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FACULDADE SÃO CAMILO MG CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR A GESTÃO DE PESSOAS NO FUTEBOL COMO EXEMPLO PARA ÁREA DE SAÚDE JANAÍNA PATTERSON NOGUEIRA ORIENTADORA: LISMAR ISIS CAMPOS BELO HORIZONTE, 2009

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FACULDADE SÃO CAMILO – MG

CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM

ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR

A GESTÃO DE PESSOAS NO FUTEBOL COMO EXEMPLO

PARA ÁREA DE SAÚDE

JANAÍNA PATTERSON NOGUEIRA

ORIENTADORA: LISMAR ISIS CAMPOS

BELO HORIZONTE, 2009

JANAÍNA PATTERSON NOGUEIRA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM

ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR

A GESTÃO DE PESSOAS NO FUTEBOL COMO EXEMPLO

PARA ÁREA DE SAÚDE

Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de especialista em ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR.

FACULDADE SÃO CAMILO – MG

CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO

BELO HORIZONTE, 2009

DECLARAÇÃO DE AUTORIA

JANAÍNA PATTERSON NOGUEIRA, número de registro no Conselho Regional de

Enfermagem/COREN: 98.372, identidade nº 1.376.380.781, emitida pela Secretaria

de Segurança Pública da Bahia, declaro para os devidos fins e sob as penas da lei,

que o trabalho que versa sobre: A GESTÃO DE PESSOAS NO FUTEBOL COMO

EXEMPLO PARA A ÁREA DE SAÚDE, é de minha única e exclusiva autoria,

estando a FACULDADE SÃO CAMILO-MG e o CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO

CAMILO, autorizados a divulgá-lo, mantendo cópia em biblioteca, sem ônus

referentes a direitos autorais, por se tratar de exigência parcial para certificação do

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR.

Belo Horizonte, __ de novembro de 2009

_______________________________ Janaína Patterson Nogueira

AGRADECIMENTOS

Poder agradecer é uma benção, significa reconhecer que pessoas se importam

conosco:

Agradeço em primeiro lugar a Deus, por me permitir mais uma conquista nesta

minha caminhad;

Agradeço ao meu marido e à minha filha, por serem meus incentivadores e motivos

para nunca deixar de lutar;

Agradeço aos meus pais, porque são meus exemplos e mesmo longe vibram e

choram por mim;

Agradeço aos meus irmãos, pelo carinho com que acompanham cada projeto na

minha vida;

Agradeço aos meus amigos, porque todos são muito especiais;

Agradeço aos meus colegas de curso, que me apoiaram e, em especial, à

professora Maria José Morato, que acreditou no meu projeto;

Agradeço à minha orientadora Lismar, que foi um presente de Deus, uma luz no

meu caminho;

Agradeço a todos os atletas e à psicóloga do esporte, que cooperaram para a

concretização deste trabalho, compartilhando suas experiências profissionais.

SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................... 5

LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................. 6

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 7

1.1 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................... 7

1.1.1 – Evolução gerencial, o papel das pessoas nas organizações ......... 7

1.12 – A motivação como ferramenta para gestão das pessoas .............. 9

1.1.3 – Gestão de pessoas na área de saúde ........................................... 18

1.1.4 – Gestão de pessoas no futebol ........................................................ 20

1.2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 29

1.3 OBJETIVOS................................................................................................ 29

2. DESENVOLVIMENTO ............................................................................... 31

2.1 POPULAÇÃO ESTUDADA......................................................................... 31

2.2 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 31

2.3 RESULTADOS ........................................................................................... 32

2.4 DISCUSSÃO............................................................................................... 43

3. CONCLUSÃO ............................................................................................ 47

4. REFERÊNCIAS .......................................................................................... 50

5. ANEXOS .................................................................................................... 56

RESUMO

Atualmente, os gestores de saúde possuem um grande desafio, qual seja, o de

motivar pessoas, numa nova visão administrativa em busca da qualidade da

assistência já que são estratégicas para o alcance dos resultados pretendidos pelas

organizações. Afinal, são essas pessoas que prestam os serviços indireta ou

diretamente aos clientes e são responsáveis pelo desempenho das organizações.

Diversos artigos e bibliografias descrevem a importância da valorização do

trabalhador na saúde, porém poucos abordam a questão da motivação numa

perspectiva multidisciplinar. Buscando profissionais que são exemplos de motivação,

considerou-se os atletas profissionais que fazem de uma empresa, como é

considerado o futebol atualmente, um verdadeiro espetáculo. Por que as empresas

e, principalmente, as do setor saúde, não demonstram paixão como no futebol? Por

que os profissionais que restauram a vida não se sentem motivados e reconhecidos

como um Ronaldinho que faz um gol aos 47 minutos do segundo tempo e define a

partida? De onde vem a motivação dos atletas? O presente estudo teve como

objetivo descrever os fatores motivacionais aplicados na gestão de pessoas no

futebol e que podem ser utilizados na área de saúde. O levantamento desses fatores

motivacionais foi realizado a partir de entrevistas com atletas e ex-atletas do futebol

mineiro e também profissionais do esporte, trazendo novas perspectivas para

motivar as pessoas na área de saúde, baseando-se em experiências reais

compartilhadas pelos entrevistados.

Palavras-chave: Motivação. Gestão de Pessoas. Saúde. Futebol.

LISTA DE ABREVIATURAS

PNH - Política Nacional de Humanização

FIFA – Fédération Internationale de Football Association

RH – Recursos Humanos

CBF – Confederação Brasileira de Futebol

S.C Internacional – Esporte Clube Internacional

ISO – Organização Internacional para Padronização

DQS – Associação alemã para certificação de Sistemas de Gestão

ERG – Existence, Relatedness e Growth (Refere-se à teoria da existência,

relacionamento e crescimento descrita por Clayton Alderfer

1. INTRODUÇÃO

1.1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1.1 Evolução gerencial, o papel das pessoas nas organizações.

A Revolução Industrial proporcionou movimentos de ordem política, social e

econômica, estimulou no mundo ocidental o culto ao capital, potencializando as

grandes fábricas que necessitavam de uma gestão adequada para iniciarem a

produção em massa. Até então, não havia técnica aplicada ao processo produtivo,

se trabalhava sem método nem organização. Somente em 1911, quando Taylor

publicou seu livro The principle of cientific management, a indústria norte-americana

se valeu do taylorismo como padrão de eficiência. Assim nasceu a administração

científica, calcada em gerar e produzir resultados por meio das pessoas, sob uma

ação mecanicista e racional, estabelecida e gerenciada pelo “gestor”. (MARRAS,

2008)

Nesse panorama de início do século XX, Taylor, por meio de sua inovadora

tecnologia de processos, revolucionou os meios produtivos, por um expressivo

período e resumido de forma apropriado por Motta (1995, p.25) quando afirmou que

na fábrica “taylorista”, mesmo enriquecida com o conhecimento, toda complexidade

expressa pela abordagem sistêmica, o ser humano entrou “caricaturizado” porque

não foi assumido como pessoa (sujeito), mas como um conjunto de atributos

articulados de modo complexo, a serem manipulados em função de valores oriundos

de sua relação direta com as tarefas a ele designadas ou ao nível hierárquico do

poder. Esta concepção predominou até os anos 70.

Nas décadas de 80 e 90, o conceito de Qualidade passou a ser difundido,

fazendo com que as organizações aderissem aos Sistemas da Qualidade e

buscassem a competitividade pela eficiência e eficácia dos processos. Ocorreram

mudanças na gestão das organizações, focada a reestruturação organizacional, com

visão sistêmica dos processos com tendência à valorização dos talentos humanos

(Bonato, 2003 apud Campos, 2008). A Gestão por Competência também começou a

ser discutida no Brasil na década de 90, através de Planos de Cargos e Salários.

(SILVA, 2005)

8

Atualmente, as organizações se encontram numa época identificada como

“sociedade do conhecimento”, que se caracteriza por uma verdadeira explosão de

informações e de ciência. Contudo, com a mesma velocidade com que o

conhecimento é gerado, ele é desatualizado. A consequência disso é a

fragmentação da ciência e a superespecialização das profissões, exigindo que as

organizações, assim como as pessoas, se coloquem em permanente postura de

aprendizagem. Neste contexto de mudanças, o processo decisório tende a ser mais

criativo baseado em opções múltiplas, fundamentado na análise crítica dos

paradigmas vigentes e exercido como prática de liberdade individual. (LEITE;

MOREIRA, 2008)

Diante de todo esse processo, as pessoas se tornam competência primordial

para a organização, sendo o diferencial competitivo para promover e manter o

sucesso organizacional, a principal vantagem diante do mundo globalizado, instável

e em constante mudança. Atualmente, além de produtos e serviços, há o

investimento em pessoas que dominam esses processos, pois são responsáveis

pela sua criação, desenvolvimento, produção e melhorias. Por consequência, as

estratégias de recursos humanos estão sendo elaboradas tendo como meta

desenvolver o capital humano, visando tornar a organização competitiva e

sustentável. (LEITE; MOREIRA, 2008)

1.1.2 Desafio atual para a gestão de pessoas nas organizações

Na visão tridimensional de uma organização descrita por Marras (2008), a

organização possui três momentos: operacional, de desenvolvimento e estratégico.

O momento operacional se caracteriza pela busca da própria sobrevivência, o

enfoque é operacional, para produção e lucro. O nível de sacrifício dos indivíduos

que compõem a organização é maior e as relações humanas são de ordem

secundária. Já no momento de desenvolvimento, se inicia o planejamento

estratégico onde os recursos humanos devem ser prioridade. O momento

estratégico é aquele em que a empresa está preparada e se lança para atingir o

ápice de seu rendimento e conseguir seus propósitos máximos. Neste patamar, já

deve existir um quadro de pessoal extremamente motivado.

O atual grande desafio da gestão é gerar e sustentar o comprometimento

das pessoas, o que só é possível se elas perceberem que sua relação com as

9

organizações lhe agrega valor. Isso pressupõe valorização do capital humano,

mudança da política de gestão de pessoas, escolha e capacitação dos indivíduos

com perfil adequado às exigências para o exercício de liderança e desenvolvimento

de equipes. (CHIAVENATO, 1999)

Marras (2008) afirma que o trabalhador brasileiro precisa deixar de pensar

no homem como “mercadoria” que compra ou mantém estoque apenas pagando um

condomínio mensal de fatores higiênicos, e situar-se na esfera dos cenários

socialmente mais avançados, preocupando-se muito mais com as questões das

necessidades humanas e dos fatores motivacionais que geram ambientes de

satisfação, de retorno positivo, de otimização qualitativa e, por consequência, de

muito melhor perspectiva para todo o conjunto social.

Quando se fala em gestão de pessoas, muitos autores como Skinner;

Thomas Jr. (apud Robbins, 1999) também concordam que a forma mais competitiva

de qualquer organização nos dias de hoje é criar uma força de trabalho motivada na

qual as pessoas sejam dinâmicas e comprometidas. Segundo Marras (2008): “[...]

investir em desenvolvimento humano significa não somente dirigir as preocupações

e as ações da empresa no campo do conhecimento e da experiência, como também,

e principalmente, no das relações humanas e da motivação”.

1.1.2 A motivação como ferramenta para gestão de pessoas

1.1.2.1 Motivação

Bergamini (1997) dizem que “motivação é definida como uma inclinação

para a ação que tem origem em um motivo”. Complementa argumentando que “a

motivação, portanto, nasce somente das necessidades humanas e não daquelas

coisas que satisfazem essas necessidades”.

Para compreender o conceito de motivação, Archer (1997) apresenta uma

contribuição importante ao descrever a diferença entre motivadores e fatores de

satisfação. Para ele, um motivador nada mais é do que um motivo – uma

necessidade, por outro lado, um fator de motivação é alguma coisa que satisfaz uma

necessidade. Normalmente, as pessoas confundem aquilo que satisfaz a

necessidade humana (fator de satisfação) com a própria necessidade (fator de

10

motivação). O autor também utiliza o exemplo da água para explicar esta confusão

de conceitos:

A água, por exemplo, é um fator de satisfação de uma necessidade denominada sede; todavia, sempre que a sede é sentida, há uma tendência de encarar a água como a necessidade, em lugar da sede, em si própria. Torna-se óbvio, que a água não é uma necessidade – é um fator de satisfação da necessidade. ( ARCHER, 1997)

Este esclarecimento é importante para analisar o principal debate entre os

teóricos da motivação que se dividem em dois blocos: aqueles que a consideram

como algo intrínseco ao indivíduo e os que a consideram fatores externos,

extrínsecos que motivam. São exemplos de fonte de motivação extrínseca: o

dinheiro, promoção e reconhecimento por parte do superior e colegas de trabalho. A

motivação intrínseca, por outro lado, deriva-se do relacionamento da pessoa com a

própria tarefa. Uma pessoa fica intrinsecamente motivada quando se sente

gratificada pela realização de uma tarefa de forma eficaz, independente das

recompensas que recebe dos demais por tê-la realizado (Vroom, 2001 apud

Chiavenato,1995). Elas envolvem-se no trabalho pelo desejo ou pelo prazer em si.

Sentem-se motivadas pelo interesse e pela satisfação que ele proporciona.

(AMABILLE, 1999)

Partindo do princípio de que a motivação é gerada por um processo

intrínseco, ela pode ser entendida como diferentes necessidades não supridas que

geram um estado de desequilíbrio desagradável e, para se livrar desta situação,

engajam determinadas ações que reestabelecem o equilíbrio. (BERGAMINI 1997)

Para Gooch; McDowell (apud Bergamini 1997), não é possível motivar

alguém, já que a motivação se encontra no interior de cada indivíduo, o que pode

ser feito é estimular a pessoa para sua própria motivação.

Archer (1997) afirma que diante da impossibilidade de se motivar alguém,

deve-se criar um ambiente de trabalho favorável a fim de induzir comportamentos

positivos por parte das pessoas. Este comportamento positivo pode ser induzido

pelo uso de fatores de satisfação relacionados à necessidade que serve como

centro de organização do comportamento do indivíduo. A noção de necessidade

permeia a maior parte dos conceitos de motivação, está presente em um bom

número de teorias da motivação. (BERGAMINI, 1997)

11

Em decorrência do processo intrínseco da motivação, outra característica

importante é que ela é individualizada. Para exemplificar, existem pessoas que se

sentem altamente motivadas para realizar determinadas tarefas e outras que acham

a mesma tarefa desinteressante. Isto ocorre porque as pessoas tem valores,

necessidades, interesses e formação profissional diferentes, enfim, uma história de

vida que condiciona sua motivação (Vergara, 2000). Isto implica que cada pessoa

tem diferentes necessidades (fatores de motivação), bem como diferentes meios de

atender à essas necessidades ( fatores de satisfação). Com isto, a estratégia de se

trabalhar com pessoas motivadas exige mais dedicação das hierarquias, elas devem

conhecer as necessidades de cada um de seus subordinados (Bergamini, 1997) e

cabe a estas chefias o papel de estimular, incentivar e provocar a motivação.

(VERGARA, 2000)

O esporte dá o exemplo concreto de como o estabelecimento de um objetivo

desafiador, mas atingível e plenamente conciliado com os valores, energiza e

motiva, mesmo em uma situação limite. No ano de 2006, ao completar 40 anos, o

campeão mundial de futebol Romário, manteve-se na ativa, mesmo numa idade

onde a maioria dos atletas já haviam se aposentado e conquistado tudo o que um

jogador de futebol deseja: títulos, reconhecimento, situação econômica confortável.

Para se manter motivado, ele propôs a si mesmo o desafio de atingir o milésimo gol

na carreira, feito histórico que somente Pelé, o Atleta do Século, conseguiu. E para

atingir este resultado, ele treinou com afinco e protelou ao máximo a sua

aposentadoria. (FERREIRA, 2006)

1.1.2.2 Teorias da motivação

As teorias motivacionais de subdividem em teorias de conteúdo (Teoria das

Necessidades de Maslow e McClelland, Teoria dos Dois Fatores, Teoria da

Existência, Relacionamento e Crescimento) e teorias de processo (Teoria da

Expectativa, Teoria da Equidade e Teoria do Reforço). As teorias de conteúdo

referem-se a “o que” motiva o comportamento humano, enquanto as teorias de

processo referem-se em “como” o comportamento é motivado. Enquanto as teorias

de conteúdo se preocupam com as necessidades, as teorias de processo procuram

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verificar como o comportamento é ativado, dirigido e mantido. (BOWDITCH;

BUONO, 1992)

A idéia principal da Teoria do Reforço de Skinner (1971 apud Robbins, 1999)

é que o reforço condiciona o comportamento, sendo que este é determinado por

experiências negativas ou positivas, devendo o gerente estimular comportamentos

desejáveis e desencorajar comportamentos não agradáveis. O reforço positivo se dá

de várias formas tais como: premiações, promoções e até um simples elogio a um

trabalho bem feito. São motivadores vistos que incentivam o alto desempenho. O

reforço negativo condiciona o funcionário a se comportar de maneira desagradável,

atuando através repreensões, chegando até a demissão.

Segundo a Teoria das Necessidades de Maslow, as necessidades humanas

se dividem em: Fisiológicas (básicas, alimentação, roupa e moradia); Segurança

(preservação das fisiológicas); Social (necessidade de participação num grupo);

Estima (reconhecimento, prestígio e respeito pelo grupo) e Auto-realização

(relacionado ao potencial e como quer desenvolvê-lo). (ROBBINS, 1999)

A Teoria dos Dois Fatores de Herzberg (1997 apud Robbins, 1999) descreve

os Fatores motivacionais e os Fatores higiênicos. Os Fatores motivacionais foram

definidos como aqueles ligados à realização, crescimento e reconhecimento por

meio das tarefas e atividades desafiantes do cargo. Enquanto os Fatores higiênicos

seriam aqueles que evitam a insatisfação, como condições físicas e ambientais do

trabalho, salários, benefícios, relações e oportunidades.

Descrita por Robbins (1999), a Teoria das Necessidades Socialmente

Adquiridas de McClelland afirma que "indivíduos altamente realizadores

diferenciavam-se dos outros pelo seu desejo de fazer as coisas de forma melhor". O

mesmo autor complementa que as pessoas podem possuir em maior ou menor grau

três tipos de motivação:

a) Realização: desejam sucesso em suas atividades. Para elas, a realização

pessoal é mais importante do que as recompensas. Procuram fazer as coisas da

melhor maneira possível, superando a si mesmas e aos outros;

b) Poder: desejam causar impacto sobre as pessoas. Querem ser influentes,

controlar o comportamento dos outros, gostam de prestígio, competição, status.

Sua preocupação com desempenho é secundária;

13

c) Afiliação: desejam ser apreciadas, estimadas e aceitas pelos outros. Buscam

amizade, preferem cooperação à competição, apreciam situações onde há

compreensão mútua.

A Teoria ERG é apresentada por Clayton Alderfer como Teoria da

existência, relacionamento e crescimento. A sigla é originária dos termos em inglês

Existence, Relatedness e Growth. Alderfer reduz a teoria de Maslow (hierarquia das

necessidades), condensando-a em necessidades de auto-realização e estima em

crescimento (Growth), dando ao afeto o nome de Relacionamento (Relatedness) e

às necessidades fisiológicas o nome de existência (Existence). (HAMPTON, 1992)

Alderfer; Schneider (1973) conceituam as três necessidades da seguinte

forma: as necessidades de existência incluem todas as necessidades psicológicas e

materiais caracterizadas, primeiramente, pelo objetivo de obter bens materiais que

garantam a subsistência e secundariamente por uma satisfação pessoal ligada à

competição por recursos limitados. As necessidades de relacionamento dizem

respeito ao desejo que as pessoas têm de ter relacionamentos com outras pessoas

e que estes relacionamentos se caracterizem por um compartilhamento mútuo de

idéias e sentimentos. As necessidades de crescimento incluem o desejo de uma

pessoa de ter uma influência criativa e produtiva sobre si mesma e sobre o ambiente

em que vive. Os autores acreditam que entre esses três objetivos existam numa

relação em sequência, como na hierarquia das necessidades de Maslow, ou seja,

necessidades de existência que seriam as necessidades básicas fisiológicas e as de

segurança; as necessidades de relacionamento que dizem respeito a ser

significativo e lograr bom relacionamento pessoal e as necessidades de evolução ou

crescimento que seriam as de mais alto nível que incluem a auto-estima e a auto-

realização. (BERGAMINI, 1997)

No final dos anos 60, Edwin Locke propôs a Teoria da Fixação dos Objetivos

que afirma: "As intenções de trabalhar em direção a uma meta são a principal fonte

de motivação de trabalho" (Robbin,1999). As pessoas são motivadas pelas metas

estabelecidas, isto é, metas bem definidas são mais estimulantes do que genéricas

(tipo: "faça o que puder!" ou "dê o melhor de si!"). Desde que haja capacidade e

aceitação, quanto mais ambiciosa a meta, maior o desempenho. Desde que haja

aceitação, metas estabelecidas por outros (por exemplo, um líder) são tão

motivadoras quanto metas estabelecidas pela própria pessoa. Segundo Robbins

(1999), a participação no estabelecimento das metas contribui para sua aceitação e

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supera resistências. As pessoas se comprometem quando participam das decisões

quanto às metas, elas têm desempenho melhor quando recebem feedback.

Feedback gerado por elas mesmas tem mais efeito que feedback recebido de

outros. O desempenho é melhor quando as pessoas têm condições de avaliar por si

mesmas os resultados de seu trabalho.

No conceito de Robbins (1999), a Teoria da Equidade se alicerça na

comparação que as pessoas fazem entre o esforço que estão aplicando ao trabalho

e as recompensas que estão obtendo. Podem tomar como comparação pessoas

dentro ou fora da mesma empresa, situações passadas ou oportunidades de outros

empregos. Quando percebem uma situação injusta, procuram compensar, mudando

o esforço ou tentando mudar o contexto (ex.: trocar de emprego).

As Teorias X e Y, propostas por McGregor, descrevem duas visões distintas

de seres humanos: uma basicamente negativa, rotulada de Teoria X; e outra

basicamente positiva, rotulada de Teoria Y. Depois de ver a forma pela qual

gerentes lidavam com empregados, Douglas McGregor concluiu que a visão de um

gerente sobre a natureza dos seres humanos está baseada num certo agrupamento

de pressuposições e que ele tende a moldar seu comportamento em relação aos

subordinados de acordo com essas pressuposições. De acordo com a Teoria X, as

posturas dos gerentes são: empregados naturalmente não gostam de trabalho e,

sempre que possível, tentarão evitá-lo; Visto que os empregados não gostam de

trabalhar, eles devem ser coagidos, controlados ou ameaçados com punições para

atingirem metas; empregados evitarão responsabilidades e buscarão orientação

formal sempre que possível; a maioria dos trabalhadores coloca a segurança acima

de todos os outros fatores associados ao trabalho e exibe pouca ambição.

Em contraste com essa visão negativa sobre a natureza dos seres humanos,

McGregor enumerou posturas positivas que ele chamou de Teoria Y: empregados

podem ver o trabalho como sendo tão natural quanto descanso ou lazer; pessoas

exercitarão auto-orientação e autocontrole se estiverem comprometidas com os

objetivos; a pessoa comum pode aprender a aceitar, e até a procurar,

responsabilidade; a habilidade de tomar decisões inovadoras está amplamente

dispersa por toda a população e não é necessariamente de domínio exclusivo

daqueles que ocupam posições gerenciais. (ROBBINS, 1999)

Em 1964, Vroom (1997), baseado na teoria de Maslow e na teoria de

Herzberg, formulou a Teoria da Expectativa, onde dois fatores compõem a

15

motivação: os fatores individuais e a expectativa de alcançá-los. A Teoria da

Expectativa é baseada em uma visão econômica do indivíduo, vendo as pessoas

como seres individuais com vontades e desejos diferentes relativos ao trabalho,

fazendo com que tomem decisões e selecionando o que mais lhe cabe no momento.

O idealizador desta teoria definiu pressupostos sobre os comportamentos dos

indivíduos nas organizações: comportamento é motivado por uma combinação de

fatores do indivíduo e do ambiente; os indivíduos tomam decisões sobre seu

comportamento na organização; os indivíduos têm necessidades, desejos e

objetivos diferentes; os indivíduos decidem entre alternativas de comportamentos

baseados em suas expectativas de como um determinado comportamento levará a

um resultado desejado. Os componentes principais da teoria são: a Valência (a força

do desejo de um indivíduo para um resultado particular, é o valor subjetivo

relacionado a um incentivo ou recompensa); a Expectativa (os trabalhadores

acreditam que seus esforços irão levá-los aos resultados desejados); e a

Instrumentalidade (relação entre o desempenho e a recompensa).

Segundo a Teoria Cognitivista da Motivação desenvolvida por Deci (1971),

existem dois tipos de pessoas: as movidas pela esperança de êxito, e as movidas

pelo medo do fracasso.

O israelense naturalizado americano, Dov Éden, Ph. D da Universidade de

Michigan trabalha há mais de vinte anos com o tema motivação, usando a Teoria da

Profecia Auto-realizável, também conhecida como Efeito Pigmaleão: “Quanto mais

as pessoas acreditam em uma coisa, mais elas podem influenciar no seu

acontecimento”. (VITORIANO, 1984 apud FERREIRA, 2006)

As diversas teorias da motivação não se anulam umas às outras, pelo

contrário, elas se complementam. (BERGAMINI, 1997)

Nenhuma teoria isolada é suficiente para explicar a complexidade da

motivação humana. As teorias de motivação são limitadas quando usadas

isoladamente. (DIFINI, 2002 apud FERREIRA, 2006)

Robbins (2004) explica o modelo de fluxograma (FIG. 1 do Anexo 3) que

criou para representar a integração das teorias da Expectativa, ERG, Necessidades

de McClelland, do Reforço, da Equidade e da Fixação dos objetivos:

As oportunidades podem ajudar ou atrapalhar o esforço individual, assim como as metas pessoais, coerente com a Teoria da Fixação dos objetivos, o fluxo meta-esforço tem a finalidade de lembrar que os objetivos orientam o

16

comportamento. A teoria da expectativa sustenta que um funcionário vai desprender um alto nível de esforço se perceber que existe forte relação entre esforço e desempenho, entre desempenho e recompensa e entre recompensa e satisfação de metas pessoais. Cada uma dessas relações por sua vez, é influenciada por certos fatores. Para que o esforço resulte em desempenho, o indivíduo precisa ter capacidade necessária para isso, e perceber que o sistema de avaliação é justo e objetivo. A relação desempenho recompensa será fortalecida se o funcionário perceber que o desempenho é recompensado. A teoria ERG explica que a motivação será alta, à medida que as recompensas recebidas satisfazem as suas necessidades dominantes. Como os grandes realizadores não são motivados pela avaliação de desempenho, nem pelas recompensas, eles pulam direto do esforço para as metas pessoais. E a Teoria do Reforço, aparece neste modelo por meio do reconhecimento de que as recompensas organizacionais reforçam o desempenho individual. (ROBBINS, 2002, p.170)

1.1.2.3 A motivação no contexto administrativo

Existem dois instrumentos fundamentais usados na administração

atualmente: o Diagnóstico Organizacional e o Clima Organizacional. Através do

Diagnóstico Organizacional busca-se avaliar o conhecimento dos gestores a respeito

da empresa (objetivos, negócios, vetores de atuação, concorrentes, legislação,

estratégia, finanças, tecnologia, marketing, vendas, visão e valores), depois é feito

um relatório desta avaliação. Já a Pesquisa de Clima Organizacional visa avaliar o

comprometimento dos funcionários com a empresa. As respostas são sigilosas e é

feito um feedback. São pesquisadas as práticas de Relações Humanas (RH),

benefícios, expectativas pessoais, qualidade, reconhecimento, valorização,

remuneração, ambiente de trabalho, canais de comunicação, imagem corporativa,

respeito, motivação, treinamento e desenvolvimento, carreira, etc. (SILVA, 2005)

Segundo Chiavenato (1987, p.127): “O clima organizacional está

intimamente relacionado com a motivação dos membros da organização. Quanto

maior a motivação, melhor o clima organizacional.”

A motivação também é um dos instrumentos para a retenção de talentos,

tarefa difícil atualmente devido às inúmeras oportunidades que o mercado oferece

aos bons profissionais, cabendo às empresas identificar seus talentos e, diante dos

valores destes, elaborar um plano de ação que motive, encante e os comprometam.

(CHIAVENATO, 1999)

Vale salientar que

17

A motivação é resultante de pulsões internas, de desejos, de necessidades individuais que cada pessoas como ser único busca concretizar. O meio externo, as organizações não são origem da motivação. A organização, enquanto meio social, poderá facilitar ou barrar a realização dos desejos e a satisfação das necessidades. (AGUIAR, 1997, p.270)

1.1.2.4 Fatores motivacionais usados para a gestão de pessoas

Uma pesquisa feita por Caudron (1997) listou os vinte melhores fatores de

motivação nas organizações:

1) Dar aos empregados as informações necessárias para desempenhar um bom

trabalho;

2) Dar feedback regularmente aos funcionários;

3) Solicitar ideias e envolver os funcionários em decisões sobre suas funções;

4) Criar canais de comunicação fáceis de usar;

5) Aprender com os próprios funcionários sobre aquilo que lhes motiva;

6) Aprender quais as atividades desenvolvidas pelos funcionários em seu tempo

livre;

7) Reconhecer pessoalmente o funcionário quando realizar um trabalho bem feito;

8) Reconhecer o poder de sua presença física em sua posição de gerente;

9) Enviar mensagem escrita ao funcionário elogiando seu desempenho;

10) Reconhecer publicamente um trabalho bem feito;

11) Promover reuniões destinadas a comemorar o sucesso do grupo;.

12) Dar ao empregado uma tarefa interessante de se executar;

13) Verificar se o funcionário dispõe de ferramentas para executar seu trabalho;

14) Reconhecer as necessidades pessoais dos funcionários;

15) Usar o desempenho com base para promoção;

16) Adotar uma política abrangente para promoção dos funcionários;

17) Enfatizar o compromisso da empresa com a manutenção do emprego em longo

prazo;

18) Estimular o sentido de comunidade;

19) Remunerar as pessoas de forma competitiva em função do que elas valem;

20) Dar ao funcionário uma razão financeira para ser excelente e inclusive

participação nos lucros.

18

Nelson (2007) afirma que todas as pessoas querem ser reconhecidas e que

se deve associar o reconhecimento ao desempenho e ao comportamento do

funcionário. Segundo o mesmo autor, o reconhecimento e a premiação são fatores

de motivação, sendo o reconhecimento o maior motivador do desempenho. O

reconhecimento funciona como uma fofoca positiva e intangível, enquanto a

premiação funciona como algo tangível, como por exemplo: dinheiro, produto,

viagens. No entanto, devem ser utilizados juntos.

Apesar de o dinheiro ser fator motivador, a pesquisa realizada pelo Council

of Communication Management confirma que o reconhecimento cuidadoso e

pessoal tem mais valor, pois fornece uma “história” que a pessoa leva para o resto

da vida. A motivação dos funcionários tem se mostrado cada vez mais pessoal e

situacional. Quanto à premiação, deve combinar com a pessoa, com o que ela

realizou e deve ser dada no momento certo, logo após essa realização. (NELSON,

2007)

1.1.3 Gestão de pessoas na área de saúde

A área de saúde acompanha a tendência das organizações no que diz

respeito à Gestão de Pessoas, como define Rosso (2004, p.14): “[...] A vantagem

competitiva de um hospital está sendo desviada do número e da qualidade de suas

máquinas para a eficiência e a qualidade humana de seus colaboradores. [ ...].”

Estudos realizados na década de 90 por pesquisadores de Saúde

apresentaram uma análise concisa das políticas de RH nestas últimas décadas.

Segundo estes pesquisadores, o marco ocorre com a realização da 8ª Conferência

Nacional de Saúde, na qual foram discutidas e sistematizadas as principais

propostas para a área, fundamentais, inclusive, para a Reforma Sanitária. Entre as

propostas estavam: (a) remuneração condigna e isonomia salarial entre as mesmas

categorias profissionais nos níveis federal, estadual e municipal, com

estabelecimento urgente e imediato do plano de cargos e salários; (b) capacitação e

reciclagem permanente; (c) admissão mediante concurso público; (d) estabilidade no

emprego; (e) composição multiprofissional das equipes, considerando as

necessidades e a chamada de atendimento de cada região, em consonância com os

critérios estabelecidos pelos padrões mínimos de cobertura assistencial; (f)

19

compromissos dos servidores com os usuários; (g) cumprimento da carga horária

contratual e gratificação à dedicação exclusiva; (h) direito à greve e sindicalização

dos profissionais de saúde; (i) formação dos profissionais da saúde integrada ao

sistema de saúde regionalizado e hierarquizado; (j) inclusão no currículo de ensino

em saúde do conhecimento das práticas alternativas; (l) incorporação dos agentes

populares de saúde para trabalhar em educação para a saúde e cuidados primários.

(BRASIL, 2006)

Mais adiante, com a realização da I Conferência Nacional de Recursos

Humanos em Saúde, em 1986, estas propostas são mais bem sistematizadas e

desdobram-se em grandes temas: valorização do profissional; preparação de

recursos humanos; e compromisso social – nova ética para os trabalhadores de

saúde. Em 1993, a II Conferência Nacional de Recursos Humanos reforça as

questões cruciais de RH. (BRASIL, 1993)

O momento seguinte iniciou-se com o governo Lula, em 2003. A mudança

positiva nas políticas de recursos humanos foi acompanhada da criação da

Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, dentro do Ministério da

Saúde, que passou a tratar especificamente da gestão dos recursos humanos na

dimensão do trabalho e da educação na saúde. Com esta ação política, o governo

federal proporcionou um novo momento para a área de RH, levando esperança e

confiança tanto para aqueles que produzem os serviços de saúde para a população

como para os responsáveis pela gestão dos sistemas de saúde. (BRASIL, 2006)

Era preciso enfrentar os efeitos deletérios da política neoliberal que se impôs

na década de 90, provocando o desestímulo, a perda do sentido de carreira

profissional, a precarização do trabalho, entre outros males a serem combatidos.

Pensar a questão dos recursos humanos significa pensar naqueles que são os

protagonistas da Reforma Sanitária, aqueles que detêm a técnica, o saber e o

trabalho colocados a favor da população brasileira. (CONASS, 2004)

As formas verticalizadas da gerência foram substituídas por gerência

horizontal, com uma diminuição das funções de chefia, introdução de sistemas mais

participativos e abertos, de decisão. A motivação e o envolvimento do trabalhador

com os interesses da empresa passam a incorporar a agenda da “nova

administração”. A força de trabalho seria substituída pela inteligência do trabalhador

que assumiria posição gerencial e de monitoramento, abdicando da sua posição de

produtor. (BRASIL, 2006)

20

Segundo o Ministério da Saúde:

A valorização da ciência e da tecnologia modifica o trabalho alterando produtos, processos e a gestão. O “novo” campo de atuação da gestão do trabalho em saúde e do gestor de RH pode ser configurado em um conjunto de atividades que envolvem: o planejamento, a captação, a distribuição e a alocação de pessoas em postos de trabalho, com a qualificação requerida e com medidas que fortaleçam a fixação desses profissionais; a oferta de possibilidades de formação e capacitação que atendam às necessidades de desenvolvimento de competências para atenção à saúde de qualidade; e medidas no campo da regulação do trabalho com interfaces e intermediações com as corporações profissionais, com o mercado educativo e com a sociedade. (BRASIL, 2006)

Para atender a essa necessidade de mudança, em 2004, foi implantada a

Política Nacional de Humanização (PNH).

Por humanização entende-se a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Os valores que norteiam esta política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co-responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a participação coletiva no processo de gestão. No eixo da gestão do trabalho, propôs-se a promoção de ações que assegurassem a participação dos trabalhadores nos processos de discussão e decisão, fortalecendo e valorizando os trabalhadores, seu autodesenvolvimento, crescimento profissional e sua motivação. (BRASIL, 2004)

1.1.4 Gestão de pessoas no futebol

1.1.4.1 A história administrativa do futebol

As vultosas cifras envolvidas em contratos publicitários, salários de

jogadores e parcerias com a mídia não deixam dúvida: o futebol é um negócio, cada

vez mais lucrativo. Segundo João Havelange, ex-presidente da Fédération

Internationale de Football Association (FIFA), a FIFA é a maior empresa

multinacional do mundo, conforme seus cálculos o futebol emprega direta e

indiretamente 450 milhões de pessoas e, se a cada uma delas estiver ligada uma

família de cinco membros, isso representa dois bilhões de pessoas, ou seja, quase

um terço da população mundial vivendo do futebol, o qual movimenta grandes

capitais, algo em torno de 180 bilhões de dólares em 1999, 200 bilhões em 2000,

250 bilhões em 2005. (FRANCO JÚNIOR, 2007)

21

Os rumos e a solidez do esporte como produto dependem das perspectivas

administrativas a ele associadas. Um clube, por exemplo, pode ser administrado de

forma totalmente amadora, com dirigentes dedicados aquele contexto apenas por

afinidade e durante o tempo livre. Mas também pode ser gerido por um pool de

investidores definidos por conta da abertura de seu capital na bolsa de valores, com

uma perspectiva muito similar à realidade de uma empresa de grande porte.

Os clubes profissionais de futebol são filiados às federações regionais (no

caso do Brasil, as estaduais). Por sua vez, essas entidades se reportam às

federações nacionais (a Confederação Brasileira de Futebol – CBF) que respondem

às federações continentais. As federações continentais prestam contas à FIFA que

gerencia a modalidade no planeta. As metas das federações são muito parecidas,

sempre alinhadas aos interesses da FIFA. Cabe a essas instituições fomentar e

difundir a prática esportiva pelo mundo, regulamentar e desenvolver a modalidade,

exigir o cumprimento de regras, centralizar as decisões e captar recursos

financeiros. (CALDAS, 1989)

Dentro deste cenário, há três tipos básicos de estrutura no futebol

internacional. Nos Estados Unidos, os atletas começam nas escolas, passam por

universidades e depois ascendem às ligas profissionais. Em alguns países da Ásia,

os clubes são bancados por fábricas (há alguns anos, os atletas precisavam dividir

sua rotina entre o esporte e o trabalho nas empresas). A terceira via é a européia, na

qual os atletas são pinçados pelas equipes por seu talento e não como funcionários.

Esse é o modelo adotado também no Brasil. (CALDAS, 1989)

No Brasil, o caminho normal que um atleta percorre é se filiar a uma

agremiação desde as categorias de base – oriundas de peneiras ou escolinhas –

ascendendo à equipe profissional de acordo com seu desempenho nos times

menores. Apesar de oscilar entre o amador (base) e o profissional (adulto), todo

esse modelo acontece sob a supervisão e a gestão do clube. A estrutura dos clubes,

contudo, mudou consideravelmente desde a chegada do esporte ao país. Nos

primeiros anos da modalidade no Brasil, o cenário era totalmente amador. Nenhum

jogador podia ser remunerado pela participação no futebol, e os clubes surgiram

com estrutura de associação sem fins lucrativos. (CALDAS, 1989)

Em 1933, ocorreu a implantação do futebol profissional no Brasil, de forma

muito precária ainda, mas o suficiente para estabelecer o marco mais importante na

história do futebol brasileiro. O ano de 1933 representa a fase do profissionalismo.

22

A mudança dos jogadores para a categoria profissional, contudo, não foi

acompanhada pelos clubes. O futebol foi massificado por essa alteração, os atletas

de origens mais populares ganharam espaço e as cifras envolvidas na realização do

espetáculo cresceram. (CALDAS, 1989)

Com o crescimento e a interação maior com a população, o futebol deixou

de ser apenas um esporte hermético e assumiu um papel importante no contexto

social brasileiro. Por conta disso, a gestão dos clubes e federações precisou se

voltar ao desenvolvimento do esporte como atividade comunitária e integracionista.

(GURGEL, 2006)

A Lei Pelé, que entrou em vigor em 1998, colocou-se como um novo

patamar para administração e a organização esportiva no Brasil. Mesmo antes da

aprovação da nova legislação, podiam ser identificados pontos pelos quais a lógica

do mercado vinha influenciando a reestruturação do futebol brasileiro, com a Lei

Pelé dando mais força ao processo de mudança. A transformação que aconteceu na

CBF após a parceria com a Nike aumentou os investimentos das empresas de

comunicação no mercado futebolístico, ocasionando o desenvolvimento acelerado

do marketing esportivo; possibilitando a entrada no mercado brasileiro de instituições

financeiras internacionais; busca de caminhos para a adoção de gestões

empresariais por parte dos clubes; e finalmente, uma grande mudança na

organização dos torneios. (GURGEL, 2006)

Existem várias maneiras diferentes de se organizar uma equipe esportiva, e

outros tantos meios de inserção desse clube no contexto profissional do esporte.

Para isso, é fundamental que o setor administrativo trabalhe como um facilitador e

acelerador de processos dentro da agremiação, dando um caráter mais dinâmico às

atividades e aumentando a chance de obtenção de receita. O primeiro passo para

esse incremento administrativo é a interação entre todas as áreas. Quanto mais um

clube funcionar de maneira unificada e planificada, haverá menos chances de furos

em seu projeto. Além disso, o conceito de competência precisa ser trabalhado no

âmbito esportivo associado à estratégia, assim como acontece no ambiente

empresarial. O setor administrativo de uma empresa também deve estar pronto para

identificar os atores envolvidos no processo e as chances de obtenção de lucro no

mercado em que essa empresa está inserida. Esse é um princípio básico para a

sustentação e deve nortear o investimento e os projetos de qualquer associação

esportiva. (BATTAGLIA, 2003)

23

1.1.4.2 Planejamento estratégico no futebol

Em um esporte coletivo como o futebol, a formação de um bom ambiente de

trabalho e a qualidade do relacionamento do grupo, com vistas a transformá-lo numa

equipe coesa e determinada, são aspectos mais importantes do que apenas a soma

das qualidades técnicas individuais de seus jogadores. Por isso, nem sempre o

melhor time é aquele cujo clube faz mais investimentos nos melhores e mais caros

jogadores. Atualmente, outros aspectos como boa preparação atlética, equilíbrio

emocional adequado, planificação tática, disciplina coletiva, normas de convívio,

dimensão espiritual do grupo, estabelecimento de metas e compromisso do grupo,

são cada vez mais decisivos para a performance global de uma equipe de

futebol. (ZANETTI; GUSSO, 2000)

Para que isto seja possível, a simples presença de profissionais

competentes em suas especialidades não garante um ótimo rendimento sustentado

dos times. Esses experts devem possuir entre si unidades de valores e estarem

profundamente envolvidos com a missão, visão, objetivo e metas de um trabalho

comum a todos, balizados por um cuidadoso Planejamento Estratégico. (AIDAR;

LEONCINI; OLIVEIRA, 2000)

O Planejamento Estratégico no futebol em curto prazo envolve: (a)

identificação das necessidades e implantação da infra-estrutura básica; (b)

diagnóstico do Departamento de Futebol; (c) definição do grupo de atletas que seja

compatível com o novo modelo de trabalho implantado, conforme orçamento; (d)

Planejamento Estratégico do Departamento de Futebol: definição conjunta e global

das linhas gerais do plano e descrição das metas do processo e do rendimento de

curto, médio e longo prazo; (e) definição e divulgação interna da identidade

futebolística do clube e do perfil de suas equipes; (f) definição dos projetos

arquitetônicos de reformas no estádio e centro de treinamento; (g)

instrumentalização e modernização de processos como informatização etc.; (h)

contratação de profissionais que atendam às necessidades do novo organograma de

trabalho; (i) formação de rede profissional de observadores ("olheiros") em todo o

território brasileiro; (j) formação de equipe profissional competitiva dentro de

recursos existentes e possíveis; (k) cumprimento rigoroso dos compromissos

financeiros assumidos, mudando-se o perfil e o nível de credibilidade atual dos

24

clubes e dirigentes; (l) participação das equipes de base em campeonatos, torneios

e jogos no estado, país e exterior. (AIDAR; LEONCINI; OLIVEIRA, 2000)

O Planejamento em médio prazo é a fase de análise de resultados, correção

dos planos e implantação dos processos complementares: completar obras básicas

no estádio e no centro de treinamento; implementação da equipe profissional

competitiva; disputar em igualdade de condições os principais campeonatos de

futebol do Brasil; capacitar e desenvolver os recursos humanos, através de projetos

e programas permanentes de treinamento para atletas, comissões técnicas e

funcionários; desenvolver convênios técnico-esportivos e parcerias diversas;

implementação de rede profissional de observadores ("olheiros") em todo o território

brasileiro. (AIDAR; LEONCINI; OLIVEIRA, 2000)

O Planejamento de longo prazo é a fase de consolidação do plano de

modernização e profissionalização do futebol. Planeja-se posicionar o clube entre os

mais organizados do país; possuir um dos mais funcionais complexos futebolísticos

do Brasil (estádio e centro de treinamento); disputar em igualdade de condição os

principais campeonatos do futebol brasileiro, sul-americano e mundial; formar atletas

diferenciados e de alto nível em seu Centro Técnico de Treinamento de Excelência,

fornecendo 70% a 80% dos atletas que compõem a equipe principal; estabelecer

convênios técnico-comerciais com os principais mercados do futebol mundial.

(AIDAR; LEONCINI; OLIVEIRA, 2000)

A busca pela Qualidade também chegou ao mundo do futebol, o Sport Clube

Internacional é o único clube de futebol brasileiro com a certificação ISO 9001.

Segundo o vice-presidente do Clube, Pedro Affatato

A certificação representou um título muito especial, premiando o trabalho da gestão atual, e que representa uma herança para todas as gestões futuras, validando todos os investimentos que foram feitos nos últimos anos, voltados a melhorar o atendimento dos clientes, ou seja, todos os seus torcedores.

A Diretora Executiva da Certificadora DQS, Dezée Mineiro, elogiou:

“Entrosamento, motivação e liderança. Estas palavras definem o sucesso do Inter na

obtenção do certificado”. (INTERNACIONAL, 2009)

25

1.1.4.3 Motivação no futebol

A rotina é um dos principais fatores que levam à desmotivação, tanto para

atletas como para outras pessoas. Acordar pela manhã e pensar em repetir as

mesmas atividades do dia anterior, acaba com a determinação da maioria das

pessoas. Para combater a rotina, treinadores e profissionais, não só do esporte,

precisam usar a criatividade. Mas existem situações em que as pessoas

permanecem sem motivação, mesmo com alternativas criativas. Neste sentido,

sabe-se que a intensidade da motivação depende da diferença entre o estado atual

do indivíduo e o estado futuro, ou melhor, o objetivo que ele quer atingir, significando

que se o atleta pretende atingir metas muito distantes, não haverá motivação

suficiente para a tarefa. (FRANCO, 2000)

Existem profissionais que pensam que quanto mais dificuldades passam,

mais motivam, entretanto, o efeito pode ser justamente o contrário. A dificuldade da

tarefa tem que estar de acordo com as capacidades do indivíduo. As tarefas

impostas não podem ultrapassar os limites de cada atleta, para não desmotivá-lo.

Quando a pessoa demora em perceber resultados, tende a perder o entusiasmo e

abandonar as tarefas. Tarefas muito fáceis provocam pouca motivação e as muito

difíceis produzem frustração e desinteresse. Uma importante contribuição do

técnico, ou até mesmo do patrão, é dar feedbacks, que são informações dadas para

a pessoa perceber suas próprias ações. Os feedbacks são o chamado retorno, onde

o treinador passa os resultados já atingidos. (FRANCO, 2000)

Para um jogador obter bom rendimento, não basta cumprir todas as etapas

dos treinos físicos, técnicos e táticos. Mais que isso, a motivação e a maneira com a

qual ele encara a atividade, são determinantes para um desempenho satisfatório,

fazendo com que ganhe destaque em relação aos demais. (FRANCO, 2000)

Dois atletas podem treinar na mesma proporção, mas por razões não só

distintas, como opostas. Os atletas motivados pela esperança de êxito possuem

duas características básicas; a primeira é o alto índice de motivação para a

realização de certa tarefa. E a segunda é o baixo índice de angústia ou medo da

derrota. Esse tipo de pessoa opta por eleger tarefas de dificuldade média para

enfrentar riscos médios. Já as pessoas que agem pelo medo do fracasso

apresentam aspectos opostos. O baixo índice de motivação é um deles, gerado pela

crença de que tal meta é inalcançável. A outra característica é o alto índice de

26

angústia, traduzido no pavor do fracasso e no que isso resultaria. Indivíduos assim,

consequentemente, escolhem tarefas muito fáceis para ter sucesso garantido e

correr pouco risco, ou muito difíceis, para justificar o iminente fracasso diante dos

críticos. (FRANCO, 2000)

No processo de desenvolvimento técnico dos atletas existem numerosos

indutores de motivação, sejam eles, objetos, pessoas ou situações que impulsionam

estados de atuação. Os indutores não atuam com a mesma intensidade e não são

os mesmos para todos os atletas. Os desportistas, em especial, são motivados pela

obtenção de bons resultados, pela progressão da performance esportiva, por um

desafio pessoal, e pela busca de atenção diferenciada . (CARRAVETTA, 2006)

Uma combinação de fatores contribui para o sucesso esportivo: a

predisposição genética, o treinamento intensivo, os incentivos financeiros e as

qualidades psicológicas. Dentre estas, se destaca a motivação. Compromisso com o

esporte, esforço, perseverança para alcançar as metas, são aspectos que estão

associados com a motivação. Ela influencia o que alguém decide fazer, por quanto

tempo vai-se fazer o que se propôs e o nível de performance que se quer alcançar.

As teorias contemporâneas da Psicologia do Esporte dizem que os atletas em geral

podem ter dois tipos de motivação: a motivação para a tarefa e a motivação para o

“eu”. O atleta motivado para a tarefa está interessado em aprender novas

habilidades e treinar as habilidades aprendidas. Faz isto com o máximo esforço e se

preocupa somente com sua própria performance, como por exemplo, quantos gols

conseguiu marcar numa seqüência de 10 chutes de bola parada. Frente a um baixo

rendimento, vai se esforçar mais ainda. Ele acredita que seu sucesso está associado

com treinamento árduo e se satisfaz com sua performance individual,

independentemente da classificação de sua equipe, porque, simplesmente, sente

prazer no que está fazendo. Já o atleta motivado para o “eu”, pensa em bater

recordes, em ganhar de alguém melhor ranqueado do que ele. Acredita que seu

sucesso está em demonstrar uma habilidade superior aos demais e só se satisfaz se

for o primeiro. O piloto Ayrton Senna, por exemplo, quando chegava em segundo

lugar em uma corrida, ficava muito bravo e ninguém podia se aproximar dele para

conversar por algumas horas após a corrida. (RUBIO, 2003)

Os profissionais da Psicologia do Esporte vêm atuando junto aos clubes e

comissões técnicas. Os técnicos ressaltam que o rendimento deve ser um dos

objetivos dessa Psicologia, e que trabalhar as características pessoais dos atletas e

27

a forma de manejo do técnico auxilia na obtenção de um alto rendimento. Como

possíveis intervenções do psicólogo, podem ser citadas a avaliação do perfil

psicológico do atleta, acompanhamento individual e grupal, orientação e

aconselhamento, assessoramento à comissão técnica, acompanhamento familiar e

acompanhamento de rotinas. Os trabalhos em grupo buscam atuar na coesão

grupal, lideranças, estratégias de motivação, entre outras detectadas pelos

profissionais. (CIDADE..., 2009)

1.1.4.4 O técnico como gestor da equipe

Na guerra simbólica que é o futebol, assim como nas guerras concretas,

inicialmente não havia comandantes. No Brasil, o primeiro técnico foi contratado em

1907. Desde então, a figura do técnico tornou-se crescentemente importante. Antes

ele acompanhava as partidas à distância, com pouca possibilidade de intervenção

imediata; a partir de 1922 generalizou-se o uso de um banco para ele na lateral do

campo. (DUARTE, 2005)

É o treinador que, como um general, mantém a tropa em boas condições de

vencer. É ele que determina as regras internas ao grupo, quase sempre enfatizando

as virtudes militares da camaradagem e da disciplina, mantendo a equipe unida na

concentração (termo de sentido militar). Ele também cuida da moral do grupo, lhe

infunde confiança cotidianamente e, sobretudo, às vésperas da partida, em especial

pouco antes de se entrar em campo (preleção). Durante a partida, ele instiga seus

jogadores a se dedicarem ao máximo, terem “garra” e “raça”, termos que remetem a

uma espécie de nacionalismo exaltado. O treinador, da mesma forma que um

general, é quem define a tática a ser empregada. Escolhe a disposição dos seus

homens no terreno de jogo e as ações conjuntas que eles devem executar para

melhor defender e atacar. (DUARTE, 2005)

O técnico brasileiro mundial de 1983, Ademar Pimenta dizia que “tática deve

ser aplicada de acordo com o adversário que se enfrenta. Como na guerra, as

táticas se modificam de acordo com o terreno, a sua topografia, com o valor material

do inimigo, e outros elementos que devem ser levados em conta”. (DUARTE, 2005)

A história tática do futebol está centrada na ocupação de espaços. No

futebol, assim como na guerra, a evolução significativa não se deu no plano tático,

28

mas sim no estratégico. A estratégia é a fase de mobilização de todos os recursos

disponíveis (humanos, naturais, patrimoniais, financeiros, científicos, morais,

culturais) de um grupo para atingir, em médio ou longo prazo, um determinado fim.

Enquanto a tática é a ação imediata empreendida na busca daquela meta: arranjo e

movimentação dos jogadores no campo, campanha publicitária, reestruturação de

preços e salários. Durante os treinamentos para o Mundial de 2002, a leitura básica

de Luiz Felipe Scolari (técnico da Seleção Brasileira) havia sido um antigo manual

militar chinês do século IV a.C, A Arte da Guerra, de Sun Tzu. Na definição de Sun

Tzu, “todos podem ver as táticas empregadas nas minhas conquistas, mas ninguém

vê as estratégias que as possibilita”. (DUARTE, 2005)

1.1.4.5 Futebol como exemplo para a gestão de pessoas

A expressão que o futebol exerce hoje na sociedade conduz á facilidade

com que as pessoas compreendem outros assuntos quando comparados ao mundo

do futebol. Kelber (2005) conceitua assim a Gestão de Processos, usando como

exemplo o futebol:

Os fãs certamente sabem de cor a escalação do quarteto atacante do Santos Futebol Clube do início da década de 60, com Pelé, Coutinho, Pepe e Dorval. Era o máximo de excelência de desempenho com foco nos resultados, quase sempre impiedosas goleadas. Cada um daqueles craques tinha competência e a aplicava em benefício da equipe. É disso que trata a gestão de processos.

O professor Kelber (2005), especialista no tema, explica como esse modelo

pode servir para a iniciativa pública e privada, inclusive na gestão da saúde.

A palavra Coach, muito usada atualmente pelos departamentos de recursos

humanos das empresas, surgiu no esporte para definir a figura do técnico que

conduz a equipe, levando-a de um estágio a outro, mais apurado técnica, física e

psicologicamente. Gallwey define esse termo como “uma relação de parceria que

revela e liberta o potencial das pessoas de forma a maximizar seu desempenho”.

(REZENDE, 2006)

Atletas, ex-atletas e técnicos de futebol realizam palestras motivacionais

para empresas, nas quais são abordados conceitos fundamentais como: team

work, planejamento estratégico, liderança, determinação, perseverança e

29

busca de metas, baseadas em experiências reais de superação, trabalho em

equipe, motivação e liderança. Entre esses profissionais estão os técnicos Dunga,

Carlos Alberto Parreira, Renê Simões, Luis Felipe Scolari, Vanderlei Luxemburgo e o

atleta Rogério Ceni. (ARENA, 2008)

A trajetória de um atleta de sucesso é sempre um grande exemplo

para ser aplicado em empresas e instituições que buscam motivação,

melhoria da performance e resultados dos seus funcionários e colaboradores .

(ARENA, 2008)

Frente à relevância que o tema sugere e à escassez de estudos publicados

relativos aos “fatores motivacionais utilizados no esporte que podem servir de

exemplo para a gestão de pessoas na área de saúde”, propôs-se a realização deste

estudo, cuja hipótese levantada foi a de quais fatores motivacionais aplicados no

futebol podem ser usados para gestão de pessoas na área de saúde.

1.2 JUSTIFICATIVA

Segundo Neff; Citrin (2000) “Na saúde não são necessariamente os grandes

planos que dão certo, mas são os pequenos detalhes que alteram a qualidade das

relações”.

Como líder, administrador ou gestor, para realizar um trabalho com sucesso

deve-se partir da própria motivação. É necessário acreditar que pode fazer a

diferença em seu ambiente de trabalho e na vida das pessoas. A partir daí buscar

motivar a equipe de acordo com suas atitudes. (HUNTER, 2006)

Um importante psicólogo norte-americano do esporte, Dr. Singer (apud

Rezende, 2006), afirma que “O mundo dos esportes ativa nossas fantasias, desejos,

esperanças e emoções, nosso desejo de sermos reconhecidos e de provarmos

nossas capacidades.“

1.3 OBJETIVOS

Objetivo Geral

O presente estudo tem como objetivo geral identificar se os fatores

motivacionais aplicados no futebol podem ser aplicados na gestão de pessoas na

área de saúde.

30

Objetivos Específicos

1. Apresentar os fatores motivacionais descritos em literatura;

2. Descrever as práticas de gestão e de gestão de pessoas no futebol;

3. Descrever os fatores motivacionais usados para os atletas no futebol.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 POPULAÇÃO ESTUDADA

A pesquisa foi realizada com atletas e ex-atletas que atuam e atuaram em

dois grandes clubes de futebol mineiro da primeira divisão. Também foi entrevistada

a psicóloga que trabalha em um desses clubes. Os atletas A / C / D / E / F atuam na

profissão e são titulares em seus times. O atleta B é um brasileiro e ex-atleta que

deu uma grande contribuição ao futebol mineiro e hoje faz carreira política. A

entrevistada G, é a única psicóloga que trabalha efetivamente dentro de um time de

futebol mineiro, atuando junto aos atletas profissionais.

2.2 MATERIAL E MÉTODOS

Considerando que esta pesquisa está direcionada para área de saúde seu

foco é a motivação como ferramenta para a gestão de pessoas nos serviços de

saúde. Trata-se de um estudo qualitativo descritivo, realizado a partir de uma

amostra de conveniência, baseado em revisão bibliográfica e análise de entrevistas.

Realizado no período de março de 2008 a abril de 2009, na cidade de Belo

Horizonte.

As fontes para a pesquisa foram artigos científicos, dissertações

acadêmicas, textos técnicos, sítios na Internet, documentos existentes e disponíveis

no Ministério da Saúde, capítulos de livros e entrevistas realizadas com atletas, ex-

atletas, técnicos e profissionais ligados ao futebol em dois grandes clubes mineiros

da primeira divisão.

Atendendo aos princípios Éticos e de acordo com a Resolução CNS nº 196,

de 10 de outubro de 1996, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi

apresentado a cada um dos entrevistados, estando devidamente preenchido antes

da entrevista, com o objetivo de protegê-los e às instituições a que pertencem,

tratando-os com dignidade, respeitando sua autonomia e defendendo-os em sua

vulnerabilidade, ponderando riscos e benefícios individuais ou coletivos (atuais e/ou

potenciais), comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e

32

riscos garantindo, assim, a não maleficência. Foram elaborados questionários para a

realização das entrevistas (ANEXO 1 – para os jogadores e ANEXO 2 para a

psicóloga). A escolha destes profissionais foi definida diante da posição que

assumem dentro do esporte como atletas de destaque e titulares em seus times.

Quanto à participação da psicóloga foi de grande importância para confirmação dos

dados encontrados nas entrevistas com os atletas e sua análise dentro das

bibliografias pesquisadas.

As entrevistas foram realizadas em locais particulares definidos de acordo

com a disponibilidade dos entrevistados em contato prévio via telefone. Apenas a

entrevista com a psicóloga foi realizada através de e-mail, após a entrega do

Consentimento Livre e Esclarecido devidamente assinado. As entrevistas foram

filmadas para posterior análise dos dados informados, com exceção da entrevista

realizada com a psicóloga. Foram utilizados os descritores: motivação, saúde /

gestão de pessoas, futebol / gestão de pessoas, fatores motivacionais e

dissertações acadêmicas. Ao iniciar a pesquisa na base de dados científica BVS

foram inseridas as palavras motivação, saúde / gestão de pessoas, futebol / gestão

de pessoas, fatores motivacionais. Somente para o descritor “motivação” foram

encontradas 1.239 referências na MEDLINE, 243 no SCIELO, 872 na LILACS.

Nenhum dos outros termos foi encontrado, inclusive o termo “gestão de

pessoas” como atualmente vem sendo denominado o setor de recursos humanos

não foi encontrado, sendo necessária sua substituição pelo termo “recursos

humanos”, porém, nenhuma das ocorrências se referia ao tema abordado nesse

trabalho.

Os resultados são apresentados em forma de depoimentos às questões

aplicadas pela pesquisadora, devido à entrevista ter sido realizada com questões

abertas e discursivas, mantendo a interpretação e opinião pessoal de cada

entrevistado. As respostas foram analisadas e comparadas com o material da

revisão bibliográfica.

2.3 RESULTADOS

O entrevistado “A” começou a carreira incentivado pelo pai que gostava do

esporte, entretanto, quando a dedicação começou a ser maior para o esporte do que

33

para o estudo, o pai começou a ficar contra e a mãe, acreditando no seu sonho,

passou a ser sua maior incentivadora, mas fez com que ele optasse pelo estudo ou

pelo esporte, desde que realmente se dedicasse. Após conhecer o mundo do futebol

e as suas dificuldades, o que mais o incentivou a continuar, além do dinheiro, era

fazer algo que realmente gostava. Quanto às vitórias, derrotas e lições que

aprendeu com elas, o atleta destacou a importância de poder ajudar o time em um

momento difícil e a tristeza de ficar sem jogar; a lição disso tudo resume em “confiar

só em Deus”. O atleta define que trabalhar em equipe “é ter um mesmo objetivo”. O

legado que gostaria de deixar seria a importância da simplicidade e humildade. Sua

inspiração no esporte eram os atletas Zetti e Taffarel, “pela técnica e vontade de

buscar os objetivos”, afirmou o entrevistado “A”. Ao repensar sua carreira levanta a

necessidade de manter um ritmo de treinamento. O atleta “A” considera a

responsabilidade do trabalho dividida 50% para os jogadores e 50% para o

treinador, segundo ele: “O treinador é o observador do jogo, ele vê o erro e orienta.

O jogador executa o jogo e deve sempre ouvir a orientação do técnico”. Um técnico

que o motivou foi o Emerson Leão, devido às críticas construtivas. Segundo o atleta,

o futebol é um fenômeno inexplicável, definido por ele como: “se o time está bem é

espetáculo, mais ou menos é jogo e se o time está ruim não passa de um esporte”.

Quanto ao dinheiro, considera um fator de motivação importante.

No aspecto troca de times constantemente, considera bom financeiramente,

mas acredita que dificulta a identidade entre o atleta e o clube. Descreve que o

capitão do time é aquele considerado o mais dedicado, tem maior aceitação pelo

grupo. Mas “A” completa: “o treinador escolhe, mas inconscientemente acabamos

escolhendo o nosso”. Em relação à desigualdade salarial, ele afirma: “Não é justo, o

goleiro não é tão valorizado quanto o jogador de linha que faz o gol, mas

compreendemos, o que faz o time vencer é o gol.” Em outra afirmativa, ele aborda a

questão da influência do técnico na equipe: ”o que adianta o técnico ser muito culto,

mas não saber como passar o que quer para a equipe?”.

O entrevistado “B” começou com o incentivo do pai, como comentou: “Meu

primeiro presente foi uma bola”. Mas afirmou: “Era um sonho, não imaginava que

fosse se tornar realidade”. Teve experiências ruins, mas explica a motivação para

continuar, “estive muito desanimado passei muito tempo na reserva do time, mas

tinha esperança e nunca deixei de treinar”. Quanto ao respeito pelos superiores e

companheiros afirma que “era um reserva sem nenhuma oportunidade, mas sempre

34

tratei bem meu treinador, os companheiros e nunca deixei de acreditar”. Completou

“Treinava pela manhã e à tarde, quando não tinha treinamento eu ia sozinho correr

para aprimorar a minha parte física”. Quanto à vitória na sua carreira, relata a

possibilidade de jogar após tanto tempo de reserva e manter 13 anos de titularidade,

o segredo, confessa, é “fé em Deus e disposição para treinar”. Uma derrota

significativa destaca uma em final de campeonato, no qual era o melhor time, mas

perderam nas penalidades. Sobre este assunto conclui: “Tem que estar preparado

porque nem sempre vai vencer. Não pode desesperar, o esporte ensina que até

mesmo quando se vence, não acaba ali, virão novas competições, novas vitórias e

derrotas também”.

Quanto ao trabalho em equipe, afirma que “o esporte ensina que para

vencer tem que treinar muito, não existe outro atalho. Você tem que se preparar, do

contrário vai comprometer todo o trabalho da equipe”. E completa: “ninguém vence

sozinho, até nos esportes individuais você depende do técnico e da torcida também,

o que vale é o conjunto”. Quanto ao legado, o ex-atleta relata o projeto que se iniciou

a partir dele e de mais quatro que iniciaram um grupo chamado Atletas de Cristo,

hoje já fazem parte deste grupo mais de 50 países e já se tornou um Ministério de

atletas. “Meu sonho era ver atletas que seriam exemplo para as crianças brasileiras,

para outros desportistas e que dessem alguma contribuição para a população

brasileira”. Numa segunda afirmativa, “B” conclui “o povo brasileiro é tão apaixonado

por futebol, que os jogadores têm a responsabilidade de serem esse exemplo, dar

permanentemente testemunho de vida saudável, fair-play, jogo com respeito ao

torcedor, não violência”. Sua inspiração veio de treinadores como Procópio Cardoso

“era um treinador de estimular, tinha uma garra, às vezes nem precisava falar, ele só

olhava...”. Em uma experiência que teve com esse treinador afirma:

Após uma fratura ele olhou para minha mão engessada e disse que não havia nada e que domingo eu iria jogar, dizia que eu não podia pegar na bola, mas podia correr, então eu iria treinar sim, porque assim que tirasse o gesso eu estaria preparado para jogar.

Citou Jesus Cristo como sua referência mais importante: “Ele foi alguém de

grande amor pelos inimigos, pelos adversários e esse é um grande desafio para

minha vida”. Em relação à vida familiar, o entrevistado “B” afirmou: “Sempre me

preocupei muito com a minha família porque a gente renovava os contratos, mas

sempre de acordo com a proposta do clube, não havia muita margem de

35

negociação”. Também relata: “No fim da minha carreira quis ser treinador de futebol,

mas minha esposa não queria. A vida de um jogador de futebol é sem paradeiro,

cada dia está em uma cidade, a família sofre muito com isso”. Quanto à

responsabilidade pela vitória, o entrevistado afirma: “O técnico é muito importante

porque o treinador é aquele que estimula o treinamento, não há vitória em jogos se

não houver uma boa preparação ou um bom treinamento”. Segundo “B”:

Ás vezes por diversas situações, por que eu estou cansado não quero mais treinar, ou por que estou chateado não quero treinar, ou então porque sou preguiçoso mesmo! Se o treinador não for alguém de pulso e que estimule o grupo, os resultados não virão.

Em outra afirmativa, relata: “O treinador é importante na beira do campo, às

vezes eu ficava torcendo para dar um intervalo para ouvir meu treinador falar”. Em

relação à atitude dentro de campo e sobre o papel do treinador, o entrevistado

afirma: “Duas coisas estimulam, às vezes a marcação está errada, às vezes dentro

do campo dá para melhorar, mas quando estamos dentro do campo você não

enxerga isso, mesmo porque está diante da pressão da torcida e do outro time”, e

completa “Às vezes uma mudança tática ou de jogador por parte do técnico e uma

palavra de estímulo diante da pressão podem mudar muita coisa dentro de campo e

trazer resultados”. Quanto ao dinheiro como fator de motivação afirma que ”dinheiro

é importante mas o atleta inicia por vocação, ele cria uma paixão pelo esporte e a

carreira é desenvolvida a partir deste estímulo”. Acrescenta:

Em algum momento da carreira ele vai perceber duas coisas, uma que precisa de dinheiro para continuar o treinamento dele, pegar transporte para ir treinar, passa a se alimentar mais devido ao esforço físico. A partir daí surgem outras necessidades. Ele resolve casar para constituir família e passa a pensar que sua carreira é curta e ele tem que se preparar, ter uma reserva, pensar no que vai fazer ou estudar algo que represente a travessia da carreira de atleta para outra carreira. O atleta chega com uma grande bagagem que adquiriu com o conhecimento de mundo, pelos contatos que fez, pelos países e lugares que conheceu, e isso vai ajudá-lo muito em sua nova profissão.

Quanto ao futebol, define como um espetáculo que vai para o imaginário das

pessoas e destaca que o jogador às vezes fica assustado com torcedores que o

cumprimentam na rua como se fossem íntimos dele. Segundo o entrevistado “B”,

isso acontece porque o atleta faz parte de algo que está ligado à vida das pessoas e

ressalta que seria um fato para estudo. Quanto ao sucesso do futebol, afirma:

36

“Estudiosos explicam o fascínio pela bola desde criança, no Brasil o futebol é uma

cultura, cria uma coisa de família, de raízes. Quando se fala em time se fala no amor

do pai pelo time, da família, de gerações”. Em relação à participação nas decisões

estratégicas no time, afirma que houve uma época em que os treinadores buscavam

ouvir mais a opinião dos jogadores, mas declara que “é sempre delicado dar

opiniões em questões internas do clube”.

O entrevistado “C” declara que o início da sua profissão se deu por incentivo

do pai e à medida que continuava jogando na escola adquiria mais interesse, mas

afirma: ”Nunca sonhei que ia ser um jogador sempre vivi o momento”. Informa que

muitos técnicos o motivaram “inclusive naquilo que não deveria fazer”. Sobre uma

vitória na carreira, destaca a ascensão para um clube profissional e afirma:

A cada dia que tenho a possibilidade de entrar em campo só tenho que agradecer a Deus. Minha fé faz com que esteja cada vez mais motivado, independente das dificuldades que vou ter na minha frente, com a certeza de que vou vencer.

Sobre motivação, conclui: “Ter saúde para jogar é o meu maior fator de

motivação”. Este atleta passou por grandes desafios na sua carreira. Primeiro, uma

situação de jogo que o levou a ser difamado mundialmente e desacreditado pela

própria torcida e, depois, acometido por uma lesão que prometia tirá-lo de campo

por um grande período de tempo. Entretanto, ele deu a volta por cima, se recuperou

da lesão antes do que foi estipulado pelos médicos e permaneceu titular absoluto

em sua posição no time em que jogava. Declarou: “Antes eu achava que era bom e

que iria conseguir realizar as coisas pela minha própria força, hoje tenho meu

destino traçado pelo caminho correto que é Deus, e as demais coisas me serão

acrescentadas”.

Quanto ao técnico e à questão da motivação, explica que o fator de

motivação é algo muito individual, e que alguns jogadores precisam ser estimulados

pelo treinador, mas que não é o seu caso, afirma: “A minha motivação é a mesma

em campo e fora dele, e vem de dentro por Deus ter me dado a oportunidade de

estar ali naquele momento”. Quanto à responsabilidade pelo resultado, descreve que

as falhas são avaliadas individualmente, mas as vitórias são mérito da equipe. E

completa: “O atleta tem que saber se analisar no momento em que falhou, ter

consciência e mostrar a cada dia que é capaz de melhorar.”

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O entrevistado “D” também começou com um sonho de criança e foi

incentivado pelo pai. Quanto à motivação para continuar na profissão afirma: “Muitas

pessoas tentam me desanimar, mas depois que encontrei Jesus, Ele é minha maior

motivação”. E completa: “Falaram que eu não era jogador para time grande. Fui

muito criticado, mas trabalhei em cima destas críticas para estar onde estou hoje”.

Quanto ao trabalho em equipe relata: “É difícil, não só porque pessoas não gostam

de você, mas porque você precisa destas pessoas”. A sua inspiração vem da

família, relata: “Minha esposa sempre me fala que sei fazer isso, a família é sem

dúvida o que me faz chegar dentro de campo e fazer o meu melhor”.

Quanto à admiração no meio do futebol, cita o jogador Euller, atualmente no

América Futebol Clube, e elogia: “Ele é uma referência para mim pelo que foi dentro

de campo, do que foi para a torcida, e também é meu pai na fé”. Um legado que

gostaria de deixar é a bondade. Quanto à religião afirma: “Minha religião é Jesus

Cristo, Ele me amou e ama tantas pessoas que estão desanimadas neste mundo, é

o meu maior motivador, está sempre me direcionando no falar e no agir”. Sobre

repensar na carreira explica: “Temos que estar sempre melhorando. Não podemos

nos limitar, a cada vez que acrescentamos algo à nossa vida, melhora nossa auto-

estima, e surgem novas metas para cada dia você estar melhorando”. Questionado

sobre a responsabilidade entre jogadores e técnicos pela vitória afirma: “O treinador

trabalha a equipe durante a semana, no jogo também orienta, mas quando o jogador

entra em campo ele é quem decide, o diferencial dele é que vai decidir o jogo”.

Um técnico que o marcou foi o Levir Culpi, justifica: “Eu era um jogador que

caía muito (literalmente, no sentido de cair no chão) hoje quando fico de pé lembro

dele e quando caio também, ele me ajudou a superar isso”. Quanto à receita de

sucesso afirma que é “Trabalhar, se preparar e saber que um dia sua oportunidade

vai chegar”. Considera que o futebol em sua vida não é mais um espetáculo, mas

sim uma responsabilidade, pois envolve muitas pessoas e confessa “Quando acaba

o jogo e você perde, muitas pessoas ficam nervosas, o que põe em risco até mesmo

a vida da sua família, hoje é uma profissão que não é fácil”. Quanto ao dinheiro ser

fator de motivação, afirma que o dinheiro é bom desde que se saiba usar. E

completa:

A gente tem que ser amigo do dinheiro, do contrário pode atrapalhar uma carreira brilhante, no sentido de que traz muitas ilusões, falsas amizades, todo cuidado é pouco. Por outro lado, se o jogador souber administrar bem o dinheiro, ele tem a chance de garantir o futuro de sua família.

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Conclui sobre a motivação: “Se não houver amor no que está fazendo, o

jogador acaba se desmotivando no próprio campo de treinamento. O amor pelo que

faz é o mais importante”. Quanto à participação em decisões estratégicas, pontua:

“Antes de ir para o campo assistimos os vídeos de como o time adversário joga para

saber o que vamos encontrar pela frente, neste momento é feito o planejamento

estratégico do time para aquele jogo”. Em relação às constantes trocas de times,

“D” afirma que não é tão bom, pois deve haver paixão pelo clube em que atua.

Questionado sobre as características do capitão do time descreve: “É aquele que

sabe liderar o grupo, chamar à responsabilidade, elogiar, criticar e contagiar os

outros dentro de campo”.

O entrevistado “E” conta sobre o início da sua carreira:

Como a maioria dos jogadores no Brasil, tudo começou com um sonho, de uma infância difícil, em buscar dar o melhor para as pessoas que estão do seu lado. Comecei nas categorias de base e aos 17 anos já jogava no profissional. Meu grande incentivador foi meu pai, que tirava do orçamento da família o dinheiro para sustentar o meu sonho. Minha mãe e irmãos também me incentivaram, além de outras pessoas que me ajudavam com material e passagem para ir jogar.

Descreve assim sua motivação para continuar:

Quando a gente vem de família humilde, a força do treinamento pesa muito, mas a vontade de vencer, de dar o melhor para a família, me fez crescer e passar por cima das dificuldades. Sabia que se eu conseguisse sair de lá e jogar em outros clubes era uma prova de Deus que eu tinha de ir em frente.

Quanto o que a vitória significava em sua carreira, relata a oportunidade de

jogar em um grande clube, enquanto a derrota foi não ter sido valorizado e ficado

sem jogar em um momento da carreira. Em relação à convivência em equipe afirma

que “Nem todo mundo é igual, existem as diferença, mas devemos saber conviver

com elas”. Dentre os jogadores que lhe inspiraram cita o jogador Vampeta, da

mesma posição em que atua e elogia: “Gostaria de jogar igual”. O legado que

gostaria de deixar seria o da simplicidade, humildade e companheirismo. Quanto à

religião afirma que sua religião é Jesus Cristo e que isto influencia em sua vida,

família e dentro do campo.

Questionado quanto a repensar sua carreira, explica: “A cada ano faço esta

avaliação, tenho que melhorar em muitas coisas dentro e fora de campo”. Quanto à

responsabilidade pela vitória entre técnicos e jogadores descreve: “É um trabalho

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mútuo. Durante a semana o treinador orienta, aconselha e quando chega o dia do

jogo é nossa vez de praticar“. Completa: “O técnico também tem uma parcela

importante nas modificações que podem ajudar o time e influenciar o resultado do

jogo”. Para “E”, a sua motivação, através dos técnicos, está presente desde início da

sua carreira, como relatou: “Quando eu tinha muitas dificuldades no início da minha

carreira e ninguém dava nada por mim, alguns treinadores amadores me

incentivaram a continuar e diziam que eu ia conseguir”. Questionado sobre o que é o

futebol para a sociedade afirma: “Para vários atletas que superaram a pobreza, a

falta de pai e mãe e a violência da sociedade, o futebol é um instrumento de Deus

para que a gente pudesse ter uma vida melhor e poder motivar outras pessoas”.

Quanto ao dinheiro como fator de motivação, explica: “A partir do momento

em que a gente passa a ter necessidades, o dinheiro é importante, mas o sonho que

brotou em meu coração e no de outros jogadores nunca vai morrer”. E completa: “A

motivação é aquele primeiro amor, desde a primeira vez que entrou em campo com

uma camisa oficial. Quando a gente entra em campo, entra com prazer, querendo

dar o melhor e jogar bem“. Quanto à participação em decisões estratégicas junto aos

técnicos, “E” destaca: “Às vezes a gente entra em campo e não é nada daquilo que

foi passado, então nós temos que agir e mudar. Dentro de campo a gente é quem

decide, e temos que fazer o melhor para o bem do grupo”.

Sobre as mudanças constantes de time afirma que se possível a

estabilidade em um mesmo clube é melhor, pois fortalece os laços de amizade. Em

relação ao capitão do time afirma: “É aquele que tem mais segurança, é mais firme,

sabe se expressar melhor e que tem uma vida que condiz com liderança. Ele

representa o grupo junto à diretoria”. Completa: “O treinador elege, mas o grupo

acolhe”. Quanto à desigualdade salarial informa: “Existe, mas quando entramos em

campo ninguém fica pensando nisso. Aqueles que ganham mais é por causa do seu

trabalho, qualidade e esforço”. E conclui que “aqueles que recebem menos irão

correr atrás para chegar ao nível dos outros”.

O entrevistado “F” resume como começou: “Jogava brincando, mas já tinha

o sonho, quando apareceu a oportunidade peguei como a primeira e única na minha

vida”. Teve o incentivo dos amigos e fez seu primeiro teste em um time profissional

aos 12 anos. Descreve assim a sua motivação para continuar:

40

Quando você passa no teste já quer ser campeão, quer ser reconhecido, se é campeão quer ganhar outros campeonatos, se é o melhor da posição quer ser o melhor do mundo e assim vai, sempre buscando evoluir em busca daquele algo a mais.

Quanto às vitórias importantes, relata que em 2006, num momento difícil,

conseguiu dar a volta por cima e fez o gol que deu a vitória ao time. Quanto a uma

derrota significativa, também ocorreu dentro de campo, relata: “Estava no Boca

Juniors e fomos derrotados numa final, mas com a certeza de que fizemos o melhor,

saímos de campo de cabeça erguida e fomos aplaudidos”. Em relação ao tema

trabalho em equipe, define: “É complicado, tem que se adequar aos parâmetros de

quem está comandando, tem que respeitar os limites e se dar bem com todos os

jogadores, tem que ter paciência e cooperação, pois do contrário não se consegue

andar junto”.

Sua inspiração também partiu de outros jogadores, citou o Denílson, mas

afirma que hoje se inspira na família, esposa, filho, pai e irmãos, e acrescenta: “Eles

me dão tranquilidade para jogar e sempre buscar melhorar”. Quanto ao legado que

gostaria de deixar informa: “Somos vistos por pais, filhos, famílias, portanto, temos

que ser bons exemplos para que as pessoas possam estar seguindo”. Sobre religião

se define católico, frequenta a igreja evangélica, mas afirma: “Temos que levar

mesmo é a palavra de Deus, o que a Bíblia diz da religião hoje é algo para a gente

se apegar e ser guiado num mundo com tantas coisas erradas”. O entrevistado “F”

confessa que todo final de ano repensa sua carreira e revê conceitos do que está

bom e ruim.

Quanto à responsabilidade pela vitória resume: “Quando ganha todo mundo

ganha e quando perde todo mundo perde”. O técnico que marcou pela motivação foi

aos 15 anos, relata: “Num momento difícil ele me disse para não desistir, que via

potencial em mim e que eu seria um vitorioso no final”. Hoje, esse atleta considera o

futebol como uma paixão que está no sangue dos brasileiros, que faz a alegria de

todas as classes e define: “Envolve paixão, emoção, vibração que juntando tudo vira

o futebol”. Quanto ao dinheiro ser fator de motivação afirma: “Já foi, hoje serve para

trazer conforto, pagar as contas, mas a motivação é a alegria e a satisfação que

tenho em jogar futebol”. O entrevistado “RF” declara que a comissão técnica

direciona para onde eles devem seguir, porque eles sabem o melhor caminho para

que eles cheguem à vitória. Quanto à troca de times informa: “É como se fosse uma

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troca de emprego, se ele não está adaptado busca outro lugar para ir, a gente vê

isso com certa naturalidade”. Relata que o capitão do time é aquele escolhido pelo

técnico, como um jogador de confiança, mais rígido e que cobra mais, e a decisão é

acolhida pelo grupo. Em relação às desigualdades salariais afirma: “Todo mundo

ganha aquilo que merece. As oportunidades são dadas e o jogador tem que correr

atrás”. Completa: “Mas dentro de campo isso é irrelevante, para que não nos

atrapalhe chegar até as conquistas“. Quanto à motivação usada pelo técnico

descreve:

O treinador procura mexer com o emocional do jogador, ele mostra que é capaz, aponta onde está errado e onde estão os erros do adversário para que se possa jogar em cima dos erros dele. Mostra que somos mais fortes do que a dificuldade que está traçada para nós. Mostra o caminho que devemos seguir para dar a volta por cima e chegar à vitória. E se quiser vencer tem que passar por cima das adversidades.

A entrevistada “G” é uma psicóloga que começou seu trabalho com atletas

em 2007 e descreve assim o início do seu trabalho no esporte:

Quando fui convidada a ocupar o cargo de psicóloga esportiva do clube, num primeiro momento imaginei que teria que aprender tudo novo para conseguir atuar nesta nova linha da ciência, mas com o tempo verifiquei que muitas das experiências anteriores: escuta, habilidade de falar e de expressar uma idéia, criatividade, dinamismo, disposição, alegria, concentração, organização, leitura, habilidade para fechar conteúdos, habilidade de uma comunicação adaptada ao público, fé e muito amor pela profissão fez com que eu percebesse que estava mais ”em casa” do que imaginava. Lógico que a atividade do psicólogo esportivo diverge de um psicólogo clínico, por exemplo, mas isto não me permite negar que o que já foi adquirido tem o seu valor.

A entrevistada informa que não atuou em categorias de base, começou

direto o trabalho com o time profissional. Quanto ao papel do psicólogo no esporte

define:

O profissional da psicologia pode atuar: 1 - como um estudioso e observador dos atletas para contribuir com as pesquisas e estudos que favorecerão as abordagens dos próximos profissionais; 2 - Pode estudar as linhas de abordagem já desenvolvidas e se tornar um professor para repassar e contribuir para a formação dos psicólogos neófitos; 3 - Pode atuar junto com os atletas para desenvolver neles um conhecimento das emoções bem como sua interferência nos momentos de maior pressão, levando-os a um equilíbrio emocional. Esta atuação está voltada ao desempenho do atleta.

42

Sobre motivação para os atletas afirma:

Pelo fato da motivação ser de ordem intrínseca, o que se pode fazer é colher as informações com cada pessoa, sobre o que as motiva e tentar promover no ambiente, no grupo, na liderança, uma atuação próxima da que as pessoas têm por fator motivador. É bem verdade que tendo um grupo grande e heterogêneo, fica impossível atender a todos em seus itens motivacionais, mas deixar de conhecê-los é afirmar uma derrota.

A entrevistada “G” ressalta que o resultado de um apoio psicológico dentro

de um clube de futebol é importante e explica que os atletas, por serem

considerados além da realidade humana por parte os torcedores, acabam

absorvendo esta “verdade” e agem no limiar de sua imagem e valores pessoais

para serem ídolos. Em outra perspectiva, analisa:

Separando por temas, seria assim que os jogadores estão expostos ao sofrimento; - Por terem uma condição financeira diferenciada, alguns acham que detém o poder e podem abusar de quem quiser, tornam-se compradores compulsivos, insaciáveis, pode gerar arrogância, desconfiança de quem SE aproxima deles, medo, solidão, com vícios; - Por adquirirem fama, não possuem privacidade, sentem-se invadidos com facilidade, podem se tornar orgulhosos e obterem uma imagem distorcida de si mesmo, pois os de fora o enxergam de um jeito e eles mesmos de outro; - Por causa da Pressão, podem absorver o conceito que valem o quanto produzem, de que são aceitos só se gerarem alegria, não podem falhar (um dos maiores erros das torcidas), não são respeitados quando querem falar e ser do jeito que acredita ser o melhor; - Por causa da torcida eles precisam aceitar a rejeição e ainda olhar com bons olhos para ela, precisam retribuir o amor que lhes é cobrado e ter muita paciência para lidar com os diferentes tipos de fãs; - Por causa da família precisa aprender a lidar com a solidão, além de saber que o sustento da família geralmente vem só dele.

A entrevistada “G”, completando a sua explanação sobre a atuação do

psicólogo no meio desportivo, ressalta que somado a todos os fatores acima

mencionados, deve-se considerar que a maioria dos atletas possui em média 22

anos de idade; que estiveram fora do convívio familiar há, no mínimo, uns oito anos;

e que precisam continuar perseverantes na profissão que escolheram para que

sejam bem sucedidos. E compara a determinação dos atletas como sendo maior em

43

relação aos outros jovens brasileiros que, muitas vezes, nem sabem que vestibular

prestar. Quanto ao papel da família no aspecto motivacional dos atletas, a psicóloga

afirma:

O papel da família é um dos maiores em interferência no aspecto psicológico do atleta. Mesmo que alguns afirmem que conseguem atuar sem se aterem aos acontecimentos familiares, sabemos que a energia gasta para resolver tais problemas consome a alegria, a disposição e a interação com o grupo, mesmo que o desempenho permaneça “inalterado”.

Sobre a influência da religião no meio esportivo “G” relata:

A religião sempre acompanhou os atletas em várias épocas da história, talvez porque, diante do reconhecimento de pequenez do ser humano, eles busquem algo superior que lhes ofereça segurança, gere paz e direção nos comportamentos. Não se pode negar que a religião gera motivação para aqueles que acreditam nela. Eles passam a agir de acordo com os princípios difundidos por esta fé. A vantagem é que as religiões possuem em seu cerne, o direcionamento para bons comportamentos, por isto não deve ser barrada por nenhum técnico ou coordenador. De alguma forma a religião gera boas atitudes dos atletas uns para com os outros.

2.4 DISCUSSÃO

As afirmações de Franco (2000), de que o atleta que pretende atingir metas

muito distantes não terá motivação suficiente para a tarefa, e que a dificuldade tem

que estar de acordo com a capacidade dos indivíduos, são contraditórias aos

resultados obtidos na pesquisa, visto que os entrevistados (A, B, C, D, E, F)

afirmaram ter começado suas carreiras a partir de um sonho, aproveitaram

oportunidades, superaram dificuldades, foram desanimados, desacreditados, mas

perseveraram e venceram, alcançando seus sonhos de se tornarem jogadores

profissionais e conseguirem atuar na posição de titulares em seus times atualmente.

Através dos dados coletados nas entrevistas foram identificados os indutores

de motivação descritos por Carraveta (2006), obtenção de bons resultados,

progressão da performance esportiva, desafio pessoal e busca de atenção

diferenciada em todos os atletas.

Quanto à combinação dos fatores que contribuem para o sucesso esportivo,

segundo Rubio (2003), identificou-se nos atletas entrevistados: treinamento

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intensivo, incentivos financeiros e qualidades psicológicas, considerando o

compromisso com o esporte, o esforço, a perseverança e a motivação.

Analisando os dois tipos de motivação descritos por Franco (2000), os

atletas entrevistados encontram-se motivados para a tarefa, pois demonstraram

utilizar suas habilidades para darem o melhor de si.

Segundo a teoria de Maslow, pode-se verificar a presença das necessidades

fisiológicas (principalmente, a saúde), segurança, social, estima e auto-realização

em todos os entrevistados.

Também identificou-se que, conforme a Teoria de Herzberg, a realização, o

crescimento profissional e o reconhecimento são considerados fatores

motivacionais, enquanto o dinheiro, prêmios, desafios e oportunidades representam

fatores higiênicos para todos os entrevistados. Quanto à origem da motivação nos

atletas, constatou-se que é intrínseca, partiu de um sonho, desejo, em todos os

casos e é mantida pelo amor à profissão.

Em relação à indução da motivação por parte dos técnicos, a crítica

construtiva citada pelos atletas “A” e “C”, e a confiança citada pelos atletas “B”, “D”,

“E” e “F” foram fatores indutores da motivação. O atleta “C” descreve a motivação

em seu aspecto individual citado na Teoria da Expectativa.

A teoria do Reforço ao afirmar que “recompensas reforçam o desempenho

individual”, condiz com as respostas encontradas, visto que para todos os atletas

entrevistados o dinheiro é importante.

Quanto à Teoria das Necessidades Adquiridas de McClelland, observou-se a

presença da necessidade de realização, afiliação, mas não de poder nos atletas

entrevistados. Observou-se que a realização pessoal é mais importante do que as

recompensas e a busca pela superação, desejo de ser apreciado e aceito pelos

outros, mas não exaltando o status e o prestígio da profissão como aspecto de

poder, deixando o desempenho em posição secundária.

Em relação à Teoria Cognitivista, os atletas entrevistados mostraram-se

motivados para o sucesso e não por medo do fracasso.

As teorias da Equidade e Teoria X e Y não se enquadram nos aspectos

motivacionais de nenhum dos atletas entrevistados, pois eles demonstraram que o

esforço parte de uma motivação intrínseca que, muitas vezes, pode ser iniciada por

um estímulo externo, entretanto, este estímulo citado foi a confiança depositada nos

atletas por parte de treinadores e não por uma recompensa oferecida, como

45

descreve a Teoria da Equidade. O comportamento dos atletas também não foi

moldado diante de preconceitos estabelecidos por técnicos ou superiores que

estiveram presentes em suas carreiras, pelo contrário, as críticas serviram como

indutor para despertar a motivação de cada um para os seus objetivos e superação

dos obstáculos.

Três teorias correspondem exatamente à motivação dos atletas

entrevistados, a Teoria ERG que envolve existência, relacionamento e crescimento;

a Teoria da Fixação de Objetivos cujas metas motivam pessoas e a Teoria da

Expectativa ao afirmar que pessoas são seres individualizados e aborda os aspectos

de valência (qual o valor?), expectativa (posso alcançar?), instrumentalidade (sou

capaz?).

As declarações dos atletas entrevistados também confirmam o Efeito

Pigmaleão descrito pelo israelense/americano Dov Éden: “Quanto mais se acredita,

mais pode influenciar no seu acontecimento.”

Quanto aos fatores motivacionais listados por Caudron (1997), identificou-se,

de acordo com as entrevistas, a presença de nove fatores utilizados no futebol para

motivação dos atletas:

a) Dar informações necessárias para realização do trabalho (através dos

treinamentos, reuniões, planejamento estratégico de jogo, orientações em campo

durante o jogo);

b) Dar feedback (críticas construtivas, estímulo às dificuldades, avaliar as falhas

individuais e em equipe);

c) Reconhecer pessoalmente o funcionário quando ele realiza um trabalho bem feito

(o abraço em campo após uma vitória ou boa atuação, um elogio ao atleta, as

premiações, os troféus);

d) Reconhecer o poder de sua presença física em posição de gestor (descrita por

todos os entrevistados em algum momento da carreira marcante de motivação,

ou nas atuações junto à equipe na beira do campo durante o jogo);

e) Reconhecer publicamente um trabalho bem feito (através dos elogios feitos ao

atleta através da imprensa e diante do grupo);

f) Reconhecer as necessidades pessoais do funcionário (presente nos dados

coletados quando exemplificam experiências de superação de lesões,

necessidade de melhorar a auto-estima, estímulo para não desistir, necessidade

46

de melhorar e se capacitar buscando, entretanto, sempre o objetivo maior que é a

realização do trabalho e a valorização do atleta);

g) Usar o desempenho como base para promoção: 100% dos entrevistados

concordam em relação ao capitão do time que este possui características de

liderança mais evidentes dentro e fora de campo e, por isso, é eleito

representante do grupo;

h) Remunerar pessoas de forma competitiva em função do que elas valem: 100%

dos entrevistados confirmam a desigualdade salarial no futebol dentro de um

mesmo time, entretanto, compreendem e concordam com os parâmetros

utilizados para definição dos salários e acreditam ser um fator motivacional para

que possam se empenhar mais ainda na obtenção de resultados;

i) Dar ao funcionário uma razão financeira para serem excelentes: 100% dos

entrevistados concordam que o dinheiro também é um fator de motivação dentro

do futebol.

De acordo com as declarações de todos os atletas entrevistados em relação

aos técnicos que foram seus motivadores, verifica-se a afirmativa de Nelson (2007)

que diz: “O reconhecimento cuidadoso e pessoal tem mais valor do que o dinheiro,

pois representa uma história que as pessoas levam para o resto da vida”.

A entrevista com a psicóloga também revela os indutores de motivação

descritos por Carraveta (2006): obtenção de bons resultados, desafio pessoal e

busca de atenção diferenciada por parte dos atletas. Quanto à combinação dos

fatores que contribuem para o sucesso esportivo, segundo Rubio (2003), a psicóloga

cita: as qualidades psicológicas, o compromisso com o esporte, o esforço, a

perseverança e a motivação. Quanto às necessidades descritas por Maslow, essa

entrevistada destacou as necessidades de segurança social, de estima e auto-

realização nos atletas, afirmando também que a origem da motivação nos atletas é

intrínseca.

Os dados coletados com a entrevista da psicóloga são compatíveis com as

três teorias ERG, Fixação de Objetivos e Teoria da Expectativa, pois relatam as

necessidades de existência, relacionamento e crescimento dos atletas, concordam

que metas movem as pessoas e aborda a importância de conhecer a individualidade

de cada pessoa , seus valores, expectativas e explorar a sua capacidade.

3. CONCLUSÃO

Segundo Hunter (2004), só há uma razão para que qualquer empresa exista:

por que atende uma necessidade humana. Quando ela deixa de satisfazer essa

necessidade, ou a concorrência o faz de maneira mais vantajosa, ela deixa de

existir. Quanto ao lucro, é componente essencial para uma empresa saudável, mas

não é por isso que ela “existe”. Observando as necessidades do setor saúde, com

seus novos desafios em busca de qualidade, humanização no atendimento e

promoção da saúde, verifica-se que para alcançar essas metas é necessário tornar

as pessoas que atuam no setor, motivadas e comprometidas com o seu trabalho.

Afinal, como descreveu Rosso (2003) no depoimento que ouviu em uma de suas

pesquisas de clima organizacional, de um funcionário da limpeza sobre o seu

comprometimento com o trabalho: “Quando nóis qué, nóis faiz, quando num qué,

nóis boicota”, essa possivelmente é a grande realidade das instituições de saúde,

funcionários que nem sequer sabem qual é o seu papel dentro da instituição. Como

afirma Marras (2008): “Se a instituição está constituída de indivíduos que nela não

conseguem atingir os seus objetivos pessoais, como eles poderiam lutar

honestamente para atingir os objetivos de terceiros?”.

Para o desafio dos gestores atuais de motivar seus colaboradores, os

resultados encontrados nesse estudo demonstram que os fatores motivacionais

utilizados no futebol podem ser aplicados para a gestão de pessoas na área de

saúde. Considerando que a motivação é intrínseca (está dentro de cada indivíduo),

destaca-se no futebol a presença do sonho por parte dos atletas, do amor pela

profissão e da fé que estão presentes como fatores dessa motivação.

Segundo Cury (2004) “Não existe sucesso ou fracasso, apenas pessoas que

lutam por seus sonhos, ou desistem deles”. Sobre o mesmo assunto, o autor

também afirma que ”desejos não resistem às dificuldades da vida, sonhos são

projetos de vida, sobrevivem ao caos, assim como os sonhos fazem os tímidos

terem golpes de ousadia e os derrotados serem construtores de oportunidades”. Na

saúde, assim como foi mostrado no futebol, gestores como exemplo dos treinadores,

podem fazer a diferença na vida de seus liderados desde que estimulem seus

sonhos e incentivem sua capacidade de alcançá-los.

48

A fé em Deus foi considerada fator de motivação principal para os atletas

que, segundo suas declarações, já se viram diante de situações de lesões e outras

dificuldades em que estiveram impotentes quanto à capacidade de superação.

Através dessa fé em algo maior do que eles foram capazes de se motivar e vencer

os obstáculos na vida profissional. Atualmente, a religião e, principalmente, a

evangélica, vêm se difundindo no meio esportivo e transformando a vida e atitude de

muitos atletas.

O amor pela profissão também foi destacado como fator de motivação

importante para os atletas. Neste aspecto, o gestor pode induzir a motivação dos

seus colaboradores, comprometendo-os com os objetivos da empresa, missão,

visão, valores e agregando valor da pessoa à empresa. O gestor também pode

agregar a participação de um profissional da psicologia para auxiliá-lo na tarefa de

conhecer as necessidades do funcionário e identificar seus indutores de motivação.

Entretanto, o dinheiro, por si só, foi considerado um fator higiênico. Outras formas

para o gestor induzir a motivação das pessoas que trabalham na saúde e que são

utilizadas no futebol, são:

a) Treinar e criar oportunidades;

b) Valorizar as vitórias em equipe;

c) Realizar alterações e mudanças que possam melhorar o ambiente e a

convivência entre as pessoas;

d) Estimular o emocional para a capacidade de superação e mostrar onde estão os

erros;

e) Promover apoio psicológico aos funcionários e familiares.

f) Utilizar premiações, troféus, palestras motivacionais, filmes que despertem a

motivação;

g) O acompanhamento do gestor deve ser tão intenso no treinamento quanto

durante a execução das tarefas, assim como o técnico que atua dentro e fora de

campo, observando e fazendo alterações necessárias a tempo de alterar um

resultado, ou melhorar uma performance;

h) A valorização das pessoas também deve ser de acordo com seu desempenho,

inclusive sobre a questão salarial, como já aborda a gestão por competência;

i) Situar o funcionário quanto às ameaças criadas pela concorrência e sobre o

planejamento estratégico para superá-lo, capacitando-o também caso haja

necessidade de mudar de estratégia;

49

j) Situar o funcionário para que reconheça o seu valor dentro da organização;

k) Conhecer as necessidades individuais de cada funcionário e buscar atendê-las

no possível;

l) Como disse o entrevistado “C”: “motivação é falar o que cada um quer ouvir”,

essa também é uma função do gestor;

m) Criar e manter programas de incentivo que beneficiem a família, já que

constituem importante fator de motivação para o desempenho das pessoas no

trabalho;

n) Estimular a integração da equipe pela busca de resultados;

o) Motivar também é dizer não, mas explicar o porquê;

p) Saber ouvir, o que não significa que se concorda, mas que se quer compreender

as suas motivações;

q) Ser um líder servidor.

Portanto, o futebol traz para a gestão de pessoas na saúde, exemplos de

pessoas que buscaram seus sonhos, superaram as dificuldades e alcançaram seus

objetivos através de uma motivação intrínseca encontrada em estímulos externos

para se desenvolver. As pessoas que trabalham no setor saúde precisam sonhar e

ter fé, enxergarem que, na maioria das vezes, elas são um diferencial na vida de

outras pessoas, quer seja por um cuidado, um gesto de carinho, ou uma simples

atenção. A saúde demanda efetividade na gestão de pessoas e, para que isso

aconteça, depende da liderança dos gestores. É necessário levar esta consciência

para as organizações e estimular a motivação das pessoas, transformando

relacionamentos em prol de uma causa nobre: salvar vidas.

Esse estudo não apresenta a visão dos técnicos de futebol, limitando-se à

visão de atletas, ex-atletas e psicóloga do esporte.

Alguns temas foram levantados e podem ser explorados posteriormente

como, por exemplo:

a) A presença da religião como fator de motivação para a vida das pessoas;

b) A questão da necessidade de indutores de motivação individualizados;

c) A motivação na área de saúde (foram encontrados estudos limitados, apenas em

algumas profissões da saúde);

d) A participação dos profissionais da psicologia para o processo de motivação.

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5. ANEXOS

ANEXO 1. Roteiro para entrevista com jogadores

1. Conte um pouco da sua história. Sonhava em ser jogador? Como começou sua

carreira? Quem incentivou?

2. Depois de conhecer o mundo do futebol o que lhe motivou a continuar? Quais

as maiores dificuldades?

3. Conte uma vitória significativa e uma derrota. O que aprendeu com elas?

4. Como é trabalhar em equipe?

5. Quem te inspira no futebol e por quê?

6. Como pessoa pública já pensou em que legado gostaria de estar deixando?

7. Que mensagem gostaria de passar? Como gostaria de ser lembrado?

8. Qual a sua religião e como influencia em sua vida profissional?

9. Em algum momento parou para repensar a sua carreira? O que parar? O que

melhorar?

10. Como é dividida a responsabilidade pela vitória entre técnicos e jogadores?

11. Qual o técnico que marcou por uma palavra de motivação e em que momento?

12. Em sua opinião qual o segredo do sucesso, que é o futebol na sociedade?

13. Futebol é: esporte, jogo ou espetáculo?

14. O dinheiro é fator de motivação na sua profissão? Quais os outros fatores?

57

15. A equipe tem participação junto aos técnicos e dirigentes em decisões

estratégicas?

16. O que acha da troca de time constante para a carreira do jogador?

17. Como é escolhido o capitão do time?

18. Há desigualdade salarial entre os jogadores? Isto interfere na motivação da

equipe?

58

ANEXO 2. Roteiro para entrevista com a psicóloga

1. Conta sua história profissional. Como começou o trabalho com atletas?

2. Qual o papel do psicólogo no meio esportivo?

3. Como trabalha a motivação dos atletas?

4. Qual o resultado de um apoio psicológico dentro de um clube de futebol?

5. Qual o papel da família no aspecto psicológico? Há um trabalho realizado com

a família?

6. Observa-se uma presença muito forte da religião na vida dos atletas

atualmente. Em sua opinião, porque isso vem se acentuando, e como funciona

no aspecto motivacional em suas carreiras?

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Comparação de eqüidade

Críticas e

avaliação de desempenho

Capacidade

Oportunidade

Sistema objetivo de

avaliação de desempenho

Reforço

Necessidades

dominantes

Esforço

individual

Desempenho

individual

Recompensas

Organizacionais

Metas

pessoais

Objetivos dos

orientadores de comportamento

Figura 1: Integração das Escolas de Motivação. Fonte: Robbins (2004, p.170)

ANEXO 3. Alto nível de motivação

60