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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIS CENTRO DE ENSINO E PESQUISA APLICADA EDUCAO FERNANDA RODRIGUES BORGES

DESVENDANDO A DISLEXIA:UMA DISFUNO GENTICA DE LINGUAGEM QUE LIMITA A APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA

URUANA 2009

FERNANDA RODRIGUES BORGES

DESVENDANDO A DISLEXIA:UMA DISFUNO GENTICA DE LINGUAGEM QUE LIMITA A APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA

Monografia apresentada ao Curso de Especializao em Metodologia do Ensino Fundamental a Distncia do Centro de Pesquisa Aplicada Educao da Universidade Federal de Gois, para obteno do ttulo de Especialista. Orientador: Prof. Ms. Evandson Paiva

URUANA 2009

FERNANDA RODRIGUES BORGES

DESVENDANDO A DISLEXIA:UMA DISFUNO GENTICA DE LINGUAGEM QUE LIMITA A APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA

Monografia defendida no Curso de Especializao em Metodologia do Ensino Fundamental a Distncia do Centro de Pesquisa Aplicada Educao da Universidade Federal de Gois, para obteno do ttulo de Especialista, aprovada em _______ de _______de 2009, pela Banca Examinadora constituda pelos seguintes professores:

Prof. Ms. Evandson Paiva Ferreira (Orientador) UFG Presidente da Banca

Prof. Dr. Danilo Rabelo SME - Goinia

Prof. Ms. Marcilene Pelegrine Gomes SME - Goinia

Dedico este trabalho, primeiramente, a meus filhos Larissa e Leandro, depois, minha me, que sempre deu foras para que eu no desistisse e, finalmente, a todos que sempre entenderam o motivo de minha ausncia nos momentos de lazer, fins de semana, momentos estes em que estava me dedicando realizao desde sonho.

AGRADECIMENTOS

Muitos foram os momentos em que as angstias e apreenses tomaram conta de mim, durante o desenvolver deste trabalho. Mas tambm muitas foram as pessoas que me ajudaram, me incentivaram, me puxaram para frente e para cima. A todas elas, meu eterno agradecimento. pessoa que primeiro esteve presente comigo nesta jornada: Deus. A Ele o meu eterno obrigada pela certeza de que me carregou no colo quando mais precisava de companhia. Aos meus pais e familiares, companheiros insuperveis de sonhos, alegrias e tristezas: meus exemplos de f, persistncia e pacincia. A amizade dedicada a mim por minha me, o seu olhar afetuoso e seu toque carinhoso e reconfortante sempre foram o combustvel para que eu pudesse seguir em frente, vencer mais uma barreira, recomear mesmo que tudo parecesse muito difcil. Larissa e Leandro, meus filhos, talvez os mais sacrificados nesta minha busca. Que esta aventura possa significar para eles uma prova de que nosso crescimento pessoal s depende de sonhos e perseverana. Ao professor Evandson Paiva, orientador desta dissertao, pela confiana dedicada a mim, pelas inteligentes correes e acompanhamentos feitos por ele. No poderia deixar de agradecer aos colegas de curso, aos colegas de trabalho, aos meus professores e, principalmente, aos meus alunos, pela contribuio neste estudo. Vocs foram imprescindveis para o meu sucesso.

Eu nunca ensino aos meus alunos. Somente tento criar condies nas quais eles possam aprender. Albert Einstein

RESUMOA dislexia um distrbio gentico ligado aprendizagem da leitura e da escrita. Existem diversos tipos e graus de dislexia e, para cada caso, um tratamento apropriado. O dislxico sofre muito, especialmente pela excluso e falta de compreenso por parte dos colegas, pais, educadores e gestores escolares. Sob o rtulo de preguiosos e desinteressados, so ignorados em suas necessidades especiais, ocasionando-lhes baixa auto-estima, perda da auto-confiana e, inevitavelmente, o fracasso, alm de muitas vezes, lev-los evaso escolar. No se trata de deficincia fsica ou mental, e sim de uma dificuldade para aprender a leitura e a escrita. Os dislxicos tm inteligncia e sistemas sensoriais normais, muitas vezes so portadores de habilidades e potencialidades especiais, mas possuem um jeito de aprender a linguagem diferente e, por isso, tm direito de serem assistidos por uma equipe multiprofissional e includos nos programas de Educao Especial. O diagnstico precoce e o tratamento adequado, eficaz e individualizado, j nos primeiros anos da vida escolar dessas crianas, aliados a uma ampla conscientizao dos pais e da comunidade escolar, so as nicas garantias que elas tm de conseguirem desenvolver suas potencialidades de forma satisfatria para, no futuro, tornarem-se cidados produtivos, plenamente integrados sociedade. O professor tem um papel fundamental no fracasso ou sucesso do dislxico. Suas prticas em sala de aula, sua linguagem e sua metodologia devem ser revistas, de forma a incluir esses alunos e a tornar menos dolorosa, para eles, o processo de aquisio da linguagem escrita.

Palavras-chave: Dislexia, distrbio, leitura e escrita, excluso, diagnstico, tratamento.

ABSTRACT

The dyslexia is a genetic disorder linked to the learning of reading and writing. There are several types and degrees of dyslexia and, in each case, appropriate treatment. The dyslexic suffers greatly, especially the exclusion and lack of understanding from colleagues, parents, educators and school administrators. Under the label of "lazy" and "uninterested", they are ignored in their special needs, causing them low self-esteem, loss of self-confidence and, inevitably, a failure, and often take them to school evasion. It is not physical or mental disability, but rather a difficulty in learning to read and write. The dyslexic have normal intelligence and sensory systems, are often individuals with special abilities and potential, but have a different to learn a language and therefore are entitled to be assisted by a multidisciplinary team and included in the programs of Special Education. Early diagnosis and appropriate treatment, effective and individualized, since the first years of school life of these children, together with a broad awareness of parents and the school community, are the only guarantees they have that they can develop to their potential to the satisfaction of, in future, become productive citizens, fully integrated into society. The teacher has a fundamental role in the success or failure of dyslexic. Their practices in the classroom, their language and their methodology should be revised to include these students and make it less painful for them, the process of acquisition of written language. Keywords: Dyslexia, disorder, reading and writing, exclusion, diagnosis, treatment.

SUMRIORESUMO ABSTRACT INTRODUO 1. 1.1. 1.2. 1.2.1. 1.2.2. 1.2.3. 1.3. 1.3.1. 1.3.2. 2. 2.1. 2.2. 2.3. 2.4. 3. 3.1. 3.2. 3.3. O QUE A DISLEXIA? COMO SE APRENDE A LER TIPOS DE DISLEXIA Dislexia disfontica Dislexia deseidtica Dislexia mista PRINCIPAIS SINTOMAS DA DISLEXIA Na primeira infncia A partir dos sete anos de idade DISLEXIA E EDUCAO ESPECIAL HISTRICO DA EDUCAO ESPECIAL NO BRASIL A DISLEXIA NO CONTEXTO DA EDUCAO ESPECIAL O QUE A CINCIA DIZ SOBRE A DISLEXIA? O PSICOPEDAGOGO E O DISLXICO A DISLEXIA E A INTERVENO PEDAGGICA DISLEXIA E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO PANLEXIA PROCEDIMENTOS PARA LIDAR COM O DISLXICO EM SALA DE AULA CONCLUSES REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ANEXOS

INTRODUOA descoberta da leitura um momento mgico na vida de qualquer pessoa. Os olhos que brilham, o sorriso estampado no rosto e a certeza de que capaz e de que definitivamente ingressou no mundo das letras tm significados semelhantes aos ritos de passagem, comuns entre muitos povos indgenas. E a linguagem fundamental neste processo e para o sucesso escolar, pois est presente em todas as disciplinas e todos os professores so, potencialmente, professores de linguagem, pois utilizam a lngua materna no processo ensino-aprendizagem. Muitos alunos so reprovados no sistema escolar e outros evadem porque apresentam dificuldades de aprendizagem. Sabe-se que so muitos os distrbios de aprendizagem que atingem as crianas. Tais distrbios tm vrios sintomas, diversas formas de se manifestarem e, em comum, a fora para provocar a insegurana e a frustrao nos pequenos aprendizes da leitura. Dentre as vrias dificuldades de aprendizagem associadas ao insucesso na vida estudantil de qualquer criana, a dislexia se destaca por estar diretamente ligada aquisio da leitura e da escrita, fundamentais para o processo de aprendizagem. A dislexia um dos vrios distrbios de aprendizagem que se apresentam no contexto escolar. Com um quadro de sintomas amplo e diversificado, ainda obscura para a maioria dos educadores e pais e de difcil diagnstico e tratamento, a dislexia vem sendo responsvel pela rotulao, fracasso e evaso escolar de inmeros alunos. Marcada pela dificuldade de assimilao dos mecanismos da leitura e escrita, uma disfuno gentica que faz com que a criana aprenda de forma diferenciada e necessite de mais tempo e concretizao das aes pedaggicas para superar suas dificuldades. O dislxico portador de habilidades e potencialidades especiais, sendo muitas vezes de inteligncia superior. Diversas pessoas famosas na histria da humanidade so consideradas, por suas caractersticas, dislxicas. Entre elas: Jackie Stewart (piloto de corridas), Darcy Bussel (bailarina inglesa), Agatha Christie, Albert Einstein, Charles Darwin, Cher (cantora), entre muitos outros. a prova de que ter dislexia no significa ser incapaz em nenhuma rea, somente que se tem um jeito diferente de aprender. E justamente este o ponto central deste trabalho: desfazer junto a pais e educadores o mito de que o dislxico no aprende, reforar suas capacidades e difundir no meio educacional a importncia de se ter tcnicas e mtodos especficos para lidar com a criana portadora desta

disfuno. Tais tcnicas e mtodos, alis, seriam de grande importncia e valia tambm para as demais crianas portadoras de quaisquer dificuldades de aprendizagem. Durante a elaborao desta dissertao, buscamos percorrer o caminho do conhecimento. A partir de pesquisas feitas com educadores e pais de crianas da rede pblica do distrito de Uruceres, municpio de Uruana, sobre as principais barreiras que as crianas enfrentavam na fase de aquisio da leitura e escrita, percebemos que a maioria destes pais e professores tratava como iguais as diversidades de situaes de (des)aprendizagem, mostradas pelos alunos. Tratamos de pesquisar, buscar subsdios para entender e ajudar essa comunidade. E a dislexia tambm se mostrou como problema mais comum, ali. Seguimos, ento, a linha das dvidas dos entrevistados, e, no primeiro captulo deste trabalho respondemos questo do que seja a dislexia, como se processa a aprendizagem da leitura e escrita e qual a diferena deste processo no crebro de dislxicos e das demais crianas. Esclarecemos que existem diferentes tipos de dislexia e que cada uma marcada por um grupo de sintomas distinto e por um grau maior ou menor de dificuldade na aquisio da leitura. Depois, buscamos identificar os principais sintomas da dislexia na primeira infncia e em crianas com mais de sete anos. Nosso objetivo foi deixar clara a possibilidade de professores da Educao Infantil e dos pais perceberem esta disfuno, j nos primeiros anos de vida da criana e, ento, encaminhar estes pequenos para o tratamento adequado, evitando, assim, maiores sofrimentos para a famlia e, principalmente para a criana. Sem dvida, o conhecimento aprofundado desta disfuno, com suas caractersticas e sintomas traz para os pais e educadores um alvio muito grande, na medida que passam a entender o dislxico como um ser especial, mas perfeitamente capaz. Partimos ento, para a anlise da legislao brasileira sobre Educao Especial, na busca de caracterizar o direito do dislxico de ser atendido por um programa educacional diferenciado, que busque atend-lo em suas necessidades especiais. Citamos a colaborao decisiva da Declarao de Salamanca 1 na mudana de viso do Ensino Especial, no pas, com a idia de incluso escolar. Com esta nova viso da Educao Especial, relacionamos os profissionais que devem estar includos no tratamento do dislxico, desde aqueles ligados rea1

A Declarao de Salamanca (Salamanca, Espanha 1994) uma resoluo das Naes Unidas (ONU) que busca a equalizao de oportunidades para pessoas portadoras de deficincias. Trata dos princpios gerais, da poltica e prtica em Educao Especial. considerada como um dos mais importantes documentos que tm como objetivo a incluso social. Teve origem nos movimentos em favor dos direitos humanos iniciados nas dcadas 60 e 70 do sculo XX.

mdica, como psiclogos, neurologistas e fonoaudilogos at o psicopedagogo e o professor. E o psicopedagogo tem um papel decisivo do tratamento da dislexia, pois ele que vai esclarecer o grau da disfuno e traar as tcnicas e metodologias necessrias apropriadas para que cada aluno, de forma individual, aprenda, atravs de testes especficos. Ele ser o parceiro mais prximo da famlia e do professor nesta caminhada. Para finalizar, tratamos de aprofundar no desenvolvimento cognitivo de crianas portadoras de dislexia para entendermos melhor como aprendem, como processam as informaes e onde esto situadas suas principais dificuldades. Da, levantamos uma srie de procedimentos pedaggicos que, se tidos como prticas permanentes em sala de aula, podem ser de grande contribuio para o sucesso do dislxico, fazendo com que a aquisio da linguagem escrita no seja to dolorosa para ele. Temos a esperana que, num futuro bem prximo, a dislexia seja um tema superado por pais e educadores, pois todos tero entendido sua complexidade e suas implicaes e aprendido a lidar com ela de forma natural e tranqila. Esperamos que este trabalho possa contribuir para isso.

1. O QUE A DISLEXIA?

Sempre que ouvimos falar sobre o termo DISLEXIA, vm-nos mente uma srie de dvidas e de reflexes que, devido sua obscuridade, tm colaborado muito para a no elucidao desta sndrome. Antes de qualquer conceituao, preciso entender que a dislexia um jeito diferente de aprender, um jeito que reflete a individualidade de uma mente, muitas vezes astuta e genial, mas que aprende de um modo diferente. Diversos cientistas se dedicam ao estudo desta sndrome. E, apesar de todos os estudos e da enorme quantidade de pessoas dislxicas no mundo, ainda nos deparamos com a falta de uma definio nica e esclarecedora sobre o assunto. O que se sabe, com certeza, que a dislexia um problema que se percebe em crianas que apresentam dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita. Rebelo (1993, cit. in Cruz, 1999), esclarece que as dificuldades especficas de aprendizagem da leitura no possuem explicaes evidentes, pois se situam ao nvel cognitivo e neurolgico, sendo consideradas para uns, como dificuldades intrnsecas ao indivduo e para outros, so dificuldades externas ao indivduo, adquirindo um carter mais abrangente. A dislexia refere-se a uma dificuldade na aprendizagem da leitura, manifestada por dificuldades de distino ou memorizao das letras isoladas ou agrupadas em palavras e a dificuldades de estruturao das frases, o que leva a uma perturbao da leitura e da escrita. Alguns testes psicopedagogicos so capazes de diagnosticar, com relativa preciso, as dificuldades de aprendizagem relacionadas leitura e, classific-las. Uma das mais graves dessas dificuldades, com certeza a dislexia. Para isso, so usadas avaliaes especficas capazes de levar a um diagnstico dos problemas de leitura que cada aluno enfrenta. Os testes mais usados nesses casos so: a anamnese assistida e a anamnese descritiva que so, fundamentalmente, observaes feitas sobre o desenvolvimento do aluno, a partir de relatos mdicos e de pessoas na famlia que apresentaram alguma semelhana nas dificuldades de aprendizagem e desenvolvimento; as provas piagetianas, de competncia fonolgica, avaliaes de habilidades perceptivas, psicomotoras, Reversal test e Piaget Read2 e o teste de vocabulrio verbal, que traam a capacidade cognitiva e de habilidades desta criana; e ainda, provas projetivas como2

O Reversal Test um teste que avalia a inverso visual de letras, palavras e nmeros em crianas a partir dos 5 anos de idade. um excelente instrumento para a deteco precoce de dificuldades de aprendizagem. OPiaget Read um grupo de testes que se baseiam no conhecimento do esquema corporal com a localizao direita-esquerda em relao a um eixo de simetria.

entrevista operativa centrada na aprendizagem e entrevista operativa centrada no brinquedo, que buscam analisar as relaes vinculares com o meio familiar, social e com a aprendizagem. Entende-se por dislexia o conjunto de sintomas que apontam para a existncia de uma disfuno parietal (o lobo do crebro onde se situa o centro nervoso da escrita) que afeta a aprendizagem da leitura. Essa disfuno geralmente hereditria, mas pode em alguns casos, ser adquirida e manifesta-se desde o mais leve sintoma at os mais graves. Geralmente a dislexia vem acompanhada de transtornos na aprendizagem da escrita, da ortografia, gramtica e redao. A dislexia um dos problemas mais comuns enfrentados no processo de ensinoaprendizagem da leitura. De acordo com Luczynski (2002), algumas pesquisas realizadas apontam que 20% da populao americana sofrem de dislexia e que existem muitos dislxicos que ainda no foram diagnosticados. Segundo dados estatsticos divulgados pela ABD (Associao Brasileira de Dislexia), em 2002, os portadores de dislexia no Brasil representavam cerca de 10 a 15% da populao. O que se sabe, com certeza, que cerca de 2 entre cada grupo de 10 alunos, hoje, so dislxicos, apresentando algum grau de sintoma. Adultos com essa sndrome mostram-se com dificuldade para assimilar as palavras, tornando-se analfabetos funcionais e crianas com tal dificuldade especfica de leitura e escrita so incapazes de demonstrar a mesma facilidade de aprendizagem que seus colegas. Isso no quer dizer que sejam incapazes de aprender ou que no possuam capacidade para tal, sim que aprendem de modo diferenciado, embora possuam inteligncia normal, sade fsica e rgos sensoriais em perfeitas condies e no apresentem nenhuma espcie de alterao em seu estado emocional. Segundo Johson e Myklebust (1983) apud Moraes (1997), a dislexia representando um dficit na capacidade de simbolizar, comea a se definir a partir da necessidade que tem a criana de lidar receptivamente ou expressivamente com a representao da realidade, ou antes, com a simbolizao da realidade, ou poderamos tambm dizer, com a nomeao do mundo (2002, p.35). Uma boa definio de dislexia, ento, seria:Dislexia um termo que se refere s crianas que apresentam srias dificuldades de leitura e, consequentemente de escrita, apesar de seu nvel de inteligncia ser normal ou estar acima da mdia; (...) a criana dislxica no apresenta distrbios a nvel sensorial ou fsico, a nvel emocional, ou desvantagens scio-econmicas, culturais ou instrucionais, que possam ser consideradas causas das dificuldades para aprender a ler (MORAES, 2002, p. 36).

Sendo assim, devido falta de informao dos pais, ao despreparo dos professores da Educao Infantil e real dificuldade de identificar os sintomas da dislexia antes que a criana ingresse na escola, o diagnstico desta criana s vai ser feito quando ela estiver em fase da alfabetizao, no 1 ou 2 ano do Ensino Fundamental. Ento, manifestar dificuldades de leitura, nada mais do que o resultado final de uma srie de desorganizaes que a criana j vinha apresentando no seu comportamento pr-verbal, no-verbal e em todas as funes bsicas necessrias ao desenvolvimento da recepo, da expresso e integrao, ligadas funo simblica, to fundamental no processo de aprendizagem da leitura. O termo dislexia foi criado para nomear dificuldades especficas de aprendizado. Dys vem do latim e significa dificuldade, enquanto lexia seria palavra. Ento, dislexia seria a dificuldade de apreenso da palavra. Porm, o significado mais exato para o termo vem da derivao grega do termo dys (disfuno), uma funo anormal ou prejudicada. Tambm do grego, temos um significado mais amplo para o termo lexia, sendo a linguagem. Assim, dislexia uma disfuno na aprendizagem da linguagem. De acordo com a Associao Brasileira de Dislexia, importante ressaltar que a dislexia uma disfuno neurolgica. No se pode perder isso de vista e correr o risco de se incorrer no erro de considerar o dislxico como algum desinteressado, preguioso, com mal-comportamento ou incapaz de aprender. A fonoaudiologia classifica os alunos que apresentam problemas escolares em dois grupos: aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem e que podem ser de percurso, evolutivas, transitrias e dificuldades secundrias aliadas a outras patologias, como deficincia mental, sensorial, Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade (TDAH)3, transtornos emocionais ou neurolgicos, dentre outros e transtornos de aprendizagem, estes descritos nos manuais mdicos sob o cdigo DSM IV e CID-104.

3

TDAH um transtorno neurobiolgico, de causas genticas, que aparece na infncia e frequentemente acompanha o indivduo pela vida toda. caracterizado por sintomas de desateno, inquietude e impulsividade. Tambm conhecido como DDA (Distrbio de dficit de ateno). 4 O DSM-IV a abreviatura de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Fourth Edition: Manual Diagnstico e Estatstico de Doenas Mentais Quarta edio. Foi publicado pela Associao Psiquitrica Americana em Washington (1994). a principal referncia de diagnstico para os profissionais de sade mental dos Estados Unidos da Amrica e Portugal na prtica clnica e tambm usado no Brasil por estes profissionais. CID-10 a classificao internacional de doenas e problemas relacionados sade. publicada pela OMS (Organizao Mundial de Sade) e oferece cdigos relativos classificao de doenas, sinais, sintomas, entre outras circunstncias relacionadas sade.

No caso dos transtornos de aprendizagem, os fonoaudilogos trabalham com especificadores de gravidade e curso em leves, moderados e severos. Os transtornos severos persistem at a vida adulta e recebem o nome de dislexia evolutiva ou de desenvolvimento. O que leva o fonoaudilogo a diferenciar esses trs nveis a gravidade dos sintomas e sua persistncia ao longo da vida. Para caracterizar uma criana dislxica, comea-se pelos critrios de excluso: no so portadores de problemas psquicos ou neurolgicos graves; no apresentam deficincia intelectual ou sensorial; no trocaram de escola mais de 2 vezes nos trs primeiros anos escolares e no faltaram mais de 10% de aulas nessa poca mantiveram constncia na aprendizagem da lngua materna. A partir da, a dislexia evolutiva passa a ser caracterizada como um transtorno nas operaes evolutivas no reconhecimento das palavras que compromete, em maior ou menor grau, a compreenso da leitura. Apesar do avano da escolaridade do indivduo, a dislexia persistir. E necessrio que os sinais de desateno, mal-comportamento ou desinteresse apresentados nos alunos so expresso de sua frustrao, pois essa frustrao levar inevitavelmente a uma baixa auto-estima. Quando a dislexia no identificada e tratada de forma conveniente, a criana vai desenvolvendo estratgias para ler slaba por slaba, decorar o formato e o tamanho da palavra e, de maneira intuitiva, encaixar essa palavra em um contexto. (VARELLA, 2006). Muitos dislxicos conseguem se tornar leitores razoveis, porm necessrio que os pais e os profissionais envolvidos no processo de aprendizagem dessa criana no criem, em si e na prpria criana, falsas expectativas sobre sua capacidade de desenvolvimento da leitura. preciso que se tenha claro que a dislexia, quando tratada, no implica em falta de sucesso no futuro, nem em falta de inteligncia, nem to pouco implica em futuras dificuldades acadmicas e profissionais, mas ela implica em um jeito diferente de aprender que perdurar. Ao longo dos anos, o dislxico vai conhecendo e dominando perfeitamente o seu jeito de aprender. No se pode, porm, aceitar de forma alguma que essa disfuno se torne motivo de vergonha, de dor e de sofrimento para as crianas e suas famlias. 1.1. COMO SE APRENDE A LER

Mesmo antes de nascermos, estamos sempre em constante contato com o mundo. Este contato feito sempre atravs da linguagem, seja ela verbal ou no-verbal. Diversas teorias explicam a origem da linguagem, porm todas elas se fixam em um ponto fundamental: a aprendizagem da linguagem est diretamente ligada ao, motricidade. Sendo assim, Fonseca (1995) nos alerta que a linguagem escrita o extremo limite entre a linguagem oral e a ao. Ela se materializa a partir de uma libertao espacial e temporal das condies motoras e sensoriais que permitem a sua utilizao. Assim, a capacidade de seqenciar, seriar e ordenar temporalmente as aes um processo mental extremamente necessrio para a compreenso, elaborao e expresso da linguagem escrita. Foi em 1960 que Piaget definiu os sistemas de movimentos coordenados que se mostram imprescindveis ao desenvolvimento da linguagem. Ele acreditava que estes movimentos no fossem reflexos, nem automticos, mas coordenados numa sequncia espao-temporal intencional. Esse sistema de movimentos precisa do suporte de processos cerebrais especficos. Assim, fcil deduzir que as dificuldades motoras e de coordenar esse sistema de movimentos praxias, para Piaget5, se traduzem em dificuldades da linguagem, porque ela s se materializa pela ao, seja para a fala, seja para a escrita. A leitura, neste contexto, associada linguagem escrita. Aprender a ler, ao contrrio da fala, que envolve um sistema cerebral inato e se processa por imitao, um processo lento que envolve bastante tempo e esforo de aprendizagem. Ler a capacidade de extrair significaes de smbolos lingusticos arbitrrios e visuais, colocados ou produzidos no papel, na pedra ou em qualquer outra substncia (FONSECA, 1995). Ento a aprendizagem da leitura pressupe a aquisio de um segundo sistema simblico a fala foi o primeiro. E para que essa aquisio ocorra satisfatoriamente necessrio que o indivduo apresente as condies neurolgicas e de interesse adequadas. Existe uma clara interdependncia entre a fala e a aquisio da leitura. E os dislxicos apresentam mais dificuldades em aprender a falar do que os no-dislxicos. Assim, algumas crianas apresentaro uma dificuldade na leitura porque falta a elas uma predisposio comunicao, ou porque seus mecanismos funcionais da linguagem esto afetados ou no existem.5

Jean Piaget (1896-1980) foi o responsvel por desenvolver estudos que organizaram o desenvolvimento cognitivo do ser humano em uma srie de estgios. Sua formao inicial foi em biologia, posteriormente se dedicou rea da Psicologia, Epistemologia e Educao.

Ento, para o dislxico, a aquisio da leitura um processo que precisa ser ordenado em uma sequncia lgica que se inicia pela percepo de que a palavra ouvida no constitui um bloco sonoro inteiro, formada de segmentos menores e se completa com a percepo de que a palavra escrita tem a mesma estrutura que ele ouve na palavra falada e que essas estruturas so representadas pelos sons e escritas pelas letras. 1.2 TIPOS DE DISLEXIA Diferentes autores se dedicaram ao rduo trabalho de esclarecer que as crianas dislxicas no formam um grupo homogneo com as mesmas caractersticas e dificuldades. Para isso, autores classificaram a dislexia, cada um usando um critrio especfico. Eleanor Boder, uma psicloga americana, em 1973, estabeleceu como critrio a anlise qualitativa das diferenas de aprendizagem entre as crianas dislxicas e a existncia de erros distintos entre elas (apud NUNES e cols., 2000). Assim, ela relacionou trs grupos de dislexia: 1.2.1 Dislexia disfontica um grupo formado por crianas que apresentam dificuldades para desenvolver a conscincia fonolgica. Mostram como principais sintomas a dificuldade para estabelecer diferenas na anlise, sntese e discriminao de sons; a dificuldade para estabelecer critrios temporais na sucesso e durao dos sons; cometem trocas de fonemas e grafemas; alteram a ordem das letras e slabas, omisses ou acrscimos na escrita da palavra. So crianas que tm maior dificuldade na escrita do que na leitura. Elas percebem a palavra de forma global, no havendo a percepo do valor fonolgico de cada segmento da palavra. Assim, comum que haja trocas de palavras por outras semelhantes, nem sempre sinnimas. Geralmente h uma grande discrepncia entre o que est escrito e o que a criana l. 1.2.2 Dislexia deseidtica

Esse grupo formado por crianas que conseguem fazer a correspondncia som-letra, mas apresentam dificuldades visuais, uma disfuno na anlise e sntese das palavras, caracterizada pelas dificuldades espaciais relacionadas percepo de direes, localizao espacial e das relaes de distncia. Por essas caractersticas, encontram-se como sintomas de crianas com esse tipo de dislexia uma leitura silabada e a dificuldade de estabelecer sntese, aglutinao ou fragmentao de slabas e de palavras, alm de trocas por equivalentes fonticos. Essas crianas apresentam uma maior dificuldade para a leitura do que para a escrita.

1.2.3 Dislexia mista Grupo formado por crianas que apresentam os dois tipos de sintomas anteriores, que segundo Boder, o mais comum e mais numeroso grupo de dislxicos. (NUNES, BUARQUE e BRYANT, 1997). Porm, os estudos de Boder sofreram diversas crticas e outros estudos posteriores procuraram tambm estabelecer diferentes tipos de dislexia, apoiados na distino entre a dislexia do desenvolvimento e as dislexias adquiridas (aquelas que surgem em consequncia de leses cerebrais resultantes de acidentes ou da remoo de um tumor cerebral). As dislexias adquiridas tambm possuem diversas classificaes, de acordo com o tipo de sndrome apresentado, como por exemplo, a dislexia chamada de fonolgica por apresentar problemas baseados nas dificuldades de utilizao das relaes letra-som (NUENE, BUARQUE E BRYANT, 1997, p. 51) e a dislexia marcada por dificuldades na leitura de palavras irregulares, chamada de dislexia de superfcie. Existem estudos, tambm, que relatam um tipo de dislexia ocasional, provocada por fatores externos e causada por esgotamento do Sistema Nervoso, o chamado estresse, por Tenso Pr-Menstrual ou at por hipertenso. Esse tipo de dislexia raro e geralmente no precisa de tratamento, somente de uma alterao na rotina do indivduo para que tudo volte ao normal. O que se deve ter claro em nossas mentes que no h como fazer generalizaes a respeito da dislexia e de como o dislxico aprende a ler e a escrever. Cada caso um caso

especfico e precisa ser encarado como tal para que se busque as alternativas pedaggicas adequadas para o correto acompanhamento desse indivduo. Porm algumas desmistificaes a respeito da dislexia precisam ser feitas. preciso parar, definitivamente, de imaginar que a dislexia faa trocar letras. O que acontece com o dislxico que, na maioria dos casos, ele no identifica sinais grficos/letras ou qualquer outro cdigo que caracterize um texto. Portanto ele no troca letras porque seu crebro sequer identifica o que seja letra. Inverte-se letras/slabas simplesmente por nem saber o que so e, no como se insiste em divulgar, porque troque letras. (DROUET, 2001, p. 132).

Equipes multidisciplinares especializadas no acompanhamento de crianas com dislexia costumam aconselhar a prtica de esportes como um importante auxlio no desenvolvimento da coordenao motora, do raciocnio e da agilidade dessas crianas. O esporte visto como o mais completo para alcanar essas finalidades a natao, seguida de esportes coletivos com bola, como o futebol e o basquete. 1.3 PRINCIPAIS SINTOMAS DA DISLEXIA A dislexia , sem dvida, uma dificuldade de linguagem. E a linguagem fundamental para o sucesso escolar, porque ela est presente em todas as disciplinas. Todo professor, inclusive os pais, so automaticamente professores de linguagem, pois utilizam a lngua materna para transmitir informaes, conceitos, cultura, etc. Muitas crianas dislxicas apresentam dificuldades para calcular, porque tm dificuldade de compreender os enunciados das situaes matemticas. uma distrbio chamado de discalculia6. Sendo assim, no difcil compreender a importncia de que o diagnstico da dislexia seja feito o mais cedo possvel, para ser tratado adequadamente e evitar assim, estragos maiores na vida escolar da criana. Desde a Educao Infantil necessrio que pais e professores se preocupem em perceber sinais de dislexia nas crianas. Dois indicadores importantes devem ser observados com ateno por pais e educadores: a histria de vida da criana e como usa a linguagem nas aulas de leitura e escrita e na oralidade.6

Discalculia pode ser definida como uma desordem neurolgica especfica que afeta a habilidade de compreender e manipular nmeros ao fazer operaes matemticas ou aritmticas. Pode ser causada por um dficit de percepo visual que leva, principalmente, inabilidade para conceituar nmeros como um conjunto abstrato de quantidades comparativas.

Crianas inteligentes, saudveis, mas que apresentam dificuldade de ler e entender o que leram e de se comunicar oralmente, devem ser investigadas. Primeiramente deve-se buscar conhecer se h a existncia de dislexia na famlia. A histria pessoal de uma criana e de sua famlia pode ajudar muito os profissionais que atuam no processo de reeducao lingustica das crianas dislxicas. Depois, necessrio que se faa uma anlise criteriosa do tipo de dificuldade que essa criana apresenta, dos erros mais comuns cometidos por ela e de seu desenvolvimento psicomotor. Essa anlise tambm importantssima para psicopedagogos, neuropsiclogos, psiclogos e fonoaudilogos trabalharem com a criana. O trabalho dos pais e dos professores primordial para o diagnstico e para a cura da dislexia. Ento, necessrio que se conhea bem seus principais sintomas. 1.3.1 Na primeira infncia Luczynski (2002) descreve alguns sintomas comuns que devem se observados em crianas de 0 a 6 anos. Porm, ela alerta que pesquisas neurobiolgicas recentes comprovaram que o sintoma mais marcante para o diagnstico da dislexia o atraso para a aquisio da fala e de sua deficiente aquisio fontica. Esse atraso aliado a histricos de dislexia na famlia pode ser considerado conclusivo para o diagnstico a partir dos cinco anos e meio. Antes disso, preciso observar: o desenvolvimento motor, desde a fase do engatinhar; o tempo da aquisio da fala, desde o balbuciar at a pronncia das primeiras palavras; capacidade de compreenso do que est ouvindo; distrbios do sono e enurese noturna; baixa resistncia imunolgica a alergias e infeces; irritabilidade e agitao manifestadas atravs do choro excessivo e sem motivo aparente; pouco ou exagerada atividade motora e dificuldade para aprender a andar de triciclo; adaptao insatisfatria na escola, nos primeiros anos.

A criana dislxica apresenta dificuldade de discriminao fonolgica, pronunciando as palavras de maneira errada porque percebe de forma imprecisa os sons bsicos que compem cada palavra. Geralmente expressam um alto nvel de inteligncia, entendendo tudo o que ouvem,

pois tm uma excelente memria auditiva, mas encontram dificuldades de repetir palavras, quando menores e de soletrao, quando na fase de alfabetizao. 1.3.2 A partir dos sete anos de idade preciso ressaltar, mais uma vez, que crianas dislxicas apresentam nveis distintos marcados por diferentes combinaes de sintomas, de modo muito pessoal. Pode ocorrer que algumas crianas apresentem um ou outro sintoma ou uma combinao de alguns sintomas quando menores, que desaparecem com o tempo, ou s se apresentam algumas vezes. Isso no pode ser relacionado dislexia. As crianas adquirem a maturidade neurolgica em pocas diferentes da vida. Isso no significa que tm qualquer distrbio ou disfuno. preciso ter muito cuidado para no sair diagnosticando todo mundo como dislxico. Em crianas mais velhas, os principais sintomas da dislexia podem ser assim descritos, de acordo com Luczynski(2002): lentido para fazer seus deveres ou deveres feitos muito rpido e com muitos erros; uma letra muito bonita ao fazer cpias, mas baixa compreenso do que l e escreve ou uma letra quase ininteligvel com borres, ou palavras emendadas; fluncia na leitura inadequada para a idade, com omisses, acrscimos ou invenes de palavras; esquece facilmente aquilo que aprendera a alguns dias ou semanas; uma grande capacidade de imaginao e criatividade, mas entra no mundo da lua facilmente; ateno multifocal, no conseguindo se concentra em um nico foco; timidez excessiva; mudanas bruscas de humor; dificuldades na lateralidade, podendo ser ambidestros ou canhestros; boa memria longa mas pssima memria recente; sensibilidade e emoo exacerbadas, buscando sempre a perfeio que difcil atingir; dificuldades para andar de bicicleta, se vestir sozinho ou amarrar o cadaro dos sapatos;

irritao ou confuso mental em presena de muito barulho, podendo gerar irritao ou agressividade. interessante observar que muitas desses sintomas so muito comuns em diversas

crianas que se apresentam mais lentas ou com dificuldades de aprendizagem, sem que isso se caracterize uma dislexia. Antes de diagnosticar um aluno, preciso que se faa um estudo minucioso de sua vida familiar, que se percebe a incidncia e a freqncia destes sintomas e que se busque ajuda especializada para falar com a famlia e tratar a criana. Somente o pedagogo no tem condies de diagnosticar e tratar a dislexia.

2. DISLEXIA E EDUCAO ESPECIAL

Educao, como o conjunto das condies de acesso aos bens culturais de uma sociedade, abrange aspectos formativos que se desenvolvem na famlia, nas relaes de convivncia humana, no trabalho, nas instituies de ensino e pesquisa, em todo e qualquer ambiente capaz de favorecer o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social do ser humano. Ela acontece a qualquer momento da vida, desde o nascimento. Existem pessoas que necessitam de recursos especficos, como mtodos de ensino apropriados, currculos adaptados, apoio de materiais ou de servios especializados, para que consigam assimilar esses bens culturais da sociedade. Essas pessoas necessitam, ento, do que se convencionou chamar de Educao Especial. No mbito escolar, a educao de alunos com necessidades especiais deve ser entendida como processo que visa ao desenvolvimento do educando assegurando-lhe a formao necessria para o exerccio da cidadania plena. (CARVALHO, 2002). A poltica educacional brasileira tem direcionado aes no sentido de integrar os portadores de necessidades especiais em todas as atividades cotidianas da escola, buscando oferecer a eles o amplo sentido da igualdade de oportunidades mencionada pela Constituio Federal como garantia do exerccio da cidadania. Porm, importante salientar que a perfeita integrao desses alunos nas classes comuns s ser possvel se houver uma adequada formao dos professores, um amplo trabalho de conscientizao da comunidade escolar e o apoio de recursos especficos para cada tipo de necessidade. Com certeza, o problema complexo porque exige uma soluo diferenciada para cada caso, pois as necessidades especiais so variadas. 2.1. HISTRICO DA EDUCAO ESPECIAL NO BRASIL O diagnstico mdico ou clnico , hoje, fundamental para a caracterizao da necessidade especial do aluno. Embora essa abordagem seja muito criticada, preciso salientar que foi, inicialmente, a classe mdica que primeiro despertou para a necessidade de incluso escolar dos portadores de deficincia. Antes estes indivduos ficavam em hospitais psiquitricos, afastados do convvio social e tendo sua possibilidade de aprendizagem reduzida, cada vez mais, principalmente no caso dos portadores de deficincia mental. Sob o

olhar mdico, mesmo quando envolvia a assuntos educacionais, toda e qualquer atividade de socializao realizada com esses pacientes eram vistas como teraputicas. Quando saam dos hospitais, os portadores de necessidades especiais eram encaminhados a escolas especiais onde o trabalho era organizado a partir de um conjunto de terapias individuais baseadas no conhecimento mdico: fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, psicopedagogia, terapia ocupacional, entre outras. A educao escolar no era considerada importante neste contexto, e s vezes, era tida como impossvel, principalmente para deficincias cognitivas, mltiplas ou distrbios emocionais mais severos. Buscava-se com esse trabalho somente o desenvolvimento da autonomia nas atividades dirias dos alunos e a prontido para a leitura e escrita, sem que, no entanto, acreditasse-se na possibilidade da incluso desses indivduos na sociedade letrada. A partir de 1970 o Brasil comeou o processo de institucionalizao da Educao Especial, garantindo assim o acesso aos portadores de deficincias ao sistema educacional pblico. O Ministrio da Educao criou em 1973 o CENESP (Centro Nacional de Educao Especial) que, em 1986 foi transformado na SEESP (Secretaria de Educao Especial). Esse rgo garantiu o planejamento e execuo de polticas de Educao Especial no mbito das polticas pblicas de educao, a formao de profissionais especializados em diversas reas e nveis do conhecimento e a implantao de escolas e classe especiais. (FERREIRA e GLAT, 2003). O paradigma mdico, predominante at ento, foi substitudo pelo modelo educacional e a palavra de ordem do momento tornou-se: O deficiente pode aprender!. Segundo nos esclarece Glat (1995), passou-se a acreditar que o importante no era a deficincia intrnseca de cada indivduo e sim as condies que o meio poderiam propiciar e os recursos adequados para promover o desenvolvimento e a aprendizagem desses, agora, alunos. O que acontecia, na poca, era que essa Educao Especial mantinha-se funcionando como um sistema paralelo de educao, com currculos, metodologias, profissionais, espaos e organizao prprios. Tornou-se mais um meio de segregao e um espao onde se colocava aqueles que no se enquadravam no ensino regular. No se priorizava a incluso desse aluno nas classes comuns e, em conseqncia disso, formou-se a imagem de que o

portador de necessidades especiais jamais estaria pronto para ingressar de maneira produtiva na sociedade, era incapaz. No se negava que pessoas com necessidades especiais necessitam de recursos e mtodos de ensino mais eficazes, auxiliando-os a superar, pelo menos em parte, as dificuldades do dia-a-dia. Porm, buscava-se, pelo mundo afora, extinguir a marginalizao das minorias excludas. E no Brasil, ento, difundiu-se a Filosofia da Normalizao, que partia da idia de que pessoas com deficincias tm o direito de manter uma vida o mais comum ou normal possvel, inserida em sua comunidade, participando das atividades sociais, educacionais e de lazer inerentes a todos. Essa nova concepo de Educao Especial no ignorava as condies do deficiente, apenas pretendia tornar normal a vida desse indivduo, proporcionando a ele as condies e os recursos necessrios para que possa ter uma rotina semelhante aos demais indivduos de seu grupo social. Com o processo de redemocratizao que aconteceu no Brasil, a partir dos anos 1980, tomou fora a idia de que o deficiente poderia se integrar na sociedade e na escola. Ento, as polticas pblicas e objetivos da Educao Especial se transformaram, buscando uma nova qualidade nos servios de atendimento a este grupo da populao. Surgiu, ento um novo paradigma educacional chamado de Integrao, que visualizava a educao em um ambiente escolar menos restritivo, com o objetivo de preparar estes alunos para as classes regulares. Neste contexto, no se ignorou a necessidade de atendimento paralelo, salas de recursos especiais e outros recursos que garantissem o atendimento das necessidades especiais individualizadas. A necessidade da preparao do aluno com deficincia para sua integrao no ensino regular foi muito criticada, pois a problema continuava focado no aluno, e a escola no teria nenhuma responsabilidade com ele. A ela cabia apenas ensinar aqueles que tinham condies de aprender. O bonde continuava a andar, entrando nele somente quem conseguisse. E os portadores de necessidades especiais continuaram matriculados em escolas especiais por nunca apresentarem condies semelhantes s dos alunos regulares. Sempre estavam a exigir atividades e tcnicas especficas para aprenderem que a escola regular no estava disposta a proporcionar-lhes. Essas anlises culminaram, na dcada de 1990 com a proposta de Educao Inclusiva, feita na Declarao de Salamanca.

Este documento o resultado da Conferncia Mundial sobre Educao e Necessidades Especiais: Acesso e Qualidade, realizada na cidade de Salamanca, na Espanha, em junho de 1994, com o apoio da UNESCO7 e do governo espanhol, assinado por mais de novecentos participantes, representantes de 92 pases e 25 organizaes internacionais. Trata-se do mais completo texto sobre incluso na educao. Esclarece que a incluso no se refere apenas aos portadores de deficincia, sim a todo e qualquer indivduo que tenha necessidades educacionais especiais, em carter temporrio ou no. Segundo Sassaki(2002), essa declarao se coaduna com a Filosofia da Incluso, na medida que a incluso no admite excees. No Brasil, atualmente, a Educao Inclusiva o discurso dominante nas diretrizes educacionais, porm, a insero dos alunos com necessidades especiais nas escolas tem ocorrido sob dois modelos distintos: a Integrao e a Incluso Escolar. No primeiro modelo, os alunos so matriculados nas classes comuns a partir do momento em que demonstram condies de acompanhar a turma, recebendo apoio especializado paralelamente. E no segundo modelo, esses alunos so matriculados diretamente no ensino regular, cabendo escola oferecer a eles os mecanismos para atender s suas necessidades de aprendizagem, dentro do contexto comum da sala. importante ressaltar a diferena entre dois conceitos muito abordados aqui e no cotidiano escolar: portador de deficincia e portador de necessidades educacionais especiais. Enquanto um se refere quelas pessoas com uma deficincia orgnica, que pode ou no resultar em necessidades educacionais especiais, outro se refere quelas pessoas com dificuldades em relao aos contedos e proposta educativa com a qual se depara no cotidiano escolar. As condies orgnicas do indivduo so preponderantes na existncia de dificuldade ou facilidade para aprender e, neste contexto, a proposta da Educao Inclusiva se baseia no pressuposto de que a escola deva oferecer um currculo flexvel e ligado aos interesses individuais e sociais dos alunos, garantir condies de acessibilidade de locomoo e comunicao e desenvolver metodologias capazes de atender s demandas individuais. Isso tornaria possvel a aprendizagem no s dos alunos com necessidades especiais, mas de todos aqueles que apresentam qualquer nvel de dificuldade de aprendizagem.7

UNESCO a sigla da Organizao das Naes Unidas para a Educao, a cincia e a cultura.

Temos que ter em mente que a prtica inclusiva requer a formao de dois tipos distintos de professores: aqueles regentes das classes regulares, que possuem conhecimento e prtica sobre a diversidade do alunado, mas atuam de forma generalista e aqueles professores especialistas, capacitados para atuar com diferentes dificuldades de aprendizagem e de deficincias. Estes professores especialistas seriam responsveis pelo suporte, orientao e acompanhamento dos alunos inclusivos. Assim, o trabalho do professor regular e do professor de apoio especialista, se complementam de forma colaborativa. E no se pode deixar de citar que muitas vezes, alm da atuao destes dois profissionais na escola regular, necessrio que o portador de deficincia ou de necessidades especiais tenha um acompanhamento feito por outros profissionais, como fonoaudilogos, psiclogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, mdicos, psicopedagogos, entre outros. 2.2. A DISLEXIA NO CONTEXTO DA EDUCAO ESPECIAL Ao se pensar no portador de dislexia, nesse contexto de Educao Especial, tem que se ter em mente que a dislexia a incapacidade parcial de a criana ler compreendendo o que leu, apesar da inteligncia normal, audio e viso normais e de ser oriunda de um lar sem privaes de ordem domstica ou cultural. Assim, importante que se faam os testes de leitura, desde cedo, de modo a avaliar e diagnosticar essa dificuldade de leitura. O desconhecimento por parte dos professores, pais e gestores educacionais do que seja a dislexia e de suas implicaes no mbito do fracasso e evaso escolar s piora a situao desses alunos, pois a legislao educacional brasileira no trata as diversas necessidades especiais dos educandos de forma clara, objetiva e pragmtica. E essa omisso do legislador tem dificultado muito o trabalho do professor, do gestor escolar e do prprio governo, muitas vezes leigos no assunto, tambm. Citando o texto da nossa Carta Magna, O dever do estado com a educao ser efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializada aos portadores de deficincia, preferencialmente na rede regular de ensino. (art. 208, III, CF/88). E a se cria um conflito legal: o portador de dislexia no um portador de deficincia, como j esclarecemos, portanto no teria direito a um atendimento especializado por parte da rede regular de ensino. A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei n. 9.394, de 20 de

dezembro de 1996), diz de forma mais clara sobre esse atendimento especializado, em seu artigo 4: O dever do estado com a educao escolar pblica ser efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino.. Depois da edio desta lei, tornouse mais certo o atendimento ao portador de dislexia pelo Estado, visto que faz referncia ao portador de necessidades especiais, e no mais ao portador de deficincia, como o fazia a Constituio Federal. Assim se chega concluso, por deduo, de que a dislexia uma necessidade especial e deve ser englobada no rol das necessidades atendidas pela Educao Especial. Porm, uma importante reflexo a se fazer qual seria a natureza dessa necessidade especial. Sabemos que uma criana portadora de dislexia no tem nenhum tipo de deficincia mental, fsica, auditiva, visual ou mltipla. Tambm no uma criana de alto risco, nem teve seu desenvolvimento comprometido por fatores como gestao inadequada, alimentao imprpria ou nascimento prematuro. Claro que a dislexia tem um componente gentico, exceto nos casos de acidente crebro-vascular (AVC), mas no se trata de uma deficincia. Ento, o portador de dislexia merece uma ateno especializada, feita por uma equipe profissional capacitada para entender e atuar em cada caso especfico de dislexia, ele merece, como outros portadores de necessidades especiais, ser includo no programa de Educao Especial, recebendo a ateno e os cuidados que se fazem necessrios para seu amplo desenvolvimento intelectual, cognitivo e afetivo. Ser dislxico uma condio humana e como tal possui caractersticas positivas e algumas dificuldades a serem superadas. Ele pode ser portador de uma alta habilidade. Em geral, os dislxicos so talentosos na arte, na msica, no teatro, esportes, mecnica, vendas, comrcio, desenho, construo civil e engenharia. Podem tambm, possuir uma capacidade intelectual singular, mostrando-se altamente criativos, produtivos e lderes natos. Podem tambm jamais superar suas dificuldades com a leitura, agravando estados de baixa-estima, desenvolvendo quadros de desordem psicolgica, neurolgica e lingstica, de modo que sua sndrome passe a comprometer no s sua aprendizagem de leitura e escrita, mas destrua ou comprometa irremediavelmente seus ideais, suas ideias, seus talentos e seus sonhos. Eis a razo da importncia que se tem que dar ao diagnstico, avaliao e tratamento precoce da dislexia. A partir do momento em que conhecemos o seu tipo, sua natureza, fica mais fcil

para as famlias, para os educadores e para o prprio Estado e Sociedade, cumprir com o princpio constitucional da igualdade, que estabelece que se deve buscar tratar de forma igual os iguais e de forma desigual os desiguais, na medida de suas necessidades. 2.3. O QUE A CINCIA DIZ SOBRE A DISLEXIA? Dislexia um dos muitos distrbios de aprendizagem identificados na fase da alfabetizao. Caracteriza-se por uma disfuno gentica marcada por uma falha no funcionamento do processamento da linguagem. uma dificuldade de associar caracteres grficos (grafemas) e os sinais auditivos (fonemas). No se pode falar em cura para a dislexia, visto que no uma doena, mas ela pode ser controlada atravs de um acompanhamento especializado. O dislxico no tem nenhum comprometimento intelectual, dislexia um distrbio congnito e hereditrio. (ALMEIDA, 2005). No se tem notcia de um consenso cientfico a respeito da causa da dislexia. Sabe-se apenas que um problema de ordem gentica, mais comum em meninos, que comea a se estabelecer durante o processo de formao cerebral, por volta da vigsima ou vigsima terceira semana de gestao. Nesta fase, os neurnios migrariam para a periferia do crebro, e nos dislxicos alguns desses neurnios se perderiam no caminho, fazendo com que as reas cerebrais especializadas em fazer o processamento da leitura ficassem comprometidas. Ainda no se inventou nada capaz de recuperar essas funes cerebrais e o dislxico tem como principais sintomas a dificuldades para decifrar e ordenar letras e nmeros, para a orientao espacial e para realizar tarefas que exijam domnio das atividades motoras finas e grossas. (BERGAMO, 2005). Recentemente, foi descoberto por pesquisadores americanos o gene relacionado dislexia, localizado no cromossomo 6. Esse gene foi chamado de DYX2. Segundo Martins (2005), a descoberta desse gene e de seu funcionamento muito importante para a pedagogia, pois estabelece como se processa definitivamente a aquisio da leitura e da escrita em dislxicos e proporcionar aos professores uma atuao mais segura, eficaz e individualizada no processo de alfabetizao dos educandos.

2.4. O PSICOPEDAGOGO E O DISLXICO Neurologistas, fonoaudilogos, psiclogos e psicopedagogos com uma formao especfica em dislexia, que aliem um slido conhecimento terico com um prtica refletida sobre o tema, devem formar a equipe multiprofissional que acompanhar o dislxico. Nesta equipe, o psicopedagogo tem um papel fundamental, pois ele far o acompanhamento do desenvolvimento dos educandos e ajudar no diagnstico da dislexia, logo no incio da vida escolar das crianas. Porm, seu trabalho no se restringe ao diagnstico da dislexia. A interveno do psicopedagogo vai variar, conforme o tipo de dislexia apresentado pelo aluno: fonolgica, lexical ou mista. Sanches (2002) fala em dois tipos bsicos de interveno: um dirigido pessoa do dislxico e outro aos distrbios especficos do dislxico. O primeiro tipo de interveno visa a reconstruo da auto-estima do dislxico, levando-o a se reencontrar consigo mesmo atravs de novas tcnicas motivacionais e da reconstruo de sua imagem; a formulao de sentimentos positivos relacionados leitura, possibilitando um reencontro do dislxico com a leitura; e a integrao das aes da escola e da famlia. O segundo tipo de interveno visa a superao de dificuldades relacionadas fonologia (ortografia) e compreenso de textos. As intervenes psicopedaggicas so de carter urgente para a reintegrao desse educando em seu mundo escolar, familiar e na sociedade de maneira geral. A partir do diagnstico feito, traa-se um plano de trabalho diferenciado para cada aluno, buscando o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. Em seu trabalho, o psicopedagogo utiliza-se de jogos, vivncias, discusses de temas pertinentes buscando fazer com que o aluno desenvolva o conhecimento. A utilizao de mtodos multissensoriais, atravs do estmulo, tendo por base a linguagem oral e a estruturao do pensamento faz com que a leitura e a escrita surjam de forma espontnea. Importante no trabalho com o dislxico focar em atividades de leitura, escrita e fontica, desenvolvendo exerccios que propiciem oportunidades para uma reeducao multissensorial e para a melhora de sua auto-estima e de sua auto-confiana. Tempo e pacincia so mecanismos fundamentais para o sucesso desse trabalho. A famlia e a escola devem ser parceiras contnuas do psicopedagogo no trabalho com o dislxico, pois, todas as conquistas so importantes para ele e o leva ao exerccio pleno da cidadania.

3. A DISLEXIA E A INTERVENO PEDAGGICA Os educadores, de maneira geral, no esto preparados para lidar com nenhum tipo de dificuldade de aprendizagem. Aprende-se nos cursos de formao a ensinar, sem levar em considerao que o aprendizado ocorre de maneira individual e nica, nunca homognea. Assim, aqueles alunos que tm um jeito diferente, que necessitam de ateno e metodologia adequadas so obrigados, muitas vezes, a abandonar as salas de aula ou ser motivo de crticas dos colegas ou dos prprios professores; so tidos como os palhaos ou bobinhos que no aprendem nem sabem nada. A avaliao e diagnstico dos alunos devem ser feitas logo no primeiro ms de aula, conhecido como perodo preparatrio, em todas as sries. neste momento que so feitas as provas e os testes de sondagem das capacidades psicomotoras e intelectuais daqueles que sero o pblico alvo do curso que se est iniciando. A partir dos resultados obtidos e de acordo com as caractersticas individuais dos alunos, o professor define os tipos de atividades a que o grupo e, individualmente, os alunos devero ser submetidos para atingirem um bom nvel de aprendizagem. Esses cuidados, se tidos como regra geral em qualquer sala de aula, beneficiaria no somente os alunos dislxicos, mas tambm qualquer aluno portador de dificuldade de aprendizagem. Drouet (2006) esclarece que este primeiro ms de aula deve servir para que o professor conhea o aluno e saiba qual mtodo poder usar para obter um bom desempenho em suas aulas e para que o portador de algum distrbio no sofra tanto. Porm, o que se percebe que a formao do professor na graduao no lhe prepara para detectar estes problemas. Os professores de Ensino Fundamental esto despreparados para enfrentar desafios que so cada vez maiores, devido ao despreparo desses profissionais, grande parte dos dislxicos acaba por abandonar a escola, contribuindo para o aumento do ndice de evaso escolar nas sries iniciais. A falta de informao sobre o que seja a dislexia, o despreparo dos profissionais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem destes alunos, e o desinteresse dos governantes e gestores escolares sobre o problema faz com que a dislexia seja tratada como um mito ou mesmo como um problema da famlia ou da criana. Todos parecem cruzar os braos e preferir que esse aluno com um enorme potencial se isole na sala, at dela se ausentar definitivamente. O

papel do educador despertar no aluno o interesse pelo saber. Sob o rtulo de dislxico no pode existir um problema a ser resolvido e sim um desafio. essa atitude de verdadeiro educador frente ao aluno portador de dislexia que ser determinante para o sucesso ou o fracasso da interveno multidisciplinar que dever, obrigatoriamente, acontecer, logo se confirme o diagnstico. Antes de atribuir toda e qualquer dificuldade de leitura e escrita dislexia, o professor e a famlia devem descartar uma srie de evidncias e procurar um parecer clnico: imaturidade para a aprendizagem, dificuldades emocionais, mtodos equivocados de ensino, dficit cultural; incapacidade para aprender, deficincia auditiva ou visual, leses cerebrais (congnitas ou adquiridas) e hiperatividade. Feito o diagnstico definitivo, devero ser adotados procedimentos didticos adequados para possibilitar que haja o desenvolvimento completo de todas as aptides e habilidades deste aluno, que so inmeras. A conscientizao da famlia e da comunidade escolar de que o dislxico no um incapaz, que possui muita capacidade e inteligncia fundamental para que se consiga desmistificar o rtulo associativo de dislexia e incapacidade de aprender. 3.1. DISLEXIA E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO A maior dificuldade da criana com dislexia se encontra no fato dela no conseguir comunicar suas idias. Ela tem dificuldade de compreender o que est escrito e de escrever o que pensa. Quando tenta colocar no papel o que pensa, no o faz de maneira compreensvel, com idias confusas, frases e palavras incompletas. Segundo Torres e Fernndez (1997), o crebro de uma pessoa normal constitudo por neurnios que se comunicam entre si e dividido em duas reas distintas: a esquerda e a direita. A rea esquerda responsvel pela percepo da linguagem e subdividida em sub-reas que processam os fonemas, analisam as palavras e outras que reconhecem essas palavras. Todas essas sub-reas trabalham em conjunto, permitindo que o ser humano assimile a leitura e a escrita: inicialmente reconhece e processa os fonemas, depois memoriza e relaciona os fonemas com as letras e seus sons respectivos. Enquanto uma parte do crebro se concentra na execuo destas tarefas, outra parte se encarrega de construir uma memria permanente, o que possibilita a identificao rpida das palavras, com menos esforo.

De forma geral, a criana dislxica possui falhas nas conexes cerebrais. Seu crebro no funciona da mesma forma das outras crianas. A rea cerebral responsvel pela anlise de palavras fica inativa. Assim, ela processa fonemas e slabas normalmente, mas no consegue reconhecer palavras, mesmo que j as tenha lido ou estudado. A leitura , ento, um processo quase que doloroso, pois resulta de um grande esforo, uma vez que toda palavra se apresenta para ela como nova, desconhecida. Cruz (1999) afirma que para ler necessrio adquirir dois procedimentos cerebrais: o lxico (reconhecer de forma integral as palavras) e o sublxico (compreender as regras da correspondncia entre fonema e grafema). A dislexia evolutiva ou desenvolvimental pode apresentar dificuldades em ambos procedimentos ou em um ou outro, isoladamente: se houver dificuldade na via sublxica, por motivos fonolgicos, perceptivos/visuais ou neurobiolgicos, estaremos tratando de uma dislexia fonolgica; se por outro lado as dificuldades forem na via lxica, por causas fonolgicas, perceptivo/visuais e neurobiolgicas, estaremos tratando de uma dislexia tipo superficial; e, se a dificuldade for em ambas as vias, estamos frente a uma dislexia tipo misto. Desta forma, podemos afirmar que assim como temos tipos diferentes de dislexia, temos tambm tipos diferentes de manifestaes: enquanto um grupo de dislxicos apresenta atraso na linguagem, um quadro de falta de objetivos, erros de lecto-escrita causados por problemas na correspondncia grafema/fonema, com o quociente verbal inferior ao do que capaz de realizar, o outro grupo mostra deficincia de orientao esquerda/direita, perda da habilidade de compreender o significado ou reconhecer a importncia de vrias formas de estimulao, caracterizada pela inabilidade em perceber a forma e natureza de um objeto simplesmente pelo toque e erros na lecto-escrita definidos pela inverso de letras, porm, apresentam um quociente intelectual verbal superior ao do que capaz de realizar. Com a clareza da existncia dessas diferenas entre o jeito de aprender de uma criana dita normal e um dislxico e entre prprios os dislxico, o profissional que faz o acompanhamento destas crianas deve ter metas claras, com objetivos escalonados e bem definidos. Estas tcnicas fundamentais de trabalho com o dislxico j foram descritas por vrios pesquisadores e estudiosos.

3.2. PANLEXIA Panlexia um mtodo de orientao diagnstica e um programa de assistncia pedaggica ao indivduo dislxico, que parte de uma abordagem de reeducao na Lngua Portuguesa. Este mtodo foi iniciou-se na Inglaterra por Leonard Bloomfield, professor de lingustica da Yale University, que tinha um filho dislxico. Ele acreditava que seria melhor ensinar leitura a estudantes dislxicos atravs da introduo de elementos consistentes do idioma escrito, para depois tentar levar esses alunos a ir acrescentando os padres menos comuns de soletrao. A esse mtodo ele deu o nome de Lngustica Estruturada. Atravs dos estudos desenvolvidos por Bloomfield (1933), diversos outros pesquisadores deixaram suas contribuies para o que hoje chamamos de Panlexia. Luczynski (2007) conta que na dcada de 1960 o Dr. Jesse Grimes foi convidado por escola pblicas de Newton, Massachusetts, EUA, para elaborar uma pesquisa sobre qual seria o melhor mtodo de alfabetizao entre os trs utilizados: fontico, visual ou global e lingstico estruturado. Ele desenvolveu sua pesquisa levando em considerao trs grupos de crianas: bons leitores, leitores em nvel mdio e pobres leitores. Os resultados da pesquisa de Dr. Grimes foi ignorado, naquela poca, porque se percebeu que ele envolveu mtodos de ensino desenvolvidos por ele e, no somente a tcnica de leitura segmentada em lingstica. Porm, ficou provado que os seus mtodos de ensino da leitura constituam-se no segredo do sucesso do Programa Estruturado em Leitura Lingustica. Tais mtodos foram desenvolvidos por ele para atender s necessidades especiais de seu filho e seu neto, dislxicos. Ele sempre iniciava os trabalhos com treinamentos para o desenvolvimento da conscincia fonolgica. As tcnicas pedaggicas aliceradas em um ensino teraputico em lingustica estruturada so a base do mtodo Panlexia. O Dr. Grimes recebeu, em 1968, a tarefa de orientar programas diferenciais para crianas com dificuldades de aprendizagem. Pmela Kvilekval, foi uma das especialistas em Dificuldades de Aprendizado que tiveram o privilgio de participar do primeiro grupo de profissionais treinados pelo Dr. Grimes. Tornou-se sua assistente e passou a supervisionar, diretamente, os professores de Educao Especial. Depois de dois anos nesse trabalho, Pmela foi nomeada como diretora do Programa de Dificuldades de Aprendizado das Escolas Pblicas de Andover, Massachusetts, EUA. Como

Dr. Guimes nunca havia se preocupado em formalizar o registro de seus trabalhos, autorizou que Pmela o fizesse. Ela, ento, desenvolveu o Manual Bsico, livro que utilizou para treinar os primeiros membros das escolas de Andover. Contando com o apoio de um grupo de quinze profissionais comprometidos com o ensino de crianas com dificuldades de aprendizado, especialmente dislexia, Pmela desenvolveu um eficiente programa de apoio pedaggico aos estudantes dislxicos, baseado na estrutura fundamental das caractersticas fonema x grafema. O manual inicial evoluiu para seis volumes sob o ttulo: Um Programa para Dificuldades Especficas de Linguagem". Desde 1986, Pmela consultora em escolas internacionais na Itlia e Supervisora de ensino diferencial para portadores de dislexia. Depois de vencer o desafio inicial de traduzir seu programa de ensino dentro das bases estruturais fonticas do idioma italiano, tornou-se uma referncia mundial no tratamento da dislexia. Enquanto se dedicava traduo de seu mtodo, Pmela contou com o apoio da me de um de seus estudantes: ela escreveu e publicou a histria: Le Storie di Zia Lara, juntamente com um encarte escrito por Pmela: IL Mtodo Panlexia. Hoje, alm desta publicao, Pmela desenvolveu um programa de identificao precoce das diferentes formas de dificuldades de aprendizagem em crianas de dois anos e meio a seis anos, demonstrando os principais sintomas e sinais que as tornam pr-dispostas a apresentar dificuldades de aquisio da leitura e escrita, como a dislexia. Atravs da Panlexia, a criana desenvolve um mtodo prprio e individual de aprender a leitura, a escrita e a soletrao, onde os resultados so rpidos, na maioria dos casos. Os alunos que apresentavam vergonha de ler em voz alta, dificuldade de escrever redaes, de soletrao e compreenso, passaram a melhorar seu desempenho e recuperaram a auto-estima, somente com o trabalho sistematizado, seguindo o mtodo Panlexia. 3.3. PROCEDIMENTOS PARA LIDAR COM O DISLXICO EM SALA DE AULA Fonseca (1995) diz que antes da linguagem falada, o gesto prepara a palavra, a emoo precede a comunicao, a comunicao no verbal d origem comunicao verbal. (p. 32). Assim, podemos afirmar que a aprendizagem da leitura um processo mais lento que a aquisio

da fala, que pressupe o desenvolvimento anterior de um mecanismo de linguagem e de domnio espacial e motor. Para falarmos em aprendizagem da leitura, necessrio que se perceba a fase ou etapa do desenvolvimento cognitivo se encontra o aprendiz dessa nova linguagem simblica. De acordo com a teoria Piagetiana, a criana entre os seis e onze anos se encontra no estgio de operaes concretas. Operaes porque se referem a aes interiorizadas, reversveis e concretas porque se aplicam a contedos prticos e concretos para a criana. (Loureno, 1997). A criana nesta fase capaz de integrar e coordenar as duas dimenses necessrias compreenso da leitura: a forma e o som da letra. Assim, depois que aprende a ler, j deve ser capaz de ir alm da informao que lhe transmitida, interpretando e fazendo relaes possveis entre o que leu e o que est guardado em sua memria sensorial. A criana dislxica no consegue estabelecer prontamente estas relaes, ento precisa de um tempo maior e de atividades mais concretas para aguar a aprendizagem. Segundo a ABD 8 (Associao Brasileira de Dislexia), o professor deve transformar a sala de aula em uma oficina preparada para exercitar o raciocnio e exercitar uma ao construtiva para que a interao com o aluno dislxico possa acontecer de forma facilitada e respeitosa. A ABD (2008), descreve algumas atitudes que podem facilitar a interao entre o grupo de alunos e o dislxico, como: Aulas divididas em espaos para exposio, seguidos de discusso e sntese ou jogo Dar dicas e auxiliar o aluno a se organizar no espao fsico e a realizar as atividades Valorizar todo e qualquer acerto para estimular a auto-estima do aluno; Perceber a lentido natural de seu aluno dislxico e criar solues alternativas para a Auxiliar o aluno a se organizar, no momento de fazer anotaes da lousa; Criar a rotina de usar a agenda para anotar recados e lembretes; Usar linguagem clara e direta em momentos de explicaes e ordens coletivas e se pedaggico; em sua carteira;

realizao de tarefas escritas e atividades que envolvam orientao e mapeamento espacial;

certificar de que ele entendeu o que foi falado;8

ABD a sigla da Associao Brasileira de Dislexia, fundada em 1983, a partir da busca de um pai que queria entender as dificuldades de seu filho na escola. Localizada em So Paulo, hoje, um importante centro de pesquisa e apoio s famlias e portadores de dislexia, no Brasil.

Permitir o uso de materiais de apoio como tabuadas, material dourado, baco, A idia de que exerccios de fixao repetitivos e numerosos facilitariam a aprendizagem

calculadoras, e outros recursos que facilitem a memorizao; equivocada. Assim, toda pedagogia que tenha em mente alcanar o dislxico dever ser formativa, qualitativa, construtivista e baseada em diversos recursos audiovisuais. Claro que em salas de muitos alunos essa ateno especial ao portador de dislexia difcil e quase irreal se pensarmos em um s professor por sala. Porm, como j salientamos antes, a aluno dislxico deve ser includo na escola como portador de necessidades especiais e, devido a isso, tem o direito a uma orientao feita por uma equipe multiprofissional, fora da sala de aula, e, l dentro, tem o direito a um professor de apoio, qualificado para lidar com sua dificuldade. A Lei 9.394, de 20/12/1996 (LDB) prev a elaborao de uma proposta de recuperao de alunos de menor rendimento, da construo de uma Proposta Pedaggica e de um Regimento Escolar que inclua e tenha em mente alunos com dificuldades de aprendizagem, a se incluindo tambm o portador de dislexia. Na proposta pedaggica da escola existe a possibilidade de se incluir provas escritas de carter operatrio, provas orais, atividades prticas, pareceres descritivos e observaes do comportamento e habilidades dos alunos. Seguindo neste sentido, a escola no precisar manter salas especiais para crianas com dificuldades de aprendizagem. Elas tm muito a compartilhar com outros alunos e, se tratadas com naturalidade e respeito, so capazes de aprender e desenvolver suas potencialidades.

CONCLUSES

Muitas foram as questes respondidas com este trabalho. Muitas foram as barreiras superadas durante a elaborao do mesmo, atravs de estudos e pesquisas. Fica uma certeza: a dislexia no to feia como parece! Se todos os envolvidos no processo de aprendizagem mostrarem um comprometimento real com cada aluno, observando-o, analisando as possveis dificuldades que surgirem, desde os primeiros momentos da vida escolar da criana, o diagnstico desta disfuno ser mais preciso e dado mais cedo. Isso far com que o tratamento seja mais eficaz e, consequentemente, a aprendizagem desta criana seja mais natural, no implicando sofrimentos ou desgastes. A partir do momento em que o dislxico estiver includo e assistido devidamente pelos profissionais corretos, ele se sentir capaz, no ter problemas de auto-estima, nem de autoconfiana. Ento, no se tornar um aluno disperso ou de comportamento difcil, nas salas de aula. Ter suas potencialidades descobertas, valorizadas e trabalhadas, desde cedo, logo, ser produtivo, admirado e respeitado pelos colegas e familiares. Como visto, no complicado superar este assunto nos crculos de debate pedaggicos ou mdicos. A dislexia uma disfuno gentica sim, incurvel, sim, mas nada disso implica em incapacidade, em crianas-problemas ou em adultos improdutivos, pelo contrrio. O grande desafio do sculo XXI a convivncia harmoniosa e legtima com as diferenas. Sejam essas diferenas de raa, cor, sexo, credo, jeito de pensar ou de aprender, elas devem ser respeitadas. Mostrar que estamos superando esse desafio no isolar os diferentes, sim dar a eles um tratamento desigual, na medida de suas necessidades9. Tal atitude tornaria a sociedade mais preparada para lidar com deficincias de qualquer natureza e com portadores de necessidades especiais, pois se tornaria um ensinamento rotineiro na educao de nossos jovens e adultos. No podemos encerrar esse trabalho sem deixar claro que o papel do professor , em qualquer situao que se apresente a ele, desafiador. Tratar de maneira harmoniosa, carinhosa e igualitria diversas pessoas to diferentes, com histrias de vida e objetivos sempre distintos, no9

Este um ensinamento de Rui Barbosa (1849-1923): A regra da igualdade no consiste seno em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada desigualdade natural, que se acha a verdadeira lei da igualdade. (Orao aos Moos, p.26).

fcil. preciso, ento, que este profissional tenha uma postura de estudo e continuado aperfeioamento, pois cada vez mais os desafios so grandes e exigem um referencial terico slido para que suas aes no sejam fundadas em preconceitos ou desconhecimentos. Essa falta de saber, esta ignorncia a respeito do seu pblico torna os professores incompetentes. Ao lidar com o dislxico o professor deve pensar que ele capaz, que ele produtivo e, se no est sendo desta, o problema no est no dislxico, mas, certamente, na sociedade que no est oferecendo a ele ateno especial na medida de suas necessidades. Pode-se afirmar at que tal situao um desrespeito constitucional s nossas leis, por que no dizer: um crime de abandono intelectual.10

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS10

Abandono Intelectual um crime descrito no artigo 246 do Cdigo Penal Brasileiro.

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ANEXOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIS CENTRO DE ENSINO E PESQUISA APLICADA EDUCAO ESPECIALIZAO EM METODOLOGIA DO ENSINO FUNDAMENTAL

Questionrio aplicado aos professores do Ensino Fundamental e Educao Infantil no distrito de Uruceres, municpio de Uruana, GO.

Prezado colega professor ou pai de aluno, como aluna do curso de Especializao em Metodologia do Ensino Fundamental, estou realizando uma entrevista sobre dificuldades de aprendizagem, especialmente, dislexia. Gostaria de contar com a sua colaborao na realizao deste trabalho, pedindo que responda a este questionrio, da maneira mais sincera e explcita possvel. Esteja certo de que as suas informaes sero mantidas em sigilo e tambm sero de grande importncia para a elaborao da minha dissertao de final de curso. Muito obrigada. Fernanda Rodrigues Borges 1) Voc conhece o tema dislexia, mesmo que superficialmente? ( ) Sim ( ) No Caso sua resposta seja positiva, responda as questes a seguir. 2) Para voc, qual seria o melhor conceito para o termo dislexia? 3) Quais sintomas, para voc, so sinais de dislexia? 4) J teve alunos que tenham manifestado tais sintomas? 5) Qual a idade e a srie destes alunos? 6) Como foi detectado este problema em cada aluno? 7) Ele teve atendimento diferenciado? Se teve, qual foi?

8) Quais foram os progressos que voc percebeu neste aluno, depois do atendimento? 9) Como a famlia destes alunos reagiu frente s dificuldades de seus filhos? 10) E os voc, como v estas crianas? 11) J trabalhou com alunos que tivessem o diagnstico clnico de dislexia? 12) Voc j teve orientao pedaggica especfica para trabalhar ou ajudar no trabalho com dislxicos, na sua escola?