monopoli vedação vertical em alvenaria

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 RACIONALIZA ÇÃO DO PROCESSO CONSTRUTIVO DE VEDAÇÃO VERTICAL EM ALVENARIA Diego Vianna Pinto Marques Projeto de final de curso submetido ao corpo docente da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau em Engenharia Civil. Orientador: Professor Eduardo Linhares Qualharini Rio de Janeiro Abril, 2013

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    RACIONALIZAO DO PROCESSO CONSTRUTIVO DEVEDAO VERTICAL EM ALVENARIA

    Diego Vianna Pinto Marques

    Projeto de final de curso

    submetido ao corpo docente da

    Escola Politcnica da

    Universidade Federal do Rio deJaneiro como parte dos

    requisitos necessrios para a

    obteno do grau em

    Engenharia Civil.

    Orientador: Professor Eduardo

    Linhares Qualharini

    Rio de Janeiro

    Abril, 2013

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    RACIONALIZAO DO PROCESSO CONSTRUTIVO DEVEDAO VERTICAL EM ALVENARIA

    Diego Vianna Pinto Marques

    PROJETO DE GRADUAO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DOCURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITCNICA DAUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOSREQUISITOS NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DEENGENHEIRO CIVIL.

    Aprovado por:

    ______________________________________Prof. Eduardo Linhares Qualharini

    (Orientador)

    ______________________________________

    Prof. Luis Otvio Cocito de Arajo

    ______________________________________Prof. Vnia Maria B.C.L. Ducap

    RIO DE JANEIRO, RJBRASIL

    ABRIL de 2013

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    Marques, Diego Vianna Pinto

    Racionalizao do processo construtivo de vedao vertical emalvenaria / Diego Vianna Pinto Marques Rio de Janeiro:

    UFRJ/ Escola Politcnica, 2013.

    xi, p. 85: il.; 29,7cm.

    Orientador: Eduardo Linhares Qualharini

    Projeto de Graduao -UFRJ / Escola Politcnica / Curso de

    Engenharia Civil, 2013.

    Referncias Bibliogrficas: p. 83-85.1. Alvenaria racionalizada. 2. Subsistema de vedao

    vertical. 3. Racionalizao construtiva. 4. Custos da qualidade

    5. Processos construtivos racionalizados.

    I. Linhares Qualharini, Eduardo; II. Universidade Federal do

    Rio de Janeiro, Escola Politcnica, Curso de Engenharia Civil;

    III. Racionalizao do processo construtivo de vedao vertical

    em alvenaria.

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    AGRADECIMENTOS

    Em primeiro lugar a Deus, que me deu tudo o que eu tenho, alm de fora para concluir

    este curso e este trabalho, em especial.

    A toda minha famlia, em especial meus pais Eduardo Pinto Marques e Zuneide Lourdes

    Vianna, que sempre fizeram tudo por mim, me apoiaram e me deram todo apoio para

    concluir o curso.

    A meus dois grandes amigos, Billy e Gucci, meus amados ces, que estiveram ao meu

    lado em todos os momentos, durante o curso.

    A minha namorada e futura esposa Talita Jennifer de Moura Rodrigues, que acima de

    tudo e sempre foi minha amiga e companheira.

    A todos os amigos, que passaram pela minha vida durante este perodo acadmico epudemos viver e aprender muitas coisas juntos. No cito nomes, para no cometer

    injustia com ningum, visto que so muitos os amigos feitos durante este perodo.

    A todos os professores e funcionrios desta escola, que me propiciaram crescer e

    aprender tanta coisa.

    Ao meu orientador neste trabalho, Eduardo Linhares Qualharini que, talvez sem nem

    saber, um dos grandes responsveis pelo meu crescimento acadmico e profissional,

    visto que em uma de suas aulas quando apresentei um trabalho recebi um elogio que medeu fora para evoluir ainda mais.

    A todas as pessoas, que de alguma forma, me deram apoio, torceram por mim e me

    falaram palavras amigas nos momentos que precisei.

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    Resumo do projeto de graduao apresentado Escola Politcnica / UFRJ como partedos requisitos necessrios para a obteno do grau de Engenheiro Civil.

    Racionalizao do Processo Construtivo de Vedao Vertical em Alvenaria

    Diego Vianna Pinto MarquesAbril/2013

    Orientador: Prof. Eduardo Linhares QualhariniCurso: Engenharia Civil

    O subsistema de vedao vertical extremamente importante, se analisado em um

    contexto mais global da construo do empreendimento. Esta importncia evidentetanto do ponto de vista financeiro, quanto em relao questo dos prazos.

    A vedao vertical de um edifcio, composta pelo vedo (normalmente executado emalvenaria), revestimentos e esquadrias, representa um percentual bastante considerveldos custos da construo.

    Pelo fato de estar relacionado a diversos outros sistemas construtivos, a execuo davedao em alvenaria um ponto crtico da construo. Atrasos na execuo da vedaogeram atrasos na execuo das instalaes e de todos os servios relacionados ao

    acabamento interno e externo do edifcio.

    Devido a estes fatos, o potencial de racionalizao deste subsistema est diretamenterelacionado ao potencial de racionalizao da construo, como um todo. a partirdesta analogia, que muitas construtoras comeam cada vez mais a se preocupar emaplicar o conceito de racionalizao na execuo da vedao, com utilizao dealvenaria modular.

    Este trabalho foi realizado, com o objetivo de dissertar a respeito do subsistema devedao vertical, dos conceitos de racionalizao construtiva e da possibilidade da sua

    aplicao na execuo da vedao em alvenaria.

    A fim de analisar a aplicabilidade do conceito e constatar os resultados, que podem defato ser obtidos com sua aplicao, um estudo de caso apresentado neste trabalho. A

    partir deste estudo possvel analisar todos os problemas, que podem ser encontrados erealizar uma anlise dos resultados obtidos, em relao aos esperados.

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    Abstract of undergraduate project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of therequirements for the degree of Engineer.

    Rationalization of the construction process of sealing vertical masonry

    Diego Vianna Pinto MarquesApril/2013

    Advisor: Prof. Eduardo Linhares QualhariniCourse: Civil Engineering

    The subsystem vertical seal is extremely important, if analyzed in a more global context

    of the construction of the project. This importance is evident both from a financialstandpoint and in relation to the various deadlines.

    The vertical seal of a building, composed by vedo (usually run in masonry), plasterand windows, represents a sizeable percentage of the construction costs.

    Because it is related to various other building systems, implementation of masonry sealis a critical point of construction. Delays in implementing the sealing generate overduefacilities and all services related to internal and external finishing of the building.

    Due to these facts, the potential for rationalization of this subsystem is directly relatedto the potential for streamlining the building as a whole. It is from this analogy thatmany builders get increasingly bothering to apply the concept of rationalization in theexecution of the seal, using modular masonry.

    This study was conducted with the aim of discourse about the sealing verticalsubsystem, the concepts of constructive rationalization and the possibility of itsapplication in the execution of the masonry fence.

    In order to analyze the applicability of the concept and see the results that can actually

    be achieved with its application, a case study is presented in this paper. From this studyis to analyze all possible problems which can be encountered and perform an analysis ofthe results obtained, compared to those expected.

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    SUMRIO

    1. APRESENTAO DA PESQUISA.....................................................................01

    1.1. Justificativa...........................................................................................................011.2. Objetivos...............................................................................................................02

    1.3. Introduo ao tema................................................................................................02

    2. CONTEXTUALIZAO DO TEMA...................................................................03

    2.1. Subsistema de vedao vertical.............................................................................03

    2.1.1.Conceito................................................................................................................03

    2.1.2.Classificaes........................................................................................................04

    2.1.3.Requisitos e desempenho......................................................................................062.1.4.Importncia econmica.........................................................................................08

    2.2. Racionalizao construtiva....................................................................................10

    2.2.1.Conceito................................................................................................................10

    2.2.2.Ferramentas para implantao...............................................................................12

    2.2.3.Aplicao etapa de projeto.................................................................................15

    2.2.4.Aplicao etapa de construo...........................................................................17

    2.2.5.Propsitos..............................................................................................................19

    2.3. Anlise dos custos da qualidade............................................................................20

    2.3.1.Conceito................................................................................................................20

    2.3.2.Classificao dos custos........................................................................................21

    2.3.3.Impacto dos custos no ciclo do produto................................................................23

    2.3.4.Relao entre as categorias de custos....................................................................24

    2.3.5.Desenvolvimento de um sistema de apropriao de custos para o processo

    construtivo de vedao..................................................................................................26

    2.4. Processos racionalizados de vedao vertical.......................................................27

    2.4.1.Paredes em gesso acartonado................................................................................28

    2.4.2.Alvenaria estrutural...............................................................................................31

    2.4.3.Parede de concreto................................................................................................34

    2.4.4.Steel frame............................................................................................................35

    2.4.5.Paredes de madeira................................................................................................37

    2.4.6.Vedao fotovoltaica.............................................................................................40

    2.4.7.Alvenaria em blocos de gesso...............................................................................42

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    2.5. Execuo de alvenaria racionalizada....................................................................44

    2.5.1.Conceito................................................................................................................44

    2.5.2.Materiais................................................................................................................46

    2.5.3.Equipamentos e ferramentas.................................................................................51

    2.5.4.Mo-de-obra..........................................................................................................59

    2.5.5.Projetos..................................................................................................................62

    2.5.6.Resultados esperados............................................................................................66

    3. ESTUDO DE CASO..............................................................................................67

    3.1. Descrio da obra...................................................................................................67

    3.2. Descrio do servio de alvenaria..........................................................................68

    3.2.1.Marcao...............................................................................................................70

    3.2.2.Elevao................................................................................................................73

    3.2.3.Fixao..................................................................................................................76

    3.2.4.Problemas encontrados..........................................................................................76

    3.3. Anlise dos resultados...........................................................................................80

    4. CONSIDERAES FINAIS.................................................................................82

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS............................................................................83

    REFERNCIAS ELETRNICAS..................................................................................85

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    LISTA DE FIGURAS:

    Figura 1 Sistema de execuo em drywall para execuo de shafts

    (Fotos tiradas pelo autor).................................................................................................31

    Figura 2 Montagem de painis OSB

    (Imagem retirada do site: feng.pucrs.br/professores/soares estruturas de madeira).....39

    Figura 3 Fechamento de paredes de madeira com painis OSB

    (Imagem retirada do site: feng.pucrs.br/professores/soares estruturas de madeira).....39

    Figura 4 Blocos modulares de largura 9 e 14 cm, normalmente usados em

    paredesinternas e externas respectivamente(Fonte: selectablocos.com.br)..............47

    Figura 5 Blocos compensadores de 4 centmetros(Fonte: selectablocos.com.br)...48

    Figura 6 Blocos meia-pea(Fonte: selectablocos.com.br).....................................48

    Figura 7 Blocos canaleta(Fonte: selectablocos.com.br)............................................48

    Figura 8 Telas metlicas para uso no encontro da estrutura com a alvenaria

    (Foto tirada pelo autor)....................................................................................................50

    Figura 9 Colher de pedreiro(Imagem retirada do site: paluzzi.com.br)...................52

    Figura 10 Bisnaga(Imagem retirada do site: inovarequipamentos.com.br)...............52

    Figura 11 Palheta(Imagem retirada do site: inovarequipamentos.com.br)................53

    Figura 12 Masseira de rodinhas

    (Imagem retirada do site: inovarequipamentos.com.br)..................................................53

    Figura 13 Escantilho(Imagem retirada do site: paluzzi.com.br).............................54

    Figura 14 Rgua de nvel (Imagem retirada do site: paluzzi.com.br)........................54

    Figura 15 Esquadro metlico(Imagem retirada do site: paluzzi.com.br).................55

    Figura 16 Prumo de face (Imagem retirada do site: mom.arq.ufmg.br)....................55

    Figura 17 Nvel alemo(Imagem retirada do site: inovarequipamentos.com.br)......56

    Figura 18 Trena(Imagem retirada do site: Inovarequipamentos.com.br)..................56Figura 19 Andaime(Imagem retirada do site: paluzzi.com.br)..................................57

    Figura 20 Gabarito de portas e janelas

    (Imagem retirada do site: inovarequipamentos.com.br)..................................................57

    Figura 21 Carrinho para transporte de blocos

    (Imagem retirada do site: inovarequipamentos.com.br)..................................................58

    Figura 22 Carrinho de mo

    (Imagem retirada do site: inovarequipamentos.com.br)..................................................58

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    Figura 23 Balde graduado

    (Imagem retirada do site: inovarequipamentos.com.br)..................................................59

    Figura 24 Planta de elevao de parede, com detalhes construtivos

    (Fonte: Planta da obra)....................................................................................................69

    Figura 25 Planta de elevao de parede, com detalhes construtivos

    (Fonte: Planta da obra)....................................................................................................69

    Figura26 Execuo da marcao da 1 fiada(Foto tirada pelo autor).....................72

    Figura 27 Elevao da alvenaria com passagem dos condutes entre os blocos

    (Foto tirada pelo autor)....................................................................................................75

    Figura 28 Elevao da alvenaria com utilizao do escantilho e da bisnaga para

    assentamento dos blocos(Foto tirada pelo autor).........................................................75

    Figura 29: rachadura no encontro alvenaria com estrutura

    (Foto tirada pelo autor)....................................................................................................78

    Figura 30: retrabalho incompatibilidade de projetos flex

    (Foto tirada pelo autor)....................................................................................................79

    Figura 31: Problemas para passagem conduites(Foto tirada pelo autor)..................79

    Figura 32: Incompatibilidade de projetos quebradeira(Foto tirada pelo autor)....80

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    LISTA DE GRFICOS:

    Grfico1 Capacidade de influenciar o custo do empreendimento em diversas

    etapas(OCONNOR e DAVIS, 1988)............................................................................12

    Grfico 2 Origem da energia eltrica do pas(Fonte: Balano energtico 2008)....40

    LISTA DE TABELAS:

    Tabela 1 Nmeros mdios da incidncia das falhas a nvel mundial

    (MESEGUER, 1991).......................................................................................................24

    Tabela 2 Nmeros mdios para a relao entre os custos no Brasil(GOVONI FILHO, 1989)................................................................................................25

    Tabela 3 Resultados obtidos em paredinhas

    (Fonte: documento tcnico 001-09/LTH/ITEP)..............................................................43

    Tabela 4 Anlise gerencial da obra, contendo durao do servio de alvenaria

    (Fonte: Anlise gerencial da obra)...................................................................................68

    Tabela 5 Durao efetiva dos servios de alvenaria

    (Fonte: Ordem de servio da obra)..................................................................................81

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    1. APRESENTAO DA PESQUISA

    1.1. Justificativa

    Com o atual cenrio da construo civil no pas, onde o aquecimento do mercado e a

    questo da Sustentabilidade so extremamente importantes e devem ser levados em

    considerao, a necessidade de se construir com boa qualidade, reduzindo-se os

    desperdcios torna-se fator essencial para a sobrevivncia das empresas.

    Tudo isto faz com que as empresas tenham que se adequar e, em alguns casos, at se

    reestruturar para conseguirem implantar novas metodologias construtivas.

    O conceito de racionalizao construtiva est diretamente relacionado a este cenrio

    de busca por produtos de qualidade, com reduo de desperdcios. ROSSO (1980)

    diz que racionalizar a construo significa agir contra os desperdcios de materiais e

    mo-de-obra e utilizar mais eficientemente o capital. De forma geral, racionalizar ,

    portanto, aplicar princpios de planejamento, organizao e gesto, visando eliminar

    a casualidade nas decises e obter evoluo na produtividade do processo.

    Considerando que a alvenaria , no somente, importante para as funes de vedao

    e compartimentao do edifcio, mas tambm pelo fato de estar interligada a outros

    subsistemas construtivos, como as instalaes eltricas e hidrulicas, ela uma

    ferramenta bastante importante, que se bem utilizada pode gerar bons resultados para

    a construo, como um todo.

    A realizao deste trabalho foi definida, portanto, baseada na ideia de discutir a

    racionalizao construtiva, sua aplicao no subsistema de vedao em alvenaria e os

    resultados que podem ser obtidos.

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    1.2. Objetivos

    Este trabalho tem como objetivos apresentar conceitos relacionados ao subsistema de

    vedao vertical, dissertar sobre todas as peculiaridades do processo, analisar os

    resultados esperados com a implantao do conceito de racionalizao na construocivil e utilizar conceitos relacionados qualidade e seus custos para chegar a

    concluses em relao aplicabilidade da racionalizao construtiva no subsistema

    de vedao vertical.

    1.3. Introduo ao tema

    A racionalizao de determinado sistema construtivo pode ser entendida, como aaplicao eficiente dos recursos em todas as atividades relacionadas a este sistema.

    Considerando que a alvenaria de vedao interfere em vrios outros subsistemas da

    edificao, como instalaes eltricas e de comunicao, instalaes hidrulicas,

    revestimento e acabamentos em geral, impermeabilizao e esquadrias, chega-se a

    concluso da importncia no s econmica deste subsistema, mas tambm da sua

    grande importncia em relao aos prazos de execuo dos demais servios da obra.

    A execuo de uma alvenaria de qualidade possibilita, portanto, ganhos

    considerveis em relao a prazos, o que pode significar boa economia financeira em

    uma obra bem administrada.

    Neste trabalho sero apresentados conceitos do subsistema de vedao vertical, da

    racionalizao construtiva e da anlise dos custos necessrios para obter produtos de

    qualidade.

    Tambm sero apresentados processos construtivos racionalizados de vedao, bem

    como tecnologias inovadoras, a fim de mostrar que com a quantidade de opes,

    atualmente, para executar a vedao, a execuo da alvenaria de forma racionalizada

    essencial.

    E, por fim, ser mais especificamente dissertado o tema de execuo racionalizada da

    alvenaria e ser apresentado um estudo de caso de uma obra, que implantou o

    conceito e apresentou problemas e resultados, que sero devidamente analisados.

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    2. CONTEXTUALIZAO DO TEMA

    2.1. Subsistema de vedao vertical

    2.1.1. Conceito

    A vedao vertical um subsistema construtivo, constitudo por elementos que

    definem, limitam e compartimentam o edifcio, que controlam a passagem de agentes

    atuantes, se portando, tambm, como isoladora acstica e trmica.

    Pode-se dizer que, basicamente, os elementos constituintes deste subsistema so:

    a) Vedo o elemento que caracteriza a vedao vertical;

    b) Revestimento elemento que possibilita o acabamento decorativo da

    vedao (incluindo o sistema de pintura neste elemento).

    c) Esquadria permite o controle de acesso aos ambientes;

    O vedo mais comum, utilizado no Brasil, realizado atravs da alvenaria de blocos

    cermicos, mas diversas outras opes podem ser utilizadas, como por exemplo,

    fechamento em drywall, paredes de concreto, dentre outras que sero apresentadas

    neste estudo.

    Para executar o revestimento externo, a fachada, divide-se o edifcio em panos, a fim

    de facilitar a execuo. J o revestimento interno realizado aps a execuo da

    parede (no caso da alvenaria, aps a elevao das fiadas e a fixao), com o objetivo

    de dar um bom acabamento.

    As esquadrias so, ento, instaladas com vidro aps a concluso do revestimento,

    completando assim a vedao vertical do edifcio.

    Termos bastante utilizados, relacionados ao subsistema de vedao so:

    a) Pano representa uma das faces do vedo;

    b) Parede o tipo de vedo mais utilizado, se autosuporta, monoltico

    e moldado no local, definitivo, pode ser exterior ou interno;

    c) Divisria vedo interno ao edifcio com a funo de subdividir o

    edifcio em diversos ambientes, geralmente leve e pode ser removido

    com mais facilidade.

    A vedao vertical tem funes, que podem ser divididas em principal e secundria.

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    A funo principal do subsistema criar condies de habitabilidade para o edifcio,

    protegendo os ambientes internos contra a ao indesejvel dos diversos agentes

    atuantes (calor, frio, sol, chuva, vento, umidade, rudos, intrusos), controlando-os.

    A funo secundria das vedaes verticais servir de suporte e proteo para ossistemas prediais. As instalaes so normalmente embutidas nas paredes.

    A importncia deste subsistema vai alm do que seu custo representa no custo total

    da obra, uma vez que as vedaes so caminho crtico da obra, determinam o

    potencial de racionalizao da produo e determinam grande parte do desempenho

    do edifcio, como um todo.

    Assim sendo, a vedao vertical pode ser estudada sobre diversos pontos de vista,bem como suas classificaes, seus requisitos funcionais e desempenho, sua

    importncia econmica, entre outros.

    2.1.2. Classificaes

    DUEAS PEA (2003) classifica as vedaes verticais da seguinte forma:

    2.1.2.1. Quanto funo que desempenha no conjunto do edifcio

    a) Envoltria externa proteo lateral contra ao de agentes externos;

    b) De compartimentao interna diviso entre ambientes internos;

    c) De separao divisria entre unidades e rea comum.

    2.1.2.2. Quanto tcnica de execuo empregada na produo de vedaes

    a) Por conformao vedaes verticais elevadas no prprio local, com

    emprego de gua, denominada usualmente de construo mida.Trata-se de vedaes em alvenaria ou de painis moldados no local;

    b) Por acoplamento a seco montagem sem a necessidade de gua.

    Trata-se de vedaes produzidas com painis leves;

    c) Por acoplamento mido Utilizao de argamassa. Trata-se de

    vedaes produzidas com elementos pr-moldados ou pr-fabricados

    de concreto.

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    2.1.2.3. Quanto mobilidade (facilidade de remoo do local)

    a) Fixas vedaes imutveis. Recebem o acabamento no local;

    b) Desmontveis vedaes passveis de serem montadas com pouca

    degradao;

    c) Removveis vedaes passveis de serem desmontadas facilmente.

    Trata-se de elementos totalmente modulares;

    d) Mveis divisrias empregadas na simples compartimentao dos

    ambientes.

    2.1.2.4.Quanto densidade superficial

    a) Leves vedaes verticais no estruturais, de densidade superficial

    baixa, sendo o limite convencional de aproximadamente 100 Kg/m;

    b) Pesadas vedaes que podem ser estruturais ou no, com densidade

    superficial superior a aproximadamente 100 kg/m.

    2.1.2.5. Quanto estruturao

    a) Estruturadas Vedaes que necessitam de uma estrutura reticular de

    suporte dos componentes da vedao, como por exemplo, painis de

    gesso acartonado;

    b) Auto suportante No necessitam de uma estrutura de suporte dos

    componentes da vedao, como todos os tipos de alvenaria;

    c) Pneumticas Vedaes verticais sustentadas a partir da injeo de ar

    comprimido. Como exemplo, so os galpes em lona.

    2.1.2.6. Quanto continuidade do panoa) Monolticas quando a absoro dos esforos transmitidos vedao

    feita por todo o conjunto dos elementos. Por exemplo: alvenaria.

    b) Modulares quando a absoro dos esforos transmitidos vedao

    feita pelos componentes de modo individual, em funo da existncia

    de elementos de juntas, como por exemplo, no caso dos painis de

    gesso acartonado.

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    2.1.2.7. Quanto ao acabamento

    a) Com revestimento incorporado vedaes verticais que so

    posicionadas j com acabamento. Por exemplo: painis pr-moldados

    de concreto com prvia aplicao de cermica;

    b)

    Com revestimento posteriori vedaes verticais que so

    executadas em seus lugares definitivos, sem a aplicao prvia de

    revestimentos. Por exemplo: alvenaria e painis de gesso acartonado;

    c) Sem revestimento vedaes que no necessitam da aplicao de

    revestimentos. Recebem no mximo uma pintura. Caso de alguns

    tipos de alvenaria, cujas caractersticas lhe garantem estanqueidade.

    2.1.2.8. Quanto continuidade superficial

    a) Descontnuas nos casos em que as juntas entre componentes ficam

    aparentes;

    b) Contnuas nos casos em que as juntas no so aparentes.

    2.1.3. Requisitos e desempenho

    Este subsistema possui uma srie de requisitos funcionais, que devem ser analisados,de acordo com as necessidades dos clientes.

    As seguintes propriedades devem ser analisadas, na hora de se optar pelo material a

    ser utilizado na vedao:

    a) Desempenho trmico;

    b) Desempenho acstico;

    c)

    Estanqueidade gua;d) Controle da passagem de ar;

    e) Proteo e resistncia contra a ao do fogo;

    f) Desempenho estrutural em alguns casos;

    g) Controle de iluminao (natural e artificial) e raios visuais

    (privacidade);

    h) Durabilidade;

    i) Custos iniciais e de manuteno;

    j) Padres estticos e de conforto visual;

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    k) Facilidade de limpeza e higienizao.

    A escolha do tipo de vedao a ser empregada depende dos requisitos, que a mesma

    deve atender.

    A vedao externa possui uma srie de requisitos diferentes da vedao interna,

    portanto nem sempre a melhor opo para vedao externa ser tambm melhor para

    vedao interna.

    Na hora de escolher o processo construtivo de vedao a ser utilizado no

    empreendimento, o construtor analisa alguns outros requisitos, como custo, prazo e

    emprego da mo-de-obra.

    O fato que no h um processo construtivo melhor do que os outros. O que existe

    so condies mais apropriadas para cada tipo de processo, de acordo com todos os

    requisitos supracitados, aliado claro a questo financeira, que no pode nunca ser

    deixada de lado.

    A vedao vertical contribui decisivamente para o desempenho do edifcio. parte

    fundamental da construo para garantir bons isolamentos trmico e acstico, bem

    como estanqueidade gua e controle da passagem de ar, alm de proteo e

    resistncia contra ao do fogo.

    Os requisitos de desempenho so exigidos em maior ou menor grau de intensidade,

    conforme a posio que a vedao ocupa no edifcio.

    A resistncia trmica, por exemplo, depende do coeficiente de condutibilidade

    trmica, proveniente da natureza do material, ndice de vazios e umidade. Alm

    disso, necessrio analisar a espessura da parede.

    A necessidade de isolamento trmico em paredes internas muito menor do que nas

    paredes externas.

    Em relao questo acstica, paredes divisrias (internas) devem garantir

    privacidade e impedir que rudos gerados em ambientes especficos atrapalhem as

    atividades em outros ambientes.

    Relativo fachada (paredes externas), necessrio que a vedao bloqueie grandeparte dos sons a que o empreendimento est exposto.

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    Os fatores que interferem na isolao acstica so o material, a espessura, o formato,

    as vinculaes, a massa e textura superficiais.

    Outra questo que tem grande importncia a estanqueidade gua das paredes. A

    penetrao de gua da chuva pode gerar graves consequncias na sanidade ehabitabilidade das edificaes e na durabilidade dos materiais.

    Se houver problema de penetrao de gua nas paredes, a recuperao bastante

    onerosa. Os principais fatores, que devem ser analisados em relao estanqueidade

    gua das paredes, so:

    a) Caractersticas dos materiais permeabilidade, porosidade e

    capilaridade dos materiais, o formato (oco ou continuidade da faceexterna para a face interna) e a tcnica executiva, com assentamento

    em dois cordes, aderncia do bloco-argamassa e preenchimento das

    juntas;

    b) Proteo da fachada condies de exposio, revestimento

    adequado, criao de ressaltos e descontinuidade para descolar a

    lmina, pingadeiras, beirais e paredes duplas;

    c) Impedir a entrada da gua espessura da parede, aderncia e

    selamento das juntas e frisamento correto da junta.

    As paredes devem, tambm, atender aos requisitos de desempenho relacionados

    resistncia ao fogo e demais agentes.

    Todos estes requisitos funcionais e de desempenho devem ser analisados pela

    construtora, que tambm ter que analisar a questo financeira, pois este subsistema

    tem grande importncia econmica na construo do empreendimento.

    2.1.4. Importncia econmica

    Em uma composio do vedo + esquadrias + revestimentos, calcula-se que, em

    mdia, os custos atinjam 20% do total da construo.

    A parcela de custo somente do vedo no oramento de um edifcio convencional gira

    em torno de 4 a 6% do custo total da obra.

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    Porm estes nmeros podem acabar aumentando consideravelmente, pelo simples

    fato de grande parte das construtoras no realizarem um processo construtivo

    racionalizado.

    O investimento em projetos de marcao e elevao de alvenaria, por exemplo,poderiam reduzir consideravelmente o desperdcio de materiais, que ocorre no

    quebra-quebra de blocos cermicos.

    Isto sem falar no desperdcio de mo-de-obra que se tem no s para refazer servios

    j executados, mas tambm para limpar o entulho gerado.

    O mesmo ocorre em todos os outros diversos tipos de processos construtivos do

    subsistema de vedao vertical. No havendo projetos bem executados, apossibilidade de que aconteam problemas durante a execuo da vedao e,

    consequente, aumento nos custos bastante considervel.

    Alm de projetos bem definidos, a mo-de-obra qualificada tambm fundamental

    para evitar a m execuo da alvenaria, os retrabalhos e consequente aumento nos

    custos do subsistema. Para tal, necessrio investir no treinamento dos funcionrios.

    Independente da escolha do tipo de vedao fundamental a existncia de projetos

    de execuo e mo-de-obra qualificada para que o processo construtivo de vedao

    vertical no exceda os custos considerados ideais para uma construo convencional.

    No adianta tentar reduzir os custos, contratando mo-de-obra desqualificada e

    barata ou material de baixa qualidade, pois alm da importncia da questo

    financeira, fundamental que as vedaes verticais respeitem os requisitos de

    desempenho do edifcio.

    a partir desta ideia, que o conceito de racionalizao vem ganhando cada vez mais

    fora no mercado, uma vez que a qualidade e a questo financeira andam lado a lado.

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    2.2. Racionalizao construtiva

    2.2.1. Conceito

    Com o aumento da competitividade do mercado da construo civil, as empresas

    tm que buscar solues para enfrentar os desafios relacionados com a qualidade do

    produto, os custos de construo e o valor de venda.

    A racionalizao, por suas caractersticas, uma alternativa mais prxima realidade

    da indstria da construo civil do que outras intervenes mais radicais, como a

    industrializao, por exemplo.

    Vrios autores conceituam a racionalizao construtiva. TRIGO (1978) entende

    como o conjunto de aes tendentes ao aumento de rendimento do setor em

    conjunto e de cada uma das tarefas a realizar em particular.

    Para TESTA (1972), as aes ligadas racionalizao construtiva so baseadas no

    esforo para o aumento do desempenho e produtividade, pela aplicao de todas as

    possveis medidas para incrementar a produo, para garantir a melhor utilizao de

    materiais, equipamentos e mo-de-obra, no canteiro de obras e no processo de

    produo.

    A racionalizao sendo vista como uma ferramenta da industrializao a opinio de

    SABBATINI (1989). Este mesmo autor define racionalizao construtiva um

    processo composto pelo conjunto de todas as aes, que tenham por objetivo

    otimizar o uso de recursos materiais, humanos, organizacionais, energticos,

    tecnolgicos, temporais e financeiros disponveis na construo em todas as suas

    fases.

    A partir dos conceitos dos trs autores, podemos chegar concluso que a

    racionalizao construtiva pode ser analisada tanto de forma mais ampla, analisando

    todas as etapas do empreendimento, quanto de uma forma mais restrita, analisando

    apenas a otimizao de determinados setores.

    Como a construo civil um mercado bastante conservador, muitas empresas

    procuram se apegar mais viso mais restrita e com resultados imediatos da

    racionalizao de determinados processos construtivos.

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    Tendo uma viso mais ampla de todo o processo, para atingir os resultados esperados

    com a racionalizao de processos construtivos, necessrio que haja interligao de

    vrios recursos e setores desde o estudo de viabilidade do empreendimento at a

    entrega do apartamento, o que acarretaria em um aporte financeiro inicial maior.

    Independente da viso mais ou menos ampla, o fato que a racionalizao

    construtiva depende de investimentos iniciais para que haja otimizao de recursos e

    servios.

    Para implantar tecnologias construtivas racionalizadas, h alguns pontos de atuao

    nas empresas, segundo BARROS (1996). Dentre estes pontos, podemos destacar o

    controle da produo, documentaes, projetos, recursos humanos e suprimentos.

    A documentao deve conter as formas mais eficientes do emprego de cada

    tecnologia.

    A gesto adequada de recursos humanos e suprimentos fundamental para permitir a

    implantao de tecnologias inovadoras. Investimentos em treinamento e

    especializao da mo-de-obra, em materiais e ferramentas so fundamentais para

    que o processo de racionalizao atinja os resultados esperados.

    O estabelecimento de processos de controle da produo, por sua vez, possibilita a

    continuidade, ao longo do tempo, do sucesso da implantao das tecnologias

    inovadoras.

    O projeto merece destaque especial, j que o principal articulador e indutor de

    todas as aes, organizando e garantindo a eficincia no emprego de determinada

    tecnologia para cada processo construtivo.

    As decises de projeto tm grande capacidade de influenciar decisivamente os custos

    finais do empreendimento.

    OCONNOR E DAVIS (1988) resolveram representar graficamente a capacidade de

    influncia no custo de diversas etapas do empreendimento.

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    Grfico 1: Capacidade de influenciar o custo do empreendimento em diversas etapas (OCONNOR e DAVIS, 1988).

    J nos primeiros momentos do projeto, atravs de uma sistemtica de coordenao

    entre todos os profissionais envolvidos nos projetos do empreendimento, a fim de

    compatibiliz-los, com o objetivo de se explorar da melhor forma possvel os

    recursos disponveis, possvel se iniciar a execuo da racionalizao construtiva.

    Um sistema de construo racionalizado depende da integrao e compatibilizao

    entre os projetos pr-executivos e executivos de diversos subsistemas, que esto

    interligados.

    No caso do processo construtivo de alvenaria racionalizada, por exemplo,

    necessrio que haja tanto projetos de marcao e elevao das paredes, como

    projetos compatibilizados de instalaes hidrosanitrias e eltricas, alm da execuo

    adequada da estrutura do empreendimento.

    H algumas ferramentas para implantar a racionalizao construtiva, tanto na etapa

    do projeto, quanto na etapa da construo.

    2.2.2. Ferramentas para implantao

    Muitas medidas de racionalizao construtiva baseiam-se na aplicao de princpios,

    que visam o aumento do nvel organizacional dos empreendimentos.

    Estes princpios constituem-se em ferramentas bsicas, que orientam as decises, em

    todo o processo de produo do empreendimento, que vai desde a concepo dos

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    projetos ao planejamento e organizao da execuo. Dentre estes princpios, pode se

    destacar os seguintes:

    1. Construtibilidade;

    2.

    Desempenho;3. Garantia da qualidade.

    2.2.2.1. Construtibilidade

    A Construtibilidade basicamente vista como uma ferramenta que pode garantir a

    melhor utilizao possvel dos recursos da construo.

    Esta ferramenta pode ser obtida ainda na fase de projetos. Para OCONNOR E

    TUCKER (1986), a Construtibilidade entendida como a habilidade das condies

    do projeto permitir a tima utilizao dos recursos da construo. Uma classificao

    das aes para implementao da Construtibilidade tambm foi proposta por estes

    autores. Dentre as aes, distinguem-se:

    a) Orientao do projeto execuo;

    b) Comunicao efetiva das informaes tcnicas;

    c) Otimizao da construo, com a gerao de tcnicas construtivas;

    d) Recursos efetivos de gerenciamento e normalizao;

    e) Melhoria dos servios dos empreiteiros;

    f) Retorno do construtor ao projetista.

    Uma definio mais completa do conceito da Construtibilidade foi feita pelo

    Construction Industry Institute, como o uso otimizado do conhecimento das

    tcnicas construtivas e da experincia nas reas de planejamento, projeto, contratao

    e da operao em campo para se atingir os objetivos globais do empreendimento.De acordo com esta definio, portanto, todos os profissionais envolvidos com a

    execuo e com a elaborao dos projetos so muito importantes.

    A implantao deste conceito proporciona muitos benefcios, como a diminuio das

    tarefas na construo, a diminuio das dificuldades durante a construo, o

    reconhecimento das limitaes e prticas locais, a melhoria dos mtodos construtivos

    e da tecnologia, dentre outros. E para que tudo isto seja possvel, fundamental a

    melhoria de coordenao entre os projetistas e os construtores.

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    2.2.2.2. Desempenho

    A aplicao deste conceito auxilia na seleo, tanto de detalhes e tcnicas

    construtivas mais eficientes e adequadas produo da construo, como garante a

    adequao das habitaes produzidas s necessidades dos usurios.

    O conceito de desempenho foi definido pelo Conseil International du Btiment

    (CIB, 1975), como sendo o comportamento de um produto de utilizao.

    No Brasil, j h a Norma de Desempenho (NBR 15.575). Esta norma um

    importante instrumento para o consumidor exigir maior qualidade das obras. Com o

    passar do tempo e todas as definies a respeito da norma de desempenho, o

    consumidor se sentir totalmente respaldado para exigir produtos de qualidade.

    2.2.2.3. Garantia da qualidade

    A aplicao dos conceitos Qualidade total e Gesto da Qualidade no setor da

    construo civil cada vez maior.

    A ISO (International Organization for Standardzation) define qualidade, como sendo

    as caractersticas do produto que atendem s necessidades explcitas ou implcitas

    dos clientes, proporcionando, portanto, satisfao.

    A qualidade total na construo civil interpretada, como uma interao entre

    projeto e construo, na qual fazem parte os subcontratados e fornecedores.

    A Gesto da Qualidade na construo civil, por sua vez, entendida na viso de

    VALLAGE (1989) como sendo todos os procedimentos necessrios para a obteno

    de um produto em conformidade com a demanda inicial. Estes procedimentos so

    tanto de ordem metodolgica, como humana.

    A aplicao da Gesto da Qualidade implica numa mudana organizacional do

    empreendimento, resultando na diminuio de esforos, desperdcios e retrabalhos e,

    consequentemente, de custos e prazos de execuo.

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    2.2.3. Aplicao etapa de projeto

    A qualidade do projeto condio necessria para a implantao de uma poltica de

    racionalizao em qualquer que seja o processo construtivo.

    Entretanto, implementar a qualidade nos projetos no das tarefas mais simples.

    necessria a criao toda uma nova estrutura de desenvolvimento dos mesmos,

    facilitando assim a obteno de todo o potencial de racionalizao presente nesta

    etapa.

    A partir da, se destaca a importncia de uma eficaz e eficiente coordenao dos

    projetos, para que os mesmos sejam elaborados de forma a atender aos objetivos do

    empreendimento, proporcionando ento, fase de execuo toda a qualidade eeficincia esperadas.

    Segundo FRANCO (1992), dentre os inmeros objetivos da coordenao de projetos,

    pode-se destacar:

    a) Garantir a perfeita comunicao entre todos os participantes da etapa

    dos projetos;

    b) Coordenar o processo, de forma a solucionar eventuais interferncias

    entre as partes dos projetos elaboradas por distintos projetistas;

    c) Permitir uma adequada comunicao e troca de informaes entre os

    integrantes de todas as etapas do empreendimento;

    d) Conduzir as decises a serem tomadas no desenvolvimento do

    projeto;

    e) Garantir a coerncia entre o modo de produo e o produto projetado;

    f) Controlar as etapas de desenvolvimento do projeto, de forma que este

    seja executado em consonncia com as especificaes e requisitos

    previamente definidos, incluindo custos, prazos e especificaes

    tcnicas.

    A clara definio dos requisitos iniciais, com o estabelecimento das necessidades e

    condicionantes bsicos do projeto, associados a uma metodologia eficiente de

    coordenao, complementada por uma sistemtica adequada de controle, conduzir

    ento, a uma grande possibilidade de sucesso no desenvolvimento desta etapa.

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    A coerncia das reais condies da etapa de execuo com o desenvolvimento dos

    projetos aspecto fundamental para que seja possvel obter a racionalizao

    construtiva. A facilidade de execuo, assimilao e aprendizagem das tcnicas

    propostas em projeto deve ser o objetivo a ser alcanado nesta etapa inicial.

    O processo construtivo de vedao vertical com alvenaria racionalizada deve possuir

    uma srie de diretrizes em seu projeto, dentre as quais, cita-se:

    a) A integrao entre o projeto arquitetnico e estrutural ponto

    primordial para a racionalizao deste processo construtivo. O ideal

    que a equipe de projetistas, responsvel pelo projeto de arquitetura,

    consulte uma equipe de engenheiros de obra, para chegarem a um

    consenso sobre questes que podem atrapalhar a execuo da vedao

    em alvenaria;

    b) A integrao entre o projeto de vedao com os projetos

    hidrosanitrios, eltrico, dentre outros, tambm fundamental para

    que o processo seja racionalizado;

    c) A coordenao modular e dimensional, que tornam o processo

    favorvel implantao de medidas de racionalizao. Desta forma,

    so introduzidos procedimentos padronizados na execuo e aumenta-

    se a preciso com que se produz a obra.

    O projeto no deve ser encarado como finalidade, mas sim como meio de se atingir

    um bom resultado na execuo da construo.

    Pode-se dizer que o objetivo dos projetistas ser atingido quando os profissionais da

    rea de execuo so capacitados para conceber, alm do produto, o seu processo de

    produo. Mas a aplicao de medidas de racionalizao depende da perfeitadefinio da execuo das tarefas, pois nelas esto embutidos conceitos ligados

    Construtibilidade.

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    2.2.4. Aplicao etapa de construo

    nesta fase que se d o maior investimento de recursos materiais e humanos e, por

    isto, a obteno de resultados uma atividade crtica.

    As medidas de racionalizao construtiva visam principalmente organizao da

    atividade produtiva, atravs da implementao de princpios muitas vezes j

    empregados tradicionalmente em outros setores industriais. Dentre as medidas

    propostas para a implantao da racionalizao, segundo FRANCO (1992),

    destacam-se:

    1. A organizao do processo de produo necessita de medidas como:

    a.

    A criao de uma infraestrutura bsica eficiente para o canteirode obras;

    b. A definio das tcnicas e mtodos de produo;

    c. A elaborao de um planejamento e programao eficientes na

    execuo das atividades;

    d. A elaborao de uma sistemtica de controle da qualidade da

    produo, baseada na padronizao dos mtodos e tcnicas

    produtivas, atravs de procedimentos.

    2. A motivao e, principalmente, treinamento dos operrios envolvidos

    com a produo fundamental para o xito da racionalizao do

    processo.

    3. A padronizao das tcnicas construtivas tem como objetivo buscar a

    forma mais eficiente de desenvolvimento de uma atividade. A

    padronizao serve como base para demais aes que tero como

    objetivo aumentar a racionalizao dos processos construtivos,

    durante a fase de execuo.

    4. O aumento da produtividade pode ser obtido com a diminuio da

    complexidade e o aumento da continuidade das tarefas a serem

    executadas no canteiro de obras;

    5. O controle da produo a ferramenta bsica para se garantir que os

    procedimentos e projetos de execuo sejam aplicados de forma

    coerente, aumentando, portanto, a probabilidade de obteno dos

    resultados esperados.

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    6. O controle da qualidade no pode ser considerado apenas como

    ferramenta de verificao. Este tem que ser visto como ferramenta de

    gesto do processo de produo, que permite correes de rumo e

    alteraes, sempre que necessrias, a fim de otimizar a produo.

    A organizao da etapa da produo diretriz essencial para a evoluo tecnolgica

    na construo civil. Esta evoluo deve acontecer atravs da melhoria da qualidade

    dos processos e produtos.

    Uma mudana de mentalidade e atitude diante de procedimentos j tradicionais ,

    tambm, fundamental para que a racionalizao construtiva seja aplicada, j que para

    atingir o objetivo, necessrio que sejam aplicadas novas tcnicas e conceitos.

    Para introduzir medidas de racionalizao de processos produtivos, tem-se que

    desenvolver trabalho prvio de treinamento e de conscientizao. Desta forma, ser

    possvel aumentar a produtividade, o desempenho e a qualidade do processo

    construtivo.

    A organizao adequada do canteiro de obras outro ponto fundamental para que a

    racionalizao construtiva seja implantada. O arranjo das reas de estoque e

    produo deve ser bem analisado para que minimize as interferncias ao trabalho das

    partes envolvidas. Instalaes provisrias adequadas tambm so fundamentais para

    que os operrios tenham maior conforto na hora de trabalhar, possibilitando desta

    forma um aumento de produtividade em diversos processos construtivos.

    Com objetivo de aumentar a produtividade dos servios, necessrio que se

    modifique alguns procedimentos construtivos, a fim de incorporar os princpios de

    simplificao e organizao exigidos pela racionalizao construtiva.

    No caso da racionalizao do processo construtivo de vedao em alvenaria, h

    vrios procedimentos e equipamentos a serem utilizados com efeito de

    racionalizao durante a etapa de produo. Dentre os quais, cita-se:

    a) Utilizao de linha de nilon para demarcar o eixo, facilitando assim o

    processo de marcao;

    b) Carrinho para transporte dos blocos;

    c)

    Cavaletes e andaimes metlicos desmontveis;

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    d) Escantilho e galgas;

    e) Caixote de argamassa;

    f) Rgua de nvel e prumo;

    g) Utilizao de bisnaga para acelerar o processo de colocar argamassa

    junto aos blocos;

    h) Uso de vergas e contra-vergas pr-moldadas, definindo vos de

    janelas e portas;

    i) Modificao da sequncia de procedimentos tradicionais, como

    embutimento das instalaes.

    As alteraes efetuadas no processo de construo possuem reflexos imediatos na

    obra, no s em questo de prazos, mas tambm quanto a desperdcios de mo-de-obra, de materiais e etc.

    2.2.5. Propsitos

    A Utilizao de princpios racionalizadores permite a evoluo contnua dos

    diversos processos construtivos, elevando-os a um maior nvel de eficincia no

    aproveitamento de recursos disponveis.

    Estes recursos podem ser materiais, humanos, organizacionais e etc. Analisando o

    dia-dia das obras, percebe-se que a escassez destes recursos supracitados existe e

    sempre um problema a ser resolvido. Portanto, a implementao de medidas

    racionalizadoras tem como propsito ajudar a resolver estas questes.

    A questo de evoluo contnua outro propsito que no pode ser deixado de lado

    nos dias de hoje. No adianta encontrar solues e se acomodar. necessrio sempre

    estar em busca de novas tcnicas e medidas racionalizadoras.

    A implementao de novas tcnicas e inovaes tecnolgicas deve estar baseada em

    anlises feitas atravs de metodologias cientficas, fundamentadas em critrios como

    Construtibilidade e desempenho, para que se por um lado, permitam transpor as

    barreiras de produtividade e custo, por outro, garantam o funcionamento adequado e

    o atendimento das expectativas dos usurios das habitaes.

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    Diversas experincias realizadas a fim de testar tcnicas racionalizadas de construo

    indicam que o caminho da racionalizao construtiva o mais adequado para a

    evoluo da construo em diversas situaes, visto que cada vez mais a exigncia

    em relao qualidade maior.

    O cliente conhece seus direitos, sabe o que bom e no aceita mais qualquer coisa.

    Desta forma, as construtoras tm que conviver com o dilema de garantir a qualidade,

    sem exagerar nos gastos.

    A seguir segue breve apresentao da anlise dos custos da qualidade, que

    representam os custos para garantir um produto final com qualidade.

    2.3. Anlise dos custos da qualidade

    2.3.1. Conceito

    A anlise dos custos da qualidade um importante instrumento gerencial para a

    conscientizao da importncia da busca da qualidade na construo civil.

    Funciona como uma espcie de medidor de desempenho e produtividade.

    Esta anlise deve ser utilizada para demonstrar a todos os participantes da obra que o

    investimento em qualidade no s traz status a empresa e ao empreendimento, mas

    tambm traz resultados bastante significativos no aspecto financeiro.

    Os custos da qualidade, quando bem administrados, permitem que as construtoras

    reprogramem seus esforos nas etapas de planejamento, projeto ou mesmo na

    construo.

    Como premissa fundamental da racionalizao construtiva, a qualidade dos servios

    e produtos, quando analisada atravs dos custos, pode demonstrar que os processos

    construtivos racionalizados representam, de fato, boas solues em relao questo

    financeira.

    Os custos da qualidade podem ser definidos, de forma geral, como Total de perdas

    com a no qualidade, acrescidas dos custos das aes para evit-las.

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    2.3.2. Classificao dos custos

    De forma geral, de acordo com TOWNSEND (1991), os custos da qualidade podem

    ser divididos em:

    1. Custos de preveno;

    2. Custos de avaliao;

    3. Custos das falhas.

    2.3.2.1. Custos de preveno

    So os custos relativos s atividades desenvolvidas para prevenir defeitos em

    projetos, mo-de-obra e diversos outros intervenientes inerentes ao incio e criaode um produto ou servio.

    Como exemplo de custos de preveno, cita-se:

    a) Engenharia da qualidade: custos relacionados ao sistema da qualidade

    do produto, elaborao dos planos da qualidade, procedimentos

    executivos e etc.;

    b) Reviso do planejamento: custos ligados conferncia dos estudos e

    planejamento do empreendimento;

    c) Reviso de projeto: custos com a conferncia de projetos para a

    confeco de produto ou prestao de servio;

    d) Estudo de especificaes e requisitos: relacionados aos estudos

    preliminares, reunies com clientes e fornecedores;

    e) Garantia da qualidade dos fornecedores: custos com a verificao do

    sistema da qualidade de todos os fornecedores envolvidos com os

    diversos servios;

    f) Aferio, calibrao e manuteno de equipamentos a serem

    utilizados nas verificaes de servios e ensaios;

    g) Treinamento de equipes para obteno da qualidade do produto.

    2.3.2.2. Custos de avaliao

    So os custos relativos s atividades desenvolvidas para verificar se os produtosesto de acordo com os requisitos especificados.

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    Dentre os diversos custos de avaliao, pode-se citar:

    a) Inspeo de recebimento: todos os custos com ensaios e verificaes,

    a fim de se avaliar a qualidade dos materiais e equipamentos, alm de

    servios que esto incorporados ao produto final;b) Inspeo durante a produo: custos relativos a ensaios e pessoal para

    realizar o controle da qualidade ainda durante a produo;

    c) Materiais para inspeo: materiais consumidos ou produtos destrudos

    para efetuar o controle da qualidade;

    d) Auditorias do produto: todos os custos relativos a auditorias na

    produo ou produto acabado;

    e)

    Ensaios de desempenho no campo;f) Aferio, calibrao e manuteno de equipamentos usados para

    avaliar a qualidade.

    2.3.2.3. Custos das falhas

    So os custos relativos aos produtos e servios j executados e considerados em

    desacordo com os requisitos especificados, incluindo-se os aspectos relativos ao

    desempenho.

    Os custos das falhas esto divididos em dois grupos:

    1. Falhas internas quando a falha detectada antes do produto ser

    entregue ao cliente. Como exemplo, pode-se citar:

    a. Refugos: produto ou servio executado e inutilizado;

    b. Retrabalhos: ter que refazer determinado produto ou servio

    que no ficou de acordo com o esperado ou necessitando dereparos;

    c. Anlise de problemas: estudos e anlises necessrias para

    detectar as causas das falhas ou para determinar

    procedimentos de reparo;

    d. Retestes, reinspeo e reauditoria em produtos

    reparados;

    e.

    Tempo de espera aguardando reparos.

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    2. Falhas externas quando a falha somente detectada aps o produto

    ou servio ser entregue ao cliente. Como exemplo, pode-se citar:

    a. Reclamaes: produtos que requerem reparo, detectado atravs

    de reclamao do cliente;

    b. Assistncia tcnica: segmento da empresa especfico para esta

    atividade sana deficincias de produto, diretamente no cliente;

    c. Responsabilidade legal: reclamao do cliente na justia,

    envolvendo custos legais alm de todos aqueles j

    supracitados.

    2.3.3. Impacto dos custos no ciclo do produto

    O mercado da construo civil um mercado de extrema complexidade, que envolve

    uma enorme quantidade de recursos financeiros e humanos (mo-de-obra).

    Considerando isto, muitos especialistas comearam a estudar o impacto dos custos

    no ciclo do produto da construo civil.

    Diversos processos construtivos so alvo destes estudos. O subsistema de vedao

    em alvenaria uma destas reas constantemente analisadas, pelo fato deste processo

    construtivo estar interligado a diversos outros.

    Estes estudos apontam a falha na etapa de projetos, como a responsvel pela maior

    repercusso nos custos da qualidade de determinado empreendimento.

    Segundo MESEGUER (1991), considerando nmeros mdios, a incidncia a nvel

    mundial de falhas durante o ciclo produtivo da construo civil ocorre:

    CAUSAS MDIA (%)

    Falhas em projetos 40 a 45

    Falhas na execuo 25 a 39

    Falhas por materiais 15 a 24

    Falhas por uso 10

    Outras falhas 05

    Tabela 1: Nmeros mdios da incidncia das falhas a nvel mundial (MESEGUER, 1991).

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    Cada uma destas falhas traz diferentes consequncias ao custo final do

    empreendimento.

    Normalmente, a incidncia de falhas ainda na fase de projeto possui alta influncia

    no resultado do produto final, porm baixo custo para que sejam corrigidas ainda noincio. Entretanto, na medida em que a falha vai sendo carregada para as etapas

    seguintes de construo e utilizao do empreendimento, este custo vai crescendo

    consideravelmente.

    Portanto, deve-se considerar de extrema importncia corrigir eventuais falhas de

    projeto ainda nesta fase. A maioria das falhas nesta etapa decorrente de uma falta

    de coordenao entre todos os participantes da criao dos projetos.

    2.3.4. Relao entre as categorias de custos

    Com um levantamento dos custos da qualidade, deve-se realizar avaliao das metas

    estabelecidas em relao aos resultados obtidos.

    Para estabelecer a meta a ser alcanada com o levantamento dos custos da qualidade,

    necessrio analisar a relao entre as categorias de custos presentes no processo

    construtivo do empreendimento.

    Quanto menores forem os custos em preveno, maiores sero os custos das falhas.

    Os investimentos em estudos, projetos bem executados, tecnologias construtivas

    racionalizadas servem para que se reduzam consideravelmente os custos com

    retrabalhos.

    S deve reduzir os investimentos em preveno, no momento em que o sistema daqualidade j esteja implantado, os itens de controle estejam sendo praticados e todo o

    processo esteja caminhando de uma forma que os outros custos no sero to

    elevados.

    Os investimentos em avaliao tambm so muito importantes para que se consiga

    reduzir os custos de falhas.

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    Ao contrrio do que acontece em relao aos investimentos em preveno, a

    avaliao no consegue eliminar os custos com falhas internas, j que acusar a falha

    e esta ser corrigida.

    Mas assim como os custos de preveno, os investimentos em avaliao reduzemdrasticamente os custos com falhas externas. Isto porque os problemas so

    detectados ainda em tempo de serem corrigidos.

    No Brasil, em geral alguns estudos, apresentam os seguintes nmeros mdios para o

    inter-relacionamento entre os custos da qualidade:

    CUSTOS % MDIA

    Preveno 02

    Avaliao 25

    Falhas internas 63

    Falhas externas 10

    Tabela 2: Nmeros mdios para a relao entre os custos no Brasil (GOVONI FILHO, 1989).

    A partir desta tabela, possvel perceber a relao entre os baixssimos investimentos

    em preveno e os elevados custos com falhas.

    Os custos com controle da qualidade, ou seja, com avaliao so relativamente altos.

    Isto mostra que as construtoras tm a preocupao de no ter elevados custos com

    falhas externas.

    Os elevados custos de falhas internas so resultado direto do baixo investimento em

    preveno e dos elevados custos com avaliao, que elevam cos custos de retrabalho

    antes do produto chegar ao cliente, reduzindo proporcionalmente os custos com

    problemas aps o produto final ser entregue.

    Em uma relao direta com a questo da vedao vertical em alvenaria, pode-se fazer

    a seguinte anlise:

    a) Os custos de preveno seriam o investimento em projetos, o

    treinamento da mo-de-obra, a aquisio de equipamentos adequados;

    b) Os custos de avaliao seriam o investimento em ensaios, verificaes

    de servios;

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    c) Os custos de falhas seriam os retrabalhos, com destruio da parede,

    limpeza do entulho, hora extra do pedreiro e etc.

    Depois de analisar todos estes pontos apresentados, possvel desenvolver um

    sistema de apropriao de custos para o processo construtivo de vedao vertical emdiversas tcnicas construtivas, incluindo alvenaria, alvo principal deste tema.

    2.3.5. Desenvolvimento de um sistema de apropriao de custos para o

    processo construtivo de vedao

    Para que se desenvolva um sistema de apropriao de custos para o processo

    construtivo em questo, necessrio escolher uma rea piloto e definir umfluxograma com durao do teste.

    A rea piloto serve como um laboratrio j que todo processo construtivo bastante

    complexo. No caso em questo, a rea piloto seria o processo construtivo de vedao

    vertical em alvenaria.

    O fluxograma do processo comearia desde a concretagem da estrutura com

    liberao das escoras do pavimento, para proceder marcao da primeira fiada,

    passando pela elevao e fixao da alvenaria alm de todos os outros subsistemas

    que esto diretamente ligados a este processo.

    Definidos o fluxograma e a rea piloto, tem que se fazer um levantamento dos

    elementos, que compem o custo total da qualidade.

    So estabelecidos os procedimentos para a apropriao de homem-hora e demais

    custos.

    Aps isto, implementa-se o sistema de alvenaria racionalizada, com algumas metas

    definidas a serem alcanadas durante determinado perodo, suficiente para avaliar os

    custos e resultados.

    Alm do sistema construtivo de alvenaria, h diversas tcnicas racionalizadas, que

    tambm podem servir como reas piloto para implantar um sistema de apropriao

    de custos para o processo construtivo de vedao.

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    2.4. Processos racionalizados de vedao vertical

    A racionalizao construtiva o futuro da construo civil. Com o mercado atual

    aquecido como est, as construtoras que no se adaptarem e passarem a racionalizar

    prazos, mo-de-obra e consequentemente finanas, ficaro para trs.

    O processo construtivo de vedao um dos principais subsistemas do

    empreendimento, pelo fato de estar interligado com vrios outros subsistemas.

    Partindo deste princpio, a racionalizao deste processo de extrema importncia

    para se obter resultados significativos na construo do empreendimento.

    Dentre as muitas tcnicas construtivas de vedao, a mais utilizada, desde sempre,

    o assentamento de blocos cermicos e utilizao de argamassa (emboo) ou gesso,

    como revestimento.

    O alvo principal deste estudo analisar tcnicas racionalizadas de vedao em

    alvenaria cermica.

    Mas vale analisar inmeras outras tcnicas e inovaes tecnolgicas de vedaes

    verticais, que de alguma forma representam racionalizao construtiva, dentre as

    quais, cita-se:

    a) Paredes em gesso acartonado;

    b) Alvenaria estrutural;

    c) Paredes de concreto;

    d) Steel frame;

    e) Paredes de madeira;

    f) Vedao fotovoltaica;

    g) Alvenaria em blocos de gesso.

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    2.4.1. Paredes em gesso acartonado

    Em geral, o sistema de divisria com placas de gesso acartonado baseia-se na

    montagem de um esqueleto de ao galvanizado, que ser fechado com placas de

    gesso acartonado.

    Diferentes composies da divisria podem ser executadas. Desde o preenchimento

    do esqueleto de ao com uma placa de cada lado at uma parede composta por dupla

    estrutura e duas placas de cada lado, com os vazios preenchidos com isolante termo

    acstico.

    2.4.1.1. Vantagens

    a) Construo a seco, possibilitando maior limpeza e organizao do

    canteiro;

    b) Retirada da vedao vertical do caminho crtico da obra;

    c) Elevada produtividade;

    d) Preciso dimensional;

    e) Desmontabilidade;

    f) Possibilidade de embutimento das instalaes.

    2.4.1.2.Desvantagens

    a) Resistncia mecnica cargas pontuais superiores a 35 kg devem ser

    previstas para que sejam instalados reforos no momento da

    execuo;

    b) Resistncia umidade placas de gesso acartonado no resistem a

    alta taxa de umidade;

    c)

    Necessidade de nvel organizacional elevado para obter vantagens

    potenciais;

    d) Barreira cultural do construtor e do consumidor.

    H empresas que realizam projetos de vedao em gesso acartonado. H variao

    entre eles, mas em geral, so apresentados:

    a) A planta baixa com a indicao de cada divisria, a elevao das

    divisrias;

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    b) A elevao das divisrias, com a localizao das instalaes

    hidrulicas e eltricas;

    c) Detalhes executivos, como a juno de divisrias;

    d) Detalhes de impermeabilizao em ambientes molhveis;

    Cada fabricante possui sua prpria nomenclatura para representao dos vrios tipos

    de divisria.

    Se o desenvolvimento do projeto das divisrias de gesso acartonado ocorrer j na

    etapa de anteprojeto do edifcio, possvel obter um maior potencial de

    racionalizao, alm da possibilidade de obter o produto final com melhor

    desempenho, uma vez que todo o processo de produo pensado conjuntamente

    numa etapa prvia execuo, possibilitando o estabelecimento da soluo mais

    adequada para o edifcio.

    Assim, minimizam-se as interferncias das vedaes verticais com outros

    subsistemas do edifcio.

    2.4.1.3. Materiais utilizados

    Para montagem da divisria de placas de gesso acartonado, basicamente so

    necessrios os seguintes materiais:

    a) Para fechamento so utilizadas placas de gesso acartonado,

    apresentando algumas caractersticas como resistncia ao fogo (por

    possuir 20% do se peso em gua), resistncia a impactos, isolamento

    termo acstico, flexibilidade, facilidade em cortar, perfurar, pregar e

    aparafusar;

    b)

    Para suporte das placas podem ser empregados madeira ou perfismetlicos;

    c) Para fixao das placas parafusos ou pregos;

    d) Para rejuntamento das placas gesso aditivado e fitas de papel kraft.

    Atualmente, no Brasil so comercializados trs tipos de placas de gesso: padro,

    resistente umidade e resistente ao fogo.

    De modo geral, para a aceitao dos materiais, deve se observar os seguintesaspectos:

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    a) Quantidade verificar se a quantidade que chegou a mesma que foi

    pedida;

    b) Caractersticas do material verificar se os materiais possuem as

    caractersticas especificadas, se no possuem defeitos (tanto as

    placas, quanto perfis metlicos);

    c) Verificar prazos de validade de materiais que os possurem.

    Para estocagem do material, necessrio deixar um espao limpo, seco e plano antes

    mesmo da chegada do material.

    As placas no devem estar em contato com o piso, devendo estar sobre paletes.

    2.4.1.4. Equipamentos e ferramentas

    A fim de aumentar a produtividade e garantir a qualidade do servio, so necessrias

    algumas ferramentas, como prumo, metro e trena para controle geomtrico.

    Para cortar materiais, utiliza-se tesoura para cortar perfis metlicos, estiletes, serra

    copo, serrote e outros para cortar as placas.

    Para fixao das placas sobre a estrutura metlica, so utilizadas parafusadeiras.

    Para realizar o acabamento entre as juntas das placas de gesso, utilizam-se esptulas

    e desempenadeiras.

    2.4.1.5. Execuo

    As etapas bsicas para a execuo de vedao vertical interna com placas de gesso

    acartonado so:

    1.

    Locao das guias marca-se no piso e no teto a espessura dadivisria;

    2. Fixao das guias utilizando parafusos e buchas ou pistola e pino de

    ao, fixa-se as guias;

    3. Colocao dos montantes posicionar e colocar os montantes

    verticalmente no interior da guia;

    4. Fixao das placas de gesso as placas no devem encostar no piso e

    os parafusos devem estar igualmente espaados de acordo com oprojeto;

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    5. Rejuntamento usando esptula, espalha-se massa para rejunte. Com

    a massa mida, coloca-se a fita no centro da junta. Depois que a

    massa estiver seca, aplica-se mais uma camada de massa para rejunte,

    com largura maior do que a anterior. Com a massa seca novamente,

    lixa-se as juntas para eliminar imperfeies;

    6. Acabamento final pode ser tinta, papel de parede, revestimento

    cermico dentre outros.

    Na figura 1, possvel visualizar shafts, tanto hidrulicos quanto eltricos,

    construdos com drywall.

    Figura1: Sistema de execuo em drywall para execuo de shafts (Fotos tiradas pelo autor).

    2.4.2. Alvenaria estrutural

    A alvenaria estrutural basicamente um sistema construtivo racionalizado, que

    possibilita que a estrutura e vedao do edifcio, dois dos principais subsistemas da

    construo, ocorram de forma simultnea.

    Se utilizada de forma inteligente, este processo construtivo gera grande economia

    financeira e de prazos.

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    CAMACHO (2006) classifica a alvenaria estrutural, quanto ao processo construtivo

    empregado e de acordo com o material utilizado. Segue abaixo as classificaes da

    alvenaria estrutural:

    a)

    Armada processo construtivo em que os elementos estruturaispossuem armadura passiva de ao, disposta nas cavidades dos blocos,

    que posteriormente so preenchidas com graute;

    b) No armada processo construtivo em que s existem armaduras com

    finalidade de prevenir patologias, como fissuras, concentrao de

    tenses e etc.;

    c) Parcialmente armada processo construtivo em que alguns elementos

    estruturais so projetados com armadura e outros no;d) Protendida processo construtivo, em que existe armadura ativa de

    ao contida no elemento resistente.

    Os principais componentes da alvenaria estrutural so blocos, argamassa, armadura e

    graute.

    Os blocos so extremamente importantes em relao s caractersticas de resistncia

    da estrutura. Os blocos podem ser tanto de concreto, quanto de cermica.

    A argamassa, composta normalmente por areia, cimento, cal e gua, que utilizada

    para assentamento dos blocos possui as funes bsicas de transmitir e uniformizar

    as tenses entre os blocos, absorver deformaes e prevenir a entrada de gua e vento

    nas edificaes.

    As armaduras so barras de ao muito utilizadas na construo civil. A mesma

    armadura que utilizada em estruturas de concreto armado pode ser utilizada em

    alvenaria estrutural, desde que respeite o projeto estrutural. So sempre envolvidas

    por graute.

    O graute uma espcie de concreto com agregados de pequena dimenso,

    relativamente fluido, que utilizado para preencher os blocos e solidarizar o

    conjunto bloco e armadura.

    Para se definir a utilizao de alvenaria estrutural como sistema construtivo estrutural

    e de vedao, deve-se atentar para algumas caractersticas, como:

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    a) Altura da edificao a resistncia compresso dos blocos limita a

    altura da edificao. No Brasil, por exemplo, com os blocos

    encontrados no mercado, a utilizao da alvenaria estrutural limitada

    a edifcios de at dezesseis pavimentos;

    b) Tipo de edificao para edificaes com necessidade de vos

    grandes, como construes de alto padro e comerciais, a alvenaria

    estrutural no muito indicada.

    Assim como todo sistema construtivo, a alvenaria estrutural possui pontos positivos e

    negativos.

    Dentre os pontos positivos, podem ser citados:

    a) Reduo do uso de formas, que ficam limitadas para concretagem das

    lajes, que podem ser inclusive pr-moldadas bem antes de serem

    colocadas no pavimento, fazendo com que outros servios sejam

    executados sem a necessidade de esperar pela cura da laje;

    b) Reduo de desperdcios e retrabalhos, j que a alvenaria estrutural

    no pode ser quebrada para arrumar instalaes, por exemplo;

    c) Reduo nos custos com revestimentos, pois no h os tradicionais

    problemas de abertura de forma, ou de fuga dos pilares, obrigando a

    aplicao de argamassa para regularizar a alvenaria em relao

    estrutura.

    Dentre os pontos negativos, podem ser citados:

    a) Limitao nas adaptaes da arquitetura;

    b) Limitao na adaptao de projetos de instalaes, aps execuo da

    estrutura;

    c) Necessidade de utilizao de mo-de-obra qualificada.

    Portanto, para se decidir pelo uso da alvenaria estrutural extremamente importante

    pontuar os prs e contras, analisando as necessidades da edificao.

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    2.4.3. Paredes de concreto

    O sistema construtivo parede de concreto mais uma alternativa para realizar a

    vedao vertical em edifcios.

    Este sistema vem ganhando espao no mercado nos ltimos anos, com a criao e

    crescimento do programa Minha casa, minha vida, do governo federal.

    Assim como a construo em alvenaria estrutural, possvel resolver as questes

    estruturais e vedaes em um s elemento.

    No Brasil, quatro tipos de concreto so recomendados para o sistema:

    a)

    Concreto celular;

    b) Concreto com elevado teor de ar incorporado at 9%;

    c) Concreto com agregados leves ou com baixa massa especfica;

    d) Concreto convencional ou concreto autoadensvel.

    Para fazer as paredes, o concreto lanado nas frmas, que podem ser:

    a) Metlicas o material mais usado o alumnio, por ser leve e

    resistente. Mas o ao tambm utilizado, pois apesar de ser mais caro,

    pode ser utilizados cerca de mil vezes (PINI, 2009);

    b) Mistas so usados quadros em peas metlicas e chapas de madeira

    compensada;

    c) Plstica quadros e chapas feitos em plstico reciclvel. So frmas

    mais baratas e que podem ser reutilizadas menos vezes.

    um mtodo que utiliza frmas, normalmente montadas no prprio local da obra,

    que so preenchidas com concreto, j com as instalaes eltricas e hidrulicas

    embutidas.

    Essa opo recomendada para empreendimentos, com alta repetitividade, podendo

    ser utilizada em obras de pequeno a alto padro, devido sua grande versatilidade.

    Este sistema baseado inteiramente em conceitos de industrializao de materiais e

    equipamentos, mecanizao, modulao e controle tecnolgico. Portanto,

    necessrio que a obra se transforme em uma espcie de linha de montagem, para que

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    seja possvel obter um produto homogneo, independente da regio do pas e da

    mo-de-obra a ser empregada, sendo um diferencial para empresas, que constroem

    em vrios estados (CICHINELLI, 2009).

    Uma das principais caractersticas do sistema a racionalizao dos servios.

    E como todo processo racionalizado, se bem aplicado, as vantagens so inmeras,

    dentre as quais, cita-se:

    a) Os operrios so multifuncionais e executam todas as tarefas

    necessrias, como armao, instalaes, montagem, concretagem e

    desforma;

    b)

    No h necessidade de mo-de-obra especializada;c) Velocidade de execuo, pois duas das mais importantes etapas da

    construo so realizadas de uma s vez e de forma mecanizada;

    d) Reduo considervel do desperdcio de material e da gerao de

    resduos, principalmente se comparado a outros processos

    construtivos de vedao;

    e) Reduo de custos de mo-de-obra com retrabalhos;

    f) As paredes j esto prontas para receberem a tintura, pulando,

    portanto, as etapas de gesso e emboo.

    2.4.4. Steel frame

    O ao tem sido utilizado como um material de varias aplicaes, com alto

    desempenho e adaptvel s mais severas condies de servios.

    Devido as suas propriedades e caractersticas, tem substitudo outros materiais em

    diversos setores industriais.

    O ao empregado no sistema steel frame substitui com vantagens tcnicas,

    econmicas e ambientais, materiais como tijolos, madeiras, vigas e pilares de

    concreto armado. Isto pode vir a proporcionar um grande salto qualitativo no

    processo produtivo, posicionando a indstria nacional de construo civil de uma

    forma mais competitiva frente a um mercado bastante globalizado.

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    O sistema construtivo steel frame tem sido muito utilizado em diversos pases,

    principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra.

    Por sculos, os norte-americanos utilizaram a madeira como principal material de

    construo para as edificaes residenciais. No entanto, com o grande aumento dospreos, devido escassez desse material na natureza, os construtores resolveram

    buscar alternativas de produtos que substitussem a madeira.

    A partir de 1998, comearam a ser implantadas, no Brasil, as primeiras construes

    no processo steel frame, dando prosseguimento necessidade de encontrar um

    produto industrializado para racionalizar o processo construtivo e as vantagens

    intrnsecas deste processo frente ao sistema tradicional; portanto, podemos

    considerar que um produto tecnolgico novo no pas.

    Os perfis formados a frio de paredes finas ganharam grande aplicabilidade,

    substituindo a madeira nas construes residenciais, principalmente devido aos

    seguintes fatores: baixos preos, qualidade homognea, alto desempenho estrutural,

    baixo peso prprio, produo em massa, facilidade de pr-fabricao, entre outros.

    A aplicao desse sistema permite a reduo de custo atravs da otimizao do

    tempo de fabricao e montagem da estrutura, pois permite a execuo de diversas

    etapas concomitantemente. Por exemplo, enquanto as fundaes so executadas no

    canteiro de obra, os painis das paredes so confeccionados em fbrica.

    Outra caracterstica inerente ao sistema a diminuio do carregamento na fundao,

    possibilitando um barateamento desta etapa devido ao baixo peso da estrutura

    metlica. (CBCA, 2003 apud MACHADO, 2008).

    Segundo MORIKAWA (2006), a preparao do mercado nacional para a chegada dosistema construtivo steel frame passa, necessariamente, por trs vertentes de

    desenvolvimento. So elas: a cadeia produtiva, o agente financiador e a normatizao

    (direta ou indiretamente, na construo, por exemplo, perfil de ao, fechamento

    interno e externo, parafusos, isolamento trmico e acstico, revestimento externo,

    esquadrias, instalaes e acabamentos).

    Este sistema construtivo possui algumas vantagens, como por exemplo:

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    a) Reduo em 1/3 os prazos de construo quando comparada com o

    mtodo convencional;

    b) Alvio nas fundaes, devido ao reduzido peso e uniforme distribuio

    dos esforos atravs de paredes leves e portantes;

    c) Facilita a manuteno de instalaes hidrulica, eltrica, ar

    condicionado e gs;

    d) Custos diretos e indiretos menores, devido aos prazos reduzidos e

    inexistncia de perdas comuns nas construes convencionais;

    e) O ao o nico material que pode ser reaproveitado inmeras vezes

    sem nunca perder suas caractersticas bsicas de qualidade e

    resistncia. No por acaso, o ao, em suas vrias formas, o material

    mais reciclado em todo o mundo, por conta de suas caractersticas

    naturais, o ao no sofre o ataque de cupins.

    2.4.5. Paredes de madeira

    As paredes de madeira podem ser tanto estruturais quanto apenas de diviso e

    fechamento de ambientes.

    As estruturais devem ser capazes de suportar as cargas verticais (peso prprio, peso

    de pisos e etc.) e, horizontais (por exemplo, ao do vento), alm de ser capaz de

    compartimentar e vedar os ambientes, funo tambm realizada pelas paredes no

    estruturais.

    As paredes estruturais podem ser feitas com pilares e vigas de madeira ou com

    montantes.

    Os fechamentos das paredes de madeira podem ser realizados com:

    a) Tbuas verticais e horizontais

    b) Madeira rolia

    c) Painis de OSB

    d) Painis de compensado

    Para executar o fechamento das paredes com tbuas verticais, necessrio que cada

    tbua possua um encaixe do tipo macho-fmea ou do tipo canal.

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    Se as tbuas no possurem nenhum tipo de encaixe, necessrio utilizar mata

    juntas para uni-las e formar, desta forma, a parede.

    As tbuas horizontais mais utilizadas so as que possuem o encaixe do tipo macho-

    fmea.

    Com estas tbuas, normalmente se faz paredes duplas. Colocam-se tbuas formando

    a parede interna. Faz-se o mesmo para formar a parede interna. Entre as duas, h um

    vo que pode ser preenchido com isolantes trmico e acstico, dependendo das

    necessidades do local.

    As paredes feitas com madeira rolia do um aspecto mais rude a casa. A ligao dos

    pedaos de pau rolios feita por meio de entalhes

    Outra opo de fechamento da parede atravs de painel OSB. O OSB um painel

    estrutural de tiras de madeira orientadas perpendicularmente, em diversas camadas, o

    que aumenta sua resistncia mecnica e rigidez. Essas tiras so unidas com resinas

    aplicadas sobre altas temperaturas e presso. Atravs desse processo de engenharia

    altamente automatizado, os painis so permanentemente controlados e testados para

    verificar seus nveis de acordo com rgidos padres de qualidade.

    Entre as qualidades mencionadas em edio da REVISTA DA MADEIRA (2003), a

    respeito do OSB, destacam-se as seguintes caractersticas:

    a) Sem espaos vazios em seu interior;

    b) Sem problemas de ns soltos nem fendilhado;

    c) Sem problemas de laminao;

    d) Qualidade consistente e uniforme espessura perfeitamente calibrada,

    gerando menos perdas;e) Resistncia a impactos;

    f) Excelentes propriedades de isolamento termo-acstico;

    g) Esteticamente atrativo;

    h) Rigidez instantnea em framing construction;

    i) Preos competitivos;

    j) Estabilidade de oferta durante todo ano.

  • 7/23/2019 Monopoli Vedao Vertical Em Alvenaria

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    Figura 2 Montagem de painis OSB (Imagem retirada do site: feng.pucrs.br/professores/soares estruturas de madeira)

    Figura 3 Fechamento de paredes de madeira com painis OSB (Imagem retirada do site: feng.pucrs.br/professores/soares

    estruturas de madeira)

    Alm do painel OSB, h tambm a opo de utilizar painis de compensado.

    O painel de compensado um produto obtido pela colagem de lminas de madeira

    sobrepostas, com as fibras cruzadas perpendicularmente, o que propicia grande

    resistncia fsica e mecnica.

    O fato que h algumas opes para utilizao da madeira como opo de vedao

    em edifcios.

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    Como pode ser visto, se bem executado, esta opo traz uma srie de vantagens

    obra, visto que racionaliza as perdas ao mesmo tempo em que um produto de

    qualidade.

    2.4.6. Vedao fotovoltaica

    Os painis, que transformam energia solar em eletricidade, vm ganhando espao em

    todo o mun