monografia lucas neves - ufc

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO LUCAS MORAIS NEVES ERGONOMIA: ESTUDO DAS CONDIÇÕES DO POSTO DE TRABALHO DE UMA ODONTÓLOGA FORTALEZA 2014

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Page 1: Monografia Lucas Neves - UFC

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA,

CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

LUCAS MORAIS NEVES

ERGONOMIA: ESTUDO DAS CONDIÇÕES DO POSTO DE TRABALH O DE

UMA ODONTÓLOGA

FORTALEZA

2014

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LUCAS MORAIS NEVES

ERGONOMIA: ESTUDO DAS CONDIÇÕES DO POSTO DE TRABALHO DE

UMA ODONTÓLOGA

Monografia apresentada ao Curso de

Administração da Faculdade de

Economia, Administração, Atuária,

Contabilidade e Secretariado Executivo da

Universidade Federal do Ceará, como

requisito parcial para obtenção do Título

de Bacharel em Administração.

Orientador: Carlos Manta Pinto de Araújo,

MS.

FORTALEZA

2014

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo

N425e Neves, Lucas Morais. Ergonomia: estudo das condições do posto de trabalho de uma odontóloga/ Lucas Morais Neves. –

2014. 74 f. : il. color.; enc. Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia,

Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, Curso de Administração, Fortaleza, 2014.

Orientação: Prof. Me. Carlos Manta Pinto de Araújo. 1. Ergonomia. 2.Doenças profissionais. I. Título.

CDD 658

Page 4: Monografia Lucas Neves - UFC

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LUCAS MORAIS NEVES

ERGONOMIA: ESTUDO DAS CONDIÇÕES DO POSTO DE TRABALHO DE

UMA ODONTÓLOGA

Esta monografia foi submetida ao Departamento de Administração

da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Bacharel em Administração, outorgado pela

Universidade Federal do Ceará – UFC e encontra-se à disposição dos

interessados na Biblioteca da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde

que feita de acordo com as normas de ética científica.

Data da aprovação: ___ de ___________ de _____.

Nota

___________________________________ _____

Prof. Carlos Manta Pinto de Araújo

Orientador

Nota

___________________________________ _____

Prof. Jacqueline Maciel Pombo

Membro da Banca Examinadora

Nota

___________________________________ _____

Prof. Elidihara Trigueiro Guimarães

Membro da Banca Examinadora

Page 5: Monografia Lucas Neves - UFC

5

“ A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original. ”

(Albert Einstein)

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Dedico este trabalho a minha família pelo grande exemplo de força e amor.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer, primeiramente, à minha mãe, Ana Cleuma Moura Morais, que sempre me incentivou, me apoiou, me deu forças e me ajudou a realizar este trabalho.

Ao meu pai, Sérgio Faria Neves, que mesmo morando em outra cidade sempre me motivou e me deu força.

Ao meu irmão, Pedro Morais Neves, pelo carinho nesse momento importante da minha vida e por sempre me ajudar.

Ao meu orientador e professor, Carlos Manta Pinto de Araújo, que me ajudou a concretizar este sonho.

A todos os meus amigos que me ajudaram e entenderam esse momento feliz da minha vida.

A banca examinadora por aceitarem meu convite.

E a todos que de alguma forma me ajudaram nessa importante caminhada.

Page 8: Monografia Lucas Neves - UFC

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Resumo

Quando se fala em trabalho, muitas vezes não se importa com o modo com que ele será realizado, e sim se conseguirão realizá-lo e os benefícios financeiros que ele trará, deixando de lado o que se tem de mais precioso: a saúde, seja ela própria, no caso de um trabalhador autônomo ou de um funcionário, no caso de uma empresa. Com isso, esse trabalho trata de um tema muito importante para a saúde do trabalhador, a ergonomia. Ela deve ser utilizada em todos os componentes do posto de trabalho, não somente na cadeira de trabalho ou na posição correta de sentar-se, mas também na iluminação, temperatura, ruídos, dentre outros. Este trabalho realiza um estudo das normas ergonômicas em um consultório odontológico e um questionário com uma dentista, a fim de informar e ressaltar que a não realização dessas normas ergonômicas poderá gerar doenças ocupacionais, estresses etc. Com isso, a ergonomia também melhora a autoestima e, consequentemente, a produtividade do trabalhador. A metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica, análise in loco e, também, uma entrevista através de um questionário com a cirurgiã-dentista Dra. Ana Cleuma Moura Morais.

Palavras-chave: ergonomia, posto de trabalho, normas ergonômicas,

doenças ocupacionais.

Page 9: Monografia Lucas Neves - UFC

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Abstract

When the point is work, often do not care about the way he will be held, but whether it can be accomplished and the financial benefits it will bring, leaving aside what is most precious: the health, either itself, in the case of an independent contractor or an employee of a company in the case. Thus, this work is about a very important theme for the worker´s health, the ergonomics issue. It should be used in all components of the job, not only in the chair at work or in the correct position to sit, but also in the lighting, temperature, noise, among others. This research conducts a study of ergonomic standards in a dental office and a questionnaire with a dentist in order to inform and emphasize that not performing them may generate occupational diseases, stress etc.. Therefore, ergonomics also improves self-esteem and, consequently, worker productivity. The used methodology is a bibliographic research, a local analysis and also an interview using a questionnaire with a dentist Dr. Ana Cleuma Moura Morais.

Word keys: ergonomics, workstation, ergonomic standards, occupational

diseases.

Page 10: Monografia Lucas Neves - UFC

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Limites de tolerancia para ruído contínuo e intermitente…..…23

Quadro 02 – Tabela de iluminancia e tipos de ambiente………….....…........27

Quadro 03 – SONDE: Pesquisa postural de dentistas……………....……….47

Page 11: Monografia Lucas Neves - UFC

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Ergonomia Física………………………………………......……........17

Figura 02 – Ergonomia Cognitiva…………………....……..….......………..........18

Figura 03 – Ergonomia Organizacional……………...…………….………..........18

Figura 04 – Temperatura x Queda da produtividade…………...….……............22

Figura 05 – Escala de ruído, em decibéis (dB), desde confortável até prejudicial

à saúde ..............................................................................................................24

Figura 06 – Trabalhador exposto à vibração…….................…….………..........25

Figura 07 – Trabalhador exposto a agente químicos……......……………….....26

Figura 08 –Trabalhador exposto a má iluminação…..………………………......30

Figura 09 – Posicionamento de trabalhador sentado………………...……........33

Figura 10 – Posicionamento de bancadas de trabalho para trabalho em pé....34

Figura 11 – Representação esquemática da posição correta de levantamento e

transporte de cargas……………………………………………………………....…36

Figura 12 –Movimentos para ginástica laboral para prevenção das L.E.R.......39

Figura 13 – Equipamentos odontológicos ruidosos….………………….............62

Figura 14 – Equipamentos odontológicos ruidosos ………………….................62

Figura 15 – Equipamentos odontológicos ruidosos …………………….............62

Figura 16 – Produtos químicos utilizados em procedimentos odontológicos....62

Figura 17 – Produtos químicos utilizados em procedimentos odontológicos....62

Figura 18 – A odontóloga e os E.P.I.s……………...............…………................63

Figura 19 – Mocho…………………………………....…………………….............64

Figura 20 – Mocho da dentista e da ASB………………………………...............64

Figura 21 – Cadeira odontológica……………………..…………………..............65

Figura 22 – Cadeira odontológica………………….. …………………................65

Figura 23 – Equipo………………………………………………………….............65

Figura 24 – Refletor odontológico……………………………………………….....66

Figura 25 – Refletor odontológico……………………………………………….....66

Figura 26 – Equipamentos cobertos com filme plástico transparente…...........67

Figura 27 – Equipamentos cobertos com filme plástico transparente...............67

Figura 28 – Posições de trabalho da dentista e da ASB….…………................68

Figura 29 – Posições de trabalho da dentista e da ASB ……..…......................68

Page 12: Monografia Lucas Neves - UFC

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................14

2. ERGONOMIA: CONCEITOS E PRESCRIÇÕES ............................16 2.1 – Tipos de abordagens ergonômicas............................................17 2.1.1 – Áreas ergonómicas……………………………..........................17 2.1.2 – Abordagens em ergonomia.....................................................19 2.1.3 – Contribuições ergonômicas………………...............................19 2.1.4 – Aplicações da ergonomía……….............................................20 2.1.5 – Benefício da ergonomía..........................................................20 2.2 – Ambiente....................................................................................21 2.2.1 – Temperatura............................................................................21 2.2.2 – Ruídos.....................................................................................23 2.2.3 – Vibrações................................................................................25 2.2.4 – Agentes Químicos……………….............................................26 2.2.5 – Iluminação...............................................................................27 2.2.6 – Cores.......................................................................................30 2.3 – Postura e Movimento.................................................................31 2.3.1 – Postura....................................................................................32 2.3.2 – Movimento...............................................................................35 2.4 – Riscos Ergonômicos...................................................................37 2.4.1 – Lesões por Esforços Repetitivos (L.E.R.) / Disturbio Osteomuscular Relacionado ao Ttrabalho (D.O.R.T.)........................38

3. ERGONOMIA NAS PRÁTICAS DA ODONTOLOGIA ...................40 3.1 – Processos de intervenção ergonômica: análise ergonômica dos postos de trabalho...............................................................................40 3.1.1 – Estudo do posto de trabalho: abordagem tradicional e ergonômica...........................................................................................403.2 – Análise ergonômica da demanda: conceitos e práticas odontológicas relacionadas com a ergonomia....................................41 3.2.1 – Posições de trabalho...............................................................41 3.2.2 – Os componentes do consultório..............................................43 3.2.3 – Epidemiologia das tecnopatias odontológicas (doenças ocupacionais).................................................................................... 46 3.2.4 – Etiologia das tecnopatias na prática odontológica..................48 3.3 – Análise ergonômica da tarefa....................................................53 3.3.1 – Princípios de prevenção das tecnopatias...............................53 3.4 – Análise ergonômica das atividades............................................56 3.4.1 – Posicionamento adequado de trabalho...................................57 3.4.2 – Odontologia a quatro mãos.....................................................58 3.5 – O diagnóstico em ergonomia.....................................................58

4. ANÁLISE DE UM POSTO DE TRABALHO ODONTOLÓGICO E ENTREVISTA COM UMA ODONTÓLOGA ........................................61

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4.1 – Análise das normas ergonômicas em um posto de trabalho odontológico.........................................................................................61 4.2 – Entrevista com uma profissional da área odontológica.............69

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................73

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................75

Page 14: Monografia Lucas Neves - UFC

14

CAPÍTULO 01 - INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, é frequentemente mencionada nos meio de

comunicação de massa a sobrecarga de alguns segmentos profissionais na

tentativa de obterem níveis de renda compatíveis com as suas exigências

pessoais e profissionais. Além deste fator, é também evidente a rápida

transformação pela qual a maioria das profissões passa com as inovações

disseminadas pelos meios de comunicação. Isto demanda aos segmentos

profissionais uma imposição em se manter atualizado com novos padrões de

conhecimento e práticas profissionais. Estes aspectos compõem cenários que

são agravados por uma competitividade entre profissionais na tentativa de

marcarem seus espaços de atuação. Nestes, provavelmente, em um mercado

cada vez mais competitivo, os profissionais acabam se preocupando pouco ou

quase nada com a sua própria segurança e bem-estar no trabalho.

Esta problemática pode também ser identificada na atuação do

profissional odontológico, pois ele realiza muitos movimentos repetitivos e tem

contato próximo com altos ruídos e iluminações inadequadas por um grande

período de tempo, equipamento perfurante, produtos químicos, dentre outros

possibilitadores de ofensa a sua saúde. Apesar de não serem encontrados

dados estatísticos relatando a ocorrência de L.E.R./DORT1, autores como

Araújo e De Paula (2003) relatam tanto os diversos fatores de risco, assim

como, as ocorrências destes decorrentes que, em alguns casos, acabavam

fazendo com que esses profissionais se aposentassem precocemente por

causa dessas doenças. Nas empresas de modo geral existem CIPAS como

unidades responsáveis pela prevenção de acidentes profissionais.

Apesar da relevância do tema fica a seguinte questão: como se

apresenta um posto de trabalho em uma entidade e qu ais as normas

internas institucionalmente difundidas no sentido d e prevenção de

LER/DORT de profissionais odontólogos?

As doenças resultantes de LER/DORT são na sua maioria dos casos

dolorosas e de difícil e prolongado tratamento, sendo que, em alguns casos

1 Revista APS, v.6, n.2, p.87-93, jul./dez. 2003 http://www.ufjf.br/nates/files/2009/12/Educacao1.pdf

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irreversíveis. Além disso, a importância do tema além da proteção preventiva

aos profissionais odontólogos contribui também para a imagem das instituições

públicas ou privadas de assistência à saúde. Sob o ponto de vista da

seguridade social é também relevante o relato de muitos afastamentos, alguns

deles permanentes, por motivo de doenças ocupacionais.

O trabalho tem como objetivos: descrever um posto de trabalho de

uma odontóloga em uma unidade de um órgão privado adotando o método

para a composição do caderno de encargos e recomendações ergonômicas.

Além desse, como segundo objetivo identificar as orientações prescritivas

orientando odontólogos, preventivamente, a LER/DORT existentes na

instituição observada.

O estudo baseou-se em pesquisa bibliográfica sobre ergonomia,

observação no posto de trabalho e na entrevista de uma profissional da área

odontológica, que auxiliou no preenchimento do caderno de encargos de

recomendações ergonômicas.

Este trabalho é composto por cinco capítulos; sendo o primeiro, a

introdução; o segundo, o qual aborda a ergonomia em geral, os riscos

ergonômicos e as lesões por esforços repetitivos (L.E.R.); o terceiro, no qual

são abordados conceitos e práticas da odontologia; o quarto, o qual analisa o

posto de trabalho de uma profissional da área odontológica; e, por fim, o quinto

capítulo que discorre sobre as considerações finais.

Page 16: Monografia Lucas Neves - UFC

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CAPÍTULO 02 - ERGONOMIA: CONCEITOS E PRESCRIÇÕES

Ergonomia é uma palavra de origem grega, que significa normas ou leis

de trabalho, pois é derivada dos termos ergo que significa trabalho e momos

que significa leis ou normas, podendo ser definida como: a ciência da

configuração de trabalho adaptada ao homem – Grandjean (1998).

Segundo o doutor em ergonomia Itiro Iida, a ergonomia é o estudo da

adaptação do trabalho ao homem, sendo trabalho toda a situação em que

ocorre o relacionamento entre o homem e o seu trabalho, envolvendo não

somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como

esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados

desejados. Já a definição formal da Ergonomia adotada pela IEA (International

Ergonomics Association) é:

Ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica que estuda

as interações dos homens com outros elementos do sistema, fazendo

aplicações da teoria, princípios e métodos de projeto, com o objetivo de

melhorar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema. ( DUL,

WEERDMEESTER, 2004, p.1)

Sendo, a ergonomia, uma ciência multidisciplinar, com base formada em

várias outras ciências, que tenta adaptar os instrumentos, condições e

ambiente de trabalho as capacidades psicofisiológicas, antropométricas e

biomecânicas do trabalhador que está exercendo aquela função, a fim de

aperfeiçoar o estudo do sistema homem-máquina-ambiente de trabalho,

visando sempre adequar o trabalho ao homem.

Os objetivos práticos da ergonomia, segundo Iida, são: a segurança, a

satisfação e o bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento com

sistemas produtivos, vindo, como resultado, a eficiência, pois a ergonomia visa,

em primeiro lugar, o bem-estar do trabalhador.

Page 17: Monografia Lucas Neves - UFC

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Pelo fato da adaptação do trabalho ocorrer, geralmente, do trabalho para o

homem, sendo mais difícil adaptar o homem ao trabalho, a ergonomia parte do

conhecimento do homem para realizar o projeto do trabalho, adequando às

capacidades e limitações humanas. Para isso, a ergonomia estuda o homem;

suas características físicas, fisiológicas, psicológicas e sócias do trabalhador,

influência do sexo, idade, treinamento e motivação, a máquina; sendo todo o

material que o homem utiliza no seu trabalho, como equipamentos,

ferramentas, mobiliários e instalações, o ambiente; sendo o ambiente físico que

envolve o homem em seu período de trabalho, como a temperatura, ruídos,

vibrações, luz, cores, gases e outros, a informação; sendo a comunicação

existente entre os elementos de um sistema, a transmissão de informações, o

processamento e a tomada de decisões, a organização e as consequências do

trabalho.

2.1 Tipos de abordagens ergonômicas

Atualmente, decorrente do grande avanço tecnológico, estão surgindo cada vez

mais trabalhos humanos em ambientes complexos, o que faz com que a

ergonomia ganhe um espaço cada vez maior no mercado, já que ela tem como

objetivo principal apresentar soluções e propostas para um trabalho melhor.

2.1.1 Áreas ergonômicas

Segundo a IEA, existem três áreas de especialização da ergonomia, sendo

elas a ergonomia física, a ergonomia cognitiva e a ergonomia organizacional.

Figura 1: Ergonomia física.

Fonte: cmqv.org

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Ergonomia Física: conforme ilustra a figura 1, é relativa às características da

anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação à

atividade física; tendo como objeto de estudo a postura do trabalho, manuseio

de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios músculo esqueléticos

relacionados ao trabalho, projeto de postos de trabalho, segurança e saúde.

Figura 2: Ergonomia cognitiva.

Fonte: ergonomia-cognitiva.com/en

Ergonomia Cognitiva: envolvendo processos mentais, tais como percepção,

memória, raciocínio, e resposta motora, conforme afetam interações entre

seres humanos e outros elementos de um sistema. Abordam carga mental de

trabalho, tomada de decisão, performance especializada, interação homem-

computador, stress, como mostra a figura 2, e treinamento conforme estes se

relacionam aos projetos que envolvam seres humanos e sistemas.

Figura 3: Ergonomia organizacional.

Fonte: fificom.com.br

Page 19: Monografia Lucas Neves - UFC

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Ergonomia Organizacional: refere-se à otimização dos sistemas sócio

técnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e processos:

comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações, projeto de trabalho,

organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, como ilustrado na figura

3, projeto participativo, ergonomia comunitária e trabalho cooperativo, novos

paradigmas do trabalho, cultura organizacional, organizações em rede, tele

trabalho e gestão da qualidade.

2.1.2 Abordagens em ergonomia

A ergonomia pode variar de acordo com a abrangência com que ela é

realizada na organização, a fim de proporcionar melhorias nas situações de

trabalho dentro da empresa, podendo ser, essa abrangência, de duas formas

possíveis, classificada em análise de sistemas e análise dos postos de

trabalho.

• Análise de sistemas: É uma análise mais global, pois se preocupa com

o funcionamento global de vários trabalhadores ou uma equipe de

trabalho usando uma ou mais máquinas.

• Análise dos postos de trabalho : analisa uma parte do sistema onde

atua um trabalhador, fazendo a análise da tarefa, da postura e dos

movimentos do trabalhador e das suas exigências físicas e psicológicas.

2.1.3 Contribuições ergonômicas

A contribuição ergonômica pode ser classificada, segundo Iida, como,

concepção, correção, conscientização, participação, produto e produção:

• Ergonomia de concepção: ocorre quando a contribuição ergonômica

se faz durante a fase inicial de projeto do produto, da máquina ou do

ambiente, podendo as alternativas ser amplamente examinadas, pois as

decisões são tomadas em cima de situações hipotéticas.

• Ergonomia de correção : é aplicada em situações reais, já existentes, a

fim de solucionar problemas que refletem na segurança, na fadiga

Page 20: Monografia Lucas Neves - UFC

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excessiva, em doenças do trabalhador ou na quantidade e qualidade da

produção.

• Ergonomia de conscientização: é a conscientização do trabalhador,

através de cursos de treinamento e reciclagens, ensinamentos de

segurança e os fatores de risco que podem ocorrer no ambiente de

trabalho como, por exemplo, em uma situação de defeito na máquina, o

procedimento correto a ser tomado.

• Ergonomia de participação: procura envolver o próprio usuário do

sistema, na solução de problemas ergonômicos. Podendo ser o

trabalhador, no caso de posto de trabalho ou consumidor, no caso de

produtos de consumo.

Segundo Alain Wisner (1987), ele ainda distingue dois campos principais:

• Ergonomia do produto : concepção de produtos com atenção voltada

para sua otimização ao bem-estar do usuário, considerando suas

características e necessidades de conforto e segurança;

• Ergonomia da produção: ocupa-se da organização dos métodos de

trabalho, da distribuição de tarefas, do desenvolvimento de padrões e

protocolos com treinamento constante.

2.1.4 Aplicações da ergonomia

A ergonomia deve ser aplicada desde o início do projeto de uma

máquina, ambiente ou local de trabalho, sempre visando a saúde e a

segurança do trabalhador.

Nos dias atuais, a ergonomia não se resume mais, somente, ao trabalho,

mas também já são realizados estudos ergonômicos para melhorar as

residências, a circulação de pedestres em locais públicos, ajudar pessoas com

deficiência física etc.

2.1.5 Benefício da ergonomia

A ergonomia trás além de inúmeros benefícios para o trabalhador, pois

evita lesões, acidentes de trabalho, doenças ocupacionais que poderiam vir até

Page 21: Monografia Lucas Neves - UFC

21

mesmo a se transformar em crônicas com o tempo etc., benefícios também

para o empresário, em caso de patrão, ou para o próprio trabalhador, se ele for

autônomo, como no caso de um odontólogo, por exemplo, pois a ergonomia faz

com que a produtividade melhore bastante, decorrente do aumento do

rendimento do trabalhador, que se sente, inclusive, mais motivado ao realizar

sua tarefa.

Segundo Iida (2005, pag.22):

Os benefícios são representados pelos bens e serviços produzidos. No

caso de uma mudança proposta na produção, devem ser estimados os

aumentos de produtividade e de qualidade, a redução dos desperdícios,

as economias de energia, mão-de-obra, manutenção, e assim por diante.

Existem outros benefícios de mais difícil mensuração, como redução das

faltas de trabalhadores devido a acidentes e doenças ocupacionais.

Finalmente, existem os benefícios chamados de intangíveis, que não

podem ser calculados objetivamente mas apenas estimados, mas nem

por isso menos importantes, como a satisfação do trabalhador, o

conforto, a redução da rotatividade e o aumento da motivação e da moral

dos trabalhadores.

2.2 Ambiente

As condições ambientais de trabalho são de suma importância para o

desempenho e a saúde do trabalhador, sendo amplamente estudado na

ergonomia, pois influenciam no desempenho do trabalho humano e estão

diretamente relacionados com a tensão sofrida pelo funcionário, o aumento da

satisfação no trabalho, a melhoria da produtividade, a redução da fadiga e de

acidentes, dentre outros fatores.

Sendo estudado dentro do ambiente de trabalho: a temperatura, os

ruídos, as vibrações, os agentes químicos, a iluminação e as cores.

2.2.1 Temperatura

O clima, principalmente a temperatura e a umidade ambiental, influi

diretamente no desempenho do trabalho humano, tanto sobre a produtividade

como sobre os riscos de acidentes, segundo Iida.

De acordo com uma pesquisa realizada por Bredford e Vernon (1922),

pôde-se perceber que o tempo necessário às pausas aumenta a partir dos

Page 22: Monografia Lucas Neves - UFC

22

19°C, havendo um aumento expressivo a partir dos 24°C. A probabilidade de

acidentes no trabalho também tende a crescer depois dos 20°C. Para se ter

uma noção da importância da temperatura, um trabalhador operando em um

ambiente de trabalho a 28°C tem sua eficiência reduzia em 41% se comparada

ao mesmo trabalho realizado a uma temperatura de 19°C. Tanto as pausas

como o índice de acidentes crescem para temperaturas abaixo de 19°C.

Tanto o trabalho a altas temperaturas quanto a baixas temperaturas,

sem a proteção física adequada, são prejudiciais à saúde do trabalhador, pois

além de interferirem no rendimento profissional, podem trazer sérios problemas

à saúde, como por exemplo: o trabalhador vir a sofrer um colapso, pelo fato da

desidratação pelo excesso de suor e reposição insuficiente dos sais minerais,

causados pelo extremo excesso de calor. Também há problemas causados

pelo excesso do frio, pois ele exige maior esforço muscular.

Existem diversas pesquisas comprovando a influencia do clima no

desempenho de tarefas mentais (Bridger, 2003), como ilustra a figura 4, pois as

temperaturas extremas dificultam a concentração mental, porque a sensação

de desconforto provoca distrações, o que interfere, diretamente, no rendimento

do trabalhador.

Figura 4: Temperatura x Queda da produtividade.

Fonte: webarcondicionado.com.br

Page 23: Monografia Lucas Neves - UFC

23

2.2.2 Ruídos

Os ruídos são motivos de uma das maiores queixas nos ambientes de

trabalho, sendo até 90 dB2, o nível máximo para que não haja danos aos

órgãos auditivos. Porém, entre 70 e 90 dB eles já dificultam a conversa e a

concentração, e podem provocar aumento dos erros e redução do

desempenho, portanto, para ambientes de trabalho, o nível que se torna ideal,

seria abaixo de 70 dB. Segue abaixo, no quadro 1, os limites toleráveis a ruídos

em diversos tipos de atividades.

Quadro 1: Limites de tolerância para ruído contínuo e intermitente.

Fonte: MTE Ministério do Trabalho e Emprego3

Uma das doenças causadas pela exposição constante a altos ruídos é a

surdez, que por sua vez, pode ser classificada de duas formas possíveis: a

surdez de condução e a surdez nervosa. 2 dB decibel, unidade acústica de medida de intensidade sonora com o apoio do decibelimetro

3 http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF2FA9E54BC6/nr_15_anexo1.pdf

Page 24: Monografia Lucas Neves - UFC

24

• Surdez de condução: é a redução da capacidade para transmitir as

vibrações, partindo do ouvido externo para o interno, podendo ser

causada por vários fatores, como acumulo de cera, infecção ou

perfuração do tímpano.

• Surdez nervosa: ocorre no ouvido interno e é gerada pela redução da

sensibilidade das células nervosas da cóclea, devido a exposições

duradouras a ruídos intensos.

A surdez pode ser temporária, reversível, quando o trabalhador recebe

durante um dia inteiro um ruído em elevados índices de dB por exemplo, sendo

o problema sanado após um dia de descanso, ou pode ser uma surdez

irreversível, caso esse trabalhador não dê o repouso necessário aos seus

ouvidos e permaneça sendo exposto a elevados índices de ruídos, levando em

conta também a frequência e a intensidade, havendo um efeito cumulativo,

podendo fazer com que a surdez temporária se transforme em permanente, de

caráter irreversível. O que pode vir, com a perda da audição, a prejudicar e

muito a qualidade do trabalho e a carreira do trabalhador.

Figura 5: Escala de ruído, em decibéis (dB), desde confortável até prejudicial à saúde.

Fonte: vitruvius.com.br

Page 25: Monografia Lucas Neves - UFC

25

2.2.3 Vibrações

As vibrações, quando de forma direta sobre o corpo humano, podem ser

extremamente graves, podendo, até mesmo, danificar permanentemente

alguns órgãos do corpo humano, e trazer problemas ao trabalhador como

perda de equilíbrio, falta de concentração e visão turva, diminuindo a acuidade

visual.

Em alguns casos, como os trabalhadores florestais que usam

motosserra, por exemplo, pode haver uma degeneração gradativa do tecido

vascular e nervoso, o que pode vir a causar a perda da capacidade

manipulativa e o tato nas mãos, o que dificulta o controle motor, conforme

ilustra a 6.. Em casos de vibrações intensas, também pode vir a ocorrer

dormência dos dedos e perda de coordenação motora, ou provocarem enjoos,

interferência na fala e confusão visual. A exposição ininterrupta pode levar a

lesões da coluna vertebral, desordem gastrointestinal e perda de controle

muscular de partes do corpo.

Segundo Iida (2005, pág. 513), as frequências intermediárias, de 30 a

200 Hz provocam doenças cardiovasculares mesmo com baixas amplitudes

1mm) e, nas frequências altas, acima de 300 Hz4, o sintoma é de dores agudas

e distúrbios neurovasculares. Alguns desses sintomas são reversíveis. Após

um longo período de descanso, eles podem reduzir-se, mas retornam

rapidamente se o organismo for novamente exposto às vibrações.

Figura 6: Trabalhador exposto à vibração.

Fonte: porto100riscos.blogspot.com.br 4 Hz abreviatura de Hertz é a unidade medida correspondente à frequência de ciclos ondulatórios

decorrente de vibração que serve para aferir intensidade sonora.

Page 26: Monografia Lucas Neves - UFC

26

2.2.4 Agentes Químicos

Segundo Itiro Iida (2005, p.519), os agentes químicos nocivos à saúde

atingem o organismo por via da ingestão, contato com a pele e inalação. Este

último é o mais frequente em ambientes de trabalho e é chamado

genericamente de aerodispersoides, e classificam-se em: poeiras, fumos,

gases, vapores e neblinas.

Muitos agentes químicos podem causar sérios problemas à saúde do

trabalhador, e são comumente encontrados em vários ambientes de trabalho,

como por exemplo: o Monóxido de carbono, que pode causar falta de ar,

tontura, confusão mental, dores de cabeça, inconsciência e até mesmo riscos

de morte, ilustrado na figura7; Metais pesados; Solventes; Sílica, que causa

lesões crônicas irreversíveis nos pulmões; Fumaças, Gases e Vapores tóxicos;

Agrotóxicos; Radiações ionizantes, que podem causar doenças de pele,

leucemia, perdas de cabelo, alterações na composição sanguínea e úlceras;

dentre outros.

Figura 7: Trabalhador exposto a agentes químicos.

Fonte: descomplicandoaseguranca.blogspot.com.br

Page 27: Monografia Lucas Neves - UFC

27

2.2.5 Iluminação

A luz solar, além de proporcionar um efeito benéfico no organismo

humano, melhorando a saúde e o humor, ela também aumenta a satisfação no

trabalho e a produtividade, além de reduzir a fadiga e os acidentes, isso

quando realizado com um planejamento da iluminação e das cores.

Após a luz incandescente ser inventada por Thomas Edison (1847-1931)

em 1878, a vida ativa da população mundial teve um aumento de mais de

quatro horas diárias, sendo um dos inventos que mais contribuiu para o

aumento da produtividade humana, o que faz da iluminação um dos principais

fatores ambientais que influencia no desempenho do trabalho humano.

Os projetos e avaliações da iluminação nos postos de trabalho são

realizados através da fotometria, que é, justamente, a realização das medidas

da luz, sendo essas medidas essenciais para a realização desses projetos e

avaliações.

A iluminação, por interferir diretamente na visão, influencia na

capacidade de discriminação visual através de alguns fatores que podem ser

corrigidos em um posto de trabalho, como a quantidade de luz, o tempo de

exposição e o contraste entre figura e fundo. Segundo Itiro Iida (2005, p.463):

Quadro 2: Tabela de iluminância e tipos de ambiente5.

Fonte: UNICAMP

5 Tabela obtida no site http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Arquitetural/tabelas/luminotecnica.pdf

em 14.05.2014

Page 28: Monografia Lucas Neves - UFC

28

• Quantidade de luz: O rendimento visual tende a crescer, a partir de 10

lux até cerca de 1 000 lux, enquanto a fadiga visual se reduz nessa

faixa. A partir desse ponto, os aumentos do iluminamento não provocam

melhoras sensíveis do rendimento, mas a fadiga visual começa a

aumentar. Dessa forma, recomenda-se usar 2 000 lux6 praticamente

como o máximo. Em alguns casos excepcionais, para montagens ou

inspeções de peças pequenas e complicadas, com pouco contraste,

pode-se chegar a 20 000 lux, como mostra o quadro 1, porém deve-se

utilizar por baixa duração.

• Tempo de exposição: O tempo de exposição, para que um objeto

possa ser discriminado, depende do seu tamanho, contraste e nível de

iluminamento. Na maioria dos casos, é suficiente o tempo de 1 segundo

para que haja uma boa discriminação. Se os objetos forem pequenos e

o contraste for baixo, o tempo necessário poderá crescer sensivelmente.

Por exemplo, para objetos pequenos, se o contraste for reduzido de 70

para 50%, o tempo necessário aumentará em 4 vezes.

• Contraste entre figura e fundo: O contraste é a diferença entre a figura

e o fundo. Se não houver esse contraste, a figura ficará camuflada e não

será visível. Sendo, o contraste um conceito relativo e não depende

apenas do iluminamento absoluto da figura. O contraste indica também

a proporção adequada de luminância entre a área de trabalho e o

ambiente imediato. Dessa forma, não se recomenda o uso de

revestimentos brancos em mesas de trabalho para manipulação de

papéis. É preferível usar um tom cinza ou beje que a folha branca possa

destacar-se sobre o fundo.

Um dos problemas da má iluminação, segundo Itiro Iida (2005, p.468), é

a fadiga visual, que é caracterizada pelo piscar dos olhos e lacrimejamento. A

frequência do piscar vai aumentando, a visão torna-se ‘’borrada’’ e se duplica.

Tudo isso diminui a eficiência visual. Em grau mais avançado, ela provoca

dores de cabeça, náuseas, depressão e irritabilidade emocional. Em

consequência, há quedas do rendimento e da qualidade do trabalho.

6 Lux unidade de medida de iluminância

Page 29: Monografia Lucas Neves - UFC

29

Pode-se evitar a fadiga visual através da correção da iluminação no

ambiente de trabalho, com um planejamento da iluminação, assegurando a

focalização do objeto a partir de uma postura confortável. A luz também deve

ser planejada para não criar sombras, ofuscamentos ou reflexos indesejáveis.

Além da iluminação adequada do objeto, a iluminação do fundo deve permitir

um descanso visual durante as pausas e aliviar o mecanismo de acomodação.

Recomendam-se pausas frequentes, mesmo que sejam de curta duração,

podendo ser de 5 minutos a cada 1 hora ou até mais curtas e mais frequentes,

de 1 minuto a cada 10 minutos de trabalho.

Segundo Itiro Iida (2005, p.475), as recomendações sobre iluminação são:

• Sempre que possível, aproveitar a iluminação natural, evitando-se a

incidência direta da luz solar sobre superfícies envidraçadas;

• As janelas devem ficar na altura das mesas e aquelas de formatos mais

altos na vertical, são mais eficazes para permitir uma penetração mais

profunda da luz;

• A distância da janela ao posto de trabalho não deve ser superior ao

dobro da altura da janela, para o aproveitamento da luz natural;

• Para reduzir o ofuscamento: a) usar vários focos de luz, ao invés de um

único; b) proteger os focos com luminárias ou anteparos, colocando um

obstáculo entre a fonte e os olhos; c) aumentar o nível de iluminação

ambiental em torno da fonte de ofuscamento, para diminuir o brilho

relativo; d) colocar as fontes de luz o mais longe possível da linha de

visão; e) evitar superfícies refletoras, substituindo-as pelas superfícies

difusoras;

• Para postos de trabalho onde se exigem maiores precisões, providenciar

um foco de luz adicional, que pode ter um iluminamento de 3 a 10 vezes

superior ao do ambiente geral;

• Usar cores claras nas paredes, tetos e outras superfícies, para reduzir a

absorção da luz;

Page 30: Monografia Lucas Neves - UFC

30

• A luz da lâmpada fluorescente é intermitente e pode causar efeito

estroboscópio7 em motores ou peças em movimento (se houver

coincidência com a ciclagem de 60 hertz podem produzir uma imagem

estática), havendo riscos de provocar acidentes;

• A intermitência da lâmpada fluorescente pode tornar-se incômoda para

as pessoas sensíveis. Elas podem ser substituídas por lâmpadas

eletrônicas com frequências de oscilação mais alta que pode ser

identificada na figura 8;

Figura 8: Trabalhador exposto a má iluminação.

Fonte: tecnologia.uol.com.br

2.2.6 Cores

Um planejamento adequado de cores no ambiente de trabalho,

aplicando-se cores claras em grandes superfícies, com contrastes adequados

para identificar os diversos objetos, associado a um planejamento da

iluminação, tem produzido economias de até 30% no consumo de energia e

aumentos de produtividade que chegam a 80 ou 90%. Além do mais, o uso

adequado de cores facilita as comunicações, contribui para reduzir os erros e,

consequentemente, aumenta a eficiência no trabalho, segundo Itiro Iida (2005,

p. 485).

7 Este efeito é produzido pelo apagado (escuro) e aceso (claro) durante um ciclo não percebidas pela

velocidade mas sentidas no seu efeito característico em lâmpadas incandescentes e em neon

Page 31: Monografia Lucas Neves - UFC

31

2.3 Postura e movimento

A postura e movimento corporal têm grande importância na ergonomia.

Tanto no trabalho como na vida cotidiana, eles são determinados pela tarefa e

pelo posto de trabalho. Para realizar uma postura ou um movimento, são

acionados diversos músculos, ligamentos e articulações do corpo. Os músculos

fornecem a força necessária para o corpo adotar uma postura ou realizar um

movimento. Alguns movimentos, além de produzirem tensões mecânicas nos

músculos e articulações, apresentam um gasto energético que exige muito dos

músculos, coração e pulmões, segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.5).

Quando nos referimos ao corpo humano, três áreas são de extrema

importância para a ergonomia e servem de base para gerar recomendações

sobre a postura e o movimento, são elas: a biomecânica, a fisiológica e a

antropométrica.

A biomecânica aborda as leis físicas da mecânica ao corpo humano,

estimando-se as tensões que ocorrem nos músculos e articulações durante

uma postura ou um movimento. Os princípios mais importantes da biomecânica

para a ergonomia, segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.6), são:

• As articulações devem ocupar uma posição neutra;

• Conserve os pesos próximos ao corpo;

• Evite curvar-se para frente;

• Evite inclinar a cabeça

• Evite torções no tronco;

• Evite movimentos bruscos que produzem picos de tensão;

• Alterne posturas e movimentos;

• Restrinja a duração do esforço muscular contínuo;

• Previna a exaustão muscular;

• Pausas curtas e frequentes são melhores.

A fisiologia, segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.9), pode estimar a

demanda energética do coração e dos pulmões, exigida para um esforço

muscular, ou seja, a energia que o coração e os pulmões podem fornecer aos

Page 32: Monografia Lucas Neves - UFC

32

músculos, para manter uma postura ou realizar movimentos. Alguns princípios

fisiológicos que interessam à ergonomia são:

• O gasto energético no trabalho é limitado;

• Trabalhos pesados exigem pausas para recuperação;

A antropometria, segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.10), ocupa-se das

dimensões e proporções do corpo humano. Os princípios antropométricos que

interessam à ergonomia são:

• Considere as diferenças individuais do corpo;

• Use tabelas antropométricas adequadas;

2.3.1 Postura

Segundo Iida (2005), postura é o estudo do posicionamento relativo de

partes do corpo, como cabeça, tronco e membros, no espaço. A boa postura é

importante para a realização do trabalho sem desconforto e estresse.

A postura correta é de extrema importância para a saúde do trabalhador,

pois as más posturas ou posturas prolongadas podem prejudicar os músculos e

as articulações. A postura é baseada de acordo com a tarefa ou o posto de

trabalho. Quando passam por longos períodos de posturas sentadas ou em pé,

provoca-se um estresse, problemas semelhantes ocorrem com o uso

prolongado das mãos e dos pés.

O que define a melhor postura básica, sentada, em pé ou combinações

sentada/em pé, são as características do cargo.

No trabalho sentado por um longo período de tempo, apresenta mais

vantagens ou menos cansaço em relação ao trabalho em pé, pois o corpo fica

melhor apoiado em diversas superfícies: piso, assento, encosto, braços da

cadeira, mesa etc. Porém o correto é o trabalhador sempre alternar as

posições sentado/ em pé/ andando, para que não fique por longos períodos na

mesma posição, mesmo que sentado, pois pode trazer problemas a sua saúde,

como dores fortes na coluna por exemplo.

Page 33: Monografia Lucas Neves - UFC

33

Para um trabalhador que exerce sua função, na maioria do tempo,

sentado em um posto de trabalho, conforme figura 9, algumas regras são de

extrema importância, segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.13), como, por

exemplo:

Figura 9: Posicionamento de trabalhador sentado8.

Fonte: Google - imagens9

Para trabalho sentado

• Ajustar a altura do assento e a posição do encosto;

• Usar cadeiras especiais para tarefas especiais;

• A altura da superfície de trabalho depende da tarefa;

• Compatibilizar as alturas da superfície de trabalho e do assento;

• Usar apoio para os pés;

• Evitar manipulações fora do alcance

• Inclinar a superfície para leitura;

• Deixar espaço para as pernas;

8 (as indicações em vermelho são referentes a valores ajustados)

9 Disponível em http://riscaorisco.blogspot.com.br/ acesso em 14.05.2014

Page 34: Monografia Lucas Neves - UFC

34

Figura 10: Posicionamento de bancadas de trabalho para trabalho em pé.

Fonte: Google imagens10

Para trabalhos em pé, as regras são:

• Alternar a posição em pé com aquela sentada e andando;

• A altura da superfície de trabalho em pé depende da tarefa;

• A altura da bancada deve ser ajustável;

• Não usar plataformas;

• Reservar espaço suficiente para pernas e pés;

• Evitar alcances excessivos;

• Colocar uma superfície inclinada para leituras;

Se o trabalhador realiza seu trabalho na maioria do tempo em pé ou

sentado, o importante é que ele realize constantemente mudanças na sua

postura, podendo, para isso, introduzir variações nas suas tarefas e atividades,

a fim de aliviar os problemas causados por posturas prolongadas.

A postura correta também serve para as mãos e os braços do

trabalhador. De acordo com Dul e Weerdmeester (2004, p.23):

10

Disponível em http://riscaorisco.blogspot.com.br/ acesso em 14.05.2014

Page 35: Monografia Lucas Neves - UFC

35

O trabalho por longos períodos, usando as mãos e os braços em posturas

inadequadas, pode produzir dores nos punhos, cotovelos e ombros.

Quando o punho fica muito tempo inclinado, pode haver inflamação dos

nervos, resultando em dores e sensações de formigamento nos dedos.

Dores no pescoço e nos ombros podem ocorrer quando se trabalha

muito tempo com os braços levantados, sem apoio. Esses problemas

ocorrem principalmente com o uso de ferramentas manuais. As dores se

agravam quando há aplicação de forças ou se realizam movimentos

repetitivos com as mãos. Em casos mais graves podem surgir lesões por

traumas repetitivos, conhecidas como LER – lesões por esforços

repetitivos, também chamadas de DORT – doenças osteomusculares

relacionadas ao trabalho. Podem-se conseguir posturas melhores com o

posicionamento correto para a altura das mãos e uso de ferramentas

apropriadas, selecionando a ferramenta correta, usando ferramentas

com empunhaduras curvas para não torcer o punho, aliviando o peso das

ferramentas, fazendo manutenção periódica das ferramentas, prestando

atenção na forma da pega, evitando ações acima do nível dos ombros,

evitando trabalhar com as mãos para trás etc.

2.3.2 Movimentos

Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.27), vários tipos de tarefas

exigem movimentos do corpo todo, exercendo força. Esses movimentos podem

causar tensões mecânicas localizadas. Com o tempo, acabam causando dores.

Os movimentos também podem exigir muita energia, provocando sobrecarga

nos músculos, coração e pulmões, através da realização de esforços para

levantar, carregar, puxar e empurrar cargas, por exemplo.

Ao realizar exercícios de levantamento de carga, tende-se tomar

bastante cuidado, pois esse ainda é uma das maiores causas das dores nas

costas, haja vista que muitos desses trabalhos que envolvem levantamento de

carga não satisfazem aos requisitos ergonômicos. Algumas dicas, segundo Jan

Dul, proporcionam uma melhor ergonomia para o levantamento de cargas, são

elas:

• Restrinja o número de tarefas que envolvam a carga manual;

• Crie condições favoráveis para o levantamento de cargas;

• Limite o levantamento de cargas para 23 kg, no máximo;

• Use a equação de NIOSH para estimar a carga máxima;

• Escolha um valor adequado para a carga unitária;

• O posto para o trabalho pesado deve ser projetado adequadamente;

Page 36: Monografia Lucas Neves - UFC

36

• Os objetos devem ter alças para as mãos;

• A carga deve ter uma forma correta;

• Use técnicas corretas para o levantamento de cargas;

• Use uma equipe para cargas mais pesadas;

• Use equipamentos para levantamentos de cargas.

Figura 11: representação esquemática da posição correta de levantamento e transporte de cargas.

Fonte: Google – imagens11

Para o transporte de cargas vide figura, também se torna necessário

tomar algumas medidas preventivas, já que enquanto se segura um peso, os

músculos dos braços e das costas são submetidos a uma tensão mecânica

contínua, são elas:

• Limite a carga transportada;

• Conserve a carga próxima do corpo

• Coloque pegas bem desenhadas;

• Evite carregar volumes desajeitados;

• Evite carregar cargas com uma só mão;

• Use equipamentos de transporte;

11

Disponível em http://riscaorisco.blogspot.com.br/2012/06/ergonomia-nos-postos-de-trabalho.html

acesso em 14.05.2014

Page 37: Monografia Lucas Neves - UFC

37

Para os movimentos de puxar e empurrar cargas, como eles provocam tensões

nos braços, ombros e costa, deve-se:

• Limitar as forças para puxar e empurrar;

• Usar o peso do corpo a favor do movimento;

• Os carrinhos devem ter pegas;

• O carrinho deve ter duas rodas giratórias;

• O piso deve ser duro e nivelado.

2.4 Riscos ergonômicos

Os riscos ergonômicos podem trazer prejuízos ao trabalhador, tanto

físico quanto psicológico, por meio de doenças ou desconfortos, podendo

esses riscos estarem associados ao estresse, monotonia de métodos de

trabalho, levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, repetitividade,

postura inadequada de trabalho, longas horas de trabalho sem pausas para

descanso etc. Hoje em dia, já há vários equipamentos ergonômicos

desenvolvidos, justamente, para evitar esses riscos ergonômicos, como por

exemplo, mouse, teclados, cadeiras etc. Também há um documento que

abrange os riscos ergonômicos relacionados a uma determinada área de

trabalho, estabelecendo também protocolos e ações necessárias a fim de

reduzir esses riscos ergonômicos, chamado de laudo ergonômico, também

conhecido como análise ergonômica do trabalho.

Sendo esse laudo ergonômico uma exigência legal para as empresas,

de acordo com uma norma regulamentadora do Ministério do Trabalho e

Emprego.

Há vários riscos ergonômicos que podem ser, facilmente, evitados como

vimos anteriormente, através de uma boa postura e de uma execução correta

dos movimentos por exemplo, porém quando não são evitados eles podem

surgir de várias formas, podendo inclusive, com a ininterrupção do movimento,

tornar-se uma doença crônica, que se torna muito mais séria para ser tratada.

Veremos a seguir algumas das doenças ocupacionais mais comuns nesse

meio ergonômico, como a lesão por esforços repetitivos (L.E.R.) e o distúrbio

osteomuscular relacionado ao trabalho (D.O.R.T.).

Page 38: Monografia Lucas Neves - UFC

38

2.4.1 Lesões por Esforços Repetitivos (L.E.R.) / Di stúrbio Osteomuscular

Relacionado ao Trabalho (D.O.R.T.)

Muitos profissionais, na atualidade, não se preocupam como estão

realizando um movimento ou se sua postura está adequada para a realização

daquele trabalho, e sim, se estão executando a tarefa. Isso, com o passar do

tempo, pode vir a gerar grandes problemas de saúde na vida desse

profissional, pois, na execução dessas tarefas, haverá somatória de

traumatismos, o que poderá gerar as doenças ocupacionais.

Dentre essas doenças, está à lesão por esforços repetitivos, muito

conhecidos como L.E.R. e o distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho,

D.O.R.T., que são as mais conhecidas.

O distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT), segundo Naressi,

Orenha e Naressi (2013, p.32), é uma síndrome caracterizada por uma série de

micro traumatismos osteomusculares, em articulações, ligamentos, tendões,

bursas, vasos sanguíneos e nervos, que se acumulam e podem evoluir para

problemas mais graves. Os distúrbios osteomusculares ocupacionais mais

frequentes são as tendinites (particularmente do ombro, cotovelo e punho), as

lombalgias (dores na região lombar) e as mialgias (dores musculares) em

diversos locais do corpo. As consequências podem ser dor, parestesia, edema,

rigidez, tendinites e tenossinovites, podendo conduzir à desabilitarão funcional

do membro. O DORT é caracterizado por esforços repetitivos, porém são

alterações que se manifestam principalmente no pescoço, braços, punhos e

demais membros superiores em decorrência do trabalho.

Tanto a LER quanto o DORT são a mesma patologia, as duas doenças

são causadas por esforços repetitivos ligados ao desgaste ou inflamação dos

tendões, nervos e músculos, porém o DORT tem como causa o trabalho ou

ocupação, englobando além dos membros superiores, a região do pescoço e

região dorsal, e já a LER pode ser causada por atividades de lazer.

A lesão por esforço repetitivo, LER, é uma doença causada pela

repetição frequente de um movimento em membros superiores e em posição

ergonômica incorreta, vibrações, dentre outros, atingindo os sistemas músculo-

Page 39: Monografia Lucas Neves - UFC

39

esquelético e nervoso, através de lesões. Contudo as L.E.R., em algumas

situações, podem ser evitadas, conforme ilustra a figura 11.

Figura 12: Movimentos para ginástica laboral para prevenção das L.E.R.

Fonte: Google - imagens12

Atualmente, sabe-se que, além dos fatores mecânicos, também estão

envolvidos fatores sociais, familiares, econômicos, bem como graus de

insatisfação no trabalho, depressão, ansiedade, problemas pessoais ou outros,

tornando altamente questionável o diagnóstico de LER ou DORT em muitos

trabalhadores. Sendo ilegal a demissão, em qualquer entidade, de um

trabalhador por causa de L.E.R./D.O.R.T. ou qualquer outra doença

ocupacional relacionada ao trabalho.

12

Disponível em http://ergonomianutricao08.blogspot.com.br/ acesso em 14.05.2014

Page 40: Monografia Lucas Neves - UFC

40

CAPÍTULO 03 - ERGONOMIA NAS PRÁTICAS DA ODONTOLOGIA

Como todo local de trabalho identifica-se devido à natureza da ocupação

de uma área específica, de um conjunto de equipamentos e dos utensílios

necessários ao bom desempenho das atividades de um operador, com os

odontólogos isto é evidente em clinicas tanto particular quanto públicas.

3.1 Processos de intervenção ergonômica: análise er gonômica dos

postos de trabalho

A denominação posto de trabalho ou estação de trabalho é usual nas

descrições ergonômicas. Posto é uma palavra oriunda da linguagem militar,

que indica um local onde uma pessoa é colocada para realizar uma

determinada função ou tarefa, sendo, geralmente, uma localização situada

dentro de um sistema de produção, ou seja, ele corresponde a um papel

definido, que comporta instruções e procedimentos (o que fazer, quando fazer

e como fazer) e meios (onde fazer, com quem fazer), a ser ocupado por um

determinado sujeito.

3.1.1 Estudo do posto de trabalho: abordagem tradic ional e ergonômica

A abordagem tradicional taylorista se baseia no estudo dos movimentos

corporais do ser humano necessários para executar uma tarefa e na medida do

tempo gasto em cada um desses movimentos, baseando-se em princípios de

economia de movimentos, sendo o critério de escolha do melhor movimento, o

de menor tempo. Essa abordagem visa somente à economia de tempo dos

movimentos dos seres humanos, a fim de obter um maior rendimento e,

consequentemente, maior lucro, não se importando, porém, com a qualidade

de vida e a saúde do trabalhador que está executando a tarefa, sendo essa

importância, observada pela abordagem ergonômica.

A análise ergonômica do trabalho exige conhecimentos sobre o

comportamento do ser humano em atividade de trabalho, discussão dos

objetivos do estudo com o conjunto das pessoas envolvidas, aceitação das

Page 41: Monografia Lucas Neves - UFC

41

pessoas que ocupam o posto a ser analisado e esclarecimento das

responsabilidades.

O estudo ergonômico do posto de trabalho é composto por três fases:

análise da demanda , que define o problema a ser estudado, baseado na visão

dos diversos atores sociais envolvidos; análise da tarefa , que analisa as

condições ambientais, técnicas e organizacionais de trabalho e a análise das

atividades, que analisa os comportamentos do ser humano no trabalho

(gestuais, informacionais, regulatórios e cognitivos).

3.2 Análise ergonômica da demanda: Conceitos e prát icas odontológicas

relacionadas com a ergonomia

Vários trabalhos sofrem com doenças ocupacionais, hoje em dia,

decorrente da má postura, realização de movimentos incorretos, objetos não

ergonômicos etc. Uma dessas profissões, altamente atingida por esses

problemas ergonômicos, é a odontologia, pois o profissional, odontólogo ou

dentista, fica muito tempo em um posto de trabalho e na sua maioria do tempo

sentado, por isso tem-se que tomar precauções maiores ainda, quanto à

postura, movimento, ruídos etc., além do que, esses profissionais, também

lidam com agentes químicos e objetos que podem trazer danos a sua saúde,

como os perfuro cortantes, luzes, etc. Várias funções em um odontólogo são

atingidas por questões profissionais, como: a função neuromuscular, a coluna

vertebral, a visão, a audição, o tato, a propriocepção, dentre outras.

3.2.1 Posições de trabalho

Segundo Leitão Neto (1985, p. 61), a mais favorável posição de trabalho

para o dentista a o assistente é a posição sentada, pois de acordo com o

Central Institute for Ergonomics, que divulgou em suas pesquisas, que:

- A posição ou postura de trabalho sentado, com paciente reclinado é

preferível, em princípio, para toda uma série de trabalhos;

- A posição de trabalho deve ser adequada a todas as pessoas participantes do

procedimento;

Page 42: Monografia Lucas Neves - UFC

42

- A visão direta deve ser sempre o objetivo. A visão direta da assistente é

também importante por não poder esta seguir as fases do trabalho se não

estiver visualizando o campo operatório.

A posição de trabalho com o dentista e a assistente sentados objetiva:

1. Acesso ao campo operatório;

2. Boa visibilidade;

3. Conforto para o dentista e assistente;

4. Conforto para o paciente.

Ou seja, uma boa posição de trabalho é aquela que evita extensos

períodos de atividade muscular estática e que permite o relaxamento dos

músculos não solicitados para a manutenção da postura.

Segundo Marquart (1977 apud LEITÃO NETO, 1985, p. 69), ele

enumera como itens de uma boa posição de trabalho para o dentista, os

seguintes:

- Evitar tensões nas partes posteriores e pélvis, mantendo a posição

sentada, a maior parte do tempo;

- Evitar torções e inclinações laterais da coluna vertebral, mantendo os

ombros descontraídos;

- Manter os braços contra o tronco;

- Manter os antebraços aproximadamente na horizontal e apoiados o

melhor possível;

- Manter os dedos, pulso e mãos tão descontraídos quanto possível;

- Manter as pernas sob o espaldar da cadeira odontológica, ficando a

perna direita paralela à cadeira e formando com a perna esquerda um

ângulo de 90 graus;

Sentado no mocho, as pernas devem formar um ângulo de 90 graus com a

coxa, estando os dois pés apoiados no solo;

- Os braços devem formar com os antebraços um ângulo de 90 graus.

Page 43: Monografia Lucas Neves - UFC

43

3.2.2 Os componentes do consultório

O posto de trabalho de um dentista compõe-se, basicamente, de um

mocho, uma cadeira articulável para o paciente, um equipo deslizante e uma

torre de iluminação, conforme será visto a seguir.

a) O Mocho

O mocho13, que é a cadeira do dentista e do assistente, serve para apoiá-los,

mantendo uma postura estável durante as horas de trabalho e relaxando os

músculos não envolvidos na tarefa, além de aliviar os pés.

Segundo Leitão Neto (1985, p.83), a altura do assento não deve

ultrapassar a distancia que vai do chão à parte posterior da coxa, estando a

perna dobrada em ângulo de 90 graus, pois as pressões exageradas na porção

posterior da coxa, restringe a circulação sanguínea de retorno, provocando

fadiga. O assento do mocho deve ser horizontal ou com uma inclinação de 5

graus para melhor o apoio, sendo o revestimento grosso e pouco macio, para

facilitar a distribuição do peso, sucedendo o modelo antigo que consistia em

apenas um banco giratório e móvel sobre rodízios.

Algumas características são importantes para um mocho, de acordo com Leitão

Neto (1985, p.83), sendo elas:

- Apoio das nádegas;

- Apoio dos rins, com encosto móvel circular e vertical, para possibilitar este

apoio;

- Apoio dos braços, importantíssimo, principalmente no mocho da assistente,

por oferecer apoio nas inclinações para frente;

- Altura regulável, para se melhor ajustado à altura e compleição do corpo de

quem o utiliza;

13 Mocho é um substantivo masculino de diversos significados, como por exemplo, cadeira sem

encosto. Anteriormente os dentistas utilizavam um banco giratório com rodízios. Na terminologia

odontológica recebe o significado de cadeira móvel. Disponível emiberam.pt/dlpo/mocho acesso em

06.06.2014

Page 44: Monografia Lucas Neves - UFC

44

- Acesso fácil à cadeira: alguns mochos não permitem esse acesso por

apresentarem suportes de pé com uma circunferência muito grande;

- Deslocamento fácil. É importante o fácil deslocamento com o mocho, porém

se muito fácil haverá perda de estabilidade ou de posicionamento, por fácil

deslizamento das rodas sobre o piso do consultório.

E algumas recomendações são:

- Os pés devem repousar no chão ou para a assistente, no aro do mocho;

- A altura do mocho deve ser regulável de modo a não exceder o comprimento

das pernas na posição sentada;

- A superfície do assento, deve ser horizontal ou com inclinação de 5 graus

para trás;

- O encosto deve formar um ângulo de 90 graus com o assento;

- A textura do estofamento deve impedir o deslizamento, mas que não impessa

as mudanças de posição do dentista;

- A superfície de trabalho não deve ser mais alta que a distancia do cotovelo

até o chão, estando o dentista sentado;

- O cruzamento de perna pelo dentista e assistente, deve ser evitado, devido à

irregularidade de pressão nas nádegas.

b) A Cadeira Odontológica

A cadeira odontológica, segundo Leitão Neto (1985, p.87), esta é a peça mais

importante para se executar um trabalho saudável no consultório. De modo a

permitir o ajuste na posição do paciente em relação ao dentistas, deve ser

eletricamente comandada, reduzindo o trabalho do dentista e da assistente em

posicionar o cliente. O espaldar ou encosto deve ser delgado, não impedindo o

posicionamento da perna do dentista e da assistente sob o mesmo e nem

apresentar saliências como ocorria nas cadeiras antigas que impediam a

posição da perna sob o espaldar. A largura da cadeira também não deve

interferir na correta aproximação do dentista e da assistente do campo

Page 45: Monografia Lucas Neves - UFC

45

operatório, ou seja, da boca do paciente. O encosto da cabeça deverá ser

móvel, para um melhor posicionamento e visão.

c) O Equipo

O equipo, segundo Leitão Neto (1985, p.89), é, basicamente, dividido em três

tipos, sendo eles: o equipo acoplado à cadeira, o equipo tipo cart e o equipo

para adaptação em móveis. De todos, o mais importante e que dá maior

flexibilidade ao trabalho, é o equipo acoplado à cadeira por meio de braços

articulados.

Ele evita deslocamentos e movimentos grandes por parte do dentista e da

assistente, principalmente, para a pega de pontas, por ficarem próximas à boca

do paciente. Outra grande vantagem do equipo acoplado à cadeira, é a de

dispensar adaptação de pega por variação de altura entre a cadeira e o equipo.

Se o braço articulado apresentar ajuste vertical para individualizar a altura a

cada cliente, melhor será.

O equipo tipo cart, embora satisfatório quando usado à direita do dentista,

obstrui, em salas clínicas de pequenas dimensões, o acesso do cliente à

cadeira odontológica.

O equipo adaptado ao móvel é razoavelmente usado e quando bem

posicionado, oferece condições de um perfeito trabalho.

d) O Refletor

O refletor, de acordo com Leitão Neto (1985, p.92), variando de 7 a 12 lux14 já

tem uma capacidade de iluminação plenamente satisfatória, porém é

importante, para prevenir problemas de visão, que não haja tanta diferença de

luminosidade entre a faixa que ilumina a boca do cliente e o meio ambiente

externo do consultório, tendo o mínimo possível de contraste, para que não

seja nocivo para a visão do dentista, pois ele terá, a todo o momento, que ficar

se adaptando às bruscas modificações de iluminação, o que pode vir a

prejudicar o cristalino, que já se torna cada vez menos capaz de transmitir a luz

ao fundo do olho com o envelhecimento da pessoa, fazendo com que a

14 Ver tabela de iluminância na página 27 desta monografia.

Page 46: Monografia Lucas Neves - UFC

46

quantidade de luz necessária para que este efeito seja obtido, se torne cada

vez maior.

O refletor também deve possibilitar boa rotação e posicionamento para que, em

qualquer circunstancia, a assistente possa incidir o feixe de luz à zona a ser

visualizada.

Quando adaptado à cadeira odontológica, o refletor dispensa refocalizações

constantes ao ser alterado a posição da cadeira por elevação ou abaixamento,

porém, para melhor posicionamento da assistente, o refletor de teto é o ideal,

por deixar o espaço à esquerda da assistente livre para uma boa posição da

unidade auxiliar.

3.2.3 Epidemiologia das tecnopatias odontológicas ( doenças

ocupacionais)

Segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.31), a adequação entre operador,

equipamento e instrumental, geralmente, não é vista na realização do

procedimento, e o profissional realiza posturas inadequadas de trabalho.

Consequentemente, na execução da tarefa, haverá somatória de traumatismos

que poderão originar as tecnopatias odontológicas.

Na Holanda, na Bélgica e em Luxemburgo foi realizado um estudo para avaliar

a postura adotada por 1.250 cirurgiões-dentistas durante a execução de

procedimentos odontológicos, denominado Projeto Sonde , como mostrado no

quadro 3 abaixo. Os autores concluíram que altas porcentagens de desvios em

relação à postura de trabalho adequada são praticadas pelos profissionais.

Page 47: Monografia Lucas Neves - UFC

47

Quadro 3: SONDE: Pesquisa postural de dentistas.

- 89% demonstram flexão da cabeça para a frente excedendo 20-25°, o que é

considerado limite para uma posição saudável;

- 61% demonstram rotação do pescoço em combinação com forte flexão para

a frente;

- 63% demonstram flexão da parte superior do corpo excedendo 20°, o limite

para uma posição saudável;

- 36% trabalham com o pescoço rotacionado combinado com torção na

coluna;

- 35% mantêm os antebraços elevados além de 20°;

- 32% mantêm os braços em ângulo maior que 25° acima da linha horizontal;

- 25% trabalham com as mãos apoiadas inadequadamente;

- 47% não manuseiam corretamente os instrumentos;

- 20% demonstram forte flexão do punho;

- 65% trabalham com o mocho, cujo encosto proporciona apoio incorreto;

- 75% trabalham sem que a cabeça do paciente esteja simetricamente

posicionada defronte a eles;

- 32% trabalham com os pés e as pernas mais distantes da cadeira

odontológica do que o necessário;

- 55% trabalham sentados por mais de 7 horas diárias;

- 75% trabalham com iluminação e diferenças na distribuição de luz fora dos

padrões.

Fonte: adaptado de Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.31)

Page 48: Monografia Lucas Neves - UFC

48

Relativamente a problemas posturais, um estudo realizado na Universidade de

São Francisco (EUA) mostrou que mais de 70% dos estudantes de odontologia

se queixam de dor já no terceiro ano da faculdade. Mostrou também que esse

número aumentou gradativamente do primeiro ao quarto ano. Os autores

concluíram que o ensino da ergonomia deve ser mais elaborado e trabalhado

durante a graduação.

Percebe-se que o cirurgião dentista está mais preocupado com o que está

fazendo do que com a maneira de como está realizando, não estando

devidamente conscientizado da necessidade de observar as medidas

adequadas para proteção contra o cansaço (estresse mental e físico) e as

doenças originadas pela postura inadequada na prática odontológica. Isso se

deve provavelmente ao mau projeto ou ao uso inadequado do equipamento,

dos sistemas e das tarefas, podendo gerar doenças do sistema osteomuscular,

como lesão por esforço repetitivo (LER) e distúrbio osteomuscular relacionado

ao trabalho (DORT).

3.2.4 Etiologia das tecnopatias na prática odontoló gica

De acordo com Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.33), a tecnopatia

odontológica é gerada, dentre outros, da ação de fatores biomecânicos que

incidem na região do pescoço, costas, ombros, coluna vertebral e membros

superiores, devido essencialmente à postura inadequada, a repetitividade de

movimentos, a compressão mecânica e a força excessiva.

Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), como já

falado anteriormente, é um exemplo de tecnopatia, causada por uma série de

micro traumatismos osteomusculares em articulações, ligamentos, tendões,

bursas, vasos sanguíneos e nervos, que se acumulam e podem se desenvolver

para problemas mais graves. As consequências podem ser edema, rigidez, dor,

parestesia, tendinites e tenossinovites, podendo, inclusive, evoluir para à

desabilitação funcional do membro.

As áreas mais vulneráveis às tecnopatias são: região cervical, ombros,

cotovelo, região lombar, mão e punho.

Page 49: Monografia Lucas Neves - UFC

49

O contato com equipamento, materiais, substâncias químicas e radiações

ionizantes durante o período da realização de trabalhos pode determinar o

surgimento de alterações no organismo do cirurgião-dentista e da equipe.

Tanto a proximidade com o paciente quanto o tempo de duração do tratamento,

são fatores que também podem determinar contágio do cirurgião-dentista e da

equipo através das moléstias nele sediadas.

A inobservância de fatores decorrentes da somatória das circunstâncias

expostas pode levar ao aparecimento de moléstias de natureza mista, o que

poderá agravar a condição de saúde do cirurgião-dentista e da equipe.

Outros segmentos, como aparelhos circulatório, visual e auditivo, também se

ressentem fortemente da inobservância de cuidados durante a prática

profissional, porém, de uma forma meramente didática, é possível classificar a

etiologia das tecnopatias como decorrência dos seguintes fatores:

- postura de trabalho;

- agressão aos órgãos sensoriais;

- contato com o paciente;

- materiais, substancias químicas, radiações ionizantes;

- moléstias de natureza mista.

a) Postura de trabalho

Postura, segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.34), é a inter-relação dos

diversos segmentos do corpo opondo-se à ação da gravidade e das forças

externas, situando-nos no espeço tempo, guiando e reforçando o movimento e

equilibrando-nos durante a ação.

A adequação dos equipamentos à comodidade do trabalho está, cada vez

mais, sendo melhorada, decorrente do que ocorre com os cirurgiões-dentistas,

que sofrem de muitas dores costais, modificações posturais e outras

decorrências de condições inadequadas para a perfeita execução do

movimento.

Page 50: Monografia Lucas Neves - UFC

50

Antes dos estudos ergonômicos, os odontólogos trabalhavam em pé, o que

fazia com que os equipamentos fossem projetados para trabalhos em pé, o que

obrigava à flexão com rotação e inclinação da coluna vertebral, causando

desequilíbrio pélvico, escoliose compensadora e discartrose, além de

determinar profundas alterações na postura do profissional e comprometimento

da hemodinâmica de retorno.

Com a evolução da ergonomia, ocorreu a mudança da posição de trabalho de

em pé para sentada, e o seu paciente, na posição supinada para que haja uma

melhor visão do paciente por conta do dentista.

A posição correta, hoje em dia, do trabalho de um cirurgião-dentista sentado

em um mocho, segundo Nixon (1971 apud Naressi, Orenha e Naressi, 2013, p.

35), é a coxa paralela ao solo, ou seja, deve haver um ângulo de 90° entre o

fêmur e o conjunto tíbia-fíbula. Com isso, o peso corporal estará devidamente

distribuído entre a região sacral, a porção posteroinferior do fêmur, as

tuberosidades isquiáticas15 e a porção plantar dos pés.

O trabalho sentado incorretamente, além de agredir a coluna vertebral, também

predispõe a varizes.

b) Agressões aos órgãos sensoriais

As agressões aos órgãos sensoriais ocorrem especialmente no tato e nos

aparelhos visual, respiratório e auditivo.

No tato, o odontólogo por usar o punho flexionado durante muito tempo, acaba

por contrair fortes dores. Um dos exemplos é a síndrome do túnel carpal, que é

decorrente da extensão e flexão do punho, em que a repetição ou esforço

contínuo com desvio ulnar ou palmar gera parestesia e dor, que pode levar à

inflamação (tenossinovite) e à degeneração, culminando com a desabilitação

funcional, incapacitando o indivíduo à prática profissional, pois no punho, o

nervo mediano e os tendões flexores passam por um canal comum, cujas

paredes lateral e posterior, rígidas, são formadas pelos ossos do carpo e cuja

face anterior é formada pelo ligamento transverso do carpo.

15 As tuberosidades isquiáticas estão localizadas entre a coxa e a região glútea.

Page 51: Monografia Lucas Neves - UFC

51

As agressões ao aparelho visual ocorrem por deficiência de iluminação

ambiental e, principalmente, do refletor bucal. As lesões traumáticas e a

contaminação ocorrem mediante ação de agentes físicos, radiação vinda de

aparelho fotopolimerizador, e mecânicos, fragmentos de tártaro sendo

destacado, fragmentos de material restaurador sendo removidos com motor de

alta rotação etc., bem como a nebulização provocada pelo uso do motor de alta

rotação atingindo o globo ocular. Por isso, é indispensável o uso de protetor

visual no fotopolimerizador e óculos de proteção ou pantalha, que protege todo

o rosto.

As agressões ao aparelho respiratório ocorrem através de aerossóis e

moléstias do paciente, também pela poluição ambiental decorrente do óleo

lubrificante nebulizador dos motores de alta rotação, sendo também

indispensável o uso de máscaras ou pantalha.

As agressões ao aparelho auditivo se dão através de ruídos internos, que são

originados dos motores de alta e baixa rotação, compressor, bomba de sucção,

condicionador de ar e/ou música ambiental, sendo umas medidas preventivas

para a redução do nível de ruídos internos a melhoria das condições gerais do

ambiente físico de trabalho, a substituição de aparelhos ruidosos, do local do

compressor e da bomba a vácuo, etc.

c) Contaminação cruzada, materiais, substâncias quí micas e radiações

ionizantes.

Segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.38), o manuseio de equipamentos

pode vir a gerar a contaminação cruzada, que ocorre quando a equipe toca,

inadvertidamente, os comandos sem a devida proteção e vai atuar na boca do

paciente, sendo o contágio levado à boca e vice-versa, aumentando assim o

grau de contaminação.

Por essa razão, deve-se haver o recobrimento de detalhes do equipamento:

- botoneira de comando da cadeira;

- alças e interruptor do refletor;

- comandos da unidade auxiliar (água e cuspideira);

Page 52: Monografia Lucas Neves - UFC

52

- tubulação dos suctores;

- apoio de cabeça e espaldar da cadeira;

- puxadores de abertura de autoclave/estufa e das gavetas;

- câmera intrabucal;

- disparador do aparelho de raio X e do fotopolimerizador;

- comando do amalgador;

- ultrassom;

- fone, etc.

As substancias químicas devem ser manuseado muito cuidadosamente

pelo profissional, pois podem causar lesões na pele e mucosas ou serem

alérgenas, tanto à equipe quanto ao paciente: fenol, tricresol-formol, eugenol,

monômeros acrílicos, ácido ortofosfórico, desinfetantes (são tóxicos e/ou

irritantes) e outros. O mercúrio deve ter um bom armazenamento, devendo ser

utilizado em amalgamador de cápsula interna, para evitar possível risco de

vazamento e sua decorrência, pois o mercúrio pode ser inalado pela equipe,

pelo fato dele começar sua evaporação a partir de 23°C.

As radiações ionizantes tipo raios-X podem constituir agentes agressivos ao

organismo, pelo fato do seu efeito acumulativo. Há várias medidas de

prevenção de radiações ionizantes, como: o uso de aparelhos que tenham

certificação ISO, que esteja calibrado, que tenha cabeça e colimador com dupla

proteção de chumbo, além do uso de filmes com emulsões ultrarrápidas e

proteção mediante avental de borracha plumbífera. Deve-se também evitar o

contágio do manguito da caixa reveladora através da embalagem do filme

intrabucal com película de policloreto de vinila (PVC) e realizar à revelação com

o uso de sobreluvas.

d) O contato com o paciente e suas decorrências na saúde da equipe

A prática profissional gera fatores estressantes tanto em relação ao exercício

da profissão, com as características do ambiente físico, exigências físicas da

função, longas horas de trabalho, trabalhos semirrepetitivos, competição entre

profissionais, isolamento do cirurgião-dentista e da equipe e a busca por

Page 53: Monografia Lucas Neves - UFC

53

aperfeiçoamento técnico, como em relação ao paciente, com suas

expectativas, dores, ansiedades, atrasos e cancelamentos, faltas, além do

relacionamento com eles, do manejo de comportamentos não colaboradores e

a não observância das instruções ou possível não aceitação do tratamento.

Além do que, o contato físico com o paciente gera contaminação seja ela

através de lesões bucais ou por doenças veiculadas pela saliva, podendo

ocorrer por contágio direto ou mediante os fômites, que são os instrumentos e

objetos contaminados, e que atingem a equipe e/ou proporcionam a

contaminação cruzada paciente a paciente, sendo, portanto, indispensável o

adoção de medidas preventivas, como o uso de equipamentos de proteção

individual (EPIs), como gorro, máscara/pantalha/óculos, avental, luvas, além da

utilização de tudo o que seja descartável, bem como a mais absoluta

esterilização de todo o instrumental.

e) Moléstias de natura mista

As moléstias de natureza mista, segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013,

p.40), nada mais são do que a somatória de detalhes das várias ocorrências

que podem inclidir no organismo do cirurgião-dentista e da equipe, de acordo

com o que foi explicado nos itens anteriores.

3.3 Análise ergonômica da tarefa

De acordo com Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.41), uma das condições

necessárias à adoção de uma postura saudável de trabalho é a utilização de

equipamentos ergonomicamente concebidos.

3.3.1 Princípios de prevenção das tecnopatias

Na prevenção das tecnopatias, esses equipamentos devem estar de acordo

com as normas ISO, DIN e ABNT aplicadas à odontologia.

a) Concepção ergonômica dos equipamentos

Os equipamentos que são encontrados dentro de um consultório odontológico,

como já citados anteriormente, necessitam que sejam ergonômicos e que

sigam algumas especificações estipuladas pelos órgãos competentes.

Page 54: Monografia Lucas Neves - UFC

54

A posição atual de trabalho de um odontólogo é a sentada em um mocho , por

isso, segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.41):

“De acordo com a norma ISO 11226:2000, que considera a manutenção da postura saudável de trabalho, a ESDE recomenda parâmetros para posicionamento saudável de trabalho. Esse conceito atual estabelece que, entre outros, o ângulo da poplítea (região formada pelo ângulo posterior entre o fêmur e o conjunto tíbia-fíbula) deve variar de 110° a 125°.

Ainda de acordo com os parâmetros da ESDE, o mocho deve preencher os requisitos apresentados a seguir.

Sua base deve ter preferentemente cinco rodízios, para permitir deslocamento sem risco de queda. A altura do assento deverá permitir que o profissional com variação de estatura entre 1,50 e 1,96 m possa sentar-se em postura saudável, favorecendo a circulação de retorno (hemodinâmica), sem risco de compressão das safenas, situadas na porção posterointerna da coxa. A largura do assento poderá ser em torno de 40 a 43 cm, de consistência semirrígida, com profundidade de 40 cm; a partir de 15 cm do limite posterior, deverá haver rebaixamento de 20° da borda anterior.

O encosto deve proporcionar correto apoio à porção súperolateral da pelve, estabilizando-a e impedindo sua rotação posterior. Deve ter de 10 a 12 cm de altura e 30 cm de largura e apresentar regulagens variáveis verticais de 17 a 24 cm e profundidade de acordo com o biótipo do usuário. É também necessário que tenha ajuste horizontal para evitar mal posicionamento da coluna lombar. Os mochos de cirurgião-dentista e de auxiliar em saúde bucal (ASB) devem ter as mesmas características, com elevação preferentemente a gás, devendo variar entre 47 e 63 cm.”

Knoplich (1981 apud Naressi, Orenha e Naressi, 2013, p. 43), relata, sobre a

posição sentada de repouso, que o corpo apoia 50% do seu peso no

quadrângulo formado pelas tuberosidades isquiáticas, 34% pela região

posterior da coxa e 16% na planta dos pés.

O correto para a posição de trabalho do cirurgião-dentista e do auxiliar em

saúde bucal é a alternância frequente de posição, para que não haja

sobrecarga nos sistemas osteomuscular e circulatório. Esses profissionais

devem, também, praticar ginástica laboral entre um paciente e outro, descansar

pelo menos 10 minutos após 2 horas de trabalho, praticar exercícios físicos

pelo menos três vezes por semana, para ter uma boa condição sistêmica,

evitar trabalhar mais de 8 horas por dia, etc.

Page 55: Monografia Lucas Neves - UFC

55

• A cadeira clínica também requer algumas normas ergonômicas, para

que o odontólogo possa exercer seu trabalho na situação de conforto

funcional, sendo necessário, para isso, que a cadeira clínica permita um

plano médio de trabalho na posição horizontal de altura aproximada de

86 cm, tenha a presença de um apoio de cabeça com adequado ajuste

vertical e lateral, para a intervenção com visualização direta e indireta na

maxila e na mandíbula, que a altura mínima do assento seja de 35 cm, e

a máxima, de 90 cm, a espessura do espaldar entre 4 e 6 cm, o

comprimento total do assento e suporte das pernas de 122 cm e o apoio

de cabeça ter em torno de 25 cm de comprimento e 3 cm de espessura.

• O refletor ideal deve realizar o movimento vertical, horizontal e lateral,

para que o feixe de luz incida paralelamente ao eixo de visão do

cirurgião-dentista e perpendicularmente ao quadrante a ser iluminado,

sem ofuscar os olhos do cliente, tendo esse refletor uma intensidade de

luz entre 8 mil e 25 mil luxes e 4 níveis, que permitam a iluminação

adequada de todos os quadrantes da cavidade bucal. O cirurgião-

dentista de posicionar o refletor próximo a sua cabeça, paralelo à

direção de visualização, para que possa obter iluminação livre de

sombras, assim evita-se fadiga decorrente das sombras de mãos,

dentes, lábios e bochecha. Para que isso ocorra, o refletor tem de

apresentar três eixos que permitam à lâmpada girar em todas as

direções.

• O equipo de concepção ergonômica pode ser classificado em

semimóvel, conectado à estrutura da cadeira mediante uma

haste/coluna, o que permite a ascensão e descenso, e totalmente móvel,

instalado em uma plataforma de rodízio, podendo ser movimentado à

vontade.

• As pontas ativas são os motores de alta e de baixa rotação, as

características ergonômicas desses equipamentos são fundamentais,

sendo para o motor de alta rotação: extratorque, nível de ruído de até 75

dB, 3 a 4 orifícios de resfriamento, sistema push-button de liberação da

broca, acoplamento de mangueira tipo Borden para facilitar a

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56

maneabilidade do instrumento, para os motores de baixa rotação,

tembém deve ser impulsionado a ar e pode haver ou não a presença de

sistema de resfriamento.

• A unidade auxiliar que é composta pela unidade suctora (suctor e

salivador) e pela cuspideira, no qual o suctor, que é o dispositivo para

sucção de alta potência, destinado ao trabalho com campo seco,

devendo essa potência ser propiciada por bomba a vácuo, individual ou

coletiva, sendo em qualquer situação, a sucção ocorrendo o tempo todo,

sem que o paciente deva levantar-se para cuspir. O kit suctor deve ter

alternativas de acoplamento em coluna ou laterais de armários.

- O salivador, dispositivo de sucção de baixa potência, é destinado a

intervenções em que o isolamento absoluto seja utilizado, ficando sob o

lençol de borracha.

- A cuspideira é para o conforto do paciente apenas quando finalizado o

atendimento.

• O compressor de ar tem que ter além de uma alta eficiência, um nível

de ruído satisfatório, entre 50 e 60 dB, a ponto de sequer ser percebido

pela equipe e pelo paciente, podendo ser lubrificado com óleo ou ter

lubrificação permanente com pó de grafite.

Adotar apenas uma forma de trabalho saudável não é suficiente para que o

cirurgião-dentista obtenha qualidade de vida e bem-estar, é necessário também

à prática diária de exercícios físicos, e a realização de alongamentos dos

membros superiores e da coluna vertebral, especialmente da coluna cervical,

entre um atendimento e outro, pois a prática da ginástica laboral pode contribuir

na minimização dos desconfortos posturais advindos de esforços e

sobrecargas mio-articulares geradas durante os atendimentos.

3.4 Análise ergonômica das atividades

Uma vez descrito o posto de trabalho dos dentistas, na sequencia, são

examinadas como estes deveriam desempenhar as suas atividades.

Page 57: Monografia Lucas Neves - UFC

57

3.4.1 Posicionamento adequado de trabalho

Reforçando informações anteriores, segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013,

p.54), os princípios para se trabalhar em postura sentada ortostática e ativa

são:

“- Sentar-se em postura ereta relaxada, simétrica, com os braços junto ao corpo, o que minimiza a carga estática de braços e ombros. Os movimentos do braço à frente ou lateralmente devem ser minimizados tanto quanto possível – lateralmente entre 15-20° e à frente até 10°. O tronco pode ser inclinado para frente, nas articulações do quadril, no máximo em 10°; inclinações e rotações laterais devem ser evitadas. A cabeça pode ser inclinada para a frente no máximo em 25°.

- Adotar um forma dinâmica de trabalho, fazendo movimentos com o corpo durante a realização de procedimentos tanto quanto possível, a fim de que ocorra uma alternância de carga e relaxamento nos músculos e na coluna vertebral.

- Garantir enrijecimento muscular pela prática de esporte e atividade física, promovendo recuperação dos músculos sobrecarregados e aumento da força muscular, o que por sua vez melhora a capacidade de manter uma postura saudável.

Para adotar uma postura sentada estática e ativa, a partir da qual movimentos podem ser facilmente realizados, o operador senta-se simetricamente ereto, com o esterno elevado e à frente e com os músculos abdominais contraídos ligeiramente. Os ombros ficam na mesma linha acima das articulações do quadril, e a linha de gravidade passa pela coluna vertebral lombar e pela pelve em direção ao assento. Essa postura facilita a respiração.

Para obter melhor postura de trabalho, as condições são:

• Sentar-se em uma postura de trabalho ereta equilibrada.

• Colocar o campo de trabalho simetricamente à frente do tronco, no plano médio-sagital que divide o corpo verticalmente em metades esquerda e direita.

• Olhar, tanto quanto possível, perpendicularmente o campo de trabalho. Caso isso não ocorra, o globo ocular se inclina para baixo até atingir essa posição, e, como consequência, a postura corporal muda automaticamente. Isso resulta em postura inclinada desfavorável, que é assimétrica sempre que o campo de trabalho estiver posicionado fora do plano simétrico; é algo que acontece com frequência.

- Características de postura saudável:

• Inclinação do tronco ‹ 10°, realizada nos quadris e não na coluna;

• Inclinação da cabeça ‹ 25° (considera-se a inclinação de 10° do tronco, mais 15° do pescoço);

• Braços junto ao tronco e inclinados no máximo 10° à frente;

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58

• Antebraços levantados no mínimo 10° e no máximo 25°;

• Distância entre os olhos do cirurgião-dentista e a boca do paciente entre 35 e 40 cm;

• Ângulo da poplítea no mínimo de 110°;

• Planta dos pés paralela ao solo;

• Afastamento das pernas entre si no máximo de 45°.

É importante alternar entre sentar-se sem e com apoio de costas.”

A posição do paciente também é muito importante para a ergonomia do

odontólogo, quando o paciente está na posição supina, ele permite que o

dentista tenha uma altura correta do campo de trabalho, voltado para o eixo de

visão do profissional, evitando assim inclinação lateral do tronco e elevação

dos braços e ombros, e também a livre área para a Auxiliar de Saúde Bucal

(ASB), conhecido como auxiliar ou assistente de dentista, assentar-se defronte

ao dentista, mantendo a perna esquerda sob o espaldar, para permitir a

aproximação das pernas do odontólogo, assegurando também uma postura

saudável de trabalho.

3.4.2 Odontologia a quatro mãos

Para que o cirurgião-dentista possa ter uma máxima produtividade e com o

mínimo de desgaste físico, além do máximo conforto ao paciente, é necessário

o trabalho a quatro mãos, em que se dá pela presença de um ASB nas funções

de preparador, caracterizada pelo preparo da bandeja para a intervenção no

paciente, e de instrumentador, que exige o domínio da sequência dos atos do

cirurgião-dentista, para que o ASB possa antecipar-se ao movimento do

odontólogo, na posição adequada, realizando a retração de lábios e bochechas

e promovendo a sucção de alta potência, transferindo pontas ativas,

instrumentos e materiais.

3.5 O diagnóstico em ergonomia

No processo de investigação ergonômica, o diagnóstico resulta de uma série

de observações dos diversos fatores determinantes de riscos ergonômicos.

Page 59: Monografia Lucas Neves - UFC

59

Além do posto de trabalho e seus equipamentos e utensílios é também relatada

a relação do odontólogo com as relações de autoridade explícitas na estrutura

organizacional e como este se apresenta e reage dentro do sistema de

informações na terminologia ergonômica, Caderno de encargos de

Recomendações Ergonômicas.

Em especial nas investigações ergonômicas aplicadas à atuação de

odontólogos, as normas da ISO (International Standard Organization) e da FDI

(Federação Dentária Internacional) deveriam ser seguidas por todos os

profissionais da área odontológica para prevenir distúrbios orgânicos gerados

pelas posturas antianatômicas em seus postos de trabalho. O esquema

ISO/FDI estabelece um gráfico em forma de relógio que sistematiza as

principais posições que o dentista pode atuar em relação ao paciente, onde o

centro é a boca do paciente onde serão realizados os procedimentos. O melhor

acesso ao campo operatório, tendo a visão direta às duas arcadas dentais do

paciente, é com o dentista na posição de 9h e o auxiliar na de 3h, trabalho a

quatro mãos, permitindo aos dois operadores, sentados, o alcance às

ferramentas necessárias à sua atividade sem gerar esforço adicional às suas

articulações.

A não utilidade dessas técnicas ergonômicas pode vir a gerar distúrbios

posturais e doenças profissionais, que são frequentes nos cirurgiões-dentistas.

Dos problemas ocupacionais, a postura de trabalho é relatada como a mais

preocupante, pois a ela estão associados distúrbios musculoesqueléticos

como: dores musculares na região dorsal, pernas, lombar, braços e pés;

perturbações circulatórias e varizes; cefaléias; bursite dos ombros e cotovelos;

inflamações de tendões; problemas de coluna com alterações cervicais, dorsais

e lombares; fadiga dos olhos e desigualdade da altura dos ombros (artrite

cervical).

A inobservância de cuidados ergonômicos pode causar também à síndrome

dolorosa miofascial, que consiste em dores e espasmos musculares, sendo as

afecções mais comuns entre os profissionais odontológicos, a síndrome do

túnel do carpo, que é gerada pela compressão do nervo mediano na região do

punho; a síndrome do canal Guyon, que é provocada pelo desvio ulnar

Page 60: Monografia Lucas Neves - UFC

60

combinado à apreensão exagerada, mantidas por longos períodos de tempo; a

tenossinovite dos extensores ou dos flexores dos dedos e do carpo; a tendinite

do supraespinhoso, devido à projeção e suspensão de ombros e a cervicalgia

ocasionada pela postura inadequada do pescoço e coluna vertebral.

Page 61: Monografia Lucas Neves - UFC

61

CAPÍTULO 04 - ANÁLISE DE UM POSTO DE TRABALHO ODONT OLÓGICO

E ENTREVISTA COM UMA ODONTÓLOGA

A pesquisa foi realizada em 23/05/2014, em Fortaleza no consultório da Dra.

Ana Cleuma Moura Morais. Foi adotada a sequência de observações que

resultaram no diagnóstico ergonômico.

Por meio de uma análise da ergonomia física, pois se tem como objeto de

estudo a postura do trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos,

distúrbios músculo esqueléticos relacionados ao trabalho, projeto de postos de

trabalho, segurança e saúde, será analisado o posto de trabalho de uma

odontóloga, se enquadrando na ergonomia de correção e de participação, por

envolver a própria dentista na resolução dos problemas ergonômicos.

4.1 Análise das normas ergonômicas em um posto de t rabalho

odontológico

Analisando os fatores do ambiente do consultório, percebemos:

Temperatura: Em relação à temperatura não houve reclamações por parte da

dentista, pois o posto de trabalho é refrigerado em uma temperatura agradável,

19ºC, gerando portando bem estar, segurança e bom rendimento.

Ruídos: Já por parte dos ruídos, houve queixas em relação aos equipamentos

com motores de alta e baixa rotação, equipamento de ultrassom e

amalgamador, utilizados nos procedimentos odontológicos, conforme ilustrado

nas figuras 13,14 e 15, pois são altos e contínuos, o que acaba por causar um

grande desconforto e incomodo, devendo estar entre 70 e 90 dB, pois gera

somente o incomodo e não a surdez temporária, que necessitaria de um dia de

repouso. Uma medida de solução seria a troca ou manutenção dos aparelhos

ruidosos, a fim de deixá-los mais silenciosos.

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Figuras 13, 14 e 15: Equipamentos odontológicos ruidosos.

Fonte: O autor

Vibrações: Em relação às vibrações, não houve reclamações alguma.

Agentes químicos: Quanto aos agentes químicos, o profissional relatou que

há contato com produtos que podem ser nocivos ao entrar em contato direto

com a pele ou se inalados, conforme ilustra as figuras 16 e 17, como

amálgama, que contem mercúrio, hipoclorito de sódio e venenos, como:

tricresol formalina, paramonoclorofenol canforado, peróxido de carbamida e

perborato de sódio, porém o manuseio é realizado através de procedimentos

seguros e com a utilização de equipamentos de proteção individual (E.P.I.),

como luvas e máscaras.

Figuras 16 e 17: Produtos químicos utilizados em procedimentos odontológicos.

Fonte: O autor

Iluminação: A iluminação também é boa, com bom campo de visão, porém

não há muita entrada de iluminação natural, mas sim uma boa iluminação

artificial. Em relação à iluminação provocada pela luz dos equipamentos

utilizados, que pode vir a gerar problemas graves de visão, como no caso do

aparelho fotopolimerizador, que gera radiação, podendo causar lesões

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traumáticas e contaminação, são indispensáveis a utilização de equipamentos

de proteção visual (E.P.I.s), como, por exemplo, os óculos que são especiais

para proteger os olhos desse tipo de visão. Além dos óculos protetores de

radiação vinda de aparelhos fotopolimerizadores, são indispensáveis também

os óculos de proteção ou pantalhas, como mostra a figura 18 abaixo, para

proteger os olhos da odontóloga contra fragmentos de tártaro destacado,

fragmentos de material restaurador etc.

Figura 18: A odontóloga e os E.P.I.s.

Fonte: O autor

Cores: Em relação às cores, as paredes do ambiente de trabalho são em cores

claras, até mesmo para melhorar a iluminação, já que esta é proporcionada de

forma artificial, o que faz com que a produtividade do profissional e a eficiência

aumentem.

Para se ter uma postura saudável de trabalho, é de fundamental importância

que os equipamentos utilizados durante os procedimentos ocorridos no posto

de trabalho sejam ergonomicamente corretos, estando esses equipamentos de

acordo com as normas exigidas, aplicadas à odontologia, ISO, DIN e ABNT.

Através da análise ergonômica pudemos analisar os componentes da estação

de trabalho no consultório odontológico.

Mocho: No mocho da odontóloga e da assistente, percebemos que o apoio

das nádegas é grosso e pouco macio, o que facilita a distribuição do peso, há

cinco rodízios para que não haja risco de queda, há apoio dos rins na posição

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vertical, possui altura regulável e acesso fácil ao mocho, pois não há uma

circunferência de apoio de pé.

Porém a utilização do mocho, como mostram as figuras 19 e 20, não está

sendo totalmente correta devido ao fato de não conter apoio para os braços,

tanto no mocho da odontóloga quanto no da ASB. O apoio para os braços seria

de extrema importância, principalmente, para a assistente, pois ofereceria

apoio nas inclinações para frente durante os procedimentos. Sugere-se, então,

a troca por mochos que contenham apoio para os braços.

Figura 19: Mocho. Figura 20: Mocho da dentista e da ASB.

Fonte: O autor

Cadeira odontológica: a cadeira odontológica como mostrada nas figuras 21

e 22 abaixo, é comandada eletricamente, o que reduz o trabalho para

posicionar o paciente, e a largura da cadeira não interfere na aproximação da

odontóloga e da assistente à boca do cliente, estando dentro das normas

ergonômicas, sendo, inclusive, o encosto de cabeça móvel no sentido vertical.

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Figuras 21 e 22: Cadeira odontológica.

Fonte: O autor

Equipo: como observável na figura 23, o equipo é totalmente móvel, instalado

em uma plataforma de rodízio, podendo ser movimentado à vontade, o que não

obstrui o acesso do cliente à cadeira odontológica, gerando uma boa

flexibilidade ao trabalho e evitando assim deslocamentos e movimentos

grandes por parte da dentista e da assistente.

Figura 23: Equipo.

Fonte: O autor

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Refletor: Neste equipamento, especialmente projetado para prevenir

dificuldades de natureza ergonômica segundo seu fabricante, não foi detectado

nada de anormal, seguindo as normas de luminosidade e apresentando uma

boa quantidade de luz, capacidade de iluminação, não havendo grandes

diferenças de luminosidade entre a faixa que ilumina a boca do paciente e o

meio-ambiente externo do consultório, como mostram as figuras 24 e 25

abaixo. O equipamento analisado apresentou também boa rotação e

posicionamento, com movimentação vertical, horizontal e lateral, fazendo com

que o feixe de luz incida paralelamente ao eixo de visão do cirurgião-dentista e

perpendicularmente ao quadrante a ser iluminado, com uma boa intensidade

de luz, sem ofuscar os olhos do paciente.

Figuras 24 e 25: Refletor odontológico.

Fonte: O autor

Foi percebido também que há recobrimento, por filme de plástico transparente,

dos seguintes utensílios: reostato, botoneira do comando de controle da

cadeira, alças e interruptor do refletor, cuspideira e tubulação dos suctores,

apoio e espaldar da cadeira, aparelho fotopolimerizador etc, como mostrado

nas figuras 26 e 27 abaixo, o que evita, em grande escala, a contaminação

cruzada.

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Figuras 26 e 27: Equipamentos cobertos com filme plástico transparente.

Fonte: O autor

Posição de trabalho da odontóloga : Em relação à posição de trabalho da

odontóloga, verificou-se que a mesma trabalha, a maior parte do tempo,

sentada no mocho, sendo essa a posição ideal para se trabalhar por longas

horas, para que possa haver a distribuição do peso corporal entre a região

sacral, a porção posteroinferior do fêmur, as tuberosidades isquiáticas e a

porção plantar dos pés, evitando, sempre, curvar-se para frente e inclinar a

cabeça. É de extrema importância também a alternância entre sentar-se sem e

com apoio de costas, assim como a realização de pausas curtas e frequentes,

pois o trabalho sentado incorretamente gera sobrecarga nos sistemas

osteomuscular e circulatório, agredindo a coluna vertebral e predispondo a

varizes.

Para a realização de um trabalho sem desconforto e estresse é importante uma

boa postura, pois a má postura poderá vir a prejudicar os músculos e as

articulações, sendo a ideal baseada na tarefa ou no posto de trabalho. Por isso,

vamos analisar a postura mais utilizada na odontologia, a sentada.

Questionada sobre intervalos e ginástica laboral ou mesmo exercícios de

alongamento no inicio, durante e na finalização da jornada de trabalho a

odontóloga informou que não as fazia regularmente. Em compensação,

respondeu que faz exercícios em academia de ginástica e também periódicas

caminhadas.

Análise postural: Em situação de trabalho, percebeu-se, pelas figuras 28 e 29

abaixo, que as posições da odontóloga e da assistente seguiam as normas

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ergonômicas para se trabalhar em postura sentada ortostática e ativa, pois o

tronco é levemente inclinado para frente, nas articulações do quadril e não na

coluna em, no máximo, 10° e a cabeça também inclinada para frente em, no

máximo, 25°, sendo 10° do tronco mais 15° do pescoço, estando o ângulo da

poplítea (região formada pelo ângulo posterior entre o fêmur e o conjunto tíbia-

fíbula) variando entre 110° e 125°, sentadas simetricamente eretas e

equilibradas, com o externo elevado e à frente e a musculatura abdominal,

ligeiramente, contraída. Os braços também permanecem próximos ao tronco,

com as plantas dos pés paralelas ao solo e com um pequeno afastamento

entre as pernas, mantendo a perna esquerda sob o espaldar da cadeira

odontológica, permitindo a aproximação das pernas da dentista, comando do

reostato e possibilitando um melhor trabalho a quatro mãos, o que faz com que

a dentista tenha uma máxima produtividade com o mínimo de desgaste físico.

Figuras 28 e 29: Posições de trabalho da dentista e da ASB.

Fonte: O autor

Como percebido, nas figuras 28 e 29 acima, a odontóloga e a ASB (auxiliar de

saúde bucal) exercem a postura mais correta e indicada pela ISO e FDI para a

execução dos seus trabalhos, que é a da dentista na posição de 9h,

intercalando com a de 11h, e a da assistente na posição de 3h, trabalho a

quatro mãos, tendo a visão direta às duas arcadas dentais do paciente. Além

destas identificou-se que, ao invés de mocho, a odontóloga utiliza cadeira

ajustável para altura do assento e posição das costas.

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4.2 Entrevista com uma profissional da área odontol ógica

Adicionalmente às observações in loco, pesquisou-se um conjunto de

informações fornecidas pela Dr. Paula Ventura da Silveira à revista CRO em

17/11/2012. A cada pergunta checou-se com a odontóloga que permitiu a

observação ergonômica se as situações colocadas na entrevista tinham

alguma semelhança com as suas vivências profissionais.

Trabalhar com conforto melhora a produtividade, ainda mais na área

odontológica, através da utilização das técnicas de ergonomia odontológica.

Uma entrevista feita pela revista CRO-CE (2013, Ano 5, N°09, p.24) à doutora

Paula Ventura da Silveira, que é mestre em saúde coletiva pela Universidade

de Fortaleza, especialista em ergonomia pela Universidade São Camilo e

especialista em odontologia do trabalho pela Academia Cearense de

Odontologia, foi de grande utilidade para esse trabalho:

‘’ Nada melhor do que trabalhar num ambiente confortável tanto para você quanto para os seus pacientes. É fato que o trabalho rende mais, você preserva a saúde do seu corpo e seu paciente se sente melhor atendido e mais confiante. Por isso, é super importante tomar todos os cuidados com a ergonomia, ciência que estuda as leis naturais do trabalho humano e vem contribuindo e alertando os profissionais e trabalhadores da Odontologia quanto à postura adequada, mostrando-lhes a necessidade da observância de princípios que concorrem para uma prática laboral sólida, eficiente, eficaz, saudável e prazerosa.

De acordo com a cirurgiã-dentista Paula Ventura, a ergonomia tem um papel fundamental na Odontologia, tendo em vista a necessidade de ter consciência corporal e a consequente adoção de atitudes preventivas na prática clínica do cirurgião-dentista.

Revista CRO-CE: De que forma a ergonomia começou a tomar espaço nos consultórios odontológicos?

Paula Ventura: Na Odontologia, a ergonomia foi incorporada a partir de alguns eventos históricos, como a fabricação da primeira cadeira do tipo ‘’relax’’; o protótipo do primeiro mocho rodante e a disponibilização do primeiro sistema de sucção. Esses eventos basicamente inauguraram uma nova era no que diz respeito à incorporação de conceitos ergonômicos aos equipamentos odontológicos.

Revista CRO-CE: Como a ergonomia influencia no resu ltado do trabalho dos cirurgiões-dentistas?

Paula Ventura: Hoje em dia, a facilidade da execução da maioria dos procedimentos clínicos aumentou muito, uma vez que o paciente se acomodou melhor na cadeira, o cirurgião-dentista passou a trabalhar mais confortavelmente sobre o mocho, com maior possibilidade de

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deslocamento e a controlar melhor a saliva e o sangue do paciente. No entanto, apesar de toda a importância, pesquisas relatam que os cirurgiões-dentistas possuem um baixo conhecimento a respeito da ergonomia.

Revista CRO-CE: Como a ergonomia é implementada?

Paula Ventura: Embora isso ainda ocorra de forma muito incipiente, alguns profissionais entendem a importância de se adotar medidas ergonômicas, como a tomada da consciência corporal, indispensáveis para a eficiência e qualidade da sua prática odontológica.

Observa-se que muitas vezes os profissionais em geral, inclusive o cirurgião-dentista, na prática laboral conseguem realizar um ajuste satisfatório às forças que tendem a perturbá-lo, ou seja, muitas vezes o organismo consegue apresentar uma resposta no sentido de ajustar-se frente a possíveis forças externas. O que se pretende com a ergonomia odontológica é trazer consciência corporal ao cirurgião-dentista em relação ao processo de trabalho no qual é submetido diariamente. Isso pode ser feito através de alongamentos, ajustes corporais, atividades físicas, adaptação do posto de trabalho ao cirurgião-dentista, entre outros. Portanto, ter consciência corporal e trabalhar a ergonomia na Odontologia pode ser uma arma poderosa para não deixar vir à tona algumas questões como: tensões, preocupações e estresse, que estejam causando, até mesmo silenciosamente, mal ao corpo e assim, tomar medidas de relaxamento para evitar doenças na prática odontológica.

Revista CRO-CE: Qual é a importância de manter uma postura correta durante o trabalho?

Paula Ventura: Em relação à tecnologia, o avanço a partir de novos materiais, técnicas e equipamentos fazem com que cirurgiões-dentistas tenham à mão melhores condições de trabalho quando comparadas a décadas passadas.

Entretanto, como também presente em outras profissões, uma problemática apresenta-se para a Odontologia, pois esta pertence à lista das consideradas profissões desgastantes, expondo o cirurgião-dentista a uma série de agentes potencialmente causadores de doenças ocupacionais e desencadeadores de problemas musculoesqueléticos. Então, é indiscutível o fato de que as doenças profissionais causadas por agentes mecânicos têm real importância na Odontologia, e que as medidas ergonômicas adequadas constituem o melhor método de eliminá-las. Entre as medidas ergonômicas ressalto: utilização adequada dos equipamentos odontológicos e a percepção dos dentistas em relação à sua postura e à ergonomia, que quando são contempladas na prática profissional diária, podem contribuir preventivamente.

Revista CRO-CE: Quais são as características que o ambiente de trabalho deve ter para estar adequado?

Paula Ventura: A Odontologia é uma profissão passível de distúrbios osteomusculares e posturais, tornando-se de grande relevância desde a fase de preparação para a profissão, ainda na graduação, o descanso durante as atividades e diminuição na sobrecarga laboral, de maneira a prevenir e/ou minimizar os distúrbios posturais decorrente do trabalho do cirurgião-dentista.

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No aspecto postural, a Odontologia tem sido considerada uma profissão ‘’estressante’’, sendo associada a agravos à saúde. A alta incidência de desconfortos posturais nessa classe profissional relaciona-se com sua tendência cada vez maior para um padrão de atividade especializado e repetitivo.

Permanecer sentado durante horas, mesmo em atividades pouco exaustivas, pode causar fadiga e dores físicas. Na minha visão, o ideal, é que no ambiente de trabalho o profissional tenha a possibilidade de realizar a alternância postural durante as atividades laborais na prática odontológica.

Ressalto a importância de que o cirurgião-dentista incorpore na sua prática diária atividades físicas, tanto aeróbicas, quanto de alongamentos, evitando o sedentarismo.

Lembro, antes de tudo, que a ergonomia é uma atitude do profissional que se agrega à prática de sua profissão. ’’

As respostas da odontóloga pesquisada, comparativamente às da Paula

Ventura deram os seguintes resultados:

De que forma a ergonomia começou a tomar espaço nos consultórios odontológicos?

Odontóloga pesquisada: Na minha concepção, lembro-m e do começo da ergonomia com o surgimento da primeira ca deira odontológica elétrica, o que melhorou e facilitou b astante o trabalho de nós dentistas.

Como a ergonomia influencia no resultado do trabalh o dos cirurgiões-dentistas?

Odontóloga pesquisada: Com o avanço contínuo da erg onomia nos postos de trabalho odontológicos, melhorou muit o a facilidade de deslocamento dos cirurgiões-dentistas para a realização de procedimentos odontológicos, o confor to ao se trabalhar e, consequentemente, a prevenção de probl emas relacionados à ergonomia, como a má postura e a L.E .R., por exemplo.

Como a ergonomia é implementada?

Odontóloga pesquisada: A ergonomia é implementada a través da adaptação do posto de trabalho nos padrões ergonômi cos, incluindo a utilização de equipamentos ergonômicos e da realização de alongamentos e exercícios físicos nas horas vagas, o que previne as doenças ocupacionais.

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Qual é a importância de manter uma postura correta durante o trabalho?

Odontóloga pesquisada: Prevenir tensões, evitar est resse postural e doenças relacionadas à má postura.

Quais são as características que o ambiente de trab alho deve ter para estar adequado?

Odontóloga pesquisada: Ter boa iluminação, temperat ura agradável, equipamentos de proteção e estar dentro dos padrões e normas ergonômicas exigidas pelos órgãos competen tes. Sempre havendo a prática de pausas frequentes e a i ntercalação postural.

Adicionalmente, questionou-se à odontóloga pesquisada:

Na sua atividade, adota práticas de ginástica laboral ou exercícios

de alongamento antes, durante e na conclusão da sua jornada de

trabalho?

Odontóloga pesquisada: Sim, sempre que possível, te nto realizar exercícios de alongamento e respiração, pois creio que seja de extrema utilidade para a prevenção de doenças postu rais e estresses.

Na sua atividade, adotam-se práticas odontológicas de cunho

ergonômico resultantes de treinamentos ou de recomendações de

órgãos classistas?

Odontóloga pesquisada: Adoto sim, porém poucas dess as práticas odontológicas ergonômicas foram advindas d e treinamentos ou palestras de órgãos classistas. Nem mesmo durante a formação acadêmica, teve alguma informaçã o sobre assuntos ergonômicos, o que só vim a tomar conhecim ento e utilizá-las, através de informações pesquisadas e c ursos realizados, após começar a sofrer com problemas rel acionados à má ergonomia, como o desenvolvimento de calcificaçõ es na região cervical, C3 e C4, e de uma tendinite no pun ho esquerdo. Não havendo atualização de informações por parte do s órgãos classistas.

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CAPÍTULO 05 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como percebido, a ergonomia traz inúmeros benefícios à saúde do

trabalhador, tendo também um papel importantíssimo na qualidade e

quantidade produzida, devido ao fato do melhor bem-estar obtido pelo

trabalhador, o que gera uma motivação e, consequentemente, um melhor

rendimento.

Seguindo recomendações do ambiente ergonômico, verificou-se que no posto

de trabalho as especificações das condições ambientais e requisitos dos

equipamentos estão de acordo com as normas de segurança e boas condições

ergonômicas. No ambiente de trabalho, percebeu-se que a temperatura está

nos padrões de ergonomia e os ruídos também, porém houve detecção de

ruídos em alguns aparelhos, o que pode ser facilmente resolvido com a

manutenção ou troca. Quanto aos agentes químicos, nota-se total segurança

em seus manuseios, com a utilização de E.P.I.s, como máscaras, óculos e

luvas.

A ergonomia dos objetos utilizados no posto de trabalho também foi analisada

e constatou-se que: os mochos estão de acordo com as normas ergonômicas,

porém o da assistente não há apoios para os braços, o que pode ser

solucionado com a troca do mocho, já a cadeira odontológica, o equipo e o

refletor, estão todos ergonomicamente corretos.

Presumidamente, pelo isolamento com filme plástico transparente, pode-se

supor que há preocupação da profissional com as doenças que podem ser

transmitidas pelo paciente ou vice-versa, pois há, nos lugares onde se tem

contato, o recobrimento com plástico transparente, a fim de minimizar a

transmissão de doenças, contaminação cruzada.

Em relação à postura da profissional odontológica e da ASB, percebemos que

as mesmas se enquadram nos padrões ergonômicos sugeridos pela ISO e pela

FDI, pois trabalham sentadas, sendo essa a melhor posição para o trabalho

odontológico devido às horas de trabalho, realizando as posturas corretas:

inclinadas levemente para à frente, através do quadril, em 10° e o pescoço em

15°, realizando o ângulo da poplítea entre 110° e 125°, com os pés plantados e

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paralelos ao solo, com um pequeno afastamento entre as pernas e, sempre

que possível, alternando entre sentar-se sem e com apoio de costas. Não se

identificou, pelo depoimento da odontóloga, o uso sistemático de ginástica

laboral.

Através do questionário, como percebido, as dentistas têm um reconhecimento

da importância da ergonomia na vida profissional, principalmente na profissão

odontológica, porém a segunda relata que não há uma atualização de

informações e certa preocupação a respeito desse tema, por parte dos órgãos

classistas.

Por meio da análise realizada no posto de trabalho, pode-se afirmar que o

objetivo foi cumprido uma vez que o posto de trabalho foi analisado e nele

verificou-se a inexistência de riscos ergonômicos. Finalmente, pode-se

considerar que com relação às práticas ergonômicas resultantes de

capacitação em riscos ergonômicos identificou-se que a odontóloga não

recebeu treinamento específico ou informação de órgão classista e por conta

disso pode incorrer em alguns problemas de natureza ergonômica relatados

nesta pesquisa.

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