monografia de erika final

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  • 7/25/2019 Monografia de Erika Final

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    UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM PSICOLOGIA DO TRNSITO

    ERIKA RAVENA BATISTA GOMES

    PERCEPO DE PSICLOGOS PICOENSES SOBRE A AVALIAO

    PSICOLGICA DE CANDIDATOS CARTEIRA NACIONAL DE

    HABILITAO

    MACEIAL2013

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    ERIKA RAVENA BATISTA GOMES

    PERCEPO DE PSICLOGOS PICOENSES SOBRE A AVALIAOPSICOLGICA DE CANDIDATOS CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAO

    Monografia apresentada UniversidadePaulista UNIP, como parte dosrequisitos necessrios para concluso do

    curso de Ps-Graduao Lato SensoemPsicologia do Trnsito.

    Orientador: Prof. Ms. Alessio Sandro deOliveira Silva

    MACEI - AL

    2013

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    ERIKA RAVENA BATISTA GOMES

    PERCEPO DE PSICLOGOS PICOENSES SOBRE A AVALIAO

    PSICOLGICA DE CANDIDATOS CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAO

    Monografia apresentada UniversidadePaulista UNIP, como parte dosrequisitos necessrios para concluso docurso de Ps-Graduao Lato Senso emPsicologia do Trnsito

    APROVADO EM ____/____/____

    ________________________________________ _________PROF. MS. ALESSIO SANDRO DE OLIVEIRA SILVA

    ORIENTADOR:

    ________________________________________ _________PROF. DR. LIRCIO PINHEIRO DE ARAJO

    BANCA EXAMINADORA

    _________________________________________________PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRABANCA EXAMINADORA

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    DEDICATRIA

    minha amiga Dayse Miranda (in memorian), pelo exemplo de vida e de

    profissional.

    Aos que comigo foram responsveis por este trabalho, ao me acolherem nos

    momentos de euforia e angstia, e ao me motivarem quando j no havia mais

    foras.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus por estar sempre presente em minha vida,

    iluminando o meu caminho e guiando meus passos.

    minha me Mrcia, espelho na profisso e na vida, pelo apoio, incentivo,

    amor e dedicao que pude sentir durante toda a minha caminhada. Obrigada pelo

    colo sempre disponvel, por ser meu porto seguro e por me confortar sempre que

    preciso.

    Ao meu pai Elias, exemplo de fora e de vontade, pelo amor, preocupao

    constante e orgulho pelas minhas conquistas.Ao meu irmo tallo, por ser meu grande companheiro.

    Aos meus avs. Sei que a torcida de vocs incessante e essencial na minha

    vida.

    Ao Rodrigues Filho, por cada momento vivido ao seu lado, compartilhando

    amor, sorrisos, alegrias, amizade, ateno, companheirismo, pacincia, dificuldades,

    angstias, saudade.

    Agradeo tambm dona Jesus e Gisele, por sempre me acolherem commuito carinho e ateno.

    Aos meus amigos da ps, em especial Dayse, Kelly, Fernanda, Thas,

    Lawanny, Flaviane e Cleivnia, com quem compartilhei tantos momentos mgicos

    na linda cidade de Macei. Com vocs descobri que no h distncia para a

    amizade.

    Aos professores, em especial ao meu orientador Manoel Ferreira, pelo seu

    incansvel alto-astral e pacincia.

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    A alegria no chega apenas no encontro do

    achado, mas faz parte do processo da busca. E

    ensinar e aprender no pode dar-se fora da

    procura, fora da boniteza e da alegria.

    (Paulo Freire)

    http://pensador.uol.com.br/autor/paulo_freire/http://pensador.uol.com.br/autor/paulo_freire/
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    RESUMO

    O automvel um instrumento inventado recentemente pelo homem como um meiofacilitador da locomoo. Considerando a complexidade do ato de dirigir, essencialavaliar as diversas competncias e habilidades necessrias para que uma pessoaseja considerada apta a conduzir um veculo de forma eficiente e segura, o que possvel atravs de avaliaes mdica e psicolgica. A avaliao psicolgica faz usode procedimentos confiveis, de alta preciso e validade, considerando aspectos daateno, memria, inteligncia e personalidade do pretendente a condutor. Nestecontexto, a presente pesquisa props-se a conhecer a percepo dos psiclogospicoenses que atuam na rea de trnsito sobre a avaliao psicolgica decandidatos Carteira Nacional de Habilitao, bem como compreender as etapas da

    avaliao psicolgica e apreciar os testes psicolgicos eleitos para avaliar oscandidatos na cidade de Picos-PI. um estudo de campo de natureza qualitativa,em que participaram cinco psiclogos credenciados ao Departamento Nacional deTrnsito, atuantes nas trs clnicas de trnsito da cidade. O instrumento utilizadopara a coleta de dados foi uma entrevista sem-estruturada. As etapas da avaliaopsicolgica para obteno de CNH em Picos so: entrevista individual, aplicao dostestes, correo dos testes, classificao dos candidatos, entrevista devolutiva e,posteriormente, elaborao de laudo psicolgico. Os testes psicolgicos utilizadosvariam entre quatro de ateno, um de memria, dois de inteligncia e trs depersonalidade. Estudos mais abrangentes sobre o trnsito picoense, nas maisdiversas reas, se fazem necessrios para sua eficcia.

    Palavras chave:Trnsito; Avaliao Psicolgica; Carteira Nacional de Habilitao.

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    ABSTRACT

    The car is an instrument recently invented by man as a means of locomotionfacilitator. Considering the complexity of driving, it is essential to evaluate the variousskills and abilities necessary for a person to be deemed fit to drive a vehicle safelyand efficiently, which is possible through medical and psychological evaluations.Psychological assessment procedures makes use of reliable, high accuracy andvalidity, considering aspects of attention, memory, intelligence and personalitywannabe driver. In this context, the present study aimed to know the perception ofpeople from Picos psychologists working in the area of traffic on the psychologicalassessment of candidates for driver's license, as well as understand the stages ofpsychological assessment and appreciate the psychological tests chosen to assess

    candidates in the city of Picos-PI. It is a field study of a qualitative nature, involvingfive psychologists affiliated to the National Traffic Department, working in three clinicscity transit. The instrument used for data collection was an interview without-structured. The stages of psychological evaluation to obtaining of CNH in Picos areindividual interview, application testing, correction of the tests,classification of thecandidates, feedback interview and, subsequently, psychological preparation of areport. The psychological tests used vary between four of attention, one of memory,two of intelligence and three of personality. More comprehensive studies about thetraffic of Picos city, in several areas, are necessary for its effectiveness.

    Keyword: Traffic; Psychological Assessment;National Traffic Department

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Distribuio de psiclogos nas clnicas e tempo de credenciamentono DETRAN....................................................................................... 35

    Tabela 2 - Testes de ateno e profissionais que os utilizam ........................... 37

    Tabela 3 - Testes de inteligncia e profissionais que os utilizam....................... 38

    Tabela 4 - Testes de personalidade e profissionais que os utilizam.................. 38

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

    URL Unifend Resource Locator

    HTTP HyperText Transfer Protocol Secure

    UNIP Universidade Paulista

    DENATRAN Departamento Nacional de Trnsito

    CNH Carteira Nacional de Habilitao

    CONTRAN Conselho Nacional de Trnsito

    CETRAN Conselho Estadual de Trnsito

    CONTRANDIFE Conselho de Trnsito do Distrito Federal

    JARI Juntas Administrativas de Recursos de Infraes

    CFP Conselho Federal de Psicologia

    PMK Psicodiagnstico Miocintico

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    SUMRIO

    1 INTRODUO ....................................................................................................... 12

    2 REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................................. 14

    2.1 O Trnsito e os Condutores Brasileiros .......................................................... 14

    2.2 Avaliao Psicolgica na Obteno da CNH .................................................. 17

    2.3 O Psiclogo e a Avaliao Psicolgica no Trnsito....................................... 21

    2.4 Escolha dos Testes Psicolgicos .................................................................... 23

    2.5 Um Olhar Crtico sobre Avaliao Psicolgica ............................................... 28

    3 MATERIAIS E MTODOS ..................................................................................... 31

    3.1 tica .................................................................................................................... 31

    3.2 Tipo de Pesquisa ............................................................................................... 31

    3.3 Universo ............................................................................................................. 31

    3.4 Sujeitos da Amostra .......................................................................................... 33

    3.5 Instrumento de Coleta de Dados ..................................................................... 33

    3.6 Procedimentos de Coleta de Dados ................................................................ 33

    3.7 Procedimento de Anlise dos Dados .............................................................. 34

    4 RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................. 35

    5 CONSIDERAES FINAIS ................................................................................... 40

    REFERNCIAS ......................................................................................................... 42

    ANEXO ..................................................................................................................... 47

    APNDICE ................................................................................................................ 49

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    1 INTRODUO

    O automvel um instrumento inventado recentemente pelo homem como

    um meio facilitador da locomoo. O primeiro fabricado no Brasil data do ano de

    1908, e desde ento o comrcio automobilstico s enriquece. Bem mais do que a

    necessidade de locomover-se, o valor simblico atribudo a estes veculos o que

    realmente impulsiona o mercado. Na sociedade brasileira, o automvel agrega o

    poder aquisitivo, prestgio, aceitao social, desenhando-se, na viso da autora,

    como um cone do consumismo.

    Dados do Departamento Nacional de Trnsito (DENATRAN) apontam que o

    Brasil fechou 2010 com exatos 64.817.974 veculos registrados. Em dez anos, o

    aumento acumulado de 119%, o que representa mais 35 milhes de veculos

    chegando s ruas no perodo.Na tentativa de organizar o trfego dos automveis

    nos ambientes de uso coletivo e percebendo o trnsito como mais um importante

    espao de convivncia social, surge o Cdigo Nacional de Trnsito, que contm as

    leis que orientam a conduta dos motoristas brasileiros. Uma de suas exigncias

    bsicas que, para a conduo de um veculo automotor, o candidato deve passar

    por um processo de avaliaes, treinamento e capacitao para ser considerado

    apto para dirigir, recebendo, ento, a Carteira Nacional de Habilitao (CNH).

    Conhecer as caractersticas de personalidade e habilidades do candidato a

    motorista essencial para um trnsito eficiente e seguro, o que possvel atravs

    da avaliao psicolgica.

    A Avaliao Psicolgica uma funo privativa do psiclogo e, como tal,

    encontra-se definida na lei 4.119, de 27 de agosto de 1962 (letra "a", do pargrafo 1

    do artigo 13). Aplicada ao fenmeno trnsito, tal avaliao proporciona indicadoresdas condies do sujeito para conduzir um veculo.

    Considerando a complexidade do ato de dirigir e as diversas competncias e

    habilidades necessrias para que uma pessoa seja considerada apta a conduzir um

    veculo automotor, alm da obrigatoriedade da avaliao psicolgica para a

    obteno da Carteira Nacional de Habilitao (CNH) pelo Cdigo de Trnsito

    Brasileiro e do Conselho Nacional de Trnsito, salienta-se a relevncia desta

    pesquisa na cidade de Picos-PI, que apresenta um fluxo intenso de veculos depequeno, mdio e grande porte em ruas estreitas e mal sinalizadas e que

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    destaque nas estatsticas nacionais relacionadas a acidentes de trnsito, exigindo

    dos psiclogos que atuam na rea maior cautela na observao de futuros

    condutores.

    Neste contexto, a presente pesquisa props-se a conhecer a percepo dos

    psiclogos picoenses que atuam na rea de trnsito sobre a avaliao psicolgica

    de candidatos Carteira Nacional de Habilitao. Visou, tambm, compreender as

    etapas da avaliao psicolgica de candidatos Carteira Nacional de Habilitao e

    apreciar os testes psicolgicos eleitos para avaliar os candidatos submetidos

    avaliao psicolgica para obteno da Carteira Nacional de Habilitao na cidade

    de Picos-PI.

    Na reviso bibliogrfica que embasa este estudo so abordados contedosreferentes ao trnsito brasileiro e os seus condutores, obrigatoriedade e

    importncia da avaliao psicolgica de candidatos Carteira Nacional de

    Habilitao, formao do psiclogo que atua no trnsito, a escolha dos testes

    psicolgicos a serem utilizados na avaliao do futuro condutor e observaes de

    autores sobre a avaliao psicolgica que temos hoje para o trnsito.

    A metodologia apresenta a realizao de uma pesquisa de campo baseada

    no enfoque qualitativo, tendo como local de pesquisa as clnicas de trnsitocredenciadas ao DETRAN na cidade de Picos-PI, onde cinco psiclogos realizam a

    avaliao psicolgica de candidatos CNH da microrregio. A anlise dos dados foi

    realizada seguindo a Anlise de Contedo.

    Aps a metodologia so apresentados os resultados das entrevistas e a

    discusso sobre os dados obtidos.

    Por fim, so apresentadas algumas consideraes finais sobre a pesquisa.

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    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 O Trnsito e os Condutores Brasileiros

    De acordo com Ferreira (1993) trnsito o ato ou efeito de caminhar;

    movimento, circulao, afluncia de pessoas e/ou veculo; trfego.

    Freire e Araujo (2010) identificam que a legislao de trnsito brasileira teve

    incio por volta de 1910. Nessa poca surgiram algumas leis esparsas que visavam

    regular o uso das vias terrestres para garantir que o deslocamento de pessoas

    pudesse ser feito de forma harmnica. A partir de 1924 foram institudas as

    Inspetorias de Trnsito (antigas DETRANS), que eram dirigidas pela Secretaria deJustia e Segurana Pblica ou pela Delegacia de Trnsito Pblico.

    Em 1941, surgiu o primeiro Cdigo Nacional de Trnsito, que foi substitudo

    no mesmo ano e revogado em 1966, sendo complementado em 1968 pelo

    Regulamento do Cdigo Nacional de Trnsito (RCNT). A existncia de outras leis

    estaduais e municipais relativas ao trnsito trouxe problemas de competncia,

    especialmente com a promulgao da Constituio Federal de 1988, a qual, no

    artigo 22, inciso XI, afirmava que somente Unio competia legislar sobre trnsito etransportes, dizem Freire e Araujo (2010).

    A Lei 9.503 de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Cdigo Nacional de

    Trnsito atualmente vigente no Brasil j foi alterada por outras catorze leis federais

    at o momento, na tentativa de dar suporte maioria das interrogaes impostas

    pelo trnsito no pas.

    O referido Cdigo define em seu artigo 1 1, o trnsito como a utilizao

    das vias por pessoas, veculos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ouno, para fins de circulao, parada, estacionamento e operao de carga ou

    descarga. Considerando esta definio, o trnsito um complexo espao coletivo,

    onde seus envolvidos precisam conviver e se comunicar, respeitando direitos e

    deveres de pedestres, motoristas, motociclistas e ciclistas.

    J o 2 do artigo 1 ressalta que o trnsito, em condies seguras, um

    direito de todos e dever dos rgos e entidades componentes do Sistema Nacional

    de Trnsito, a estes cabendo, no mbito das respectivas competncias, adotar as

    medidas destinadas a assegurar esse direito.Estes rgos so discriminadas no

    artigo 5. So eles:

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    - Conselho Nacional de TrnsitoCONTRAN;

    - Conselhos Estaduais de TrnsitoCETRAN;

    - Conselho de Trnsito do Distrito FederalCONTRANDIFE;

    - rgos e entidades executivos de trnsito da Unio, dos Estados, do Distrito

    Federal e dos Municpios;

    - rgos e entidades executivos rodovirios da Unio, dos Estados, do Distrito

    Federal e dos Municpios;

    - Polcia Rodoviria Federal;

    - Polcias Militares dos Estados e do Distrito Federal;

    - Juntas Administrativas de Recursos de InfraesJARI.

    O Cdigo de Trnsito Brasileiro (1997) orienta, tambm, sobre a utilizaodas vias pblicas pelos diferentes meios de transporte, os deveres dos condutores

    de veculos de passeio, dos motoristas profissionais, dos pedestres e condutores de

    veculos no motorizados, os direitos dos cidados, alm de regulamentar diretrizes

    para a educao para o trnsito, sinalizao, fiscalizao, segurana, identificao,

    registro e licenciamento dos veculos, habilitao, infraes, penalidades e dos

    crimes de trnsito.

    Para a conduo de veculos automotores terrestres no Brasil, obrigatriopossuir a Carteira Nacional de Habilitao (CNH), que concedida queles que

    possuem as habilidades necessrias ao ato de dirigir. Pode se candidatar

    obteno da CNH, de acordo com o Cdigo de Trnsito Brasileiro (1997) qualquer

    cidado que seja penalmente imputvel, saiba ler e escrever, e possuir Carteira de

    Identidade ou equivalente, podendo habilitar-se na categorias de A a E, se atender

    aos requisitos especficos para cada categoria e de acordo com uma gradao. No

    ano de 2009, o Brasil contabilizou 51.835.182 cidados habilitados para a conduode veculos.

    A Resoluo 012/2000 do CFP diferencia dois tipos de condutores: o que

    utiliza o automvel para sua locomoo, lazer, ou seja, como um facilitador de sua

    vida, e o que sobrevive financeiramente como condutor nas categorias A, habilitado

    a pilotar veculos de duas ou trs rodas, B para dirigir carros, C para conduzir

    veculo motorizado destinado ao transporte de cargas, D para transportar

    passageiros e E correspondente a veculos articulados (caso dos taxistas,

    rodovirios, etc). Reconhece, entretanto, a impossibilidade de se estabelecer um

    perfil diferenciado para motoristas amadores e profissionais.

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    A resoluo do Conselho Nacional de Trnsito - CONTRAN n 422, de 27 de

    novembro de 2012, que altera dispositivos da Resoluo CONTRAN n168, de 14 de

    dezembro de 2004, estabelece que o candidato a condutor deve ser submetido a

    avaliaes mdicas e psicolgicas, a capacitao terica para conhecimento do

    trnsito e as leis que o regem, e a treinamento prtico de conduo do veculo ao

    qual pretende estar habilitado para conduzir, dentro do territrio nacional. O curso

    terico tcnico tem que ter durao mnima de 45 horas\aula e necessrio

    desempenho satisfatrio na prova terica, e o curso prtico tem que ter durao

    mnima de 20 horas\aula e o candidato ser aprovado nos testes prticos de direo

    veicular. Ambos os cursos devem ser realizados em um Centro de Formao de

    Condutores.Aps aprovao em todas as exigncias, o cidado recebe uma permisso

    para dirigir vlida por 12 meses. Se durante este perodo o condutor no cometer

    infrao gravssima ou grave, nem for recorrente em infrao mdia, considerado

    apto a receber a CNH.

    A aprendizagem veicular, na viso de Pirito (1999), exige do aprendiz a

    manifestao de capacidades e a aquisio de habilidades motoras, sensoriais,

    cognitivas e de informaes sobre o trnsito, com suas implicaes tcnicas,preventivas, defensivas e punitivas. As funes cognitivas, neste caso, incluem

    memria, ateno, avaliao sistemtica do ambiente e outras habilidades

    visuoespaciais, verbais e de processamento de informaes, tomada de decises e

    resoluo de problemas. Estas funes devem se processar de modo dinmico.

    O ato de dirigir complexo, envolve diversas competncias, habilidades e

    atitudes e requer do motorista um bom nvel de maturidade emocional e capacidade

    intelectual, as quais lhe permitem interpretar estmulos e reagir estrategicamente notrnsito. Sendo assim, a CNH no pode ser considerada como um direito de todos,

    mas sim como uma permisso, um privilgio que o Estado concede quelas pessoas

    que se mostram capazes e aptas para obt-la. Portanto, a avaliao psicolgica tem

    por finalidade contribuir para promover a segurana dos motoristas, j que o

    psiclogo um dos responsveis pela liberao do candidato para a direo de

    veculos automotores (Conselho Regional de Psicologia do Paran, n.d.)

    Damian (2008) observa que o aumento na produo e utilizao dos meios de

    transporte ampliou os conflitos e as dificuldades relativas ocupao do espao

    pblico, crescimento populacional e da frota e principalmente, no que tange as

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    mortes e perdas econmicas por disfunes no funcionamento do sistema de

    trfego. Cada vez mais se mostrou necessria a seleo de pessoas capacitadas

    para a circulao, com intuito de evitar o acesso ao sistema, de pessoas

    problemticas que poderia apresentar um mau desempenho como condutor.

    Mnica (2004) defende que o homem o elemento mais complexo do sistema

    trnsito e tem maior influncia para desorganiz-lo. Ele alm de ter que agir como

    mediador do referido sistema, necessita do domnio de seu sistema interno, ou seja,

    precisa responder adequadamente aos estmulos.

    Cada indivduo tem uma experincia diferente de vida, cultura, ideais e

    valores, que carrega para o trnsito, e influi notoriamente na sua forma de conduzir.

    O seu comportamento muda de acordo com suas necessidades, com as condiesapresentadas no dia (TEBALDI & FERREIRA, 2004).

    Para Hoffmann, Cruz e Alchieri (2003), o homem ou a mulher ao volante um

    ser humano que, alm de uma srie de aptides, de uma personalidade, hbitos e

    atitudes definidos, possui necessidades fisiolgicas (alimento, sono, descanso),

    necessidades psicolgicas e socioculturais (segurana, comodidade, auto-

    realizao, aceitao). O equilbrio entre estas vrias instncias e necessidades e a

    capacidade para supri-las, super-las ou adaptar-se a elas permitem ofuncionamento psicofsico normal do indivduo.

    Possibilitar aos indivduos se depararem com situaes novas e desafiadoras

    possibilita a criao de novos recursos e informaes, processos que podero ser

    ativados quando necessrio. Em relao ao trnsito, vivenciar diversas situaes,

    uma aprendizagem que demande mais do condutor como simulaes que exijam

    tomadas de deciso, podem vir a favorecer o desenvolvimento de estruturas que

    auxiliem nas decises e escolhas realizadas por condutores frente a ocorrnciasreais de trnsito, explicam BALBINOT, ZARO & TIMM (2011).

    2.2 Avaliao Psicolgica na Obteno da CNH

    A psicologia do trnsito uma rea da psicologia que investiga os

    comportamentos humanos no trnsito, os fatores e processos externos e internos,

    conscientes e inconscientes que os provocam e o alteram (Conselho Federal de

    Psicologia, 2000). Seu incio, de acordo com Hoffman e Cruz (2003, apud SAMPAIO

    E NAKATO 2011) ocorreu aproximadamente em 1920, e, em 1962, situase o

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    importante marco para a rea devido criao de uma lei federal que tornou

    obrigatria a realizao de exame psicotcnico por todas as pessoas que

    requisitassem a carteira de motorista.

    Enquanto cincia, a avaliao psicolgica tem como pressuposto atuar de

    maneira preventiva, objetivando a diminuio da probabilidade de motoristas se

    envolverem em situaes de risco, seja pessoalmente ou envolvendo terceiros, de

    maneira a contribuir para a mudana de comportamentos dos motoristas,

    principalmente ao priorizar o desenvolvimento de estudos voltados ao conhecimento

    dos fenmenos envolvidos na situao de trnsito, especialmente aqueles que

    procuram caracterizar as determinaes e os condicionantes da conduta humana

    nesse contexto, defende Lemes (2007).Sampaio e Nakato (2011) explicam que desde o incio, o processo de

    avaliao psicolgica para o trnsito foi denominado Exame psicotcnico,

    entretanto, a partir da publicao do novo Cdigo Brasileiro de Trnsito de 1998, a

    expresso foi substituda por Avaliao psicolgica pericial.

    De acordo com a Resoluo do CONTRAN n 168/2004, a avaliao

    psicolgica no trnsito sempre uma exigncia. Tem que ser realizada para

    obteno da CNH, na renovao da mesma (exceto para condutores que noexercem atividade remunerada de transporte), na substituio dedo documento de

    habilitao obtido em pas estrangeiro, ou ainda, por solicitao do perito

    examinador.

    A avaliao psicolgica no contexto do trnsito, especialmente a direcionada

    avaliao de candidatos Carteira Nacional de Habilitao CNH gerida por

    Resolues elaboradas pelo Conselho Federal de Psicologia CFP, direcionadas

    aos psiclogos visando o desempenho preciso e vlido de suas prticas. Suaobrigatoriedade est pautada no Cdigo de Trnsito Brasileiro (1997), tanto na

    obteno da CNH quanto na mudana de categoria de habilitao.

    O artigo 5 da Resoluo CONTRAN n 425 de 27 de novembro de 2012

    descreve os seguintes processos psquicos a serem observados na avaliao

    psicolgica para o trnsito:

    - tomada de informao;

    - processamento de informao;

    - tomada de deciso;

    - comportamento;

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    - autoavaliao do comportamento;

    - traos de personalidade.

    O artigo 6 da referida Resoluo acrescenta que, para avaliar os aspectos

    acima citados, o psiclogo pode elencar como instrumentos: entrevistas diretas e

    individuais, testes validados pelo Conselho Federal de Psicologia, dinmicas de

    grupo, e escuta e intervenes verbais.

    Como resultado da avaliao psicolgica, o candidato CNH deve enquadrar-

    se em uma das seguintes qualificaes, segundo o artigo 9 da Resoluo

    CONTRAN n 425 de 27 de novembro de 2012:

    - apto, quando seu desempenho for condizente com o necessrio para a conduo

    veicular;- inapto temporrio, quando no apresentar desempenho condizente com o

    necessrio para a conduo veicular, porm passvel de adequao;

    - inapto, quando seu desempenho no for condizente com o necessrio para a

    conduo veicular.

    De acordo com a Resoluo 003/2007 do CFP, o limite mximo de avaliaes

    psicolgicas de candidatos a CNH de dez por dia.

    A Resoluo n 012 de 20 de dezembro de 2000 do CFP defende que aavaliao psicolgica faz uso de procedimentos confiveis, de alta preciso e

    validade, o que permite que profissionais diferentes cheguem a um mesmo resultado

    dentro de um mesmo perodo. Cabe ao profissional que realizar a avaliao ter

    clareza do seu objetivo para a definio dos instrumentos adequados a serem

    utilizados.

    Afirma esta Resoluo que, dentre o variado elenco de instrumentos que

    podem ser eleitos pelo profissional, os mais conhecidos so a entrevista psicolgicae os testes psicolgicos.

    A entrevista definida na Resoluo n 012/2000 do CFP como:

    uma conversao dirigida a um propsito definido de avaliao. Sua funo bsica prover o avaliador de subsdios tcnicos acerca da conduta docandidato, completando os dados obtidos pelos demais instrumentosutilizados.

    A observao exercida pelo entrevistador participante do campo da entrevista

    torna-se a principal estratgia tcnica para a coleta e a organizao das informaes

    de que ele necessita para a avaliao das funes psquicas do entrevistado. Sem

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    esse procedimento no possvel entrar em contato com o mundo mental do

    entrevistado, o que uma das metas da entrevista de avaliao, assegura ALMEIDA

    (2004).

    A entrevista na avaliao psicolgica deve ampliar, organizar e sistematizar

    as observaes colhidas pelos testes psicolgicos. um instrumento obrigatrio na

    avaliao para obteno da CNH. dever do profissional realizar, tambm, a

    entrevista devolutiva ao final do processo de avaliao a todos os candidatos.(CFP,

    2000).

    J o teste psicolgico pode ser conceituado como:

    uma medida objetiva e padronizada de uma amostra do comportamento dosujeito, tendo a funo fundamental de mensurar diferenas entreindivduos, ou entre as reaes do mesmo indivduo em diferentesmomentos. (CFP, 2000).

    Para que isto ocorra, devem satisfazer as seguintes condies: possuir dados

    cientficos que validem o instrumento, ser realizado o fiel registro de todas as

    respostas dos sujeitos, a padronizao da situao de testagem e do material

    utilizado e normas padronizadas para avaliao e classificao das respostas

    apresentadas pelo sujeito.Ainda que os testes psicolgicos sejam indicados e reconhecidos como

    instrumentos que atendem s exigncias da psicometria, Andrade (2011) pondera

    que o uso inadequado, com a confuso entre diagnstico e resultados dos testes faz

    da avaliao psicolgica uma arma a servio da discriminao e da confuso em

    lugar de um recurso com o qual a Psicologia pode contar para promover o

    desenvolvimento do sujeito e do grupo social.

    Alm de todo o exposto, a Resoluo n 012 de 20 de dezembro de 2000 doCFP ainda trata das condies do aplicador da avaliao, da aplicao dos

    instrumentos, do material, da mensurao e avaliao, e ao final, do laudo

    psicolgico, documento que deve ser elaborado pelo psiclogo aps a concluso da

    avaliao para registrar as informaes obtidas, nos moldes definidos pela

    Resoluo n 007/2003 do CFP, que trata da elaborao dos documentos inscritos

    produzidos pelo psiclogo, e arquiv-las, junto com os protocolos dos testes.

    Segundo o Anexo da Resoluo CFP N. 012/2000, o laudo psicolgico o

    documento de registro das informaes obtidas na avaliao psicolgica e dever

    ser arquivado junto aos protocolos dos testes, para em seguida, ser emitido um

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    parecer final em documento prprio. O laudo psicolgico deve ser conclusivo e se

    restringir s informaes estritamente necessrias solicitao, com o objetivo de

    preservar a individualidade do candidato. Deve conter a identificao do candidato

    (nome, sexo, idade, estado civil, local do nascimento, grau de instruo, profisso,

    etc.), os instrumentos aos quais foi submetido, a concluso e o motivo da avaliao.

    A Resoluo n 016 de 19 de dezembro de 2002 do CFP tambm trata

    especificamente do trabalho do psiclogo na avaliao psicolgica de candidatos

    Carteira Nacional de Habilitao, e foi posteriormente alterada pela Resoluo 006,

    de 16 de maro de 2010. Esta acrescenta que a avaliao psicolgica tem que ser

    realizada em espao destinado para este fim, no podendo acontecer em Centros

    de Formao de Condutores ou em outros espaos cujos agentes tenham interesseno resultado destas avaliaes.

    2.3 O Psiclogo e a Avaliao Psicolgica no Trnsito

    A Resoluo n 003 de 12 de fevereiro de 2007 do CFP, em seu artigo 83,

    refora que competncia privativa dos psiclogos habilitados a realizao da

    avaliao psicolgica no contexto do trnsito. Tal premissa consonante com oartigo 1 do Cdigo de tica do Psiclogo (2005), que coloca entre os deveres

    fundamentais do psiclogo s assumir responsabilidades profissionais por atividades

    para as quais esteja qualificado pessoal, terica e tecnicamente.

    Sampaio e Nakato (2011) advertem sobre as importantes mudanas em

    relao capacitao do profissional para trabalhar na rea do trnsito:

    primeiramente, as avaliaes passaram a ser realizadas somente por psiclogos

    que possussem curso de capacitao especfico para a funo de peritoexaminador de trnsito com carga horria mnima de 120 horas/aula, o que

    atualmente foi substitudo pela exigncia de ttulo de especialista/especializao em

    Psicologia do Trnsito regulamentado pelo Conselho Federal de Psicologia.

    Cristo e Silva desenha a situao da formao para a psicologia do trnsito

    no Brasil, em entrevista ao Instituto Brasileiro de Avaliao Psicolgica IBAP no

    ano de 2012. Diz que na graduao, a discusso sobre a Psicologia do trnsito

    ainda praticamente inexistente. Apenas em algumas poucas instituies existe a

    disciplina psicologia do trnsito ou disciplinas que contemplam discusses sobre

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    trnsito e transporte e quanto aos estgios supervisionados, a quantidade de

    estagirios muito baixa comparada a outras reas tradicionais da psicologia.

    No caso da ps-graduao lato sensu (especializao), as oportunidades de

    formao ampliaram-se nos ltimos cinco anos, mas no por uma necessidade

    reconhecida pelos profissionais, e sim por uma obrigatoriedade do Conselho

    Nacional de TrnsitoCONTRAN, por meio da resoluo n 267/2008, afirma Cristo

    e Silva. Faz ainda uma ressalva sobre os contedos de algumas especializaes em

    psicologia do trnsito, que no contemplam discusses importantes da rea ou

    atividades que tornam o profissional mais preparado para construir suas respostas

    (polticas, teorias especficas da rea, mtodos de pesquisa), concentrando suas

    disciplinas no processo de avaliao psicolgica, especialmente na testagem.Quanto ps-graduao stricto sensu (mestrado e doutorado), observa que

    quantidade de psiclogos interessados muito baixa, embora o Brasil tenha boas

    instituies e pesquisadores capazes de oferecer uma formao de qualidade aos

    interessados.

    O prazo para a obrigatoriedade do ttulo de especialista para os psiclogos

    peritos em trnsito foi ampliado de 14 de fevereiro de 2013 para 14 de fevereiro de

    2015. A mudana aconteceu com a publicao da Resoluo n 425 de 27 denovembro de 2012 pelo Conselho Nacional de Trnsito (Contran), aps solicitao

    feita pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Essas mudanas tm feito com

    que essa rea venha se firmando, cada vez mais, como uma especializao da

    Psicologia (Dirio Oficial, 2008).

    Tavares (2010) considera que a avaliao psicolgica pode contribuir muito

    com a Psicologia do Trnsito, mas saliente que isso implica indiscutivelmente a

    urgente reviso do uso da avaliao psicolgica para habilitao da carteira demotorista, na medida em que tal procedimento encontra-se apoiado em modelos e

    instrumentos que se repetem h muitos anos. Segundo o autor, um dos desafios ,

    ento, aprimorar a produo acadmica nessa rea atravs do incentivo e

    realizao de mais pesquisas que apresentem evidncias de validade de novos

    testes e de testes j consagrados nesse contexto, como o PMK e o Palogrfico.

    Para Cristo e Silva (2008), inegvel que a competncia profissional do

    psiclogo na aplicao, expresso e anlise dos resultados permeia todo o processo

    avaliativo, com implicaes na anlise da validade preditiva dos instrumentos. Tal

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    pensamento compartilhado pelo Conselho Federal de Psicologia que no anexo da

    Resoluo 007\2009 diz que

    uma avaliao psicolgica, alm de fundamentada em instrumentosaprovados pelo Conselho Federal de Psicologia, requer profissionais dePsicologia que sejam competentes para sua aplicao e avaliao. Istosignifica que esses profissionais devem ser qualificados e treinados emteoria e prtica para esse objetivo.

    De acordo com Silva (2010) o psiclogo deve enfocar as anlises da

    avaliao psicolgica de acordo com o cargo ou funo que se deseja submeter. Na

    perspectiva da Psicologia do Trnsito, isso implica afirmar que mesmo levando em

    considerao os aspectos da subjetividade, no se deve traar um perfil das funes

    patolgicas ou os agravantes determinantes da insanidade mental, mas sim,

    procurar observar os aspectos pertinentes ao trnsito.

    Sampaio (2012) acresce colocao do autor acima que deveria haver

    tambm uma preocupao em atuar de forma preventiva e preditiva no processo de

    avaliao psicolgica.

    2.4 Escolha dos Testes Psicolgicos

    A testagem psicolgica, tal qual idealizada pela Cincia, possuiria um carter

    preditivo, logo, seria capaz de afirmar algo sobre o futuro do sujeito: suas reaes

    futuras; seu comportamento futuro; a possibilidade de vir a desenvolver algum

    problema; at que ponto poderia alcanar; at onde chegariam suas habilidades, o

    que poderia vir a ser; etc., sendo sobre esta possibilidade de predio que se erigiu

    boa parte do encanto que tais tcnicas provocaram por dcadas. No entanto, um

    olhar mais crtico logo percebe que o potencial de qualquer exame resume-se

    constatao - uma anlise sobre a condio atual, seno momentnea, do indivduo

    avaliado, e no uma previso acerca de seus estados ou eventos futuros, polemiza

    Dametto (2009).

    Para Andrade (2011) a investigao do comportamento atravs dos testes se

    d com aplicao de diversas tcnicas, apoiadas no tipo de avaliao que se

    pretende fazer, ou seja, no que se pretende investigar. Cada teste tem uma

    descrio metodolgica especifica, com a finalidade de controlar e excluir quaisquer

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    variveis que venham a interferir no processo e nos resultados, para que se obtenha

    um resultado preciso das reais condies do avaliado.

    A observao do comportamento de condutores e a avaliao, frente s

    inmeras caractersticas inerentes ao ato de dirigir, demandam estratgias que

    possibilitem averiguar a dinmica desses fatores. Para Balbinot, Zaro e Timm (2011)

    as situaes de trnsito exigem dos condutores atitudes que demandam ateno,

    percepo e habilidades motoras.

    A resoluo CFP N 007/2009 determina, em seu item 1.1, atendendo a

    Resoluo Contran 267/2008 que o candidato, independente da atividade, dever

    ser capaz de apresentar ateno em seus diferentes tipos, como: ateno difusa /

    vigilncia / ateno sustentada; ateno concentrada; ateno distribuda / dividida;ateno alternada, conforme definidas pela literatura e pelos manuais de

    instrumentos padronizados.

    Balbinot, Zaro e Timm (2011) colocam que a ateno pode ser entendida

    como a atitude psicolgica em que h a concentrao da atividade psquica em um

    estmulo especfico, seja este uma sensao, uma percepo, uma representao,

    um afeto ou desejo, a fim de elaborar conceitos e o raciocnio. Para eles, a

    percepo um processo relacionado ateno, e muitas vezes estas soconfundidas. O processo de interpretar, selecionar e organizar as informaes

    obtidas sensorialmente refere-se percepo.

    Os estudiosos acima citados percebem a ateno como um processo

    psquico fundamental no trnsito, principalmente para o condutor ao dirigir, por este

    se encontrar em um ambiente com muitos estmulos, como pedestres, ciclistas,

    sinalizaes, sons diversos. A discriminao de estmulos um fator de alerta na

    verificao de indcios de perigo ao se conduzir um veculo.A Nota Tcnica N 001/2011 do Conselho Federal de Psicologia menciona

    ateno como o fenmeno pelo qual o ser humano processa uma quantidade

    limitada de informaes das vrias informaes disponveis, ou seja, refere-se

    capacidade e esforo exercido para focalizar e selecionar um estmulo para ser

    processado, levando o indivduo a responder a determinados aspectos do ambiente,

    em lugar de faz-lo a outros, permitindo que o indivduo utilize seus recursos

    cognitivos para emitir respostas rpidas e adequadas mediante estmulos que julgue

    importantes.

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    A referida Nota acrescenta que atualmente, h testes psicolgicos no Brasil

    que se propem a avaliar a ateno concentrada, dividida, alternada, sustentada,

    entre outras, cabendo ao psiclogo responsvel pela avaliao psicolgica para

    motoristas a escolha por um ou outro teste. Ressalta-se a necessidade de que ao

    realizar avaliao psicolgica no contexto do trnsito sejam aferidos, no mnimo, trs

    tipos de ateno.

    Dentre os testes de ateno requeridos na avaliao psicolgica para o

    trnsito, esto: TEADI e TEALT; TEACO-FFTeste de ateno concentrada; AC

    Ateno concentrada; Coleo BFM-1 e BFM-4 - Bateria de Funes Mentais para

    Motoristas; Bateria BFM-1 e BFM-4; BGFM-1 - Bateria Geral de Funes Mentais -

    Testes de Ateno Difusa; BGFM-2 - Bateria Geral de Funes Mentais - Testes deAteno Concentrada; AD e AS - testes de ateno dividida e sustentada; MPM

    Medida de Prontido Mental.

    Os processos atencionais esto inter-relacionados com a memria de

    trabalho e a memria de longo-prazo, sendo esta outra importante habilidade a ser

    avaliada no candidato CNH. Balbinot, Zaro e Timm (2011) explicam que a memria

    de curto prazo ou de trabalho acionada pelo tempo necessrio para a informao

    ser utilizada. A memria de longo prazo aquela que permanece por mais tempo nocrebro. Quando conservada por anos, torna-se memria remota, a consolidao

    como conhecimento apreendido. Uma informao da memria de curto prazo poder

    se tornar uma memria de longo prazo se encontrar vnculo com outra informao j

    armazenada ou pela repetio.

    Existem distines entre os tipos de memria. A distino considerada

    importante no processo de aprendizagem veicular entre as memrias declarativa e

    no declarativa. Segundo Bear (2002, apud BALBINOT, ZARO E TIMM 2011), amemria declarativa, episdica ou autobiogrfica guarda os fatos vividos pelo

    indivduo, no geral algo inesperado que tenha acontecido, uma situao que

    despertou algum tipo de emoo, resultando de esforos conscientes, de um modo

    geral disponveis para evocao consciente. A memria no declarativa divide-se

    em diversas categorias, destacando-se, para os propsitos deste estudo, a memria

    de procedimentos para habilidades motoras ou sensoriais e comportamentais, como

    andar de bicicleta e dirigir. Muitas vezes, pela observao e pelo treinamento, esses

    conhecimentos so arquivados de maneira implcita, sem que haja conscincia do

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    aprendizado. Requerem repetio e prtica, com menor probabilidade de serem

    esquecidas, mas de modo geral no esto disponveis para evocao.

    Durante muito tempo equiparou-se testes de memria com os tipos de

    memria que supostamente seriam por eles avaliados, ressalta Rueda (2006). Ou

    seja, o estudo da memria acarretaria uma srie de definies que muitas vezes

    estariam estreitamente relacionadas, o que poderia levar a uma certa confuso em

    razo das diferentes classificaes dadas ao construto.

    Dentre os testes que avaliam a capacidade de memria destacam-se: TEPIC-

    M Teste Pictrico de Memria; BFM-2: TEMPLAM Teste de Memria de Placas

    para Motorista; BGFM-4: Bateria geral de funes mentais; MVR Teste de

    Memria Visual de Rostos.No que se refere inteligncia, com base na Resoluo 007/2009 do

    Conselho Federal de Psicologia, inteligncia pode ser vista na categoria de

    processamento de informao e tomada de deciso como a capacidade de resolver

    problemas novos, relacionar idias, induzir conceitos e compreender implicaes,

    assim como a habilidade adquirida de uma determinada cultura por meio da

    experincia e aprendizagem.

    O foco na avaliao da inteligncia se d especialmente porque esta tem sidofrequentemente relacionada a comportamentos socialmente valorizados, como

    desempenho acadmico, traos de personalidade, desenvolvimento profissional,

    entre outros, apontam Santos, Noronha e Sisto (2006).

    Segundo Silva (2009) os instrumentos relacionados a sua avaliao visam a

    auxiliar a anlise do funcionamento intelectual humano e apresentam-se como

    recursos diagnsticos para a identificao e medida de diferentes habilidades

    cognitivas. A inteligncia compreendida como um processo de apreenso daprpria experincia, eduo de relaes e de correlatos. Nesse sentido, existem

    vrios testes psicolgicos que avaliam inteligncia, alguns desenvolvidos para o

    contexto do trnsito, como o teste R-I, por exemplo.

    O R-l um teste no-verbal de inteligncia criado por Rynaldo de Oliveira em

    1963 e revisado e ampliado por Alves em 2002, fundamentado no fator g de

    Spearman, construdo com base no teste de Raven e desenvolvido para o contexto

    brasileiro na rea do trnsito. Ele avalia a capacidade da pessoa de relacionar

    situaes em que as ligaes das variveis so bvias entre si e a eduo de

    relaes por meio de variveis nas quais as relaes no so to bvias, devendo a

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    pessoa ser capaz de apreender em meio a algo confuso, ou extrair uma

    possibilidade de resoluo do problema.

    O teste R-1 forma B, elaborado por Rynaldo de Oliveira e adaptado por Sisto,

    Santos e Noronha em 2004, avalia a inteligncia, e a maioria dos seus itens

    dependem da aprendizagem cultural e de peculiaridades do meio ambiente. Pode

    ser interpretado como aprendizagem cultural, da educao formal e da influncia do

    ambiente de acordo com a teoria de Spearman (1927), pois afirmava que os itens

    com essas caractersticas perceptuais mantm relao com a capacidade de

    eduo. Outros itens, contudo, mais facilmente interpretveis e mais especficos,

    tratam de eduo de relaes e de correlatos.

    Outros testes de inteligncia e raciocnio podem ser citados: MatrizesProgressivas de Raven; BPR-5 Bateria de Provas de Raciocnio; TIG-NV Teste de

    Inteligncia Geral no Verbal; Bateria TSP; TCR - Teste Conciso de Raciocnio;

    BETA III Teste no Verbal de Inteligncia Geral; WAIS III Escala de Inteligncia

    Wechsler (adulto); Teste Wisconsin de Classificao de Cartas WCST; BFM-3 -

    TRAP-1 Teste de Raciocnio Lgico; G-36 - Teste No Verbal de Inteligncia; G-38 -

    Teste No Verbal de Inteligncia.

    Quanto avaliao da personalidade dos futuros condutores, a Resoluo n267 de 15 de fevereiro de 2008 do CONTRAN especifica no seu artigo 5 os traos a

    serem observados:

    - Equilbrio entre os diversos aspectos emocionais da personalidade.

    - Socializao: valores, crenas, opinies, atitudes, hbitos e afetos que considerem

    o ambiente de trnsito como espao pblico de convvio social que requer

    cooperao e solidariedade com os diferentes protagonistas da circulao.

    - Ausncia de traos psicopatolgicos no controlados que podem gerar, comgrande probabilidade, comportamentos prejudiciais segurana de trnsito para si e

    ou para os outros.

    Para Allport (1973), a personalidade se refere consistncia de

    comportamentos das pessoas ao longo do tempo e situaes, ao mesmo tempo que

    caracteriza sua singularidade. Compreende uma integrao de sistemas cognitivos,

    afetivos e comportamentais que interagem com caractersticas inatas, adquiridas,

    orgnicas e sociais, tendo funo de sntese, controle e unificao (SISTO, BUENO

    & RUEDA, 2003).

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    Bartolomeu (2008) entende que as condies e estados emocionais dos

    motoristas constituem causas humanas diretas que afetam negativamente a

    habilidade destes em processar as informaes pertinentes para que dirijam com

    segurana. Dentre as condies emocionais mais relacionadas aos acidentes pode-

    se mencionar, ansiedade, agressividade, angstia, entre outros; estando muitas

    destas associadas personalidade, o que justifica a relevncia de observar este

    construto durante a avaliao psicolgica de pretendentes da CNH.

    Pode-se considerar, ento, que as consistncias das condutas dos sujeitos

    definem as caractersticas psicolgicas dos indivduos, na medida em que

    representam formas relativamente estveis de pensar, sentir e atuar com as

    pessoas, sintetiza Bartolomeu (2008).Dos testes psicolgicos que avaliam a personalidade validados no Brasil

    esto: Inventrio Fatorial de Personalidade IFP; Teste Palogrfico; Z-Teste ou

    Tcnica de Zulliger; HTP House-Tree-Person; Pirmides Coloridas de Pfister;

    PMK Psicodiagnstico Miocintico; CPS Escalas de Personalidade de Comrey;

    BFPBateria Fatorial de Personalidade; Teste Rorschach.

    Alguns testes de personalidade, tambm chamados testes projetivos, exigem

    do psiclogo curso especfico para o seu manuseio, como o caso do TestePalogrfico e do PMKPsicodiagnstico Miocintico, por exemplo.

    2.5 Um Olhar Crtico sobre Avaliao Psicolgica

    O modelo de avaliao psicolgica institudo hoje no Brasil vem sofrendo

    severas crticas.

    Andrade (2011) reconhece que implantao de processos e procedimentosmais definidos e determinados, com objetivos claros, obtidos atravs de

    instrumentos testados, padronizados, regulamentados e controlados, trouxe uma

    maior e melhor compreenso do trabalho do psiclogo para a sociedade, alm de

    seu carter cientifico mais fundamentado e elaborado.

    Porm, Anna e Bastos (2011) intuem que ainda que o Conselho Federal de

    Psicologia (CFP) discorra sobre a importncia de considerar condicionantes

    histricos e sociais e seus efeitos no psiquismo (CFP, 2009), o mesmo no parece

    acontecer quando nos deparamos com o perfil socioeconmico dos candidatos

    inaptos temporrios que so encaminhados todos os dias para as percias dos

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    Departamentos Estaduais de Trnsito para reavaliao psicolgica: moradores de

    reas mais pobres, de classe econmica mdio-baixa e que possuem, quando

    muito, o ensino fundamental completo. So pessoas que h tempos perderam a

    intimidade com o lpis, a escrita, a leitura e a avaliao formal. No raro, trazem

    histrias de uma vida inteira de trabalho, com poucas horas de descanso, m

    alimentao, desvalorizao social e pouco acesso aos servios de sade. Os

    candidatos CNH com maior habilidade na escrita e histria de vida menos

    desfavorvel raramente so encaminhados s percias, concluindo o processo de

    avaliao na primeira fase, com resultado apto.

    Na viso das autoras, as legislaes vigentes atribuem ao psiclogo a

    responsabilidade de avaliar o candidato sob uma tica individuante, priorizando osaspectos individuais que deveriam ser considerados a partir da pluralidade do

    espao coletivo.

    Defendem, ainda, que:

    Precisamos refletir no quanto a desvalorizao dos instrumentos estassociada desvalorizao do prprio profissional, haja vista que ospsiclogos do trnsito so submetidos a condies limitantes, comoremunerao inadequada, impossibilidade de autonomia devido escolha

    de seus instrumentos pelos Departamentos Estaduais de Trnsito, nfimograu de importncia atribudo avaliao psicolgica no mbito acadmico,inadequao das instituies aos requisitos bsicos para a realizao daavaliao, interferncia de outros setores com interesses diversos,pouqussimas pesquisas e produes cientficas na rea... (ANNA &BASTOS, 2011, p. 118)

    Alchieri e Stroeher (2002, apud CRISTO E SILVA E ALCHIERI 2010) ao

    analisarem o desenvolvimento da psicologia do trnsito brasileira, concluram que os

    psiclogos ainda no conseguiram responder satisfatoriamente o que eles observam

    nos testes que caracteriza uma indicao ou no habilitao. Isso tem favorecido aadoo de critrios aleatrios e particularizados de avaliao do candidato

    habilitao.

    Rueda (2011) acredita que neste momento de redefinio do perfil profissional

    do psiclogo que atua no trnsito, j descrito neste trabalho, faz-se necessrio e

    possvel aprofundar o conhecimento tcnico sobre avaliao psicolgica de todos os

    profissionais da rea, alm de trabalhar os conceitos da Psicologia do trnsito como

    um todo, ou seja, em relao s polticas pblicas de trnsito, da educao para otrnsito, da mobilidade humana e urbana, nas interfaces com outras reas, como a

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    medicina, a engenharia, o direito, a arquitetura, a pedagogia, entre outras. Enfim,

    defende que se este momento for aproveitado com certeza trar mudanas no papel

    desempenhado pelo psiclogo do trnsito, para que de uma vez por todas possa ser

    chamado de Psiclogo do trnsito, podendo, por escolha prpria, realizar uma

    adequada e correta avaliao psicolgica para CNH, e tambm trabalhar em outros

    contextos da Psicologia do trnsito.

    Sampaio e Nakato (2011) confirmam que, em cinco dcadas, a pesquisa em

    avaliao psicolgica de trnsito no avanou o suficiente para responder aos

    questionamentos e anseios bsicos da sociedade sobre sua obrigatoriedade e sobre

    os ganhos efetivos com a segurana no trnsito, que justifiquem o investimento

    financeiro que despendido por milhares de cidados anualmente no processo. Oproblema situa-se principalmente na carncia de estudos voltados para esse

    contexto.

    Concordando com as autoras referidas, Andrade (2011) enfatiza que a

    carncia de material sobre a psicologia do trnsito gritante, contando apenas com

    alguns autores, que j se tornaram tradicionais e atualmente se tornam repetitivos

    em suas abordagens. Com a criao dos cursos de especializao e a necessidade

    de apresentao de trabalhos cientficos para a sua concluso, talvez possamos ternovas diretrizes e abordagens tcnico-cientficas em relao Psicologia do

    Trnsito.

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    3 MATERIAIS E MTODOS

    3.1 tica

    A presente pesquisa segue as exigncias ticas e cientficas fundamentais

    conforme determina o Conselho Nacional de Sade CNS n 196/96 do Decreto n

    93933 de 14 de janeiro de 1987 a qual determina as diretrizes e normas

    regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos:

    A identidade dos sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme apregoa a

    Resoluo 196/96 do CNS-MS, visto que, no foi necessrio identificar-se ao

    responder o questionrio. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre eEsclarecido (TCLE).

    3.2 Tipo de Pesquisa

    O presente estudo constitui uma pesquisa de campo de natureza qualitativa,

    que segundo Minayo (2001), o que se aplica no estudo da histria, das relaes,

    das representaes, das crenas, das percepes e das opinies, produtos dasinterpretaes que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus

    artefatos e a si mesmos, sentem e pensam.

    Este tipo de mtodo que tem fundamento terico, alm de permitir desvelar

    processos sociais ainda pouco conhecidos referentes a grupos particulares, propicia

    a construo de novas abordagens, reviso e criao de novos conceitos e

    categorias durante a investigao (MINAYO, 2001)

    Silverman (2009) considera um ponto forte da pesquisa qualitativa o uso dedados que ocorrem naturalmente para encontrar as sequncias em que o significado

    dos participantes exibido e, assim, estabelecer o carter de algum fenmeno.

    3.3 Universo

    A cidade de Picos est localizada na regio centro-sul do estado do Piau, a

    310 km da capital Teresina. Segundo dados do Senso do Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatstica IBGE, Picos conta com uma populao de 75.417

    habitantes. A Microrregio de Picos contempla mais de 20 municpios, num raio de

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    menos de 80 Km e, por isso, a cidade conta com uma populao flutuante que

    quase o seu dobro, diariamente.

    a cidade mais desenvolvida economicamente da regio e essa

    caracterstica aliada aoseu posicionamento geogrfico lhe conferem a condio de

    plo comercial efervescente no Piau (especialmente de combustveis e de mel,

    sendo a cidade uma das maiores produtoras de mel do pas). cortada pela BR-

    316 (ou Rodovia Transamaznica),BR-407,BR-230 e fica muito prxima aBR-020,

    o que desenha um intenso fluxo dirio de veculos de transportes de passageiros e

    de cargas.

    Em uma dcada, os acidentes de trnsito mataram 6.225 pessoas no Piau,

    segundo dados do Mapa da Violncia 2011, pelo Instituto Sangari, em parceria como Ministrio da Justia (MJ). O nmero equivale a quase duas mortes por dia e

    traduz a verdadeira guerra que toma conta das ruas, avenidas e rodovias que

    cortam o Estado. Os nmeros tiveram como base o perodo compreendido entre

    1998 a 2008, e revelam que houve crescimento em nove dos dez anos analisados,

    na comparao com o ano anterior. A nica exceo aconteceu em 2001, quando

    foram registradas 444 mortes no trnsito piauiense. Em 2000, haviam sido

    verificados 449 falecimentos, ou seja, uma diminuio de cinco pessoas, menos de1%.

    A Polcia Rodoviria Federal registrou 66 mortes nas rodovias do Piau s nos

    quatro primeiros meses de 2013. De acordo com dados da PRF, fechados no dia 15

    de maio, neste ano foram 898 acidentes que resultaram em 741 feridos e 66 bitos.

    Embora mais da metade dos acidentes tenha ocorrido na capital, que possui a maior

    frota de veculos do estado, Picos tambm destaque nas estatsticas pela

    intensidade do trfego na cidade e pelas constantes imprudncias dos motoristas daregio. No ano de 2011, alcanou o 12 lugar no ranking nacional de acidentes.

    A cidade conta com quatro escolas preparatrias de candidatos Carteira

    Nacional de Hablitao: Auto Escola Anchieta, Auto Escola Cazuza, Auto Escola

    Picoense e Auto Escola Vincius. Possui quatro clnicas habilitadas para avaliao

    junto ao Departamento de Trnsito: Automed, Autoclin, Clinitran Sociedade Simples

    LTDA e Transitar. Porm, uma dentre as referidas clnicas possui apenas mdicos

    credenciados, no realizando, portanto, avaliao psicolgica. Vale ressaltar que

    estas clnicas atendem no s a populao do municpio, mas de toda a

    microrregio que ele abrange. Entre os meses de janeiro e junho de 2013, segundo

    http://pt.wikipedia.org/wiki/BR-316http://pt.wikipedia.org/wiki/BR-316http://pt.wikipedia.org/wiki/Transamaz%C3%B4nicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/BR-407http://pt.wikipedia.org/wiki/BR-230http://pt.wikipedia.org/wiki/BR-020http://pt.wikipedia.org/wiki/BR-020http://pt.wikipedia.org/wiki/BR-230http://pt.wikipedia.org/wiki/BR-407http://pt.wikipedia.org/wiki/Transamaz%C3%B4nicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/BR-316http://pt.wikipedia.org/wiki/BR-316
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    as estatsticas de exames prticos apresentadas pelo Detran, foram habilitados

    1.282 novos condutores em Picos.

    3.4 Sujeitos da Amostra

    Participaram deste estudo cinco psiclogos, de ambos o sexos, credenciados

    ao Detran, que atuam nas referidas clnicas da cidade, totalizando 100% dos

    profissionais que realizam avaliao psicolgica para a obteno da Carteira

    Nacional de Habilitao na cidade de Picos-PI.

    Os critrios para incluso na pesquisa foram a atuao na avaliao

    psicolgica para o trnsito e o interesse voluntrio em participar e contribuir com oestudo.

    3.5 Instrumento de Coleta de Dados

    Os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada. Para

    Manzini (1990/1991), a entrevista semi-estruturada est focalizada em um assunto

    sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais, complementadaspor outras questes inerentes s circunstncias momentneas entrevista. Para o

    autor, esse tipo de entrevista pode fazer emergir informaes de forma mais livre e

    as respostas no esto condicionadas a uma padronizao de alternativas.

    O roteiro desta entrevista foi elaborado de acordo com a fundamentao

    terica sobre o tema abordado e os objetivos que norteiam a pesquisa. Alm da

    entrevista utilizou-se um gravador, com o consentimento dos participantes.

    3.6 Procedimentos de Coleta de Dados

    A princpio, foi realizado contato telefnico com as clnicas e os psiclogos

    atuantes, para marcao de horrio para a apresentao da proposta da pesquisa e

    possvel realizao da entrevista.

    Em seguida, as clnicas foram visitadas pela pesquisadora nos horrios

    agendados e, diante da disponibilidade dos sujeitos para participar do estudo, foi

    realizada leitura e assinatura do TCLE. As entrevistas aconteceram orientadas pelo

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    roteiro semi-estruturado e foram gravadas, mediante autorizao do participante.

    Posteriormente, as falas foram transcritas para organizao dos dados coletados.

    3.7 Procedimento de Anlise dos Dados

    Os dados coletados atravs das entrevistas foram transcritos e organizados

    atravs de densa leitura para a composio de categorias. O contedo foi analisado

    com base no arcabouo terico deste estudo, utilizando como referncia a anlise

    de contedo.

    Para Minayo (2001), a anlise de contedo vai alm de um conjunto de

    tcnicas, pois possibilita a anlise de informaes sobre o comportamento humano,permitindo uma aplicao bastante variada, e tem duas funes: verificao de

    hipteses e/ou questes e descoberta do que est por trs dos contedos

    manifestos.

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    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    As entrevistas foram realizadas nas trs clnicas de trnsito da cidade de

    Picos-PI, em horrios previamente agendados com os cinco profissionais

    participantes. Os depoimentos foram gravados com consentimento prvio destes e

    posteriormente transcritos para anlise, visando a fidelidade das respostas dos

    sujeitos, despido de possveis influncias da percepo da pesquisadora.

    Inicialmente, faz-se necessria uma breve apresentao dos psiclogos

    participantes da pesquisa.

    Dos cinco psiclogos que foram entrevistados, quatro so do sexo feminino, oque refora os indcios do predomnio de mulheres na profisso. O profissional com

    mais tempo de graduao se formou h 30 anos, enquanto o mais jovem na

    profisso se formou h 2 anos, sendo a mdia de 15 anos.

    Quanto ao tempo em que atuam como psiclogos, todos afirmaram que

    comearam a trabalhar logo aps conquistarem a graduao. Especificamente na

    rea de trnsito, a mdia de 8 anos, onde o mais antigo tem 13 anos de atuao e

    o mais jovem na rea, apenas seis meses. Estes profissionais esto distribudos nasclnicas da seguinte forma:

    Tabela 1: Distribuio de psiclogos nas clnicas e tempo de credenciamento no DETRAN.Nome da clnica Quantidade de psiclogos Tempo de credenciamento

    (profissional)

    Automed Trs 13 anos

    Clinitran Sociedade

    Simples Ltda

    Um 5 anos

    Transitar Um 6 meses

    Fonte: Dados da Pesquisa. Picos-PI. 2013.

    Vale ressaltar que os candidatos a obteno de CNH ou mudanas de

    categoria so distribudos aleatoriamente nas clnicas pelo sistema operacional do

    DETRAN, no sendo permitida escolha pelo avaliando, e que esse sistema

    referencia os candidatos igualmente entre as clnicas, independente da quantidadede profissionais credenciados.

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    Dos cinco profissionais, todos possuem Curso de Perito em Trnsito, estando,

    portanto, habilitados a realizao de avaliao psicolgica no contexto do trnsito,

    conforme exige a Resoluo n 003 de 12 de fevereiro de 2007 do CFP, em seu

    artigo 83. Apenas um profissional encontram-se cursando Ps-graduao em

    Psicologia do Trnsito. A Resoluo 425 de 27 de novembro de 2012 assegura que

    a partir de partir de 15 de fevereiro de 2015, solicitao para o credenciamento s

    ser permitida aos psiclogos portadores de Ttulo de Especialista em Psicologia do

    Trnsito reconhecido pelo CFP.

    Em relao prtica profissional dos psiclogos na avaliao psicolgica para

    o trnsito, todos afirmam que os instrumentos por eles utilizados so as entrevistas e

    os testes psicolgicos. Conforme a Resoluo CONTRAN n 425 de 27 de novembrode 2012, para avaliar os aspectos e habilidades a serem observados no candidato a

    motorista, o psiclogo pode elencar como instrumentos: entrevistas diretas e

    individuais, testes validados pelo Conselho Federal de Psicologia, dinmicas de

    grupo, e escuta e intervenes verbais.

    A avaliao psicolgica faz uso de procedimentos confiveis, de alta preciso

    e validade, o que permite que profissionais diferentes cheguem a um mesmo

    resultado dentro de um mesmo perodo, diz a Resoluo n 012 de 20 de dezembrode 2000 do CFP.

    Os cinco profissionais descrevem as seguintes etapas em suas avaliaes,

    baseados nas Resolues do CFP e CONTRAN: entrevista individual, aplicao dos

    testes, correo dos testes, classificao dos candidatos de acordo com a resoluo

    acima citada (apto, inapto temporrio, inapto) e entrevista devolutiva.

    A Resoluo n 012/2000 do CFP defende que a entrevista deve prover o

    avaliador de subsdios tcnicos acerca da conduta do candidato, complementandodados obtidos nos demais instrumentos. Tanto a entrevista inicial quanto a

    devolutiva so obrigatrias.

    Apenas dois psiclogos fizeram referncia elaborao de laudo psicolgico

    ao final do processo de avaliao. Porm, quando questionados pela pesquisadora,

    os outros participantes confirmaram redigir o documento. Segundo o Anexo da

    Resoluo CFP N. 012/2000, o laudo psicolgico o documento de registro das

    informaes obtidas na avaliao psicolgica e dever ser arquivado junto aos

    protocolos dos testes, para em seguida, ser emitido um parecer final em documento

    prprio.

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    Todos os profissionais entrevistados dizem escolher os testes a serem

    utilizados na avaliao. A Resoluo n 012 de 20 de dezembro de 2000 do CFP

    concede esse direito ao indicar que cabe ao profissional que realizar a avaliao

    ter clareza do seu objetivo para a definio dos instrumentos adequados a serem

    utilizados. Para Andrade (2011) a investigao do comportamento atravs dos

    testes se d com aplicao de diversas tcnicas, apoiadas no tipo de avaliao que

    se pretende fazer, ou seja, no que se pretende investigara.

    Os profissionais citaram como alguns fatores que influenciam a montagem da

    bateria de testes:

    - objetivo da avaliao (obteno de CNH, reteste, mudana de categoria) que para

    Lemes (2007), sempre deve ter como inteno a preveno e diminuio daprobabilidade de motoristas se envolverem em situaes de risco.

    - habilidade no manuseio dos testes, o que, para Cristo e Silva (2008), tem

    implicaes na anlise da validade preditiva dos instrumentos.

    - teste disponvel na clnica e folhas de respostas suficientes no momento.

    Salienta-se que na cidade de Picos-PI no h clnicas que comercializem

    testes psicolgicos, sendo necessria a aquisio destes na capital, Teresina. Vale

    ressaltar que, na ausncia de material de um teste, este substitudo por outro como mesmo objetivo.

    Quanto aos testes eleitos para compor a bateria objetivando a avaliao

    psicolgica de candidatos Carteira Nacional de Habilitao, foram citados os

    seguintes instrumentos para avaliar a ateno:

    Tabela 2: Testes de ateno e profissionais que os utilizam.NOME DO TESTE PSICOLGICO -

    ATENO

    QUANTIDADE DE PROFISSIONAIS

    QUE O UTILIZA

    TEADITeste de Ateno Divididida Um psiclogo

    TEALTTeste de Ateno Alternada Um psiclogo

    ACTeste de Ateno Concentrada Cinco psiclogos

    TEACO - Teste de Ateno Concentrada Dois psiclogos

    Fonte: Dados da Pesquisa. Picos-PI. 2013.

    A Nota Tcnica N 001/2011 do Conselho Federal de Psicologia defineateno como o fenmeno pelo qual o ser humano processa uma quantidade

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    limitada de informaes das vrias informaes disponveis. Esta nota refora que

    devem ser avaliados pelos menos trs tipos de ateno, e cabe ao psiclogo quais

    testes utilizar para isso.

    Para avaliao da memria, o nico teste referido foi o TEPIC-M Teste

    Pictrico de Memria.

    A inteligncia avaliada pelos testes:

    Tabela 3: Testes de inteligncia e profissionais que os utilizam.

    NOME DO TESTE PSICOLGICO

    INTELIGNCIA

    QUANTIDADE DE PROFISSIONAIS

    QUE O UTILIZA

    R1 Teste No Verbal de Inteligncia(Forma B)

    Cinco psiclogos

    G-36Teste No Verbal de Inteligncia Cinco psiclogos

    Fonte: Dados da Pesquisa. Picos-PI. 2013

    A inteligncia compreendida como um processo de apreenso da prpria

    experincia, eduo de relaes e de correlatos. Segundo Silva (2009) os

    instrumentos relacionados a sua avaliao visam a auxiliar a anlise do

    funcionamento intelectual humano e apresentam-se como recursos diagnsticos

    para a identificao e medida de diferentes habilidades cognitivas.

    Para avaliao da personalidade, os psiclogos utilizam os testes:

    Tabela 4: Testes de personalidade e profissionais que os utilizam.NOME DO TESTE PSICOLGICO

    PERSONALIDADE

    QUANTIDADE DE PROFISSIONAIS

    QUE O UTILIZA

    Inventrio Fatorial de PersonalidadeIFP Dois psiclogosTeste Palogrfico Cinco psiclogos

    HTPHouse-Tree-Person Cinco psiclogo

    Fonte: Dados da Pesquisa. Picos-PI. 2013

    Para Allport (1973), a personalidade se refere consistncia de

    comportamentos das pessoas ao longo do tempo e situaes, ao mesmo tempo que

    caracteriza sua singularidade. Bartolomeu (2008) entende que as condies e

    estados emocionais dos motoristas constituem causas humanas diretas que afetam

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    negativamente a habilidade destes em processar as informaes pertinentes para

    que dirijam com segurana.

    Questionados sobre a segurana nas tcnicas de aplicao dos testes

    psicolgicos que utilizam, os cinco psiclogos entrevistados afirmaram que se

    sentem seguros neste manuseio.

    Todos os psiclogos participantes tambm responderam que acreditam sim

    na validade da avaliao psicolgica no contexto do trnsito. Como acredita Cristo e

    Silva (2008), a competncia profissional do psiclogo na aplicao, expresso e

    anlise dos resultados permeia todo o processo avaliativo, com implicaes na

    anlise da validade preditiva dos instrumentos. Algumas das respostas a esse

    questionamento foram:Claro que sim. Os testes no mentem! Confio muito neles. E sei que o olhar do

    psiclogo um dos responsveis por um trnsito seguro.

    Acredito e sempre acreditei. Mas acredito, tambm, que necessrio agir com

    cautela nesta rea. (...) Muitos querem dirigir, e at j dirigem, mas no possuem as

    habilidades necessrias pra isso. Eu no aprovo este candidato.

    Acredito. Mas confesso que s vezes me questiono quanto a validade dos testes.

    Acho os resultados to fechados, voc tem que classificar o sujeito com basesomente score dele... um pouco complicado isso. Acho que a entrevista poderia

    ser mais bem feita pra enriquecer a minha percepo sobre aquela pessoa. Isso me

    ajudaria muito na hora de decidir se dou a permisso a algum para conduzir.

    possvel perceber, na ltima fala acima referida, a angstia do profissional

    diante da obrigatoriedade de enquadrar o candidato em scores e percentis, sem

    considerar o contexto maior que envolve o ato de dirigir. Tal pensamento vai de

    encontro ao que defendem Anna e Bastos (2011), que observam que as legislaesvigentes atribuem ao psiclogo a responsabilidade de avaliar o candidato sob uma

    tica individuante, priorizando os aspectos individuais que deveriam ser

    considerados a partir da pluralidade do espao coletivo.

    A pergunta realizada pela pesquisadora para concluir a entrevista refere-se a

    uma avaliao do trnsito da cidade de Picos. Na resposta dos psiclogos, foram

    atribudos diversos adjetivos a este trnsito, como: desorganizado, bagunado,

    louco, mal sinalizado,perigoso, fluxo intenso, um caos, no fiscalizado, inseguro,

    e tenso.

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    5 CONSIDERAES FINAIS

    Discusses aprofundadas sobre o trnsito se fazem urgentes no s no que

    se refere Psicologia do Trnsito ou Avaliao Psicolgica, mas como de todas as

    reas envolvidas no complexo processo de mobilidade.

    Especificamente falando da avaliao psicolgica para o trnsito, embora se

    perceba esforos nos ltimos anos dos psiclogos para se qualificar e se adequar s

    exigncias do DETRAN e a expanso da quantidade de clnicas especializadas, os

    estudos na rea ainda so muito tmidos, at mesmo os que se propem a estudar a

    validade dos testes psicolgicos, que so instrumentos essenciais para a coleta dedados dos candidatos.

    A rea carece no s de pesquisas, mas tambm de definies. No estado do

    Piau, por exemplo, no h nenhuma Resoluo que exija o uso de determinados

    testes, como possvel observar em outros estados. Se por um lado o fato garante

    autonomia dos profissionais diante da montagem da bateria a ser utilizada, por outro

    gera o risco de avaliaes superficiais, comprometendo o seu importante papel

    preventivo. Quanto atuao da Psicologia nesta realidade, talvez falte aospsiclogos um envolvimento maior com o processo de construo em que a rea do

    Trnsito se encontra.

    Embora o trnsito esteja associado vida de todo ser humano, quer ele seja

    condutor de qualquer tipo de veculo ou apenas pedestre, possvel observar uma

    postura passiva da sociedade em relao ao trfego. A quantidade de acidentes que

    causam mortes e sequelas s cresce, e enquanto se utiliza um encantador discurso

    sobre paz no trnsito, as pessoas continuam a cometer imprudncias, justificadaspor motivos individualistas e pouco convincentes. A falta de fiscalizao refora o

    comportamento dos condutores de no adotar medidas de segurana, cometer

    infraes e conduzir veculos sem estarem habilitados.

    Em Picos-PI, onde realizou-se este estudo, no s o preparo dos condutores

    preocupa. O trnsito intenso da cidade acontece em ruas estreitas, com pouca ou

    nenhuma sinalizao, com trfego de veculos de grande porte, uma enorme

    quantidade de motocicletas circulando diariamente, o que se soma aos fatores de

    risco acima comentados e faz com que a cidade se destaque nacionalmente na

    quantidade de acidentes.

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    Considerar um candidato apto para conduzir em um trnsito como este torna-

    se tarefa ainda mais delicada para os psiclogos que atuam na cidade. Mas, apesar

    de todas as crticas e dificuldades que a avaliao psicolgica para o trnsito vem

    sofrendo, a presente pesquisa possibilitou perceber que os profissionais acreditam

    no valor da sua prtica, o que essencial para que os servios prestados sejam de

    qualidade e alcancem os objetivos a que se propem.

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    REFERNCIAS

    ALMEIDA, Nemsio Vieira de. A entrevista psicolgica como um processo dinmicoe criativo. Psic, v. 5, n. 1, jun. 2004. Disponvel em:. Acesso em 02 jul. 2013.

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    ALBINOT, Amanda Bifano; Zaro, Milton Antnio; Timm, Maria Isabel. Funes

    psicolgicas e cognitivas presentes no ato de dirigir e sua importncia para osmotoristas no trnsito. Cincias & Co gn io, v. 16, n. 2, p. 013-029, 2011.Disponvel em: .Acesso em 25 jun. 2013.

    BARTOLOMEU, Daniel. Traos de personalidade e comportamentos de risco notrnsito:um estudo correlacional.Psicol . Arg um .,v. 26, n. 54, p. 193-206, jul./set.2008. Disponvel em: .Acesso em 10 jun 2013.

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