monografia: a morte de osama bin laden como acontecimento midiático no twitter | racquel tomaz

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL A MORTE DE OSAMA BIN LADEN COMO ACONTECIMENTO MIDIÁTICO NO TWITTER Racquel Pereira Tomaz Belo Horizonte 2012

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Trabalho de Conclusão de Curso. Resumo: O presente estudo tem como objetivo trazer à tona discussões sobre a dinâmica dos acontecimentos midiáticos em rede a partir de um estudo de caso sobre a construção da morte do líder da Al Qaeda Osama Bin Laden, em maio de 2011, como um acontecimento midiático no Twitter. É a partir do conceito de acontecimento e das características da dinâmica em rede, bem como as especificidades do acontecimento midiático em rede, que a análise foi feita, levando em consideração o funcionamento do Twitter como plataforma de interação de redes sociais na Internet. Para ver os slides da apresentação, acesse: http://slidesha.re/Z0UUWC

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Page 1: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

A MORTE DE OSAMA BIN LADEN COMO

ACONTECIMENTO MIDIÁTICO NO TWITTER

Racquel Pereira Tomaz

Belo Horizonte

2012

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Racquel Pereira Tomaz

A MORTE DE OSAMA BIN LADEN COMO

ACONTECIMENTO MIDIÁTICO NO TWITTER

Monografia apresentada ao Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção de título de Bacharel em Comunicação Social.

Orientadora: Prof. Geane Alzamora

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - FAFICH

Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Belo Horizonte

2012

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Aos meus pais,

a quem devo todas as minhas conquistas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família por todo o

apoio, à minha orientadora Geane por

toda a ajuda e a todos que, de alguma

forma, contribuíram para a conclusão

desse trabalho.

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RESUMO

O presente estudo tem como objetivo trazer à tona discussões sobre a dinâmica dos

acontecimentos midiáticos em rede a partir de um estudo de caso sobre a construção da

morte do líder da Al Qaeda Osama Bin Laden, em maio de 2011, como um acontecimento

midiático no Twitter. É a partir do conceito de acontecimento e das características da

dinâmica em rede, bem como as especificidades do acontecimento midiático em rede, que a

análise foi feita, levando em consideração o funcionamento do Twitter como plataforma de

interação de redes sociais na Internet.

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ABSTRACT

This study has the intent of bringing up discussions about the network mediatic events

dynamics from a case study about the construction of Al Qaeda leader Osama Bin Laden ‟s

death, in May of 2011, as a mediatic event in Twitter. It is from the concept of event and the

network dynamics characteristics, as well as the network mediatic event specificities, that the

analysis was made, considering the Twitter functioning as a Internet social networks

interaction platform.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................07

2 ACONTECIMENTO MIDIÁTICO EM DINÂMICA DE REDE...................................09

2.1 Sobre a noção de acontecimento midiático........................................09

2.2 Dinâmica de rede................................................................................17

2.3 Acontecimento midiático em rede.......................................................24

3 ACONTECIMENTO MIDIÁTICO NO TWITTER......................................................26

3.1 Twitter como ambiente sociocomunicacional em rede........................26

3.1.1 O serviço de microblogging.............................................26

3.1.2 Características sociocomunicacionais do Twitter............28

3.2 Entre o banal e o jornalístico...............................................................31

3.3 “O que está acontecendo agora?”.......................................................33

4 A MORTE DE OSAMA BIN LADEN NO TWITTER................................................40

4.1 A singularidade do acontecimento......................................................40

4.2 Aspectos metodológicos......................................................................41

4.3 O relato em tempo real........................................................................43

4.4 A construção do acontecimento no Twitter.........................................47

5 CONCLUSÃO.........................................................................................................54

REFERÊNCIAS..........................................................................................................57

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1 INTRODUÇÃO

A presente monografia tem como objetivo trazer à tona discussões sobre

a dinâmica dos acontecimentos midiáticos em rede a partir de um estudo de caso

sobre a construção da morte do líder da Al Qaeda Osama Bin Laden, em maio de

2011, como um acontecimento midiático no Twitter. Dessa maneira, pretende-se

compreender as contribuições dos usuários do Twitter na construção dos

acontecimentos midiáticos.

No capítulo dois é discutido como se dá a irrupção midiática de

acontecimentos cotidianos e jornalísticos, levando em conta o papel da mídia nessa

construção, ao atribuir-lhes visibilidade, segundo a noção de acontecimento em

autores como Rodrigues (1993), Berger e Tavares (2010), Lage (2011) e Antunes

(2007), entre outros.

A midiatização da sociedade é abordada como um processo que tem

modificado as interações e os processos sociais na medida em que os indivíduos

têm trazido para o contexto sociocultural as lógicas de funcionamento da mídia.

Esse conceito, suas características e consequências são abordados a partir de

autores como Muniz Sodré (2006) e Braga (2006).

A partir da apresentação desse conceito, a compreensão da interação,

bem como o papel da mídia em atribuir visibilidade aos acontecimentos

(THOMPSON 1999; 2008; FLORES & BARICHELLO, 2009), pode ser mais

facilmente compreendida.

Para discutir como a interação mediada por computador (THOMPSON,

2009) interfere na construção dos acontecimentos midiáticos, foi estudada a

dinâmica em rede, considerando os princípios do rizoma apresentados por Deleuze

e Guattari (1995) e segundo, sobretudo, os estudos de Recuero (2010) e Recuero e

Zago (2011). São destacados os valores intrínsecos às redes sociais na Internet e a

participação dos atores sociais no compartilhamento de informações.

A partir daí, é possível definir diversas características específicas do

acontecimento midiático em rede, relativas a um tipo de acontecimento midiatizado

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conforme a dinâmica de rede, contexto no qual é produzido, construído e

socialmente disseminado.

Com o intuito de obter uma melhor compreensão do estudo de caso

proposto, o capítulo três é composto da apresentação do Twitter como um site de

interação de redes sociais (Recuero, 2009) que tem obtido adesão social. Trata-se

de um ambiente midiático de construção social de acontecimentos em rede, que se

conecta com outros ambientes midiáticos online através da hipertextualidade. Foram

abordadas as suas características e como estas fazem do Twitter um ambiente

sociocomunicacional com o potencial de apontar acontecimentos midiáticos.

Dessa forma, é possível apreender as contribuições que a plataforma e os

seus usuários oferecem para que os acontecimentos em rede sejam construídos, a

partir da resposta que os indivíduos dão à pergunta proposta pelo Twitter “O que

está acontecendo agora?” e aos compartilhamentos feitos por eles.

No capítulo quatro, o caso proposto é estudado a partir das perspectivas

tratadas nos capítulos anteriores. Dessa forma, é possível ver como a morte de

Osama Bin Laden foi construída por meio de uma plataforma em rede e como isso

se repercutiu e interferiu na mídia tradicional. Através do método de observação

sistemática, foram analisadas publicações em sites de notícia que tratavam a

relação entre o ataque e morte de Bin Laden e a sua repercussão no Twitter, bem

como os perfis de dois usuários citados em algumas dessas matérias.

Com isso, foi possível compreender qual o papel do Twitter e seus

usuários na construção de um acontecimento de repercussão global e como isso se

reverberou para outros meios – no caso, no âmbito do jornalismo online.

Por fim, é apresentada no último capítulo a conclusão sobre a

participação dos diversos atores na construção dos acontecimentos midiáticos no

Twitter, acerca da filtragem e compartilhamento das informações, alcançando

visibilidade na rede.

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2 ACONTECIMENTO MIDIÁTICO EM DINÂMICA DE REDE

2.1 Sobre a noção de acontecimento midiático

A noção de acontecimento pode ser descrita sumariamente como “tudo

aquilo que irrompe na superfície lisa da história de entre uma multiplicidade aleatória

de factos virtuais” (RODRIGUES, 1993, p. 27). Enquanto o fato é toda e qualquer

ocorrência da vida cotidiana, o acontecimento se destaca em meio à realidade e

rompe com a rotina de forma inesperada.

De acordo com José Rebelo (APUD BERGER & TAVARES, 2010), para o

fato ser considerado acontecimento, ele deve aliar-se a seu potencial de atualidade

e pregnância. Sendo que a noção de atualidade está relacionada à produção do

acontecimento em si no espaço e tempo, enquanto a pregnância relaciona-se com a

ruptura causada na normalidade.

A diferenciação entre fato e acontecimento é particularmente relevante

nos estudos sobre jornalismo. Mas, segundo Berger e Tavares (2010), não é

possível fazer separação rigorosa entre acontecimento cotidiano e acontecimento

jornalístico, já que, como afirma Mouillaud (1997), o acontecimento cotidiano é a

substância que mantém o ecossistema da mídia, que funciona de forma a selecionar

e transformar os acontecimentos a serem noticiados. O acontecimento jornalístico

diz respeito, de acordo com Berger e Tavares (2010), à construção do

acontecimento em forma de notícia.

Elton Antunes (2007) dispõe, ao diferenciar acontecimento de

acontecimento jornalístico, que o primeiro funciona “como uma ocorrência inicial que

demanda a construção de uma interpretação” (ANTUNES, 2007, p. 30) e essa

interpretação se dá, para o autor, na forma de acontecimentos jornalísticos.

Segundo Antunes, enquanto o acontecimento cotidiano se dá pela ruptura, o

acontecimento jornalístico se dá pela marcação, pois este é um fato assinalado e

selecionado segundo os critérios de noticiabilidade determinados pela prática

jornalística.

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Berger e Tavares dissertam, ao falar do acontecimento jornalístico, que a

hermenêutica jornalística pode ser explicada, em primeiro lugar, pela necessidade

do ser humano de “falar (a alguém) sobre o que acontece no mundo” (BERGER &

TAVARES, 2010, p. 131), necessidade esta que não é exclusiva da mídia, mas é

intrínseca ao ser humano.

Adriano Duarte Rodrigues (1993) aborda o acontecimento jornalístico

como sendo um acontecimento de natureza peculiar que compõe um conjunto

limitado, pertencente a um universo muito vasto de acontecimentos e é a sua

notabilidade que o torna digno de ser registrado como notícia. Para o autor, são três

os fatores que atuam no processo de tornar os acontecimentos notáveis e, logo,

noticiáveis: o excesso, a falha e a inversão.

O excesso, característica mais comum, refere-se ao funcionamento

atípico da norma e na forma excessiva do funcionamento natural dos corpos. A

falha, por sua vez, está relacionada ao defeito no funcionamento regular. Já a

inversão caracteriza-se pelo chamado acontecimento boomerang, como no

simbólico exemplo, dado por Rodrigues (1993), do dono que morde seu cão ao invés

de ser mordido por ele.

Lage (2011) afirma que é através da mídia que “as causas, o cerne, a

dinâmica e as consequências, enquanto componentes imprescindíveis para a

inteligibilidade do acontecimento, são-nos dadas” (LAGE, 2011, p. 3), já que o papel

da mídia não está apenas na publicização do acontecimento, mas, também, em

construí-lo. E é por meio dos meios de comunicação de massa que os

acontecimentos podem marcar sua presença e obter visibilidade (NORA APUD

LAGE, 2011), devido à projeção em larga escala que a mídia faz dos

acontecimentos.

O acontecimento, quando adquire grande visibilidade nos meios de

comunicação, passa a caracterizar-se como acontecimento midiático. Para Daniel

Dayan, “eventos midiáticos [...] convidam seu público a deixar de ser espectadores e

a se tornar testemunhas ou participantes de uma performance da televisão”

(DAYAN, 2009, p. 25, tradução nossa).

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Há dois grandes incentivadores que estimulam a visibilidade e tornam o

acontecimento, um acontecimento midiático: o imprevisto, que desestabiliza o

sistema da normalidade, criando acontecimentos essencialmente midiáticos por seu

caráter acidental e inesperado; e o agendado que pode ser programado – evento

anunciado previamente – ou suscitado – evento induzido para tornar-se notícia

(BERGER & TAVARES, 2010).

Os acontecimentos programados são eventos públicos, o casamento de

uma celebridade ou a estreia de um filme. Os acontecimentos suscitados, por sua

vez, são planejados por indivíduos que não a mídia, mas para a mídia.

Esse foi o caso do ataque às Torres Gêmeas do World Trade Center no

dia 11 de setembro de 2001: a intenção era chamar a atenção de todas as câmeras

e meios de comunicação para o acontecimento em curso. Por isso, o intervalo de

quase trinta minutos entre o choque do primeiro avião à Torre Norte e o segundo

avião à Torre Sul: o primeiro choque atraiu as lentes das câmeras e os olhares dos

espectadores diante da televisão e o segundo choque foi um espetáculo transmitido

ao vivo pela televisão de Nova York para o mundo.

Segundo Cláudia Álvares, com relação ao acontecimento de 11 de

setembro, “o ritual mediático ao qual dá origem foi, em parte, ditado pelo „outro‟, com

o intuito de utilizar os media como espaço público de contestação, combate e

confronto em tempo real” (ÁLVARES, 2005, pp. 56-57).

Há também os casos em que a própria mídia afeta o acontecimento ao

midiatizá-lo. Um exemplo dessa afetação é o sequestro do ônibus 174, ocorrido em

2000, em que um assalto ao ônibus tornou-se um sequestro de grandes proporções,

pelo fato de o sequestrador perceber a presença da mídia ao entorno do ônibus e

decidir, por isso, adequar suas ações ao espetáculo que o fato se tornara.

Ao notar a presença das câmeras de TV, o próprio seqüestrador

estabelece estratégias de comunicação com o público: ele força uma

das reféns a escrever com um batom, no pára-brisa do ônibus, frases

como, “ele vai matar todo mundo”; encena dramatizações de maus

tratos às vítimas e simula a morte de outra refém, ordenando que o

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grupo demonstrasse pânico. [...] o seqüestro do ônibus tomou

proporções de [...] características de “espetáculo”, exatamente por

causa da audiência, estimada em 54 milhões de espectadores

(MAIA, 2006, p. 03).

Rodrigues (1993) lembra, por sua vez, que a própria visibilidade é um dos

fatores que atribui notoriedade aos acontecimentos, ao fazer deles acontecimentos

midiáticos:

É o próprio discurso do acontecimento que emerge como

acontecimento notável a partir do momento em que se torna

dispositivo de visibilidade universal, assegurando assim a

identificação e a notoriedade do mundo, das pessoas, das coisas,

das instituições [...] O que torna o discurso jornalístico fonte de

acontecimentos notáveis é o facto de ele próprio ser dispositivo de

notabilidade (RODRIGUES, 1993, p. 29).

Essa característica de os meios de comunicação atribuírem notoriedade

aos acontecimentos fez-se presente no exemplo do sequestro do ônibus 174, ao

considerar que assaltos a ônibus não eram fatos que atraíam a atenção da mídia em

situações comuns, pela sua grande frequência em cidades como o Rio de Janeiro.

Mas a visibilidade conferida durante as mais de quatro horas de transmissão ao vivo

não só afetou o fato, em si, mas atraiu o interesse público – além da comoção da

sociedade – para um acontecimento que era, a princípio, quando limitava-se a um

assalto, considerado parte do cotidiano.

A visibilidade midiática permite que acontecimentos ampliem sua

dimensão pública, interferindo em suas possibilidades interacionais, que se

expandem para além da copresença espaço-temporal, como afirma Thompson:

Um indivíduo não precisa mais estar presente no mesmo âmbito

espácio-temporal para que possa ver um outro indivíduo ou para

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acompanhar uma ação ou acontecimento: uma ação ou

acontecimento pode fazer-se visível para outras pessoas através da

gravação e transmissão para os que não se encontram presentes

fisicamente no lugar e no momento do ocorrido (THOMPSON, 2008,

pp. 20-21).

É do conjunto das emissões da mídia por uma gama diversa de

conteúdos, da qual o jornalismo é apenas um elemento, que a visibilidade midiática

é composta. A mídia é um instrumento que conecta a sociedade, gerando essa

interação que independe da copresença (THOMPSON, 2008).

Daiana de Oliveira Martins afirma que os meios de comunicação operam,

diariamente, na divulgação de fatos que adquirem o caráter de acontecimento ao

gerar notícias e reproduzi-las em larga escala (MARTINS, 2009). As tecnologias

apoiadas, sobretudo, na Internet, para Muniz Sodré (2006), não modificam a noção

de media, tornando-se os principais ambientes canalizadores das interações virtuais.

Isso porque os meios de comunicação não são apenas plataformas

responsáveis pela publicização dos acontecimentos, mas “apresentam-se como

moduladores das formas de vida e de visão de mundo” (FLORES & BARICHELLO,

2009, p.4) ao serem tomados como novas possibilidades de atuação com suas

lógicas de funcionamento, uso e significados. Essa visão de mundo, para as autoras,

está relacionada com a produção discursiva da sociedade:

Na contemporaneidade, o elevado nível de crescimento da

tecnologia impulsiona juntamente com outros fenômenos sociais e

culturais uma aceleração das formas de vida. É notável também um

tratamento mais superficial e veloz dado às questões-chave da

sociedade e às relações sociais, como se tudo acontecesse numa

atmosfera de agitação e fluidez materializada nos constantes e

instantâneos estímulos visuais e sonoros aos quais os indivíduos são

submetidos cotidianamente (FLORES & BARICHELLO, 2009, p. 3).

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As tecnologias resultam em novas formas de relacionamento entre o

indivíduo e o mundo e em novos processos comunicacionais, os quais não são

determinados pelos aparatos tecnológicos em si, mas constituídos na relação entre

os indivíduos e estes aparatos. Esta relação, expressa na dinâmica de inúmeros

fenômenos sociais e culturais contemporâneos, traz transformações na sociedade,

como se observa desde o surgimento da fotografia, do cinema e da televisão – a

chamada era das imagens.

As relações humanas, transformadas pelas neotecnologias, tendem a ser

cada vez mais virtualizadas devido à midiatização. A esta midiatização que

transforma as relações humanas, Muniz Sodré define como:

uma ordem de mediações socialmente realizadas – um tipo particular

de interação, portanto, a que poderíamos chamar de tecnomediações

– caracterizadas por uma espécie de prótese tecnológica e

mercadológica da realidade sensível, denominada medium (SODRÉ,

2006, p. 20).

A midiatização transforma e condiciona as experiências vividas “na

medida em que permite hibridizações com outras formas vigentes no real-histórico”

(SODRÉ, 2006, p. 21), caracterizando-se inclusive, segundo o autor, como

“tecnocultura”. A midiatização resulta numa mediação social exacerbada, quando

comparada às formas interativas das mediações tradicionais.

Os efeitos dos meios de comunicação têm se tornado cada vez mais

intrínsecos aos próprios acontecimentos e a presença destes, mais constantes. A

midiatização da sociedade tem ocorrido, principalmente, com o advento de novos

dispositivos tecnológicos que, hoje, permeiam ou ao menos afetam a maior parte

das interações sociais.

O termo midiatização pode se referir, segundo José Luiz Braga (2006),

tanto aos processos de interação social que passam a ser desenvolvidos segundo

as lógicas da mídia, quanto à midiatização da própria sociedade. Isso porque

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a sociedade constrói a realidade social através de processos

interacionais pelos quais os indivíduos e grupos e setores da

sociedade se relacionam [...]. Construímos socialmente a realidade

social exatamente na medida em que, tentativamente, vamos

organizando possibiblidades de interação (BRAGA, 2006, p. 3).

As interações e os processos sociais, quando desenvolvidos a partir das

lógicas de funcionamento da mídia, iniciam o processo de midiatização da

sociedade. Esse processo, ainda em continuidade, tem relação com o

desenvolvimento de novas tecnologias não só porque a tecnologia incita o processo

de midiatização, mas porque esta é um processo social que gera a tecnologia. Como

afirma Braga (2006), a própria sociedade, que está em processo de midiatização,

tem necessidade de tecnologia.

A Internet ampliou a importância das novas formas de visibilidade que

foram criadas pela própria mídia e tornou-as mais complexas. Afinal, essa revolução

tecnológica não introduz apenas novas máquinas, mas um novo modo de produzir e

de comunicar, novas sensibilidades e novos modos de percepção da linguagem

(MARTÍN-BARBERO, 2006).

Ao falar das novas tecnologias e as mudanças que essas trazem para a

socialidade, Thompson (2008) diz que o avanço da tecnologia dos meios de

comunicação institui novos campos de ação e interação, envolvendo novas formas

de visualidade e podendo tomar caminhos imprevisíveis. Essas novas formas de

visibilidade, trazidas por essa exacerbação midiática, possuem características que

variam de um meio para outro, moldadas pelos aspectos sociais e técnicos e pelas

formas de interação possíveis por cada um deles.

Segundo Leandro Lage (2011), pensar o acontecimento no contexto

dessa sociedade midiatizada é pensar que o interesse não está primordialmente no

acontecimento em si, mas em promovê-lo para que este penetre a esfera midiática.

Para o autor,

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a mediatização instaura uma condição em que os acontecimentos

não são mais simplesmente anteriores à apreensão jornalística

enquanto forma de julgamento daquelas rupturas no curso das

coisas. As ocorrências são, muitas vezes, medidas e pesadas para

que ganhem espaço na esfera de visibilidade midiática. (LAGE, 2011,

p. 8).

Uma característica importante da comunicação midiática contemporânea

é explicada por Charaudeau, quando este afirma que a transmissão e o consumo do

acontecimento estão cada vez mais consubstanciais ao seu surgimento

(CHARAUDEAU APUD FONSECA & VIEIRA, 2011).

Apesar de não se caracterizar, necessariamente, pela copresença

espaço-temporal, a comunicação midiática contemporânea carrega o caráter da

cotemporalidade, segundo Fonseca e Vieira (2011), na medida em que aproxima o

instante do surgimento do acontecimento e o instante do consumo da notícia.

Considerar o cenário da sociedade midiatizada na análise do

acontecimento midiático implica em rever as diferentes formas de interação social e

como as mídias comunicacionais tem-nas transformado. O livro de Thompson, A

Mídia e A Modernidade (1999), é uma referência recorrente nesta discussão. Nesse

livro, o autor aborda as diferenças entre a interação face a face, interação mediada e

a quase-interação mediada. Para o autor, a interação face a face se caracteriza pelo

compartilhamento de mesma estrutura de espaço e tempo, numa situação de

copresença, o fluxo comunicacional é dialógico e há multiplicidade de referências

simbólicas: palavras, gestos, entonação e expressões, por exemplo.

As mídias comunicacionais trouxeram novas formas de interação com

características intrinsecamente diferentes. Thompson chama de interação mediada

atividades como a escrita de cartas e a conversa ao telefone, que são atividades que

“implicam uso de um meio técnico (papel, fios elétricos, ondas eletromagnéticas,

etc.) que possibilitam a transmissão de informação e conteúdo simbólico para

indivíduos situados remotamente no espaço, no tempo, ou em ambos”

(THOMPSON, 1999, p. 78). As interações mediadas fogem da copresença, reduz as

referências simbólicas, mas mantém o caráter dialógico.

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À interação gerada pelos meios de comunicação de massa, Thompson

(1999) dá o nome de quase-interação mediada. Em discussão posterior, ele

argumenta que é “altamente monológica e que envolve a produção de formas

simbólicas direcionadas a um espectro indefinido de receptores em potencial”

(THOMPSON, 2008, p. 19). Há, também, escassez de referências simbólicas e

distensão da interação no tempo e no espaço. Essas características não excluem o

fato de os meios de comunicação de massa gerarem, sim, interação e vínculos

sociais.

O autor acrescenta, nesta discussão posterior, características da

comunicação mediada por computador. Thompson (2008) a analisa de forma

semelhante às formas de interação e quase-interação mediada. A interação mediada

por computador consegue mesclar diversas das características dos outros tipos de

interação. Quanto à relação espaço-tempo, ela pode tanto presumir um contexto de

copresença, quanto a sua separação e também proporcionar uma disponibilidade

estendida no tempo e no espaço. As deixas simbólicas são mais limitadas que na

interação face a face, mas ainda mantém o seu caráter de multiplicidade. A

comunicação mediada por computador pode se dar de forma dialogal ou

monológica, com interlocutores definidos ou pressupondo um número indeterminado

de receptores potenciais. Isso acontece porque são diversas as situações de

interação proporcionadas por tais tecnologias que vão desde a troca de e-mails e

mensagens instantâneas aos blogs, por exemplo (THOMPSON, 2008).

Falar de interação mediada por computador implica em falar numa

interação em rede, na qual a midiatização da sociedade contemporânea é tecida. E

é nessa interação em rede, também, que se processam os acontecimentos

midiáticos, em conexões de mídias digitais. E, para entendê-los, é primordial

compreender o funcionamento e a dinâmica dessa rede.

2.2 Dinâmica de rede

Para entender a dinâmica de rede, é preciso, primeiramente, conhecer os

elementos que a compõem. Uma rede é formada, essencialmente, por dois

elementos: os nós e as conexões entre eles. Sendo assim, as redes se caracterizam

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pela topologia, pela sua estrutura, isto é, apenas as relações entre os pontos são

consideradas, como enfatiza Virgínia Kastrup:

Pouco importam suas dimensões. Pode-se aumentá-la ou diminuí-la

sem que perca suas características de rede, pois ela não é definida

por sua forma, por seus limites de extremos, mas por suas conexões,

por seus pontos de convergência e de bifurcação. Por isso a rede

deve ser entendida com base numa lógica das conexões, e não

numa lógica das superfícies. (KASTRUP, 2004, p. 80).

O conceito de rizoma, trazido por Deleuze e Guattari (1995), se destaca

dentre as figuras topológicas da rede, sobretudo quando se trata de rede social.

Esse conceito busca abranger a multiplicidade de conexões assimétricas, com seus

fluxos de comunicação não-regulares, e caracteriza um alto grau de

imprevisibilidade.

Uma das principais características desse conceito, descrita por Deleuze e

Guattari (1995; APUD KASTRUP, 2004), refere-se ao princípio de conexão, que

sustenta que qualquer nó pode se conectar a qualquer outro. Dessa forma, é

impossível identificar um gerador único de informação. O rizoma não obedece ordem

hierárquica. Ele se caracteriza pela multidirecionalidade: cresce em todas as

direções. “As conexões ou agenciamentos provocam modificações nas linhas

conectadas, imprimindo-lhes novas direções, condicionando, sem determinar,

conexões futuras” (KASTRUP, 2004, p. 81).

Outro princípio de funcionamento do rizoma que vale ser destacado é o

princípio da heterogeneidade de seus nós, em que relações e sentidos são

estabelecidos de formas diversas: a linguagem é apenas uma das muitas linhas que

dele fazem parte (DELEUZE & GUATTARI, 1995; KASTRUP, 2004)1.

1 Além dos princípios da conexão e da heterogeneidade, Deleuze e Guattari (1995) descrevem mais

quatro princípios do rizoma: princípio da multiplicidade, da ruptura, de cartografia e de decalcomania. Os dois primeiros princípios foram destacados por serem mais pertinentes à discussão proposta pelo trabalho.

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Para a abordagem proposta neste trabalho, as redes que serão tratadas

são as redes sociais na Internet, que são redes criadas pela interação mediada pelo

computador, ao conectar pessoas e organizações, transformando as formas de

identidade, conversação e mobilização social. No caso das redes sociais, os nós são

representações, geralmente individualizadas e personalizadas, de atores sociais,

que são os indivíduos envolvidos na rede, que moldam as estruturas sociais

(RECUERO, 2009; 2010). As conexões se dão através da interação social entre os

atores mediada pela Internet, nas suas mais diversas formas.

Recuero (2009) lembra que as redes sociais na Internet não devem ser

confundidas com os sites que as suportam. Na verdade, os chamados sites de redes

sociais podem abarcar várias delas e as publicizam. Orkut, Facebook e o próprio

Twitter, por exemplo, são sites que dão suporte a diversas redes sociais que se

apropriam dos sistemas oferecidos por eles.

Para entender parte da dinâmica das redes sociais, Capra (2008),

comparou-as com as redes biológicas e destacou suas principais características. A

primeira delas é a autogeneração: as redes sociais criam-se, recriam-se e passam

por transformações estruturais contínuas. As redes sociais, como redes de

comunicação, geram estruturas imateriais – pensamentos e significados, regras e

comportamentos compartilhados, as estruturas de sentidos – e materiais – quando

se refere à documentação, como é o caso dos textos escritos. Para Capra (2008),

essas estruturas são “incorporações de sentido compartilhado gerado pelas redes

de comunicações da sociedade” (p. 27).

Outra característica descrita pelo autor refere-se aos limites da

identidade. As interações mútuas entre os diversos nós da rede criam um sistema

compartilhado de sentido e conhecimento: a cultura. E é através dela que a rede

gera seu próprio limite de identidade, “o qual é permanentemente mantido e

renegociado pela rede de comunicações” (CAPRA, 2008, p. 23). São regras de

comportamento produzidas pela própria rede social e impõem restrições ao

comportamento dos seus próprios membros.

Os estudos de Raquel Recuero (2010) convergem com o que é dito por

Capra (2008) ao dizer que as redes sociais estão sempre sofrendo modificações.

Page 21: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

20

Modificações estas que são influenciadas pelas interações entre os atores. Thacker

(APUD RECUERO, 2010) afirma que “as redes são inerentemente dinâmicas, com

mudanças constantes e variáveis, ambas dentro da composição dos nós individuais

e das relações entre os nós” (p. 80).

Um aspecto da dinâmica de rede social destacada por Recuero (2010) é

quanto à sua emergência. Essa característica está relacionada ao surgimento de

comportamentos coletivos, que vêm de baixo para cima. Em sistemas complexos

tais como as redes sociais, esses comportamentos emergentes e coletivos serão

evidenciados e serão capazes de impactar a estrutura da rede.

Fenômenos emergentes essenciais para a manutenção dessa dinâmica

das redes sociais são a cooperação, a competição e o conflito. A cooperação é, para

Recuero, o “processo formador das estruturas sociais” (RECUERO, 2010, p. 81). O

conflito tende a gerar hostilidade, desgaste e ruptura na estrutura social (caso

supere a cooperação). A competição é caracterizada pela luta, mas não está

necessariamente relacionada à hostilidade do conflito; pode, inclusive, gerar

cooperação entre os membros de uma mesma rede.

Outros comportamentos emergentes citados pela autora são a agregação

e o rompimento de indivíduos com a estrutura da rede social, além da auto-

organização e adaptação da própria rede.

Há alguns valores e aspectos, mencionados por Recuero (2010) que são

intrínsecos às redes sociais na Internet, devido ao caráter da comunicação mediada

por computador. O primeiro é o valor da visibilidade. Ao permitir que os atores

sociais estejam mais conectados, os sites de redes sociais na Internet provocam um

aumento da sua visibilidade. Desta forma, quanto mais visível é o ator, maior a

probabilidade de ele receber certas informações que estejam, porventura, circulando

em meio à rede.

O valor da reputação está muito ligado à visibilidade. Refere-se à relação

entre um nó e aqueles para os quais está visível e à percepção deste construída por

eles. É a consequência das impressões emitidas e percebidas. Desta forma, a

reputação constrói uma noção de confiança naquela interação.

Page 22: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

21

A popularidade refere-se à audiência, ao grau de centralidade de um nó

dentro da rede, já que um nó central possui mais pessoas a ele conectadas. Devido

a essa centralidade, esse ator social com maior grau de centralidade tende a ter

uma maior capacidade de influência que outros atores pertencentes à mesma rede.

A esse poder de influência, dá-se o nome de autoridade, o último valor

descrito por Recuero (2010). Também está fortemente relacionado à reputação, já

que transmite a ideia de confiança.

Mais um aspecto que caracteriza as redes sociais na Internet é quanto à

circulação de informações. A estrutura das redes influencia e causa alterações na

circulação de informações (RECUERO & ZAGO, 2011) e a Internet permite que,

como resultado das interações nas redes sociais e da sua dinâmica, os processos

de difusão de informações emirjam, geralmente, como coloca Recuero (2010), “de

forma quase epidêmica, alcançando grandes proporções tanto on-line quanto off-

line” (p. 116).

Raquel Recuero e Gabriela Zago (2011) destacam que o valor não está

na informação em si, mas no acesso a ela e ao seu conteúdo. E são três os

elementos, de acordo com Burt (APUD RECUERO & ZAGO, 2011), que traz o

referido valor: o acesso, o tempo e as referências. O acesso refere-se à obtenção de

informações que sejam relevantes. O tempo tem relação com a velocidade do

acesso, com o recebimento de informações antes dos demais atores da rede social.

Esse é um elemento importante, porque “se uma informação nova é colocada na

rede, ela tende a receber mais atenção”, afirmam Recuero e Zago (2011, p. 4). As

referências se relacionam com processo de filtragem das informações recebidas e

com a legitimação das que lhes são interessantes.

Com a liberação do polo da emissão, a mídia de massa não mais detém

por completo o poder da informação. Esse poder é compartilhado com mídias

sociais na perspectiva da circulação dos acontecimentos midiatizados. Juntamente

com os sites de redes sociais na Internet, surgiram, também, novas formas de

produzir informações e fazê-las circular (Recuero, 2011). Dessa maneira, os próprios

atores criam e difundem as informações dentro da rede social da qual fazem parte. A

própria tecnologia e características dos sites de redes sociais contribuem para esse

Page 23: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

22

processo de criação e circulação de informação, ao proporcionar a publicização e

interconexão social.

Essa nova "dimensão" de rede social também passou a ser utilizada

em serviços informativos modificando os fluxos informacionais

também no ciberespaço. Sites como o Twitter, o Facebook e, mais

recentemente, o Google+ passaram assim a dar também uma nova

dimensão informativa para a sociedade, gerada pela construção e

pelo espalhamento das informações pelas redes sociais suportadas

pelas ferramentas. Com isso, ferramentas cujo princípio basilar seria

social passam a ter um novo valor informativo diferenciado.

(RECUERO, 2011, p. 6).

Esses fragmentos de informação reconhecíveis que sobrevivem e são

reproduzidos e difundidos pelos próprios atores através das redes sociais na Internet

são chamados de memes (RECUERO, 2010). A partir dessa perspectiva, o meme é

parte da dinâmica social da rede e é potencializado por ela. E, para compreender

como essas informações são compartilhadas e difundidas por meio das redes

sociais, vale salientar a classificação dos memes proposta por Recuero (2010). A

autora classifica-os segundo quatro características, que são essenciais à

sobrevivência dos memes: fidelidade da cópia, longevidade, fecundidade e alcance.

A fidelidade está relacionada à capacidade de o meme gerar cópias

semelhantes ao original e demonstra o valor interacional do meme, devido ao fato de

se referir à participação dos atores na personalização e alteração dos memes e às

trocas sociais. Neste quesito, os memes podem ser replicadores – passam por

variação reduzida, com principal função de informar um fato –, metamórficos –

sofrem por alterações e reinterpretações completas, com função principal de

discussão da informação compartilhada, incentivando a interação – ou miméticos –

sofrem transformações, mas a estrutura dos memes permanece a mesma, sendo

facilmente reconhecidos como imitações e tem como característica principal o fato

de permitir a personalização.

Page 24: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

23

A longevidade se caracteriza pela capacidade do meme de permanecer

ao longo do tempo e, apesar de não indicar o valor construído pelo meme, mostra o

grau de valor agregado a ele: “Quanto mais tempo um meme permanece, mais valor

agregado está à sua difusão” (RECUERO, 2010, p. 127). Os memes podem ser,

nessa perspectiva, persistentes – continuam sendo difundidos e compartilhados

durante um largo espaço de tempo ou voltam a serem compartilhados depois de

terem desaparecido por um tempo – ou voláteis – têm um curto período de difusão

ou são modificados a ponto de se tornarem novos memes.

Já a fecundidade de um meme se refere à sua capacidade de gerar

cópias de si mesmo. Os memes são epidêmicos – aqueles que apresentam alto grau

de difusão nas redes sociais, geralmente determinados por modismos – ou fecundos

– não chegam a se caracterizar como epidêmicos, mas se espalham por grupos

menores.

A última característica essencial dos memes, descrita por Recuero (2010),

é quanto ao alcance do meme na rede. Eles podem ser globais – alcançam nós

distantes entre si, mesmo que não sejam caracterizados como fecundos,

transitando, em sua maior parte, pelos laços fracos da rede – ou locais – ficam

restritos a poucos nós que são mais próximos, através, geralmente, de laços fortes,

o que não impede que se tornem memes globais.

É importante destacar, ao se tratar de compartilhamento através das

redes sociais, que esta não é uma cultura inaugurada com a Internet. O

compartilhamento e a troca de informações fazem parte da interação da sociedade e

de toda dinâmica cultural (LEMOS, 2004). Mas a cultura que gira em torno da

Internet é fruto das facilidades de cooperação e troca de arquivos e informações.

Lemos (2004) considera natural que a cultura do compartilhamento se estabeleça de

forma tão forte no ciberespaço, pelo fato de a Internet ser um ambiente social em

rede que é aberto, lugar de contato e interação, caracterizando, como já

mencionado, a liberação do polo da emissão.

É nessa interação, a partir do compartilhamento de informações através

das redes sociais na Internet, e na integração entre lógicas jornalísticas e lógicas de

redes sociais conectadas que se dão os acontecimentos em rede, aqui investigados.

Page 25: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

24

2.3 Acontecimento midiático em rede

O acontecimento se institui sempre segundo as dinâmicas e lógicas de

funcionamento desse ambiente no qual se engendra. Pierre Nora (APUD HENN,

2011) sugere que a sua natureza passa a conter as dinâmicas dos meios em que ele

se forma.

A Internet torna-se, então, uma ambiência de geração e de divulgação de

acontecimentos, que são chamados, por Ronaldo Henn (2011) de

webacontecimentos:

Neste cenário propõe-se o termo webacontecimento para designar

acontecimentos que se constituem a partir de lógicas específicas das

plataformas instituídas no ambiente da web tanto no que diz respeito

à sua produção quanto à sua disseminação. (HENN, 2011, p. 7).

Algumas características são próprias desses acontecimentos em rede, ou

webacontecimentos, ao tratar tanto da produção, quanto da difusão destes através

das redes sociais.

O primeiro ponto a ser destacado é quanto ao papel dos atores sociais na

divulgação. Enquanto a prática do jornalismo tradicional detinha o poder de escolha

dos acontecimentos que ganhariam visibilidade midiática por meio do jornalismo,

segundo os critérios de noticiabilidade, no caso do acontecimento em rede, a

escolha é muitas vezes feita pelos usuários, segundo o que lhes interessa na rede,

seja a escolha referente a acontecimento jornalístico ou não. Os atores sociais,

representados em cada nó das redes sociais, filtram as informações no momento de

compartilhá-las com os atores a eles conectados – que, por sua vez, têm o poder de

ampliar a propagação de tais acontecimentos em suas redes específicas. Trata-se,

assim, de acontecimentos que se expandem em conexões entre redes de redes na

Internet. E é através dessas mediações sobrepostas que os acontecimentos em

rede se propagam.

Page 26: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

25

Dessa forma, o acontecimento que circula nas redes sociais pode

conquistar grande visibilidade midiática, independente de terem sido tematizados

pelos meios de comunicação de massa tradicionais. Muitas vezes, as mídias

tradicionais veem-se impelidas a tratar de acontecimentos em rede que conquistam

grande visibilidade nas conexões de mídias digitais, incorporando-os como parte da

sua própria agenda (HENN, 2011; ANTOUN & MALINI, 2010). E essa visibilidade

relaciona-se, em parte, com a velocidade com que a circulação e difusão de

informações na rede ocorre, muitas vezes com repercussão seja imediata.

A visibilidade de um acontecimento adquirida em redes sociais na Internet

o tornam um acontecimento midiático e, ao ser abordado como pauta jornalística,

configura-se como acontecimento jornalístico. Com isso, o acontecimento alcança

ainda mais visibilidade, o que faz dele ainda mais presente nas discussões e

compartilhamentos nas redes sociais na Internet. O inverso também acontece, na

medida em que um acontecimento jornalístico, por sua visibilidade e característica

de acontecimento midiático, é divulgado e discutido nas redes da Internet,

conquistando maior visibilidade e audiência e, por isso, é novamente veiculado por

meio do jornalismo tradicional.

Outra característica dos acontecimentos midiáticos em rede se refere às

novas configurações espaço-temporais que são estabelecidas. A instantaneidade

com que as informações são divulgadas nos sites de redes sociais na Internet faz

com que o fator da atualidade seja ainda mais valorizado quando tratamos de

acontecimento em rede. Afinal, informações mais recentes tendem a ser mais

valorizadas e a receber mais atenção e visibilidade na rede. E essa urgência do que

é instantâneo e a dinâmica do fluxo de conteúdo no tempo ultrapassam as barreiras

espaciais, que são suprimidas num grau cada vez mais rápido (HENN, 2011).

Algumas outras características da produção e difusão do acontecimento

em rede estão diretamente relacionadas à plataforma (ou plataformas) de rede

social na qual ele circula. No presente trabalho, o caso é analisado com base na sua

circulação no Twitter e, para que isso aconteça, o próximo capítulo aprofundará em

questões específicas desse site de redes sociais.

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26

3 ACONTECIMENTO MIDIÁTICO NO TWITTER

3.1 O Twitter como ambiente sociocomunicacional em rede

Como um site de redes sociais, o Twitter é uma ambiência que oferece

interação entre diversos atores sociais que se conectam em diversas instâncias.

Através de curtas publicações, reproduções de postagens já feitas ou estabelecendo

relações de amizade, por exemplo, os usuários do site interagem, criando laços

entre si.

O site foi lançado em julho de 2006 e é estimado que tenha cerca de 140

milhões de contas ativas no mundo inteiro2. A forte adesão social tem sido um

grande diferencial do Twitter quando comparado a outras plataformas semelhantes

oferecidas por outros sites.

3.1.1 O serviço de microblogging

O Twitter foi criado com o propósito de microblogging, isto é, uma forma

de publicação de blog que permite que os usuários façam atualizações curtas – no

caso do Twitter, o limite é de 140 caracteres, mas outros serviços podem estender o

limite até 200 caracteres, geralmente.

Dois outros sites ofereciam serviços semelhantes ao Twitter: o Jaiku e o

Pownce. O Jaiku foi lançado em fevereiro de 2006 e comprado pela Google em

2007. Porém, a Google passou, em 2009, a não mais se responsabilizar pelo

desenvolvimento da ferramenta, que teve seu desenvolvimento feito, a partir daí, por

voluntários. Com o lançamento do serviço Google+ e a baixa adesão ao Jaiku, a

plataforma foi fechada em janeiro de 2012. O Pownce teve ainda menos tempo de

existência: foi lançado em junho de 2007 e fechou em dezembro de 2008, apesar de

ter recebido boas críticas quando comparado ao Twitter, principalmente por ser

2 Esse dado foi divulgado no blog do Twitter, em março de 2012, apesar de a empresa não divulgar o

número exato de contas criadas (Disponível em: http://blog.twitter.com/2012/03/twitter-turns-six.html. Acesso em: 19 de maio, 2012). Outras empresas realizam estudos com estimativas do número de perfis criados, como é o caso da Semiocast (http://semiocast.com) que estimou que o Twitter tem 383 milhões de contas criadas, sendo que o Brasil é o segundo país com maior número de perfis criados – 33,3 milhões (Acesso em: 15 de maio, 2012).

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27

considerado melhor na capacidade de monitoramento de discussões dentro do site3.

O seu fechamento também foi devido à incapacidade de concorrer com o Twitter.

Algumas outras plataformas de microblogging pouco populares

permanecem até hoje, como é o caso do Confabular4 e Camping Club5, que utilizam

a ferramenta de software livre StatusNet6, plataforma que oferece integração ao

Twitter, ao mesmo tempo que se propõe como uma alternativa a ele. Dessa forma,

esses sites acabam por referenciar o Twitter como sendo a maior plataforma de

microblogging.

Um dos principais fatores do sucesso do Twitter pode ser atribuído à forte

adesão social a ele. O grande número de usuários participantes do site, desde o seu

início, fez com que outros indivíduos já conectados a eles de alguma forma fossem

atraídos pela plataforma em detrimento de outra semelhante. A vantagem do Twitter

de oferecer acesso a partir de aparelhos móveis – como celulares e tablets –

também contribui para que ele tenha mais popularidade que outros microblogs.

Recuero e Zago (2009), porém, renunciam a essa definição do Twitter

como um microblog pelo fato de a plataforma diferir do sistema de blog em aspectos

que vão além da extensão das publicações. Por esse motivo, as autoras optam por

se referir ao site como um serviço de micromensagens.

Algumas dessas diferenças entre plataformas como o Twitter e os blogs

referem-se à estrutura, à audiência da postagem feita, às informações e

conversações e à temporalidade. Diferem quanto à estrutura no sentido em que,

enquanto os espaços de fala no Twitter são todos iguais, os blogs oferecem espaços

distintos entre quem faz uma publicação e quem a comenta. As diferenças

referentes à audiência das publicações estão relacionadas ao fato de que por mais

que o acesso ao perfil do Twitter seja público, a postagem é, geralmente, destinada

apenas aos seguidores do perfil em questão, enquanto as publicações feitas em

blogs são sempre abertas a qualquer indivíduo. As informações e conversações são

3 Como apresentado por Rafe Needleman, numa matéria que comparava o Pownce ao Twitter,

mencionando também o Jaiku. Disponível em: <http://news.cnet.com/8301-17939_109-9739958-2.html>. Acesso em: 04 de junho, 2012. 4 http://www.confabular.com.br

5 http://www.campingclub.com.br

6 http://status.net

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diferentes devido ao fato de que os conteúdos publicados em blogs são, geralmente,

mais aprofundados e completos, enquanto no Twitter as conversações são

resumidas e as informações, breves e rápidas. Já a diferença quanto à

temporalidade refere-se à questão de que postagens antigas feitas em blogs são

facilmente acessadas, enquanto as publicações feitas no Twitter são perdidas e

raramente acessadas, já que os usuários da rede dificilmente recorrem ao que foi

falado no passado, mas valorizam e eternizam o presente.

3.1.2 Características sociocomunicacionais do Twitter

Pela brevidade do conteúdo publicado no Twitter, característico do serviço

de microblogging ou micromensagem, pouco tempo e esforço é requerido aos

usuários, o que incentiva que o perfil dos usuários seja atualizado com maior

frequência que em um blog convencional: enquanto um blog é geralmente atualizado

uma vez a cada poucos dias, o Twitter pode ser atualizado mais de uma vez por dia

(JAVA et al., 2007). Outra característica que contribui para maior frequência de

atualização é a possibilidade de o site ser acessado de qualquer lugar, através de

aplicativos para celular, por exemplo. Esses fatores favorecem a instantaneidade da

publicação de conteúdo no site: a qualquer hora, de qualquer lugar, com pouco

esforço e tempo necessário.

É devido às interações em rede que se dão entre os diversos atores

sociais que participam do Twitter, representados pelos seus perfis, que o site se

configura como um site de redes sociais. Essas interações ocorrem, prioritariamente,

de duas formas: seguindo ou sendo seguido. Quando o usuário segue outro, ele vê

todas as suas publicações em tempo real. Da mesma forma, quando este é seguido,

todas as suas postagens são vistas pelo seu seguidor. Essa relação pode ser mútua

– ao seguir e ser seguido por este usuário – ou não.

Categorizando os usuários segundo o tipo de relações que eles

estabelecem, pode-se afirmar que quando as suas conexões mútuas são

predominantes, o usuário se classifica como amigo, ao manter e priorizar relações

de amizade com os outros indivíduos na rede através, principalmente, de conversas

por meio do site (JAVA et al., 2007). Quando o indivíduo tem um grande número de

seguidores, principalmente quando é mais seguido do que segue outros usuários,

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29

trata-se de uma fonte de informações. Mesmo que esse usuário faça publicações

com pouca frequência, o seu número de seguidores permanece alto pela relevância

das suas atualizações para os seus seguidores. Já quanto àqueles que seguem

mais usuários do que são seguidos e não se preocupam tanto com a frequência das

suas postagens, Java et al (2007) classifica-os como buscadores de informação.

Vale lembrar que o Twitter congrega tanto usuários anônimos, quanto

celebridades. A reputação, autoridade e visibilidade já conquistadas por essas

celebridades fora da Internet são transportadas para a rede. Com isso, esses

indivíduos adquirem rapidamente um grande número de seguidores, que lhes

atribuem ainda mais visibilidade, caracterizando a centralidade desses nós na rede.

Por outro lado, diversas celebridades surgem a partir do Twitter. Pela

replicação de suas publicações e compartilhamentos, a visibilidade, a autoridade e a

reputação de usuários antes anônimos são aumentadas e, dessa forma, mais

seguidores são adquiridos.

Outra forma de interação entre os nós das redes sociais acontece por

meio das conversações, que podem ser públicas – com um tuite direcionado ao seu

destinatário, independente de seguir ou ser seguido por ele – ou privadas – através

das direct messages (DMs), que são mensagens enviadas diretamente a um usuário

por quem é seguido.

Os usuários do Twitter também podem interagir através de retuites, que

são replicações de um tuite, uma espécie de citação de outro usuário. O retuite pode

ser manual – a postagem é antecedida da sigla “RT” e o nome do usuário que fez a

publicação original ou seguida da palavra “via” e o nome do usuário que tuitou o

texto original, podendo ser editado – ou automático, através da opção “retweet” que

o próprio site oferece, que distribui aquela publicação aos seus seguidores. Por ser

uma possibilidade dada pelo próprio sistema, o retuite é o principal facilitador do

compartilhamento e circulação de informações e notícias no Twitter.

O retuite segue o conceito de fidelidade no compartilhamento do meme.

Quando feito de forma automática, ele se caracteriza pela replicação, ao criar cópias

exatas da informação publicada. Já quando ele ocorre de forma manual, ele permite

a alteração da postagem, dando oportunidade à sua metamorfose.

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30

Essas diversas interações ocorridas no Twitter se dão conforme a

definição de interação mediada por computador de Thompson (2008), em que há

multiplicidade das deixas simbólicas, embora limitadas e oportunidade de

acontecimento de diálogos através das possibilidades de resposta com um tuite

direcionado ou mensagens diretas. Quanto aos interlocutores, eles são, a princípio,

definidos: os seguidores de cada usuário são o público ao qual as mensagens são

destinadas. Porém, ele pode ser aumentado conforme a postagem é retuitada, por

exemplo.

As informações postadas e circuladas no Twitter são, na maior parte das

vezes, compartilhadas através de links. Esse compartilhamento tem sido muito

facilitado através de ferramentas como o botão de tuite que pode ser incluído em

sites para que, antes, durante ou depois da sua leitura, o visitante do site possa

compartilhar a informação. Outros facilitadores são os encurtadores de URL, que

reduzem o número de caracteres da URL que o usuário deseja compartilhar, para

que seu tuite não ultrapasse o número máximo de 140 caracteres.

Sobre o espalhamento de informações no site, Recuero e Zago (2011)

defendem que a principal função do usuário quanto ao compartilhamento é, além da

divulgação em si, a filtragem das informações que são divulgadas.

Para que a informação chegue a pontos mais distantes das redes no

Twitter, é preciso que usuários ativos estejam dispostos a dispender

tempo e atenção selecionando publicações para repassar [...]. A

ação de alguns gera um benefício coletivo, que é a divulgação e a

filtragem das informações. (MAIA, 2006, p. 03).

Recuero (2009) destaca também que, quando a informação

compartilhada é proveniente de um veículo de notícias, o ator, ao replicá-la, dá

credibilidade à sua fonte, mas também toma parte dessa credibilidade para si. Nesse

contexto, Zago (2010) reforça o argumento de que, os atores das redes sociais na

Internet não utilizam deste ambiente apenas para o compartilhamento de notícias e

informações, mas também para comentá-las.

Page 32: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

31

Duas funcionalidades do Twitter contribuem para a organização desses

comentários. A primeira são os Trending Topics, uma listagem em tempo real

fornecida pela própria plataforma que dispõe os assuntos que estão sendo mais

discutidos no site numa determinada localidade – que pode ser mundial, um país

específico ou até mesmo uma cidade –, sejam eles referentes a acontecimentos

jornalísticos ou não. Através dessa lista, pode-se visualizar o que está sendo falado

pelos participantes do site sobre determinado assunto.

Outra funcionalidade é a possibilidade de gerar as chamadas hashtags,

que são palavras ou assuntos antecedidos do sinal #, que cria um link automático

para o termo que leva a uma página que dispõe, também em tempo real, todas as

publicações feitas com a utilização daquela mesma hashtag.

Através dessas duas funcionalidades, mesmo os atores que não tinham

conexões entre si, passam a interagir através de discussões sobre o mesmo tópico.

Além disso, diversas vezes, os assuntos mais discutidos agendam os veículos

jornalísticos, servindo de fonte de informações para a mídia, já que são capazes de

gerar mobilizações e conversações de interesse jornalístico (RECUERO, 2009;

ZAGO, 2010).

3.2 Entre o banal e o jornalístico

No Twitter, é possível perceber mais facilmente a imposibilidade de

separação entre os acontecimentos banais e os acontecimentos jornalísticos, pois

eles se confundem ainda mais. O agendamento das pautas jornalísticas que o

Twitter proporciona muitas vezes não acontece pelos acontecimentos enquadrarem-

se nos critérios determinados pela prática jornalística, mas, sim, pela visibilidade e

difusão que o tema alcançou dentro do site.

São acontecimentos que nem sempre se caracterizam pelo excesso, pela

falha ou pela inversão, que são os atributos de notabilidade definidos por Rodrigues

(1993). Notabilidade esta que é conferida – muitas vezes exclusivamente – pela

visibilidade e repercussão que o acontecimento alcançou no Twitter.

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32

Como já mencionado, os acontecimentos midiáticos em rede são

determinados pelos filtros que os próprios usuários aplicam e é a partir dessa

filtragem que certos acontecimentos têm sua visibilidade ampliada, chamando a

atenção da mídia tradicional. Com isso, muitos dos acontecimentos que têm seu

início nas redes sociais e são abordados pelo jornalismo, alcançam notoriedade e

ficam em meio aos dois extremos: acontecimento banal e acontecimento jornalístico.

É por essa visibilidade adquirida, geralmente devido ao grande número de

seguidores do usuário – quando se trata de uma celebridade, principalmente –, à

quantidade de retuites, que faz com que a postagem alcance nós distantes um do

outro na rede, ou à caracterização do tema como uma tendência – que é o caso dos

Trending Topics –, que o acontecimento, mesmo banal, passa a ter potencial

jornalístico. A visibilidade traz a notoriedade, que é fator importante para que o

assunto seja tratado na mídia.

Sites de jornalismo online como o G17 e o Folha.com8, por exemplo,

noticiam diariamente os assuntos populares do Twitter – os Trending Topics –,

explicando cada um deles e comentando cada tema. Além disso, várias notícias são

publicadas utilizando, como fontes principais, tuites de celebridades, políticos ou

empresas.

Um exemplo recente é acerca de tuites da atriz Susana Vieira referindo-

se ao vazamento de fotos de sua colega Carolina Dieckmann. A atriz Carolina

Dieckmann teve fotos íntimas divulgadas na Internet no início do mês de maio de

2012, assunto que foi muito comentado em sites de redes sociais, principalmente no

Twitter – alcançando os Trending Topics – e também na mídia tradicional. O

posicionamento de Susana Vieira com relação ao ocorrido – publicado através de

tuites como “Feliz em ver que a policia está agindo no caso da Carolina Dieckmann.

Privacidade é um direito de TODO ser humano!”9 – rendeu diversas matérias em

sites jornalísticos.

7 http://g1.globo.com

8 http://folha.uol.com.br

9 Tuite publicado no dia 15 de maio de 2012. Disponível em: http://twitter.com/eususanavieira. Acesso

em 19 de maio, 2012.

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33

Outro exemplo se deu em janeiro de 2012, quando a hashtag

“#LuizaEstanoCanada” e a frase “menos Luiza, que está no Canadá”10 ganharam

popularidade entre os brasileiros no Twitter, alcançando os Trending Topics no

Brasil. Com a visibilidade atribuída ao caso, ele repercutiu não só nos sites de redes

sociais, mas também nos meios de comunicação tradicionais – como no Jornal Hoje,

da Rede Globo, que recebeu a visita e entrevistou Luiza, falando sobre o

acontecimento. Foi um meme que emergiu no Twitter e se propagou até ganhar

visibilidade o suficiente para atrair a atenção da mídia.

A banalidade do cotidiano compartilhada no site está de acordo com a

proposta do próprio Twitter. Porém, os tuites vão além desse contexto ao, muitas

vezes, abranger aspectos testemunhais dos usuários e publicizar momentos de

ruptura na rotina de cada indivíduo, caracterizando o surgimento de acontecimentos

em rede. A necessidade do ser humano de falar de si e o que acontece ao seu redor

(BERGER & TAVARES, 2010) unida à lógica de funcionamento da mídia

incorporada pela sociedade, através do processo de midiatização (SODRÉ, 2006;

BRAGA, 2006), leva os usuários a compartilharem parte do seu cotidiano e,

principalmente, aquilo que dele irrompe.

Inúmeras vezes os atores sociais que participam do Twitter publicizam e

repercutem acontecimentos que são nitidamente de natureza jornalística, quase

sempre de forma imediata ao surgimento do acontecimento, ao responder a

pergunta proposta pelo site.

3.3 “O que está acontecendo agora?”

O Twitter, quando lançado, provocava os seus usuários a responderem,

através da sua publicação, a uma pergunta: “O que você está fazendo?”. As

respostas a essa pergunta falariam sobre qual música estão ouvindo, qual livro

estão lendo, o que estão comendo e o que estão assistindo, por exemplo. Porém, na

realidade, as atualizações feitas no site eram mais do que simples respostas à

pergunta proposta. Os atores sociais que participavam do site compartilhavam

10

Referente a um trecho de um comercial de empreendimento imobiliário em João Pessoa, em que o pai de Luiza Rabello, que estrelava o comercial, estando acompanhado da família, explicava que uma de suas filhas – Luiza – não estava presente por estar em intercâmbio no Canadá. O vídeo, que foi compartilhado no YouTube, passou a ser divulgado no Twitter, acrescido da hashtag.

Page 35: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

34

imagens, vídeos e links que consideravam importantes, divulgavam notícias

recentes e informavam sobre acidentes.

Por esse motivo11, em novembro de 2009, o Twitter substituiu a antiga

pergunta pelo questionamento: “O que está acontecendo agora?”. Portanto, a

mudança da pergunta proposta emergiu coletivamente dos próprios atores sociais

participantes do serviço, a partir da utilização que faziam dele.

A nova pergunta, apesar de ter permanecido apenas até a última

mudança de layout do site em dezembro de 201112, abrange os tipos de conteúdo

publicados pelos usuários no site e a relação deles com o surgimento de

acontecimentos midiáticos no Twitter. Sobre eles, é preciso compreender algumas

características que são intrínsecas a esse ambiente em que eles são engendrados.

O surgimento de acontecimentos midiáticos no Twitter se dá, num

primeiro instante, pela resposta dos usuários à pergunta proposta pelo site – “O que

está acontecendo agora?” – através de um tuite. O potencial de tornar-se um

acontecimento midiático depende do grau de visibilidade que o compartilhamento

atingir, segundo o conceito de fecundidade do meme.

É nesse ponto que o papel dos usuários de atuarem como filtros de

informações é importante. A escolha da informação que será reproduzida e

compartilhada, no momento da filtragem, se dá a partir do conteúdo postado e dos

conceitos de reputação e autoridade atribuídos pelo ator ao indivíduo que publico

originalmente ou àquele, a quem ele está conectado, que já replicou o tuite – no

caso de um retuite de um retuite. São os valores relacionados à confiança que

regem a credibilidade atribuída ao conteúdo a ser compartilhado. Quando a

confiança está presente na relação entre os nós, o retuite – acrescido ou não de

comentários – é feito.

Quando essa atitude é tomada de forma coletiva – tanto o relato do

acontecimento quanto, principalmente, o compartilhamento desse fato podem ser

11

Conforme foi dito no blog oficial do Twitter. Disponível em: http://blog.twitter.com/2009/11/whats-happening.html. Acesso em: 19 de maio, 2012. 12

Após a última mudança de layout, o texto “Publique um novo Tweet...” aparece sem muito destaque, na caixa de texto destinada à redação dos tuites, ao invés da pergunta “O que você está fazendo agora?”.

Page 36: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

35

ações feitas por diversos atores ao mesmo tempo –, a visibilidade do acontecimento

tende a crescer, tornando o acontecimento, um acontecimento midiático.

A própria estrutura de rede presente no Twitter contribui para que a

difusão das informações aconteça de forma rápida e envolvendo até mesmo nós

distantes da rede. Um usuário pode retuitar ou comentar uma informação publicada

por outro usuário com quem nunca havia estabelecido uma interação antes, tanto

por ter visto o conteúdo postado por ele através dos comentários e

compartilhamentos feitos por quem ele segue, quanto por acompanhar alguma

hashtag ou termo popular nos Trending Topics.

Nós distantes da rede passam a falar sobre o mesmo acontecimento,

compartilhando da mesma confiança atribuída, conquistando visibilidade em meio às

redes sociais do sistema e chamando a atenção da mídia, que utiliza das

informações ali compartilhadas para a produção de um conteúdo jornalístico. E,

depois de presente no ambiente do jornalismo, o acontecimento retorna ao ambiente

em rede do Twitter, já que, enquanto leem uma matéria no jornal impresso ou

assistem ao telejornal, por exemplo, os participantes do Twitter compartilham

novamente aquela informação. Ou, ainda, de forma mais fácil, quando se trata de

jornalismo online, em que os usuários podem compartilhar a URL da notícia

simplesmente clicando na opção de tweet geralmente disponibilizada nos sites.

Esse ciclo do acontecimento que se engendra no Twitter, vai para além

dele e retorna ao seu local de origem – agora com visibilidade e autoridade em grau

ainda mais elevado –, com suas facilidades de compartilhamento e difusão, é que

caracteriza o funcionamento do acontecimento midiático no Twitter. Porém, um

processo invertido pode acontecer, quando o Twitter é considerado um local de

circulação e recirculação de acontecimentos jornalísticos.

Nesse aspecto, o Twitter não se configura apenas como um ambiente de

agendamento ou fonte jornalística em tempo real. Hoje, ele também tem um papel

essencial nas etapas de circulação e recirculação jornalística (ZAGO, 2010; 2011).

Ele atua na fase de circulação quando o material jornalístico é compartilhado pelas

próprias organizações jornalísticas que participam do Twitter ou quando um usuário

divulga a notícia antes mesmo de consumir o produto jornalístico. A recirculação

Page 37: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

36

acontece quando o conteúdo é divulgado por um indivíduo no Twitter depois de

consumí-lo e ele passa a circular novamente nesse ambiente.

Um acontecimento jornalístico, ao ser compartilhado no site por um

usuário, atinge os seus inúmeros seguidores e tem a possibilidade de ser

novamente divulgado – através de um retuite, por exemplo – para os seguidores

destes, contribuindo para o processo de circulação jornalística e aumentando a

visibilidade do acontecimento.

Assim, no Twitter, um acontecimento pode ser experienciado de

diversas formas na ferramenta. Pode-se utilizar a ferramenta para

relatá-lo em primeira mão, para comentá-lo após receber de outras

fontes, ou ainda para repassá-los após ter visto em outros lugares ou

no próprio Twitter. Acontecimentos jornalísticos, por sua vez,

costumam circular pela ferramenta de forma bem rápida, através de

comentários, mensagens direcionadas a outros usuários e retweets

(ZAGO, 2011, p. 61).

Perfis como G113 e Folha de S. Paulo14 são exemplos de como, muitas

vezes, as próprias organizações jornalísticas presentes no Twitter contribuem para a

circulação de notícias no site. Como essas organizações são seguidas por muitos

usuários e desfrutam, junto a estes, de reputação e autoridade, o conteúdo por eles

compartilhados tendem a ser retuitados, comentados e discutidos, o que coopera

para a circulação de acontecimentos jornalísticos no Twitter e para o aumento da

visibilidade destes.

Porém, os próprios usuários do Twitter podem iniciar esse processo de

circulação e recirculação quando optam por compartilhar a matéria jornalística no

Twitter, antes, durante ou depois de a terem consumido – seja copiando o link que

leva à matéria, seja através de um tuite automático padronizado ao clicar nos botões

de tweet presentes em muitos sites ou apenas fazendo referência a ela na

plataforma do Twitter. Dessa forma, os acontecimentos jornalísticos conquistam

13

http://twitter.com/g1 14

http://twitter.com/folha_com

Page 38: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

37

espaço entre as redes sociais na Internet, devido à visibilidade que já lhe foi

atribuida pela mídia.

Ao serem incorporados pelas redes sociais, os acontecimentos são

discutidos, comentados e compartilhados. As opiniões dos atores sociais são

publicadas em rede e o Twitter passa a potencializar a circulação e a discussão

sobre os acontecimentos para além dos meios tradicionais de distribuição de

informações jornalísticas (ZAGO, 2011).

Um dos pontos importantes a serem levantados quando se fala de

surgimento e circulação de acontecimentos no Twitter é quanto à credibilidade

destes. Essa credibilidade é definida pelo grau de confiabilidade ou de

especialização de quem diz algo e é geralmente tratada quanto à sua atribuição ao

jornalismo dos meios de comunicação mais tradicionais (CARVALHO & TAVARES,

2011). Para as autoras, ela é “essencial à seleção de uma informação midiática por

parte do receptor” (CARVALHO & TAVARES, 2011, p. 5) e relaciona-se com o filtro

feito pela audiência que considera a probabilidade de ocorrência de inverdades na

informação recebida. Nesse sentido, é papel do jornalista conservar a confiabilidade

a ele atribuída.

Porém, quando falamos de jornais online, principalmente, ou de

jornalismo feito ou baseado nas redes sociais na Internet, é possível afirmar que nos

encontramos num momento de transição no que se refere à credibilidade jornalística

(SOSTER APUD CARVALHO & TAVARES, 2011). Isso principalmente pelo fato de

que a velocidade ocasionada pelas novas tecnologias passa a ocupar um lugar de

maior importância que a própria veracidade.

No Twitter, como uma das suas principais funções é repassar a

informação de forma rápida e como qualquer indivíduo que participa do sistema

pode fazer publicações, é difícil definir, a princípio, a veracidade da informação

divulgada.

Muitos casos ocorreram, a nível local e global, em que uma falsa

informação tornou-se midiática e, em muitas dessas ocasiões, a repercussão dentro

do Twitter foi motivo para que as organizações jornalísticas a tomassem como

Page 39: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

38

pauta, fazendo com que falsas notícias fossem divulgadas. Esse é um dos pontos da

problematização de se utilizar conteúdo publicado no Twitter como fonte jornalística.

É certo que o conteúdo disseminado pelo Twitter não possui uma

checagem antes de ser publicado. Afinal, uma das principais

particularidades do meio é essa: ser ágil (CARVALHO & TAVARES,

2011, p. 9).

No Brasil, em junho de 2011, foi repercutido no Twitter o suposto

falecimento de Amin Khader que, depois de seu amigo, David Brazil, lamentar sua

morte em seu perfil no Twitter, jornalistas da Rede Record chegaram a confirmar o

fato em programa ao vivo, além de diversas matérias publicadas em sites

jornalísticos. Mais tarde, a situação teve de ser desmentida ao se descobrir que

Khader estava vivo. Tudo isso aconteceu em questão de minutos e em nível

nacional. Muitos outros casos semelhantes aconteceram com outras celebridades a

mundialmente.

Essas são falhas no sistema de filtro dos usuários, que atribuem

confiança e credibilidade a falsos acontecimentos que circulam no Twitter e estes

passam a repercutir a nível midiático na plataforma e fora dela.

Alguns participantes do Twitter afirmam não confiar em informações

publicadas no site e, segundo pesquisa desenvolvida por Zago (2011), os motivos

para a falta de credibilidade por parte de muitos atores se dá pela rapidez com que

as informações são publicadas e compartilhadas no site, a presença de usuários

mal-intencionados ou fakes ou até mesmo a informalidade do serviço – não ser um

ambiente organizado com o propósito de prover informações. Outros dizem preferir

confirmar a informação vista no Twitter em outros meios antes de considerá-la

confiável.

Entretanto, aqueles que afirmam confiar nas informações publicadas no

site justificam que escolheram seguir apenas pessoas a quem atribuem confiança –

devido à reputação e autoridade referentes aos indivíduos seguidos – e, por isso,

podem confiar no que é postado por eles. O que caracteriza o filtro que é feito pelos

Page 40: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

39

próprios atores da rede social. A imediaticidade que é considerada um ponto

negativo para alguns dos que não confiam nas informações circuladas no Twitter é,

ao mesmo tempo, uma questão que confere credibilidade para outros usuários à

medida que a veracidade das publicações pode ser verificada também de forma

imediata.

Apesar da questão da credibilidade ser uma problemática presente no

Twitter, o site não deixa de ser um meio que produz, faz circular e dá visibilidade a

acontecimentos, tornando-se um ambiente de grande potencial jornalístico, com a

contribuição dos diversos atores sociais ali presentes.

Page 41: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

40

4 A MORTE DE OSAMA BIN LADEN NO TWITTER

4.1 A singularidade do acontecimento

A morte do líder da Al Qaeda Osama Bin Laden foi um acontecimento de

repercussão mundial, principalmente pela sua importância política. Apesar de se

caracterizar como um acontecimento imprevisto, a sua ocorrência era esperada

desde o ataque, planejado e executado pela Al Qaeda, ao World Trade Center, em

11 de setembro de 2001. Desde então, o governo dos Estados Unidos vem

trabalhando no que o país chama de “luta ao terror”, tendo Bin Laden como principal

alvo. Osama se tornou, então, um forte símbolo do terrorismo para os

estadunidenses e também, por isso, para grande parte do mundo.

A importância política se dá principalmente pelo fato de que foram quase

dez anos de busca pelo esconderijo e captura do líder da Al Qaeda por parte do

governo estadunidense. Por se tratar de uma potência mundial, é comum a

repercussão global daquilo que tem forte apelo dentro do país.

Mas o principal motivo para o estudo desse caso no presente trabalho é o

papel essencial exercido pelo Twitter e seus usuários na construção e repercussão

desse acontecimento. Estima-se que o acontecimento rendeu um recorde de tráfego

de conversações no Twitter: durante o pronunciamento do presidente dos Estados

Unidos Barack Obama, houve picos de mais de cinco mil tuites publicados por

segundo15. Seguindo a perspectiva de Dayan (2009), em que a audiência torna-se

participante do que lhe é apresentado em meios de comunicação como a TV, pode-

se perceber que essa interação da audiência fica mais evidenciada nas redes

sociais na Internet.

O Twitter teve importante atuação, também, devido ao fato de o ataque ao

esconderijo de Osama ter sido narrado em tempo real por um usuário do Twitter,

mesmo antes de saber que se tratava de algo relacionado a Bin Laden. Além disso,

15

Segundo gráfico publicado pelo próprio Twitter em seu perfil do website Flickr. Disponível em: http://www.flickr.com/photos/twitteroffice/5681263084/in/photostream. Acesso em: 05 de junho, 2012.

Page 42: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

41

foi através do site que os primeiros rumores sobre a morte do líder da Al Qaeda

surgiram.

4.2 Aspectos metodológicos

A análise apresentada se configura como um estudo de caso: a morte do

líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, e a sua repercussão no site de redes sociais

Twitter. Para que o acontecimento fosse analisado, através de observação

sistemática, foram coletados dados que giraram em torno de dois perfis no Twitter,

seus tuites relacionados à morte de Osama Bin Laden e alguns de seus

desdobramentos, tanto dentro do próprio site do Twitter, quanto em matérias

jornalísticas.

A repercussão estudada se limitou à circulação online do acontecimento,

baseada no Twitter como ambiente de propagação em rede. Tuites puderam ser

acessados e coletados através dos perfis dos usuários analisados, já que é possível

ver publicações feitas há um longo período de tempo. Os usuários foram

selecionados pelas menções feitas a eles e repercussão de seus tuites nos meios de

comunicação, principalmente nas matérias jornalísticas também analisadas.

Os perfis analisados foram de Sohaib Athar – que utiliza o nome de

usuário “@ReallyVirtual”16 na plataforma – e de Keith Urbahn – sob o nome de

usuário “@keithurbahn”17. O perfil de Sohaib Athar foi escolhido pelo fato de ele ter

ficado conhecido como a pessoa que narrou o ataque ao esconderijo de Bin Laden

ao vivo no Twitter. A escolha de Keith Urbahn se deu por ele ter sido considerado o

primeiro a dar a notícia da morte de Bin Laden, também pelo Twitter. No total, foram

11 tuites analisados, sendo 7 publicados por Athar e 4, por Urbahn. Os tuites de

ambos foram feitos, originalmente, em inglês, os quais foram traduzidos para o

português para que pudessem ser aqui reproduzidos.

Pelo fato de o sistema de busca interna do site do Twitter limitar-se a

publicações feitas num tempo máximo de três dias anteriores, o monitoramento de

16

http://twitter.com/ReallyVirtual. Acessado em 26 de maio, 2012. 17

http://twitter.com/keithurbahn. Acessado em 26 de maio, 2012.

Page 43: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

42

retuites se deu através do site Favstar.fm18, que dispõe o número de retuites das

postagens mais populares de cada usuário. Esse número se limita aos RTs

automáticos que o próprio Twitter possibilita, já que a ferramenta não consegue

contabilizar as reproduções manuais feitas pelos usuários. Há possibilidade de o

número não ser preciso, porém a aproximação já é útil para que a noção da

circulação dos dados na rede seja apurada.

Não é possível saber data e horário dos retuites contabilizados pela

própria ferramenta do site Favstar.fm. Outra limitação é com relação à aquisição de

seguidores – que são conexões da rede – ao longo do tempo. O único dado possível

de ser acessado é o número total de seguidores no momento do acesso aos perfis

dos usuários em questão. Portanto, esses dados foram desconsiderados durante a

análise, que utilizou apenas os dados disponíveis.

Vale ressaltar, também, que os horários de publicações dos tuites foram

padronizados segundo o horário de Brasília. O destaque dessa padronização é

importante já que houve eventos no Paquistão – local onde se deu o ataque ao

esconderijo de Osama Bin Laden – e nos Estados Unidos – de onde veio a

confirmação da morte do líder da Al Qaeda e as primeiras matérias jornalísticas e

rumores a respeito do acontecimento.

A hora de publicação dos tuites e notícias contribuem bastante para a

relação de temporalidade estabelecida, ao considerar a instantaneidade dos tuites

de Sohaib Athar e a antecedência do tuite de Keith Urbahn, além do tempo levado

para que os dois casos recebessem atenção da mídia. Todos os tuites analisados

foram reproduzidos em ordem cronológica, para melhor compreensão dessa relação

e melhor representação dos relatos em tempo real.

Além disso, outras relações entre a morte de Osama Bin Laden e a sua

repercussão no Twitter também foram analisadas, através de notícias que

abordaram a repercussão do acontecimento no site, com o propósito de destacar a

circulação do acontecimento na plataforma.

Foram selecionados alguns dos principais sites de notícias brasileiros

para que se pudesse verificar como eles abordaram o compartilhamento e a

18

http://favstar.fm. Acessado em 26 de maio, 2012.

Page 44: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

43

reverberação da morte de Bin Laden no Twitter na semana do acontecimento. A

delimitação de sites de notícias brasileiros se deu por dois motivos: o idioma e a

percepção de alcance global do acontecimento, já que não se trata de nenhum dos

países mais interessados no ocorrido – Estados Unidos, que lideraram o ataque, e

Paquistão, país atacado, onde Bin Laden estava escondido.

As matérias jornalísticas consideradas para análise foram coletadas de

sites de jornalismo online como G1, R7, Terra, Uol, Estadão e Jornal do Brasil.

Primeiramente, tentou-se selecionar as matérias a partir de pesquisa através do

mecanismo de busca Google. Porém, como os sites apresentados eram muito

diversos, apresentando dificuldade no aprofundamento em canais específicos, foram

selecionados cinco sites de jornalismo online de referência no Brasil e a pesquisa

pelo material se deu diretamente pela busca interna de cada um dos domínios. O

Jornal do Brasil foi o último site a ser incluído, para que houvesse uma melhor forma

de comparação entre as categorias em que os sites escolhidos são enquadrados:

G1 e R7 são portais verticais de jornalismo, Uol e Terra se enquadram como portais

mais horizontalizados e o Estadão e Jornal do Brasil são jornais veiculados no

ambiente online.

Outros dados importantes para a percepção da participação do Twitter e

seus usuários na construção do acontecimento são os que foram disponibilizados

pela própria organização do Twitter: publicações feitas no blog e divulgação de

dados – como o gráfico de atividade na plataforma, que mostra o número de tuites

por segundo alcançados em diversos momentos da noite do dia 1º de maio para o

dia 02 de maio de 2011, publicado no perfil da empresa no Flickr.

Todos os dados recolhidos e aqui apresentados serão analisados a partir

da discussão conceitual presente nos capítulos anteriores, quanto à caracterização

do acontecimento e a sua configuração como acontecimento em rede no Twitter,

bem como às características da plataforma como ambiente sociocomunicacional de

interação em rede, de forma a entender como se deu o desenvolvimento deste

processo. Para isso, há de se observar as características de cada tuite e sua

circulação quanto aos aspectos já mencionados e estudados.

Page 45: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

44

4.3 Relato em tempo real

Uma grande participação do Twitter na construção da morte de Bin Laden

como acontecimento em rede foi devido aos tuites de Sohaib Athar, que narraram,

em tempo real, o ataque ao esconderijo de Osama Bin Laden no dia 1º de maio de

2011. Athar iniciou seu relato a partir do fato de que escutava helicópteros

sobrevoando a cidade de Abbottabad, no Paquistão, no meio da madrugada no

horário local.

Tuite 1 - @ReallyVirtual: “Helicóptero pairando sobre Abbottabad à 1

da manhã (é algo raro).”19 (1º de maio, 2011, às 16h58).

Foram a raridade desse fato e o incômodo que o barulho causava as

razões iniciais para as publicações. Vê-se, com isso, a ruptura no cotidiano aliada à

atualidade da ocorrência, irrompendo o acontecimento.

O tuite seguinte mostra sinais de humor mesclado com o mesmo

incômodo, comum no site Twitter, como um lugar de relato do seu cotidiano para

aqueles que seguem o usuário:

Tuite 2 - @ReallyVirtual: “Vá embora helicóptero – antes que eu

pegue meu mata-moscas gigante :-/” (1º de maio, 2011, às 17h05).

A continuidade dos eventos fez com que o próprio usuário percebesse o

irrompimento do acontecimento, ainda que não o percebendo tal qual ele era.

Tuite 3 - @ReallyVirtual: “Um enorme estrondo de chacoalhar a

janela aqui em Abbottabad Cantt. Espero que não seja o começo de

algo desagradável :-S” (1º de maio, 2011, às 17h09).

19

Este e todos os demais tuites foram traduzidos por mim.

Page 46: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

45

Com a queda de um dos helicópteros, o acontecimento passou a

interessar todos os moradores da cidade e, também, a mídia local. Questionamentos

e análises sobre o ocorrido passaram a acontecer, bem como especulações sobre o

que estava causando. Sites jornalísticos são mencionados por Sohaib Athar, bem

como informações que ele coleta ao entrar em contato com outros moradores da

cidade. O surgimento da hashtag “#abbottabad” também teve início nesse momento

em que a discussão era o descobrimento das razões da presença de helicópteros e

da queda de um deles.

Tuite 4 - @ReallyVirtual: “Já que o talibã (provavelmente) não tem

helicópteros, e já que estão dizendo que não era „nosso‟, então deve

ser uma situação complicada #abbottabad” (1º de maio, 2011, às

18h02).

Tuite 5 - @ReallyVirtual: “O helicóptero/OVNI de abbottabad foi

derrubado perto da área de Bilal Town, e há relatos de um clarão.

Pessoas estão dizendo que pode ter sido um helicóptero teleguiado.”

(1º de maio, 2011, às 18h10).

Até o momento, não se sabia do que se tratava o ataque. Afinal, a morte

de Osama Bin Laden foi oficialmente revelada pelo presidente dos Estados Unidos,

Barack Obama, apenas às 0h35 do dia 2 de maio. Porém, antes disso, o site Twitter

já contemplava especulações de que o pronunciamento de Obama que foi

anunciado para o final da noite era a respeito da morte de Bin Laden. O primeiro

tuite a contemplar essa possibilidade foi de Keith Urbahn:

Tuite 6 - @keithurbahn: “Fui informado por uma pessoa respeitável

que mataram Osama Bin Laden. Que coisa.” (1º de maio, 2011, às

23h24).

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46

Para estabelecer grau de credibilidade no seu tuite, Keith Urbahn, que

havia trabalhado na Secretaria de Defesa do governo Bush, transferiu a

confiabilidade para uma fonte não mencionada. Porém, para se defender e não

prejudicar a credibilidade a ele atribuída, caso a informação a ele repassada e por

ele publicada não fosse verídica, Urbahn acrescentou minutos depois:

Tuite 7 - @keithurbahn: “Não sei se é verdade, mas vamos orar para

que seja.” (1º de maio, 2011, às 23h26).

Não havia, nos tuites de Keith Urbahn, o aspecto testemunhal geralmente

apreciado no Twitter. Afinal, até o momento, a informação divulgada se tratava

apenas de um rumor que pretendia responder ao mote do Twitter “o que está

acontecendo agora?”.

Porém, devido à sua visibilidade – principalmente por ele ter trabalhado

diretamente com o Secretário de Defesa do governo anterior, ele era dotado de

autoridade e reputação atribuídas pelos seus seguidores –, o “rumor” compartilhado

por ele começou a repercutir antes mesmo que os fatos fossem checados. Portanto,

o filtro feito pelos usuários foi baseado na reputação do autor e não na credibilidade

da informação compartilhada.

Assim que a morte de Osama Bin Laden foi noticiada pelos meios de

comunicação e confirmada pelo presidente dos Estados Unidos Barack Obama, o

tuite de Urbahn foi ainda mais reproduzido, dessa vez, pelo fato de ter sido

considerado o primeiro tuite que noticiou que Bin Laden havia morrido. Foram, no

total, 309 RTs automáticos.

A repercussão dos tuites de Sohaib Athar veio apenas depois da

confirmação do fato, quando as pessoas passaram a comentar sobre o local do

esconderijo de Bin Laden – Abbottabad – e, ao monitorar as menções feitas à

cidade, foi possível encontrar o relato ao vivo feito por Athar. A mídia tradicional

começou a entrar em contato com ele, ao que ele percebeu a repercussão de suas

publicações:

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47

Tuite 8 - @ReallyVirtual: “Uh Oh, agora eu sou o cara que blogou ao

vivo o ataque a Osama sem saber.” (2 de maio, 2011, à 1h41).

Essa sua publicação (tuite 8) foi retuitada por 5824 usuários do Twitter,

tendo grande repercussão e visibilidade na plataforma. O tuite 1, obteve o número

de 3149 RTs e o tuite 3, totalizou 1813 retuites.

Antes das 04h do dia 2 de maio de 2011, Urbahn já havia aumentado seu

número de seguidores em cerca de 3000, conforme ele mesmo tuitou:

Tuite 9 - @keithurbahn: “Me entregando a 2 horas de sono Aos

3.000 novos tweeps [seguidores no Twitter], prazer em tê-los

conhecido nessa noite agitada.” (2 de maio, 2011, às 03h57).

No total, o seu tuite que mencionou, pela primeira vez, a morte de Bin

Laden – tuite 6 – alcançou o número de 309 retuites. Vemos que, mesmo sendo

considerado um “furo jornalístico”, foi o relato do acontecimento em tempo real feito

por Sohaib Athar que atraiu maior visibilidade e compartilhamentos, mesmo

alcançando esta visibilidade apenas após o conhecimento geral do ataque e a sua

confirmação.

A narração feita em tempo real não chamou a atenção apenas dos

usuários, mas, também, da própria mídia. Enquanto todos os cinco sites jornalísticos

analisados abordaram o fato, apenas três citaram Keith Urbahn como quem teria

sido o primeiro a noticiar a morte do de Osama Bin Laden no Twitter.

4.4 A construção do acontecimento no Twitter

É possível notar a maior consubstancialidade entre a transmissão e o

surgimento do acontecimento descrita por Fonseca e Vieira (2011) ao verificar a

imediaticidade da narração do acontecimento feita por Sohaib Athar, caracterizando

a cotemporalidade das etapas do processo. Importa destacar também que, a

princípio, os tuites por ele publicados são referentes a ocorrências banais – o que é

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48

notado pelos tuites 1 e 2, principalmente. Até então, devido à pequena visibilidade –

em seu blog, Athar afirma que tinha entre quinhentos e mil seguidores até então e,

segundo o New York Times, até a noite do dia 04 de maio de 2011, ele havia

ultrapassado a marca dos cem mil seguidores20 – o acontecimento não era objeto de

interesse jornalístico – apenas da mídia local, a qual não teve relação alguma com

os tuites de Athar. O atributo jornalístico do acontecimento relatado por Athar é

percebido apenas com a divulgação oficial do ataque.

Abaixo, encontra-se gráfico, disponibilizado pelo próprio Twitter em seu

perfil no site Flickr, que apresenta a atividade, em tuites por segundo, dos usuários

durante a noite do dia 1º de maio até a manhã do dia 2 de maio de 2011.

Gráfico 1 - Atividade dos Usuários no Twitter acerca da morte de Osama Bin Laden. Fonte: Perfil da empresa do Twitter no site Flickr.

É possível perceber que, no momento do tuite 6, de Keith Urbahn, o grau

de atividade na rede pouco foi alterado. Pela ausência da rápida repercussão da

publicação de Keith Urbahn, pode-se deduzir que, a princípio, pouca credibilidade foi

atribuída à informação nela contida – não tendo se configurado como uma fonte de

informações –, já que não havia possibilidade real de checagem dos fatos, apesar

de o próprio usuário ser dotado de credibilidade e reputação diante de seus

seguidores, pela sua função exercida no governo do ex-presidente dos Estados

Unidos George W. Bush.

20

Segundo informação disposta em matéria online do The New York Times disponível em: http://thelede.blogs.nytimes.com/2011/05/04/latest-updates-on-the-killing-of-bin-laden/. Acesso em 06 de junho, 2012.

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49

Apesar disso, já havia interesse jornalístico no acontecimento em si –

mesmo quando ainda não confirmado, devido às especulações do já anunciado

pronunciamento do presidente Barack Obama –, mas de forma independente aos

tuites de Urbahn, naquele momento imediato.

De acordo com gráfico, o primeiro pico de atividade no site se deu no

momento em que redes de TV – ABC, NBC e CBS –, aproximadamente às 23h45,

reportaram a morte do líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, como um

acontecimento confirmado, atividade esta que aumentou consideravelmente até o

momento do início do discurso do presidente estadunidense.

Devido à visibilidade e à credibilidade muito maior dos canais de notícias

da mídia tradicional que informações publicadas no Twitter por Urbahn e

especulações também compartilhadas por outros usuários, é possível perceber que

os meios de comunicação de massa tradicionais permanecem como meio principal

de divulgação e circulação de informações e notícias. Apenas após ser noticiado por

organizações de comunicação já reconhecidas fora da Internet é que o

acontecimento passou a ter mais presença, visibilidade e compartilhamentos no

Twitter.

O momento de maior atividade comunicacional na plataforma, quando

alcançou mais de cinco mil tuites por segundo no site, foi cerca de 15 minutos após

a notícia da morte de Bin Laden haver sido confirmada pela mídia tradicional,

quando o pronunciamento de Obama ainda era aguardado para que a informação

fosse considerada oficial. Nesse momento, a TV era o principal meio de obtenção de

informações. A Internet foi um meio em que era percebida a repercussão do que era

falado em outras mídias: um ambiente de recirculação.

Isso porque a mídia tradicional atuou com o papel de conferir significados

ao acontecimento delineado no Twitter, além da publicização deste – conforme

perspectivas de Leandro Lage (2011) e Elton Antunes (2007) –, já que a

inteligibilidade do acontecimento ocorreu apenas quando a mídia passou a

intermediar e interpretar as mensagens. Esse papel foi essencial devido ao fato de

que, com a midiatização da sociedade e das relações humanas, o tratamento do

acontecimento fora da mídia tradicional se dava de forma superficial e veloz. A

Page 51: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

50

intervenção da mídia serviu como forma de oferecer uma perspectiva mais

aprofundada.

Depois de picos de atividade na plataforma nos momentos em que o

presidente Obama confirma oficialmente o ataque e morte de Bin Laden e em que

ele finaliza seu pronunciamento, a utilização do Twitter foi mais intensa apenas

durante um período de 30 minutos, a qual se normalizou após esse período. Isso

acontece porque a instantaneidade das publicações e compartilhamentos faz com

que essa atividade fique condensada num período de tempo mais próximo do

acontecimento, devido ao interesse dos próprios usuários na atualidade do

acontecimento midiático.

Mas é a visibilidade o fator que traz valor ao acontecimento e influencia o

seu compartilhamento, fatores que estão intrinsecamente relacionados visto que o

compartilhamento gera visibilidade na rede e a visibilidade, por sua vez, também

gera compartilhamentos. Apesar da proximidade temporal dos tuites de Athar e

Urbahn com relação ao surgimento do acontecimento, o principal fator que os

tornaram importantes para a sua construção em si é o grau de compartilhamento e

visibilidade alcançada por eles.

Isso porque, após a confirmação da morte de Bin Laden, foi possível

recuperar, através de buscas por menções à cidade de Abbotabad e tópicos

relacionados ao ataque, os primeiros tuites com relação ao assunto, bem como o

primeiro tuite que teria noticiado o falecimento de Osama.

Essas possibilidades de criação de hashtags, apresentação de trending

topics e o compartilhamento em rede do que está sendo consumido no site são

fatores essenciais que configuram o princípio de conexão descrito por Deleuze e

Guattari (1995). Dessa forma, nós distantes da rede puderam consumir e

compartilhar o mesmo conteúdo e interagir entre si, formando novas conexões.

A grande atividade dos usuários do Twitter, com manifestações e

compartilhamentos feitos tanto por anônimos, quanto por celebridades, e a

visibilidade alcançada por Urbahn e, principalmente, Athar dentro da plataforma

fizeram com que a morte de Osama Bin Laden gerasse outro acontecimento

midiático em paralelo referente à repercussão deste no Twitter.

Page 52: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

51

A relação entre Twitter e o ataque ao esconderijo de Bin Laden e a

participação dos usuários no compartilhamento do acontecimento foi pauta de

diversos canais de notícia, principalmente online. Pode-se perceber, a partir daí, que

esse novo acontecimento seguiu os fatores de noticiabilidade descritos por

Rodrigues (1993) quanto ao excesso, à falha e à inversão. Excesso, ao considerar o

recorde alcançado na época de publicações, comentários e compartilhamentos na

rede sobre o tema. A falha foi do sistema da mídia tradicional em cobrir e noticiar,

em primeira mão, o acontecimento, o que foi feito, respectivamente, por Sohaib

Athar e Keith Urbahn. A inversão, por sua vez, pode ser considerada devido ao fato

de o Twitter ter sido considerado o canal de notícias ao invés da própria mídia

tradicional, apesar desta ter tido papel essencial na construção do acontecimento.

Todos os sites jornalísticos selecionados fizeram referência ao Twitter em

matérias sobre a morte de Bin Laden. Foi percebido, também, um padrão nas pautas

jornalísticas dos diversos portais de notícias online quanto ao assunto. Os temas

giraram em torno da narração em tempo real pelo Twitter feita por Sohaib Athar, o

recorde de tuites alcançado pelo Twitter devido à repercussão do acontecimento,

comentários de celebridades estrangeiras e brasileiras, a comemoração dos

estadunidenses no Twitter e o anúncio da morte de Osama em primeira mão por

Keith Urbahn.

O relato feito por Athar foi noticiado em matérias publicadas pelos sites

G121, R722, Uol23, Terra24, Estadão25 e Jornal do Brasil26. O recorde de atividade no

21

Matérias disponíveis em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/05/sem-saber-paquistanes-tuita-sobre-acao-que-levou-morte-de-bin-laden.html e http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/05/ataque-a-bin-laden-saiu-primeiro-no-twitter-6.html. Acesso em: 06 de junho, 2012. 22

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Matérias disponíveis em: http://noticias.uol.com.br/bbc/2011/05/02/paquistanes-narrou-ataque-que-matou-bin-laden-no-twitter-sem-saber.jhtm e http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/efe/2011/05/02/redes-sociais-antecipam-e-discutem-morte-de-bin-laden.jhtm. Acesso em: 06 de junho, 2012. 24

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52

Twitter e a repercussão do acontecimento foi abordado pelos portais R727,

Estadão28, Jornal do Brasil29 e Uol30. Os comentários, comemorações e opiniões de

famosos foram tratados sites G131, R732, Terra33 e Jornal do Brasil34. A

comemoração dos cidadãos estadunidenses no Twitter foi abordada em matéria

publicada pelo portal Terra35. E o anúncio da morte de Osama em primeira mão por

Keith Urbahn foi tratado em matérias publicadas pelos sites Uol36, Terra37 e

Estadão38.

O padrão mencionado é percebido justamente pelo fato de que os

assuntos tratados, bem como a forma de abordá-los era semelhante em quase todos

os canais de notícias. Todas as matérias destacavam a utilização do Twitter como

algo relevante para a repercussão da morte de Bin Laden, focando em como os

26

Disponíveis em: http://www.jb.com.br/internacional/noticias/2011/05/02/no-twitter-paquistanes-narra-ataque-a-mansao-de-bin-laden e http://www.jb.com.br/internacional/noticias/2011/05/03/famoso-homem-que-tuitou-ataque-a-bin-laden-se-diz-confuso/. Acesso em: 15 de junho, 2012. 27

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Matéria disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,noticia-sobre-morte-de-bin-laden-vazou-na-internet-antes-de-anuncio-de-obama,713971,0.htm. Acesso em: 06 de junho, 2012.

Page 54: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

53

indivíduos, quer anônimos, quer celebridades, fazem uso da plataforma no

compartilhamento em rede.

A notabilidade do acontecimento da morte de Osama Bin Laden

converteu-se em notabilidade da sua repercussão, em que se percebeu, num nível

global, a potencialidade dos usos dos sites de redes sociais como meios de

comunicação, a capacidade do Twitter de abordar temas de interesse jornalísticos e

como os atores sociais participantes do site, seguindo as lógicas de funcionamento

da mídia, utilizam o Twitter para relatar e difundir acontecimentos – quer sejam

banais ou jornalísticos – na rede.

Page 55: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

54

5 CONCLUSÃO

As questões propostas pelo trabalho, de compreender quais os papéis

dos usuários do Twitter na construção de acontecimentos midiáticos, bem como a

maneira como se dá essa construção, foi discutida e desenvolvida na presente

monografia. Para entender como se dá a construção de um acontecimento midiático

em rede importa caracterizar como se dá o fluxo comunicacional através das

conexões entre os diversos nós dessa rede. Neste sentido, foi importante se

fundamentar nos conceitos teóricos sobre o acontecimento e compreender como se

dá a dinâmica de rede – em especial, das redes sociais na Internet.

Assim, tornou-se possível analisar como os atores dessas redes sociais

contribuem para a produção e o compartilhamento de informações, a partir da lógica

de funcionamento da mídia por eles incorporada – devido ao processo de

midiatização da sociedade –, e, logo, na divulgação de acontecimentos nessas

redes e para além delas.

Considerando o Twitter como o ambiente de construção e reverberação

de acontecimentos, é possível perceber como as suas características específicas

contribuem para que acontecimentos tanto banais quanto jornalísticos tornem-se

midiáticos. Entre esses aspectos específicos do Twitter encontram-se as diferentes

formas de interação, compartilhamento e a valorização do imediato. Essas

características tornam o site um meio de interação em rede singular, que comporta a

sua própria dinâmica de circulação de informações, acontecimentos e interação.

Essa construção do acontecimento midiático em rede envolve a

participação de inúmeros atores sociais. É a filtragem das informações e memes

compartilhados que evidencia a importância da participação coletiva.

Dessa forma, os indivíduos participam ativamente da construção dos

acontecimentos midiáticos através da dinâmica em rede. Seja através da publicação

de algo que acontece à sua volta – forte aspecto testemunhal –, por meio da

filtragem feita ou do compartilhamento das informações, que são o combustível da

reverberação e, logo, da construção daquele acontecimento como acontecimento

midiático.

Page 56: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

55

As noções de pregnância e atualidade destacadas por Berger e Tavares

(2010) se fazem presentes nos compartilhamentos feitos nas redes sociais na

Internet, principalmente no caso do Twitter, em que a velocidade com que os

acontecimentos são narrados, difundidos e popularizados na rede é bastante

valorizada e perceptível. Isso porque o que é publicado e compartilhado em sites de

redes sociais pode adquirir grande visibilidade rapidamente através dos retuites

dados, das hashtags criadas e da listagem de trending topics.

Essa visibilidade de tuites ou temas tratados pode ser alcançada,

portanto, sem que os fatos sejam checados, o que vai de encontro à defesa da

credibilidade pela prática jornalística. O que faz permanecer o questionamento

corrente de como tratar a credibilidade no Twitter, já que é típico do Twitter que

rumores sejam publicados.

Também devido à possibilidade de popularidade de um assunto, vemos

impossibilidade ainda maior de separação entre o banal e o jornalístico. Os dois

pólos podem, com as possibilidades de aquisição de visibilidade através de

compartilhamento e popularidade do tópico no Twitter, tornarem-se acontecimentos

midiáticos. Além de que essa união entre o acontecimento jornalístico e

acontecimento banal acaba sendo intrínseca ao próprio conceito de acontecimento.

No próprio caso estudado, sobre a morte de Osama Bin Laden, foi

possível notar como tuites publicados num contexto banal, pertencendo ao cotidiano

de um usuário específico, foram percebidos, posteriormente, como o registro do

testemunho de um acontecimento altamente jornalístico e tornaram-se, por si só,

partes importantes de um acontecimento midiático.

Notou-se também como diversos sites de jornalismo online se pautaram

pelo que estava sendo falado no Twitter, seja tratando de perfis anônimos que se

destacaram – caso de Sohaib Athar –, seja abordando o que era tuitado por nós

mais centrais na rede – opiniões e manifestações feitas por celebridades – ou

tratando da potencialidade, características e comportamento da própria plataforma –

quanto ao grau de atividade no site durante o período em que era divulgada a morte

de Bin Laden.

Page 57: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

56

Dessa forma, vimos que o Twitter proporciona, como também pôde ser

notado no estudo de caso realizado, a possibilidade de que anônimos ganhem

visibilidade, tornando-se um nó mais centralizado na rede. Com as diferentes formas

de interação entre seus usuários, os atores sociais podem se conectar uns aos

outros de variadas maneiras – quer seja seguindo ou sendo seguido, através de

retuites, respostas ou menção a uma mesma hashtag.

Os estudos referentes às contribuições do Twitter ou outras redes sociais

na Internet na construção de acontecimentos midiáticos e reverberação de

informações através dos compartilhamentos em rede não ficam esgotados aqui, já

que muitos questionamentos ainda permanecem, principalmente quanto à questão

da credibilidade e à questão da forte proximidade entre o banal e o jornalístico

circulando na rede.

Page 58: Monografia: A morte de Osama Bin Laden como Acontecimento Midiático no Twitter | Racquel Tomaz

57

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