornalistas e seus meios de

comunicação, aspecto a ser detalhado na seção seguinte.

5. As apropriações jornalísticas do Twitter

Com a web 2.0 e o surgimento de novas tecnologias, as práticas colaborativas de

produção de conteúdo se proliferaram, facilitadas por recursos como câmeras acopladas a

celulares, possibilidade de edição e publicação de áudio e vídeo na Internet. O público, que

antes apenas recebia um conteúdo pronto, passa a participar na produção de informação, já

que os recursos agora podem ser utilizados por amadores. Isso ocorre também nos sites de

redes sociais e, no caso do Twitter, tanto os usuários podem receber atualizações feitas por

veículos jornalísticos que possuem perfil no microblog quanto o próprio conteúdo enviado

pelos seguidores comuns pode apresentar informações de caráter jornalístico.

Embora não se caracterize jornalismo propriamente dito, o uso do Twitter para a

divulgação de informações de interesse público por pessoas comuns pode servir ao jornalismo

enquanto ferramenta para complementar a produção tradicional:

[...] quando alguém compartilha informações sobre um determinado

acontecimento com seus contatos em uma rede social, esse indivíduo pode

não estar necessariamente praticando um ato de jornalismo de modo

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40

consciente, embora sua atualização possa vir a ter caráter jornalístico, na

medida em que o conteúdo possa vir a ser de interesse para muitos

(ZAGO,2009a, p. 04-05).

Esse aspecto se relaciona ao conceito de jornalismo cidadão, expressão criada pelo

jornalista norte-americano Dan Gillmor para designar as pessoas que não possuem formação

jornalística, mas, uma vez que acessam as ferramentas de produção, podem produzir conteúdo

para um espaço pessoal ou colaborar com um veículo (CASTILHO; FIALHO, 2009).

Segundo os autores, esse movimento foi iniciado pelos blogs que, ao focarem em questões

comunitárias nas postagens, fizeram com que a mídia redefinisse o espaço que dava às

notícias locais.

[...] A grande diferença da era digital em relação à era analógica é que a

captura do conhecimento tácito não é mais feita exclusivamente pelos

chamados especialistas, entre eles os jornalistas. Os equipamentos digitais e

a Internet colocaram nas mãos de pessoas sem formação acadêmica as

ferramentas necessárias para também executar essa função, criando

simultaneamente a necessidade de colaboração, quase uma alquimia, entre as

multidões que conhecem pouco e os poucos que conhecem muito

(CASTILHO; FIALHO, 2009, p. 139).

Exemplo dessa prática no Twitter aconteceu nas eleições do Irã em 2009, quando boa

parte da mídia local e internacional não pôde divulgar os acontecimentos por conta da censura

ditatorial do governo, então a população fez sua parte e, em tempo real pelo microblog,

informou ao resto do mundo sobre o que acontecia. Outro episódio nesta linha aconteceu na

China em maio de 2008, país onde as notícias precisam ser aprovadas pelo governo antes de

serem distribuídas pelas agências internacionais. Na ocasião, os usuários do Twitter

anunciaram em tempo real a ocorrência de um terremoto, “furando a Grande Muralha da

Internet na China e também os principais veículos de comunicação do mundo” (SPYER,

2009, p. 57).

Casos assim ilustram um novo sentido dado ao jornalismo, na medida em que se

destaca o jornalismo participativo/colaborativo, quando o público passa a ser fornecedor de

informações e referência para a elaboração de pautas. O jornalismo pode se basear nesses

conteúdos para iniciar um processo de checagem e até produzir notícias com base neles. É o

que afirmam Carvalho e Barrichello (2009, p. 12): “[...] a mídia não é mais um território

delimitado. No Twitter todos estão fazendo mídia, comentando o que diz a mídia, interagindo

e, mais do que isso, participando da produção dos conteúdos”. Ao divulgarem informações

relevantes no microblog, os cidadãos estão chamando a atenção da mídia, tornando a

ferramenta indispensável aos veículos de comunicação:

Page 41: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

41

[...] as apropriações que se faz do Twitter revelam as potencialidades de uso

do site como um agregador de informações, especialmente no que diz

respeito àquelas jornalisticamente relevantes. Tanto o usuário da ferramenta

de microblog pode escolher quem irá seguir no site, para assim “filtrar” e

direcionar sua navegação na web, quanto os demais meios de comunicação

podem se utilizar do serviço para incrementar suas coberturas ou mesmo

acessar fontes de informações (BARRICHELLO; CARVALHO, 2009, p.

11).

Um outro aspecto também presente no Twitter são situações próximas do chamado

jornalismo hiperlocal, descrito por Shaw e Wagstaff (2007 apud ZAGO, 2009b), que consiste

na divulgação de acontecimentos de um bairro, um quarteirão, uma comunidade e até mesmo

de uma rua. Ocorre que os próprios moradores vêm divulgando esses fatos no microblog,

contando os últimos acontecimentos que podem mudar o curso do dia, de forma participativa.

Portanto, os repórteres podem ser pautados por informações divulgadas por perfis de

interesse no Twitter. A atenção a esses tweets constitui, portanto, uma forma de apoio à

produção jornalística, desde que a apuração não seja descartada.

Page 42: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

42

CAPÍTULO III - AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS E POLÍTICA: UMA

RELAÇÃO HISTÓRICA

As agências de notícias surgiram em meio a um cenário de evolução tecnológica, no

século XIX, representado pela invenção do telégrafo. Em razão disso, sua produção sempre

esteve ligada ao emprego de novas tecnologias que possibilitaram velocidade na difusão das

informações. Em pleno século XXI, marcado pela popularização da Internet e pela era da

informação, os veículos de mídia recorrem cada vez mais ao conteúdo produzido pelas

agências de notícias.

Historicamente ligadas ao desenvolvimento tecnológico, as agências, assim como os

meios de comunicação em geral, não podem ignorar o fenômeno das redes sociais, tais como

o Twitter. A partir dele, já é possível observar uma nova forma de se produzir informação

jornalística, tendo como fonte as mensagens divulgadas por determinadas personalidades

presentes no microblog. Essa tendência já é realidade também na produção das agências de

notícias, neste estudo representadas pela Agência Estado. Antes de aprofundar essa questão

no capítulo seguinte, cabem algumas considerações conceituais e históricas sobre o

jornalismo de agências.

Fornecedoras de conteúdo noticioso para seus clientes, que podem ser órgãos de

imprensa, instituições governamentais e privadas, as agências de notícias abastecem grande

parte das empresas jornalísticas, em especial veículos da pequena imprensa e websites de

notícias, que não possuem estrutura para deslocar repórteres aos grandes centros do poder

econômico e político nacional – São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília –, e tampouco para

enviar correspondentes para a cobertura internacional, como destaca Ferrari (2004, p. 19): “A

Page 43: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

43

partir de 2001, o conteúdo jornalístico presente nos portais da internet diminui, passando a ser

originário de um grupo restrito de fontes, como por exemplo, agências de notícias”.

De acordo com Pinho (2003, p. 117), “as agências de notícias são empresas

especializadas de informação que elaboram e distribuem, regularmente e de forma

ininterrupta, noticiário geral ou especializado, fotografias e features, destinados

exclusivamente aos seus assinantes”.

Uma classificação de Erbolato (2002 apud SILVA JUNIOR, 2006a), determina que as

agências de notícias são meios indiretos de informação, já que teoricamente seu material não é

distribuído diretamente ao leitor, mas aos veículos de comunicação, como rádio, televisão,

jornal impresso e sites noticiosos, que se encarregam de fazê-lo chegar aos receptores. O autor

ressalva que essa classificação serve para uma categorização teórica, já que:

[...] graças à diversidade de alternativas e serviços pelos quais as agências de

notícias distribuem conteúdo nos dias atuais, uma mesma notícia da agência

pode estar sendo recebida por um jornal, que pode retrabalhá-la; diretamente

a um cliente; ou ainda, estar presente no site da agência e estar sendo

acessada de forma aberta por um internauta. Todavia, a categorização é

válida para contextualizar o caráter de descentralização da produção dos

jornais posto pela relação com as agências, ainda no século XIX (SILVA

JUNIOR, 2006a, p. 70).

Com o desenvolvimento tecnológico e o fortalecimento do capitalismo no século XIX,

as primeiras agências de notícias surgiram, impulsionadas pelo crescimento dos jornais

impressos. Face ao cenário em que nasceram, a lógica da produção jornalística que orienta o

sistema das agências se insere no modo de produção capitalista e de mercado (MARQUES,

2005).

Um passeio pela história das agências é também uma forma de acompanhar

o surgimento de novas tecnologias de comunicação – o que inclui as

descobertas na área de transportes, que resultaram na redução de distância e

melhoria das trocas de informações e mercadorias em um tempo cada vez

mais curto (MARQUES, 2005, p. 26).

O banqueiro francês Charles-Louis Havas foi o fundador da primeira agência de

notícias de quem se tem relato, Agence de Feuilles Politiques et Correspondance Générale,

mais tarde rebatizada com seu próprio nome. A agência começou a funcionar no ano de 1835,

embora desde o ano de 1832, Havas mantinha um escritório de tradução, que a princípio

prestava serviços informativos financeiros para clientes e capitalistas franceses, como

cotações de mercadorias e matérias-primas, previsões de colheita, decisões políticas e

questões tributárias. Em 1835, Havas transformou seus informantes em repórteres,

Page 44: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

44

distribuindo conteúdo sobre diplomacia, finanças e política para a imprensa (MARQUES,

2005).

Com a invenção do telégrafo, no século XIX, as agências puderam aumentar suas

redes de atuação, expandindo a cobertura internacional e estreitando a ligação com o

jornalismo.

Ao mesmo tempo em que fornecem a ferramenta que alimenta o jornal com

notícias mais imediatas de centros urbanos mais distantes, as agências de

notícias criam a rede pela qual seus serviços poderão ser obtidos. A

crescente interdependência dos centros urbanos de então fornecia e era, ao

mesmo tempo para o mercado de notícias, a sede e a água por informações

(SILVA JUNIOR, 2006a, p. 60).

Em 1848, surgiu nos Estados Unidos a Associated Press (AP), que nasceu em forma

de uma cooperativa, quando representantes de seis jornais usaram um único telégrafo para

unificar o noticiário vindo de fora da região, já que a tecnologia era considerada cara (PINHO,

2003). Hoje, a AP é uma das cinco maiores agências mundiais.

A partir de Havas, outras agências começam a aparecer, quando ex-colaboradores da

empresa passaram a se aventurar no negócio por volta de 1850, criando seus empreendimentos

na Inglaterra (Reuters, fundada por Paul Julius Reuter) e na Alemanha (Wolff, fundada

por Bernhard Wolff). O mundo passa a ser dividido em áreas de exploração de notícias:

Em 1859, em parceria com a Havas, a Reuters, inglesa, e a Wolff, alemã,

fazem acordo de troca de serviços. Em 1880, as três agências,

juntas, controlam a produção de notícias na Europa Ocidental (Portugal,

Espanha, Itália, Países Baixos e Bélgica), mais colônias francesas e

britânicas, Império Otomano e América do Sul. Este cartel, ou monopólio,

de agências fornece o essencial da informação aos jornais, ministérios,

bancos, agências de câmbio (MARQUES, 2005, p. 18). Foram as agências surgidas entre 1830 e 1860 que mais se engajaram na defesa do

chamado “new jornalism30

”, que deveria reportar apenas fatos e excluir completamente o

caráter opinativo que predominava até então, principalmente no noticiário político, com teor

propagandístico (TRAQUINA, 2004).

Silva Junior (2008, p. 06) atesta a importância das agências na ação de circular

notícias e afirma ser necessário o estudo da vinculação destes organismos como modelos que

interagem com o jornalismo. O autor sustenta que as agências:

a) interagem com a produção de notícias para o jornalismo há, pelo menos, 160 anos;

b) sua estruturação como modelos de negócios e geração de notícias se deu em rede;

30

Novo jornalismo.

Page 45: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

45

c) fornecem grandes parcelas de conteúdos que circulam nos jornais, sites de notícias

e agentes do mercado.

No século XX, as agências têm novamente suas rotinas alteradas com a evolução

tecnológica no campo da comunicação, quando o rádio e a televisão se solidificam, a

informática permite o armazenamento de textos e surge a Internet. Marques (2005, p. 26)

atesta as principais inovações com que contavam as agências nas décadas de 1970 e 80:

sistemas a cabo, serviços telefônicos e de teletipo, circuitos de rádio e transmissão via satélite.

Tudo isso fortaleceu a relação já existente entre estas empresas e as tecnologias para a

produção e difusão de informações.

1. Agências de notícias brasileiras

As principais agências de notícias brasileiras surgiram entre os anos 1960 e 1970 e

possuem caráter diferenciado em relação às agências internacionais. Ao invés de abastecerem

o noticiário nacional com informações colhidas por correspondentes ao redor do mundo, as

agências brasileiras estão ligadas aos conglomerados de comunicação já existentes. Todo o

conteúdo internacional é obtido por meio de parcerias com agências estrangeiras, que visa a

troca de notícias, de fotografias e serviços (MARQUES, 2005). Assim, acabam se

constituindo em meras “reprodutoras” de conteúdo de seus jornais impressos ou fornecedoras,

já que produzem notícias para abastecer inclusive os veículos pertencentes ao grupo.

[...] não só nunca houve uma agência brasileira de atuação global,

preocupada em cobrir os fatos do exterior para alimentar o noticiário

internacional da imprensa doméstica, como tampouco as agências que

existiram se importaram em informar sobre o Brasil para fora (AGUIAR,

2009, p. 13).

Mesmo de considerável importância, a bibliografia brasileira sobre o assunto é

extremamente escassa. Segundo Pedro Aguiar (2009), as agências do país falam do Brasil

para o Brasil e o baixo interesse pela pesquisa acadêmica neste ramo reflete o mercado de

trabalho que, por sua vez, é pequeno.

Graças a isso, aliado à manutenção das agências como campo de mercado

diminuto para jornalistas (embora de maior remuneração média, segundo

dados de 1999 do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de

São Paulo), não há livros nacionais sobre jornalismo de agências, não

se ensina essa especialização nas faculdades de jornalismo e pouco se

lembra da importância destas empresas para as condições de produção da

notícia, para a conformação do discurso jornalístico, para a construção

cotidiana das „visões de mundo‟ da opinião pública e para a manutenção de

hegemonias (AGUIAR, 2009, p. 03).

Page 46: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

46

No Brasil, a primeira agência de notícias surgiu na área governamental na década de

1930, quando foi criada a Agência Nacional no período da ditadura militar do governo de

Getúlio Vargas. A AN surgiu a partir do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e

enviava para os diversos jornais e rádios do país notícias relacionadas às atividades do

presidente. A partir de 1979, no governo de João Figueiredo, sua nomenclatura foi mudada

para Empresa Brasileira de Notícias (EBN), passando a cobrir também os ministérios, o

Banco Central, o Congresso Nacional, o Poder Judiciário e órgãos da administração federal.

Até 1985, a EBN existia em paralelo com a Radiobrás, que respondia pela distribuição de

material radiofônico e televisivo (SILVA JUNIOR, 2006b).

Nessa época, a sede da EBN ficava situada em Brasília, mas já possuía sucursais em

outras capitais, como Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Belém e Recife. Em 1985, no

governo de José Sarney, a EBN se fundiu com a Radiobrás, tornando-se a Empresa Brasileira

de Comunicação (EBC). Somente após esse momento é que os serviços da EBN foram

transformados na Agência Brasil, atuante até então.

Hoje, a Agência Brasil é um departamento da Radiobrás e faz cobertura regular do

governo em Brasília. Segundo Silva Junior (2006b), a agência prepara materiais que são

distribuídos para a mídia comercial e para uso interno da Radiobrás. Oferece 11 serviços que

são disponibilizados na Internet, tais como: Brasil Agora, Economia, Política, Nacional,

Agenda do Presidente da República, Brasilian News, Fotografia, Radioagência Nacional, TV

Brasil.

Outras duas agências de notícias brasileiras surgiram após a Agência Nacional. Em

1931, Assis Chateaubriand fundou a Agência Meridional para distribuir os conteúdos dos

jornais de seu grupo Diários Associados, que era mantido através de contribuições de seus

próprios donos. Em 1966, foi fundada a AJB, para revender as notícias do Jornal do Brasil.

Marques (2005, p. 21) assinala que a AJB “foi a primeira a colocar na rede, em 1995, um

serviço de notícias em tempo real no país, com edições diárias na Internet, e o primeiro

sistema eletrônico de transmissão de fotos”.

As maiores agências brasileiras são fontes de negócios para os já existentes grupos de

comunicação nacionais, quase sempre familiares. A Agência Estado está ligada ao Grupo

Estado, responsável também pela edição de O Estado de S. Paulo, foi fundada em 1970 e

ocupa o lugar de mais importante agência do país. Por ser a empresa escolhida para testar as

hipóteses deste estudo, será melhor detalhada adiante. Sua maior concorrente, a Agência O

Globo, foi fundada em 1974, sendo ligada às Organizações Globo, pertencente à família

Page 47: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

47

Marinho. A agência comercializa o conteúdo dos jornais O Globo, Extra e Diário de S. Paulo,

e O Globo On-Line (MARQUES, 2005). A Folhapress foi criada em 1994 e está ligada ao

Grupo Folha da Manhã, pertencente à família Frias. Não possui um caráter de agência

noticiosa, mas de reprodutora de notícias dos jornais impressos do grupo, porém foi pioneira

na disponibilização de um banco de imagens online de fotojornalismo.

No Brasil, existem ainda “pequenas” agências de notícias, que possuem um serviço

especializado e alternativo. Entre elas está a Agência de Notícias dos Direitos da Infância

(ANDI), criada em 1993, com a missão de contribuir para a promoção dos direitos da criança

e do adolescente através dos meios de comunicação. Há ainda a Agência Lance Press,

pertencente ao jornal Lance!, e a BRpress, criada em 1997, que fornece material noticioso

para a Internet e é mais focada em colunas e artigos. A Carta Maior, fundada em 2001, é uma

agência de notícias que publica material para veículos informativos de entidades e

organizações sociais e acadêmicas.

Existem ainda agências especializadas em meio ambiente como a ECOpress, Amazon

Press e a Envolverde; e especializadas em análise econômica e em políticas públicas, como a

Agência Dinheiro Vivo. Além dessas, é possível citar ainda a Agência Câmara, a Agência

Senado, Agência FAPESP, a Agência Migrantes, a Agência de Notícias da AIDS e a Agência

de Notícias do Cooperativismo (ANC). Ao contrário das grandes agências, que também

abastecem com conteúdo os veículos do próprio grupo ao qual pertencem, essas se preocupam

exclusivamente com a venda e a circulação da informação a clientes genéricos.

1.1. A experiência da Agência Estado

A Agência Estado (AE) foi fundada no ano de 1970, com o propósito de auxiliar as

outras mídias do Grupo Estado, que pertence à família Mesquita e abrange o jornal O Estado

de S. Paulo (1875), a Rádio Eldorado (1958) e o Jornal da Tarde (1966). Mais tarde, a AE

passou a fornecer notícias e imagens para pequenos e médios jornais e emissoras de rádio,

passando a lidar com clientes externos (SILVA JUNIOR, 2006b).

Page 48: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

48

A empresa começou a ganhar autonomia no final dos anos 1980, quando foi

transformada em uma unidade de negócios e “conectou-se ao mundo produzindo e

distribuindo informações através de fax, satélite, FM, pagers e linhas dedicadas”

(MARQUES, 2005, p. 21-22).

De acordo com Saad (2003 apud MARQUES, 2005, p. 22), a Agência Estado abastece

os mercados de mídia e de new mídia:

No primeiro, estão incluídos o mercado interno, formado pelas empresas do

grupo - jornais Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Rádio Eldorado - e o

mercado externo, constituído pelos jornais e emissoras de rádio e de TV

assinantes. A new mídia inclui o tempo real – notícias em tempo real – e

notícias de tempo diferido – material produzido para ser publicado na mídia

eletrônica sem a pressa do tempo real (MARQUES, 2005, p. 22).

A modernização da redação da AE foi iniciada também no final dos anos 1980 e, no

início da década seguinte, a empresa já possuía as tecnologias necessárias para atuar em redes

digitais. O investimento em tecnologias informacionais tinha o objetivo de emplacar o

mercado financeiro do Brasil, com o fornecimento de serviços de informação específicos para

o setor.

Com o reaparelhamento tecnológico e gerencial do grupo, a Agência

Estado concentra-se no desenvolvimento e fornecimento de sistemas

direcionados ao horizonte de mercado de diversos setores da economia

brasileira. Esse posicionamento, além de gerar uma gama de serviços de

informação para setores não-mídia, agregava a massa de conteúdos

jornalísticos, criando um modelo de negócios para a agência, formado no

mix de clientes dos setores da mídia e não-mídia, bem como de conteúdos

e informações das duas naturezas (SILVA JÚNIOR, 2006, p. 20).

Em 1995, a Agência Estado coloca seu site no ar, marcando presença como “a

primeira agência de notícias brasileira na web, antes mesmo da entrada da Internet comercial

no Brasil” (SILVA JUNIOR, 2006b, p. 21). Segundo o autor, o site da Agência Estado na

Internet não funciona como um portal dos serviços da empresa, mas sim como um site de

destino, que apresenta parcelas do conteúdo da empresa.

A AE tem uma trajetória estreitamente ligada à Internet. Já a partir de 1995, lançou na

web o primeiro serviço informativo sobre a economia do país em inglês, o Brazil Financial

Wire (SILVA JUNIOR, 2006b). Sobre essa priorização da rapidez, Elisabeth Lopes31

, chefe

31

Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 14/05/2010.

Page 49: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

49

da reportagem de política da AE, lembra do faxpaper, um serviço de informação que era

enviado à empresários:

[...] a filosofia da Agência Estado já era muito de vanguarda, antes do

advento da Internet, a direção da Agência reconheceu que era necessário a

informação chegar mais rápido para as pessoas. Não tinha internet,

mandava-se a matéria por fax [...] tanto é que hoje é referência, todo mundo

fala, a Agência Estado é líder muito por conta disso.

1.2. Produtos e serviços da Agência Estado

A partir de seu ingresso na web, os serviços da Agência Estado não pararam de

crescer. Eles estão distribuídos entre os mercados financeiro, corporativo, agronegócio e de

mídia, classificados por Silva Junior (2006b, p. 25-26) como núcleos de atuação, da seguinte

forma:

a) financeiro. Os produtos são destinados a corretoras e instituições

financeiras, gestores de fundos, operadores da bolsa, analistas de

investimentos, executivos financeiros, dirigentes da área pública,

investidores, executivos e analistas de recursos de informação;

b) corporativo. Gera conteúdos para empresas e entidades públicas, analistas

e executivos das áreas de marketing, comunicação, produtos, vendas e novos

negócios, pesquisa, business intelligence (informações estratégicas de

mercado), finanças, tecnologia da informação, recursos humanos, operações

e relações públicas;

c) agronegócios. Envolve a preparação de informação para o setor de

agricultura, pecuária e mercados vinculados. É direcionado a executivos e

analistas da agroindústria, cooperativas, produtores agrícolas, corretoras do

mercado físico, corretoras do mercado de futuros e dirigentes da área

pública;

d) mídia. Gera conteúdos para serem distribuídos para jornais, revistas,

rádios, TVs, sites, portais, intranets e sistemas digitais (SMS, wi-fi, PDAs).

Dentro desses núcleos, os produtos são distribuídos em serviços diferenciados,

podendo ser usados em mais de um dos serviços abaixo:

I) AE Broadcast: No ano de 1991, a Agência Estado adquiriu a empresa de

soluções para a transmissão de cotações das bolsas nacionais e internacionais, a

Broadcast. Segundo Silva Júnior (2006), a marca Broadcast foi mantida, ao

passo que se desenvolveram aplicações para a plataforma, ampliando a

capacidade de fluxo da informação. Foi o primeiro investimento da agência em

disponibilizar o conteúdo nos computadores dos clientes (MARQUES, 2005).

Sobre o AE Broadcast, Silva Junior (2006b, p. 28) explica ainda que: “o

sistema abriga um conjunto de serviços de informação centrado em torno de

análises, índices, cotações, estudos de gráficos, commodities, juros, câmbio,

além de relatórios de consultorias de mercado”.

Page 50: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

50

II) II) AE Broadcast Investidor Pessoal: É a versão do AE Broadcast para pessoas

físicas. Apresenta o acompanhamento de indicadores mundiais e uma ampla

variedade de notícias da economia, política e finanças importantes para

investidores32

.

III) AE Móvel Broker: Permite o acompanhamento de cotações econômicas e outros

indicadores, em tempo real, pelo celular.

IV) AE Conteúdo: Lançado em 2000, o serviço é voltado para veículos da Internet e

fornece conteúdo de modo personalizado (SILVA JUNIOR, 2006b). São

informações especializadas em diversos segmentos, como economia, negócios,

agrícola, finanças, cotações nacionais e internacionais, geral, política,

internacional, saúde, turismo, esportes, meteorologia, entretenimento, etc33

.

V) AE Mídia: Fornece conteúdo para jornais, revistas e emissoras de rádio, TV‟s e

portais. Segundo Silva Junior (2006b), o serviço é organizado em torno

do fornecimento de cinco núcleos de informação: Noticiários (Nacional -

política, geral, economia, esportes e variedades; Internacional; Econômico -

economia, agronegócios, finanças e negócios; Noticiário Compacto; e Empresas

e Setores), Fotografias (Imagens do Dia, Fotos Internacionais, Infográficos,

Suplementos, Pacotes Especiais para eventos de relevância na mídia, e

Arquivo), Colunas (Economia, Política, Educação, Cultura, Esporte, Internet,

Grade de Programação da TV e Variedades), e Suplementos (Reportagens

Especiais, Pacote TV, Pacote Semanal, Agrícola, Jornal do Carro, Sua Vida e

Turismo).

VI) AE Investimentos: Voltado para o público de investidores iniciantes, o serviço

oferece informações e orientações sobre oportunidades de mercado34

.

32

Informação contida no site da Agência Estado, acessada em 15/09/2010:

<http://www.ae.com.br/institucional/pag_ae_broadcast_investidor_pessoal.php> 33

Informação contida no site da Agência Estado, acessada em 15/09/2010:

<http://www.ae.com.br/institucional/pag_ae_conteudo.php> 34

Informação contida no site da Agência Estado, acessada em 15/09/2010:

<http://www.ae.com.br/institucional/pag_ae_investimentos.php>

Page 51: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

51

VII) AE Sistema de Informação: Dirigido ao mercado profissional ligado à economia,

finanças, política, agronegócios, empresas e setores. “São serviços similares aos da

Broadcast, porém, sendo uma alternativa de custo mais barato, e sem a atualização

das informações na mesma velocidade. O tempo é diferido, ou seja, os informes

são alimentados depois de estarem disponíveis para o Broadcast” (SILVA

JUNIOR, 2006b, p. 30).

VIII) Dow Jones Factiva: Fonte de dados alimentada pelas principais fontes de

negócios do mundo. O serviço permite o acesso a informações de jornais, revistas,

boletins, análises de países, relatórios sobre empresas, publicações setoriais, etc35

.

IX) AE Newspaper: Em forma de boletim, pode ser impresso pela internet e é

direcionado a eventos corporativos, congressos e assinantes (SILVA JUNIOR,

2006b). Possui duas edições diárias36

.

X) AE Data: De acesso exclusivo aos assinantes, reúne séries históricas de

informações financeiras e econômicas37

.

XI) AE Comunicação Empresarial: Possibilita a divulgação de releases pelas

assessorias de imprensa. A Agência Estado recebe o material dos assinantes e

distribui gratuitamente aos veículos de comunicação38

.

A Agência Estado possui sede em São Paulo e sucursais em Brasília, Belo Horizonte e

Rio de Janeiro, além de correspondentes fixos em diversas capitais do país e do mundo. Tanto

a geração quanto a distribuição de informações pela AE está estreitamente baseada no

desenvolvimento de soluções tecnológicas, representadas pela migração para as plataformas

digitais, adoção de alternativas digitais para a circulação de informação, alimentação dos

bancos de informações digitais do Grupo Estado e de agências estrangeiras, com as quais tem

convênio (SILVA JUNOR, 2006).

35

Informação contida no site da Agência Estado, acessada em 15/09/2010:

<http://www.ae.com.br/institucional/pag_djfactiva.php> 36

Informação contida no site da Agência Estado, acessada em 15/09/2010:

<http://www.ae.com.br/institucional/pag_outros_produtos.php> 37

Informação contida no site da Agência Estado, acessada em 15/09/2010:

<http://www.ae.com.br/institucional/pag_outros_produtos.php> 38

Informação contida no site da Agência Estado, acessada em 15/09/2010:

<http://www.ae.com.br/institucional/pag_outros_produtos.php>

Page 52: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

52

Todo o aparato tecnológico que foi desenvolvido pela Agência Estado desde os anos 1990 aproxima a empresa do ambiente digital e sua importância enquanto a maior agência do

país faz com que o conteúdo que produz seja acessado e utilizado por milhões de usuários,

entre empresários, executivos, instituições governamentais e empresas de mídia tradicional.

No que se refere ao campo político, a atenção ao conteúdo das agências pelos veículos de

mídia é ainda maior, já que o jornalismo mantém um elo histórico com este campo e as

agências de notícias têm papel importante nesta relação.

2. Cobertura política e a relação com as agências de notícias

Como já mencionado, a aproximação entre o jornalismo político e as agências de

notícias deve-se ao fato de que muitos veículos de mídia se abastecem das informações

coletadas por elas, recebendo serviços informativos em grande volume sem precisar

despender repórteres para acompanhar os acontecimentos nos principais eixos econômicos e

políticos do país, entre eles, Brasília.

As agências de notícias são justamente um dos modelos que criam o binômio

da informação disponível e serviço prestado dentro da cadeia de atualidade

exigida pelo jornalismo para o alcance de notícias que estejam além da

capacidade de obtenção de um órgão especifico (AGUIAR, 2006, p. 66).

Como ressalta Martins (2005), a cobertura política precisa estar focada no

acompanhamento da rotina do Congresso Nacional e do Planalto. É fato que todas as

estâncias do campo político (partidos, escândalos, troca de mandatos) só chegam ao cidadão

através dos meios de comunicação. Em face disso, é possível afirmar que o conteúdo

produzido pela Agência Estado, a maior do ramo, reflete diretamente na opinião pública, já

que é divulgado por inúmeros veículos, entre impressos e digitais.

Isso pode ser explicado ainda pela reflexão de Aguiar (2009), que afirma já haver uma

relação de dependência entre as redações e o serviço oferecido pelas agências. Este “vício”

parece tomar conta também do noticiário disseminado na Internet, especialmente porque a

mídia online não encontrou seu modelo de negócios e, sem condições de manter uma grande

equipe voltada para a produção multimídia, os websites jornalísticos acabam recondicionando

as matérias que adquirem das agências. Outro fator que incide sobre isso é o “fechamento que

nunca acaba” (FERRARI, 2004), que limita ainda mais o trabalho de produção e de apuração

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53

das reduzidas equipes online, geralmente com um modo de produção jornalística que quase

não inclui a saída das redações.

Antes de aprofundar a relação das agências de notícias com o campo político, cabe

destacar que estas antes de tudo são uma modalidade de produção jornalística, sendo

importante compreender os mecanismos que historicamente aproximam o jornalismo da

política. A relação entre ambos é bilateral, uma vez que qualquer forma de poder necessita de

visibilidade (MOTTA, 2002) e, por outro lado, a imprensa é tida como o “quarto poder”, na

medida em que fiscaliza, em teoria, o poder público:

[...] a imprensa seria o instrumento de desconfiança e de cobrança pública,

pois impede que a política seja apenas uma ação em defesa de interesses

particulares, contrários aos interesses gerais da sociedade, principalmente

nas complexas sociedades contemporâneas, onde as pessoas comuns se

sentem distantes e impotentes para exercer os seus direitos de cidadãos. Se

ela de fato exerce democraticamente esse quarto poder, representando todos

os grupos sociais, é uma questão que só o exame de cada circunstância pode

responder (MOTTA, 2002, p. 14-15).

Essa relação também possui caráter histórico e existe desde a invenção da imprensa, no século XV:

Não há poder sem imprensa, nem imprensa sem poder. Ambos estão

historicamente relacionados. Desde 1440, quando Gutemberg inventou a

tipografia e permitiu a impressão em massa, a imprensa vem sendo utilizada

como instrumento da luta pelo poder. A invenção da imprensa, de fato,

coincide com a criação das nações e do Estado moderno e com o exercício

do poder não apenas de forma coercitiva, pelo uso da força, mas por meio de

formas mais sutis de coerção e de persuasão. A partir de então, a imprensa

esteve sempre ligada à luta política (MOTTA, 2002, p. 13).

Nessa mesma linha, Seabra (2002, p. 34), refere-se ao século XIX como um momento

“em que a imprensa ainda não era vista como empresa capitalista, mas, antes, como

instrumento de luta política ou de embate entre ideais estéticos”. No Brasil, a aproximação

entre poder e jornalismo pode ser simbolizada pelo fato de que “a maioria dos donos dos

jornais ou jornalistas eram também políticos oficiais (deputados, senadores, ministros) ou

líderes de movimentos emancipatórios (abolicionistas e republicanos) ou conservadores

(monarquistas)” (SEABRA, 2002, p. 34).

Detalhado o grau de interrelação entre o jornalismo e a política, é possível partir para o

entendimento da ligação entre esta última e as agências de notícias, que no terceiro mundo

tem intrínseco um aspecto histórico. A maior parte das agências estavam ligadas ao Estado e

eram, portanto, uma questão de política nacional, garantindo exclusividade sobre a assinatura

e a redistribuição interna do conteúdo das agências internacionais (AGUIAR, 2009).

Page 54: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

54

Graças a esta estratégia, as agências nacionais do mundo em

desenvolvimento exerciam o filtro primaz sobre o que se passava e dizia no

exterior – particularmente o que fosse publicado a respeito do próprio país

em questão. A agência era a mão do Estado fechando e abrindo a porteira do

gatekeeping diretamente, numa época em que não existia um Google à

disposição para mapear, buscar ou encontrar outras fontes de informação

(AGUIAR, 2009, p. 12).

Outra questão é que, conforme descrito, as agências se tornaram no século XIX

grandes defensoras do modelo de novo jornalismo, que pregava a objetividade em detrimento

da subjetividade. Esse modo de produção, que destacou a notícia como mercadoria, se refletiu

na cobertura política:

[...] a comercialização da imprensa torna o jornalismo mais independente dos

laços políticos e transforma a atividade também numa indústria onde um

novo produto – as notícias como informação – é vendido com o objetivo de

conseguir lucros. A nova ideologia pregava que os jornais deveriam servir os

leitores e não os políticos, pregava que traziam informação útil e interessante

aos cidadãos, em vez de argumentos tendenciosos em nome de interesses

partidários, pregava fatos e não opiniões (TRAQUINA, 2004, p. 50).

No Brasil, essa mudança também foi sentida, embora tardiamente. Segundo Martins

(2005), o jornalismo político no país sofreu profundas mudanças nas últimas décadas, sendo a

mais expressiva o fato de que sua intenção hoje é informar e não mais fazer propaganda

partidária. Em 1950, as bandeiras políticas levantadas pelos donos das empresas de

comunicação ficavam bastante nítidas já nas primeiras páginas dos jornais.

O autor explica ainda que essa mudança é fruto de dois processos de transformação: a

profissionalização e a modernização dos meios de comunicação fizeram com que muitos

jornais não resistissem aos novos tempos e quebrassem. Depois disso, os jornais precisaram

rever o seu público: “Em vez de cativar o leitor partidarizado, como no passado, a estratégia

passou a ser atrair um público plural, composto por leitores com as mais variadas simpatias

políticas e as mais diferentes visões de mundo” (MARTINS, 2005, p. 19).

Portanto, as agências de notícias possuem historicamente um papel importante até

mesmo no que se refere ao afrouxamento dos laços entre a imprensa e os grupos políticos.

Hoje, sua importância está relacionada ao modelo de empacotamento da notícia adotado pela

maioria dos veículos de comunicação e que envolve também o noticiário político, campo de

atenção deste estudo.

Na sociedade contemporânea, o papel da imprensa de mediar os acontecimentos

políticos é ainda mais marcante, uma vez que “há muito as interações pessoais e os

testemunhos presenciais dos fatos foram substituídos por uma intermediação de meios

Page 55: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

55

eletrônicos, entre os quais a própria imprensa” (MOTTA, 2002, p. 16).

Como já assinalado, as agências de notícias encontram papel fundamental nessa

mediação. Para a análise da maneira como uma informação postada no Twitter, em especial

no período eleitoral, se replica no noticiário online, observa-se que grande parte do conteúdo

jornalístico divulgado relacionado à corrida presidencial provém de agências de notícias.

Essa presença marcante se deve também ao fato de que as agências trabalham com

base na multiplataforma, ou seja, produzem conteúdos que podem ser encaixados em

diversos suportes midiáticos. A Agência Estado, a mais importante agência de notícias do

modelo brasileiro, que possui uma equipe de repórteres voltada para a cobertura política em

São Paulo e em Brasília, está entre as fontes mais utilizadas pelos veículos durante as

campanhas eleitorais. A relação do conteúdo informativo dessa agência com as informações

divulgadas por políticos no Twitter durante a campanha eleitoral será demonstrada a seguir.

Page 56: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

56

CAPÍTULO IV – IMPACTOS DO TWITTER NA COBERTURA

JORNALÍSTICA DA CAMPANHA ELEITORAL 2010: ANÁLISE DE

CONTEÚDO DA AGÊNCIA ESTADO

Muitas são as formas de uso do Twitter direcionadas pelos próprios usuários ao

desempenharem o papel de produtores de conteúdo, que, muitas vezes, interessa a jornalistas.

Este é o caso dos tweets publicados por personalidades políticas, que se constituem o objeto

deste estudo.

O Twitter se apresenta também como espaço para as celebridades afirmarem sua fama;

para as empresas manterem contato com seus clientes e fornecedores; para os políticos

conversarem com seus eleitores; para os órgãos públicos publicarem informações aos

cidadãos e para as pessoas comuns se manterem em contato com todo esse universo de

informação (SILVA, 2009, p. 80).

Em 2010, a propaganda política no Brasil entrou de uma vez na web, já que o

Congresso Nacional aprovou seu uso em campanhas, em setembro de 2009, através do

Projeto de Lei 5498/09, sancionado pelo presidente Lula. A manifestação de pensamento

pelos candidatos na Internet está liberada e o Twitter é uma das ferramentas adotadas, atraindo

a atenção de blogueiros e jornalistas políticos.

Assim, os candidatos à presidência nas eleições de 2010 utilizam a ferramenta como

um instrumento de propaganda pessoal, emplacando sua campanha particular reduzida ao

espaço de 140 caracteres e destinada aos seguidores, em geral eleitores simpatizantes e

jornalistas políticos. Entre eles estão José Serra (twitter.com/joseserra_), Dilma Rousseff

(twitter.com/dilmabr) e Marina Silva (twitter.com/silva_marina), os três melhores colocados

Page 57: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

57

em todas as pesquisas de opinião divulgadas entre maio e setembro deste ano39

, mês que

antecede a votação nacional e período em que se inicia e se encerra a análise proposta por esta

pesquisa, respectivamente. Eles estão de olho no poder do Twitter enquanto instrumento de

marketing. Para se ter uma ideia, a candidata do PT, Dilma Rousseff, trouxe para sua

campanha o militante do software livre Marcelo Branco, além de Scott Goodstein, Joe

Raspars e Andrew Paryze, que trabalharam para Barack Obama, presidente norte-americano

que fez uso intensivo da Internet em sua campanha em 2008.

Com o intuito de delimitar as pesquisas feitas por este trabalho, o estudo se baseia em

notícias produzidas pela Agência Estado e se propõe a analisar de que forma as declarações

dos candidatos no Twitter vêm sendo usadas para a produção de conteúdo jornalístico. A

escolha da Agência Estado como empresa jornalística cujas produções testarão a hipótese do

trabalho, deve-se ao fato de que a organização mantém forte relação com a web e, mesmo

antes da popularização da Internet, já reconhecia a necessidade de enviar informação de

rápido acesso a seus clientes. Além disso, possui editoria de política definida e seus repórteres

são usuários do Twitter, conforme será demonstrado na análise.

A investigação que se segue foi baseada na observação de dois fatos polêmicos que

ocorreram durante o período que antecedeu a campanha e no decorrer dela. Os fatos

selecionados ilustram a apropriação do Twitter para a propaganda eleitoral e para o debate,

fazendo dele uma ferramenta importante para o jornalista político. A análise foi construída a

partir da coleta de dados distintas:

I) A Internet como fonte principal: observação de 184 tweets divulgados pelos

três principais candidatos à corrida presidencial e 164 por seus respectivos

líderes de partido no período em que foram noticiados os fatos;

monitoramento de 259 tweets divulgados por três jornalistas da Agência

Estado – sucursal São Paulo – no mesmo período; e análise de nove

matérias produzidas pela Agência Estado e publicadas em portais da

Internet. Todo esse conteúdo foi cruzado entre si no mesmo período para que

39

De acordo com uma Pesquisa Datafolha, realizada entre 20 e 21 de maio de 2010, a então pré-candidata do PT,

Dilma Rousseff, estaria empatada com José Serra, então pré-candidato do PSDB, nas intenções de voto. Ambos

aparecem com 37%. Marina Silva, então pré-candidata do PV, aparece com 12%. Foram feitas 2.600 entrevistas.

Na Pesquisa Ibope de intenção de voto para presidente da República, realizada entre 31 de maio e 03 de junho de

2010, junto a 2.002 eleitores em 141 cidades do país, Dilma Rousseff e José Serra aparecem novamente

empatados, com 37% das preferências. Já Marina Silva, aparece com 9%. Em Pesquisa Datafolha, realizada

entre 02 e 03 de setembro, Dilma Rousseff tem vantagem e aparece com 50% das intenções de voto, José Serra

fica com 28% e Marina Silva tem 10% das intenções de voto.

Page 58: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

58

se chegasse a uma reflexão acerca da influência do Twitter na cobertura das

eleições 2010.

II) Entrevistas como fonte complementar: coleta de informações junto a dois

profissionais da editoria de política da Agência Estado envolvidos com o

processo de produção das notícias (Elisabeth Lopes, chefe de reportagem; e

Gustavo Uribe, estagiário de jornalismo). O objetivo foi obter a versão

desses jornalistas sobre a forma como usam as informações do Twitter para a

composição de matérias e, posteriormente, cruzar essas versões com as

conclusões tiradas da observação das notícias. As entrevistas foram

realizadas em dois momentos: antes e depois do confronto entre tweets e

matérias. Quanto à sua natureza, optou-se pela entrevista em profundidade

semi-aberta. Recurso metodológico baseado em suposições definidas pelo

investigador, a entrevista em profundidade busca “recolher respostas a partir da

experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se

deseja conhecer” (J. DUARTE, 2005, p. 62). Por ser realizada com base em

um roteiro de questões pré-estabelecido, mas que ofereceu possibilidade

para novos direcionamentos, a entrevista enquadra-se no modelo semi-

aberto ou semi-estruturado.

A observação dos tweets envolveu procedimentos qualitativos (classificação do

conteúdo das mensagens) e quantitativos (contagem em cada categoria). Pelo caráter de

múltipla coleta de dados e de fontes de consulta e pela natureza do objeto de estudo, o

presente trabalho está inserido no método de estudo de caso, definido por Yin (2001, p. 19)

como:

[...] a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo “como” e “por

que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o

foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum

contexto da vida real.

Ainda no que se refere ao monitoramento dos tweets nos períodos estabelecidos, a

observação realizada teve o intuito de coletar evidências reais que representassem o fenômeno

em estudo, técnica que está de acordo com a explanação de Lopes (1990, p. 123), quando se

refere à “reconstrução empírica da realidade”. Já a amostra de dados coletada teve caráter

intencional, uma vez que episódios do mundo político foram selecionados com base na

Page 59: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

59

hipótese de que teriam repercussão no Twitter e com o objetivo de observar os efeitos dos tweets no jornalismo.

A prática de analisar a presença de tweets em conteúdo noticioso utilizada pelo

presente trabalho assemelha-se ao procedimento metodológico adotado por Zago (2010), que

identifica nas matérias dos sites Folha Online e Zero Hora.com, a presença de referências ao

Twitter e citações de tweets.

A opção pela seleção de casos específicos e de matérias jornalísticas encontradas

através da busca pela Internet se deu em razão da inviabilidade da ideia inicial, que era basear

a análise em recortes temporais e separação de material diretamente do sistema da Agência

Estado. Esse procedimento se mostrou extremamente complexo e inviável para o tempo

destinado ao desenvolvimento deste trabalho, já que ficou constatado o imenso volume de

material produzido diariamente pela agência. Por outro lado, a pesquisa por informação

através de sistemas de busca online vem se tornando a principal forma utilizada por quem

busca atualização na web, o que torna o procedimento adotado adequado às novas formas de

difusão e busca de informações jornalísticas na web, salientado por Adghirni & Moraes

(2008, p. 240):

A possibilidade de se consultar arquivos recapitulativos, cronologias,

biografias, bibliografias, etc. hoje possíveis graças ao espaço infinito

disponibilizado pela rede, significa a ausência de limites físicos (paginação

na mídia impressa, tempo cronometrado no rádio e televisão).

Para o monitoramento dos tweets, escolheu-se, em momentos distintos, dois fatos da

cena política que tiveram repercussão nacional e que, intuiu-se, levariam a possibilidade de

exposição de ideias pelos políticos no Twitter. O primeiro deles veio a público em junho de

2010, e refere-se a suposta elaboração pelo PT de um dossiê que reúne dados contra José

Serra. O segundo fato aconteceu em julho e envolve também o candidato à vice-presidência

na chapa de José Serra (PSDB), o deputado federal Indio da Costa (DEM-RJ), que, durante

uma entrevista para o site da campanha de Serra, acusa o PT de ligações com as Forças

Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). O detalhamento dos episódios selecionados

será feito adiante.

Antes da apresentação dos dados obtidos, é necessário apresentar duas ressalvas

relacionadas ao material encontrado na Internet:

a) Em todas as combinações de palavras-chave realizadas, houve retorno de notícias que

não foram originadas de tweets. Isso porque a palavra “Twitter” era correspondente a

tags publicitárias sobre o microblog, que acompanhavam as matérias. Portanto, foi

Page 60: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

60

necessário fazer uma separação, sendo que essas notícias foram quantificadas, mas

descartadas para a comparação com tweets.

b) A mesma situação ocorreu com relação aos termos “Agência Estado” e “AE”. Nem

sempre as matérias encontradas eram provenientes da empresa. Isso porque o termo

estava destacado em algum outro ponto da página na qual estava hospedada a notícia

relacionada ao caso, ou mesmo estava relacionado a crédito dado a fotografias do

banco de imagens da agência. Também as matérias que não foram produzidas pela

Agência Estado foram desconsideradas para esta análise.

A tabela 01 traz a relação dos perfis observados neste trabalho, categorias a que

pertencem e seus respectivos endereços no Twitter. Uma cópia de cada perfil selecionado para

as análises está presente nos anexos desta pesquisa, com todos os tweets dos períodos

analisados.

Tabela 01 – Twitters analisados na pesquisa

Categoria Nome Endereços no Twitter Descrição

Político Dilma Rousseff

http://twitter.com/dilmabr Candidata à presidência (PT)

Político José Serra http://twitter.com/joseserra_ Candidato à presidência (PSDB)

Político Marina Silva

http://twitter.com/silva_marina Candidata à presidência (PV)

Político

José Eduardo

Dutra

http://twitter.com/zedutra13 Presidente Nacional do PT

Político Sérgio Guerra

http://twitter.com/Sergio_Guerra Presidente Nacional do PSDB

Político José Luiz Penna

http://twitter.com/vereadorpenna Presidente Nacional do PV

Jornalista

Elisabeth Lopes

http://twitter.com/Bethlopes_ Chefe de reportagem Política AE

Jornalista Carolina Freitas

http://twitter.com/ca_freitas Repórter de Política da AE

Jornalista Gustavo Uribe

http://twitter.com/gustavouribe Repórter de Política da AE

A iniciativa de observar também o Twitter de José Eduardo Dutra (PT), Sérgio Guerra

(PSDB) e José Luiz Penna (Partido Verde - PV), presidentes nacionais dos respectivos

partidos se deu por dois motivos. Em primeiro lugar, porque, ao longo do trabalho, constatou-

se que os três principais candidatos à presidência pouco se posicionavam de maneira crítica

no microblog, assumindo um tom propagandístico, ao passo que os representantes dos seus

Page 61: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

61

partidos se mostraram muito menos cautelosos, até por estarem numa posição de menor risco

frente à opinião pública. Dessa forma, os fatos passíveis de serem classificados como

polêmicos e, consequentemente, de interesse jornalístico, foram, em muitos momentos,

lançados por esses últimos no Twitter.

Nos três casos estudados foi feita uma categorização dos tweets de acordo com a

semelhança temática, com o objetivo de tornar o volume de dados compreensível. Foram

considerados os seguintes critérios:

a) Tweets relacionadas à agenda: Referem-se à divulgação de eventos, viagens, visitas

feitas pelos candidatos/partidos, seja as que já se realizaram ou que ainda irão

acontecer. No caso dos jornalistas, refere-se à agenda profissional, seja a cobertura de

eventos políticos (e tweets divulgados durante eles) ou a mensagens relacionados à

rotina de trabalho dentro da redação.

Figura 02 – Tweet relacionado à agenda do político/partido

Page 62: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

62

Figura 03 – Tweet relacionado à agenda do jornalista

b) Tweets que equivalem a marketing político: Frases postadas com a intenção de

promover o candidato/partido, mesmo que de forma velada. Também entram nesta

categoria as mensagens que criticam a oposição com vistas a promover o próprio

partido.

Figura 04 – Tweet de marketing político

c) Relacionados a fatos da política: Tweets que comentam sobre fatos da política sem,

entretanto, ter relação com os casos estudados e que também não têm natureza

propagandística. Esse tipo de comentário aparece principalmente nas mensagens

divulgadas pelos jornalistas cujos perfis foram monitorados.

Page 63: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

63

Figura 05 – Tweet relacionado a outros fatos da política

d) Tweets que equivalem à divulgação profissional pelos jornalistas: Postagens de

links ou chamadas para matérias produzidas.

Figura 06 – Tweet de divulgação profissional

e) Replies: São respostas a outros usuários do microblog, reconhecidos pelo símbolo @

antes do nome da pessoa a quem se destina a mensagem. Algumas vezes, os usuários

retransmitem a pergunta na mesma mensagem em que respondem, para contextualizar

e, neste caso, aparece também o símbolo RT (Retweet). Optou-se por não classificar o

conteúdo desses replies, portanto, independente do assunto abordado, qualquer

Page 64: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

64

resposta ou pergunta a outros usuários, foi classificada como reply, exceto as se

relacionam aos três casos estudados.

Figura 07 – Reply no Twitter

f) Retweet: Quando o usuário retransmite um post que foi publicado por outro usuário.

Essa situação é reconhecida pelo símbolo RT antes do nome de usuário da pessoa que

postou a mensagem original. Também neste caso, optou-se por não classificar o

conteúdo desses retweets e nem o motivo pelo qual foram retransmitidos, portanto,

independente do assunto abordado, qualquer mensagem redirecionada foi classificada

como retweet, exceto as que se relacionam aos três casos estudados.

Figura 08 – Retweet no Twitter

Page 65: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

65

g) Variados: Foram considerados tweets sobre assuntos pessoais, banalidades, sem

qualquer relação com a política.

Figura 09 – Tweet variado

h) Relacionados aos casos estudados: Tweets que abordam diretamente ou

indiretamente o dossiê supostamente preparado pelo PT contra José Serra e às

acusações de Indio da Costa (candidato à vice-presidência – DEM/PSDB) de que o PT

tem ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Qualquer

menção a esses fatos foi estudada nesta categoria, mesmo que se constituísse um

retweet ou reply.

Figura 10 – Tweet relacionado ao dossiê

Page 66: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

66

A seguir, é feita a análise detalhada de cada caso escolhido, observando os

desdobramentos desses tweets na cobertura política da Agência Estado.

1 Análise do Caso 1: A polêmica do dossiê contra José Serra

O primeiro fato escolhido para a análise envolveu principalmente os dois políticos

mais bem colocados nas pesquisas eleitorais: Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), na

ocasião ainda pré-candidatos à presidência. Trata-se da acusação levantada de um suposto

dossiê elaborado contra Serra pela campanha do PT. Em entrevista à Revista Veja, edição

2167, de 02 de junho de 2010, o delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo Souza diz

ter recebido uma proposta do então integrante da campanha da presidenciável Dilma

Rousseff, o jornalista e consultor Luiz Lanzetta, para que elaborasse um dossiê reunindo

dados contra José Serra. De um lado, o comando do PT afirma não ter participação no

episódio, atribuindo a negociação apenas ao jornalista. Lanzetta se defende alegando que

recebeu a oferta do delegado, mas recusou. No dia 05 de junho, Lanzetta pediu afastamento

da campanha da petista. De outro lado, O PSDB acusa Dilma pela montagem do suposto

dossiê contra Serra. Em razão desse posicionamento, o PT interpelou Serra judicialmente por

ter responsabilizado a pré-candidata. Essa decisão foi postada pelo presidente nacional do PT

via Twitter.

Assim, optou-se por monitorar os tweets entre o período de 02 de junho de 2010,

início da polêmica, e 05 de junho de 2010, totalizando quatro dias. Conforme descrito no

início do capítulo, houve uma categorização dos tweets divulgados em cada um dos três casos.

No exemplo relacionado ao dossiê, a classificação foi a seguinte:

Tabela 02 – Conteúdo dos tweets de Dilma Rousseff

Tweets no

período

Agenda

Marketing

Político

Replies

Retweets

Variados

Outros

fatos da

política

Relacionados

ao dossiê

11 01 05 03 0 02 0 0

Tabela 03 – Conteúdo dos tweets de José Serra Tweets no

período

Agenda

Marketing

Político

Replies

Retweets

Variados

Outros

fatos da

política

Relacionados

ao dossiê

29 01 02 10 08 04 04 0

Page 67: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

67

Tabela 04 – Conteúdo dos tweets de Marina Silva

Tweets

no

período

Agenda

Marketing

Político

Replies

Retweets

Variados

Outros

fatos da

política

Relacionados

ao dossiê

11 05 04 0 01 01 0 0

A análise mostrou que os pré-candidatos se mostraram cautelosos quanto a comentar a

polêmica do dossiê no microblog. Não houve nenhuma postagem relacionada ao assunto,

apesar de Serra e Dilma se manifestarem em público sobre o caso. Em compensação, foi

expressiva a aparição de tweets que promoviam a agenda dos candidatos ou mesmo se

relacionavam a marketing explícito. Isso mostra uma tendência de uso do microblog muito

mais como uma ferramenta de promoção do que de debate. Tal como a divulgação de um

produto ou marca, essa estratégia faz uso da publicidade para conquistar também o voto dos

usuários do microblog. “As conexões resultantes das redes sociais podem trazer ganhos

significativos para o mundo dos negócios. Uma marca ou produto quando bem divulgado

nesse meio leva a uma relação de fidelidade importante” (COMM, 2009, p. 03).

Tabela 05 – Conteúdo dos tweets de José Eduardo Dutra

Tweets

no

período

Agenda

Marketing

Político

Replies

Retweets

Variados

Outros

fatos da

política

Relacionados

ao dossiê

56 03 01 20 03 12 0 17

Tabela 06 – Conteúdo dos tweets de Sérgio Guerra

Tweets

no

período

Agenda

Marketing

Político

Replies

Retweets

Variados

Outros

fatos da

política

Relacionados

ao dossiê

14 0 0 0 0 0 0 14

Tabela 07 – Conteúdo dos tweets de José Luiz Penna

Por outro lado, a observação dos tweets dos presidentes dos partidos envolvidos no

caso mostra que os mesmos travaram uma discussão virtual em torno do suposto dossiê.

Tweets

no

período

Agenda

Marketing

Político

Replies

Retweets

Variados

Outros

fatos da

política

Relacionados

ao dossiê

05 04 0 0 0 01 0 0

Page 68: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

68

Menos cautelosos do que os presidenciáveis, os dois políticos trocaram farpas e

acusações publicamente, através do microblog. Os tweets de Sérgio Guerra analisados

falavam exclusivamente sobre o suposto dossiê, entre pedido de esclarecimentos e críticas a

Dilma e réplicas a José Dutra. José Luiz Penna, presidente do PV, se mostrou neutro nas

declarações, até porque o caso não envolveu a então pré-candidata do partido, Marina Silva.

Em campanhas eleitorais, é comum que, enquanto os candidatos são preservados, o

embate seja travado pelos aliados. Mais do que isso, o fato de um responder ao outro,

virtualmente, colaborou para que a discussão se prolongasse. Nessa linha, Martins (2005, p.

47), refere-se à facilidade que tem o jornalismo político de obter versões junto a fontes

opositoras: “[...] elas têm interesses conflitantes e brigam entre si. Estão interessadas em falar

ou podem se interessar em falar se souberem que outros já andaram dando suas versões sobre

os fatos”.

O grau de exagero em nome da competição eleitoral também marca esse tipo de

discussão da qual participaram Dutra e Guerra:

Todos os políticos, sem exceção, têm interesses e objetivos, lealdades e

inimizades, ambições e ressentimentos, cacoetes e vaidades, que

inevitavelmente filtram, apimentam e marcam seus relatos. Mais: como são

pessoas treinadas na arte de convencer os outros, costumam ser ótimos

contadores de histórias. Sabem reproduzir um episódio saboroso, recriar um

bate-boca esquentado, aprimorar uma frase espirituosa – e com isso tornam o

peixe que vendem muito atraente aos olhos do freguês (MARTINS, 2005, p.

48).

Há ainda a possibilidade de que os internautas se sintam mais livres na web. Comm

(2009) afirma que o Twitter às vezes pode dar a impressão de ser um espaço privado, uma

forma de passar o tempo. Essa sensação de liberdade acaba colaborando para que os embates

políticos se desenrolem ali mesmo, na página do microblog.

Foi feita também a categorização dos tweets divulgados pelos jornalistas da Agência

Estado no período analisado. Quanto à escolha dos jornalistas, justifica-se que os selecionados

compõem o quadro de repórteres da editoria de política da Agência Estado, sucursal São

Paulo, que, pela proximidade, permitiu que a pesquisa fosse enriquecida inclusive com

entrevistas realizadas junto a eles na própria agência.

Tabela 08 – Conteúdo dos tweets de Elisabeth Lopes

Tweets

no

período

Agenda

Divulgação

Profissional

Replies

Retweets

Variados

Relacionados à

política

Relacionados

ao dossiê

35 03 0 22 02 05 0 03

Page 69: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

69

Tabela 09 – Conteúdo dos tweets de Carolina Freitas

Tweets

no

período

Agenda

Divulgação

Profissional

Replies

Retweets

Variados

Relacionados à

política

Relacionados

ao dossiê

48 11 01 03 0 29 03 01

Tabela 10 – Conteúdo dos tweets de Gustavo Uribe

Tweets

no

período

Agenda

Divulgação

Profissional

Replies

Retweets

Variados

Relacionados à

política

Relacionados

ao dossiê

09 02 0 02 01 02 02 01

A observação desse caso isolado mostrou a princípio que os jornalistas postaram no

Twitter comentários sobre o desenrolar do suposto dossiê, mas sem que essas postagens

tivessem relação com as matérias produzidas. A repórter Carolina Freitas chegou a divulgar

no microblog matéria que produziu sobre o fato de José Serra responsabilizar Dilma pelo

suposto dossiê. Porém, os dados para esta matéria foram coletados ao realizar a cobertura

jornalística de um evento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), onde esteve o

presidenciável.

Assim, embora o Twitter sirva aos jornalistas em alguns momentos como ferramenta

para coleta de informações disparadas pelos políticos, nem sempre esses jornalistas deixam

explícito em seus perfis essa forma de interação.

A relação entre os jornalistas da AE e o Twitter fica mais explícita na fala de Elisabeth

Lopes40

, chefe da reportagem de política, que atua na agência há 10 anos, e afirma que o uso

do microblog na redação melhorou muito o trabalho dos repórteres: “Da redação, eu vejo o

Serra dizer onde vai almoçar. Melhorou muito. A própria agenda desse pessoal era difícil de

conseguir, hoje ela está lá”. O estagiário de jornalismo Gustavo Uribe41

compartilha dessa

opinião: “Uma coisa que melhorou bastante é no sentido de pauta. O político divulga

informações [no Twitter], principalmente relacionadas à agenda, que muitas vezes nem a

assessoria sabe”.

O fato de o Twitter já ter entrado na rotina da redação da agência também é exposto

por Uribe42

, que atua na AE desde dezembro de 2008. Ele explica que existe um repórter

específico para a cobertura de cada um dos três principais candidatos à presidência, sendo que

40

Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 14 de maio de 2010. 41

Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 14 de maio de 2010. 42 Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 14 de maio de 2010.

Page 70: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

70

a responsabilidade pelas notícias dos demais candidatos cabe a ele. Nesse processo, uma das

ferramentas utilizadas é o microblog: “[...] virou rotina. Pela manhã, abrimos os sites do TSE,

Ministério Público e aí a gente dá uma olhadinha sempre no Twitter”.

Nesta pesquisa, o que cabe destacar é que as afirmações manifestadas pelos tweets que

formaram a discussão entre os políticos, por si só, renderam a produção de material

jornalístico por profissionais da Agência Estado. É o que veremos a seguir.

1.1. A repercussão dos tweets sobre o dossiê no material jornalístico da

Agência Estado

No mesmo período em que o Twitter dos políticos e jornalistas citados foi monitorado

(02 a 06 de junho de 2010) também foi feita uma busca na Internet por matérias que

pudessem ter alguma relação com esses tweets. A metodologia utilizada neste caso foi uma

pesquisa no mecanismo de busca43

Google, usando quatro combinações de palavras-chave,

que envolveram os seguintes termos: dossiê, Serra (já que o suposto documento seria

elaborado contra esse político), Twitter e Agência Estado ou AE (sigla da organização). Para

que fossem apresentados resultados cujo texto apresentasse a presença de todos esses termos,

foram usados os operadores (+) e (“”), que pelo protocolo do Google definem que todas as

palavras digitadas na busca devem estar presentes no documento a ser recuperado, em

qualquer ordem.

Tabela 11 - Pesquisa de notícias no Google – primeira combinação

Palavras-chave: “Dossiê +Twitter + Agência Estado”

Resultados

Título

Data

Publicado por

Total de

notícias

Relacionados

a tweets

Marina lamenta suposto dossiê

petista contra o PSDB e diz que

acusações devem ser "bem

fundamentadas"

3/6/2010

R7 Notícias

2

Dossiê contra Serra vai parar na Justiça

3/6/2010

Nominuto.com

Não

relacionados

a tweets

Dilma diz que história de dossiê contra Serra é falsa

2/6/2010

MSN Notícias

2

Marina espera que dossiê não

prejudique campanha

3/6/2010

Gazeta do

Povo.com.br

43

Os mecanismos de busca indexam grande volume de documentos da Internet e, quando solicitados, recuperam

e apresentam resultados com base em critérios de relevância.

Page 71: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

71

Tabela 12 - Pesquisa de notícias no Google – segunda combinação

Palavras-chave: “Dossiê +Twitter + AE”

Resultados

Título

Data

Publicado por

Total de

notícias

Relacionados

a tweets

Sérgio Guerra critica intenção

do PT de interpelar Serra

3/6/2010

Estadao.com.br

5

Dilma: dossiê contra Serra é a falsidade

3/6/2010

Jornal da Cidade.net

Dossiê petista deve parar na Justiça

4/6/2010

Diário do Pará.com.br

Guerra critica pelo Twitter ação

petista

4/6/2010

O Hoje

Segundo Dilma, dossiê contra tucano é 'falsidade, ignomínia'

5/6/2010

Diário Grande ABC

Não

relacionados

a tweets

Araponga teria montado dossiê para campanha de Dilma

5/6/2010

Abril.com

1

Tabela 13 - Pesquisa de notícias no Google – terceira combinação

Palavras-chave: “Dossiê+Serra+Twitter+Agência Estado”

Resultados

Título

Data

Publicado por

Total de

notícias Relacionados a

tweets

Serra diz que Dilma tem

responsabilidade em suposto

dossiê

2/6/2010

Portal G1

3 Dossiê contra Serra vai parar na Justiça

3/6/2010

Nominuto.com

Suposto dossiê petista deve parar na Justiça

4/6/2010

Diário da Manhã

Não

relacionados a

tweets

Dilma diz que história de dossiê contra Serra é falsa

2/6/2010

Estadao.com.br

5

Dilma diz que história de dossiê contra Serra é falsa

2/6/2010

R7 Notícias

Oposição cobra explicações

sobre suposto dossiê contra

Serra

2/6/2010

Abril.com

Acusação de Serra sobre dossiê

é "desespero", diz presidente do

PT

2/6/2010

Abril.com

Serra: responsabilidade por

suposto dossiê é da Dilma

2/6/2010

Estadao.com.br

Page 72: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

72

Tabela 14 - Pesquisa de notícias no Google – quarta combinação

Palavras-chave: “Dossiê +Serra+Twitter + AE”

Resultados

Título

Data

Publicado por

Total de

notícias

Relacionados a

tweets

0

Não

relacionados a

tweets

Serra culpa adversária petista

por dossiê

3/6/2010

Diário do Grande

ABC

2

PT quer interpelar Serra por

declarações contra Dilma

4/6/2010

Tribuna do Norte

Foram encontradas dez matérias relacionadas a tweets considerando todas

as combinações de palavras-chave. A análise mostrou que essas matérias podem ser

divididas em cinco grupos, considerando o assunto que abordam: declaração de José Serra,

declaração de Marina Silva, declaração de Dilma Rousseff, decisão do PT de

interpelar Serra judicialmente e críticas de Sérgio Guerra a esta decisão. As dez matérias

se repetem dentro desses grupos, já que o conteúdo da agência é multiplicado por seus

clientes de mídia, com algumas alterações. Por isso, optou-se por realizar a análise

com cinco notícias, que apresentam conteúdo diferenciado entre si. O resultado será

demonstrado a seguir, com uma associação entre as matérias encontradas e os tweets que as

originaram.

I) Análise da matéria 1 – Serra diz que Dilma tem responsabilidade em suposto

dossiê (02/06/2010)44

A notícia dada no dia 02 de junho repercute as declarações dadas por José Serra,

no mesmo dia, durante evento na Associação Comercial de São Paulo. Ele afirma que

Dilma Rousseff e o PT deviam explicações sobre o suposto dossiê preparado contra ele,

e que a responsabilidade pelo documento seria da candidata do PT.

Em uma sub-retranca construída por meio de uma afirmação feita no Twitter,

a matéria contextualiza as discussões em torno do dossiê:

44

Serra diz que Dilma tem responsabilidade em suposto dossiê, Agência Estado, 02 jun. 2010. Disponível em

<http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/noticia/2010/06/serra-diz-que-dilma-tem-responsabilidade-em-

suposto-dossie.html>. Acesso em 06 jun. 2010.

Page 73: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

73

[...] Pelo Twitter, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, rebateu

as acusações dos tucanos. „Acabo de ver uma entrevista do Sergio Guerra

(presidente nacional do PSDB), cobrando explicação da Dilma sobre o tal

dossiê. Só há uma definição para isso: PATIFARIA‟, escreveu em seu perfil

no serviço de microblogs. [...] „Nós nunca responsabilizamos o Serra sobre

as baixarias que aparecem na internet, contra a Dilma. Seria absurdo se o

fizéssemos‟, disse. „E o Sergio Guerra ainda disse num debate comigo no

Estadão que queria uma campanha de alto nível‟, ironizou (AE, 2010).

A aproximação desses pontos da matéria aos tweets do político confirmam que trechos

postados são usados na íntegra como se fossem afirmações dadas em entrevistas:

Figura 11 – Tweet de José Dutra dossiê (02/06 12h21)

Figura 12 – Tweet de José Dutra dossiê (01/06 20h23)

Page 74: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

74

II) Análise da matéria 2 - Marina lamenta suposto dossiê petista contra o PSDB e diz

que acusações devem ser "bem fundamentadas" (03/06/2010)45

Publicada em 03 de junho de 2010, trata da posição da então pré-candidata do PV,

Marina Silva, sobre o episódio do suposto dossiê contra José Serra, que envolve PT e PSDB.

Ela lamentou as denúncias e preferiu não se pronunciar de forma mais crítica, alegando não

ter tido tempo de analisar a questão devidamente.

De forma a contextualizar os fatos, mais uma vez, a notícia da Agência Estado, cita o

debate ocorrido no microblog: “[...] A tensão envolvendo o PT e o PSDB em torno do suposto

dossiê contra o pré-candidato à presidência gerou uma intensa troca de acusações entre

tucanos e petistas pelo Twitter (serviço de microblog), nesta quinta” (AE, 2010).

Provando que as discussões que acontecem no Twitter são acompanhadas pelos

jornalistas, em especial as que tratam de embates políticos, a matéria se refere à troca de

acusações entre Sérgio Guerra e José Dutra pelo microblog, situação ilustrada a seguir:

Figura 13 – Tweet de Sérgio Guerra dossiê (03/06 16h06)

45

Marina lamenta suposto dossiê petista contra o PSDB e diz que acusações devem ser "bem fundamentadas",

Agência Estado com R7, 03 jun. 2010, acesso em 06 jun. 2010.

Page 75: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

75

Figura 14 – Tweet de José Dutra dossiê (03/06 18h21)

III) Análise da matéria 3 - Sérgio Guerra critica intenção do PT de interpelar Serra

(03/06/2010)46

Inteiramente baseada em declarações via tweets, a matéria publicada em 03 de junho,

informa sobre as críticas feitas pelo senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB, ao

presidente do PT, José Eduardo Dutra, sobre sua decisão de processar o PSDB pelas

declarações em que José Serra atribui a Dilma Rousseff a elaboração de um suposto dossiê

que reuniria denúncias contra ele:

[...] O senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do PSDB, criticou

hoje à tarde em sua página na rede de microblogs Twitter a intenção do PT

de interpelar na Justiça o presidenciável tucano José Serra pelas declarações

em que o ex-governador atribui ao PT e à pré-candidata Dilma Rousseff a

elaboração de um suposto dossiê que reuniria denúncias contra ele. „(José

Eduardo) Dutra deveria partir pra cima dos aloprados dele. Por que não o

faz? Talvez porque não possa!‟, escreveu o senador no microblog. E

continuou: „Não faz sentido a agressão de Dutra contra mim. Não é este o

meu estilo. Não faço a mesma coisa‟ (AE, 2010).

Todas as afirmações reproduzidas são postagens feitas por Guerra no Twitter. O

microblog é, inclusive, citado na matéria como fonte primária47

das informações. As

afirmações são usadas tais como as que geralmente são feitas em eventos, coletivas ou

pronunciamentos. Abaixo, confirmam-se os trechos usados na matéria:

46

CONCEIÇÃO, Ana. Sérgio Guerra critica intenção do PT de interpelar Serra, Agência Estado, 03 jun. 2010.

Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,sergio-guerra-critica-intencao-do-pt-de- interpelar-

serra,561260,0.htm>. Acesso em 06 jun. 2010. 47

Fontes primárias fornecem ao jornalista as informações essenciais para compor a matéria.

Page 76: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

76

Figura 15 – Tweet de Sérgio Guerra sobre Dutra (03/06 11h12)

Figura 16 – Tweet de Sérgio Guerra sobre Dutra (03/06 11h10)

A notícia destaca ainda o comentário do deputado federal José Eduardo Cardozo, um

dos coordenadores da campanha petista, que teria dito pelo microblog48

que os adversários do

partido estariam perdidos e desesperados:

[...] Um dos coordenadores da campanha petista, o deputado federal José

Eduardo Cardozo (PT-SP) também comentou o caso do dossiê pelo Twitter,

dizendo que as declarações de Serra ontem denotam a preocupação da

oposição com a candidatura petista. „Declarações do candidato tucano

imputando à Dilma responsabilidade sobre o dossiê que sequer existe mostra

histeria e falta de orientação política‟, disse Cardozo. „É muito ruim para um

48

O monitoramento do Twitter do deputado federal José Eduardo Cardozo não foi feito, tendo em conta as

opções metodológicas feitas nesta pesquisa.

Page 77: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

77

candidato agir dessa forma. Mostra que nossos adversários políticos estão

perdidos e desesperados.‟ (AE, 2010). IV) Análise da matéria 4 - Dilma: dossiê contra Serra é falsidade (03/06/2010)

49

Traz a reação da então pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma

Rousseff, sobre a acusação do tucano José Serra de que o PT teria articulado o suposto dossiê

contra ele. Segundo a matéria publicada em 03 de junho de 2010, Dilma classifica a afirmação

de Serra como uma falsidade. Cautelosa, as declarações de Dilma pararam por aí. Coube a

José Eduardo Dutra responder de forma mais incisiva. Ele afirmou que a oposição está em

desespero. Para ilustrar a sequência dos fatos, a notícia tem menção ao debate ocorrido no

Twitter: “[...] Mais cedo, em seu twitter, Dutra considerou uma „patifaria‟ as declarações

dadas anteontem pelo presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), sobre o

episódio.” (AE, 2010).

Nota-se que as declarações dadas pelo microblog são recordadas pela imprensa até nos

trechos produzidos como suítes50

. O ponto de vista de José Dutra a que se refere à notícia está

ilustrado abaixo:

Figura 17 – Tweet de José Dutra dossiê (02/06 12h21)

49

Dilma: dossiê contra Serra é falsidade, Agência Estado, 03 jun. 2010. Disponível em:

<http://www.jornaldacidade.net/2008/noticia.php?id=66889>. Acesso 06 jun. 2010. 50

Matéria ou retranca que contextualiza, dá sequência a uma notícia relacionada.

Page 78: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

78

V) Análise da matéria 5 - Suposto dossiê petista deve parar na Justiça (04/06/2010)51

Divulgada em 04 de junho de 2010, a notícia informa sobre uma importante decisão de

José Eduardo Dutra, que anunciou que o partido pretendia interpelar judicialmente Serra por

responsabilizar a adversária Dilma Rousseff pelo suposto dossiê. Cabe destacar que a fonte

para que essa decisão viesse a público foi justamente o Twitter:

[...] Ontem, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, anunciou que o partido

vai interpelar Serra por responsabilizar a adversária Dilma Rousseff pela

fabricação do tal documento. „Decidimos interpelar o Serra judicialmente,

por suas acusações a Dilma e ao PT, sobre o tal dossiê. Quem não deve não

teme‟, disse Dutra em sua página no Twitter (rede de microblogs) (AE,

2010).

Mais uma vez, nota-se que as declarações dadas pelo microblog, são reproduzidas pela

imprensa, na íntegra:

Figura 18 – Tweet de José Dutra dossiê (03/06 15h06)

O fato de uma informação de caráter relevante como essa seja postada no Twitter

comprova a importância do microblog na disseminação de conteúdos, dado o papel de usuário

colaborador que caracteriza a web 2.0.

A matéria tenta mostrar ainda o outro lado e há nova menção a tweets ao apresentar os

argumentos de Sérgio Guerra:

51

Suposto dossiê petista deve parar na Justiça, Agência Estado, 04 jun. 2010. Disponível em:

<http://site.dm.com.br/noticias/politica-e-justica/suposto-dossie-petista-deve-parar-na-jus>. Acesso em 06 jun.

2010.

Page 79: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

79

[...] Guerra disse à reportagem que o anúncio de interpelação contra Serra

visa „salvar Dilma da trapalhada porque ela nunca sabe de nada‟. Ele

também reagiu no Twitter à declaração de Dutra, que na véspera classificara

como „patifaria‟ a relação feita pelos tucanos entre Dilma e o suposto dossiê.

„Não faz sentido a agressão de Dutra contra mim. Não é esse o meu estilo.

Não faço a mesma coisa‟, afirmou Guerra [...] Por outro lado, Dutra cobrou

de Guerra o compromisso fechado no debate feito pelo jornal O Estado de S.

Paulo entre os dois, no dia 10 de maio, de evitar baixarias na campanha.

„Sérgio Guerra ainda disse num debate comigo no Estadão que queria uma

campanha de alto nível‟ (AE, 2010).

A primeira declaração mencionada está ilustrada na figura 15. A segunda, novamente,

destacada na íntegra pela reportagem, abaixo:

Figura 19 – Tweet de José Dutra sobre Guerra (01/06 20h25)

Um balanço das cinco matérias analisadas resulta na seguinte tabela, que define três

níveis de uso de informações do Twitter no texto:

Tabela 15 – Grau de aparição do Twitter nas matérias analisadas

Tweets e

entrevistas

Apenas tweets Apenas entrevistas com

menção ao Twitter

03 01 01

2. Análise do Caso 2: PT é acusado de ligação com as Farc

No segundo recorte escolhido, foi selecionado o episódio em que o candidato à vice-

presidência na chapa de José Serra (PSDB), o deputado federal Indio da Costa (DEM-RJ)

Page 80: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

80

afirma, durante uma entrevista para o site da campanha de Serra, no dia 16 de julho de 2010,

que o PT tem ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

Posteriormente, Indio vai ainda mais longe, afirmando que o narcotráfico que financia as Farc

está ligado também ao Comando Vermelho52

e é responsável pela situação de violência que o

Brasil vive hoje.

Para demonstrar que esse episódio teve repercussão no Twitter e que isso se desdobrou

na cobertura jornalística, são observados os elementos padrão deste trabalho (tweets

divulgados pelos três principais candidatos à corrida presidencial e seus respectivos líderes de

partido; tweets divulgados por três jornalistas da Agência Estado, sucursal São Paulo; e

análise de material jornalístico produzido na Agência Estado e publicado em portais da

Internet). Porém, em razão do envolvimento direto de Indio da Costa, optou-se por incluir a

observação dos tweets dos candidatos à vice-presidência nas chapas do PT e PSDB,

excetuando Guilherme Peirão Leal, candidato à vice na chapa do PV apenas porque este não

possuía perfil no microblog, até o momento desta análise. A Tabela a seguir registra a

inclusão dos perfis:

Tabela 16 – Twitters incluídos na pesquisa

Categoria Nome Endereço no Twitter Descrição

Político Michel Temer

http://twitter.com/MichelTemer http://twitter.com/TemerPMDB

Candidato à vice-presidência (PMDB-PT)

Político Indio da Costa

http://twitter.com/indio Candidato à vice-presidência (DEM-PSDB)

O período escolhido para que as postagens fossem monitoradas foi do dia 16 a 22 de

julho, seis dias após o início da polêmica lançada por Indio. Seguindo a metodologia adotada

no primeiro caso selecionado, houve uma categorização dos tweets divulgados neste período.

Tabela 17 – Conteúdo dos tweets de Dilma Rousseff

Tweets

no

período

Agenda

Marketing

Político

Replies

Retweets

Variados

Outros

fatos da

política

Relacionados

ao PTxFarcs

10 04 01 03 01 01 0 0

52

Organização criminosa do Brasil que, durante a década de 1990, foi uma das mais poderosas do Rio de

Janeiro. Atualmente, a maioria de seus líderes estão presos ou mortos.

Page 81: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

81

Tabela 18 – Conteúdo dos tweets de José Serra

Tweets

no

período

Agenda

Marketing

Político

Replies

Retweets

Variados

Outros

fatos da

política

Relacionados

ao PTxFarcs

33 12 02 07 03 05 04 0

Tabela 19 – Conteúdo dos tweets de Marina Silva

Assim como no caso anterior analisado, houve cautela por parte dos presidenciáveis

envolvidos na polêmica de que o PT estaria ligado às Farc. Serra e Dilma não comentaram

pelo Twitter as declarações de Indio, confirmando-se também as observações sobre o caso

anterior em relação ao uso da ferramenta pelos candidatos.

Já no Twitter de Marina Silva, houve uma alusão indireta ao caso, que, quando

confrontada com as matérias jornalísticas encontradas para esta análise, mostra que está

relacionada a uma declaração da candidata para jornalistas durante um evento em São Paulo,

o 13º Festival do Japão, realizado no dia 18 de julho. A postagem no Twitter, feita no mesmo

dia do evento, traz um link que leva à matéria sobre isso em seu site oficial53

,

contextualizando as críticas de Marina às declarações dadas por Indio.

Figura 20 – Tweet de Marina Silva sobre Indio da Costa (18/07 21h07)

53

Marina critica Indio da Costa por acusações contra o PT, Blog da Marina, 18 jul. 2010. Disponível em:

<http://www.minhamarina.org.br/blog/2010/07/marina-critica-indio-da-costa-por-declaracoes-contra-pt/>.

Acesso em 23 jul. 2010.

Tweets

no

período

Agenda

Marketing

Político

Replies

Retweets

Variados

Outros

fatos da

política

Relacionados

ao PTxFarcs

90 15 15 36 18 02 03 01

Page 82: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

82

Figura 21 – Site oficial Minha Marina

A forma com que a mensagem foi postada no microblog sugere que assessores da

candidata podem ter sido responsáveis, aproveitando a fala de Marina durante o evento. De

qualquer modo, o fato de a candidata autorizar menção ao caso no Twitter, ao contrário dos

seus adversários, pode ser justificado por esta não ter relação direta com a polêmica.

Mais do que observar o caráter das declarações dadas pelos políticos no Twitter, essa

análise objetiva relacioná-las ao conteúdo jornalístico que vem sendo produzido durante a

campanha eleitoral. Ao observar os tweets de Marina Silva no período selecionado para o

caso que envolve o PT e as Farc, houve a ocorrência de uma interação entre a candidata e o

jornalismo importante para este estudo. Trata-se de uma pergunta feita a ela pelo perfil Terra

Eleições, ligado ao portal Terra. Tal como em uma entrevista, a candidata responde à questão

em uma série de tweets, em parte representados nas figuras a seguir.

Page 83: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

83

Figura 22 – Tweet de Marina Silva – 1ª interação com conta de portal jornalístico

Figura 23 – Tweet de Marina Silva - 2ª interação com conta de portal jornalístico

Apesar de alheia ao caso analisado e ao próprio recorte do trabalho, que optou pela

Agência Estado para realizar a pesquisa, tal interação também contribui para comprovar a

hipótese desta monografia, sendo mais um exemplo de que o Twitter vem sendo usado pelos

jornalistas para a coleta de informações durante a cobertura da campanha eleitoral.

Tabela 20 – Conteúdo dos tweets de José Dutra

Tweets

no

período

Agenda

Marketing

Político

Replies

Retweets

Variados

Outros

fatos da

política

Relacionados

ao PTxFarcs

79 08 15 28 01 17 04 06

Page 84: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

84

Tabela 21 – Conteúdo dos tweets de Sérgio Guerra

Tabela 22 – Conteúdo dos tweets de José Luiz Penna

A análise dos tweets dos presidentes dos partidos mostrou relevância apenas nas

postagens de José Dutra, que rebateu as acusações de Indio da Costa, seja por afirmações

próprias ou por retweets com críticas ao vice de Serra. Sérgio Guerra (PSDB), que teve

poucas atualizações no período, evitou comentar o assunto até pelo caráter delicado das

declarações de Indio.

Tabela 23 – Conteúdo dos tweets de Michel Temer

Tabela 24 – Conteúdo dos tweets de Indio da Costa

Mesmo monitorando os dois perfis de Michel Temer no Twitter, nenhum deles

apresentou tweets no período analisado para este caso, o que impossibilita qualquer

observação. Por sua vez, Indio da Costa, pivô da polêmica sobre a ligação do PT com as Farc

reiterou as acusações no microblog diversas vezes. O vice de Serra faz uso da Internet e da

possibilidade que o Twitter oferece de remeter a outros sites para tentar justificar suas

declarações. Ele posta várias matérias externas na tentativa de comprovar sua afirmação.

Assim, o Twitter é usado por ele como um canal para embasar o que foi dito antes.

Tweets

no

período

Agenda

Marketing

Político

Replies

Retweets

Variados

Outros

fatos da

política

Relacionados

ao PTxFarcs

05 02 03 0 0 0 0 0

Tweets

no

período

Agenda

Marketing

Político

Replies

Retweets

Variados

Outros

fatos da

política

Relacionados

ao PTxFarcs

05 04 01 0 0 0 0 0

Tweets

no

período

Agenda

Marketing

Político

Replies

Retweets

Variados

Outros

fatos da

política

Relacionados

ao PTxFarcs

0 0 0 0 0 0 0 0

Tweets

no

período

Agenda

Marketing

Político

Replies

Retweets

Variados

Outros

fatos da

política

Relacionados

ao PTxFarcs

33 05 06 15 02 01 0 04

Page 85: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

85

Tabela 25 – Conteúdo dos tweets de Elisabeth Lopes

Tweets

no

período

Agenda

Divulgação

Profissional

Replies

Retweets

Variados

Relacionados à

política

Relacionados

ao PT-Farcs

47 02 0 29 0 16 0 0

Tabela 26 – Conteúdo dos tweets de Carolina Freitas

Tweets

no

período

Agenda

Divulgação

Profissional

Replies

Retweets

Variados

Relacionados à

política

Relacionados

ao PT-Farcs

96 01 02 29 05 44 14 01

Tabela 27 – Conteúdo dos tweets de Gustavo Uribe

Tweets

no

período

Agenda

Divulgação

Profissional

Replies

Retweets

Variados

Relacionados à

política

Relacionados

ao PT-Farcs

24 01 01 05 01 10 04 02

Assim como no primeiro caso analisado, os comentários dos jornalistas sobre as

declarações de Indio são muito mais de cunho pessoal do que profissional. Elas não ilustram

qualquer tentativa de contato com os políticos pelo Twitter, mas sim o sentimento dos

jornalistas de que o comportamento de Indio foi precipitado.

2.1 A repercussão dos tweets sobre a suposta ligação entre PT e Farc no

material jornalístico da Agência Estado

Com o propósito de envolver as datas de 16 a 22 de julho de 2010, período em que o

Twitter dos políticos e jornalistas citados foi monitorado, no dia 23 de julho foi feita uma

busca na Internet por matérias ligadas aos tweets. Novamente, a metodologia utilizada foi

uma pesquisa no site de busca Google, usando duas combinações de palavras-chave, que

envolverem os seguintes termos: Indio da Costa, Twitter, Farc e Agência Estado ou AE.

Como já mencionado, foram desconsiderados os resultados irrelevantes, que se referem a

citações em blogs amadores e matérias que não foram produzidas pela Agência Estado.

Page 86: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

86

Tabela 28 - Pesquisa de notícias no Google – quinta combinação

Palavras-chave: “Indio da Costa + Twitter + Farc + Agência Estado”

Resultados

Título

Data

Publicado por

Total de

notícias

Relacionados

a tweets

PT quer processar Indio da

Costa por declarações

18/07/2010

Veja.com

5

PT entra com duas ações contra Indio da Costa

20/07/2010

Gazeta do Povo

PT pode processar Indio da Costa por declarações contra Dilma

18/07/2010

ClicRBS

Vice de Serra ganha apoio

de aliados por acusar PT de

ligações com narcotráfico

19/07/2010

R7 Notícias

Indio volta a falar sobre ligação do PT com as Farc

21/07/2010

IstoÉDinheiro

Não

relacionados

a tweets

Bernardo: Indio da Costa 'se comporta como um idiota'

19/07/2010

Estadão.com

2 Marina critica 'baixaria' e

ironiza Indio da Costa

18/07/2010

Último segundo

Tabela 29 - Pesquisa de notícias no Google – sexta combinação

Palavras-chave: “Indio da Costa + Twitter + Farc + AE”

Resultados

Título

Data

Publicado por

Total de

notícias

Relacionados

a tweets

PT pode processar Indio da

Costa por declarações contra

Dilma

18/07/2010

ClicRBS

2

Indio volta a falar sobre ligação do PT com as Farc

21/07/2010

Limão.com

Não

relacionados

a tweets

Serra diz que PT tem ligação com as Farc

19/07/2010

Isto É Online

2 Indio volta a falar sobre ligações

do PT com as Farc

22/07/2010

Diário do grande ABC

No total, 11 matérias retornaram da busca com as duas combinações de palavras-

chave. Desse número, sete estão relacionadas a comentários feitos no microblog, sendo que

três delas aparecem mais de uma vez. Assim, a análise considera quatro notícias diferenciadas

para a comparação com os tweets, que será demonstrada a seguir.

Page 87: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

87

I) Análise da matéria 1 - PT quer processar Indio da Costa por declarações

(18/07/2010)54

A matéria do dia 18 de julho trata de uma reunião que seria realizada pelos dirigentes

do PT para avaliar a possibilidade de processar Indio da Costa por ter ligado o partido às

Farc e ao narcotráfico. Sem citar que se trata de uma afirmação dada no Twitter, a

notícia menciona que o presidente do PT, José Eduardo Dutra, reagiu pela Internet aos

comentários de Indio: “Pela internet, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, reagiu às

declarações de Indio da Costa. „Esse Indio desqualificado quer ser processado. O problema é

que ele não vale o custo do papel necessário para a petição‟, afirmou Dutra” (AE, 2010).

Trata-se de uma mensagem escrita por Dutra no Twitter no dia 17 de julho:

Figura 24 – Tweet de José Dutra sobre Indio da Costa (17/07 14h45)

Em outro ponto da matéria, novamente um tweet de José Dutra aparece em evidência

para informar que ele se reuniria com o secretário geral do PT, José Eduardo Cardozo, para

decidir que providências tomariam:

No final da tarde deste domingo, o presidente do PT informou que vai se

reunir com o secretário geral do partido, José Eduardo Cardozo, para discutir o

assunto. E adotou a ironia para tratar do caso: “Amanhã, eu e o Cardozo

vamos discutir a questão do Indio. Adianto, que não concordo em chamar o

General Custer" (AE, 2010).

54

PT quer processar Indio da Costa por declarações, Agência Estado, 18 jul. 2010. Disponível em:

<http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/pt-quer-processar-indio-da-costa-por-declaracoes>. Acesso em 23 jul. 2010.

Page 88: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

88

Figura 25 – Tweet de José Dutra sobre Indio da Costa (18/07 18h46)

Tentando apresentar os dois lados no caso, a notícia novamente recorre a um tweet:

Apesar disso, o líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC),

saiu em defesa do companheiro de partido. "O vice Indio falou o que todos

já sabem. O PT tem ligações umbilicais com as Farc, que, por sua vez,

vivem do narcotráfico. O que falta é a Justiça agir!", postou o deputado no

seu twitter (AE, 2010).

A análise desta notícia comprova, portanto, a consulta feita por jornalistas ao Twitter como recurso para extrair declarações dos políticos. II) Análise da matéria 2 - Vice de Serra ganha apoio de aliados por acusar PT de

ligações com narcotráfico (19/07/2010)55

A matéria publicada em 19 de julho é inteiramente baseada em afirmações dadas pelo

Twitter. Ela trata do apoio manifestado por Roberto Jefferson (PTB) e Paulo Bornhausen,

líder do DEM, às acusações de Indio. Os políticos usaram o microblog para endossar o

colega:

Bornhausen apoiou o colega de partido e republicou uma mensagem de outro

internauta que classifica as denúncias como “fatos”, também completou

dizendo que falta apenas a “Justiça agir”

- [Indio da Costa] Falou o que todos já sabem: o PT tem ligações umbilicais

com as Farc, que por sua vez vive do narcotráfico. O que falta é a Justiça

agir. (AE, com R7, 2010)

55

Vice de Serra ganha apoio de aliados por acusar PT de ligações com narcotráfico, Agência Estado com

R7, 19 jul. 2010. Acesso em 23 jul 2010.

Page 89: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

89

A notícia vai além dos exemplos até aqui encontrados, uma vez que não só utiliza

trechos postados no Twitter, como também ilustra os fatos com o print-screen56

das

mensagens de Jefferson e Bornhausen. Cabe destacar que esses políticos não tiveram os perfis

monitorados por esta pesquisa, mas aparecem na análise por serem citados pela matéria.

Figura 26 – Reprodução do Twitter sendo usada como ilustração na matéria

Foto: Reprodução Twitter Aliados fazem coro às declarações de Índio da Costa no Twitter

Mais uma vez, nota-se que o Twitter vem sendo usado como um espaço aberto de

discussão entre os políticos e que esses debates são acompanhados pelos jornalistas, que

inclusive redigem matérias baseadas neles.

56

Captura de imagens da tela do computador, por meio de uma das teclas do teclado.

Page 90: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

90

III) Análise da matéria 3 - PT entra com duas ações contra Indio da Costa (20/07/2010)57

A notícia do dia 20 de julho informa que o PT entrou como duas representações

judiciais contra Indio da Costa: uma delas junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob a

alegação de injúria, calúnia e difamação; e a outra na Procuradoria-Geral da República (PGR),

pedindo a abertura de um processo contra o vice de Serra por danos morais. Além disso, o PT

pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) direito de resposta no site do PSDB.

Baseada principalmente em entrevistas à imprensa dadas por José Dutra, José Eduardo

Cardozo e José Serra, a matéria cita também a versão do tucano em relação à polêmica, dada

durante a inauguração de um comitê em Belo Horizonte. Serra, que não se pronuncia em

nenhum momento sobre o assunto no Twitter, é questionado e afirma ser pública a ligação do

PT com as Farc, embora não associe o partido ao narcotráfico.

Apenas na última retranca da notícia aparece uma menção ao Twitter: “Após a

repercussão de sua declaração de que o PT tem ligação com o tráfico e com os guerrilheiros

das Farc, Indio da Costa voltou a comentar o assunto ontem no Twitter. „PT não faz

narcotráfico. As Farc, sim‟, disse Indio” (AE, 2010). O trecho refere-se à seguinte mensagem:

Figura 27 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 12h45)

57

PT entra com duas ações contra Indio da Costa, Agência Estado, 20 jul. 2010. Disponível em:

<http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1026861&tit=PT-entra-com-2-acoes-

contra-Indio-da-Costa>. Acesso em 23 jul. 2010.

Page 91: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

91

IV) Análise da matéria 4 - Indio volta a falar sobre ligação do PT com as Farc

(21/07/2010)58

Produzida após cobertura de um evento da campanha de Serra no Rio de Janeiro, a

matéria foca nas declarações dadas por Indio da Costa na ocasião, que cobra um

posicionamento de Dilma Rousseff sobre o caso. Cita ainda uma fala de Indio durante

apresentação do Comitê Olímpico Brasileiro sobre a organização dos Jogos Olímpicos de

2016, no mesmo dia: “[...] Indio afirmou que „o PT que está nervoso‟, e que já havia enviado

documentos que comprovariam as relações do partido com as Farc para mais de um milhão e

meio de pessoas, via Twitter”.

Desta vez, a menção ao microblog não é feita pela reportagem, mas pelo próprio Indio,

referindo-se aos seguintes tweets publicados por ele para justificar suas afirmações:

Figura 28 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (23/07 7h42)

58

JUNQUEIRA, Alfredo. Indio volta a falar sobre ligação do PT com as Farc, Agència Estado, 21 jul.

2010. Disponível em:

<http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/29091_INDIO+VOLTA+A+FALAR+SOBRE+LIGACAO+DO+PT+

COM+AS+FARC>. Acesso em 23 jul 2010.

Page 92: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

92

Figura 29 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 14h52)

Figura 30 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 15h40)

Figura 31 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 16h24)

Page 93: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

93

De modo geral, as quatro matérias analisadas envolvendo a acusação de Indio da Costa

ilustram uma tendência ao uso do Twitter para a complementação de informações pelos

jornalistas, que se aproveitam do fato de que casos polêmicos vêm sendo debatidos no

microblog pelos políticos, em especial durante a campanha eleitoral. Mais do que isso,

notícias vem sendo construídas exclusivamente com base em tweets, seguindo uma tendência

do meio de priorizar o jornalismo “declaratório” em detrimento do investigativo, processo que

se potencializa na Internet, devido ao caráter de imediatismo.

A tabela abaixo apresenta um balanço no que se refere ao uso de informações dos Twitter nas matérias:

Tabela 30 – Grau de aparição do Twitter nas matérias analisadas

Tweets e

entrevistas

Apenas tweets Apenas entrevistas com

menção ao Twitter

02 01 01

3. Uso de tweets em matérias jornalísticas: avaliações

Uma análise preliminar dos dados apresentados, levando em conta a avaliação dos

dois episódios escolhidos, sua divulgação no Twitter e a influência desta divulgação no

material jornalístico produzido pela Agência Estado permite as seguintes inferências:

a) O Twitter vem sendo usado pelos políticos como uma importante ferramenta de

marketing. Mais do que se posicionarem verdadeiramente sobre assuntos polêmicos,

existe uma grande preocupação em divulgar tweets que promovem a agenda do

candidato ou mesmo se relacionam a marketing explícito. Isso mostra que o microblog

vem sendo usado muito mais como uma ferramenta de promoção do que de debate.

Essa tendência de que a política seja movida pelo marketing não está presente apenas

no Twitter, como sinaliza Motta (2002, p. 17):

[...] a política mistura-se com a performance, as eleições são disputas de

marketing, políticos são mais atores que ideólogos, todos desempenhando

papéis cujo fim é o espetáculo em si. A ação política é valorizada não pelo

conteúdo das discussões, mas pelas habilidades teatrais e comunicativas dos

atores, ou melhor, dos marqueteiros que “interpretam” a política. Nessa

atmosfera mercadológica, a notícia é curta, rápida, fragmentada; tende ao

entretenimento, esvaziada que é no seu conteúdo político.

Page 94: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

94

Nesse mesmo sentido, em entrevista concedida à pesquisadora, Elisabeth

Lopes59

, da Agência Estado, é enfática:

[...] O Twitter continua sendo o palanque deles. Eles [os políticos] fazem o

Twitter de palanque, não dá pra esperar outra coisa. É um palanque

eletrônico [...]. Então, não espere nada além, mesmo em outras campanhas, é

o político no palanque. Só que é o palanque do Twitter. Pra mim isso é

normal, porque só mudou a plataforma.

b) Em momentos mais críticos, o uso de redes sociais pelos candidatos para a

manifestação do pensamento ainda é tímida. Ao contrário, os dados indicam que, em

momentos de crise os políticos que concorrem em eleições costumam preservar sua

privacidade, evitando a exposição e consequente reação pública. A estratégia é evitar o

risco de ter os cidadãos se posicionando contra determinada afirmação dada. Por seu

caráter de instantaneidade, é possível afirmar que, frente a um posicionamento

polêmico dos candidatos, os usuários do Twitter rapidamente iniciariam um debate,

que poderia acarretar em mensagens negativas para ambos os partidos. Seriam pessoas

comuns falando para pessoas comuns, conectadas, e isso tem um peso enorme. Outro

fator de peso é o fato de que o microblog é composto por muitos especialistas,

blogueiros, formadores de opinião, que constituem uma massa crítica poderosa. Neste

aspecto, Comm (2009) afirma que seu sucesso se dá porque além de sua proposta ser

simples, o microblog também conseguiu formar uma massa crítica ativa, que alimenta

os debates dentro do site.

c) Contrapondo os tweets dos candidatos a de seus aliados, é possível afirmar que existe

uma tendência de que os primeiros se omitam diante de episódios polêmicos, ao passo

que o segundo grupo não hesita em divulgar acusações. A conclusão é que os

candidatos são preservados e se preservam, de modo a não serem pressionados pela

opinião pública por aquilo que eventualmente twittarem a respeito.

Menos visados pela opinião pública, os políticos que atuam nos bastidores das

campanhas, representados neste estudo por José Dutra, Sérgio Guerra e Indio da

Costa, demonstram sentir a liberdade que é característica dos usuários da web, em

especial de redes sociais. Numa sensação de que se fala para um grupo específico, as

mensagens se apresentam mais despojadas, livres de qualquer hesitação e guiadas pela

emoção de um embate travado virtualmente. Essa suposta liberdade apresentada por

59

Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 21 de setembro de 2010.

Page 95: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

95

alguns políticos menos comprometidos com a opinião pública é lembrada pelos

jornalistas da Agência Estado durante entrevista concedida para este trabalho.

Elisabeth Lopes afirma60

que existem fatos que os repórteres estão esperando o

político anunciar e que vêm sendo declarados pelo Twitter. A constatação é reiterada

por Gustavo Uribe: “[...] como no Twitter é tudo rápido e você pode acessar a qualquer

hora, muitas vezes o político não calcula o que vai ser falado e vai muito no calor dos

fatos”61

.

d) No caso dos jornalistas da Agência Estado constatou-se que não houve, nos casos

analisados, qualquer tentativa de contato via Twitter com os políticos. É possível

afirmar ainda que o microblog vem sendo usado por eles para postagens de assuntos

relacionados à vida pessoal, seguidos por tweets que se referem à divulgação de

materiais noticiosos produzidos. Quanto à repercussão dos episódios selecionados,

observou-se que as mensagens ficaram na linha de comentar os fatos, assim como

ocorre em qualquer outro perfil de um usuário que esteja informado.

e) As declarações mais consistentes relacionadas aos casos analisados foram aquelas

dadas ao repórter durante a cobertura da agenda do político. São afirmações que não

foram feitas pelo microblog em nenhum momento. José Serra, por exemplo, no evento

da Associação Comercial de São Paulo, declarou aos jornalistas ser de

responsabilidade de Dilma a elaboração do dossiê contra ele. Em compensação, por

mais que tenha mantido o seu Twitter ativo, não fez qualquer menção ao caso em suas

postagens.

f) O Twitter já se constitui uma importante fonte de informação para seus usuários,

considerando que pessoas-chave precisam ser seguidas. No caso do debate entre Dutra

e Guerra, por exemplo, quem segue os políticos no microblog acompanhou

instantaneamente a discussão entre eles, antes mesmo que as notícias começassem a

repercutir essas postagens. Sobre essa mudança na forma de receber informações,

Comm (2009) descreve como algo do passado o tempo em que a informação chegava

ao público de cima para baixo. O processo de produção de meios impressos é para ele

uma forma de os redatores, editores e produtores, escolherem os assuntos e oferecer ao

60

Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 14 de maio de 2010. 61

Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 14 de maio de 2010.

Page 96: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

96

leitor. O autor afirma que isso mudou: “Criar um conteúdo e torná-lo disponível a

todos pode ter custo zero, o que significa que não importa se ele não é lido por

milhões. [...] A isso chama-se cauda longa, e a internet faz dela um uso fantástico”

(COMM, 2009, p. 01-02).

g) As matérias aliaram declarações que correspondem às postagens feitas pelos políticos

no Twitter às declarações feitas publicamente. Portanto, os tweets já são uma forma de

representar o posicionamento das fontes do mesmo modo que uma declaração feita ao

repórter; trechos postados são usados na íntegra como fontes primárias, ou seja, como

se fossem afirmações dadas em entrevistas. Mais do que isso, uma das matérias

analisadas já apontou a tendência de que o texto seja ilustrado por print-screens

contendo a mensagem original no microblog.

h) Ficou subentendido na análise que quando as declarações apresentadas no Twitter são

feitas de forma explícita e diretamente dos perfis oficiais não parece haver por parte

dos jornalistas uma preocupação em checar ou complementar essa informação junto

aos políticos, já que as mensagens aparecem transcritas muitas vezes integralmente na

matéria. Mais do que isso, este estudo se arrisca a alinhar o uso de tweets nas notícias

a uma tendência do meio de priorizar o jornalismo “declaratório” em detrimento do

investigativo, processo que se potencializa na Internet, devido ao caráter de

imediatismo. Esta constatação, porém, está baseada nos dois casos estudados e não

pode ser generalizada. Sobre essa tendência, Gustavo Uribe62

frisa que a problemática

vai muito além do uso do Twitter:

[...] se a gente for pensar, é como se você estivesse numa coletiva de

imprensa, você pega aspas daqui e de lá e escreve a matéria. Eu não acho

que seja um pecado você fazer uma matéria só baseada no Twitter se você

tem a certeza que foi o candidato que escreveu. É a mesma coisa de você

pegar na rua um candidato, que falou uma coisa e o outro falou outra. O que

se pode questionar é o seguinte: é o jornalismo declaratório, mas o

jornalismo declaratório sim deve ser criticado, é um problema do jornalismo

declaratório, eu não acho que seja um problema do Twitter.

Ao assinalar a preocupação com um futuro em que os cidadãos navegarão na

web sem recorrem ao filtro do jornalismo, Marcondes (2000 apud CUNHA, 2004, p.

67) critica o mesmo tipo de prática observada por este estudo nas matérias produzidas

a partir de tweets:

62

Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 21 de setembro de 2010.

Page 97: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

97

Marcondes não apenas desconfia do futuro dessa recepção ativa, mas errante

e desorientada, como ainda alerta que ela é fortalecida pela predominância,

na imprensa, de certo tipo de jornalismo passivo que se especializa em

“copiar e colar” releases, repassar informações, reproduzir declarações de

autoridades; enfim, um jornalismo mais ocupado em “comunicar” do que

propriamente “informar”. Marcondes alerta que essa postura passiva já está

disseminada nos veículos tradicionais da mídia impressa e eletrônica, e tende

a ganhar ainda mais espaço no webjornalismo, que comumente opera “sob o

princípio da rapidez, da redução e racionalização lingüística, da

volaticidade”, deixando pouco tempo e espaço para procedimentos

imprescindíveis como pesquisa, investigação, apuração, seleção, edição.

De outro lado, em entrevista concedida à pesquisadora, Elisabeth Lopes

defende que há na Agência Estado uma preocupação com a checagem do conteúdo

divulgado no Twitter:

[...] tem muita bobeira e fofoca no Twitter. Para aquilo virar uma pauta,

virar notícia, você vai ver que é preciso checar. Esses 140 caracteres, você

pega como referência, você precisa explicitar. Você não manda uma matéria

se não conseguiu checar, a não ser que seja uma coisa assim... que é uma

notícia que não vá gerar margem de interpretação. O problema é quando se

fica na dúvida [...]. [O Twitter] É uma ferramenta para você ir atrás da

informação, pra você checar, saber em primeira mão. [...] O Serra twitou ali,

mas qual o contexto em que ele quis dizer aquilo? É uma ferramenta pra

você ir atrás, eu acho uma bela ferramenta, muito usual, mas é ferramenta,

no meu ponto de vista.63

i) Devido à aparição de matérias inteiramente construídas a partir da citação de tweets,

deduziu-se ainda que a produção de matérias baseadas em tweets segue a tendência de

que o jornalista colha as informações do texto de dentro da redação, em detrimento da

atividade de apuração no local dos fatos. Uma prática não rara mesmo no jornalismo

impresso e já iniciada com a chegada do telefone às redações, que se acentua devido a

facilidade de obter informações e de interagir com fontes na Internet.

j) O fato de terem seus tweets transformados em matérias pode impactar ainda mais na

forma como os políticos utilizam a ferramenta, uma vez que estes passariam a escrever

não mais de forma natural no microblog, mas de modo a direcionar o que será

divulgado pela mídia, de modo que lhes favoreça. Essa possibilidade também é

abordada por Zago (2010, p. 12), em relação às celebridades: “Sabendo que possuem

seus perfis no Twitter vigiados, daria para se questionar se os famosos não

63

Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 21 de setembro de 2010.

Page 98: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

98

escolheriam cuidadosamente suas falas na ferramenta, já pensando na possibilidade de

vir a se tornar fonte de notícias”.

k) Assim como existem tweets que pautam o jornalismo político, devido à ênfase nas

campanhas eleitorais, também o conteúdo divulgado pela mídia se converte em tweets,

pois há uma repercussão desses assuntos no microblog, já que ele se constitui um

fórum instantâneo que reflete a própria opinião pública. Essa relação está associada ao

conceito de agenda setting, mencionado nos anos 70 pelos pesquisadores McCombs e

Shaw. De acordo com essa teoria, os assuntos divulgados pela mídia são um recorte

dos acontecimentos e dirigem as discussões que são estabelecidas entre os cidadãos:

“A idéia básica do paradigma, para os dois autores, era representada pela capacidade

que a mídia possui de influenciar a projeção dos acontecimentos na cena pública”

(SOUSA, 2008, p. 06). Relacionando um dos casos analisados a essa constatação,

observa-se que sendo a polêmica do dossiê contra Serra revelada pela mídia (Revista

Veja – edição 2167 02/06/2010), imediatamente se repercutiu no Twitter, um dos

espaços de discussão da Internet. O debate travado em torno do assunto pelos aliados

no microblog, por sua vez, voltou a se repercutir na imprensa. Dessa forma, o Twitter

se converteu em um novo espaço público que gera debate e que, em razão disso,

constitui-se também em uma ferramenta usada para a informação.

Nesta mesma linha de agenda-setting, é comum que os políticos utilizem a

imprensa para se informar sobre acontecimentos dos ministérios e do Palácio do

Planalto, conforme ilustra Rodrigues (2002, p. 109):

Um exemplo foi a briga entre os partidos PSDB e PFL, durante os meses de

maio e junho de 1996. Os líderes dos partidos atacavam-se via jornal

impresso e, o mais importante, cada ataque se baseava no que o líder tinha

lido sobre o que o outro havia dito sobre ele no jornal.

Quase 15 anos depois, é possível constatar que esse tipo de debate antes

baseado apenas no que a imprensa publica, hoje também pode ser visualizado no

Twitter, já que os políticos passam a trocar farpas com base no que leem na página do

adversário no microblog. Essa situação foi ilustrada pela troca de acusações entre

José Dutra e Sérgio Guerra, que se desenvolveu na forma de tweets e repercutiu nas

matérias. Não significa que a mídia deixou de agendar as declarações entre os

políticos, mas sim que o Twitter tem se transformado em um novo espaço de

referência para essas pessoas se informarem sobre o cenário do qual participam. Por

Page 99: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

99

sua vez, os meios de comunicação têm se agendado por essas informações que

circulam no Twitter.

Os dados analisados indicam, portanto, que o Twitter se constitui mais um instrumento

de apoio ao trabalho jornalístico no ambiente da web e que ganha ainda mais força na

cobertura da campanha eleitoral 2010, haja vista a adesão dos políticos ao microblog. Seu

atrativo está no fato de que os usuários podem postar informações relevantes, muitas vezes

inéditas, levados pela facilidade da Internet e pelo calor de um embate com o adversário. A

partir de situações deste tipo, exemplificadas pelo embate entre Guerra e Dutra sobre o

suposto dossiê contra Serra e pelas afirmações de Indio da Costa que ligam o PT às Farc,

estão surgindo matérias produzidas por repórteres, fato comprovado a partir da Agência

Estado. Assim, o Twitter se constitui mais uma das ferramentas usadas por eles para cobrir a

campanha eleitoral. Porém, o material coletado no microblog serve como primeiro passo para

um processo que não dispensa a checagem da informação junto à fonte e o confronto de

opiniões entre todos os envolvidos.

Page 100: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

100

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde que a Internet surgiu em 1969, muitas revoluções digitais se seguiram,

começando pela criação das primordiais redes de trocas de arquivos até chegar à World Wide

Web, navegadores, sites de buscas, chats. Tudo isso contribuiu para o surgimento e evolução

do webjornalismo (FERRARI, 2004). Da fase de transposição de seu conteúdo para a Internet

até a descoberta de um caminho de fato acertado para essa plataforma, o jornalismo cometeu

muitos erros, enraizado no modelo impresso. Mas o verdadeiro desafio pelo qual passou o

jornalismo online foi ocasionado pela consolidação da web 2.0, plataforma aberta marcada

pelo compartilhamento de conteúdos e pela interação. Neste contexto, os jornalistas se

deparam com conteúdos de todos os tipos produzidos por cidadãos comuns, desde artigos até

fotografias e vídeos. Esse conteúdo colaborativo em alguns casos possui caráter jornalístico

(ZAGO, 2009a), fato que altera a forma de se produzir e consumir informação.

Depois de cair no gosto de especialistas, blogueiros e celebridades, o Twitter vem se

mostrando uma ferramenta múltipla, utilizada por seus usuários para fins de conversação,

marketing e até para troca de informações de relevância jornalística (CARVALHO;

BARRICHELLO, 2009). O sucesso do microblog é mantido pela massa crítica que formou,

pessoas que impulsionam os debates e a troca de informação colaborativa. A forma como o

jornalismo lida com a ferramenta Twitter ainda é prematura, mas alguns caminhos já podem

ser visualizados.

A avaliação das relações entre o microblog e o jornalismo implica em analisar

efetivamente situações em que estas se estabelecem, e as eleições presidenciais se constituem

espaço profícuo para isso, pois são eventos que provocam grande repercussão na agenda do

Page 101: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

101

jornalismo político. Na campanha eleitoral deste ano, em especial, a Internet vem exercendo

papel histórico e fundamental. Interessados no possível retorno que a presença na Internet

pode trazer às campanhas, os três candidatos mais bem colocados nas últimas pesquisas, José

Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva, investiram na criação de blogs, redes sociais,

divulgação pela web e apostaram no microblog Twitter como forma de conquistar seguidores

e se promoverem.

Os dados levantados por esta pesquisa confirmam a influência da Agência Estado

sobre o conteúdo informativo divulgado no país, pois a presença de material produzido por

ela durante o período eleitoral em outros veículos é marcante, já que muitas redações não

apresentam estrutura e pessoal para a cobertura da agenda dos candidatos a nível nacional.

Apenas com base nos casos analisados (que considerou curtos períodos), por exemplo, as

notícias selecionadas aparecem publicadas em 19 páginas diferentes, hospedadas em portais e

sites de informação, de vários estados do país.

Os resultados desta pesquisa também comprovaram a hipótese de que o Twitter vem

impactando na produção jornalística da editoria de política da Agência Estado. Isso porque o

microblog vem sendo usado pelos políticos para divulgar informações de interesse dos

jornalistas, o que gera a produção de notícias baseadas em tweets. A maneira como esse

processo se dá mostrou que os tweets vêm sendo citados nas matérias de fato como

declarações dadas por fontes, aparecendo entre aspas, na maioria das vezes na íntegra.

Observou-se a produção de matérias inteiramente baseadas em falas ditas por políticos

em seus perfis no microblog, sem que houvesse qualquer outra forma de entrevista. Essa

constatação responde a outra hipótese do trabalho, no que se refere à checagem das

informações, mostrando que aparentemente não há preocupação em checar junto ao político a

afirmação dada via Twitter. Por outro lado, profissionais da Agência Estado entrevistados

confirmam o uso do Twitter na redação, mas afirmam que o processo de checagem

das informações é rigoroso. No que se refere a uma possível tentativa de contato com os

políticos via Twitter, hipótese que chegou a ser trabalhada na etapa preliminar desse estudo,

também não houve por parte dos jornalistas essa intenção nas situações analisadas.

A partir dessas observações e de modo restritivo aos dois casos analisados, é possível

alinhar o uso de tweets nas notícias a uma tendência do meio de priorizar o jornalismo

“declaratório” em detrimento do investigativo, carregando as matérias com versões ao invés

de informações novas. Essa constatação também foi mencionada por Zago (2010, p. 13),

quando fala sobre notícias que são produzidas sem que o jornalista saia da redação: “De fato,

a mera observação do que é dito por políticos e famosos no Twitter pode bastar para que se

Page 102: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

102

obtenha um fluxo contínuo de frases e citações que possam ser transformadas em notícias”.

Outra aproximação entre o jornalismo e o Twitter constatada neste estudo é a de que

os assuntos divulgados pela mídia dirigem as discussões que são estabelecidas entre os

cidadãos (SOUSA, 2008), agora não só nas rodas de conversa, mas também nas mensagens

instantâneas do Twitter. Portanto, essa relação pode ser associada à teoria da agenda setting,

pois da mesma forma que os tweets pautam o jornalismo político, também o conteúdo

divulgado pela mídia se converte em discussões pelos usuários do microblog.

De modo complementar ao estudo, foi possível elencar ainda algumas considerações

acerca do uso do Twitter pelos políticos. A análise mostrou que existe a tendência de que o

microblog seja usado pelos presidenciáveis preferencialmente para fins de marketing, já que

não houve posicionamento por parte dos candidatos em relação a assuntos polêmicos que

pudessem comprometê-los. Depreende-se que isso se deve à tendência de preservação frente à

opinião pública e que se acentua no Twitter devido à presença de uma massa crítica disposta a

participar das discussões.

Por outro lado, os dirigentes partidários, políticos que não têm a imagem diretamente

ligada à opinião pública por figurarem em esferas de menor impacto, enxergam a ferramenta

como de fato a maioria das pessoas: um ambiente que, pelo caráter de instantaneidade, leva a

sensação de liberdade de expressão. São desses políticos os tweets intrinsecamente ligados às

polêmicas e são eles as fontes usadas pelos jornalistas da Agência Estado para produzir

notícias relacionadas.

É oportuno também mencionar que existem inúmeras possibilidades de se estudar a

ferramenta Twitter que não foram abordadas neste estudo, já que a intenção foi visualizá-lo no

campo jornalístico. O microblog vem sendo muito utilizado por corporações para fins de

publicidade e propaganda. Analisar as formas com que esse processo se dá seria outra

estratégia de estudo importante. Além disso, o site é formado por um grupo de especialistas

formadores de opinião (blogueiros, marqueteiros, jornalistas, tecnomaníacos). A influência

destas pessoas sobre seus seguidores também se constituiria uma rica linha de pesquisa.

Analisar esse fenômeno da rede ainda incluiria outras possibilidades: estudo de sua

apropriação para a conversação, já que vem sendo usado como um grande fórum de perguntas

e respostas; estudo da forma como os grandes portais vêm utilizando a ferramenta para

direcionar os usuários para a leitura de seu conteúdo, etc.

A principal dificuldade para a realização deste trabalho ficou por conta da construção

da metodologia de pesquisa, pois os temas abordados e o próprio objeto de estudo são

Page 103: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

103

fenômenos muito recentes, que não apresentam ainda na bibliografia modelos de

procedimentos de análise consagrados e que pudessem ser adotados como referência segura.

Além disso, o trabalho se deparou com a escassez de bibliografia nacional em relação ao

jornalismo de agências.

Sua contribuição principal reside no aprofundamento da compreensão acerca do

fenômeno que engloba Internet, jornalismo e redes sociais, já que foi possível confrontar

conceitos teóricos à experimentação realizada no estudo de caso. Além disso, após a análise

dos dados, houve uma desmistificação da ideia inicial desta pesquisa sobre o uso do Twitter

pelo jornalismo. Isso porque, apesar de estar impactando na produção de notícias, o microblog

tem sido uma mera ferramenta para a coleta de frases divulgadas pelas fontes (no caso, os

políticos), não tendo suas possibilidades de interação e discussão potencialmente exploradas

pelos jornalistas, que parecem cada vez mais preferir a atividade passiva. Não há, por

exemplo, uma preocupação em utilizar a agilidade do Twitter para a transmissão de coberturas

em tempo real.

Portanto, o resultado de uma matéria produzida a partir de tweets não tem sido muito

diferente das já consolidadas formas de captação de fontes, tal qual assinala Zago (2010, p.

12): “a mera utilização do Twitter como fonte não assegura que o produto resultante seja

diferente do que se obteria a partir da utilização de fontes tradicionais de notícias”. Mais do

que isso, a análise das notícias baseadas em tweets mostrou que a grande maioria não

apresenta qualquer novidade para quem já acompanhou as declarações dos políticos no

Twitter. Ou seja, ao basear sua produção apenas em mera compilação de mensagens postadas,

o jornalismo acaba sendo ultrapassado pelo próprio microblog, que proporcionou aos

seguidores dos políticos acompanharem o debate sobre os fatos em tempo real.

Page 104: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

104

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Page 108: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

108

ANEXOS

Page 109: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

109

Anexo A – Transcrição das entrevistas realizadas junto a jornalistas da

Agência Estado

São Paulo, 14 de maio de 2010

Elisabeth Lopes

Chefe da reportagem de política da Agência Estado

Entrevista concedida pessoalmente na sede da Agência Estado, em São Paulo

Você considera que o Twitter pode ser uma fonte para o jornalista? Ou é uma

ferramenta?

É uma ferramenta. É uma ferramenta para você ir atrás da informação, pra você checar, saber

em primeira mão. Mas como fonte é muito arriscado, não é não, é uma ferramenta. A fonte o

que é? Tem muita fonte disponível no Twitter, mas por exemplo: O Serra twitou ali, mas qual

o contexto em que ele quis dizer aquilo? É uma ferramenta pra você ir atrás, eu acho uma bela

ferramenta, muito usual, mas é ferramenta, no meu ponto de vista, chefiando aqui, vendo o

que sai, os repórteres passam sempre, mas sempre temos o cuidado. Eu sou escolada, nem

assessoria mandando, às vezes eles erram, o ser humano é falível. E mesmo assim tem muito

tiroteio, em tratando-se de política, todo o cuidado é pouco. É melhor esperar meia hora

porque tem essa coisa do imediatismo. Eu acho que o Twitter tem muito essa coisa do furo,

mas sem checar não é nada. Você só dá quando for um escândalo, como a história do Sarney,

um belíssimo furo. Mas aí o repórter ficou tempos trabalhando, isso sim é furo. Então, essa

coisa imediatista, deu aqui em um minuto já está todo mundo repicando, todo mundo indo

atrás, ou dando a matéria que a agência distribui ou outras agências deram e você checa e dá.

A gente não embarca em nada só porque todo mundo deu. Então, é uma ferramenta, é uma

belíssima ferramenta. Vai mudar, acho que ainda é cedo pra gente dizer o quanto ele vai

revolucionar ou não, mas vai mudar muito a maneira de você acompanhar, de você cobrir,

isso sim. Tem tudo ali agora, as agendas todas estão no Twitter agora.

Alguns jornalistas estão colocando no Twitter a pauta da matéria, pedindo sugestões de

perguntas, por exemplo. O que você acha disso, já é realizado aqui na Agência?

Olha, quem faz isso é o Noblat, no Blog do Noblat. Ele está fazendo entrevistas pelo Twitter, ele pede “mandem perguntas”, vou entrevistar o presidente do PSDB. Porque é um colunista,

quando você pega um cara como ele, um jornalista que já tem status, credenciado, é bárbaro,

todo mundo colabora [...] Aqui na Agência não fazemos isso porque usamos mais como

ferramenta, a gente posta, coloca alguma coisa. O Noblat é um cara que tem o blog dele, ele

vive só pra isso, entendeu? Então ele está se dedicando. Mas de repente pode até ter. O

Estadão já coloca ali, o repórter coloca o link da matéria depois que já saiu. É um modelo

legal para colunistas, para quem já tem uma grife no mercado, um colunista, uma Miriam

Leitão, um Noblat. E é legal porque a pessoa tem muitos seguidores e ele vai fazer uma

triagem daquilo que as pessoas mandam, é como essas transmissões em que os internautas

mandam a pergunta. No fundo é a mesma coisa.

Você já chegou a pegar alguma pauta pelo Twitter?

Olha, só o que pego é informação. Como já estou há muito tempo na área, então o pessoal das

campanhas me ligam pra me dar muita informação. Agora mesmo estava conversando com

Page 110: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

110

um dos coordenadores da campanha do Serra. Tenho fontes em Brasília, ontem estava com

candidatos do Senado, então eles me abastecem muito. Mas vira e mexe o Twitter sempre me

dá uma direção.

Há quanto tempo está na Agência Estado?

Há 10 anos. Esta é a minha segunda passagem pelo Grupo. Entrei no Grupo Estado em 1985

quando não tinha internet e nem celular, era a boa e velha maquina de escrever. Eu comecei a

trabalhar em Brasília, fui repórter de economia, cobri Constituinte, cobri muito a área de

escândalo. No governo Collor, era setorista do Banco Central. Então peguei uma boa

bagagem. Voltei pra São Paulo em 1991, aí sim para a Agência Estado, que estava começando

no núcleo online, com o faxpaper, os empresários tinham que ter informação... quer dizer, a

filosofia da Agência Estado já era muito de vanguarda, antes do advento da Internet, a direção

da Agência reconheceu que era necessário a informação chegar mais rápido para as pessoas.

Não tinha internet, mandava a matéria por fax. Então aí depois, veio a Internet, tanto é que

hoje é referência, todo mundo fala, a Agência Estado é líder muito por conta disso.

Aí depois eu fui pro jornal Estadão em 1992, fiquei na empresa até 1997 e fui morar em

Londres. Aí fui ser editora chefe de um jornal para a comunidade brasileira lá, era freela do

Estadão, mandava matéria. Quando eu voltei em 1999, fiquei fazendo freela, não queria mais

voltar pra grande imprensa. Em 2000, o pessoal da Agência me ligou porque estavam no

boom da internet e me chamaram. Aí vim aqui para matar a saudade dos amigos e o pessoal

falou que eu já estava contratada. Aí fiquei, peguei o portal do Estadão, fui da primeira equipe

do portal. Antes o portal era ligado à agência, agora é ligado ao jornal. Comecei como

repórter e hoje estou na chefia da reportagem. O Grupo é uma ótima casa para se trabalhar,

você tem ótimos profissionais, as coisas funcionam. Então é bom você trabalhar num local em

que te dão as ferramentas.

O Twitter facilitou ou piorou a produção jornalística? Por quê?

Melhora muito. É fantástico. Da redação, eu vejo o Serra dizer onde vai almoçar. Melhorou

muito. A própria agenda desse pessoal era difícil de conseguir, hoje ela tá lá.

Vocês escolheram um tema novo. A Agência não sabe ainda o que vai ser disso, existe uma

grande interrogação. Serve de pauta, serve pra dar um norte pra gente. Mas em compensação,

é aquela coisa que você tem que ficar muito mais atento. Apesar de ser uma ferramenta a

mais, uma ferramenta útil que você pode contar com isso pra se pautar, pra gerar notícias,

você tem que tomar cuidado justamente por essa questão, se é muito instantâneo, realmente é

verdade? Então a gente não perde, isso é interessante, e não é só aqui não, em qualquer

redação. Porque tem muita bobeira e fofoca no Twitter. Para aquilo virar uma pauta, virar

notícia, você vai ver que é preciso checar. Seria interessante alguém fazer uma triagem sobre

o que sai, pegar o Twitter do Serra, da Dilma, o que vira notícia e o que não vira? É

interessante até pra ver que realmente é uma responsabilidade.

Houve algum fato importante na política que levou a AE a dar mais atenção ao Twitter?

Olha, existem coisas que você está esperando o político falar e eles se sentem mais à vontade

de falar coisas pessoais no Twitter, algum desabafo. Falaram que o Serra iria anunciar a pré-

candidatura dele pelo Twitter, todo mundo sabia que ele era candidato, ele foi no Ratinho, no

Datena, disse que ia anunciar pelo Twitter, mas não anunciou. Eu sei que no esporte tem

algumas coisas que o pessoal ficou sabendo pelo Twitter. Em política na verdade, que eu me

lembre, não teve nada assim de extraordinário ainda. Mas é bom ficar atento. De repente um

vice aí da Dilma ou do Serra pode ser anunciado pelo Twitter. É bom ficar atento. Mas

sempre lembrar que é preciso checar. Às vezes é melhor esperar cinco, dez minutos para dar a

informação. Porque você dá uma informação, e a informação vai repicando.

Page 111: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

111

Essa é a primeira campanha em que a Internet tem sido usada em potencial pelos

candidatos?

Pela Internet não tanto, porque tinha blog. Na outra campanha, já tinha. Tinha Internet, blog.

Usava-se muito Orkut, Facebook. Agora essa coisa do Twitter especificamente, aí sim,

estourou nessa campanha, e é bem mais movimentada. A dinâmica dessa campanha está

sendo diferente. Eles se atacam pelo Twitter.

Como vocês avaliam a confiabilidade de uma informação postada no Twitter? Como é a

realizada a checagem das informações? Quais perfis vocês consideram mais confiáveis?

Esses 140 caracteres, você pega como referência, você precisa explicitar. Você não manda

uma matéria se não conseguiu checar, a não ser que seja uma coisa assim... que é uma notícia

que não vá gerar margem de interpretação. O problema é quando se fica na dúvida [...] então,

tem o bom senso também, mas a gente não dá nada que gere dúvida, até pela questão da ética.

Uma agência de notícias como a Agência Estado, você dá uma notícia aqui, está repicando no

mundo todo. Sai em rádios, tv, jornais, portais, portais concorrentes. Então, a gente tem que

ter a responsabilidade de saber que o que vai sair daqui é justamente aquilo, entendeu? Tem

que ouvir os dois lados, é a regra básica do jornalismo. Principalmente matéria de política,

hum... tem que ver com lupa. Porque sempre interessa a alguém, lógico. É fácil falar “fulano

roubou”, e aí? Você toma processo por calúnia. É sempre o bom senso. Para isso, existe a

chefia. Cubro política há mais de 20 anos. É preciso ter cuidado, ver o outro lado, está falando

de quem? Mesmo sendo tua fonte, o cara opera em cima de você. Dependendo do veiculo que

você trabalha, o cara quer jogar uma informação em você para repercutir. A premissa básica é

responsabilidade, checar, ter critério. Não é brincadeira mexer com honra de ninguém, se você

não provar... Então, tem que ter muito cuidado. Esse é o ponto básico, principalmente para

quem faz política. É um querendo detonar o outro.

Como você enxerga a falta de bibliografia em relação às agências de notícias no Brasil?

Olha, nós aqui produzimos muito material. Sai da agência vai para empresas, para mídia, para

jornais do Brasil inteiro, inclusive jornais internacionais. Hoje, quase todos os portais assinam

a Agência Estado: G1, que é da Globo, UOL, ligado à Folha, R7, da Record, alguns nem dão

crédito. Então, a coisa acaba diluindo. Acho que a aparente falta de controle do conteúdo da

agência talvez barre as pesquisas. Acho que as pessoas pensam então no volume de trabalho.

Page 112: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

112

São Paulo, 14 de maio de 2010

Gustavo Uribe, 21 anos

Estagiário da reportagem de política da Agência Estado desde dezembro de 2008 e

estudante de jornalismo da Cásper Líbero

Entrevista concedida pessoalmente na sede da Agência Estado, em São Paulo

Como é feito o monitoramento do Twitter na redação?

Virou rotina. Pela manhã, abrimos os sites do TSE, Ministério Público e aí a gente dá uma

olhadinha sempre no Twitter. Tem uma dica muito boa, um site chamado Politweets, não sei

se você já viu. Lá tem o Twitter de todos os políticos, que depois a gente checa se é do

político mesmo ou não, se é assessor que abastece o Twitter, se for assessor a gente nem

coloca. Porque não é a pessoa, entendeu? E depois a responsabilidade é nossa. Porque às

vezes é uma pessoa que escreveu e não é a palavra do político, agora se o assessor disse que

conversou com ele e ele pediu para twittar aquilo, aí sim. Temos que ter certeza de que é o

político. Então, eles colocam o perfil de deputados federais, vereadores, deputados estaduais,

senadores, prefeitos e governadores. É claro que depois disso tudo a gente ainda checa, nunca

a gente segue só por isso.

Como é o trabalho de acompanhar os tweets então?

Aqui existe uma divisão muito grande por candidato em eleições. Então, a Ana Conceição é

responsável por cobrir a Dilma e a Marina Silva, a Carolina Freitas pelo Serra e eu acabo

ficando responsável por cobrir os demais candidatos. Mas no caso do Twitter, todo mundo

monitora. Dependendo do candidato, é muito difícil marcar uma entrevista pessoalmente, a

assessoria não deixa. Então, a Carolina Freitas, por exemplo, conversa com o Serra para

marcar uma entrevista pelo Twitter. O Serra responde a muita gente. Ele tem um movimento

chamado Os Indormíveis, e ele responde a todo mundo que conversa com ele de madrugada.

Houve algum fato importante na política que levou a AE a dar mais atenção ao Twitter?

Uma das grandes coisas pelo Twitter envolveu o Mercadante naquela questão do

“irrevogável”. Foi pelo Twitter. Quando ele ia sair da presidência da bancada do PT e aí ele

disse pelo Twitter que era irrevogável a saída dele. Depois, teve uma reunião com o Lula, o

Lula demoveu o Mercadante da decisão e aí ele foi ao plenário e disse que não ia sair.

E outra coisa que existe é que como no Twitter é tudo rápido e você pode acessar a qualquer

hora, muitas vezes o político não calcula o que vai ser falado e vai muito no calor dos fatos.

Houve também uma coisa que teve muita repercussão sobre o Alckmin. A Folha deu uma

matéria, uma declaração dada por ele no Twitter e o Alckmin não tinha Twitter. E eles

tiveram que publicar uma errata.

Alguns jornalistas estão colocando no Twitter a pauta da matéria, pedindo sugestões de

perguntas, por exemplo. O que você acha disso?

Sobre isso, o Sérgio Guerra fez um videochat. Ele pegou a câmera, as pessoas mandavam as

perguntas pelo Twitter e ele respondia.

Vocês divulgam pauta, matéria pelo Twitter antes de publicar?

Então, aqui a gente não tem Twitter da Agência Estado. Quem tem é o Estadão. O que

acontece é que os repórteres às vezes colocam alguma coisa. Um exemplo foi que o Grupo

Estado deu antes no Twitter a notícia de que presidente da Câmara de São Paulo foi cassado.

O repórter do Estadão colocou primeiro no Twitter e depois colocou a reportagem mesmo,

porque ele nem tava na redação.

Page 113: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

113

Na sua opinião, o Twitter facilitou ou piorou a produção jornalística? Por quê?

Uma coisa que melhorou bastante é no sentido de pauta. O político divulga informações, principalmente relacionadas à agenda, que muitas vezes nem a assessoria sabe. Ele dá antes

da assessoria saber. Com o Serra acontece muito. Você sabe antes da assessoria.

Page 114: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

114

São Paulo, 21 de setembro de 2010

Elisabeth Lopes

Chefe da reportagem de política da Agência Estado

Entrevista concedida pessoalmente na sede da Agência Estado, em São Paulo

Essa foi a primeira campanha presidencial em que o Twitter foi explorado no Brasil. O

que você acha que vai mudar/evoluir a partir dessa campanha em termos de uso do

microblog pelo jornalismo?

Acho que o Twitter tem muito a ser explorado, todas essas ferramentas tem. A gente acha que

já viu de tudo e já sabe de tudo, mas sempre estão aparecendo coisas novas. Resta saber o que

vai aparecer mais. Mas eu acho que só vai poder comparar na outra campanha. Como essa foi

a primeira não tem o histórico da outra. Então nas próximas eu acho que vai dar para

realmente fazer um comparativo. Acho que é muito cedo, ainda estamos todos testando,

experimentando, mas é válido.

O Twitter vem sendo usado pelos políticos claramente com objetivos de promoção,

muito mais do que para a troca de ideias isentas. É possível esperar que isso se reverta e

que haja um debate de propostas real entre eles no microblog?

Eu acho que isso não vai acontecer. Sabe porque? O Twitter continua sendo o palanque deles.

Eles fazem o Twitter de palanque, não dá pra esperar outra coisa. É um palanque eletrônico.

Para mim, o Twitter é um palanque eletrônico. Porque se ele se expor ali, ali tem muita gente,

o Serra tem muitos seguidores, Dilma também, então eles estão falando com o público ali,

mas é um palanque eletrônico. Então, não espere mesmo em outras campanhas, eu conheço

muito essa área, é o político no palanque. Só que é o palanque do Twitter. Pra mim isso é

normal, porque só mudou a plataforma.

Já é possível identificar matérias inteiramente baseadas em tweets, compostas pela fala

de um político e a réplica da oposição no microblog. Qual é a colaboração disso,

jornalisticamente falando?

O Twitter trouxe mais rapidez e transparência. Porque antigamente as fontes ligavam. Por

exemplo, essa história do Jefferson, que ele colocou no Twitter o vice do Serra e “bombou”.

Ele ia ligar, o repórter ia dar. Mas ele colocou no Twitter, ficou mais fácil, é como o Plínio de

Arruda Sampaio, é outra questão que achei interessante, ele não foi convidado para o debate

na TV e fez o debate dele ali no Twitter. Se não fosse o Twitter ele não teria sido chamado

para todos os outros. Então, acho que às vezes a gente espera muito de uma ferramenta como

se ela fosse capaz de... não, é uma ferramenta que você vai usar mas nos mesmos moldes, o

político no palanque, isso continua igual. Em termos de matéria, o cara antigamente ligava,

pra dar uma dica, uma informação, agora você vê no Twitter. Então, é questão de tirar um

pouco essa coisa mítica. O Twitter é bárbaro, é fantástico, revolucionou, só que é mais uma

ferramenta que veio agregar, isso é interessante. Agora eu acho que daqui pra frente, como

ele ser utilizado e tal, acho que é um campo de pesquisa que realmente revolucionou, mas

agora é uma ferramenta. Não espere mudanças de atitude, mudanças na apuração de matérias.

Continua tudo igual, só que é uma ferramenta que permite a transparência, isso é muito legal.

Você tem muito mais elementos. Você teria que dar 10 telefonemas para saber o que você

clica em dois minutos.

Como vocês lidam com o fato de que o político pode estar postando informações

deliberadamente no Twitter sabendo que pode virar matéria?

Checar. Ligar ou para ele ou pra assessoria e continua o trabalho igual porque político vai

Page 115: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

115

sempre falar o que interessa pra ele. O que interessa pra campanha, para o marketing dele.

Olha, eu acho assim, uma coisa legal disso é que você vê que a maneira da gente trabalhar é a

mesma. Por mais que se criem revoluções, o trabalho é o mesmo. A gente vai ter que extrair a

informação, é como garimpar, você tem o cascalho, pedra, pra pegar uma pepita pequenina. O

processo é o mesmo. Só que você tem muito mais ferramentas, se por um lado tem muito

mais informações, do outro o trabalho de checar é maior. Então, acaba empatando, mas é

transparência, acho que isso é o principal.

Page 116: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

116

São Paulo, 21 de setembro de 2010

Gustavo Uribe, 21 anos

Estagiário da reportagem de política da Agência Estado desde dezembro de 2008 e

estudante de jornalismo da Cásper Líbero

Entrevista concedida pessoalmente na sede da Agência Estado, em São Paulo

Quais foram os fatos mais relevantes postados no Twitter no campo político, que

impactaram na produção de notícias da agência?

O caso mais relevante no Twitter foi a questão do vice do Serra. Foi divulgada uma

informação verdadeira, só que essa divulgação acabou causando um rebuliço no mundo

político, que fez com que o nome mudasse.

O que aconteceu foi o seguinte. O PSDB estava reunido com os aliados para decidir o vice,

tinha uma lista de nomes. Quem ia definir o nome era o Serra. Então existia a Patrícia

Amorim, que é a presidente do Flamengo, existia o nome do Álvaro Dias, que era o mais

forte. Isso foi falado para o Roberto Jefferson, que divulgou no Twitter. Quando ele divulgou

no Twitter, o Partido Democratas não tinha sido informado e ficou irritado por não ter sido

informado. Ele é um parceiro, é um aliado e tinha que ter sido consultado. Aí o Democratas

fez um rebuliço, ameaçou sair da chapa do PSDB. E aí deu um novo nome para o PSDB, uma

lista com outros nomes. E aí o Serra escolheu alguém do DEM, que foi o Indio da Costa.

É a mesma coisa que aconteceu no caso do Mercadante. O Mercadante publicou uma coisa,

por causa dessa declaração do Mercadante foi feita uma reunião para o Mercadante mudar de

ideia. Depois daquela frase “irrevogável” publicada no Twitter, o presidente Lula chamou o

Mercadante para conversar antes da reunião, e aí o Mercadante mudou de ideia e continuou

como líder da bancada. Então, o Twitter antecedeu fatos políticos. Existiram fatos políticos

que o Twitter antecedeu e criou mudanças no universo da política.

O que é mais relevante nesses dois episódios é que uma mensagem do Twitter modificou o

cenário político.

Essa é a primeira campanha presidencial em que o Twitter foi explorado no Brasil. O

que você acha que vai mudar/evoluir a partir dessa campanha em termos de uso do

microblog pelo jornalismo?

Como cobertura, eu acho que deve continuar, mas a gente viu nessa campanha que não se

pode confiar em qualquer coisa. Eu acho que foi experimental, a gente publicou muita coisa.

A gente que eu falo são os jornalistas e não o Grupo Estado. Se tem o cuidado hoje dos

veículos de comunicação de não publicar qualquer coisa, de checar se é o candidato, esse

cuidado vai ser intensificado porque já houve barrigadas, então tem que ser intensificado. Vai

ser intensificado. A cobertura vai continuar usando o Twitter, deve ser intensificado seu uso

se os candidatos também intensificarem o uso do Twitter. Então, acho que tudo depende dos

candidatos. A cobertura vai se intensificar pelo Twitter se os candidatos intensificarem mais o

uso do Twitter. E esse é um movimento que vem se observando, cada vez mais os políticos

estão no Twitter, vão continuar dizendo coisas no Twitter, vão pregar novas ideias e a gente

vai ter que acompanhar esse movimento. Acho que houve poucos erros cometidos pelos

jornalistas em relação ao Twitter porque houve esse cuidado de só se publicar o que se tem

certeza, então acho que esse cuidado deve continuar e se os políticos intensificaram a sua

aparição nas mensagens, vai se intensificar o nosso trabalho na checagem.

Já é possível identificar matérias inteiramente baseadas em tweets. Como é esse

processo? Realmente tudo é checado, tem matéria que sai sem checar?

Então, aqui no Grupo Estado não existe. Tudo que é publicado, é checado. Qualquer coisa

Page 117: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

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colocada no Twitter, a gente liga para a equipe de campanha e pergunta se é isso mesmo. Se

não consegue falar com o candidato, a gente conversa com a equipe de campanha. Isso é um

requisito colocado pela chefia. Quando surgiu o fenômeno Twitter, os chefes das redações

colocaram essa questão de checar. Cheque, liga, tenha certeza que é o Twitter do político. Às

vezes pode acontecer de um candidato escrever alguma coisa e não foi ele, está no Twitter

dele, mas não foi ele, foi um assessor. Então, sempre checar todas as informações. Mesmo

que a gente se atrase em relação aos outros veículos de comunicação, é melhor dar uma coisa

certa do que dar uma barrigada.

Indo ainda mais além: a informação está checada, foi o político que postou. Mas aí a

matéria sai baseada apenas nessas declarações, compostas pela fala de um político e a

réplica da oposição no microblog. Qual é a contribuição disso jornalisticamente falando?

Então, aí depende muito. Esse tipo de informação vai entrar no tempo real. Se você faz um

jornal em revista é diferente, você faz uma apuração além disso. Por outro lado, se a gente for

pensar, é como se você estivesse numa coletiva de imprensa, você pega aspas daqui e de lá e

escreve a matéria. Eu não acho que seja um pecado você fazer uma matéria só baseada no

Twitter se você tem a certeza que foi o candidato que escreveu. É a mesma coisa de você

pegar na rua um candidato, que falou uma coisa e o outro falou outra. O que se pode

questionar é o seguinte: é o jornalismo declaratório, mas o jornalismo declaratório sim deve

ser criticado, é um problema do jornalismo declaratório, eu não acho que seja um problema

do Twitter.

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Anexo B - Notícias relacionadas ao dossiê produzidas pela Agência Estado e

analisadas na pesquisa

02/06/2010 12h28 - Atualizado em 02/06/2010 13h16

Serra diz que Dilma tem responsabilidade em suposto dossiê

Tucano participou de evento da Associação Comercial de São Paulo. Presidente do PT rebate

e diz que acusações são 'patifaria'.

Do G1, com informações da Reuters e da Agência Estado

O pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, disse nesta quarta-feira

(2) que a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, e o partido do governo devem explicações

sobre um suposto dossiê preparado contra opositores. "O PT tem uma longa tradição nesta

matéria", disse Serra a jornalistas durante evento na Associação Comercial de São Paulo.

Reportagem publicada na última edição da revista Veja relata que um grupo dentro da

campanha teria ensaiado a produção de um suposto dossiê, cujo alvo principal seria a filha de

Serra, Verônica.

"A principal responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff. Disso eu

não tenho dúvida", acrescentou o ex-governador. Ele acusou ainda o senador Aloizio

Mercadante de ter sido responsável por um dossiê da campanha de 2006 em que ambos

disputavam o governo do Estado. Mercadante concorre novamente ao mesmo posto na eleição

deste ano.

Serra acusou ainda o ex-presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini, por relatórios similares

na eleição de 2002. "Então caberá a eles explicarem o que aconteceu", disse Serra.

O pré-candidato também acusou o governo federal de usar materiais escolares para fazer

propaganda. Sem detalhar a denúncia, Serra diz ter visto chegar às escolas estaduais de São

Paulo "um calhamaço de propaganda pura". Segundo o tucano, a confecção do material seria

paga com verbas da educação. "É do governo federal. Suponho que nenhum município de

xiririca vai imprimir uma propaganda do governo federal."

PT diz que é patifaria

Pelo Twitter, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, rebateu as acusações dos tucanos. “Acabo de ver uma entrevista do Sergio Guerra (presidente nacional do PSDB),

cobrando explicação da Dilma sobre o tal dossiê. Só há uma definição para isso:

PATIFARIA”, escreveu em seu perfil no serviço de microblogs.

“Nós nunca responsabilizamos o Serra sobre as baixarias que aparecem na internet, contra a

Dilma. Seria absurdo se o fizéssemos”, disse. “E o Sergio Guerra ainda disse num debate

comigo no Estadão que queria uma campanha de alto nível”, ironizou.

Fonte: Portal G1

Disponível em: <http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/noticia/2010/06/serra-diz-

que- dilma-tem-responsabilidade-em-suposto-dossie.html>

Acesso: 06 jun. 2010

Page 119: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

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Publicado em 03/06/2010 às 17h21

Marina lamenta suposto dossiê petista contra o PSDB e diz que acusações devem ser

"bem fundamentadas"

Petistas ligados a campanha de Dilma teriam elaborado dossiê contra pré-candidato tucano

Com R7

A pré-candidata do PV à Presidência da República, senadora Marina Silva, afirmou que

espera que o episódio envolvendo um suposto dossiê petista contra o pré-candidato José Serra

(PSDB) não prejudique as campanhas eleitorais. Em entrevista nesta quinta-feira (3), a

presidenciável lamentou as denúncias, que chamou de "episódio de triste memória".

- Espero que a campanha não resvale para os episódios de triste memória que já tivemos, com

dossiês que depois se mostraram, enfim, bastante complicados.

Segundo ela, sobretudo em época de campanha eleitoral, é preciso que qualquer denúncia seja

"bem fundamentada".

- Em uma campanha, qualquer crítica que se faça do adversário precisa estar bem

fundamentada sobre dados da realidade.

Segundo Marina, ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, a experiência passada

sobre a elaboração de dossiês mostra que isso é algo "bastante complicado". Apesar do

comentário, a pré-candidata preferiu não se pronunciar de maneira mais crítica sobre o

assunto.

- Não gostaria de manifestar sobre algo que não tive tempo de analisar. Pretendo me

manifestar quando tiver como analisar melhor o que está acontecendo.

A tensão envolvendo o PT e o PSDB em torno do suposto dossiê contra o pré-candidato à

presidência gerou uma intensa troca de acusações entre tucanos e petistas pelo twitter (serviço

de microblog), nesta quinta. Segundo Marina, embora o caso tenha sido manchete dos

principais veículos de comunicação hoje, ela não teve oportunidade de se informar sobre o

caso, pois se preparava para apresentar suas propostas para áreas sociais, em evento

promovido nesta quinta em São Paulo.

- A única coisa que li no jornal foi a carta de Dom Moacyr (Grehci) porque colocaram na

minha frente, o que, aliás, me deixou bastante alegre, afirmou Marina, em referência à carta

publicada na Folha de S.Paulo de autoria do arcebispo de Porto Velho (RO), com elogios à

ela.

Fonte: R7 Notícias

Acesso: 06 jun. 2010

Page 120: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

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Enviado em 03 de junho de 2010, às 19h34min Dossiê contra Serra vai parar na Justiça

Da Agência Estado

O episódio do suposto dossiê petista contra o pré-candidato do PSDB à Presidência, José

Serra, deve parar na Justiça. Hoje, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, anunciou que o

partido vai interpelar Serra por responsabilizar a adversária Dilma Rousseff pela fabricação

do tal documento.

"Decidimos interpelar o Serra judicialmente, por suas acusações a Dilma e ao PT, sobre o tal

dossiê. Quem não deve não teme", disse Dutra em sua página no twitter (rede de microblogs).

A declaração do petista é mais um capítulo em torno da polêmica sobre o suposto dossiê que,

segundo a revista Veja, teria denúncias contra Serra. Na quarta-feira, a temperatura política

subiu após o pré-candidato do PSDB acusar Dilma de ligação com o caso. "A principal

responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff. Disso eu não tenho

dúvida", disse Serra. A reportagem de Veja, que serviu para desencadear a reação dos

tucanos, relatou que Dilma interveio para abortar a produção do suposto dossiê e desaprovou

sua eventual confecção.

Em nota, o presidente do PT explicou que o objetivo da interpelação judicial será o

"esclarecimento" por parte de Serra sobre essas declarações. "O PT reafirma que nunca sua

direção nacional nem a coordenação da campanha de Dilma Rousseff determinaram a

elaboração de qualquer dossiê a respeito. As especulações acerca do suposto dossiê estão

sendo alimentadas pela oposição numa tentativa desesperada de buscar reverter um quadro

eleitoral adverso", disse Dutra.

O advogado José Gerardo Grossi reforçará a equipe jurídica da campanha do PT, que tem

ainda como consultor o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos.

Hoje o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), se pronunciou sobre o caso. Ele

chegou a chamar os integrantes do PT de "essa gente sem vergonha que não respeita nada".

"Toda essa manifestação do Dutra ou de gente como ele tem um objetivo: esconder Dilma.

Trata-se de uma inversão ética completa", afirmou. Guerra disse à reportagem que o anúncio

de interpelação contra Serra visa "salvar Dilma da trapalhada porque ela nunca sabe de nada".

Ele também reagiu no twitter à declaração de Dutra, que na véspera classificara como

"patifaria" a relação feita pelos tucanos entre Dilma e o suposto dossiê. "Não faz sentido a

agressão de Dutra contra mim. Não é esse o meu estilo. Não faço a mesma coisa", afirmou

Guerra.

Por outro lado, Dutra cobrou de Guerra o compromisso fechado no debate feito pelo jornal O

Estado de S. Paulo entre os dois, no dia 10 de maio, de evitar baixarias na campanha. "Sérgio

Guerra ainda disse num debate comigo no Estadão que queria uma campanha de alto nível."

Segundo Veja, um "grupo de inteligência" teria sido montado pelo jornalista Luiz Lanzetta,

dono da Lanza Comunicação, contratada pelo PT, para levantar denúncias contra Serra.

Fonte: Nominuto.com

Disponível em: <http://www.nominuto.com/blog/brasilia-urgente/dossie-contra-serra-

vai- parar-na-justica/17553/>

Acesso: 06 jun. 2010

Page 121: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

121

Sérgio Guerra critica intenção do PT de interpelar Serra 03 de junho de 2010 | 17h 23

ANA CONCEIÇÃO - Agência Estado

O senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do PSDB, criticou hoje à tarde em sua

página na rede de microblogs Twitter a intenção do PT de interpelar na Justiça o

presidenciável tucano José Serra pelas declarações em que o ex-governador atribui ao PT e à

pré-candidata Dilma Rousseff a elaboração de um suposto dossiê que reuniria denúncias

contra ele.

"(José Eduardo) Dutra deveria partir pra cima dos aloprados dele. Por que não o faz? Talvez

porque não possa!", escreveu o senador no microblog. E continuou: "Não faz sentido a

agressão de Dutra contra mim. Não é este o meu estilo. Não faço a mesma coisa."

Um dos coordenadores da campanha petista, o deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-

SP) também comentou o caso do dossiê pelo Twitter, dizendo que as declarações de Serra

ontem denotam a preocupação da oposição com a candidatura petista. "Declarações do

candidato tucano imputando à Dilma responsabilidade sobre o dossiê que sequer existe mostra

histeria e falta de orientação política", disse Cardozo. "É muito ruim para um candidato agir

dessa forma. Mostra que nossos adversários políticos estão perdidos e desesperados."

Fonte: Estadao.com.br

Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,sergio-guerra-critica-

intencao- do-pt-de-interpelar-serra,561260,0.htm>

Acesso: 06 jun. 2010

Page 122: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

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Dilma: dossiê contra Serra é a falsidade

Publicada: 03/06/2010

GOIÂNIA, (AE) - A pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, foi

sucinta ontem ao reagir à acusação do tucano José Serra, que a responsabilizou pela confecção

de um suposto dossiê contra ele. “Isso é uma falsidade e eu não vou ficar batendo boca sobre

isso”, afirmou a petista.

Durante todo o dia, o comando da campanha de Dilma procurou blindá-la, evitando o seu

contato direto com a imprensa. Coube ao presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra,

responder com ênfase ao tucano. “Baixaria é comigo”, ironizou Dutra, momentos antes de

começar a entrevista. “Posso atribuir a um grau de estresse acima do suportável. Talvez efeito

de pesquisite aguda”, disse. “O nome disso só pode ser desespero”, completou o petista.

Ao lado de Dilma, Dutra passou o dia em Goiânia em encontros com políticos e empresários

locais. “Consideramos a acusação contra ela absurda e, por isso, achamos melhor ela não

falar”, justificou o presidente do PT. Mais cedo, em seu twitter, Dutra considerou uma

“patifaria” as declarações dadas anteontem pelo presidente nacional do PSDB, senador Sérgio

Guerra (PE), sobre o episódio.

A denúncia

Segundo denúncia da revista “Veja”, um grupo dentro da campanha de Dilma teria articulado

a produção de um dossiê para atingir José Serra. Esse “grupo de inteligência” teria sido

montado pelo jornalista e consultor Luiz Lanzetta, que é proprietário da empresa Lanza

Comunicação, contratada pelo PT. Dutra disse ontem que Lanzetta não trabalha na campanha

de Dilma Rousseff. Afirmou ainda que todos os jornalistas que estão na campanha são

coordenados por Rui Falcão, que comanda a comunicação da candidata.

“A empresa do Lanzetta foi contratada apenas para fazer locação de mão de obra para a

campanha. O Lanzetta não trabalha na campanha”, garantiu Dutra. “As pessoas são

coordenadas e prestam contas ao Rui Falcão e não a ele (Lanzetta)”, disse o presidente do PT.

“Repelimos essa acusação. Não há nenhuma ação por parte do PT no sentido de qualquer

autorização na formação de dossiês”, afirmou. Fonte: Jornal da Cidade.net

Disponível em: <http://www.jornaldacidade.net/2008/noticia.php?id=66889>

Acesso: 06 jun 2010

Page 123: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

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Enviado em 03 de junho de 2010, às 19h34min

Dossiê contra Serra vai parar na Justiça

Da Agência Estado

O episódio do suposto dossiê petista contra o pré-candidato do PSDB à Presidência, José

Serra, deve parar na Justiça. Hoje, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, anunciou que o

partido vai interpelar Serra por responsabilizar a adversária Dilma Rousseff pela fabricação

do tal documento.

"Decidimos interpelar o Serra judicialmente, por suas acusações a Dilma e ao PT, sobre o tal

dossiê. Quem não deve não teme", disse Dutra em sua página no twitter (rede de microblogs).

A declaração do petista é mais um capítulo em torno da polêmica sobre o suposto dossiê que,

segundo a revista Veja, teria denúncias contra Serra. Na quarta-feira, a temperatura política

subiu após o pré-candidato do PSDB acusar Dilma de ligação com o caso. "A principal

responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff. Disso eu não tenho

dúvida", disse Serra. A reportagem de Veja, que serviu para desencadear a reação dos

tucanos, relatou que Dilma interveio para abortar a produção do suposto dossiê e desaprovou

sua eventual confecção.

Em nota, o presidente do PT explicou que o objetivo da interpelação judicial será o

"esclarecimento" por parte de Serra sobre essas declarações. "O PT reafirma que nunca sua

direção nacional nem a coordenação da campanha de Dilma Rousseff determinaram a

elaboração de qualquer dossiê a respeito. As especulações acerca do suposto dossiê estão

sendo alimentadas pela oposição numa tentativa desesperada de buscar reverter um quadro

eleitoral adverso", disse Dutra.

O advogado José Gerardo Grossi reforçará a equipe jurídica da campanha do PT, que tem

ainda como consultor o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos.

Hoje o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), se pronunciou sobre o caso. Ele

chegou a chamar os integrantes do PT de "essa gente sem vergonha que não respeita nada".

"Toda essa manifestação do Dutra ou de gente como ele tem um objetivo: esconder Dilma.

Trata-se de uma inversão ética completa", afirmou. Guerra disse à reportagem que o anúncio

de interpelação contra Serra visa "salvar Dilma da trapalhada porque ela nunca sabe de nada".

Ele também reagiu no twitter à declaração de Dutra, que na véspera classificara como

"patifaria" a relação feita pelos tucanos entre Dilma e o suposto dossiê. "Não faz sentido a

agressão de Dutra contra mim. Não é esse o meu estilo. Não faço a mesma coisa", afirmou

Guerra. Por outro lado, Dutra cobrou de Guerra o compromisso fechado no debate feito pelo jornal O

Estado de S. Paulo entre os dois, no dia 10 de maio, de evitar baixarias na campanha. "Sérgio

Guerra ainda disse num debate comigo no Estadão que queria uma campanha de alto nível."

Segundo Veja, um "grupo de inteligência" teria sido montado pelo jornalista Luiz Lanzetta,

dono da Lanza Comunicação, contratada pelo PT, para levantar denúncias contra Serra.

Fonte: Nominuto.com

Disponível em: <http://www.nominuto.com/blog/brasilia-urgente/dossie-contra-serra-

vai- parar-na-justica/17553/>

Acesso: 06 jun. 2010

Page 124: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

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Sexta-feira, 04/06/2010, 07h15

Dossiê petista deve parar na Justiça

O episódio do suposto dossiê petista contra o pré-candidato do PSDB à Presidência, José

Serra, deve parar na Justiça. Ontem, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, anunciou que o

partido vai interpelar Serra por responsabilizar a adversária Dilma Rousseff pela fabricação

do tal documento.

"Decidimos interpelar o Serra judicialmente, por suas acusações a Dilma e ao PT, sobre o tal

dossiê. Quem não deve não teme", disse Dutra em sua página no Twitter (rede de

microblogs).

A declaração do petista é mais um capítulo em torno da polêmica sobre o suposto dossiê que,

segundo a revista Veja, teria denúncias contra Serra. Na quarta-feira, a temperatura política

subiu após o pré-candidato do PSDB acusar Dilma de ligação com o caso. "A principal

responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff. Disso eu não tenho

dúvida", disse Serra. A reportagem de Veja, que serviu para desencadear a reação dos

tucanos, relatou que Dilma interveio para abortar a produção do suposto dossiê e desaprovou

sua eventual confecção.

Em nota, o presidente do PT explicou que o objetivo da interpelação judicial será o

"esclarecimento" por parte de Serra sobre essas declarações. "O PT reafirma que nunca sua

direção nacional nem a coordenação da campanha de Dilma Rousseff determinaram a

elaboração de qualquer dossiê a respeito. As especulações acerca do suposto dossiê estão

sendo alimentadas pela oposição numa tentativa desesperada de buscar reverter um quadro

eleitoral adverso", disse Dutra.

O advogado José Gerardo Grossi reforçará a equipe jurídica da campanha do PT, que tem

ainda como consultor o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos.

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), se pronunciou sobre o caso. Ele chegou a

chamar os integrantes do PT de "essa gente sem vergonha que não respeita nada". "Toda essa

manifestação do Dutra ou de gente como ele tem um objetivo: esconder Dilma. Trata-se de

uma inversão ética completa", afirmou.

Guerra disse à reportagem que o anúncio de interpelação contra Serra visa "salvar Dilma da

trapalhada porque ela nunca sabe de nada".

Ele também reagiu no Twitter à declaração de Dutra, que na véspera classificara como

"patifaria" a relação feita pelos tucanos entre Dilma e o suposto dossiê. "Não faz sentido a

agressão de Dutra contra mim. Não é esse o meu estilo”. (AE)

Fonte: Diário do Pará.com.br

Disponível em: <http://www.diariodopara.com.br/N-93085-

+DOSSIE+PETISTA+DEVE+PARAR+NA+JUSTICA.html>

Acesso: 06 jun. 2010

Page 125: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

125

sexta-feira, 04 de junho de 2010, 01:16

Guerra critica pelo Twitter ação petista

O senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do PSDB, criticou ontem à tarde em sua

página na rede de microblogs twitter a intenção do PT de interpelar na Justiça o

presidenciável tucano José Serra pelas declarações em que o ex-governador atribui ao PT e à

pré-candidata Dilma Rousseff a elaboração de um suposto dossiê que reuniria denúncias

contra ele.

“(José Eduardo) Dutra deveria partir pra cima dos aloprados dele. Por que não o faz? Talvez

porque não possa!”, escreveu o senador no microblog. E continuou: “Não faz sentido a

agressão de Dutra contra mim. Não é este o meu estilo. Não faço a mesma coisa.”

Um dos coordenadores da campanha petista, o deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-

SP), também comentou o caso do dossiê pelo twitter, dizendo que as declarações de Serra na

quarta-feira denotam a preocupação da oposição com a candidatura petista. “Declarações do

candidato tucano imputando à Dilma responsabilidade sobre o dossiê que sequer existe mostra

histeria e falta de orientação política”, disse Cardozo. “É muito ruim para um candidato agir

dessa forma. Mostra que nossos adversários políticos estão perdidos e desesperados.” (AE) Fonte: O Hoje

Disponível em: <http://www.ohoje.com.br/politica/04-06-2010-guerra-critica-pelo-

twitter- acao-petista/>

Acesso: 06 jun. 2010

Page 126: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

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Suposto dossiê petista deve parar na Justiça

Dirigentes do PT ameaçam processar Serra por danos morais. Sérgio Guerra reage e chama

rivais de “sem-vergonhas”

04 de Junho de 2010

Da Agência Estado, de Brasília

O episódio do suposto dossiê petista contra o pré-candidato do PSDB à Presidência, José

Serra, deve parar na Justiça. Ontem, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, anunciou que o

partido vai interpelar Serra por responsabilizar a adversária Dilma Rousseff pela fabricação

do tal documento. “Decidimos interpelar o Serra judicialmente, por suas acusaçõdes a Dilma

e ao PT, sobre o tal dossiê. Quem não deve não teme”, disse Dutra em sua página no Twitter

(rede de microblogs).

Caso Serra reafirme as declarações, ele será processado por danos morais. “Um candidato à

Presidência não pode ficar fazendo acusações ao léu. Se Serra reafirmar o que disse,

entraremos com uma ação por danos morais. Ele terá de provar o que falou. Essa declaração é

uma lesão à imagem de Dilma”, disse o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo.

A declaração do petista é mais um capítulo em torno da polêmica sobre o suposto dossiê que,

segundo a revista Veja, teria denúncias contra Serra. Na quarta-feira, a temperatura política

subiu após o pré-candidato do PSDB acusar Dilma de ligação com o caso. “A principal

responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff. Disso eu não tenho

dúvida”, disse Serra. A reportagem de Veja, que serviu para desencadear a reação dos

tucanos, relatou que Dilma interveio para abortar a produção do suposto dossiê e desaprovou

sua eventual confecção.

Em nota, o presidente do PT explicou que o objetivo da interpelação judicial será o

“esclarecimento” por parte de Serra sobre essas declarações. “O PT reafirma que nunca sua

direção nacional nem a coordenação da campanha de Dilma Rousseff determinaram a

elaboração de qualquer dossiê a respeito. As especulações acerca do suposto dossiê estão

sendo alimentadas pela oposição numa tentativa desesperada de buscar reverter um quadro

eleitoral adverso”, disse Dutra.

O advogado José Gerardo Grossi reforçará a equipe jurídica da campanha do PT, que tem

ainda como consultor o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos.

Estilo

Ontem, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), se pronunciou sobre o caso. Ele

chegou a chamar os integrantes do PT de “essa gente sem-vergonha, que não respeita nada”.

“Toda essa manifestação do Dutra ou de gente como ele tem um objetivo: esconder Dilma.

Trata-se de uma inversão ética completa.”

Guerra disse à reportagem que o anúncio de interpelação contra Serra visa “salvar Dilma da

trapalhada porque ela nunca sabe de nada”. Ele também reagiu no Twitter à declaração de

Dutra, que na véspera classificara como “patifaria” a relação feita pelos tucanos entre Dilma e

o suposto dossiê. “Não faz sentido a agressão de Dutra contra mim. Não é esse o meu estilo.

Não faço a mesma coisa”, afirmou Guerra.

Page 127: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

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Por outro lado, Dutra cobrou de Guerra o compromisso fechado no debate feito pelo jornal O

Estado de S. Paulo entre os dois, no dia 10 de maio, de evitar baixarias na campanha. “Sérgio

Guerra ainda disse num debate comigo no Estadão que queria uma campanha de alto nível.”

Segundo Veja, um “grupo de inteligência” teria sido montado pelo jornalista Luiz Lanzetta,

dono da Lanza Comunicação, contratada pelo PT, para levantar denúncias contra Serra. Fonte: Diário da Manhã

Disponível em: <http://site.dm.com.br/noticias/politica-e-justica/suposto-dossie-petista-

deve- parar-na-jus>

Acesso: 06 jun. 2010

Page 128: Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência Estado

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sábado, 5 de junho de 2010 8:26

Segundo Dilma, dossiê contra tucano é 'falsidade, ignomínia'

Da AE

A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, voltou a dizer que considera "falsidade,

uma ignomínia" a história sobre o suposto dossiê que estaria sendo feito contra o pré-

candidato tucano José Serra a mando da direção o comando de campanha da petista.

"Estou sendo claramente injustiçada. Estou disposta a fazer debate de alto nível e não ficar

respondendo esse tipo de acusação infundada", disse Dilma, ao chegar na 2ª Plenária Nacional

da FUP (Federação Única dos Petroleiros).

Sobre as acusações feitas por Serra de que ela seria a responsável pelo dossiê, a ex-ministra

lembrou que o presidente do PT, José Eduardo Dutra, já tomou as providências cabíveis neste

assunto. Ela disse ainda que lamenta tudo isso.

Dutra, também presente ao evento, disse que vai entrar segunda-feira com interpelação na

Justiça contra José Serra por causa das declarações sobre o suposto dossiê. A intenção era

ingressar com a interpelação ontem, mas em São Paulo é feriado forense, o que adiou a ação

para depois de amanhã.

GUERRA - O senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do PSDB, criticou em sua

página na rede de microblogs Twitter a intenção do PT de interpelar na Justiça o

presidenciável tucano José Serra. "Dutra deveria partir pra cima dos aloprados dele. Por que

não o faz? Talvez porque não possa!", escreveu o senador no microblog. E continuou: "Não

faz sentido a agressão de Dutra contra mim. Não é este o meu estilo. Não faço a mesma

coisa."

Um dos coordenadores da campanha petista, o deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-

SP) também comentou o caso pelo Twitter, dizendo que as declarações de Serra denotam a

preocupação da oposição com a candidatura petista.

Fonte: Diário do Grande ABC

Disponível em: <http://www.dgabc.com.br/News/5814371/segundo-dilma-dossie-

contra- tucano-e-falsidade-ignominia-.aspx>

Acesso: 06 jun. 2010

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Anexo C – Notícias relacionadas à acusação de ligação do PT com as Farc

produzidas pela Agência Estado e analisadas na pesquisa

18/07/2010 - 20:12

PT quer processar Indio da Costa por declarações

Vice de Serra disse que partido é ligado às Farc e ao narcotráfico

"Amanhã, eu e o Cardozo vamos discutir a questão do Indio. Adianto, que não concordo em

chamar o General Custer", ironizou José Eduardo Dutra.

A cúpula do PT se reúne amanhã para avaliar a possibilidade de processar o candidato a vice-

presidente na chapa de José Serra (PSDB), Indio da Costa (DEM). Em entrevista concedida

ao portal que integra a campanha tucana, ele ligou o PT às Forças Revolucionárias Armadas

da Colômbia (Farc), ao narcotráfico e chamou a candidata do PT, Dilma Rousseff, de ateia e

"esfinge do pau oco".

"Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior.

Não tenho dúvida nenhuma disso", afirmou. Depois, respondendo a uma provocação feita por

Dilma em comício no Rio de Janeiro - ela disse que seu vice, Michel Temer (PMDB), não foi

improvisado -, Indio chamou a candidata petista de ateia e "esfinge do pau oco".

Pela internet, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, reagiu às declarações de Indio da

Costa. "Esse Indio desqualificado quer ser processado. O problema é que ele não vale o custo

do papel necessário para a petição", afirmou Dutra.

General Custer - No final da tarde deste domingo, o presidente do PT informou que vai se

reunir com o secretário geral do partido, José Eduardo Cardozo, para discutir o assunto. E

adotou a ironia para tratar do caso: "Amanhã, eu e o Cardozo vamos discutir a questão do

Indio. Adianto, que não concordo em chamar o General Custer". O secretário nacional de

Comunicação do PT, deputado André Vargas (RS), também ironizou: "O Indio do Serra

deveria continuar mostrando como conhece a política nacional. É o vice dos nossos sonhos.

Tá ajudando muito mesmo".

Mesmo aliados da campanha do PSDB admitem que Índio da Costa errou nos ataques feitos

ao PT e à Dilma. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, preferiu se esquivar do assunto.

Disse que preferia se manifestar depois de conversar com o vice de Serra. "Já ouvi falar

muitas vezes de ligação do PT com as Farc, mas não tenho elementos para dizer que há

ligações do partido com as Farc", afirmou.

Apesar disso, o líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC), saiu em defesa

do companheiro de partido. "O vice Indio falou o que todos já sabem. O PT tem ligações

umbilicais com as Farc, que, por sua vez, vivem do narcotráfico. O que falta é a Justiça agir!",

postou o deputado no seu twitter.

Com Agência Estado

Publicada por: Veja.com Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/pt-quer-processar-indio-da-costa-

por- declaracoes>

Acesso: 23 jul. 2010

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publicado em 19/07/2010 às 11h57 Vice de Serra ganha apoio de aliados por acusar PT de ligações com narcotráfico

Roberto Jefferson (PTB) e líder do DEM usam Twitter para fazer coro às declarações

Do R7, com informações da Agência Estado Foto: Reprodução Twitter

Aliados fazem coro às declarações de Índio da Costa no Twitter

Depois de acusar o PT de manter ligações com as Farc (Forças Revolucionárias Armadas da

Colômbia) e com o narcotráfico, em entrevista a um dos sites do PSDB, o vice de José Serra

na disputa pela Presidência, o deputado Indio da Costa (DEM), ganhou apoio de dois aliados

que reforçaram as acusações tucanas pelo Twitter.

Roberto Jefferson, presidente do PTB, e Paulo Bornhausen, líder do DEM na Câmara dos

Deputados, utilizaram o microblog para defender o democrata e repetir o discurso.

Em entrevista ao site Mobiliza, criado pelo PSDB para fomentar debates em redes sociais,

Costa disse ter certeza da parceria entre PT e o narcotráfico e chamou a presidenciável do PT

de "esfinge do pau oco" e ateia. O vídeo da conversa já foi retirado do endereço eletrônico.

- Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de

pior. Não tenho dúvida nenhuma disso.

Bornhausen apoiou o colega de partido e republicou uma mensagem de outro internauta que

classifica as denúncias como “fatos”, também completou dizendo que falta apenas a “Justiça

agir”.

- [Indio da Costa] Falou o que todos já sabem: o PT tem ligações umbilicais com as Farc, que

por sua vez vive do narcotráfico. O que falta é a Justiça agir.

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O presidente petebista, Roberto Jefferson, também aproveitou a polêmica e reforçou.

- O PT quer processar Indio, vice do Serra, que tuitou que o PT é ligado as Farc. E

não é?

Processo

A cúpula do Partido dos Trabalhadores vai se reunir nesta segunda-feira (19) para

analisar a possibilidade de processar o candidato a vice-presidente de José Serra

(PSDB) pelas declarações.

Também pela internet, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, reagiu às declarações.

- Esse Índio desqualificado quer ser processado. O problema é que ele não vale o

custo de papel necessário para a petição.

Twitter Esta não é a primeira vez que Roberto Jefferson utiliza o Twitter para polemizar. No

mês passado, o presidente do PTB tentou antecipar a escolha do candidato a vice-

presidente na chapa de José Serra.

Poucos dias após oficializar aliança com os tucanos para as Eleições 2010, Jefferson

disse que recebeu a informação do próprio presidente do PSDB, Sérgio Guerra. Ele

afirmou que o vice seria o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Publicada por: R7 Notícias

Acesso: 23 jul. 2010

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JUSTIÇA

PT entra com 2 ações contra Indio da Costa

Vice de José Serra acusou os petistas de terem ligação com o narcotráfico e as Farc.

Partido entrou com representação no STF contra o democrata

Publicado em 20/07/2010 | AGÊNCIA ESTADO

O PT entrou com duas representações contra Indio da Costa (DEM-RJ), candidato a

vice- presidente na chapa do tucano José Serra. No Tribunal Superior Eleitoral (TSE),

o partido pediu direito de resposta no site do PSDB. Na semana passada, em entrevista

ao site Mobiliza PSDB, Indio disse que o PT está ligado ao narcotráfico, às Forças

Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e "ao que há de pior" na política.

Uma das representações criminais contra Indio da Costa foi impetrada no Supremo

Tribunal Federal (STF), sob a alegação de injúria, calúnia e difamação. A segunda

representação, que deu entrada na Procuradoria-Geral da República (PGR), pede a

abertura de um processo contra o vice de Serra por danos morais.

"Se depender de nós, não haverá uma batalha judicial, mas todas as vezes em que

formos acusamos e ofendidos vamos recorrer ao Judiciário", afirmou o presidente

do PT, José Eduardo Dutra, que coordena a campanha de Dilma Rousseff à sucessão

do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "As declarações do candidato a vice de

Serra são mentirosas, inaceitáveis e gravíssimas."

A cúpula petista avalia, porém, que as estocadas de Indio não são aleatórias. "Fazem

parte da estratégia que a oposição escolheu para fazer a campanha", insistiu Dutra,

fazendo críticas a Serra. "Temos visto, inclusive, manifestações do próprio candidato

do PSDB que procuram desqualificar Dilma."

A ação criminal contra Indio será impetrada no Supremo Tribunal Federal (STF),

sob a alegação de injúria, calúnia e difamação. O PT moverá, ainda, ação civil contra

o vice de Serra por danos morais e outra eleitoral, com a solicitação de direito de

resposta no site tucano.

Embora considerem que a ofensiva de Indio faça parte da estratégia da oposição para

atacar Dilma, Dutra e o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo, disseram que

aguardarão até hoje à tarde uma manifestação oficial do PSDB sobre as declarações

do deputado. Caso o PSDB não discorde publicamente de Indio, o PT também

ingressará na Justiça contra o partido de Serra. "Antes que o PSDB vire réu, vamos

dar o direito da dúvida ao partido", afirmou o presidente do PT. "Se o PSDB não

se pronunciar, entenderemos que há conivência", emendou Cardozo, um dos

coordenadores do comitê jurídico da campanha petista.

Apoio

Mas em declaração à imprensa durante a inauguração de um comitê em Belo Horizonte,

Serra afirmou ontem que "todo mundo sabe" da ligação do PT com as Farc, mas

salientou que isso não significa que o partido tenha vínculos com o narcotráfico.

Apesar de dizer que os esclarecimentos cabem a Indio, o candidato tucano endossou o

vice no que se refere às ligações das Farc com o Partido dos Trabalhadores. "A ligação

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do PT com as forças armadas revolucionárias colombianas, isso todo mundo sabe, tem

muitas reportagens, tem muita coisa. Apenas isso. Agora, as Farc são uma força ligada

ao narcotráfico. Isso não significa que o PT faça o narcotráfico."

A princípio, Serra procurou minimizar as declarações de Indio - afirmando que se

trata de uma opinião. "Os esclarecimentos do que disse, do que não disse, o próprio

Indio da Costa o fará. Agora, de toda maneira, aí nós estamos discutindo opiniões.

Alguns podem gostar, outros não gostar", declarou Serra.

O tucano preferiu atacar o PT e manteve a estratégia de evitar críticas diretas a Lula.

"O PT faz uma coisa sempre interessante. Quando pratica algo ilegal com alguém, a

vítima passa a ser a culpada. Quando é condenado pela Justiça, a Justiça passa a ser

culpada. Realmente é uma capacidade de metamorfose sensacional, mas que tem

muito pouca credibilidade. Francamente, eu nunca tinha ouvido isso."

Declaração

Após a repercussão de sua declaração de que o PT tem ligação com o tráfico e com

os guerrilheiros das Farc , Indio da Costa voltou a comentar o assunto ontem no Twitter.

"PT não faz narcotráfico. As Farc, sim'', disse Indio.

O democrata fez os ataques ao partido em entrevista concedida sexta-feira ao portal

Mobiliza PSDB', que integra o aparato da campanha tucana na internet. "Todo mundo

sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior. Não

tenho dúvida nenhuma disso'', afirmou Indio na ocasião.

Em texto publicado na madrugada de sábado no Twitter, Indio chamou Dilma de

ateia e "esfinge do pau oco''. Ele fez o ataque após a petista afirmar, em comício na

sexta-feira no Rio, que seu vice "não caiu do céu''. Publicada por: Gazeta do Povo

Disponível em:

<http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1026861&tit=P

T- entra-com-2-acoes-contra-Indio-da-Costa>

Acesso: 23 jul. 2010

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| POLÍTICA | 21.JUL - 19:52

Indio volta a falar sobre ligação do PT com as Farc

Por Alfredo Junqueira

O candidato a vice-presidente na chapa liderada por José Serra (PSDB), deputado

federal Indio da Costa (DEM), voltou a afirmar hoje, durante , que o PT tem ligações

com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Pressionado por críticas, ameaçado de processo por dirigentes petistas, o parlamentar

foi ainda mais longe. Afirmou que o narcotráfico que financia as Farc é o mesmo que

banca o Comando Vermelho e a situação de "guerrilha urbana" que, segundo ele,

vive o Estado atualmente.

Indio cobrou um posicionamento de Dilma Rousseff, candidata petista à Presidência.

"Acho que não fui respondido pela Dilma se o PT tem ou não tem ligação com as Farc,

e se as Farc têm ou não têm ligação com o narcotráfico", disse. "Estou

esperando uma resposta", acrescentou, durante corpo a corpo realizado no bairro da

Taquara, na zona oeste do Rio. "É o narcotráfico que tem a ver com essa guerrilha

urbana, que a gente vive no Rio, em São Paulo, Belo Horizonte e pelo Brasil afora".

Indio demonstrava nervosismo ao falar sobre o assunto. Durante toda a entrevista

aos jornalistas preferiu cobrar de Dilma respostas sobre o assunto a falar sobre as

ameaças de processo, e a repercussão de suas declarações. Confuso, respondeu a

apenas duas perguntas sobre o tema, e virou as costas quando foi perguntado mais sobre

o assunto.

Em meio às acusações das supostas ligações do PT com as Farc, Indio ainda

questionou a pressão que o Partido dos Trabalhadores estaria exercendo sobre a vice-

procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, e o vazamento de dados do sigilo fiscal do

vice-presidente nacional do PSDB, Eduardo Jorge, por auditores da Receita Federal.

As declarações do candidato a vice foram feitas a poucos metros de distância de onde

Serra cumprimentava eleitores.

Processo

Sobre a intenção do PT de processá-lo por conta dessas declarações, o parlamentar

disse considerar a ameaça "ridícula". Hoje, pela manhã, logo após participar da

apresentação pelo Comitê Olímpico Brasileiro sobre a organização dos Jogos Olímpicos

de 2016, Indio afirmou que "o PT que está nervoso", e que já havia enviado

documentos que comprovariam as relações do partido com as Farc para mais de um

milhão e meio de pessoas, via Twitter. Questionado se o comando nacional do PSDB havia pedido para ele diminuir as críticas,

Indio disse que com ele ninguém falou nada. O candidato a vice ainda informou que foi

procurado por uma revista colombiana para falar sobre as suas acusações. Ele falou

sobre o assunto pela primeira vez na sexta-feira, 16, em uma entrevista para o site da

campanha de Serra.

Copyright © 2010 Agência Estado. Todos os direitos reservados.

Publicado por: IstoÉDinheiro

Disponível em:

<http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/29091_INDIO+VOLTA+A+FALAR+SOBR

E+LI GACAO+DO+PT+COM+AS+FARC>

Acesso: 23 jul. 2010

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ANEXO D - Relação integral dos tweets divulgados por políticos

no período analisado – caso dossiê

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ANEXO E - Relação integral dos tweets divulgados por

jornalistas no período analisado – caso dossiê

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ANEXO F - Relação integral dos tweets divulgados por políticos

no período analisado – caso PT-Farc

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ANEXO G - Relação integral dos tweets divulgados por

jornalistas no período analisado – caso PT-Farc

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SILVA, Ângela C. P. Impactos do Twitter na cobertura da

campanha eleitoral 2010: o caso da Agência Estado. 192 f.

Monografia (Bacharelado em Comunicação Social – Habilitação

em Jornalismo) – Universidade Metodista de Piracicaba

(UNIMEP), Piracicaba, SP.