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12 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................14 CAPÍTULO I .......................................................................................................... 16 TERAPIA COMUNITÁRIA..................................................................................... 16 1.1 Conceituando Terapia Comunitária ............................................................. 17 1.2 Como e quando surgiu ................................................................................ 17 1.3 Objetivos da Terapia Comunitária ............................................................... 18 1.4 Quem pode ser terapeuta comunitário? ...................................................... 19 1.5 Público Alvo ................................................................................................. 19 1.6 Espaço adequado para uma Terapia Comunitária ...................................... 19 1.7 OS ALICERCES TEÓRICOS ...................................................................... 20 1.7.1 O Pensamento Sistêmico ......................................................................... 20 1.7.2 Teoria da Comunicação............................................................................ 20 1.7.4 Pedagogia de Paulo Freire ....................................................................... 21 1.7.5 Resiliência ................................................................................................ 22 1.8 As etapas da Terapia Comunitária .............................................................. 23 1.8.1 Acolhimento .............................................................................................. 23 1.8.2 Escolha do Tema...................................................................................... 24 1.8.3 Contextualização ...................................................................................... 24 1.8.4 Problematização ....................................................................................... 24 1.8.5 Rituais de Agregação e Conotação positiva ............................................. 25 1.8.6 Tipos de avaliação.................................................................................... 25 1.9 Instrumentos para avaliar o impacto da Terapia Comunitária ..................... 25 1.10 Instrumentais ............................................................................................. 27 1.10.1 Música .................................................................................................... 27 1.10.2 Danças circulares ................................................................................... 28 CAPÍTULO II ......................................................................................................... 30 TERAPIA COMUNITÁRIA E SERVIÇO SOCIAL .................................................. 30 2.1 Conceito de Serviço Social .......................................................................... 30 2.2 Semelhanças ............................................................................................... 31

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CAPÍTULO II.........................................................................................................30 TERAPIA COMUNITÁRIA E SERVIÇO SOCIAL..................................................30 2.1 Conceito de Serviço Social..........................................................................30 2.2 Semelhanças...............................................................................................31 12

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Page 1: MonografiaEdnaDias

12

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................14

CAPÍTULO I ..........................................................................................................16

TERAPIA COMUNITÁRIA.....................................................................................16

1.1 Conceituando Terapia Comunitária .............................................................17

1.2 Como e quando surgiu ................................................................................17

1.3 Objetivos da Terapia Comunitária ...............................................................18

1.4 Quem pode ser terapeuta comunitário? ......................................................19

1.5 Público Alvo.................................................................................................19

1.6 Espaço adequado para uma Terapia Comunitária ......................................19

1.7 OS ALICERCES TEÓRICOS ......................................................................20

1.7.1 O Pensamento Sistêmico .........................................................................20

1.7.2 Teoria da Comunicação............................................................................20

1.7.4 Pedagogia de Paulo Freire .......................................................................21

1.7.5 Resiliência ................................................................................................22

1.8 As etapas da Terapia Comunitária ..............................................................23

1.8.1 Acolhimento..............................................................................................23

1.8.2 Escolha do Tema......................................................................................24

1.8.3 Contextualização ......................................................................................24

1.8.4 Problematização.......................................................................................24

1.8.5 Rituais de Agregação e Conotação positiva .............................................25

1.8.6 Tipos de avaliação....................................................................................25

1.9 Instrumentos para avaliar o impacto da Terapia Comunitária .....................25

1.10 Instrumentais .............................................................................................27

1.10.1 Música ....................................................................................................27

1.10.2 Danças circulares ...................................................................................28

CAPÍTULO II .........................................................................................................30

TERAPIA COMUNITÁRIA E SERVIÇO SOCIAL ..................................................30

2.1 Conceito de Serviço Social..........................................................................30

2.2 Semelhanças...............................................................................................31

Page 2: MonografiaEdnaDias

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2.3 Objetivos da Terapia Comunitária: semelhanças com o Serviço Social......33

2.4 Cultura .........................................................................................................35

2.5 Questão Social ............................................................................................37

2.6 Cidadania e Democracia .............................................................................39

2.7 Comunicação...............................................................................................39

2.9 Totalidade....................................................................................................41

2.10 Rede Social ...............................................................................................41

2.11 Paulo Freire ...............................................................................................43

CAPÍTULO III ........................................................................................................45

TERAPIA COMUNITÁRIA NA PRÁTICA ..............................................................45

3.1 Procedimentos metodológicos.....................................................................45

3.2 Instrumentais e técnicas..............................................................................46

3.3 Análise de Dados ........................................................................................52

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................57

APÊNDICES .........................................................................................................59

ANEXO .................................................................................................................61

Page 3: MonografiaEdnaDias

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INTRODUÇÃO

Atualmente as pessoas vivenciam um cotidiano tão hierárquico e rotineiro

que o stress do dia-a-dia e a luta pela sobrevivência faz com que as pessoas não

tenham tempo de falar e muito menos de ouvir, possuindo direitos apenas no

papel, fazendo com que sua cidadania se resuma apenas no ato de votar. Nesse

contexto surge a Terapia Comunitária, buscando resgatar o coletivo em uma

sociedade totalmente individualista. Realiza-se em um espaço público em que as

pessoas compartilham suas angústias e problemas, procurando juntas uma

solução.

Tem como mediador o terapeuta e é diferente de outros tipos de terapia

porque faz com que o indivíduo perceba sua singularidade, mas sem se esquecer

que vive em uma sociedade na qual muitas pessoas possuem os mesmos

problemas, por causa da estrutura capitalista e desigual em que vivem. Ou seja,

faz com que ele perceba que o problema está na sociedade e não nele.

Para melhor conceituá-la, o primeiro capítulo explicará o que é Terapia

Comunitária - que foi criada em 1987, no Ceará, pelo Dr Adalberto de Paula

Barreto - que terá seu histórico relatado também neste capítulo -; seus objetivos;

público alvo; onde ocorre; alicerces teóricos; e suas etapas.

Já o segundo capítulo tratará das semelhanças entre a Terapia

Comunitária e o Serviço Social: a herança cultural; o saber ouvir; se comunicar;

análise da experiência de vida de cada pessoa integrante do grupo; busca do

rompimento com o clientelismo e fazer com que se tornem co-autores das

decisões, cabendo ao profissional, mostrar caminhos sem tentar impor qual

devem seguir; promover cidadania e autonomia, mostrando aos cidadãos que

possuem direitos que devem ser garantidos.

Para a construção do terceiro capítulo, Terapia Comunitária na Prática,

escolhemos um Centro Médico do Grande ABC onde há terapia Comunitária,

utilizando como procedimento metodológico a pesquisa qualitativa, realizada em

dois momentos: 1º) participamos da Terapia Comunitária como participantes total,

Page 4: MonografiaEdnaDias

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observando os outros participantes da sessão e sentindo os efeitos causados pela

terapia; 2º) Entrevista semi estruturada com uma participante do grupo e com a

terapeuta (que também é Assistente Social).

Portanto, o que objetivamos com esse trabalho científico é esclarecer

algumas dúvidas em relação à Terapia Comunitária, que ainda é uma área de

prática profissional nova para o Serviço Social, mas que possui muitos conceitos

aprendidos em sala de aula. Por esse motivo queremos mostrar para os

Assistentes Sociais que este tipo de terapia não é algo que deve ser realizado

somente por psicólogos. Para tanto analisaremos a relação do Serviço Social com

a Terapia Comunitária na teoria e na prática.

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CAPÍTULO I

TERAPIA COMUNITÁRIA

“Seja bem vindo olê rê ê,

Seja bem vindo olá rá á,

Paz e bem pra você,

Que veio participar”

Adalberto Barreto

Neste capítulo, iniciaremos com um breve relato sobre a concepção de

Terapia e seus diversos tipos, mas com ênfase na Terapia Comunitária.

Julgamos importante analisar a palavra Terapia que tem sua origem no grego

Therapeia e segundo o dicionário Aurélio significa “a parte da medicina que

estuda e põe em prática os meios adequados para aliviar ou curar os doentes”

(1993, p. 531). Destacaremos a seguir dois tipos de terapias:

• Terapia Ocupacional (TO) – Segundo COFFITO (Conselho Federal de

Fisioterapia e Terapia Ocupacional), a TO é voltada à prevenção e ao

tratamento de indivíduos de alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e

psico-motoras, tendo como princípio que a vida é atividade.

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17

• Terapia Familiar - Para Antonio Mourão Cavalcante, Professor Titular de

Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará

e Diretor do Centro de Estudos da Família:

“[...] no Brasil, a Terapia Familiar Sistêmica tem sido

difundida, como instrumento de abordagem terapêutica nos

conflitos conjugais e familiares. Ainda, na questão que

envolve o processo de autonomia da adolescência”. (2000)

Realizada esta breve conceituação, poderemos iniciar o histórico sobre a

Terapia Comunitária.

1.1 Conceituando Terapia Comunitária

A TERAPIA COMUNITÁRIA tem como princípio trabalhar com a dor da

comunidade, resgatando os indivíduos pertinentes a ela, no que diz respeito à

auto-estima, tomada de decisões ao compartilhar emoções. É um espaço

comunitário que procura partilhar as experiências de vida de forma Horizontal e

Circular. Assim, cada um torna-se terapeuta de si mesmo, a partir da escuta das

histórias de vida que são relatadas.

Segundo Dr. Adalberto de Paula Barreto (2005), criador da Terapia

Comunitária, os indivíduos tornam-se co-responsáveis na busca de soluções e

superações dos desafios do cotidiano, em um ambiente acolhedor e caloroso.

1.2 Como e quando surgiu

A Terapia Comunitária ou TC foi criada em 1987 pelo Dr. Adalberto

Barreto, nascido na cidade de Canindé, interior do Estado do Ceará (BR).

Formou-se em medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC), continuando

Page 7: MonografiaEdnaDias

18

seus estudos em psiquiatria e antropologia na Europa. Como professor da

Universidade de Medicina, Dr. Barreto acreditava que era necessário sensibilizar

os futuros médicos quanto aos aspectos culturais da medicina e por outro lado, os

aspectos culturais das pessoas que mais tarde seriam recebidas em seus

consultórios e nos hospitais. Criaram a disciplina de Antropologia da Saúde,

ministrada na favela, fazendo com que os futuros médicos vivenciassem ao

mesmo tempo os diversos aspectos da doença e seu processo de cura. A partir

dessa experiência, desenvolveram um trabalho denominado O Projeto Quatro

Varas na Favela de Pirambu, em Fortaleza, com o objetivo de prevenção e de

cuidados psicológicos para os excluídos de nossa sociedade.

Durante o desenvolvimento do Projeto, detectaram que os indivíduos

estavam perdendo sua auto-estima, sua particularidade, tinham um cotidiano

sofrido. Então, criou a Terapia Comunitária, ou seja, TERAPIA porque significa

acolher, ser caloroso, servir, atender e COMUNIDADE porque são as pessoas ou

grupos de pessoas com condições de vida econômica, cultural, social, espiritual e

religiosa semelhantes em diferentes formas e níveis de viver essas condições. A

comunidade é heterogênea, pois existe muita diversidade dentro dela, porém, é

de fundamental importância que pessoas e grupos estejam sempre em interação

para que a comunidade possa se constituir. Faz com que quem freqüenta o grupo

tenha sentimento de pertença e identificação.

1.3 Objetivos da Terapia Comunitária

Tem como objetivos reforçar a dinâmica interna dos indivíduos fazendo

com que descubram seus valores e tornem-se menos dependentes; reforçar a

auto-estima tanto do individual como do coletivo; redescobrir suas capacidades e

se desenvolver como pessoa; valorizar o papel da família, assim como a relação

que ela desenvolve com o seu meio; suscitar em cada pessoa e grupo social seus

valores culturais; favorecer o desenvolvimento comunitário, restaurando o

fortalecimento dos laços sociais; promover e valorizar as instituições e práticas

culturais tradicionais; tornar possível a comunicação entre as diferentes formas do

“saber popular” e “saber científico”; estimular a participação como requisito

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fundamental para dinamizar as relações sociais, através do diálogo e da reflexão.

Nos permite ir além do unitário para atingir o comunitário, pois, com a

globalização aumentaram os desafios da nossa sociedade, como as drogas, o

estresse, a violência, e a superação desses desafios não podem ser

responsabilidades exclusivas de um único indivíduo e sim de uma coletividade.

1.4 Quem pode ser terapeuta comunitário?

O terapeuta deve ser alguém já engajado em trabalho comunitário, estar

consciente de que seu trabalho não traz remuneração financeira, tem que ser

uma pessoa que possa orientar os participantes para que aliviem suas

ansiedades, as suas angústias, estresses e sofrimentos, também partilhem seus

recursos e suas descobertas através da troca de experiências na Terapia

Comunitária. Seu papel, não deve ser de especialista (psiquiatra, psicólogo), e

sim de quem trabalha com os sofrimentos das pessoas, possibilitando a

construção de uma rede de apoio e estimulando a partilha, o crescimento humano

e coletivo.

Para que se escolha um terapeuta, é necessário fazer uma palestra de

sensibilização aberta ao público da TC, em que esclareçam às dúvidas,

apresentem qual o papel do terapeuta e o referencial teórico.

1.5 Público Alvo

A todas as pessoas que vivenciam algum tipo de crise, sofrimento ou

angústias, ou então, para as pessoas que estão sentindo–se estáveis e querem

ser colaboradores dos companheiros.

1.6 Espaço adequado para uma Terapia Comunitária

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20

A Terapia Comunitária ocorre sempre num espaço público numa

abordagem grupal, mas que valoriza o indivíduo na sua singularidade e inserção

familiar, procurando fazer com que ele aprenda a dominar esse espaço público.

Esse espaço público seria, segundo Alba Tereza Barroso Castro (1999) -

professora assistente da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado

do Rio de Janeiro (UERJ) - em seu artigo “espaço público e cidadania: uma

introdução ao pensamento de Hannah Arendt”, um espaço político em que os

indivíduos teriam liberdade de expor-se, procurando chegar a um senso comum

para a construção de um mundo comum através da discussão de assuntos

considerados importantes para o coletivo, podendo manifestar a sua singularidade

e pluralidade de idéias que são de fundamental importância para as decisões que

serão tomadas em conjunto.

1.7 OS ALICERCES TEÓRICOS

Para que possa ser aplicada, é preciso que cada terapeuta entenda quais

são os cinco eixos teóricos que compõem a Terapia Comunitária, a saber:

1.7.1 O Pensamento Sistêmico

Barreto (2005) afirma que as crises e os problemas só podem ser

resolvidos e entendidos, quando os percebemos como partes integradas de uma

rede complexa, cheia de ramificações, que envolve tanto os aspectos biológicos

(corpo) como o psicológico (mente) e a sociedade. Devemos entender que tudo

está ligado, somos um todo, em que cada parte influencia e interfere na outra

parte. Só assim, passaremos a vivenciar a noção de co-responsabilidade.

1.7.2 Teoria da Comunicação

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A Teoria da Comunicação, para o autor, é o elemento que une os

indivíduos, a família e a sociedade, nos fazendo entender que todo

comportamento e ato humano seja ele verbal ou não, individual ou grupal, tem

valor de comunicação, ou seja, todo tipo de comunicação entre as pessoas deve

ser levado em consideração por indicar a busca do ser humano em ser

reconhecido como sujeito e cidadão que está inserido na sociedade.

1.7.3 Antropologia Cultural

Uma ciência que nos chama a atenção para a importância cultural, um

conjunto de realizações de um povo ou de grupos sociais, o referencial de como

cada um do grupo se baseia para pensar, avaliar e discernir valores e fazer suas

opções no cotidiano.

Para Barreto (2005, pág XXII) “a cultura é um elemento de referência

fundamental na construção de nossa identidade pessoal e grupal, interferindo de

forma direta, na definição do quem sou eu, quem somos nós”.

1.7.4 Pedagogia de Paulo Freire

Paulo Freire, educador brasileiro que se destacou mundialmente por seu

trabalho em relação à educação popular - com finalidade de politizar o povo

brasileiro e ensinar os excluídos a ler e escrever, sempre procurando não deixar

que os mesmos repetissem frases, palavras e sílabas que eram alienantes e

alienavam - tem muita importância e ganha destaque na Terapia Comunitária.

Criou um estudo conhecido como “Método Paulo Freire”, que visa fazer com que

o homem ou mulher perceba-se como fazedores de cultura, seres políticos que

tenham uma visão de totalidade não só da linguagem, como também do mundo.

A Pedagogia idealizada por Paulo Freire, definida como Pedagogia

Libertadora, chama a atenção para a análise crítica da realidade em que “a

palavra ajuda o homem a tornar-se sujeito/ ator de sua própria história” (FREIRE

apud GUIMARÃES, 2006, p. 36).

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Para o autor, caso a prática educativa não possibilite ao educador e ao

educando assumirem-se como seres que pensam, criam, têm emoções, ou seja,

seres sociais, acabam-se gerando um ato de controle e de dominação.

Segundo Barreto (2005), outro aspecto importante na teoria de Paulo Freire

é associação entre teoria e realidade porque os educandos precisam de um

espaço para expressar os problemas vivenciados em diferentes contextos

(família, escola, comunidade) que devem ser analisados porque são histórias de

vida e a história de vida também deve ser percebida como fonte de saber

ajudando e estimulando que tanto professores como alunos “assumam-se como

sujeitos sócios – histórico - culturais” (BARRETO, 2005, p. XXIV) , ou seja,

entendam que sua história, cultura e vivência social estão interligadas.

1.7.5 Resiliência

Resiliência é quando o indivíduo é capaz de vencer as dificuldades com

seu esforço, construindo-se de maneira positiva frente a obstáculos. Barreto

(2005) aponta a resiliência como a própria história pessoal e familiar de cada

participante, sendo uma fonte importante do conhecimento, uma vez que:

“[...] as crises, sofrimentos e vitórias de cada um, expostas no

grupo, são utilizados como matéria-prima em um trabalho de

criação gradual de consciência social para que os indivíduos

descubram as implicações sociais da gênese da miséria e do

sofrimento humano”. (BARRETO, 2005, p. 25).

As experiências vivenciadas pelos participantes da TC podem ter soluções

diferentes, uma vez que os problemas enfrentados são semelhantes, mas as

estratégias que cada um dos participantes encontra para enfrentá-los são

diferentes e, muitas vezes, ainda são insuficientes na resolução desses

problemas.

Page 12: MonografiaEdnaDias

23

Portanto, o terapeuta comunitário pratica intervenções do tipo saúde mental

comunitária, intervindo nas diferentes relações humanas, incluindo o coletivo,

como vizinhos, famílias, amigos, apoiando as famílias mais vulneráveis da

comunidade a solucionar suas crises.

1.8 As etapas da Terapia Comunitária

A Terapia Comunitária pode ser aplicada em qualquer espaço, por

exemplo, filas de esperas de postos de saúde, igreja, escola, favela, hospital.

Após escolher o lugar, junto à liderança, deve-se divulgar o dia e hora utilizando

os meios de comunicação daquela comunidade. A partir disso, desenvolvem-se

seis etapas, vejamos:

1.8.1 Acolhimento

Dirigido pelo co-terapeuta que deve deixar os participantes à vontade,

iniciando com uma música conhecida, de preferência infantil e alegre, assim

contribui para que as pessoas “quebrem o gelo” e criem um clima de grupo. O co-

terapeuta é responsável por acolher, dar as boas vindas, perguntar quem é

aniversariante do mês e canta os parabéns (gesto de valorização e celebração

pela vida).

Depois dá as seguintes informações para o sucesso da terapia:

“Estamos reunidos aqui para participarmos da nossa terapia

comunitária. A terapia comunitária é um espaço onde a

comunidade se reúne para falar de seus problemas, de suas

dificuldades e de suas realizações. A comunidade tem problemas,

mas também tem suas soluções, desde que nós nos reunamos

para escutar uns aos outros. Cada um tem um saber, seja

construído pela experiência de vida ou vindo dos antepassados. É

disto que a terapia comunitária se constitui. A qualidade da

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24

sessão da terapia comunitária será proporcional à qualidade da

escuta. Mas, para que a terapia possa acontecer, é necessário

seguirmos algumas regras”. (BARRETO, 2005, p. 63)

O silêncio é a regra principal. Enquanto uma pessoa fala os outros devem

ouvi-lo; devem falar somente de sua própria experiência; quem está no grupo não

está lá para dar conselhos ou ainda julgar o outro; entre uma fala e outra, quando

um participante se emociona, o outro pode interromper a reunião e começar a

cantar uma música como forma de acolhê-lo; e por último respeitar a história de

cada um.

1.8.2 Escolha do Tema

Começa a partir do momento em que os participantes estão à vontade. O

terapeuta pode iniciar com um provérbio. Neste momento, os participantes

começam a falar sobre suas preocupações, sofrimentos, após as apresentações,

o terapeuta faz uma pequena síntese da fala de cada um, perguntando se

concordam com o que ele escreveu. Frente a isso, é o momento de votar sobre o

tema que será discutido naquela sessão.

1.8.3 Contextualização

Escolhido o tema, o terapeuta e a comunidade começam a fazer perguntas

para o protagonista da história, permitindo entender melhor o problema em seu

contexto global. Ao responder a essas perguntas, o protagonista apresenta

elementos que permitem conhecer melhor a sua história.

1.8.4 Problematização

Agora é a hora da pessoa que apresentou o problema ficar em silêncio, e o

terapeuta faz uma pergunta para estimular a reflexão do grupo. Esta pergunta é

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25

chamada de MOTE, ou seja, é o tema escolhido que permite a cada um rever

seus preconceitos, seus esquemas mentais e reconstruir a realidade. Enquanto

as pessoas vão respondendo os motes, o terapeuta vai anotando as colocações

mais importantes para poder finalizar a terapia.

1.8.5 Rituais de Agregação e Conotação positiva

O término da terapia trata-se de reconhecer, valorizar e agradecer o

esforço e a coragem de cada um. O co-terapeuta pede para que as pessoas se

levantem, façam um círculo com as mãos no ombro do outro e se balancem, isso

faz com o que o grupo se sinta coeso e unido. Sugere uma música e ao final pede

para que cada participante diga ao protagonista da história, o que mais lhes tocou

ou algo que tenham admirado nela.

1.8.6 Tipos de avaliação

Este é o momento de avaliar o desenvolvimento da terapia considerando

as diferentes etapas, chamada de avaliação externa.

1.9 Instrumentos para avaliar o impacto da Terapia Comunitária

Desenvolvida em 27 Estados do Brasil, e com cerca de 7.500 terapeutas

formados, fica claro como a terapia tem tido resultado nas famílias, pessoas e

comunidades. Porém, é necessário fazer uma avaliação consistente para

verificarmos de fato o impacto produzido nas comunidades onde é aplicada, com

intuito de possibilitar aos terapeutas comunitários uma reflexão sobre seu

trabalho. Avalia-se o impacto individual e coletivo e para tal, são usados quatros

indicadores de Saúde Comunitária a saber:

1. Vínculos (Quantidade e Qualidade)

Page 15: MonografiaEdnaDias

26

Vínculo é tudo aquilo que liga os homens entre si, com as suas

crenças, aos seus valores, ou seja, a sua cultura. Com este questionário

podemos perceber como são os vínculos das pessoas que nos trazem

suas tristezas, alegrias e angústias. Encontramos três tipos de vínculos:

a) vínculos saudáveis - são aqueles que nos trazem felicidade e confiança,

reforçando a identidade pessoal e cultural;

b) vínculos frágeis - são aqueles que nos deixam desconfortáveis, fazendo

com que a confiança fique abalada e aos poucos nos fazem perder a auto-

estima;

c) vínculos de risco - são aqueles que infernizam nossa vida, abalando

nosso relacionamento com os outros, prejudicando nossa saúde.

2. Auto-estima

A auto-estima é a chave de tudo para que possamos sair de certas

situações que às vezes parecem não ter solução. Ela nos conduz a

felicidade quando acreditamos em nós, ficando mais confiantes, seguros e

persistentes na busca do nosso sucesso. O sofrimento é visto como uma

sina, tudo se torna ameaçador quando não acreditamos em nosso

potencial.

A base da auto-estima está nas relações familiares, adubadas de

amor, respeito, valorização do ser, consolidando-se mediante relações

sociais saudáveis. Porém, quando o indivíduo convive em um clima de

humilhações, exposição do ridículo, perde-se a auto-estima.

3. Avaliação da rede apoio social

É importante que os participantes da Terapia se beneficiem da rede

de apoio médico-psico-social formal e informal, e que todo

encaminhamento dado depois de cada terapia seja acompanhado para que

a TC promova inclusão social.

Page 16: MonografiaEdnaDias

27

4. Avaliação do impacto no plano coletivo

Para que seja feita uma avaliação no plano macro, é importante que

se faça um diagnóstico comunitário da comunidade antes de iniciar a

terapia, sendo assim, após algum tempo teremos dados para uma análise

comparativa.

1.10 Instrumentais

A Terapia Comunitária possui instrumentais tais como: a música, que pode

ser utilizada em todas as etapas da reunião; e as danças circulares que podem

ser utilizadas na abertura ou no final de cada reunião. Para melhor esclarecimento

segue abaixo a explicação de cada um deles.

1.10.1 Música

A música é um instrumental muito importante para a Terapia Comunitária e

pode ser utilizada para:

“[...] acolher no grupo, aquecimento (colocar em situação de fala)

acolher a dor, celebrar a alegria, catalisar as falas do grupo,

função de continência, função de espelho, estimular a capacidade

de resiliência, resignificação e propiciará sensação de

pertencimento e inclusão no grupo e na comunidade” (FIX,

LEITE & GALVANI, 2005).

A cultura popular brasileira tem muitas expressões folclóricas e dentre elas

a música, provérbios, e ditados populares e representam o povo e sua história.

Essas músicas, se utilizadas durante a realização da terapia, devem estar de

acordo com a história contada no momento com intuito de trazer uma conotação

positiva porque a música pode fazer com que haja uma “mudança no ângulo de

visão, e elementos novos poderão ser utilizados” (FIX, LEITE & GALVANI, 2005)

pela pessoa que estava contado sua história.

Page 17: MonografiaEdnaDias

28

Em seu artigo “Algumas reflexões sobre a inserção da música nos

encontros de Terapia Comunitária no CEAF -Centro de Estudos e Assistência à

Família”, retratam a importância em ressaltar a música como função de

espelhamento porque faz com que o indivíduo reconheça–se e possa ajudar na

organização do mundo da fala e da auto-imagem de quem está relatando seu

sofrimento.

1.10.2 Danças circulares

Como no final de cada reunião as pessoas do grupo ficam abraçadas

formando um círculo, acreditamos que seria interessante a utilização de danças

circulares nesses momentos porque faz com que as pessoas sintam–se

interligadas e unidas.

Mas o que são danças circulares?

Danças circulares são danças de roda que estão presentes em antigas

tradições de vários povos do mundo, se destinando a pessoas de todas as idades

de maneira lúdica e instrutiva; curativa e divertida; procuram promover a paz; e

não são utilizadas em competições.

As danças circulares abrangem danças de várias origens, dentre quais

podemos destacar: a dança da paz universal, danças circulares sagradas,

brincadeiras cantadas, danças indígenas ou étnicas e cirandas.

• Dança da Paz Universal – criadas pelo mestre sufi Samuel Lewis, fundador

da Ordem Sufi Islâmica Ruhaniat Society, celebram o sagrado do Hinduísmo,

Zoroastrismo, Budismo, Judaísmo, Cristianismo, Sikhismo, Islamismo, danças

em Aramaico, Nativas Americanas, Nativa do Oriente Médio, Celtas, Nativas

Africanas e da Tradição da Grande Mãe, tendo o intuito de unir essa

diversidade procurando criar paz interior e afirmação da Unidade.

Page 18: MonografiaEdnaDias

29

• Danças Circulares Sagradas – nasceu por volta da década de 70 através da

coleta de danças folclóricas feita pelo alemão Bernhard Wosie. São danças

folclóricas de todos os povos, tradicionais ou contemporâneas, tendo como

característica a Universalidade abrangendo danças de todos lugares e todas

as épocas.

• Brincadeiras Cantadas – são brincadeiras que fundem musicalidade,

dramatização, mímica, jogos e dança, integrando cantigas próprias das

crianças e por elas cantadas, visando contribuir para melhorar aspectos

importantes para o crescimento das crianças, entre elas o desenvolvimento da

coordenação sensório – motora, favorecer a socialização e incentivar tradições

folclóricas.

• Danças Indígenas – é uma das maiores expressões espiritualidade para os

índios.

• Ciranda – dança típica das praias que surgiu no litoral norte de Pernambuco.

Muitos acreditam que a ciranda é brincadeira de roda para crianças, porém, no

Nordeste é conhecida como uma dança de roda de adultos.

É uma dança comunitária que não tem um número limite de participantes,

portanto, todos podem participar independente de idade, sexo, cor, condição

social ou econômica dos participantes. Se o tamanho do grupo começar a

dificultar os movimentos da roda, forma – se uma roda menor no interior da

maior.

Diante das informações expostas acima, faz-se necessário abordar as

semelhanças entre Serviço Social e Terapia Comunitária no próximo capítulo.

Page 19: MonografiaEdnaDias

30

CAPÍTULO II

TERAPIA COMUNITÁRIA E SERVIÇO SOCIAL

“(...) não há ignorantes absolutos, nem

sábios absolutos: há homens que em

comunhão buscam saber mais”.

Paulo Freire

Este capítulo trará a concepção do Serviço Social e tentará uma

aproximação com a Terapia Comunitária, porém, para tanto, é necessário,

primeiramente uma breve conceituação do que é Serviço Social.

2.1 Conceito de Serviço Social

Serviço Social é a profissão de caráter interventivo nas diversas relações

sociais que tem como objeto a questão social, que está presente na contradição

capital X trabalho e é representada em suas diversas expressões. Segundo

Marilda Vilela Iamamoto, Assistente Social formada na Universidade Federal de

Juiz de Fora em 1971 e atualmente professora titular da Universidade Estadual do

Rio de Janeiro, e Raul de Carvalho:

“[...] a questão social não é senão as expressões do processo de

formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso

no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento

como classe por parte do empresariado e do Estado. É a

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31

manifestação no cotidiano da vida social, da contradição entre o

proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de

intervenção mais além da caridade e repressão” (CARVALHO &

IAMAMOTO apud MACHADO, 1999 p. 42).

Ao Assistente Social, segundo Iamamoto (1988), cabe a defesa dos direitos

sociais, da cidadania, democracia e emancipação dos sujeitos sociais,

comprometimento que deve ser assumido por ser o projeto político profissional

materializado no Código de Ética.

2.2 Semelhanças

O Serviço Social e a Terapia Comunitária têm muito mais em comum do

que imaginamos. Nos grupos de terapia são utilizados, na prática, conceitos que

aprendemos no curso de Serviço Social, profissão que exige escuta técnica para

entender o que o usuário está dizendo, e muita observação porque, muitas vezes,

por gestos e expressão corporal, percebemos o que o usuário está tentando dizer.

Saber perguntar e mostrar caminhos sem interferir ou aconselhar, também é

necessário nessa profissão, cabendo ao Assistente Social utilizar corretamente

essas técnicas no atendimento individual ou coletivo, o que na Terapia

Comunitária, também é necessário porque enquanto o indivíduo apresenta sua

história de vida, o terapeuta deve manter a escuta técnica e observação apurada,

permitindo que o outro relate suas dúvidas, suas verdades e motivações; sempre

procurando entender à problemática apresentada e depois discutir com o grupo

para que juntos mostrem caminhos e possíveis soluções para que quem

apresentou a situação – problema possa escolher qual melhor caminho a seguir.

A Terapia Comunitária procura fazer com que o grupo perceba que seus

problemas não são somente seus, mas sim de várias pessoas e que o motivo

deste fato acontecer é a estruturação da sociedade em que vivem, onde tudo gira

em torno do capital e do poder. Procura também fazê-los “romper com o

clientelismo para chegarem à cidadania” (BARRETO, 2005, p. 60), e, ter um

“projeto profissional comprometido com a defesa dos direitos sociais”

Page 21: MonografiaEdnaDias

32

(IAMAMOTO,1988, p.113), promover cidadania e democracia é um dos preceitos

do Serviço Social. Todos têm os mesmos direitos perante a Lei e devem ser

tratados com eqüidade, não com atitudes paternalistas ou assistencialistas. As

pessoas devem ter seus direitos garantidos e colocados em prática, porém, isso

não acontece, porque alguns dos direitos escritos na Constituição de 1988 não

saíram do papel, cabendo ao povo lutar para que se concretizem. Ao Serviço

Social fazer com que as pessoas comecem a perceber esses fatos. E a Terapia

Comunitária vem para ajudar nessa luta, mediante reflexão das situações vividas

pelo grupo que são causadas, em algumas vezes, pela não concretização dos

direitos da população.

Muitas pessoas que freqüentam a Terapia Comunitária necessitam

compartilhar as angústias de seu cotidiano para que uma seja eleita para todos

ouvirem juntos e buscarem uma solução, o que faz, muitas vezes, com que

percebam que seu problema é semelhante ao de outras pessoas, e que, apesar

de cada um possuir sua singularidade e história de vida, também fazem parte do

coletivo que os levam a ter problemas comuns por causa da estrutura de

sociedade em que vivem. E no Serviço Social a abordagem desempenhada pelo

Assistente Social é exatamente como na Terapia Comunitária: fazer o usuário

refletir que o problema que vive não é por sua culpa, ou somente seu, mas sim de

várias pessoas e que a causa está na sociedade em que está inserido.

Podemos apontar outro fato em comum entre Terapia Comunitária e

Serviço Social: os dois devem respeitar os valores e autonomia dos seres

humanos como princípio. Afinal é necessário que as pessoas percebam que sua

cultura, seu saber tem valor e sintam que são capazes de conduzir sua vida e

seus problemas por si próprias, sem que sejam vistos como coitados ou que o

profissional coloque-se na postura de salvador, que quer resolver tudo pelo

semelhante. Essa atitude de salvador é parecida com que, no Serviço Social, é

denominado atitude paternalista, realizada por alguns profissionais que na sua

visão entendem que o usuário não é capaz de refletir nem tão pouco de buscar a

sua emancipação, portanto, os Assistentes Sociais têm que fazê-lo por ele.

Page 22: MonografiaEdnaDias

33

2.3 Objetivos da Terapia Comunitária: semelhanças com o Serviço Social

Os objetivos da Terapia Comunitária que, segundo Barreto (2005) procuram

ampliar seu ângulo de ação para que haja uma mudança de olhar, também têm

alguns pontos em comum com o Serviço Social e serão destacados a seguir:

1. Ir além do unitário para atingir o comunitário porque, com a globalização, a

sociedade em que vivemos atualmente passa a ter um aumento de problemas

que devem ser superados pela coletividade e não somente por um indivíduo,

um líder ou um especialista. Pelo fato dos problemas serem da comunidade e

não apenas de uma única pessoa, é que a própria comunidade dispõe

também de soluções.

Neste objetivo, percebe-se que o olhar da totalidade é fato importante

porque, além do problema individual é necessário analisar o contexto em que se

insere esse indivíduo que deve superar seus problemas no coletivo, pois, muitas

vezes, o problema de um é o problema de vários.

2. Sair da dependência para a autonomia e a co-responsabilidade procurando

estimular o crescimento pessoal e desenvolvimento familiar e comunitário,

porque a dependência atrapalha esse crescimento e desenvolvimento. E se a

comunidade solucionar seus problemas, há o reforço da autoconfiança.

Defender a autonomia é um dos objetivos do Serviço Social porque o

usuário deve ser interrogado sobre o que pensa de seu problema, afinal, o

Assistente Social apenas aponta caminhos.

3. Ver além da carência para ressaltar a competência em que a comunidade deve

valorizar o sofrimento vivenciado como grande fonte geradora de competência,

utilizado como uma forma de reconhecimento do saber adquirido com a vida.

Ressaltar a competência e potencial é necessário para a não utilização de

atitudes paternalistas de quem acredita na falta de capacidade do usuário, pois,

como está descrito na alínea a) do artigo 6º do Código de Ética Profissional dos

Page 23: MonografiaEdnaDias

34

Assistentes Sociais “é vedado ao Assistente Social: exercer sua autoridade de

maneira a limitar ou cercear o direito do usuário de participar e decidir livremente

sobre seus interesses”.

4. Sair da verticalidade para a horizontalidade para que se acolha, reconheça e dê

o apoio necessário a quem vive situações de sofrimento, proporcionando maior

humanização nas relações.

O que se entende por horizontalidade é que não há relações de

subordinação onde alguns mandam enquanto outros obedecem, ou seja, há uma

descentralização do poder, diferindo, portanto da verticalidade em que há

concentração de poder.

Portanto, ao ler este objetivo, observa-se que na Terapia não deve haver

os que mandam e os que obedecem, assim como o Assistente Social não deve se

considerar acima dos usuários por ter um grau de instrução e de conhecimento

científico, porque todas as pessoas possuem conhecimentos originados da

herança cultural.

5. Da descrença da capacidade do outro, passar a acreditar no potencial de cada

um deixando de querer que o outro aceite nossas decisões para percebermos e

estarmos a serviço das competências dos outros.

Nesta mudança percebe-se algo em comum com o que se discute no

Serviço Social: o entendimento de que o homem tem potencial e autonomia, que

devem ser reconhecidos, defendidos e garantidos pelo Assistente Social.

6. Ir além do privado para o público, pois a reflexão dos problemas sociais que

atingem os indivíduos sai do campo particular para a partilha pública, coletiva e

comunitária, encontrando juntos a solução dos problemas de maneira interativa,

identificando-se com os outros no compartilhamento dos sofrimentos,

respeitando às diferenças.

Page 24: MonografiaEdnaDias

35

Portanto, as pessoas devem unir-se enquanto classe e refletir que o

problema de um, pode ser o problema de vários como conseqüência do

tipo de sociedade em que vivem.

7. Romper com o clientelismo para chegarmos à cidadania através do indivíduo

que deixa de ser objeto passivo para se tornar um parceiro ativo e sujeito de

sua história que não deve pedir nada como favor ou caridade e sim porque lhe

é de direito.

O clientelismo gera troca de favores, e a cidadania, que também é

defendida pelo Serviço Social, são os direitos que os cidadãos têm em participar

das decisões do que é público e que deve, se necessário, ser instituída pelo

Assistente Social.

8. Romper com o modelo que concentra informação para fazê-la circular

resgatando o capital sócio-cultural do grupo para que este seja colocado como

co-autor das decisões e das políticas públicas.

O Serviço Social também valoriza o resgate do capital sócio-cultural que é:

“[...] um meio solidário e cooperativo que reúne forças e

capacidades coletivas na busca contínua por melhorias locais,

bem como acionando os demais capitais (econômico, humano,

natural, psicossocial, etc.) como elementos fundamentais

congruentes que podem impulsionar e direcionar o

desenvolvimento endógeno de uma comunidade” (MARIANI &

OLIVEIRA, 2004, p. 7).

2.4 Cultura

Nos grupos de Terapia Comunitária é importante que a diversidade cultural

seja valorizada porque a cultura é “a expressão de valores” e “de um modo

particular de vida, de um povo, numa determinada época” (FALEROS, 1996, p.

34), fazendo com que pensamentos e “comportamentos dos homens uns em

Page 25: MonografiaEdnaDias

36

relação aos outros” sejam compreendidos (FALEIROS, 1996, p. 34). Além de

respeitar a diversidade cultural, o homem deve, lembra Barreto (2005), identificar-

se com os valores culturais de seu grupo para poder construir sua identidade. É

essa identidade e diversidade cultural que o Assistente Social deve saber

respeitar, sempre buscando analisar o quanto são importantes e influenciam a

vida de uma pessoa, pois a cultura tem métodos que geram habilidades e

competências.

Todas as pessoas têm sua cultura, denominado de herança cultural porque

foi ensinada pelos antepassados e repassada por várias gerações. Respeitar a

diversidade cultural é o primeiro passo para o entendimento das diferenças,

principalmente quando há o entendimento de que existem várias culturas em um

único país, e que essa diversidade cultural, “faz a grandeza deste país”

(BARRETO, 2005, p. 59). Ter consciência de sua cultura faz com que o homem

perceba que tem uma história de vida que é importante, devendo ser analisada e

valorizada pelos outros e por si mesmo porque tudo em que acredita, por mais

que não admita, advém de sua herança cultural.

Portanto, por mais que uma pessoa não saiba ler e utilizar a linguagem

escrita, ela sempre terá algo a ensinar, e deve valorizar esse fato porque há

várias formas de se expressar sabedoria e cultura: fala, gestos, teatro, música,

dança e expressão corporal. Por isso todos devem respeitar as diferentes formas

do saber, afinal, quem ensina pode ter muito a aprender assim como quem

aprende, também pode ter muito a ensinar, ou, como afirma Paulo Freire:

“A auto-suficiência é incompatível com o diálogo. Os homens que

não têm humildade, ou a perdem, não podem se aproximar do

povo. Não podem ser seus companheiros de pronúncia do mundo.

Se alguém não é capaz de sentir-se tão homem quanto aos

outros, é que lhe falta ainda muito que caminhar, para chegar ao

lugar de encontro com eles. Nesse lugar de encontro, não há

ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que em

comunhão buscam saber mais”. (FREIRE apud BARRETO,

2005, p. XXIII):

Page 26: MonografiaEdnaDias

37

Barreto (2005), na sua obra, faz um resgate histórico das raízes culturais

dos brasileiros; relata a cultura indígena mostrando o quanto alguns aspectos

desta cultura ainda influencia nosso cotidiano nos dias de hoje e que palavras

como: mandioca, tapera, maloca, tatu, jacaré, guaraná, entre outras expressões

da língua Tupi, fazem parte do nosso vocabulário atualmente. O saber indígena

da época do descobrimento era um saber aprendido no coletivo, sem o uso de

escrita ou leitura, mas eram saberes tão importantes quanto o saber ler e

escrever. O coletivo é muito valorizado entre os indígenas e o problema de um

componente da tribo, é o problema de todos, que deve ser resolvido por todos.

Esse interesse coletivo é como na Terapia Comunitária em que o problema de um

é compartilhado com todos para que juntos achem uma solução.

Outro fato importante na cultura indígena é a maneira que os índios Kaiapó

têm para demonstrar quanto o diálogo e o saber ouvir são importantes na vida de

um homem e de seu grupo social: utilizam uma rodela de madeira fixada no lábio

inferior e nas orelhas para poderem falar e ouvir melhor. Com isso, pretendem

ressaltar as partes do corpo mais importantes na resolução de conflitos. Como

dito anteriormente, a escuta apurada e o saber dialogar também é muito

importante no Serviço Social, porém são utilizados para mediar conflitos, sejam

eles entre familiares, indivíduo ou grupo e Estado, operário e patrão.

Diversas culturas são lembradas no livro, tais como: a do negro, do

europeu e do oriental, afinal o brasileiro é a mistura de várias raças e culturas e

por isso mesmo é que deve respeitar a cultura dos outros, porque nossa cultura é

a mistura de várias culturas.

Refletir e analisar o assunto cultura nos faz entender o pensamento do

autor ilustrado muito bem na frase: “cada um é rico naquilo que o outro é pobre”

(2005, p. 52).

2.5 Questão Social

Page 27: MonografiaEdnaDias

38

As pessoas que freqüentam a Terapia Comunitária, em sua grande

maioria, apresentam problemas que são decorrentes da manifestação da questão

social e são representadas nas suas diversas expressões, tais como: miséria,

desemprego, exclusão, precarização do trabalho, da saúde, da habitação, no

saneamento básico, da educação, a alimentação insuficiente, violência, conflitos

familiares, situação do idoso, da criança e adolescente, preconceito,

discriminação e dependência química.

Os participantes do grupo que vive uma ou várias dessas expressões

sociais, procuram a Terapia Comunitária para expor o seu problema e ver se

consegue uma solução. É como se o grupo fosse um lugar de “grito de quem quer

ser ouvido” em que todos são acolhidos e identificam outras pessoas com

problemas semelhantes e juntos procuram encontrar uma solução.

Muitas vezes os participantes do grupo, conforme a terapia avança,

percebem que o problema não é isolado e o enxergam como fazendo parte de um

todo. Isso faz com que reflitam que devem organizar-se para reivindicar melhorias

para os governantes, como por exemplo: problema com o esgoto ou mais

segurança em determinado bairro. Essa reflexão dar-se-á pelo fato de que, como

dito anteriormente, os participantes percebem que o problema não está neles,

mas na estrutura de sociedade em que vivem que é totalmente injusta e desigual,

com uma lógica de mercado em que tudo gira em torno do capital e do poder,

fazendo com que o homem seja reconhecido e admirado pelo que tem e não pelo

que é. Então, quem não tem nem capital e nem poder tornar-se excluído e

marginalizado perante a sociedade.

O terapeuta comunitário também deve apontar caso uma situação relatada

não seja a única na comunidade, mostrando que o descaso das autoridades é

preocupante em relação à situação, para que lutem para as autoridades

passarem a se preocupar com a situação apresentada, com intuito de que os

integrantes do grupo se percebam como cidadãos.

Page 28: MonografiaEdnaDias

39

2.6 Cidadania e Democracia

Cidadania origina-se do latim civitas que quer dizer cidade. Segundo Dalmo

Dallari, professor titular e orientador de pós-graduação da Faculdade de Direito da

Universidade de São Paulo:

“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a

possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de

seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou

excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa

posição de inferioridade dentro do grupo social” (1998, p. 14).

Democracia, palavra originada do grego demos que quer dizer povo, é o

governo em que a responsabilidade cívica é exercida por todos cidadãos seja de

maneira direta ou indireta.

Porém, cidadania e democracia não devem se resumir apenas no ato de

eleger um representante de quatro em quatro anos, mas também que os cidadãos

tenham liberdade de expressão, direitos garantidos em lei e na prática, e não

troca de favor ou caridade. Essa busca pela cidadania é defendida tanto pelo

Serviço Social – que a defende por ser um comprometimento do projeto

profissional - quanto pela Terapia Comunitária e, no caso desta última, este fato

fica claro quando Barreto (2005, p. 53) diz que:

“[...] é importante que o que nos une na terapia é o forte

desejo de, juntos, buscarmos soluções para nossos

problemas, consolidarmos os vínculos interpessoais,

resgatarmos a capacidade terapêutica do grupo e mobilizá-

lo na construção da cidadania”.

2.7 Comunicação

Page 29: MonografiaEdnaDias

40

Saber comunicar-se e entender o que alguém quer comunicar é muito

importante, tanto na Terapia Comunitária, quanto no Serviço Social. É necessário

que entendam que todo comportamento - fala, escrita, gestos e atitudes - é

comunicação que podem se manifestar de forma inconsciente e não intencional.

Por isso é tão necessário que, em uma entrevista ou terapia em grupo, técnicas

como a escuta apurada e observação de gestos seja utilizada para melhor

compreensão do que as pessoas querem dizer, porque muitas vezes alguém diz

algo e seus gestos contradizem o que foi dito, cabendo ao entrevistador/terapeuta

tentar entender a situação, sabendo formular perguntas para entender o que de

fato a pessoa quer expressar.

A estrutura de sociedade em que vivemos atualmente é totalmente

conflituosa e individualista voltada para obtenção de lucros, acumulação de

capital, esquecendo-se o valor do coletivo. As pessoas não têm tempo de ouvir ou

serem ouvidas por causa da constante e sacrificante luta pela sobrevivência. A

Terapia Comunitária, através dos grupos, resgata o sentido do coletivo e entende

a necessidade que as pessoas têm de falar sobre seus problemas, porque a

comunicação é importante para o ser humano e como diz o provérbio “quando a

boca cala, os órgãos falam, quando a boca fala, os órgãos saram” (BARRETO,

2005, p. 65).

Expor o seu problema, suas preocupações do cotidiano sabendo que não

será julgado principalmente porque pode não ser o único que possui esse

problema e por alguém já haver passado por uma situação semelhante, mas

conseguiu resolvê-la, traz esperanças para este indivíduo que se sente acolhido

pelo grupo, afinal, a Terapia Comunitária acontece em um espaço público onde

um grupo se reúne, procurando resgatar o coletivo, a cidadania das pessoas do

grupo por meio de técnicas de comunicação, socialização da informação e não da

fofoca, que pode dificultar o crescimento coletivo.

2.8 Cotidiano

Page 30: MonografiaEdnaDias

41

O cotidiano - que é a categoria do Serviço Social que procura entender

como analisar a importância do dia-a-dia do usuário - também pode ser utilizado

pelo terapeuta comunitário como instrumental de análise e observação das

pessoas que freqüentam o grupo de terapia comunitária, pois, é na análise desse

cotidiano que descobre alguns fatos da vida dos participantes do grupo,

principalmente da pessoa que teve seu problema escolhido para análise.

2.9 Totalidade

Tanto o terapeuta comunitário quanto o Assistente Social devem observar

o indivíduo em sua totalidade e não como um ser fragmentado que é analisado

somente em suas necessidades. Observar e analisar os indivíduos em sua

totalidade é respeitar sua história de vida. Porém, a análise dessa totalidade não

deve ser focada apenas em um indivíduo; deve também ser disseminada para o

grupo procurando perceber como está essa comunidade que faz a terapia, quais

os problemas que enfrenta e incentivar o grupo de que são capazes de mudar

essa história.

2.10 Rede Social

A rede social pode ser definida como “um conjunto de relações

interpessoais a partir das quais uma pessoa mantém a própria identidade social”

(SOARES, 2004, p.31) e é importante para o Serviço Social porque pode ser

utilizada como instrumento no cotidiano do Assistente Social, e para Terapia

Comunitária a rede social também tem sua importância porque:

“[...] a Terapia Comunitária se propõe ser um instrumento de

aquecimento e de fortalecimento das relações humanas, na

construção de redes de apoio social, em um mundo cada vez

mais individualista, privatizado e conflitivo”. (BARRETO,2005,

p.36)

Page 31: MonografiaEdnaDias

42

Segundo Maria Luisa Pereira Ventura Soares (2004) - Assistente Social e

Diretora Executiva do Centro de Recuperação e Educação Nutricional - a rede

social pode ser: primária ou secundária formal, informal, do terceiro setor, de

mercado e mista, se originando dos bens que nela circulam, sejam eles dinheiro,

reciprocidade ou direito. Abaixo explicaremos sucintamente cada uma delas para

melhor entendimento, a saber:

• Rede primária – são formadas por relacionamentos entre parentes, vizinhos,

colegas de trabalho e tem origem na reciprocidade.

• Rede secundária formal – é caracterizada pela troca fundada no direito,

principalmente o direito à cidadania. Quem presta serviço a essas redes são

as instituições públicas.

• Rede secundária informal – constituída a partir da rede primária porque um

grupo organiza um auxílio ou um serviço se houver alguma necessidade ou

dificuldade em comum nos membros da rede. Não há circulação de dinheiro,

pois o vínculo é fundado na troca de serviços e solidariedade. Esse tipo de

rede existe enquanto durar o problema enfrentado.

• Redes secundárias do terceiro setor – são constituídas por organizações da

sociedade civil e apesar de prestarem serviços, não visam lucro. As

cooperativas sociais, fundações, associações e organizações são redes do

terceiro setor que têm como características o direito e a solidariedade.

• Redes secundárias de mercado – tem sua existência estritamente ligada ao

dinheiro e ao lucro.

• Rede secundária mista – é aquela que presta serviço garantindo o direito,

mas o faz em troca de pagamento.

A rede social é muito importante porque toda a pessoa a possui, apesar de

“muitas vezes se sentir isolada por ser excluída socialmente e não consegue

Page 32: MonografiaEdnaDias

43

perceber os vínculos que possui e que pode dar suporte e ajudá-la a superar suas

dificuldades” (SOARES, 2004, p.33) e por ter uma abordagem em “que atua-se

com a pessoa que traz a demanda e com as pessoas que são significativas para

a solução do problema” (Idem, p.35)

2.11 Paulo Freire

Os ensinamentos, ou melhor, o Método de Paulo Freire são muito

importantes para o Serviço Social e auxilia no entendimento sobre alguns

aspectos da realidade social. Diante de um Brasil que ainda reproduzia a

submissão das classes dominadas que eram impedidos de ser, saber, ter e poder,

Freire defendia a educação como um ato político e o saber popular, propondo a

superação dessa submissão e apontando para um mundo de possibilidades,

sempre pregando a necessidade do povo ser estimulado a participar da vida

pública e do todo social.

Em Pedagogia da Autonomia, sua última obra publicada em vida, discute

sobre ética universal do ser humano e neste contexto cita a ética que condena a

exploração do trabalho; fala sobre a necessidade de se respeitar à identidade

cultural dos educandos, e nisto se assemelha com o Serviço Social que também

deve respeitar a identidade cultural de seus usuários que por vezes também são

educandos. Diz também que os professores devem respeitar os saberes dos

educandos, aconselhando que discutam os problemas sociais com os quais

sofrem as comunidades carentes e a desigualdade em que vivem, e reflete sobre

a questão da mudança, dizendo que são difíceis, porém possíveis, contudo:

“Não se trata obviamente de impor à população expoliada e

sofrida que se rebele, que se mobilize, que se organize para

defender-se, vale dizer, para mudar o mundo. Trata-se, na

verdade, não importa se trabalhamos com alfabetização, com

saúde, com evangelização ou com todas elas, de

simultaneamente com trabalho específico de cada um desses

campos desafiar os grupos populares para que percebam, em

termos críticos, a violência e a profunda injustiça que caracterizam

Page 33: MonografiaEdnaDias

44

sua situação concreta. Mais ainda, que a situação concreta não é

destino certo ou vontade de Deus, algo que não pode ser

mudado” (FREIRE, 1996, p.31).

Percebe-se, na fala supra citada que o autor procura ensinar

conscientizando as pessoas de que a mudança é possível, desafiando aos grupos

populares a perceberem criticamente o quanto sofrem com a profunda injustiça e

que isso não deve ser visto como vontade de Deus ou como algo que não pode

ser mudado, ou seja, assim como é pregado pelo Serviço Social, Freire rompe

com a visão messiânica e fatalista sobre a realidade dos oprimidos.

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45

CAPÍTULO III

TERAPIA COMUNITÁRIA NA PRÁTICA

“Quando a boca cala,

O corpo fala,

Quando a boca fala,

O corpo sara.”

Adalberto Barreto

Para realizarmos a pesquisa a campo escolhemos um Centro Médico do

Grande ABC em que são realizadas sessões de Terapia Comunitária todas as

quintas-feiras a partir das duas horas da tarde, porque a Assistente Social que é a

terapeuta deste grupo foi supervisora de estágio de uma das componentes do

grupo, motivo que facilitou nossa aproximação com os participantes da terapia e a

coleta de dados para podermos alcançar o objetivo deste trabalho: analisar a

relação do Serviço Social com a Terapia Comunitária na teoria e na prática.

3.1 Procedimentos metodológicos

Para iniciarmos a pesquisa a campo optamos fazer uma abordagem

qualitativa pela complexidade do tema analisado, por tratar-se de algo que mexe

com a emoção das pessoas. Para tanto, é preciso esclarecer que:

Page 35: MonografiaEdnaDias

46

“a pesquisa qualitativa responde a questões muito

particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com o

nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja,

ela trabalha com o universo de significados, motivos,

aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a

um espaço mais profundo de relações, dos processos e dos

fenômenos que não podem ser reduzidos à

operacionalização de variações” (MINAYO, DESLANDES,

NETO e GOMES, 2001, p. 21 e 22).

Esta pesquisa foi realizada em 26 de Julho de 2007 para que o grupo

pudesse participar, observar e analisar como funciona a Terapia Comunitária na

prática. Neste dia, a terapia contou com a presença de uma terapeuta corporal

que fez a abertura e o encerramento da sessão.

3.2 Instrumentais e técnicas

A pesquisa foi dividida em dois momentos:

1º) o grupo participou da Terapia Comunitária para observar como esta é

realizada na prática e qual a reação e sentimentos dos participantes;

2º) realização de entrevista com uma participante da terapia e com a

terapeuta.

No primeiro momento da pesquisa, o grupo decidiu fazer a pesquisa como

participante total “em que o observador não revela ao grupo sua verdadeira

identidade de pesquisador nem o propósito do estudo” (LUDEKC e ANDRÉ, 1986,

p.28), buscando tornar-se um membro do grupo para que consiga se aproximar o

máximo possível da “perspectiva dos participantes” (idem). E no papel

participante total, pudemos observar a importância do falar e de sentir-se

Page 36: MonografiaEdnaDias

47

pertencente a um grupo; o companheirismo e solidariedade que os participantes

têm uns com os outros.

Percebemos também como é importante seguir corretamente as fases da

Terapia Comunitária porque é realmente necessário um acolhimento que deixe as

pessoas à vontade: uma música ou até mesmo uma dinâmica de grupo, como

pudemos observar e participar durante a pesquisa. A escolha do tema surge das

colocações feitas pelos participantes, portanto, é preciso que o grupo preste

atenção no que cada um fala e tenha a sensibilidade de perceber quem necessita

ser o protagonista da sessão; a contextualização do problema; o mote, que fará o

grupo refletir sobre o tema escolhido e sobre si próprio; e o encerramento, em que

todos se abraçam, formando uma teia e falam algo positivo para o protagonista da

sessão.

Após participarmos da terapia, realizamos as entrevistas com a participante

da terapia e com a terapeuta.

A entrevista com Sra Amélia Lopes Ferraz Sudré, participante da terapia,

foi realizada em dia 26 de Julho de 2007 e fizemos as seguintes questões:

1) Como o senhor (a) ficou sabendo da Terapia Comunitária o que o (a) levou a

procurá-la?

“Fui passar em uma consulta, cheguei dez minutos atrasada

e o médico não quis me atender. Achei um desaforo, pois às

vezes os médicos também atrasam e os pacientes precisam

esperar. Por causa desse nervoso passei mal, a pressão

ficou alta e o médico acabou me atendendo e pedindo para

me medicarem. Porém, continuei passando mal e precisei ir

para um pronto socorro, onde tive um começo de infarto e fui

transferida para o Hospital do convênio onde fiquei por cinco

dias e fui encaminhada para um programa do convênio. Lá,

passei em entrevista com a Assistente Social Danile - com

quem conversei muito sobre meus problemas - e esta me

Page 37: MonografiaEdnaDias

48

convidou a participar da Terapia Comunitária e na outra

semana participei do grupo de terapia”.

2) Após participar da terapia, mudou alguma coisa em sua vida?

“Depois de ter participado do grupo e conversado com a

Assistente Social, até sonhei, algo que não conseguia fazer

a algum tempo por causa de alguns problemas. No grupo de

terapia, aprendi a me valorizar e percebi que há pessoas

com problemas piores que os meus”.

A entrevista com Sra. Danile Azevedo Amorese Costa, Assistente Social e

terapeuta em formação, foi realizada em 07 de Agosto de 2007 e fizemos as

seguintes questões:

1) Diante da sua experiência e seus conhecimentos, no que a Terapia

Comunitária contribui para o Serviço Social? E para você?

“Bom, a Terapia Comunitária, contribui muito para o Serviço

Social, para minha atuação profissional e, na verdade eu vejo a

Terapia Comunitária como uma continuação do Serviço Social.

Acredito que todos os conceitos da Terapia que são trabalhados

no paciente, no usuário, enfim, a teoria do Serviço Social que, ‘tá’

sendo, de alguma forma praticada. E, sendo profissional de

Serviço Social, ajuda muito mais a questão da Terapia

Comunitária porque a gente já tem essa base de conhecer o todo,

da escuta, de ver o outro realmente como um todo, então uma

coisa agregou a outra, mas a minha prática profissional

realmente... enriqueceu muito por saber e por conseguir trabalhar

na prática tudo aquilo que eu penso que é realmente o Serviço

Social, com a questão da ajuda.

Pra mim é maravilhoso, a cada sessão de terapia eu me

transformo um pouco. É uma experiência muito rica estar junto

Page 38: MonografiaEdnaDias

49

com as pessoas e poder realmente trocar, compartilhar, então,

não é só para elas o efeito terapêutico, pra mim também e... pra

mim como pessoa, eu... me conheço muito mais hoje. Então, por

trabalhar com outras pessoas a gente precisa ter esse

reconhecimento de si. Sempre fui uma pessoa assim, de buscar

um auto - conhecimento, mas isso agora fica muito mais forte por

tentar fazer isso pelo outro. Então hoje eu sou uma pessoa, que

me conheço muito mais hoje do que quando eu não fazia Terapia

Comunitária”.

2) Comente sobre as transformações mais marcantes que percebeu com o

decorrer das sessões de Terapia Comunitária.

“Todas as sessões, elas são muito... eu saio surpresa de todas

elas, têm algumas que óbvio que são pesadas pelos problemas

que são trazidos pelos participantes, mas a gente vê na ‘carinha’,

né?, porque o corpo fala também, vem no corpo, as pessoas

entram tensas, quando o tema daquela pessoa em especial é

escolhido e a gente trabalha com aquele tema a pessoa sai muito

mais leve, pertencendo de um grupo, pertencendo de algo como

se fosse uma família e ela se sente realmente acolhida. E o

processo terapêutico, nem eu tinha dimensão de quanto é

importante a Terapia Comunitária no decorrer, por exemplo,

aquela pessoa que vem toda semana, e as pessoas têm

melhorado muito da questão da ansiedade, é... buscado

realmente soluções estruturais, então eu tenho conseguido com

as terapias evidenciar o salto qualitativo. ‘Tá’ ajudando também

muito no tratamento, os pacientes que fazem parte da Terapia

Comunitária, que são pacientes, familiares, cuidadores. Alguns

apresentam doenças crônicas ou outros são cuidadores, e isso

tem ajudado muito no tratamento em geral. Então eu ‘tô’ vendo

realmente muita conseqüência positiva, como eu falei, um salto

realmente qualitativo no decorrer das terapias e todo participante

da terapia sempre volta na outra. E eles se sentem realmente

como se fosse uma família, é muito gostoso. E a cada grupo, a

cada terapia, há algo novo que acontece que a gente não sabe o

Page 39: MonografiaEdnaDias

50

que vai acontecer no decorrer da terapia, mas que tem tido um

efeito terapêutico fantástico que nem eu tinha dimensão. O fato

das pessoas se sentirem assim, acolhidas e ‘nossa, quando eu

precisar chorar vai ter alguém que vai me apoiar’, porque até com

as dinâmicas que a gente faz no final de as pessoas mexerem e

sentirem o balanço da roda, é justamente para sentir ‘na hora que

eu tiver caindo, vai ter alguém para poder me apoiar’, e é

exatamente isso que elas sentem, se sentem acolhidas. É

maravilhoso. E depois quando as pessoas voltam, por exemplo,

aquelas pessoas que tiveram o tema escolhido, elas... elas voltam

diferentes, elas voltam muito... eu não sei explicar, mas a

aparência modifica, aquele olhar... aquela coisa tensa, fica algo

mais solto. É, a dimensão da Terapia Comunitária é muito grande,

muito grande”.

3) Durante a Terapia, são contadas diversas experiências, mas apenas uma é

escolhida pelo grupo. Se você percebe que um relato que não foi escolhido pelo

grupo é mais urgente, porém, você não pode interferir na escolha do grupo, o que

faz para ajudar essa pessoa?

“Geralmente, é... o que acontece, a sintonia do grupo é tanta, que

as pessoas, no momento da roda, quando elas expõem o

problema, elas sentem que o problema do outro é mais urgente.

Então têm muitas pessoas que colocam algumas coisas que

quando ouvem uma outra pessoa falar uma coisa que é um pouco

mais urgente, que precisa ser trabalhada, elas se comovem

totalmente, elas se doam para aquele problema e elas mesmas

dizem que ‘olha, o meu problema tá ruim, mas o dela tá muito pior

que o meu’. Então o sentimento de sinergia, comunhão,

solidariedade também é despertado no grupo, elas se percebem.

A sintonia é muito grande. E tudo isso por conta do início, da

sensibilização, as pessoas se sentem realmente acolhidas. Agora,

quando existe algum outro problema, algum outro tema, urgente

também, que tem essa necessidade de escolha, de ser

trabalhado, no final da terapia eu chamo a pessoa, então a

pessoa vem e discute um pouquinho, mas na verdade isso nunca

Page 40: MonografiaEdnaDias

51

aconteceu, isso pode acontecer, de chamar a pessoa e falar um

pouco mais a respeito do problema, mas... todas as pessoas que

estão na terapia, todos os problemas que são trazidos, elas são

beneficiadas também com a reflexão do grupo, porque... a gente

tenta lançar um mote que contemple tudo. Às vezes, isso vai do

terapeuta, às vezes têm problemas que são trazidos, que a gente

identifica o que é aquele problema, com a restituição, quando a

pessoa traz a escolha do tema, e a gente tenta fazer do mote, que

é a alma da terapia, um mote específico, geral, que contemple

aquele problema daquela pessoa também, ou seja, o problema

dela não está sendo ali falado, discutido um pouco mais, mas ‘tá’

sendo trabalhado também porque ao mesmo tempo ela traz

alguma reflexão, alguma... alguma coisa que ela tenha passado,

que ela superou aquele problema, que aí depois ela entende,

‘olha se você pode resolver assim o seu problema, eu também

resolvi um problema meu assim, então vou resolver meu problema

dessa forma’. Tudo depende muito do mote que você lança e toda

a reflexão do grupo contempla a todo mundo. Então talvez eu não

falei um tema mais voltado pro meu, mas eu fui contemplada com

aquela reflexão porque eu me senti útil de também poder ajudar

outra pessoa e só o fato de a gente refletir em uma coisa, já traz

uma reflexão pra mim daquilo que eu ‘tô’ vivendo, daquilo que eu

tô precisando trabalhar, então... às vezes o mote, quando eu

lanço, geralmente eu tenho feito dessa forma, quando tenho

problema que são urgentes. Tudo depende do terapeuta perceber

o outro. A gente tenta contemplar com o mote... todos. A pessoa,

sem perceber, foi trabalhada também. Às vezes tem aquele caso

que a gente vê que precisava falar, independente disso, aí eu

procuro às vezes ou marcar tratamento individual, mas às vezes

eu prefiro até acompanhar com a Terapia Comunitária mesmo,

porque tem pessoas que chegam aqui de forma muito fechada,

que não conseguem falar sobre o problema, conseguem falar,

porque todos eles se colocam, mas ele não consegue falar do

problema mesmo, porque não está entendendo o que está

acontecendo; então entra de forma muito tímida, então, por

exemplo, começa a falar, ‘porque eu fiquei preocupado com o

avião da TAM que caiu’, na outra terapia: ‘ah! Eu tô chateado

Page 41: MonografiaEdnaDias

52

porque minha família está desestruturada’, na outra terapia: ‘eu tô

muito preocupado com a minha questão emocional porque eu

percebi que meu problema é realmente emocional, não tenho

problema nenhum de doença’. Então, a pessoa vai crescendo, ela

vai conseguindo trazer coisas pra gente. Então, voltando pra

pergunta... nunca aconteceu isso porque todas pessoas são

contempladas, mas caso não for e eu achar que tem mais

necessidade de ser trabalhado, dependendo do caso, ou eu vou

pedir pra vir conversar, no atendimento individual mesmo, ou

então vou trabalhando na terapia”.

3.3 Análise de Dados

Ao analisarmos as respostas das entrevistadas percebemos que o

participante da Terapia Comunitária, ao ouvir os depoimentos e contribuir com a

sua história de vida, resgata sentimentos que estavam adormecidos, aumenta sua

auto-estima, a empatia, doação e solidariedade com o outro ao refletirem que

outras pessoas estão com problemas iguais ou maiores que o dele - neste

momento começa a perceber a importância do coletivo - e encontra melhor

solução para seus desafios comprovando o que diz Barreto “quando a boca cala,

o corpo fala, quando a boca fala, o corpo sara” (2005, p.65), principalmente

quando Sra Amélia diz que até sonhou, algo que não fazia há algum tempo.

Analisando a fala da terapeuta observamos que durante cada sessão ela

faz uma auto-avaliação, pois há troca de conhecimentos porque “o terapeuta

comunitário deve sempre ter uma visão e compreender que não está lá somente

para realizar uma tarefa para os outros, mas, sobretudo para si mesmo”

(BARRETO, 2005, p. XXV).

Destaca a importância dos conhecimentos adquiridos com o Serviço Social

que podem ser utilizados durante a terapia: o saber ouvir, saber perguntar,

analisar profundamente a linguagem falada e a linguagem corporal do usuário,

sua história individual e coletiva, procurando mostrar caminhos para que ele

decida o melhor a seguir; portanto “o terapeuta precisa estar comprometido com o

Page 42: MonografiaEdnaDias

53

processo de crescimento das pessoas e da comunidade e, por isso, deve fazer

alianças com as pessoas envolvidas com as diversas atividades” (BARRETO,

2005, P.65) sempre procurando “ver além do dedo que aponta a estrela” (idem, p.

65). Essas ações destacadas pela terapeuta são mediações, que, para o Serviço

Social “[...] são categorias instrumentais através das quais se processa a

operacionalização da ação profissional” (MARTINELLI apud FAUSTINI, VILLAR &

WEIZENMANN, 2007, p. 3) e esta operacionalização se dá “[...] através do

conjunto de instrumentos, recursos, técnicas e estratégias” (idem) utilizadas pelo

profissional; o que se assemelha com que Barreto fala sobre a mediação do

terapeuta que

“(...) é aquele que respeita os valores e a autonomia do outro e

tem consciência do valor de escutar mais do que falar (...)

acompanha de perto as mudanças mentais que ocorrem

impulsionadas pela própria dinâmica da vida e ajuda as pessoas

atualizarem suas fichas mentais” (2005, p. 126).

As transformações que ocorrem com os participantes da terapia que se

expressam, acontece gradativamente e pode ser percebida a cada sessão até

mesmo através da fisionomia: “Ninguém nasce feito. “Vamos nos fazendo aos

poucos, na prática social de que tomamos parte” (FREIRE apud BARRETO, 2005

p. XXIV).

Na última fala da terapeuta fica claro que é importante contemplar a todos

os participantes da terapia através do mote, ou seja, a pergunta chave que irá

fazer com que reflitam sobre o problema do protagonista da sessão e sobre seus

próprios problemas porque o mote “promove a reflexão coletiva capaz de trazer à

tona os elementos fundamentais que permitam a cada um rever os seus

esquemas mentais, seus preconceitos e reconstruir a realidade”. (BARRETO,

2005, p. 78).

Esses dados mostram que a Terapia Comunitária realmente é um

importante meio de comunicação e de obtenção de informações que procura,

como idealizado por Freire, criar possibilidades e fortalecer o coletivo na

Page 43: MonografiaEdnaDias

54

construção de caminhos para a resolução de um determinado problema, e,

portanto, pode ser utilizada como um instrumento para o Assistente Social no

atendimento de grupo, assim como alguns instrumentais do Assistente Social

podem ser utilizados durante a terapia, porque é necessário que “o terapeuta

apóie o dinamismo interno do grupo, para que este descubra seus valores, suas

potencialidades, e torne-se mais autônomo e menos dependente” (BARRETO,

2005, p. 49), fazendo com que os participantes da terapia se percebam como

cidadãos de direito.

Page 44: MonografiaEdnaDias

55

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizarmos este trabalho acadêmico constatamos que a Terapia

Comunitária funciona e é muito importante para quem dela participa, pois, como

pudemos verificar em nossa pesquisa de campo, quando um participante está

angustiado com algum problema de seu cotidiano e compartilha com o grupo,

percebe-se o alívio em seu semblante, afinal falar sobre o que o que angustia e

ouvir a reflexão do outro sobre seu problema, o ajuda na escolha do melhor

caminho a seguir.

A Terapia Comunitária não é espaço para conselhos, nem para fofocas, é

um espaço em que podemos encontrar diversas expressões da questão social,

valorizando a importância da comunidade na busca de melhorias para um todo,

analisando o cotidiano de cada um e suas relações sociais.

Esses fatores supracitados nos levam a acreditar que a Terapia

Comunitária é um instrumental importante para o Serviço Social, assim como o

profissional Assistente Social pode contribuir muito com a Terapia Comunitária.

Contudo, no decorrer do trabalho, observamos que o que diferencia a

Terapia Comunitária de outras terapias, como por exemplo, a terapia individual -

espaço onde o paciente relata seus anseios e recebe orientações de como agir

frente aos problemas apresentados - é o fato dela não ser aplicada com um olhar

clínico, pois o terapeuta comunitário deve ter clareza de seu papel de mediador

da terapia, não utilizando–se de sua formação profissional, por isso que pode ser

realizada por profissionais de diversas áreas.

Percebemos, mediante comentários de colegas de sala e outros profissionais

Assistentes Sociais, que a Terapia Comunitária não é benquista pela categoria,

por ser denominada Terapia e entenderem que estamos invadindo a prática

profissional dos psicólogos. Porém com este trabalho queremos romper com esse

estigma, mostrando que a Terapia Comunitária é uma área de atuação nova para

o Serviço Social, podendo ser realizada na Instituição em que trabalha, ou outros

locais públicos.

Page 45: MonografiaEdnaDias

56

Concluindo, esta pesquisa nos fez perceber que devemos ampliar nossa visão

sobre as relações sociais do cotidiano, permitir mudanças, evitar pré-conceitos, e

entender que quando as pessoas trabalham em comunidade, e adquirem

consciência crítica, resulta na melhoria da qualidade de vida individual e coletiva.

Page 46: MonografiaEdnaDias

57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, Viviane. Disponível em:

<http://www.mapadoterceirosetor.org.br/adm/download/redes.pdf> Acesso em: 09

maio 2007.

ARAÚJO, Rachel C. NASCIMENTO, Célia R. SOARES, Maria L. P. Ventura

Abordagem Social. 2ª edição, São Paulo, 2004.

BARRETO, Adalberto de Paula Terapia Comunitária passo a passo, São Paulo.

gráfica LCR (2005)

CALADO, Alder Júlio Ferreira. Fafica. Disponível em:

<http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/Files/livros/Calado-Paulo_Freire-

sua_visao_de_mundo_de_homem_e_de_sociedade.pdf> Acesso em: 16 agosto

2007.

CASTRO, Alba Tereza Barroso de. Espaço público e cidadania: uma introdução

pensamento de Hannah Arendt In Serviço Social e Sociedade nº 59. São Paulo.

Cortez Editora (1999) p. 11

DALLARI, Dalmo. Disponível em:

<http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/textos/deveres.htm> Acesso em: 09 maio

2007.

FALEIROS, Vicente de Paula Serviço Social: questões presentes para o futuro In

Serviço Social e Sociedade nº 50, São Paulo. Cortez Editora (1996) pp 147. 157

FAUSTINI,Márcia S. Arruda, VILLAR,Véra Lúcia C. , WEIZENMANN,Martha

Helena.

Disponível em:

<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/view/1054/831>

Acesso em: 15 setembro 2007.

Page 47: MonografiaEdnaDias

58

FIX, Sílvia A. Barretto. GALVANI, Cecília. LEITE, Maria de Salete Vianna.

Terapia Comunitária no CEAF (Centro de Estudos e Assistência à Família).

Disponível em: http://www.abratecom.org.br/artigo_detalhe.asp?art_ID=13"

Acesso em: 16 maio 2007.

IAMAMOTO, Marilda Vilela Trabalho e Serviço Social. O redimensionamento da

profissão ante as transformações societárias recentes In Serviço Social na

Contemporaneidade: Trabalho e formação profissional (1988), pp; 83. 148

LARA, Larissa Michele. PIMENTEL, Giuliano G. de Assis. RIBEIRO, Deiva M. D.

Ribeiro. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd81/brincad.htm> Acesso

em:17 maio 2007.

MACHADO, Ednéia Maria. Disponível em:

<http://www.ssrevista.uel.br/c_v2n1_quest.htm> Acesso em 09 maio 2007.

MARIANI, Milton Augusto Pasquatto. OLIVEIRA, Anelize Oliveira. Universidade

Católica Dom Bosco. Disponível em:

<http://www.ucdb.br/coloquio/arquivos/anelize.pdf > Acesso em :14 junho 2007.

Page 48: MonografiaEdnaDias

59

APÊNDICES

Page 49: MonografiaEdnaDias

60

ROTEIRO PARA ENTREVISTA

� Perguntas para o usuário da Terapia Comunitária

1) Como o senhor (a) ficou sabendo da Terapia Comunitária o que o (a)

levou a procurá-la?

2) Após participar da terapia, mudou alguma coisa em sua vida?

� Perguntas para o Terapeuta:

1) Diante da sua experiência e seus conhecimentos, no que a Terapia

Comunitária contribui para o Serviço Social? E para você?

2) Comente sobre as transformações mais marcantes que percebeu com o

decorrer das sessões de Terapia Comunitária.

3) Durante a Terapia, são contados diversas experiências, mas apenas

uma é escolhida pelo grupo. Se você percebe que um relato que não foi

escolhido pelo grupo é mais urgente, porém, você não pode interferir na

escolha do grupo, o que faz para ajudar essa pessoa?

Page 50: MonografiaEdnaDias

61

ANEXO

Page 51: MonografiaEdnaDias

62

Locais de Terapia Comunitária em São Paulo e Santo André*

Santo André SANTO ANDRÉ (SP) US cidade São Jorge

Av. São Paulo, 800

Santo André SANTO ANDRÉ- (SP) _CREM

Rua Bethânia, s/nº Parque Novo Oratório

Santo André Santo André (SP) _Unidade de Saúde Dr. Moyses Fucs

Rua Alexandreta, 180 Jd. Santo Antonio

Santo André SANTO ANDRÉ (SP) US Parque Miami -PSF

Estrada do Pedroso, 5151. Parque Miami

Santo André SANTO ANDRÉ (SP) _ Núcleo Habitacional Capuava

Capela São Thiago- Parque Capuava

Santo André SANTO ANDRÉ- (SP) _ Unidade Utinga PACS

Alameda México, S/Nº

Santo André SANTO ANDRÉ- (SP) __Centro de Especialidades II

Praça Waldemar Soares, s/nº Parque das Nações.

Santo André SANTO ANDRÉ- (SP)_US Recreio da Borda do Campo

Rua Caturrita, 576

Santo André Unidade Básica de Saúde

Estrada do Pedroso, 5151 - Pq Miami - Sto André/SP

Santo André-SP Santo André-(SP) US Vila Linda-PSF

Rua Ingá, (Esquina c/ a Rua Embaré) Vila Linda

São Paulo CEAF - Centro de Estudos e Assistência às Famílias

R. Japuanga, 235, sub-solo do mirante da Pça Waldir Azevedo, altura do

número 1.800 da R.Cerro Corá Alto da Lapa

São Paulo AE Dr. Geraldo da Silva

Associação Educaional, Cultural e Esportivo Americanópolis - Av.

Muzambinho, 221 - Jabaquara / Albergue Abeal - Av. Armando Arruda

Pereira, 1392 - Jabaquara

São Paulo AE Jardim São Carlos

Rua Maculu, 35 - Guaianases

São Paulo Associação Amigos da Vila Gumercindo

Bairro Vila Gumercindo

São Paulo CAPS AD Casa Azul e AMORA

Page 52: MonografiaEdnaDias

63

R. Lino Pinto dos Santos, 230 - Pirituba

São Paulo CAPS Sapopemba

Rua João Lopes de Lima

São Paulo CAPS Sapopemba PSF Juta I

São Paulo Casa da Mulher Lilith -V. Alpina

Rua Savigni, 230 Vila Alpina Cep 03203-030

São Paulo CECCO Raul Seixas / UBS Jardim São Pedro

Casa de Cultura - R. Murmúrios da tarde, 211 - conj. José Bonifácio -

Itaquera

São Paulo CTA Henfil

R. Líbero Badaró, XX (confirmar número) - Sé

São Paulo ECCO – Espaço Comunitário COMENIUS

R. Otávio de Morais Lopes, 370 – Jd. Sarah – Rio Pequeno

São Paulo Horizonte Azul – Clube da Terceira Idade

Av. Presidente Altino, 1.313 - Jaquaré

São Paulo Hospital Soares Hungria- PS de Pirituba

Pirituba

São Paulo Igreja Nsra de Fátima Salão Paroquial Sumaré - SP

Av. Dr Arnaldo, 1831

São Paulo Igreja S.Francisco de Salles

Bairro Vila Gumercindo

São Paulo Iguaçu PSF

Av. Oratório, não dá pra ler o número

São Paulo Ipiranga - Paróquia Santa Cândida

Av. Dr. Ricardo Jafet, 769 - Ipiranga

São Paulo Jd. Iva

Sociedade Amigos da Vila Rica - R. João Batista Lima, 47 - Sapopemba

São Paulo Jd. Souza - Igreja de São Francisco

Rua Marinho Jacob Kramer nº379 Salão Paroquial Bairro Jardim Souza

Sub Pefeitura M'Boi Mirim

São Paulo Projeto Esperança – Pensionato masculino de portadores de HIV

R. Álvaro Osório de Almeida, 315 - Vila Universitária – Butantã

São Paulo PSF Elba

R. Andréia Martini, 25 - Vila Prudente

São Paulo PSF JD. Eucaliptos – Unidade de Saúde

Page 53: MonografiaEdnaDias

64

Rua Poema das Américas, 12

São Paulo PSF Jd. Sapopemba comunidade Bom Pastor

São Paulo PSF Profeta Jeremias

Igreja Santa Rita R. Profeta Jeremias, s/n - Cidade Tiradentes

São Paulo PSF Reunidas II Av. Estrada da Casa Grande 1558

São Paulo Qualis Madalena

Comunidade de Reconciliação - R. Vatapá, 41 - Sapopemba

São Paulo Serviço Social Batuíra Liberdade - SP

Rua Espírita, 222 Liberdade

São Paulo SP -PSF Jd Elba

Rua Gregório Feber, 66 segundas 14 h Rua Andréa Martinez, 64 quintas

14 h

São Paulo SP-PSF Mascarenhas de Morais UBS Mascarenhas

Rua Sargento Rodrigues Lourenço Pinto, 116

São Paulo UBS A E Carvalho

R. Japani, 07 - Penha

São Paulo UBS Adão Manoel da Silva

Associação de Bairro. R. Adão Manoel da Silva (ao lado da UBS)- São

Miguel Paulista

São Paulo UBS Alm. Delamare

UBS Alm. Delamare - Ipiranga / Escola Péricles Eugênio da Silva Ramos

/ Centro Esportivo Filipo Nunes / Salão de Festas Cond. Monte Verde BI

01 - R. Freire Brayner, 120 - Ipiranga

São Paulo UBS Arthur Alvim

R.Henrique Jacobs, 269 - Penha

São Paulo UBS Belém

R. José Alves de Oliveira, 256 - Mooca

São Paulo UBS Chácara Inglesa

R. da Ligação, 95 - Pirituba

São Paulo UBS Cidade Tiradentes

R. dos Texteis, 512 - Cidade Tiradentes

São Paulo UBS Conquista I

Escola Roque Spencer - Trav. Chalona s/n - São Mateus

São Paulo UBS Conquista II

Comunidade Imaculada Conceição R. Vereda Tropical s/n São Mateus

Page 54: MonografiaEdnaDias

65

São Paulo UBS Costa Melo

R.Luis Asson, 165 Ermelino Matarazzo

São Paulo UBS Dr Thérsio Ventura

Igreja São José do Limoeiro. R. Hamilton Regis s/n - São Miguel Paulista

São Paulo UBS Elísio Teixeira Leite

Telecentro Taipas - Pirituba

São Paulo UBS Jardim Aurora

R. Cláudio da Costa, s/n - Guaianases

São Paulo UBS Jardim Boa Vista

Rua Cândido Fontoura, 620 - Jardim Boa Vista

São Paulo UBS Jd Keralux

- R.Lucas Gonçalves, 13 - Ermelino Matarazzo - Igreja Brasil para Cristo

- R. Arlindo Betio, s/n - Ermelino Matarazzo

São Paulo UBS Jd Seckler

Igreja São Bernardo - R. Carlos Liviero - Ipiranga / Igreja Sagrado

Coração / UBS Eduardo - R. Reschilian

São Paulo UBS Jd Sinhá

Sociedade Amigos de Bairro - R. Jim Clarck, 10C - Sapopemba

São Paulo UBS Jd. Campinas

R. das Olêiades, s/n - Parelheiros

São Paulo UBS Jd. Cidade Pirituba

R. Hermina Fidelis, 269 - Pirituba

São Paulo UBS Jd. Mirmo

R. Juvenal Hudson Ferreira, 13 - Capela do Socorro

São Paulo UBS Jd. República

Av. Gonçalo de Paiva Gomes, 285 - Capela do Socorro

São Paulo UBS Jd. Três Corações

CÉU Três Lagos

São Paulo UBS Jordanópolis

R. Manoel Leitoso, XX (confirmar número) - Capela do Socorro

São Paulo UBS Madalena

Av, Paulo Colombo Pereira de Queiroz, 470 - Vl Prudente

São Paulo UBS Mascarenhas de Moraes

R. Sargento Edgard Pinto, 116 - Vl Prudente

São Paulo UBS Nitro Operária

Page 55: MonografiaEdnaDias

66

Igreja Imaculada Conceição. Pça Alberto Moreira s/n - São Miguel

Paulista

São Paulo UBS Nossa Sra. do Brasil

R. Rocha, 209 - Sé

São Paulo UBS Padre Manoel da Nóbrega

R. Pde Fsco Toledo, 545 - Penha

São Paulo UBS Paranaguá

CATEM - Sociedade Amigos de Bairro R. Viteria Simiato, 120 - Ermelino

Matarazzo

São Paulo UBS Pari

R. das Olarias, 503 - Mooca

São Paulo UBS Santa Luzia

OFIDES - R.José de Luís de Lima, 136 - Guaianases Associação Santa

Luiza - R. da Boa Visão, 31 - Guaianases

São Paulo UBS Santa Maria

R. Embirataí, 201 - Itaquera / Comunidade Nossa Senhora de Fátima -

R.Henrique Schering, 638 - Itaquera /Favela do Jd formiga - R.Eurides

Formiga, 259 - Itaquera

São Paulo UBS Santo Estevão

Igreja Santo Estevão - R. Charlim, XX Itaquera

São Paulo UBS Sta Catarina

Sociedade Amigos Vl Sta Catarina - R. Belfort Duarte, 237 - Jabaquara /

R. Belmiro Zanetti Esteves, 181 - Jabaquara

São Paulo UBS Teotônio Vilela

Comunidade Católica Cristo Salvador - Av. Arquiteto Vila Novas Artigas,

1007 - Sapopemba

São Paulo UBS União de Vila Nova

R. Grazieli Baldanik Gomes, 36 - São Miguel Paulista

São Paulo UBS Varginha

R. Henrique Muzzio, XX - Capela do Socorro

São Paulo UBS Vila Cisper

Igreja (confirmar endereço) Bairro Ermelino Matarazzo

São Paulo UBS Vila formosa / UBS Vila Antonieta

Pça Marques de Nazaré, 111 - Aricanduva

São Paulo UBS Vila Maggi

Page 56: MonografiaEdnaDias

67

R. Conde Monfevone, 40 - Pirituba

São Paulo UBS Villa Lobo

R.Coelho de Castro, 95 - Penha

São Paulo UBS Vl. Mangalot

R. Joaquim de Oliveira Freitas, 1397 - Pirituba

São Paulo UBSF 9 de Julho

R. Frutuoso Nunes, 27 - São Mateus

São Paulo UBSF Dom Angélico

R.Manoel de Oliveira Ramos, 01 Salão Comunitário - Cidade Tiradentes

São Paulo UBSF Parque Novo MundoI

Rua Benedita Dornelas Claro, 451 - Vl Maria

São Paulo UBSF/CDHU Palanque

Av. Racheb Choffi, 7.800 - São Mateus

São Paulo Unidade Básica de Saúde

Av. Edú Chaves, 1197 - Parque Edú Chaves - região do Jaçanâ

São Paulo USF Brás

União Espirita - R. Brigadeiro Machado, 269 - Mooca

São Paulo Vila Nova Jaguaré - Grupo I

Rua Bartolomeu da Ribeira,33 Vila Nova Jaguaré Núcleo Sócio

Educativo Santa Cruz da Igreja de São José

São Paulo Vila Nova Jaguaré - Grupo II

São Paulo - Capital PROJEPSI - Projeto de Epilepsia e Psiquiatria do IPq HC FMUSP

Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da FMUSP Rua Dr

Enéias de Carvalho s/ nº Pinheiros

SP SP-PSF Sinhá Sede do Santa Cruz FC

Rua João Cresini, 246

Disponível em:<http://www.abratecom.org.br/tcnobrasil.asp?UF=SP#tabela> Acesso em: 19 novembro 2007.

*Única cidade do Grande ABC encontrada no site supracitado.