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1 1 INTRODUÇÃO A reflexão acerca da fenomenologia da imagem nos animais vem contribuir para o debate acadêmico sobre idealização da imagem mental enfocando mais especificamente a discussão sobre as bases teóricas que alguns empreendimentos científicos utilizam para designar seus significantes. Busca complementar as informações sobre o tema tanto para os acadêmicos de medicina veterinária, como para aqueles que tentam decifrar a origem da vida anímica. As pesquisas relacionadas aos fatores condicionantes da percepção e da imagem também podem auxiliar no estabelecimento de diagnóstico de enfermidades acometidas pelos animais, contribuindo assim, para o avanço da semiologia veterinária. Entender as diferenças de adaptabilidade entre espécies que vivem em uma variedade de habitats e aquelas que se restringem a habitats limitados pode levar à compreensão de como se pode melhorar a adaptabilidade humana frente às variações do nosso ambiente. O estudo da fenomenologia da imagem não é um importante campo científico apenas por si próprio, mas também por ter feito importantes contribuições para outras disciplinas com aplicações para o estudo do comportamento humano, para as neurociências, para o manejo do meio ambiente e de recursos naturais, para o estudo do bem-estar animal e, principalmente, para a educação de futuras gerações de cientistas. Muitos problemas da sociedade humana estão frequentemente relacionados a interações entre ambiente e comportamento ou entre a visão genética e o comportamento. As áreas da Socioecologia e do Comportamento Animal lidam com a questão das interações comportamentais e do ambiente, tanto do ponto de vista imediato, quanto do evolutivo. Um número crescente de cientistas sociais tem recorrido ao Comportamento Animal como uma base teórica para interpretar a sociedade humana e para entender possíveis causas de problemas das sociedades. A aplicação dos conceitos fenomenológicos, principalmente pela bioética, fortifica o surgimento de um novo paradigma remodelador dos significados comportamentais. Estes paradigmas ecológicos resultam de uma suposta assepsia metodológica. Propõe-se que os estudos sobre o fenômeno imagem não devem, de modo algum, adotar modelos naturalistas a fim de adquirir credibilidade científica. Esse tipo de objetividade que a tradição científica preconiza aqui não pode se realizar. Por isso a importância em estimular e produzir estudos que forneçam elementos capazes de construir

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1 INTRODUÇÃO A reflexão acerca da fenomenologia da imagem nos animais vem contribuir para o

debate acadêmico sobre idealização da imagem mental enfocando mais especificamente a

discussão sobre as bases teóricas que alguns empreendimentos científicos utilizam para

designar seus significantes. Busca complementar as informações sobre o tema tanto para os

acadêmicos de medicina veterinária, como para aqueles que tentam decifrar a origem da

vida anímica.

As pesquisas relacionadas aos fatores condicionantes da percepção e da imagem

também podem auxiliar no estabelecimento de diagnóstico de enfermidades acometidas

pelos animais, contribuindo assim, para o avanço da semiologia veterinária. Entender as

diferenças de adaptabilidade entre espécies que vivem em uma variedade de habitats e

aquelas que se restringem a habitats limitados pode levar à compreensão de como se pode

melhorar a adaptabilidade humana frente às variações do nosso ambiente.

O estudo da fenomenologia da imagem não é um importante campo científico

apenas por si próprio, mas também por ter feito importantes contribuições para outras

disciplinas com aplicações para o estudo do comportamento humano, para as neurociências,

para o manejo do meio ambiente e de recursos naturais, para o estudo do bem-estar animal

e, principalmente, para a educação de futuras gerações de cientistas.

Muitos problemas da sociedade humana estão frequentemente relacionados a

interações entre ambiente e comportamento ou entre a visão genética e o comportamento.

As áreas da Socioecologia e do Comportamento Animal lidam com a questão das

interações comportamentais e do ambiente, tanto do ponto de vista imediato, quanto do

evolutivo. Um número crescente de cientistas sociais tem recorrido ao Comportamento

Animal como uma base teórica para interpretar a sociedade humana e para entender

possíveis causas de problemas das sociedades. A aplicação dos conceitos fenomenológicos,

principalmente pela bioética, fortifica o surgimento de um novo paradigma remodelador

dos significados comportamentais. Estes paradigmas ecológicos resultam de uma suposta

assepsia metodológica. Propõe-se que os estudos sobre o fenômeno imagem não devem, de

modo algum, adotar modelos naturalistas a fim de adquirir credibilidade científica. Esse

tipo de objetividade que a tradição científica preconiza aqui não pode se realizar. Por isso a

importância em estimular e produzir estudos que forneçam elementos capazes de construir

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as bases desse entendimento inovador.

Tais questões acima levantadas motivaram a realização deste estudo, que busca ser

mais uma fonte de pesquisa sobre os condicionantes da imagem com intuito de contribuir

com a reflexão dos padrões de análise sobre esta temática até então predominantes entre

alguns grupos de estudiosos. Para tanto, objetivou-se realizar uma análise sobre os

condicionantes do comportamento imaginativo dos animais e, especificamente, visou-se:

analisar algumas interpretações dentre várias conhecidas sobre comportamento animal

considerando os fatores que propiciam seu desenvolvimento emocional; compreender as

interpretações sobre o mecanismo pelo qual o animal constrói sua percepção sobre o mundo

que o cerca e; explicar a significação da imagem enquanto resulto da experiência do

animal. Para tal análise foi necessário buscar explicações nas mais variadas ciências,

comparando-se os vários eixos teóricos.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

“A fenomenologia começa quando ´colocamos fora do jogo a posição geral de existência que pertence à essência da atitude natural.´”

(HUSSERL, 2008).

Os estudos sobre a idealização da imagem dos animais a definem como uma

linguagem que apenas é manifestada através do comportamento. Este deve, por sua vez, e

para melhor entendimento da subjetividade psíquica, ser encarado como algo além do

comportamento orgânico. Mesmo que não reflita numa ação geral, o comportamento

esboça várias ações virtuais, como as modificações iônicas nos potenciais elétricos das

membranas celulares do pensamento, orientados a uma ação (BARTHES, 2006).

Várias ciências se ocupam da tradução e investigação de determinantes elementares

estáveis para a imagem (DEL-CLARO, 2004). Dentre elas está a fenomenologia, ciência

que estuda a essência dos fenômenos, que não considera as coisas, mas a maneira como

elas se dão (HENRY, 2008), e a semiótica, que define o processo comunicativo evocado

pelo comportamento em pelo menos seis elementos: Um emitente, um receptor, uma

mensagem passada entre eles, um código comum que torna a mensagem inteligível, um

contato ou meio físico de comunicação, e um contexto. Quando este conceito atinge o

universo animal obriga-se a aceitação de que ainda não se tem tanta clareza quanto à

dimensão de aplicação de pelo menos um desses elementos, o código comum entre o

receptor e o emissor, o que leva a uma nova perspectiva comunicativa, tendo em vista a

amplitude que os processos comunicativos atingem. Esta variável comunicativa propõe o

comportamento visto do prisma do emissor como emotiva, e vista do prisma do receptor

como conotativa. Estas definições são repetidas com outras terminologias por muitas outras

áreas de pesquisa diferentes (WRIGHT, 1996; SANTAELLA, 1997; BOHM, 2005).

As várias vertentes da semiologia se organizam na esteira do pensamento

linguístico. Todos os signos naturais (como é tratado o conjunto de elementos simbólicos

do real) são vistos como sintomas pela semiologia (BORDENAVE, 2002). Ela fornece

conceitos analíticos onde as mensagens são consideradas uma estrutura de significação. Na

perspectiva semiológica, o conceito de linguagem abrange todos os sistemas utilizados na

estruturação e transmissão de um conjunto de significações, podendo-se atribuir os mesmos

valores aos estudos semióticos e estruturalistas. Estas ciências indicam um campo particular

que envolvem os poemas, o canto dos pássaros, os sinais de trânsito, os sintomas

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medicinais e assim por diante (BARTHES, 2006).

Assim, de acordo com CAMPOS (2008), o estudo do comportamento animal não é

apenas relevante para resolver as questões de interesse dos pesquisadores da área, mas

também pelas importantes contribuições a outras áreas do conhecimento como a

neurobiologia, o estudo do comportamento humano, a conservação do meio ambiente, o

manejo dos recursos naturais e o bem-estar animal, entre outras.

2.1 Da Subjetividade da Imagem

A concepção da reflexologia já defendeu a vida psíquica dos animais fundamentada

empírico-objetivamente na atividade dos centros encefálicos como resultados de

associações infinitas de reflexos congênitos e adquiridos (MELO, 1979). Segundo

Snowdon (1999), o estudo do comportamento animal era uma ponte entre os aspectos

moleculares e fisiológicos da biologia e da ecologia. Reduzir o comportamento assim, à

dimensão fisiológica como resposta do organismo aos estímulos em vista de uma adaptação

ao meio risca a presença do sujeito sem muita pena.

A imagem nos animais observada somente através do reconhecimento cientificista

equivale, no mínimo, a tomar uma parte pelo todo. Engano que conduzirá fatalmente a uma

visão parcial e unilateral da realidade (MELO, 1979). As ideologias racionalistas são

apenas transitivas, e, pela perspectiva de antigos nomes como Rousseau (2007) e de Kant

(2008) tem profundas implicações sociais, políticas e filosóficas. Ela guarda as relações

mais estreitas com questões de poder social.

O comportamento animal pode ser explicado, mas tão somente bem entendido

quanto a sua individualidade biológica e filosófica (HEIDEGGER, 2007). Em todas as

funções corporais existe uma elaboração imaginativa (WINNICOTT, 1990). A vida

psíquica, contrariamente, pode apenas ser compreendida (MELO, 1979). Tanto a psicologia

quanto a fenomenologia não têm o poder de entrar na experiência dos animais. Apenas o

pesquisador experiência as evidências de suas experiências (HUSSERL, 2008).

Muitos estudos sobre o comportamento mental dos animais esbarram no medo de

recorrer ao antropomorfismo, isto gera mais tabus nas pesquisas, inclusive regras ditando o

uso linguístico. Para esta forma de fazer ciência, um animal não é assustado por um leão;

ele demonstra comportamento de fuga (MASSOM; McCARTHY, 2001). O que, por muitas

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vezes, pode até ser o termo mais adequado a ser usado. Acontece, porém, que os termos do

tipo estímulo-resposta podem se tornar difíceis de descreverem grande número desses

comportamentos ideacionais. London (2003), sociólogo identificou forças animalescas

inconscientes no cerne do comportamento do homem, assim como reconheceu a base do

comportamento humano nos outros animais, as traduziu em uma literatura menos

cientificista e é reconhecido até hoje.

Muitas são as ciências que estudam a imagem, isto proporciona grande variação das

áreas de atuação. Entre elas estão empresas de valores de saúde, bem-estar e higiene

mental, organizações clínicas, promoção de vendas, publicidade, organizações e estratégias

políticas e projeções ideológicas nacionalistas ou de empresas particulares, daí segue-se

todo o direcionamento comercial, de todos os setores econômicos. Seu estudo requer a

relação de muitas das ciências de base para serem aplicadas a um objetivo único, mas

completamente variável (SCOTTY, 2010).

2.2 Percepção e Imagem

A imagem e sua estruturação representam epifenômenos de um único processo

desde sua origem. Várias correntes de pensamento as qualificaram sob perspectivas

diferentes. O monismo materialista defende que a representação física da realidade é a

própria realidade por ser a única forma de percebê-la. O monismo espiritualista,

contrariamente, define a imagem como algo que representa. Esta concepção a defende

como uma criação artificial dos sentidos. Contudo, vários grupos de estudos de

fenomenologia existencial põem a questão como sistemas de notações (MELO, 1979).

Alguns grupos de estudiosos a coloca sob a função comunicativa. Não a diferenciam

quanto sua natureza real ou representativa. Estruturalistas, por exemplo, acreditam que a

imagem, independente de sua natureza, é um significante para outro significante. A grande

questão para eles é diferenciar o significante do significado e, por conseguinte, da coisa real

significada (FARR, 2004).

Anatomistas já atribuiram à glândula pineal o local de contato entre o sensível e o

supra-sensível (GHIRALDELLI, 2005; MACHADO, 2007). Há também quem afirme

existir operações de pensamentos sem a presença de imagem (MELO, 1979). O estudo dos

fenômenos da consciência não consegue responder até que ponto pode aceitar estas

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afirmações. Watson (apud MELO, 1979) já dizia que seu estudo era cientificamente

impraticável. A fenomenologia surge em resposta a esta obsessão míope pela categorização

de fatos, e, que, à luz do estruturalismo, não passam de autodefinições (HUSSERL, 2008).

A análise da vida psíquica desfigura a sua realidade. Por isso objetivou-se o estudo do

comportamento anímico enquanto tidos como formas de reações, enquadrados em grupos

de processos (SCOTTY, 2010). A percepção pode ser entendida, então, em termos

quantitativos em relação à intensidade, claridade, número de estímulos e alterações

fisiopatológicas (MELO 1979).

Os conflitos entre idealismo e materialismo e subjetivismo e objetivismo estão

sendo interpretados pela ciência hoje como fenômenos imbricados e interpenetrados em

todos os planos e a cada instante de sua integração evolutiva de forma que não se tem como

delimitar onde começa um e acaba o outro. A psique não está em um órgão determinado

(MELO, 1979). A psicologia cognitiva propõe a imagem mental como a representação de

uma experiência perceptiva (SANTAELLA, 1997). Por se tratar de uma representação,

entende-se que nunca haverá como identificar o ponto de fusão que transforma a percepção

em imagem (SARTRE, 2008).

2.2.1 Percepção

A percepção pode ser defendida como o processo através do qual um animal recebe

e analisa informações sensoriais em adaptação ao meio ambiente (BORDENAVE, 2002;

DEL-CLARO, 2004; MACHADO, 2007). Para que a percepção ocorra é necessário que o

estímulo seja dotado de carga afetiva potencial, sem a qual a imagem não se forma no

campo da consciência. A imagem sensoperceptiva acusa-se por aspectos característicos

como a nitidez, promovendo claridade e definição da imagem, corporeidade e estabilidade,

a imagem é estabilizada (MELO, 1979). O neurofisiologista Calvin (1998) afirma que sob o

ponto de vista objetivo, este mundo percebido será atingido por uma análise conjugada do

universo físico, por um lado, e pelo comportamento do outro. A consciência na verdade,

nem é considerada como único centro do sentido. Há um sentido em curso bem anterior à

própria imagem, ou melhor, à consciência da imagem. O cérebro funciona, neste sentido,

em silêncio, não exige reconhecimento (WINNCOTT, 1990).

Pode-se dizer que há duas classes de processos informativos: os processos

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intrasubjetivos de memória e pensamento e os processos intersubjetivos (SANTAELLA,

1997; FARR, 2004).

Resumidamente, em todos os seres vivos estão presentes receptores que identificam

informações endógenas e exógenas (DEL-CLARO, 2004; NISHIDA, 2007). Defende-se

que para percepção acontecer, as áreas cerebrais e o aparelho sensorial, incumbidos de

receber e elaborar as sensações precisam estar íntegros anátomo-fisiologicamente (MELO,

1979; SCOTTY, 2010). Melo (1979) chamou de impressão a especial modificação que um

estímulo determina em um órgão atingido. Esta impressão é projetada nas estruturas

encefálicas, elaborado sob a forma de sensação, vindo a ser identificado e reconhecido

(MACHADO, 2007).

O comportamento do organismo varia em função das propriedades físicas dos

objetos que compõem o ambiente, como a frequência sonora. Mas, se consideradas

isoladamente, as propriedades físicas não parecem determinar obrigatoriamente um

comportamento (DEL-CLARO, 2004). A imagem é oferecida ao senso íntimo

primeiramente como sensação. Contudo, ela não pode ser classificada como um

conglomerado de átomos, de sensações ou sentimentos. Ela é desde sempre uma unidade

dominadora (MELO, 1979; SARTRE, 2008).

A forma como evoluiu os neurônios é um indício de sua responsabilidade em

relacionar o interior ao meio exterior. Eles se desenvolveram primeiramente no interior em

direção a superfície externa dos organismos (MACHADO, 2007). Existem receptores

neuronais para diversos fatores: luz (cones e bastonetes- fotorreceptores visuais), calor, frio,

radiação, pressão superficial, pressão profunda, dor, tato da pele ou dos pêlos, deformação,

compressão e estiramento de tecidos, quimioceptores olfativos, gustativos ou medidores de

acidez gástrica, de ondas sonoras (mecanoceptores auditivos) e tantos outros (SCOTTY,

2010). Nenhuma realidade é percebida da mesma maneira (GOMES, 2000). A dinâmica

imaginativa passa por um processo de confrontação com a conformação da dinâmica

interna (BORDENAVE, 2002). O resultado dessa interpretação é seu significado pessoal.

Outro fator é que nem todos os tecidos, bem como nem todos os animais permitem que

estejam presentes todos esses tradutores. As serpentes, por exemplo, possuem o órgão de

Jacobson, no fundo da garganta. Ele capta odores carreados pela língua. Já as moscas,

“cheiram” fazendo uso das antenas que possuem pequenos orifícios com pêlos sensoriais.

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Estão entre as espécies que possuem conexões entre fibras nervosas desde

organismos multicelulares primitivos, até o sistema nervoso humano (NISHIDA, 2007).

MACHADO (2007) considera que o SNC possui três níveis de função. À medida

que, evolutivamente, os organismos animais foram atingindo a etapa multissegmentada, as

fibras nervosas e os corpos celulares neuronais agregaram-se, formando o eixo neural, que

é considerado o primeiro nível da função do sistema nervoso central.

No segundo nível de integração do sistema nervoso, desenvolveram-se grandes

agregados neuronais, transmitindo sinais controladores pelo eixo neural, se difundindo por

todo o corpo. Ao desenvolver este sistema de orientação mais preciso do espaço, se

originou o mecanismo de equilíbrio. Estas regiões ficaram muito desenvolvidas em animais

mais complexos, como peixes, répteis e nas aves, podendo ser comparáveis às bases do

encéfalo humano.

No terceiro e último nível de organização desenvolveram-se as periferias das

porções basais do encéfalo. Os mamíferos foram os animais que mais desenvolveram o

córtex cerebral, considerada a principal área de associações. Isto significa que nestes

animais existe uma capacidade maior de armazenar grandes quantidades de informações

sob a forma de memórias. Muitas das várias funções, como se pode ver, foram herdadas

desde os animais filogeneticamente mais primitivos.

Winncott (1990) argumenta que em termos evolutivos a percepção da natureza está

para a forma mais antiga do funcionamento do corpo.

A base primitiva do córtex cerebral, o arquicórtex, é uma qualidade presente desde

os peixes e ciclóstomos. Ele pode ser representado pelo hipocampo em muitos vertebrados

(MACHADO, 2007; CALVIN, 1998). Nos anfíbios o córtex se desenvolveu,

diferenciando-o em paleocórtex. Ele é representado pelas áreas do giro para-hipocampal.

Somente a partir dos répteis surgiu o neocórtex, se tornando predominante nos mamíferos.

O neocórtex é o revestimento de todo o resto dos hemisférios cerebrais (MACHADO,

2007).

O tecido nervoso contém dois tipos básicos de células. Os neurônios, condutores

dos sinais pelo sistema nervoso, e as células de suporte ou de isolamento, que evitam a

dispersão dos sinais dando o caráter fixo, temporal e espacial. Sartre (2008) afirma que o

que faz o animal ver e ouvir são as lembranças. As cores emanam mais precisamente de

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uma fonte não iluminada de pré-luz. Os sons do silêncio, as formas da ausência de formas.

A informação que a realidade oferece já penetra o inconsciente, distorcida pela expectativa

das células nervosas (CALVIN, 1998).

A neurociência explica, com bastantes detalhes, as alterações nos potenciais

elétricos das membranas ao longo dos axônios. Ela afirma, entre outras sublimações, que

quando um impulso nervoso atinge uma membrana do elemento pré-sináptico, dá origem a

uma pequena alteração capaz de abrir canais de cálcio, determinando a entrada deste íon. O

aumento de íons de cálcio no interior do elemento pré-sináptico provoca uma série de

fenômenos. Entre eles, a liberação de neurotransmissores nas fendas sinápticas e suas

difusões, atingindo seus receptores nas membranas pós-sinápticas (MACHADO, 2007).

Porém, se tratando da busca por explicar materialmente a imagem, Sartre (2008), afirma

que a ciência parecia estar andando em círculos.

2.2.2 Privação

O desejo só existe no universo da privação. As privações são variáveis

independentes do comportamento e, em geral, elas aumentam a probabilidade de um grupo

de respostas. A distensão da parede vesical estimula o reflexo de micção. Se privado da

ação de esvaziar a bexiga, a quantidade de estímulos aumenta de modo a coordenar mais e

mais fibras motoras eferentes. Em outras palavras, a privação domina o comportamento

fisiológico em sua manifestação mais abstrata ou racionalizada, ou seja, as condições de

privação alteram as probabilidades de toda uma classe de respostas (MACHADO, 2007).

Muitos animais crescem em convívio com seus irmãos e pais, estes, junto com

outros fatores ambientais participam da modelagem do comportamento. Não é mais

novidade para os cientistas a comprovação da influência da família na significação do real

imaginado nos animais (BAGACCEGA, 1998). As mães ursas, as cabras montanhesas e os

falcões, todos ensinam e protegem seus filhotes. Foi observado filhotes de falcões

peregrinos sendo punidos sempre que tentavam se aproximar de humanos (MASSOM;

McCARTHY, 2001). Contudo, nem sempre se define as características sociais adquiridas

por alguns animais como condutas de colaboração. As abelhas apresentam aparentemente o

que se conhece por pseudo-linguagem. Ao entrar na colmeia depois de descobrir uma

provisão, a obreira desprende um odor particular e executa uma espécie de dança. Estes

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sinais precisos indicam a distância aproximada e sua direção. Desta forma, a vida familiar

deve ser compreendida como um heterônimo subjetivo. Bakhtin (apud BAGACCEGA,

1998) considera a imagem individual um fato sócio-ideológico.

2.3 Semiótica e Processos Discriminatórios

A imagem com seu lado perceptível e seu lado mental unificados confluem em algo

que é chamado de signo. Quando um signo significa a mesma coisa que outro signo

substituindo-o, pode-se ser definido como um símbolo. Os símbolos dizem respeito aos

signos representativos (SANTAELLA, 1997). E é inconscientemente que na linguagem se

pressupõe o signo como a ausência do objeto que significa. Como definem os estudos

semiológicos: Toda imagem é, de certa maneira, metafórica. A imagem é caminho para o

símbolo. Os signos icônicos, ou seja, padrões de estímulos usados pelos animais, surgem

através da generalização da força do impulso e direção da energia. Isto acontece quando o

signo de alguma forma se assemelha ao que representa. De forma bastante semelhante são

os signos indéxicos, os quais estão associados àquilo o qual são indicados ou, de forma

mais arbitrária, o simbólico propriamente dito, quando o signo se liga ao seu referente

apenas conceitualmente. Contudo, estas definições são meramente funcionais, transitivas e

difíceis de chegar a um ponto limitante, mas pelo menos servem para definir o que é

denotativo e o que é conotativo (BORDENAVE, 2002).

O comportamento é um sistema de signos que se comunicam. Algumas imagens,

não as mais radicais, devem seu significado ao condicionamento. Entre os processos

simbólicos implícitos, os que podemos esperar como sendo os mais capazes de evocar

respostas através da generalização primária de estímulo, serão aquelas cujos correlatos

neurais mantêm uma semelhança estreita com os eventos neurais ocasionados pelos

processos sensoriais (HOLLAND; SKINNER, 1975).

As ciências cognitivas chamam de eidetismo a particular capacidade de se visualizar

figuras apresentadas, mesmo retiradas suas presenças (MELO, 1979). Estas generalizações,

para a semiologia, só adquirem valor de significação em virtude de suas marcas próprias

(BAGACCEGA, 1998). Estudos de lógica cognitiva estabeleceram por generalização a

ocorrência de uma resposta, Rx, na presença de outras situações diferentes do estímulo

condicionado, Sx, ou seja, é uma questão ontológica, de conotação. A percepção

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empobrece sem a presença de demarcadores (BARROS, GALVÃO; ROCHA, 2005).

Discriminação é o processo para se estabelecer uma forma de controle de estímulos.

Ela é, em si, a ocasião em que um estímulo está sendo reforçado. Os estímulos

discriminativos vêm antes da resposta, enquanto que um estímulo reforçador vem depois. O

animal diferencia qual resposta deve ser eliciada, mas há um reforço para o comportamento

ser realizado. Pode-se pensar em generalização de três tipos. Generalização de estímulo,

onde um estímulo passa a se conectar com uma gama de outros estímulos. Aqui vários

estímulos diferentes são interpretados como iguais por representarem mesmo radical

denotativo; generalização de respostas, quando um estímulo desencadeia uma resposta que

se associa a outra resposta. Na generalização de respostas, respostas diferentes atingem o

mesmo resultado; e Generalização de estímulo-resposta, quando um estímulo-resposta, S1-

RA, resultam em S2-RB sem alterar o valor de significação relativo (BARROS,

GALVÃO; MCILVANE, 2002, 2003; BARROS, GALVÃO; ROCHA, 2005).

A aquisição de repertórios discriminativos relacionais generalizados pode

representar uma vantagem evolutiva no processo de seleção natural das espécies. Estes

repertórios podem ser caracterizados em termos da ocorrência de comportamento novo,

independente de um treino direto de relações de controle de estímulos. Por muito tempo, foi

considerado que apenas os seres humanos podiam adquirir esses repertórios. Porém, vários

estudos realizados a partir dos anos oitenta do século passado (RUMBAUGH, 1984;

D’AMATO; COLOMBO, 1985; COLOMBO; GRAZIANO, 1994; HASHIYA; LEWIN;

SAVAGE- RUMBAUGH, 1994; KOJIMA, 2001) sugeriram que animais não-humanos

podem aprender repertórios discriminativos relacionais generalizados.

A estrutura sensorial da imagem é concebida segundo a forma de fragmentação e

recomposição. Muitas das informações são perdidas ou inibidas neste processo. Os estudos

sobre a estrutura e direção do pensamento diferenciam a resposta real, manifestada no

animal, da resposta ótima. Nem todas as coisas pensadas são comunicadas, assim, o

comportamento não comunica apenas da resposta ótima. A adaptação biológica pode ser

vista como uma questão de aproximar a resposta real da resposta ótima ou fazer com que o

organismo responda o mais adequadamente possível. A resposta ótima depende dos

estímulos exteriores passados e presentes e das condições internas do organismo. Somente

uma pequena parte das informações estímulos participa da resposta ótima. Muitas destas

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não são motivacionais (SARTRE, 2008)

Muitas vezes as informações dos estímulos externos presentes são supérfluas,

criando-se mais uma limitação importante do canal que vai do estímulo exterior a resposta

real. Os potenciais pós-sinápticos excitatórios e inibitórios são somados ou integrados

(MACHADO, 2007). Para se ter uma idéia, os caminhos aferentes, estudados pela

neurofisiologia, são cinco vezes mais numerosos do que as fibras eferentes. A entrada de

mensagens sensoriais tem que competir para controlar o caminho final comum. A variedade

de combinações de estímulos as quais os órgãos sensoriais podem ser expostos ultrapassa

claramente a variedade de respostas que o equipamento motor é capaz de emitir (CALVIN,

1998).

As informações que não estão relacionadas com a resposta ótima constituem a

maior parte do conteúdo de informações da situação de estímulo exterior. Rejeitar

informações é vital para a adaptação biológica. Verifica-se, na neurofisiologia, que as

sinapses nervosas são capazes de transmitir alguns sinais e de refugar outros. Da mesma

forma que existem mecanismos para se obter informação, há também mecanismos para

rejeitá-las. A atenção, um desses mecanismos, obstrui a transmissão de impulsos nervosos

em vários níveis entre os órgãos sensoriais e as vias motoras. A atenção se caracteriza

principalmente pela seletividade. Este processo mantém alguns “imputs sensoriais” assim

como reduz a atividade competitiva de outros estímulos (DEL-CLARO, 2004).

Existem também fibras que transmitem no sentido descendente influencias

inibitórias do córtex cerebral às primeiras junções nervosas encontradas pelas passagens

sensoriais depois de deixar as células receptoras. Como exemplo pode-se lembrar às

junções dos núcleos cocleares localizadas atrás da retina. Um gato bloqueia a resposta do

núcleo coclear na presença de um estimulo sonoro em virtude da atenção a estímulos

visuais e olfatórios mais significativos. Os diferentes códigos cerebrais associam-se entre si

no córtex nas chamadas “zonas de convergências para memórias associativas” (CALVIN,

1998).

Os estudos de cognição experiencial descrevem também respostas bem

padronizadas em defesa contra o mundus percebido. Pêlos arrepiam, batimento cardíaco

acelera, olhos se abrem. Papagaios assustados em ambientes estranhos podem esconder a

cabeça em um canto. A maior parte dos estímulos aversivos é condicionada e provocam

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imagens incondicionadas. Lógico que os estímulos não apresentam em si propriedades

aversivas. Estas são discriminadas em vários níveis dentro de sua individualidade. “O que

assusta um cavalo pode nem sequer fazer outro se mover” (MASSOM; McCARTHY,

2001).

2.4 Frustração

Frustração refere-se ao impedimento da satisfação de um instinto, nega-se aqui a

satisfação do princípio do prazer, a realização do id, extrato mais profundo, podendo assim

evitar uma excitação dolorosa ou desconfortante. Toda imagem é representada por um

sistema de significação (BARTHES, 2006). Contudo, a imagem criada sempre apresenta

certo grau de fracasso em relação a sua fonte. A psicanálise introduziu termos para

objetivar estas forças intrapsíquicas. O ego pode ser entendido como a parte do id que se

diferenciou ao entrar em contato com o mundo exterior (WINNCOTT, 1990). De certo

modo, o superego também pode ser considerado uma diferenciação especial do id. Ambos

os sistemas usam o ego como campo de batalha para vantagens próprias. O superego

impede que os impulsos primitivos do id irrompam no ego (MELO, 1979). O mecanismo

que se faz entender uma imagem subjetiva só pode ser afirmado primeiramente como

objetivo (SARTRE, 2008). Não é a toa que a psicologia trata a realidade imaginada como

algo clivado. Contudo, o Ego pode tentar evitar ou fugir das frustrações e conflitos

negando, disfarçando e falsificando suas relações com o meio. Considerar os mecanismos

de defesa com bons ou maus é uma questão de valor (ROUSSEAU, 2007).

A repressão, por exemplo, se refere basicamente à incapacidade de atingir uma

resposta porque ela é muito desagradável, não sendo possível nem sua lembrança. Ela pode

ser considerada como o mecanismo mais básico e descritivo das defesas. As experiências

reprimidas são respostas inibidas, não meramente perdidas. Estas inibições podem aparecer

mais tarde na consciência de forma disfarçada. Estudos a respeito da repressão confirmam

que associações agradáveis são mais facilmente lembradas do que associações

desagradáveis (CAMPOS, 2008). Outro mecanismo de defesa que vale a pena ressaltar é a

projeção, por demonstrar a variabilidade que as forças psíquicas atingem. Esta pode ser

entendida também como a externalização dos conflitos internos ou de outras condições que

14

o tivessem dado origem a dor e ansiedade conscientes. O ego podia enfrentar mais

eficientemente um perigo externo do que um perigo interno. Geralmente as defesas se

desenvolvem contra ansiedades neuróticas ou morais (SNOWDON, 1999).

Para comprovar estes mecanismos em animais Skinner desenvolveu uma situação

onde dava pequenas quantidades de alimentos a pombos em intervalos regulares,

independente de seus comportamentos. No final do período da experiência, 6 dos 8 pombos

haviam projetado algum tipo de resposta supersticiosa bem definida. Um dos pombos dava

voltas pela câmara no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio; Dois faziam

movimentos de pendulo com a cabeça. Em seus experimentos ele ainda constatou que

quando o alimentador foi desligado, mais de 10.000 respostas foram registradas, mesmo

sem o reforço ter sido contingente a qualquer resposta dos pombos. Qualquer conhecimento

pode ser tomado como uma superstição verdadeira bem justificada. Com efeito, as

superstições são intuições que, se sem conceito, são cegas. Contudo, conceitos sem intuição

tornam-se vazios (GHIRALDELLI, 2005; CAMPOS, 2008).

A Racionalização é mais uma variante da projeção. Ela mantém o pensamento sobre

uma lógica. Apresenta razões socialmente aceitas para justificar sua conduta. A razão

detém idéias cujo papel é fazer com que as categorias do entendimento funcionem somente

dentro de sua necessidade, inibem outras respostas (GHIRALDELLI, 2005).

As defesas servem, na medida do possível, para evitar os objetos ameaçadores,

porém, se usadas em excesso, tendem a perpetuar as dificuldades e impede a consecução de

reforços mais satisfatórios (BAUMAN, 2005). Grande parte das defesas é conflitante entre

si por se utilizarem de significantes em comum. Isto amplia a dimensão associativa inter-

relacionada entre as defesas, criando assim um roteiro mais ou menos lógico. São as

pressões exteriores quem estimulam para que as discriminações ocorram. Existir é o

impedimento inicial o qual todos os seres vivos possuem. Na concepção da linguagem-

signo, ser significa ser um significante para outro significante. Tem-se somente a

representação das coisas, não elas, nas mentes, então, atingir o objetivo é, primeiramente,

adaptá-lo ao palco do ego. Os estudos sobre o psiquismo aplicados à semiótica, ao

estruturalismo e à filosofia fenomenológica presumem que a imagem do real é uma reação

de encantamento sobre a disposição segura de uma imagem verdadeira. SCOTTY (2010)

ressalta que os seres supõem a imobilidade como mais clara do que a mobilidade. Pretende-

15

se passar das paradas ao movimento por via de composição, o que é impossível.

Fisiologicamente, através da percepção visual, assim como de outros sentidos,

existem reflexos que tentam estabilizar as unidades constituintes das imagens. Nas cristas

dos canais semicirculares do ouvido interno existe um líquido, a endolinfa. Os movimentos

da cabeça causam o deslocamento da endolinfa dentro dos canais semicirculares, que por

sua vez, faz mover os cílios das células sensoriais das cristas. Resumidamente, estes

impulsos seguem pelos prolongamentos periféricos dos neurônios do gânglio vestibular,

atingindo os núcleos vestibulares. Saem fibras destes núcleos que ganham o fascículo

longitudinal medial, indo diretamente aos núcleos do III, IV e VI pares de nervos cranianos,

determinando em sentido contrário ao da cabeça o movimento do olho, estabilizando assim

a imagem (MACHADO, 2007).

Uma verdade segura e formalizada é impossível devido a instancia do real. Esta

condição na formulação lacaniana é explicitada pelos símbolos intersubjetivos da potência,

a interdição do gozo infinito. Trata-se da simbolização de um elemento que supera as

expectativas pessoais de uma realidade (SOUZA, 2002).

Os processos perceptuais e conceituais são altamente susceptíveis de distorções

devido às centralizações, nunca se está imune a elas. Imutabilidade, permanência e

concretude, algo semelhante à tentativa que alguém pode alegar a respeito do

comportamento de todos os seres vivos por uma perspectiva genética e evolutiva (SOUZA,

2002).

2.5 Personalidade

A palavra personalidade tem várias atribuições derivadas do latim, persona. A

palavra personalidade, derivada também do latim, mas deu-lhe o nome per sonare, que,

traduzindo para o português atual, soar através. Seu desenvolvimento no organismo ocorre

cada vez que ele aprende uma nova resposta, a partir de eventos anteriores, contudo todo

organismo tem um limite dentro do qual poderá responder. Este limite pode ser

estabelecido pela hereditariedade e pela relação com o mundo (CASTELLS, 2001;

CALVIN, 1998).

A personalidade é caracterizada por traços de comportamento observada, então,

16

como padrões, mas isto é uma realidade apenas aparente e funcional, tendo em vista que

estes traços estão na perspectiva do observador e não do observado (BAUMAN, 2005;

HABERMAS, 2001). Bauman (2005) afirma ainda que a personalidade só é revelada como

algo inventado, e não descoberto. Ainda com tudo isso, os geneticistas dizem que bastam

dez gerações para se produzir dois tipos de personalidades de ratos diferentes (MASSOM;

McCATRHY, 2001). A personalidade não pode ser encarada como um traço

comportamental, mas um caminho (CASTELLS, 2001).

O processo de individualização da personalidade só pode ser compreendido como

socialização e esta por sua vez, como individualização. As forças internalizadas do ego

manifestam essa repressão ao dotar os organismos com as estruturas da personalidade

(HABERMAS, 2001). Os animais atuam em coletividade e, com isto, podem apresentar

personalidades múltiplas, até conflituosas entre si, tanto na auto-representação quanto na

ação social. Os processos de individualizações das personalidades se desenvolvem em um

eterno vir-a-ser (MELO, 1979; CASTELLS, 2001).

2.5.1 Identificação

Um fenômeno importante no desenvolvimento da personalidade é a identificação, A

identificação é uma defesa, quando certos reforços são negados ao indivíduo ou subtraídos,

tenta-se possuir as qualidades dos beneficiados. Pode-se entender por identidade o processo

de construção de significado com base em um atributo ambiental, ou ainda um grupo de

atributos interrelacionados (CASTELLS, 2001). E, tendo a comunicação função de

identidade (BORDENAVE, 2002), ela a seleciona e atualiza (BARTHES, 2006).

Imitações ocorrem sempre que recompensadas. Os filhotes de bípedes galináceos

imitam o ato de ciscar, desencadeado por uma reação mais ou menos reflexa. Golfinhos de

nariz-de-garrafa identificam e imitam os assobios de chamamento de uns aos outros

(MASSOM; McCARTHY, 2001). O mesmo ocorre em relação ao canto dos pássaros. Mas

a imitação verdadeira, em que o animal observa o comportamento do outro e o objetivo,

premeditando para si a mesma recompensa, é difícil. Em 1940 já haviam pesquisas

comprovando que símios inferiores tiveram bons resultados sobre o desenvolvimento desta

qualidade. Foi observado macacos no Japão copiando uma técnica feminina de tirar areia de

17

alimentos (CALVIN, 1998). Em um experimento condicionou-se um rato em um labirinto

para adquirir alimento. Outro rato, sem treinamento, foi colocado junto ao primeiro no

mesmo labirinto. O novo rato seria reforçado ao segui-lo. Cientificamente se diz que o rato

modelo se tornou um estímulo discriminativo (SD) para o rato seguidor. Quando o animal

pensa uma ação, seja sua ou de outro, ocorrem correntes de ação pelos músculos, mesmo

que não haja contração aparente. Foi observado em corvos e tordos que quando um

companheiro era retirado, eles emitiam sons ou elementos de canções que eram “principal

ou exclusivamente” produzidos pelo parceiro removido (MASSOM; McCARTHY, 2001).

A identificação não se limita às relações de imitação. O organismo, num sentido

amplo, in initio, parte do lugar do outro. É essencial à imagem do que se é a passagem do

ser como “falo onipotente”, ou seja, ser sua proporia significação, ao ter. Ter seu desejo

formulado numa linguagem para Outro. Esta condição representa a realização do corte

provocada pela lei. Este termo torna-se antropomórfico, já que em nem todos os animais

seria adequado usar este significante. Contudo, em todas as espécies se tem a mesma

dúvida sobre a presença de um ou alguns significantes chaves, que quando recalcado

regulam o conjunto dos significados. No sentido freudiano identifica-se o comportamento

como um eco, uma busca por resposta, é a tentativa de fazer compreender o que não se

comunica (CASTELLS, 2001).

A formação da imagem personalizada e organizada no animal só se dá quando ele

permitir que a atitude do Outro determine seu comportamento como uma propriedade

comum. chama este de estágio de alienação. Os valores que significam os objetos não

ultrapassam certos limites, assegurando o lugar do Outro. O simbólico define o lugar da

identidade do animal. Ele não se atrai ou sente repulsão por qualquer coisa que não seja

consigo mesmo. A imagem mantém o ser no concreto. Como a comparação destacou

semelhanças, como a semelhança é uma propriedade do objeto, como uma propriedade

parece ser uma parte do objeto que o possui (DEL- CLARO, 2004).

A conjunção entre o imaginário e o simbólico é o centro da relação que o

inconsciente estabelece entre o sujeito e a realidade. É a identificação narcísica, alienação

que principia todas as outras. destacou que de fato a ilusão é fundamental à ideação nos

animais e por isso, também devem haver formas de seleção para identificar as ilusões, o

que por sua vez, deve selecionar um dado grau de auto-ilusão, tornando inconscientes fatos

18

e motivações de modo a impedir que se traia a ilusão que está sendo criada (SNOWDON,

1999).

2.5.2 Cenestesia

A psicologia chama de cenestesia, esta espécie de consciência de seu eu físico. Em

condições normais a cenestesia é nula. Isto porque os estados sensoriais internos e externos

não são conhecidos, senão quando sua fisiologia está alterada. São as relações com a

realidade que se encarregam por romper a similitude e quebrar a identidade especular.

Rompida a similitude o indivíduo percebe a existência de outro diferente dele. A partir

desse momento ou aceita o Outro na alteridade, ingressando na imagem comunicativa, ou

continua acreditando na existência de simetria, entrando em delírio. Estes conceitos são

muito defendidos nos estudos psicológicos dos homens, mas Bohm (2005), assim como

WRIGHT (1996), defendem a existência destes fenômenos nos animais e ele tem o aval dos

estudos anatômico-funcionais dos neurofisiologistas.

Estas atividades associativas são vivas por si através das mentes, e não o inverso.

Desta forma, o sujeito individual é descentralizado e deixa de ser considerado uma fonte ou

a finalidade do significado. A consciência do eu exterior é o que determina o que é sujeito e

o que é objeto no mundo real imaginado (GHIRALDELLI, 2005).

Um animal não consegue ver a experiência de outro, suas motivações. Ele vê sua

evidência. Vê o outro conforme o experiencia. O ser aprende a se ver com os olhos do

outro. A consciência de si deriva de um entrelaçamento das suas perspectivas. Gnus e

gazelas se aproximam das hienas e outros predadores e observam suas matanças. Elas são

atraídas, arriscando a vida, mesmo quando a vítima é de outra espécie. Alega-se que é uma

vantagem seletiva, previne ataques e obtém informações sobre os predadores (MASSOM;

McCARTHY, 2001).

2.6 A Representação do Instinto

Algumas pessoas ao confundirem os limites entre as emoções e as imagens

terminam por atribuir esta característica apenas aos animais pensantes. A inteligência, na

verdade, é uma reação utilizada quando o animal não sabe o que fazer (CALVIN, 1998).

19

Muitas criações imaginativas acontecem o tempo inteiro nas mentes de todos os animais,

contudo, nem sempre seus significados apresentam uniformidade e funcionalidade com a

nossa realidade. Considera-se em graus um pensamento criativo de acordo com as baixas

probabilidades de ocorrerem inicialmente, serem imprevisíveis. Criatividade é conceito e

este está subordinado ao social (BARROS; GALVÂO; MCILVANE, 2002). BARTHES

(2006) descreve objetivamente esta busca no comportamento de um rato. Ele diz que um

rato posto em um determinado ponto de um labirinto onde há dois estímulos

discriminativos, ficará parado durante um tempo, virando sua cabeça de um lado para outro.

A inteligência e o instinto podem ser observados sob a óptica de níveis de conduta.

Portanto, a oposição entre o que é chamado de conduta inteligente e instintiva não é tão

grande como defendem alguns. Se trata de condutas comportando a presença, em graus

diversos e proporções bem diferentes, de elementos fundamentalmente semelhantes

(MACHADO, 2007).

O instinto parece ser o que há de mais inato na conduta, sendo desencadeada sob a

influência do meio ou da experiência adquirida, lembrando que inato não quer dizer

imutável, na verdade, o instinto apresenta um caráter de adaptabilidade ao meio. A conduta

instintiva apresenta, em geral, um grau de complexidade bastante elevado. É,

primeiramente, uma ação global que diz respeito à totalidade do organismo desencadeando

numerosos mecanismos de reação. A ação instintiva comporta uma série de atos mais

simples subordinados uns aos outros podendo ser encadeados durante um período curto ou

longo (SNOWDON, 1999).

Quanto mais complexo e intencional for um comportamento, mais afastado poderá

estar de um comportamento inteligente, simplesmente porque a seleção natural permitiu a

evolução de uma maneira segura de realizá-lo, deixando pouca coisa ao acaso (CALVIN,

1998). Em outras palavras, as motivações conscientes são motivadas por forças profundas

as quais nunca se consegue traduzir objetivamente e nem sequer identificá-las (WRIGHT,

1996).

No limite inferior das condutas instintivas se encontram os arco-reflexos, que, com

efeito, podem ser desconsiderados como condutas verdadeiras, pois não apresentam reações

no organismo como totalidade, apenas elementos de condutas, ou seja, respostas de órgãos

isolados, ligados a certos estímulos específicos em virtude da estrutura anátomo-fisiológica.

20

Por exemplo, o movimento de retração de um membro sob ação de um estímulo aversivo,

fechar as pálpebras, secreção de saliva. Até ao ato reflexo mais elementar há um grau de

atividade psíquica correspondente. Da mesma forma que não se pode negar a compleição

de algum elemento motor até no pensamento mais abstrato (BARTHES, 2006).

Alguns autores afirmam que o repertório das imagens-signos dos animais é

programado pela genética e se mantém igual através dos tempos (BORDENAVE, 2002). O

autor dá o exemplo das abelhas que a milhares de anos permanece executando a mesma

movimentação. Na verdade, o mundo não é o mesmo para as abelhas e elas tiveram que se

adaptar. Óbvio que sua estrutura cerebral primitiva a impede de criar, a nós, grandes

associações. Sua constituição nervosa continua se moldando ao meio, deixando impresso

isso em seu corpo. Para que a abelha alcance seu objetivo é preciso constantes

recombinações dos moldes sensoriais, corrige a trajetória (CALVIN, 1998). Quando uma

abelha volta à colmeia, executa uma espécie de dança na forma de oito. Ela transmite

informações sobre a direção, através da angulação, e sobre a distância de alguma fonte de

alimento, representado pela duração da dança.

Os animais absorvem muito do meio exterior a ponto de se perder dele. As coisas

ficam mais cinzas à medida que se cresce. Os dados perceptivos, compreensivos e

representativos, que habitam a consciência, uma vez apreendidos e fixados, articulam-se

imediatamente uns com os outros. Diferenciam-se em novos grupos dinâmicos autônomos,

a partir da organização de diferentes sistemas e, por sua vez, dão origem a outros tantos

agrupamentos Ao que parece, viver é para o espírito inserir-se nas coisas por intermédio de

um mecanismo (SARTRE, 2008). Ser para a linguagem significa ser um significante para

outro significante. A significação participa da substância de um conteúdo e do valor de sua

forma (BARTHES, 2006).

Bohm (2005) sugere as imagens semelhantes à visão epidemiológica de um vírus.

Elas se movem de maneira autônoma, passando de mente em mente, nas mais diversas

relações sociais e entre todas as espécies.

Para se compreender as relações simbólicas dos animais é preciso que várias

vertentes semióticas do indivíduo humano se organizem em sistemas lingüísticos mais

amplos (BORDENAVE, 2002). Os outros animais não se distinguem do homem pela

linguagem (BARTHES, 2006; MELO, 1979). Todos os seres vivos produzem signos ao

21

mesmo tempo em que os seres são criados pela semiose (ação do signo) (SOUZA, 2002;

SANTAELLA; NORTH, 1997).

2.6.1 Imagem

Em geral, denomina-se imagem qualquer sistema de processos internos que

apresentam aquilo que o sujeito sabe ou acredita saber a respeito de uma parte da realidade

externa, seja percebida, lembrada ou inferida. O primado do significante, seja ele da própria

imagem, não significa o primado de nenhuma origem, apenas sua inscrição reiterada de

uma identidade. Carece de origem porque ele ocupa o lugar do Outro, ou seja, o lugar da

falta. É importante ressaltar que quando se fala em imagem, não há qualquer diferenciação

substancial entre a percepção de uma vela acesa e a imagem do sol, elas não são

diferenciadas em termos quantitativos ou qualitativos (SARTRE, 2008).

A imagem é um misto de dom e de armadilha, de verdade e ilusão. Também

chamadas de sublimações, são consideradas vicissitudes do instinto. Na visão semiótica de

Santaella & North (1997) o mundo das imagens é dividido em dois domínios. O domínio

das imagens como representações sensitivas é o primeiro. São os objetos materiais, signos

representantes do meio. Para Souza (2002), as sublimações podem ser estendidas a todos os

meios de comunicação e instrumentos de uso funcionais da mesma forma que são as

propriedades motoras.

O segundo é o domínio imaterial das imagens mentais, ou das imagens mnêmicas

(MELO, 1979; SANTAELLA, 1997). Nesta última, a imagem pode se tornar mais

imprecisa e faltar claridade. Converte-se a corporeidade em incorporeidade, extrojeção em

introjeção e transforma a ininfluenciabilidade voluntária em influenciabilidade voluntária.

As criações das atividades imaginativas livres muitas vezes não são aceitas pelos juízos de

realidade. As imagens dos sonhos são constituídas por elementos das imagens mnênicas,

contudo, momentaneamente são aceitas por esses juízos. A imagem onírica, como são

conhecidas as atividades imaginativas dos sonhos, apresenta características tais como,

plasticidade, mobilidade, relativo ilogismo, introjeção e intemporalidade (MELO, 1979;

BAUMAN, 2005).

Os elementos sensoriais formam imagens fantásticas em relação a outros processos

discriminatórios da realidade e apenas por isso são julgadas fantásticas, oníricas à descrição

22

dos sonhos, eidéticas à expressão das memórias como processo discriminatório ou

pareidólicas como são mais estritamente chamadas (MELO, 1979). Santaella e Nörth

(1997) concluem que não há imagem como representações visuais que não tenham surgido

das imagens na mente daqueles que a produziram, do mesmo modo que não há imagens

mentais que não tenham alguma origem no mundo concreto dos objetos visuais.

Qualquer entendimento ou ideia apresenta um conhecimento por imagens. As ideias

geradas a partir das associações forjam ideias conflituosas com a imagem da realidade.

Contudo ela parece apenas um mecanismo, um papel acidental e subordinado, o papel de

um simples auxiliar do pensamento, de um signo. O animal não te autonomia de seus atos.

Seu comportamento é resultado do universo percebido, assim como a imagem induz a

criação do comportamento das coisas (BAUMAN, 2005).

23

4. CONCLUSÃO

O comportamento animal, reflexo da imagem, por sua natureza subjetiva, pode ser

explicado, mas tão somente bem entendido quanto à sua individualidade biológica e

filosófica. Entender a variedade de aspectos que os tornam semelhantes e diferentes ao

mesmo tempo é de suma importância para uma melhor compreensão do processo de

construção da imaginação.

Um dos condicionantes do comportamento imaginativo dos animais é a forma como

a percepção sobre o mundo que o cerca é construída. Entendida em termos quantitativos em

relação à intensidade, claridade, número de estímulos e alterações fisiopatológicas e em

termos qualitativos em relação ao modo como os animais se percebem, bem como à

realidade exterior, a percepção animal sempre será elaborada de acordo com as

experiências vivenciadas pelos animais.

Em relação à formação da imagem, é possível afirmar que não existe uma

padronização de como ela é construída, pois a imagem individual é um fato sócio-

ideológico. Além dos aspectos fisiológicos intrínsecos a cada espécie, sua construção

estaria também vinculada à relação social estabelecida entre o indivíduo e seu grupo social,

tornando-a um misto de verdade e de ilusão.

Por fim, a linguagem científica de alguns grupos isolados, adotando um padrão

biológico de análise, humaniza a imagem animal utilizando os significantes permitidos por

este sistema. Isto pode ser identificado quando se evidencia o crescimento de

empreendimentos com ações voltadas à padronização do comportamento animal, a exemplo

dos estudos do condicionamento, que é resultado do estigma da dominação tão presente em

nossa sociedade.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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