mpb na ditadura militar

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MPB na Ditadura Militar A msica popular brasileira (MPB) teve sua presena marcante na dcada de 1960 a 1980, quando se torna uma forma de resistncia a realidade enfrentada na poca, principalmente durante os anos de chumbo. Quando a MPB comea a atingir as grandes massas, o regime militar se v ameaado, e logo usa a censura como forma de defesa. Para censurar a produo cultural foi criada a Diviso de Censura de Diverses Pblicas (DCDP), onde qualquer tipo de produo voltada rea cultural deveria ser previamente aprovada antes de ser distribuda em meios pblicos. No entanto, a censura no obedecia critrio algum e censurava por questes polticas ou pela proteo dos bons costumes e da moral da famlia. E muitas vezes os censores sugeriam mudanas caso o artista quisesse ter sua msica aprovada. Os festivais de msica popular brasileira realizados pelas emissoras Excelsior e Record, e mais tarde pela Rede Globo, nas cidades de So Paulo e Rio de Janeiro, foram de importncia vital para a disperso da MPB, e seu reconhecimento. A emissora Excelsior foi inaugurada em julho de 1960 em So Paulo, em pouco tempo ganhou a graa do pblico com as telenovelas e musicais estes que desembocariam nos festivais de MPB. Dentre os oitos festivais realizados, Chico Buarque teve suas composies premiadas em quatro deles. Alm da vertente crtica, a MPB hoje em dia serve, tambm, como uma forma documental coletiva da poca, criando assim uma memria sonora.

Geraldo VandrGeraldo Vandr, foi um nome artstico utilizado por Geraldo Pedroso de Arajo Dias Vandregsilo (Joo Pessoa, 12 de setembro de 1935) at 1968 e pelo qual continua sendo conhecido at a atualidade. Atualmente Geraldo um advogado, cantor e compositor brasileiro. Seu sobrenome uma abreviatura do sobrenome do seu pai, Jos Vandregsilo, de quem ele herdou o sobrenome abreviado para Vandr.

Primeiras canesVandr iniciou carreira musical nos anos 60, tornando-se famoso, pelas suas msicas que se tornaram cones da oposio ao regime militar de 1964, como "Porta Estandarte", "Aroeira" e "Para no dizer que no falei das flores". O sucesso maior veio com "Disparada", vencedora junto com A Banda de Chico Buarque do Festival da Cano da TV Record em 1966. Ao saber que sua msica havia ganhado Chico Buarque, solicitou que "A Banda" dividisse o primeiro lugar com "Disparada", histria desconhecida at 2003 quando Zuza Homem de Mello, lanou seu livro "A era dos Festivais - Uma Parbola". Neste livro ele revela que Chico Buarque ao saber que sua msica havia ganhado, no concordou com o resultado, pois considerava "Disparada" melhor e no aceitaria o prmio, a situao foi resolvida quando foi

informado que ele e Geraldo Vandr dividiriam o prmio. Em 1968 ao defender "Pra no dizer que no falei das flores" no "Festival de Msica Popular Brasileira" criou um dos hinos da resistncia ao regime militar que ficou conhecido pela primeira palavra: "Caminhando". Alm de estar em uma nova situao envolvendo ele e Chico Buarque. "Sabi" de Tom jobim e Chico Buarque foi declarada vencedora, mas o pblico se revoltou, pois queriam "Pra no dizer que no falei das flores" como vencedora, mas msica havia ficado em segundo lugar, enquanto se apresentavam Cynara e Cybele ao lado de Tom Jobim e Chico Buarque foram vaiados durante a apresentao como msica campe. Este se tornou um dos momento mais emblemticos da histria dos festivais.

Canes aps o ExlioAps o exlio, Vandr demonstrou ter mudado de opinio poltica, deixando de criticar o regime vigente no Brasil poca, e expressando simpatia as Foras Armadas. Logo aps o Retorno ao Brasil, Vandr comps a cano "Fabiana", em homenagem Fora Area Brasileira. Geraldo Vandr abandonou a vida pblica e se afastou do mundo artstico, atuando como advogado. Tal afastamento foi alvo de inmeros boatos que vinculavam sua suposta descrena na esquerda, sua mudana ideolgica e seu abandono da vida artistica a supostos atos de tortura que teriam sido infligidos a Vandr pelo governo militar. O prprio Vandr na entrevista de 2000 afirmou ter se exilado por vontade prpria, e disse ter abandonado a carreira artistica devido ao fato de que a imagem de "Che Guevara Cantor", pregada nele pela esquerda, abafa sua obra.

BoatosA personalidade reservada de Vandr permitiu que se reproduzissem duas lendas. A primeira, mais difundida, a de que fora preso, torturado, castrado e, consequentemente, teria enlouquecido. A segunda, de que fizera acordo com os rgos de represso na sua volta e, para tanto, compusera "Fabiana". Ambas as histrias foram desmentidas por Vandr, que negou que fora preso e alegou que simplesmente abandonara o pas por vontade prpria devido a insatisfao com o clima poltico. Ao retornar em 1973 gravou entrevista declarando que s faria canes de amor, o que gerou o boato, tambm por ele refutado de que teria feito um acordo com os militares para permitir seu retorno.

Porta EstandarteGeraldo VandrOlha que a vida to linda se perde em tristezas assim Desce o teu rancho cantando essa tua esperana sem fim Deixa que a tua certeza se faa do povo a cano Pra que teu povo cantando teu canto ele no seja em vo Eu vou levando a minha vida enfim Cantando e canto sim E no cantava se no fosse assim Levando pra quem me ouvir Certezas e esperanas pra trocar Por dores e tristezas que bem sei Um dia ainda vo findar Um dia que vem vindo E que eu vivo pra cantar Na avenida girando, estandarte na mo pra anunciar.

Aroeira

Geraldo VandrVim de longe, vou mais longe Quem tem f vai me esperar Escrevendo numa conta Pra junto a gente cobrar No dia que j vem vindo Que esse mundo vai virar Noite e dia vm de longe Branco e preto a trabalhar E o dono senhor de tudo

Sentado, mandando dar. E a gente fazendo conta Pro dia que vai chegar Marinheiro, marinheiro Quero ver voc no mar Eu tambm sou marinheiro Eu tambm sei governar. Madeira de dar em doido Vai descer at quebrar a volta do cip de arueira No lombo de quem mandou dar.

"Pra no dizer que no falei das flores"Geraldo VandrCaminhando e cantando E seguindo a cano Somos todos iguais Braos dados ou no Nas escolas, nas ruas Campos, construes Caminhando e cantando E seguindo a cano Vem, vamos embora Que esperar no saber Quem sabe faz a hora No espera acontecer Pelos campos h fome Em grandes plantaes Pelas ruas marchando Indecisos cordes Ainda fazem da flor Seu mais forte refro E acreditam nas flores Vencendo o canho Vem, vamos embora Que esperar no saber

Quem sabe faz a hora No espera acontecer H soldados armados Amados ou no Quase todos perdidos De armas na mo Nos quartis lhes ensinam Uma antiga lio: De morrer pela ptria E viver sem razo Vem, vamos embora Que esperar no saber Quem sabe faz a hora No espera acontecer

"Pra no dizer que no falei das flores" (tambm conhecida como "Caminhando") uma cano escrita e interpretada por Geraldo Vandr. Ficou em segundo lugar no Festival Internacional da Cano de 1968 e, depois disso, teve sua execuo proibida durante anos, pela ditadura militar brasileira. Informao A melodia da cano tem o ritmo de um hino, e sua letra possui versos de rima fcil (quase todos em no), que facilitam memoriz-la, logo era cantada nas ruas. O sucesso de uma cano que incitava o povo resistncia levou os militares a proibi-la, usando como pretexto a "ofensa" instituio contida nos versos "H soldados armados, amados ou no / Quase todos perdidos de armas na mo / Nos quartis lhes ensinam uma antiga lio / de morrer pela ptria e viver sem razo". A primeira cantora a interpretar "Caminhando" aps o perodo em que a cano esteve censurada foi Simone, em 1979, conquistando enorme sucesso de crtica e pblico. A cano tambm foi regravada por Ana Beln, Z Ramalho e Charlie Brown Jr. Comentrio: