monografia final
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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA - CEFET/RJ
DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENADORIA DE CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
MONOGRAFIA
NEM TIO SAM, NEM BIG BEN: A IMPORTÂNCIA DO INGLÊS COMO LÍNGUA ACADÊMICA (ILA) NA INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR DO
CEFET/RJ.
Leandro Rodrigo Galindo do Carmo MONOGRAFIA SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A CERTIFICAÇÃO COMO ESPECIALISTA EM ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS.
Angela Lopes Norte, Dr. Orientador
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL DEZEMBRO/2012
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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA - CEFET/RJ
DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENADORIA DE CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
MONOGRAFIA
“Nem Tio Sam, nem Big Ben”:
A importância do Inglês como Língua Acadêmica (ILA) na internacionalização do Ensino Superior do CEFET/RJ
Leandro Rodrigo Galindo do Carmo
MONOGRAFIA SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS, COMO
PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A CERTIFICAÇÃO COMO ESPECIALISTA EM ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS.
Data da defesa: Aprovação:
_______________________________________ Orientadora
Angela Lopes Norte, Dr.
_______________________________________ Kátia Cilene Cunha de Aguiar, Ms.
_______________________________________ Érika de Freitas Coachman, Ms.
_______________________________________ Coordenador do curso
Antônio Ferreira da Silva Junior, Dr.
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FICHA CATALOGRAFICA
C287 Carmo, Leandro Rodrigo Galindo do Nem Tio Sam, nem Big Ben: a importância do inglês como língua acadêmica (ILA) na internacionalização do ensino superior do CEFET-RJ / Leandro Rodrigo Galindo do Carmo. – 2012. ix, 34f. ; +anexos ; enc. Monografia (Lato Sensu) Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, 2012. Bibliografia : f.32 – 34 Orientadora : Angela Lopes Norte. 1. Programas de intercâmbio de estudantes. 2. Língua inglesa. 3. Intercâmbio educacional. I. Norte Angela Lopes (orient.). II. Título. CDD 378.0162
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NEM TIO SAM, NEM BIG BEN: A IMPORTÂNCIA DO INGLÊS COMO LÍNGUA ACADÊMICA (ILA) NA INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR DO
CEFET/RJ.
Leandro Rodrigo Galindo do Carmo (Dezembro de 2012)
Orientador: Angela Lopes Norte, Dr. Departamento: DIPPG/COLAT
RESUMO
A língua inglesa se consolidou como língua franca no mundo contemporâneo. A Globalização fez com que o mundo interagisse mais, trocasse mais informação. Nesse dilúvio informacional, é necessário manter-se sempre atualizado. No meio acadêmico, o conhecimento da língua inglesa se tornou essencial, seja em congressos internacionais quanto em oportunidades de mobilidade acadêmica internacional. A proposta da pesquisa foi analisar a importância do conhecimento de inglês no processo de internacionalização do ensino superior através de programas de mobilidade acadêmica do CEFET/RJ. O intercâmbio é uma forma de aprimorar o currículo do graduando, acrescentando uma experiência do exterior. Hoje, o Governo expandiu as oportunidades de mobilidade acadêmica internacional; portanto, esse é o momento de galgar uma oportunidade, visto que o programa federal Ciência Sem Fronteiras oferece todas as condições ao aluno. Há outras formas de mobilidade acadêmica, como as parcerias realizadas diretamente com outras universidades. No CEFET/RJ, há diversas oportunidades. Nesta pesquisa, duas entrevistas foram feitas com perguntas sobre as perspectivas do intercâmbio e o reconhecimento da importância do inglês nesse processo. Os dados obtidos foram analisados e foi possível chegar à conclusão que o conhecimento de inglês é fundamental para um bom intercâmbio, visto que, mesmo em países lusófonos, muitas aulas são em inglês e, além disso, muitos outros alunos, também em mobilidade acadêmica, são estrangeiros e a língua inglesa é, portanto, a chave de comunicação. Palavras-chave: Internacionalização, Inglês como Língua Internacional, Intercâmbio
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NEM TIO SAM, NEM BIG BEN: A IMPORTÂNCIA DO INGLÊS COMO LÍNGUA ACADÊMICA (ILA) NA INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR DO
CEFET/RJ.
Leandro Rodrigo Galindo do Carmo (Dezembro de 2012)
Orientador: Angela Lopes Norte, Dr. Departamento: DIPPG/COLAT
ABSTRACT
The English language has established itself as a lingua franca in the contemporary
world. Globalization has made the world interact more, exchange more information. In this flood
of information, it is necessary to keep up to date. In the academic environment, the English
language has become essential, whether at international conferences and in international
academic mobility opportunities. The purpose of this research was to analyze the importance of
knowing English in the process of internationalization of higher education through programs of
academic mobility at CEFET/RJ. The exchange is a way to improve the curriculum of the
graduate student adding an experience abroad. Today, the government expanded the
opportunities for international academic mobility, so this is the time to apply for an opportunity,
as well as the federal government created a program which funds students to study abroad and
it is called “Ciência Sem Fronteiras” that provides all conditions to the student. There are other
forms of academic mobility, such as those agreements made directly with other universities. In
CEFET / RJ there are several opportunities. In this research, two interviews were conducted
with questions about the prospects of exchange programs and recognition of the importance of
English in the process. The data obtained was analyzed and it was possible to conclude that
knowledge of English is essential for a good exchange, considering even lusophone countries,
because many classes are in English, and in addition, many other students, also academic
mobility, are foreigners and English is therefore the key to communication.
Key words: Internationalization; English as an International Language, Exchange Program
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Ao Senhor Deus, nosso Pai Celestial;
À minha mãe, Ana, sempre presente na minha vida.
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Agradecimentos:
-A minha mãe, pelo amor e apoio que sempre me dera.
-A minha irmã Ana Paula, que, mesmo de longe, torce por mim.
-A minha sobrinha Carol, que me faz lembrar que há sempre esperança para nossa vida.
-A minha prima Fernanda, que compartilha comigo ótimos momentos.
-Ao professor Antônio Ferreira, pela dedicação a todos nós e pela motivação em exercer seu
papel como professor.
-À Professora Angela Lopes Norte, que me aceitou orientar meio às diversas tarefas
realizadas.
-Às colegas Aline, Clara, Juliana e Nathália, que estiveram partilhando os melhores momentos
da pós, além de tornar nossas viagens Rio-Niterói mais divertidas.
-Aos colegas da Pós, que sempre mostraram importância e atenção aos meus comentários e
contribuições.
-A minha amiga Fran, que, novamente, fez parte de mais uma conquista.
-Aos companheiros da CST, que me dirigem politicamente.
-A todos meus amigos, conhecidos e familiares que fizeram e ainda fazer parte da trilha para o
sucesso.
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“(...) A internacionalização surge como decorrência de três fatores muito importantes: como resposta ao fenômeno da globalização; como possibilidade de assegurar a qualidade dos recursos humanos, da infra-estrutura e das ações e como forma de fortalecer os programas de ensino, de pesquisa e de extensão.(STALLIVIERI)”
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
I- A EXPANSÃO DO CONHECIMENTO ATRAVÉS DA GLOBALIZAÇÃO .......... 7
I.1- Processo de Globalização ................................................................... 10
II- O IMPERIALISMO CONTEMPORÂNEO E AS LÍNGUAS UNIVERSAIS.......... 16
II.1- O Imperialismo na Sociedade Moderna e suas Consequências........16
II.2- A “língua Imperial” - Inglês como Língua Internacional.........................17
III- A INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: NOVOS RUMOS
DA UNIVERSIDADE.............................................................................................. 20
III.1- Cooperação Internacional na Universidade........................................ 20
III.2- Intercâmbio - Por quê?....................................................................... 22
III.3- Relatos de Experiências de Intercâmbio............................................ 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 32
ANEXOS .............................................................................................................. 35
ANEXO I: Questionário sobre Intercâmbio ............................................... 35
ANEXO II: Entrevista – Aluno A ................................................................ 36
ANEXO III: Entrevista – Aluno B................................................................. 37
ANEXO IV: Entrevista – Aluno C................................................................ 38
ANEXO V: Entrevista – Aluno D................................................................. 39
ANEXO VI: Entrevista – Aluno E................................................................. 40
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INTRODUÇÃO
“Romper fronteiras”. Temos escutado isso atualmente não só no meio acadêmico, mas
em todos os lugares, seja na empresa onde trabalhamos, na universidade e até mesmo em
nossas residências. Tal expressão leva-nos a vários significados, tais co mo quebrar
preconceitos, dialogar com outras áreas; entretanto, no caso deste trabalho, o sentido mais
apropriado é perceber que a Língua Inglesa é o idioma da Globalização, da
Contemporaneidade e, portanto, da Internacionalização. O contexto da internacionalização
neste trabalho dar-se-á no Ensino Superior através de programas existentes de mobilidade
acadêmica nas universidades. É necessário compreender que a ideia de internacionalização
perpassa o conceito de abrir as portas para novas concepções de mundo através do fluxo de
informações de diferentes instituições pelo mundo. Internacionalização é também garantir a
oportunidade de que todos os estudantes tenham a possibilidade de participar em uma
mobilidade acadêmica no exterior independente de suas condições sociais, a fim de perceber
novas visões, novas experiências, novos diálogos com o intuito de interagir com vieses
diferentes de outros países, ampliando, portanto, sua visão do mundo e favorecendo uma
dinâmica de apropriação de uma competência discursiva intercultural, além de propor uma co-
construção mais significativa de conhecimento acadêmico.
A proposta de pesquisa centra-se na importância da Língua Inglesa na dinâmica de
internacionalização do ensino superior através dos diversos programas de mobilidade
acadêmica oferecidos na Universidade. O corpus de análise da pesquisa será proveniente de
dois processos de seleção/acompanhamento de estudantes ao exterior pela Assessoria de
Cooperação Internacional do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro
(DCCIT/CEFET-RJ)1.
É recorrente encontrar convocações para seleção de mobilidade acadêmica em muitas
universidades. No CEFET, a responsabilidade da organização e acompanhamento do processo
de seleção é da DCCIT. A Divisão de Cooperação Internacional do CEFET é a assessoria
1 DCCIT ainda é usada como sigla do escritório de relações internacionais do CEFET, embora tenha deixado de ser uma divisão.
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responsável pelas atividades de cooperação internacional, ampliando as ofertas existentes,
buscando novas parcerias com instituições no exterior de acordo com as demandas que
surgem em termos de ensino, pesquisa e extensão. O financiamento do intercâmbio pode
acontecer de diversas formas, como bolsas próprias da instituição, fomento de agencias
(CAPES, CNPQ) ou até mesmo o auto-financiamento.
Algumas indagações surgem nos alunos na hora de optar por uma experiência no
exterior. Por que estudar fora? Como um intercâmbio contribuirá para o aprimoramento da
formação do indivíduo? A instituição garante que o aluno manter-se-á com qualidade no
exterior? Preciso saber inglês? Enfim, perguntas como essas vêm às nossas cabeças ao
depararmos com esse tipo de proposta.
Outro assunto ligado à questão de como o intercâmbio contribui para a formação
acadêmica é a importância do aprendizado da língua inglesa como língua acadêmica para
favorecer a interação nos limites da universidade e contribuir para a ampliação da visão de
mundo do aluno.
“Quero um hot dog.” “Vamos escutar um rock‟n roll.” “Meu PC está lento, acho que são
spywares”. Escutamos frases como essas a todo o momento e nem percebemos mais a
presença do inglês em nossa língua. Absorvemos esses estrangeirismos e nem sempre
lembramos sequer palavras em nossa língua que possam substituí-los.
O idioma inglês vem recebendo ao longo desses últimos anos diversas denominações
em países não-falantes, destacando mais o seu uso como língua global, como: ILI - Inglês
como Língua Internacional (EIL – English as an International Language), ou International
English; Inglês como Língua Franca (ELF – English as a Lingua Franca). Inglês global, no
sentido em que é usado ao redor de todo o mundo por pessoas das mais diversas etnias e
Inglês Geral (General English), uma contraposição mais democrática ao “Inglês Padrão” –
Standard English – que remete imediatamente aos padrões britânicos e americanos também
são denominações comuns a língua. A consideração do inglês como língua internacional surge
“porque a comunicação em inglês no mundo hoje frequentemente não envolve falantes nativos
da língua” (ERLING, 2005: 41). Nesta pesquisa teremos outra nomenclatura. Consideraremos
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a Língua Inglesa como Língua Acadêmica (Inglês como Língua Acadêmica - ILA), visto que
nosso objetivo é concluir que o inglês é o idioma da mobilidade acadêmica internacional e que
o conhecimento desse idioma é imprescindível para uma necessidade básica, a comunicação.
Uma das razões para tantas denominações é a questão demográfica:
(...) o número de falantes de inglês como L2 supera o de falantes de inglês como L1 na proporção de três para um. O inglês está sendo cada vez mais usado para a comunicação através das fronteiras internacionais, não estando, portanto, mais ligado a lugar, cultura ou povo. (EARLING, 2005, p. 42-43)
Essas indagações me motivaram a elaborar essa pesquisa a fim de trazer à discussão a
importância da língua inglesa no processo de intercâmbio e resgatar as experiências dos
alunos que já vivenciaram um intercâmbio.
A pesquisa surgiu quando o Governo Federal anunciou o aumento das vagas em
universidades no exterior pelo programa Ciência sem Fronteiras. Já havia o interesse em
abordar tal assunto considerando grandes quantidades de parcerias criadas pela DCCIT do
CEFET/RJ com universidades no exterior, como a Universidade de Ciências Aplicadas de
Munique, a Universidade do Porto, o Voorhees College, nos EUA, o Centennial College, no
Canadá, entre outras.
O CEFET/RJ é um Centro Federal de Educação Tecnológica, um dos dois
remanescentes, que busca o reconhecimento como universidade tecnológica. Ele é
reconhecido pela sua excelência em educação tecnológica e industrial, atuando em vários
níveis da educação, como ensino médio, educação profissional em nível técnico, cursos
tecnólogos, ensino superior (vale ressaltar que a instituição oferece sete cursos de engenharias
e um de administração) e diversos cursos de especialização latu sensu, atividades de pesquisa
e extensão e seis cursos de pós graduação strictu sensu (mestrado), com nota três na
avaliação da CAPES, destacando o curso de Mestrado no Ensino de Ciências e Matemática,
que obteve o conceito quatro na avaliação trienal da CAPES.2 Sua estrutura é composta de
uma unidade-sede (Maracanã) e mais sete campi (UnED Maria da Graça, Angra, Valença,
2http://conteudoweb.capes.gov.br/conteudoweb/ProjetoRelacaoCursosServlet?acao=pesquisarRegiaoIesPrograma&codigoIes=310
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Petrópolis, Nova Iguaçu, Friburgo e Itaguaí). No Brasil, os Centros Federais de Educação
Tecnológicas refletem uma evolução no tipo de instituto de ensino que auxiliou o
desenvolvimento do processo de industrialização técnico-científica a partir do século XX,
formando mão de obra capacitada para atuar no mercado de trabalho e também no meio
acadêmico, através dos doutores formados em outras universidades, como a UFRJ,
provenientes do CEFET/RJ.
O CEFET/RJ possui uma história que chega a um centenário, configurando-se um
importante centro de formação no Rio de Janeiro.3
Tendo passado à jurisdição do Governo Federal em 1919, foi transformado em liceu. A
centralização do poder com o Estado Novo a partir de 1937 promoveu mudanças
circunstanciais nas esferas federais. Uma das reformulações na sua estrutura foi o então
Ministério de Educação e Saúde Pública que transformou a Escola Normal de Artes e Ofícios
em um liceu profissional destinado ao ensino de todos os ramos e graus de um ensino
profissional (técnico), sendo comparada às Escolas de Aprendizes Artífices. Sua nomenclatura
sofre alteração antes mesmo de inaugurar o novo liceu e passa a ser chamado de Escola
Técnica Nacional que, de acordo com a Lei Orgânica do Ensino Industrial, é incumbida a
ministrar cursos de 1º ciclo (industriais e de mestria) e de 2º ciclo (técnicos e pedagógicos).
Já a partir de 1959, a Escola Técnica Nacional começar a ter mais autonomia,
passando, gradativamente, a extinguir os ginásios industriais (cursos de 1º ciclo) e atuar na
formação exclusiva de técnicos. Sete anos depois, no auge da ditadura militar em 1966, a
instituição passa a oferecer cursos de Engenharias de Operação com curta duração em nível
superior em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que oferecera
colaboração do seu corpo docente e expedição de diplomas.
A necessidade de preparação de professores para as disciplinas específicas dos cursos
técnicos e dos cursos de Engenharia de Operação levou, em 1971, à criação do Centro de
Treinamento de Professores, funcionando em convênio com o Centro de Treinamento do
Estado da Guanabara (CETEG) e o Centro Nacional de Formação Profissional (CENAFOR).
3 Toda essa contextualização histórica foi retirada do site da Instituição. Disponível em: http://cefet-rj.br/a-instituicao/historico.html.
Acessado em 22/06/2012
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1978 foi o ano em que a Escola Técnica Federal (ETF) passou a ser conhecida como
Centro Federal de Educação Tecnológica, vinculada ao Ministério de Educação e Cultura
(MEC) com autonomia administrativa, pedagógica, financeira e recebendo status de instituição
de educação superior que poderia oferecer cursos de graduação, pós graduação, atividades de
extensão e realização de pesquisas na área tecnológica.
A finalidade da criação dos CEFETs foi a de verticalização do ensino, a promoção da
intercomplementaridade e continuidade do ensino técnico no ensino superior, ou seja, o aluno
terá a oportunidade de cursar uma graduação no mesmo local que teve um curso técnico.
A lei 9.649 de 27 de maio de 1998 burocratizava a criação de escolas técnicas federais,
tornando sua criação mais complicada. Devido a restrição do acesso à educação de nível
médio, o caminho para a profissionalização de muitos jovens passou a se dar exclusivamente
pelo ensino superior.
(...) a partir de então, as instituições da rede foram autorizadas a ofertar, além do curso técnico, a graduação em Engenharia Industrial, os cursos de tecnólogos e licenciaturas voltadas para a formação de professores do ensino técnico e dos cursos de tecnólogos, a pós-graduação lato sensu e, com o passar do tempo, a pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado). (SOBRINHO, 2009:4)
Com a falta de investimentos nas Universidades públicas, o ensino superior privado
tornou-se nessa época, como em nenhuma outra, terreno fértil para investimentos levando a
sua expansão.
É importante perceber as contradições por onde passava o setor produtivo nesse
período. Assim como os postos de trabalho que requerem menor qualificação e menor
educação eram reduzidos com a incorporação mais aguda da microinformática e da robótica
nos processos industriais, ao mesmo tempo, aumentava, significativamente, a demanda por
mão de obra mais qualificada que fosse reflexiva e capaz de resolver imprevistos sem a
utilização de modelos prontos. Assim se configurou um dos maiores dilemas nesse estágio de
produção capitalista: a necessidade de formação de trabalhadores com capacidade de
abstração e decisão, aptos a trabalhar em equipe e com autonomia para solucionar problemas.
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O CEFET/RJ é desafiado e se desafia, permanentemente, a contribuir no
desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro e da região. Atento às Diretrizes de Política
Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior do país, volta-se a uma formação profissional
que deve ir ao encontro da inovação e do desenvolvimento tecnológico, da modernização
industrial e potencialização da capacidade e escala produtiva das empresas aqui instaladas, da
inserção externa e das opções estratégicas de investimento em atividades portadoras de futuro
– sem perder de vista a dimensão social do desenvolvimento. Assim se reafirma como uma
instituição pública que deseja continuar a formar quadros para os setores de metalmecânica,
petroquímica, energia elétrica, eletrônica, telecomunicações, informática e outros que
conformam a produção de bens e serviços no país.
O CEFET/RJ é uma instituição de referência no ensino tecnológico na cidade do Rio de
Janeiro que vem passando por grandes ampliações e criação de novos cursos. O CEFET/RJ é
uma das poucas unidades que não se tornaram Institutos Federais de Educação, Ciência e
Tecnologia. A instituição busca ao reconhecimento como Universidade Tecnológica.
Outro espaço fundamental da universidade hoje é a cooperação internacional. No
CEFET/RJ, é gerida pela Assessoria de Relações Internacionais através da DCCIT. As
oportunidades de intercâmbio crescem exponencialmente. Há um enorme crescimento das
parcerias, ampliando as oportunidades de intercâmbio no exterior.
Tal crescimento de oportunidades levou à valorização de proficiência em línguas
estrangeiras, principalmente a inglesa, uma vez que a seleção dos intercambistas para os
convênios institucionais passou, inclusive, a incluir o conhecimento da língua inglesa nas
seleções de intercâmbio para países lusófonos.
Esse estudo procurou analisar a importância do conhecimento da Língua Inglesa para a
participação de alunos da graduação nos processos de mobilidade acadêmica internacional
oferecidos pela instituição.
A metodologia empregada foi baseada numa pesquisa bibliográfica e participante. O
embasamento teórico deu-se contextualizando e localizando historicamente a expansão da
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universidade pela globalização na conjuntura atual, levando em consideração as demandas por
mão de obra especializada na sociedade do século XX.
Após essa contextualização teórica, duas entrevistas com candidatos a intercâmbio
foram feitas. A primeira entrevista levou em consideração os interesses e perspectivas dos
intercambistas, já a segunda entrevista tratou dos resultados da experiência de intercâmbio.
Ambas as entrevistas foram realizadas por formulários online.
A pesquisa propõe, portanto, que o conhecimento de línguas estrangeiras,
principalmente inglês, é essencial para um processo de mobilidade acadêmica internacional. A
língua inglesa faz parte da rotina de todas as pessoas. No meio acadêmico, o inglês é a língua
da comunicação, e deve ser considerada também como a Língua Acadêmica.
I- A EXPANSÃO DO CONHECIMENTO ATRAVÉS DA GLOBALIZAÇÃO
Ao pensar inglês como língua acadêmica, é necessária levar em consideração a
abrangência do idioma pelo mundo e sua difusão. Temos o inglês como primeira língua em
mais de quinze países; e em mais de trinta países, o inglês é considerada segundo língua.
Temos no Brasil, o inglês como língua estrangeira. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) apontam o estudo de inglês como língua estrangeira como parte integrante da
formação de todo aprendiz na educação básica.
A necessidade do conhecimento de uma língua estrangeira é essencial, visto que “hoje
se entende que o uso de uma LE é necessário para se compreender outros discursos que nos
chegam e também para atuar no mercado de trabalho e da tecnologia, para dar
prosseguimento a estudos da universidade, etc.”. (RIO DE JANEIRO, 2002:89)
No entanto, poucas pessoas têm a oportunidade de utilizar línguas estrangeiras como
instrumento de comunicação oral. Isso caracteriza a natureza da língua inglesa como língua
estrangeira.
Deste modo, considerar o desenvolvimento de habilidades orais como central no ensino de Língua Estrangeira no Brasil não leva em conta o critério de
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relevância social para a sua aprendizagem. (...) Portanto, a leitura atende, por um lado, às necessidades da educação formal, e, por outro, é a habilidade que o aluno pode usar em seu contexto social imediato. Além disso, a aprendizagem de leitura em Língua Estrangeira pode ajudar o desenvolvimento integral do letramento do aluno. A leitura tem função primordial na escola e aprender a ler em outra língua pode colaborar no desempenho do aluno como leitor em sua língua materna. (BRASIL, 1998, p.20)
A difusão político-espacial da língua inglesa como língua internacional pelo mundo se
deve a diversos fatores, sejam eles acadêmicos, sociais ou políticos. As três correntes de
pensamento levam a um ponto em comum, o Imperialismo, uma vez que, na sociedade
contemporânea, os detentores do poder são países com práticas imperialistas.
Tratamos o Imperialismo como uma expansão territorial de países-lideres na Europa
ocidental – França e Inglaterra; e mais tardiamente Itália e Alemanha no período compreendido
entre os séculos XVII-XIX. E Portugal e Espanha, não são considerados países
expansionistas? Situando-os historicamente, Portugal e Espanha foram pioneiros nas
expansões territoriais no século XV e XVI levando em consideração a ampliação das suas
monarquias em visão exploratória. No entanto, tratamos o Imperialismo a partir da Revolução
Industrial.
A Grande Inglaterra tomou a liderança do processo expansionista a partir do século XVII
com o início da industrialização e das novas formas de produção e venda de suas manufaturas.
O século XVIII foi marcado pelo pioneirismo industrial inglês e a alavancada da Inglaterra como
potência mundial. Durante esse período outros países europeus também se industrializaram,
como a França, Holanda e Alemanha; no entanto a Inglaterra foi a primeira, como propunha
BEAUD (1987),
“o poder, a prosperidade, a riqueza da Grã-Bretanha são inegáveis. A Praça de Londres é a primeira do mundo. A libra esterlina é a moeda internacional. A dominação britânica se estende aos cinco continentes e o capitalismo britânico tira dela consideráveis rendimentos.” BEAUD (1987:203-204).
Já no século XIX, com a segunda fase da Revolução Industrial, houve a necessidade de
um diálogo maior entre as nações europeias devido ao comércio de produtos industrializados e
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o diálogo com outros países do mundo, tais como Brasil, Oriente Médio e África, com a
necessidade de matérias-primas para manutenção/aumento da produção. Nesse período foi
necessário que as pessoas dominassem um idioma em comum para comunicação e comércio.
Por muitos anos tivemos o Latim (Séculos XV e XVI), o Francês (Séculos XVI e XVII), o Italiano
(Séculos XVII e XVIII). Por fim, o inglês, a partir do século XIX.
Há séculos, a difusão de uma língua em determinados territórios em detrimento das línguas que até então eram faladas ali traduz rivalidades de poderes nesses territórios. (LACOSTE, 2005:7)
Essa difusão do inglês na Europa e logo após no mundo, fez com que os países
adotassem uma segunda ou até mesmo terceira língua. Vimos, portanto, que o Imperialismo
Linguístico se deu motivadamente por questões comerciais e econômicas. O processo de
expansão imperialista se deu no século XVIII e, ao longo do tempo, com as Grandes Guerras,
tivemos a alavancada dos Estados Unidos como nova potência imperialista. “É especialmente
depois do fim da Segunda Guerra Mundial que a influência política e cultural dos Estados
Unidos se propagou, inicialmente na Europa Ocidental.” (LACOSTE, 2005:10)
A influência da cultura norte-americana no decorrer do século XX toma proporções
inimagináveis: a música, as artes e o cinema passam a ser “criados” em inglês, tornando-se
também um álibi para a consolidação da Língua Inglesa como língua internacional.
A mundialização do inglês (...) se faz também indiretamente por meio de uma série de fenômenos culturais mais ou menos associados uns aos outros: pelo cinema americano, apesar de a maior parte dos filmes exportados pelos EUA serem dublados na língua do país de importação (...) A língua do rock é o inglês. (LACOSTE, 2005:11)
Uma das principais justificativas para esse “imperialismo acadêmico” é o
pioneirismo das pesquisas científicas pelos centros universitários de referência em
ensino, pesquisa e extensão que estão sediados em países de característica
imperialista. O inglês acompanha esse processo de pioneirismo e se torna então o
veículo de comunicação desses centros com o mundo.
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I.1 - O Processo de Globalização
O mundo transforma-se a todo o momento. Desde as Grandes Navegações, a
sociedade vem ser tornando globalizada. No entanto, é a partir do Século XIX que esse
processo fica mais visível. A Era da Informação faz com que todos nos comuniquemos. Essa
necessidade de interação e comunicação faz parte do processo de globalização que é citado a
todo o momento.
O conceito de globalização difere de pessoa para pessoa, de lugar para lugar. No
entanto, adotarei o conceito de globalização que propõe que a sociedade contemporânea é
motivada por um processo interacional que favorece cada vez mais a um diálogo entre
diferentes povos, proporcionando, assim trocas sociais. Steger propõe o seguinte conceito de
globalização:
Steger (2003:13) define globalização como uma série multidimensional de processos sociais que criam , multiplicam, alargam e intensificam interdependências e trocas sociais no nível mundial, ao passo que, ao mesmo tempo, desenvolve nas pessoas uma consciência crescente das conexões profundas entre o local e o distante. (STEGER apud KUMARAVADIVELU, 2006:130).
A Globalização também é vista por Eric Hobsbawn através de três vieses:
O primeiro ponto de vista é a Globalização como um processo de formação,
constituição, aplicação e ritmos diferenciados. Nessa forma,
a globalização não é o produto de uma única ação (...). É um processo histórico que sem dúvida acelerou muito nos últimos dez anos, mas que consiste numa permanente transformação. Não está claro quando poderemos dizer que chegamos a um ponto de chegada definitivo, ou qual vai ser o momento em que o processo estará completo. Sobretudo porque a essência deste processo é uma extensão da atividade através de um planeta que é, pela sua própria natureza, vário: do ponto de vista geográfico, histórico, climático. Esta realidade impõe certos limites à unificação de todo o planeta. Além disso, a globalização não opera em todos os campos da ação humana da mesma forma. (...) Por isso, seria um erro dizer que é um fenômeno sem obstáculos. (...). (HOBSBAWM, 2000:58)
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Outro ponto de vista segundo o mesmo autor propõe a globalização não como uma
economia global, mas inserida em um paradigma social onde o que importa é a compressão
tempo-espaço.
Antes de mais, penso que não se pode identificar a globalização só com a criação de uma economia global, ainda que esta seja o seu centro e o seu aspecto mais evidente. Temos de olhar além da economia. A globalização baseia-se em primeiro lugar na eliminação de aspectos técnicos, mais do que econômicos, que constituem o seu pressuposto: a distância e o tempo. (...) (HOBSBAWM, 2000:62)
O último ponto de vista é a relação com o Capitalismo Liberal. Essa visão é estritamente
comercial, focando na produção de lucros, visto que
(...) O processo de globalização é sem dúvida irreversível e, em alguns aspectos, independente daquilo que os Governos fazem. Mas outra coisa é a ideologia baseada na globalização, a ideologia do free market, o neoliberalismo, o que também foi chamado "fundamentalismo do livre mercado". Esta ideologia baseia-se na convicção de que o livre mercado maximiza o crescimento e a riqueza do mundo e produz uma distribuição ótima do aumento. Todas as tentativas de regular e de controlar o mercado devem dar resultados negativos, pois reduzem a acumulação do lucro capitalista, e logo impedem a maximização da taxa de crescimento. (...) (HOBSBAWM, 2000:65)
A globalização é uma palavra amorfa. Tenta expressar a constituição da aldeia global
no seu processo de desenvolvimento contínuo, onde há intensificação e diversificação de
fluxos de pessoas, bens, serviços, capitais, tecnologias e ideias. Sua tendência é harmonizar
políticas e instituições. Outros termos (mundialização, internacionalização e
transnacionalização) são usados para expressar e salientar determinados aspectos da
globalização: cultura e cidadania na mundialização; relações comerciais entre nações na
internacionalização; e os agentes que extravasam as fronteiras nacionais na
transnacionalização. Denominador comum de todos esses termos é a conquista tecnológica,
operada pela informática, que faz do saber o verdadeiro poder. (ZAMBERLAM et al, 2009: 17)
Robbie Robertson (2003) propões três níveis de globalização, três “ondas” que são
associadas de acordo com três fases do colonialismo/expansionismo moderno. A primeira onda
12
centrou-se no processo de expansionismo por explorações comerciais, lideradas por Portugal e
Espanha. A segunda onda caracterizou-se pelo processo de industrialização liderado pela
Inglaterra no século XIX; e por último, temos a terceira onda que tem ocorrido no mundo pós-
guerra a partir do século XX, liderada pelos Estados Unidos.
O atual estágio da globalização teve início na década de 80 devido à expansão do
computador e da internet e a criação de novas tecnologias de informação e comunicação
(NTICs), possibilitando uma maior troca de informações em menor tempo. Além disso, a
globalização permitiu uma evolução em diversas áreas: saúde, urbanismo, transportes
comércio internacional e a educação internacional.
Esse processo imediatista e veloz motivou a adaptação rápida de todos os segmentos
da sociedade à nova ordem tecnológica e social mundial. A palavra da globalização é
INTERAÇÃO. Interação dos mercados econômicos, das mídias mundiais, das relações
diplomáticas, entre outras. Temos a formação dos órgãos internacionais, como a ONU, a
UNESCO, a OMS, a OMT entre outros órgãos mundiais. Todos esses acordos mundiais têm
como foco a facilidade das operações financeiras, o favorecimento do comércio, a garantia da
hegemonia dos Estados mais ricos, o estreitamento das fronteiras, etc.
Entretanto, o processo de globalização também possui aspectos negativos. Sua
implantação na economia, dentro da lógica do capitalismo, trouxe consequências profundas
para muitos países. Podemos citar alguns exemplos, como o endividamento, o desemprego, a
concentração desigual de renda, maior agressão ao meio ambiente e consumismo supérfluo.
Os países mais ricos passaram a programar medidas e liderar organismos financiadores
internacionais que motivaram a dependência da dívida externa de diversos países emergentes
através de empréstimos com juros quase impossíveis de serem pagos, o que afetou as
políticas internas dos países dependentes. Com isso, o próprio sistema educacional também
passou a ser moldado, sistematicamente, de acordo com a ótica do capitalismo, tornando-o
mais competitivo, individualista e excludente, sendo necessária a progressão dos estudos, a
fim de buscar um lugar mais consolidado no mercado. Todas essas influências da globalização
13
ocasionaram mudanças nos conceitos sociais, como democracia, cidadania, justiça, direitos
humanos, ciência etc.
O tal processo é o agente de uma mudança radical na sociedade. Um dos elementos
mais importantes dessa mudança é a presença de aspectos culturais na vida da pessoa no seu
contexto social. Notamos uma transformação da ideia de cultura na sociedade. Há quarenta
anos, por exemplo, tínhamos como cultura a tradição popular e as características culturais
locais que produziam satisfação e realização pessoal. Hoje o panorama cultural é movido pela
hegemonia cultural dos países desenvolvidos, como, por exemplo os filmes hollywoodianos, as
danças do pop music americano, o processo de ampliação das redes de fast food. Essas
características, que hoje produzem satisfação, sentimento de sucesso e de vitória. A
globalização exacerba a importância do futuro. Em decorrência, há um investimento em uma
cultura global que é disseminada por dois veículos (BERGER & HUNTINGTON, 2004):
a) Veículos de elite. Formam uma cultura internacional de líderes econômicos e
políticos que, de forma indireta, comandam a globalização econômica. São as corporações
multinacionais e instituições como OMC (Organização Mundial do Comércio), FMI (Fundo
Monetário Internacional), Banco Mundial, redes acadêmicas, mídia, fundações, ONGs
(Organizações Não-Governamentais), alguns órgãos governamentais e intergovernamentais.
Outra forma desse veículo é a disseminação de empresas de todos os tipos que penetram nas
massas populares, tornando mais visível a emergente cultura global por meio do consumo
popular de seus produtos (Adidas, Coca Cola, McDonald's, Disney, Hollywood, MTV, Ford,
Chevrolet, Toyota, Yamaha, Philips...).
b) Veículos populares. Em contrapartida, há um grupo de intelectuais que disseminam
um tipo de inteligência ocidental, influenciando a cultura de diversos povos. Esse são
movimentos que sustentam a cultura global emergente, como, por exemplo, os movimentos
feministas, ambientalistas, o "ecumenismo" dos direitos humanos, o pentecostalismo
evangélico, a Opus Dei, os Movimentos islâmicos e os da Nova Era.
O panorama contemporâneo de sociedade é composto por um cenário complexo de
mudanças. Notamos um conceito de fronteira mais fluído, ou seja, não conseguimos mais
14
perceber exatamente os limites entre os povos no que tange uma visão social. Temos
demarcações geográficas e espaciais, mas não vemos mais uma limitação concreta que
separe o povo de cá do povo de lá. Esse processo de invisibilização das fronteiras, de certa
forma é positivo, no entanto, causa também choques culturais, uma vez que cada nação traz
em sua história crenças e tradições que podem ser consideradas esdrúxulas por outros povos.
Tais peculiaridades sociais devem, na sociedade atual, ser respeitadas.
É possível constatar que esse desaparecimento de limítrofes se dá por uma
compressão espaço-tempo, uma vez que a o desenvolvimento da tecnologia favoreceu
bastante a troca de informações e o deslocamento interlocal de pessoas além de propiciar um
diálogo maior de interesses comuns, agregando então países que possuem interesses político-
econômicos dialógicos.
Percebemos que os diferentes discursos de diferentes pessoas ao redor do mundo se
entrelaçam e há reconstrução discursiva de tal forma que nos remetemos os palimpsestos,
uma vez que temos hoje discurso sobre discurso. Essa velocidade de circulação de discursos
propicia a absorção de informações favorecendo uma construção mais efetiva de
conhecimento.
Conhecimento é a palavra da Globalização, visto que o desenvolvimento da tecno-
informação é mais coletivo do que individual. A sociedade interage mais, trocando experiências
e descobertas a fim de desenvolver mais essa sociedade que vive um dilúvio informacional que
não distingue mais o que é local do global.
Essa união entre o global e o local, como levantado por Kumaravadivelu4, propõe uma
era glocal, que é mérito de conceder à Globalização uma característica pluridimensional e,
simultaneamente, a uma mistura entre global e local, evitando que o termo “local” defina
exclusivamente uma ideia de identidade local, como: “lá em casa” limitado, confortável e
seguro, contra o colapso, o caos da modernidade, estereotipada, às vezes, dispersiva e
“homologante”. A “Glocalização‟ é uma Globalização que se situa de acordo com uma
realidade, limitada a certas características e tradições: ela deve se adaptar às realidades
4 Contido em “A linguística aplicada na era da globalização, artigo escrito por B. Kumaravadivelu. In: LOPES, Luis Paulo da Moita.
Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006.
15
locais, em vez de ignorá-las ou simplesmente destruí-las, como por exemplo, o que acontece
com as redes de fast food na Índia que adaptam seus sanduíches levando em conta a religião
daquele país, que não come carne bovina, por exemplo. Na verdade, ao provocar uma
resistência a si própria, a Globalização, ironicamente e paradoxalmente, termina contribuindo
para a concentração da atenção sobre as realidades locais. A ideia é que para ganhar a causa
do “local” se tem que agir no nível global, porém se utilizando das novas tecnologias a fim de
maximizar a ação localmente, minimizando seus efeitos sobre o outro. Vivemos, portanto, em
um mundo „glocalizado‟. Pensar em um sentido global, no entanto, agindo em uma esfera local.
O panorama mundial está em constante transformação, visto, de acordo com
Kumaravadivelu, de três modos distintos:
Há uma compressão da distância espacial, visto que a vida das pessoas, sua rotina,
seu salário são afetados por acontecimentos no outro lado do mundo. Não é possível inclusive
controlar tal influência. Os espaços estão conectados.
Há também uma compressão da distância temporal, visto que é possível saber o que se
passa em lugares distantes instantaneamente em que os fatos ocorrem, devido a uma gama de
meios de comunicação e tecnologia, como a internet.
Temos, por fim, uma compressão das fronteiras, uma vez que nossa ideia de cultura
perpassa às nossas tradições, misturando tendências de outros países, transformando,
modificando nossa identidade social. Percebemos esse estreitamento de fronteiras no que
tange o comércio, a políticas, os fatos sociais, etc.
É possível notar que as vidas das pessoas estão conectadas, ligadas por um elo
invisível que as aproximam sem que notem e que transformam consideravelmente seu modo
de pensar, de agir, de consolidar seu papel na sociedade.
A construção dessa cultura que a globalização desencadeia é fundamental para
contextualizar a importância e relevância da internacionalização no Ensino Superior.
16
II- O IMPERIALISMO CONTEMPORÂNEO E AS LÍNGUAS UNIVERSAIS
II.1- O Imperialismo na Sociedade Moderna e suas Consequências;
Faz-se necessário contextualizar e situar historicamente a concepção de imperialismo,
pois desde o início do século XIX o mundo passa por domínio de países imperialistas, trazendo
desses países forte influência de suas culturas, língua e ideologia.
O poder é a palavra-chave do imperialismo na sociedade contemporânea. Não só o
poder político que é apenas uma expressão do poder na sociedade, mas também todo o poder
de influência na vida das pessoas. Muitas outras expressões de poder se manifestam em todos
os níveis das relações sociais. Onde quer que exista desigualdade de status, tende haver
alguma forma de manifestação de poder. (NOVA; 2006. p. 127)
Internacionalmente, a ideologia dominante vem dos países economicamente
desenvolvidos como potência, seguindo como exemplo Inglaterra, EUA, Alemanha e França.
Tal influência e dominação são decorrentes pelo consumo gerado na sociedade que é
capitalista e que vive da geração de lucro através da exploração da mão-de-obra proletária,
ocasionando que a sociedade contemporânea seja influenciada pela ideologia do consumismo
pulverizada pelos grandes meios de comunicação em massa.
O início do Imperialismo na contemporaneidade do século XX se deu logo na I Guerra
Mundial, visto que havia uma necessidade na Europa de material bélico e sua produção já não
satisfazia a demanda; com isso, os EUA se tornaram o principal exportador de material bélico.
Logo após o término da I Grande Guerra, a Europa entrou em colapso financeiro. A
necessidade de valorização da pátria levou ao surgimento do facismo que desencadeou a II
Guerra Mundial. Alemanha, Japão e Itália, principais potências europeias, foram derrotadas e
saíram da guerra com a economia quebrada. Tais países perderam suas posições políticas e
militares; no entanto, outros Estados imperialistas, como a Grã-Bretanha e a França, que foram
vencedores da Grande Guerra, também se debilitaram econômica e militarmente.
Nesse momento, os EUA, distintamente das outras potências imperialistas, saíram
fortalecidos da guerra, uma vez que não foram tão prejudicados, puderam acumular riquezas
17
imensuráveis e aumentaram significativamente seu potencial econômico e militar e sua base
técnico-científica.
Já como potência mundial instaurada, o domínio norte-americano mobilizou forças
reacionárias do mundo capitalista a fim de esmagar qualquer movimento reacionário que
ameaçasse sua hegemonia em todo o mundo. Para alcançar seus objetivos, o imperialismo
norte-americano pôs em movimento sua gigantesca influência burocrático-militar, seu grande
potencial econômico, técnico e financeiro, todos os seus recursos humanos. Toda essa
transformação pós-guerra pelos EUA fez surgir uma forma moderna de colonização, o
neocolonialismo.
A forte influência americana na população mundial ocorreu devido à mobilização dos
vastos meios de propaganda, filósofos, economistas, sociólogos, escritores, etc., na furiosa
campanha que tornou os EUA potência mundial, chefe dos principais órgãos mundiais, como a
ONU, OTAN, OMC, etc.
A prática capitalista, por fim, levou a muitas nações emergentes e subdesenvolvidas um
desejo de americanização de sua cultura e de seus hábitos.
II.2- A “língua Imperial” - Inglês como Língua Internacional;
A consolidação do inglês como língua franca é um estudo complexo, pois não há
indícios concretos de como isso vem ocorrendo. Há a possibilidade de supor várias ideias. Tal
processo de universalização da língua inglesa pode acontecer devido a vários fatores, seja
pela música, pela política, pela economia, pela mídia; estamos em um contexto de inglês como
língua internacional.
“A mundialização do inglês americano se faz também indiretamente por meio de uma série de fenômenos culturais mais ou menos associados uns aos outros: pelo cinema americano, apesar de a maior parte dos filmes exportados pelos EUA serem dublados na língua do país de importação.” (LACOSTE, 2005:11).
Nos espaços acadêmicos, a língua inglesa passa a ter também um status de língua
acadêmica, visto que os principais congressos internacionais acontecem em língua inglesa,
18
documentos e produções acadêmicas a nível são escritos em língua inglesa. As universidades
que recebem estudantes intercambistas geralmente disponibilizam uma versão do seu site em
inglês. Os testes de proficiência exigidos para ingresso a uma universidade no exterior são os
testes de proficiência em língua inglesa. Os resultados de pesquisas científicas, revistas,
publicações são em inglês. O inglês está, portanto, presente no dia a dia das universidades,
devendo ser reconhecido também como a língua acadêmica.
A concepção de uma língua de status internacional vai além de um meio de
comunicação e interação entre povos de diferentes nacionalidades. Ela aborda também o
acesso ao conhecimento de culturas hegemônicas que a língua alvo representa. Num viés mais
crítico, a “língua imperial” é majoritariamente a língua de importância política, a língua através
da qual são realizados os pactos, acordos políticos que têm repercussão mundial na vida das
pessoas. É importante notar que o fato da língua se tornar a língua majoritária no cenário
político demonstra que está diretamente relacionado ao exercício do poder e da influência,
muitas vezes de cunho imperialista, dos países detentores do idioma.
A ideia do inglês como uma língua internacional trazendo bagagem cultural de seus
países como língua materna é vista de forma crítica por muitos estudiosos. Phillipson questiona
se o inglês como uma língua internacional pode ser considerado uma língua neutra, sem
nenhum tipo de interesse imperialista.
[A ideia de que o inglês internacional é neutro significa] um endosso acrítico do capitalismo, sua ciência e tecnologia, a ideologia da modernização, globalização ideológica e internacionalização, transnacionalização, americanização e homogeneização da cultura e da língua no mundo e o imperialismo da mídia (PHILLIPSON, 1999, p. 274).
A Língua Inglesa é um idioma que reúne contribuições de outras línguas e dialetos,
principalmente influências celtas, germânicas e latinas. Na Inglaterra, há a consolidação da
Língua Inglesa no século XVI quando nasce um Estado moderno nesse país. No decorrer da
história, “a língua inglesa é fixada pelos grandes escritores do período elisabetano, língua na
qual os empréstimos do latim, diretamente ou por meio do francês, são consideráveis”.
(BRETON, 2005:13)
19
O termo língua franca, de origem latina, “simbolicamente remove o sentido de uma
propriedade da língua dos anglos” (JENKINS, 2000, p.11), e quer dizer, em essência, “uma
língua de contato usada entre povos que não compartilham uma primeira língua, e é
comumente entendida como querendo significar uma segunda (ou subsequente) língua de
seus falantes” (JENKINS, 2007, p.1). Originalmente o termo se referia a uma língua de
natureza híbrida, sem falantes considerados “nativos”. Entretanto, o caso do inglês é sem
precedentes, e o termo é usado também em interações que incluem falantes do círculo interno.
Portanto, ELF não exclui falantes nativos de inglês, porém eles não são incluídos nas coletas
de dados, e quando tomam parte em interações, não representam um ponto de referência
linguística [...] ELF enfatiza o papel do inglês na comunicação entre falantes de diversas L1, a
razão fundamental para aprender inglês nos dias de hoje[...] [ELF] implica que a “mistura” de
línguas é aceitável...e então que não há nada inerentemente errado em manter certas
características da L1, tais como o sotaque. (JENKINS, 2000;1) O inglês vem sofrendo desde o
início do século XX um processo de hegemonização, de língua franca. Isso transforma a
imagem da língua como uma língua global, não pertencente a um ou outro país. O inglês passa
a ser adotado como segunda língua de vários países, como a Bélgica, a Dinamarca, a Índia,
entre outros e passa a sofrer variações linguísticas da mesma forma que as línguas maternas
sofrem.
A língua inglesa passa a ser absorvida como a língua da comunicação internacional por
vários países. Esse processo de expansão do idioma como língua franca faz com que o inglês
seja a língua da contemporaneidade. No meio acadêmico, ela será, portanto, a língua principal
adotada em conferências, publicações, etc. A língua inglesa se torna, logo, a língua acadêmica.
20
III- A INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: NOVOS RUMOS DA
UNIVERSIDADE
III.1- Cooperação Internacional na Universidade
Há hoje, em todas as universidades, espaços voltados à mobilidade acadêmica
internacional, sendo que muitos já se transformaram em diretoria de assuntos internacionais.
Os departamentos e assessorias criados para essa finalidade contam com parcerias bilaterais e
também com fomento de instituições públicas (Capes, CNPq, FAPERJ, FINEP entre outras), de
instituições privadas (Santander Universidade, entre outros) e de instituições internacionais de
fomento (British Council, Comissão Fulbright, Alban entre outras). O CEFET/RJ possui a
DCCIT, que é uma assessoria para assuntos internacionais cuja principal atribuição é ampliar
as oportunidades de intercâmbio e acompanhar todo o processo de mobilidade, desde sua
seleção ao seu retorno, seja ele discente ou docente. A assessoria conta com diversas
parceiras bilaterais com instituições nos EUA, Europa, América do Sul, além de algumas
instituições em países da África, Ásia e Oceania. O processo de internacionalização do CEFET
já vem se intensificando há algum tempo e tornou-se mais forte com o programa “Ciência Sem
Fronteiras”.
O atual cenário da sociedade, como já visto, é movido por fluxo imensurável de
informações instantâneas. A universidade deve, portanto, acompanhar esse dilúvio
informacional e se adaptar com as necessidades de uma sociedade globalizada. É
responsabilidade do Estado garantir que as Universidades públicas estejam inseridas nesse
contexto mais macro, interligadas nas políticas neoliberais da sociedade capitalista que afetam
a todos. Dessa forma, devido ao fenômeno da globalização, objetivando uma inserção
internacional, o governo brasileiro, no ano de 2011, estabeleceu um programa de mobilidade
acadêmica e profissional visando o aprimoramento da qualidade e eficiência das pesquisas em
diversas áreas da educação: Programa Ciência Sem Fronteiras, reacendendo uma chama que
estava branda.
“Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, expansão e
21
internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC.”. Disponível em <http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf/o-programa> Acesso em 07/04/2012 às 12:54
O projeto estima em conceder cerca de cento e uma mil bolsas de estudos no exterior
em quatro anos, distribuídas entre estudantes de graduação e pós-graduação. A finalidade é
manter contato com sistemas educacionais competentes e de excelência acadêmica em
relação a tecnologia e inovação.
O programa federal é uma política de formação de pesquisadores e tende a sinalizar
algumas áreas como prioritárias, visto que são demandas da globalização econômica. De
acordo com SOBRINHO (2010, p.76) “o conhecimento é hoje amplamente reconhecido como
principal insumo da economia. Assim sendo, o valor do trabalho e das mercadorias teria se
transferido para a aplicação do conhecimento e a capacidade gerencial [...] o valor do trabalho
intelectual superou largamente o do trabalho manual”. Ainda segundo Sobrinho, a opção das
áreas prioritárias não está desvinculada das necessidades do mercado. “A economia do
conhecimento dá o tom e as cores da sociedade do conhecimento. Quem sabe aplicar os
conhecimentos e gerenciar os processos que os transformam em riquezas tem prestígio social
e alto valor de mercado. Daí o prestígio de áreas tecnológicas, como as engenharias, e de
administração e economia [...] educação superior é a chave da economia” (ibid, p. 77).
Uma das finalidades mais importante do programa é aproximar o Brasil, como um
potencial produtor de conhecimento, dos grandes líderes do conhecimento científico-
tecnológico do cenário mundial. É fundamental batalhar para que os novos pesquisadores com
experiência internacional tenham uma formação crítica e que realizem pesquisas em nome do
progresso e do desenvolvimento científico para melhorar a qualidade de vida do povo e que sua
formação não seja voltada para a produção de lucro e às necessidades e imposições propostas
pelo mercado.
22
É relevante ressaltar que o programa Ciência Sem Fronteiras é recente e, portanto, as
análises feitas ocorreram com os dados disponíveis, que são poucos; por isso tais reflexões
parciais tendem a questionar e problematizar os rumos tomados pelas novos políticas de
formação de novos pesquisadores.
A criação desses espaços nos muros da universidade propicia acesso democrático dos
estudantes à oportunidades de complementação de sua formação acadêmica em outra
universidade no exterior, com o intuito de promover uma interação que favoreça a ampliação
dessa formação acadêmica-profissional. É necessário consolidar esse espaço na universidade
e garantir mais acordos e parcerias aumentando quantitativamente e qualitativamente as
oportunidades no exterior como já existem por toda Europa.
III.2- Intercâmbio - Por quê?
A necessidade de ser colocar no mercado de trabalho com visões inovadoras e inéditas
fez com que o próprio sistema educacional se adaptasse à realidade globalizada
contemporânea, onde não há fronteiras explícitas e onde as informações são líquidas e
imediatas.
Os motivos para se entender o interesse por uma mobilidade estudantil vão além de
questões relacionados a boas oportunidades de emprego. Devemos levar em consideração
também o contato com outra cultura e outra língua. Algumas razões se referem ao processo de
formação de cidadãos que buscam a conscientização de diversos modos de idiossincrasias na
sociedade, situada em um momento específico da história.
Outras justificativas são dadas em porquê fazer um intercâmbio, como busca pela alta
qualidade de ensino e pesquisa, acesso ao conhecimento, ampliação das possibilidades
acadêmicas, reconhecimento dentro e fora do país (reputação e status), razão social, a
exposição cultural de alunos e professores, a ampliação da capacidade de compreender
diversidades culturais, entre outras.
Esse aprendizado intercultural faz com que o aluno não só aprenda o idioma, mas
também a cultura desse país. Alguns desses aspectos da interação língua-cultura evoluem a
23
complementação da formação da auto percepção das pessoas como seres humanos inseridos
em um contexto social heterogêneo desempenhado seu papel de cidadãos. Ao interagir com o
outro, aprendemos mais sobre nossas particularidades e passamos a tolerar e respeitar mais
as diferenças, que marcam um mundo plural, inconstante e ao mesmo tempo em que as
pessoas interagem umas com as outras, elas se tornam mais individualistas. Isso contribui
significativamente para a formação da sua própria identidade.
Tal processo de aprendizagem de língua estrangeira proporciona também uma
compreensão maior sobre a ideia de linguagem, aguçando uma percepção maior sobre sua
própria língua. Está entranhada no homem a capacidade de reflexão linguística que o leva a
adaptar seus discursos de acordo com diversas situações do cotidiano.
A escolha da língua inglesa reflete muito sobre os interesses da pessoa. Como propõe
principalmente Celani (2005, p. 4)
“O inglês, por exemplo, é a língua da comunicação internacional, nos negócios, na educação, na ciência, no trabalho e nas interações culturais. A nova sociedade globalizada exige mais conexões, e torna impossível operar em sistemas econômicos nacionais isolados, supostamente autossuficientes. Mais conexões são necessárias para se ter acesso à tecnologia de alto nível, em um mundo no qual é possível partilhar informações de modo instantâneo, mas que exige a rápida reestruturação da organização social para que o acesso a essas informações seja possível.”
Podemos notar, portanto, que a língua inglesa é a língua do mundo, inclusive da
mobilidade estudantil internacional.
O processo de mobilidade internacional é benéfico não só aos estudantes que garantem
um diferencial em seus currículos, mas também à universidade que passa a ser vista com mais
credibilidade e referência.
III.3- Relatos de Experiências de Intercâmbio
Quando fazemos escolhas, temos sempre um propósito sobre elas e pensamos quais
seriam as consequências. A opção por participar de um processo de intercâmbio é decorrente
24
de diversos fatores, como a busca por melhores vagas no mercado de trabalho, aprimoramento
no estudo do idioma, entre outras.
Diversos alunos do CEFET/RJ já participaram de mobilidade acadêmica internacional e
trouxeram muita experiência e novas descobertas dessa empreitada. A pesquisa propunha
identificar a importância do intercâmbio na vida do aluno, por isso foi importante escutar os
relatos de experiência. Uma das ferramentas de investigação da pesquisa para obter esses
relatos foi a entrevista através de questionários. Foram dois questionários utilizados. O primeiro
tratava sobre a concepção e as perspectivas do intercâmbio e o segundo tratava da avaliação
da importância do conhecimento da Língua Inglesa durante o intercâmbio.
As questões do primeiro roteiro eram sobre as informações pessoais, o conhecimento
de idiomas e opiniões e crenças sobre o intercâmbio. Esse questionário foi o primeiro passo da
metodologia para esse relato. Foram entrevistados diversos alunos do CEFET/RJ. Alguns já
haviam participado de intercâmbio e outros ainda estavam no processo seletivo. Esse
questionário está disponível nos anexos dessa monografia. Vale ressaltar que esse
questionário foi aplicado on line pela tecnologia Google Docs5.
Foi possível perceber no início da coleta de dados que havia um equilíbrio entre
candidatos do gênero masculino e feminino. Isso foi interessante, pois quebramos o conceito de
que o público masculino teria uma procura maior do que o público feminino, devido às questões
relacionadas a estereótipos machistas como os que afirmam que mulheres são mais frágeis e
não conseguiriam permanecer muito tempo longe de casa.
Um segundo aspecto é a questão do conhecimento de idiomas. Todos os participantes
indicaram um conhecimento pelo menos intermediário do idioma. Podemos perceber que a
Língua Inglesa é essencial no processo de seleção no intercâmbio. O inglês é a língua
internacional do meio acadêmico. As aulas em instituições no exterior para a mobilidade
estudantil, mesmo em países lusófonos, acontecem em inglês. É necessário, portanto,
apresentar domínio do idioma.
5 Arquivo disponível em: https://docs.google.com/spreadsheet/gform?key=0AoloyVHiMnSDdE9yd0MyLWVfSUp3dXZmY25q
Y19GWUE&gridId=0#edit
25
Embora alguns acordos internacionais e editais do programa “Ciência Sem Fronteiras”
exijam proficiência em outras línguas (notadamente Francês e Alemão), o inglês é o idioma a
ser priorizado, justamente pela integração que propicia aos falantes de diversas línguas do
planeta, visto que é o idioma mais falado do mundo.
Os questionários que nortearam este estudo tinham como propósito, como já dito
anteriormente, diagnosticar, de forma inicial, a importância do intercâmbio na formação
acadêmica e profissional do aluno.
Uma das perguntas de um dos questionários foi sobre a importância do intercâmbio na
vida do aluno. A resposta com maior recorrência foi a questão de estar em contato com outras
culturas, o que poderia surpreender, uma vez que eu pensava que crê-se que os alunos
tenham interesses acadêmicos e profissionais apenas.
Dos dados obtidos, vale ressaltar, por exemplo, a do aluno que designaremos como A,
de 26 anos, morador do Rio de Janeiro, cursando o 6º período de engenharia que disse que
queria fazer o intercâmbio devido ao “conhecimento de novas culturas e conhecimento de
tecnologias aplicadas no exterior.” Já a aluna que chamaremos de B, de 24 anos, moradora do
Rio de Janeiro, no 8º período de engenharia escreveu, “porque eu queria aproveitar ao máximo
todas as oportunidades que o CEFET tem para oferecer aos alunos. Porque eu desejava ter
uma experiência diferente, que me levasse ao crescimento pessoal e profissional.”
Podemos perceber que os alunos de início têm uma preocupação com as
oportunidades oferecidas e com o conhecimento de novas culturas. Esses recortes deram uma
primeira contribuição sobre a importância do intercâmbio na vida do aluno.
Uma outra questão focou nas consequências acadêmicas e profissionais do
intercâmbio. Esperando que os intercambistas respondessem que uma experiência no exterior
iria contribuir significativamente para sua formação acadêmica, obtivemos alguns resultados
interessantes e diversificados. O aluno A disse, ”O intercâmbio me ajudou a conseguir a minha
vaga de estágio e me deu muito mais maturidade em lidar com a vida”. Já a aluna B alegou que
“o intercâmbio abre muitas portas, ainda mais por ter sido fruto da faculdade. Não foi pra
aprender outra língua, mas sim pra aprender mais sobre a minha profissão. Então acredito que
26
isso conte bastante”. Enquanto uma outra aluna, que chamaremos de C, moradora também do
Rio de Janeiro, 23 anos, disse que na “vida profissional, vejo que as empresas dão bastante
importância ao intercâmbio e esse é um diferencial que posso ter no meu currículo. Quanto à
vida acadêmica, pude ver o ensino numa excelente Universidade, a infraestrutura e pude
agregar conhecimento e experiência para meu currículo acadêmico, além das experiências
pessoais que contam para todas as áreas”.
Os alunos entrevistados apresentaram uma consciência crítica sobre as consequências
acadêmicas e profissionais do intercâmbio.
A última pergunta focava na importância do conhecimento de inglês para participação
no processo seletivo. Algumas respostas dadas foram além da necessidade do conhecimento
do idioma para atender às aulas. Trataram de assuntos relacionados à interação com pessoas
de outros países. O objetivo era aferir que o conhecimento de uma língua estrangeira - inglês -
é essencial para galgar a uma vaga de intercâmbio, além de o inglês ser a língua da
globalização, a língua do capitalismo, enfim, a língua acadêmica internacional.
Considerando a mesma perspectiva, o aluno A disse “Para o tempo que passei lá foi
importante, pois estava em contato com estudantes de toda Europa e o método mais fácil pra
me comunicar com estudantes que não eram latinos (poloneses, por exemplo) era através do
inglês”. Podemos perceber que o conhecimento da língua estrangeira foi essencial para
proporcionar condições de interação com pessoas de diferentes nacionalidades. O aluno
conseguiu expandir seus contatos devido ao conhecimento do inglês. Ele teve mais
oportunidades de conhecer mais pessoas, não só latinas.
Já a aluna B relatou que “o inglês se mostrou muito importante durante o curso da
FEUP, uma vez que algumas aulas eram dadas em inglês, além de materiais também nessa
língua.” No entanto, como ela foi para Portugal, dentro do país não houve a necessidade de
falar outra língua, que não português. Mas em viagens para outros países, o inglês foi
importante na comunicação. A língua inglesa, nesse relato, tem uma importância tanto para o
curso que ela realizou quanto para comunicação. Assim como o aluno A, a aluna B teve a
necessidade de conhecimento do idioma para usá-lo em países não-lusófonos pela Europa.
27
A aluna C, por sua vez, destacou que quando ela participou do processo seletivo não
fez prova de inglês, pois iria estudar em Portugal e a primeira seleção feita na instituição não
contemplava o idioma. Entretanto, estando lá, percebeu a importância desse idioma, visto que
há muitos intercambistas de outros países e o inglês é a forma de se comunicar e interagir com
eles. Além disso, ela participou de algumas disciplinas ministradas em inglês. E que, também
para viajar para outros países, ter domínio de inglês era essencial para a comunicação nos
lugares visitados. Percebemos que mesmo que os alunos A, B e C tenham participado de
programa de intercâmbio em Portugal, houve a necessidade do conhecimento prévio do idioma
devido à existência de algumas disciplinas ministradas em inglês. Percebemos também que o
inglês foi necessário para comunicação e interação durante as viagens a outros países.
Uma resposta bem interessante foi a de outro intercambista, nomeado como aluno D,
que disse que “O inglês na Europa é vital, pois existem muitos estudantes estrangeiros e a
língua de comunicação é o inglês.”
É possível afirmar que a língua inglesa vem se consolidando como a língua acadêmica
internacionalmente reconhecida. Nessa pesquisa, todos os candidatos apontaram que o
conhecimento de inglês é imprescindível em algum momento, seja durante o processo, seja
durante as aulas ou até mesmo durante viagens por outros países após o intercâmbio. A base
da comunicação é a linguagem humana nas múltiplas línguas que os seres humanos falam ao
redor do mundo. (NORTE, 2005, p.25). E, como pudemos destacar das declarações, o
desempenho no intercâmbio está diretamente ligado ao conhecimento de uma língua
estrangeira, no caso a língua inglesa, que é a língua da mídia, do comércio, da cultura, da
política, da comunicação e da globalização.
Cada vez mais, nota-se que a aprendizagem de inglês não é mais um diferencial, é
essencial no mercado hoje. É necessário, portanto, criar condições de aprendizagem dessa
língua a fim de possibilitar a inserção e manutenção de mais pessoas do mercado de trabalho.
Este estudo, portanto, postula que a Língua Inglesa foi e é importante no processo de
intercâmbio acadêmico como mediadora do processo comunicativo.
28
A aluna, identificada como E, que respondeu ao segundo questionário, informou que o
conhecimento do idioma inglês foi fundamental, visto que se ela não soubesse nada de inglês,
jamais conseguiria entender as aulas na universidade, ou até mesmo entrar no país, uma vez
que passou pela alfândega na cidade de Atlanta, onde poucas pessoas falam idiomas latinos,
caso ela tivesse a necessidade de arriscar um “portunhol”.
Em situações reais, do cotidiano, como ela relatou, “é o inglês que ajuda a sentar à
mesa de um restaurante e pedir algo no cardápio, entender as aulas, estudar pelos livros da
faculdade, participar de grupos de estudos com os outros alunos e realmente se comunicar.
Mesmo considerando que existam diversos sotaques, no fundo, fazendo um esforço, é sempre
mais fácil de entender quando se tem uma noção do idioma.”.
Em relação ao que a aluna E espera daqui para frente após o intercâmbio, ela
esclareceu que “o intercâmbio em si já foi uma experiência muito válida.” Segundo ela, pôde
exercitar a paciência de conviver com os outros brasileiros que, com o intercâmbio,
compartilharam a residência no exterior com ela, além de como saber se comunicar ou viajar
por lá. A experiência dela após o intercâmbio contribuiu significativamente para um
amadurecimento de sua personalidade, visto que teve que aprender a conviver com diferentes
pessoas ao redor do mundo. O intercâmbio a motivou em continuar os estudos de idiomas,
aguçando a vontade de aprender outras línguas, como o espanhol, italiano e francês, embora
consciente dos benefícios de dominar a língua inglesa.
29
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa é hora de aprimorar o que se aprendeu de inglês e fazer um intercâmbio. O inglês
é a língua acadêmica, é a língua dos negócios e, portanto, a língua do mundo. E o aluno que
está matriculado em uma universidade brasileira no momento, e domina esse idioma, está no
lugar certo, na hora certa.
O CEFET/RJ, alvo desta pesquisa, em seus quase cem anos de história, conta agora
com as melhores oportunidades de mobilidade acadêmica internacional, na mesma medida em
que as outras universidades federais brasileiras.
O governo amplia as oportunidades de intercâmbio acadêmico, divulgando que em
quatro anos ofertará 101 000 bolsas de estudo, distribuídas entre os estudantes de graduação
e de doutorado, em áreas prioritárias para o desenvolvimento do país.
O Programa Ciência sem Fronteiras insere-se em um importante processo de
internacionalização das práticas universitárias. O foco é o investimento no estudante de nível
superior para gerar expertise que mais tarde trará implicações no profissional e na continuação
acadêmica do estudante ao retornar ao País. Os programas de mestrado não estão
contemplados pelo CsF por já haver uma política de incremento a esses no país. O governo
trouxe para si a tarefa de motivar a formação do jovem de forma a incentivar o aumento de
doutores na Academia.
O financiamento governamental para os estudos no exterior tem se mostrado bem
vantajoso para o aluno. Tome-se como exemplo o edital 123/ 2012, de graduação-sanduíche
para realização de estudos e estágios no Reino Unido, onde o estudante ficará por um período
de até doze meses, podendo haver acréscimo de até 6 meses para estudo linguístico. As taxas
escolares são de responsabilidade da CAPES e do CNPq, órgãos governamentais
responsáveis pelo Programa Ciências Sem Fronteiras. O estudante ainda recebe benefícios
estipulados pelo programa, de acordo com o país a que se destina. O quadro a seguir
apresenta os valores recebidos para estudos no Reino Unido de acordo com o edital citado.
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Bolsa mensal Auxílio-
instalação
Seguro-Saúde
mensal Passagem
Auxílio Material
Didático (compra de
tablet ou notebook)
416 libras
(valor adicional
para os
estudantes em
Londres)
1.300 libras
50 libras
Passagem aérea
(ida e volta) em
classe econômica
1 000 libras
Do estudante, é exigido conhecimento suficiente do idioma para o desenvolvimento das
atividades na instituição de destino, comprovado por teste de proficiência (no caso do Reino
Unido, TOEFL e IELTS, com rendimento 79 e 5,5, respectivamente) e declaração de
compromisso de permanecer no Brasil pelo mesmo número de meses de concessão da bolsa
Graduação-Sanduíche. À universidade, cabe homologar a decisão do órgão financiador,
confirmando a aptidão do estudante, conforme seus critérios de excelência.
A mobilidade acadêmica no ensino superior é uma forma de prover acesso a outras e
novas visões, outras perspectivas. Na era da globalização, não é possível mais isolar-se. A
cooperação internacional é uma necessidade para todo ensino superior em todas as
universidades. Nenhuma instituição, por mais excelente que seja, detém o domínio sobre
determinada área; é necessário dialogar, interagir, co-construir. O conhecimento é a palavra do
mundo contemporâneo, uma vez que o saber passa a ter valor econômico e vem se
caracterizando como mercadoria cara de acesso a poucos.
Propiciar formas de apoio à internacionalização do ensino superior a nível de graduação
se torna cada vez mais importante, ainda que tal prática tenha sido até aqui quase que uma
conquista dos já ingressos nos cursos de pós-graduação ou daqueles incluídos no campo da
pesquisa. O eixo do Ensino na graduação deverá passar a se desenvolver em um contexto
mundializado de áreas de conhecimento. Isso levanta a questão, no contexto da universidade,
da criação de mais um eixo – além do Ensino, Pesquisa e Extensão: a Internacionalização.
31
A internacionalização deve propiciar a alunos e professores a participarem dos
programas de complementação, aperfeiçoamento e estágios em centros de ensino e pesquisa
no exterior. As assessorias de assuntos internacionais nas universidades buscam estimular e
ampliar a participação do corpo docente e discente em programas de mobilidade internacional,
de forma a aumentar as oportunidades de intercâmbio, seja por meio de programas subsidiados
pelo governo, seja através de acordos particulares de cooperação com instituições no exterior.
O atual momento da globalização faz com que nos mantenhamos atualizados.
“Podemos afirmar que neste novo milênio [...] predominará o conhecimento como fonte de
sabedoria e sobreviverá tendo como pressuposto um novo paradigma, marcado pela incerteza
e pela dúvida como verdades estabelecidas” (KULLOK, 2000, p.20). Romper os muros da
Universidade proporcionará avanços significativos, como incorporar novas visões provenientes
de professores visitantes, acolher estudantes estrangeiros e interagir com eles e estudar
experiências que ilustram formas de aplicação dos currículos em outros países. Deve-se
estimular a participação de toda comunidade acadêmica na mobilidade internacional.
No que se refere a este trabalho, vale ressaltar a importância da língua inglesa para a
comunicação entre os pares, a comunicação entre os povos do planeta, e a propagação dos
resultados da comunicação.
O inglês hoje já não é mais apenas a língua da Inglaterra ou dos Estados Unidos. A
hegemonia que tornou esses dois países capazes de difundir a língua de seus habitantes como
o idioma por meio do qual a dificuldade da comunicação se desfaz, e pelo qual o mundo busca
se conhecer e divulgar o conhecimento acumulado, com certeza, será um dia superada, assim
como os detentores de outras línguas-francas (como o latim e o francês, por exemplo)
perderam sua força. Ainda assim, o patamar linguístico-comunicativo atingido pelo inglês em
nossa época será, por um bom tempo, a base do processo de internacionalização do saber.
32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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33
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34
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ZICMAN, Renée. [org.] Internacionalizando a Universidade. São Paulo: EDUC, 2007.
35
ANEXO I
QUESTIONÁRIO SOBRE INTERCÂMBIO6
Bom dia, caros intercambistas.
Estamos realizando uma pesquisa com os intercambistas do CEFET/RJ a fim de buscar
dados e informações sobre a importância do intercâmbio na vida acadêmica dos nossos
estudantes, para podermos, então, ajustar o departamento de cooperação internacional
(DCCIT).
Nome Completo: ______________________________
Data de Nascimento: ___________________________
Local de Residência: ___________________________
Curso: ________________________
Período em que estava na faculdade na época do Intercâmbio: _________
País onde fez o intercâmbio: ______________
Conhecimentos sobre Idiomas:
Inglês ( )Básico ( ) Intermediário ( )Avançado ( ) Fluente
Espanhol ( )Básico ( ) Intermediário ( )Avançado ( ) Fluente
Alemão ( )Básico ( ) Intermediário ( )Avançado ( ) Fluente
Francês ( )Básico ( ) Intermediário ( )Avançado ( ) Fluente
Italiano ( )Básico ( ) Intermediário ( )Avançado ( ) Fluente
Outro
Se você respondeu "outros" na questão anterior, qual é o idioma e o nível de
conhecimento? ____________________
Por que você decidiu fazer um intercâmbio?
_______________________________________________________________
Qual é a importância do intercâmbio hoje na sua vida profissional e/ou acadêmica?
________________________________________________________________
Descreva a importância do inglês para conseguir a vaga e o tempo em que você passou
no país.
______________________________________________________________________
____________________________________________________________________
6 O questionário acima aplicado foi elaborado pelo responsável da pesquisa, logo a DCCIT não tem nenhuma
responsabilidade do conteúdo do mesmo.
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ANEXO II
Entrevista – Aluno A
Nome Completo: Aluno A
Idade: 26 anos
Curso: Engenharia Civil
Período: 6º
Conhecimento de inglês: Intermediário
Por que você decidiu fazer um intercâmbio?
Conhecimento de novas culturas e conhecimento de tecnologias aplicadas no exterior.
Qual é a importância do intercâmbio hoje na sua vida profissional e/ou acadêmica?
O intercâmbio me ajudou a conseguir a minha vaga de estágio e me deu muito mais
maturidade em lidar com a vida.
Descreva a importância do inglês para conseguir a vaga e o tempo em que você passou
no país.
Importância para conseguir a vaga não teve, pois não fiz prova nem nada de língua inglesa.
Para o tempo que passei lá foi importante, pois estava em contato com estudantes.
País do Intercâmbio:
Portugal
37
ANEXO III
Entrevista – Aluna B
Nome Completo: Aluna B
Idade: 24 anos
Curso: Engenharia de Produção
Período: 8º
Conhecimento de inglês: Intermediário
Por que você decidiu fazer um intercâmbio?
Porque eu queria aproveitar ao máximo todas as oportunidades que o CEFET tem para
oferecer aos alunos. Porque eu desejava ter uma experiência diferente, que me levasse ao
crescimento pessoal e profissional.
Qual é a importância do intercâmbio hoje na sua vida profissional e/ou acadêmica?
O intercâmbio abre muitas portas, ainda mais por ter sido fruto da faculdade. Não foi pra
aprender outra língua, mas sim pra aprender mais sobre a minha profissão. Então acredito que
isso conte bastante.
Descreva a importância do inglês para conseguir a vaga e o tempo em que você passou
no país.
Para conseguir a vaga, na ocasião em que fiz o processo seletivo, não havia necessidade de
ter nenhum conhecimento em inglês.
País do Intercâmbio:
Portugal
38
ANEXO IV
Entrevista – Aluna C
Nome Completo: Aluna C
Idade: 23 anos
Curso: Engenharia de Produção
Período: 8º e 9º
Conhecimento de inglês: Avançado
Por que você decidiu fazer um intercâmbio?
Porque era uma oportunidade de estudar numa Universidade fora do país com apoio da
faculdade aqui e poder vivenciar essa experiência fora do país.
Qual é a importância do intercâmbio hoje na sua vida profissional e/ou acadêmica?
Na vida profissional, vejo que as empresas dão bastante importância ao intercâmbio e esse é
um diferencial que posso ter no meu currículo. Quanto à vida acadêmica, pude ver o ensino
numa excelente Universidade, a infraestrutura e pude agregar conhecimento e experiência
para meu currículo acadêmico, além das experiências pessoais que contam para todas as
áreas.
Descreva a importância do inglês para conseguir a vaga e o tempo em que você passou
no país.
Quando participei do processo seletivo não fiz prova de inglês, mas estando lá percebi a
importância desse idioma, visto que há muitos intercambistas de outros países e o inglês é a
forma de comunicarmos com eles, além disso, tive algumas disciplinas ministradas em inglês.
E também, para viajarmos para outros países ter inglês era essencial para a comunicação nos
lugares.
País do Intercâmbio:
Portugal
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ANEXO V
Entrevista – Aluno D
Nome Completo: Aluno D
Idade: 24 anos
Curso: Engenharia de Produção
Período: 9º
Conhecimento de inglês: Avançado
Por que você decidiu fazer um intercâmbio?
Porque seria uma oportunidade de conhecer novas culturas, morar sozinhos e enfrentar
desafios diferentes, tanto para o crescimento pessoal como profissional.
Qual é a importância do intercâmbio hoje na sua vida profissional e/ou acadêmica?
Uma maior vivência e experiências que engrandeceram a vida pessoal e também o currículo.
Descreva a importância do inglês para conseguir a vaga e o tempo em que você passou
no país.
O inglês na Europa é vital, pois existem muitos estudantes estrangeiros e a língua de
comunicação é o inglês. As aulas são ministradas em inglês, fora isso nas viagens para os
demais países também é necessário.
Já o alemão serviu muito mais para falar com os próprios alemães ou com autoridades locais
(prefeitura, locatário do aluguel, etc.) ou comprar em lojas etc.
País do Intercâmbio:
Alemanha
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ANEXO VI
Entrevista 2 – Aluna E
Nome Completo: Aluna E
1- Qual foi a importância da Língua Inglesa no processo de intercâmbio?
Fundamental. Se não tivesse noção alguma de como me comunicar em inglês, jamais conseguiria entender as aulas da faculdade ou, até mesmo, entrar no país, visto que passei pela alfândega em Atlanta e, diferente de Miami, não tem muitas pessoas que falam Espanhol e poderiam me ajudar, caso eu fosse arriscar algum "portunhol".
É o inglês que nos ajuda a sentar-se à mesa de um restaurante e pedir alguma coisa, entender as aulas, estudar pelos livros da faculdade, participar de grupos de estudos com os outros alunos e nos comunicarmos mesmo. Por mais que existam diversos sotaques (assim como na língua portuguesa), no fundo, fazendo um esforcinho, é sempre mais fácil de entender quando se tem uma noção do idioma.
2- O que você espera daqui pra frente após o intercâmbio?
O intercâmbio em si já foi uma experiência muito válida. Com ele exercitei muito mais a paciência e a força de vontade do que qualquer outra coisa. Seja em relação à convivência com os outros brasileiros que moraram comigo, ou até mesmo, em como saber me comunicar ou viajar por lá. Após o intercâmbio, com certeza, estou mais tolerante a certas falhas minhas (e das outras pessoas), além de mais independente. Meu intercâmbio terminou em Fevereiro/2011 e, de lá pra cá, comecei o curso de espanhol e pretendo, ainda este ano, aprender Italiano ou francês.