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Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS UNIVERSIDADE DO MINDELO CURSO DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE EMPRESAS MORTALIDADE EMPRESARIAL CASO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS EM SÃO VICENTE Rosilda Lima Fortes Mindelo Dezembro de 2013

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Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS

UNIVERSIDADE DO MINDELO

CURSO DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE EMPRESAS

MORTALIDADE EMPRESARIAL

CASO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

EM SÃO VICENTE

Rosilda Lima Fortes

Mindelo – Dezembro de 2013

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Rosilda Lima Fortes II

Rosilda Lima Fortes

MORTALIDADE EMPRESARIAL

CASO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

EM SÃO VICENTE

Memória monográfica apresentada á

Universidade do Mindelo como exigência

Parcial para a obtenção do grau de Licenciatura

Em Organização e Gestão de Empresas.

Orientador: Mestre José Augusto Lopes da Veiga

Mindelo – Dezembro de 2013

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Rosilda Lima Fortes III

DECLARAÇÃO

Rosilda Lima Fortes, autora da Monografia

Intitulada “Mortalidade Empresarial: caso das

pequenas e médias empresas em São Vicente”

declara que, salvo fontes devidamente citadas

e referidas, o presente documento é fruto do

seu trabalho pessoal, individual e original.

Mindelo, 06 de Dezembro de 2013

Rosilda Lima Fortes

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Rosilda Lima Fortes IV

DEDICATÓRIA

No culminar de mais uma etapa importante

da minha vida, dedico este trabalho aos meus

queridos Pais. À minha mãe pela sua incondicional

dedicação, carinho e valores que me transmitiu

e que norteiam a minha vida e à memória do

meu Pai, pelo seu amor inestimável.

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Rosilda Lima Fortes V

AGRADECIMENTOS

Correndo risco de esquecer de pessoas importantes nesta aventura que me conduziu a

esta fase da minha vida académica, começo por agradecer a todos os que de maneira

directa e indirecta me ajudaram para que hoje estivesse escrevendo este trabalho de

investigação científica, resultado destes quatro anos de licenciatura em organização e

gestão de empresas.

Em primeiro lugar começo por agradecer a Deus, por possibilitar que eu esteja vivendo

este momento único na minha vida.

A minha mãe, Rufina Lima, aos meus irmãos e à minha família que, de uma maneira ou

de outra, ajudaram-me, para que hoje esta etapa do meu percurso seja uma realidade.

Agradeço, de maneira muito especial, ao meu orientador, Mestre José Augusto Lopes da

Veiga, que colaborou comigo de forma imparcial, de modo a alcançar os meus

objectivos e também ao coordenador do curso Eng.º Emanuel Spencer pelo eminente

apoio para realização deste curso.

Aos outros professores da Universidade do Mindelo, por todo o respeito, dedicação e

incentivo recebido durante o período que estudei na Universidade.

A todos os colegas de sala, pelo companheirismo, amizade e pelos momentos felizes

vividos durante todo o Curso.

E, finalmente, agradeço a todos os que me apoiaram e encorajaram ao longo do curso

com palavras de conforto e coragem nos momentos quando tudo estava difícil e parecia

tudo perdido. As minhas sinceras palavras de gratidão.

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Rosilda Lima Fortes VI

EPÍGRAFE

“Em todas as coisas o sucesso

depende de uma preparação prévia,

e sem tal preparação o falhanço é certo”.

(Confúcio)1

1 Pensador e filósofo chinês

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Rosilda Lima Fortes VII

RESUMO

As pequenas e médias empresas (PME´s) são essenciais para o crescimento e

desenvolvimento económico de qualquer nação. No entanto, grande parte das novas

empresas encerra suas actividades nos primeiros anos de funcionamento. O objectivo

deste trabalho é apontar os principais factores propulsores da mortalidade de PME´s em

São Vicente. Os procedimentos metodológicos contaram com a aplicação de um

questionário a quinze empresários de negócios não bem-sucedidos. A pesquisa

identificou factores que podem levar as PME´s à mortalidade precoce e concluiu que a

causa disto ocorre devido a um conjunto de factores associados que, acumulados,

contribuem para o fenómeno. Os principais deles são os seguintes: baixo lucro; falta de

clientes; tributação exagerada2; problemas com a concorrência.

Palavras-chaves: Mortalidade das Empresas, Empreendedor, PME´s,

2 Tributação exagerada refere-se as receitas derivadas (imposto) que o Estado recolhe do patrimônio dos

indivíduos, usando do seu poder fiscal (poder de tributar), mas controlado por normas de direito público

que formam o Direito Tributário. Normalmente o não pagamento deste, acarreta irremediavelmente

sanções civis e penais impostas à entidade ou indivíduo não-pagador, sob forma de leis.

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Rosilda Lima Fortes VIII

ABSTRACT

Small and medium enterprises (SME’s) are essential for economic growth and

development of any nation. However, most of the new companies end their business in

the early years of operation. The objective of this paper is to show the main drivers of

mortality factors of SME’s in São Vicente. The methodological procedures relied on the

application of a questionnaire endorsed to fifteen business entrepreneurs who did not

succeed. The research identified factors which can lead SME’s to early mortality, and

concluded that, the cause of this is due to the accumulation of a number of associated

factors. The main ones are: low income, lack of customers; very high taxes, problems

with competition.

Keywords: Entrepreneur, SME’s, Corporate Mortality.

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Rosilda Lima Fortes IX

ÍNDICE

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

1. A INVESTIGAÇÃO ................................................................................................ 3

1.1. Justificação do tema ....................................................................................... 3

1.2. Pergunta de partida ......................................................................................... 4

1.3. Hipóteses de pesquisa..................................................................................... 4

1.4. Objectivos do estudo ...................................................................................... 5

1.4.1. Objectivo Geral........................................................................................... 5

1.4.2. Objectivos específicos ................................................................................ 5

1.5. Metodologia ................................................................................................... 5

1.5.1. Método de investigação .............................................................................. 6

1.5.2. Recolha de dados da investigação .............................................................. 6

1.5.3. Método de Selecção da Amostra ................................................................ 7

1.5.4. Análise de dados ......................................................................................... 8

2. ABORDAGEM TEÓRICA .................................................................................... 9

2.1. As empresas.................................................................................................... 9

2.1.1. Definições e conceitos .................................................................................... 9

2.1.2. Evolução da empresa .................................................................................... 11

2.1.3. Classificação das empresas .......................................................................... 14

2.1.3.1. Classificação segundo a dimensão da empresa ..................................... 14

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Rosilda Lima Fortes X

2.1.3.2. Classificação segundo o sector de actividade ....................................... 18

2.1.3.3. Classificação de acordo com o âmbito geográfico ............................... 19

2.1.3.4. Classificação Segundo a Forma Jurídica .............................................. 20

2.2. Empreendedorismo .............................................................................................. 24

2.2.1. Surgimento e crescimento ............................................................................ 24

2.2.2. Empreendedorismo versus empreendedor ................................................... 28

2.2.3. Características do empreendedor ................................................................. 33

2.2.4. Factores da envolvente que fomentam o empreendedorismo ...................... 36

2.2.5. Factores que podem atrapalhar o desenvolvimento da actividade

empreendedora …………………………………………………………………..40

2.2.6. Empreendedorismo em Cabo Verde ............................................................ 42

2.2.7. Contributo do empreendedorismo no desenvolvimento de Cabo Verde...... 45

2.2.8. Instituições de apoio ao empreendedorismo em Cabo Verde ...................... 47

2.3. Financiamento das PME em Cabo Verde ............................................................ 51

2.3.1. Formas de financiamento ............................................................................. 51

2.4. Mortalidade Empresarial ..................................................................................... 58

2.4.1. Factores contribuintes da mortalidade das empresas ................................... 60

2.4.2. Factores que tornam um negócio bem-sucedido .......................................... 63

3. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ............................................... 65

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 82

Recomendações .............................................................................................................. 85

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Rosilda Lima Fortes XI

Limitações de pesquisa ................................................................................................... 88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 89

ANEXOS ...................................................................................................................... 93

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Rosilda Lima Fortes XII

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Principais caracteristicas das Pequenas e Médias Empresas ................... 16

Quadro 2 - Efectivo das PME´s em Cabo Verde (Ano 2010) ................................... 18

Quadro 3 - Desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo

empreendedor a partir da idade média .................................................................. 27

Quadro 4 - Comparação entre gerentes tradicionais e empreendedores .................... 32

Quadro 5 - Situação actual em Cabo Verde .............................................................. 43

Quadro 6 - Classificação dos factores contribuintes para a mortalidade ................... 62

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Rosilda Lima Fortes XIII

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação entre empresa tradicional e empresa moderna ........................ 13

Tabela 2 - Caracteristicas das Sociedades Comerciais .................................................. 22

Tabela 3 - As empresas em Cabo Verde segundo a forma jurídica de 1997 - 2010 ...... 23

Tabela 4 - As causas mais comuns de falhas de negócio .............................................. 62

Tabela 5 - Razões da abertura da empresa..................................................................... 72

Tabela 6 - Motivos da extinção da empresa .................................................................. 79

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Rosilda Lima Fortes XIV

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Objectivos da empresa .................................................................................. 11

Figura 2 - Factores que influenciam o processo empreendedor .................................... 38

Figura 3 - Modelo conceptual do empreendedorismo e do crescimento económico .... 40

Figura 4 - Definições de Mortalidade ............................................................................ 59

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Rosilda Lima Fortes XV

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico nº 1 - Sexo, representação do número de pessoas inquiridas ........................... 65

Gráfico nº 2 - Idade, representação do número de pessoas inquiridas .......................... 65

Gráfico nº 3 - Habilitação escolar ................................................................................. 67

Gráfico nº 4 - Formação profissional ............................................................................ 68

Gráfico nº 5 - Ocupação antes da abertura a empresa ................................................... 68

Gráfico nº 6 – Responsabilidades .................................................................................. 69

Gráfico nº 7 - Percepção da probabilidade de êxito ...................................................... 70

Gráfico nº 8 - Orientação para o futuro ......................................................................... 70

Gráfico nº 9 - Adaptação das mudanças do meio envolvente ....................................... 71

Gráfico nº 10 - Iniciativa para a criação da empresa ..................................................... 73

Gráfico nº 11 - Ramo de actividade da empresa ........................................................... 73

Gráfico nº 12 - Tipo de Financiamento ......................................................................... 74

Gráfico nº 13 - Facilidade de Financiamento ................................................................ 75

Gráfico nº 14 - Duração de funcionamento da empresa ................................................ 75

Gráfico nº 15 - Nº de trabalhadores ............................................................................... 76

Gráfico nº 16 - Formação especifica ............................................................................. 76

Gráfico nº 17 - Incentivos as PME´s ............................................................................. 77

Gráfico nº 18 - Gestão da empresa ................................................................................ 78

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Rosilda Lima Fortes XVI

Gráfico nº 19 - A empresa tinha contabilidade organizada? ......................................... 78

Gráfico nº 20 - Sentimento que ficou quando encerrou a empresa ............................... 80

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Rosilda Lima Fortes XVII

LISTA DE ABREVIATURAS

ADEI – Agência para Desenvolvimento Empresarial e Inovação

AJEC – Associação de Jovens Empresários de Cabo Verde

CSC-CV – Código das Sociedades Comercias Cabo-verdianas

ENI – Empresas em Nome Individual

FDP – Fundo de Desenvolvimento das Pescas

GEM – Global Entrepreneurship Monitor

I&D – Investigação e Desenvolvimento

INE – Instituto Nacional de Estatística

NFM – Necessidades de Fundo de Maneio

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento económica

PIB – Produto Interno Bruto

PME – Pequenas e Médias Empresas

RE – Recenseamento Empresarial

SA – Sociedade Anónima

SCR – Sociedade de Capital de Risco

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Assistência Empresarial

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Rosilda Lima Fortes XVIII

SPQ – Sociedade Por Quotas

SPSS - Statistical Package for Social Sciences

SV – São Vicente

TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação

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Rosilda Lima Fortes 1

INTRODUÇÃO

A dinâmica e o crescimento da economia dos países em desenvolvimento, os chamados

países emergentes, dependem em grande parte da capacidade de criar empresas

económicas e financeiramente sustentáveis com capacidade para gerar trabalho e

rendimento para a população activa, levando estes países a alcançar uma maior

produção de bens e serviços e um posicionamento mais estratégico na economia global.

Portanto, a presença das pequenas e médias empresas (PME) no contexto

socioeconómico de um país é muito importante, pois, essas empresas proporcionam

uma energia vital para a economia, e em Cabo verde estas vem alcançando cada vez

mais uma maior participação. De acordo com os dados do IV Recenseamento

Empresarial (RE) realizado pelo Instituto Nacional e Estatísticas (INE) em 2010, Cabo

Verde tinha um total de 8899 empresas, das quais 1744 se encontravam em São Vicente

(SV). Contudo, as PME em Cabo Verde, totalizavam 97% do total das empresas em

cabo Verde, destacando-se como geradoras de ocupação e rendimento no país,

contribuindo de forma crescente para o aumento do produto interno bruto (PIB).

Porém, há um facto que compromete um maior crescimento do número de empresa, e

por conseguinte da economia, que é o alto índice de mortalidade precoce das PME,

gerado por diferentes elementos e condições ligadas a estas unidades de produção.

O presente trabalho está estruturado em cinco (5) capítulos, sendo a introdução, e a

conclusão, capítulos muito importantes, mas que não foram enumerados.

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Rosilda Lima Fortes 2

Sendo assim, no primeiro capítulo enumerado apresenta-se a investigação que se

distribui na justificação do tema, no objecto de pesquisa, nos objectivos do trabalho, as

hipóteses, a relevância do estudo, e também é apresentada a metodologia utilizada para

o desenvolvimento e análise da pesquisa.

O segundo capítulo está dividido em três subcapítulos, que diz respeito a abordagem

teórica. No primeiro subcapítulo, abordamos o conceito das empresas, mais

especificamente as PME, também a evolução das empresas, e a classificação das

empresas. No segundo fala-se do surgimento e crescimento do empreendedorismo,

definição de empreendedorismo versus empreendedor, características do empreendedor,

factores da envolvente que fomentam o empreendedorismo, factores que podem

atrapalhar o desenvolvimento da actividade empreendedora, empreendedorismo em

Cabo Verde, contributo do empreendedorismo no desenvolvimento de Cabo Verde,

instituições de apoio ao empreendedorismo em Cabo Verde, e financiamento das PME

em Cabo Verde e no terceiro falamos da mortalidade das empresas, conceito, factores

contribuintes para a mortalidade das empresas, e os factores que tornam um negócio

bem-sucedido.

Por fim, o terceiro capítulo enumerado, onde são apresentados e analisados os dados

conseguidos através da aplicação do questionário.

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Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente

Rosilda Lima Fortes 3

1. A INVESTIGAÇÃO

1.1. Justificação do tema

A escolha do tema “Mortalidade Empresarial: caso das pequenas e médias empresas em

São vicente” prende-se com a curiosidade de poder compreender melhor quais são as

razões que levam as empresas, particularmente em São Vicente, a fecharem as portas

após um período de funcionamento.

Ora, numa conjuntura global caracterizada por padrões elevados de competitividade,

constitui um desafio para as empresas atingir níveis mais elevados de eficiência e

optimização dos recursos. A sobrevivência e a sustentabilidade das empresas

dependerão certamente disso.

Este tema é dirigido às PME, e por isso apoia-se na importância que estas vêm

assumindo no desenvolvimento económico do País e na sua capacidade de criar riqueza.

Em Cabo Verde, as PME afiguram-se, sem dúvida nenhuma, como alavanca para o

crescimento económico, pois o papel estratégico que estas desempenham actualmente é

fundamental, não obstante, conforme se afirmou acima, elas operarem em ambientes

altamente competitivos e com escassos recursos.

Os desafios que enfrentam os novos empreendedores e a representatividade das PME

determinam a necessidade de isolar os aspectos causadores do fracasso, para se poder

entender melhor todos os fenómenos que, de uma forma ou de outra, influenciam a

mortalidade das PME em São Vicente. Isto porque, como se sabe, a mortalidade precoce

das mesmas é um factor preocupante e implica o agravamento dos problemas

socioeconómicos, como o desemprego, a diminuição do nível de rendimento e

sobretudo a diminuição da competitividade da nossa economia.

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Rosilda Lima Fortes 4

Esse fenómeno tem atraído a atenção de alguns analistas nacionais, pelo que merece

uma especial atenção.

1.2. Pergunta de partida

A pergunta de partida deve exprimir o mais exactamente possível o que se procura

saber, elucidar, ou compreender melhor (Quivy e Campenhoudt, 1998)3. Ela constitui,

segundo os mesmos autores, o primeiro fio condutor de uma investigação. Deve

apresentar qualidades de clareza, de exequibilidade e de pertinência.

Assim, o problema que serve de guia a esta investigação é o seguinte:

• Que factores provocam a mortalidade precoce das pequenas e médias

empresas em São Vicente?

1.3. Hipóteses de pesquisa

Uma hipótese é um enunciado formal das relações entre duas ou mais variáveis. Fornece

a investigação um fio condutor particularmente eficaz que permite, do momento em que

ela é formulada, substituir a questão da pesquisa, mesmo que esta deve permanecer

presente na mente do investigador (Quivy e Campenhoudt, 1998).

Para responder a essa problemática construímos as seguintes hipóteses:

H1 - A mortalidade de pequenas e médias empresas depende mais das capacidades

pessoais do empreendedor do que de factores externos.

3 Quivy, R. & Campenhoudt, L. Manual de investigação em ciências sociais (1998)

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Rosilda Lima Fortes 5

H2 - A dificuldade de acesso ao crédito é um factor contribuinte para a mortalidade das

PME´s;

1.4. Objectivos do estudo

1.4.1. Objectivo Geral

Identificar e analisar os principais factores que influenciam a mortalidade das pequenas

e médias empresas sedeadas em São Vicente.

1.4.2. Objectivos específicos

- Analisar as causas da mortalidade nas PME em SV;

- Identificar a relação existente entre a cultura empreendedora e o fracasso das PME;

- Descrever as principais características dos empreendedores mal sucedidos em SV.

1.5. Metodologia

Para a realização deste trabalho de pesquisa, utilizou-se alguns procedimentos que serão

descritos pormenorizadamente para facilitar a sua compreensão. Serão particularmente

destacados o enfoque da pesquisa, o tipo de estudo, a abordagem utilizada, o método de

recolha de dados, a definição da amostra utilizada e os softwares utilizados para o

tratamento dos dados.

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Rosilda Lima Fortes 6

1.5.1. Método de investigação

Para alcançar os objectivos definidos, optou-se por uma abordagem quantitativa através

da aplicação de um inquérito dirigido aos operadores que tiveram que fechar as suas

empresas.

A pesquisa realizada é de carácter exploratória, uma vez que procura-se o

aprofundamento do assunto investigado.

De acordo com Marconi e Lakatos (2006) Apud Oliveira (2011):

“Os estudos exploratórios são investigações de pesquisa empírica cujo

objectivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla

finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador

com o ambiente, facto ou fenómeno para a realização de uma pesquisa futura

mais precisa ou modificar e esclarecer conceitos”.

A pesquisa realizada é também uma pesquisa bibliográfica, pois por conceito, a

pesquisa bibliográfica, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema

de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, pesquisas, monografias,

teses, material cartográfico etc. No estudo foram utilizados livros, artigos, opiniões

online, teses, monografias e outras fontes.

1.5.2. Recolha de dados da investigação

Para a recolha de dados aplicou-se um questionário junto dos proprietários e gerentes

das empresas que já se encontram fechadas, constituído por questões fechadas e também

por questões de múltipla escolha, de modo a obter uma série de possíveis respostas. O

referido questionário tem por objectivo identificar o perfil empreendedor dos

proprietários e conhecer as causas que levaram à mortalidade das empresas. Marconi e

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Rosilda Lima Fortes 7

Lakatos (2006) são citados por Oliveira (2011) que diz que, as perguntas de múltipla

escolha são perguntas fechadas mas que apresentam uma série de possíveis respostas e

ainda esclarecem que “O questionário é um instrumento de colecta de dados construído

por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a

presença do entrevistador”.

1.5.3. Método de Selecção da Amostra

Neste trabalho utilizou-se como método de selecção da amostra o método não

probabilístico ou de amostragem não aleatória simples. Este tipo de amostragem é feito

quando o pesquisador está interessado na opinião de determinados elementos da

população mas não representativos dela. Esta técnica não permite generalizar os dados

obtidos, pois, segundo Hill (2005), (…) em rigor, os resultados e as conclusões só se

aplicam a amostra, não podendo ser extrapolados com confiança para o universo.

O universo da pesquisa corresponde à lista facultada pela Repartição de Finanças da

Ilha de São Vicente, cuja população não ultrapassa 34 empresas, tendo em conta os anos

de estudo de 2010 e 2011.

O número de inquéritos aplicados, explica-se pelo facto da lista fornecida pela

Repartição de Finanças ter apenas trinta e quatro (34) empresas que fecharam o seu

negócio, e muitas delas já não terem contactos válidos, pelo que só foi possível

contactar apenas quinze (15).

Tendo em conta a realidade e o anteriormente citado, em rigor não podemos extrapolar

para o universo das empresas em estudo nesta investigação.

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Rosilda Lima Fortes 8

No entanto, dada a semelhança dos casos em estudo, é possível proceder a alguma

generalização das conclusões para o universo das PME em situação a mortalidade.

1.5.4. Análise de dados

Para a análise e tratamento dos dados recolhidos através do questionário utilizou-se o

software estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 20.0 e o Excel 2007.

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2. ABORDAGEM TEÓRICA

2.1. As empresas

2.1.1. Definições e conceitos

O tecido empresarial tem vindo a sofrer inúmeras mudanças voltadas para a valorização

e desenvolvimento de uma cultura empresarial que prima pelo esforço contínuo, pela

flexibilidade, pela investigação científica e tecnológica, com o propósito de valorizar

cada vez mais os recursos humanos.

Em todos os sistemas económicos existem empresas nos mais diversos sectores e

subsectores ou ramos de actividade económica, em que a finalidade é produzir bens e

serviços destinados à comercialização com intuito de satisfazer não só em termos

quantitativo, mas também de forma qualitativa as necessidades humanas.

Todos os esforços realizados a favor das empresas visam a agregação de valores e

objectivam a melhoria contínua do processo de produção de bens e serviços. Mas, de

acordo com Chiavenato (2002):

“o avanço tecnológico e o desenvolvimento do conhecimento humano, por si

apenas, não produzem efeito se a qualidade de administração efectuada sobre

os grupos organizados de pessoas não permitir uma aplicação efectiva dos

recursos humanos e materiais (…) ”.

Existe um leque muito diversificado de definição do conceito de empresa. Segundo

Santos e Lemos (S/d), “a empresa é toda a organização dos factores produtivos, capital e

trabalho, com os objectivos essenciais de prestação de bens e/ou serviços á comunidade

onde se insere, podendo ter finalidade lucrativa ou não”.

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Nesta mesma linha de pensamentos, Santos (1982) é citado por Chiavenato (2007) que

diz que:

“A empresa é comumente definida pelos economistas como uma unidade

básica do sistema económico, cuja principal função é produzir bens e

serviços. Para conseguir fabricar seus produtos, ou oferecer seus serviços, a

empresa combina diversos fatores de produção, ou seja, os recursos naturais,

o capital e o trabalho necessários para o desempenho da função produção”.

Já para Veiga (2008), “A empresa é um conjunto de factores de produção reunidos sob a

autoridade de um indivíduo (empresário) ou de um grupo, com o objectivo de realizar

um rendimento monetário através da produção de bens e serviços”.

No âmbito do IV Censo Empresarial realizada pelo INE em 2010,

“A empresa é uma entidade correspondendo a uma unidade jurídica ou ao

mais pequeno agrupamento de unidades jurídicas ou institucionais, dotada de

autonomia de organização e de decisão na afectação de recursos às suas

actividades de produção, exercendo uma ou várias actividades, num ou vários

locais e que sejam fixas, visíveis, registadas ou não”.

Assim também, de acordo com o Código das Sociedades Comerciais Cabo-Verdianas

(CSC-CV), a empresa é “uma actividade organizada, com carácter económico e

profissional, constituída com o fim de produzir o lucro. O titular da empresa poderá ser

um comerciante em nome individual ou uma sociedade”.

Todas essas definições convergem para os objectivos que norteiam de uma forma geral

qualquer empresa, conforme sabiamente representado por Chiavenato (2007), na figura

que se segue:

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Figura 1 - Objectivos da empresa

Fonte: Chiavenato (2007)

Numa perspectiva dinâmica pode-se dizer que na época industrial, quando o recurso

estratégico era o capital, o objectivo da empresa podia ser apenas obter lucros. Mas na

era da globalização, o recurso estratégico é a informação, o conhecimento e a

criatividade, pois concordamos que só há um modo de uma empresa ter acesso a esses

bens, isto é, através da valorização dos recursos humanos.

2.1.2. Evolução da empresa

Com a sedentarização, o homem criou a associação económica vinculada à família que

se dedicava a prática de actividades diversas, através de técnicas rotineiras, com vista a

garantia da subsistência.

Segundo Chiavenato (2002), apud Rodrigues (2012), tudo começou com a invenção da

máquina a vapor por James Watt (1736 - 1819) e a sua aplicação à produção surgiu

numa nova concepção de trabalho que modificou completamente a estrutura social e

comercial da época, provocando profundas e rápidas mudanças de ordem económica,

política e social que, em um lapso de um século, foram maiores do que as mudanças

Objectivos

empresariais

Directos

Indirectos

Lucro

Satisfação de necessidades dos clientes

Finalidades sociais

Produção ou comercialização de bens

Prestação de serviços

Actividades comunitárias

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ocorridas em todo o milénio anterior. É a chamada revolução industrial que se iniciou

na Inglaterra e que originou a transformação de muitos paradigmas empresariais.

A rápida e intensa introdução das máquinas nas oficinas provocou fusões de

pequenas oficinas que passaram a integrar outras maiores, e que, aos poucos

foram crescendo e transformando em fábricas. O operário foi substituído pela

máquina nas tarefas em que se podia automatizar e acelerar pela repetição.

Com o aumento dos mercados decorrente da redução de preços e

popularização dos produtos, as fábricas passaram a exigir grandes

contingentes humanos. A mecanização do trabalho levou a divisão do

trabalho e a simplificação das operações, substituindo os ofícios tradicionais

por tarefas automatizadas e repetitivas, que podiam ser executadas com

facilidade de controlo. (Chiavenato, 1995)

Seguindo assim, de acordo com Henriques e Leandro, (2002), “a Revolução Industrial

operou uma profunda transformação na sociedade. As mudanças técnicas e

tecnológicas, então verificadas, implicaram alterações a nível da organização da

produção, com recurso à energia em larga escala e à necessidade da concentração. Surge

a empresa capitalista – a fábrica – que vai reunir capital e trabalho, sob a autoridade de

um empresário, tendo em vista a obtenção de lucro”.

A Revolução Industrial foi um marco fundamental para a mudança de paradigma

empresarial, o que é um processo contínuo, em que o capital fundamental já não é o

recurso económico básico, mas antes o saber, dando ênfase uma vez mais, ao factor

humano como sendo aquele que detêm a sabedoria. Quem lidera esse novo processo não

são os capitalistas, mas sim os trabalhadores do saber, canalizando o conhecimento aos

diversos ramos de actividade. Assim, as tecnologias da informação são cada vez mais

consideradas como uma arma estratégica no desenvolvimento das empresas e das

sociedades (Veiga, 2008).

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Atendendo à dinâmica da evolução, a caracterização das duas gerações de empresas são

diferentes e pode ser espelhada de forma resumida no seguinte:

Tabela 1 - Comparação entre empresa tradicional e empresa moderna

Fonte: Henriques e Leandro, (2002)

Através desta tabela pode-se fazer uma análise comparativa da evolução da empresa,

tanto nos seus aspectos internos como externos, traduzindo sinais de maior

complexidade no funcionamento da mesma e a necessidade da sua adaptação

permanente para fazer face às novas exigências impostas.

Empresa Tradicional Empresa Moderna

Frequente Empresário individual que utiliza livremente

os seus bens

Partilha de património entre os detentores do capital e do

poder dos gestores

Prevalência das finalidades económicas Pluralidade de objectivos

Cálculo económico Decisões estratégicas

Inovação Valorização da informação

Quando existem accionistas, estes fornecem o capital e

exercem o

Aceita a existência de interesse contraditório cuja

conciliação se impõe:

- Poder através dos seus votos Empresa – lucro/investimento

Progresso económico Trabalhadores – Salário/participação

Accionistas – dividendo/valorização do capital

Estado – receitas fiscais/política económico-social

Consumidores – menores preços/melhor qualidade

Progresso económico, técnico e social

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2.1.3. Classificação das empresas

Na perspectiva de Costa e Ribeiro (2004), “as formas que as empresas podem assumir

são muito variadas, sendo possível distingui-las segundo a dimensão, sector de

actividade, a forma jurídica e o âmbito geográfico”. De facto, é uma necessidade

diferenciar as empresas, visto que tem objectivos diferenciados a cumprir e por isso,

estruturam-se de forma diferente.

2.1.3.1. Classificação segundo a dimensão da empresa

A dimensão da empresa é uma das formas de diferenciação mais importante. Para se

medir o tamanho de uma empresa utilizam-se vários critérios que são complementares,

tais como o número de trabalhadores, o volume de vendas, os activos que a empresa

possui, entre outros, dependendo de país para país. Tanto em Cabo Verde como em

outros países as empresas classificam-se em:

Micro empresas

Pequenas empresas

Médias empresas

Grandes empresas

Para responder às necessidades deste trabalho, concentramo-nos na classificação e

definição dos critérios das PME.

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É senso comum que, as PME, sempre exerceram um papel proeminente na economia

mundial, constituindo um grande propulsor do desenvolvimento. Essa importância é

confirmada a partir da (1) Contribuição significativa na geração do produto nacional; (2)

Absorção de mão-de-obra, inclusive a menos qualificada; (3) Flexibilidade local,

desempenhando importante papel de interiorização do desenvolvimento; (4) Carácter

predominantemente nacional, pois há utilização absoluta do capital privado nacional e

(5) Desempenho de actividades de auxílio às grandes empresas, como distribuição e

fornecimento, actividades as quais efectuaria com pouca eficácia.

Diria, portanto, que as PME são cada vez mais caracterizadas como potenciais

geradoras de emprego e de rendimento, o que pode contribuir não só para o

desenvolvimento económico e social de um país, mas também para o crescimento

económico.

Contradizendo o acima exposto, Garcia (2000) argumenta que até ao fim da década de

70, as PME eram consideradas irrelevantes para a economia de um país, mas nos anos

da década de 80, com o aumento da concorrência dos mercados e a maior utilização da

tecnologia nos processos produtivos, iniciou-se uma mudança de paradigma, ou seja,

uma mudança na forma de organização económica que enfatizava apenas as grandes

empresas estratégicas para a economia nacional.

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As PME também possuem características próprias que as distinguem das grandes

empresas. Estas características referem-se tanto a sua forma de organização, quanto ao

seu relacionamento com clientes, fornecedores, instituições governamentais, e demais

actores do seu entorno. O quadro 1 ilustra as principais características deste tipo de

empresa.

Quadro 1 - Principais características das PME

Fonte: Fundación Cotec, Estudios 7

Algumas das características apontadas como: estrutura organizacional simples, pouca

burocracia, rapidez de resposta, flexibilidade, etc, são altamente desejáveis, tendo em

vista que permitem uma reacção mais rápida num contexto de rápidas mudanças. Já

características como: limitações de recursos humanos e financeiros representam

obstáculos ao desenvolvimento das PME.

Estrutura organizacional simples

Limitação de recursos humanos

Ausência de burocracia interna

Baixo grau de diversificação produtiva

Limitação de recursos financeiros

Produção para mercados locais e especializados

Proximidade do mercado e do cliente

Rapidez de resposta

Flexibilidade e adaptabilidade a mudanças do entorno

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Relativamente à definição “PME” esta é sem dúvida, ambígua e imprecisa, pois,

normalmente não existe, para o efeito, uma definição universalmente aceite. A

classificação das mesmas pode depender, entre outras coisas, do grau de

desenvolvimento do país onde encontram-se instaladas. Dornelas (2001) entende que o

que é - pequeno para um país onde os sectores sejam totalmente industrializados, pode

ser - médio em uma economia em desenvolvimento, e o que é - médio no primeiro

poderá ser considerado - grande no segundo. Estes adjectivos deverão estar, por

conseguinte, em função do sector económico e também do maior ou menor grau de

desenvolvimento de cada sociedade.

A legislação cabo-verdiana reconhece no seu (Decreto-Lei nº40/90 de 6 de Junho) que

as PME são todas aquelas que apresentam as seguintes características:

Possuir mais de cinco trabalhadores e menos que cinquenta trabalhando de

forma permanente; as receitas anuais não devem ultrapassar os duzentos

milhões de escudos; o seu capital social seja detido em mais de 75% por

investidores de nacionalidade Cabo-verdiana; não detenha participações

financeiras noutras empresas que não sejam PME nacionais.

Já a INE no seu II º RE (2002) define os critérios de classificação de empresas a partir

do número de trabalhadores conforme se segue:

a) 1 – 5 Trabalhadores: Pequena Empresa

b) 6 – 20 Trabalhadores: Média Empresa

c) Mais de 20 Trabalhadores: Grande Empresa

Alguns elementos são comuns nas definições apresentadas sobre PME, ou seja, esta,

independente da actividade que exerça, geralmente é dirigida pelo seu proprietário. Ela

possui um quadro reduzido de pessoal, não possui uma posição dominante do mercado

onde actua, não dispõe de elevados recursos financeiros, não está ligada directa ou

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indirectamente a grandes grupos económicos e tem o valor de seu capital e o

facturamento anual reduzidos.

Em Cabo Verde, a promoção de incentivos à criação e ao crescimento de actividades

das PME é considerada um dos vectores integrantes na redução da pobreza, da exclusão

social e determinante na melhoria do nível do bem-estar dos cabo-verdianos, porque

crê-se que a sua dinamização incentiva as camadas pobres da sociedade e não só, a

criarem os seus próprios negócios e a providenciarem os seus rendimentos.

O peso das PME no tecido económico nacional é apresentado no quadro a seguir:

Quadro 2 - Efectivo das PME´s em Cabo Verde (2010)

Categoria

Empresa Efectivo %

Micro 5.250 58,99

Pequena 2.859 32,13

Média 560 6,29

Grande 230 2,59

Total 8.899 100,00

Fonte: INE, IAE 2010

2.1.3.2. Classificação segundo o sector de actividade

A classificação das empresas segundo o sector de actividade também é muito

importante. Para pertencer a um determinado sector, implica ter certas características

em relação à estrutura da empresa, à gestão e aos seus comportamentos, enquanto

actividade exercida.

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Sector primário – pertence ao sector primário todas as empresas que desempenham

uma actividade ligada à natureza, tais como agricultura, pesca, caça, energia eólica,

extracção de petróleo, entre outros.

Sector secundário - agrupa todas as actividades industriais, isto é, aquelas que são

objectos de um processo de transformação de matérias-primas e outros componentes,

em produtos acabados. As actividades mais destacadas nesse quadro são, a construção, a

metalurgia, a química, construção de maquinaria, a construção naval, os automóveis, a

aeronáutica, o têxtil, a manufactura, a transformação alimentar, etc.

Sector terciário – é o sector dos serviços. Enquadram as actividades comerciais e as

demais actividades prestadoras de serviços. Representa o grau mais elevado e tido

muitas vezes, como indicador do nível económico do país, pela prevalência da

percentagem da população activa.

2.1.3.3. Classificação de acordo com o âmbito geográfico

Local - A maior parte da sua actividade é desenvolvida em uma cidade ou numa zona.

Regional - Seu âmbito de actuação se estende a toda comunidade a que pertence e com

unidades produtivas em distintos lugares, com a sua rede de vendas ao longo de toda a

região.

Nacional - São as empresas que operam dentro da fronteira de um país, abrangendo as

suas actividades por todas as regiões.

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Internacional - São as empresas que operam em mais de um país. Podem variar o seu

grau de internacionalização, desde da simples empresa exportadora que vende ao

estrangeiro, até as empresas transnacionais que tem negócios em diferentes países, com

cooperadores de várias nacionalidades e que operam num mercado global.

2.1.3.4. Classificação Segundo a Forma Jurídica

Às diferentes formas jurídicas, correspondem á diferentes exigências, em especial no

que respeita ao número de sócios, ao valor e representação do capital social, bem como

à responsabilidade perante terceiros. Esta é uma das formas de elevada importância para

fazer face a classificação das empresas. O CSC-CV diferencia as seguintes formas

jurídicas:

Sociedade anónima – É uma sociedade cujo capital está dividido por acções, sendo a

responsabilidade de cada accionista limitado ao valor das acções por ele subscritas.

(art.º 342º CSC-CV)

Sociedades por quotas – São sociedades de pessoas, em que o capital está dividido em

quotas. Todos os sócios são responsáveis solidariamente pelo valor das entradas. (art.º

275º CSC-CV). De acordo com o Art.º 274º do CSC-CV, a firma das sociedades por

quotas pode ser formada pelo nome, firma de algum ou de todos os sócios, ou ainda

pela reunião dos dois, utilizando ou não a sigla. Em qualquer caso concluirá pela

expressão - Limitada ou pela abreviatura - Lda.

Sociedades unipessoais por quotas – De acordo com o Art.º 336º do CSC-CV, as

sociedades unipessoais por quotas podem ser constituídas com um único sócio, desde

que este seja uma pessoa singular. Ele não pode constituir mais do que uma sociedade

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unipessoal. A firma desta sociedade deve ser formada pela expressão - sociedade

unipessoal, pela palavra - Limitada ou pela abreviatura - Lda.

Sociedade em nome colectivo - A responsabilidade de cada sócio é ilimitada e

subsidiária em relação à sociedade e solidariamente perante os sócios (art.º 259º CSC-

CV). De acordo com o Art.º 260º do CSC-CV, do contrato de sociedade devem constar:

a espécie e a caracterização da entrada de cada sócio em indústria ou bens, assim como

o valor atribuído aos bens; o valor atribuído à indústria com que os sócios contribuam,

para o efeito da repartição de lucros e perdas; a parte social corresponde à entrada com

bens de cada sócio. Não podem ser emitidos títulos representativos de partes sociais.

Sociedade em comandita - Cada sócio responde apenas pela sua entrada e os sócios

comanditados respondem pelas dívidas da sociedade nos mesmos termos que os sócios

da sociedade em nome colectivo (Art.º 459º CSC-CV).

Sociedade em comandita por acções – Não pode constituir-se com menos de dois

sócios comanditários. Os sócios possuem sempre o direito de fiscalização assim como

os sócios de sociedades em nome colectivo (Art.º 472ºCSC-CV). Não há representação

do capital por acções. Na sociedade em comandita por acções só as participações dos

sócios comanditários são representadas por acções.

Após uma breve sintetização das classificações jurídicas acima referidas, a seguir

apresenta-se na tabela 2, o resumo das características das sociedades comerciais em

Cabo Verde.

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Tabela 2 - Características das Sociedades Comerciais

TIPO JURIDICO

CARACTERISTICAS CAPITAL

SOCIAL RESPONSABILIDADE

Nº de SÓCIOS

Sociedade anónima

- No mínimo 2 sócios

2.500.000$00 Limitada

- Contribuições em

indústrias

- As acções devem ter o

mesmo valor nominal

Sociedade por

quotas

- Não são admitidas

contribuições em

indústrias

200.000$00 Limitada

Sociedade

unipessoal por

quota

- Uma única pessoa

singular é titular do

capital social

200.000$00 Limitada - São admitidas

contribuições em outras

empresas

Sociedade em

comandita

- Não são admitidas

contribuições em outras

indústrias

Reúne sócios de

responsabilidade limitada

e sócios de

responsabilidade

ilimitada

Sociedade em

nome colectivo

- São admitidas

contribuições em outras

indústrias

Ilimitada e subsidiária

Fonte: CSC-CV

Aproveitando a mesma linha de pensamento sobre as classificações das empresas,

apresentamos um estudo realizado pelo INE (1997), relativamente ao primeiro RE das

empresas em Cabo Verde, comparado com o ultimo recenseamento até agora realizado,

ou seja o IV RE (2010).

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Constata-se que no ano de 1997, a maioria das empresas eram considerados como

Empresas de Nome Individual (ENI), pois num universo de 5950 empresas existentes

em Cabo Verde estas equivaliam a um total de 91%. Um total de 6% pertenciam as

denominadas de Sociedades por Quotas (SPQ) e as restantes ocupavam um total de 3%.

Em relação ao ano de 2010, num total de 8899 Empresas, a maioria classifica-se como

ENI, correspondendo a 76%. A seguir aparece as SPQ que representam 19%, e por fim

as Sociedades Anónimas (SA) em junção com as outras equivalendo a um total de 5%

das empresas.

Tabela 3 - As empresas em Cabo Verde segundo a forma jurídica de 1997 - 2010

Forma Jurídica

Ano

Percentual

Ano

Percentual 1997 2010

Nº Empresas Nº Empresas

ENI 5432 91% 6769 76%

SPQ 368 6% 1724 19%

SA e Outras 150 3% 406 5%

TOTAL 5950 100% 8899 100% Fonte: Análise do Autor, adaptado do I e IV RE do INE.

O resultado deste estudo permite concluir que os empresários cabo-verdianos

apresentam uma certa tendência em abrir empresas que se classificam como ENI e as

SPQ, por estas apresentarem características que mais se enquadram as nossas

realidades.

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2.2. Empreendedorismo

2.2.1. Surgimento e crescimento

A palavra empreendedorismo deriva o francês “entre” e “prendre” que quer dizer algo

como “estar no mercado entre o fornecedor e o consumidor” (Sarkar, 2010).

O conceito existe há muito tempo mas foi evoluindo com o decorrer do tempo, a medida

que a estrutura económica mundial mudava e tornava-se mais complexa, fazendo com

que este se tornasse o centro das políticas públicas na maioria dos países.

Segundo Sarkar (2010), os pesquisadores do empreendedorismo estavam de acordo que

o conceito de empreendedorismo estaria nas obras de Richard Cantillon, [um

economista francês de destaque no século XVIII], que teria sido o primeiro responsável

pelo seu aparecimento. Este descrevia o empreendedor como uma pessoa que comprava

matéria-prima por um preço certo para revende-lo por um preço incerto, lucrando assim,

além do esperado, uma vez ter inovado e aproveitado as potencialidades e

oportunidades, assumindo assim todos os riscos.

Tomando a ideia de Dornelas, (2001), um exemplo mais citado para justificar o

surgimento do termo empreendedorismo pode ser creditado a Marco Polo, “que tentou

estabelecer rotas comerciais para o oriente. Como empreendedor/intermediário, Marco

Polo assinava um contrato com um homem de recursos (actualmente conhecido como

capitalista) para vender as suas mercadorias. Enquanto o capitalista era quem corria os

riscos passivamente, o comerciante aventureiro assumia o papel activo no negócio

suportando todos os riscos físicos e emocionais, e caso o negócio fosse bem-sucedido,

cabia ainda ao capitalista a maior parte do lucro”.

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Assim dando enfâse ao estudo de Oliveira (2011), foi no século XVII que ocorreram os

primeiros indícios de relação entre assumir riscos e o empreendedor:

“Nessa época, Richard Cantillon, importante escritor e economista do século,

foi um dos primeiros a diferenciar o empreendedor do capitalista. Cantillon

distinguiu o empreendedor como sendo aquele que assumia riscos e o

capitalista como aquele que fornecia o capital. No século XVIII, o capitalista

e o empreendedor foram finalmente diferenciados, devido ao início da

industrialização. Em finais do século XIX e início do século XX, foram

confundidos com frequência com os gerentes ou administradores (facto que

ocorre até os dias de hoje). Eram analisados de um ponto de vista económico

como aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planeiam,

dirigem e controlam as acções desenvolvidas na organização, mas sempre a

serviço do capitalista”.

Além de referir o surgimento, pode focar-se ainda no grande crescimento do

empreendedorismo no mundo, que dia após dia é ampliado e refinado.

De acordo com Dornelas (2001), o avanço tecnológico aliado com a sofisticação da

economia e dos meios de produção de bens e serviços gerou uma necessidade de

formalização dos conhecimentos que antes eram obtidos de forma empírica. Esses

factores nos levam ao que é chamado actualmente de “A era do Empreendedorismo”,

pois são os empreendedores que estão actualmente criando novas relações de trabalho,

novos empregos, e gerando riqueza para a sociedade.

“Há bons anos atrás era considerado loucura um jovem recém-formado

aventurar-se na criação de um negócio, pois os empregos oferecidos pelas

empresas ou instituições eram convidativos com salários estáveis e

possibilidade de crescimento dentro das organizações” (Dornelas, 2001).

Mas hoje, os países, conjuntamente com as empresas que abarcam programas de

incentivo ao empreendedorismo, estimulam o cidadão comum a abrir um pequeno

negócio por conta própria para seguir feliz até o fim da vida, sempre com a noção de

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Rosilda Lima Fortes 26

que, embora se trate de um conceito simples, assimila-lo na prática requer habilidades,

características, virtudes, comportamentos e conhecimentos específicos que não são

encontrados em fonte de literatura, isto é, requer a necessidade de sermos adaptáveis,

flexíveis e empreendedores, até porque podemos observar que o emprego para toda a

vida já não existe, e por isso é fulcral pensar em hipóteses de gerar o próprio emprego.

Segundo Dornelas (2001), “o interesse pelo empreendedorismo se estende pelo mundo,

atraindo a atenção de muitas organizações”. Um estudo da Global Entrepreneurship

Monitor4 (GEM, 1999) mostra alguns exemplos nesse sentido:

No final de 1998, o Reino Unido publicou um relatório a respeito do seu futuro

competitivo, enfatizando a necessidade de desenvolver iniciativas para

intensificar o empreendedorismo;

A Alemanha implementou programas que destinam recursos financeiros e apoio

na criação de novas empresas;

Em 1995, o decénio do empreendedorismo foi lançado na Finlândia;

Em Israel implementaram várias iniciativas, por meio de programas de

incubadoras tecnológicas, e até a data já se haviam estabelecidos mais de

quinhentos negócios nas 26 incubadoras do projecto, até a data existentes;

Na França promoviam o ensino do empreendedorismo nas universidades;

Apesar de todo o interesse, uma definição concisa e internacionalmente aceita ainda não

surgiu. Durante o desenvolvimento da pesquisa foi possível deparar com várias

4 O projecto GEM é o maior estudo de empreendedorismo realizado em todo o mundo. Tem como

objectivo analisar a relação entre o nível de empreendedorismo e o nível de crescimento económico em

vários países e, simultaneamente, determinar as condições que fomentam e travam as dinâmicas

empreendedoras em cada país.

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Rosilda Lima Fortes 27

definições diferentes na literatura associada ao termo empreendedor e ao

empreendedorismo. Para facilitar o entendimento, é importante relacionar as principais

definições utilizadas a partir da Idade Média (Quadro 3).

Quadro 3 - Desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor

a partir da idade média

Período Autor Conceito

Idade Média Desconhecido Participante e pessoa encarregada de projectos de produção em

grande escala

Século XVII Desconhecido Pessoa que assumia riscos de lucro (ou prejuízo) em um contrato

de valor fixo com o governo

1725 Richard Cantillon Pessoa que assume riscos é diferente da que fornece capital

1803 Jean Baptiste Say Lucros do empreendedor separados dos lucros de capital

1876 Francis Walker Distinguir entre os que forneciam fundos e recebiam juros e

aqueles que obtinham lucro com habilidades administrativas

1934 Joseph Schumpeter O empreendedor é um inovador e desenvolve tecnologia que ainda

não foi testada

1961 David McClelland O empreendedor é alguém dinâmico que corre riscos moderados

1964 Peter Drucker O empreendedor maximiza oportunidades

1975 Albert Shapero O empreendedor toma iniciativa, organiza alguns mecanismos

sociais e económicos e aceita os riscos do fracasso.

1980 Karl Vesper O empreendedor é visto de modo diferente por economistas,

psicólogos, negociantes e políticos.

1983 Gifford Pinchot O intra-empreendedor é um empreendedor que actua dentro de uma

organização já estabelecida.

1985 Robert Hisrich O empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com

valor, dedicando tempo e os esforços necessários, assumindo riscos

financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as

consequentes recompensas da satisfação económica e pessoal.

2001 José Carlos Assis

Dornelas

O empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, se

antecipa aos factos e tem uma visão futura da organização.

Fonte: adaptado por Mendes (2006)

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Rosilda Lima Fortes 28

Portanto, não é nada mau referir que, o empreendedorismo é um forte combustível para

o crescimento económico, uma vez que fomenta o emprego, a prosperidade, e sobretudo

a competitividade entre as empresas, gerando valor aos produtos e serviços.

2.2.2. Empreendedorismo versus empreendedor

O conceito de empreendedorismo existe há bastante tempo, contudo a sua popularidade

renasceu nos últimos tempos, tornando uma das mais recentes áreas de estudo, como se

tivesse sido uma descoberta súbita. As definições do tema são as mais diversas e tem

sido utilizado com diferentes significados, onde actualmente não se pode dizer que

exista uma definição unânime e consensual.

Segundo Dornelas (2001), o empreendedorismo é o envolvimento de pessoas que em

conjunto levam a transformação de ideias em oportunidades. E o autor ainda considera

que se as oportunidades forem bem implementadas levará a criação de negócios de

sucesso.

Partindo da mesma ideia, um conceito de empreendedorismo aceite pela Organização

para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE)5, é referida como sendo a

dinâmica de identificação e aproveitamento económico de oportunidades (Costa, 2008).

Mendes (2006), parte do conceito de outros autores definindo o empreendedorismo

como sendo “o processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço

necessários, assumindo riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes, e

5 OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) é uma organização

internacional composta por 30 países, que tem como objectivos, coordenar políticas económicas e sociais,

apoiar o crescimento económico sustentado, aumentar o emprego e a qualidade de vida dos cidadãos e

manter a estabilidade financeira, entre outros.

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Rosilda Lima Fortes 29

recebendo as consequentes recompensas da satisfação e independência económica

social”.

Schumpeter (1982) associa o conceito de empreendedorismo ao processo de inovação

tecnológica e criatividade: o empreendedor é aquele que destrói a ordem económica

existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de

organização ou pela exploração de novos recursos e materiais. (Mendes, 2006)

Oliveira (2011), adapta-se também ao conceito de novos autores e diz que “o

empreendedorismo não é um acontecimento inato: é antes determinado pelas condições

da envolvente que se manifestam a diversos níveis”.

Seguindo esse contexto, Dornelas (2001), diz que :

“Hoje em dia, cada vez mais acredita-se que o processo empreendedor6 pode

ser ensinado e entendido por qualquer pessoa e que o sucesso é decorrente de

uma gama de factores internos e externos ao negócio, do perfil empreendedor

e de como ele administra as adversidades que encontra no dia-a-dia de seu

empreendimento”.

Ou seja, por outras palavras, o empreendedorismo é algo que concordamos sim, estar

inerente aos seres humanos, uma vez que estes podem apresentar características

empreendedoras na sua própria personalidade, nomeadamente quando conseguem

detectar oportunidades onde outros nada vêem, mas, por outro lado, o

empreendedorismo é algo que também pode ser atingido, através do estímulo da

6 Processo empreendedor envolve todas as funções, acções, e actividades associadas com a percepção de

oportunidades e criação de meios para persegui-las.

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criatividade e da eficiência alcançando a inovação, bastando para isso, que se procurem

oportunidades.

É a partir dessa síntese de pensamento contemporâneo que Morris et al. (1994),

propõem a seguinte definição de empreendedorismo:

“O empreendedorismo é uma actividade processual (um processo).

Geralmente envolve as seguintes contribuições: uma oportunidade; um ou

mais indivíduos pró-activos; um contexto organizacional; risco; inovação; e

recursos. Pode produzir os seguintes resultados: uma nova empresa ou

empreendimento; valor; novos produtos ou Processos; lucro ou benefício

pessoal; e crescimento”.

Para se ter maior sucesso quanto a compreensão da importância de se conhecer o que é

empreendedorismo, torna-se também necessário entender o que é ser empreendedor, e

atendendo a definição do termo existem muitas, mas uma das mais antigas e que talvez

melhor reflita o espírito empreendedor é dada na citação de Dornelas (2001):

“O empreendedor é aquele que destrói a ordem económica existente pela introdução de

novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela

exploração de novos recursos e materiais”.

De acordo com Dornelas (2001), outros autores também partiam de uma abordagem

diferente, citando o seguinte: “o empreendedor é aquele que cria um equilíbrio,

encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou

seja, identifica oportunidades na ordem presente”.

Já para o próprio autor, ele considera o empreendedor como aquele que detecta uma

oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo assim riscos

calculados.

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Ainda para Dornelas (2001), um dos principais atributos do empreendedor “é identificar

oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para transformá-las em negócio

lucrativo”. Ele defende também que, em qualquer definição de empreendedorismo

encontram-se pelo menos, os seguintes aspectos referentes ao empreendedor:

Iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz.

Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa transformando o ambiente

social e económico onde vive.

Aceita assumir riscos calculados e a possibilidade de fracassar

Quanto a Chiavenato (2007)

“O empreendedor é a pessoa que inicia e/ou opera um negócio para realizar

uma ideia ou projecto pessoal, assumindo riscos e responsabilidades

inovando continuamente. O empreendedor é a energia da economia, a

alavanca dos recursos, o impacto de talentos e ainda, o farejador de

oportunidades”.

Portanto seguindo o raciocínio diria que como exemplo de empreendedor, pode ter-se:

- Um indivíduo que cria uma empresa, qualquer que seja ela;

- Uma pessoa que compra uma empresa e introduz inovações, assumindo riscos, seja na

forma de administrar, vender, fabricar, distribuir ou de fazer propaganda de seus

produtos e/ou serviços, agregando novos valores;

- Um empregado que introduz inovações em uma organização, provocando o

surgimento de valores adicionais, etc.

Partindo desse pressuposto conforme afirmam os autores, pode concluir-se que o

empreendedor é aquele que consegue visualizar oportunidades de forma diferenciada e

criativa, combinando recursos, trabalho, materiais e outros activos, para tornar seu valor

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maior do que antes, e isto muitos não conseguem, ficando assim evidenciada a diferença

do cidadão empreendedor dos demais, pois, como já dizia Dornelas (2001), “o

empreendedor de sucesso leva consigo uma característica singular, que é o facto de

conhecer como poucos o negócio em que actua”.

Quadro 4 - Comparação entre gerentes tradicionais e empreendedores

Fonte: Dornelas (2001).

O quadro mostra que cabe ao gerente tradicional gerir os recursos disponíveis enquanto

que ao empreendedor cabe-lhe multiplicar os recursos e utilizá-los de forma

surpreendente em favor próprio e da sociedade.

Temas Gerentes Tradicionais Empreendedores

Motivação

principal

Promoção e outras recompensas tradicionais da

corporação, como secretária, status, poder etc.

Independência, oportunidade para criar

algo novo, ganhar dinheiro

Referência de

tempo

Curto prazo, gerenciando orçamentos semanais,

mensais etc. e com horizonte de planeamento

anual

Sobreviver e atingir cinco a dez anos de

crescimento do negócio

Atividade Delega e supervisiona Envolve-se diretamente

Status Preocupa-se com o status e como é visto na

empresa

Não se preocupa com o status

Como vê o risco Com cautela Assume riscos calculados

Falhas e erros Tenta evitar erros e surpresas Aprende com erros e falhas

Decisões Geralmente concorda com seus superiores Segue seus sonhos para tomar decisões

A quem serve Aos outros (superiores) A si próprio e a seus clientes

Histórico familiar Membros da família trabalharam em grandes

empresas

Membros da família possuem pequenas

empresas ou já criaram algum negócio

Relacionamento

com outras pessoas

A hierarquia é a base do relacionamento As transações e acordos são a base do

relacionamento

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Rosilda Lima Fortes 33

Enfim, as diferentes interpretações e apropriações da ideia de Empreendedorismo,

permitem-nos perceber as especificidades do papel do empreendedor e do

empreendedorismo na contemporaneidade, embora, a discussão acerca dos limites entre

um conceito e outro continua a existir. De qualquer forma, por mais alterações,

modificações e outros significados que ocorram com estes conceitos ao longo dos anos,

um elemento de continuidade permanece inalterado: a centralidade do papel da empresa

neste processo, produzindo mudanças económicas e criação de riquezas.

2.2.3. Características do empreendedor

Algumas características são decisivas para quem pretende aventurar-se pelo mundo dos

negócios. Existem pessoas que parecem ter nascido com capacidade de organizar e

dirigir uma iniciativa de negócio, assumindo os riscos associados ao processo de

iniciação, mas a maioria dos empreendedores aprende a sê-lo através do estudo e

acompanhamento de sucessos de outros empreendedores com experiência.

Para Dornelas (2001), o empreendedor de sucesso possui algumas características extras,

como:

1. São visionários – Têm a visão de como será o futuro para o negócio e sua vida,

e o mais importante, eles têm a habilidade de implementar seus sonhos.

2. Sabem tomar decisões – Não se sentem inseguros, sabem tomar as decisões

corretas na hora certa, principalmente nos momentos de adversidade, sendo um fator

chave para o seu sucesso. E mais, além de tomar decisões, implementam suas ações

rapidamente.

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Rosilda Lima Fortes 34

3. São indivíduos que fazem a diferença – Os empreendedores transformam algo

de difícil definição, uma ideia abstrata, em algo concreto, que funciona, transformando

o que é possível em realidade. Sabem agregar valor aos serviços e produtos que

colocam no mercado.

4. Sabem explorar ao máximo as oportunidades:

Para a maioria das pessoas, as boas ideias são daqueles que as veem primeiro,

por sorte ou acaso;

Para os visionários (os empreendedores), as boas ideias são geradas daquilo que

todos conseguem ver, mas não identificam algo prático para transformá-las em

oportunidades, através de dados e informação;

O empreendedor é um exímio identificar de oportunidades, sendo um indivíduo

curioso, criativo, e atendo a informações, pois sabe que as suas chances melhoram

quando o seu conhecimento aumenta.

5. São determinados e dinâmicos – Eles implementam suas acções com total

comprometimento. Atropelam as adversidades, ultrapassando os obstáculos, com uma

vontade ímpar de fazer acontecer. Cultivam um inconformismo diante da rotina.

6. São dedicados – Eles se dedicam 24h por dia, 7 dias por semana, ao negócio.

São trabalhadores exemplares, encontrando energia para continuar, mesmo quando

encontram problemas pela frente.

7. São optimistas e apaixonados pelo que fazem – Elas adoram o seu trabalho,

sendo esse amor o principal combustível que os mantém cada vez mais animados e

autodeterminados, tornando-os os melhores vendedores de seus produtos e serviços,

pois sabem, como ninguém, como fazê-lo.

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8. São independentes e constroem seu próprio destino – Eles querem estar à

frente das mudanças e ser donos do próprio destino. Querem criar algo novo e

determinar seus próprios passos, abrir seus próprios caminhos.

9. São líderes e formadores de equipas – Têm um senso de liderança incomum.

São respeitados e adorados por seus pares, pois sabem valorizá-los, estimulá-los e

recompensá-los, formando um time em torno de si.

10. São bem relacionados (networking) – Sabem construir uma rede de contatos

que os auxiliam nos ambientes interno e externo da empresa, junto a clientes,

fornecedores e entidades de classe.

11. São organizados – Os empreendedores sabem obter e alocar os recursos

materiais, humanos, tecnológicos, e financeiros, de forma racional, procurando o melhor

desempenho para o negócio.

12. Planeiam, planeiam, planeiam – Os empreendedores de sucesso planejam

cada passo, desde o primeiro rascunho do plano de negócios, até a apresentação do

plano a investidores e superiores, sempre tendo como base a forte visão de negócio que

possuem.

13. Possuem conhecimento – São sedentos pelo saber e aprendem continuamente,

pois sabem que quanto maior o domínio sobre um rumo de negócio, maior é a sua

chance de êxito.

14. Assumem riscos calculados – Talvez essa seja a característica mais conhecida

dos empreendedores. Mas o verdadeiro empreendedor é aquele que assume riscos

calculados e sabe gerenciar o risco, avaliando as reais chances de sucesso. Assumir

riscos tem relação com desafios. E para o empreendedor, quanto maior o desafio, mais

estimulante será a jornada empreendedora.

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15. Criam valor para a sociedade – Os empreendedores utilizam seu capital

intelectual para criar valor para a sociedade, através da geração de emprego,

dinamizando a economia e inovando, sempre usando sua criatividade em busca de

soluções para melhorar a vida das pessoas.

Em suma, os empreendedores são orientados para a prossecução de objectivos

desafiantes, acreditam no controlo sobre o seu destino e são muito independentes. No

que refere à administração dos seus negócios tendem a focalizar-se no futuro, ignorando

a gestão corrente dos problemas organizacionais. Porém, nem todas as pessoas com este

perfil que se lançam no mundo dos negócios são bem-sucedidas, pois, poucas conhecem

bem o negócio em que actuam, e ter este bom conhecimento, requer tempo e

experiencia. Na verdade, entre todos os novos negócios, são mais aqueles que fecham

prematuramente por serem criados por pessoas entusiasmados e sem o devido preparo,

do que aqueles que sobrevivem ou crescem.

2.2.4. Factores da envolvente que fomentam o empreendedorismo

As empresas vivem em um mercado muito dinâmico e competitivo, com advento da

globalização e avanços tecnológicos, e as fronteiras entre os países no mundo dos

negócios não existem mais. Uma empresa que entra no mercado hoje tem que estar

ciente que está num contexto global, que sua concorrência trata-se de uma esfera

mundial onde reúne milhões de empresas, que estão cada vez mais, atrás de novos

clientes (Pinheiro et al. 2012).

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Assim diz-se que, a dinâmica do empreendedorismo é influenciada pelas alterações das

condições na envolvente, tais como as recessões económicas, o forte crescimento

económico, as disfunções tecnológicas, as mudanças organizacionais e as

reestruturações sectoriais, sendo também importante a existência de um ambiente

propício e facilitador em termos económicos e políticos. Por isso, podem-se encontrar

países, regiões, organizações ou pessoas mais empreendedoras do que outros.

Seguindo esta linha de ideias, segue-se Dornelas (2001), que acredita que, embora a

decisão de se tornar empreendedor pode ocorrer aparentemente por acaso, ele acredita

também que a decisão ocorre devido a factores externos, ambientais e sociais, a aptidões

pessoais ou ao somatório de todos esses, que são críticos para o surgimento e

crescimento de uma nova empresa. Ele também acredita que, “os factores pessoais

podem gerar inovação, como podem também gerar a abertura de um negócio já

existente no mercado”. Esses factores estão ligados ao facto da pessoa, em desenvolver

um projecto que deseja alcançar realização pessoal, possuir experiência em uma

determinada área e dessa forma pedir demissão do emprego e abrir seu próprio negócio,

sabendo que assumirá riscos. Porém, factores como, criatividade e oportunidades no

mercado podem fazer com que o negócio seja algo lucrativo e de sucesso.

Outros factores que podem influenciar são os factores sociais, o mercado, por exemplo,

com sua competitividade.

Há ainda os factores organizacionais referentes aos produtos que a empresa oferece, se

estes atendem às expectativas de seus clientes, as estratégias que a empresa vai utilizar

para competir nesse mercado, sua relação com os clientes, fornecedores, missão, visão,

valores, todos esses factores que podem influenciar o processo empreendedor.

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A figura 2, exemplifica alguns factores que mais influenciam o processo empreendedor

durante cada fase da aventura empreendedora.

Figura 2 - Factores que influenciam o processo empreendedor

Fonte: Dornelas (2001)

Em adaptação ao estudo de Sarkar (2010), o projecto da GEM analisa 9 factores que

considera essenciais para a actividade empreendedora, factores que designa de

condições estruturais do empreendedorismo num país.

1) Apoio Financeiro - Disponibilidade de recursos financeiros, capital próprio e fundos

de amortização de dívida para empresas novas e em crescimento, incluindo bolsas e

subsídios.

2) Políticas Governamentais - Grau em que as políticas governamentais relativas a

impostos, regulamentações e sua aplicação são neutras no que diz respeito à dimensão

das empresas e grau em que estas políticas incentivam ou desincentivam empresas

novas e em crescimento.

3) Programas Governamentais - Existência de programas, em todos os níveis de

governação (nacional, regional e municipal), que apoiem directamente negócios novos e

em crescimento.

4) Educação e Formação - Grau em que a formação sobre a criação ou gestão de

negócios novos e em crescimento é incluída no sistema de educação e formação, bem

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como a qualidade, relevância e profundidade dessa educação e formação para criar ou

gerir negócios pequenos, novos ou em crescimento.

5) Transferência de Investigação e Desenvolvimento (I&D) - Grau em que a I&D a

nível nacional conduz a novas oportunidades comerciais; assim como o acesso (ou falta

de acesso) à I&D por parte dos negócios pequenos, novos ou em crescimento.

6) Infra-estrutura Comercial e Profissional - Influência das instituições e serviços

comerciais, contabilísticos e legais, que permitem a promoção dos negócios pequenos,

novos ou em crescimento.

7) Abertura do Mercado/Barreiras à Entrada - Grau em que se impede que os

acordos e procedimentos comerciais sejam alvo de mudanças e substituições,

impossibilitando empresas novas e em crescimento de estar em concorrência e de

substituir fornecedores e consultores de forma recorrente.

8) Acesso a Infra-estruturas Físicas - Acesso a recursos físicos (comunicação,

transportes, utilidades, terra) a preços que não sejam discriminatórios para negócios

pequenos, novos ou em crescimento.

9) Normas Sociais e Culturais - Grau em que as normas sociais e culturais vigentes

encorajam (ou não encorajam) iniciativas individuais que levam a novas formas de

conduzir negócios e actividades económicas e, por sua vez, contribuem para uma maior

distribuição da riqueza e do rendimento.

É fundamental que os países tenham pessoas capazes de, por um lado, reconhecer

oportunidades de negócio valiosas e, por outro lado, perceber que detêm as

competências necessárias para explorar estas oportunidades.

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Rosilda Lima Fortes 40

Fonte: Adaptado de Sarkar, 2010 (Relatório GEM 2007)

2.2.5. Factores que podem atrapalhar o desenvolvimento da

actividade empreendedora

Alguns factores são dificultadores ou impeditivos para a criação e administração de um

negócio, ou seja, podem atrapalhar o desenvolvimento da actividade de um

empreendedor.

Neto (2004) relaciona quatros itens importantes:

• Querer ganhar dinheiro rapidamente: Essa necessidade tende a direccionar o

sujeito a pensar somente no curto prazo. Para que uma organização consiga se perpetuar

Figura 3 - Modelo conceptual do empreendedorismo e do crescimento económico

Contexto

social,

cultural e

político

Condições Nacionais

Gerais

Condições estruturais

do empreendedorismo

- Apoio Financeiro

- Politicas

Governamentais

- Educação e qualificação

- Transferência de Tecnologia - Infra-estruturas

comerciais e profissionais

- Barreiras de entrada

(Abertura de Mercado)

- Acesso a infra-estruturas

físicas

- Normas Culturais e

Sociais

Grandes Empresas

Micro, pequenas e

médias Empresas

Capacidade de

Empreendedor

-Competências

-Motivação

Oportunidade para o

empreendedorismo

-Existência

-Percepção

Crescimento

Económico

Nacional

Dinâmica dos negócios

(Empresas e empregos)

-Nascimento

-Mortes

-Expansão

-Retracção

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Rosilda Lima Fortes 41

ou pelo menos ganhar maior longevidade, ela precisa desenvolver planeamentos de

curto, médio e longo prazo;

• Empreender para encobrir o medo de uma futura demissão de emprego: Esse

factor pode ser problemático, ou seja, a criação de um negócio por necessidade e não

competência;

• Querer mostrar o quanto é capaz: Quando esta necessidade é forte num

indivíduo, ele tem uma tendência de sempre querer encobrir seus erros, a valorizar mais

o luxo das instalações do que o negócio e sua eficiência, desviando a atenção do que é

realmente essencial para o negócio;

• Vingar-se de situações de menosprezo ou indiferença: A indiferença e a

humilhação, por exemplo, podem criar padrões internos ao indivíduo que podem levá-lo

a repetir tais situações na sua actividade como empreendedor, prejudicando o bom

desenvolvimento da actividade.

Considerando a existência de factores relacionados às pessoas, que podem ser

prejudiciais à actividade do empreendedor, é importante o indivíduo tentar reconhecê-

los, e assim, procurar resolve-los. Essa resolução pode ser de forma individual ou

através de ajuda profissional.

Criar e administrar um negócio por si só já não é tão simples, considerando variáveis

externas, como crises e políticas governamentais que funcionam como complicadoras

para a actividade empreendedora. Por isso, reduzir os factores inerentes ao indivíduo,

que podem atrapalhar a sua actividade profissional, é fundamental para se chegar ao

sucesso como empreendedor

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Rosilda Lima Fortes 42

2.2.6. Empreendedorismo em Cabo Verde

Empreendedorismo…. É esta a palavra de ordem num país tão pequeno e com tão poucos recursos.

Infelizmente não existe dados suficientes sobre o empreendedorismo em Cabo Verde, o

que vai permitir responder a esse trabalho com base em intuições, porque, as

instituições como a INE, a ADEI (Agencia para o Desenvolvimento Empresarial e

Inovação), a AJEC (Associação dos Jovens Empresários de Cabo Verde), Cabo Verde

investimentos (Agência Cabo-verdiana de Promoção de Investimentos), apenas

fornecem pistas em termos de empreendedorismo em Cabo Verde.

Apesar da inexistência de dados sobre o empreendedorismo em Cabo Verde, da

inexistência de um estudo realizado aprofundado, e também por este ser um tema novo

em Cabo Verde, será tomada por base a metodologia do estudo GEM, dos nove (9)

factores base que são utilizados para melhor se entender o nível, os factores

impulsionadores e os constrangimentos do empreendedorismo no país na qual a AJEC7

realizou uma simulação8 sobre o nível das condições estruturais do empreendedorismo

em Cabo Verde.

Para cada um dos factores identificou-se, no quadro seguinte, a seguinte situação actual

para Cabo Verde.

7 AJEC é uma entidade sem fins lucrativos que tem o objectivo de desenvolver e representar as jovens

lideranças empresariais cabo-verdianas.

8 Deve-se referir que a simulação se baseia em evidências e na percepção dos consultores da AJEC

relativamente às questões abordadas, não foi realizado qualquer inquérito / pesquisa exaustiva.

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Rosilda Lima Fortes 43

Quadro 5 - Situação actual em Cabo Verde

FACTORES

IMPULSIONADORES

SITUAÇÃO ACUAL

Apoio Financeiro - Fundos de Financiamento de Capital Próprio Inexistentes

- Associação de Business-Angels9 criada mas ainda não funcionou

Subsídios governamentais inexistentes

Politicas Governamentais - Contratos públicos não favorecem as novas empresas

- Apoio as Empresas é uma prioridade, caso da ADEI

- Melhoria do Ambiente de Negócios (Processo Administrativo)

Programas Governamentais - Parques tecnológicos e incubadoras inexistentes

- Inexistência de um único local para obtenção de informações

sobre apoios

Educação e Formação - Pouca estimulação a criatividade, auto-suficiencia e

iniciativa/atitude

- Preparação inadequada para a criação e desenvolvimento de novas

empresas

- Formação em empreendedorismo pouco eficiente / eficaz

Transferência de investigação e

desenvolvimento

- Nenhuma ligação entre as universidades e as empresas (I&D –

Investigação e Desenvolvimento)

- Pouca capacidade de adquirir tecnologia recente e nenhum

subsídio governamental

Infraestrutura comercial e

Profissional

- Mercado de Consultoria desenvolvido com várias empresas

nacionais e estrangeiras, contudo o custo é ainda elevado para as

novas empresas

Abetura de mercado/barreiras de

entrada

- Mercado aberto a novas empresas

Acesso a estruturas físicas - Custos são considerados elevados pelos empresários:

Comunicações, electricidade, entre outros

- Problemas na distribuição – transportes inter-ilhas

Fonte: Autor adaptado da Ajec (2010)

Como se pode constatar, Cabo Verde encontra-se bem posicionado no que diz respeito

às “Politicas Governamentais” e “Abertura do Mercado / Barreiras à Entrada” contudo

não constata-se qualquer política que incentive ou desincentive empresas novas e/ou em

crescimento.

9 Associação Business Angels - Trata-se de uma associação sem fins lucrativos, com o objectivo de

promover a criação e gestão de uma rede de Business Angels, no país. Normalmente Business Angels são

investidores informais, frequentemente empreendedores de sucesso com meios económicos, que investem

o seu dinheiro e know-how em projectos de capital semente e de capital inicial com potencial de

crescimento. São ainda parceiros de negócio, que partilham o risco e procuram recuperar o investimento a

médio prazo.

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Rosilda Lima Fortes 44

Relativamente às restantes condições estruturais para o empreendedorismo, o cenário é

claramente de um país que está a iniciar a introdução do empreendedorismo como factor

de desenvolvimento do país:

Sistema financeiro pouco desenvolvido para o aparecimento de novos negócios

com uma dependência quase exclusiva do sector bancário para o financiamento de

negócios;

Inexistência prática de programas de apoio ao aparecimento de novos negócios

(programas em fase de projectos e sem efeitos práticos até agora);

Ligeira introdução de conteúdos sobre o empreendedorismo sem a qualidade

exigida e efeitos práticos desejados, contudo é de salutar o reconhecimento por parte das

entidades responsáveis pela Educação e Formação Profissional da necessidade de

introduzir o tema empreendedorismo na Educação e Formação;

Em termos de I&D ainda não arrancamos…

Há-de salientar que este se refere a um período de há mais de dois (2) anos atrás e onde

novas mudanças com certeza poderão ter ocorridos.

Outro tópico extra a abarcar, seria a competitividade, no qual Milton Paiva10

(2010), diz

que Cabo Verde não tem alcançado resultados satisfatórios comparado aos concorrentes

mundiais.

Segundo o mesmo autor, o relatório do Doing Business do Banco Mundial (2011)

coloca o país na 132ª posição (num universo de 183 países avaliados), tendo destacado a

10

Membro do conselho executivo da AJEC

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Rosilda Lima Fortes 45

fraca performance nos itens encerramento de empresas (183ª posição), contratação de

trabalhadores (167ª), (dados de 2010), acesso ao crédito (152ª), protecção de

investidores (132ª), Iniciando o Negócio (120ª), entre outros. Reforçando esta

percepção, Cabo Verde aparece na 117ª posição (num total de 139 países) no Relatório

de Competitividade Global 2010/2011 do World Economic Forum.

Ainda, segundo Paiva, vários estudos têm apontado como principais factores limitativos

do crescimento económico em Cabo Verde: (i) o ambiente de negócios ainda pouco

flexível e não ajustado às dinâmicas exigidas pelo sector privado; acesso ao capital,

especialmente por parte das PME’s; (ii) o custo elevado de factores de produção,

especialmente telecomunicações, energia, água e saneamento; (iii) a natureza

arquipelágica do país, agravada pelo deficiente sistema de transporte inter- ilhas; e (iv)

ambiente pouco propício para a inovação como factor de competitividade e crescimento

económico;

“Este é o ambiente que temos com pontos fortes e fracos, um ambiente de

carências mas felizmente que, ter várias carências, não é um factor

completamente negativo no mundo dos negócios. É que onde há Carências

(serviços, empresas, condições) significa que abundam oportunidades de

mudanças empresariais” (Milton Paiva, 2010)

2.2.7. Contributo do empreendedorismo no desenvolvimento de Cabo

Verde

Dada a importância do empreendedorismo para o desenvolvimento económico, os

empreendedores deverão estar atentos a novas formas de fazer negócios, baseada na

crescente velocidade da informação e na necessidade de se trabalhar colectivamente:

parcerias e alianças estratégicas.

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Rosilda Lima Fortes 46

Segundo Dias e Levy (2010), vários estudos evidenciam uma importância considerável

do empreendedorismo como motor essencial para o desenvolvimento económico e

social sustentado de uma região e de um país. Assim, pela análise de vários trabalhos

publicados, e segundo a AJEC, desenvolver indivíduos empreendedores e organizações

empreendedoras no país é o caminho certo para:

1. Criação de emprego, incluindo o auto-emprego – isto porque as PME são

muito importantes na criação de emprego, sendo a sua quota de criação de emprego

muitas vezes superior ao peso na economia, pois, no cenário que se vive actualmente

(crise), as grandes empresas apostam no despedimento em massa, e reestruturações,

enquanto que as PME tendem a manter-se sendo que, as que desaparecem, logo surgem

outras no seu lugar, contribuindo assim positivamente para a criação de emprego.

2. Aumento da inovação e da competitividade – É cada vez mais relevante para

Cabo Verde a necessidade de um sector privado mais inovador e competitivo, pois, a

entrada de novas empresas implica aumento da concorrência, mais eficiência e mais

inovação. Exemplificando, vejamos o caso concreto no sector das telecomunicações

com a entrada de um novo operador: novos produtos, preços mais baixos, tecnologia

mais moderna, etc.

A transformação de ideias em oportunidades económicas está no centro das actividades

de empreendedorismo. Ele é a fonte de inovação e mudança e contribui para a melhoria

da produtividade e competitividade económica do país.

3. Criação de riqueza e desenvolvimento – o espírito empresarial contribui para

o crescimento económico e pode ainda contribuir para reforçar a coesão económica e

social de regiões menos desenvolvidas para estimular a actividade económica, a criação

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Rosilda Lima Fortes 47

de emprego e a integração dos desempregados no meio laboral. A forma como a

actividade empreendedora afecta o crescimento económico passa por três vectores

principais: (i) Inovação; (ii) Acréscimo de concorrência; (iii) Criação de empresas e de

emprego.

4. Opção de carreira – Neste mundo globalizado, em que o “emprego para a vida”

é cada vez mais incerto, é interessante constatar que os projectos empresariais se

assumem como alternativa para as pessoas, mesmo com realização pessoal.

Em conclusão, todas estas razões demonstram ligação entre o Desenvolvimento de um

País e o empreendedorismo como sendo muito próximas.

2.2.8. Instituições de apoio ao empreendedorismo em Cabo Verde

ADEI

A ADEI é dotada de capacidade e autonomia administrativa, financeira e patrimonial.

Trabalha na promoção do sector privado nacional e da inovação, na identificação e

eliminação dos constrangimentos ao desenvolvimento empresarial, no aproveitamento

das oportunidades do mercado, visando fundamentalmente a constituição de um sector

privado forte e competitivo.

Objectivos e finalidades da ADEI

A ADEI tem por objecto, a promoção da competitividade e o desenvolvimento das PME

em todos os aspectos relevantes e em consonância com as políticas do Governo,

trabalhando em estreita ligação com os parceiros nacionais e internacionais ligados ao

sector.

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Rosilda Lima Fortes 48

É também finalidade da ADEI a promoção da inovação e o desenvolvimento da

capacidade empresarial nacional e a melhor utilização da capacidade produtiva instalada

no quadro da política de desenvolvimento dos sectores da indústria, comércio,

agricultura, turismo e serviços, definida pelo Governo, visando particularmente a

melhoria do ambiente de negócios. Em ordem à realização do seu objectivo, cabe à

ADEI, nomeadamente:

a) Assistir os promotores e empresas na elaboração, avaliação e ou reformulação dos

estudos e projectos;

b) Prestar assistência técnica às micro, pequenas e médias empresas, auxiliando-as a

superar as suas deficiências e problemas de ordem técnica, de gestão financeira e

comercial ou de organização, bem como a melhorar a sua produtividade e a capacidade

competitiva nos mercados internos e externos;

c) Recolher e divulgar ideias de projectos potencialmente viáveis;

d) Gerir programas próprios e colaborar na gestão de programas específicos de apoio e

assistência ao sector empresarial de que venha a ser encarregado pelo Governo e

assegurar o cumprimento da lei e os compromissos assumidos para com o Estado;

e) Assistir os promotores na organização e lançamento de novas empresas,

nomeadamente empresas que desenvolvam actividades com base no conhecimento e nas

novas tecnologias de informação e comunicação (TIC)

f) Fomentar e apoiar a inovação;

g) Promover a criação de redes de empresas, incentivando o estabelecimento de alianças

estratégicas;

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Rosilda Lima Fortes 49

h) Dinamizar os contactos de promotores e empresas nacionais com parceiros técnicos

ou financeiros e prestar assistência técnica especializada nas negociações respectivas;

i) Desenvolver um serviço de informação e vulgarização empresarial, através da recolha

sistemática, tratamento e divulgação de informações relevantes;

j) Promover e organizar cursos e seminários sobre temas ligados às pequenas e médias

empresas;

k) Promover a formação de formadores e consultores nacionais para as pequenas e

médias empresas;

l) Promover e fomentar acções visando a criação ou melhoria de infra-estruturas e

serviços de apoio à actividade empresarial.

Fundo de Desenvolvimento das Pescas (FDP)

O FDP é uma instituição especial de crédito que tem por objecto o exercício de

actividade restrita de crédito e outras actividades de financiamento ao sector das pescas,

estando igualmente, autorizada a receber depósitos e a aplicar os fundos recebidos na

concessão de crédito ao sector das pescas e na aquisição de participações financeiras,

podendo ainda realizar operações ou serviços complementares dessa actividade,

compatíveis com a sua natureza.

Objectivos do FDP

O FDP tem por outro lado, como objecto fundamental, além a prática dos actos

inerentes à actividade bancária e de crédito, outras atribuições como:

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Rosilda Lima Fortes 50

a) Promover o fomento e o desenvolvimento do sector das pescas, duma forma

harmoniosa, em consonância com os planos estratégicos de desenvolvimento do sector

aprovados pelo Governo;

b) Apoiar através da concessão de incentivos e financiamentos, a realização de

projectos e empreendimentos que possuam relevância económica e social, e que visem o

desenvolvimento do sector das pescas (…);

c) Realização de operações de crédito á actividade das pescas a curto, médio e

longo prazo;

d) Prestação de garantias a terceiros destinadas a assegurar o cumprimento das

obrigações;

e) Promoção e gestão de linhas de crédito para os sectores da pesca e aquacultura;

AJEC

A AJEC é uma associação de direito privado que tem por objecto a reunião dos jovens

empresários com vista à satisfação dos interesses comuns e ao melhor desenvolvimento

das suas actividades profissionais, nomeadamente nas vertentes de formação,

informação, apoio técnico e, no geral, na representação dos interesses e na identificação

e estabelecimento dos meios e instrumentos que permitam o acesso à função e

desenvolvimento da actividade empresarial.

Objectivos da AJEC

a) Representar os jovens empresários, defender os seus interesses e apresentar propostas

aos poderes executivo e legislativo;

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Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente

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b) Incentivar/promover o empreendedorismo - dar aos jovens empresários a

oportunidade de conhecer pessoas do meio empresarial e trocar experiências com outras

lideranças;

c) Apoiar os jovens empresários - contribuir para a sua capacitação através de cursos,

workshops, visitas técnicas, debates e palestras;

d) Incentivar a responsabilidade social nas empresas

2.3. Financiamento das PME em Cabo Verde

Uma vez que o empreendedor se encontra na fase inicial de implementação do seu

negócio, a falta de capital, quer para o arranque da actividade, quer sobretudo, para o

seu crescimento é uma das principais causas para o insucesso das empresas. Muitas

vezes, o dinheiro gerado pelas vendas não é suficiente para cobrir as necessidades de

capital – investimento em instalações e equipamento, constituição de inventário,

pagamentos a fornecedores, entre outros. Como à medida que o negócio cresce, essas

necessidades de capital tendem a aumentar, a empresa tem que garantir outras opções de

financiamento. Porém, mais do que definir quanto precisa, o empresário tem que definir

quais as fontes de financiamento adequadas para suprir as suas necessidades.

2.3.1. Formas de financiamento

Genericamente existem duas fontes de financiamento ao dispor do empreendedor, para

financiar a actividade da sua empresa: Capitais próprios ou capitais alheios

Tipicamente, os capitais próprios são aqueles que não têm qualquer contrapartida fixa

de remuneração, ou seja, trata-se de capital que pode ou não ser remunerado de acordo

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com a rendibilidade gerada pela empresa. Os capitais alheios, por seu lado, são aqueles

que têm à partida uma remuneração mínima fixada (que pode ser uma taxa fixa ou

variável, de acordo com uma taxa de referência de mercado) e que em regra possuem

um esquema de reembolso previamente definido.

As formas de financiamento podem ainda ser classificadas quanto a sua maturidade.

Segundo Rodrigues (2012), elas podem ser classificados em dois grandes grupos em

função do prazo: crédito de curto prazo e crédito de médio e longo prazo. As formas de

financiamento a curto prazo destinam-se a apoiar as operações de tesouraria das

empresas: aquisição e armazenagem de mercadorias e as necessidades de fundo de

maneio (NFM).

Crédito de Fornecedores

Esta forma de financiamento tem benefícios para a gestão de tesouraria a curto prazo,

contudo é fundamental relacionar os prazos médios de pagamentos e os prazos médios

de recebimentos, de modo a estabelecer uma situação de tesouraria sem dificuldades

imediatas (Rodrigues, 2012).

Crédito Bancário

É a operação pela qual uma instituição bancária coloca à disposição de um cliente

determinado montante e este se compromete a reembolsar a instituição na data fixada

antecipadamente, acrescido dos juros previamente combinados. O crédito bancário

poderá tomar a forma de crédito directo, caso a instituição bancária colocar fundos a

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Rosilda Lima Fortes 53

disposição de empresas e particulares (ex: desconto de letras, de livranças e abertura de

crédito através de conta corrente ou de empréstimo (Veiga, 2008).

Sociedades de Cessão Financeira – Factoring

As PME enfrentam várias dificuldades e desafios no seu esforço de desenvolvimento e

crescimento. Uma das barreiras inerentes às PME, que em Cabo Verde assume realce

particular, é a relativa inexequibilidade de recurso ao crédito bancário como meio

favorável de financiamento de necessidades de capital de períodos curtos resultantes,

principalmente, de estratégias comerciais de dilatação de prazos médios de

recebimentos.

O recurso aos contratos de factoring é uma das ferramentas mais construtivas que as

PME dispõem para transpor a restrição referida e manter um negócio saudável, dado

que através da sua utilização, é possível obter uma antecipação dos recebimentos dos

seus clientes, sem o acréscimo da dívida.

Por conceito, o Factoring é uma actividade de financiamento desenvolvida por uma

instituição financeira especializada na compra de créditos de curto prazo que

as empresas detêm sobre os respectivos clientes ou outros devedores. Ao adquirirem

esses créditos, estas instituições assumem a respectiva cobrança, podendo ou não

assumir o risco de incumprimento no pagamento pelos devedores.

De uma forma simplificada, pode-se dizer que o mecanismo do factoring envolve 4

fases:

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1) Na primeira fase, a empresa aderente ou fornecedora, vende à empresa devedora

ou cliente, bens ou serviços a prazo, emitindo uma factura;

2) Na segunda fase, a empresa aderente cede o seu crédito de curto prazo à empresa

de factoring;

3) Na terceira fase, a empresa de factoring efectua o adiantamento dos valores que

a empresa aderente tem a receber, actualizados e descontados de uma taxa previamente

acordada;

4) Na última fase, a empresa devedora ou cliente, paga o montante em dívida, no

prazo estipulado, à sociedade de factoring e não à empresa fornecedora.

Empréstimos em Conta Corrente

Trata-se de contas correntes em que a instituição bancária coloca à disposição da

empresa um limite de crédito contratado. Geralmente estas contas são válidas por 180

dias, podendo no entanto ser renovadas ciclicamente. Implicam o pagamento de juros

por parte da empresa contraente e uma garantia. (Veiga 2008)

O financiamento a médio e longo prazo destina se apoiar as aquisições de

equipamentos e a construção de infra-estruturas.

Paralelamente, existem também diversas formas de financiamento a médio e longo

prazo

Auto Financiamento

Caracteriza-se pela retenção de parte dos lucros obtidos quer na gestão eficiente dos

activos quer no controle dos custos para realização de novos investimentos.

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O auto financiamento reforça a imagem da empresa, aumenta o poder de negociação

face a terceiros, é uma fonte gratuita de fundos, minimiza o recurso a fundos externos e

permite uma maior flexibilidade na tomada de decisões de investimento (Rodrigues,

2012).

Na mesma linha de pensamento, Veiga (2008) entende que os meios financeiros obtidos

e retidos na empresa, deverão permitir o reembolso de dívidas de médio e longo prazo,

assegurar a manutenção da actividade produtiva da empresa e garantir o seu

crescimento. Este tipo de financiamento apresenta algumas vantagens e desvantagens.

Vantagens

1) É uma forma de financiamento que se traduz numa poupança a nível dos custos

administrativos dado que não é necessário a emissão de qualquer título;

2) Evita a desestabilização do núcleo accionista dado a não ocorrência do efeito de

diluição do controle;

3) Reduz os lucros presentes, mas com o intuito de aumentar os lucros futuros;

Desvantagens

1) Traduz-se numa penalização dos accionistas que têm que receber uma parcela

menor dos dividendos, o que pode dificultar futuras operações de aumento de capital

social.

Reforço dos Capitais Próprios

Segundo Veiga (2008), através de operações diversas de reforço da estrutura do capital

próprio, as empresas poderão aumentar os meios financeiros à sua disposição. Nesta

forma de financiamento incluem-se os aumentos de capital, as prestações suplementares

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de capital, a criação de reservas de reavaliação, a diminuição da distribuição de

resultados ou a emissão de títulos de participação.

Leasing – Em Cabo Verde

“Segundo o Decreto-Lei nº 45/95 de 11 de Setembro da Colectânea de

Legislação Financeira de Cabo verde (2007), a locação financeira (leasing),

enquanto meio alternativo e complementar das modalidades clássicas de

financiamento, pode desempenhar no País um papel importante no domínio

do investimento privado. Assim, torna-se oportuno, para já, criar um

enquadramento legal para as sociedades que têm por objecto exclusivo essa

actividade, as quais encontram-se previstas no nº2 do artigo 14 do Decreto-

Lei nº2 52/E/90, de 4 de Julho, seguindo-se-lhe a adopção do regime jurídico

daquele contrato. A sociedade de locação financeira é uma instituição para

bancária que tem como objecto exclusivo o exercício, nos termos do presente

diploma e demais legislação aplicável da actividade de locação financeira”

(Rodrigues, 2012).

De acordo com Rocha (2008) citado por Rodrigues (2012), este é um instrumento de

financiamento ao qual a empresa pode recorrer quando não pretende afectar grandes

quantidades de capital para ter acesso a um determinado bem, (normalmente trata-se de

bens de equipamento). Num contrato leasing, o proprietário do equipamento (o

locador), autoriza o utilizador (o locatário) a dispor do equipamento em troca de

pagamentos periódicos, que incluem capital e juros. Findo o prazo de vigência do

contrato, o locador pode adquirir o equipamento, mediante o pagamento de um valor

residual. Este tipo de financiamento é sobretudo aconselhável para a aquisição de

equipamentos que, ou não são estratégicos para a empresa, ou apenas serão utilizados

por um período de tempo limitado.

Ela apresenta algumas vantagens e desvantagens:

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Vantagens

1) Ao diferir os pagamentos, a empresa consegue garantir uma melhor liquidez.

2) Rapidez de resposta e processo administrativo simples.

3) Existência de opção de aquisição do equipamento ou imóvel no final do

contrato, mediante o pagamento do valor residual acordado inicialmente.

Desvantagens

1) Não ser proprietária do equipamento, tendo por isso que indemnizar a locadora

no caso de surgir algum acidente com o equipamento da sua responsabilidade.

2) Não fornece o direito de propriedade, enquanto decorre o contrato. Tal facto

poderá assumir uma situação vantajosa, caso o locatário tenha a intenção de não adquirir

o bem, optando pela sua renovação por tecnologia mais recente;

3) Penalizações significativas por incumprimentos contratuais, ou por exemplo, por

resolução antecipada do contrato.

Sociedades de Capital de risco (SCR)

As SCR têm por objecto o apoio e promoção do investimento e da inovação tecnológica

em projectos ou empresas através da participação temporária no respectivo capital

social. Constitui objecto acessório das sociedades de capital de risco a prestação de

assistência na gestão financeira, técnica, administrativa e comercial das sociedades em

cujo capital social participem.

Ao participar no capital da PME, a SCR está a partilhar com o empresário o risco

decorrente do seu investimento, pelo que irá manter um diálogo permanente com as

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equipas dirigentes, concedendo-lhes, simultaneamente, apoios a vários níveis. A SCR

apoia, ainda, a PME na procura de outro tipo de financiamentos, tornando mais fácil a

obtenção de créditos de médio e longo prazo junto de instituições financeiras e ajudando

na preparação e na colocação de acções e obrigações no mercado.

2.4. Mortalidade Empresarial

Em muitos estudos encontrados, várias são as respostas imediatas para explicação do

sucesso das empresas, mas não possuem estudos precisos para os fracassos dos mesmos,

o que dificulta a possibilidade de prever os problemas. “O fracasso é um órfão”. Eis o

motivo pela qual se levanta primeiramente sua delimitação conceitual.

Mortalidade Precoce é definida teoricamente como sendo a baixa formal de uma nova

empresa junto aos órgãos oficiais antes de alcançar a maturidade do negócio, ou seja, as

empresas que deram baixa formal, isto é, pediram a extinção do mesmo nas repartições

de finanças, dentro do prazo de 3 anos após a data da sua constituição.

Na contribuição de Cochran (1981), ele questiona os conceitos, definições e métodos

utilizados, mostrando que há muita polémica e complexidade no estudo da mortalidade

das empresas. Sua pesquisa identifica problemas conceituais que demonstram que não

há uma uniformidade na definição do conceito de mortalidade, para o qual existe pelo

menos 5 definições conforme mostra a figura abaixo.

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Legenda:

A: Mortalidade Formal: Empresas que deram baixa formal junto aos órgãos oficiais

B: Encerramento das actividades com dívidas a credores sem baixa formal

C: Encerramento das actividades para evitar perdas e dívidas sem baixa formal

D: Empresas Vendidas ou transformadas em outras actividades

E: Descontinuidade da empresa por qualquer outra razão

Fonte: Cochran (1981)

É por isso que, para efeito desta pesquisa, adoptamos a definição de mortalidade

Formal, principalmente pela disponibilidade de informações junto a Repartição de

Finanças especialmente na ilha de São Vicente.

Normalmente, os índices de mortalidade das empresas devido a crise mundial e não só,

são altíssimos e interfere na economia de todo o país, e cabo Verde não foge a regra de

empresas que fecham as portas após um tempo de funcionamento, embora este termo

mortalidade não seja muito estudado no nosso país.

Figura 4 - Definições de Mortalidade

E

D

C

B A

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Rosilda Lima Fortes 60

Segundo Ferreira (2006), as elevadas taxas de mortalidade de empresas sempre

despertaram o interesse dos pesquisadores em diversas partes do mundo, e Davis (1939)

já as estudava no final da década de 30. Sua pesquisa realizada com base nos dados da

empresa Dun & Bradstreet, mostra que, em algumas cidades dos Estados Unidos, a

mortalidade das PME chegava a 77,5% ao final do terceiro ano de existência.

Portanto, é importante que o empreendedor esteja atento aos factos que estejam

acontecendo em seu ambiente, a fim de que o mesmo possa tomar acções antecipadas

com o intuito de prevenir problemas.

2.4.1. Factores contribuintes da mortalidade das empresas

Neste tópico busca-se organizar os principais factores contribuintes da mortalidade

precoce de novas empresas, classificando e analisando esses factores, com o objectivo

de levantar hipóteses que expliquem a mortalidade das empresas nos primeiros anos de

actividade.

Portanto, os factores que contribuem para a mortalidade precoce de empresas são

diversas e as pesquisas realizadas por instituições desse ramo, como o Serviço

Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)11

,apontam em várias

direcções. Em resumo, podem ser listadas de entre outras, as seguintes variáveis que

contribuem para o processo de mortalidade precoce das empresas:

11 O SEBRAE é um serviço social autônomo, que objetiva auxiliar o desenvolvimento

de micro e pequenas empresas, estimulando o empreendedorismo no país.

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Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente

Rosilda Lima Fortes 61

1. Falta de experiencia do empreendedor

2. Baixo nível de escolaridade do empreendedor

3. Falta de habilidade na gestão empresarial do empreendedor

4. Falta de profissionalização na relação com os sócios

5. Falta de acesso ao crédito

6. Falta de mão-de-obra qualificada

7. Falta de planeamento estratégico

8. Falta de consultoria especializada (contabilístico e jurídico)

9. Baixa qualidade de produto/serviço

10. Baixa inovação de produtos e serviços (diferenciação)

11. Dificuldade de pagar os impostos

12. Dificuldade em atender aos procedimentos legais e fiscais

13. Fraca competitividade em comparação com a concorrência no mercado

14. Dificuldade em atrair e manter clientes

15. Falta de profissionalismo na relação com, parceiros comerciais (fornecedores, e

distribuidores).

16. Problemas com o ambiente externo (económico, político, tecnológico, socio-

ambiental)

Com base nas causas inicialmente identificadas, podemos dividir os factores

contribuintes para a mortalidade de uma empresa em três (3) grandes blocos de

variáveis, conforme é demonstrado no quadro.

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Rosilda Lima Fortes 62

Quadro 6 - Classificação dos factores contribuintes para a mortalidade

1- O EMPREENDEDOR 2- O NEGÓCIO 3- O AMBIENTE EXTERNO

- Competência na gestão

empresarial

- Experiência no ramo

- Nível de escolaridade

- Profissionalismo na relação

com sócios

- Acesso ao crédito

- Mão-de-obra qualificada

- Planeamento estratégico

- Suporte jurídico e contábil

- Qualidade

produtos/serviços

- Inovação produtos/ serviços

- Burocracia legal, fiscal

- Competição dos concorrentes

- Demanda dos clientes

- Fornecedores, distribuidores e

parceiros

- Carga de impostos

- Aspectos económicos, políticos,

tecnológicos, socias e ambientais

Fonte: Análise do autor

Já citado por Chiavenato (2007), “nos novos negócios, a mortalidade prematura é

elevadíssima, pois os riscos são inúmeros e os perigos não faltam.” Diante disso ele

aponta algumas das possíveis causas de mortalidade nas empresas, que são apresentadas

na Tabela4.

Tabela 4 - As causas mais comuns de falhas de negócio

Inexperiência

- Incompetência do empreendedor

- Falta de experiencia de campo

- Falta de experiencia profissional

- Experiencia desequilibrada

Factores económicos

- Lucros insuficientes

- Juros elevados

- Perda de mercado

- Mercado consumidor restrito

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Rosilda Lima Fortes 63

- Nenhuma viabilidade futura

Vendas Insuficientes

- Fraca competitividade

- Recessão económica

- Vendas insuficientes

- Dificuldades de stocks

Despesas excessivas - Dívidas e cargas demasiadas

- Despesas operacionais

Outras causas - Negligencia

- Capital insuficiente

- Clientes insatisfeitos

- Fraudes

Fonte: Chiavenato (2007)

2.4.2. Factores que tornam um negócio bem-sucedido

Para Chiavenato (2007) o que torna um negócio bem-sucedido é saber evitar ou

neutralizar as ameaças e saber identificar as oportunidades em ambientes turbulentos,

sabendo escolher o negócio mais oportuno e susceptível ao êxito.

O autor também destaca factores relacionados ao espírito empreendedor, como o desejo

de independência profissional, oportunidade de trabalhar no que gosta, desejo pessoal

de reconhecimento e prestigio, descoberta de oportunidades que outros ignoram ou

subestimam, desafios de aplicar recursos próprios e habilidades pessoais em um

ambiente desconhecido, além de um planeamento sólido e detalhado daquilo que se

pretende fazer, e o capital financeiro adequado para se tocar o negócio.

Assim como, Dornelas (2001), também destaca a importância de um bom planeamento

para o sucesso de um negócio, além da capacitação de gestão contínua.

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Rosilda Lima Fortes 64

Neste caso conforme observado, nota-se que além da capacitação e recursos financeiros

necessários para se abrir um negócio, o sucesso também está relacionado com as

características pessoais do empreendedor, apresentadas como o “espírito

empreendedor”.

Mais pormenorizadamente, diria que o sucesso de um negócio é isso:

1. Estimulação do comportamento empreendedor nos cidadãos

Disciplinas específicas de empreendedorismo nas escolas

2. Estimulação de um planeamento do negócio antes da abertura

Elaboração dos planos de negócio

3. Maior capacitação em gestão empresarial para quem já abriu o negócio

Relacionamento com clientes

Estratégia de comunicação

Monitoramento sistemático do fluxo de receitas e despesas

Administração adequada do saldo de caixa

Controlo detalhado dos custos

Maior busca por apoio profissional

4. Crescimento contínuo e moderado da economia (com preços moderados)

5. Evitar que os problemas pessoais dos sócios afectem o negócio.

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Rosilda Lima Fortes 65

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Masculino

Feminino

87%

13%

3. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

A pesquisa ora analisada é fruto da aplicação de um questionário junto aos responsáveis

pelas PME que encerraram as actividades, de forma precoce, na cidade do Mindelo –

SV, cujo objectivo consiste em avaliar as principais causas da mortalidade dessas

empresas.

Num universo de 34 empresas, enviamos 20 questionários, dos quais se obteve resposta

somente de 15 inquiridos, sendo que 87% da amostra são do sexo masculino e os 13%

restantes do sexo feminino, conforme se pode constatar no gráfico nº1 que se segue

abaixo.

Gráfico nº 1 - Sexo

Fonte: Análise do Autor

Logo, é logico perante aos olhos dos leitores que a tendência ao fechamento das

empresas inclina-se mais para o sexo masculino, talvez também, por estes serem os que

mais abrem as empresas em São Vicente.

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Gráfico nº 2 - Idade

Fonte: Análise do Autor

De acordo com o gráfico nº 2 há uma acentuada concentração dos proprietários e/ou

gerentes nas faixas etárias entre os 36 e 40 anos de idade, e dos 41 aos 50 anos de idade

correspondendo ambos quase o mesmo percentual de 26% e 27% dos inquiridos. O

resto dos colaboradores distribui-se por outras faixas etárias: 20% dos inquiridos têm

idade entre 31 e 35 anos, 13% dos inquiridos têm mais de 60 anos, e 7% dos inquiridos

igualmente têm idade compreendida entre 25 e 30 anos e entre 51 e 60 anos.

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

25 - 30 Anos

31 - 35 Anos

36 - 40 Anos

41 - 50 Anos

51 - 60 Anos

> 60 Anos

7%

20%

26%

27%

7%

13%

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Gráfico nº 3 - Habilitação escolar

Fonte: Análise do autor

De acordo com o grau académico dos inquiridos, podemos verificar a seguinte

distribuição:

Licenciatura e Ensino secundário completo, estão representados ambos por 26,7%, com

Mestrado e Ensino secundário incompleto 20%, e Ensino primário completo 6,7% dos

inquiridos;

Isso leva a concluir segundo o gráfico que, quanto maior o nível de escolaridade, maior

é a chance de mortalidade, mas que por mera vontade não se pode adiantar a ideia, pois

normalmente pode-se relacionar a ideia de maior nível de escolaridade versus maior

vontade e autonomia, e maior experiencia versus maior nível de risco, e em alguns

casos, isso leva como consequência final a mortalidade, caso este, que é pode ser

evitado por pessoas contrárias (com menor nível de escolaridade e menos experiencia, e

por conseguinte menos vontade de arriscar num próprio negocio).

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0

Ensino primário completo

Ensino secundário incompleto

Ensino secundário completo

Licenciatura

Mestrado

6,7

20,0

26,7

26,7

20,0

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Rosilda Lima Fortes 68

Gráfico nº 4 - Formação profissional

Fonte: Análise do autor

Questionado aos nossos inquiridos acerca de possuírem ou não formação profissional,

73% dizem ter formação profissional, ambos distribuídos nas áreas técnicas,

económicas e sociais, e 27% destes dizem não possuir nenhum tipo de formação

profissional.

Gráfico nº 5 - Ocupação anterior a abertura a empresa?

Fonte: Análise do autor

Imediatamente antes de abrirem seu negócio, cerca de 40% dos inquiridos eram

empregados de empresas privadas, 33% dizem que já eram proprietários de outra

empresa, 20% eram funcionários públicos, e apenas 7% estavam desempregados,

0% 20% 40% 60% 80%

sim

nao

73%

27%

0% 10% 20% 30% 40%

Empregado(a) de empresa privada

Desempregado

Proprietário de outra empresa

Funcionário publico

40%

7%

33%

20%

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perante as 6 opçoes de resposta que oferecemos, em que a opção “outro” e “autónomo”,

não foi escolhido por nenhum dos inquiridos.

Observe-se que a participação dos desempregados parece ser relativamente pequena

entre as pessoas que abrem formalmente um novo negócio. Esse facto pode ser reflexo

de uma maior dificuldade dessas pessoas no processo de abertura de uma nova empresa,

com uma menor propensão a se tornarem empreendedores, maior tendência em migrar

para actividades informais ou mesmo a falta de capital.

Gráfico nº 6 – Gosta de assumir responsabilidades?

Fonte: Análise do autor

Analisando as respostas dos inqueridos relativamente ao seu próprio perfil pode-se

constatar que 73% afirma que gosta de assumir responsabilidade “sempre” enquanto

que 20% afirma gostar de assumir responsabilidade “por vezes” e 7% dizem que

“raramente” gostam de assumir responsabilidades, e outra opção não escolhida por

nenhum dos inquiridos foi “ocasionalmente”.

0% 20% 40% 60% 80%

Sempre

Por vezes

Raramente

73%

20%

7%

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Rosilda Lima Fortes 70

Gráfico nº 7 – Apercebe-se das suas probabilidades de êxito?

Fonte: Análise do autor

No que diz respeito à percepção das suas probabilidades de êxito, 60% dos inquiridos

"por vezes" apercebem-se das suas probabilidades de êxito, 33% "sempre" apercebem-

se das suas probabilidades de êxito, apenas 7% "ocasionalmente" apercebem-se das suas

probabilidades de êxito, e “raramente” foi a outra opção não escolhida no entanto, por

nenhum dos inquiridos.

Com estes resultados pode-se considerar que os inquiridos demonstram autoconfiança e

segurança na obtenção de êxito.

Gráfico nº 8 – Possui orientação para o futuro?

Fonte: Análise do autor

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Sempre

Por vezes

Ocasionalmente

33%

60%

7%

0% 20% 40% 60% 80%

Sempre

normalmente

20%

80%

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Rosilda Lima Fortes 71

Quanto à orientação para o futuro, foi aplicada uma questão com quatro (4) opções de

resposta, em que mais de metade dos inquiridos (80%) possui “normalmente”

orientação para o futuro, enquanto que 20% possui “sempre” orientação para o futuro, e

as restantes opções como “raramente” e “nunca” foram descartadas pelos nossos

inquiridos.

Com este resultado, pode-se dizer que os inquiridos possuem, de certa forma, uma visão

clara e objectiva do futuro, fixando os objectivos que pretendem atingir, por forma a

aproveitar em antecipação as oportunidades que se lhes oferecem, uma vez que das

opções oferecidas todos os inquiridos optaram pela opção “normalmente” e “sempre”.

Gráfico nº 9 – Consegue adaptar-se as mudanças do meio envolvente?

Fonte: Análise do autor

Relativamente à facilidade de adaptação, o gráfico mostra que os 100% dos inquiridos

conseguem adaptar-se facilmente às mudanças do seu meio envolvente, pois das

possíveis respostas, “raramente” e “não” foram elimindas das possibilidades de

resposta, e das outras, 33% "sempre" tem facilidade de adaptação e 67% "normalmente

tem facilidade de adaptação.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Sempre

Normalmente

33%

67%

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Significa que na sua maioria, os inquiridos possuem capacidade para se ajustarem fácil e

rapidamente às mudanças que ocorrem no seu meio envolvente.

Tabela 5 - Razões da abertura da empresa

Porque abriu a empresa?

%

Para ser uma fonte de rendimento

22%

Resolveu arriscar

8%

Estava desempregado

0%

Trabalhava antes no ramo e então resolveu legalizar

14%

Tinha experiência anterior

17%

Oportunidade de negócio

31%

Fez curso sobre o assunto

3%

Estava insatisfeito no emprego

6%

TOTAL

100% Fonte: Análise do autor

No que diz respeito aos motivos que levaram a abertura das empresas dos nossos

inquiridos, foram oferecidos 8 possíveis respostas, conforme pode constatar-se na tabela

apresentada. Ocorre que, segundo as respostas obtidas o que mais prevalece para a

abertura da empresa foram a questão da existência de uma oportunidade de negócio

correspondendo a 31% das respostas, e para ser uma fonte de rendimento 22%. Outras

razões citadas foram “tinha experiência anterior” (17%), “trabalhava antes no ramo e

então resolveu legalizar o negócio” (14%), “resolveu arriscar” (8%), “estava insatisfeito

no emprego” (6%), e por fim com menor representatividade, os inquiridos que tinham

feito curso sobre o assunto com apenas 3%.

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Gráfico nº 10 – De quem foi a iniciativa para a criação da empresa?

Fonte: Análise do autor

Relativamente ao quesito de quem foi a iniciativa para a criação da empresa, 53% dos

inquiridos dizem que a iniciativa foi própria, 33% dizem que foi de familiares e apenas

13% referem ter sido de amigos a iniciativa para a criação de empresas, descartando

assim, “outros”, como possibilidade de resposta.

Isso leva a concluir que a maioria dos inquiridos acredita em si mesmo e na sua

capacidade de criar a sua própria empresa.

Gráfico nº 11 - Ramo de actividade da empresa?

Fonte: Análise do autor

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Pessoal

Familiar

Amigos

53%

33%

13%

0% 10% 20% 30% 40% 50%

Construção civil

Comércio

Indústria

Prestação de serviços

Outro

27%

47%

7%

13%

7%

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Quanto a questão relacionada com o ramo de actividade da empresa dos nossos

inquiridos 47% destes dizem ser comercio, 27% dizem ser construção civil, 13% dizem

ser uma empresa de prestação de serviços, e 7% distribuem-se igualmente em indústrias

e outro tipo de empresa.

Gráfico nº 12 - Tipo de Financiamento da empresa?

Fonte: Análise do autor

Para a abertura do negócio, 47% dos empreendedores fizeram uso de capital próprio,

27% recorreram a empréstimos bancários, 20% fizeram uso da poupança familiar,

apenas 6% citaram outras fontes de recursos, e nenhum dos inquiridos escolheram as

opções como “negociou prazos com fornecedores” e “empréstimos com amigos” como

possíveis respostas.

Esses dados revelam que os novos proprietários dependem principalmente de recursos

pessoais para abrir sua empresa, e como se vê, não é muito alta a participação de

recursos de terceiros, em especial, dos empréstimos bancários para empresas recém-

abertas, pois segundo os inquiridos a recorrência a empréstimos bancários, é quase a

mesma percentagem que o uso da poupança familiar.

0% 10% 20% 30% 40% 50%

Capital próprio

Poupança familiar

Empréstimo Bancário

outras fontes

47%

20%

27%

6%

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Gráfico nº 13 – Houve facilidade de Financiamento?

Fonte: Análise do autor

Segundo os nossos inquiridos na questão de facilidade de financiamento da empresa,

73% dizem que não houve facilidade de financiamento da empresa, e 27% dizem ter

facilidade no financiamento da empresa.

Isso prova que a aquisição da participação de terceiros como por exemplo as instituições

bancarias para facilitar o financiamento da empresa não é muito.

Gráfico nº 14 - Duração de funcionamento da empresa?

Fonte: Análise do autor

Quanto a duração do funcionamento da empresa 40% dos nossos inquiridos dizem que a

empresa durou um pouco mais de cinco anos, 27% dizem que a empresa durou entre os

0% 20% 40% 60% 80%

Sim

Não

27%

73%

0% 10% 20% 30% 40%

< 1 Ano

1 - 2 Anos

3 - 4 Anos

4 - 5 Anos

> 5 Anos

7%

13%

27%

13%

40%

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3 aos 4 anos, 13% distribui-se igualmente em empresas que duraram entre os 4 e os 5 e

1 e 2 anos, e apenas 7% dos inquiridos afirmam que a empresa funcionou por um

período menor de um ano.

Gráfico nº 15 – Quantos trabalhadores tinha a empresa?

Fonte: Análise do autor

Relativamente ao quesito de quantos trabalhadores tinha a empresa, 53% dos inquiridos

responderam que a empresa tinha menos de 5 trabalhadores, 34% disseram que a

empresa tinha entre 5 á 10 trabalhadores, e 13% disseram que a empresa tinha mais de

50 trabalhadores, o que corresponde a um número um pouco elevado tendo em conta

que o estudo se refere a pequenas e médias empresas.

Gráfico nº 16 – O trabalhadores possuíam formação específica?

Fonte: Análise do autor

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

< 5

5 - 10

> 50

53%

34%

13%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Sim

Maioria

Minoria

Não

14%

33%

13%

40%

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Questionado aos nossos inquiridos se os trabalhadores das suas empresas possuíam

formação especifica, 40% disseram que nenhum possuía formação, 33% disseram que a

maioria, 14% todos possuíam formação especifica, e 13% disseram que uma minoria

dos trabalhadores é que possuíam formação especifica.

Pois, podemos concluir, através dos dados aqui representados que uma das principais

causas da inviabilidade do negócio, era o facto da maioria do capital humano não

possuir nenhuma formação específica, relativamente a área que estavam laborando,

facto esse que pode ser explicado por possuírem pouca experiência e não exigirem

salários altos.

Gráfico nº 17 – Tem conhecimento dos incentivos as PME?

FontFonte: Análise do autor

Nesta questão, 60% dos inquiridos têm conhecimento sobre os incentivos as PME´s, e

40% disseram que não conhecem os incentivos as PME´s.

O que leva a concluir que, ou os inquiridos não procuraram buscar os conhecimentos,

ou as entidades devem procurar formas de maior divulgação de modo a chegar a todos.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Sim

Não

60%

40%

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Gráfico nº 18 – Como era a gestão da empresa?

Fonte: Análise do Autor

Relativamente a questão, de como era a gestão da empresa, 67% dizem que a gestão era

boa, e a restante 33% dizem que a gestão era suficiente. Essa questão vai de encontro ao

gráfico nº 16, onde 40% dos trabalhadores não tinham formação específica,

demonstrando assim neste ponto que o factor escolaridade não foi primordial para uma

gestão competente do negócio. E das outras opções de escolha, nenhum dos inquiridos

tinha uma gestão muito boa, ou uma gestão má.

Gráfico nº 19 - A empresa tinha contabilidade organizada?

Fonte: Análise do autor

Segundo os nossos inquiridos na questão da empresa ter ou não contabilidade

organizada, 73% assumem que a empresa tinha contabilidade organizada como

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Boa

Suficiente

67%

33%

0% 20% 40% 60% 80%

Sim

Não

73%

27%

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ferramenta de gestão e 27% dessas empresas não utilizam-se desses demonstrativos

contábeis para basear suas decisões gerenciais.

Tabela 6 - Motivos da extinção da empresa

Motivos da extinção da empresa

%

Lig

ad

os

a p

róp

ria e

mp

resa

Baixo Lucro

52%

Fechou para abrir uma empresa maior

0%

Problemas com os sócios

7%

Problemas com a mão-de-obra qualificada

0%

Problemas de contabilidade e documentação

0%

Mudança no ramo do negócio

4%

Tinha poucos clientes

22%

Falta de planeamento

0%

Outros

15%

TOTAL

100%

Em

ter

mos

pes

soais

Arrumou um emprego

0%

Problemas de saúde

0%

Falta de experiencia

0%

Outro

100%

TOTAL

100%

Lig

ad

os

ao m

eio

exte

rno

Impostos altos

42%

Problemas com clientes

16%

Problemas com concorrência

32%

Situado em local inadequado

0%

Instalações inadequadas

0%

Outro

11%

TOTAL

100% Fonte: Análise do autor

Com a finalidade de um melhor entendimento dos motivos que levaram as empresas a

encerrar as suas actividades de maneira precoce, a análise deste tópico foi dividida em

três blocos, buscando classificar os motivos ligados a empresa, ao empreendedor, e ao

ambiente externo.

E as respostas dos nossos inquiridos foram:

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Rosilda Lima Fortes 80

Ligados a própria empresa - baixo lucro (52%), poucos clientes (22%), outros

motivos (15%), problemas com os sócios (7%), mudança no ramo de negócio (4%).

Em termos pessoais – segundo os inquiridos nenhuma das possíveis respostas

apresentadas foram válidas, sendo que outros motivos para o encerramento levou a total

das percentagens, acumulando assim os 100%.

Ligados ao meio externo – impostos altos (42%), problemas com concorrência

(32%), problemas com clientes (16%), e por fim outros motivos (11%), são estes os

responsáveis por tornar o negócio inviável.

Destaca-se que algumas das respostas constituem faces distintas de um mesmo

problema. Por exemplo, o baixo lucro, o item mais citado pelos inquiridos, pode estar

associada ao número reduzido dos clientes, da concorrência elevada ou mesmo de

impostos altos.

Gráfico nº 20 - Sentimento que ficou quando encerrou a empresa?

Fonte: Análise do autor

Segundo o quesito de que sentimento ficou ao encerrar a empresa, 33% dos nossos

inquiridos ficaram tristes/magoados, 20% ficaram aliviados, outros 20% ficaram com

um sentimento de perda, 13% dizem que não sentiram nada ao fechar o negócio, e 7%

0% 10% 20% 30% 40%

Frustração/Perda

Tristeza/mágoa

Não sentiu nada

Alivio/tranquilidade

Arrependimento

Outro

20%

33%

13%

20%

7%

7%

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Rosilda Lima Fortes 81

das respostas dos nossos inquiridos distribui-se igualmente para um sentimento de

arrependimento e por outro sentimento não especificado.

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Rosilda Lima Fortes 82

CONCLUSÃO

Esta monografia pretende de maneira objectiva auxiliar postulantes a abrirem negócios,

seja pela realização de um sonho de independência financeira, falta de sustento

ocasionado pela falta de um emprego ou a descoberta de um nicho de mercado a ser

explorado.

A motivação que nos levou a realizar este estudo é a inquietante falência de novos

negócios no nosso país, que embora as estatísticas não apontam a percentagem de

empresas que fecharam, mas o patamar é considerável.

Assim, os resultados deste estudo permitiram, com base na extensa literatura

pesquisada, identificar e caracterizar diversos factores contribuintes para a mortalidade

precoce das PME em São Vicente. Os principais deles são os seguintes: baixo lucro;

falta de clientes; tributação exagerada; problemas com a concorrência.

O estudo conclui que não existe um factor específico que possa ser responsabilizado

isoladamente pelo encerramento precoce das actividades de uma empresa. Os factores

contribuintes para a mortalidade são bastante interligados e dependem de certa forma da

actuação do empreendedor, pois, normalmente ele é o principal responsável por

pesquisar o mercado que deseja explorar, seus clientes e concorrentes, escolher os

sócios, funcionários e parceiros que o irão auxiliar no esforço de abrir e gerir a empresa,

escolher o ponto onde instalar sua empresa, definir as características dos produtos e

serviços que irá comercializar e preparar a empresa para enfrentar os desafios do

ambiente externo na qual está inserida.

Analisando o segmento das PME observamos que grande parte das empresas que

encerraram as suas actividades em São Vicente é do sector de comércio,

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Rosilda Lima Fortes 83

correspondendo a 47% do total das empresas estudadas. Os negócios são montados em

grande parte com recursos próprios (73%), advindos da poupança pessoal, familiar e

outras fontes, o que explica os resultados que mostram que alguns empresários, embora

um número razoavelmente pequeno, dizem não ter dificuldades para conseguir

empréstimos.

A conclusão a que se chega sobre este aspecto é a de que os empresários não contraem

empréstimos, não porque possuem todo o capital de que precisam, muito pelo contrário,

normalmente começam o negócio sem ter recursos suficientes. O que os afasta do

financiamento de terceiros normalmente são os juros altos, a dificuldade em dar

garantias de comprovação de rendimento, por ser uma PME, e a burocracia das

instituições financeiras.

Também conclui-se, de acordo com a tabela 25 (nos anexos), que os empreendedores

com maior ano de escolaridade permaneceram com o negócio um maior tempo no

mercado, o que quer dizer que o factor escolaridade é importante a ser levado em conta,

para quem quer abrir um negócio, mesmo contradizendo o acima exposto (gráfico nº 3),

que quanto maior o nível de escolaridade, maior são as chances de mortalidade da

empresa, é por isso, que deve realçar a ideia de que isso apenas não chegue, deve ser

associado a alguma experiencia profissional.

Foram atingidos os objetivos gerais deste trabalho no momento em que foram

identificados e analisados os principais factores que influenciam a mortalidade nas

pequenas e médias empresas sedeadas em São Vicente.

Apesar de todo o exposto neste trabalho, ainda um conjunto de acções de apoio poderão

ser adoptados para reduzir a mortalidade das empresas, articuladas de acordo com as

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Rosilda Lima Fortes 84

necessidades específicas de cada sector no processo da abertura de um novo negócio,

pois, há ainda muitas fragilidades diante das empresas perante os diversos factores

apontados por Chiavenato (2007) como a falta de capacitação dos gestores, falta de

capital e financiamento, desconhecimento do mercado e do publico alvo, de entre

outros.

Confrontação das hipóteses:

No quadro da confrontação das hipóteses formuladas para este estudo, concluímos que

não nos é possível confirmar a primeira hipótese. As respostas obtidas pelos inquiridos

são vazias e não nos direcciona para factores pessoais como causa da mortalidade

precoce das empresas. Como se pode verificar, as respostas dos inquiridos foram

inconclusivos. Das quatro respostas opcionais sugeridas no questionário, a totalidade

dos inquiridos (100%) não identificaram nenhuma delas como sendo as causas da

mortalidade das suas empresas. As razoes são, portanto, outras não especificadas.

Relativamente a segunda hipótese: “A dificuldade de acesso ao crédito é um factor

contribuinte para a mortalidade das PME”. Para efeito desta pesquisa, utilizou-se a

seguinte definição para a variável acesso ao crédito: a facilidade ou a complexidade de

regras e exigências para a concessão de empréstimos.

A análise dos dados efectuados aponta-nos para a confirmação desta hipótese. O

cruzamento de dados realizado, conforme se pode ver na tabela 26 anexa (duração de

funcionamento da empresa e facilidade de financiamento) nota-se que, mais de metade

dos inquiridos não tiveram facilidade de financiamento para um começo sólido do

negócio. Por outro lado, a análise do tipo de financiamento das empresas feita do

gráfico nº 12, mostra que apenas 27% dos inquiridos abriram seus negócios com recurso

a empréstimos bancários.

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Rosilda Lima Fortes 85

Recomendações

Esta pesquisa buscou contribuir para a discussão dos factores que levam novos negócios

ao insucesso, analisando os principais aspectos e formas para reduzir os índices de

mortalidade das empresas, sem contudo ter a pretensão de esgotar o assunto.

No decorrer da pesquisa, cada empreendedor teve a oportunidade de escolher e dar

sugestões no intuito de tornar mais fácil o processo de criação e gestão de um negócio,

para outras pessoas que, eventualmente tenham interesse em constituir empresas de

pequeno porte.

Recomenda-se assim o seguinte:

- Que o empreendedor não crie a empresa apenas por motivos pessoais de fonte de

rendimento e de independência financeira mas sim que procure identificar uma real

oportunidade de negócio dentre as ideias que surgiram.

- Que os empreendedores, antes de abrir a empresa, façam as contas do investimento

inicial que terão que desembolsar com a compra de equipamentos, máquinas, móveis,

eventuais obras de adequação do imóvel onde irão instalar sua empresa, levantem os

custos com a constituição da empresa e que reservem também capital suficiente para

manter o capital de giro (fundo de maneio) por pelo menos 6 meses após a abertura do

negócio.

- Instalar a empresa num local estratégico, de modo a poder adequar a identidade do seu

mix de produtos com o perfil da clientela local.

Entretanto, as principais recomendações para o período anterior a abertura da empresa

são as de que o empreendedor se prepare e estude o ramo antecipadamente e, se

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Rosilda Lima Fortes 86

possível, trabalhe algum tempo, pelo menos um ano, em actividades semelhantes às que

ele irá desenvolver no negócio que pretende dirigir. É importante que ele realize cursos

de gestão de empresas, principalmente que escolha o capital humano da empresa com

muito rigor profissional, desde os sócios, passando pelos funcionários, privilegiando as

competências necessárias para a tarefa para a qual estão sendo contratados, além de

buscar parceiros externos, como fornecedores, distribuidores e representantes que sejam

confiáveis e eficientes.

Vencida a fase de planeamento e pesquisa e cumpridas as etapas necessárias para

garantir uma base sólida para a empresa, torna-se imprescindível que:

- A contratação da mão-de-obra para a empresa seja bem estudada, visto que, se não

contratar, muitas vezes poderá ter a sua capacidade produtiva limitada, o que pode levar

a perda de clientes, entretanto se contratar funcionários demais pode ter custos fixos

desnecessários e incompatíveis com o volume de receita da empresa, o que pode

inviabilizar o negócio.

- Com relação aos funcionários o empreendedor deve ter em mente que a qualidade é

importante, portanto deverá oferecer aos seus colaboradores treinamento (formação) e

actualização nas tarefas sob sua responsabilidade.

- A gestão de relacionamento com o cliente deve ser uma preocupação constante e deve

ser feita de maneira profissional. Por exemplo os critérios para dar crédito aos clientes,

aceitar pagamentos a prazo e outras vantagens devem ser estudadas de acordo com

critérios rigorosos que classifiquem os clientes por perfil e capacidade de pagamento.

- Encante o cliente buscando oferecer produtos de qualidade, padronização;

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Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente

Rosilda Lima Fortes 87

- Entende e acompanhe as actividades da contabilidade que é de muita importância

- Que conceda atenção especial aos sócios, especialmente quanto às suas competências,

experiencia, responsabilidade, compromisso, pontualidade e honestidade, visto que

estas características afectam directamente a visão que os clientes e o mercado têm da

empresa.

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Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente

Rosilda Lima Fortes 88

Limitações de pesquisa

Apesar do rigor com que se empreenderam a colecta de dados, os procedimentos

metodológicos e a análise dos resultados, o estudo apresenta algumas limitações.

Dificuldade na obtenção de informações, pois os proprietários e/ou gerentes envolvidos

com as empresas que faliram frequentemente omitem factos;

Apesar dos números oficiais indicarem o fechamento de muitas PME, observa-se um

alto índice de empresas que não efectuam sua baixa perante a Repartição de Finanças, e

tal fato, dificulta a realização de estudos para medir e entender o fenómeno da

mortalidade precoce de empresas, embora o estudo limitou-se a analisar a influência e

factores contribuintes para a mortalidade precoce de pequenas e médias empresas nos

anos de 2010 e 2011 em São Vicente, não tendo de propósito a intenção de esgotar este

assunto no país todo, pois é extremamente difícil o acesso as informações acerca da

mortalidade empresarial

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Rosilda Lima Fortes 89

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Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente

Rosilda Lima Fortes 93

ANEXOS (1)

Questionário sobre Mortalidade Empresarial: Caso das PME´s em

S.Vicente

Chamo-me Rosilda Lima Fortes, finalista do ano lectivo 2011/12 do curso de

Organização e Gestão de Empresas, Licenciado na Universidade do Mindelo.

Estando em fase de realização do meu trabalho de fim de curso sobre o tema:

“Mortalidade Empresarial: caso das PME´s em São Vicente”, o presente questionário

servirá de suporte para a sua realização, cujo objectivo é Identificar e analisar os

principais determinantes/factores que influenciam a mortalidade das pequenas e médias

empresas sediadas em São Vicente.

Agradecia muito se pudesse colaborar comigo, respondendo ao questionário.

Garanto o anonimato e a confidencialidade das suas respostas.

Por favor evite deixar sem responder a nenhuma questão. Assim que preencher o

questionário agradecia que o enviasse para o meu correio electrónico: rosycv-

[email protected]

Na escolha da sua resposta assinala com um X a sua resposta, para facilitar na análise

dos dados.

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Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente

Rosilda Lima Fortes 94

Dados estatísticos

P1- Sexo

1. Masculino __

2. Feminino __

P2 – Idade

1. <25 Anos __

2. 25 – 30 Anos __

3. 31 – 35 Anos __

4. 36 – 40 Anos __

5. 41 – 50 Anos __

6. 51 – 60 Anos __

7. >60 Anos __

P3 – Habilitação Escolar

1. Ensino Primário Incompleto __

2. Ensino Primário Completo __

3. Ensino Secundário Incompleto__

4. Ensino Secundário Completo __

5. Licenciatura __

6. Mestrado __

7. Doutoramento __

8. Formação Profissional __

P4 – Tem Formação Profissional

1- Sim___

2- Não___

P5 - Ocupação anterior a abertura da empresa

1. Empregado(a) de empresa privada __

2. Desempregado(a) __

3. Autónomo(a) __

4. Proprietário(a) de outra empresa __

5. Funcionário(a) pública __

6. Outro __

P6 – Gosta de assumir responsabilidade?

1. Sempre __

2. Por vezes __

3. Ocasionalmente __

4. Raramente __

P7 – Apercebe-se das suas probabilidades de êxito?

1. Sempre __

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Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente

Rosilda Lima Fortes 95

2. Por vezes __

3. Ocasionalmente __

4. Raramente __

P8 – Possui orientação para o futuro?

1. Sempre __

2. Normalmente __

3. Raramente __

4. Nunca __

P9 – Consegue adaptar-se facilmente às mudanças do seu meio envolvente?

1. Sempre __

2. Normalmente __

3. Raramente __

4. Não _

P10 – Porque abriu a empresa? (Múltiplas escolhas)

1. Para ser uma fonte de rendimento __

2. Resolveu arriscar __

3. Estava desempregado __

4. Trabalhava antes no ramo e então resolveu legalizar o negócio __

5. Tinha experiência anterior__

6. Oportunidade de negócio __

7. Estava aposentado __

8. Fez curso sobre o assunto __

9. Estava insatisfeito no emprego __

P11 – De quem foi a iniciativa para a criação da empresa

1. Pessoal __

2. Familiar __

3. Amigos __

4. Outro __

P12 – Ramo de actividade da empresa

1. Construção Civil __

2. Comércio __

3. Indústria __

4. Prestação de serviço __

5. Outro __

P13 – Qual foi o tipo de financiamento da empresa?

1. Capital Próprio __

2. Poupança Familiar __

3. Negociou prazos com fornecedores __

4. Empréstimo Bancário __

5. Empréstimos com amigos __

6. Outras

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Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente

Rosilda Lima Fortes 96

7. Fontes __

P14 – Houve facilidade de financiamento da empresa?

1. Sim __

2. Não __

P15 – Duração do funcionamento da empresa

1. <1 Ano __

2. 1 – 2 Anos __

3. 3 – 4 Anos __

4. 4 – 5 Anos __

5. > 5 Anos __

P16 – Quantos trabalhadores tinha a empresa

1. <5 __

2. 5 – 10 __

3. 10 – 20 __

4. 20 – 50 __

5. > 50 __

P17 – Os trabalhadores possuíam Formação específica?

1. Sim __

2. Maioria __

3. Minoria __

4. Não __

P18 – Tem conhecimento dos incentivos as PME´s?

1. Sim __

2. Não __

P19 – Como era a gestão da sua empresa?

1. Muito boa __

2. Boa __

3. Suficiente __

4. Má __

P20 – A sua empresa tinha contabilidade organizada?

1. Sim __

2. Não __

P21 – Em termos pessoais quais foram os motivos da extinção da empresa?

1. Arrumou um emprego __

2. Problemas de saúde __

3. Falta de experiencia __

4. Outro __

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P22 – Motivos da extinção ligados a empresa

1. Baixo lucro __

2. Fechou para abrir uma empresa maior __

3. Falta de dinheiro __

4. Problemas com os sócios __

5. Problemas com mão-de-obra qualificada __

6. Problemas de contabilidade e documentação __

7. Mudança no ramo de negócio __

8. Tinha poucos clientes __

9. Falta de planeamento __

10. Outros __

P23 – Motivos da extinção Ligados ao meio externo

1. Impostos altos __

2. Problemas com clientes __

3. Problemas com concorrência __

4. Situado em local inadequado __

5. Instalações inadequadas __

6. Outros __

P24 – Qual o sentimento que ficou quando encerrou a actividade?

1. Frustração/perda __

2. Tristeza/mágoa __

3. Não sentiu nada __

4. Alívio/tranquilidade __

5. Arrependimento __

6. Outro __

P25 – Quais recomendações deixaria aos novos empreendedores?

1. Pesquisar e estudar o ramo antecipadamente __

2. Não abrir empresa/ter um emprego __

3. Fazer um bom planeamento __

4. Ter um sítio estratégico __

5. Ter capital suficiente __

6. Ter cuidado com os sócios __

7. Ter cuidado com a gestão __

8. Cuidado com os clientes __

9. Buscar inovação/diferencial __

10. Ter experiencia no ramo __

11. Buscar oportunidades __

12. Cuidado com a contabilidade __

13. Outro___Indique___________________________________________________

________________________________________________________________

Obrigado!

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Rosilda Lima Fortes 98

ANEXOS (2)

Analise dos dados no programa SPSS Statistics 20.0

Sexo

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Masculino 13 86,7 86,7 86,7

Feminino 2 13,3 13,3 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 1

Idade

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

25 - 30 Anos 1 6,7 6,7 6,7

31 - 35 Anos 3 20,0 20,0 26,7

36 - 40 Anos 4 26,7 26,7 53,3

41 - 50 Anos 4 26,7 26,7 80,0

51 - 60 Anos 1 6,7 6,7 86,7

> 60 Anos 2 13,3 13,3 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 2

Habilitação Escolar

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Ensino primário completo 1 6,7 6,7 6,7

Ensino secundário

incompleto 3 20,0 20,0 26,7

Ensino secundário completo 4 26,7 26,7 53,3

Licenciatura 4 26,7 26,7 80,0

Mestrado 3 20,0 20,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 3

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Rosilda Lima Fortes 99

Tem formação profissional

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

sim 11 73,3 73,3 73,3

nao 4 26,7 26,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 4

Ocupação anterior a abertura da empresa

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Empregado(a) de empresa

privada 6 40,0 40,0 40,0

Desempregado 1 6,7 6,7 46,7

Proprietário de outra

empresa 5 33,3 33,3 80,0

Funcionário publico 3 20,0 20,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 5

Gosta de assumir responsabilidade?

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sempre 11 73,3 73,3 73,3

Por vezes 3 20,0 20,0 93,3

Raramente 1 6,7 6,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 6

Apercebe-se das suas probabilidades de exito?

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sempre 5 33,3 33,3 33,3

Por vezes 9 60,0 60,0 93,3

Ocasionalmente 1 6,7 6,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 7

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Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente

Rosilda Lima Fortes 100

Possui orientação para o futuro?

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sempre 3 20,0 20,0 20,0

Normalmente 12 80,0 80,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 8

consegue adaptar-se facilmente as mudanças do seu meio envolvente?

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sempre 5 33,3 33,3 33,3

Normalmente 10 66,7 66,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 9

Porque abriu a empresa?

Frequency Percent

Missing System 15 100,0

Tabela 10

Para ser uma fonte de rendimento

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 8 53,3 53,3 53,3

Não 7 46,7 46,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Resolveu arriscar

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 3 20,0 20,0 20,0

Não 12 80,0 80,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Estava desempregado

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid Não 15 100,0 100,0 100,0

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Rosilda Lima Fortes 101

Trabalhava antes no ramo e resolveu legaliza-lo

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 5 33,3 33,3 33,3

Não 10 66,7 66,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tinha experiencia anterior

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 6 40,0 40,0 40,0

Não 9 60,0 60,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Oportunidade de negócio

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 11 73,3 73,3 73,3

Não 4 26,7 26,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Fez curso sobre o assunto

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 1 6,7 6,7 6,7

Não 14 93,3 93,3 100,0

Total 15 100,0 100,0

estava insatisfeito no emprego

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 2 13,3 13,3 13,3

Não 13 86,7 86,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

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Rosilda Lima Fortes 102

De quem foi a iniciativa para a criação da empresa?

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Pessoal 8 53,3 53,3 53,3

Familiar 5 33,3 33,3 86,7

Amigos 2 13,3 13,3 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 11

Ramo de actividade da empresa

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Construção civil 4 26,7 26,7 26,7

Comércio 7 46,7 46,7 73,3

Indústria 1 6,7 6,7 80,0

Prestação de serviços 2 13,3 13,3 93,3

Outro 1 6,7 6,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 12

Qual foi o tipo de financiamento da empresa?

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Capital próprio 7 46,7 46,7 46,7

Poupança familiar 3 20,0 20,0 66,7

Empréstimo Bancário 4 26,7 26,7 93,3

outras fontes 1 6,7 6,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 13

Houve facilidade de financiamento a empresa

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 4 26,7 26,7 26,7

Não 11 73,3 73,3 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 14

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Rosilda Lima Fortes 103

Duração de funcionamento da empresa

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

< 1 Ano 1 6,7 6,7 6,7

1 - 2 Anos 2 13,3 13,3 20,0

3 - 4 Anos 4 26,7 26,7 46,7

4 - 5 Anos 2 13,3 13,3 60,0

> 5 Anos 6 40,0 40,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 15

Quantos trabalhadores tinha a empresa?

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

< 5 8 53,3 53,3 53,3

5 - 10 5 33,3 33,3 86,7

> 50 2 13,3 13,3 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 16

Os trabalhadores possuiam Formação especifica?

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 2 13,3 13,3 13,3

Maioria 5 33,3 33,3 46,7

Minoria 2 13,3 13,3 60,0

Não 6 40,0 40,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 17

Tem conhecimento dos incentivos as PME´s?

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 9 60,0 60,0 60,0

Não 6 40,0 40,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 18

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Rosilda Lima Fortes 104

Como era a gestão da sua empresa?

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Boa 10 66,7 66,7 66,7

Suficiente 5 33,3 33,3 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 19

A sua empresa tinha contabilidade organizada?

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 11 73,3 73,3 73,3

Não 4 26,7 26,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 20

Em termos pessoais qual foi o motivo da extinçao da empresa?

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid Outro 15 100,0 100,0 100,0

Tabela 21

Motivos da extinção ligados a empresa

Frequency Percent

Missing System 15 100,0

Tabela 22

Baixo Lucro

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 14 93,3 93,3 93,3

Não 1 6,7 6,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Fechou para abrir uma empresa maior

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid Não 15 100,0 100,0 100,0

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Rosilda Lima Fortes 105

Problemas com os sócios

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 2 13,3 13,3 13,3

Não 13 86,7 86,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Problemas com mão de obra qualificada

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid Não 15 100,0 100,0 100,0

Problemas de contabilidade e documentação

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid Não 15 100,0 100,0 100,0

Mudança no ramo de negócio

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 1 6,7 6,7 6,7

Não 14 93,3 93,3 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tinha Poucos clientes

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 6 40,0 40,0 40,0

Não 9 60,0 60,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Falta de planeamento

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid Não 15 100,0 100,0 100,0

Outros

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 4 26,7 26,7 26,7

Não 11 73,3 73,3 100,0

Total 15 100,0 100,0

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Rosilda Lima Fortes 106

Motivos da extinção ligados ao meio externo

Frequency Percent

Missing System 15 100,0

Impostos altos

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 8 53,3 53,3 53,3

Não 7 46,7 46,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Problemas com clientes

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 3 20,0 20,0 20,0

Não 12 80,0 80,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Problemas com concorrência

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 6 40,0 40,0 40,0

Não 9 60,0 60,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Situado em Local inadequado

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid Não 15 100,0 100,0 100,0

Instalações inadequadas

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid Não 15 100,0 100,0 100,0

Outros

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 2 13,3 13,3 13,3

Não 13 86,7 86,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

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Rosilda Lima Fortes 107

Sentimento que ficou quando encerrou a empresa?

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Frustração/Perda 3 20,0 20,0 20,0

Tristeza/mágoa 5 33,3 33,3 53,3

Não sentiu nada 2 13,3 13,3 66,7

Alivio/tranquilidade 3 20,0 20,0 86,7

Arrependimento 1 6,7 6,7 93,3

Outro 1 6,7 6,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Tabela 23

Quais recomendações deixaria aos novos

empreendedores?

Frequency Percent

Missing System 15 100,0

Tabela 24

Pesquisar e estudar o ramo antecipadamente

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 10 66,7 66,7 66,7

Não 5 33,3 33,3 100,0

Total 15 100,0 100,0

Não abrir empresa/ter um emprego

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid Não 15 100,0 100,0 100,0

Fazer um bom planeamento

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 7 46,7 46,7 46,7

Não 8 53,3 53,3 100,0

Total 15 100,0 100,0

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Rosilda Lima Fortes 108

Ter um sitio estratégico

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 5 33,3 33,3 33,3

Não 10 66,7 66,7 100,0

Total 15 100,0 100,0

Ter cuidado com os sócios

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 3 20,0 20,0 20,0

Não 12 80,0 80,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Ter cuidado com a gestão

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 7 46,7 46,7 46,7

Não 8 53,3 53,3 100,0

Total 15 100,0 100,0

Cuidado com os clientes

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 3 20,0 20,0 20,0

Não 12 80,0 80,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Buscar inovação/diferencial

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 6 40,0 40,0 40,0

Não 9 60,0 60,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Ter experiencia no ramo

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 3 20,0 20,0 20,0

Não 12 80,0 80,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

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Rosilda Lima Fortes 109

Buscar oportunidades

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid Não 15 100,0 100,0 100,0

Cuidado com a contabilidade

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 1 6,7 6,7 6,7

Não 14 93,3 93,3 100,0

Total 15 100,0 100,0

Outro

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

Sim 3 20,0 20,0 20,0

Não 12 80,0 80,0 100,0

Total 15 100,0 100,0

Habilitação Escolar * Duração de funcionamento da empresa Crosstabulation

Count

Duração de funcionamento da empresa Total

< 1 Ano 1 - 2 Anos 3 - 4 Anos 4 - 5 Anos > 5 Anos

Habilitaç

ão

Escolar

Ensino primário completo 0 0 1 0 0 1

Ensino secundário incompleto 0 1 0 1 1 3

Ensino secundário completo 1 0 2 0 1 4

Licenciatura 0 0 1 0 3 4

Mestrado 0 1 0 1 1 3

Total 1 2 4 2 6 15

Tabela 25

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Rosilda Lima Fortes 110

Duração de funcionamento da empresa * Houve facilidade de financiamento a

empresa Crosstabulation

Count

Houve facilidade de financiamento a empresa

Total Sim Não

Duração de funcionamento da empresa

< 1 Ano 0 1 1

1 - 2 Anos

1 1 2

3 - 4 Anos

2 2 4

4 - 5 Anos

0 2 2

> 5 Anos 1 5 6

Total 4 11 15

Tabela 26

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