monografia final

50
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA - CEFET/RJ DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENADORIA DE CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU MONOGRAFIA NEM TIO SAM, NEM BIG BEN: A IMPORTÂNCIA DO INGLÊS COMO LÍNGUA ACADÊMICA (ILA) NA INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR DO CEFET/RJ. Leandro Rodrigo Galindo do Carmo MONOGRAFIA SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO LATU SENSU EM ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A CERTIFICAÇÃO COMO ESPECIALISTA EM ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS. Angela Lopes Norte, Dr. Orientador RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL DEZEMBRO/2012

Upload: leandro-galindo

Post on 08-Aug-2015

100 views

Category:

Documents


46 download

TRANSCRIPT

Page 1: Monografia Final

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA - CEFET/RJ

DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

COORDENADORIA DE CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

MONOGRAFIA

NEM TIO SAM, NEM BIG BEN: A IMPORTÂNCIA DO INGLÊS COMO LÍNGUA ACADÊMICA (ILA) NA INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR DO

CEFET/RJ.

Leandro Rodrigo Galindo do Carmo MONOGRAFIA SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A CERTIFICAÇÃO COMO ESPECIALISTA EM ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS.

Angela Lopes Norte, Dr. Orientador

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL DEZEMBRO/2012

Page 2: Monografia Final

ii

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA - CEFET/RJ

DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

COORDENADORIA DE CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

MONOGRAFIA

“Nem Tio Sam, nem Big Ben”:

A importância do Inglês como Língua Acadêmica (ILA) na internacionalização do Ensino Superior do CEFET/RJ

Leandro Rodrigo Galindo do Carmo

MONOGRAFIA SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS, COMO

PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A CERTIFICAÇÃO COMO ESPECIALISTA EM ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS.

Data da defesa: Aprovação:

_______________________________________ Orientadora

Angela Lopes Norte, Dr.

_______________________________________ Kátia Cilene Cunha de Aguiar, Ms.

_______________________________________ Érika de Freitas Coachman, Ms.

_______________________________________ Coordenador do curso

Antônio Ferreira da Silva Junior, Dr.

Page 3: Monografia Final

iii

FICHA CATALOGRAFICA

C287 Carmo, Leandro Rodrigo Galindo do Nem Tio Sam, nem Big Ben: a importância do inglês como língua acadêmica (ILA) na internacionalização do ensino superior do CEFET-RJ / Leandro Rodrigo Galindo do Carmo. – 2012. ix, 34f. ; +anexos ; enc. Monografia (Lato Sensu) Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, 2012. Bibliografia : f.32 – 34 Orientadora : Angela Lopes Norte. 1. Programas de intercâmbio de estudantes. 2. Língua inglesa. 3. Intercâmbio educacional. I. Norte Angela Lopes (orient.). II. Título. CDD 378.0162

Page 4: Monografia Final

iv

NEM TIO SAM, NEM BIG BEN: A IMPORTÂNCIA DO INGLÊS COMO LÍNGUA ACADÊMICA (ILA) NA INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR DO

CEFET/RJ.

Leandro Rodrigo Galindo do Carmo (Dezembro de 2012)

Orientador: Angela Lopes Norte, Dr. Departamento: DIPPG/COLAT

RESUMO

A língua inglesa se consolidou como língua franca no mundo contemporâneo. A Globalização fez com que o mundo interagisse mais, trocasse mais informação. Nesse dilúvio informacional, é necessário manter-se sempre atualizado. No meio acadêmico, o conhecimento da língua inglesa se tornou essencial, seja em congressos internacionais quanto em oportunidades de mobilidade acadêmica internacional. A proposta da pesquisa foi analisar a importância do conhecimento de inglês no processo de internacionalização do ensino superior através de programas de mobilidade acadêmica do CEFET/RJ. O intercâmbio é uma forma de aprimorar o currículo do graduando, acrescentando uma experiência do exterior. Hoje, o Governo expandiu as oportunidades de mobilidade acadêmica internacional; portanto, esse é o momento de galgar uma oportunidade, visto que o programa federal Ciência Sem Fronteiras oferece todas as condições ao aluno. Há outras formas de mobilidade acadêmica, como as parcerias realizadas diretamente com outras universidades. No CEFET/RJ, há diversas oportunidades. Nesta pesquisa, duas entrevistas foram feitas com perguntas sobre as perspectivas do intercâmbio e o reconhecimento da importância do inglês nesse processo. Os dados obtidos foram analisados e foi possível chegar à conclusão que o conhecimento de inglês é fundamental para um bom intercâmbio, visto que, mesmo em países lusófonos, muitas aulas são em inglês e, além disso, muitos outros alunos, também em mobilidade acadêmica, são estrangeiros e a língua inglesa é, portanto, a chave de comunicação. Palavras-chave: Internacionalização, Inglês como Língua Internacional, Intercâmbio

Page 5: Monografia Final

v

NEM TIO SAM, NEM BIG BEN: A IMPORTÂNCIA DO INGLÊS COMO LÍNGUA ACADÊMICA (ILA) NA INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR DO

CEFET/RJ.

Leandro Rodrigo Galindo do Carmo (Dezembro de 2012)

Orientador: Angela Lopes Norte, Dr. Departamento: DIPPG/COLAT

ABSTRACT

The English language has established itself as a lingua franca in the contemporary

world. Globalization has made the world interact more, exchange more information. In this flood

of information, it is necessary to keep up to date. In the academic environment, the English

language has become essential, whether at international conferences and in international

academic mobility opportunities. The purpose of this research was to analyze the importance of

knowing English in the process of internationalization of higher education through programs of

academic mobility at CEFET/RJ. The exchange is a way to improve the curriculum of the

graduate student adding an experience abroad. Today, the government expanded the

opportunities for international academic mobility, so this is the time to apply for an opportunity,

as well as the federal government created a program which funds students to study abroad and

it is called “Ciência Sem Fronteiras” that provides all conditions to the student. There are other

forms of academic mobility, such as those agreements made directly with other universities. In

CEFET / RJ there are several opportunities. In this research, two interviews were conducted

with questions about the prospects of exchange programs and recognition of the importance of

English in the process. The data obtained was analyzed and it was possible to conclude that

knowledge of English is essential for a good exchange, considering even lusophone countries,

because many classes are in English, and in addition, many other students, also academic

mobility, are foreigners and English is therefore the key to communication.

Key words: Internationalization; English as an International Language, Exchange Program

Page 6: Monografia Final

vi

Ao Senhor Deus, nosso Pai Celestial;

À minha mãe, Ana, sempre presente na minha vida.

Page 7: Monografia Final

vii

Agradecimentos:

-A minha mãe, pelo amor e apoio que sempre me dera.

-A minha irmã Ana Paula, que, mesmo de longe, torce por mim.

-A minha sobrinha Carol, que me faz lembrar que há sempre esperança para nossa vida.

-A minha prima Fernanda, que compartilha comigo ótimos momentos.

-Ao professor Antônio Ferreira, pela dedicação a todos nós e pela motivação em exercer seu

papel como professor.

-À Professora Angela Lopes Norte, que me aceitou orientar meio às diversas tarefas

realizadas.

-Às colegas Aline, Clara, Juliana e Nathália, que estiveram partilhando os melhores momentos

da pós, além de tornar nossas viagens Rio-Niterói mais divertidas.

-Aos colegas da Pós, que sempre mostraram importância e atenção aos meus comentários e

contribuições.

-A minha amiga Fran, que, novamente, fez parte de mais uma conquista.

-Aos companheiros da CST, que me dirigem politicamente.

-A todos meus amigos, conhecidos e familiares que fizeram e ainda fazer parte da trilha para o

sucesso.

Page 8: Monografia Final

viii

“(...) A internacionalização surge como decorrência de três fatores muito importantes: como resposta ao fenômeno da globalização; como possibilidade de assegurar a qualidade dos recursos humanos, da infra-estrutura e das ações e como forma de fortalecer os programas de ensino, de pesquisa e de extensão.(STALLIVIERI)”

Page 9: Monografia Final

ix

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

I- A EXPANSÃO DO CONHECIMENTO ATRAVÉS DA GLOBALIZAÇÃO .......... 7

I.1- Processo de Globalização ................................................................... 10

II- O IMPERIALISMO CONTEMPORÂNEO E AS LÍNGUAS UNIVERSAIS.......... 16

II.1- O Imperialismo na Sociedade Moderna e suas Consequências........16

II.2- A “língua Imperial” - Inglês como Língua Internacional.........................17

III- A INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: NOVOS RUMOS

DA UNIVERSIDADE.............................................................................................. 20

III.1- Cooperação Internacional na Universidade........................................ 20

III.2- Intercâmbio - Por quê?....................................................................... 22

III.3- Relatos de Experiências de Intercâmbio............................................ 23

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 32

ANEXOS .............................................................................................................. 35

ANEXO I: Questionário sobre Intercâmbio ............................................... 35

ANEXO II: Entrevista – Aluno A ................................................................ 36

ANEXO III: Entrevista – Aluno B................................................................. 37

ANEXO IV: Entrevista – Aluno C................................................................ 38

ANEXO V: Entrevista – Aluno D................................................................. 39

ANEXO VI: Entrevista – Aluno E................................................................. 40

Page 10: Monografia Final

x

Page 11: Monografia Final

1

INTRODUÇÃO

“Romper fronteiras”. Temos escutado isso atualmente não só no meio acadêmico, mas

em todos os lugares, seja na empresa onde trabalhamos, na universidade e até mesmo em

nossas residências. Tal expressão leva-nos a vários significados, tais co mo quebrar

preconceitos, dialogar com outras áreas; entretanto, no caso deste trabalho, o sentido mais

apropriado é perceber que a Língua Inglesa é o idioma da Globalização, da

Contemporaneidade e, portanto, da Internacionalização. O contexto da internacionalização

neste trabalho dar-se-á no Ensino Superior através de programas existentes de mobilidade

acadêmica nas universidades. É necessário compreender que a ideia de internacionalização

perpassa o conceito de abrir as portas para novas concepções de mundo através do fluxo de

informações de diferentes instituições pelo mundo. Internacionalização é também garantir a

oportunidade de que todos os estudantes tenham a possibilidade de participar em uma

mobilidade acadêmica no exterior independente de suas condições sociais, a fim de perceber

novas visões, novas experiências, novos diálogos com o intuito de interagir com vieses

diferentes de outros países, ampliando, portanto, sua visão do mundo e favorecendo uma

dinâmica de apropriação de uma competência discursiva intercultural, além de propor uma co-

construção mais significativa de conhecimento acadêmico.

A proposta de pesquisa centra-se na importância da Língua Inglesa na dinâmica de

internacionalização do ensino superior através dos diversos programas de mobilidade

acadêmica oferecidos na Universidade. O corpus de análise da pesquisa será proveniente de

dois processos de seleção/acompanhamento de estudantes ao exterior pela Assessoria de

Cooperação Internacional do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro

(DCCIT/CEFET-RJ)1.

É recorrente encontrar convocações para seleção de mobilidade acadêmica em muitas

universidades. No CEFET, a responsabilidade da organização e acompanhamento do processo

de seleção é da DCCIT. A Divisão de Cooperação Internacional do CEFET é a assessoria

1 DCCIT ainda é usada como sigla do escritório de relações internacionais do CEFET, embora tenha deixado de ser uma divisão.

Page 12: Monografia Final

2

responsável pelas atividades de cooperação internacional, ampliando as ofertas existentes,

buscando novas parcerias com instituições no exterior de acordo com as demandas que

surgem em termos de ensino, pesquisa e extensão. O financiamento do intercâmbio pode

acontecer de diversas formas, como bolsas próprias da instituição, fomento de agencias

(CAPES, CNPQ) ou até mesmo o auto-financiamento.

Algumas indagações surgem nos alunos na hora de optar por uma experiência no

exterior. Por que estudar fora? Como um intercâmbio contribuirá para o aprimoramento da

formação do indivíduo? A instituição garante que o aluno manter-se-á com qualidade no

exterior? Preciso saber inglês? Enfim, perguntas como essas vêm às nossas cabeças ao

depararmos com esse tipo de proposta.

Outro assunto ligado à questão de como o intercâmbio contribui para a formação

acadêmica é a importância do aprendizado da língua inglesa como língua acadêmica para

favorecer a interação nos limites da universidade e contribuir para a ampliação da visão de

mundo do aluno.

“Quero um hot dog.” “Vamos escutar um rock‟n roll.” “Meu PC está lento, acho que são

spywares”. Escutamos frases como essas a todo o momento e nem percebemos mais a

presença do inglês em nossa língua. Absorvemos esses estrangeirismos e nem sempre

lembramos sequer palavras em nossa língua que possam substituí-los.

O idioma inglês vem recebendo ao longo desses últimos anos diversas denominações

em países não-falantes, destacando mais o seu uso como língua global, como: ILI - Inglês

como Língua Internacional (EIL – English as an International Language), ou International

English; Inglês como Língua Franca (ELF – English as a Lingua Franca). Inglês global, no

sentido em que é usado ao redor de todo o mundo por pessoas das mais diversas etnias e

Inglês Geral (General English), uma contraposição mais democrática ao “Inglês Padrão” –

Standard English – que remete imediatamente aos padrões britânicos e americanos também

são denominações comuns a língua. A consideração do inglês como língua internacional surge

“porque a comunicação em inglês no mundo hoje frequentemente não envolve falantes nativos

da língua” (ERLING, 2005: 41). Nesta pesquisa teremos outra nomenclatura. Consideraremos

Page 13: Monografia Final

3

a Língua Inglesa como Língua Acadêmica (Inglês como Língua Acadêmica - ILA), visto que

nosso objetivo é concluir que o inglês é o idioma da mobilidade acadêmica internacional e que

o conhecimento desse idioma é imprescindível para uma necessidade básica, a comunicação.

Uma das razões para tantas denominações é a questão demográfica:

(...) o número de falantes de inglês como L2 supera o de falantes de inglês como L1 na proporção de três para um. O inglês está sendo cada vez mais usado para a comunicação através das fronteiras internacionais, não estando, portanto, mais ligado a lugar, cultura ou povo. (EARLING, 2005, p. 42-43)

Essas indagações me motivaram a elaborar essa pesquisa a fim de trazer à discussão a

importância da língua inglesa no processo de intercâmbio e resgatar as experiências dos

alunos que já vivenciaram um intercâmbio.

A pesquisa surgiu quando o Governo Federal anunciou o aumento das vagas em

universidades no exterior pelo programa Ciência sem Fronteiras. Já havia o interesse em

abordar tal assunto considerando grandes quantidades de parcerias criadas pela DCCIT do

CEFET/RJ com universidades no exterior, como a Universidade de Ciências Aplicadas de

Munique, a Universidade do Porto, o Voorhees College, nos EUA, o Centennial College, no

Canadá, entre outras.

O CEFET/RJ é um Centro Federal de Educação Tecnológica, um dos dois

remanescentes, que busca o reconhecimento como universidade tecnológica. Ele é

reconhecido pela sua excelência em educação tecnológica e industrial, atuando em vários

níveis da educação, como ensino médio, educação profissional em nível técnico, cursos

tecnólogos, ensino superior (vale ressaltar que a instituição oferece sete cursos de engenharias

e um de administração) e diversos cursos de especialização latu sensu, atividades de pesquisa

e extensão e seis cursos de pós graduação strictu sensu (mestrado), com nota três na

avaliação da CAPES, destacando o curso de Mestrado no Ensino de Ciências e Matemática,

que obteve o conceito quatro na avaliação trienal da CAPES.2 Sua estrutura é composta de

uma unidade-sede (Maracanã) e mais sete campi (UnED Maria da Graça, Angra, Valença,

2http://conteudoweb.capes.gov.br/conteudoweb/ProjetoRelacaoCursosServlet?acao=pesquisarRegiaoIesPrograma&codigoIes=310

22014

Page 14: Monografia Final

4

Petrópolis, Nova Iguaçu, Friburgo e Itaguaí). No Brasil, os Centros Federais de Educação

Tecnológicas refletem uma evolução no tipo de instituto de ensino que auxiliou o

desenvolvimento do processo de industrialização técnico-científica a partir do século XX,

formando mão de obra capacitada para atuar no mercado de trabalho e também no meio

acadêmico, através dos doutores formados em outras universidades, como a UFRJ,

provenientes do CEFET/RJ.

O CEFET/RJ possui uma história que chega a um centenário, configurando-se um

importante centro de formação no Rio de Janeiro.3

Tendo passado à jurisdição do Governo Federal em 1919, foi transformado em liceu. A

centralização do poder com o Estado Novo a partir de 1937 promoveu mudanças

circunstanciais nas esferas federais. Uma das reformulações na sua estrutura foi o então

Ministério de Educação e Saúde Pública que transformou a Escola Normal de Artes e Ofícios

em um liceu profissional destinado ao ensino de todos os ramos e graus de um ensino

profissional (técnico), sendo comparada às Escolas de Aprendizes Artífices. Sua nomenclatura

sofre alteração antes mesmo de inaugurar o novo liceu e passa a ser chamado de Escola

Técnica Nacional que, de acordo com a Lei Orgânica do Ensino Industrial, é incumbida a

ministrar cursos de 1º ciclo (industriais e de mestria) e de 2º ciclo (técnicos e pedagógicos).

Já a partir de 1959, a Escola Técnica Nacional começar a ter mais autonomia,

passando, gradativamente, a extinguir os ginásios industriais (cursos de 1º ciclo) e atuar na

formação exclusiva de técnicos. Sete anos depois, no auge da ditadura militar em 1966, a

instituição passa a oferecer cursos de Engenharias de Operação com curta duração em nível

superior em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que oferecera

colaboração do seu corpo docente e expedição de diplomas.

A necessidade de preparação de professores para as disciplinas específicas dos cursos

técnicos e dos cursos de Engenharia de Operação levou, em 1971, à criação do Centro de

Treinamento de Professores, funcionando em convênio com o Centro de Treinamento do

Estado da Guanabara (CETEG) e o Centro Nacional de Formação Profissional (CENAFOR).

3 Toda essa contextualização histórica foi retirada do site da Instituição. Disponível em: http://cefet-rj.br/a-instituicao/historico.html.

Acessado em 22/06/2012

Page 15: Monografia Final

5

1978 foi o ano em que a Escola Técnica Federal (ETF) passou a ser conhecida como

Centro Federal de Educação Tecnológica, vinculada ao Ministério de Educação e Cultura

(MEC) com autonomia administrativa, pedagógica, financeira e recebendo status de instituição

de educação superior que poderia oferecer cursos de graduação, pós graduação, atividades de

extensão e realização de pesquisas na área tecnológica.

A finalidade da criação dos CEFETs foi a de verticalização do ensino, a promoção da

intercomplementaridade e continuidade do ensino técnico no ensino superior, ou seja, o aluno

terá a oportunidade de cursar uma graduação no mesmo local que teve um curso técnico.

A lei 9.649 de 27 de maio de 1998 burocratizava a criação de escolas técnicas federais,

tornando sua criação mais complicada. Devido a restrição do acesso à educação de nível

médio, o caminho para a profissionalização de muitos jovens passou a se dar exclusivamente

pelo ensino superior.

(...) a partir de então, as instituições da rede foram autorizadas a ofertar, além do curso técnico, a graduação em Engenharia Industrial, os cursos de tecnólogos e licenciaturas voltadas para a formação de professores do ensino técnico e dos cursos de tecnólogos, a pós-graduação lato sensu e, com o passar do tempo, a pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado). (SOBRINHO, 2009:4)

Com a falta de investimentos nas Universidades públicas, o ensino superior privado

tornou-se nessa época, como em nenhuma outra, terreno fértil para investimentos levando a

sua expansão.

É importante perceber as contradições por onde passava o setor produtivo nesse

período. Assim como os postos de trabalho que requerem menor qualificação e menor

educação eram reduzidos com a incorporação mais aguda da microinformática e da robótica

nos processos industriais, ao mesmo tempo, aumentava, significativamente, a demanda por

mão de obra mais qualificada que fosse reflexiva e capaz de resolver imprevistos sem a

utilização de modelos prontos. Assim se configurou um dos maiores dilemas nesse estágio de

produção capitalista: a necessidade de formação de trabalhadores com capacidade de

abstração e decisão, aptos a trabalhar em equipe e com autonomia para solucionar problemas.

Page 16: Monografia Final

6

O CEFET/RJ é desafiado e se desafia, permanentemente, a contribuir no

desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro e da região. Atento às Diretrizes de Política

Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior do país, volta-se a uma formação profissional

que deve ir ao encontro da inovação e do desenvolvimento tecnológico, da modernização

industrial e potencialização da capacidade e escala produtiva das empresas aqui instaladas, da

inserção externa e das opções estratégicas de investimento em atividades portadoras de futuro

– sem perder de vista a dimensão social do desenvolvimento. Assim se reafirma como uma

instituição pública que deseja continuar a formar quadros para os setores de metalmecânica,

petroquímica, energia elétrica, eletrônica, telecomunicações, informática e outros que

conformam a produção de bens e serviços no país.

O CEFET/RJ é uma instituição de referência no ensino tecnológico na cidade do Rio de

Janeiro que vem passando por grandes ampliações e criação de novos cursos. O CEFET/RJ é

uma das poucas unidades que não se tornaram Institutos Federais de Educação, Ciência e

Tecnologia. A instituição busca ao reconhecimento como Universidade Tecnológica.

Outro espaço fundamental da universidade hoje é a cooperação internacional. No

CEFET/RJ, é gerida pela Assessoria de Relações Internacionais através da DCCIT. As

oportunidades de intercâmbio crescem exponencialmente. Há um enorme crescimento das

parcerias, ampliando as oportunidades de intercâmbio no exterior.

Tal crescimento de oportunidades levou à valorização de proficiência em línguas

estrangeiras, principalmente a inglesa, uma vez que a seleção dos intercambistas para os

convênios institucionais passou, inclusive, a incluir o conhecimento da língua inglesa nas

seleções de intercâmbio para países lusófonos.

Esse estudo procurou analisar a importância do conhecimento da Língua Inglesa para a

participação de alunos da graduação nos processos de mobilidade acadêmica internacional

oferecidos pela instituição.

A metodologia empregada foi baseada numa pesquisa bibliográfica e participante. O

embasamento teórico deu-se contextualizando e localizando historicamente a expansão da

Page 17: Monografia Final

7

universidade pela globalização na conjuntura atual, levando em consideração as demandas por

mão de obra especializada na sociedade do século XX.

Após essa contextualização teórica, duas entrevistas com candidatos a intercâmbio

foram feitas. A primeira entrevista levou em consideração os interesses e perspectivas dos

intercambistas, já a segunda entrevista tratou dos resultados da experiência de intercâmbio.

Ambas as entrevistas foram realizadas por formulários online.

A pesquisa propõe, portanto, que o conhecimento de línguas estrangeiras,

principalmente inglês, é essencial para um processo de mobilidade acadêmica internacional. A

língua inglesa faz parte da rotina de todas as pessoas. No meio acadêmico, o inglês é a língua

da comunicação, e deve ser considerada também como a Língua Acadêmica.

I- A EXPANSÃO DO CONHECIMENTO ATRAVÉS DA GLOBALIZAÇÃO

Ao pensar inglês como língua acadêmica, é necessária levar em consideração a

abrangência do idioma pelo mundo e sua difusão. Temos o inglês como primeira língua em

mais de quinze países; e em mais de trinta países, o inglês é considerada segundo língua.

Temos no Brasil, o inglês como língua estrangeira. Os Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs) apontam o estudo de inglês como língua estrangeira como parte integrante da

formação de todo aprendiz na educação básica.

A necessidade do conhecimento de uma língua estrangeira é essencial, visto que “hoje

se entende que o uso de uma LE é necessário para se compreender outros discursos que nos

chegam e também para atuar no mercado de trabalho e da tecnologia, para dar

prosseguimento a estudos da universidade, etc.”. (RIO DE JANEIRO, 2002:89)

No entanto, poucas pessoas têm a oportunidade de utilizar línguas estrangeiras como

instrumento de comunicação oral. Isso caracteriza a natureza da língua inglesa como língua

estrangeira.

Deste modo, considerar o desenvolvimento de habilidades orais como central no ensino de Língua Estrangeira no Brasil não leva em conta o critério de

Page 18: Monografia Final

8

relevância social para a sua aprendizagem. (...) Portanto, a leitura atende, por um lado, às necessidades da educação formal, e, por outro, é a habilidade que o aluno pode usar em seu contexto social imediato. Além disso, a aprendizagem de leitura em Língua Estrangeira pode ajudar o desenvolvimento integral do letramento do aluno. A leitura tem função primordial na escola e aprender a ler em outra língua pode colaborar no desempenho do aluno como leitor em sua língua materna. (BRASIL, 1998, p.20)

A difusão político-espacial da língua inglesa como língua internacional pelo mundo se

deve a diversos fatores, sejam eles acadêmicos, sociais ou políticos. As três correntes de

pensamento levam a um ponto em comum, o Imperialismo, uma vez que, na sociedade

contemporânea, os detentores do poder são países com práticas imperialistas.

Tratamos o Imperialismo como uma expansão territorial de países-lideres na Europa

ocidental – França e Inglaterra; e mais tardiamente Itália e Alemanha no período compreendido

entre os séculos XVII-XIX. E Portugal e Espanha, não são considerados países

expansionistas? Situando-os historicamente, Portugal e Espanha foram pioneiros nas

expansões territoriais no século XV e XVI levando em consideração a ampliação das suas

monarquias em visão exploratória. No entanto, tratamos o Imperialismo a partir da Revolução

Industrial.

A Grande Inglaterra tomou a liderança do processo expansionista a partir do século XVII

com o início da industrialização e das novas formas de produção e venda de suas manufaturas.

O século XVIII foi marcado pelo pioneirismo industrial inglês e a alavancada da Inglaterra como

potência mundial. Durante esse período outros países europeus também se industrializaram,

como a França, Holanda e Alemanha; no entanto a Inglaterra foi a primeira, como propunha

BEAUD (1987),

“o poder, a prosperidade, a riqueza da Grã-Bretanha são inegáveis. A Praça de Londres é a primeira do mundo. A libra esterlina é a moeda internacional. A dominação britânica se estende aos cinco continentes e o capitalismo britânico tira dela consideráveis rendimentos.” BEAUD (1987:203-204).

Já no século XIX, com a segunda fase da Revolução Industrial, houve a necessidade de

um diálogo maior entre as nações europeias devido ao comércio de produtos industrializados e

Page 19: Monografia Final

9

o diálogo com outros países do mundo, tais como Brasil, Oriente Médio e África, com a

necessidade de matérias-primas para manutenção/aumento da produção. Nesse período foi

necessário que as pessoas dominassem um idioma em comum para comunicação e comércio.

Por muitos anos tivemos o Latim (Séculos XV e XVI), o Francês (Séculos XVI e XVII), o Italiano

(Séculos XVII e XVIII). Por fim, o inglês, a partir do século XIX.

Há séculos, a difusão de uma língua em determinados territórios em detrimento das línguas que até então eram faladas ali traduz rivalidades de poderes nesses territórios. (LACOSTE, 2005:7)

Essa difusão do inglês na Europa e logo após no mundo, fez com que os países

adotassem uma segunda ou até mesmo terceira língua. Vimos, portanto, que o Imperialismo

Linguístico se deu motivadamente por questões comerciais e econômicas. O processo de

expansão imperialista se deu no século XVIII e, ao longo do tempo, com as Grandes Guerras,

tivemos a alavancada dos Estados Unidos como nova potência imperialista. “É especialmente

depois do fim da Segunda Guerra Mundial que a influência política e cultural dos Estados

Unidos se propagou, inicialmente na Europa Ocidental.” (LACOSTE, 2005:10)

A influência da cultura norte-americana no decorrer do século XX toma proporções

inimagináveis: a música, as artes e o cinema passam a ser “criados” em inglês, tornando-se

também um álibi para a consolidação da Língua Inglesa como língua internacional.

A mundialização do inglês (...) se faz também indiretamente por meio de uma série de fenômenos culturais mais ou menos associados uns aos outros: pelo cinema americano, apesar de a maior parte dos filmes exportados pelos EUA serem dublados na língua do país de importação (...) A língua do rock é o inglês. (LACOSTE, 2005:11)

Uma das principais justificativas para esse “imperialismo acadêmico” é o

pioneirismo das pesquisas científicas pelos centros universitários de referência em

ensino, pesquisa e extensão que estão sediados em países de característica

imperialista. O inglês acompanha esse processo de pioneirismo e se torna então o

veículo de comunicação desses centros com o mundo.

Page 20: Monografia Final

10

I.1 - O Processo de Globalização

O mundo transforma-se a todo o momento. Desde as Grandes Navegações, a

sociedade vem ser tornando globalizada. No entanto, é a partir do Século XIX que esse

processo fica mais visível. A Era da Informação faz com que todos nos comuniquemos. Essa

necessidade de interação e comunicação faz parte do processo de globalização que é citado a

todo o momento.

O conceito de globalização difere de pessoa para pessoa, de lugar para lugar. No

entanto, adotarei o conceito de globalização que propõe que a sociedade contemporânea é

motivada por um processo interacional que favorece cada vez mais a um diálogo entre

diferentes povos, proporcionando, assim trocas sociais. Steger propõe o seguinte conceito de

globalização:

Steger (2003:13) define globalização como uma série multidimensional de processos sociais que criam , multiplicam, alargam e intensificam interdependências e trocas sociais no nível mundial, ao passo que, ao mesmo tempo, desenvolve nas pessoas uma consciência crescente das conexões profundas entre o local e o distante. (STEGER apud KUMARAVADIVELU, 2006:130).

A Globalização também é vista por Eric Hobsbawn através de três vieses:

O primeiro ponto de vista é a Globalização como um processo de formação,

constituição, aplicação e ritmos diferenciados. Nessa forma,

a globalização não é o produto de uma única ação (...). É um processo histórico que sem dúvida acelerou muito nos últimos dez anos, mas que consiste numa permanente transformação. Não está claro quando poderemos dizer que chegamos a um ponto de chegada definitivo, ou qual vai ser o momento em que o processo estará completo. Sobretudo porque a essência deste processo é uma extensão da atividade através de um planeta que é, pela sua própria natureza, vário: do ponto de vista geográfico, histórico, climático. Esta realidade impõe certos limites à unificação de todo o planeta. Além disso, a globalização não opera em todos os campos da ação humana da mesma forma. (...) Por isso, seria um erro dizer que é um fenômeno sem obstáculos. (...). (HOBSBAWM, 2000:58)

Page 21: Monografia Final

11

Outro ponto de vista segundo o mesmo autor propõe a globalização não como uma

economia global, mas inserida em um paradigma social onde o que importa é a compressão

tempo-espaço.

Antes de mais, penso que não se pode identificar a globalização só com a criação de uma economia global, ainda que esta seja o seu centro e o seu aspecto mais evidente. Temos de olhar além da economia. A globalização baseia-se em primeiro lugar na eliminação de aspectos técnicos, mais do que econômicos, que constituem o seu pressuposto: a distância e o tempo. (...) (HOBSBAWM, 2000:62)

O último ponto de vista é a relação com o Capitalismo Liberal. Essa visão é estritamente

comercial, focando na produção de lucros, visto que

(...) O processo de globalização é sem dúvida irreversível e, em alguns aspectos, independente daquilo que os Governos fazem. Mas outra coisa é a ideologia baseada na globalização, a ideologia do free market, o neoliberalismo, o que também foi chamado "fundamentalismo do livre mercado". Esta ideologia baseia-se na convicção de que o livre mercado maximiza o crescimento e a riqueza do mundo e produz uma distribuição ótima do aumento. Todas as tentativas de regular e de controlar o mercado devem dar resultados negativos, pois reduzem a acumulação do lucro capitalista, e logo impedem a maximização da taxa de crescimento. (...) (HOBSBAWM, 2000:65)

A globalização é uma palavra amorfa. Tenta expressar a constituição da aldeia global

no seu processo de desenvolvimento contínuo, onde há intensificação e diversificação de

fluxos de pessoas, bens, serviços, capitais, tecnologias e ideias. Sua tendência é harmonizar

políticas e instituições. Outros termos (mundialização, internacionalização e

transnacionalização) são usados para expressar e salientar determinados aspectos da

globalização: cultura e cidadania na mundialização; relações comerciais entre nações na

internacionalização; e os agentes que extravasam as fronteiras nacionais na

transnacionalização. Denominador comum de todos esses termos é a conquista tecnológica,

operada pela informática, que faz do saber o verdadeiro poder. (ZAMBERLAM et al, 2009: 17)

Robbie Robertson (2003) propões três níveis de globalização, três “ondas” que são

associadas de acordo com três fases do colonialismo/expansionismo moderno. A primeira onda

Page 22: Monografia Final

12

centrou-se no processo de expansionismo por explorações comerciais, lideradas por Portugal e

Espanha. A segunda onda caracterizou-se pelo processo de industrialização liderado pela

Inglaterra no século XIX; e por último, temos a terceira onda que tem ocorrido no mundo pós-

guerra a partir do século XX, liderada pelos Estados Unidos.

O atual estágio da globalização teve início na década de 80 devido à expansão do

computador e da internet e a criação de novas tecnologias de informação e comunicação

(NTICs), possibilitando uma maior troca de informações em menor tempo. Além disso, a

globalização permitiu uma evolução em diversas áreas: saúde, urbanismo, transportes

comércio internacional e a educação internacional.

Esse processo imediatista e veloz motivou a adaptação rápida de todos os segmentos

da sociedade à nova ordem tecnológica e social mundial. A palavra da globalização é

INTERAÇÃO. Interação dos mercados econômicos, das mídias mundiais, das relações

diplomáticas, entre outras. Temos a formação dos órgãos internacionais, como a ONU, a

UNESCO, a OMS, a OMT entre outros órgãos mundiais. Todos esses acordos mundiais têm

como foco a facilidade das operações financeiras, o favorecimento do comércio, a garantia da

hegemonia dos Estados mais ricos, o estreitamento das fronteiras, etc.

Entretanto, o processo de globalização também possui aspectos negativos. Sua

implantação na economia, dentro da lógica do capitalismo, trouxe consequências profundas

para muitos países. Podemos citar alguns exemplos, como o endividamento, o desemprego, a

concentração desigual de renda, maior agressão ao meio ambiente e consumismo supérfluo.

Os países mais ricos passaram a programar medidas e liderar organismos financiadores

internacionais que motivaram a dependência da dívida externa de diversos países emergentes

através de empréstimos com juros quase impossíveis de serem pagos, o que afetou as

políticas internas dos países dependentes. Com isso, o próprio sistema educacional também

passou a ser moldado, sistematicamente, de acordo com a ótica do capitalismo, tornando-o

mais competitivo, individualista e excludente, sendo necessária a progressão dos estudos, a

fim de buscar um lugar mais consolidado no mercado. Todas essas influências da globalização

Page 23: Monografia Final

13

ocasionaram mudanças nos conceitos sociais, como democracia, cidadania, justiça, direitos

humanos, ciência etc.

O tal processo é o agente de uma mudança radical na sociedade. Um dos elementos

mais importantes dessa mudança é a presença de aspectos culturais na vida da pessoa no seu

contexto social. Notamos uma transformação da ideia de cultura na sociedade. Há quarenta

anos, por exemplo, tínhamos como cultura a tradição popular e as características culturais

locais que produziam satisfação e realização pessoal. Hoje o panorama cultural é movido pela

hegemonia cultural dos países desenvolvidos, como, por exemplo os filmes hollywoodianos, as

danças do pop music americano, o processo de ampliação das redes de fast food. Essas

características, que hoje produzem satisfação, sentimento de sucesso e de vitória. A

globalização exacerba a importância do futuro. Em decorrência, há um investimento em uma

cultura global que é disseminada por dois veículos (BERGER & HUNTINGTON, 2004):

a) Veículos de elite. Formam uma cultura internacional de líderes econômicos e

políticos que, de forma indireta, comandam a globalização econômica. São as corporações

multinacionais e instituições como OMC (Organização Mundial do Comércio), FMI (Fundo

Monetário Internacional), Banco Mundial, redes acadêmicas, mídia, fundações, ONGs

(Organizações Não-Governamentais), alguns órgãos governamentais e intergovernamentais.

Outra forma desse veículo é a disseminação de empresas de todos os tipos que penetram nas

massas populares, tornando mais visível a emergente cultura global por meio do consumo

popular de seus produtos (Adidas, Coca Cola, McDonald's, Disney, Hollywood, MTV, Ford,

Chevrolet, Toyota, Yamaha, Philips...).

b) Veículos populares. Em contrapartida, há um grupo de intelectuais que disseminam

um tipo de inteligência ocidental, influenciando a cultura de diversos povos. Esse são

movimentos que sustentam a cultura global emergente, como, por exemplo, os movimentos

feministas, ambientalistas, o "ecumenismo" dos direitos humanos, o pentecostalismo

evangélico, a Opus Dei, os Movimentos islâmicos e os da Nova Era.

O panorama contemporâneo de sociedade é composto por um cenário complexo de

mudanças. Notamos um conceito de fronteira mais fluído, ou seja, não conseguimos mais

Page 24: Monografia Final

14

perceber exatamente os limites entre os povos no que tange uma visão social. Temos

demarcações geográficas e espaciais, mas não vemos mais uma limitação concreta que

separe o povo de cá do povo de lá. Esse processo de invisibilização das fronteiras, de certa

forma é positivo, no entanto, causa também choques culturais, uma vez que cada nação traz

em sua história crenças e tradições que podem ser consideradas esdrúxulas por outros povos.

Tais peculiaridades sociais devem, na sociedade atual, ser respeitadas.

É possível constatar que esse desaparecimento de limítrofes se dá por uma

compressão espaço-tempo, uma vez que a o desenvolvimento da tecnologia favoreceu

bastante a troca de informações e o deslocamento interlocal de pessoas além de propiciar um

diálogo maior de interesses comuns, agregando então países que possuem interesses político-

econômicos dialógicos.

Percebemos que os diferentes discursos de diferentes pessoas ao redor do mundo se

entrelaçam e há reconstrução discursiva de tal forma que nos remetemos os palimpsestos,

uma vez que temos hoje discurso sobre discurso. Essa velocidade de circulação de discursos

propicia a absorção de informações favorecendo uma construção mais efetiva de

conhecimento.

Conhecimento é a palavra da Globalização, visto que o desenvolvimento da tecno-

informação é mais coletivo do que individual. A sociedade interage mais, trocando experiências

e descobertas a fim de desenvolver mais essa sociedade que vive um dilúvio informacional que

não distingue mais o que é local do global.

Essa união entre o global e o local, como levantado por Kumaravadivelu4, propõe uma

era glocal, que é mérito de conceder à Globalização uma característica pluridimensional e,

simultaneamente, a uma mistura entre global e local, evitando que o termo “local” defina

exclusivamente uma ideia de identidade local, como: “lá em casa” limitado, confortável e

seguro, contra o colapso, o caos da modernidade, estereotipada, às vezes, dispersiva e

“homologante”. A “Glocalização‟ é uma Globalização que se situa de acordo com uma

realidade, limitada a certas características e tradições: ela deve se adaptar às realidades

4 Contido em “A linguística aplicada na era da globalização, artigo escrito por B. Kumaravadivelu. In: LOPES, Luis Paulo da Moita.

Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006.

Page 25: Monografia Final

15

locais, em vez de ignorá-las ou simplesmente destruí-las, como por exemplo, o que acontece

com as redes de fast food na Índia que adaptam seus sanduíches levando em conta a religião

daquele país, que não come carne bovina, por exemplo. Na verdade, ao provocar uma

resistência a si própria, a Globalização, ironicamente e paradoxalmente, termina contribuindo

para a concentração da atenção sobre as realidades locais. A ideia é que para ganhar a causa

do “local” se tem que agir no nível global, porém se utilizando das novas tecnologias a fim de

maximizar a ação localmente, minimizando seus efeitos sobre o outro. Vivemos, portanto, em

um mundo „glocalizado‟. Pensar em um sentido global, no entanto, agindo em uma esfera local.

O panorama mundial está em constante transformação, visto, de acordo com

Kumaravadivelu, de três modos distintos:

Há uma compressão da distância espacial, visto que a vida das pessoas, sua rotina,

seu salário são afetados por acontecimentos no outro lado do mundo. Não é possível inclusive

controlar tal influência. Os espaços estão conectados.

Há também uma compressão da distância temporal, visto que é possível saber o que se

passa em lugares distantes instantaneamente em que os fatos ocorrem, devido a uma gama de

meios de comunicação e tecnologia, como a internet.

Temos, por fim, uma compressão das fronteiras, uma vez que nossa ideia de cultura

perpassa às nossas tradições, misturando tendências de outros países, transformando,

modificando nossa identidade social. Percebemos esse estreitamento de fronteiras no que

tange o comércio, a políticas, os fatos sociais, etc.

É possível notar que as vidas das pessoas estão conectadas, ligadas por um elo

invisível que as aproximam sem que notem e que transformam consideravelmente seu modo

de pensar, de agir, de consolidar seu papel na sociedade.

A construção dessa cultura que a globalização desencadeia é fundamental para

contextualizar a importância e relevância da internacionalização no Ensino Superior.

Page 26: Monografia Final

16

II- O IMPERIALISMO CONTEMPORÂNEO E AS LÍNGUAS UNIVERSAIS

II.1- O Imperialismo na Sociedade Moderna e suas Consequências;

Faz-se necessário contextualizar e situar historicamente a concepção de imperialismo,

pois desde o início do século XIX o mundo passa por domínio de países imperialistas, trazendo

desses países forte influência de suas culturas, língua e ideologia.

O poder é a palavra-chave do imperialismo na sociedade contemporânea. Não só o

poder político que é apenas uma expressão do poder na sociedade, mas também todo o poder

de influência na vida das pessoas. Muitas outras expressões de poder se manifestam em todos

os níveis das relações sociais. Onde quer que exista desigualdade de status, tende haver

alguma forma de manifestação de poder. (NOVA; 2006. p. 127)

Internacionalmente, a ideologia dominante vem dos países economicamente

desenvolvidos como potência, seguindo como exemplo Inglaterra, EUA, Alemanha e França.

Tal influência e dominação são decorrentes pelo consumo gerado na sociedade que é

capitalista e que vive da geração de lucro através da exploração da mão-de-obra proletária,

ocasionando que a sociedade contemporânea seja influenciada pela ideologia do consumismo

pulverizada pelos grandes meios de comunicação em massa.

O início do Imperialismo na contemporaneidade do século XX se deu logo na I Guerra

Mundial, visto que havia uma necessidade na Europa de material bélico e sua produção já não

satisfazia a demanda; com isso, os EUA se tornaram o principal exportador de material bélico.

Logo após o término da I Grande Guerra, a Europa entrou em colapso financeiro. A

necessidade de valorização da pátria levou ao surgimento do facismo que desencadeou a II

Guerra Mundial. Alemanha, Japão e Itália, principais potências europeias, foram derrotadas e

saíram da guerra com a economia quebrada. Tais países perderam suas posições políticas e

militares; no entanto, outros Estados imperialistas, como a Grã-Bretanha e a França, que foram

vencedores da Grande Guerra, também se debilitaram econômica e militarmente.

Nesse momento, os EUA, distintamente das outras potências imperialistas, saíram

fortalecidos da guerra, uma vez que não foram tão prejudicados, puderam acumular riquezas

Page 27: Monografia Final

17

imensuráveis e aumentaram significativamente seu potencial econômico e militar e sua base

técnico-científica.

Já como potência mundial instaurada, o domínio norte-americano mobilizou forças

reacionárias do mundo capitalista a fim de esmagar qualquer movimento reacionário que

ameaçasse sua hegemonia em todo o mundo. Para alcançar seus objetivos, o imperialismo

norte-americano pôs em movimento sua gigantesca influência burocrático-militar, seu grande

potencial econômico, técnico e financeiro, todos os seus recursos humanos. Toda essa

transformação pós-guerra pelos EUA fez surgir uma forma moderna de colonização, o

neocolonialismo.

A forte influência americana na população mundial ocorreu devido à mobilização dos

vastos meios de propaganda, filósofos, economistas, sociólogos, escritores, etc., na furiosa

campanha que tornou os EUA potência mundial, chefe dos principais órgãos mundiais, como a

ONU, OTAN, OMC, etc.

A prática capitalista, por fim, levou a muitas nações emergentes e subdesenvolvidas um

desejo de americanização de sua cultura e de seus hábitos.

II.2- A “língua Imperial” - Inglês como Língua Internacional;

A consolidação do inglês como língua franca é um estudo complexo, pois não há

indícios concretos de como isso vem ocorrendo. Há a possibilidade de supor várias ideias. Tal

processo de universalização da língua inglesa pode acontecer devido a vários fatores, seja

pela música, pela política, pela economia, pela mídia; estamos em um contexto de inglês como

língua internacional.

“A mundialização do inglês americano se faz também indiretamente por meio de uma série de fenômenos culturais mais ou menos associados uns aos outros: pelo cinema americano, apesar de a maior parte dos filmes exportados pelos EUA serem dublados na língua do país de importação.” (LACOSTE, 2005:11).

Nos espaços acadêmicos, a língua inglesa passa a ter também um status de língua

acadêmica, visto que os principais congressos internacionais acontecem em língua inglesa,

Page 28: Monografia Final

18

documentos e produções acadêmicas a nível são escritos em língua inglesa. As universidades

que recebem estudantes intercambistas geralmente disponibilizam uma versão do seu site em

inglês. Os testes de proficiência exigidos para ingresso a uma universidade no exterior são os

testes de proficiência em língua inglesa. Os resultados de pesquisas científicas, revistas,

publicações são em inglês. O inglês está, portanto, presente no dia a dia das universidades,

devendo ser reconhecido também como a língua acadêmica.

A concepção de uma língua de status internacional vai além de um meio de

comunicação e interação entre povos de diferentes nacionalidades. Ela aborda também o

acesso ao conhecimento de culturas hegemônicas que a língua alvo representa. Num viés mais

crítico, a “língua imperial” é majoritariamente a língua de importância política, a língua através

da qual são realizados os pactos, acordos políticos que têm repercussão mundial na vida das

pessoas. É importante notar que o fato da língua se tornar a língua majoritária no cenário

político demonstra que está diretamente relacionado ao exercício do poder e da influência,

muitas vezes de cunho imperialista, dos países detentores do idioma.

A ideia do inglês como uma língua internacional trazendo bagagem cultural de seus

países como língua materna é vista de forma crítica por muitos estudiosos. Phillipson questiona

se o inglês como uma língua internacional pode ser considerado uma língua neutra, sem

nenhum tipo de interesse imperialista.

[A ideia de que o inglês internacional é neutro significa] um endosso acrítico do capitalismo, sua ciência e tecnologia, a ideologia da modernização, globalização ideológica e internacionalização, transnacionalização, americanização e homogeneização da cultura e da língua no mundo e o imperialismo da mídia (PHILLIPSON, 1999, p. 274).

A Língua Inglesa é um idioma que reúne contribuições de outras línguas e dialetos,

principalmente influências celtas, germânicas e latinas. Na Inglaterra, há a consolidação da

Língua Inglesa no século XVI quando nasce um Estado moderno nesse país. No decorrer da

história, “a língua inglesa é fixada pelos grandes escritores do período elisabetano, língua na

qual os empréstimos do latim, diretamente ou por meio do francês, são consideráveis”.

(BRETON, 2005:13)

Page 29: Monografia Final

19

O termo língua franca, de origem latina, “simbolicamente remove o sentido de uma

propriedade da língua dos anglos” (JENKINS, 2000, p.11), e quer dizer, em essência, “uma

língua de contato usada entre povos que não compartilham uma primeira língua, e é

comumente entendida como querendo significar uma segunda (ou subsequente) língua de

seus falantes” (JENKINS, 2007, p.1). Originalmente o termo se referia a uma língua de

natureza híbrida, sem falantes considerados “nativos”. Entretanto, o caso do inglês é sem

precedentes, e o termo é usado também em interações que incluem falantes do círculo interno.

Portanto, ELF não exclui falantes nativos de inglês, porém eles não são incluídos nas coletas

de dados, e quando tomam parte em interações, não representam um ponto de referência

linguística [...] ELF enfatiza o papel do inglês na comunicação entre falantes de diversas L1, a

razão fundamental para aprender inglês nos dias de hoje[...] [ELF] implica que a “mistura” de

línguas é aceitável...e então que não há nada inerentemente errado em manter certas

características da L1, tais como o sotaque. (JENKINS, 2000;1) O inglês vem sofrendo desde o

início do século XX um processo de hegemonização, de língua franca. Isso transforma a

imagem da língua como uma língua global, não pertencente a um ou outro país. O inglês passa

a ser adotado como segunda língua de vários países, como a Bélgica, a Dinamarca, a Índia,

entre outros e passa a sofrer variações linguísticas da mesma forma que as línguas maternas

sofrem.

A língua inglesa passa a ser absorvida como a língua da comunicação internacional por

vários países. Esse processo de expansão do idioma como língua franca faz com que o inglês

seja a língua da contemporaneidade. No meio acadêmico, ela será, portanto, a língua principal

adotada em conferências, publicações, etc. A língua inglesa se torna, logo, a língua acadêmica.

Page 30: Monografia Final

20

III- A INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: NOVOS RUMOS DA

UNIVERSIDADE

III.1- Cooperação Internacional na Universidade

Há hoje, em todas as universidades, espaços voltados à mobilidade acadêmica

internacional, sendo que muitos já se transformaram em diretoria de assuntos internacionais.

Os departamentos e assessorias criados para essa finalidade contam com parcerias bilaterais e

também com fomento de instituições públicas (Capes, CNPq, FAPERJ, FINEP entre outras), de

instituições privadas (Santander Universidade, entre outros) e de instituições internacionais de

fomento (British Council, Comissão Fulbright, Alban entre outras). O CEFET/RJ possui a

DCCIT, que é uma assessoria para assuntos internacionais cuja principal atribuição é ampliar

as oportunidades de intercâmbio e acompanhar todo o processo de mobilidade, desde sua

seleção ao seu retorno, seja ele discente ou docente. A assessoria conta com diversas

parceiras bilaterais com instituições nos EUA, Europa, América do Sul, além de algumas

instituições em países da África, Ásia e Oceania. O processo de internacionalização do CEFET

já vem se intensificando há algum tempo e tornou-se mais forte com o programa “Ciência Sem

Fronteiras”.

O atual cenário da sociedade, como já visto, é movido por fluxo imensurável de

informações instantâneas. A universidade deve, portanto, acompanhar esse dilúvio

informacional e se adaptar com as necessidades de uma sociedade globalizada. É

responsabilidade do Estado garantir que as Universidades públicas estejam inseridas nesse

contexto mais macro, interligadas nas políticas neoliberais da sociedade capitalista que afetam

a todos. Dessa forma, devido ao fenômeno da globalização, objetivando uma inserção

internacional, o governo brasileiro, no ano de 2011, estabeleceu um programa de mobilidade

acadêmica e profissional visando o aprimoramento da qualidade e eficiência das pesquisas em

diversas áreas da educação: Programa Ciência Sem Fronteiras, reacendendo uma chama que

estava branda.

“Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, expansão e

Page 31: Monografia Final

21

internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC.”. Disponível em <http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf/o-programa> Acesso em 07/04/2012 às 12:54

O projeto estima em conceder cerca de cento e uma mil bolsas de estudos no exterior

em quatro anos, distribuídas entre estudantes de graduação e pós-graduação. A finalidade é

manter contato com sistemas educacionais competentes e de excelência acadêmica em

relação a tecnologia e inovação.

O programa federal é uma política de formação de pesquisadores e tende a sinalizar

algumas áreas como prioritárias, visto que são demandas da globalização econômica. De

acordo com SOBRINHO (2010, p.76) “o conhecimento é hoje amplamente reconhecido como

principal insumo da economia. Assim sendo, o valor do trabalho e das mercadorias teria se

transferido para a aplicação do conhecimento e a capacidade gerencial [...] o valor do trabalho

intelectual superou largamente o do trabalho manual”. Ainda segundo Sobrinho, a opção das

áreas prioritárias não está desvinculada das necessidades do mercado. “A economia do

conhecimento dá o tom e as cores da sociedade do conhecimento. Quem sabe aplicar os

conhecimentos e gerenciar os processos que os transformam em riquezas tem prestígio social

e alto valor de mercado. Daí o prestígio de áreas tecnológicas, como as engenharias, e de

administração e economia [...] educação superior é a chave da economia” (ibid, p. 77).

Uma das finalidades mais importante do programa é aproximar o Brasil, como um

potencial produtor de conhecimento, dos grandes líderes do conhecimento científico-

tecnológico do cenário mundial. É fundamental batalhar para que os novos pesquisadores com

experiência internacional tenham uma formação crítica e que realizem pesquisas em nome do

progresso e do desenvolvimento científico para melhorar a qualidade de vida do povo e que sua

formação não seja voltada para a produção de lucro e às necessidades e imposições propostas

pelo mercado.

Page 32: Monografia Final

22

É relevante ressaltar que o programa Ciência Sem Fronteiras é recente e, portanto, as

análises feitas ocorreram com os dados disponíveis, que são poucos; por isso tais reflexões

parciais tendem a questionar e problematizar os rumos tomados pelas novos políticas de

formação de novos pesquisadores.

A criação desses espaços nos muros da universidade propicia acesso democrático dos

estudantes à oportunidades de complementação de sua formação acadêmica em outra

universidade no exterior, com o intuito de promover uma interação que favoreça a ampliação

dessa formação acadêmica-profissional. É necessário consolidar esse espaço na universidade

e garantir mais acordos e parcerias aumentando quantitativamente e qualitativamente as

oportunidades no exterior como já existem por toda Europa.

III.2- Intercâmbio - Por quê?

A necessidade de ser colocar no mercado de trabalho com visões inovadoras e inéditas

fez com que o próprio sistema educacional se adaptasse à realidade globalizada

contemporânea, onde não há fronteiras explícitas e onde as informações são líquidas e

imediatas.

Os motivos para se entender o interesse por uma mobilidade estudantil vão além de

questões relacionados a boas oportunidades de emprego. Devemos levar em consideração

também o contato com outra cultura e outra língua. Algumas razões se referem ao processo de

formação de cidadãos que buscam a conscientização de diversos modos de idiossincrasias na

sociedade, situada em um momento específico da história.

Outras justificativas são dadas em porquê fazer um intercâmbio, como busca pela alta

qualidade de ensino e pesquisa, acesso ao conhecimento, ampliação das possibilidades

acadêmicas, reconhecimento dentro e fora do país (reputação e status), razão social, a

exposição cultural de alunos e professores, a ampliação da capacidade de compreender

diversidades culturais, entre outras.

Esse aprendizado intercultural faz com que o aluno não só aprenda o idioma, mas

também a cultura desse país. Alguns desses aspectos da interação língua-cultura evoluem a

Page 33: Monografia Final

23

complementação da formação da auto percepção das pessoas como seres humanos inseridos

em um contexto social heterogêneo desempenhado seu papel de cidadãos. Ao interagir com o

outro, aprendemos mais sobre nossas particularidades e passamos a tolerar e respeitar mais

as diferenças, que marcam um mundo plural, inconstante e ao mesmo tempo em que as

pessoas interagem umas com as outras, elas se tornam mais individualistas. Isso contribui

significativamente para a formação da sua própria identidade.

Tal processo de aprendizagem de língua estrangeira proporciona também uma

compreensão maior sobre a ideia de linguagem, aguçando uma percepção maior sobre sua

própria língua. Está entranhada no homem a capacidade de reflexão linguística que o leva a

adaptar seus discursos de acordo com diversas situações do cotidiano.

A escolha da língua inglesa reflete muito sobre os interesses da pessoa. Como propõe

principalmente Celani (2005, p. 4)

“O inglês, por exemplo, é a língua da comunicação internacional, nos negócios, na educação, na ciência, no trabalho e nas interações culturais. A nova sociedade globalizada exige mais conexões, e torna impossível operar em sistemas econômicos nacionais isolados, supostamente autossuficientes. Mais conexões são necessárias para se ter acesso à tecnologia de alto nível, em um mundo no qual é possível partilhar informações de modo instantâneo, mas que exige a rápida reestruturação da organização social para que o acesso a essas informações seja possível.”

Podemos notar, portanto, que a língua inglesa é a língua do mundo, inclusive da

mobilidade estudantil internacional.

O processo de mobilidade internacional é benéfico não só aos estudantes que garantem

um diferencial em seus currículos, mas também à universidade que passa a ser vista com mais

credibilidade e referência.

III.3- Relatos de Experiências de Intercâmbio

Quando fazemos escolhas, temos sempre um propósito sobre elas e pensamos quais

seriam as consequências. A opção por participar de um processo de intercâmbio é decorrente

Page 34: Monografia Final

24

de diversos fatores, como a busca por melhores vagas no mercado de trabalho, aprimoramento

no estudo do idioma, entre outras.

Diversos alunos do CEFET/RJ já participaram de mobilidade acadêmica internacional e

trouxeram muita experiência e novas descobertas dessa empreitada. A pesquisa propunha

identificar a importância do intercâmbio na vida do aluno, por isso foi importante escutar os

relatos de experiência. Uma das ferramentas de investigação da pesquisa para obter esses

relatos foi a entrevista através de questionários. Foram dois questionários utilizados. O primeiro

tratava sobre a concepção e as perspectivas do intercâmbio e o segundo tratava da avaliação

da importância do conhecimento da Língua Inglesa durante o intercâmbio.

As questões do primeiro roteiro eram sobre as informações pessoais, o conhecimento

de idiomas e opiniões e crenças sobre o intercâmbio. Esse questionário foi o primeiro passo da

metodologia para esse relato. Foram entrevistados diversos alunos do CEFET/RJ. Alguns já

haviam participado de intercâmbio e outros ainda estavam no processo seletivo. Esse

questionário está disponível nos anexos dessa monografia. Vale ressaltar que esse

questionário foi aplicado on line pela tecnologia Google Docs5.

Foi possível perceber no início da coleta de dados que havia um equilíbrio entre

candidatos do gênero masculino e feminino. Isso foi interessante, pois quebramos o conceito de

que o público masculino teria uma procura maior do que o público feminino, devido às questões

relacionadas a estereótipos machistas como os que afirmam que mulheres são mais frágeis e

não conseguiriam permanecer muito tempo longe de casa.

Um segundo aspecto é a questão do conhecimento de idiomas. Todos os participantes

indicaram um conhecimento pelo menos intermediário do idioma. Podemos perceber que a

Língua Inglesa é essencial no processo de seleção no intercâmbio. O inglês é a língua

internacional do meio acadêmico. As aulas em instituições no exterior para a mobilidade

estudantil, mesmo em países lusófonos, acontecem em inglês. É necessário, portanto,

apresentar domínio do idioma.

5 Arquivo disponível em: https://docs.google.com/spreadsheet/gform?key=0AoloyVHiMnSDdE9yd0MyLWVfSUp3dXZmY25q

Y19GWUE&gridId=0#edit

Page 35: Monografia Final

25

Embora alguns acordos internacionais e editais do programa “Ciência Sem Fronteiras”

exijam proficiência em outras línguas (notadamente Francês e Alemão), o inglês é o idioma a

ser priorizado, justamente pela integração que propicia aos falantes de diversas línguas do

planeta, visto que é o idioma mais falado do mundo.

Os questionários que nortearam este estudo tinham como propósito, como já dito

anteriormente, diagnosticar, de forma inicial, a importância do intercâmbio na formação

acadêmica e profissional do aluno.

Uma das perguntas de um dos questionários foi sobre a importância do intercâmbio na

vida do aluno. A resposta com maior recorrência foi a questão de estar em contato com outras

culturas, o que poderia surpreender, uma vez que eu pensava que crê-se que os alunos

tenham interesses acadêmicos e profissionais apenas.

Dos dados obtidos, vale ressaltar, por exemplo, a do aluno que designaremos como A,

de 26 anos, morador do Rio de Janeiro, cursando o 6º período de engenharia que disse que

queria fazer o intercâmbio devido ao “conhecimento de novas culturas e conhecimento de

tecnologias aplicadas no exterior.” Já a aluna que chamaremos de B, de 24 anos, moradora do

Rio de Janeiro, no 8º período de engenharia escreveu, “porque eu queria aproveitar ao máximo

todas as oportunidades que o CEFET tem para oferecer aos alunos. Porque eu desejava ter

uma experiência diferente, que me levasse ao crescimento pessoal e profissional.”

Podemos perceber que os alunos de início têm uma preocupação com as

oportunidades oferecidas e com o conhecimento de novas culturas. Esses recortes deram uma

primeira contribuição sobre a importância do intercâmbio na vida do aluno.

Uma outra questão focou nas consequências acadêmicas e profissionais do

intercâmbio. Esperando que os intercambistas respondessem que uma experiência no exterior

iria contribuir significativamente para sua formação acadêmica, obtivemos alguns resultados

interessantes e diversificados. O aluno A disse, ”O intercâmbio me ajudou a conseguir a minha

vaga de estágio e me deu muito mais maturidade em lidar com a vida”. Já a aluna B alegou que

“o intercâmbio abre muitas portas, ainda mais por ter sido fruto da faculdade. Não foi pra

aprender outra língua, mas sim pra aprender mais sobre a minha profissão. Então acredito que

Page 36: Monografia Final

26

isso conte bastante”. Enquanto uma outra aluna, que chamaremos de C, moradora também do

Rio de Janeiro, 23 anos, disse que na “vida profissional, vejo que as empresas dão bastante

importância ao intercâmbio e esse é um diferencial que posso ter no meu currículo. Quanto à

vida acadêmica, pude ver o ensino numa excelente Universidade, a infraestrutura e pude

agregar conhecimento e experiência para meu currículo acadêmico, além das experiências

pessoais que contam para todas as áreas”.

Os alunos entrevistados apresentaram uma consciência crítica sobre as consequências

acadêmicas e profissionais do intercâmbio.

A última pergunta focava na importância do conhecimento de inglês para participação

no processo seletivo. Algumas respostas dadas foram além da necessidade do conhecimento

do idioma para atender às aulas. Trataram de assuntos relacionados à interação com pessoas

de outros países. O objetivo era aferir que o conhecimento de uma língua estrangeira - inglês -

é essencial para galgar a uma vaga de intercâmbio, além de o inglês ser a língua da

globalização, a língua do capitalismo, enfim, a língua acadêmica internacional.

Considerando a mesma perspectiva, o aluno A disse “Para o tempo que passei lá foi

importante, pois estava em contato com estudantes de toda Europa e o método mais fácil pra

me comunicar com estudantes que não eram latinos (poloneses, por exemplo) era através do

inglês”. Podemos perceber que o conhecimento da língua estrangeira foi essencial para

proporcionar condições de interação com pessoas de diferentes nacionalidades. O aluno

conseguiu expandir seus contatos devido ao conhecimento do inglês. Ele teve mais

oportunidades de conhecer mais pessoas, não só latinas.

Já a aluna B relatou que “o inglês se mostrou muito importante durante o curso da

FEUP, uma vez que algumas aulas eram dadas em inglês, além de materiais também nessa

língua.” No entanto, como ela foi para Portugal, dentro do país não houve a necessidade de

falar outra língua, que não português. Mas em viagens para outros países, o inglês foi

importante na comunicação. A língua inglesa, nesse relato, tem uma importância tanto para o

curso que ela realizou quanto para comunicação. Assim como o aluno A, a aluna B teve a

necessidade de conhecimento do idioma para usá-lo em países não-lusófonos pela Europa.

Page 37: Monografia Final

27

A aluna C, por sua vez, destacou que quando ela participou do processo seletivo não

fez prova de inglês, pois iria estudar em Portugal e a primeira seleção feita na instituição não

contemplava o idioma. Entretanto, estando lá, percebeu a importância desse idioma, visto que

há muitos intercambistas de outros países e o inglês é a forma de se comunicar e interagir com

eles. Além disso, ela participou de algumas disciplinas ministradas em inglês. E que, também

para viajar para outros países, ter domínio de inglês era essencial para a comunicação nos

lugares visitados. Percebemos que mesmo que os alunos A, B e C tenham participado de

programa de intercâmbio em Portugal, houve a necessidade do conhecimento prévio do idioma

devido à existência de algumas disciplinas ministradas em inglês. Percebemos também que o

inglês foi necessário para comunicação e interação durante as viagens a outros países.

Uma resposta bem interessante foi a de outro intercambista, nomeado como aluno D,

que disse que “O inglês na Europa é vital, pois existem muitos estudantes estrangeiros e a

língua de comunicação é o inglês.”

É possível afirmar que a língua inglesa vem se consolidando como a língua acadêmica

internacionalmente reconhecida. Nessa pesquisa, todos os candidatos apontaram que o

conhecimento de inglês é imprescindível em algum momento, seja durante o processo, seja

durante as aulas ou até mesmo durante viagens por outros países após o intercâmbio. A base

da comunicação é a linguagem humana nas múltiplas línguas que os seres humanos falam ao

redor do mundo. (NORTE, 2005, p.25). E, como pudemos destacar das declarações, o

desempenho no intercâmbio está diretamente ligado ao conhecimento de uma língua

estrangeira, no caso a língua inglesa, que é a língua da mídia, do comércio, da cultura, da

política, da comunicação e da globalização.

Cada vez mais, nota-se que a aprendizagem de inglês não é mais um diferencial, é

essencial no mercado hoje. É necessário, portanto, criar condições de aprendizagem dessa

língua a fim de possibilitar a inserção e manutenção de mais pessoas do mercado de trabalho.

Este estudo, portanto, postula que a Língua Inglesa foi e é importante no processo de

intercâmbio acadêmico como mediadora do processo comunicativo.

Page 38: Monografia Final

28

A aluna, identificada como E, que respondeu ao segundo questionário, informou que o

conhecimento do idioma inglês foi fundamental, visto que se ela não soubesse nada de inglês,

jamais conseguiria entender as aulas na universidade, ou até mesmo entrar no país, uma vez

que passou pela alfândega na cidade de Atlanta, onde poucas pessoas falam idiomas latinos,

caso ela tivesse a necessidade de arriscar um “portunhol”.

Em situações reais, do cotidiano, como ela relatou, “é o inglês que ajuda a sentar à

mesa de um restaurante e pedir algo no cardápio, entender as aulas, estudar pelos livros da

faculdade, participar de grupos de estudos com os outros alunos e realmente se comunicar.

Mesmo considerando que existam diversos sotaques, no fundo, fazendo um esforço, é sempre

mais fácil de entender quando se tem uma noção do idioma.”.

Em relação ao que a aluna E espera daqui para frente após o intercâmbio, ela

esclareceu que “o intercâmbio em si já foi uma experiência muito válida.” Segundo ela, pôde

exercitar a paciência de conviver com os outros brasileiros que, com o intercâmbio,

compartilharam a residência no exterior com ela, além de como saber se comunicar ou viajar

por lá. A experiência dela após o intercâmbio contribuiu significativamente para um

amadurecimento de sua personalidade, visto que teve que aprender a conviver com diferentes

pessoas ao redor do mundo. O intercâmbio a motivou em continuar os estudos de idiomas,

aguçando a vontade de aprender outras línguas, como o espanhol, italiano e francês, embora

consciente dos benefícios de dominar a língua inglesa.

Page 39: Monografia Final

29

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa é hora de aprimorar o que se aprendeu de inglês e fazer um intercâmbio. O inglês

é a língua acadêmica, é a língua dos negócios e, portanto, a língua do mundo. E o aluno que

está matriculado em uma universidade brasileira no momento, e domina esse idioma, está no

lugar certo, na hora certa.

O CEFET/RJ, alvo desta pesquisa, em seus quase cem anos de história, conta agora

com as melhores oportunidades de mobilidade acadêmica internacional, na mesma medida em

que as outras universidades federais brasileiras.

O governo amplia as oportunidades de intercâmbio acadêmico, divulgando que em

quatro anos ofertará 101 000 bolsas de estudo, distribuídas entre os estudantes de graduação

e de doutorado, em áreas prioritárias para o desenvolvimento do país.

O Programa Ciência sem Fronteiras insere-se em um importante processo de

internacionalização das práticas universitárias. O foco é o investimento no estudante de nível

superior para gerar expertise que mais tarde trará implicações no profissional e na continuação

acadêmica do estudante ao retornar ao País. Os programas de mestrado não estão

contemplados pelo CsF por já haver uma política de incremento a esses no país. O governo

trouxe para si a tarefa de motivar a formação do jovem de forma a incentivar o aumento de

doutores na Academia.

O financiamento governamental para os estudos no exterior tem se mostrado bem

vantajoso para o aluno. Tome-se como exemplo o edital 123/ 2012, de graduação-sanduíche

para realização de estudos e estágios no Reino Unido, onde o estudante ficará por um período

de até doze meses, podendo haver acréscimo de até 6 meses para estudo linguístico. As taxas

escolares são de responsabilidade da CAPES e do CNPq, órgãos governamentais

responsáveis pelo Programa Ciências Sem Fronteiras. O estudante ainda recebe benefícios

estipulados pelo programa, de acordo com o país a que se destina. O quadro a seguir

apresenta os valores recebidos para estudos no Reino Unido de acordo com o edital citado.

Page 40: Monografia Final

30

Bolsa mensal Auxílio-

instalação

Seguro-Saúde

mensal Passagem

Auxílio Material

Didático (compra de

tablet ou notebook)

416 libras

(valor adicional

para os

estudantes em

Londres)

1.300 libras

50 libras

Passagem aérea

(ida e volta) em

classe econômica

1 000 libras

Do estudante, é exigido conhecimento suficiente do idioma para o desenvolvimento das

atividades na instituição de destino, comprovado por teste de proficiência (no caso do Reino

Unido, TOEFL e IELTS, com rendimento 79 e 5,5, respectivamente) e declaração de

compromisso de permanecer no Brasil pelo mesmo número de meses de concessão da bolsa

Graduação-Sanduíche. À universidade, cabe homologar a decisão do órgão financiador,

confirmando a aptidão do estudante, conforme seus critérios de excelência.

A mobilidade acadêmica no ensino superior é uma forma de prover acesso a outras e

novas visões, outras perspectivas. Na era da globalização, não é possível mais isolar-se. A

cooperação internacional é uma necessidade para todo ensino superior em todas as

universidades. Nenhuma instituição, por mais excelente que seja, detém o domínio sobre

determinada área; é necessário dialogar, interagir, co-construir. O conhecimento é a palavra do

mundo contemporâneo, uma vez que o saber passa a ter valor econômico e vem se

caracterizando como mercadoria cara de acesso a poucos.

Propiciar formas de apoio à internacionalização do ensino superior a nível de graduação

se torna cada vez mais importante, ainda que tal prática tenha sido até aqui quase que uma

conquista dos já ingressos nos cursos de pós-graduação ou daqueles incluídos no campo da

pesquisa. O eixo do Ensino na graduação deverá passar a se desenvolver em um contexto

mundializado de áreas de conhecimento. Isso levanta a questão, no contexto da universidade,

da criação de mais um eixo – além do Ensino, Pesquisa e Extensão: a Internacionalização.

Page 41: Monografia Final

31

A internacionalização deve propiciar a alunos e professores a participarem dos

programas de complementação, aperfeiçoamento e estágios em centros de ensino e pesquisa

no exterior. As assessorias de assuntos internacionais nas universidades buscam estimular e

ampliar a participação do corpo docente e discente em programas de mobilidade internacional,

de forma a aumentar as oportunidades de intercâmbio, seja por meio de programas subsidiados

pelo governo, seja através de acordos particulares de cooperação com instituições no exterior.

O atual momento da globalização faz com que nos mantenhamos atualizados.

“Podemos afirmar que neste novo milênio [...] predominará o conhecimento como fonte de

sabedoria e sobreviverá tendo como pressuposto um novo paradigma, marcado pela incerteza

e pela dúvida como verdades estabelecidas” (KULLOK, 2000, p.20). Romper os muros da

Universidade proporcionará avanços significativos, como incorporar novas visões provenientes

de professores visitantes, acolher estudantes estrangeiros e interagir com eles e estudar

experiências que ilustram formas de aplicação dos currículos em outros países. Deve-se

estimular a participação de toda comunidade acadêmica na mobilidade internacional.

No que se refere a este trabalho, vale ressaltar a importância da língua inglesa para a

comunicação entre os pares, a comunicação entre os povos do planeta, e a propagação dos

resultados da comunicação.

O inglês hoje já não é mais apenas a língua da Inglaterra ou dos Estados Unidos. A

hegemonia que tornou esses dois países capazes de difundir a língua de seus habitantes como

o idioma por meio do qual a dificuldade da comunicação se desfaz, e pelo qual o mundo busca

se conhecer e divulgar o conhecimento acumulado, com certeza, será um dia superada, assim

como os detentores de outras línguas-francas (como o latim e o francês, por exemplo)

perderam sua força. Ainda assim, o patamar linguístico-comunicativo atingido pelo inglês em

nossa época será, por um bom tempo, a base do processo de internacionalização do saber.

Page 42: Monografia Final

32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEAUD, Michel. História do Capitalismo de 1500 até nossos dias. São Paulo: Editora

Brasiliense, 1987.

BERGER, Peter & HUNTINGTION, Samuel. Muitas Globalizações: Diversidade Cultural no

Mundo Contemporâneo. Brasília: Editora Record, 2004.

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares

para o Ensino Médio. Brasília: MEC, 2006. pp 87-123

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Parâmetros curriculares

nacionais – terceiro e quarto ciclos do ensino fundamenta – Língua Estrangeira, Brasília: MEC,

1998.

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros

curriculares nacionais, códigos e suas tecnologias. Língua estrangeira moderna. Brasília: MEC,

2000.

BRETON, Jean-Marie Le. “Reflexões Anglófilas sobre a geopolítica do inglês”. In: LACOSTE,

Yves & RAJAGOPALAN, Kanavillil [org.]. A Geopolítica do Inglês. São Paulo: Parábola, 2005.

CELANI, Maria Antonieta Alba “‟ENGLISH FOR ALL‟... PRESERVANDO O FORRÓ” In:

Figueiredo, C.A. & O.F.Jesus.(Orgs.) 2005. Linguística aplicada. Aspectos da leitura e do

ensino de línguas. EDUFU. 02-09

DANTAS, Pedro. América Latina: democracia representativa versus democracia participativa.

Conhecimento Prático Geografia. São Paulo: Escala Editorial, 2009.

ERLING, E. J. The many names of English. English Today 81, v. 21, 40-44, 2005

HOBSBAWM, Eric “O século XXI. Reflexões sobre o futuro.” Lisboa: Editorial Presença, 2000,

p. 58-65.

Page 43: Monografia Final

33

JENKINS, Jennifer. English as a Lingua Franca: Attitude and Identity. Oxford: OUP, 2007.

KÜLKAMP, Wlademyr. Os estudantes internacionais no processo globalizador e a

internacionalização do ensino superior. Porto Alegre: Solidus, 2009.

KULLOK, Maisa Gomes Brandão. As Exigências da Formação do Professor na Atualidade.

Maceió: EDUFAL, 2000.

KUMARADIVELU, B. “A Linguística Aplicada na Era da Globalização”. In; LOPES, Luis Paulo

da Moita. Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006.

LACOSTE, Yves. “Por Uma Abordagem Geopolítica da Difusão do Inglês”. In LACOSTE, Yves

& RAJAGOPALAN, Kanavillil [org.]. A Geopolítica do Inglês. São Paulo: Parábola, 2005.

LOPES, Luis Paulo da Moita. Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola,

2006.

MASSARANI, Luisa. A divulgação científica no Rio de Janeiro: Algumas reflexões sobre a

década de 20. Rio de Janeiro: IBICT e UFRJ, 1998. Dissertação (Mestrado) - Programa de

Pós-Graduação em Ciência da Informação, Instituto Brasileiro de Informação em C&T e Escola

de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.

NORTE, Angela “Competências Comunicativas e Competência de conscientização das

diferenças culturais” In: CASTANHEIRA, Mauricio & NORTE, Angela [org.]. Programa de

Intercâmbio do curso de Administração Industrial do CEFET-RJ – Um relato de experiência. Rio

de Janeiro: Publit, 2005]

Page 44: Monografia Final

34

NOVA, Sebastião Vila. Introdução à sociologia. 6 ed., São Paulo: Atlas, 2006.

PHILLIPSON, R. Voice in global English: Unheard chords in Crystal loud and clear. Cambridge:

Cambridge University Press, 1999.

RAJAGOPALAN, Kanavillil & FERREIRA, Dina Maria Martins [org.]. Políticas em Linguagem:

Perspectivas Identitárias. São Paulo: Editora Mackenzie, 2006.

RIO DE JANEIRO, Reorientação Curricular – Linguagens e Códigos – Línguas Estrangeiras

Rio de Janeiro, SEEDUC, 2002.

ROBERTSON, Robbie. The Three Waves of Globalization: a History of Developing Global

Conciousness. Londres: Zed Books, 2003.

SOBRINHO, Moisés Domingos. Universidade Tecnológica ou Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia? Disponível em <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/uni_tec_

inst_educ.pdf> Acessado em 12 de outubro de 2012.

STALLIVIERI, Luciene. O Processo de Internacionalização da Universidade de Caxias do Sul.

Disponível em: <http://www.ucs.br/ucs/tplCooperacaoCapa/cooperacao/assessoria/artigos/

internacionalizacao_ucs.pdf>. Acessado em 20 de outubro de 2012.

ZAMBERLAM, Jurandir; CORSO, Giovanni; BOCCHI, Lauro; FILIPPIN, Joaquim R.; KNIGHT,

Jane - Internationalization Brings Important Benefits as Well as Risks -

<http://www.bc.edu/bc_org/avp/soe/cihe/newsletter/Number46/p7_Knight.htm> Acessado em

14 de outubro de 2012.

ZICMAN, Renée. [org.] Internacionalizando a Universidade. São Paulo: EDUC, 2007.

Page 45: Monografia Final

35

ANEXO I

QUESTIONÁRIO SOBRE INTERCÂMBIO6

Bom dia, caros intercambistas.

Estamos realizando uma pesquisa com os intercambistas do CEFET/RJ a fim de buscar

dados e informações sobre a importância do intercâmbio na vida acadêmica dos nossos

estudantes, para podermos, então, ajustar o departamento de cooperação internacional

(DCCIT).

Nome Completo: ______________________________

Data de Nascimento: ___________________________

Local de Residência: ___________________________

Curso: ________________________

Período em que estava na faculdade na época do Intercâmbio: _________

País onde fez o intercâmbio: ______________

Conhecimentos sobre Idiomas:

Inglês ( )Básico ( ) Intermediário ( )Avançado ( ) Fluente

Espanhol ( )Básico ( ) Intermediário ( )Avançado ( ) Fluente

Alemão ( )Básico ( ) Intermediário ( )Avançado ( ) Fluente

Francês ( )Básico ( ) Intermediário ( )Avançado ( ) Fluente

Italiano ( )Básico ( ) Intermediário ( )Avançado ( ) Fluente

Outro

Se você respondeu "outros" na questão anterior, qual é o idioma e o nível de

conhecimento? ____________________

Por que você decidiu fazer um intercâmbio?

_______________________________________________________________

Qual é a importância do intercâmbio hoje na sua vida profissional e/ou acadêmica?

________________________________________________________________

Descreva a importância do inglês para conseguir a vaga e o tempo em que você passou

no país.

______________________________________________________________________

____________________________________________________________________

6 O questionário acima aplicado foi elaborado pelo responsável da pesquisa, logo a DCCIT não tem nenhuma

responsabilidade do conteúdo do mesmo.

Page 46: Monografia Final

36

ANEXO II

Entrevista – Aluno A

Nome Completo: Aluno A

Idade: 26 anos

Curso: Engenharia Civil

Período: 6º

Conhecimento de inglês: Intermediário

Por que você decidiu fazer um intercâmbio?

Conhecimento de novas culturas e conhecimento de tecnologias aplicadas no exterior.

Qual é a importância do intercâmbio hoje na sua vida profissional e/ou acadêmica?

O intercâmbio me ajudou a conseguir a minha vaga de estágio e me deu muito mais

maturidade em lidar com a vida.

Descreva a importância do inglês para conseguir a vaga e o tempo em que você passou

no país.

Importância para conseguir a vaga não teve, pois não fiz prova nem nada de língua inglesa.

Para o tempo que passei lá foi importante, pois estava em contato com estudantes.

País do Intercâmbio:

Portugal

Page 47: Monografia Final

37

ANEXO III

Entrevista – Aluna B

Nome Completo: Aluna B

Idade: 24 anos

Curso: Engenharia de Produção

Período: 8º

Conhecimento de inglês: Intermediário

Por que você decidiu fazer um intercâmbio?

Porque eu queria aproveitar ao máximo todas as oportunidades que o CEFET tem para

oferecer aos alunos. Porque eu desejava ter uma experiência diferente, que me levasse ao

crescimento pessoal e profissional.

Qual é a importância do intercâmbio hoje na sua vida profissional e/ou acadêmica?

O intercâmbio abre muitas portas, ainda mais por ter sido fruto da faculdade. Não foi pra

aprender outra língua, mas sim pra aprender mais sobre a minha profissão. Então acredito que

isso conte bastante.

Descreva a importância do inglês para conseguir a vaga e o tempo em que você passou

no país.

Para conseguir a vaga, na ocasião em que fiz o processo seletivo, não havia necessidade de

ter nenhum conhecimento em inglês.

País do Intercâmbio:

Portugal

Page 48: Monografia Final

38

ANEXO IV

Entrevista – Aluna C

Nome Completo: Aluna C

Idade: 23 anos

Curso: Engenharia de Produção

Período: 8º e 9º

Conhecimento de inglês: Avançado

Por que você decidiu fazer um intercâmbio?

Porque era uma oportunidade de estudar numa Universidade fora do país com apoio da

faculdade aqui e poder vivenciar essa experiência fora do país.

Qual é a importância do intercâmbio hoje na sua vida profissional e/ou acadêmica?

Na vida profissional, vejo que as empresas dão bastante importância ao intercâmbio e esse é

um diferencial que posso ter no meu currículo. Quanto à vida acadêmica, pude ver o ensino

numa excelente Universidade, a infraestrutura e pude agregar conhecimento e experiência

para meu currículo acadêmico, além das experiências pessoais que contam para todas as

áreas.

Descreva a importância do inglês para conseguir a vaga e o tempo em que você passou

no país.

Quando participei do processo seletivo não fiz prova de inglês, mas estando lá percebi a

importância desse idioma, visto que há muitos intercambistas de outros países e o inglês é a

forma de comunicarmos com eles, além disso, tive algumas disciplinas ministradas em inglês.

E também, para viajarmos para outros países ter inglês era essencial para a comunicação nos

lugares.

País do Intercâmbio:

Portugal

Page 49: Monografia Final

39

ANEXO V

Entrevista – Aluno D

Nome Completo: Aluno D

Idade: 24 anos

Curso: Engenharia de Produção

Período: 9º

Conhecimento de inglês: Avançado

Por que você decidiu fazer um intercâmbio?

Porque seria uma oportunidade de conhecer novas culturas, morar sozinhos e enfrentar

desafios diferentes, tanto para o crescimento pessoal como profissional.

Qual é a importância do intercâmbio hoje na sua vida profissional e/ou acadêmica?

Uma maior vivência e experiências que engrandeceram a vida pessoal e também o currículo.

Descreva a importância do inglês para conseguir a vaga e o tempo em que você passou

no país.

O inglês na Europa é vital, pois existem muitos estudantes estrangeiros e a língua de

comunicação é o inglês. As aulas são ministradas em inglês, fora isso nas viagens para os

demais países também é necessário.

Já o alemão serviu muito mais para falar com os próprios alemães ou com autoridades locais

(prefeitura, locatário do aluguel, etc.) ou comprar em lojas etc.

País do Intercâmbio:

Alemanha

Page 50: Monografia Final

40

ANEXO VI

Entrevista 2 – Aluna E

Nome Completo: Aluna E

1- Qual foi a importância da Língua Inglesa no processo de intercâmbio?

Fundamental. Se não tivesse noção alguma de como me comunicar em inglês, jamais conseguiria entender as aulas da faculdade ou, até mesmo, entrar no país, visto que passei pela alfândega em Atlanta e, diferente de Miami, não tem muitas pessoas que falam Espanhol e poderiam me ajudar, caso eu fosse arriscar algum "portunhol".

É o inglês que nos ajuda a sentar-se à mesa de um restaurante e pedir alguma coisa, entender as aulas, estudar pelos livros da faculdade, participar de grupos de estudos com os outros alunos e nos comunicarmos mesmo. Por mais que existam diversos sotaques (assim como na língua portuguesa), no fundo, fazendo um esforcinho, é sempre mais fácil de entender quando se tem uma noção do idioma.

2- O que você espera daqui pra frente após o intercâmbio?

O intercâmbio em si já foi uma experiência muito válida. Com ele exercitei muito mais a paciência e a força de vontade do que qualquer outra coisa. Seja em relação à convivência com os outros brasileiros que moraram comigo, ou até mesmo, em como saber me comunicar ou viajar por lá. Após o intercâmbio, com certeza, estou mais tolerante a certas falhas minhas (e das outras pessoas), além de mais independente. Meu intercâmbio terminou em Fevereiro/2011 e, de lá pra cá, comecei o curso de espanhol e pretendo, ainda este ano, aprender Italiano ou francês.