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COOPERAO BRASIL-ITALIA EM SANEAMENTO AMBIENTAL MINISTERIO DAS CIDADES SECRETARIA NACIONAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL PROGRAMA DE MODERNIZAO DO SETOR SANEAMENTO HYDROAID- ESCOLA INTERNACIONAL DA GUA PARA O DESENVOLVIMENTO

DIAGNSTICO DO SANEAMENTO AMBIENTAL DE UBERLNDIA

ALIRIO COROMOTO DABOIN MALDONADOORIENTADOR: Prof. Dr. Luiz Nishiyama

BRASILIA 2006

ALIRIO COROMOTO DABOIN MALDONADO

DIAGNSTICO DO SANEAMENTO AMBIENTAL DE UBERLNDIA

Monografia

apresentada

comisso

organizadora da Cooperao Tcnica BrasilItalia, como requisito para aprovao no Curso Gesto Integrada das guas e dos Resduos na Cidade. Orientador: Prof. Dr.Luiz Nishiyama

Braslia 2006

Aos meus pais Lorenzo e Lucia,com amor. A minha irm Luz Marina e Famlia,com carinho. Aos meus filhos, Patrcia, Vladimir e Amanda, como exemplo. Romana, pela pacincia e estimulo.

AGRADECIMENTOS Deus meu guia espiritual. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministrio das Cidades, que por meio do Programa de Modernizao do Setor Saneamento-PMSS permitiu a realizao do Curso Gesto Integrada das guas e dos Resduos na Cidade. Comisso Organizadora do Curso Gesto Integrada das guas e dos Resduos na Cidade. Equipe de Professores do Curso que com seus conhecimentos, Pacincia, e Dedicao Possibilitaram a elaborao deste trabalho. Aos Diretores Sr. Marcos Helano Montenegro e Sra Rosella Monti que em nome da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental e da HYDROAID, respectivamente , facilitaram o convenio de cooperao tcnica Brasil-Itlia. Ao Sr Abelardo de Oliveira Filho, Secretario da SNSA/ Ministrio das Cidades. Aos Srs Giuseppe Genon e Marco Antonio Almeida de Souza, Coordenadores TcnicoPedaggicos do Curso, respectivamente, Itlia-Brasil. Ao Sr Ernani Ciriaco de Miranda, Coordenador da Unidade de Gerenciamento do ProgramaUGP/PMSS. Aos Funcionrios e Tcnicos do PMSS-Ministrio das Cidades. Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Nishiyama do Instituto de Geografia da UFU, que colaborou com seus conhecimentos para a elaborao deste trabalho. Aos meus colegas do Curso com os quais aprendi que o simples pode ser complexo e o complexo pode ser simples. Ao Eng Rubens de Freitas , atual Diretor do DMAE, pelas informaes. A Limpebras Engenharia Ambiental Ltda, especialmente ao Eng Luciano de Lima Banzatto, pelo atendimento e as informaes. Ao Eng. Jos Franklin Moreira, da Secretaria de Obras , da Prefeitura de Uberlndia , pelas Informaes. Ao estudante do Quinto ano de Psicologia da UFU, Francieli Nunes Rosa , pela colaborao. Aos meus pais Lorenzo e Lucia, Minha irm Luz Marina, meu cunhado Maestry, pelo apoio. todos aqueles que de uma forma ou de outra possibilitaram a concluso deste objetivo. Ao Caiapnia Instituto de Saneamento Ambiental, CISAM.Perante o qual pude fazer este curso. todos aqueles que, direta ou indiretamente, me auxiliaram para a realizao deste trabalho.

O saneamento brasileiro marcado por uma viso extremamente segmentada, este optou por organizar os servios de gua e de esgotamento sanitrio separadamente dos servios de drenagem de guas pluviais. Na cabea de nossos profissionais, o esgoto est num tubo e a gua da chuva est em outro. Na prtica, o que acontece na maioria das vezes que os dois esto no mesmo tubo, mesmo quando existem dois sistemas separados. Marcos Helano Montenegro. Ministrio das Cidades-2006

ResumoO objetivo principal deste trabalho consiste em realizar o Diagnstico do Saneamento Ambiental na cidade de Uberlndia, que atualmente conta com uma populao de em torno 621.000 Habitantes, (Instituto de Pesquisas Econmico da Universidade Federal de Uberlndia IPEUFU). O conceito do Saneamento Ambiental integrado visa alcanar nveis crescentes de salubridade ambiental, ao analisar os seguintes objetivos especficos: 1- O Diagnstico do Sistema de Abastecimento de gua; 2- O Diagnstico do Sistema de Esgotamento Sanitrio; 3- O Diagnstico do Manejo de Resduos Slidos Urbanos; 4- O Diagnstico do Manejo das guas Pluviais Urbanas; 5- O Diagnstico do uso e ocupao do solo. O Diagnstico municipal, aqui apresentado, visa encontrar caminhos para o desenvolvimento sustentvel da cidade e enfrentar os desafios associados ao uso e ocupao do solo e a preservao e melhoria da qualidade dos cursos de gua que cruzam a cidade - o rio Uberabinha, seus afluentes e as nascentes urbanas - fazendo a interface com a gesto dos resduos slidos. Atravs desses desafios conhecidos ser possvel desenvolver aes para criar: 1- A Poltica Integrada do Saneamento Ambiental do Municpio; 2- Indicadores que sirvam de parmetros de referncia para medir a eficincia e eficcia dos sistemas de saneamento ambiental analisados. O conjunto de informaes contidas neste trabalho foi obtido via pesquisa bibliogrfica no SNIS, PNSB, IBGE, PDGE-DMAE e entrevistas com diretores e tcnicos dos diversos sistemas, Prefeitura Municipal e outros. Em referncia ao SAA cidade esta perto da universalizao; o sistema operacional deve caminhar junto com o sistema da qualidade procurando a gesto por processos e a melhoria contnua para reduzir custos e perdas de gua em total mdia de 45%. A rede de gua tem que ser cadastrada em 100%, de forma integrada com a de esgoto e guas pluviais. No sistema de esgotamento sanitrio nota-se que existem problemas na ETE UBERABINHA: vazo alta durante as chuvas; esgoto sem tratamento; eficincia baixa do processo; efluentes industriais associados a efluentes domsticos; carncia de treinamento operacional; desperdcio do lodo e o biogs produzidos. Segundo Chernicharo (2006) estes subprodutos representam uma alternativa para reduzir custos operacionais.A poltica Tarifria deve ser democrtica e transparente convidando a populao a ser representada no Conselho das guas que deve ser criado e regulamentado. O planejamento Integrado da Drenagem Urbana do municpio de Uberlndia deve ser atualizado com as melhores tcnicas de manejo para o controle qualitativo e quantitativo das guas pluviais. A coleta de lixo precisa ser melhorada nos lugares distantes do centro da cidade principalmente nos bairros populares, necessrio realizar tambm uma campanha educativa para conscientizar a populao. A freqncia da varrio e capina deve ser aumentada. Quanto aos resduos gerados na construo civil, que so em mdia 150 ton/dia, ressente-se da necessidade de se implantar uma Usina de Triagem e Reciclagem do Entulho a qual possibilitar a fabricao de outros produtos e ordenar legalmente estes resduos que prejudicam os sistemas de drenagem urbana e esgotamento sanitrio. A coleta seletiva esta crescendo, porm os catadores esto desorganizados individualmente. Cabe Prefeitura Municipal implementar polticas de valorizao social para retir-los da excluso. Em sntese a elaborao deste diagnstico possibilitou conhecer melhor o sistema de SANEAMENTO AMBIENTAL de Uberlndia e os desafios apresentados neste trabalho permitiro a elaborao de um PLANO INTEGRADO DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Ainda, os caminhos apontados neste trabalho visam contribuir com o aprofundamento da elaborao de

um PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO. Palavras chaves: Diagnstico do Saneamento Ambiental; Uberlndia; Sistema de abastecimento de gua; Sistema de esgotamento sanitrio; Resduos slidos; guas pluviais; Uso e ocupao do solo.

Abstract The main goal of this paper consists in accomplishing the Environmental Sanitation Diagnostic in Uberlndia city, which has now a population of about 621.000 inhabitants, (Economical Institute of Research of Federal University of Uberlndia IPEUFU). The concept of Integrated Environmental Sanitation aims to reach increasing levels of environmental salubrity when analyzing the following specific objectives: 1- The Diagnostic of the Water Supply system; 2- The Diagnostic of the Sanitary Sewer system; 3- The Diagnostic of the Urban Solid Residues Management; 4- The Diagnostic of the Urban Pluvial Waters Management; 5- The Diagnostic of the Soil use and Occupation. The municipal diagnostic here presented aims to find ways to the maintainable development of the city and face the challenges related to the soil use and occupation and the preservation and improvement of the quality of the surface waters that cross the city- Uberabinha river and its affluents and the urban nascents- doing an interface with the urban solid residues management. Through these well known challenges it will be possible to develop actions in order to create: 3- An Integrated Politic of the Municipal Environmental Sanitation; 4- Indicators that work as reference parameters to measure the efficiency and effectiveness of the Environmental Sanitation Systems analyzed. The information presented in this paper was obtained through bibliographical research in SNIS, PNSB, IBGE, PDGE-DMAE and from interviews with directors and technicians from the several systems, City Hall and others. In reference to SAA the city is near a universalization; the operating system must walk together with the quality system aiming an administration through processes and a continuing improvement to reduce costs and water waste in a total average of 45%. The water supply network must be registered in 100%, in an integrated way with the sewer and pluvial waters network. In the Sanitary sewer system, problems have been identified in ETE UBERABINHA: high flow during the rain, no sewer treatment; a lack of operational training; mud waste and the biogas produced. According to Chernicharo (2006) these by-products represent an alternative to reduce operational costs. The tariff politics must be democratic and transparent inviting the population to be represented in the water council that must be created and regulated. An integrated planning of Urban Drainage of Uberlndia city must be updated with the best techniques of management in order to have a quality and quantitative control of the pluvial waters. The garbage collection must be improved in the distant places from the center of the city mainly in the simple neighborhoods. There is also a need to accomplish an education campaign to make people aware. The frequency of sweeping and weeding must be increased. In relation to the waste from civil construction, which is in average 150 ton/day, it shows the needs of implanting an Industry of waste selection and recycling which will enable a production of other products and will order legally these waste that are harming the urban drainage and sewer sanitary systems. The selective collection is increasing, although the garbage collectors are individually disorganized. It is the City Halls responsibility to implement social valorization politics to take them out of exclusion. To sum up, the accomplishment of this diagnostic enabled to get to know better the Environmental Sanitation of Uberlndia and the challenges presented in this paper will allow the accomplishment of an Integrated Plan of Environmental Sanitation.Still, the ways pointed out in this paper aim to contribute to the development of a

Participative Director Plan. Key words: Diagnostic of Environmental Sanitation; Uberlndia; Water Supply system; Sanitary Sewer system; Solid residues, pluvial water; Soil use and occupation.

]

LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 Figura 2.1 Figura 2.2 Figura 2.3 Figura 2.4 Figura 2.5 Figura 2.6 Figura 2.7 Figura 2.8 Figura 4.1 Figura 4.2 Figura 4.3 Figura 4.4 Figura 4.5 Figura 4.6 Figura 4.7 Figura 4.8 Figura 4.9 Investimentos no Setor Saneamento de 1999-2006............. Mostra os limites de Uberlndia estabelecidos em 1938..... Mapa de So Pedro de Uberabinha..................................... Localizao de Uberlndia no Brasil................................... Rio Uberabinha................................................................... Lago da Usina Hidroeltrica de Miranda no Rio Araguari. Sub bacias hidrogrficas da rea urbana de Uberlndia...... Precipitao anual no perodo 1981-2002........................... Precipitao media mensal no perodo 1981-2002.............. Interao entre os sistemas................................................. Ciclo Hidrolgico................................................................ Drenagem de solos hidromrficos na bacia do rio Uberabinha...................................................................... Atividades na bacia , uso da terra e cobertura vegetal......... gua distribuda per capta em 1989 e 2000 ...................... Volume de gua distribudo /dia sem tratamento ............... gua distribuda sem tratamento e com tratamento ........... Tipos de tratamento por regio............................................ Servios de esgotamento sanitrio nos municpios ............23 29 30 33 36 37 37 39 40 45 47

48 50 58 59 60 61 64

Figura 4.10 Drenagem urbana nos municpios...................................... Figura 4.11 Instrumentos reguladores de Drenagem urbana.................. Figura 4.12 Tipo de rede coletora por municpios.................................. Figura 4.13 Tipos de lanamentos na rede de drenagem........................ Figura 5.1 Figura 5.2 Figura 5.3 Figura 5.4 Figura 5.5 Figura 5.6 Figura 5.7 Figura 5.8 Figura 5.9 Sede do DMAE.................................................................... Rio Uberabinha.................................................................... Reservatrio de gua do Bairro Alvorada............................ Ribeiro Bom Jardim ........................................................... ETA Bom Jardim ................................................................. Drenagem do solo no alto curso do rio Uberabinha ............ Ferrovia sobre a represa de Sucupira .................................. Peixes no rio Uberabinha..................................................... Lixo e esgoto no crrego Buritizinho...................................

68 69 70 71 72 73 76 77 79 81 82 83 84 84 85 85 88 89 91 94

Figura 5.10 Desvio e degradao do crrego Buritizinho ...................... Figura 5.11 Programa de educao ambiental, Escola gua Cidad ...... Figura 5.12 Programa Escola gua Cidad........................................... Figura 5.13 Treinamento de operadores ................................................ Figura 5.14 Ponto de Controle da Qualidade da gua .......................... Figura 5.15 Vazamento de gua nas ruas .............................................. Figura 5.16 Preliminar e Reator Anaerbio da ETE Aclimao.............

Figura 5.17 Sada do Reator Anaerbio, Flotao.................................. Figura 5.18 Emissrio de esgoto da ETE Uberabinha............................ Figura 5.19 Interceptores de esgoto da ETE Uberabinha ...................... Figura 5.20 Maquete da ETE Uberabinha ............................................ Figura 5.21 Fluxograma da ETE Aclimao......................................... Figura 5.22 Secagem trmica de lodo anaerbio com biogs ............... Figura 5.23 Extravasamento de esgoto na rua ....................................... Figura 5.24 Despejo de esgoto sem tratar ao rio Uberabinha............... Figura 5.25 rea central atual de Uberlndia......................................... Figura 5.26 Reatores da ETE Uberabinha.............................................. Figura 6.1 Figura 6.2 Figura 6.3 Figura 6.4 Figura 6.5 Figura 7.1 Figura 7.2 Figura 7.3 Figura 7.4 Figura 7.5 Figura 7.6 Eroso do Crrego por RCCD............................................. Sarjeta Entupida por resduos slidos.................................. Recapeamento aps as chuvas............................................. Galeria de guas pluviais na Av MCO................................ Lagoa de Conteno no Bairro Morumbi............................ Evoluo da destinao final de resduos slidos no Brasil Unidade de reciclagem........................................................ Unidades compradoras de material reciclado..................... Resduos da construo civil na rua.................................... Central de Entulho.............................................................. Entulho misturado com lixo no Bairro Morumbi...............

95 95 96 96 97 99 101 101 103 107 110 113 114 118 120 122 126 103 129 129 130

Figura 7.7 Figura 7.8 Figura 7.9

Central de entulho do Bairro Morumbi............................. Disposio de Sucata .......................................................... Disposio de ferro velho em passeios da Av MCO...........

130 131 131

LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 Distncia de Uberlndia at os Distritos................................... Tabela 4.1 Uso da terra no alto curso da bacia do rio Uberabinha ............ Tabela 4.2 Municpios abastecidos com gua nvel Brasil......................... Tabela 4.3 Domiclios atendidos com gua por regio, nvel Brasil ......... Tabela 4.4 Domiclios e economias abastecidas por habitante/municpio. Tabela 4.5 gua distribuda per capta por regio/ Brasil........................... Tabela 4.6 Servios de Esgotamento Sanitrio nos Municpios,1989,2000 Tabela 4.7 Proporo de Municpios com Esgotamento Sanitrio/regies Tabela 5.1 Caractersticas do Rio Uberabinha............................................ Tabela 5.2 Caractersticas do Ribeiro Bom Jardim.................................. Tabela 7.1 Estimativa anual das Coletas de RS em Uberlndia................ Tabela 8.1 Populao residente por situao de domiclio,1940-1980.......33 49 56 56 57

59 6366 74 77 133 139

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS SNSA SNIS PNSB IBGE PDGE PNSA ICMS GESPBLICA ETA ETE DMAE EAB EAT PMU RSCC DLU ONG INDERC CORU COPAM Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental Sistema Nacional de Informaes sobre Saneamento Programa Nacional de Saneamento Bsico Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica Plano Diretor de Gesto Estratgica dos Servios de gua e Poltica Nacional de Saneamento Ambiental Imposto de Comercializao de Mercadorias e Servios Programa Nacional de Gesto Pblica e Desburocratizao Estao de Tratamento de gua Estao de Tratamento de Esgoto Departamento Municipal de gua e Esgoto Elevatria de gua Bruta Elevatria de gua Tratada Prefeitura Municipal de Uberlndia Resduos Slidos da Construo Civil Diviso de Limpeza Urbana Organizao No Governamental Instituto de Desenvolvimento Regional do CINTAP Cooperativa de Reciclagem de Uberlndia Conselho Estadual de Poltica Ambiental

DBO DQO PSA CONAMA IBAM GIRS COHAB SFH SEPLAMA FEAM CEPES IPEUFU PEA PDDU PLANASA SUS MC FUNASA ONU

Demanda Bioqumica de Oxignio Demanda Qumica de Oxignio Plano de Saneamento Ambiental Conselho Nacional do Meio Ambiente Instituto Brasileiro de Administrao Municipal Gesto Integrada de Resduos Slidos Companhia Brasileira de Habitao Sistema Financeiro da Habitao Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente Fundao Estadual do Meio Ambiente Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econmico- sociais Instituto de Pesquisa de Economia da Universidade Federal de Uberlndia Populao Economicamente Ativa Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Plano Nacional de Saneamento Sistema nico de Sade Ministrio das Cidades Fundao Nacional da Sade Organizao das Naes Unidas

UFU CODEMA PCQ SISAGUA PDCA COPASA ABNT RAFA PROINFA SIM PNAD PNUD NSS IPTU

Universidade Federal de Uberlndia Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente Ponto de Controle da Qualidade Sistema de Informao de Vigilncia da Qualidade da gua para Consumo Humano Ciclo para Controle de Processos Companhia de Saneamento de Minas Gerais Associao Brasileira de Normas Tcnicas Reator Anaerbio de Fluxo Ascendente Programa de Incentivo as fontes Alternativas de Energia Eltrica Sistema de Informao Municipal Pesquisa Nacional Por Amostras de Domiclios Programa das Naes Unidas Para o Desenvolvimento Ncleo Setorial Saneamento Imposto Predial e Territorial Urbano

SUMRIO ITENS CAPITULO 1 INTRODUO.................................................................. CAPITULO 2 CARACTERIZAO DO MUNICPIO........................ 2.1 Breve Histrico de Uberlndia.............................................................. 2.2 Caractersticas Fsicas do Municpio de Uberlndia............................... 2.2.1 Extenso e rea do Municpio....................................................................... 2.2.2 Distritos do Municpio......................................................................... 2.2.3 Relevo Vegetao e Solo..................................................................... 2.2.4 Altitude................................................................................................ 2.2.5 Hidrografia........................................................................................... 2.2.6 Clima.................................................................................................... CAPITULO 3 CARACTERISTICAS DEMOGRAFICAS, ECONMICAS E SOCIAIS DE UBERLNDIA................................. 3.1- Demografia............................................................................................ 3.2- Economia............................................................................................... 3.3- Populao e Mercado de Trabalho......................................................... 3.4- Educao e rea Social......................................................................... CAPITULO 4 O SANEAMENTO AMBIENTAL E O MANEJO INTEGRADO DAS GUAS E DOS RESDUOS.................................... 4.1 Introduo.............................................................................................. 4.2 gua um Recurso Finito........................................................................ 4.3 O Planejamento Urbano Brasileiro.......................................................... 4.4 Sade e Saneamento Ambiental............................................................. 4.5 Polticas de Saneamento Ambiental....................................................... 4.6 Panorama do Saneamento Ambiental Brasileiro.................................... 4.6.1 Sistema de Abastecimento de gua.................................................... 4.6.2 Sistema de Esgotamento Sanitrio...................................................... 4.6.3 Sistema de Drenagem Urbana............................................................. 4.6.4 Pontos de Lanamentos da Rede de Drenagem Urbana.....................PAGS. 22 28 28 32 33 33 34 35 35 38

41 41 42 42 43

44 44 46 51 53 54 55 55 63 67 70

CAPITULO 5 DIAGNOSTICO DOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA E ESGOTAMENTO SANITRIO DE UBERLNDIA..................................................................................... 5.1 Sistema de Abastecimento de gua e Esgotamento Sanitrio................ 5.2 Diagnstico do Sistema Fsico de Abastecimento de gua................... 5.2.1 Sistema Sucupira-Produo de gua Potvel..................................... 5.2.1.1 Manancial.......................................................................................... 5.2.1.2 Captao............................................................................................ 5.2.1.3 Estao de Tratamento de gua Sucupira........................................ 5.2.1.4 Sistema Distribuidor de gua Tratada-Sucupira.............................. 5.2.2 Sistema Bom Jardim-Produo de gua Potvel................................ 5.2.2.1 Manancial.......................................................................................... 5.2.2.2 Captao............................................................................................ 5.2.2.3 Adutora de gua Bruta..................................................................... 5.2.2.4 Estao de Tratamento de gua Bom Jardim................................... 5.2.2.5 Elevatrias de gua Tratada............................................................. 5.2.2.6 Sistema Distribuidor Bom Jardim..................................................... 5.3 Anlises Crticas do Sistema de Abastecimento de gua de Uberlndia........................................................................................... 5.3.1 Mananciais........................................................................................... 5.3.2 Elevatrias de gua Bruta e Tratada.................................................... 5.3.3 Estaes de Tratamento de gua......................................................... 5.3.4 Rede de Distribuio de gua.............................................................. 5.4 Anlises Crticas dos Sistemas Tcnicos Operacionais.......................... 5.4.1 Controle Operacional do Sistema de Abastecimento de gua............ 5.4.2 Sistema de Produo............................................................................ 5.4.3 Sistema de Distribuio........................................................................ 5.4.4 Controle de Qualidade da gua........................................................... 5.5 Avaliao Crtica do Sistema de Abastecimento de gua, Segundo os Indicadores SNIS....................................................... ..... 5.6 Resultados ou Propostas para o Plano de S A ....................................... 5.7 Diagnstico do Sistema Fsico do Esgotamento Sanitrio...................... 5.7.1 Introduo............................................................................................ 5.7.2 Estaes de Tratamento de Esgoto....................................................... 5.8 Anlise Crtica do Sistema de Esgotamento Sanitrio......................... 5.8.1 Introduo............................................................................................ 5.9 Avaliao do Sistema de Esgotamento Sanitrio, Segundo os Indicadores do SNIS.............................................................................. 5.10 Anlise Crtica dos Sistemas Administrativos do DMAE....................

72 72 74 74 74 75 75 76 77 77 78 78 78 80 80 80 80 85 86 87 87 87 88 88 89 90 93 94 94 96 98 98 100 102

5.10.1 Estrutura Organizacional.................................................................... 5.11 Concluso dos Resultados do Diagnstico-gua de Beber.................. CAPITULO 6 DIAGNSTICO DO SISTEMA DE DRENAGEM URBANA... 6.1 Introduo............................................................................................ 6.2 Obras de Pavimentao........................................................................... 6.3 Tipos de Pavimentos............................................................................... 6.4 Servios de Emergncia.......................................................................... 6.5 Construo de Boca de Lobo.................................................................. 6.6 Construo de Canaletas......................................................................... 6.7 Construo de Sarjetas 6.8 Anlise Crtica do Sistema de Drenagem Urbana.............................. CAPITULO 7 DIAGNSTICO DO SISTEMA DE LIMPEZA URBANA...................................................................................................... 7.1 Introduo.............................................................................................. 7.2 Resduos Slidos..................................................................................... 7.2.1 Classificao e Caractersticas dos RSU.............................................. 7.2.2 Caractersticas dos Resduos Slidos................................................... 7.3 Gesto dos Resduos Slidos.................................................................. 7.3.1 Limpeza Urbana................................................................................... 7.3.2 Coleta Seletiva..................................................................................... 7.3.3 Desafios no Setor................................................................................. 7.3.4 Resduos das Unidades de Sade-Desafios.......................................... 7.3.5 Resduos Industriais- Desafios............................................................. 7.3.6 Resduos da Construo Civil-Desafios............................................... 7.4 Analise Critica do SLU, Segundo Indicadores do SNIS......................... 7.5 Concluso Sobre a Gesto dos Resduos Slidos em Uberlndia.......... CAPITULO 8 HISTRIA DO USO E OCUPAO DO SOLO EM UBERLNDIA ....................................................................... 8.1 Introduo............................................................................................. 8.2 Planos Diretores e Saneamento Ambiental da Cidade.......................... CAPITULO 9 CONCLUSES GERAIS, SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS.............................................................

102 104

110

110 114 114 115 115 116 116 117

121 121 121 122 123 123 124 125 126 127 127 128 132 133

137 137 143

148

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...................................................... ANEXO A.................................................................................................... A1 Resultado de Anlises Microbiolgicas de Lodo Anaerbio................. A2 Aterro Sanitrio......................................................................................

155 158 159 159

CAPITULO 1

INTRODUOO objetivo principal deste trabalho consiste em realizar uma radiografia do Saneamento Ambiental no municpio de Uberlndia-MG, ou seja, o Diagnstico do Saneamento Ambiental da cidade de forma integrada. Este diagnstico possibilitar conhecer melhor a cidade, sua realidade social e, principalmente, as condies atuais de infra-estrutura dos Sistemas do Saneamento Bsico que prestam servios populao do municpio. Segundo Bernardes et al (2006), de um modo geral, o Diagnstico consiste em identificar e caracterizar os diversos problemas, a partir dos sintomas observados, procurando, caso a caso, conhecer as respectivas causas. A identificao destes problemas, bem como sua gravidade e extenso, dever permitir hierarquiz-las de acordo com sua importncia para que, em fase posterior, as prioridades sejam definidas e as supostas intervenes executadas. Este trabalho tem a importncia de estabelecer o cenrio ideal para o planejamento, mediante o conhecimento da situao atual identificada no diagnstico, o que permitir dar respostas ao cenrio futuro, inclusive contribuindo para a elaborao de um Plano de Saneamento Ambiental Integrado e na elaborao do Plano Diretor do Municpio. O planejamento dos servios de saneamento tem como foco agregar valor e proteger, com uma Gesto justa e democrtica, os recursos ambientais do municpio, permitindo sua utilizao econmica e racional em harmonia com o desenvolvimento urbano. Sendo assim, um Plano de Saneamento Ambiental tem que atender aos princpios bsicos fundamentais como: Precauo, Preveno, Usurio-pagador, Eficincia Econmica, uso da melhor tecnologia, Adequabilidade, Eqidade, Transparncia, Participao, Flexibilidade, Solidrio, Global, Exeqvel, Racional e Integrado, em pleno acordo com a sociedade. O conceito do Saneamento Ambiental ao qual se refere este diagnstico possui uma abrangncia que historicamente foi construdo com o objetivo de alcanar nveis crescentes de salubridade ambiental, e o objetivo geral dever ser alcanado ao analisar os seguintes objetivos especficos:

1- O Diagnstico do Sistema de Abastecimento de gua; 2- O Diagnstico do Sistema de Esgotamento Sanitrio; 3- O Diagnstico do Manejo de Resduos Slidos Urbanos; 4- O Diagnstico do Manejo das guas Pluviais Urbanas; 5- O Diagnstico do uso e ocupao do solo.

A metodologia utilizada para este tipo de proposta no trata apenas dos aspectos tcnicos, mas tambm procura realizar as anlises das interfaces do saneamento ambiental de modo a corrigir a necessidade de uma viso integrada do setor saneamento. O Brasil, em funo do seu modelo poltico-econmico, priorizou, em maior grau, os investimentos nos Sistemas de Abastecimento de gua, e em menor grau os Sistemas de Esgotamento Sanitrio, Drenagem Urbana e Manejo dos Resduos Slidos. O governo Lula a partir da criao do Ministrio das Cidades e, mais especificamente, da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental SNSA, retoma os investimentos no setor de Saneamento visando uma poltica ampla democrtica e justa, nos anos 2003, 2004,2005 e 2006 o Ministrio das cidades retomou os investimentos com R$ 5,2 bilhes quebrando com polticas velhas onde o saneamento no era prioridade. Veja investimentos na Figura 1.1, abaixo;

Figura 1.1 Investimentos no setor saneamento de 1999 a 2006, Fonte: Ministrio das Cidades-2006.

O conjunto de informaes contidas neste trabalho foi obtido vias pesquisa bibliogrficas, documentais, experimentais e de campo. Utilizaram-se informaes contidas no SISTEMA NACIONAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL-SNIS, PLANO NACIONAL DE SANEAMENTO BSICO-PNSB, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA-IBGE, PLANO DIRETOR DE GESTO ESTRATGICA DOS SERVIOS DE ABASTECIMENTO DE GUA E ESGOTAMENTO SANITRIO DO MUNICPIO DE UBERLNDIA-PDGE-DMAE, e entrevistas com diretores e tcnicos dos diversos sistemas, Prefeitura Municipal, dentre outros. O Diagnstico realizado compreendeu a descrio, caracterizao e avaliao dos servios a partir de um modelo que verifica os sistemas fsicos, tcnico-operacionais e gerenciais que do suporte aos servios prestados. Os resultados obtidos possibilitaram conhecer os problemas dos sistemas analisados e estabelecer os desafios que contriburam para a sustentabilidade ambiental da cidade, partindo do principio de que a Gesto dos servios de saneamento deve ser pblica e permitir a progressiva universalizao do acesso, garantindo o saneamento a todos os cidados independentemente da sua condio econmica e social, a prestao de servios de qualidade com eficincia; a adoo de tarifas socialmente justas; e a participao da sociedade nas definies relativas ao saneamento ambiental atravs de mecanismos efetivos de controle social (ORLANDO ALVES JUNIOR, 2006) assim como tambm aproximar a populao de Uberlndia a uma relao ldica com a gua; recuperando-se as nascentes urbanas, melhorando a qualidade do Rio Uberabinha, principal manancial da cidade, e transformando-o totalmente em uma rea de lazer, onde os cidados tenham conscincia ambiental para que colaborem com esta nova viso do Saneamento Ambiental Integrado. Atravs desses desafios conhecidos no Diagnstico de Saneamento Ambiental, ser possvel desenvolver aes para criar: 1- A Poltica do Saneamento Ambiental do Municpio; 2- Polticas de Saneamento Ambiental integradas; 3- Indicadores que sirvam de parmetros de referncia para medir a eficincia e eficcia dos processos finais e dos subprocessos. As grandes dificuldades para implementar o Planejamento Integrado no municpio so decorrentes de:

Limitada

capacidade

institucional

para

enfrentar

problemas

complexos

e

interdisciplinares; Gesto municipal organizada sob a forma setorial; Inexistncia de marco institucional e regulatrio para o setor de Saneamento. Para tanto necessrio observar as diretrizes estabelecidas pelo Projeto de Lei 5296/2005, referente ao saneamento ambiental que aps ser aprovado, estabelece como um dos instrumentos da poltica, os Planos de Saneamento Ambiental, segundo o artigo 49. Os Planos de Saneamento Ambiental (PSA) podem ser de mbito nacional, estadual, regional e municipal. A legislao proposta orienta-se pela implementao da promoo institucional da gesto integrada por meio do Plano de Saneamento Ambiental. evidente que deve ser regulamentado este instrumento para implementar os princpios da legislao proposta (MONTENEGRO; TUCCI, 2005). Uberlndia est localizada na poro oeste do estado de Minas Gerais, na regio do Tringulo Mineiro. Caracteriza-se como o maior centro atacadista distribuidor da Amrica Latina, e segundo estimativas, ter uma populao de 1.000.000 de habitantes at o ano 2020. A cidade apresenta uma excelente infra-estrutura de transporte e comunicao, e uma estrutura administrativa ambiental a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, que atualmente se chama SEPLAMA Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente composta por 162 funcionrios, dentre os quais, 22 com nvel superior. Uberlndia tem um conselho ambiental (Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental CODEMA), com carter consultivo e deliberativo, com representao de 50 % da sociedade e que se rene mensalmente. A SEPLAMA tem parcerias com rgos federais, municipais, estaduais e da iniciativa privada, e participa de consrcios intermunicipais sobre a qualidade da gua e recuperao das reas degradadas e de comits de bacias hidrogrficas, mas ainda no foi elaborada a AGENDA 21 local. Tem recebido recursos especficos como ICMS ecolgico, multas, royalties e outras compensaes. Possui legislao ambiental que est inserida na Lei Orgnica do Municpio. O atual Plano Diretor foi revisado, mas de forma no participativa. No possui plano de desenvolvimento urbano, plano diretor de resduos slidos e nem plano diretor de drenagem pluvial urbana; tambm finalmente, no existe plano municipal de saneamento ambiental (IBGE, PERFIL DOS MUNICPIOS BRASILEIROS MEIO AMBIENTE 2002).

H cerca de meio sculo, 80% da populao brasileira concentrava-se na zona rural, e apenas 20% dos brasileiros habitavam as reas urbanas. Hoje, aps um processo migratrio intenso, acentuado pelo forte incremento demogrfico do perodo, o ambiente urbano concentra 82% da populao (Ministrio das Cidades, Gespblica, Ncleo Setorial de Saneamento-2005). Os processos de crescimento populacional urbano verificados em Uberlndia foram os responsveis pelo aumento nas demandas de bens de consumo, gua para abastecimento pblico e privado, bem como pelo aumento na gerao de resduos de diversos tipos, entre eles os resduos provenientes das ETAS e ETES, que contaminam o rio Uberabinha. Uberlndia precisa urgentemente elaborar um Plano de Saneamento Ambiental para fazer a Gesto Integrada das guas e dos resduos na cidade. As cidades brasileiras expressam hoje os efeitos do modelo de desenvolvimento perverso e desigual que foi adotado pelo pas nas ltimas dcadas. A partir da Constituio de 1988 ganha impulso um novo modelo, descentralizando e municipalizando as polticas pblicas e fortalecendo o poder local e procurando corrigir assim, as injustias sociais e econmicas, melhorando a qualidade de vida, resgatando a cidadania e tornando as cidades mais justas, democrticas e sustentveis. Em grande medida, como conseqncia desse processo, a situao de Uberlndia no diferente, uma vez que este modelo de desenvolvimento afetou o abastecimento de gua e gerou grandes problemas ambientais como enchentes, por exemplo: o problema de Drenagem Pluvial dos bairros Morumbi e So Jorge; So Francisco; Joana Darc e das avenidas Rondon Pacheco e Minervina Cndida de Oliveira. Apesar de construda a ETE Uberabinha, esta ainda no trata totalmente o esgoto domstico. Parte deste desviada para o rio Uberabinha, principalmente durante as chuvas, quando a vazo aumenta para em torno de 5000 l/s (PDGEDMAE-2004), valor mximo que o sistema suporta, quando a vazo normal deveria de ser de 1400 l/s. No sistema de abastecimento de gua so contabilizadas perdas que chegam a 35% da gua produzida. O principal manancial de abastecimento pblico de gua - o Rio Uberabinha - est totalmente desprotegido, no existe cadastramento das redes de gua potvel, esgotos sanitrios e guas pluviais. Apesar de grandes investimentos direcionados ao esgotamento sanitrio, ainda persistem problemas no setor operacional da ETE; alm disso, toda a produo de lodo na ETE condicionada no Aterro Sanitrio Municipal. Devido ao seu alto

grau de umidade e teor de matria orgnica, alm de grande volume, torna-se difcil o manejo operacional do aterro e interfere diretamente na sua vida til. A licena operacional do aterro municipal expira no ano 2009, segundo as condicionantes da FEAM. Apesar do uso e ocupao do solo serem controlados por legislao municipal, os interesses econmicos so maiores. Esta situao acaba por influenciar a tomada de decises e incentiva os loteamentos irregulares por parte de grandes grupos imobilirios que, por omisso do poder pblico municipal, define o destino da cidade futura. So inmeros os casos de loteamentos ilegais, dentre estes podem ser citadas zonas de preservao ambiental como Sucupira, onde se localiza a Estao de Tratamento de gua Sucupira, responsvel pelo abastecimento da cidade e as margens das represas de Miranda. As etapas de apresentao nesta Monografia foram: O Capitulo 2 contm a caracterizao do municpio,localizao, hidrografia e clima; No Capitulo 3 apresenta-se as caractersticas demogrficas,econmicas e sociais. No Capitulo 4 foi realizado uma reviso bibliogrfica onde foram abordados, o Saneamento Ambiental e Manejo Integrado das guas e dos Resduos, o Planejamento Urbano Brasileiro, Sade Ambiental, a Poltica de Saneamento Ambiental e o Panorama do SA no Brasil. No Capitulo 5 so apresentados o Diagnostico do SAA E SES, Descrio fsica e analise critica dos sistemas, Avaliao dos sistemas segundo os indicadores do SNIS e os resultados do SAA e SES. No Capitulo 6 apresentado o Diagnostico Municipal de Drenagem Urbana, Descrio do Sistema e Analise Critica. No Capitulo 7 apresenta-se o Diagnostico Municipal do Sistema de Limpeza Urbana, Desafios do setor e Concluso sobre a Gesto de Resduos Slidos. No Capitulo 8 apresenta-se Historia do Uso e Ocupao do Solo, Planos Diretores e o Saneamento Ambiental. Finalmente o Capitulo 9 contm as Concluses Gerais do Diagnostico e trabalhos futuros.

CAPITULO 2

CARACTERIZAO DO MUNICPIO

2.1 BREVE HISTRICO DE UBERLNDIA

Em 1682, passou pelas Gerais, em direo a Gois, o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, O Anhanguera, cujo filho viria a organizar a primeira explorao da regio no ano de 1722. Partindo de Piratininga, estado de So Paulo, a Bandeira de Anhanguera II, composta por 152 pessoas, atravessou o Tringulo Mineiro conhecido como Serto da Farinha Podre - rumo ao atual estado de Gois. O governo mineiro, instalado em Ouro Preto, na poca no se interessava por esta regio, por no encontrar nestas paragens minerais valiosos e pela regio ser habitada pelos ndios Caiaps. Aproximadamente em 1807, divulgada a notcia de que os ndios Caiaps haviam abandonado a regio em direo a Gois e Mato Grosso, vrios exploradores procura de outros files aurferos dirigiram-se para estas plagas, principalmente para o alto do Rio Abelhas (Rio Araguari), onde fundaram o Arraial do Desemboque. Com a queda do ciclo da minerao e ascenso do ciclo econmico cafeeiro, a comunidade estabeleceu relaes comerciais mais estveis com So Paulo, uma vez que seu grande potencial agrcola estava mais em consonncia com a realidade paulista. Por volta de 1823, aps a proclamao da independncia do Brasil, comearam a chegar do sul de Minas as famlias que deram incio ao processo de produo econmica local: plantao de mandioca, cereais e criao de gado. Foram os Carrejo, os Alves e os Pereira, provenientes de Campo Belo e Perdes. Tempos depois os Peixoto, Morais, Rodrigues e os Carvalho, tambm do sul de Minas, aliaram-se s famlias j existentes na regio. Por volta de 1830, Joo Pereira da Rocha instalou-se na Sesmaria de So Francisco, posteriormente adquirida por Felisberto Alves Carrejo, em conjunto com outras terras,

formando uma grande gleba. As terras divididas entre os quatro irmos deram origem s fazendas Olhos Dgua, Lage, Marimbondo e Tenda. Na fazenda Tenda formou-se um povoado que recebeu o nome de Arraial de Nossa Senhora do Carmo de So Sebastio da Barra de So Pedro. Em junho de 1846, na Fazenda do Salto, localizada direita do Rio Uberabinha, foi construda a primeira capela dedicada a Nossa Senhora do Carmo e So Sebastio, sendo os responsveis pela edificao Felisberto Alves Carrejo e Francisco Alves Pereira. Foi em 1858, segundo Jernimo Arantes, que o Dr. Constantino Jos da Silva Braga assinou sentena reconhecendo o novo nome do Patrimnio de Nossa Senhora do Carmo e So Sebastio da Barra de So Pedro do Uberabinha. Mais tarde simplesmente So Pedro do Uberabinha, que aos poucos foi se transformando num centro comercial muito expressivo. Graas influncia dos lderes municipais foi elevada categoria de Vila em 07 de Junho de 1888. Fonte BDI-SEPLAMA-PMU-2006. Segundo Soares (1988), os limites foram assim estabelecidos em 1938,veja Fig 2-1

Figura 2-1 Limites de Uberlndia em 1938. Fonte: Arantes, Jernimo: Iconografia do Municpio de Uberlndia. Uberlndia, Pavan, 1938-pg 20. (Fig.2-1 acima) Uberlndia ao norte limita com o municpio de Araguari, ao nordeste com o distrito de Aldeia de Sant Anna, ao sudeste com o municpio

de Uberaba, ao sudoeste com o municpio de Prata e ao oeste com os municpios de Monte Alegre e Tupaciguara, Uberlndia por tanto foi definida Comeando na foz do Uberabinha no rio das Velhas acima at a foz do rio das Pedras, por este acima at a sua mais alta cabeceira, isto limitando-se com as Freguesias d`Abadia de Bom Sucesso, Mato Grosso, Monte Alegre e alguma parte de Santa Maria. Da referida mais alta cachoeira do rio das Pedras, em rumo casa de dona Mariquita. Dali em rumo at o ribeiro do Bom Jardim e por este acima at sua mais alta cabeceira. Toda essa

Figura 2.2- Limites de So Pedro de Uberabinha. Fonte: Arantes, Jernimo; Iconografia do Municpio de Uberlndia. Uberlndia, Pavan, 1938-pg 20. divisa j vai fazendo limites com as Freguesias de Santa Maria e de Uberaba. Tomando o ponto deixado - cabeceira mais alta do Bom Jardim - em rumo mais ou menos Nordeste ou Sudeste, atravessando o Beija Flor em rumo ao Vau do Roncador no rio Uberabinha, desde at em confrontao com a cabeceira mais alta do ribeiro da Rocinha, seguindo por este at a sua barra no rio das Velhas (atual Araguari) e por este abaixo at onde teve princpio esta

divisa. Pela condio scio-econmica e por conter uma populao de mais ou menos 14 mil habitantes, segundo Arantes (1972), So Pedro de Uberabinha foi elevado categoria de municpio em 31 de agosto de 1888, anexando a Freguesia de Santa Maria, depois de constituir durante mais de 30 anos em distrito de Uberaba (ver Figura 2.2). Na campanha pr-emancipao do distrito de So Pedro de Uberabinha, em 1888, o deputado Augusto Csar F. de Souza apresentou na Assemblia Legislativa de Minas Gerais um documento onde mostrava a situao do municpio de Uberaba e, particularmente, da sede do referido distrito. Parte deste documento est transcrita a seguir, testemunhando o significativo crescimento de Uberabinha, nos ltimos trinta anos. O distrito j contava com 60 engenhos de cana de acar, sete engenhos de serra, nove olarias, seis oficinas de ferreiro, 14 sapateiros, 600 carros de boi, 200 prdios, um cemitrio com muros de pedra, uma matriz importante com todos os paramentos exigidos, uma igreja do Rosrio em construo, duas escolas pblicas, duas particulares dos sexos feminino e masculino, dez capitalistas, nove negociantes de fazendas, 12 de secos e molhados, uma fonte de gua sulfurosa j analisada, um hotel bem montado, pedras de diversas qualidades e muita madeira de lei. O mesmo documento orava a exportao anual de gado, porcos em cem contos, a importao em 150 contos, o nmero de eleitores em 80, o nmero de cidados aptos para jurados em 200 e a criao de gado vacuam em 20.000 cabeas. No incio do sculo XX, Uberabinha recebe vrios servios e equipamentos urbanos tais como escola pblica, estao telegrfica, praa pblica, abastecimento de gua potvel, calamento da avenida comercial, cadeia, alm de j existirem, ali, dois jornais. As ruas em nmero de 40 eram largas, compridas e retas. Ora paralelas, ora perpendiculares umas s outras, cortavam-se quase todas em ngulo reto. Tem sete praas inteiramente cercadas de casas, belas avenidas e pitorescos jardins, um dos quais na Praa Independncia. A cidade possui um teatro denominado So Pedro onde funciona um elegante cinema. Excelente o prdio do Grupo Escolar Jlio Bueno Brando, de recente e artstica construo; o Pao Municipal, o Hospital de Misericrdia; a cadeia e a Matriz. A cidade era toda coalhada de casas, algumas elegantes e artsticas. Hoje, o nmero de prdios de 800. Uma boa linha telefnica ligava Uberabinha com Araguari, Monte Alegre, Santa Maria e as principais propriedades agrcolas. Dispunha de duas linhas telegrficas - a nacional e a Mogiana. Publicavam-se dois peridicos, o Brasil e o Progresso.

A gua excellente, seu manancial dista dois quilmetros da cidade. a gua levada por duas bombas centrfugas, capazes de elevar em 24 horas 2.400.000 l. H uma represa e um reservatrio de 500 mil litros. A gua completamente canalizada. O servio de esgoto reclamado pela hygiene e sade pblica est projetado e approvado; s esperava melhores condies de cmbio para se iniciar. A illuminao eltrica, fornecida pela Cia. Fora e Luz de Uberabinha. A illuminao pblica feita por 272 lmpadas de 50 velas com fillamento metlico e 26 lmpadas de 400 velas. A companhia tambm fornece a energia para engenhos de beneficiar arroz, serrarias e lapidaria, etc. O espao urbano de Uberabinha passa, ento, a apresentar uma estrutura espacial estratificada em termos de classe sociais, com a expulso da populao de baixa renda das reas mais centrais. Essa expulso ocorre devido instalao dos novos equipamentos coletivos, estabelecendo-se ali um outro padro de habitaes - sobrados, manses - em substituio s antigas casas de taipa e palhoas. A instalao do Ginsio Mineiro de Uberabinha esse fato. Acontecia ali o que no acontecera no Patrimnio; o crescimento do espao urbano da classe dominante, com seus sobrados e palacetes, destrua os ncleos de povoamento, compostos por comunidades de posse de sua estrutura social e de sua cultura, expressa em suas moradias, sua religio, suas festas, suas relaes vicinais, etc, dispersava os seus integrantes, aniquilando qualquer possibilidade de, fora dali, continuar mantendo a interao social necessria manuteno da identidade daquele comunidade. A partir da dcada de 20 intensificaram-se as modificaes no contedo e forma da cidade. o crescimento populacional imps-lhe novas necessidades, caracterizadas, principalmente, pela incorporao de reas agrcolas ao stio urbano e intensa construo de moradias. Em 1929, por determinao da Lei n1. 128, de Outubro do mesmo ano o municpio passou a se chamar Uberlndia, nome sugerido por Joo de Deus Faria, que em Tupi-Guarani quer dizer Terra Frtil. 2.2 CARACTERSTICAS FSICAS DO MUNICPIO DE UBERLNDIA A cidade de Uberlndia localiza-se no oeste do estado de Minas Gerais, na meso-regio do Tringulo Mineiro, nas coordenadas geogrficas 18 55 07 latitude Sul e 48 16 38 longitude Oeste, tendo como base a Igreja Matriz Santa Terezinha, setor central da cidade. (Fonte: IBGE-2000) vide a Figura 2.3 - Mapa Localizao

48 16 38

18 55 07

Figura 2.3. Mapa de localizao da cidade de Uberlndia. Fonte Guia Turstico Uberlndia. ed 2000.2.2.1 EXTENSO E REA DO MUNICPIO

O municpio tem uma rea total de 4116 km, sendo 219 Km2 urbana e 3897 km, rural. Fonte: IBGE (2000)2.2.2 DISTRITOS

Tabela 2.1- Uberlndia dividida em 5 distritos: Distritos Uberlndia Cruzeiro dos Peixotos Martinsia Miraporanga Tapuirama Distncias (Km) Distrito Sede 24,00 32,00 50,00 38,00

Fonte: Sec. Munc. de Agropecuria e Abastecimento ( PMU-2000)

2.2.3 RELEVO, VEGETAO E SOLO

O municpio de Uberlndia est situado no domnio dos Planaltos e Chapadas da Bacia Sedimentar do Paran, inserido na sua sub-unidade Planalto Meridional da Bacia do Paran (Projeto Radam-Brasil, 1983), onde predomina relevo predominantemente tabular, levemente ondulado, com altitude inferior a 1.000 m. Em sua poro sul, o municpio apresenta altitudes entre 700 e 950 m e relevo tpico de chapada, ou seja, superfcies suavemente onduladas sobre formaes sedimentares, com vales espaados e raros. Nesse conjunto morfolgico a vegetao caracterstica o cerrado entrecortado por veredas; encontra-se tambm nesta poro do municpio, em extenses significativas, o campo cerrado. Os solos ali presentes so cidos e pouco frteis, com predomnio do tipo Latossolo vermelho-amarelo de textura Argilosa. A poro oeste do municpio, a altitude varia entre 700 e 850 m, os solos so rasos, com predomnio do tipo Latossolo vermelho-amarelo de textura arenosa e apenas manchas do Podzlico vermelho-amarelo. Em geral, os solos dessa poro possuem baixa fertilidade e a vegetao predominante o cerrado. Nas proximidades da rea urbana e na poro leste o relevo apresenta-se mais ondulado, com altitudes que variam de 650 a 950 m. Os rios e crregos correm sobre o basalto e por essa razo apresentam vrias cachoeiras e corredeiras. Onde os basaltos afloram os solos so mais frteis, com predomnio dos tipos Latossolo roxo, Terra roxa estruturada e Latossolo vermelho-escuro. Nas partes mais elevadas do relevo, o tipo Latossolo vermelho-amarelo o tipo mais comum. As declividades apresentam-se suaves a moderadamente inclinadas, geralmente inferiores a 30%, porm valores inferiores a 5% so comuns, principalmente nas pores com altitudes superiores a 900 metros. A poro norte abrange os vales dos rios Araguari e Uberabinha. Neste setor a paisagem apresenta um relevo fortemente ondulado, com altitudes que variam de 550 a 900 m. Manchas de solos muito frteis podem ser observadas, principalmente nas pores de exposio dos basaltos da Formao Serra Geral, que deram origem aos tipos Latossolo roxo, Latossolo vermelho-escuro e a Terra roxa estruturada. O tipo Podzlico est relacionado aos micaxistos do Grupo Arax.

Em todas as suas pores, a vegetao predominante o cerrado. Os principais tipos fisionmicos identificados no municpio de Uberlndia so: cerrado; cerrado; mata semidescdual; mata mesoftica; vereda; campo limpo; campo sujo ou cerradinho, mata de vrzea, mata galeria ou ciliar. No municpio esto representados todos os tipos fisionmicos do cerrado, que esto distribudos de acordo com os tipos de solo e a proximidade do lenol fretico, como no Parque do Sabi, onde todos aparecem. A rea verde do crrego Lagoinha est representada pela vegetao do tipo vereda, com presena de buritis (Mauritia venfera), mata de vrzea e mata de galeria, de extrema importncia para a preservao do crrego. A rea verde do bairro Luizote de Freitas constituda por um tipo fitofisionmico caracterizada como mata de vrzea, que protege uma das cabeceiras do crrego do leo. comum tambm, a presena da mata galeria ou ciliar s margens dos cursos dgua que cortam rea municipal (rios, ribeires, crregos, etc.). Esta vegetao, alm de proteger as margens fluviais, contribui com seus frutos para alimentao da fauna aqutica.2.2.4 ALTITUDE

A altitude mdia do municpio de Uberlndia, fornecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) de 863m. Pela anlise do grfico de altitudes dos municpios limtrofes, incluindo Cascalho Rico a nordeste, e considerando Uberlndia como centro da micro-regio, podemos constatar as variaes de altitude das pores regionais do entorno do municpio. O municpio apresenta pequenas variaes na altitude, quais sejam: Pequena elevao em direo ao norte (Araguari 921m); Uma regio bastante plana na poro noroeste; Pequena queda de altitude do leste/sudeste (Indianpolis - 809m e Uberaba - 801m); Queda significativa de altitude do centro para a poro oeste. Queda acentuada de altitude do centro para a poro sul/sudeste (Prata - 630m).2.2.5 HIDROGRAFIA

O municpio de Uberlndia drenado pelas bacias hidrogrficas do rio Tijuco e rio Araguari, ambos afluentes do rio Paranaba.

Na rea do municpio de Uberlndia, ao sudoeste e sul, a bacia do Rio Tijuco, segundo curso d'gua em volume do municpio, tem como os principais afluentes os ribeires Babilnia, Douradinho e Estiva, e o rio Cabaal, todos estes na zona rural. A bacia do rio Araguari abrange a poro leste do municpio. Seu principal afluente na rea do municpio o rio Uberabinha, que corta a cidade de Uberlndia. Vide a Figura 2.4.

Figura 2.4- Rio Uberabinha. O potencial hidreltrico do rio Araguari j est sendo explorado com as usinas hidreltricas de Nova Ponte, distante 80 km; e de Miranda, distante 20 km. Futuramente, com a entrada em operao das usinas de Capim Branco I e II distantes, respectivamente, 10 km e 25 km, ser ampliada a gerao de energia neste rio. O rio Araguari tambm se constitui numa alternativa de abastecimento de gua da cidade de Uberlndia. Em maro de 1991, foi assinado um termo de convnio entre a Prefeitura de Uberlndia e a CEMIG, o qual estabelece a captao de at 6m/s de gua do lago da Usina Hidreltrica de Miranda para o abastecimento pblico da cidade de Uberlndia. Vide a Figura 2-5. O rio Uberabinha, integrante da bacia do rio Araguari, de grande importncia para a cidade, uma vez que se constitui, em conjunto com seus afluentes, no manancial utilizado para o abastecimento pblico de gua para a sua populao. Ele nasce ao norte do municpio deUberaba e atravessa todo o municpio de Uberlndia, at desembocar no Rio Araguari, a noroeste do Municpio, numa extenso total de 140 km.

Figura 2.5 - Lago da Usina hidreltrica de Miranda, no Rio Araguari.

Figura 2-6 - Sub bacias hidrogrficas da rea urbana de Uberlndia..(II CONCURSO LITERARIO RIO UBERABINHA.DMAE-UBERLANDIA 2001.)

Seus principais afluentes esto na zona rural, que so os ribeires Beija-Flor, Bom Jardim e rio das Pedras. Na zona urbana, o rio Uberabinha recebe afluentes menores, tais como: os crregos Cajub, Tabocas, So Pedro (totalmente canalizados), Vinhedo, da Lagoinha, Liso, do Salto, Guaribas, Bons Olhos, do leo e Cavalo. Vide a Figura 2-6.acima. A captao de gua do rio Uberabinha efetuada por meio de dois sistemas pblicos - Sucupira e Bom Jardim, transportada at as ETAs (Estaes de Tratamento de gua) onde passa pelo tipo de tratamento convencional. Deste ponto, a gua levada at os reservatrios situados na rea urbana de Uberlndia. Atualmente o Municpio possui condies de tratar 100% seus esgotos domsticos na ETE Uberabinha, que entrou em operao em 2004, mas que ainda apresenta alguns problemas relacionados vazo tratada.2.2.6 CLIMA

A mesoregio do Tringulo Mineiro, apesar de estar situada na regio geogrfica do sudeste, apresenta caractersticas climticas semelhantes s da maior parte da regio centrooeste, onde predominam duas estaes bem definidas: a seca e a chuvosa. Especificamente sobre a dinmica climtica local, ou seja, da regio de Uberlndia, Del Grossi (1991), em estudo baseado em dados do 5 Distrito Meteorolgico Parque Sabi - atribui alternncia de perodos secos e chuvosos a atuao dos sistemas climticos intertropicais e polares. Conclui que os meses mais frios so junho e julho, com temperatura mdia inferior a 18C e, que a temperatura mdia nos meses mais quentes do ano superior a 22C, porm raramente ultrapassa de 24C. Alem disso, os estudos realizados por Del Grossi, indicam que 90% das precipitaes anuais esto concentrados no perodo que se estende de outubro a maro e os 10% das precipitaes anuais ocorrem no perodo compreendido entre os meses de maio e setembro. Mendes (2001), ao realizar uma anlise de dados climticos de Uberlndia, obtidos pela Estao Climatolgica da UFU, chega aos seguintes resultados: 1. Os meses mais quentes so setembro, outubro, dezembro e fevereiro, com a temperatura mdia igual ou superior a 24C; 2. Os meses mais frios so maio, junho e julho, com temperatura mdia inferior a 20,6C; 3. O perodo chuvoso inicia-se no ms de setembro, atinge o seu ponto de maior intensidade nos meses de janeiro, fevereiro e maro e diminui sensivelmente no ms de abril.

4. O perodo seco tem incio no ms de maio e se estende at o ms de setembro. 5. Os maiores ndices de umidade relativa do ar coincidem com o perodo chuvoso do ano (outubro a maro), especialmente nos meses de dezembro e janeiro, com mdia superior a 75%; 6. O ms de agosto apresenta o menor ndice de umidade relativa do ar, inferior a 50%; 7. Os meses de janeiro e fevereiro apresentam a maior intensidade de nebulosidade, com mdia superior a 67%; enquanto que as menores nebulosidades so registradas nos meses de julho e agosto, com ndice mdio inferior a 30%; 8. O ms de agosto apresenta o maior nmero de horas de insolao, com mdia de 280,2 horas; e o menor nmero de horas de insolao ocorre no ms de fevereiro, com mdia de 172,1 horas. Ainda, segundo Mendes (2001), no vero as condies do tempo em Uberlndia so controladas pelos sistemas produtores de instabilidade Frente Polar Atlntica, Sistema Pr-Frontal relacionada a Linhas de Instabilidade Tropical e Sistema Ps-Frontal relacionada Baixada do Chaco, responsveis pelas precipitaes que incidem no perodo chuvoso do ano; e sistemas produtores de estabilidade Sistema Massa Polar e Sistema Tropical Atlntica continentalizada, que causam a reduo da nebulosidade e da umidade relativa do ar. Dados de precipitao referentes ao perodo compreendido entre 1981 e 2002 permitem concluir que o ano mais chuvoso foi 1982 (2.207,1mm) e o ano mais seco foi 1990 (1.012,6 mm). O ms mais seco do ano julho com a mdia de 9,1mm; e o mais chuvoso dezembro, com mdia de 325,8mm, como pode ser observado nas Figuras 2.7 e 2.8 a seguir:2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 1981 1.986 1.991 1.996 2.001 Precipitao anual no perodo 1981 a 2002

Figura 2.7 Grfico da precipitao anual do perodo compreendido entre 1.981 e 2002.(Fonte: Ministrio da Agricultura 5 Distrito de Meteorologia Estao Uberlndia perodo 1.981/1.995 e Estao de Climatolgica da Universidade Federal de Uberlndia Perodo 1.996/2002).

350 300 250 200 150 100 50 0 J F M A M J J A S O N D Precipitao mdia mensal no perodo 1.981 a 2002

Figura 2.8 Grfico da precipitao mdia mensal do perodo compreendido entre 1.981 e 2002. (Fonte: Ministrio da Agricultura 5 Distrito de Meteorologia Estao Uberlndia perodo 1.981/1.995e Estao de Climatologia da Universidade Federal de Uberlndia Perodo 1.996/2002).

CAPITULO 3

CARACTERSTICAS DEMOGRFICAS, ECONMICAS, E SOCIAIS.

3.1 DEMOGRAFIA

A populao residente do municpio de Uberlndia-MG, em 2000, era de 501.214 habitantes (FIBGE-2000) e representava o dobro de pessoas que residiam neste municpio em 1980, e quatro vezes a populao de 1970. Este crescimento populacional se deu graas s expressivas taxas de crescimento do perodo: entre 1970 e 1980, 6,7% ao ano; entre 1991 e 2000, 3,6% ao ano. Nestes perodos, as taxas de crescimento da populao uberlandense ficaram acima das verificadas para o estado de Minas Gerais (1,5% e 1,4% a.a, respectivamente) e do Brasil (2,5% e 1,6% a.a. respectivamente). Por meio de projeo populacional simplificada (CEPES/IEUFU-2003), a expectativa de nmero de habitantes, em julho de 2006, de populao residente em Uberlndia, era de cerca de 621 mil habitantes Desse total, 98% residem na cidade, e 2% na rea rural, o que gera acentuada presso por servios urbanos: habitao, saneamento bsico, energia eltrica e comunicao, educao e sade, segurana pblica, entre outras necessidades. Os dados populacionais mostram que a participao da populao em idade para o trabalho (15 a 64 anos) representa 70,8% do total (em 2000), enquanto a populao infantojuvenil perde participao, representando em torno de 26% dos residentes. FONTE: CEPESIEUFU-2006. As mulheres constituem o maior contingente de residentes em Uberlndia-MG. Desde 1970, a mdia de 96 homens para cada grupo de 100 mulheres. Somente no meio rural, onde reside baixa parcela da populao, pode-se encontrar 121 homens para um grupo de 100 mulheres. Os dados demogrficos destacam que a populao uberlandense cresce num ritmo acentuado e, mantidos os atuais nveis de natalidade e mortalidade, bem como os movimentos

migratrios, o municpio poder dobrar de tamanho, atingindo um milho de habitantes, por volta do ano 2020. FONTE: CEPES-IEUFU-2006. Algumas informaes sobre imigrao mostram, desde 1991, que a maior parte da populao uberlandense composta por emigrantes, pessoas nascidas em outros municpios, principalmente nos municpios mineiros localizados no Tringulo Mineiro. 3.2 ECONOMIA O PIB o indicador que expressa o valor da produo realizada dentro das fronteiras geogrficas de um territrio, ou dentro das fronteiras do municpio especifico. Em Minas Gerais, Uberlndia um dos principais geradores de renda, sendo que em 2003 ocupou o terceiro lugar (FONTE: CEPES-IEUFU-2006) e nos anos anteriores (1999-2002) ficou em quarto lugar , perdendo apenas para Belo Horizonte, Betim e Contagem. De acordo com os dados do CEPES-IEUFU-2006, pode-se observar que o PIB de Uberlndia apresentou um crescimento maior que o PIB de Minas Gerais e do Brasil, visto que cresceu 20,23% do ano de 2002 para 2003. O PIB de Minas Gerais e o do Brasil cresceram 15,28% e 15,61%, respectivamente (CEPES-IEUFU-2006). J em 2000, o setor de servios caiu para 48,02% e o industrial apresentou uma participao de 37,79%. Em 2002, o setor de servios apresentou uma participao de 49,80% e o setor industrial de 36,69%. FONTE CEPES-IEUFU-2006. Finalmente, em 2003, o setor de servios caiu para 46,48%, o industrial subiu para 38,70% e o setor agropecurio com 3,52% e outros com 11,30%. Fonte: CEPES-IEUFU-2006. 3.3 POPULAO E MERCADO DE TRABALHO FORMAL E INFORMAL Considerando-se que no municpio, em 2001, a PEA era de 229.668 pessoas e que a taxa de desemprego era de 12,42%, verifica-se que 56,6% do total da populao economicamente ativa ocupavam postos de trabalho formais e 46,42% dos empregados no municpio atuavam no mercado de trabalho informal, evidenciando o lado precrio do mercado de trabalho. FONTE: CEPES-IEUFU-2006. Ao considerar a distribuio da populao ocupada por faixas de rendimentos (em salrios mnimos), destaca-se uma situao de baixos rendimentos quando a maioria desta

populao (59,5%), incluindo trabalhadores formais e informais, se encontra recebendo at trs salrios mnimos.FONTE CEPES-IEUFU-2006. 3.4 EDUCAO O sistema educacional de Uberlndia apresentou um crescimento significativo na dcada de 90 e incio dos anos 2000. De acordo com os dados contidos abaixo, observa-se as seguintes situaes, FONTE CEPES-IEUFU-2006: a) Na rede municipal houve um pequeno crescimento no nmero de escolas at o ano de 2003. Em 2004 esse nmero aumentou consideravelmente, de 60 para 93 escolas, incluindo tanto a zona rural quanto a urbana. A quantidade de alunos tambm cresceu aproximadamente 1,43% de 2003 para 2004, e o de professores sofreu um aumento de 1,92%. b) Na rede estadual as escolas no apresentaram nenhuma nova unidade, e o nmero de alunos decresceu de 78.258 alunos em 1996, para 59.238 em 2005, sofrendo uma diminuio de aproximadamente 3,25% de 2004 para 2005. c) A rede federal apresentou um crescimento de 55,08% no nmero de alunos matriculados no perodo de 1996 a 2004 e um pequeno aumento no nmero de professores neste perodo, que foi de 13,13%. d) A rede particular foi a que apresentou maior crescimento nos trs segmentos, passando de 69 unidades construdas em 1996, para 105 unidades construdas em 2004, houve um crescimento acelerado no nmero de alunos de 1996, (27.088 matriculados) at 2004, (38.382 matriculados), O nmero de professores por sua vez, acompanhou o crescimento dos alunos.

CAPITULO 4

O SANEAMENTO AMBIENTAL E O MANEJO INTEGRADO DAS GUAS E DOS RESDUOS4.1 INTRODUO O modelo de desenvolvimento ocorrido nas ltimas dcadas transformou o Brasil num pas essencialmente urbano (82 % da populao urbana). Este processo ocorreu, principalmente, nas cidades plos ou territrios que posteriormente se transformaram em regies metropolitanas, que possuem um ncleo principal com vrias cidades em sua periferia. De acordo com o censo 2000 (IBGE), cidades acima de 1 milho de habitantes crescem a uma taxa media de 0,9% anual, enquanto as cidades plos regionais crescem a taxa de 4,8% em mdia. (Gesto do Territrio e Manejo Integrado das guas Urbanas, Ministrio das Cidades-Braslia-2005). O modelo de desenvolvimento adotado produz impactos negativos de natureza social, econmico e ambiental. Um dos reflexos negativos da concentrao populacional em centros urbanos diz respeito ao Saneamento Ambiental. A precariedade de infra-estrutura neste setor uma das causas principais de vrios problemas coma a sade da populao e deteriorao do meio ambiente com prejuzos, muitas vezes irreversveis, para as futuras geraes. Esta situao se manifesta com a apropriao do espao rural e a sua transformao em meio urbano. necessrio, portanto, adotar medidas que visem reduo e mitigao dos impactos ambientais negativos e, conseqentemente a reduo no nvel de gerao de passivos ambientais: 1) As regras do uso e ocupao do solo devem estar bem definidas no Plano Diretor do Municpio, para que haja sustentabilidade ambiental durante e aps a ocupao, permitindo assim que a populao possa receber adequadamente os servios de saneamento bsico tais como: o abastecimento de gua; o esgotamento sanitrio com tratamento eficiente de efluentes; a drenagem urbana; coleta regular de resduos slidos com tratamento adequado para cada classe e reciclagem dos resduos. Vide a Figura 4-1 - Interao entre os Sistemas.

2) O abastecimento de gua deve ser feito a partir de fontes no contaminadas e que envolva tratamento adequado, monitoramento da qualidade da gua consumida, reduo de perdas atravs da tubulao e reduo do nvel de desperdcios.

Figura 4-1-Interao entre os Sistemas (Ministrio das Cidades-2005). 3) Que o esgoto domstico seja tratado adequadamente, em consonncia com a legislao vigente, e assim evitar a contaminao dos recursos hdricos. 4) A drenagem urbana deve respeitar o caminho natural das guas, para evitar as cheias, contaminao no escoamento pluvial e eroso do solo;

5) Reciclagem de resduos slidos com sustentabilidade e a disposio dos no reciclveis seja reduzida ao mnimo possvel. O acelerado crescimento populacional urbano e a falta de uma gesto integrada do manejo das guas, dos resduos e do uso e ocupao do solo, tm produzido um ciclo de contaminao, principalmente dos recursos hdricos, por efluentes e resduos slidos resultantes de todas as atividades humanas, quais sejam: esgoto domstico, esgoto industrial, guas pluviais e resduos slidos. Este ciclo de contaminao tem ocorrido devido aos seguintes fatores especficos: Lanamento dos esgotos domsticos nos rios sem o devido tratamento por falta de Lanamento de guas pluviais sem tratamento nos rios, associadas a resduos investimentos e, quando existe, a eficincia do tratamento baixa; slidos compostos de matria orgnica e inorgnica, substncias qumicas diversas, alm de metais pesados; Contaminao das guas subterrneas por despejos industriais e domsticos Depsitos de resduos slidos que contribuem para a contaminao dos sistemas Ocupao do solo urbano sem regras para evitar os impactos sobre os sistemas provenientes das fossas spticas e de vazamentos dos sistemas de esgoto sanitrio e pluvial; hdricos superficiais e subterrneos; hdricos. Mesmo havendo a disponibilidade de uma boa infra-estrutura de saneamento ambiental, com o passar do tempo os sistemas podem ficar comprometidos se no adotar ampliao do sistema, medidas de controle, minimizao dos resduos, integrao dos sistemas, gesto adequada dos sistemas, entre outros problemas. 4.2 GUA, UM RECURSO FINITO. A gua pode ser considerada um recurso natural renovvel, porm finito. Menos de 1% do total da gua existente na Terra - contida nos oceanos, rios, lagos, subsolo, geleiras e atmosfera - esta prontamente disponvel. Sua distribuio desigual na superfcie do globo terrestre, somada a demanda de consumo crescente, tem levado a graves situaes de escassez em vrias partes do mundo. Assim como a gua de superfcies escorre para as partes mais baixas, tambm a gua subterrnea flui em direo aos lagos, mares, e oceanos, voltando para o lugar de onde partiu.

Uma parte da gua presente na superfcie da Terra evapora, separando-se dos sais nela contidos, desloca-se em forma de grandes massas de umidade e precipita, permitindo a sua renovao na superfcie das diferentes partes do planeta. Este um ciclo sem fim que vem se repetindo desde os primrdios da Terra e exerce um papel fundamental para a vida. O chamado de Ciclo Hidrolgico, o qual ocorre por causa da mudana de estado da gua na natureza, sendo o calor irradiado pelo sol, a sua fora motriz. Vide a Fig 4-2 - Ciclo Hidrolgico.

Figura 4-2. Ciclo Hidrolgico (BRAGA, 2002).

O desenvolvimento urbano e tecnolgico, no entanto, tem ampliado de forma gigantesca a interferncia do homem no meio ambiente, provocando-se grandes mudanas com ameaas a sustentabilidade do planeta. O aquecimento da Terra, por exemplo, provocado pelo desmatamento, queimadas e a emisso de gases poluentes na atmosfera, tem gerado, de um lado, grandes inundaes em determinadas regies e falta de gua em outras. No caso dos rios, calcula-se que da gua que se precipita sobre as reas continentais, em mdia 70% se infiltra e esta gua que alimenta os rios perenes, mesmo quando as chuvas no acontecem. A super-explorao dos lenis aqferos, porm, tem provocado o rebaixamento da zona saturada fretica, com conseqncia direta sobre a vazo dos mananciais de gua

superficial. Prticas como a drenagem de solos hidromrficos da cabeceira do Rio Uberabinha tambm leva ao abaixamento do nvel da gua subterrnea. Vide a Fig. 4-3. O manejo inadequado do solo, que culmina com a compactao e baixa infiltrabilidade, tende a produzir grande volume de escoamento superficial, chegando a representar 70% do volume precipitado. A enxurrada, alm de causar eroso e degradar o solo, provoca o assoreamento do leito dos rios por aporte e deposio de sedimentos, carreamento de nutrientes e agrotxicos, alm de aumentar o potencial de enchentes.

Figura 4.3 Drenagem do solo Hidromrfico na cabeceira do Rio Uberabinha O problema da enchente, em dadas situaes, um problema criado na rea rural com reflexo a jusante do local de sua gerao, e que acaba prejudicando a zona urbana. Aliado a isso, a destruio das matas ciliares deflagram um cenrio completo de destruio e morte dos mananciais. A preservao dos mananciais de gua, portanto, est relacionada com uma srie de fatores e deve abarcar diversa prticas conservacionistas, as quais devem contemplar uma viso sistmica de preservao do Meio Ambiente. Preservar um rio tambm preservar o ambiente do qual faz parte. De acordo com a Agenda 21, O manejo integrado dos recursos hdricos baseia-se na percepo da gua como parte integrante do ecossistema, um recurso natural e bem econmico e social. A mesma Agenda recomenda: o manejo integrado dos recursos hdricos, com os aspectos relacionados ao solo, ao nvel da Bacia Hidrogrfica ou sub-bacia de captao. Vide a Fig. 4.4.

Pode-se observar na Tabela 4.1 que descreve as classes de uso do solo na bacia do rio Uberabinha. um aumento de 22,74% de pastagem. Acompanhando esta tendncia, a cultura anual tambm sofreu um leve aumento. A cultura perene de 2,83 km em 1994 passou a 0,84 em 2004. Tabela 4.1 Uso do Solo na Bacia do Rio Uberabinha

Fonte: Duarte; Brito (2004) A mata sofreu um aumento considervel, de 8,74 para 22,79 km. Este resultado devese a diferenas nos sensores imageadores utilizados. Quanto ao campo hidromrfico, observou-se uma diminuio de 9,07 km em conseqncia do aumento das reas de pastagem e cultura anual.

Aumentou o nmero de represas na rea estudada e foram identificados 5 pivs prximos aos crregos. Veja Fig.4-4, Uso e Ocupao do Solo na cabeceira do Rio Uberabinha As reas de ocupao urbana/chcara diminuram porque, no mapeamento de 2004, no foram consideradas as chcaras. A respeito das reas de minerao constatou-se uma leve diminuio por conta de diferenas na delimitao da rea de estudo. As reas de reflorestamento sofreram uma relativa diminuio, principalmente o reflorestamento de pinus.

Figura 4.4- Uso e Ocupao do Solo, Cobertura Vegetal. (DUARTE; BRITO, 2004).

4.3 O PLANEJAMENTO URBANO BRASILEIRO O desenvolvimento urbano nas ltimas dcadas modificou a maioria dos conceitos utilizados na engenharia para a infra-estrutura de gua nas cidades. A engenharia urbana tem adotado princpios sem uma soluo integrada. O planejamento urbano no final do sculo 19 consistia unicamente no abastecimento humano, ou seja, entregar gua a populao, retirar o esgoto para longe e dispor na natureza sem tratamento. Esta fase, chamada de higienista, consistia na preocupao dos sanitaristas em evitar a proliferao de doenas. As guas pluviais eram planejadas para escoar pelas ruas at os rios. As cidades cresceram, os problemas aumentaram e a estratgia de desenvolvimento se manteve na fase higienista, gerando o ciclo de contaminao (TUCCI, 2003). At a dcada de 70 havia abastecimento de gua sem tratamento de esgoto, transferncia do escoamento pluvial para jusante por canalizao. Criou-se a Lei de Mananciais para preservar as reas potenciais da cidade para abastecimento de gua, mas devido falta de uma ampla discusso e de entendimento dos mecanismos de desenvolvimento econmicos, estas foram s reas mais ocupadas e poludas. Para por em prtica esta Lei, era necessria a desapropriao da rea pelo poder pblico que no permitia o uso do solo e, ao mesmo tempo, cobrava impostos relativos a rea desapropriada. Assim, estas reas foram invadidas pela populao carente estimulando os empreendimentos irregulares (TUCCI, 2003). At 1990, os pases desenvolvidos saram da fase higienista para a fase corretiva com o tratamento de esgotos domsticos, amortecimento quantitativo da drenagem e controle do impacto existente da qualidade da gua pluvial, trata-se o esgoto domstico 100%, mas o ambiente no retorna a condio natural. Observou-se que, alm do esgoto cloacal, existia a carga do esgoto pluvial e a distribuio dos resduos slidos; os que no eram coletados iam parar no sistema de drenagem e na ETE. No caso dos pases subdesenvolvidos onde existem sistemas de esgotamento combinados ou separados, isso provocava um grande impacto na cidade porque se tinha uma poluio difusa, portanto para corrigir estes problemas adotaram-se medidas preventivas e no curativas, buscando trabalhar mais a montante e no somente no fim da linha. Mas foi a partir de 1990 que os pases desenvolvidos adotaram uma estratgia de gerenciamento integrado de baixo impacto de desenvolvimento, que permite o planejamento

da ocupao do espao urbano com tcnicas de engenharia naturalista, controle dos micropoluentes, da poluio difusa e o desenvolvimento sustentvel do escoamento pluvial atravs da recuperao da infiltrao (TUCCI, 2006). No Brasil, durante o inicio do sculo 20, Saturnino Brito utilizou nos planos de Esgotamento Sanitrio e de Abastecimento de gua de Vitria e Santos a viso de saneamento integrado, propondo-o inclusive, e sendo o precursor nos sistemas de esgotos da aplicao do sistema separador absoluto (BERNARDES, 2006). Segundo Bernardes (2006), a coleta e o afastamento dos esgotos sanitrios e guas pluviais para uma ETE ou lanamento final podem ser realizados por meio dos seguintes sistemas de esgotamento: - Sistema unitrio ou combinado, que realiza o transporte conjunto de guas pluviais e esgotos sanitrios na mesma rede coletora; - Sistema misto ou separador parcial, que transporta os esgotos sanitrios e as guas provenientes apenas dos domiclios; - Sistema separador absoluto, que transporta somente os esgotos sanitrios em uma rede independente. Os esgotos combinados so caracterizados pela mistura de esgotos sanitrios e guas pluviais em sistemas unitrios ou mistos. Em um sistema separador, pode ocorrer o transporte de esgotos combinados caso haja a ocorrncia de ligaes clandestinas de guas pluviais ao sistema. O tratamento de esgotos em uma ETE representa a principal medida preventiva ou corretiva, para o controle da poluio das guas. A Legislao Ambiental estabelece parmetros para o lanamento de efluentes em corpos receptores, porm os critrios esto relacionados quase que exclusivamente aos esgotos sanitrios, sendo negligenciada a questo das guas pluviais. Segundo Montenegro (2006) um dos aspectos que marca o Saneamento Brasileiro a viso extremamente segmentada, que optou por organizar os servios de gua e de esgotamento sanitrio separadamente dos servios de drenagem e de guas pluviais.Na mente de nossos Profissionais, o esgoto est num tubo e a gua de chuva esta em outro. Na prtica, o que acontece na maioria das vezes que os dois esto no mesmo tubo, mesmo quando existem dois sistemas separados. As medidas de controle de enchentes que hoje em sua maioria esto sendo adotadas nas cidades brasileiras, tais como piscines, lagoas de deteno

ou de reteno apresentam um problema sanitrio muito srio, porque quando no esta chovendo estes sistemas retem esgotos, por tanto deve ser encarado de forma integrada. Este problema um dos grandes avanos conceituais que conquistamos na cooperao com nossos colegas italianos e foi detectado nos diagnsticos de quatro cidades brasileiras e durante a avaliao do curso em Braslia . 4.4 SADE E SANEAMENTO AMBIENTAL O conceito de Promoo de Sade proposto pela Organizao Mundial de Sade (OMS), desde a Conferncia de Ottawa, em 1986, visto como o princpio orientador das aes de sade em todo o mundo. Assim sendo, parte-se do pressuposto de que um dos mais importantes fatores determinantes da sade so as condies ambientais. O conceito de sade entendido como um estado de completo bem-estar fsico, mental e social, no restringe o problema sanitrio ao mbito das doenas. No Brasil as doenas resultantes da falta ou inadequao de saneamento, especialmente em reas pobres, tm agravado o quadro epidemiolgico. Males como clera, dengue, esquistossomose e leptospirose so exemplos disso. Investir em saneamento a nica forma de se reverter o quadro existente. Dados divulgados pelo Ministrio da Sade afirmam que, para cada R$1,00 (um real) investido no Setor de saneamento economiza-se R$ 4,00 (quatro reais) na rea de medicina curativa. Entretanto, preciso que se veja o outro lado da moeda, pois o homem no pode ver a natureza como uma fonte inesgotvel de recursos a que pode ser depredada em ritmo ascendente para bancar necessidades de consumo que poderiam ser atendidas de maneira planejada. Para isso, necessrio que se construa um novo modelo de desenvolvimento em que se harmonize a melhoria da qualidade de vida de suas populaes, a preservao do meio ambiente e a busca de solues criativas para atender aos anseios de seus cidados de ter acesso a certos confortos da sociedade moderna. A Conferncia do Rio de Janeiro (1992) realizada pela ONU, com a participao da maioria dos pases do mundo, teve como resultado mais significativo o documento assinado por mais de 170 pases: a Agenda 21. Nesta, os pases se comprometem a adotar um conjunto

de medidas visando a melhorar a qualidade de vida no planeta (FUNASA Manual de Saneamento-2004). 4.5 POLTICAS DE SANEAMENTO AMBIENTAL Inicialmente, importante definir saneamento ambiental. Este o conjunto de aes que tm por objetivo alcanar nveis crescentes de salubridade ambiental, por meio de: abastecimento de gua potvel; coleta, tratamento e da disposio dos esgotos e dos resduos slidos e gasosos; demais servios de limpeza urbana; manejo das guas pluviais urbanas; controle ambiental de vetores e reservatrios de doenas e disciplina da ocupao e uso do solo, com a finalidade de proteger e melhorar as condies de vida urbana e rural (SNSA. MC, 2006). Dentre alguns dos problemas que podem afetar o meio ambiente destacam-se: falta de investimentos em saneamento bsico; intensa poluio dos recursos hdricos; deficincia nos sistemas de drenagem; ocupao das vrzeas; precrias condies para a destinao do lixo; diminuio de reas verdes; entre outros fatores. Todas estas situaes existem no somente pela ausncia de planejamento, mas pela descontinuidade da atuao administrativa e pelo descumprimento, por parte das autoridades e da populao, da legislao estabelecida na Constituio Federal de 1988. Em seu artigo 170, tem-se que obrigatrio promover-se o desenvolvimento econmico-social sem degradar o meio ambiente. Alm disso, todo programa ou planejamento federal, estadual ou municipal - deve cumprir com as atribuies do artigo 23, que trata da proteo do meio ambiente e combate poluio em qualquer de suas formas. Especificamente em relao ao saneamento bsico, a Constituio define ser atribuio do SUS - Sistema nico de Sade - participar da formulao e da execuo da poltica de Saneamento. Ainda de competncia de a Unio estabelecer diretrizes no setor em interface com o desenvolvimento urbano. Em 2005, O Ministrio das Cidades encaminhou ao Congresso Nacional o projeto de lei n 5296/2005, no qual a Unio estabelece o marco institucional e regulatrio para o setor de saneamento; definindo os principais elementos das diretrizes para o manejo das guas pluviais. A legislao estabelece como um dos instrumentos da poltica os planos de Saneamento Ambiental que implementou em nvel institucional Gesto Integrada dos Sistemas. Portanto ser necessrio regulamentar legalmente no municpio este instrumento, e a responsabilidade de organizar e prestar os servios pblicos relativos ao interesse local.

A Lei Orgnica Municipal de Uberlndia, no seu capitulo II - do Saneamento Bsico - diz: Art.149 - Compete ao poder pblico formular e executar a poltica e os planos plurianuais do saneamento bsico, assegurando: I - O abastecimento de gua com os padres de potabilidade; II - A Coleta e disposio dos esgotos sanitrios, dos resduos slidos e drenagem das guas pluviais de forma a preservar o equilbrio ecolgico e prevenir aes danosas sade; III - O Controle de vetores. Da proteo ao meio ambiente: Art. 210 - So consideradas reas de preservao permanente, na zona urbana as nascentes, os remanescentes de matas ciliares, capes de mata e buritizais. Art. 214 - Os lanamentos finais dos sistemas pblicos e particulares de coleta de esgoto domstico e industrial devero ser precedidos, no mnimo, de tratamento primrio completo, na forma da lei. Existe lei complementar sobre o meio ambiente (Lei Complementar 017), que dispe sobre a poltica dos recursos hdricos e sua proteo. Esta Lei entrou em vigncia no ano de 1991, e a Lei Orgnica do Municpio est vigente desde 1998. A Lei Orgnica do Municpio devera ser atualizada com o novo Plano Diretor j aprovado, incluindo os Planos de Saneamento Ambiental nos diversos sistemas, o Estatuto da Cidade, a Lei do Uso e Ocupao do Solo, a Lei do Parcelamento do Solo, o Cdigo de Posturas, o Cdigo de Obras e a Legislao Oramentria e Tributria. importante que a lei orgnica a ser atualizada seja fruto de debates com a populao, para que a cidade seja democrtica e sustentvel adotando-se os princpios da AGENDA 21. As cidades brasileiras expressam os efeitos do modelo de desenvolvimento perverso e desigual que foi adotado pelo pas nas ultimas dcadas. Mas a partir da Constituio de 1988, ganha impulso um novo modelo que descentraliza as polticas pblicas, fortalece o poder local, o municpio e procura, assim, corrigir as injustias sociais e econmicas, melhorando a qualidade de vida, resgatando a cidadania e tornando as cidades mais justas, democrticas e sustentveis. 4.6 PANORAMA DO SANEAMENTO AMBIENTAL NO BRASIL4.6.1 SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

O abastecimento de gua essencial para as populaes, e a sua ausncia ou seu fornecimento inadequado pode provocar problemas sade publica. A universalizao deste servio

imprescindvel como meta para o Saneamento Bsico no Brasil. Os nmeros evidenciados pelas pesquisas mostram que, no Brasil, a cobertura de abastecimento de gua j atingiu um significativo contingente populacional. Uma comparao dos dados da PNSB de 1989 com os de 2000 permite ver a evoluo da cobertura do servio. Em 1989, o Brasil detinha 4425 municpios, dos quais 95,9% contavam com servio de abastecimento de gua por rede geral, prestada por alguma empresa pblica ou privada. Em 2000, o nmero de municpios aumentou para 5507 e a rede de abastecimento foi ampliada, tendo o atendimento por empresas prestadoras deste servio deforma a atingir um nvel de 97,9% dos municpios do pas. Vide o Tabela 4-2 a seguir. TABELA 4-2. Municpios Abastecidos. MUNICIPIOS ABASTECIDOS NO BRASIL ANO QUANTIDADE 1989 2000 4425 5507 S.AA PORCENTAGEM 4243 5391 95,9% 97,9%

Apesar do abastecimento de gua ser um dos servios de saneamento bsico que tem o maior atendimento no pas, segundo a PNSB, apenas 63,9% do nmero total de domiclios recenseados pelo Censo 2000 do IBGE tem este servio. Tais servios demonstram um desequilbrio regional: enquanto na regio Sudeste de 70,5% a proporo de domiclios atendidos, nas regies Norte e Nordeste o servio atende apenas 44,3% e 52,9% dos domiclios, respectivamente. Vide a Tabela 4-3 a seguir: TABELA 4-3 Domiclios atendidos Domiclios atendidos percentagem Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste 63,9% 44,3% 52,9% 70,5% 69,1% 66,3%

O nvel populacional dos municpios tem uma importncia significativa na oferta de servios de saneamento bsico. A diviso territorial do Brasil em 2000 era de 5507 municpios, porm a maioria dos municpios contava com at 20 000 habitantes, correspondendo a 73% do conjunto. A oferta do servio varia com o tamanho da populao. Os menores municpios apresentam maior deficincia nos servios; apenas 46% dos domiclios situados em municpios com at 20 000 habitantes contam com abastecimento de gua por rede geral. Em contrapartida, nos municpios com mais de 300 000 habitantes superada a marca de 76% de economias residenciais abastecidas. Os municpios de maior porte populacional so aqueles situados nas regies com maior desenvolvimento socioeconmico, onde as demandas da populao so mais freqentes e, conseqentemente, contam com maiores investimentos pblicos e privados no setor. Observe a Tabela 4-4 abaixo: TABELA 4-4. Economias abastecidas e Domiclios por estratos populacionais

Alm da grande utilizao de manancial de superfcie, observa-se que h um expressivo aproveitamento na utilizao de gua subterrnea. Isso ocorre com mais freqncia nos municpios menores, em 53% dos distritos abastecidos no Pas. Dos 5391 municpios com rede, a regio Sudeste a que apresenta o mais alto ndice de medio, com 91% das ligaes medidas. Em segundo lugar aparecem as regies Sul e Centro-Oeste, com nveis de medio equivalentes, seguindo-se o Nordeste e por ltimo o Norte com o mais baixo ndice (apenas 37% das ligaes med