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MONOGRAFIA ANÁLISE DO CENÁRIO DE IMPLANTAÇÃO DO BIM EM OBRAS E PROJETOS DE ARQUITETURA, ENGENHARIA, CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO NO GOVERNO BRASILEIRO E ESTRANGEIRO. Autora: Júlia Borges Pires Ferreira Orientador: Professor Doutor Eduardo Marques Arantes Belo Horizonte Julho/2017 Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de Materiais e Construção Curso de Especialização em Construção Civil

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MONOGRAFIA

ANÁLISE DO CENÁRIO DE IMPLANTAÇÃO DO BIM EM OBRAS E

PROJETOS DE ARQUITETURA, ENGENHARIA, CONSTRUÇÃO E

OPERAÇÃO NO GOVERNO BRASILEIRO E ESTRANGEIRO.

Autora: Júlia Borges Pires Ferreira

Orientador: Professor Doutor Eduardo Marques Arantes

Belo Horizonte

Julho/2017

Universidade Federal de Minas Gerais

Escola de Engenharia

Departamento de Engenharia de Materiais e Construção

Curso de Especialização em Construção Civil

ii

Autora: Júlia Borges Pires Ferreira

ANÁLISE DO CENÁRIO DE IMPLANTAÇÃO DO BIM EM OBRAS E

PROJETOS DE ARQUITETURA, ENGENHARIA, CONSTRUÇÃO E

OPERAÇÃO NO GOVERNO BRASILEIRO E ESTRANGEIRO.

Monografia apresentada ao Curso de Especialização

em Construção Civil da Escola de Engenharia da

Universidade Federal de Minas Gerais.

Ênfase: Uso de BIM em Órgãos Públicos

Orientador: Professor Doutor Eduardo Marques Arantes

Belo Horizonte

Escola de Engenharia da UFMG

2017

iii

FICHA CATALOGRÁFICA- A CARGO DA UFMG

Ferreira, Júlia Borges Pires.

Análise do cenário de implantação do BIM em obras e projetos de arquitetura,

engenharia, construção e operação no governo brasileiro e estrangeiro.

/ Júlia Borges Pires Ferreira. – 2017.

Orientador: Professor Doutor Eduardo Marques Arantes.

Dissertação – pós-graduação - Universidade Federal de Minas Gerais,

Escola de Engenharia.

Belo Horizonte, julho de 2017

iv

Dedicatória

Dedico este trabalho ao meu esposo Thales, pessoa que caminha ao meu lado

nos momentos mais importantes de minha vida.

v

Agradecimentos

Agradeço a Deus por todas as bênçãos que já recebi e irei receber.

Aos meus pais, Lúcia e Josias pelo carinho, dedicação e investimento na minha

formação.

Ao meu esposo Thales por estar sempre presente em minha vida, incentivar e

apoiar minhas decisões.

Ao orientador Professor Doutor Eduardo Marques Arantes, pela orientação,

empenho, disponibilidade e atenção, e acima de tudo pelo incentivo e confiança

depositada.

Aos colegas de curso, pelo companheirismo.

Aos colegas do Estado, pelo apoio, incentivo e auxilio durante o curso.

Ao corpo docente e administrativo do Departamento de Engenharia de Materiais e

Construção da UFMG, pelo suporte acadêmico, dedicação e ensinamentos

durante o curso.

vi

RESUMO

O presente trabalho estuda o contexto de implantação do BIM no Brasil,

considerando a experiência de outros países, como forma de contribuir para o

posterior aprofundamento e discussão do tema. O objetivo principal do assunto

abordado foi analisar o cenário geral de implantação do BIM em obras e projetos

da área de arquitetura e engenharia civil visando contribuir para a implantação do

sistema na administração pública. O melhor gerenciamento das informações do

espaço construído permitirá obter uma visão estratégica de gastos e

investimentos, comparar e melhorar processos de gestão por meio de medições e

estatísticas. As regulamentações das iniciativas de incentivo à utilização da

tecnologia devem partir das esferas superiores do Governo, como acontece em

países como Reino Unido, Holanda, Finlândia e Estados Unidos. O método de

pesquisa utilizado consistiu na revisão bibliográfica de artigos, dissertações e

livros relacionados ao tema. A análise realizada comprova que o Brasil se

encontra no momento ideal para a introdução do BIM, dado que, há tempo para

estudos, exemplos bem-sucedidos no Brasil e no exterior e pressão da sociedade

para a construção de edificações ecoeficientes e para o gasto responsável do

dinheiro público.

Palavras-chave: Gerenciamento de projetos – Diretrizes e estratégias

de implantação – Estudo de caso – Projeto simultâneo

vii

ABSTRACT

The present study analyzes the context of implementation of BIM in Brazil,

considering the experience of other countries as a way of contributing to a further

and wider discussion of the theme. The main objective of the subject was to

analyze the general scenario of BIM implementation in works and projects of

architecture and civil engineering area, aiming to contribute to the implantation of

the system in the public administration. By improving information management of

the built area, it will be possible to obtain a strategic view of spending and

investments as well as compare and improve management processes through

measurements and statistics. The regulations of initiatives to encourage the use of

technology must start from the highest levels of government, as in countries such

as the United Kingdom, the Netherlands, Finland and the United States. The

research method used consisted of a bibliographical review of articles,

dissertations and books related to the topic. The analysis shows that Brazil is in a

perfect moment for the introduction of BIM, since there is time for studies,

successful examples in Brazil and abroad, and pressure from society for the

construction of eco-efficient buildings and conscientious spending of public money.

Keywords: Project management – Deployment guidelines and strategies –

Case study – Simultaneous project

viii

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Custo do Ciclo de vida das edificações------------------------------ 3

FIGURA 2 – Ciclo de vida das edificações--------------------------------------------13

FIGURA 3 – Conceitos básicos relacionados ao BIM------------------------------17

FIGURA 4 – Formas de comunicação entre softwares----------------------------19

FIGURA 5 – Explicação do conceito de interoperabilidade-----------------------20

FIGURA 6 – Visão geral do esquema IFC --------------------------------------------23

FIGURA 7 – Ciclo de vida das edificações--------------------------------------------25

FIGURA 8 – Centros regionais BIM (Inglaterra) -------------------------------------30

FIGURA 9 – Gráfico com níveis de maturidade BIM--------------------------------31

FIGURA 10 – Marina Bay Sands --------------------------------------------------------41

FIGURA 11 – Organograma com os componentes do OPUS--------------------53

FIGURA 12 – Imagem ilustrativa do sistema OPUS--------------------------------54

FIGURA 13 – Planos Diretores em 3D (OPUS) -------------------------------------55

FIGURA 14 – Plano Diretor Militar para edificações--------------------------------56

FIGURA 15 – Caixa de entrada de projetos (OPUS) ------------------------------57

FIGURA 16 – Geovisualizador de imóveis da SPU---------------------------------58

FIGURA 17 – Modelo de mapeamento de áreas da União utilizando tecnologia

de superfícies digitais do terreno---------------------------------------------------------59

FIGURA 18 – Exemplo de um Modelo de gestão espacial da SPU------------59

FIGURA 19 – Exemplo de um Modelo de gestão espacial da SPU------------60

FIGURA 20 – Exemplo informações contidas no COBie--------------------------62

FIGURA 21 – Exemplo informações contidas no COBie--------------------------63

FIGURA 22 – Exemplo informações contidas no COBie--------------------------63

FIGURA 23 – Gráfico que compara as expectativas da sociedade e a

capacidade de entrega de obras do governo-----------------------------------------64

FIGURA 24 – Método utilizado para pontuar as empresas participantes do

Edital n°670/2014----------------------------------------------------------------------------65

FIGURA 25 – Organograma do GT BIM Brasil--------------------------------------71

ix

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Orientações “COBIM 2012” (Finlândia) – p.36

QUADRO 2 – Método utilizado pelo Governo de Singapura para a consolidação

do BIM – p.40

QUADRO 3 – Indicadores dos componentes da política do BIM no contexto

Internacional – p.68

QUADRO 4 – Proposta de método para a consolidação do BIM no Brasil – p.70

x

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

2D – Duas dimensões

3D – Três dimensões

ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

AECO – Arquitetura, engenharia, construção e operação.

ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil.

BIM – Building Information Modeling (Modelagem da Informação da Construção).

CAD – Computer-aided design (Desenho assistido por computador)

CDURP – Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de

Janeiro.

CIC – Conselho da Indústria da Construção.

COBie – Construction Operations Building Information Exchange.

FAS – Federal Aquisition Service.

GDP – Gerenciamento e Desenvolvimento de Projetos.

FM – Infraestrutura e Facilities.

GSL – Estratégia de Pousos Suaves do Governo.

GSA – General Service Administration.

GT – Grupo de Trabalho.

IDM – Information Delivery Manual.

IFC – Industry Foundation Classes.

IOP – Instituto de Obras Públicas.

IFD – Industry Framework for Dictionaries.

IPD – Integrated Project Deliver.

ISO – Internacional Organization for Standardization.

MVD – Model View Definition.

MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

NBR – Norma Brasileira.

OPUS – Sistema Unificado de Processos de Obras.

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento.

PBS – Public Building Service.

PIB – Produto interno bruto

xi

RDC – Regime de Contratação Diferenciada.

SPU – Secretaria do Patrimônio da União.

TI – Tecnologia da informação.

xii

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 2

1.1. Relevância do tema ........................................................................................................ 2

1.2. Objetivos ........................................................................................................................... 5

1.2.1 Objetivos Específicos .............................................................................................. 5

1.3. Delimitação da pesquisa ................................................................................................ 5

1.4. Método de pesquisa ........................................................................................................ 6

1.5. Estrutura da Monografia ................................................................................................. 6

2 HISTÓRICO E CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................... 8

3 BUILDING INFORMATION MODELING CONCEITOS E APLICAÇÕES ......................... 12

3.1 Comentários Iniciais ........................................................................................................... 12

3.2. Principais conceitos e características do BIM ............................................................... 15

3.2.1 Objetos paramétricos .................................................................................................. 16

3.2.1.1 Industry Foudation Classes (IFC) .......................................................................... 18

3.2.1.2 Industry Framework for Dictionaries (IFD) ........................................................... 23

3.2.1.3 Information Delivery Manual / Model View Definition (IDM / MVD) .................. 24

4 IMPLANTAÇÃO DO BIM EM DIFERENTES PAÍSES ......................................................... 25

4.1. Comentários Iniciais .......................................................................................................... 25

4.2. BIM no Reino Unido .......................................................................................................... 26

4.2.1 Estratégias, objetivos e estágios......................................................................... 27

4.2.2 Resultados .............................................................................................................. 29

4.2.3 Perspectivas Futuras ............................................................................................ 30

4.3. BIM na Holanda ................................................................................................................. 31

4.3.1 Estratégias, objetivos e estágios......................................................................... 31

4.3.2 Resultados .............................................................................................................. 33

4.3.3 Perspectivas Futuras ............................................................................................ 33

4.4. BIM na Finlândia ................................................................................................................ 34

4.4.1 Estratégias, objetivos e estágios......................................................................... 34

4.4.2 Resultados .............................................................................................................. 35

4.4.3 Perspectivas Futuras ............................................................................................ 37

4.5. BIM na Noruega ................................................................................................................. 37

4.5.1 Estratégias, objetivos e estágios......................................................................... 37

4.5.2 Resultados .............................................................................................................. 38

4.5.3 Perspectivas Futuras ............................................................................................ 39

4.6. BIM em Singapura ............................................................................................................. 39

xiii

4.6.1 Estratégias, objetivos e estágios......................................................................... 39

4.6.2 Resultados .............................................................................................................. 40

4.6.3 Perspectivas Futuras ............................................................................................ 41

4.7. BIM nos Estados Unidos .................................................................................................. 41

4.7.1 Estratégias, objetivos e estágios......................................................................... 41

4.7.2 Resultados .............................................................................................................. 43

5 INTRODUÇÃO DA PLATAFORMA BIM NO BRASIL .......................................................... 45

5.1. Comentários Iniciais .......................................................................................................... 45

5.2. Contexto político e econômico ........................................................................................ 45

5.3. Importância de diretrizes sólidas de apoio ao BIM em nível nacional ...................... 48

5.4. Garantias Legais ................................................................................................................ 50

6 INICIATIVAS BIM NO BRASIL ................................................................................................ 52

6.1. Exército Brasileiro .............................................................................................................. 52

6.2. Secretaria de Planejamento da União (SPU) ................................................................ 57

6.3. COBie – Construction Operations Building Information Exchange ........................... 60

6.4. Estado de Santa Catarina ................................................................................................ 64

7 DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS PARA DIFUSÃO DO BIM NO BRASIL ......................... 67

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 74

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 77

2

1 INTRODUÇÃO

1.1. Relevância do tema

Segundo Catelani (2016), a plataforma BIM – método de trabalho virtual

que integra os agentes da cadeia construtiva – tem introduzindo na arquitetura,

engenharia, construção e operação (AECO) uma maneira inovadora de conceber

os espaços. Esta pode ser aplicada em todas as etapas do ciclo de vida de um

empreendimento, incluindo ideia inicial, estudo de viabilidade, projeto, execução

de obra, manutenção e demolição.

A introdução de BIM em todos os setores da Construção Civil está

ocorrendo de forma progressiva, tanto no Brasil, quanto no exterior. Segundo

Catelani (2016) não há dados confiáveis sobre o uso do BIM no Brasil. Existem

empresas explorando BIM de forma correta, mas essas ocultam o conhecimento

adquirido por considerarem que o uso deste é uma vantagem competitiva que não

deve durar por muito tempo.

Em obras públicas, os órgãos governamentais utilizam como método de

trabalho a contração de empresas terceirizadas por meio de licitação (Lei

8666/1993), pela confecção de termo de referência, acompanhamento e

fiscalização dos serviços prestados. Nesse contexto, o Governo brasileiro busca,

gradativamente, incluir o BIM em exigências de projeto e na gestão e na

manutenção de suas edificações. Conforme observado na Figura 1, a fase de

operação do espaço construído é a mais onerosa ao poder público e as

ferramentas para controle desta etapa devem ser previstas na fase de projeto.

3

Figura 1 – Custo do Ciclo de vida das edificações (CAMACHO, 2016)

Silva (2015) pontua que a morosidade na adoção do BIM vem trazendo

desperdícios e gastos desnecessários para o Serviço Público do Brasil, como

pode ser observado nas dificuldades enfrentadas pelo PAC – Programa de

Aceleração do Crescimento:

O percentual pífio de obras acabadas reflete a

dificuldade que o Governo Federal tem de implantar

obras de infraestrutura com o que se dispõe de

tecnologia, experiência e organização hoje dentro da

Administração Pública Federal. Todas estouram prazos

e orçamentos iniciais. O motivo já é de amplo

conhecimento – a falta de projetos consistentes, de

qualidade, e de dinamismo na análise e aprovação dos

mesmos. (Silva, 2015)

O método de fiscalização de obras públicas atual possui vícios, aberturas

para gastos desnecessários e para corrupção (desfalques). Levando em conta

que os erros em que estruturas desorganizadas e fragmentadas são mais difíceis

identificar, cabe refletir se realmente há interesse político, por parte dos

governantes, no aprimoramento dos critérios de controle e medição.

Outro ponto que merece atenção, especialmente no âmbito estadual, está

relacionado à perda de informações e de conhecimento e à descontinuidade das

equipes de trabalho. O primeiro devido à falta de métodos/ferramentas eficazes

4

de armazenamento seguro de dados e projetos em uma plataforma única. Em

seguida, têm-se problemas relacionados à constante dissolução das equipes de

trabalho, seja pelos baixos salários pagos aos técnicos, seja devido à troca dos

profissionais terceirizados. Além disso, há problemas relacionados à falta de

experiência e de treinamento dos servidores aprovados em concurso.

Suchocki (2016) salienta que a exigência de construções paramétricas em

obras públicas, assim como a regulamentação destas por meio de normas

específicas, é peça chave para que toda a indústria se modernize e aprimore a

qualidade de seus processos.

A principal motivação da monografia é estudar o contexto de implantação

do BIM no Brasil, considerando a experiência de outros países, como forma de

contribuir para o posterior aprofundamento e discussão do tema, ressaltando a

importância do conhecimento e envolvimento de engenheiros e arquitetos

vinculados à Administração Pública na transição dos projetos tradicionais para os

parametrizados – objetos definidos por meio de parâmetros envolvendo distâncias

e ângulos – conforme capítulo 3 deste trabalho.

5

1.2. Objetivos

O objetivo geral do presente trabalho é analisar o cenário geral de

implantação do BIM em obras e projetos da AECO, considerando-se a ocorrência

de exemplos em países do exterior e no Governo Brasileiro visando contribuir

para a implantação do sistema BIM na administração pública.

1.2.1 Objetivos Específicos

Seguindo a lógica de elaboração do trabalho e do sumário, os objetivos

específicos da monografia foram:

Discutir o histórico e a contextualização de utilização do BIM no Brasil

(níveis Federal e Estadual) e, especificamente, no serviço público.

Apresentar conceitos e as características gerais do BIM;

Apresentar a utilização e a implantação do BIM em diferentes países;

Contextualizar a aplicação do BIM e discutir a importância do incentivo do

governo na difusão dessa tecnologia.

Com base nas referências bibliográficas estudadas, discutir e salientar

diretrizes e estratégias levantadas para introduzir e aprimorar métodos de

aplicação do BIM em diversos setores públicos.

1.3. Delimitação da pesquisa

O presente trabalho foi direcionado no intuito de investigar formas de

gestão de projetos em BIM na Administração Pública, além de métodos e

tecnologias a contribuir para um melhor acompanhamento e também para a

composição de banco de dados de obras e projetos. A pesquisa visa ainda

discutir meios e soluções de uso da Plataforma BIM no Brasil e no exterior a partir

de um apanhado de alternativas utilizadas na administração pública.

As diretrizes aqui apresentadas, longe de esgotar o assunto, devem servir

de referência para a introdução, o entendimento e o aprofundamento de estudos

para setores de infraestrutura de Órgãos estaduais que ainda não iniciaram sua

trajetória na implantação da tecnologia estudada.

6

1.4. Método de pesquisa

O método utilizado para o desenvolvimento deste trabalho foi o de revisão

bibliográfica sobre principais aspectos do BIM, considerando-se exemplos

divulgados no Brasil e em alguns países do exterior. A revisão foi feita com as

seguintes etapas:

1ª Etapa: coleta de dados. A pesquisa utilizou de informações contidas em

artigos (acadêmicos e websites), dissertações e livros relacionados ao

tema.

2ª Etapa: análise e interpretação de informações obtidas na primeira etapa.

Com base no material recolhido e/ou apurado, elaborou-se a

contextualização do tema proposto, salientando referenciais históricos e

explicando conceitos e princípios da tecnologia utilizada, tanto em países

do exterior, quanto aqui no Brasil.

3ª Etapa: elaboração de análise e síntese das informações contidas nas

referências estudadas e proposição de sugestões a serem adotadas por

Órgãos estaduais que buscam integrar o BIM no ciclo projetivo/construtivo

de suas obras e/ou edificações ou em serviços de engenharia e

arquitetura.

1.5. Estrutura da Monografia

O trabalho acadêmico se apresenta a partir da seguinte estrutura, disposta

em capítulos:

Capítulo 1 – Introdução: diz respeito à descrição dos capítulos que

contextualizam e delimitam o tema deste trabalho e possibilitam o

desenvolvimento do seu conteúdo, conforme itens do sumário.

Capítulo 2 – Histórico e contextualização: este versa sobre a introdução

do BIM no serviço público ao longo dos anos.

Capítulo 3 – Building Information Modeling conceitos e aplicações: trata

da síntese dos principais conceitos e das aplicações do BIM,

relacionadas a objetos paramétricos, Industry Foundation Classes

(IFC), Industry Framework for Dictionaries (IFD), Information Delivery

Manual/ Model View Definition (IDM/MVD).

7

Capítulo 4 – Implantação do BIM em diferentes países: neste,

consideram-se comentários explicativos sobre a importância das

alternativas BIM adotadas no exterior. O capítulo também aborda

estratégias, objetivos, estágios, resultados e expectativas futuras desta

plataforma no serviço público no Reino Unido, na Holanda, na

Finlândia, na Noruega, em Singapura e nos Estados Unidos.

Capítulo 5 – Introdução da plataforma BIM no Brasil: busca explicitar a

introdução da plataforma BIM no Brasil, cujo tema está associado ao

contexto político e econômico do país, a importância do apoio

governamental e as garantias legais para assegurar a consolidação do

uso dessa plataforma.

Capítulo 6 – Iniciativas BIM no Brasil: esta parte do trabalho apresenta

estudos de caso em instituições que utilizam BIM na organização de

seus trabalhos. O texto explicita a experiência do Exército Brasileiro, da

Secretaria de Planejamento da União e do Estado de Santa Catarina,

além disso, uso de aplicações do COBie.

Capítulo 7 – Diretrizes e estratégias para difusão do BIM no Brasil:

descrição das estratégias adotadas e aquelas pretendidas para total

inserção do BIM no Brasil.

Capítulo 8 – Considerações finais: nesta sequencia, são apresentadas,

considerações a respeito dos assuntos anteriormente discutidos no

trabalho, relacionados ao conhecimento exposto e ao contexto AECO

no âmbito estadual.

Capítulo 9 – Referências bibliográficas.

8

2 HISTÓRICO E CONTEXTUALIZAÇÃO

Segundo Flanagan (2017), a construção civil migrou de um modelo de

negócio cuja visão estava baseada, sobretudo, na valorização do setor econômico

para uma nova realidade, na qual, fatores ambientais, políticos, socioeconômicos

e tecnológicos desempenham papéis importantes na elaboração de projetos e na

execução de obras. O autor pontua que:

O ritmo da inovação e da entrega dos projetos mudou; com

maior interdependência e desejo de entregar projetos com

mais rapidez ao usar as informações mais atuais e a

tecnologia da comunicação. A digitalização, a fabricação de

produtos em outros locais, a integração de design e

produção e o desejo de qualidade melhorada levam a uma

indústria melhor. (FLANAGAN, 2017)

Na atual realidade de mercado da construção de edificações no Brasil, de

acordo Nóbrega Júnior (2013), é cada vez mais recorrente a atuação de diversos

profissionais, inclusive de várias áreas de conhecimento, e empresas distintas na

elaboração de um mesmo projeto. Considerando-se essa forma de pensamento e

atuação, observa-se ainda a participação de um número crescente de técnicos

dos campos da arquitetura e da engenharia nos processos de planejamento

integrados da construção civil e da execução de obras. Isso ocorre, em

consequência do aumento da complexidade dos serviços contratados e/ou

projetos; do grande número de alternativas de novos materiais disponíveis no

mercado, tecnologias e serviços que antes não eram evidentes, disponíveis e/ou

acessíveis, além de possibilidades advindas com a terceirização das etapas de

construção decorrentes de uma nova concepção de obra como “processo de

montagem1”, a colaboração interativa e integrada de diferentes profissionais tipos

de profissionais é fundamental para o sucesso do projeto final, porém isso traz

dificuldades relativas à coordenação dos trabalhos como um todo, inclusive de

projetos e projetistas.

Para Nóbrega Júnior (2013) as ferramentas BIM2 tornaram-se fortes

aliadas dos desenvolvedores e coordenadores de projeto. Essas facilitam o

1 Método de construção de edificações. Este é viabilizado pela produção industrial dos elementos e pela

concepção do empreendimento em módulos. 2 Relacionadas a modelagem, gestão e coordenação.

9

trabalho dos profissionais tendo em vista as possibilidades do desenvolvimento

simultâneo do serviço, o que é diferente do método tradicional, no qual as etapas

de desenvolvimento acontecem de forma sequencial. Nessa conjuntura, a

plataforma BIM salienta uma nova característica de trabalho que consiste em

pensar o projeto de forma colaborativa ao invés de cooperativa3.

Considerando-se o tema em questão, Kassem e Amorim (2015) pontuam

sobre as iniciativas de implementação do BIM no Brasil, as quais têm como

objetivo melhorar a eficiência e a sustentabilidade de projetos da construção civil

em geral, influenciar na previsibilidade de resultados e no retorno de

investimentos, aumentar as exportações e estimular o crescimento econômico.

Para Kassem e Amorim (2015), a implantação do BIM no setor público

ocorre de forma mais lenta se comparada às áreas acadêmica e privada. No

entanto, o Exército Brasileiro pode ser considerado uma exceção, nele foram

iniciados os trabalhos de implantação da mencionada plataforma no ano 2006,

cuja divulgação da experiência a outras instituições ocorreu somente em 2013.

Segundo Ferreira e Bueno (2014), o Exército Brasileiro foi pioneiro na

implantação bem-sucedida da Tecnologia BIM para planejamento, controle,

contratações e execução de obras. Esta instituição utiliza tecnologia BIM

integrada com a GIS, por meio do Sistema OPUS, com o objetivo de centralizar

projetos elaborados em uma única plataforma. Para viabilizar a implantação da

nova tecnologia, todos os departamentos envolvidos na contratação de obras e

serviços, até então independentes em suas atividades, necessitaram adaptar ao

novo sistema e trabalhar de forma integrada.

Segundo Kassem e Amorim (2015), possivelmente, a primeira ação estatal

com resultados públicos aconteceu em 2010, para contratação de uma versão

inicial de Biblioteca BIM para projetos do “Minha Casa Minha Vida”, atendendo à

demanda do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior –

MDIC, e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI. A biblioteca

foi publicada em 2011, conjunto de gabaritos e famílias de produtos genéricos,

desenvolvido pela Contier Arquitetura e pela GDP – Gerenciamento e

Desenvolvimento de Projetos. Os modelos desenvolvidos servem de referência

3 A diferença entre os conceitos de cooperação e colaboração está descrita no “capitulo 2” deste trabalho.

10

para projetos do gênero e são considerados elemento de estudo na formação

BIM.

Também em 2010, sendo os autores, foi realizada pela CDURP –

Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro –

a primeira licitação que fez referência ao BIM. Mas apenas em 2014 houve novas

licitações que exigiram processos BIM, uma para ANAC – Agência Nacional de

Aviação Civil, para a construção de duzentos e setenta aeroportos, e a outra para

dois hospitais em Santa Catarina.

Segundo Kassem e Amorim (2015), diversos projetos públicos, por

exemplo, o Museu do Amanhã (cidade do Rio de Janeiro) e algumas instalações

para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas foram concebidos pelo menos em

parte, por meio de recursos BIM. Os autores acima citados explicam que o uso da

tecnologia foi uma escolha das empresas contratadas e que, provavelmente, o

Regime de Contratação Diferenciada (RDC), pelo qual esses projetos foram

licitados permitiu e/ou facilitou a adoção do BIM.

Em agosto de 2016, houve o “1° Seminário” Building Information Modeling

(BIM). O evento foi organizado pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU),

órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão que

como público alvo gestores de modo geral, ou seja, diretores, gerentes,

engenheiros e arquitetos do serviço público e privado.

Para Ferreira e Bueno (2014), os diversos órgãos da administração pública

devem se preocupar em seguir os ensinamentos do Exército Brasileiro. A respeito

do assunto em questão, os citados autores pontuam que uma das principais

dificuldades a ser superada é a integração das atividades de planejamento e a

execução delas em uma única plataforma, considerando-se a falta de integração,

de modo geral, inter e intrainstitucional entre os diversos entes da administração.

Nesse sentido, o Instituto de Obras Públicas (IOP) – associação sem fins

lucrativos, constituída por servidores da administração pública federal, estadual e

municipal, de nível superior, que exercem atividades relacionadas ao

planejamento, à concepção e à implantação de obras públicas – defende que as

ideias de especialização e interdependência técnica devem ser adotadas entre os

profissionais da AECO. Essas são condições essenciais para o desenvolvimento

11

de atribuições institucionais e a absorção de inovações tecnológicas de maneira

“rápida” e eficiente.

Assim sendo, Ferreira e Bueno (2014) pontuam que, em um futuro próximo,

o BIM será uma realidade brasileira e alertam para a necessidade dos técnicos da

administração pública estarem preparados para aceitar e interagir com as novas

formas de trabalho e/ou tecnologias da informação. Contudo, os autores

salientam que a implantação do BIM deverá ser tema recorrente em diversas

esferas do Governo.

12

3 BUILDING INFORMATION MODELING CONCEITOS E APLICAÇÕES

O BIM é um processo que, de acordo com Suchocki (2016), permite a

realização de todas as fases do projeto envolvendo criação de modelos 3D

parametrizados4. Os modelos inteligentes facilitam a compreensão do projeto

pelas partes interessadas (stakeholdes) e permitem o melhoramento contínuo do

sistema5. Como resultado, diferente dos recursos tradicionais em 2D, tem-se a

confecção de banco de dados e a visualização do trabalho por inteiro6, o que leva

a melhores resultados de obra e à facilidade de manutenção do espaço

construído.

Para Manzoni (2013), o Building Information Modeing é um processo de

gestão da informação, no qual os modelos desenvolvidos pelos projetistas

tornam-se legíveis no mundo virtual por meio de regras e parâmetros. Os

recursos BIM permitem o melhoramento dos métodos de controle das

informações de obras e projetos, assim como facilitam a distribuição de

informações entre os técnicos envolvidos.

3.1 Comentários Iniciais

A utilização de recursos CAD está consolidada em diversas áreas de

conhecimento. Na construção civil, por exemplo, a introdução de desenhos 2D

resultou em maior agilidade no trato do processo de projeto. Todavia, o método

de projeto tradicional permitido pelo AutoCAD, método linear – no qual diversos

profissionais envolvidos trabalham de forma autônoma, a partir de um desenho

arquitetônico desenvolvido – tem gerado atrasos, incompatibilidades e,

consequentemente, desperdícios.

A plataforma BIM, de acordo com Menezes (2011), compõe uma filosofia

de trabalho que integra arquitetos, engenheiros e construtores (AECO) na

elaboração de um modelo virtual preciso, o qual gera uma base de dados que

contém, tanto informações topológicas, como os subsídios necessários para

orçamento, cálculo energético e previsão das fases da construção. Conforme

4 Os principais conceitos de objetos paramétricos estão descritos na subdivisão 2.2.1.

5 Disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si, e que funcionam como

estrutura organizada. (FERREIRA, 2004) 6 Todos os componentes do projeto e da construção em três dimensões.

13

observado na Figura 2, o BIM aborda as edificações de forma cíclica. Esse

método requer, para o seu funcionamento, a interação dos agentes, da tecnologia

de apoio à informação (TI) e a organização do processo de projeto/obra

(coordenação de especialidades).

Figura 2 – Ciclo de vida das edificações (ANDERY, 2009)

O impacto do BIM não se limita às edificações, este alcança desde a

indústria de produtos e materiais, passa pelos projetos e obras de edifícios,

estradas e outros tipos de infraestrutura e se prolonga pela manutenção e

desmonte ou reuso destas obras. Entretanto, o setor da construção de edifícios

pode ser visto como elemento central desse processo de difusão, pois cria

demanda para os demais setores e assim sendo, neles orienta a difusão do BIM.

(KASSEM e AMORIM, 2015).

Andrade e Ruschel (2009) pontuam que o conceito de BIM ainda não está

totalmente absorvido pelo mercado. As empresas de projeto, em grande parte,

estão preocupadas em utilizar a parametrização no desenvolvimento de um

produto final de qualidade e compatível separadamente em cada área. Dessa

forma, os conceitos de interoperabilidade precisam ser desenvolvidos visando à

utilização de todo o potencial que a plataforma BIM pode oferecer.

14

Com relação às ferramentas BIM, Ruggeri (2017) explica que o uso pleno

delas conta com um importante aparato tecnológico para viabilizar melhores

interações entre os profissionais envolvidos. O autor salienta que o trabalho deve

estar vinculado aos conceitos de coletividade e complexidade.

Suponha que João e José possuam, cada um, um escritório,

onde desenvolvem serviços em especialidades diferentes.

Eventualmente, juntam suas produções para oferecer um mix

de serviços mais completo ao mercado. Embora troquem

algumas informações, eles continuam cada um em seu

escritório desenvolvendo o seu serviço cujos resultados são

reunidos no momento da entrega final. João e José, neste

caso, cooperam entre si. Este é o modelo vigente no mercado

atualmente com pouquíssimas exceções.

Suponha, agora, que José e João atuem simultaneamente no

desenvolvimento de ambos os serviços. O resultado, agora

produzido por ambos, é oferecido ao mercado com

características de um novo serviço. Nesta situação João e José

colaboram entre si. Este modelo de produção conjunta ainda é

raro no mercado (RUGGERI, 2017).

Segundo Ruggeri (2017), a gestão de projetos da construção civil

tradicional adota, como base de trabalho, a cooperação entre os profissionais

envolvidos que, pode ser entendida, como a soma dos resultados de cada

profissional. Já o conceito de colaboração, pré-requisito da Plataforma BIM,

acontece com o trabalho conjunto dos diversos intervenientes, em uma relação de

igualdade (não hierárquica) de forma a promover ajuda mútua e obtenção de

objetivos que beneficiem a todos.

Nesse sentido, Kassem e Amorim (2015) explicam que uso do BIM traz

consigo novos processos de comunicação entre os projetistas e demais agentes

envolvidos no ciclo de vida da edificação, levando à reorganização de fases,

agentes e produtos no projeto. Consequentemente, os profissionais envolvidos –

projetistas e gestores – devem se adaptar e reformular suas técnicas e

conhecimentos no desenvolvimento e na gestão de projetos.

15

3.2. Principais conceitos e características do BIM

No projeto paramétrico, para Eastman (2014), em vez de projetar uma

instância de elemento de construção como uma parede ou porta, o projetista

define uma família de modelos ou classe de elementos, que é o conjunto de

relações e regras para controlar os parâmetros pelos quais as instâncias dos

elementos podem ser geradas, mas cada uma delas irá funcionar conforme seu

contexto. Os objetos são definidos usando parâmetros envolvendo distâncias,

ângulos e regras como “vinculado a”, “paralelo a” e “distante de”. Essas relações

permitem que cada instância do elemento varie de acordo com parâmetros e suas

relações contextuais. As regras7 ainda podem ser definidas como requisitos que o

projeto deve satisfazer, permitindo ao projetista fazer modificações, enquanto as

regras verificam e atualizam detalhes para manter o elemento de projeto dentro

de regras e avisar ao usuário se essas definições não são alcançadas.

As plataformas do processo de projeto e gestão da operação, podem variar

durante o ciclo de vida da obra e das diferentes especialidades envolvidas. Essas

têm como característica essencial a integração de projetos. Eastman et al (2008

apud Manzione, 2013) pontuam as características, os benefícios e os potenciais

do BIM para o desenvolvimento de projetos durante o ciclo de vida da edificação,

conforme enumerado abaixo:

Fase de concepção de projeto: as citadas plataformas melhoram a

capacidade de formulação de estudos preliminares de conceitos e

viabilidades.

Projeto: permitem uma visualização mais precisa dos estágios iniciais

do projeto. Há correção simultânea de dados quando efetuadas

mudanças no projeto; há geração automática de desenhos em 2 ou 3

dimensões; facilidade de colaboração de todos os profissionais

envolvidos nos estágios preliminares; extração automática de

quantitativos durante o processo de projeto; facilidade de análise

energética e de sustentabilidade.

Execução: trata-se da sincronização do planejamento da obra com as

fases do modelo; da descoberta de interferências físicas entre os 7 Parâmetros que devem ser atendidos para aceitação do projeto.

16

elementos projetados para o edifício antes da execução das obras; da

agilidade no processo de mudança de projeto; da possibilidade de

utilizar o modelo do projeto como base para a pré-fabricação; da melhor

implementação dos métodos de construção enxuta8; da sincronização

das fases de aquisição, projeto e construção.

Operação: diz respeito ao melhor gerenciamento da operação dos

sistemas e dos ativos do edifício.

3.2.1 Objetos paramétricos

Para Eastman (2014), a compreensão da definição de objetos paramétricos

é fundamental para o entendimento do BIM e sua diferenciação dos objetos 2D

tradicionais. O autor define os objetos paramétricos como:

Definições geométricas de dados e regras associadas.

Geometria integrada de maneira não redundante sem

inconsistências. Uma planta e uma elevação de um dado objeto

devem sempre ser consistentes. As dimensões não podem ser

manipuladas (falsas).

Regras paramétricas para objetos que modificam automaticamente

as geometrias associadas quando inseridas em um modelo de

construção ou quando modificações são feitas em objetos

associados. Por exemplo, uma porta se ajusta automaticamente a

uma parede, um interruptor se localizará automaticamente próximo

ao lado certo da porta, uma parede automaticamente se

redirecionará para se juntar a um teto ou telhado, etc.

Objetos que podem ser definidos em diferentes níveis de agregação,

então podemos definir uma parede, assim como seus respectivos

componentes. Os objetos podem ser definidos e gerenciados em

8 O termo “construção enxuta” entende que a construção (produção) enxuta segue a mesma tendência de

síntese e generalização verificada em outras áreas de conhecimento. Dessa forma, o conceito agrega conhecimento de várias teorias gerenciais: just-in-time, TQM, benchmarking, reengenharia, manutenção produtiva total e engenharia simultânea. Um dos elementos principais desse método é entender os sistemas de produção como uma rede de fluxos de processos (materiais) interceptados por fluxos de operações (pessoas, máquinas, métodos). Ambos os fluxos são compostos de atividades de espera, processamento, transporte e inspeção. O objetivo dela é eliminar as atividades de espera, transporte e inspeção e aumentar a eficiência e o valor produzido nas atividades de processamento (SANTOS, POWELL e FORMOSO, 1998).

17

qualquer número de níveis hierárquicos. Por exemplo, se o peso de

um subcomponente de uma parede muda, o peso de toda a parede

também deve mudar.

Regras dos objetos podem identificar quando determinada

modificação viola a viabilidade do objeto no que diz respeito a

tamanho, construtibilidade9, etc.

Conjuntos de atributos vinculados, recebidos, divulgados e/ou

exportados, por exemplo, materiais estruturais, dados acústicos,

dados de energia, dentro outros, para outras aplicações e modelos.

Manzione (2013), por sua vez, salienta que a BuildingSmart - organização

internacional com objetivo de melhorar o intercâmbio de informações entre

softwares utilizados na indústria da construção - desenvolve e mantém padrões

de trabalho em BIM de modo não proprietário, denominados “OpenBIM”. Esses

padrões são possíveis graças a três conceitos básicos relacionados a dados,

processos e termos, conforme observados na Figura 3, cujo conteúdo encontra-se

pautado a partir do ponto 2.2.1.1.

Figura 3 – Conceitos básicos relacionados ao BIM(MANZIONE, 2013)

Industry Foundation Classes (IFC) – modelo de dados que permite a

troca de informações entre diferentes softwares relacionados a um

mesmo projeto.

International Framework for Dictionaries (IFD) – dicionário de dados

que define qual informação do edifício será trocada e compartilhada. 9 Uso do conhecimento e da experiência em construção civil para gerenciamento do fluxo de todo o

processo construtivo.

18

Information Delivery Manual / Model View Definition (IDM / MVD) –

manual que define quando e quais informações serão trocadas ou

compartilhadas.

3.2.1.1 Industry Foudation Classes (IFC)

Segundo Manzione (2013), o modelo IFC foi desenvolvido pela empresa

BuildingSmart. O autor pontua que esse foi registrado pela International

Organization for Standardization (ISO) e se encontra em processo de se tornar

norma oficial.

O IFC, segundo dados da BuildingSmart (2016), é um esquema de dados

de tradução em formato “não proprietário”, neutro e unificado para o Building

Information Modeling (BIM), que permite manter e trocar informações relevantes

entre diferentes aplicativos. Andrade e Ruschel (2009) ressaltam que o IFC tem

foco em produtos e processos, e a sua contribuição acontece na AECO e no ramo

de Facility Management.

Por ser um software livre, o IFC é neutro e independente de empresas

particulares. O esquema de dados funciona como uma espécie de tradutor dos

softwares disponíveis no mercado. Por meio dele, é possível obter uma linguagem

comum entre os diversos aplicativos, ou seja, é possível a troca de informações

entre os profissionais envolvidos no projeto/empreendimento, independente do

software escolhido. Nesse sentido, ocorre a interoperabilidade, entendida por

Manzione (2013) pela capacidade de um software se comunicar de forma direta e

transparente com outro software, conforme Figura 4.

19

Figura 4 – Formas de comunicação entre softwares (OPEN BIM, 2017)

Para que se tenha uma boa interoperabilidade é de

fundamental importância a implementação de um padrão de

protocolo internacional de trocas de dados nos aplicativos e

nos processos de projeto (ANDRADE e RUSCHEL, 2009).

A Figura 5, na sequência, utiliza analogias para explicação do processo de

comunicação entre softwares, considerando-se diversas línguas faladas no

mundo. No primeiro exemplo, todos os envolvidos falam todas as línguas, se

comparado aos softwares, para haver interoperabilidade, todos os programas

devem ser compatíveis entre si, o que requer atualizações constantes dos

sistemas.

No segundo, todos os envolvidos falam a mesma língua, situação possível

apenas quando todos os aplicativos têm a mesma origem (mesmo programa).

Por fim, a última analogia assemelha-se à proposta do IFC, no qual todos

programas falam línguas diferentes e a comunicação é feita por meio de um

tradutor.

20

Figura 5 – Explicação do conceito de interoperabilidade (MANZIONE, 2014)

O IFC possibilita também a criação de “vistas de informação” (subconjuntos

de dados) apenas com dados necessários ao domínio solicitado, por meio do

processo denominado Model View Definitions (MVD).

Para Manzione (2013), o IFC está em constante evolução. Por ser uma

plataforma neutra, colabora com os conceitos defendidos pelo OpenBIM.

O esquema IFC é extensível e compreende informações

cobrindo as muitas disciplinas que contribuem para um edifício

durante seu ciclo de vida: desde a concepção, o projeto, a

construção até a reforma ou demolição(MANZIONE, 2014.)

Para Haagenrud et al (2007 apud Andrade e Ruschel, 2009) o IFC tem

como principais objetivos promover o compartilhamento de informações entre

diferentes disciplinas; promover o desenvolvimento de estrutura modular para um

projeto de edifício; criar procedimentos para tarefas de manutenção e para o

desenvolvimento da edificação; habilitar modeladores de informação a reutilizar

componentes de modelos; habilitar produtores de softwares para reutilização de

componentes; e permitir melhorias contínuas nas versões subsequentes de

modelos de edifícios.

Para Manzione (2013), o IFC, conforme Figura 6, possui uma estrutura de

quatro camadas:

21

a) Camada de Recursos

Essa camada é composta por entidades comumente utilizadas nos objetos da

AECO, como geometria, topologia, materiais, medidas, agentes responsáveis,

representações, custos, dentre outras.

As entidades do IFC na base podem permitir também a criação de

subentidades com o intuito de adequar o esquema às especificidades de cada

projeto.

b) Camada do núcleo

Todas as entidades dessa camada originam-se da “camada de recursos” do

IFC e contêm entidades abstratas que são referenciadas pelas camadas

subsequentes (interoperabilidade e domínios). A camada do núcleo é subdividida

em quatro subcamadas de extensão: núcleo, produto, processo e controle.

A subcamada núcleo fornece a estrutura de base, que são as relações e os

conceitos fundamentais comuns para todas as especializações adicionais em

modelos específicos, nos quais são definidos conceitos fundamentais como

grupo, processo, produto e relacionamentos.

O esquema de extensão do produto define componentes de construção

abstratos, como espaço, local, construção e elemento.

O esquema de extensão de processo capta ideias sobre o mapeamento de

processos em uma sequência lógica do planejamento e programação de trabalho

e das tarefas necessárias para a sua conclusão.

O esquema de extensão de controle trabalha com os conceitos relacionados

ao controle do processo.

c) Camada de elementos compartilhados ou de interoperabilidade

Essa camada compreende as categorias de entidades que representam os

elementos físicos de um edifício. É utilizada para compartilhamento de

especialidades e de aplicações de manutenção e contém os elementos físicos de

um edifício.

22

Ela possui definições de entidades como vigas, colunas, paredes, portas e

outros elementos físicos, assim como as propriedades para controle de fluxos,

fluidos, propriedades acústicas, entre outras.

d) Camada dos domínios

Essa é a camada de nível mais alto e abrange entidades de disciplinas

específicas, como Arquitetura, Estrutura, Instalações, entre outras.

23

Figura 6 – Visão geral do esquema IFC (MANZIONE, 2013)

3.2.1.2 Industry Framework for Dictionaries (IFD)

Segundo a BuildingSmart, o International Framework for Dictionaries (IFD)

pode ser entendido como um catálogo e/ou dicionário de objetos. Essa ferramenta

permite a padronização do projeto porque todos os participantes têm acesso às

mesmas especificações de produtos e serviços, ou seja, a um banco de dados

único.

24

O citado sistema aglutina bases de dados existentes com informações da

construção baseado na BuildingSmart.

3.2.1.3 Information Delivery Manual / Model View Definition (IDM / MVD)

Segundo Berard e Karlshoej et al (2011 apud Manzione, 2013) a IDM pode

ser entendida tanto como produto, para registro da informação que precisa ser

trocada para a execução de uma tarefa em determinado processo, quanto como

método, para modelar e estudar a reengenharia de processos, ou seja, para

capturar e especificar os processos de negócios durante o ciclo de vida da

edificação.

Segundo dados da BuildingSmart, a IDM requer estudo aprofundado dos

seguintes pontos:

Processos de negócios que ocorrerão entre os agentes.

Ferramentas BIM que poderão ser usadas.

Capacidade e limitação da IDM em relação à especificação dos seus

arquivos em IFC.

Os mapas de processos da IDM, segundo a BuildingSmart, têm como

objetivo descrever o fluxo de atividades de um processo de trabalho com o

propósito de esclarecer e unificar o conhecimento de todos os agentes integrados

na forma como o trabalho é desenvolvido. Os mapas devem conter os seguintes

tópicos: objetivo, entradas de informação, saídas de informação, conjunto de

atividades, pontos de tomada de decisão.

Enquanto manual para a troca e compartilhamento de informações, a IDM

é de importância fundamental para estudos de processos de licitação e

contratações de obras. Essa ferramenta deverá ser utilizada para documentar a

informação que precisa ser trocada para a execução de uma tarefa em processo

(produto) e para a modelagem e o estudo da reengenharia dos processos.

25

4 IMPLANTAÇÃO DO BIM EM DIFERENTES PAÍSES

O conhecimento de alternativas adotadas no exterior é necessário e

fundamental para a contextualização dos diversos cenários de utilização do BIM.

Esta abordagem permite a elaboração de métodos eficazes de trabalho que

levem em conta os conceitos de sustentabilidade, interoperabilidade,

gerenciamento de informações e inovações.

4.1. Comentários Iniciais

As plataformas BIM são utilizadas em diversos países como solução para o

gerenciamento e o controle de obras em todas as suas fases – desde a

concepção até os estágios de demolição – conforme exemplificação da Figura 7,

abaixo.

Figura 7 – Ciclo de vida das edificações (COELHO, 2015)

Segundo Wong e Nadeem (2013), as regras de implantação do BIM

apresentam peculiaridades dependendo das circunstâncias, tamanho e natureza

econômica de cada local. Segundo Kassem e Amorim (2015), a União Europeia

considera o BIM como facilitador para a entrega de projetos de edificações e

26

infraestrutura com maior rapidez, economia e sustentabilidade. Este capítulo

pretende apresentar breve contextualização do cenário internacional de utilização

do BIM em setores do poder público em diferentes países.

4.2. BIM no Reino Unido

Kassem e Amorim (2015), a indústria da construção civil representa cerca

de 7% do PIB britânico. Neste sentido, o setor público é responsável por,

aproximadamente, 30 a 40% de todas as construções anuais registradas.

Esses autores pontuam que, no ano de 1994, houve a publicação de

relatório, elaborado por Latham, intitulado “Construindo a Equipe”. Neste, a

indústria da construção civil foi criticada por ser “conflitante”, “fragmentada”,

“incapaz de produzir resultados a seus clientes” e “sem respeito por seus

funcionários”. Diante do mencionado documento, a construção civil orientou seus

esforços para a formulação de serviço amplamente integrado e capaz de entregar

e/ou produzir resultados previsíveis a seus clientes.

Kassem e Amorim (2015) salientam que nos relatórios subsequentes,

elaborados nos anos 1998 e 2002, houve cobranças para que a indústria da

construção desenvolvesse abordagens colaborativas e integradas. Estas

deveriam aproximar projetistas e executores por meio de novas formas de

contratação de obras e projetos.

Desse modo, a última década tem apresentado constante evolução no

conceito e nas tecnologias do Modelo de Informação da Construção - Building

Information Modeling - (BIM). Nesse contexto, o governo do Reino Unido

reconheceu que o BIM pode desempenhar papel fundamental no aprimoramento

da indústria da construção e o considerou parte de suas estratégias de

desenvolvimento. Esta iniciativa materializou-se na estratégia governamental de

2011 que tornou obrigatório, a partir de 2016, o BIM colaborativo em 3D com

informações de projeto e materiais para todos os projetos centrais (KASSEM e

AMORIM, 2015).

27

4.2.1 Estratégias, objetivos e estágios

A introdução e o fortalecimento do uso do BIM na Inglaterra, segundo

Kassem e Amorim (2015), ocorreram com o desenvolvimento da ação

denominada “Estratégia de Construção do Governo do Reino Unido”, publicada

em 2011. Esta demonstrou que o Setor Público não estava apto a explorar o

potencial dos contratos públicos. A divulgação da citada ação teve como objetivo

redirecionar o relacionamento entre as autoridades e a indústria da construção de

modo a reduzir os custos do setor em aproximadamente 20%. Na proposta

conduzida, os Órgãos competentes entenderam que o setor público, quando bem

informado e coordenado, e suas necessidades bem entendidas, especificadas,

projetadas e atendidas, influenciará sobretudo na redução dos custos internos do

Governo.

De acordo com esta estratégia, ainda segundo Kassem e Amorim (2015), o

BIM, ao ser implementado corretamente, poderá se tornar um catalizador do

processo de integração de atividades da construção civil e ser oportunidade para

a utilização transparente de informações digitais, da mesma maneira como

ocorreu em outras indústrias, como as de varejo e transformação. Considerando-

se essa iniciativa, reconheceu-se que a falta de sistemas, normas e protocolos

compatíveis com as demandas da construção, impedia a adoção do BIM e, nesse

contexto, ficou evidente que o gabinete de governo deveria se empenhar no

desenvolvimento dessa padronização.

Segundo Kassem e Amorim (2015), em 2012, houve adoção de uma ação

denominada “Estratégia de Pousos Suaves do Governo” (GSL). Esta estabeleceu

diversos objetivos visando à melhoria significativa de gastos públicos, redução de

emissões de carbono e desempenho no processo de planejamento das

edificações. O termo utilizado “pousos suaves” faz alusão à harmonia que possa

existir entre as fases conceitual (projeto e construção) e operacional de um bem

construído ou remodelado. A estratégia divulgada propõe compatibilidade entre o

gasto e o valor dos bens. Os autores ressaltaram que a GSL, como plano de

ação, estabeleceu as seguintes diretrizes na condução de trabalhos almejados:

Os projetos a serem desenvolvidos devem ter objetivos claros. Estes

devem estar em conformidade com os objetivos estratégicos das

28

instituições e ser transferidos à toda a cadeia de fornecedores da

construção;

Os usuários finais/ operadores devem se envolver para representar

o cliente durante o projeto conceitual, a construção e a entrega da

edificação;

A transição entre as fases de construção e operação/ manutenção

deve ser planejada durante as etapas de projeto e constituir um

“processo suave”, a permitir que o desempenho otimizado das ações

entre as diversas fases de planejamento seja alcançado o mais

rápido possível. Nessa transição, também deverá ser considerada a

transferência de dados operacionais, bem como o treinamento, o

comissionamento10, a entrega e o acompanhamento de informações

relativas às obras;

As análises de desempenho das edificações, a serem realizadas até

três anos após o término delas e os aprendizados11, deverão ser

registradas e compartilhadas para projetos futuros, entre todos os

atores envolvidos no processo de planejamento.

Kassem e Amorim (2015) descrevem que o Reino Unido investiu tempo e

recursos no incentivo ao uso de tecnologia por meio de orientações, treinamentos,

materiais e adoção de processos comuns visando alcançar a eficiência na

prestação de serviços, obter definições de dados, especificações e resultados

consistentes. Nesse processo, o Governo, enquanto contratante público e cliente,

incentivou o BIM por meio da adoção de exigências específicas na entrega de

projetos e obras. Kassem e Amorim (2015) explicam que o governo deve

descrever o conjunto de informações e dados a serem solicitados pela cadeia de

fornecimento em momentos específicos, fases de entrega e vida útil de bens. Isso

garantirá entrega digital de informações adequadas, integradas e harmonizadas

entre si e permitirá melhor compreensão do projeto conceitual, dos gastos e do

desempenho dos bens.

10

Delegação de poder provisório para execução de determinada atividade. 11

Geração de relatórios técnicos e/ou medição de resultados.

29

4.2.2 Resultados

Com o objetivo de potencializar os benefícios da tecnologia BIM, o

Governo, há cinco anos, investe na criação de protocolos e guias para nivelar

profissionais envolvidos com a difusão dessa tecnologia, promover a produção

colaborativa, o gerenciamento e a troca de informações em todas as fases da

construção.

Segundo Kassem e Amorim (2015), o Reino Unido promoveu também a

criação de um Grupo de Trabalho (GT) BIM. Este conta com o envolvimento de

profissionais do Governo, da indústria, de institutos técnicos e da Academia. O GT

é patrocinador do estudo de casos bem-sucedidos em BIM, realizados por

entidades governamentais e locais. O citado grupo é encarregado de produzir 20

pacotes de trabalho em quatro vertentes: engajamento das partes interessadas e

da mídia; resultados e produtividade; comercial e legal; e teoria e academia.

Por fim, os autores pontuam que houve a criação de um Conselho da

Indústria da Construção (CIC) e de centros regionais BIM. O CIC é um grupo

formado por fóruns profissionais, com 500.000 membros e mais de 25.000 firmas

de consultores em construção. O grupo destaca-se por, dentre outros protocolos,

ter criado o arcabouço regulatório. Este é entendido como um conjunto de regras

dentro das quais cada uma das partes envolvidas está sujeita a e inclui

obrigações, diretos de propriedade intelectual, responsabilidades e indenização

profissional, entre outros pontos.

Já o segundo – centros regionais -, tratam-se de 11 centros regionais do

BIM. A criação dos centros tem como objetivo garantir a profundidade e o alcance

no engajamento das partes interessadas regionais e o feedback em debates

nacionais.

Kassem e Amorim (2015), nesse contexto, explicam que cada regional é

presidida por um “promotor regional BIM”. Este é o responsável por estabelecer

contato entre a região representada e a nação. Os centros regionais, divididos

conforme figura 8, são responsáveis por ajudar o compartilhamento de

informações, pela organização de eventos temáticos do BIM e pelo

aconselhamento de empresas locais que pretendem iniciar seus trabalhos na

plataforma.

30

Figura 8 – Centros regionais BIM na Inglaterra (KASSEM e AMORIM, 2015)

Por fim, os autores pontuam que o país conseguiu desenvolver resultados

padronizados em BIM. Dentre eles, bibliotecas digitais de objetos dinâmicos e

ricos em dados, desenvolvidos em consonância com o sistema de classificação

e/ou sistemas de especificações que permitem o detalhamento, a seleção e a

aquisição de componentes das edificações. Os artifícios facilitam a idealização de

projetos por meio de simulações em três dimensões, de gastos e análises de

viabilidade.

4.2.3 Perspectivas Futuras

Segundo Governo HM et al (2013 apud Kassem e Amorim, 2015) o último

documento publicado pelo Reino Unido, “Construção 2025”, formulado em

parceria com a indústria, em consonância com as estratégias anteriormente

relatadas, tem como objetivo a redução de gastos com vida útil dos bens, a

redução da emissão de gás carbônico e desperdícios. Nestas áreas, as diretrizes

objetivam:

diminuir o gasto inicial de edificações e o gasto de manutenção em

33%;

diminuir a emissão de gases do efeito estufa nos ambientes

urbanizados em 50%;

31

reduzir o tempo médio entre o projeto conceitual e a realização de

novas edificações ou de remodelações12 em 50%.

Kassem e Amorim (2015) explicam que o Governo do Reino Unido espera

que, até 2025, a indústria da construção esteja profundamente integrada na

economia digital, atingindo o nível 3 de desenvolvimento em BIM, conforme

explicitado na figura 9. Nesse sentindo, esperam-se imensos benefícios obtidos

pela capacidade de compartilhamento de dados em toda a cadeia de

fornecimento da construção.

Figura 9 – Gráfico com níveis de maturidade BIM (KASSEM e AMORIM, 2015)

4.3. BIM na Holanda

4.3.1 Estratégias, objetivos e estágios

Segundo Kassem e Amorim (2015), na Holanda, os métodos e as

estratégias utilizadas para a implementação do BIM são liderados pela

Rijksgebouwendienst –(Rgd) – Agência Governamental da Construção. A Rdg é

responsável por gerenciar grandes propriedades do país, que correspondem a 7

milhões de metros quadrados, dos quais 70% pertencem a ela. Esta determinou

que os projetos com valor superior a 10 milhões de Euros e aqueles que

12

O termo remodelagem significa refazer a modelagem com modificações significativas.

32

envolvem grandes manutenções de edificações, a partir de novembro de 2011,

fossem obrigatoriamente desenvolvidos em BIM e em IFC.

Os autores explicam que o maior guia e protocolo do BIM na Holanda

chama-se “RVB BIM Norm version 1.1”, publicado em fevereiro de 2013, o guia

contém orientações para o projeto e a colaboração em BIM, visando ao

desenvolvimento de maior eficiência na manutenção e na operação. O guia

contém exigências e especificações para produtos BIM e torna obrigatória a

submissão (ou conversão) de DWG, IFC e formatos nativos em BIM.

Segundo Kassem e Amorim (2015), o RVB BIM Norm version 1.1

preocupa-se, principalmente, com as formas de contratos. Estes devem ser

colaborativos em longo prazo e baseados em especificações funcionais como

Projetar, Construir, Financiar, Preservar e Operar (DBFMO). Nesses projetos, o

Governo contrata um consórcio privado para construir e operar, além de

providenciar o seu financiamento.

Kassem e Amorim (2015) explicam que o guia estabelece também a

padronização do desenho de infraestrutura e banco de dados de TI, procedimento

necessário para armazenar os projetos desenvolvidos. O documento defende a

criação de um “serviço de informações regulares” e a atualização dos modelos de

suporte com a indicação das devidas alterações do ciclo de vida das construções.

Ainda segundo os autores, o guia estabelece ainda o desenho da

infraestrutura e do banco de dados de TI, necessários para efetivar o

procedimento de armazenamento das informações digitais dos projetos

desenvolvidos. Ademais, esse instrumento reconhece a necessidade de realizar

“serviço de informações regulares” que exija a atualização do modelo com as

alterações do ciclo de vida da edificação, inclusive de documentos gerados,

visando monitorar com garantia de qualidade os mecanismos de pagamento

relacionados.

Outro ator principal para o desenvolvimento do BIM, segundo Kassem e

Amorim (2015), é o Bouw Informatie Raad (BIR) – Conselho Nacional do BIM.

Este é formado por representantes de toda a cadeia de fornecimento da indústria

33

de construção. Seu objetivo principal é garantir o engajamento e a difusão do BIM

por meio do(a):

Encorajamento e estímulo à promoção de desenvolvimento de

padrões abertos, estudos de caso e mostras realizados por seus

membros e a disseminação das melhores práticas.

Formulação de padrões abertos coerentes e convergentes ao longo

do tempo, oferecendo uma referência clara para o setor.

Influência ou condicionamento da formação de infraestrutura

educacional para assegurar que as organizações possam adotar o

BIM.

4.3.2 Resultados

Kassem e Amorim (2015) destacam que não foi possível encontrar

informações oficiais sobre a taxa de adesão do BIM no país. Contudo, os autores

acreditam que esta deve ser significativa, pois, na Holanda, há predomínio de

contratos feitos a partir de parcerias público-privadas e o BIM é obrigatório para o

desenvolvimento de projetos destas parcerias.

4.3.3 Perspectivas Futuras

Segundo BIR et al - 2013 apud Kassem e Amorim (2015), objetiva-se, em

um futuro próximo, as seguintes ações:

Desenvolver método para realizar medições-piloto em organizações

por setor. O sistema deve ser utilizado a cada 3 anos para medir o

nível de maturidade BIM.

Adequar os protocolos BIM às formas de contratação de projetos

existentes na Holanda.

Desenvolver estratégias que viabilizem o desenvolvimento

sustentável do setor.

Kassem e Amorim (2015) pontuam que há uma biblioteca digital holandesa

em desenvolvimento. Esta deverá funcionar como um dicionário amplo de

conceitos do ambiente construído, contendo objetos físicos e espaciais.

34

Outro ponto a ser desenvolvido no país diz respeito à criação de legislação

específica – arcabouço regulatório - para a elaboração de projetos em BIM.

4.4. BIM na Finlândia

Para Kassem e Amorim (2015) a tecnologia digital em projetos da AECO foi

trazida à Finlândia pela Senate Properties, empresa pública sob comando do

Ministério das Finanças. A Senate Properties gerencia, aproximadamente, 10.500

edificações em uma área de 6,4 milhões de metros quadrados.

4.4.1 Estratégias, objetivos e estágios

Segundo Kassem e Amorim (2015), a Senate Properties exige que todos

os seus projetos sejam desenvolvidos em BIM desde 2007. A empresa descreveu

seus objetivos específicos em seu último guia, “Exigências Comuns do BIM 2012”,

este abrange tanto construções novas como reformas. Dentre os objetivos

estabelecidos, destacamos os seguintes pontos:

Apoiar o desenvolvimento de projetos e construções de alta

qualidade, eficiência, segurança e de acordo as práticas de

desenvolvimento sustentável. Os modelos de informação da

construção, neste caso, deverão ser utilizados em todo o ciclo de

vida da obra, desde o projeto conceitual até o uso e a gestão das

instalações.

Assim sendo, Kassem e Amorim (2015) ressaltam que todas as

modelagens deverão ser entregues, durante a fase de projeto, em formato IFC.

Poderá ser exigido também modelo em formato nativo de arquivo. O guia enfatiza

ainda a necessidade de discussão de métodos de distribuição para cada projeto.

Os autores explicam que o país não possui bibliotecas digitais de BIM com

sistemas de classificação ou normatização padrão. A Finlândia utiliza como base

a BIMobject – biblioteca sueca tida como padrão global ao conectar fabricantes e

desenvolvedores em todo o mundo.

35

4.4.2 Resultados

Segundo Wong e Nadeem (2013), a Finlândia desenvolveu diversos

manuais de BIM com ajuda de um projeto de pesquisa com colaboração público-

privada chamado “ProIT”. Conduzidos com o apoio da Indústria, os guias

explicam requisitos gerais de produtos em projetos da AECO.

Wong e Nadeem (2013) explicam que a Finlândia desenvolveu diretrizes

detalhadas com o objetivo de explicitar requisitos e conteúdo de dados

necessários para cada participante do projeto.

Segundo Kassem e Amorim (2015), as orientações BIM foram atualizadas

em 2012 e são denominadas “COBIM 2012”. O conteúdo delas pode ser visto no

quadro 1, abaixo.

36

Quadro 1- Orientações “COBIM 2012” (KASSEM e AMORIM, 2015)

37

4.4.3 Perspectivas Futuras

Kassem e Amorim (2015) explicam que, atualmente, considerando-se a

ausência de procedimentos específicos, os gestores usam procedimentos

convencionais (impressos) a partir de processos documentados, como referência.

O país busca desenvolver as legislações de políticas de desenvolvimento do BIM

para os próximos anos.

4.5. BIM na Noruega

Segundo Kassem e Amorim (2015), o governo norueguês possui como sua

principal consultora de edificações a Statsbygg – Agência de Defesa da Noruega.

Esta é responsável por ser comissionaria, gerente e desenvolvedora de obras e

projetos de engenharia. A agência, no início dos anos 2000, foi responsável pelo

desenvolvimento de projetos piloto a partir do modelo IFC. Já no ano de 2010, a

utilização do BIM tornou-se obrigatória para todas as edificações do setor público.

Os autores ressaltam que a demanda por projetos desenvolvidos em BIM

foi imposta pelo setor público. Apesar da adoção e da divulgação dessa

estratégia, as associações de indústria também têm desenvolvido seus próprios

manuais do modelo.

Kassem e Amorim (2015) explicam que o país voltou-se para o

desenvolvimento de guias, em vez de protocolos e normas. Como consequência,

percebe-se a ausência de métricas ou referências para facilitar a avaliação e o

melhoramento do desempenho dos projetos e, também, a ausência de

normatização do fluxo de trabalho em BIM, o que dificulta a padronização das

trocas utilizadas no modelo. Outra questão levantada diz respeito à forma de

contratação. Ainda não há documentos contratuais que remetam a questões

específicas de propriedade intelectual e cunho legal, inerentes à implementação

da tecnologia.

4.5.1 Estratégias, objetivos e estágios

Para Kassem e Amorim (2015), o principal ator BIM na Noruega é a

Statsbygg, empresa pública pertencente ao Ministério da Administração Local e

Modernização, responsável pela direção das obras públicas e de propriedade

38

intelectual. Sua missão é desenvolver e implementar a política pública

norueguesa no setor imobiliário da construção.

Em maio de 2007, segundo Kassem e Amorim (2015), a agência Statsbygg

comunicou à imprensa os seguintes objetivos a serem conquistados em longo

prazo:

Melhorar a reputação de seus prédios para inquilinos e usuários;

Reduzir substancialmente os gastos operacionais e de construção e

os danos à propriedade.

A empresa desenvolveu também, em 2013, a última versão do “Manual de

Modelagem de Informação da Construção da Statsbygg – versão 1.2.1”. Este

contém uma lista detalhada de exigências obrigatórias e recomendáveis do BIM,

divididas em: exigências básicas do BIM; exigências gerais para modelagem em

BIM; exigências para projeto, local, zonas funcionais e espaços; exigências

específicas para as áreas de arquitetura, mecânica, elétrica e telecomunicações,

dentre outras. O mencionado guia também inclui algumas das melhores práticas

para a modelagem em BIM, na forma de regras gerais de nomenclatura, para a

classificação de áreas/ negócios (subconjunto da Tabela OmniClass 33),

participantes (subconjunto da Tabela Omniclass 34) e seus componentes.

4.5.2 Resultados

Na Noruega, de acordo com Wong e Nadeem (2013), criaram-se manuais

BIM para obras e serviços e o Governo utiliza esses manuais BIM para o controle

de todo ciclo de vida da edificação.

Segundo Kassem e Amorim (2015), sobre os níveis de adoção do BIM, não

foi possível encontrar pesquisas recentes. Uma pesquisa, sobre o significado do

OpenBIM, realizada pela buildingSMART, aponta para uma elevada taxa de

adesão em OpenBIM pelo o mercado imobiliário e para uma grande compreensão

dos benefícios do BIM.

39

4.5.3 Perspectivas Futuras

Já em 2015, a Statsbygg, em conjunto com a Forsvarsbygg (agência

norueguesa responsável pela gestão imobiliária da Defesa Nacional), a Helse

Sor-Ost (autoridade de saúde da região sudeste da Noruega) e a Helse Midt

(autoridade de saúde da região central) emitiu comunicado com o seguinte teor:

“(...) Até Primeiro de julho de 2016, exigiremos que todo o

software utilizado em nossos projetos para a criação, a edição, o

armazenagem e o processamento de dados da modelagem da

informação da construção deverá ser completamente

interoperável, ao transmitir e compartilhar informações da

construção baseadas em openBIM. Os softwares deverão ser

certificados para exportar, conectar e importar todas as

informações na última versão oficial de formatos internacionais,

abertos como o IFC (ISO 16739) e os IDMs oficiais da

BuildingSMART International e definições de visão de modelo”

(buildingSMART et al – 2014 apud Kassem e Amorim, 2015).

4.6. BIM em Singapura

Singapura, ilha com seis milhões de habitantes no Sudeste Asiático, iniciou

o incentivo ao uso do BIM em 2010. Segundo Silva (2015), o município sofreu

com grandes entraves relacionados à falta de demandas de projeto em BIM, ao

contexto de projetistas presos ao desenho em duas dimensões, à escassez de

profissionais qualificados a operar desenhos parametrizados e à carência de

recursos adicionais para o desenvolvimento e capacitação.

4.6.1 Estratégias, objetivos e estágios

Silva (2015) salienta que o Setor Público foi fundamental para consolidar a

utilização do sistema nos projetos da AECO. O Governo, com ajuda do BCA

(Building and Construction Authority – Agência do Ministério do Desenvolvimento

Nacional de Singapura, responsável por tratar da implantação de obras de

engenharia), apoiou empresas e projetistas disponibilizando manuais de

procedimentos e cursos de qualificação, publicando casos de sucesso no uso do

BIM em diversas áreas. Em 2011, foi criado um Comitê de Diretrizes para uso da

40

plataforma, esse, foi responsável pelo desenvolvimento de normas e pela

administração de recursos. O quadro 2 demonstra o processo de adaptação

gradual realizado pela Administração de Singapura.

Ano Método utilizado pelo Governo de Singapura

2012 18 grandes projetos públicos passaram a exigir BIM

2013 Houve elaboração de legislação obrigando os novos empreendimentos com mais de 20 mil m² a apresentar para aprovação projeto de arquitetura em BIM.

2014 Houve elaboração de legislação obrigando os novos empreendimentos com mais de 20 mil m² a apresentar para aprovação todos os projetos em BIM.

2015 Houve elaboração de legislação obrigando os novos empreendimentos com mais de cinco mil m² a apresentar para aprovação todos os projetos em BIM.

Quadro 2 – Método utilizado pelo Governo de Singapura para a consolidação do BIM

(SILVA, 2015)

4.6.2 Resultados

Conforme pontua Silva (2015), como resultado do incentivo ao BIM,

atualmente, um projeto com mais de 20 mil m² levará até 14 dias para sua

aprovação e todos os projetos encaminhados já possuem todas suas disciplinas

modeladas facilitando futuras manutenções e modificações. A Figura 10, Marina

Bay Sands, é um exemplo da eficiência dos projetos parametrizados. O complexo

possui três edifícios com cerca de 200 mil m² de área construída, segundo Silva

(2015), o empreendimento engloba cassino, Shopping Center, hotel, teatros,

museu e uma piscina de 340m de comprimento. A aprovação demandou três

meses de análise, uma vez que o projeto foi totalmente modelado utilizando

tecnologia paramétrica.

41

Figura 10 – Marina Bay Sands (SILVA, 2015)

4.6.3 Perspectivas Futuras

Silva (2015), em seu artigo, explica que a Ilha está desenvolvimento um

“Projeto Piloto” chamado COBie – Construction Operations Building Information

Exchange para Facility & Asset Managemente (6D). Esse consiste na adoção de

um sistema de troca de informações sobre projetos com uso do BIM responsável

por coletar e organizar dados de projetos e edificações existentes. O Projeto tem

como objetivo principal desenvolver força-tarefa para compor a entrega de

projetos integrados (Integrated Project Deliver, IPD), melhorar a comunicação

entre os projetistas e remover inconsistências antes do início da obra.

4.7. BIM nos Estados Unidos

4.7.1 Estratégias, objetivos e estágios

Diferente dos “Países Baixos” europeus, os Estados Unidos da América,

por ser um país continental, conta com o apoio da iniciativa privada na

implantação do BIM. Segundo Wong e Nadeem (2013), os esforços nos Estados

Federados podem não ser uniformes, assim o envolvimento do setor privado é de

suma importância para criar estímulos comerciais para o desenvolvimento e

melhoramentos de novos softwares. Wong e Nadeem (2013) ressaltam que o

incentivo do governo não seria suficiente para a aplicação eficaz do BIM, mas

também pontuam que o esforço da iniciativa privada seria pouco eficaz sem o

apoio dos órgãos competentes. Há um número significativo de agências não

governamentais envolvidas na implantação do BIM através dos EUA, que inclui

42

desenvolvedores de software, organizações de investigação e desenvolvimento,

instituições de ensino, bem como empresas de imóveis e construção.

Segundo Bueno (2016), a GSA (General Service Administration) é uma

Agência Independente, criada em 1949, pelos Estados Unidos da América para

prestação de serviços de infraestrutura predial. Seu objetivo principal é fornecer

serviços básicos a outras agências federais. As entidades públicas atendidas são

clientes da GSA, nessa condição, pagam pelo serviço recebido. Esses incluem

organização de espaços de escritório, mobiliário, gerenciamento de

computadores, suporte para Tecnologia da Informação, segurança, manutenção

predial etc. O órgão tem sua estrutura organizada em dois macros

departamentos: Public Building Services (PBS) e Federal Aquisition Services

(FAS). O primeiro é responsável pelo design, construção, operação e manutenção

das edificações governamentais ficando as demais funções sob responsabilidade

do FAS.

Bueno (2016) ressalta que antes da criação da GSA cada órgão era

detentor de seu próprio departamento de infraestrutura. Com os profissionais

trabalhando de forma separada era difícil estabelecer padronização de serviços,

de procedimentos e de supervisão de contratos.

Bueno pontua que o sucesso da GSA se deve ao fato de ser uma Agência

Independente, possuindo estabilidade institucional – criada por meio de Lei

Federal, os chefes do executivo não têm poder para extinguir a instituição – e

poder de regulamentação – autonomia para regulamentar as atividades

relacionadas ao seu papel institucional, essa característica potencializa sua

capacidade de inovação já que as decisões independem de aprovação do

congresso. Nesse sentido:

É interessante o fato de que, mesmo se a GSA fornecer espaço

para escritório em um prédio do governo federal, o ente locatário

ainda teria que pagar aluguel, o qual também é calculado de

acordo com o valor do mercado. Também é importante destacar o

fato de que a GSA é provedora de serviços de infraestrutura

predial para os órgãos federais de todos os poderes do Estado:

Executivo, Legislativo e Judiciário. Isso significa que mesmo o

43

Supremo Tribunal deve contratar a GSA quando decide adquirir,

por exemplo, um edifício para um novo tribunal. Como qualquer

outro cliente, terá que pagar o custo da construção, o aluguel para

ocupar o prédio e todos os serviços de operação e manutenção

contratados a partir da GSA. O aluguel coletado vai para o

Federal Building Fund (FBF), que é administrado pela GSA (do

PBS para ser mais específico) e para a aquisição de novos

imóveis federais. Esse modelo de negócio oferece um bom

mecanismo de controle para o orçamento público, uma vez que se

trata da fonte de recursos para as operações da GSA gaste mais

que arrecada, e faz com que demais órgãos pensem duas vezes

antes de tomar a decisão de expandir seu espaço na área central

de Manhattan, por exemplo. (Bueno, 2016)

4.7.2 Resultados

Segundo dados do sitio online da GSA, nos anos de 2009-2010 houve a

implementação de um programa chamado American Recovery and Reinvestment

Act (ARRA), respaldado por uma Lei de Recuperação do espaço construído,

como o objetivo de transformar edifícios federais em edifícios verdes de alto

desempenho. O trabalho de recuperação foi realizado em mais de 500 projetos –

foram contemplados os 50 Estado Federados, o Distrito de Columbia, as Ilhas

Virgens Americanas e Porto Rico – e teve como princípio básico a administração,

a supervisão e a transparência. Para alcançar os objetivos, as equipes utilizaram

sistemas integrados de trabalho, permitindo a entrega, em um curto espaço de

tempo, de um volume de trabalho sem precedentes na história da instituição.

O programa ARRA abarcou uma variedade de trabalhos, incluindo,

serviços de automação e mecânica, melhoramento do sistema de iluminação,

substituição de janelas, melhores soluções de telhados e coberturas, sistemas

para economia de água, sistema de energia renovável e reparos nas edificações.

A GSA também instalou 30 telhados verdes com o objetivo de ajudar a manter as

áreas urbanas mais saudáveis e reduzir a velocidades das águas pluviais.

Segundo dados do órgão conseguiram-se os seguintes resultados:

44

Os projetos concluídos agora possuem 22% a mais de eficiência

energética mais se comparados aos concluídos antes da ARRA.

Os prédios, além de suprir a própria demanda, fornecem energia

elétrica suficiente para abastecer 60 mil lares dos EUA e a redução

de gases do efeito estufa equivalem a tirar 76 mil carros da rua.

As instalações modificadas (reforma/retrofit) estão superando em

7% a economia de energia esperada em seus projetos.

As economias de energia poupam aos contribuintes, na forma de

impostos, 68 milhões de dólares por ano em custos de manutenção.

A GSA enfatiza que o objetivo chave da Lei de Recuperação era promover

benefícios econômicos e sociais em comunidades de todos os Estados Unidos.

Nesse sentido, foi feita a contratação de empresas de arquitetura e engenharia de

forma competitiva, como resultado, mais de 60% das empresas contratadas eram

de pequeno porte. A construção do novo Palácio de Justiça dos Estados Unidos

em Bakersfield, Califórnia, por exemplo, criou mais de 650 empregos na

construção, e os trabalhadores gastam até 200 mil dólares por mês de sua própria

renda na comunidade local.

Em 2010, a GSA se tornou a primeira agência federal a transferir e-mails

para um clound-based system (sistema baseado em nuvem), o que melhorou a

eficiência da informação e reduziu custos em 50%.

Em 2012, pelo sétimo ano consecutivo, a GSA foi nomeada como um dos

10 melhores lugares para se trabalhar no Governo Federal dos Estados Unidos. A

entidade também prima pelo desempenho ambiental, energético e econômico na

medida em que tornaram os edifícios federais mais eficientes em termos de

energia, incluindo contratos de poupança de energia, métodos avançados de

medição, programas como o Green Proving Ground e o EPA ENERGY STAR.

45

5 INTRODUÇÃO DA PLATAFORMA BIM NO BRASIL

5.1. Comentários Iniciais

Segundo Bueno (2015) o Governo precisa se conscientizar da importância

da introdução do BIM em obras públicas. Para isso, será necessário tornar a

ferramenta obrigatória em seus projetos.

É preciso ter a pro-atividade de dar o primeiro passo e adotar o

BIM como obrigatório para os projetos do Governo Federal, com a

mesma adoção lenta e gradual que foi feita em Singapura. O

Governo precisa assumir que as tecnologias atuais com BIM são

viáveis de serem implantadas e adotadas pela Administração

Pública, para adotá-la de forma mais eficiente no investimento e

implantação de obras de infraestrutura de qualidade e com sua

implementação dentro dos orçamentos e cronogramas

inicialmente previstos. (BUENO, 2015)

Considerando a importância do Brasil na América do Sul e a sua extensão

territorial, é de fundamental que o país modernize sua indústria e conduza o

processo de trabalho da AECO em ambiente virtual, dentro da América Latina.

Além disso, salienta-se a importância de capacitar os profissionais da área ao

trabalho na plataforma BIM, caso contrário, especialistas de outros países

detentores do conhecimento podem prevalecer no mercado de trabalho em

detrimento dos técnicos brasileiros.

5.2. Contexto político e econômico

Flanagan (2017) defende que a indústria da construção vive um momento

de internacionalização de seus projetos, somente através dela será possível

formular uma cadeia construtiva de oportunidades crescentes, de imparcialidade e

de prosperidade. A introdução de novas tecnologias na Construção Civil pode

trazer inúmeros benefícios em termos de economia de recursos e de tempo. O

autor pontua que o Brasil vive um grande dilema: ir à deriva ao encontro do futuro

ou moldá-lo à sua maneira. Nesse sentido, o país precisará mudar de postura

para se alinhar aos avanços das indústrias de outros países.

46

O Brasil tem as pessoas, as habilidades, mas precisa de uma

nova mentalidade para contar na cena mundial. O país tem a

maior indústria de construção da América Latina; e ela tem que ter

uma visão mais internacional. (FLANAGAN, 2017)

A plataforma não resolverá todos os problemas da AECO, mas pode

representar o início de uma melhor organização do setor. Somado a isso se tem a

pressão pela construção sustentável e uma maior exigência de qualidade por

parte dos consumidores.

O Brasil, nos anos de 2014 a 2016, tem sofrido com a queda das atividades

e com o desemprego. Catelani (2016) acredita que o momento de crise pode ser

favorável para o desenvolvimento de novas tecnologias na área. O entrevistado

compara o momento de crise da construção civil no Brasil com aquele vivido pelos

Estados Unidos em 2008, quando houve a crise do mercado imobiliário.

Quando a empresa tem muita atividade, não encontra tempo para

rever processos, treinar gente e melhorar a eficiência. Se o

empresário enxerga o amanhã, entende que é o melhor momento

para se preparar e se tornar mais eficiente. Até porque o futuro

será muito mais competitivo. Será mais fácil fazer uma mudança

agora do que quando o mercado retomar a aceleração.

(CATELANI, 2016)

Segundo Catelani (2016), construtores e empreendedores que pretendem

terceirizar projetos de arquitetura e engenharia devem desenvolver diretrizes de

modelagem. Dessa forma, deve-se realizar a entrega de um “caderno” com as

definições dos objetivos da contratação do modelo parametrizado, como devem

ser os parâmetros de organização, quais os sistemas e como esses devem ser

classificados.

No caso de contratações públicas, o caderno sugerido por Catelani (2016)

deve servir de suporte à licitação e ao Termo de Referência elaborado pelos

contratantes. As diretrizes podem, posteriormente, tornar-se referência de nível de

aceitação de projeto/serviço.

47

Catelani (2016) explica que, no caso de construtoras, a introdução de

projetos em BIM deve iniciar com a capacitação dos funcionários que farão as

exigências do modelo. O entrevistado explica que os gestores devem

compreender que, com exceção das construtoras que desenvolvem projetos, não

há necessidade de adquirir programas como Revit e Archicad, pois não haverá

modelagem. Os responsáveis pela conferência do projeto devem ter apenas

diretrizes bem definidas e um software de checagem – Model Checker – para

analisar se os modelos de arquitetura e estruturas estão de acordo com o

solicitado.

O posicionamento do autor deve ser pontuado com ressalvas no serviço

público principalmente no âmbito estadual. A experiência prova que, devido às

particularidades administrativas do setor e a especificidade de alguns projetos

(hospitais, centros de hemodiálise, prédios médico-veterinários, por exemplo), é

prudente entregar às empresas contratadas critérios de serviço bem definidos por

meio de estudo arquitetônico. Essas diretrizes de trabalho possibilitam economia

de tempo e de recursos da administração, uma vez que reduzem a duração das

fases iniciais de projeto.

Nesse contexto, o Governo Brasileiro, representado por seus gestores

públicos têm desenvolvido ações pontuais nos diversos órgãos com objetivo de

melhorar o sistema de coordenação de obras públicas.

A ideia de normatização e padronização deve ser uma constante

de obrigatória preocupação para o Governo. As regras precisam

ser claras e factíveis para o perfeito entendimento das

contratadas na busca por normatização de procedimentos e

diretrizes construtivas. O que existe é um amontoado de

legislações de difícil consulta e nenhum lugar compilando e

explicando as normativas existentes e nem desenvolvendo as que

estão faltando. (Bueno, 2015)

Para Kassem e Amorim (2015), a inserção do BIM resultará na mudança

completa do processo de projeto nos profissionais da indústria produtiva local. O

processo de adaptação do Brasil, assim como ocorreu em outros países

estudados, contará com as suas particularidades culturais, legais e

48

mercadológicas. Por conseguinte, em termos organizacionais, a formulação da

AECO brasileira não será igual a nenhum dos países estudados, mesmo após a

total utilização do BIM.

Dessa forma, um dos grandes obstáculos a ser enfrentado para completa

introdução da plataforma no Brasil será a padronização dos critérios de aceitação

de projetos, obras e serviços. A consolidação do BIM depende da interligação de

todos os profissionais envolvidos nos processo. Estes devem trabalhar de forma

organizada e homogênea e possuir e esquema de rede para compartilhamento e

troca de informações.

5.3. Importância de diretrizes sólidas de apoio ao BIM em nível nacional

Wong e Nadeem (2013) acreditam que a utilização regulamentada, sólida e

permanente, das iniciativas de incentivo a utilização do BIM, devem partir das

esferas mais altas do governo. Assim sendo, é irrelevante pequenos setores

iniciarem a utilização do deste sem que exista uma regulamentação dos órgãos

superiores incentivando e cobrando a utilização do BIM nas obras e projetos da

AECO.

Entende-se por diretrizes sólidas a regulamentação através de Normas

Brasileiras (NBRs) e leis orgânicas. Além disso, são essenciais incentivos

econômicos de apoio e incentivo ao desenvolvimento de softwares abertos

voltados ao mercado da construção civil.

Para Wong e Nadeem (2013), o suporte dos governos foi peça chave para

impulsionar o uso do BIM nos países estudados. Na Finlândia, Dinamarca e

Noruega, por exemplo, o fato de serem países pequenos facilitou a adoção de

novas tecnologias se comparado a países grandes, mas a experiência dos

Estados Unidos demonstra que países de grande extensão territorial também

podem implantar BIM se seguirem um plano de desenvolvimento adequado.

Especialmente na Escandinávia e em países mais maduros em

BIM, existem bancos que oferecem taxas menores de

financiamento se o projeto for desenvolvido em BIM, porque

sabem que o risco é menor. Nos Estados Unidos, as seguradoras

também consideram o BIM na hora de fechar o seguro da obra,

49

porque sabem que a construção tem mais previsão e muito

menos chance de erro e descolamento dos orçamentos. Outra

coisa que agente estuda é a maturidade BIM. Olhando para

países mais maduros, percebe-se um papel intenso do governo

(...). (CATELANI, 2016)

Como explicitado por Catelani (2016) os incentivos econômicos, feitos por

meio de decontos, podem servir de incentivo para que empresas (construtoras)

brasileiras trabalhem na plataforma BIM.

Os autores Wong e Nadeem (2013) sugerem que o BIM também pode ser

implantado por determinações legais e pelo apoio à pesquisa e iniciativa

científica.

Já para Flanagan (2017), do ponto de vista da internacionalização do

projeto, o apoio governamental seria uma parte muito importante no

desenvolvimento do setor, mas, na mesma medida, é fundamental trabalhar com

as forças já existentes. Dessa forma, a indústria precisa desenvolver seu

potencial e trabalhar de forma positiva identificando oportunidades de

desenvolvimento.

Com relação ao Brasil, devido à dimensão territorial do país, as políticas de

implementação e desenvolvimento do BIM devem contar com o apoio da

indústria. Assim como nos Estado Unidos, os níveis de desenvolvimento

interestaduais, devido às políticas internas de cada Estado, podem tornar-se

discrepantes de região para região. O desenvolvimento da indústria e a

padronização dos produtos facilitará a uniformização dos estímulos comerciais,

inclusive aos relacionados a criação de novos softwares.

Flanagan (2017) apoia o desenvolvimento conjunto da indústria com o

governo e ressalta que existem diversos exemplos bem-sucedidos de

internacionalização de projetos – estes somente adquiridos com utilização de

ferramentas BIM – que podem trazer boas ideias para o Brasil.

50

5.4. Garantias Legais

Segundo Kassem e Amorim (2015), o grau de formalização e normatização

dos processos e produtos é diferente em cada país e região, essa diversidade

acontece também quando se estuda as informações técnicas sobre os produtos e

processos disponíveis. No Brasil, a estrutura regulatória de processos de projeto e

construção é bastante limitada.

Os autores ressaltam que apenas os processos licitatórios públicos têm

uma legislação específica, à exceção de leis que regulamentam as atribuições

profissionais e alguns regulamentos voltados à prestação de serviços para órgãos

públicos. Dessa forma, a inexistência de leis e decretos relativos ao uso de BIM

não causa grande estranhamento dos profissionais envolvidos.

Os autores ressaltam que a ABNT criou, em 2010, uma comissão especial

de estudo voltada ao BIM, a ABNT/CEE-134 Modelagem de Informação da

Construção e que desde então elaborou três normas:

1. ABNT NBR ISO 12006-2:2010 Construção de edificação –

Organização de informação da construção. Parte 2: Estrutura para

classificação de informação.

2. ABNT NBR 15965-1:2011 Sistema de classificação da informação

da construção. Parte 1: Terminologia e estrutura.

3. ABNT NBR 15965-2:2012 Sistema de classificação da informação

da construção. Parte 2: Características dos objetos da construção.

Kassem e Amorim (2015) explicam que a comissão da ABNT montou um

grupo de trabalho para desenvolvimento da normalização dos requisitos de

conteúdo para objetos virtuais para uso nos processos BIM e respectivas

bibliotecas, mas ainda não publicou nenhum documento.

No governo brasileiro, Kassem e Amorim (2015) pontuam que o processo

de formação de preços e contratação de projetos é variado e tem forte influência

nas decisões empresariais. Em contradição à proposta inicial do BIM – que

preconiza a visão integrada do projeto – no Brasil prevalece a contratação de

51

projetos e obras através de licitação por menor preço ofertado, levando a uma

profunda separação entre concepção e execução de obra.

Os autores defendem que o Regime de Contratação Diferenciada (RDC)

ajusta-se melhor ao processo de projeto do BIM, pois nele é possível que todos

profissionais envolvidos – projetistas e construtores – trabalhem de forma

integrada.

Segundo Kassem e Amorim (2015), o desenvolvimento de projetos

integrados é importante para obtenção de melhores resultados de projeto e tem

sido o modelo de contração mais utilizado no exterior. Contudo, nas discussões

relativas à nova lei de licitações, as associações técnicas profissionais se

posicionaram contrárias a este modelo de contratação. Os autores consideram

que impedir completamente a contratação integrada, baseada em critérios

técnicos, pode ser contraproducente.

Contudo, deve-se discutir a fundo o assunto e as formas de abordagem da

Lei 8666/1993 – Lei de Licitações, de modo a permitir o desenvolvimento de uma

lei que iniba corrupções, dê oportunidade a pequenas e médias empresas e

permita a integração entre projetistas e construtores.

52

6 INICIATIVAS BIM NO BRASIL

6.1. Exército Brasileiro

De acordo com Kassem e Amorim (2015), o exército brasileiro é

responsável pela gestão de um grande patrimônio imobiliário distribuído por todo

o Brasil e em constante processo de mudança.

Segundo os autores, em 2006, a Diretoria de Obras Militares do órgão

enfrentava sérias dificuldades, destacando-se demandas relacionadas a:

A infraestrutura e facilities (FM) de novas construções e de

manutenção de 75.787 benfeitorias;

Gestão de patrimônio correspondente a 1.794 imóveis e 13.750

solicitações de obras;

Ineficiência e alta complexidade na gestão de patrimônio, ativos e

obras públicas;

Complexidades de ordem técnica, administrativa, cultural, normativa,

jurídica e legal da esfera pública e privada;

Gestão de terras, parcelas, benfeitorias (edificações), espaços,

ativos e processos.

Segundo Castro (2016), a migração do Exército para a plataforma BIM veio

da necessidade de melhoramento do sistema anterior, baseado na obra, para um

método que incluísse todas as fases construtivas como, por exemplo, benfeitorias,

imóveis e manutenção. Para Kassem e Amorim (2015), o órgão, percebendo que

não havia no mercado um sistema de gestão que atendesse integralmente suas

necessidades, optou por desenvolver internamente o Sistema OPUS – Sistema

Unificado de Processos de Obras – concebido esse para gestão do ciclo de vida

do ambiente construído.

O OPUS é um sistema integrado para o gerenciamento de fases

de resultado do projeto (por exemplo: aquisição, construção,

demolição) que inclui informações sobre mais de 16.000

construções, formando um portfólio de ativos administrados pelo

Exército Brasileiro. É um sistema baseado em web onde modelos

53

2D e 3D de várias fontes e vários formatos que podem ser

entrepostos com um mapa no Google usando um sistema de

coordenadas. Pela web, permite a troca entre vários níveis

detalhados de modelo (3D, 2D,etc) ou na fase de entrega do

projeto (construção, demolição, etc).”(KASSEM E AMORIM,

2015).

Para viabilização do programa, Kassem e Amorim (2015) explicam que foi

feita a unificação de setores distintos: o Sistema de Controle de Obras (COBRA) e

o Sistema de Controle de Patrimônio (DPIMA). A junção das duas funções

resultou no OPUS, nele, as funções anteriores, passaram a trabalhar de forma

integrada utilizando o georreferenciamento como base. A Figura 11 explica como

se deu a junção das duas atividades para formação do OPUS.

Figura 11 – Organograma com os componentes do OPUS (CASTRO, 2016)

Castro (2016) explica que a implantação da tecnologia no Exército

Brasileiro ocorreu com foco nos aspectos gerenciais da informação. Houve

preocupação significativa com a gestão, com a correta aplicação dos recursos e

com a neutralidade.

Para toda a concepção e desenvolvimento, utilizou-se a equipe de

engenheiros militares. Durante o primeiro ano, foram realizados

pesquisas e estudos para reunião de conhecimento e avaliação

54

do nível de maturidade existente em várias áreas tecnológicas,

inclusive na modelagem da construção – BIM. (KASSEM E

AMORIM, 2015)

Castro (2016) pontua que uma das dificuldades encontradas na

implantação do OPUS foi reunir todos os processos já consagrados na instituição

e colocá-los de forma otimizada dentro de um sistema interativo. Como no OPUS

as solicitações acontecem a todo o momento, houve necessidade de adaptação

dos processos e da capacidade de interação entre as partes envolvidas, conforme

pode-se observar na Figura 12.

Figura 12 – Imagem ilustrativa do sistema OPUS (CASTRO, 2016)

Ferreira e Bueno (2014) salientam que durante a transição da tecnologia

tradicional para o BIM, tanto contratados quanto contratantes precisaram estar

unidos pela mesma plataforma. Para viabilizar essa forma de trabalho, os

contratos estabelecidos determinaram que todos os projetos fossem

desenvolvidos em BIM, para que, posteriormente, houvesse a entrega do produto

na íntegra, pronta para integrar a plataforma do Exército.

Os autores explicam que, devido à complexidade envolvida, foi necessária

a elaboração de “projetos piloto”, ou seja, projetos introdutórios. Esses foram

desenvolvidos através de obras pré-selecionadas para a fase experimental com o

intuito de treinar os técnicos da organização e realizar melhorias no sistema,

visando o aprimoramento da plataforma.

55

Como os projetos introdutórios foram bem-sucedidos, a utilização do

Sistema OPUS passou a ser obrigatória para todas as obras contratadas/

executadas pelo Exército Brasileiro (FERREIRA E BUENO, 2014).

Segundo Castro (2016), o OPUS trabalha baseado em um Plano Diretor

georreferenciado, conforme Figura 13. De forma que nada é aplicado no sistema

sem antes ser classificado como uma demanda estratégica. Há preocupação

muito grande no registro das informações. Nesse sentido, o sistema de agenda

permite informar como está o andamento da obra em cada etapa e sua

expectativa de crédito.

Figura 13 – Planos Diretores em 3D - OPUS (CASTRO, 2016)

No Exército Brasileiro, ainda segundo Castro (2016), o Ciclo de Vida de

uma edificação, conforme figura 14, começa através de uma solicitação

estratégica ou de uma manutenção. Todas as solicitações de construção são

classificadas como estratégicas e têm plano básico de construção com validade

de 4 anos. As etapas anteriores à execução da obra devem ser controladas ao

longo do projeto para garantir que o recurso não seja perdido.

56

Figura 14 – Plano Diretor Militar para edificações (CASTRO, 2016)

O Sistema permite ainda que cada comissão regional de obras alimente o

OPUS com seu respectivo projeto. Esse é encaminha pra à DOM – Diretoria de

Obras Militares – para análise e aprovação. O OPUS possui integração com o

SIAFI – Sistema Integrado de Administração Financeira -, sendo alimentado pelos

dados de cada licitação (CASTRO, 2016). A Figura 15 demonstra a “Caixa de

Entrada de Projetos” para análise no OPUS.

57

Figura 15 – Caixa de entrada de projetos - OPUS (CASTRO, 2016)

Depois do contrato assinado, é possível identificar os dados sintéticos de

cada obra e seu relatório georreferenciado. Através dos marcos de controle, é

possível identificar o porquê de uma obra estar parada e se o problema pode ser

solucionado ou não. Caso exista alguma objeção para continuidade da obra, os

recursos destinados aqueles empreendimentos podem ser realocados para outras

finalidades.

Castro (2016) explica também que o sistema possui parâmetros de

recebimento e de descarte de obra. O OPUS também registra as solicitações de

manutenção corretivas e estão sendo implementados parâmetros para

manutenções preventivas.

Segundo Kassem e Amorim (2015), as maiores dificuldades encontradas

pelos gestores do órgão foram relacionadas a resistência por parte dos

engenheiros e arquitetos; a reformulação de todo o processo de gestão de

projetos e obras; e a falta de interoperabilidade entre as soluções BIM disponíveis

no mercado.

6.2. Secretaria de Planejamento da União (SPU)

Segundo Luke (2016), a SPU e o Exército Brasileiro estabeleceram um

termo de cooperação que resultou no geovisualizador de imóveis da SPU

58

(Figura16). Esse possui acesso público e identifica os imóveis da União por meio

de um ponto. Luke salienta que, assim como o exército, a Secretaria pretende no

futuro inserir mais informações ligadas às atividades do órgão, assim como dados

dos terrenos, dos imóveis e do ciclo de vida da edificação.

Figura 16 – Geovisualizador de imóveis da SPU (LUKE, 2016)

Luke (2016) que explica que a União vem mapeando seus imóveis

utilizando tecnologia de superfícies digitais do terreno. O método permite

identificar os domínios de terra via satélite e outras tecnologias sem precisar

enviar profissionais a campo. Os primeiros locais a serem identificados serão

aqueles em que não há dúvidas sobre sua posse, conforme figura 17, como por

exemplo, margem de rios.

A modelagem de “Predição Morfológica para Identificação de

Áreas Alagáveis”, é baseada em Modelos Digitais de Superfície e

técnicas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento. (LUKE,

2016)

59

Figura 17 – Modelo de mapeamento de áreas da União utilizando tecnologia de superfícies

digitais do terreno (LUKE, 2016)

O palestrante também destacou que o sistema de gestão geoespacial da

SPU realizou o cruzamento de base de dados e sistema de patrimônio para

identificar, em mapa, imóveis e seus respectivos valores de acordo com cada

região. Na figura 18, as bolas vermelhas estão associadas a imóvel de valor mais

alto, como centros comerciais, e as áreas residenciais de médio padrão são

representadas por bolas laranja.

Figura 18 – Exemplo de um Modelo de gestão espacial da SPU (LUKE, 2016)

60

Entre as outras funções já descritas o sistema de geoprocessamento do

órgão também permite identificar, por meio de visualização em três dimensões,

terrenos marinhos, aterros e sua posição e todos os dados cadastrados no banco

de dados da União, em concordância com a Figura 19.

O refinamento cartográfico realizado aumenta a precisão espacial

das informações, possibilitando a análise dos cadastros

existentes, o cruzamento de informações urbanísticas que

compõe a avaliação dos imóveis e a receita estimada para cada

segmento geográfico (bairro, cidade, raio). (LUKE, 2016)

Figura 19 – Exemplo de um Modelo de gestão espacial da SPU (LUKE, 2016)

6.3. COBie – Construction Operations Building Information Exchange

Segundo Camacho (2016) o COBie trabalha com o Ciclo de Vida do

edifício. Servindo como instrumento de transferência de informações entre a fase

61

de construção e de operação das edificações. Normalmente, há maior atenção

nos itens relacionados a projeto e obra.

Após entrega do edifício há transferência de informações de todos os

componentes do edifício como, por exemplo, a descrição detalhada de

equipamentos, data de início, prazos e garantias, atualização de contratos de

fornecedores e fabricantes, especificação de diferentes sistemas, gestão de

contratos com terceiros, listagem de peças de reposição, descrição, requisitos e

localização de equipamentos, manuais utilizados na manutenção e operação da

instalação.

A reunião de todas as informações contidas em um projeto é uma tarefa

exaustiva, que pode resultar na perda de informações e gastos desnecessários.

Normalmente existem informações importantes que não estão inseridas naquelas

enviadas ao canteiro. As ferramentas BIM podem ajudar na qualidade das

informações de projeto e obra, permitindo que essas sejam inseridas em uma

planilha (norma BIM dos Estados Unidos – Padrão Omini Class).

O COBie pode ser entendido como uma lista de todos os ativos mantidos e

gerenciados em um edifício. Este comporta um formato de troca de informações

que poderá ser uma planilha de cálculo com regras de preenchimento. O COBie é

exigido na entrega de obras no Reino Unido, sendo basicamente uma planilha de

cálculo com regras de codificação.

Levando em conta que, segundo Suzuki (2016), as edificações

apresentam, em média, custo adicional de 12,4% por ano devido à falta de

interoperabilidade. O COBie representa economia para os gestores de edificações

pois responde as seguintes perguntas: “O que tenho? ”, “Onde estão? ”, “Quais

características? ”, “Que modelo? ”, “Que necessito para manter? ”, “Está em

garantia? ”, “Necessito ferramenta especial? ”, “Qual a periodicidade de

manutenção? ”, “Quais as peças de reposição? ”, “Qual o processo de

manutenção preventiva? ”, conforme representado na Figura 20.

62

Figura 20 – Exemplo informações contidas no COBie (CAMACHO, 2016)

Segundo Camacho (2016), a planilha é comporta basicamente por 19 abas,

sendo algumas com preenchimento manual e outras com automático. Os dados

englobam desde informações gerais até chegar às especificas e, compreende

também, manual de serviços, relação de peças e componentes em estoque.

Como exemplo, Camacho (2016) descreve na Figura 21 a seguinte

situação: “uma componente luminária está inserida num forro, esse está dentro de

um ambiente, que está em um ambiente administrativo, em determinado andar

pertencendo a um edifício identificado. A luminária por sua vez pertence a uma

marca e um modelo, que está ligada em um sistema elétrico, dessa forma, precisa

também das instruções de substituição (manual), materiais para essa substituição

e peças de reposição associadas.”

63

Figura 21 – Exemplo informações contidas no COBie (CAMACHO, 2016)

Figura 22 – Exemplo informações contidas no COBie (CAMACHO, 2016)

O COBie serve de ligação entre os sistemas BIM e os softwares de

manutenção, conforme Figura 22. Devendo servir de base para a atualização de

dados de uma forma automatizada para garantir a qualidade da informação que

foi introduzida.

Suzuki (2016) afirma que o controle dos dados dos espaços, por meio de

medidores inteligentes em tempo real, permite a gestão de informações com os

dados informados. Por exemplo, informações sobre quem ocupa o espaço,

quantos metros quadrados cada departamento ocupa, o custo por metro

64

quadrado e o custo de cada funcionário. Como um sistema integrado pode-se ter

controle inclusive sobre o patrimônio com informação do conteúdo do objeto,

estado físico, garantia, forma e tempo de manutenção.

6.4. Estado de Santa Catarina

Segundo Pessato (2016), Santa Catarina foi o primeiro estado brasileiro,

através da Secretaria de Saúde, órgão da Administração Direta, a lançar editais

para contratação de projetos em BIM e a utilizar a tecnologia na análise de

quesitos técnicos ligados à qualidade e ao desenvolvimento de projetos utilizando

o software Solibri para essa avaliação. A iniciativa foi considerada inovadora na

medida em que permite a desburocratização a automatização via software da

análise de requisitos técnicos em processos de licitação por técnica e preço.

Silva (2016) explica que, antes do BIM, o Estado sofria com o

descompasso entre a expectativa da sociedade e a capacidade de entrega do

Governo de projetos consistentes dentro do prazo esperado. BIM, em um primeiro

momento, seria uma forma de viabilizar a assertividade desejada pelos

governantes, conforme Figura 23.

Figura 23 – Gráfico que compara as expectativas da sociedade e a capacidade de entrega de

obras do governo (SILVA, 2016)

De acordo com Silva (2016) o primeiro projeto elaborado em BIM no

Estado foi o “Instituto de Cardiologia de Santa Catarina”, o projeto foi contratado

pela Lei n. 12.462/2011 – Regime Diferenciado de Contratação – por meio de

65

empreitada por preço global. O primeiro desafio encontrado foi a exigência, na

licitação, de equipe e gerente (de projeto) para viabilizar a coordenação e a

gestão do fluxo de projeto. Em seguida, exigiu-se, no quesito técnica, o enviou do

padrão IFC desenvolvido pela empresa para análise em software (software Solibri

– análise objetiva). Cada quesito teve valor de 50 pontos – num total de 100

pontos –para a análise da empresa vencedora, conforme Figura 24.

Figura 24 – Método utilizado para pontuar as empresas participantes do Edital n°670/2014

(SILVA, 2016)

Silva (2016) explica que, na primeira licitação, houve uma série de erros

relacionados à contradição na aplicação de termos, ao excesso de exigências e

documentos, a generalização de restrições e ao caderno de BIM no Edital. A

equipe técnica foi ao máximo de discussões jurídicas, técnicas para aperfeiçoar o

modelo. Contudo, a primeira tentava foi cancelada para reedição. Silva (2016)

explica que na segunda tentativa o “Caderno de Apresentação de Projetos em

BIM” foi retirado da licitação, servindo como um conteúdo explicativo.

O autor explica a importância da exigência, em licitação, da

compatibilização de todas as disciplinas. Outro ponto levantado foi a inclusão de

um Estudo Preliminar em BIM como parte da Licitação, devendo a empresa

vencedora ser responsável pela “continuação do modelo”. Para viabilizar a

estrutura foi criado o LaBIM-SC – laboratório, formado por profissionais da

engenharia do Estado, responsável pelo desenvolvimento, melhoramento e

66

inovação em BIM – para determinar os padrões de qualidade exigidos pelo

Estado.

Segundo Pessato (2016), em 2015, a secretaria publicou um caderno que

traz procedimentos para o desenvolvimento de projetos em BIM. Este é utilizado

como anexo em editais para contratação de projetos desenvolvidos por meio

dessa tecnologia. No mesmo ano, houve a criação do “laboratório BIM” do

Estado, atuando na readequação dos projetos arquitetônicos e complementares

de CRAS (Centros de Referência de Assistência Social), estruturação do projeto

de reforma e ampliação do Hemosc, em Florianópolis, e na elaboração do projeto

de ampliação da Fundação Catarinense de Educação Especial.

Para o engenheiro e coordenador de projetos da Secretaria de

Planejamento de Santa Catarina, Rafael Fernandes:

Com a combinação do conceito e de ações práticas será possível

estruturar a ideia dentro do Governo do Estado. Comparando

2014 para hoje a gente evoluiu muito por conta de ações

colaborativas e coordenadas com outros estados que nos permitiu

fazer trocas. Modelagem da informação é muito mais gestão. O

nível de consciência, de conhecimento do que nós podemos fazer

aumentou. Antes agente apenas vislumbrava a ideia de que é

possível fazer um projeto melhor que vai refletir em uma obra,

hoje, o Estado tem condições de fazer uma gestão muito mais

organizada de seus projetos e obras que vão refletir no uso de

suas edificações. (PESSATO,2016)

Segundo Silva (2016) o BIM é estratégico para o Estado de Santa Catarina

por permitir a geração de novos negócios e novos empregos, a ampliação do

portfólio de empresas nacionais de TI, à aplicação do conceito de sustentabilidade

de forma mais efetiva, a agilidade na análise de projetos pelos órgãos de análise

(Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária, Órgão Ambiental e Prefeituras) e para

atrair novos investidores (desburocratização e transparência).

67

7 DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS PARA DIFUSÃO DO BIM NO BRASIL

Para Kassem e Amorim (2015) existem duas formas de se começar o

desenvolvimento de BIM. A primeira consiste em utilizar a introdução da

tecnologia como uma estratégia governamental – como ocorreu no Reino Unido e

na França – e a segunda, através de objetivos autônomos impostos pelas

principais organizações estatais, como na Finlândia, Noruega e Holanda.

Nos exemplos da França e do Reino Unido, a disseminação da tecnologia

ocorreu a partir de uma diretriz vinda do topo para a base (pressão coercitiva)

como medida para acelerar e desencadear o uso do BIM. Os autores ressaltam

que os respectivos governos utilizaram um “método por etapas”, tanto em termos

de tempo da delegação quanto do nível de uso do Modelo.

Considerando que o Brasil é um país de grande extensão territorial, a

introdução de vários atores líderes para o desenvolvimento do BIM é fundamental.

Deve-se, por outro lado, buscar formas de padronizar os recursos existentes.

Segundo Kassem e Amorim (2015), o desenvolvimento de normas e protocolos

no Brasil começou no ano de 2015, estas compreendem os princípios de

gerenciamento de informação que se aplicam a todos os ativos (construções e

infraestrutura) tanto em novos edifícios quantos em renovações.

Os autores explicam que os termos de referência ainda são a melhor forma

de balizar a qualidade dos projetos nos países onde a ferramenta é obrigatória.

Nesse sentido, os estudos de casos pilotos apontam que em formas tradicionais

de contratos, os requisitos do Modelo são incluídos nos protocolos do BIM de

cada país e adaptados às circunstâncias do empreendimento, fazendo parte dos

documentos contratuais daquele projeto.

Segundo Kassem e Amorim (2015), a medição do desempenho em BIM é a

primeira etapa que leva ao controle, ao aprimoramento e à otimização da

tecnologia e deve ser considerada como a principal ferramenta a ser utilizada

entre indivíduos, organização e projetos. Os autores explicam que a

disponibilidade de indicadores para a medição dos desempenhos deve se tornar

base de qualquer forma de certificação e credenciamento. Nesse sentido é

68

fundamental considerar as condicionantes e as particularidades de cada caso

específico.

A pesquisa desenvolvida por Kassem e Amorim (2015) aponta que o Brasil

encontra-se no estágio inicial de seis dos oito requisitos componentes da política

BIM, conforme Quadro 3.

Quadro 3 – Indicadores dos componentes da política do BIM no contexto

Internacional (KASSEM e AMORIM, 2015)

O país, devido aos esforços da Diretoria de Obras Militares (DOM),

destaca-se no quesito infraestrutura e tecnologia através de seu sistema de

gerenciamento de projetos baseado no OPUS. Os autores explicam que a

disponibilidade de uma estrutura de Tecnologia da Informação eficiente é

considerada como um progresso significativo no Brasil se comparado a outros

países.

Todos os países estudados nos quais o BIM é obrigatório e, em particular,

na Finlândia e na Noruega, fizeram um trabalho prévio de testes de tecnologias

BIM em projetos, que foram frequentemente realizados em iniciativas público-

privadas. Adicionalmente, variáveis como o tamanho relativamente pequeno de

tais países, o investimento de décadas na construção de pesquisas em TI, as

licitações de obras públicas realizadas por um número pequeno de organizações

governamentais, e o fato do setor privado ter absorvido os recursos necessários

69

para adquirir os projetos de construção usando BIM e padrões abertos. Isso

justifica o contexto que permitiu a exigência da utilização do BIM na Finlândia e na

Noruega (KASSEM e AMORIM, 2015).

Kassem e Amorim (2015) pontuam que a construção civil no Brasil

representa 2% da indústria mundial. Levando em conta que os contratos públicos

são assinados por vários órgãos governamentais, departamentos e organizações,

distribuídos central e regionalmente, tem-se o desafio de tornas as instituições

públicas aptas a “educar”, incentivar e envolver os clientes e as cadeias de

fornecimento a produzir componentes e materiais padronizados segundo os

critérios das bibliotecas BIM. Os autores ressaltam que, conforme relatórios da

“The Business Value of BIM for Construction in Major Global Markets”, no Brasil, a

utilização de BIM na indústria foca no controle de custos na fase da construção ao

invés da colaboração com os proprietários.

Por fim, os autores recomendam as seguintes ações como estratégia de

difusão do BIM:

Incluir objetivos do BIM como parte de uma “estratégia de

construção” ou “visão” nacional e oficial. Os objetivos do BIM,

explicitamente incorporados na política nacional, são normalmente

comunicados e recebidos mais efetivamente que os objetivos

autônomos. Kassem e Amorim (2015) explicam que a estrutura dos

ministérios do Governo brasileiro, no qual as responsabilidades pela

indústria de construção são divididas entre o Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Ministério

das Cidades (MCidades) e o Ministério do Planejamento, Orçamento

e Gestão (MPOG) representa um desafio para a formulação de uma

estratégia de construção, uma determinação em conjunto sobre os

objetivos do BIM, assinada pelos três ministérios, pode ser uma

abordagem significativa e efetiva;

Tornar o BIM obrigatório de forma gradual (em estágios) em projetos

adquiridos pelo Governo Federal. A abordagem em estágios

consiste em quatro dimensões: prazo de exigência, valor do projeto,

70

fase do projeto e tipo de projeto. Os autores exemplificam essa

abordagem com o Quadro 4 :

Quadro 4 - Proposta de método para a consolidação do BIM no Brasil (KASSEM e AMORIM,

2015)

Assim como ocorreu no Governo de Singapura, o Governo Federal planeja

introduzir a exigência da tecnologia de forma gradual. Os estágios de implantação

devem ser resumidos em: prazo de exigência, valor do projeto, fase do projeto e

tipo de projeto.

Kassem e Amorim (2015) reconhecem que para consolidação das

estratégias descritas acima será necessária a criação de normas, guias e

protocolos, a criação de atores líderes em BIM, arcabouço regulatório e a

obrigatoriedade de utilização do Modelo. Os autores explicam que, nos países

estudados, os protocolos e guias BIM foram desenvolvidos por equipes

multidisciplinares compostas de líderes do setor público especialistas em indústria

(Governo), profissionais da cadeia de fornecimento da construção (arquitetos,

engenheiros, contratadas, gerentes de instalações, gerentes de projeto, etc), de

empresas jurídicas, de software, e de tecnologia.

Segundo Kassem e Amorim (2015), outra estratégia de consolidação do

BIM no Brasil será a criação de um grupo de trabalho – GT BIM Brasil – com

objetivo de estabelecer uma rede de atores líderes com “poder de decisão” e

“responsabilidades voluntárias”. O GT será composto por três comitês: direção

técnica, direção de educação e treinamento e direção e engajamento. O líder ou

71

diretor do GT BIM Brasil pode ser um representante de qualquer uma das

organizações incluídas na Figura 25.

Figura 25 - Organograma do GT BIM Brasil (KASSEM e AMORIM, 2015)

Os autores ainda ressaltam que o GT BIM Brasil deve contar com seis

objetivos principais:

1. Desenvolver e promover protocolos, guias e outras normas técnicas

necessárias para a implementação do BIM;

72

2. Garantir o engajamento da indústria com a política do BIM em nível

Estadual e Federal;

3. Promover o fornecimento de uma infraestrutura de tecnologia adequada

para a aquisição pública de projetos BIM com suporte de organizações de

tecnologia e pesquisa;

4. Definir um plano de ação (contendo requerimentos e objetivos) sobre

aprendizado e treinamento em BIM com foco no ensino superior,

especialistas vocacionais e ensino técnico;

5. Disponibilizar financiamento para pesquisa e desenvolvimento de projetos

em BIM;

6. Influenciar a definição de incentivos, através de desonerações fiscais para

a implementação de tecnologias BIM em organizações e para o

treinamento de recursos humanos em BIM.

Em breve, deve ser incluída, nos objetivos do GT, a criação de um grupo

brasileiro do “buildingSMART” para a construção e o fortalecimento de padrões

abertos (softwares) BIM. Kassem e Amorim (2015) ressaltam que o fortalecimento

das bibliotecas digitais deve contar com o apoio de fabricantes e especificadores.

Nesse sentido, com o apoio do MDIC/ABDI/DEC - Exército está sendo

desenvolvida uma biblioteca digital BIM. Os métodos para torná-la autossuficiente

ainda estão em desenvolvimento.

Os autores recomendam, para expansão da tecnologia em nível nacional, o

agrupamento e a divulgação de estudo de caso BIM que mostrem histórias de

sucesso da implementação de protocolos e fluxos de trabalho BIM em projetos do

setor público. Por fim, aconselham a definição de um cargo que permita que um

profissional seja responsável, em nome do cliente, pelo gerenciamento de

informação de um projeto BIM.

Kassem e Amorim (2015) explicam que todas as entidades que são

representadas no “GT BIM Brasil” já existem, exceto os “Centros Estaduais BIM”,

“Grupos de Interesse BIM” e o “buildingSMART Brasilian Chapter”.

Os autores enfatizam que os “Centros Estaduais BIM” devem ser

estabelecidos para garantir o engajamento e promover o compartilhamento de

73

conhecimento BIM em nível estadual e atuarem como uma ligação nas

discussões do BIM em níveis estaduais e federais.

Conforme a política for planejada e implementada, os grupos de interesse

serão estabelecidos por meio de iniciativas de seus profissionais, daqueles que

estão interessados em explorar o Modelo para uso em projeto ou disciplina

específica de engenharia. Apesar destes grupos de interesse serem voluntários,

seu envolvimento pode ser importante especialmente na área de disseminação de

conhecimento e garantia de engajamento da indústria (KASSEM e AMORIM,

2015).

74

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se inferir a partir da experiência dos países estudados que as esferas

governamentais – tanto estaduais quanto federal –, com o apoio da indústria,

devem investir no desenvolvimento de softwares livres para AECO. Conforme

demonstrado nos tópicos anteriores, cada profissional da engenharia deve utilizar

o software que melhor se adapta às suas necessidades. Sendo que, a melhor

forma de se obter a comunicação, entre os participantes de um projeto, é a

utilização do padrão IFC.

Quanto aos órgãos públicos, esses precisam buscar apoio dos

profissionais da Tecnologia da Informação para o aprimoramento e o

desenvolvimento de programas de software aberto de manutenção e

gerenciamento de projetos (KASSEM e AMORIM, 2015).

Baseado nas informações disponibilizadas por Kassem e Amorim (2015),

depreende-se que os entes federais, de maneira geral, já estão se organizando,

por meio de congressos e treinamentos, no sentido de consolidar o uso do BIM

em seus órgãos. Os autores ressaltam a importância da criação de “Centros

Estaduais BIM”, para disseminação do conhecimento aprendido dentro das

organizações, assim como aconteceu na Inglaterra.

Considerando que alguns estados do Brasil possuem extensão territorial

vasta, seria pertinente a criação de centros regionais BIM, para o

compartilhamento do conhecimento nas cidades do interior.

Nesse sentido, os entes governamentais precisarão investir em cursos de

capacitação para seus servidores e congressos visando à troca de conhecimento.

Partindo-se do princípio que o conceito fundamental do BIM é o trabalho

integrado, será imprescindível que todos profissionais da administração pública da

AECO trabalhem de forma integrada, situação diversa daquela que acontece

atualmente no Governo, na qual, os profissionais trabalham de forma isolada e

fragmentada em cada secretaria e, na maioria das vezes, isolados nos diversos

órgãos da própria secretaria.

Para consolidação do BIM faz-se necessário que todos os profissionais da

área trabalhem de forma organizada e homogênea, sendo que, a primeira etapa

75

de trabalho, seria estabelecer uma organização e conhecer os técnicos da área

ativos dentro de cada Estado. Esses devem eleger um representante em cada

secretaria para disseminar o conhecimento adquirido nos congressos, reuniões e

treinamentos.

Contudo, não é recomendável que cada órgão espere o BIM se tornar uma

estratégia governamental para iniciar os estudos na área. Iniciativas pontuais e

objetivos autônomos, por meio de projetos piloto, são muito importantes para o

crescimento da tecnologia e servem de evidência para o convencimento dos

benefícios do BIM, nas instâncias superiores do Governo.

O exemplo do Estado de Santa Catarina prova que é possível desenvolver

BIM dentro das Secretarias. No caso do Estado, a primeira iniciativa deu-se pela

Secretaria de Saúde por meio de um projeto piloto -“Instituto de Cardiologia de

Santa Catarina”. Como toda inovação, a Secretaria sofreu dificuldades

relacionadas ao processo de licitação, ao domínio da tecnologia, dentre outros

obstáculos. No entanto, ao final do processo, os resultados obtidos superaram

aquilo que era esperado, o Estado, hoje, é referência em gestão de projetos em

BIM, possui grupos de estudo dedicados ao aprimoramento da tecnologia,

laboratórios e é referência para outros Estados.

Conforme mencionado nos tópicos anteriores, o atual momento de crise da

construção civil no Brasil, é favorável para que os setores relacionados à AECO

revejam seus processos, treinem pessoal e, como resultado, melhore a eficiência

dos serviços prestados.

Os Estados que desejam iniciar seus trabalhos em gestão de projetos

parametrizados encontram o contexto ideal, pois, há tempo disponível para

estudo, há exemplos bem-sucedidos no Brasil e no exterior, com pessoal disposto

a compartilhar o conhecimento adquirido, e há pressão para o desenvolvimento

de construções ecoeficientes.

Outro ponto levando, com a experiência adquirida pelo Estado de

Santa Catarina e com os entes Federais, diz respeito ao papel dos gestores

públicos frente a esta nova forma de trabalho. Com a introdução dos projetos

parametrizados e com a gestão de projetos em plataforma virtual, haverá a

76

diminuição do tempo gasto com correções de projeto e erros construtivos. Dessa

forma, seguindo o exemplo do Estado de Santa Catarina, haverá mais tempo para

investir nos estudos para: melhoramento da plataforma de gestão de projetos e do

ambiente construído, para viabilidade de projeto e concepção arquitetônica –

desenvolvimento de simulações –, para desenvolvimento de demandas

estratégicas e para investimento em construções que gerem menos impacto ao

meio-ambiente.

Conforme descrito é de suma importância que o Governo comece a

exigir projetos em BIM – combinação de modelos 3D, dados e processos – como

forma impulsionar e treinar as empresas contratadas a capacitar seus

profissionais. Partindo do princípio que a tecnologia transformará a forma de

trabalhar o espaço construído, deve-se garantir que empresas nacionais

desenvolvam conhecimento em engenharia simultânea e BIM, caso contrário,

esse mercado será dominado por empresas estrangeiras especialistas na área.

Por fim, segundo Suzuki (2016), a utilização do BIM na Administração,

permite a transparência e o respeito ao gasto público, viabiliza a consolidação das

metas de redução de despesas, a medição do recurso despendido com as

edificações e seus servidores e a redução de gastos com a vida útil dos bens.

Através do melhor gerenciamento das informações do espaço construído será

possível obter uma visão estratégica dos gastos e investimentos, comparar e

melhorar os processos de gestão por meio de medições e estatísticas.

77

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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