monitoramento e análise de afundamentos momentâneos de tensão

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Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão Filipe Dias de Oliveira . Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia Departamento de Engenharia Elétrica Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Belo Horizonte Fevereiro de 2015

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Page 1: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

Filipe Dias de Oliveira .

Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia

Departamento de Engenharia Elétrica Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

Belo Horizonte

Fevereiro de 2015

Page 2: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

1

Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

Filipe Dias de Oliveira .

Dissertação submetida à banca examinadora designada pelo colegiado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Elétrica.

Universidade Federal de Minas Gerais Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

Professor Orientador: Braz de Jesus Cardoso Filho, PhD.

Submetida em 23/02/2015

Page 3: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

2

Banca Examinadora:

Prof. Braz de Jesus Cardoso Filho, PhD. (Orientador) Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG Prof. Sidelmo Magalhães Silva, Dr. Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG Prof. Igor Amariz Pires, Dr. Departamento de Engenharia Eletrônica da UFMG

Page 4: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

3

DEDICATÓRIA

A Deus, pela vida.

Aos meus pais, José Afonso e Ana Dias, pelo apoio, afeto, amor e exemplo de vida.

Page 5: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela vida, pelos caminhos e pela saúde.

Aos meus pais, José Afonso e Ana Dias, pelo apoio, afeto, amor e exemplo de vida.

Aos meus irmãos, Rafael e Guilherme, pelo privilégio da convivência.

Michelle, pela compreensão, amizade e cumplicidade.

Ao Professor Braz de Jesus Cardoso Filho pela primeira acolhida na UFMG, boa vontade

na transmissão dos conhecimentos, paciência, amizade e confiança depositada.

Aos amigos do Tesla Engenharia de Potência pelo trabalho em equipe e cooperação.

Aos professores Sidelmo Magalhães e Igor Pires pela orientação, apoio e amizade.

À CAPES e ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica pela oportunidade de

realização de trabalhos em minha área de pesquisa e pelo suporte financeiro.

Page 6: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

5

RESUMO

Os afundamentos momentâneos de tensão têm sido reportados como os mais frequentes

distúrbios responsáveis pela degradação da qualidade da energia elétrica fornecida aos

consumidores industriais. Os prejuízos causados pelas paradas indesejadas, provocadas

pela ocorrência de Afundamentos de Tensão, chegam, em muitos casos, a cifras bastante

elevadas que incluem custos de produtividade, reinício do processo produtivo, redução

na qualidade do produto e atrasos de entregas. Diante desse cenário, a monitoração do

sistema elétrico representa um procedimento indispensável para a avaliação da

qualidade da energia elétrica, sobretudo para a determinação de alternativas de

soluções de problemas. Este trabalho apresenta uma análise dos resultados de

monitoramento da qualidade da energia elétrica compreendidos entre abril/2011 e

março/2014.

Page 7: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

6

ABSTRACT

The momentary voltage sags have been reported as the most frequent disturbances

responsible for the degradation of the power quality to industrial constumers . The

damage caused by unwanted shutdowns caused by the occurrence of voltage sags in

many cases. Reach very high figures including productivity costs, restart the production

process, reduced product quality and delivery delays. Given this scenario, monitoring

the electrical system is an indispensable procedure for the assessment of power quality,

especially for the determination of alternative problem solutions. This work presents an

analysis of momentary voltage sags monitoring results from April / 2011 to March /

2014 .

Page 8: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

7

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................ 9

LISTA DE TABELAS ..................................................................................................................................... 10

LISTA DE ABREVIATURAS .......................................................................................................................... 11

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 12

1.1 RELEVÂNCIA DO TEMA .......................................................................................................................... 13 1.2 OBJETIVOS E CONTRIBUIÇÕES DA DISSERTAÇÃO....................................................................................... 14 1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ................................................................................................................ 16

2. AFUNDAMENTOS MOMENTÂNEOS DE TENSÃO .............................................................................. 18

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................................................... 19 2.2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ...................................................................................................................... 19 2.3 MEDIÇÃO DE AFUNDAMENTOS MOMENTÂNEOS DE TENSÃO ...................................................................... 24 2.4 CARACTERIZAÇÃO CONVENCIONAL DE AFUNDAMENTOS DE TENSÃO........................................................... 26

2.4.1 EVENTOS MONOFÁSICOS .............................................................................................................................................. 26 2.4.2 AFUNDAMENTOS TRIFÁSICOS ...................................................................................................................................... 27

2.5 ORIGEM DOS AFUNDAMENTOS DE TENSÃO ............................................................................................... 29 2.6 PARÂMETROS QUE AFETAM AS CARACTERÍSTICAS DO AMT ........................................................................ 30

2.6.1 TIPO DE FALTA ............................................................................................................................................................... 31 2.6.2 LOCAL DA FALTA ............................................................................................................................................................ 32 2.6.3 TENSÃO PRÉ-FALTA ....................................................................................................................................................... 32 2.6.4 IMPEDÂNCIA DA FALTA ................................................................................................................................................. 33 2.6.5 CONEXÃO DOS TRANSFORMADORES ........................................................................................................................... 34 2.6.6 SISTEMA DE PROTEÇÃO ................................................................................................................................................ 35

2.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................... 36

3. CARACTERIZAÇÃO E INDICADORES DE AMT .................................................................................. 38

3.1 MÉTODO DA DISTÂNCIA CRÍTICA ............................................................................................................. 39 3.2 MÉTODO DAS POSIÇÕES DE FALTA ........................................................................................................... 41 3.3 INDICADORES DE AFUNDAMENTOS MOMENTÂNEOS DE TENSÃO................................................................. 43 3.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................... 46

4. RESULTADOS DE MONITORAÇÃO .................................................................................................... 47

4.1 RESULTADOS DE MONITORAÇÃO .............................................................................................................. 48 4.2 SISTEMA DE MEDIÇÃO............................................................................................................................ 49 4.3 NÚMERO DE EVENTOS REGISTRADOS POR MÊS DURANTE O PERÍODO ........................................................... 51 4.4 EVENTOS POR TIPO DE AFUNDAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DOS DISTÚRBIOS .................................................... 52 4.5 EVENTOS REGISTRADOS POR HORA DO DIA ............................................................................................... 54 4.6 NÚMERO DE EVENTOS POR DURAÇÃO DO AMT ........................................................................................... 55 4.7 NÚMERO DE EVENTOS POR NÍVEL DE TENSÃO RESIDUAL ............................................................................ 55 4.8 FORMAS DE ONDA SELECIONADAS ........................................................................................................... 56 4.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................... 58

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................................................................................. 59

5.1 CORRELAÇÃO AFUNDAMENTO MOMENTÂNEO DE TENSÃO X PRECIPITAÇÃO ................................................ 60 5.2 NÚMERO DE EVENTOS POR FASE ............................................................................................................. 61 5.3 INDICADOR DE AMT - PADRÃO IEEE 1346-1988................................................................................... 63 5.4 CURVA ITIC .......................................................................................................................................... 67 5.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO ANO DE 2012 E 2013 ............................................................................... 68

5.5.1 EVENTOS POR TIPO DE AFUNDAMENTO (2012 X 2013) ....................................................................................... 70

Page 9: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

8

5.5.2 NÚMERO DE EVENTOS POR FASE (2012 X 2013) .................................................................................................. 71 5.5.3 NÚMERO DE EVENTOS POR DURAÇÃO (2012 X 2013) ......................................................................................... 72 5.5.4 NÚMERO DE EVENTOS POR NÍVEL DE TENSÃO RESIDUAL (2012 X 2013) ........................................................ 73

6. PROPOSTA DE COMPENSAÇÃO PARA AFUNDAMENTOS MOMENTÂNEOS DE TENSÃO .............. 74

6.1 COMPENSAÇÃO PARA EQUIPAMENTOS MONOFÁSICOS ............................................................................... 75 6.2 COMPENSAÇÃO PARA EQUIPAMENTOS TRIFÁSICOS ................................................................................... 76 6.3 COMPENSADOR DE ONDA QUADRADA ....................................................................................................... 77

7. CONSULTA PÚBLICA ANEEL N° 018/2014 ...................................................................................... 78

8. CONCLUSÕES E PROPOSTAS DE CONTINUIDADE ........................................................................... 82

8.1 CONCLUSÕES SOBRE O TRABALHO ........................................................................................................... 83 8.2 PROPOSTAS DE CONTINUIDADE ............................................................................................................... 84

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................... 85

Page 10: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 2-1 – Distribuição das causas de faltas. ..................................................................... 23

Figura 2-2 – Medição do AMT para medidores com referências distintas. ........................ 25

Figura 2-3 – Afundamento Monofásico ................................................................................. 26

Figura 2-4 – Agregação pela união de fases. ......................................................................... 28

Figura 2-5 – Agregação por parâmetros críticos. ................................................................. 28

Figura 2-6 – Agregação por fase crítica ................................................................................. 29

Figura 3-1 – Diagrama Simplificado PAC .............................................................................. 39

Figura 3-2 – Método da distância crítica para circuitos paralelos. ..................................... 41

Figura 3-3 - Histograma tridimensional para as caracteristicas do afundamrnto.............44 Figura 4-1 – Malha de distribuição centro da CEMIG. ......................................................... 48

Figura 4-2 – Participação do Consumo por classe ............................................................... 49

Figura 4-3 – Sistema de Medição ........................................................................................... 50

Figura 4-4 – Número de Eventos, por mês, registrados no período. .................................. 52

Figura 4-5 – Precipitação registrada, por mês, em Belo Horizonte no período. ................ 52

Figura 4-6 – Distribuição dos distúrbios por tipo de Afundamento. .................................. 53

Figura 4-7 – Distribuição dos distúrbios para eventos bifásicos. ....................................... 53

Figura 4-8 – Distribuição dos distúrbios para eventos Monofásicos. ................................. 54

Figura 4-9 – Número de eventos por hora do dia. ................................................................ 54

Figura 4-10 - Número de eventos por duração do AMT ...................................................... 55

Figura 4-11 – Número de eventos por nível de tensão residual ......................................... 56

Figura 4-12 – Formas de onda selecionadas. ........................................................................ 57

Figura 5-1 – Correlação AMT x Precipitação. ....................................................................... 60

Figura 5-2 – Número de Eventos por Fase. ........................................................................... 62

Figura 5-3 – Curva de contorno, por ano, para o desempenho do sistema. ....................... 64

Figura 5-4 – Número de desligamentos do PLC ................................................................... 65

Figura 5-5 – Número de desligamentos ASD (5hp) ............................................................. 66

Figura 5-6 – Número de desligamentos do PC ..................................................................... 66

Figura 5-7 – Número de desligamentos Relé eletromecânico. ............................................ 67

Figura 5-8 – Curva ITIC x Curvas de coordenação ............................................................... 68

Figura 5-9 – Eventos registrados no Ano de 2012. .............................................................. 69

Figura 5-10 – Eventos registrados no Ano de 2013 ............................................................. 69

Figura 5-11 – Distribuição dos distúrbios, por tipo de Afundamento, no Ano de 2012 e 2013. ........................................................................................................................ 70

Figura 5-12 – Distribuição dos distúrbios, para eventos bifásicos, anos 2012 e 2013. .... 70

Figura 5-13 – Distribuição dos distúrbios para eventos bifásicos, anos 2012 e 2013. ..... 71

Figura 5-14 – Número de Eventos por Fase (2012 x 2013) ................................................ 72

Figura 5-15 – Porcentagem de Eventos por duração ........................................................... 73 Figura 5-16 – Porcentagem de Eventos por Nível de Tensão Residual ................................... 73

Figura 6-1 – Compensador Dinâmico de Tensão Monofásico para Sistemas Trifásicos (Cargas Monofásicas) ............................................................................................. 75

Figura 6-2 – Compensador Dinâmico de Tensão Monofásico para Sistemas Trifásicos

(Cargas Trifásicas) ................................................................................................... 76

Figura 6-3 - Compensador Monofásico de Onda Quadrada para proteção de Sistemas Trifásicos ................................................................................................................. 77

Page 11: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 2-1 – Classificação de VTCD conforme o PRODIST. ................................................. 21

Tabela 3-1 – Exemplo de Registro de Ocorrências............................................................... 43

Tabela 3-2 – Número de ocorrências por duração e amplitude do AMT ........................... 44

Tabela 5-1 - Memória de Cálculo para determinação de eventos por fase ........................ 61

Tabela 5-2 – Distribuição dos distúrbios no período de monitoramento. ......................... 63

Tabela 5-3 – Tabela de distribuição acumulada de distúrbios. ........................................... 63

Tabela 5-4 – Tabela de distribuição média de distúrbios por ano. ..................................... 64

Tabela 5-5 – Sensibilidade de Equipamentos. ...................................................................... 65

Tabela 5-6 – Número de desligamentos, por ano, por equipamento. ................................. 67

Tabela 5-7 – Eventos por fase (Ano 2012) ........................................................................... 71

Tabela 5-8 - Eventos por fase (Ano 2013) ............................................................................ 72

Tabela 7-1 – Limites mensais propostos para VTCD ........................................................... 81

Tabela 7-2 – Registros para o mês de dezembro de 2011 ................................................... 81

Page 12: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

11

LISTA DE ABREVIATURAS

AMT: Afundamento Momentâneo de Tensão.

ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica

ASD: Acionamento a Velocidade Variável

ATT: Afundamento Temporário de Tensão

CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEMIG: Companhia Energética de Minas Gerais

IEC: International Electrotechnical Commission

IEEE: Institute of Electric and Electronics Engineers

RA: Religamento Automático

SE: Subestação

SEP: Sistema Elétrico de Potência

PPGEE: Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

PRODIST: Procedimentos de Distribuição

UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais

VTCD: Variação de Tensão de Curta Duração

Page 13: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

12

1. INTRODUÇÃO

Este capítulo apresenta uma visão geral da dissertação. Nas seções seguintes a relevância

do tema, os objetivos e as contribuições da pesquisa são apresentados. Por fim, a

organização do texto é descrita.

Page 14: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

13

1.1 RELEVÂNCIA DO TEMA

A qualidade de energia elétrica é uma característica de um sistema elétrico que se

apresenta isento ou com número restrito de distúrbios manifestados através de desvios

de tensão, em sua forma de onda, amplitude, frequência ou fase angular, que poderiam

ocasionar em falha ou operação inadequada de um equipamento consumidor [1].

Entretanto, um vasto número de fenômenos eletromagnéticos estão presentes no

cotidiano desses sistemas. Manobras de chaveamento de equipamentos e linhas de

transmissão, curtos-circuitos e descargas atmosféricas são as principais causas destes

fenômenos, os quais podem afetar processos industriais e equipamentos de

consumidores. Tais distúrbios podem, em parte, ser evitados ou ter seus efeitos

atenuados através do uso de dispositivos de proteção.

Afundamentos Momentâneos de Tensão (AMT) representam 68% dos problemas,

relacionados à qualidade da energia, encontrados por consumidores industriais [1] e

estão associados, principalmente, com faltas no sistema elétrico e pela energização de

cargas pesadas ou partida de grandes motores.

O uso crescente de equipamentos eletrônicos sensíveis, principalmente em instalações

industriais modernas, tem suscitado uma incompatibilidade destas cargas aos

fenômenos mencionados. Como consequência, um elevado número de paradas de

processos industriais, sem interrupção no fornecimento de energia elétrica, tem se

verificado como resultado desses distúrbios.

Apesar de serem fenômenos de curta duração, causam prejuízos elevados. Em geral, não

provocam danos ao equipamento, mas interrompem processos industriais, com perdas

Page 15: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

14

de qualidade e no tempo para retomada de produção [2]-[3]. No Brasil, apenas

recentemente, tem sido realizados estudos que contabilizam os prejuízos provocados

pelos AMT, como é o caso de [4], [5] e [6].

Nestes casos, a monitoração da qualidade de energia elétrica representa uma

providência essencial para a caracterização e identificação dos fenômenos

eletromagnéticos envolvidos que afetam as cargas sensíveis dos consumidores. Com tais

informações é possível se obter um diagnóstico do problema.

A partir do diagnóstico obtido, pode-se identificar um universo de alternativas para

compatibilizar os fenômenos intrínsecos do sistema elétrico às características de

sensibilidade das cargas do consumidor. Algumas dessas alternativas podem ser

executadas pelas concessionárias de energia elétrica no sentido de reduzir o número de

ocorrências ou atenuar a severidade dos mesmos.

Pelo lado do consumidor, as medidas a serem adotadas envolvem, via de regra, a

minimização da sensibilidade dos processos e dispositivos de proteção associados, além

do uso de equipamentos condicionadores [7]. Várias tecnologias têm sido investigadas

como solução do problema, conforme tratado em [8]. Neste contexto, o compensador

série em onda quadrada para afundamentos de tensão se destaca pela eficácia e boa

relação custo X benefício [9]-[10].

1.2 OBJETIVOS E CONTRIBUIÇÕES DA DISSERTAÇÃO

Os afundamentos de tensão, conhecidos na literatura internacional como “voltage sags”

ou “voltage dips”, representam, atualmente, o principal desafio a ser enfrentado por

concessionárias de energia, fornecedores de equipamentos elétricos e consumidores de

Page 16: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

15

um modo geral. Ocorrências de afundamentos de tensão, combinadas com a

sensibilidade dos equipamentos, têm resultado em um número expressivo de

interrupções de processos industriais.

Os AMT são inevitáveis e inerentes à operação do sistema elétricos devido a vasta

extensão e vulnerabilidade das linhas aéreas de transmissão e distribuição. As

concessionárias de energia elétrica passarão a ter maiores custos com prováveis

ressarcimentos de prejuízos a consumidores decorrentes da falta de qualidade de

energia tendo em vista a Consulta Pública N° 018/2014, em aberto, da ANEEL para

regulamentação dos fenômenos que afetam a qualidade da energia incluindo AMT.

As informações a respeito da sensibilidade de equipamentos frente a AMT podem ser

obtidas através de testes laboratoriais ou diretamente com os fabricantes. Geralmente,

procura-se definir curvas de sensibilidade, delimitando regiões de susceptibilidade ou

tolerância aos AMT.

Por outro lado, o desempenho do sistema pode ser medido, estimado ou ainda avaliado

através de uma combinação destes. Certamente, a melhor maneira de se estimar o

desempenho dos sistemas elétricos é através das medições.

Portanto, é necessário que sejam desenvolvidos, através de medições, novos

procedimentos que auxiliem com o fornecimento de subsídios para compensação de

Afundamentos Momentâneos de Tensão.

Este trabalho apresenta uma experiência de 3 anos, compreendidos de abril/2011 a

março/2014, de monitoração da qualidade da energia elétrica, em particular,

afundamentos momentâneos de tensão com os objetivos de: (i) conhecer e caracterizar,

de forma precisa, os eventos mais frequentes; (ii) quantificar o número de eventos,

Page 17: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

16

durante o período, que afetariam equipamentos eletroeletrônicos típicos utilizados em

plantas industriais; (iii) propor soluções de baixo custo e eficazes para compensação dos

eventos; e (iv) analisar a proposta da ANEEL, através da Consulta Pública n° 018/2014,

na definição de limites para Variações Momentâneas de Tensão, em especial AMT.

As principais contribuições deste trabalho estão concentradas nos resultados que foram

obtidos e em suas análises.

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação foi organizada em duas Partes. Na primeira parte, o trabalho

acadêmico, devidamente descrito com o desenvolvimento, resultados, análises e

discussões. Na segunda parte, os principais artigos publicados durante a realização da

pesquisa.

A Parte (A) é composta de 8 capítulos com temas, conforme descrito abaixo:

- O Capítulo 2 apresenta conceitos e definições sobre Afundamentos Momentâneos de

Tensão, caracterização de AMT em que mais de uma fase é afetada, medição dos eventos

e os principais fatores de influência sobre os Afundamentos Momentâneos de Tensão.

- No Capítulo 3, são apresentados 02 métodos de caracterização de Afundamentos

Momentâneos de Tensão e indicadores do distúrbio.

- No Capítulo 4, são apresentados os resultados do monitoramento realizado no período

de abril/2011 a março/2014. O Sistema de medição utilizado é apresentado e são

caracterizados AMT por tipo, duração e magnitude.

Page 18: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

17

- No Capítulo 5, uma análise dos resultados de monitoração é apresentada onde se

observa uma forte correlação entre o número de eventos registrados e a precipitação no

período. Além disso, verifica-se que as Fases não são igualmente afetadas.

- No Capítulo 6, são apresentadas propostas de compensação de Afundamentos

Momentâneos de Tensão com base nos resultados e análises do monitoramento.

- No Capítulo 7, é apresentada uma proposta de limites de AMT com base em estudos

técnicos, através da Consulta Pública n° 018/2014. Adicionalmente, é realizada uma

comparação dos limites propostos com os resultados obtidos.

Por fim, o Capítulo 8 contém as conclusões sobre o trabalho e as propostas de

continuidade.

Page 19: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

18

2. AFUNDAMENTOS MOMENTÂNEOS DE TENSÃO

Neste capítulo, são apresentados conceitos e definições sobre Afundamentos Momentâneos

de Tensão, caracterização de AMT em que mais de uma fase é afetada, medição dos

eventos e os principais fatores de influência sobre os AMT.

Page 20: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

19

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capítulo são abordados os principais conceitos e definições relacionados aos

Afundamentos Momentâneos de Tensão visando apresentar os requisitos para a

compreensão da metodologia proposta. Dentre os tópicos apresentados, destacam-se:

• Conceitos e definições: Esta seção apresenta três propostas de conceituação para os

afundamentos de tensão e define qual proposta será utilizada neste trabalho.

Adicionalmente, descreve brevemente os principais parâmetros a serem analisados e

discute as principais causas das ocorrências deste distúrbio. Por fim, há uma breve

explanação sobre a medição do afundamento.

• Caracterização convencional de afundamentos de tensão: Aqui é descrita a maneira

como se deve proceder para a caracterização dos parâmetros dos AMT quando se têm

eventos monofásicos. Em seguida, são apresentadas três possibilidades de se

caracterizar também os eventos que envolvam afundamentos em mais de uma fase

(agregação);

• Parâmetros que afetam os afundamentos de tensão: Neste item são apresentados os

principais fatores de influência sobre as características dos AMT.

2.2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Atualmente, existem duas definições internacionais no que se refere a afundamentos de

tensão. A primeira, estabelecida pelo “Institute of Electric and Electronics Engineers” –

IEEE (EUA); e a segunda, pela “International Electrotechnical Commission” – IEC

(Europa).

Page 21: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

20

O IEEE, através do padrão IEEE 1159 - 1995 [11] que trata da monitoração dos

fenômenos de qualidade de energia elétrica, define afundamento de tensão, ou “voltage

sag”, como sendo a redução do valor eficaz da tensão para um valor entre 0,10 e 0,90

p.u., durante um período de tempo compreendido entre 1/2 ciclo e 1 minuto. Neste caso,

a intensidade do afundamento, é definida pela menor tensão remanescente durante a

ocorrência do distúrbio. Um evento cuja intensidade é inferior a 0,10 p.u. é considerado

como sendo uma interrupção. Adicionalmente, o IEEE classifica os afundamentos de

tensão, segundo a sua duração, em três categorias:

• Instantâneos: entre 1/2 ciclo e 30 ciclos;

• Momentâneos: entre 30 ciclos e 3 segundos;

• Temporários: entre 3 segundos e 1 minuto.

A IEC [12], por outro lado, classifica a intensidade do afundamento de tensão pela ótica

da queda do valor eficaz da tensão. Neste caso, é classificado como afundamento um

evento onde ocorra uma queda do valor eficaz da tensão entre 0,10 e 0,99 p.u., durante

um período de tempo compreendido entre 1/2 ciclo e alguns segundos. Distúrbios com

queda de tensão acima de 0,99 p.u., o que equivale a tensões remanescentes abaixo de

0,01 p.u., são considerados pela IEC como interrupções.

Outras referências [3], [13] caracterizam o afundamento como sendo a redução do valor

eficaz da tensão de suprimento para o limite abaixo de 0,90 p.u., contemplando inclusive

o intervalo de 0 a 0,10 p.u.

O Modulo 8 dos Procedimentos de Distribuição – PRODIST [14] classifica as Variações de

Tensão de Curta Duração – VTCD conforme Tabela 2.1 abaixo:

Page 22: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

21

Tabela 2-1 – Classificação de VTCD conforme o PRODIST.

Observa-se que os afundamentos de tensão são classificados, de acordo com [14], como

momentâneos e temporários. Os Afundamentos Momentâneos de Tensão – AMT são

eventos em que o valor eficaz da tensão é superior ou igual a 0,10 p.u. e inferior a

0,90 p.u. e cuja duração é superior ou igual a um ciclo e inferior ou igual a 3 segundos.

Já os Afundamentos Temporários de Tensão – ATT são os eventos em que o valor eficaz

da tensão é superior ou igual a 0,10 p.u. e inferior a 0,90 p.u. cuja duração é superior a 3

segundos e inferior a 3 minutos.

É objeto desse trabalho apenas os Afundamentos Momentâneos de Tensão conforme

definido no Modulo 8 dos Procedimentos de Distribuição, ou seja, uma interrupção

momentânea, ou temporária, não será considerada como sendo um afundamento de

tensão.

Page 23: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

22

Os principais parâmetros que caracterizam um afundamento de tensão monofásico são a

intensidade e a duração, os quais, somados à frequência de ocorrência, fornecem

informações satisfatórias sobre o fenômeno [15].

No entanto, quando se trata de afundamentos de tensão trifásicos, mais variáveis e

outros parâmetros devem ser analisados, onde se destacam a assimetria, ângulo de

deslocamento e o desequilíbrio. De forma complementar, o comportamento dinâmico

associado à evolução da forma de onda, também pode ser empregado para caracterizar

tanto os Afundamentos de Tensão monofásicos como os trifásicos.

Adicionalmente, um ponto necessário, e importante, no tratamento de eventos trifásicos

é a necessidade de relacionar apenas um conjunto de parâmetros (por exemplo,

intensidade e duração) a cada evento. Este processo é denominado agregação de fases e

será apresentado mais adiante.

Segundo [14], a intensidade e duração dos afundamentos não caracterizam

completamente um evento, porém são as características indispensáveis na determinação

do comportamento dos equipamentos.

Os afundamentos de tensão no sistema elétrico são provenientes da partida de motores

de grande porte [16], energização de transformadores e ocorrência de curtos-circuitos

[17], [18] e [19].

As faltas no sistema elétrico, são a principal causa dos afundamentos de tensão,

sobretudo no sistema da concessionária, devido à existência de milhares de quilômetros

de linhas aéreas de transmissão e de distribuição, sujeitas a toda a sorte de fenômenos

naturais. Curtos-circuitos também ocorrem em subestações terminais de linhas e em

sistemas industriais, porém, com menor frequência. Em sistemas industriais, por

Page 24: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

23

exemplo, a distribuição primária e secundária é tipicamente realizada através de cabos

isolados que possuem reduzida taxa de falta se comparados às linhas aéreas [20] e [21].

As faltas em linhas aéreas ocorrem, principalmente, devido à incidência de descargas

atmosféricas. Nos sistemas de distribuição, o problema é mais crítico porque esses são,

em geral, desprovidos de cabos guarda. Portanto, pode-se deduzir que a ocorrência de

afundamentos de tensão está fortemente correlacionada com o índice ceráunico da

região onde as linhas aéreas se encontram instaladas.

O trabalho apresentado em [22] faz uma avaliação do impacto do Afundamento de

Tensão baseado nas características da falta. Durante um período de 4 (quatro) anos

foram monitorados 5.000km, no sistema de transmissão da CEMIG, e a figura 2.1 ilustra

as principais causas das faltas. Observa-se que as descargas atmosféricas são

responsáveis pela maior parte das ocorrências, quase 50%.

Figura 2-1 – Distribuição das causas de faltas.

Page 25: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

24

No entanto, é bom lembrar que nem todas as descargas atmosféricas resultam em

curtos-circuitos e, consequentemente, em afundamentos de tensão. Outras causas

significativas na ocorrência de curtos-circuitos são as queimadas em plantações,

vendavais, contatos por animais e aves, etc.

2.3 MEDIÇÃO DE AFUNDAMENTOS MOMENTÂNEOS DE TENSÃO

Um aspecto importante relativo aos AMT consiste no método ou protocolo de sua

medição. A oscilografia da tensão, durante um AMT, deve ser analisada de forma a serem

avaliados os valores eficazes de tensão ao longo do tempo.

Medidores digitais geralmente computam o valor eficaz a partir de amostras de valores

instantâneos. O procedimento de cálculo pode diferir, entre um instrumento e outro, em

termos de taxa de amostragem, janela de integração, periodicidade do cálculo do valor

eficaz, inicio da integração e fórmula de cálculo. A expressão mais simples, onde N é o

número de amostras na janela é dada por:

N

k

k

N

k

k

T

t

ef vN

tvtN

dttvT

V1

2

1

2

0

2 )(1

)(1

)(1

(2.1)

A janela de 1 (um) ciclo, sendo deslocada a cada amostra, é também denominada janela

deslizante. Assim, os valores da tensão eficaz podem ser calculados de forma adequada a

cada amostra, a partir do valor eficaz para o ciclo imediatamente anterior.

Page 26: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

25

Outros métodos de medição definem duração de janelas distintas. Além disso, o valor

eficaz não necessariamente precisa ser atualizado (e registrado) a cada amostra,

podendo ser calculado a cada ½ ciclo, 1 ciclo, etc. Os trabalhos [23,24] analisam estas

variáveis e seus impactos na determinação dos principais parâmetros dos AMT,

magnitude e duração.

Desta forma, o valor eficaz, que é ligado a um ciclo da forma de onda, passa por uma

grandeza instantânea, ou seja, com valor calculado a cada amostra. Os medidores

apresentam um ajuste de tensão de disparo, geralmente 90% do valor nominal, tal que

quando o valor eficaz da tensão cai abaixo deste valor o evento é registrado.

A duração do evento, para cada fase afetada, será contabilizada a partir do instante de

disparo, naquela fase, até o instante no qual o valor eficaz da tensão passe a ser superior

ao valor da tensão de disparo. A figura 2.2 ilustra este procedimento para dois

medidores com duas referências distintas.

Figura 2-2 – Medição do AMT para medidores com referências distintas.

Page 27: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

26

2.4 CARACTERIZAÇÃO CONVENCIONAL DE AFUNDAMENTOS DE

TENSÃO

2.4.1 EVENTOS MONOFÁSICOS

A partir da evolução do valor eficaz da tensão em função do tempo, determina-se a

magnitude e a duração do evento. A magnitude do afundamento de tensão, seguindo o

PRODIST [14], é o menor valor da tensão remanescente durante a ocorrência do evento

também conhecida como tensão residual. A duração, por outro lado, é o tempo durante

o qual o valor eficaz da tensão permanece abaixo do patamar de 0,90 p.u. da tensão de

referência, por exemplo 90% da tensão nominal. Os conceitos de intensidade e duração

do afundamento de tensão são mostrados na Figura 2.3.

Figura 2-3 – Afundamento monofásico.

Page 28: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

27

2.4.2 AFUNDAMENTOS TRIFÁSICOS

Uma ocorrência no Sistema Elétrico de Potência – SEP pode afetar uma, duas ou até as

três fases. A magnitude e a duração, do afundamento de tensão, resultante em cada fase

pode diferenciar-se substancialmente, sobretudo em sistemas de distribuição onde

podem ocorrer curtos-circuitos monofásicos seguidos de curtos-circuitos trifásicos.

Para fins de cálculo de indicadores e avaliação do impacto dos fenômenos sobre

equipamentos, utiliza-se o procedimento chamado de agregação de fases, que consiste

em atribuir um par de parâmetros (amplitude e duração) a uma ocorrência que

provoque registro em mais de uma fase. Algumas propostas de agregação de fases são

descritas no texto. A amplitude do evento obtida após o processo de agregação de fases,

segundo qualquer das propostas, corresponde ao mínimo valor da tensão remanescente

entre as três fases.

I. Agregação pela União das Fases

A duração do evento é definida como o intervalo de tempo decorrido entre o instante em

que a primeira das fases fica abaixo de um determinado limite, por exemplo, 0,90 p.u., e

o instante em que a última das fases volta a superar este limite. A Figura 2.4 ilustra esta

situação, onde se observa um afundamento de tensão cuja amplitude corresponde a ‘U’ e

a duração ‘T’ é determinada pelo início do distúrbio na fase C e pelo término da fase A.

Page 29: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

28

Figura 2-4 – Agregação pela união de fases.

II. Agregação pelos parâmetros críticos

Segundo este critério, a duração do afundamento deve ser calculada para cada uma das

fases individualmente. Então, de posse dos três valores, no caso de um evento trifásico, a

duração é definida como a máxima duração entre as três fases, conforme mostra a

Figura 2.5.

Figura 2-5 – Agregação por parâmetros críticos.

Page 30: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

29

Agregação pela fase crítica

O critério de agregação de fases pela fase crítica estabelece que a duração do evento está

associada à duração da fase crítica, ou seja, aquela fase que apresentou a menor tensão

remanescente. Uma ilustração deste critério de agregação de fases é mostrada na Figura

2.6, onde a fase crítica é a fase C.

Figura 2-6 – Agregação por fase crítica

2.5 ORIGEM DOS AFUNDAMENTOS DE TENSÃO

Os afundamentos de tensão no sistema elétrico são originados por: partida de motores

de grande porte [16], energização de transformadores e ocorrência de curtos-circuitos

na rede [17]-[19].

As faltas no sistema elétrico são a principal causa dos afundamentos de tensão,

sobretudo no sistema da concessionária de energia elétrica, devido à existência de

milhares de quilômetros de linhas aéreas de transmissão e de distribuição, sujeitas a

fenômenos naturais.

Page 31: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

30

Curtos-circuitos também ocorrem, com menor frequência de ocorrência, em

subestações, terminais de linhas e em sistemas industriais. Em sistemas industriais, por

exemplo, a distribuição primária e secundária é tipicamente realizada através de cabos

isolados, que possuem reduzida taxa de falta se comparados às linhas aéreas.

As faltas em linhas aéreas ocorrem principalmente devido à incidência de descargas

atmosféricas conforme já ilustrado na figura 2.1. As faltas podem ser de natureza

temporária ou permanente.

As faltas temporárias são, em sua grande maioria, devido à ocorrência de descargas

atmosféricas, temporais juntamente com vendavais, que não provocam geralmente

danos permanentes ao sistema de isolação, sendo que o sistema pode ser prontamente

restabelecido por meio de Religamentos Automáticos – RA.

As faltas permanentes são causadas por danos físicos em algum elemento de isolação do

sistema, sendo necessária a intervenção da equipe de manutenção.

Quando da ocorrência do curto-circuito, o afundamento de tensão transcorre durante

todo o tempo de permanência da falta, ou seja, desde o instante inicial do defeito até à

atuação do sistema de proteção ou à completa eliminação do defeito.

2.6 PARÂMETROS QUE AFETAM AS CARACTERÍSTICAS DO AMT

A análise do afundamento de tensão pode ser considerada complexa, pois envolve uma

diversidade de fatores, alguns aleatórios, que afetam as suas características [20],[25] e

[26], dentre eles:

• Tipo de falta;

• Local da falta;

Page 32: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

31

• Tensão pré-falta;

• Impedância de falta;

• Conexão dos transformadores;

• Característica do Sistema de proteção;

2.6.1 TIPO DE FALTA

As faltas no sistema elétrico podem ser: trifásicas, trifásicas à terra, bifásicas, bifásicas à

terra e fase-terra.

As faltas trifásicas e trifásicas à terra são simétricas e geram, portanto, afundamentos de

tensão também simétricos. Neste caso, produzem afundamentos de tensão mais severos,

contudo, são menos frequentes.

As faltas bifásicas, bifásicas a terra, e principalmente, as fase-terra apresentam as

maiores taxas de ocorrência, gerando afundamentos de tensão menos severos se

comparados aos trifásicos, porém, desequilibrados e assimétricos.

A título de exemplificação, em [22] é apresentada as taxas de ocorrência de 887 curtos-

circuitos registrados no sistema de transmissão da CEMIG em um período de 4 anos, as

faltas fase-terra, ou monofásicas, representaram 72,3% dos eventos.

As linhas de transmissão são os componentes do sistema elétrico mais susceptíveis à

ocorrência de curtos-circuitos por sua maior exposição à natureza (descargas

atmosféricas, ventos e temporais), se comparadas com os equipamentos instalados nas

subestações terminais, barras, transformadores, chaves, etc.

Page 33: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

32

2.6.2 LOCAL DA FALTA

A localização da falta no sistema elétrico influencia, significativamente, o impacto do

afundamento de tensão sobre os consumidores. As faltas no sistema de transmissão

afetam um número maior de consumidores se comparadas com as faltas no sistema de

distribuição.

Este fato deve-se, principalmente, às características dos sistemas de transmissão que são

normalmente malhados e abrangem uma maior extensão geográfica. Os sistemas de

distribuição são mais concentrados geograficamente e possuem configuração radial,

sendo que, curtos-circuitos nos ramais de uma subestação de distribuição causam

impacto apenas nos consumidores alimentados pelos ramais adjacentes e dificilmente

provocarão afundamentos de tensão significativos no sistema de transmissão,

sobretudo, aqueles dotados de alta capacidade de curto-circuito.

2.6.3 TENSÃO PRÉ-FALTA

Em condições normais de operação, as concessionárias de energia buscam suprir seus

consumidores com tensões de operação dentro dos limites normatizados (0,95 - 1,05

p.u.). Basicamente, o perfil de tensão em regime permanente é função da curva de carga

do sistema elétrico e, também, da disponibilidade de equipamentos destinados à

regulação de tensão, como compensadores síncronos, banco de capacitores, reatores de

linha, etc.

Normalmente, o perfil de tensão do sistema segue a variação da curva de carga diária,

observando-se elevações de tensão durante períodos de carga leve e reduções de tensão

nos períodos de carga pesada.

Page 34: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

33

Geralmente, nos estudos de curto-circuito em sistemas elétricos adota-se tensão pré-

falta igual a 1,0 p.u.. No entanto, em função da curva de carga do sistema, esta premissa,

na maioria das vezes, não é verdadeira, incorrendo-se em erros significativos de cálculo.

Este item adquire uma maior relevância quando se está analisando o impacto sobre a

carga, pois, uma queda de tensão de 0,40 p.u. poderá afetar uma carga cujo limiar de

sensibilidade é 0,60 p.u. em função do valor da tensão pré-falta.

Se a tensão pré-falta da barra é 0,95 p.u., a tensão remanescente durante o afundamento

será de 0,55 p.u., sensibilizando a carga analisada.

O controle da tensão tem sido uma das maneiras de mitigar o efeito dos afundamentos

de tensão. Em sistemas onde existem cargas sensíveis, a tensão de operação pode ser

elevada, de forma intencional, para minimizar o efeito dos afundamentos de tensão. No

entanto, esta prática poderá resultar em sobretensões em determinados locais da rede

elétrica, razão pela qual cada caso deve ser analisado de forma cuidadosa.

2.6.4 IMPEDÂNCIA DA FALTA

Raramente os curtos-circuitos no sistema possuem resistência de falta igual a zero.

Desprezar a resistência de falta significa obter valores de afundamentos de tensão mais

severos, sobretudo em sistemas de distribuição, onde este efeito é mais pronunciado.

Normalmente, a resistência de falta é constituída pela associação dos seguintes

elementos:

• Resistência do arco elétrico entre o condutor e a terra, para defeitos fase terra ou entre

dois ou mais condutores, para defeitos envolvendo fases;

• Resistência de contato devido à oxidação no local da falta;

Page 35: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

34

• Resistência do pé-de-torre, para defeitos englobando terra.

A resistência do arco elétrico não é linear e pode ser empiricamente calculada por [27].

Contudo, valores de resistência de falta da ordem de 1 a 5 Ω são mencionados em [28],

observando, em casos extremos, valores de até 70 Ω.

2.6.5 CONEXÃO DOS TRANSFORMADORES

Na análise e no cálculo dos afundamentos de tensão, o tipo de conexão dos

transformadores existentes entre o ponto de falta e o barramento do consumidor irá

influenciar, as características do distúrbio percebido pela carga.

Basicamente, os transformadores podem ser agrupados em três categorias:

• Categoria I: aqueles cujas tensões nas bobinas em um dos enrolamentos é função da

diferença fasorial (tensão composta) entre duas tensões aplicadas nas bobinas do outro

enrolamento. Esta classe de transformadores, os de conexão Y-Δ, Δ-Y, Yaterrado-Δ e Δ-

Yaterrado, além de filtrar a componente de sequência zero da tensão, de frequência

fundamental, introduz defasamento angular nas componentes de sequência positiva e

negativa;

• Categoria II: são os transformadores que somente filtram as componentes de

sequência zero da tensão de frequência fundamental e que, geralmente, do ponto de

vista construtivo, são fabricados de modo a não introduzir defasamento angular nas

demais sequências, ou seja, são aqueles com conexões Y-Y, Δ-Δ, Yaterrado-Y e Y-Yaterrado;

• Categoria III: são aqueles que não filtram as componentes de sequência zero e,

geralmente, devido às mesmas razões citadas anteriormente, não introduzem

Page 36: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

35

defasamento angular nas demais sequências. Pertencem a esta categoria os

transformadores com as conexões Yaterrado-Yaterrado.

De forma complementar, em [29] os autores enfatizam que os valores dos afundamentos

de tensão, vistos pela carga em decorrência de uma falta no sistema elétrico, dependem

do efeito combinado da forma de conexão tanto do transformador como da carga.

2.6.6 SISTEMA DE PROTEÇÃO

A duração dos afundamentos de tensão é diretamente dependente do desempenho do

sistema de proteção. Este desempenho é caracterizado pelo tempo de sensibilização e de

atuação dos relés, somado ao tempo de abertura e extinção de arco dos disjuntores.

O tempo de atuação dos relés é função de suas características de resposta no plano

tempo versus corrente, bem como da filosofia e dos ajustes implantados para se obter a

seletividade desejada. O tempo de abertura e de extinção da corrente de curto-circuito

dos disjuntores é função das características construtivas destes equipamentos.

Nos sistemas de transmissão (230, 345, 500 kV, etc), as linhas são tipicamente

protegidas por meio de relés de distância, associados ou não às lógicas de teleproteção.

Quando a teleproteção não é aplicada, utilizam-se proteções de distância com duas ou

três zonas. A primeira zona é, normalmente, ajustada para atuar instantaneamente em

defeitos localizados em até 85% do comprimento da LT. Já a segunda zona é ajustada

com temporização intencional, para proteger o trecho restante da primeira linha e

também para oferecer proteção de retaguarda para a linha de transmissão subsequente.

Como desvantagens, ressalta-se que esta prática de proteção introduz um retardo no

tempo de atuação da proteção para defeitos próximos às extremidades da linha, não

Page 37: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

36

cobertos pela proteção de primeira zona. Outra particularidade é que, para estes pontos

de defeito, os terminais da linha serão abertos em instantes diferentes.

Nos sistemas de subtransmissão (69, 88 e 138 kV), tradicionalmente, são utilizados os

seguintes esquemas:

• Sobrecorrente de fase e de neutro para linhas radiais que alimentam Subestações de

distribuição, Subestações industriais e também no lado da fonte em circuitos paralelos;

• Direcional de fase e de neutro no lado da carga quando os circuitos são paralelos e

também em circuitos operando com configuração em anel;

• Distância de fase e de neutro em circuitos paralelos e em anel de linhas de 138 kV.

Ressalta-se que em linhas de 69 e 88 kV estes esquemas têm sido pouco utilizados.

Nos sistemas de distribuição, as concessionárias adotam, geralmente, relés de

sobrecorrente de fase e de neutro. Nos alimentadores primários são utilizados

religadores e, normalmente, nos ramais de distribuição, são utilizadas chaves

seccionadoras - fusíveis.

Destaca-se que no padrão IEEE 493-1997 [30], capítulo 9, são apresentados os

resultados de vários trabalhos, os quais apresentam as durações de afundamentos de

tensão sob a forma de distribuição de probabilidade acumulada. Tais resultados

mostram que a grande maioria dos eventos apresentam duração, que é diretamente

dependente do sistema de proteção, inferior a 200ms.

2.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo foram apresentados os conceitos básicos sobre os afundamentos de

tensão, tais como: intensidade, duração, medição, caracterização e os fatores que afetam

Page 38: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

37

estes parâmetros que permitirão compreender os assuntos que serão abordados nos

capítulos subsequentes.

Page 39: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

38

3. CARACTERIZAÇÃO E INDICADORES DE AMT

Neste capítulo são apresentados 02 (dois) métodos de caracterização de Afundamento de

Tensão e indicadores utilizados do distúrbio.

Page 40: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

39

3.1 MÉTODO DA DISTÂNCIA CRÍTICA

Devido ao seu grau de simplicidade, este método é adequado para aplicações em

sistemas de transmissão e distribuição tipicamente radiais. Seu princípio está baseado

na determinação da posição da falta no alimentador que vai gerar um valor pré-

determinado de afundamento de tensão numa barra de interesse.

O cálculo é realizado de forma analítica. A distância deste ponto até a barra de interesse

é denominada de distância crítica, sendo que os afundamentos de tensão mais severos

estarão associados à ocorrência de curtos-circuitos aquém da distância crítica calculada.

Adotando-se a barra mostrada, no diagrama da Figura 3.1, como sendo o ponto de

acoplamento comum (PAC), a intensidade do afundamento de tensão registrado nesta

barra, devido a uma falta trifásica no ponto indicado, pode ser calculada por intermédio

da expressão (3.1), adotando-se tensão pré-falta de 1 p.u..

Figura 3-1 – Diagrama Simplificado PAC.

S

Fs

FPAC V

ZZ

ZV

(3.1)

Page 41: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

40

Onde:

Zs: Impedância do Sistema;

ZF : Impedância do Ponto de Falta ao PAC;

VS : Tensão pré-falta;

Considerando que ZF se deve a linha de transmissão de comprimento “L” e impedância

por comprimento “z” temos:

S

s

PAC VLzZ

LzV

(3.2)

A distância crítica (Lcritica) pode ser determinada em função da tensão crítica admitida

(Vcritica), de acordo com a equação (3-3).

criticoS

criticoScritico

VV

V

z

ZL

(3.3)

Os dados necessários para executar uma análise completa num sistema de distribuição

são os seguintes:

• Número de alimentadores que saem da subestação;

• Impedância por unidade de comprimento de cada um dos alimentadores;

• Comprimento total dos alimentadores;

• Taxas de falta dos alimentadores e sua composição segundo o tipo de falta.

Page 42: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

41

Para a utilização do método da distância crítica em sistemas não radiais devem ser feitas

algumas adaptações [31]. Em sistemas de subtransmissão, a rede é constituída de várias

malhas e a carga é normalmente alimentada por várias linhas originárias de uma mesma

fonte. Esta topologia reduz o número de interrupções mas aumenta o número de

afundamentos.

A Figura 3.2 mostra um exemplo de circuito de subtransmissão, onde ZA e ZB são as

impedâncias das linhas que interligam as barras e ZS é a impedância da fonte. Neste

exemplo, será aplicado o método da distância crítica para faltas na linha “A”, a uma

distância “p” da barra terminal à esquerda.

Figura 3-2 – Método da distância crítica para circuitos paralelos.

Concluindo, o método da distância crítica é eficaz na análise de sistemas radiais ou

pouco malhados. Para grandes redes este método não é apropriado.

3.2 MÉTODO DAS POSIÇÕES DE FALTA

O método das posições de falta, também conhecido como curto-circuito deslizante, tem

sido amplamente utilizado no cálculo de afundamentos de tensão em sistemas elétricos

de potência de grande porte, contemplando tanto sistemas radiais como malhados.

Page 43: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

42

Seu princípio está baseado na sistemática de simular faltas em posições diferentes ao

longo do sistema elétrico, principalmente nas linhas de transmissão e distribuição e

observar o comportamento da tensão nos barramentos de interesse. Desta maneira,

pode-se avaliar a influência da posição da falta tanto na amplitude como na duração dos

eventos.

Para o cálculo da tensão remanescente durante a falta devido a defeitos fase-terra, fase-

fase e fase-fase-terra, são utilizadas equações onde são introduzidas as tensões e

impedâncias de sequência positiva, negativa e zero.

Dessa forma, o método das posições de falta pode ser, basicamente, descrito pelo

seguinte procedimento:

• Determinar a área do sistema onde os curtos-circuitos serão aplicados;

• Dividir esta área em pequenas porções; cada um destes segmentos será representado

por apenas uma posição de falta, visto que curtos-circuitos dentro do mesmo segmento

irão causar AMT com características semelhantes;

• Determinar as taxas de curtos-circuitos por ano em cada segmento;

• Calcular as características do AMT para cada posição de falta, tendo como base o

modelo elétrico do sistema em questão;

Dentro do processo de cálculo, alguns fatores podem afetar os resultados de forma

relevante, tais como a distância entre as posições de falta e a extensão da área de

aplicação das faltas.

A influência do primeiro destes fatores pode ser observada na curva de tensão que

mostra as intensidades de AMT em função do local de aplicação da falta.

Page 44: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

43

A escolha de apenas uma posição de falta para representar um conjunto de possíveis

faltas, parte do pressuposto que a magnitude do afundamento para todo o conjunto é

igual àquela correspondente à posição escolhida. É possível notar que o erro cometido é

maior quando a falta é próxima da barra que está sendo monitorada.

Portanto, nesta região é necessária uma alta densidade de posições de falta. Para faltas

em pontos remotos, a curva se torna menos inclinada e o erro diminui, permitindo

reduzir a quantidade de posições de falta nesta região.

3.3 INDICADORES DE AFUNDAMENTOS MOMENTÂNEOS DE TENSÃO

Para um determinado ponto do sistema elétrico, suponha que sejam registrados todos

os Afundamentos Momentâneos de Tensão onde, em cada fase, são avaliadas a

magnitude e a duração do distúrbio. A partir da agregação, registram-se os valores de

duração e magnitude dos AMT, conforme ilustrado na Tabela 3.1

Tabela 3-1 – Exemplo de Registro de Ocorrências

Data/Horário Magnitude(pu) Duração(ms) Tipo do AMT ¹ Informações Adicionais ² 26/12/2013

17h30m10s

0,78 180 Trifásico *

(1) Indica o número de Fases Afetadas

(2) Informações Adicionais: Podem indicar quais fases foram afetadas, forma de onda selecionada, etc.

Page 45: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

44

A Tabela 3.1, pode ser organizada num histograma, no qual são contados o número de

eventos, em uma determinada faixa de magnitude de tensão e duração do evento. A

tabela 3-2 e a figura 3-3 ilustram os histogramas mencionados.

Tabela 3-2 – Número de ocorrências por duração e amplitude do AMT

Tempo (s)

Magnitude 0.2 0.2 - 0.4 0.4 - 0.6 0.6 - 0.8 0.8 Soma

80% - 90% 76 25 8 8 8 125

70% - 80% 41 15 7 3 2 68

60% - 70% 27 9 4 2 2 44

50% - 60% 17 5 2 2 1 27

40% - 50% 16 2 2 0 1 21

30% - 40% 9 3 0 0 0 12

20% - 30% 0 0 0 0 0 0

10% - 20% 0 0 0 0 0 0

Soma 186 59 23 15 14 297

Figura 3-3 – Histograma tridimensional para as características do afundamento.

Page 46: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

45

O indicador mais utilizado para analise do desempenho de uma barra ou um sistema

elétrico, para analise quanto a AMT, é denominado SARFI, do inglês, “System Average

RMS Frequency Index”, ou índice médio de frequência de valores eficazes do sistema

[32]. O numero total de afundamentos de tensão, com o valor de tensão de referência, de

0,90 p.u., em um dado período de tempo é chamado de SARFI90%. Este indicador pode ser

obtido, por exemplo, pelo somatório das frequências de todas as ocorrências de AMT,

independente da duração dos eventos, ou seja, somando-se todas as células internas da

tabela 3-2.

Generalizando, o índice SARFIx% contabiliza o número de afundamentos de tensão cujos

valores de magnitude de tensão são iguais ou inferiores a x%. Por exemplo, SARFI70%

representa do número de AMT com magnitude igual ou inferior a 70%, e pode ser um

índice interessante para equipamentos ou processos que são imunes para afundamentos

de tensão até 70% e sensíveis para afundamentos de tensão de magnitude igual ou

inferior a este valor.

Assim, por exemplo da Tabela 3-2, pode-se inferir diretamente que:

SARFI90% = 297

SARFI70% = 172

SARFI50% = 60

O indicador SARFI também pode ser generalizado para o sistema. Para tanto, em cada

evento deve ser contabilizado o número de consumidores atingidos, ou seja:

T

i

XN

NSARFI

%

(3.4)

Page 47: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

46

Onde:

X – Tensão Eficaz de Referência: 0,9pu; 0,8pu; 0,7pu; 0,5pu e 0,1pu;

Ni – Número de clientes que são afetados por variações cuja magnitude é menor que o

valor de referência X;

NT – número de clientes supridos pelo alimentador, barra ou sistema.

3.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo foram apresentados 02 (dois) métodos para o cálculo do afundamento de

tensão: método da distância crítica e método das posições de falta. Por fim, foi

apresentado o indicador SARFI amplamente utilizado para análise do desempenho de

uma barra ou sistema elétrico.

Page 48: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

47

4. RESULTADOS DE MONITORAÇÃO

Neste capítulo são apresentados os resultados do monitoramento realizado no período de

abril/2011 a março/2014. O Sistema de medição utilizado é apresentado e são

caracterizados AMT por tipo, duração e magnitude.

Page 49: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

48

4.1 RESULTADOS DE MONITORAÇÃO

Nesta seção, são apresentados diversos resultados de um período de monitoração de 36

(trinta e seis) meses, compreendidos de abril/2011 a março/2014. No período foram

registrados 297 (duzentos e noventa e sete) afundamentos momentâneos de tensão.

O sistema de medição foi instalado no campus Pampulha da UFMG, situado na malha de

distribuição centro da CEMIG. O campus é atendido por dois alimentadores da

Subestação Maracanã (SE Maracanã). A SE Maracanã está, aproximadamente, a 47 km da

SE Neves 1, e a 16 km da SE Taquaril que são as maiores subestações da malha. A figura

4.1 ilustra a malha de distribuição centro, da CEMIG, com destaque para as subestações

Maracanã, Neves 1 e Taquaril.

Figura 4-1 – Malha de distribuição centro da CEMIG.

Page 50: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

49

A malha de distribuição centro, da CEMIG, é composta por quase dois milhões de

consumidores. A figura 4.2 ilustra a participação de consumo por classe na malha de

distribuição centro. Observa-se que a classe industrial é responsável por 44% do

consumo.

Figura 4-2 – Participação do Consumo por classe

4.2 SISTEMA DE MEDIÇÃO

O sistema de medição, utilizado neste trabalho desenvolvido em [33], é composto por

um sistema condicionador de sinais, um microcomputador, com Nobreak, e uma placa

de aquisição que trabalha diretamente no barramento do micro tornando-se fácil gravar

os dados na forma de arquivo no HD do micro, evitando assim a utilização de protocolos

dedicados e perdas de tempo com a transferência de dados.

O sistema condicionador de sinais permite a aquisição de 12 (doze) sinais de tensão de

até 440V utilizando uma frequência de amostragem de 2kHz. A placa de aquisição

utilizada é um modelo DAQCard 6062E da National Instruments [34].

Page 51: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

50

O software para aquisição e análise da qualidade da energia é amigável e dispõe de

vários recursos que facilitam a visualização e análise dos sinais adquiridos. Todos os

recursos do hardware são configurados pelo software.

Além disso, apesar da tensão da rede estar sendo monitorada, a todo tempo, o recurso

de disparo, ou “trigger”, é programado de forma a armazenar apenas os eventos de AMT.

A figura 4.3 ilustra o sistema de medição utilizado.

Figura 4-3 – Sistema de Medição – Sag Captor.

Page 52: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

51

Os 297 eventos registrados são disponibilizados, pelo software, através de um arquivo

de pontos em formato de texto. Os arquivos de pontos, dos eventos registrados, foram

processados através do Matlab® considerando:

I. Para o cálculo do valor eficaz uma janela de 01 (um) ciclo;

II. Caracterização dos Afundamentos Momentâneos de Tensão através de

magnitude e duração e;

III. Para eventos trifásicos e bifásicos o critério de agregação pela união de

fases. A magnitude é dada pela menor tensão remanescente entre as três

fases, e a duração é o tempo no qual a tensão da fase crítica, aquela que

apresentou o menor valor remanescente, permanece abaixo de 90% do

valor nominal.

4.3 NÚMERO DE EVENTOS REGISTRADOS POR MÊS DURANTE O

PERÍODO

A figura 4.4 ilustra o número de eventos registrados por mês, compreendidos de

abril/2011 a março/2014. A figura 4.5 ilustra os níveis de precipitação mensal, em mm,

na região metropolitana de Belo Horizonte para o mesmo período de monitoração. Os

dados da figura 4.5 foram obtidos através do Instituto Nacional de Meteorologia - INMET

em [35]. Observa-se que os meses com mais eventos registrados foram os meses mais

chuvosos havendo, portanto, uma forte corelação entre o número de distúrbios

registrados e os níveis de precipitação.

Page 53: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

52

Figura 4-4 – Número de Eventos, por mês, registrados no período.

Figura 4-5 – Precipitação registrada, por mês, em Belo Horizonte no período.

4.4 EVENTOS POR TIPO DE AFUNDAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DOS

DISTÚRBIOS

A figura 4.6 ilustra a distribuição dos distúrbios por tipo de afundamento (Trifásico,

Bifásico e Monofásico). Dos 297 eventos registrados, 53% (157) resultaram em

afundamentos monofásicos, 26% (77) em afundamentos bifásicos (apenas duas fases

afetadas) e 21% (63) em afundamentos trifásicos.

Page 54: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

53

Figura 4-6 – Distribuição dos distúrbios por tipo de afundamento.

A figura 4.7 ilustra a distribuição dos distúrbios para eventos em que apenas duas fases

são afetadas (eventos bifásicos). Dos 77 (setenta e sete) eventos bifásicos, 48% (37)

foram registrados nas fases A e B, 36% (28) foram registrados nas fases C e A e 16%

(12) registrados nas fases B e C.

Figura 4-7 – Distribuição dos distúrbios para eventos bifásicos.

A figura 4.8 ilustra a distribuição dos distúrbios para eventos em que apenas uma fase é

afetada (eventos monofásicos). Dos 157 (cento e cinquenta e sete) eventos monofásicos,

56% (88) foram registrados na fase A, 34% (54) foram registrados na fase C e 10% (15)

registrados na fase B.

Page 55: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

54

Figura 4-8 – Distribuição dos distúrbios para eventos monofásicos.

4.5 EVENTOS REGISTRADOS POR HORA DO DIA

A figura 4.9 ilustra o número de eventos registrados por hora do dia. Destaca-se que

67% (199) dos eventos foram registrados em horário comercial (8h-18h).

Figura 4-9 – Número de eventos por hora do dia.

Page 56: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

55

4.6 NÚMERO DE EVENTOS POR DURAÇÃO DO AMT1

A figura 4.10 ilustra o número de eventos registrados por duração do AMT. Eventos com

duração entre meio ciclo e 100ms representam 41% (121) de todos os distúrbios. Os

eventos com duração entre meio ciclo e 300ms representam mais de 75% (223) de

todos os distúrbios registrados.

Figura 4-10 - Número de eventos por duração do AMT.

4.7 NÚMERO DE EVENTOS POR NÍVEL DE TENSÃO RESIDUAL

A figura 4.11 ilustra o número de eventos registrados por nível de tensão residual. Os

AMT de tensão entre 70% e 90% de tensão residual representam 65% (197) de todos os

distúrbios registrados.

1 Para eventos trifásicos e bifásicos foi utilizado o critério de agregação de fases para determinar a duração.

Page 57: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

56

Figura 4-11 – Número de eventos por nível de tensão residual.

4.8 FORMAS DE ONDA SELECIONADAS

A figura 4.12 apresenta três formas de onda para de diferentes afundamentos

momentâneos de tensão registrados. A figura 4.12(a) ilustra um afundamento

monofásico com duração de 100ms e tensão residual de 60%. A figura 4.12(b) ilustra um

afundamento bifásico, duas fases afetadas, com duração de 85ms e tensão residual de

80%.

Por fim, a figura 4.12(c) ilustra um afundamento trifásico, três fases afetadas, com

duração de 150ms e tensão residual de 60%. Destaca-se a assimetria do evento em que

nos instantes iniciais do afundamento apenas uma das fases foi afetada.

As durações apresentadas nas figuras 4.12(b) e 4.12(c) foram calculadas considerando o

critério de agregação de fases.

Page 58: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

57

(a)

(b)

(c)

Figura 4-12 – Formas de onda selecionadas. (a) Evento Monofásico, (b) Evento Bifásico e (c) Evento Trifásico.

Page 59: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

58

4.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo foi apresentado o sistema de medição, com seu respectivo local de

instalação, e diversos resultados do monitoramento realizado no período de medição:

Número de eventos registrados por mês durante o período; Eventos por tipo de

afundamento e distribuição dos distúrbios; Eventos registrados por hora do dia; Eventos

por duração do AMT; Eventos por nível de tensão residual e formas de onda

selecionadas.

Page 60: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

59

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo uma análise dos resultados de monitoração é apresentada onde se observa

uma forte correlação entre o número de eventos registrados e a precipitação no período.

Além disso, verifica-se que as Fases não são igualmente afetadas.

Page 61: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

60

5.1 CORRELAÇÃO AFUNDAMENTO MOMENTÂNEO DE TENSÃO X

PRECIPITAÇÃO

Através das figuras 4.4 e 4.5 foi observado no, item 4.2, uma forte relação entre o

número de distúrbios registrados e os níveis de precipitação. A figura 5.1 ilustra o

diagrama de dispersão referente às variáveis X (Precipitação) e Y (Número de Eventos).

O diagrama mostra uma relação direta entre as variáveis, ou seja, o crescimento de Y

(Número de Eventos) está diretamente ligado ao crescimento de X (Precipitação).

Adicionalmente, a figura 5.1 ilustra a reta de regressão em que a equação é exibida no

gráfico.

8086,40266,0 XY (5.1)

Onde:

Y: Número de Eventos

X: Precipitação

Figura 5-1 – Correlação AMT x Precipitação.

Page 62: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

61

O coeficiente de determinação (R2) deve ser interpretado como a proporção de variação

total da variável dependente Y que é explicada pela variação da variável independente X.

Tomando o exemplo acima se pode concluir que 96,54 % das variações de Y são

explicadas pela variação de X.

O coeficiente de determinação é igual ao quadrado do coeficiente de correlação. Assim a

partir do valor do coeficiente de determinação podemos obter o valor do coeficiente de

correlação. Para um coeficiente de determinação R2 = 0,9654 obtemos o coeficiente de

correlação, R = 0,98. Valores de R igual ou próximos a 1 indicam uma forte correlação

entre as variáveis.

5.2 NÚMERO DE EVENTOS POR FASE

Considerando o universo de 297 distúrbios, a tabela 5.1 contém a memória de cálculo

para determinação do número de eventos registrados por fase. Observa-se que a fase

mais afetada, no período, foi a Fase A com 216 (73%) distúrbios. Em seguida, a Fase C

com 157 (53%) distúrbios e a Fase B sendo a menos afetada com apenas 127 (43%)

distúrbios registrados.

Tabela 5-1 - Memória de Cálculo para determinação de eventos por fase

Trifásico ( 63) Bifásico (77) Monofásico (157) SOMA %

FASE A 63 65 88 216 73%

FASE B 63 49 15 127 43%

FASE C 63 40 54 157 53%

A figura 5.2 ilustra o número de eventos por fase no período de monitoramento.

Page 63: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

62

Figura 5-2 – Número de Eventos por Fase.

De acordo com o Manual de Distribuição da CEMIG – Projetos de Redes de Distribuição

[36] a sequencia de fases na saída da subestação, considerando-se o observador de

costas para o pórtico de saída, deve ser, da direita para a esquerda:

- Placa Vermelha – Fase A

- Placa Azul – Fase B

- Placa Branca – Fase C

Ao observar a disposição física dos cabos da rede de distribuição, em estudo,

identificamos que a Fase B, por estar sempre entre as fases A e C, está susceptível a

menos distúrbios. Tal fato sugere o menor número de eventos encontrado na Fase B.

Page 64: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

63

5.3 INDICADOR DE AMT - PADRÃO IEEE 1346-1988.

O padrão IEEE 1346-1998 [37] define a “curva de coordenação para afundamentos de

tensão”. A construção da curva de coordenação para afundamentos de tensão tem como

ponto de partida a tabela de distribuição de distúrbios. Baseado em [37] e com os

resultados apresentados nas Figuras 4.10 e 4.11, a tabela 5.2 ilustra a distribuição de

distúrbios no período total de monitoramento.

Tabela 5-2 – Distribuição dos distúrbios no período de monitoramento2.

Tempo (s)

Magnitude 0.2 0.2 - 0.4 0.4 - 0.6 0.6 - 0.8 0.8 Soma 80% - 90% 76 25 8 8 8 125 70% - 80% 41 15 7 3 2 68 60% - 70% 27 9 4 2 2 44 50% - 60% 17 5 2 2 1 27 40% - 50% 16 2 2 0 1 21 30% - 40% 9 3 0 0 0 12 20% - 30% 0 0 0 0 0 0 10% - 20% 0 0 0 0 0 0

Soma 186 59 23 15 14 297

A partir da tabela de distribuição de distúrbios, obtém-se a tabela 5.3 de distribuição

acumulada de distúrbios para o período de 3 anos. Esta tabela traz informações sobre o

número de afundamentos iguais ou piores aos indicados pelas características das linhas

e colunas.

Tabela 5-3 – Tabela de distribuição acumulada de distúrbios.

Tempo (s)

Magnitude 0 0.2 0.4 0.6 0.8 90% 297 111 52 29 14 80% 172 62 28 13 6 70% 104 35 16 8 4 60% 60 18 8 4 2 50% 33 8 3 1 1 40% 12 3 0 0 0 30% 0 0 0 0 0 20% 0 0 0 0 0

2 A tabela 5.2 é a mesma já apresentada na seção 3.2. O histograma equivalente é apresentado no figura 3.3.

Page 65: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

64

Considerando a distribuição acumulada de distúrbios, no período de monitoramento,

obtém-se a distribuição acumulada, média, de distúrbios por ano ilustrada na tabela 5.4.

Tabela 5-4 – Tabela de distribuição média de distúrbios por ano.

Tempo (s)

Magnitude 0 0.2 0.4 0.6 0.8 90% 99 37 17 10 5 80% 57 21 9 4 2 70% 35 12 5 3 1 60% 20 6 3 1 1 50% 11 3 1 0 0 40% 4 1 0 0 0 30% 0 0 0 0 0 20% 0 0 0 0 0

Da tabela de distribuição acumulada de distúrbios, por ano, obtêm-se, por interpolação

linear, as curvas de contorno para o desempenho do sistema em estudo, relativo a

afundamentos de tensão. A Figura 5.3 ilustra as curvas encontradas.

Figura 5-3 – Curva de contorno, por ano, para o desempenho do sistema.

Page 66: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

65

O padrão IEEE 1346-1998 [37] também fornece a informação sobre o comportamento

de alguns equipamentos industriais, conforme Tabela 5.5 abaixo:

Tabela 5-5 – Sensibilidade de Equipamentos.

Baseado na tolerância média dos equipamentos, Tabela 5.5, e na curva de coordenação

de AMT, figura 5.3, obtém-se a informação do número anual de desligamentos dos

equipamentos sumarizados na Tabela 5.6. As figuras de 5.4 a 5.7 ilustram o número de

desligamentos do PLC, ASD (5hp), PC e Relés eletromecânicos, respectivamente.

Figura 5-4 – Número de desligamentos do PLC

Page 67: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

66

Figura 5-5 – Número de desligamentos ASD (5hp)

Figura 5-6 – Número de desligamentos do PC

Page 68: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

67

Figura 5-7 – Número de desligamentos do Relé eletromecânico.

A tabela 5.6 sumariza o número de desligamentos, por ano, de cada equipamento

baseado na curva média de tolerância da tabela 5.5.

Tabela 5-6 – Número de desligamentos, por ano, por equipamento.

Equipamento Referência Número de desligamento

PLC IEEE 1346 5 ASD IEEE 1346 35 PC IEEE 1346 15

Relé Eletromecânico IEEE 1346 25

Observa-se que os equipamentos que sofreriam maiores desligamentos seriam os

Acionamentos a Velocidade Variável – ASD e os Relés Eletromecânicos.

5.4 CURVA ITIC

A curva ITIC (Information Technology Industry Council) [38] vem sendo amplamente

utilizada como referência para classificação das Variações de Tensão de Curta Duração

Page 69: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

68

(VTCD). Desse modo, recomenda-se que a curva ITIC seja utilizada para analisar se os

eventos foram graves o suficiente para provocarem a parada ou mau funcionamento de

equipamentos eletroeletrônicos.

Com o conhecimento da curva ITIC [38] e da curva de coordenação de AMT, ilustrada na

figura 5-3, obtém-se, na figura 5-8 a informação do número de desligamentos que

ocorreriam durante o período de um ano em equipamentos baseados na curva ITIC.

Figura 5-8 – Curva ITIC x Curvas de coordenação

Pela metodologia apresentada, observa-se que equipamentos baseados na curva ITIC

seriam desligados, ou apresentariam mau funcionamento, em 16 vezes por ano

provocando a parada de processos e prejuízos.

5.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO ANO DE 2012 E 2013

Neste item, deseja-se comparar as medições, e análises, dos anos de 2012 e 2013. No ano

de 2012 foram registrados 95 distúrbios enquanto em 2013 foram registrados 100

Page 70: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

69

distúrbios. A figura 5.9 ilustra o número de eventos registrados, por mês, no ano de

2012. A figura 5.10 ilustra ao eventos registrados, por mês, no ano de 2013.

Figura 5-9 – Eventos registrados no Ano de 2012.

Figura 5-10 – Eventos registrados no Ano de 2013.

Page 71: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

70

Existe uma diferença significativa nos meses de março e dezembro. No entanto, o

número total de AMT registrados teve uma diferença de apenas 5 eventos.

5.5.1 EVENTOS POR TIPO DE AFUNDAMENTO (2012 X 2013)

A figura 5.11 ilustra a distribuição dos distúrbios por tipo de afundamento (Trifásico,

Bifásico e Monofásico) nos Anos de 2012 e 2013. Para afundamentos monofásicos houve

uma diferença de 4%, para eventos Bifásicos 2% de diferença e para eventos Trifásicos

4%.

Figura 5-11 – Distribuição dos distúrbios, por tipo de Afundamento, no Ano de 2012 e 2013.

A figura 5.12 ilustra a distribuição dos distúrbios para eventos em que apenas duas fases

são afetadas (Eventos Bifásicos) para os Anos de 2012 e 2013.

Figura 5-12 – Distribuição dos distúrbios, para eventos bifásicos, anos 2012 e 2013.

Page 72: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

71

Observa-se uma diferença de 5%, comparando o ano de 2012 com 2013, para eventos

em que duas fases foram afetadas.

A figura 5.13 ilustra a distribuição de distúrbios para os eventos em que apenas uma

fase é afetada nos Anos de 2012 e 2013. Observa-se uma diferença de 6% na fase A, 4%

na fase B e 2% na Fase C.

Figura 5-13 – Distribuição dos distúrbios para eventos bifásicos, anos 2012 e 2013.

5.5.2 NÚMERO DE EVENTOS POR FASE (2012 X 2013)

Considerando o número de 95 distúrbios para o Ano de 2012 e 100 distúrbios para o

Ano de 2013 a tabela 5.7 contém a memória de cálculo para determinação do número de

eventos registrados, por fase, no Ano de 2012 e a tabela 5.8 apresenta a memória de

cálculo para o Ano de 2013.

Tabela 5-7 – Eventos por fase (Ano 2012)

ANO 2012 – 95 distúrbios

19% 26% 55%

Trifásico ( 18) Bifásico (25) Monofásico (52) SOMA %

FASE A 18 21 31 70 74%

FASE C 18 13 17 48 51%

FASE B 18 17 4 39 41%

Page 73: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

72

Tabela 5-8 - Eventos por fase (Ano 2013)

ANO 2013 – 100 distúrbios

21% 28% 51%

Trifásico ( 21) Bifásico (28) Monofásico (51) SOMA %

FASE A 21 24 27 72 72%

FASE C 21 14 18 53 53%

FASE B 21 18 6 45 45%

A figura 5-14 ilustra o número de eventos, por Fase, para os anos de 2012 e 2013.

Observa-se, novamente, que as fases não estão sendo igualmente afetadas. No Ano de

2012, enquanto a Fase A foi submetida a 70 eventos, a Fase B foi submetida a apenas 39

distúrbios, 44% a menos que a Fase A (Fase mais afetada).

Figura 5-14 – Número de Eventos por Fase (2012 x 2013)

No ano de 2013 a Fase B, novamente, foi a menos afetada. Dos 100 distúrbios

registrados, apenas 45 ocorreram na Fase B, 37,5% a menos que a Fase A (Fase mais

afetada).

5.5.3 NÚMERO DE EVENTOS POR DURAÇÃO (2012 X 2013)

A figura 5-15 ilustra a porcentagem de eventos por duração do evento. Observa-se que a

diferença é inferior a 5% para todos os casos.

Page 74: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

73

Figura 5-15 – Porcentagem de Eventos por duração

5.5.4 NÚMERO DE EVENTOS POR NÍVEL DE TENSÃO RESIDUAL (2012 X 2013)

A figura 5-16 ilustra a porcentagem de eventos por nível de tensão residual. Observa-se

que a diferença é inferior a 5% para todos os casos.

Figura 5-16 – Porcentagem de Eventos por Nível de Tensão Residual

Page 75: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

74

6. PROPOSTA DE COMPENSAÇÃO PARA AFUNDAMENTOS MOMENTÂNEOS DE TENSÃO

Neste capítulo são apresentadas propostas de compensação de Afundamentos

Momentâneos de Tensão com base nos resultados e análises do monitoramento no período.

Adicionalmente, a topologia do Compensador de Onda Quadrada é apresentada.

Page 76: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

75

6.1 COMPENSAÇÃO PARA EQUIPAMENTOS MONOFÁSICOS

Proposta 1: Considerando as informações apresentadas no item 5.2 (número de

eventos por fase) equipamentos monofásicos, inicialmente conectados na Fase A, ao

serem substituídos para a Fase B sofreriam uma redução de cerca 45% no número de

distúrbios em que estariam sendo submetidos. Passariam de 216 para 127 distúrbios no

período monitorado.

Ressalta-se que neste caso reduziríamos o número de distúrbios em que o equipamento

estaria sendo submetido e, consequentemente o número de desligamentos ou mau

funcionamento, a custo extremamente reduzido ou zero.

Proposta 2: Alternativamente, a segunda proposta é a utilização de um compensador

monofásico na fase menos afetada (Fase B). Neste caso, alcançaríamos um elevado

índice de disponibilidade na Fase B a um custo bastante reduzido. A figura 6.1 ilustra a

ideia proposta.

Figura 6-1 – Compensador Dinâmico de Tensão Monofásico para Sistemas Trifásicos (Cargas Monofásicas)

Page 77: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

76

6.2 COMPENSAÇÃO PARA EQUIPAMENTOS TRIFÁSICOS

Proposta 3: Os equipamentos trifásicos foram submetidos a todos os 297 distúrbios

registrados. Ora eventos trifásicos, ora bifásicos e monofásicos. Considerando os

resultados apresentados no capítulo 5 a proposta, neste caso, é instalar um

compensador dinâmico de tensão na Fase mais afetada (Fase A). A figura 6-2 ilustra a

ideia proposta.

Figura 6-2 – Compensador Dinâmico de Tensão Monofásico para Sistemas Trifásicos

(Cargas Trifásicas)

Os distúrbios registados na Fase A foram mais severos que os registrados na Fase B.

Com isso, o compensador projetado, neste caso, deve ter maior capacidade de

compensação. Oportunamente, considerando o compensador dinâmico colocado na fase

com maior número de distúrbios, coloca-se na Fase A as cargas monofásicas mais

sensíveis do processo.

Page 78: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

77

Ressalta-se que caso as cargas envolvidas no processo sejam ainda mais críticas, incluir

mais um compensador dinâmico na Fase B.

6.3 COMPENSADOR DE ONDA QUADRADA

Neste contexto, o compensador série em onda quadrada para afundamentos de tensão

se destaca pela eficácia, associado a uma ótima relação custo X benefício [9]-[10]. A

figura 6-3 ilustra o compensador monofásico, em onda quadrada, para sistemas

trifásicos.

A figura ilustra o item 6.1 para proteção de equipamentos monofásicos em que a Fase B

é a menos afetada.

Figura 6-3 - Compensador Monofásico de Onda Quadrada para proteção de Sistemas Trifásicos

Page 79: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

78

7. CONSULTA PÚBLICA ANEEL N° 018/2014

Neste capítulo é apresentada uma proposta de limites de AMT com base em estudos

técnicos, através da Consulta Pública n° 018/2014. Adicionalmente, é realizada uma

comparação dos limites propostos com os resultados obtidos.

Page 80: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

79

Está em discussão na ANEEL a revisão da Seção 8.1 do Módulo 8 do PRODIST para

regulamentação dos fenômenos que afetam a qualidade de energia incluindo

Afundamentos Momentâneos de Tensão.

Na versão vigente do Módulo 8 do PRODIST existem valores de referência para todos os

fenômenos, exceto para os AMT. Estabeleceu-se que os limites só seriam definidos após

três anos de apuração e análise das medições previstas na seção 8.3 – Disposições

Transitórias.

A disposição transitória existe desde a primeira versão do PRODIST, aprovada em 2008.

Ocorre que na época da aprovação do PRODIST, o conhecimento dos valores de medição

dos fenômenos em estudo era escasso e considerou-se prudente a realização da

campanha de medição para se obter um diagnóstico dos fenômenos no Brasil e só então

estabelecer limites.

Nesse momento considera-se mais importante o acompanhamento dos indicadores,

porém a existência de limites, mesmo que conservadores, é essencial para a efetiva

aplicação do regulamento.

Desde 2008 já existem valores de referência para quase todos os fenômenos e a

prestação de um bom serviço de distribuição parte do pressuposto do acompanhamento

da qualidade do produto que está sendo entregue aos consumidores.

Antes de iniciar a campanha de medição prevista no PRODIST, considerou-se prudente a

análise das informações que já existem de medições realizadas por várias distribuidoras

e o desempenho dos equipamentos devido aos distúrbios analisados.

Ao longo dos anos, verificou-se que várias distribuidoras já vêm realizando medição dos

fenômenos relacionados à qualidade do produto, seja através de medições esporádicas

Page 81: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

80

realizadas através de programas de Pesquisa e Desenvolvimento, seja através da

implantação de medição contínua em pontos de alta tensão.

Foi elaborada uma proposta de limites para os indicadores baseada na correlação entre

o desempenho de equipamentos sob a ação de suprimentos não ideais. Maiores detalhes

da proposta podem ser obtidos no Relatório 4 [39].

Ao analisar a consistência dos limites propostos diante das medições encaminhadas

pelas distribuidoras, pode-se concluir que a maioria das medições foi considerada

adequada e em alguns casos os limites foram conservadores. Foram encaminhadas

informações de medições realizadas pela Elektro, Bandeirante, Escelsa, Enersul e Grupo

Energisa (Borborema, Paraíba, Sergipe, Nova Friburgo e Minas Gerais).

Sobre a proposta para as VTCD, incluindo AMT, a Consultoria expôs duas opções. A

primeira foi definir o número de eventos máximos por região previamente definida, ao

longo de um mês de medições. Tal proposta é interessante por possibilitar o

acompanhamento mais detalhado das VTCDs. Porém, seria necessária a criação de

vários indicadores relacionados a um único fenômeno. A opção alternativa foi a criação

de um indicador único, através do Fator de Impacto - FI.

A segunda opção não inviabiliza a primeira, porque para obter o FI é preciso contabilizar

o número de eventos por região. No entanto, considera-se neste momento a proposta do

indicador FI a melhor opção. Esse é um ponto de importante contribuição, considerando

a relevância e a dificuldade da regulamentação das VTCDs.

Os limites propostos para a avaliação dos VTCD, em função das regiões previamente

definidas, estão apresentados na Tabela 7-1. O número de ventos máximo, por região,

corresponde exatamente aos indicativos numéricos fornecidos. Esta estratégia

Page 82: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

81

corresponde a primeira opção para a definição dos limites de VTCDs ao longo de 01 mês

de medições.

Tabela 7-1 – Limites mensais propostos para VTCD

Comparativamente, apresentamos os resultados para o mês de dezembro de 2011, mês

que apresentou o maior número de distúrbios.

Tabela 7-2 – Registros para o mês de dezembro de 2011

Comparativamente, conclui-se que em dezembro de 2011, a Concessionaria de Energia

não atenderia os limites propostos pela Consulta Pública.

Page 83: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

82

8. CONCLUSÕES E PROPOSTAS DE CONTINUIDADE

Este capítulo contém as conclusões sobre o trabalho e as propostas de continuidade.

Page 84: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

83

8.1 CONCLUSÕES SOBRE O TRABALHO

Há uma forte correlação entre o número de afundamentos momentâneos de tensão

registrados, no ponto do sistema elétrico em estudo, e o índice pluviométrico na região

metropolitana de Belo Horizonte. O índice de correlação identificado foi de 0,98.

Os afundamentos mais frequentes registrados foram os afundamentos monofásicos, com

duração de até 200ms entre 80% e 90% de tensão residual.

Os equipamentos com curva de susceptibilidade baseada na curva ITIC teriam

apresentado mau funcionamento em 16 eventos no ano, 48 no período de

monitoramento, e poderiam ter provocado a parada de processos e perdas na produção.

Uma importante contribuição deste trabalho foi identificar que as fases não são afetadas

na mesma proporção. No período de monitoramento, registramos na Fase A 216

distúrbios, enquanto na Fase B foram identificados apenas 127, cerca de menos 45%.

Considerando que as fases não estão sendo afetadas igualmente, propomos algumas

soluções para os distúrbios. Para equipamentos monofásicos, uma simples substituição

de Fases reduziria, significativamente, o número de eventos em que o equipamento

estaria sendo submetido.

Alternativamente, propomos a utilização de compensadores monofásicos em Sistemas

Trifásicos. Para proteção de cargas monofásicas sugerimos a utilização de 1(um)

compensador na Fase menos afetada. Para proteção de cargas Trifásicas , a proposta foi

a utilizar 1(um) compensador na Fase mais afetada.

Page 85: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

84

Por fim, comparamos os resultados obtidos com a Proposta de Limites de VTCD

proposto pela Consulta Pública n° 018/2014 – ANEEL. No mês de dezembro de 2011 a

Concessionária de Distribuição não atenderia os limites propostos pela ANEEL.

8.2 PROPOSTAS DE CONTINUIDADE

Durante o desenvolvimento deste trabalho, muitas questões interessantes sobre o tema

foram pontuadas, algumas das quais foram colocadas como propostas de continuidade,

relacionadas a seguir:

Investigação, mais aprofundada, para causas e motivos pelos quais as fases não

estão sendo afetadas na mesma proporção;

Reprodução dos eventos registrados, em um Gerador de Afundamento, e

verificação das curvas de susceptibilidade de equipamentos sensíveis;

Propor metodologia que defina a fase menos afetada e a fase mais afetada em um

curto espaço de tempo;

Instalação de Compensadores Monofásicos, em Sistemas Trifásicos, em Plantas

Industriais e monitoramento dos distúrbios;

Localização de faltas a partir de Medições de AMT.

Page 86: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

85

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Bollen, M. H, “Understanding Power Quality Problems – Voltage Sags and Interruptions,” IEEE Press, New York, USA, 2000.

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Page 87: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

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[14] AGÊNCIA NACIONA DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL, Procedimentos de Distribuição, PRODIST, 2009.

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[24] N. Kagan, E. L. Ferrari, N. M. Matsuo, S. X. Duarte, J. L. Cavaretti, U. F. Castellano, A. Tenório. “Respostas de Diferentes Protocolos para Detecção de VMTs e Medição de Seus Parâmetros Característicos”

[25] J. M. Carvalho Filho, J. Policarpo G. Abreu, Roberto C. Leborgne, T. Clé Oliveira, D. M. Correia, Jeder F. de Oliveira, “Comparative Analysis between Measurements and Simulations of Voltage Sags”, IEEE – PES – 10th International Conference on Harmonics and Quality of Power, Rio de Janeiro, Brasil, Outubro 2002.

[26] José M. C. Filho, José P. G. Abreu, Roberto C. Leborgne, Thiago C. Oliveira, “Softwares e Procedimentos Para Simulação de Afundamentos de Tensão”, CBA 2002, Natal, Brasil, Setembro 2002.

Page 88: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

87

[27] A. R. Warrington, C. Van, “Protective Relays; their theory and practice”, Ed. London, Chapman and Hall.

[28] J. L. Blackburn, “Protective Relaying”, New York, Marcel Deckker, 1987, (Electrical Engineering and Electronics, No. 37).

[29] Thiago Clé de Oliveira, José Maria de Carvalho Filho, José Policarpo Gonçalves de Abreu, Roberto Chouhy Leborgne, “Análise da Influência da Conexão de Transformadores Δ/Yaterrado na Propagação de Afundamentos de Tensão.

[30] IEEE Std. 493. (1997), “IEEE Recommended Practice for the Design of Reliable Industrial and Commercial Power System ,” New York.

[31] M. H. J. Bollen, “Fast Assessment Methods for Voltage Sags in Distribution Systems”, IEEE Transactions on Industry Applications, Vol.32, No.6, Nov/Dec 1996, pp.1414-1423.

[32] D. L. Brooks, R. C. Dungan, M. Waclawiak, A. Sundaram, “Indices for Assessing Utility Distribution System RMS Variation Performance”, IEEE PES Distribution Sub-committee Meeting, Las Vegas, Fevereiro 2000.

[33] Silva, Sidelmo Magalhães, “Estudo e Projeto de um Restaurador Dinâmico de Tensão”, PPGEE/UFMG, Dissertação de Mestrado, Belo Horizonte/MG, Agosto de 1999.

[34] National Instruments, “NI-DAQ – User Manual”, National Instruments, 1997.

[35] Instituto Nacional de Meteorologia. Disponível em: http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=tempo/graficos. Acesso em 20 de janeiro de 2015.

[36] COMPANHIA ENERGETICA DE MINAS GERAIS – CEMIG, Manual de Distribuição CEMIG, 2010.

[37] IEEE Std. 1346. (1998), “IEEE Recommended Practice for Evaluating Electric Power System Compatibility with Electronic Process Equipment,” New York.

[38] Information Technology Industry Council (ITIC). (2000). ITIC (CBEMA) Application Note.

[39] AGÊNCIA NACIONA DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL, Consulta Pública n°018/2014, Relatório Técnico 4/8, Definição dos Padrões de Referencias; Março 2014.

Page 89: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

88

PARTE B

LISTA DE PUBLICAÇÕES

I. Monitoramento e Análise da Qualidade da Energia Elétrica – Induscon 2010

II. Barramento CA resiliente a Afundamentos de Tensão utilizando Compensadores Série de Tensão em Onda Quadrada – CBQEE 2013

III. Monitoramento, Caracterização e Compensação de Afundamentos Momentâneos de Tensão – CBQEE 2013

Page 90: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

Monitoramento e Análise da Qualidade da Energia

Elétrica

Filipe Dias de Oliveira (1)

, Leonardo Müller V. Starling (2)

, Sidelmo M. Silva (3)

e Braz J. Cardoso Filho (4)

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

Universidade Federal de Minas Gerais

Belo Horizonte, Brasil (1)

[email protected], (2)

[email protected], (3)

[email protected], (4)

[email protected]

Abstract—The power quality is becoming, every day, an

important topic of discussion in the Brazilian society. Nowadays,

voltage sags have been presented as one of the most frequent

problems, responsible for the quality degradation of the

electricity supplied to consumers. Voltage sags are caused

primarily by lightning strikes, switching maneuvers and short

circuits. These disturbances cause malfunctioning of electronic

circuits and unwanted stop of industrial processes, resulting in

high financial losses. Given this scenario, monitoring the

electrical system is an important procedure for the assessment of

power quality, especially for the determination of alternative

solutions to problems. This paper presents the result of twelve

months of voltage sag recording and an analysis of the

disturbances against the sensitivity of electronic equipment used

in industries.

Resumo—A qualidade da energia elétrica vem se tornando, a

cada dia, um importante tema de discussão na sociedade

brasileira. Atualmente, os afundamentos de tensão têm se

apresentado como um dos mais frequentes problemas,

responsáveis pela degradação da qualidade da energia elétrica

fornecida aos consumidores. Os afundamentos de tensão têm sua

origem, principalmente, em descargas atmosféricas, manobras

de chaveamento e curtos-circuitos. Estes distúrbios provocam o

mau funcionamento de circuitos eletrônicos e a parada

indesejada de processos, provocando prejuízos elevados. Diante

desse cenário, a monitoração do sistema elétrico representa um

relevante procedimento para a avaliação da qualidade da

energia elétrica, sobretudo para a determinação de alternativas

de soluções de problemas. Este trabalho apresenta uma

experiência de doze meses de registros e uma análise dos

distúrbios frente à sensibilidade de equipamentos

eletroeletrônicos utilizados em indústrias.

I. INTRODUÇÃO

A qualidade de energia elétrica é uma característica de um sistema elétrico que se apresenta isento ou com número restrito de distúrbios manifestados através de desvios de tensão, em sua forma de onda, amplitude, frequência ou fase angular, que poderiam ocasionar em falha ou operação inadequada de um equipamento consumidor [1].

Entretanto, um vasto número de fenômenos eletromagnéticos estão presentes no cotidiano desses sistemas. Manobras de chaveamento de equipamentos e linhas de transmissão, curtos-circuitos e descargas atmosféricas são as principais causas destes fenômenos, os quais podem afetar processos industriais e equipamentos de consumidores. Tais distúrbios podem, em parte, ser evitados ou ter seus efeitos atenuados através do uso de dispositivos de proteção.

O uso crescente de equipamentos eletrônicos sensíveis, principalmente em instalações industriais modernas, tem suscitado uma incompatibilidade destas cargas aos fenômenos mencionados. Como consequência, um elevado número de interrupções de processos industriais, sem interrupção no fornecimento de energia elétrica, tem se verificado como resultado desses distúrbios. Os prejuízos causados por estes distúrbios podem ser extremamente elevados dependendo da sensibilidade dos equipamentos e dos processos afetados [2].

Nestes casos, a monitoração da qualidade de energia elétrica representa uma providência essencial para a caracterização e identificação dos fenômenos eletromagnéticos envolvidos que afetam as cargas sensíveis dos consumidores. Com tais informações é possível se obter um conhecimento do problema.

A partir do conhecimento obtido pode-se identificar um universo de alternativas para compatibilizar os fenômenos, intrínsecos, do sistema elétrico às características de sensibilidade das cargas do consumidor. Algumas destas alternativas podem ser executadas pelas concessionárias de energia elétrica no sentido de reduzir o número de ocorrências ou atenuar a severidade dos mesmos.

Pelo lado do consumidor, as medidas a serem adotadas envolvem, via de regra, a minimização da sensibilidade dos processos e dispositivos de proteção associados além do uso de equipamentos condicionadores.

Este trabalho apresenta uma experiência de doze meses de monitoração da qualidade da energia elétrica, em particular, afundamentos momentâneos de tensão (AMT) com o objetivo principal de conhecer e caracterizar, de forma precisa, os

O presente trabalho foi realizado com o apoio financeiro da CAPES – Brasil.

Page 91: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

eventos mais frequentes e avaliar seus efeitos em equipamentos eletroeletrônicos típicos utilizados em plantas industriais.

II. O SISTEMA ELÉTRICO EM ESTUDO

O sistema de medição foi instalado no campus Pampulha da UFMG, situado na malha de Distribuição Centro da CEMIG. O campus é atendido por dois alimentadores da Subestação Maracanã (SE Maracanã). A SE Maracanã está a aproximadamente 47 km da SE Neves 1, e a 16 km da SE Taquaril que são as maiores subestações da malha. A figura 1 ilustra o sistema elétrico em estudo.

Figura 1 – Sistema Elétrico em Estudo.

A malha de distribuição Centro é composta por quase dois milhões de consumidores, sendo a maioria consumidores industriais. A figura 2 ilustra a participação de consumo por classe na malha.

Figura 2 – Participação do Consumo por Classe.

III. O SISTEMA DE MEDIÇÃO

O sistema de medição é composto por um sistema condicionador de sinais, um microcomputador e uma placa de aquisição que trabalha diretamente no barramento do micro tornando-se fácil gravar os dados na forma de arquivo no HD do micro, evitando assim a utilização de protocolos dedicados e perdas de tempo com a transferência de dados.

O sistema condicionador de sinais permite a aquisição de 12 (doze) sinais de tensão de até 440V utilizando uma frequência de amostragem de 2kHz. A placa de aquisição utilizada é um modelo DAQCard 6062E da National Instruments [5].

O software para aquisição e análise da qualidade da energia é amigável e dispõe de vários recursos que facilitam a visualização e análise dos sinais adquiridos. Todos os recursos do hardware são configurados pelo software.

Além disso, apesar da tensão da rede estar, a todo tempo, sendo monitorada o recurso de disparo, ou “trigger”, é programado de forma a armazenar apenas os eventos de AMT. A figura 3 ilustra o sistema de monitoramento utilizando.

(a) (b)

Figura 3 – Sistema de monitoramento. (a) Condicionador de Sinais.

(b) Software de Análise

IV. RESULTADOS DE MONITORAÇÃO

Neste item, são apresentados diversos resultados de um período de monitoração de 12 (doze) meses, de abril/2011 a março/2012. No período, foram registrados 118 (cento e dezoito) afundamentos momentâneos de tensão.

A. Número de Eventos Registrados por Mês

A figura 4a ilustra o número de eventos registrados por mês de monitoramento. Os meses de outubro/2011à janeiro/2012 foram os meses que mais tiveram eventos registrados, reflexo do alto índice pluviométrico compreendido nestes meses na região metropolitana de Belo Horizonte, Figura 4b retirada de [6]. Conforme pode ser observado na figura 4, há uma forte correlação entre o número de distúrbios registrados e os níveis de precipitação.

(a)

(b)

Figura 4 – Correlação AMT x Precipitação. (a) - número de eventos registrados

no período. (b) - Precipitação em Belo Horizonte no período.

Page 92: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

B. Eventos por Tipo de Afundamento.

Dos 118 eventos registrados, 39% resultaram em afundamentos trifásicos, 33% em afundamentos bifásicos e 28% em afundamentos monofásicos.

Nos afundamentos bifásicos, as fases menos afetadas foram as fases B e C (13% dos afundamentos bifásicos). Nos afundamentos monofásicos a fase menos afetada foi à fase C (5% dos afundamentos monofásicos). A figura 5 ilustra a distribuição percentual dos eventos por tipo de afundamento e fases afetadas.

(a)

(b)

(c)

Figura 5 – (a) Eventos por tipo de afundamento. (b) Fases afetadas em

eventos bifásicos. (c) Fases afetadas em eventos monofásicos.

C. Número de Eventos por Hora do Dia.

A figura 6 ilustra o número de eventos registrados por hora do dia. O maior número de eventos registrados estão compreendidos entre 9h-10h e 13h-14h.

Figura 6 – Número de eventos por hora do dia.

D. Número de Eventos por Duração do AMT

A figura 7 ilustra o número de eventos registrados por duração do AMT. Eventos com duração entre 8ms e 100ms representam 50% de todos os distúrbios. Os eventos com duração entre 8ms e 300ms representam quase 80% de todos os distúrbios.

Figura 7 – Número de eventos por duração do AMT.

E. Número de Eventos por Nível de Tensão Residual

A figura 8 ilustra o número de eventos registrados por

nível de tensão residual. Os AMT de tensão entre 80% e 90%

de tensão residual representam 53% de todos os distúrbios

registrados.

Figura 8 – Número de eventos por nível de tensão residual

Page 93: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

F. Formas de Onda dos Eventos Registrados

A figura 9 ilustra três formas de ondas de diferentes afundamentos momentâneos de tensão registrados.

Figura 9 – Formas de onda registradas

V. ANÁLISE DOS RESULTADOS

A. Padrão IEEE 1346-1988.

O padrão IEEE 1346-1998 [7] define a “curva de coordenação para afundamentos de tensão”. A construção da curva de coordenação para afundamentos de tensão tem como ponto de partida a tabela de distribuição de distúrbios. Baseado em [7] e com os resultados apresentados nas figuras 7 e 8, a tabela I ilustra a distribuição de distúrbios do ponto de medição em estudo.

TABELA I – DISTRIBUIÇÃO DE DISTÚRBIOS.

Tempo (s)

Magnitude 0 - 0.2 0.2 - 0.4 0.4 - 0.6 0.6 - 0.8 0.8 Soma

80% - 90% 43 9 4 2 4 62

70% - 80% 15 3 1 1 2 22

60% - 70% 9 2 0 1 1 13

50% - 60% 7 1 1 1 0 10

40% - 50% 5 1 1 0 1 8

30% - 40% 2 1 0 0 0 3

20% - 30% 0 0 0 0 0 0

10% - 20% 0 0 0 0 0 0

Soma 81 17 7 5 8 118

A partir da tabela de distribuição de distúrbios, obtém-se a

tabela de distribuição acumulada de distúrbios apresentada na

Tabela II. Esta tabela traz informações sobre o número de

afundamentos iguais ou piores aos indicados pelas

características das linhas e colunas.

TABELA II – DISTRIBUIÇÃO ACUMULADA DE DISTÚRBIOS.

Tempo (s)

Magnitude 0 0.2 0.4 0.6 0.8

90% 118 37 20 13 8

80% 56 18 10 7 4

70% 34 11 6 4 2

60% 21 7 4 2 1

50% 11 4 2 1 1

40% 3 1 0 0 0

30% 0 0 0 0 0

20% 0 0 0 0 0

Da tabela de distribuição acumulada de distúrbios, obtêm-

se, por interpolação linear, as curvas de contorno para o

desempenho do sistema em estudo, relativo a afundamentos

de tensão. A Figura 10 ilustra as curvas encontradas.

Figura 10 – Curvas de coordenação AMT.

O padrão IEEE 1346 [7] também fornece a informação sobre o comportamento de alguns equipamentos industriais, conforme Tabela III abaixo:

TABELA III – SENSIBILIDADE DE EQUIPAMENTOS.

Equipamento

Tolerância de Tensão

Faixa

Superior

Média Faixa

Inferior

PLC 20ms, 75% 260ms, 60% 620ms, 45%

ASD (5hp) 30ms, 80% 50ms, 75% 80ms 60%

PC 30ms, 80% 50ms, 60% 70ms, 50%

Relés

eletromecânicos

10ms, 75% 20ms, 65% 30ms, 60%

Baseado na tolerância média dos equipamentos, Tabela III,

e na curva de coordenação de AMT, figura 10, obtém-se a

informação do número anual de desligamentos dos

equipamentos ilustradas nas Figuras de 11 a 14 e sumarizadas

na Tabela IV.

Page 94: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

Figura 11 – PLC.

Figura 12 – ASD (5hp).

Figura 13 – PC.

Figura 14 – Relé eletromecânico.

TABELA IV – NÚMERO DE PARADAS.

Equipamento Referência Número de

paradas

PLC IEEE 1346 6

ASD (5hp) IEEE 1346 35

PC IEEE 1346 16

Relés

eletromecânicos

IEEE 1346 25

B. Curva ITIC

A curva ITIC (Information Technology Industry Council)

vem sendo amplamente utilizada como referência para

classificação das Variações de Tensão de Curta Duração

(VTCD). Desse modo, recomenda-se que a curva ITIC seja

utilizada para analisar se os eventos foram graves o suficiente

para provocarem a queima ou parada de equipamentos

eletroeletrônicos.

A partir da curva ITIC, pode-se classificar as VTCD em

três grandes grupos: (a) que se situam na zona central da

curva, e que não prejudicam os equipamentos; (b) as que se

situam na região acima da curva superior, indicando

elevações de tensão de maior intensidade e duração; e (c) as

que se situam abaixo da curva inferior, referindo-se à

afundamentos mais severos e de duração mais elevada.

Dos 118 eventos registrados, 85 eventos (72%) situam-se

na zona central da curva e não prejudicariam os

equipamentos. Porém, 33 eventos (28%) situam-se abaixo da

curva inferior onde, provavelmente, os equipamentos seriam

desligados ocasionando parada de processos podendo gerar

prejuízos elevados. A figura 15 ilustra a curva ITIC.

Figura 15 – Curva ITIC.

VI. CONCLUSÕES

Há uma forte correlação entre o número de afundamentos

de tensão e o índice pluviométrico. No ponto do sistema

elétrico, em estudo, os afundamentos mais frequentes são os

afundamentos trifásicos, com duração de até 100ms entre

80% e 90% de tensão residual.

Page 95: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

Os equipamentos mais afetados no período de medição,

conforme padrão IEEE 1346, seriam os acionamentos à

velocidade variável (ASD) e os relés eletromecânicos. Os

equipamentos eletroeletrônicos, conforme curva ITIC, seriam

desligados 33 vezes podendo ocasionar paradas de processos

e prejuízos com cifras bastante elevadas.

O uso da fase C para cargas monofásicas, 8% dos

afundamentos registrados, e das fases B e C cargas bifásicas,

13% dos afundamentos registrados, reduziriam em número

expressivo o número de paradas. Além disso, com o

conhecimento dos eventos mais frequentes pode-se fazer um

ajuste de proteções reduzindo também o número de paradas.

A monitoração do sistema elétrico representa um

importante procedimento para a avaliação da qualidade da

energia elétrica, necessários para o conhecimento das

características de sensibilidade dos equipamentos dos

consumidores e, sobretudo para a determinação de

alternativas de soluções de problemas.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o Laboratório de Aplicações Industriais - UFMG e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES – Brasil pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS

[1] Bollen, M. H. Understanding Power Quality Problems – Voltage Sags and Interruptions. IEEE Press. New York, NY. USA. 2000.

[2] Costa, Janaína G. Avaliação do Impacto Econômico do Afundamento de Tensão na Indústria. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte, 2003. 150p. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

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[4] Dugan, R. C.; McGranaghem, M. F.; Beaty, H. W. Electrical Power System Quality, Ed. McGraw-Hill, 1996.

[5] National Instruments, “NI-DAQ – User Manual”, National Instruments, 1997.

[6] Instituto Nacional de Meteorologia. Disponível em: http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=tempo/graficos. Acesso em 03 de julho de 2012.

[7] IEEE Std. 1346. (1998), IEEE Recommended Practice for Evaluating

Electric Power System Compatibility with Electronic Process

Equipment. New York.

Page 96: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

Barramento CA resiliente a Afundamentos de

Tensão utilizando Compensadores Série de Tensão

em Onda Quadrada

James H. Oliveira Junior ([email protected]), Igor A. Pires ([email protected]), Filipe D. Oliveira

([email protected]), Sidelmo M. Silva ([email protected]), Braz J. Cardoso Filho ([email protected])

Resumo Controladores Lógicos Programáveis (CLP), fontes

CA-CC e computadores, bem como elementos de acionamento,

tais como o contator, representam as cargas eletrônicas mais

sensíveis a afundamentos de tensão encontradas no ambiente

industrial. Proteger essas cargas é de suma importância uma vez

que seu funcionamento incorreto pode ocasionar paradas em

todo um processo de produção. Ao invés de utilizar-se de um

compensador série de alta potência para proteção de todo

processo industrial, uma ideia preferível é a proteção apenas dos

elementos mais sensíveis, normalmente de baixa potência,

através de um compensador série de tensão em onda quadrada.

Este compensador injeta onda quadrada ao invés da onda

senoidal, esta última produzida por um inversor de tensão

modulado em PWM em conjunto com um filtro de 2ª ordem. As

vantagens do compensador série em onda quadrada em relação

ao compensador série senoidal são o menor custo, simplicidade e

compactação. Este compensador criaria um barramento CA

resiliente a afundamentos de tensão, onde qualquer elemento

ligado a este barramento ficaria imune a este fenômeno de curta

duração. Este trabalho apresenta o compensador série em onda

quadrada com suas possibilidades topológicas e um exemplo

prático de aplicação com resultados experimentais, onde um

compensador foi instalado em um painel elétrico protegendo

seus contatores de acionamento.

Palavras-chaves Compensador Série, Mitigação, Afundamento

de Tensão, Sag, DVR, DySC, CVT.

I. INTRODUÇÃO

Afundamentos de tensão ou voltage sags, conforme

nomenclatura padrão IEE 1100-1992 (IEEE Emerald Book) e

voltage dips, segundo terminologia IEC, estão entre os

maiores problemas de qualidade de energia. Caracterizados

por um repentino decréscimo do valor rms da tensão para

valores entre 0,1 e 0,9 pu, com duração de 0,5 ciclos até 1

min [1], estes eventos, juntamente com transientes e

interrupções momentâneas, representam 92% dos problemas

relacionados à qualidade de energia encontrada por

consumidores industriais [2]. A Fig. 1 ilustra um destes

eventos com amplitude de 0,6 pu e duração de 100 ms.

Apesar da curta duração, os prejuízos relacionados a estes

fenômenos são grandes. Em ambiente industrial,

afundamentos de tensão podem resultar em custos

operacionais substanciais quando da parada de produção.

Estes custos incluem perda de produtividade, custos de

trabalho para limpeza da linha e reinício do processo

produtivo, danos aos produtos fabricados, redução da

qualidade do produto, atrasos em entregas e insatisfação dos

consumidores [3]. Nos Estados Unidos, estudos mostram que

os prejuízos relacionados ao afundamento de tensão podem

chegar a US$ 400 bilhões [4]. No Brasil, algumas pesquisas

mostram que, paradas devido a variações momentâneas de

tensão, apresentam uma média de US$5,3/kWh, chegando a

perdas anuais de US$200 mil [5], [6].

Cargas eletrônicas tipicamente encontradas em ambientes

industriais, tais como CLP´s e computadores, são bastante

sensíveis a afundamentos de tensão. Alguns números

encontrados na literatura [7] mostram que a susceptibilidade

de computadores varia entre 30 e 170 ms para afundamentos de 0,5 pu a 0,7 pu da tensão nominal. Já no caso de CLP’s,

suportam afundamentos de até 0,8 pu entre 2 a 4 ciclos.

Dependendo da profundidade do afundamento, alguns

processos, como acionamento de motores com grande inércia,

podem não ser afetados. Alguns exemplos são sistema de

bombeamento de fluido em altos-fornos [8] e laminadores a

quente [9].

Entretanto, este mesmo afundamento de tensão poderia

causar mal funcionamento em contatores, CLPs e

conversores de frequência, podendo, inclusive, parar todo um

processo de produção. Em situações onde o circuito de

potência possui capacidade de resistir a estes eventos, uma

alternativa efetiva e de custo reduzido é a proteção apenas

dos circuitos sensíveis no painel de controle.

Este trabalho fará uma análise da utilização de um

barramento ca resiliente a afundamentos de tensão. Serão

discutidas as vantagens de utilização de compensadores de

onda quadrada sobre outras tecnologias de proteção contra

afundamentos de tensão. Por fim, os resultados dos testes de

proteção, em um microcomputador e um conjunto de

contatores instalados em um painel de acionamento de 4

quadrantes, simulando um barramento ca protegido contra

afundamentos de tensão por um compensador de onda

quadrada, serão apresentados.

Fig. 1. Afundamento de tensão: 0.6pu @100 ms.

Page 97: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

II. COMPENSADOR DE ONDA QUADRADA

Muitas soluções têm sido desenvolvidas para proteger

equipamentos contra afundamentos de tensão. Uma das

alternativas disponíveis é o Compensador Série de Tensão

(CST) [10], no qual se destacam duas topologias muito

conhecidas, o Restaurador Dinâmico de tensão (DVR) e o

Dynamic Sag CorrectorTM (DySC) [11]. O CST opera

adicionando uma tensão alternada em serie com a tensão

remanescente da rede, restaurando sua amplitude para o valor

original durante a ocorrência de um afundamento de tensão

[12], [13]. Outra solução, amplamente utilizada em CLPs, é o

Transformador de Tensão Constante (Constant Voltage

Transformer - CVT) [14]. Este dispositivo consiste em um

transformador ferro-ressonante operando na região de

saturação. A tensão de saída é mantida constante

independente de mudanças na tensão de entrada. Os

problemas principais desta solução são o peso, tamanho e a

baixa eficiência. Existe também uma solução específica para

contatores de corrente alternada, o ProContact [15]. Trata-se

de um dispositivo eletrônico que alimenta a bobina do

contator com corrente contínua de forma a produzir a mesma

força de atração obtida com correntes alternadas.

O Compensador Série de Onda Quadrada (CST-OQ)

adiciona uma tensão em onda quadrada para reduzir o

afundamento de tensão. Comparado com os CSTs senoidais,

o CST-OQ é uma solução mais simples. O inversor de saída

modula a amplitude da tensão de onda quadrada na mesma

frequência da tensão da rede, eliminando desta forma, as altas

frequências de chaveamento relacionadas à modulação por

largura de pulso e o filtro senoidal de segunda ordem. Estas

simplificações produzem um equipamento mais simples,

compacto, com menos problemas de compatibilidade

eletromagnética e de custo significativamente mais baixo. De

acordo com [16], os CST-OQ podem chegar a custar

aproximadamente 35% menos do que um CST senoidal.

Das topologias de CST de onda quadrada, destacam-se

três: a primeira baseada em conversor dc-dc, a segunda

baseada em uma topologia multinível em cascata, e a última

utilizando um retificador controlado. A primeira, detalhada

na Fig. 2, utiliza o conversor dc-dc para modular a tensão a

ser adicionada a tensão da rede para corrigir o afundamento

de tensão.

Fig. 2. CST-OQ com conversor dc-dc

A maior desvantagem desta solução é a necessidade de armazenamento de energia, aumentando o custo final do

dispositivo.

A segunda topologia baseia-se em módulos em cascata

produzindo um conversor multinível para modular a tensão a

ser adicionada a tensão da rede (Fig. 3). A utilização de

componentes de baixa tensão contribui para reduzir o custo

desta topologia [18]. Porém, comparada com a topologia que

utiliza o conversor dc-dc, o seu grande número de partes

contribui para um custo final mais elevado.

A topologia multinível procura reestabelecer a tensão em

uma faixa de 0.9 a 1.05pu. Estes valores, estabelecidos por

padrões internacionais, correspondem aos valores de tensão

para os quais os equipamentos eletrônicos são projetados para

operar em condições normais.

Fig. 3. Topologia Multinível em Cascata

Na Fig. 4 é apresentada a topologia de CST de onda

quadrada baseada em retificadores controlados. Como pode

ser observado, diferentes razões de transformação são obtidas

através das várias derivações do transformador. Desta forma,

consegue-se corrigir uma ampla faixa de afundamentos de

tensão através de uma solução de baixo custo.

Fig. 4. CST em onda quadrada com retificadores controlados

III. SIMULAÇÃO DO CST-OQ

O esquema do compensador série de tensão em onda

quadrada simulado está exibido na Fig. 5. O compensador

permanece em modo de espera, adicionando uma tensão de

0V a tensão fornecida a carga, até que ocorra um

afundamento de tensão. Na ocorrência deste evento, adiciona-

se o nível de tensão necessário para recuperação da tensão de

operação adequada do equipamento protegido. É importante

ressaltar que nesta topologia não há armazenadores de

energia, o capacitor serve apenas como filtro de ripple. A

potência ativa que o compensador entrega vem da própria

rede de energia. Também não há filtro de saída no inversor e transformador série, este último presente em alguns

compensadores.

Page 98: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

Fig. 5. Compensador em onda quadrada.

Foram simulados dois afundamentos distintos, 0,8 e 0,6 pu

de tensão remanescente, visualizados nas Fig. 6 e 7. Nas duas figuras, são vistos a onda proveniente da rede (azul), a tensão

no barramento CC da carga protegida (verde), a tensão

injetada pelo compensador (preto) e a tensão aplicada nos

terminais da carga protegida (vermelho). Como anteriormente

citado, conforme a profundidade do afundamento escolhe-se

o nível adequado para a recuperação do pico de tensão

anterior ao afundamento.

Fig. 6. Compensação em onda quadrada para um afundamento de 0,8 pu –

Azul: onda proveniente da rede, verde: tensão no barramento CC da carga

protegida, preto: tensão injetada pelo compensador e vermelho: tensão

aplicada nos terminais da carga protegida.

Fig. 7. Compensação em onda quadrada para um afundamento de 0,6 pu –

Azul: onda proveniente da rede, verde: tensão no barramento CC da carga

protegida, preto: tensão injetada pelo compensador e vermelho: tensão

aplicada nos terminais da carga protegida.

IV. RESULTADOS

Uma vez que contatores e CLPs são as cargas sensíveis

mais comumente encontradas em painéis de controle de

processos industriais, foram realizados testes distintos para

analisar as vantagens de se utilizar um barramento ca

protegido contra afundamento de tensão em tais painéis de

controle. No primeiro teste o CST-OQ foi utilizado para

proteger um microcomputador Pentium 4, 2GHz, 512Mb de

Ram, HD de 80Gb e fonte de alimentação de 350W. No

segundo teste, a carga a ser protegida eram contatores em um painel de acionamento de 4 quadrantes.

O compensador CST-OQ foi montado (Fig. 8) com dois

níveis idênticos. Foram utilizados transformadores 120:24, o

que implica em 0,2 pu de tensão para cada nível de

compensação, um capacitor de 470uF/100V e um módulo

LMD18200 para o inversor. A seleção do nível de

compensação a ser injetado é feita através da comparação

entre um estimador, constituído de um sistema diodo-

capacitor-resistor que “emula” o que ocorre no equipamento

protegido e valores fixos de escolha do nível de

compensação.

Foi utilizado o LM311 como comparador. Para atingir o

nível do afundamento em 1 ciclo, tempo de susceptibilidade

típica de equipamentos eletrônicos, construiu-se o estimador

com um capacitor de 4,7uF e resistor de 5,6kΩ. A rede era de

127 Vrms, 60 Hz.

A. Proteção de um microcomputador pelo CST-OQ

O microcomputador apresentou uma susceptibilidade de

72% em 1 ciclo de duração, como apresentado na Fig. 9.

Nesta figura são apresentadas a tensão de afundamento

proveniente do gerador de afundamento (azul escuro), a

corrente de alimentação da placa mãe na tensão de 3,3V (azul

claro) e o barramento CC de entrada da fonte de alimentação (rosa). A carga foi submetida a um afundamento de 72% de

tensão remanescente com duração de 100ms. O computador

permanece ligado por 1,5 ciclo após o início do afundamento

de tensão e “reseta”, conforme pode ser observado na forma

de onda de corrente. O valor da corrente não atinge zero pois

o processador foi o único elemento a desligar. Para

afundamentos mais profundos notou-se que todos os

dispositivos se desligam, anulando o valor da corrente.

Fig. 8 – Compensador em Onda Quadrada

Módulo de Potência

Sistema de

Controle

Fonte

ca/cc

Page 99: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

Fig. 9. Afundamento de 72% na carga avaliada (PC) – Azul escuro: Tensão

proveniente do gerador de afundamento, azul claro: corrente de alimentação

da placa mãe, rosa: barramento CC da fonte de alimentação

O computador se torna menos sensível com a presença do

compensador, conseguindo operar com afundamentos de até

58%, situação ilustrada na Fig. 10. Abaixo deste valor, a

tensão do barramento CC não era suficiente para que o

computador continuasse funcionando. Uma solução para o

aumento da suportabilidade seria a alteração no valor dos

níveis do compensador. A Fig. 11 mostra em detalhes a forma de onda proveniente do compensador.

Fig. 10. Afundamento de 58% na carga avaliada (PC) – Azul escuro:

Tensão proveniente do gerador de afundamento, azul claro: corrente de

alimentação da placa mãe, rosa: barramento CC da fonte de alimentação,

verde claro: tensão proveniente do compensador.

Fig. 11. Afundamento de 72% na carga avaliada (PC) – Azul escuro:

Tensão proveniente do gerador de afundamento, azul claro: corrente de

alimentação da placa mãe, rosa: barramento CC da fonte de alimentação,

verde claro: tensão proveniente do compensador.

B. Proteção de contatores pelo CST-OQ

A Fig. 12 mostra o painel e o gerador de afundamento de

tensão (à direita) utilizado nos experimentos. Em destaque observa-se os contatores (à esquerda), os módulos (à direita)

e os transformadores shunt do CST-OQ. Neste painel está

montado um acionamento de 4 quadrantes ou dinamômetro.

Três contatores são utilizados para e energização de outros

dispositivos e pré-carga do barramento cc. O CST-OQ foi

conectado ao painel para proteger estes contatores.

Fig. 12 – Painel do dinamômetro e Gerador de afundamento de tensão.

A Fig. 13 mostra o CST-OQ instalado no painel do

dinamômetro, para proteger o hardware de controle de

afundamentos de tensão.

Vários afundamentos de tensão foram utilizados para

caracterizar a sensitividade do conjunto de contatores a afundamentos e tensão. Os afundamentos que causaram

falhas no funcionamento dos contatores apresentaram tensão

remanescente de 0.6 pu. Foi também observado que

afundamentos de tensão de 0.7 pu provocavam mal

funcionamentos com frequência. O osciloscópio Tektronix

DPO2014 foi utilizado para medir a corrente na bobina do

contator e a tensão de saída do gerador de afundamento de

tensão. Uma fonte de 5V foi conectada à um contato

normalmente aberto do contator para indicar funcionamento

inadequado quando da abertura inesperada deste contato.

Fig. 13 – Compensador de onda quadrada instalado no painel do

dinamômetro para produzir um barramento protegido de afundamentos.

contatores

Trafo Shunt

do CST-OQ

CST-OQ

Gerador de

afundamento

Trafo Shunt

do CST-OQ

CST-OQ

Page 100: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

A Fig. 14 mostra detalhes da tensão compensada durante o

afundamento de tensão. Pode ser observado da figura que a

tensão de pico não foi recuperada para 1pu (311V), mas para

0.9 pu (280V). O objetivo deste compensador é recuperar a

tensão de 0,9 pu até 1,05 pu, pois estes são os valores de

tensão sugeridos para operação dos equipamentos industriais

[17].

Fig. 14 – Detalhe da tensão após compensação. A tensão na carga é a soma

da tensão da rede (com afundamento) com a com a tensão de onda quadrado

injetada pelo compensador.

As Fig. 15 e 16 mostram a corrente no contator (laranja), o

sinal de 5V (azul) de teste e a tensão de saída (lilás). A Fig.

15(a) mostra o comportamento do contator quando submetido

a um afundamento de tensão de 0.6 pu sem a proteção pelo

CST-OQ. Neste experimento, o contato abriu e a corrente em sua bobina aumentou. O sinal de 5V demonstra que a força

eletromagnética não foi suficiente para manter o contato

fechado. Fig. 15(b) apresenta a mesma situação da Fig. 15(a),

porém, com a proteção do CST-OQ. Pode ser observado que

a corrente na bobina do contator praticamente não se altera e

que o sinal de teste de 5V não foi alterado durante e nem após

o evento. Fig. 16(a) e (b) mostram o afundamento mais

severo ao qual o sistema consegue manter o funcionamento

do contator, 0.3 pu de tensão remanescente da rede. Mais

uma vez, o sistema CST-OQ mantém o contator operando

corretamente.

(a) Sem a proteção do CST-OQ

(b) Com a proteção do CST-OQ

Fig. 15 – Contator submetido a afundamento de tensão de 0.6pu. Ch. 1 –

Corrente no contator: 2A/div (laranja). Ch. 2 - 5V sinal no contato

normalmente aberto: 10V/div (azul), Ch. 3 – Tensão de alimentação:

200V/div (rosa).

(a) Sem a proteção do CST-OQ

(a) Com a proteção do CST-OQ

Fig. 16 – Contator submetido a afundamento de tensão de 0.3pu. Ch. 1 –

corrente no contator: 2A/div (laranja). Ch. 2 - 5V sinal no contato

normalmente aberto: 10V/div (azul), Ch. 3 – Tensão de alimentação:

200V/div (rosa).

V. CONCLUSÕES

Neste artigo foi analisado o emprego de um barramento ca

resiliente a afundamentos de tensão para aumentar

capacidade de processos industriais de resistirem a estes

eventos. Em muitos casos as paralizações nos processos

industriais, ocasionados por afundamentos de tensão,

ocorrem apenas devido a falhas no sistema de controle,

contatores e CLPs. Desta forma, o emprego de compensador

série de tensão para criar barramentos protegidos de

afundamentos de tensão dentro dos painéis de controle é uma alternativa de menor custo comparada com o emprego de

dispositivos para proteger todo o processo industrial.

Entre as possibilidades de mitigação de afundamentos de

tensão apresentadas, o CST-OQ foi considerado a solução

mais atrativa para utilização em um barramento ca resiliente a

afundamentos de tensão. A operação em onda quadrada, em

detrimento da senoidal, traz simplicidade ao dispositivo,

reduzindo o tamanho e o custo.

O protótipo construído se mostrou eficaz, pois aumentou

consideravelmente a capacidade do microcomputador e do

sistema com contatores de resistir a afundamentos de tensão.

A susceptibilidade do computador é de 72% de afundamento durante um ciclo. Com o compensador essa susceptibilidade

caiu para 58% também para um ciclo. Considerando dados

estatísticos de afundamentos de tensão [19], com a proteção

pelo compensador ocorreu um aumento de 15% em sua

resiliência a afundamentos de tensão. Antes da adição do

sistema de proteção, o limite abaixo do qual os contatores

deixavam de operar corretamente estava entre 0.7 e 0.6 pu.

Com o sistema de proteção este limite foi para 0.3 pu.

-0.08 -0.06 -0.04 -0.02 0 0.02 0.04 0.06 0.08-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

Page 101: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

Analisando estes resultados do ponto de vista estatístico,

conclui-se que, com a proteção, o sistema é capaz de suportar

99% dos afundamentos de tensão observados em Belo

Horizonte. Sem a proteção, o sistema falharia em 20% destes

eventos. Estes resultados demonstram que o uso de um

barramento ca resiliente a afundamentos de tensão, baseando

em CST-OQ, é uma excelente solução para o aumento da

robustez de painéis de controle a afundamentos de tensão.

VI. REFERÊNCIAS

[1] IEEE 1159 / 2009 - Recommended Practice for Monitoring Electric

Power Quality.

[2] W. Brumsickle,, R. S. Schneider, G. A. Luckjiff,, , D. M. Divan, , M. F.

Mcgranaghan, “Dynamic sag correctors - cost-effective industrial

powerline conditioning”, IEEE Transactions on Industrial Applications,

vol. 37, no. 1, January/February, 2001.

[3] M. F. McGranaghan, D. R. Mueller, and M. J. Samotyj. “Voltage sags in

industrial systems”, IEEE Transactions on Industry Applications, vol.

29, no. 2, pp 397-403, march/april 1993.

[4] D. Hongfa, G. Jun, and D. Xianzhong. New concepts of dynamic voltage

restoration for three-phase distribution systems. Power Engineering

Society Summer Meeting, vol. 3, pp 1427-1432, 2000.

[5] J. J. A. Leitão and L. B. Reis. Avaliação econômica das perdas por

distúrbios na rede básica. V Seminário Brasileiro sobre Qualidade da

Energia Elétrica, vol. 2, pp. 495-502, 2003.

[6] C. H. N. Magalhães, M. R. Gouveia, F. A. T. Silva, C. M. V. Tahan, and

L. G. C. A. Filho. Avaliação do custo social de interrupção do

fornecimento de energia elétrica do lado da demanda do estado de são

paulo. XVI Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia

Elétrica, outubro, 2001.

[7] M. H. J. Bollen– Undestanding Power Quality Problems: Voltage Sags

and Interruptions, IEEE Press Series on Power Engineering, New York

2000.

[8] F. Carlsson, C. Sadarangani, B Widell “Impacts of voltage sags on a blast

furnace process”, Proceedings of the Cigre Symposium KTH,

Stockholm, Sweden, 2001.

[9] F. Carlsson, B. Widell, C. Sadarangani. “Ride-through investigations for

a hot rolling mill process”. Proceedings of the International Conference

on Power System Technology (PowerCon) pages 1605-1608 Perth,

Australia, 2000.

[10] J. G. Nielsen and, F. A Blaadjerg “Detailed Comparison of Systems

Topologies for Dynamic Voltage Restorer”, IEEE Transactions on

Industrial Applications, vol. 41, no. 5, September/October 2005.

[11]W.E. Brumsickle, et al.: “Dynamic sag correctors: cost-effective

industrial power line conditioning”, IEEE Transactions on Industrial

Applications, 2001, 37, (1), pp. 212–217.

[12]J. G. Nielsen and, F. A Blaadjerg “Detailed Comparison of Systems

Topologies for Dynamic Voltage Restorer”, IEEE Transactions on

Industrial Applications, vol. 41, no. 5, September/October 2005.

[13]Power Quality Solutions Inc. [online]. Available:

http://www.pqsi.com/cvts.html.

[14]S.M. Silva, M.F. Braga, T. de Fernandes, L. Milagres, “Analysis and

development of a ride-through device for ac contactors”. European

Conference on Power Electronics and Applications, pp. 1-9, 2007.

[15]I. A. Pires, B. J. Cardoso Filho e S. S. Silva: Design Aspects of a

Square-Wave Series Voltage Compensator, IEEE Energy Conversion

Conference and Exposition, 2011, Phoenix, AZ, USA

[16]W.E Cheng, et al. “Investigation of Voltage Dip Restorer Using

SquareWave Inverter”. 30th Annual Conference of IEEE Industrial

Electronics Society (IECON), pp. 204–208, 2004.

[17] F. Oliveira, L. Starling, S. Silva, B. Cardoso Filho, “Monitoramento e

Análise Da Qualidade Da Energia Elétrica”. 10th IEEE/IAS

International Conference on Industrial Applications – Induscon,

Fortaleza – Brazil, November 5-7, 2012.

[18] P. C. Loh, D. M. Vilathgamuwa. “Multilevel Dynamic Voltage

Restorer”. IEEE Power Electronics Letters, vol. 2, no. 4, december

2004.

[19] P. C. Loh, D. M. Vilathgamuwa. “Multilevel Dynamic Voltage

Restorer”. IEEE Power Electronics Letters, vol. 2, no. 4, december

2004.

Page 102: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

Monitoramento, Caracterização e Compensação de

Afundamentos Momentâneos de Tensão

Filipe Dias de Oliveira (1)

, Igor Amariz Pires (2)

, Sidelmo Magalhães Silva (3)

e Braz de Jesus Cardoso Filho (4)

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica – Universidade Federal de Minas Gerais

Av. Antônio Carlos 6627, 31270-901, Belo Horizonte, MG, Brasil (1)

[email protected], (2)

[email protected], (3)

[email protected], (4)

[email protected]

Resumo — Os afundamentos momentâneos de tensão (AMTs) têm

sido reportados como os mais frequentes distúrbios responsáveis

pela degradação da qualidade da energia elétrica fornecida aos

consumidores industriais. Os prejuízos causados pelas paradas

indesejadas, provocadas pela ocorrência de AMTs, chegam, em

muitos casos, a cifras bastante elevadas que incluem custos de

produtividade, reinicio do processo produtivo, redução na

qualidade do produto e atrasos de entregas. Diante desse cenário, a

monitoração do sistema elétrico representa um procedimento

indispensável para a avaliação da qualidade da energia elétrica,

sobretudo para a determinação de alternativas de soluções de

problemas. Este trabalho apresenta resultados de monitoramento

de AMTs, compreendidos de abril/2011 a dezembro/2012, e uma

proposta para compensação dos distúrbios registrados.

I. INTRODUÇÃO

Afundamentos momentâneos de tensão (AMTs) representam

68% dos problemas, relacionados à qualidade da energia,

encontrados por consumidores industriais [1] e estão

associados, principalmente, com faltas no sistema elétrico, mas

podem também ser causadas pela energização de cargas pesadas

ou partida de grandes motores.

Apesar de serem fenômenos de curta duração, causam

prejuízos elevados. Em geral, não provocam danos ao

equipamento, mas interrompem processos industriais, com

perdas de qualidade e no tempo para retomada de produção [2]-

[3]. No Brasil, apenas recentemente, tem sido realizados

estudos que contabilizam os prejuízos provocados pelos AMTs,

como é o caso de [4]-[6].

Nestes casos, a monitoração da qualidade da energia elétrica

representa uma providência essencial para a caracterização e

identificação dos distúrbios mais frequentes que afetam as

cargas sensíveis dos consumidores. Com tais informações é

possível se obter um conhecimento do problema.

A partir do conhecimento obtido pode-se identificar um

universo de alternativas para compatibilizar os distúrbios,

intrínsecos do sistema elétrico, às características de

sensibilidade das cargas do consumidor. Algumas destas

alternativas podem ser executadas pelas concessionárias de

energia elétrica no sentido de reduzir o número de ocorrências

ou atenuar a severidade dos mesmos.

Pelo lado do consumidor, as medidas a serem adotadas

envolvem, via de regra, a minimização da sensibilidade dos

processos e dispositivos de proteção associados além do uso de

equipamentos condicionadores [7]. Várias tecnologias têm sido

investigadas como solução do problema, conforme tratado em

[8]. Neste contexto, o compensador série em onda quadrada

para afundamentos de tensão se destaca pela eficácia, associado

a uma ótima relação custo X benefício [9]-[10].

Este trabalho, originado a partir de [11], apresenta uma

experiência de vinte e um meses de monitoração da qualidade

da energia elétrica, em particular, afundamentos momentâneos

de tensão com os objetivos de: (i) Conhecer e caracterizar, de

forma precisa, os eventos mais frequentes. (ii) Quantificar o

número de eventos que afetariam equipamentos

eletroeletrônicos típicos utilizados em plantas industriais e (iii)

Apresentar uma proposta para compensação dos distúrbios

registrados.

II. O SISTEMA ELÉTRICO EM ESTUDO

O sistema de medição, instalado no campus Pampulha da

UFMG, está situado na malha de Distribuição Centro da

CEMIG. O campus é atendido por dois alimentadores da

Subestação Maracanã (SE-Maracanã). A SE-Maracanã está a

aproximadamente 47 km da SE-Neves-1, e a 16 km da SE-

Taquaril que são as maiores subestações da malha. A Fig. 1

ilustra o sistema elétrico em estudo.

Fig. 1. Sistema Elétrico em Estudo.

O presente trabalho foi realizado com o apoio financeiro da CAPES – Brasil.

Page 103: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

III. O SISTEMA DE MEDIÇÃO

O sistema de medição é composto por um sistema

condicionador de sinais, um microcomputador e uma placa de

aquisição que trabalha diretamente no barramento do

microcomputador. O sistema condicionador de sinais permite a

aquisição de 12 (doze) sinais de tensão de até 440V utilizando

uma frequência de amostragem de 2kHz. A placa de aquisição

utilizada é um modelo DAQCard 6062E da National

Instruments [12].

O software para aquisição e análise da qualidade da energia é

amigável e dispõe de vários recursos que facilitam a

visualização e análise dos sinais adquiridos. Todos os recursos

do hardware são configurados pelo software. A Fig. 2 ilustra o

sistema de monitoramento utilizado.

(a) (b)

Fig. 2. Sistema de monitoramento. (a) Condicionador de Sinais.

(b) Software de Análise.

IV. RESULTADOS DE MONITORAÇÃO

Neste item, são apresentados diversos resultados de um período de monitoração de 21 meses, compreendidos de abril/2011 a dezembro/2012. No período foram registrados 177 afundamentos momentâneos de tensão. Foram adotados os procedimentos de monitoração propostos em [13].

A. Número de Eventos Registrados por Mês

A Fig. 3(a) ilustra o número de eventos registrados por mês enquanto a Fig. 3(b) ilustra a chuva acumulada mensal, através de níveis de precipitação, na região metropolitana de Belo Horizonte para o mesmo período de monitoração [14]. Os meses com mais eventos registrados foram os meses mais chuvosos. Conforme pode ser observado na Fig. 4, há uma forte correlação entre o número de distúrbios registrados e os níveis de precipitação.

0

5

10

15

20

25

abr/

11

mai

/11

jun/1

1

jul/

11

ago

/11

set/

11

out/

11

nov

/11

dez

/11

jan

/12

fev/1

2

mar

/12

abr/

12

mai

/12

jun/1

2

jul/

12

ago

/12

set/

12

out/

12

nov

/12

dez

/12

mer

o d

e E

ven

tos

(a)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

abr/

11

mai

/11

jun/1

1

jul/

11

ago

/11

set/

11

out/

11

nov

/11

dez

/11

jan

/12

fev/1

2

mar

/12

abr/

12

mai

/12

jun/1

2

jul/

12

ago

/12

set/

12

out/

12

nov

/12

dez

/12

Pre

cipit

ação

(m

m)

(b)

Figure 1. Fig. 3. Correlação AMT x Precipitação. (a) - número de eventos

registrados no período. (b) - Precipitação em Belo Horizonte no período.

B. Eventos por Tipo de Afundamento e distribuição dos

dirtúrbios entre as fases.

A Fig. 4 ilustra a distribuição dos distúrbios por tipo de

afundamento. Dos 177 eventos registrados, 42% resultaram em

afundamentos monofásicos, 31% em afundamentos bifásicos

(apenas duas fases afetadas) e 27% em afundamentos trifásicos.

Nos afundamentos bifásicos, as fases menos afetadas foram

as fases B e C (19% dos afundamentos bifásicos). Nos

afundamentos monofásicos a fase menos afetada foi à fase C

(14% dos afundamentos monofásicos). A Fig. 5 ilustra a

distribuição percentual dos distúrbios, nas fases, para eventos

bifásicos e monofásicos. Nota-se que equipamentos bifásicos

conectados nas fases B e C e equipamentos monofásicos

conectados na fase C foram expostos a menos distúrbios no

período de monitoração.

Fig. 4. Eventos por tipo de afundamento.

34%

19%47%

AB BC CA

(a)

48%38%

14%

A B C

(b)

Fig. 5. (a) Distruibuição percentual das fases afetadas em eventos

bifásicos. (b) Distribuição percentual das fases afetadas em eventos

monofásicos.

Page 104: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

C. Número de Eventos por Hora do Dia.

A Fig. 6 ilustra o número de eventos registrados por hora do dia. Os maiores números de eventos registrados estão compreendidos no horário comercial.

02468

1012141618

00

:00

- 0

1:0

0

01

:00

- 0

2:0

0

02

:00

- 0

3:0

0

03

:00

- 0

4:0

0

04

:00

- 0

5:0

0

05

:00

- 0

6:0

0

06

:00

- 0

7:0

0

07

:00

- 0

8:0

0

08

:00

- 0

9:0

0

09

:00

- 1

0:0

0

10

:00

- 1

1:0

0

11

:00

- 1

2:0

0

12

:00

- 1

3:0

0

13

:00

- 1

4:0

0

14

:00

- 1

5:0

0

15

:00

- 1

6:0

0

16

:00

- 1

7:0

0

17

:00

- 1

8:0

0

18

:00

- 1

9:0

0

19

:00

- 2

0:0

0

20

:00

- 2

1:0

0

21

:00

- 2

2:0

0

22

:00

- 2

3:0

0

23

:00

- 0

0:0

0

Fig. 6. Número de eventos por hora do dia.

D. Número de Eventos por Duração do AMT

A Fig. 7 ilustra o número de eventos registrados por duração do AMT. Eventos com duração entre meio ciclo e 100ms, 74 eventos registrados, representam 42% de todos os distúrbios. Os eventos com duração entre meio ciclo e 300ms, 134 eventos registrados, representam mais de 75% de todos os distúrbios.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Fig. 7. Número de eventos por duração do AMT.

E. Número de Eventos por Nível de Tensão Residual

A Fig. 8 ilustra o número de eventos registrados por nível de

tensão residual. Os AMT de tensão entre 70% e 90% de tensão

residual representam mais de 60% de todos os distúrbios

registrados.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

30% -

40%

40% -

50%

50% -

60%

60% -

70%

70% -

80%

80% -

90%

Fig. 8. Número de eventos por nível de tensão residual.

F. Formas de Onda dos Eventos Registrados

A Fig. 9 ilustra três formas de ondas de diferentes afundamentos momentâneos de tensão registrados.

Fig. 9. Formas de onda registradas.

V. ANÁLISE DOS RESULTADOS

A. Padrão IEEE 1346-1988.

O padrão IEEE 1346-1998 [15] define a “curva de coordenação para afundamentos de tensão”. A construção da curva de coordenação para afundamentos de tensão tem como ponto de partida a tabela de distribuição de distúrbios. Baseado em [15] e com os resultados apresentados nas Fig. 7 e 8, a tabela I ilustra a distribuição de distúrbios do ponto de medição em estudo.

TABELA I – DISTRIBUIÇÃO DE DISTÚRBIOS.

Magnitude 0 - 0.2 0.2 - 0.4 0.4 - 0.6 0.6 - 0.8 0.8 Soma

80% - 90% 48 15 5 3 5 76

70% - 80% 21 9 3 2 2 37

60% - 70% 16 5 2 1 2 26

50% - 60% 13 3 1 1 1 19

40% - 50% 9 1 1 0 1 12

30% - 40% 6 1 0 0 0 7

20% - 30% 0 0 0 0 0 0

10% - 20% 0 0 0 0 0 0

Soma 113 34 12 7 11 177

Tempo (s)

A partir da tabela de distribuição de distúrbios, obtém-se a

tabela de distribuição acumulada de distúrbios, conforme [15],

apresentada na Tabela II. Esta tabela traz informações sobre o

número de afundamentos iguais ou piores aos indicados pelas

características das linhas e colunas.

Page 105: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

TABELA II – DISTRIBUIÇÃO ACUMULADA DE DISTÚRBIOS.

Magnitude 0 0.2 0.4 0.6 0.8

90% 177 64 30 18 11

80% 101 36 17 10 6

70% 64 20 10 6 4

60% 38 10 5 3 2

50% 19 4 2 1 1

40% 7 1 0 0 0

30% 0 0 0 0 0

20% 0 0 0 0 0

Tempo (s)

Da tabela de distribuição acumulada de distúrbios, obtêm-se,

por interpolação linear, as curvas de contorno para o

desempenho do sistema em estudo, relativo a afundamentos de

tensão. A Fig. 10 ilustra as curvas encontradas.

Fig. 10. Curvas de coordenação AMT.

B. Curva ITIC

A curva ITIC (Information Technology Industry Council)

[16] vem sendo amplamente utilizada como referência para

classificação das Variações de Tensão de Curta Duração

(VTCD). Desse modo, recomenda-se que a curva ITIC seja

utilizada para analisar se os eventos foram graves o suficiente

para provocarem a queima ou parada de equipamentos

eletroeletrônicos.

Com o conhecimento da curva ITIC [16] e da curva de

coordenação de AMT, ilustrada na Fig. 10, obtém-se, baseado

em [15], na Fig. 11 a informação do número de desligamentos

que ocorreriam durante o período de monitoramento.

Fig. 11. Curvas de coordenação X Curva ITIC.

Dos 177 distúrbios registrados, 26 poderiam ocasionar o mau

funcionamento de equipamentos baseados na curva ITIC

provocando a parada de processos e elevados prejuízos.

VI. COMPESAÇÃO DOS DISTÚRBIOS UTILIZANDO UM

COMPENSADOR SÉRIE DE ONDA QUADRADA

A Fig. 12 ilustra a estrutura básica do compensador série em

onda quadrada baseada em conversores multiníveis dispensando

a modulação PWM de alta frequência e o filtro de saída.

Fig. 12. Compensador série de onda quadrada.

O Compensador Série de Onda Quadrada adiciona uma

tensão em onda quadrada para reduzir o afundamento de tensão.

O inversor de saída modula a amplitude da tensão de onda

quadrada na mesma frequência da tensão da rede, eliminando

desta forma, as altas frequências de chaveamento relacionadas à

modulação por largura de pulso e o filtro senoidal. Estas

simplificações produzem um equipamento mais simples e

compacto [8].

A Tabela III [8] traz a relação entre os afundamentos

compensados e o número de células a serem utilizadas:

TABELA III – RELAÇÃO ENTRE NÚMERO DE CÉLULAS E AFUNDAMENTOS

COMPENSADOS

Número de células Faixa da tensão residual do AMT

1 75% a 90%

2 50% a 90%

3 32% a 90%

4 24% a 90%

5 19% a 90%

De acordo com as informações da Fig. 8, com apenas 2

células seriam compensados 170 eventos (90%) de um total de

177 registrados no período.

VII. RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Testes, utilizando um compensador de onda quadrada com

duas células, foram realizados em um microcomputador

Pentium 4, 2Ghz, HD de 80Gb e fonte de alimentação de

350W. A susceptibilidade apresentada pelo microcomputador,

ilustrada na Fig. 13, foi para um AMT com 72% de tensão

residual e duração de 1,5 ciclo.

Page 106: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

Fig. 13. Formas de onda, de tensão e corrente, no microcomputador para um

AMT de 72% com duração de 100ms.

Na Fig. 13 são apresentadas as formas de onda de: i) tensão

no barramento CC da fonte, ii) corrente de alimentação da placa

mãe e iii) AMT ao qual o equipamento foi submetido. Após o

início do distúrbio, o microcomputador permanece ligado por

1,5 ciclo e “falha”. Pela Fig. 13, pode-se perceber que houve

uma redução da tensão do barramento CC e da corrente de

alimentação da placa mãe.

A Fig. 14 ilustra, para um mesmo distúrbio, as formas de

onda de tensão e corrente no microcomputador sendo protegido

pelo compensador.

Fig. 14. Formas de onda, de tensão e corrente, no microcomputador sendo

protegido pelo compensador.

Neste caso, o microcomputador permaneceu funcionando

durante todo o distúrbio. Observa-se apesar da tensão no

barramento CC ter sido reduzida, nos instantes iniciais do

distúrbio, não houve mudança na corrente de alimentação da

placa mãe.

VIII. CONCLUSÕES

Há uma forte correlação entre o número de afundamentos

momentâneos de tensão registrados, no ponto do sistema

elétrico em estudo, e o índice pluviométrico na região

metropolitana de Belo Horizonte. Os afundamentos mais

frequentes foram os afundamentos monofásicos, com duração

de até 100ms entre 80% e 90% de tensão residual.

Foi verificado que as fases não estão sendo afetadas na

mesma proporção. Para eventos monofásicos, por exemplo, a

fase C compreende apenas 14% dos eventos. Para eventos em

que duas fases são afetadas, o uso das fases BC compreende

apenas 19% dos eventos. Logo, uma simples substituição da

fase que alimenta o equipamento pode reduzir

significativamente a quantidade de eventos que o equipamento

estará sujeito.

Os equipamentos com a curva de susceptibilidade baseada

na curva ITIC teriam apresentado mau funcionamento em 26

eventos e poderiam ter provocado a parada de processos e

perdas na produção.

O compensador série em onda quadrada apresentou-se como

uma boa alternativa para compensação dos distúrbios

registrados. O compensador, com um número reduzido de

células, se mostra como uma solução eficaz, simples e de baixo

custo.

A monitoração do sistema elétrico representa um

indispensável procedimento para a avaliação da qualidade da

energia elétrica, necessário para caracterização e identificação

dos distúrbios mais frequentes, conhecimento das

características de sensibilidade dos equipamentos e, sobretudo

para a determinação de alternativas de soluções de problemas.

REFERÊNCIAS

[1] Bollen, M. H, “Understanding Power Quality Problems – Voltage Sags and Interruptions,” IEEE Press, New York, USA, 2000.

[2] Dugan, R. C; McGranaghem, M. F; Beaty, H. W; “Electrical Power System Quality,” Ed. McGraw-Hill, 1996.

[3] M. F. McGranaghan, D. R. Mueller, and M. J. Samotyj, “Voltage sags in industrial systems,” IEEE Transactions on Industry Applications, vol.29, no. 2, pp 397-403, march/april 1993.

[4] Costa, Janaína G. “Avaliação do Impacto Econômico do Afundamento de Tensão na Indústria,”Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Dissertação de Mestrado, Belo Horizonte, 150p.,2003.

[5] Alves, Mario F.; Costa, Janaína G.; Fonseca, Viviane R.C, “Impacto Econômico do afundamento de tensão na Indústria: Uma Metodologia aplicada a grandes redes elétricas,” V SBQEE, Agosto de 2003.

[6] Maia, Reinaldo M. “Caracterização das Variações de Tensão de Curta Duração e seus impactos em uma planta da Indústria Alimentícia,” PPGEE/UFMG, Dissertação de Mestrado, Belo Horizonte, 2011.

[7] Ramos, Álvaro J. P.; Lira, Daniel P. C. P.; Bronzeado, Herivelto S. “Monitoração da Qualidade da Energia Elétrica – Aspectos Práticos,” II SBQEE, São Lourenço /MG, 1997.

[8] Pires, Igor A. “Compensadores Séries de Tensão em Onda Quadrada: Aplicação na Mitigação de Afundamentos de Tensão,” PPGEE/UFMG, Tese de Doutorado, Belo Horizonte, 2011.

Page 107: Monitoramento e Análise de Afundamentos Momentâneos de Tensão

[9] I. A. Pires, B. J. Cardoso Filho, e S. M. Silva. “Compensador série de tensão em onda quadrada para mitigação de afundamentos de tensão,” Revista da Sociedade Brasileira de Automática, 2011.

[10] I. A. Pires, B. J. Cardoso Filho e S. M. Silva, “Design Aspects of a Square-Wave Series Voltage Compensator,” IEEE Energy Conversion Conference and Exposition, Phoenix, AZ, USA, 2011.

[11] F. Oliveira, L. Starling, S. Silva, B. Cardoso Filho, “Monitoramento e Análise Da Qualidade Da Energia Elétrica,” 10th IEEE/IAS International Conference on Industrial Applications, Fortaleza, CE, November 5-7, 2012.

[12] National Instruments, “NI-DAQ – User Manual”, National Instruments, 1997.

[13] IEEE Standars Board, “IEEE Std 1159 - 1995 - Recommended Pratice For Monitoring Eletric Power Quality,” USA, 1995.

[14] Instituto Nacional de Meteorologia. Disponível em: http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=tempo/graficos. Acesso em 20 de janeiro de 2013.

[15] IEEE Std. 1346. (1998), “IEEE Recommended Practice for Evaluating

Electric Power System Compatibility with Electronic Process

Equipment,” New York.

[16] Information Technology Industry Council (ITIC). (2000). ITIC (CBEMA)

Application Note.