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MÔNICA DE CARVALHO VILAS BÔAS
ALIMENTOS.COM: mídia, os novos mapas de consumo e a educação em
Química
Londrina 2013
MÔNICA DE CARVALHO VILAS BOAS
ALIMENTOS.COM: mídia, os novos mapas de consumo e a educação em
Química
Artigo apresentado ao PDE da SEED, como requisito para a conclusão do curso. Orientador: Dr. Moises Alves de Oliveira.
Londrina 2013
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ALIMENTOS.COM: mídia, os novos mapas de consumo e a educação em Química
Mônica de Carvalho Vilas Boas1
Prof. Dr. Moises Alves de Oliveira2
RESUMO
Os adolescentes independente da faixa socioeconômica, passam grande parte do dia em instituições de ensino, sendo então evidente que esta tenha grande influencia no seu modo de vida. Atualmente a ingestão de alimentos com maior teor de calorias e a diminuição de atividade física tem acarretado consequências como sobrepeso e obesidade. Ensinar química exige em muitas ocasiões conhecimentos profissionais, improvisação, constante reflexão e discernimento. Buscou-se ofertar um meio de se conhecer a forma química dos alimentos consumidos, estimular o conhecimento do mecanismo de ação de tais compostos no seu corpo, estimular a reflexão dos hábitos alimentares e também as imposições da mídia sobre suas opções de consumo, alertá-los quanto ao crescimento da obesidade principalmente na adolescência e, estimular o interesse dos alunos no tocante a disciplina de química. O objeto de pesquisa constituiu-se de 31 alunos de uma sala do 1º ano do ensino médio de uma escola pública da cidade de Lupionópolis-Pr com o uso de diário etnográfico como instrumento de coleta de dados. Percebeu-se que a alimentação do indivíduo se constrói com o passar do tempo e fatores como influências de cultura social e em especial ambiente familiar podem trazer consequências positivas ou negativas ao hábito alimentar. A mídia atinge todas as faixas etárias, possue poder de persuasão na compra, consumo e nos hábitos dos indivíduos. Infere-se que a escola pode ser um determinante positivo na obtenção e preservação de hábitos alimentares salutares vindo a auxiliar na minimização da obesidade. O trabalho não encerra uma discussão e sim suscita a necessidade de outros estudos para que a problemática acerca dos hábitos alimentares seja contemplado por novos estudos, objetivos e ideias sobre a questão da alimentação e sobre o compromisso da instituição escolar e a reflexão dos professores que atuam com adolescentes.
Palavras-chave: Comportamento alimentar. Adolescentes. Família. Escola. Mídia.
1 Bacharel em Farmácia e em Ciências com habilitação em Química pela Universidade do Oeste
Paulista. Professora da rede Estadual de Ensino do estado do Paraná para alunos do ensino Médio. Discente de PDE da SEED. 2 Doutor em Educação Básica pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos e professor adjunto do
Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática da Universidade Estadual de Londrina.
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1 Introdução
A industrialização juntamente com a urbanização gerou mudanças nos
hábitos alimentares e sociedade atual em sua maioria passou a ingerir alimentos
com maior teor de calorias, diminuiu a prática de atividade física acarretando
consequências a exemplo, sobrepeso e obesidade que Gomes et al. (2010)
caracteriza como excesso de tecido adiposo e ganho de peso associada a diversas
comorbidades como doenças cardiovasculares.
Esse distúrbio crônico metabólico em épocas não tão distantes era
considerado um inofensivo depósito de triacilglicerol e ácidos graxos livre. Hoje, o
tecido adiposo é visto como um órgão endócrino e parácrino, responsável por
diversas substâncias pró-inflamatórias e passou a ser considerado um problema de
saúde publica (GOMES et al., 2010).
O termo sociedade deriva do latim societate e conceitua um grupo de
pessoas que vivem em um determinado espaço e faixa de tempo que seguem
normas comuns e que são unidas pelo sentimento de consciência do grupo e corpo
social (VAZ; FAGUNDES; PINHEIRO, 2009). Infere-se então que sociedade é um
corpo orgânico estruturado em todos os níveis da vida social, baseando-se na
reunião de indivíduos sob determinado sistema econômico de produção, distribuição
e consumo, regime político, obediência às mesmas ordens, normas e instruções.
Bakthin (1992) defende a ideia que na sociedade as relações sociais são
obtidas através da integração, sendo esta uma ação linguística ou não, que se
direciona ao outro, a fim de atingi-lo de modo (im)previsível.
O aumento de peso segundo Santos e Scherer (2012) é transversal à
questão da renda uma vez que atinge diversas classes sociais, motivos, faixa etária,
grau de instrução entre outros. Nas classes com menor poder aquisitivo o
barateamento da alimentação contribuiu para o consumo de alimentos inadequados
e nas classes com maior poder econômico pode ser observado um excesso de
consumo alimentar impulsionado pela mídia e também da ampliação das ofertas de
produtos no mercado.
Toral, Conti e Slater (2009) consideram que as práticas alimentares na
adolescência correspondem as dietas ricas em gorduras, açúcar e sódio, e pouca
ingestão de frutas e hortaliças, estando as doenças crônicas entre essa faixa etária
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cada vez mais presentes, principalmente obesidade, hipertensão e diabetes. Nesse
sentido, identificar os principais fatores que compõe o comportamento alimentar,
possibilita readaptação de teorias, auxilio quanto a intervenção nutricional e ainda
no tocante ao ensino o desenvolvimento de materiais educativos.
Entende-se por adolescência o
[...] período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizado pelos impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social e pelos esforços do indivíduo em alcançar os objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade em que vive. A adolescência se inicia com as mudanças corporais da puberdade e termina quando o indivíduo consolida seu crescimento e sua personalidade, obtendo progressivamente sua independência econômica, além da integração em seu grupo social (EISENSTEIN, 2005, p. 6).
Essa faixa etária independente da faixa socioeconômica passa grande parte
do dia em instituições de ensino, sendo então evidente que esta tenha grande
influencia no seu modo de vida. Nesse sentido, é necessário que os professores
tenham cuidado e zelo tanto em prevenir quanto a informar seus alunos sobre vários
temas, sistemas, comportamentos que possam a médio ou longo prazo influenciar
em sua qualidade de vida.
Cabe também ao professor definir propostas pedagógicas próprias de forma
diversificada sob uma base comum, uma vez que o processo ensino-aprendizagem
é facilitado quando considerado também o processo interação e, necessita que os
profissionais envolvidos na área educacional reconheçam a necessidade de
oportunizar condições favoráveis a apropriação do conhecimento socialmente
relevante. Vygotsky (1998) afirma que o papel do professor como mediador e do
aluno como receptor deve ser íntegro uma vez que não se aprende apenas com a
teoria, mas também com a prática diária que possibilita a inserção do que se foi
aprendido em sala de aula. O que não é tarefa fácil, mas de uma forma geral a
aprendizagem é a somatória das possibilidades do aluno e da interação com os
demais sujeitos:que provocam ações educativas principalmente o professor
(MELLO; RIBEIRO, 2003).
A palavra mediador tem sua origem do latim mediatore. Seu significado é
quem media, intervém, ou seja, quem facilita (BORTOLIN; SILVA, 2006). Ou seja,
educar exige uma renovação constante do compromisso do educador quanto ao ato
educativo e sua disposição em aprender. É o professor o responsável tanto da
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apresentação do conteúdo e desenvolvimento de habilidades para aprendizagem
quanto a compreensão do aluno dos porquês, para que necessita aprender e a
motivação para tal. Suas aulas devem ser preparadas de modo que o conteúdo a
ser abordado seja recebido de tal modo que o aluno encontre prazer no que sendo a
ele repassado e o assunto consiga prender sua atenção na fala do professor e que
a aula se torne uma experiência de vida (PRETTO, 2002).
Agindo dessa forma o professor de mero transferidor de conteúdos se torna
um mediador, oportunizando que seu aluno discorra sobre suas opiniões, que traga
ao professor informações sobre sua forma de pensamento, sua cultura familiar, seus
interesses, anseios, dúvidas e tantos outros sentimentos que permeiam o universo
desta faixa etária, que em muitas ocasiões, até por falta de conhecimento e
encantamento acaba dificultando a relação professor - aluno e consequentemente a
aprendizagem, uma vez que se acredita que o aluno vê no professor uma das suas
fortalezas, se inspira ou se desencanta, de acordo com as suas práticas dentro de
sala de aula (PRETTO, 2002).
O professor deve conquistar o aluno, já que ele é um dos que podem
contribuir a se descobrir como um membro no contexto social. O professor também,
e um dos responsáveis pelo seu desenvolvimento e por isso pode ofertar ao
individuo subsídios para um melhor entendimento e interpretação do mundo e ainda
um eixo entre o ensino e a aprendizagem (MIRANDA, 2008).
Portanto, ensinar química exige em muitas ocasiões conhecimentos
profissionais e parcela de improvisação, além de constante reflexão e discernimento
sobre o papel tanto da matéria a ser ministrada para o aluno, quanto as vantagens
em ministrar a mesma, em especial,nas informações necessárias que o mundo atual
exige (QUADROS et al., 2011).
De acordo com Silva, Almeida e Brito (2011, p.1)
A aprendizagem de Química deve possibilitar aos alunos a compreensão das transformações químicas que ocorrem no mundo físico de forma abrangente e integrada, para que estes possam julgá-la, com fundamentos, as informações adquiridas na mídia, na escola,com pessoas, etc. [...]Em algumas escolas, o ensino da Química é abordado de um modo no qual os alunos não criam ânimo para aprendê-la, podendo ser pela metodologia que está sendo aplicada. Embora, se coloque alguma essência para melhorar a aparência da mesma, não priorizam as informações ligadas à realidade vivida pelos alunos e professores. Enfatizam o assunto, buscando apenas teorias e não uma maneira de demonstrar sua contribuição no cotidiano.
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Doravante a realidade apontada buscou-se então ofertar aos alunos um
meio de se conhecer a forma química dos alimentos por eles consumidos, estimular
o conhecimento do mecanismo de ação de tais compostos no seu corpo, estimular a
reflexão de seus hábitos alimentares e também as imposições da mídia sobre suas
opções de consumo, alertá-los quanto ao crescimento da obesidade na sociedade
brasileira em especial na adolescência e, estimular o interesse dos alunos no
tocante a disciplina de química.
2 Adolescência
O período que vai do nascimento até a puberdade é marcado pelo
crescimento e desenvolvimento do ser humano denomina-se infância e, ocorre entre
a faixa etária de zero aos onze anos (SCANDELAI et al., 2007). Após essa faixa
etária inicia-se a adolescência que se caracteriza pelo desenvolvimento psico e
físico do ser humano.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) entende que a adolescência é o
período entre 10 e 19 anos de idade (CONTI; FRUTUOSO; GAMBARDELLA, 2005),
marcado pelo crescimento e desenvolvimento acelerado, onde o estado nutricional
indica condições da qualidade de vida (RODRIGUES; FISBERG; CINTRA, 2005).
Para Pereira e Pinto (2010, p. 1)
A adolescência pode ser definida de diferentes formas. Trata-se de uma etapa de crescimento e desenvolvimento do ser humano, marcada por grandes transformações físicas, psíquicas e sociais. Mais precisamente, entende-se adolescência como o período de desenvolvimento situado entre a infância e a idade adulta, delimitado cronologicamente pela Organização Mundial da Saúde [...] idade, esta também adotada no Brasil, pelo Ministério da Saúde.
O termo adolescência vem do latim adolescentia sendo o período em que o
ser humano se encontra entre a puberdade e a virilidade e em geral, começa a partir
dos 14 anos. A psicologia entende a adolescência como a fase da terceira infância
até a idade adulta, onde o individuo é submetido psicologicamente a intensos
processos conflituosos e persistentes esforços de autoafirmação, absorve valores
sociais e elabora projetos que visem sua integração social, atinge maturidade
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biológica e sexual e define sua identidade sexual (BOCK, 1999).
Embora não exista adolescente padrão já que os humanos buscam
caminhos de crescimento de diversas formas se torna indispensável que a
sociedade busque uma interlocução autêntica com os adolescentes, compreenda a
sua cultura, modo de viver ,sua forma específica de lidar com a realidade e interaja
com ele (BOCK, 1999). E assim:
Se interagir é comunicar – ação entre enunciadores através da língua –, e se comunicar é um ato intencional, de um sujeito que sabe o que quer, então, interagir pressupõe também um sujeito cartesiano, racional,universal, que almeja o autocontrole, o controle de seu dizer e o controle do outro, na medida em que, pelas marcas lingüísticas, crê imprimir a sua vontade, a sua intenção. Ora, essa intenção será tanto mais e melhor alcançada quanto mais eficiente for o sujeito (CORACINI, 2005, p. 201).
Conti, Bertolin e Peres (2010, p. 2096) complementa que na adolescência
ocorre uma construção social moderna um período representado por possibilidades
emergenciais da subjetividade através de novas referências e padrões identitários.
De acordo com Moura (2010) na adolescência o indivíduo sofre um aumento
da influencia da opinião dos colegas, se atenta a detalhes e também à qualidade e é
leal, tanto a marcas quanto a estratégias de negociação. Nesse período ele
influencia as compras domésticas e já está familiarizado com os aspectos de seu
perfil de consumidor e, tanto a família quando a comunidade, sociedade, escola e
estado são primordiais para que esse indivíduo tenha condições de exercer seus
direitos. Sendo assim, torna-se imprescindível que haja uma efetiva participação
dessas categorias para o bem estar do adolescente tendo em mente de que “os
adolescentes passam, gradativamente, maior tempo fora de casa, na escola e com
os amigos que, também, influenciam na escolha dos alimentos e estabelecem o que
é socialmente aceito” (GAMBARDELLA, 1999, p. 56).
Nesse sentido o filósofo polonês Bauman (1999) estuda as questões
relacionadas à contemporânea cultura do consumo, diz que vivemos em uma
sociedade “fluida”, e que não podemos mais esperar que os sólidos modelos
hierárquicos escolares, outrora consideradas a razão de ser das burocracias da
nação-estado dêm conta da controle e explicação da sociedade, a escola perde
cada vez mais espaço para a mobilidade midiática, que tornou-se o fator mais
poderoso e mais cobiçado, a matéria de que são feitas e refeitas segundo-a-
segundo as novas hierarquias sociais, políticas, econômicas e culturais em escala
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cada vez mais mundial. E para os jovens, que estão no topo da nova hierarquia, a
liberdade de movimento traz vantagens e prazeres muito além daquelas resumidas
no cientificismo personalista da escola em geral e no dedutivismo anacrônico da
educação em química em particular.
As políticas públicas devem repensar e estabelecer estratégias que
correspondam à necessidade do adolescente como meio de protegê-los das
doenças e mazelas possíveis de serem prevenidas. Uma vez que a disseminação
das praticas educativas quando bem executadas são capazes de produzir impactos
positivos na qualidade de vida dos adolescentes (GAMBARDELLA, 1999).
Deve se ter em mente de que assistir e educar não são deveres apenas dos
pais ou responsáveis, em especial o verbo assistir e educar. Seda (1992) define os
citados verbos como:
- Assistir – promover atendimento das necessidades básicas,
ou seja, indispensáveis para que a dignidade da criança ou
do adolescente seja garantida.
- Educar – orientar o sentido de aquisição de hábitos,
costumes e atitudes exigidos pela sociedade a fim de que
possa dela fazer parte.
Nessa época da vida geralmente a tendência é viver o momento atual sem
importar-se com as consequências das atitudes a exemplo, os hábitos alimentares
um dos influenciadores da qualidade de vida na fase mais madura (GAMBARDELLA,
1999).
Para Toral, Conti e Staler (2009) a adoção em prol de uma boa qualidade
de vida deve ocorrer desde a tênue idade para que na adolescência o indivíduo
possa compreender que a qualidade de sua alimentação interfere na qualidade de
vida durante a sua existência. As atitudes do grupo em que o adolescente está
inserido influência seu comportamento, e este para ser aceito ou então ser integrado
acaba aderindo ao padrão comportamental do grupo (OCHSENHOFER et al., 2006).
3 Comportamento Alimentar
No que se refere ao padrão alimentar Bismarck-Nasr et al. (2006) afirmam
que o comportamento alimentar sofre influências pelas necessidades nutricionais e
energéticas, pelo hábito alimentar, vínculo social com seus pares, e também pela
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imagem corporal, sendo esses dois últimos itens os que mais influenciam à prática
alimentar inadequada à exemplo: omissão de refeições, consumo de alimentos
industrializados com alta concentração de carboidratos simples e lipídios, excesso
de ingestão de refrigerantes, de alimentos altamente energéticos e insuficiência de
determinados nutrientes necessários para a preservação da saúde.
Para Ochsenhofer et al. (2006) o país passa por uma transição nutricional,
onde desnutrição decorrente da escassez de alimentos, vem sendo substituída pela
obesidade devido ao excesso e inadequação do consumo alimentar em todos os
estratos sociais .Os adolescentes em especial, não costumam consumir diariamente
frutas, verduras e legumes possibilitando o surgimento de doenças cardiovasculares,
diversos tipos de câncer e ainda hipertensão arterial que por sua vez, potencializa o
aparecimento de doenças cerebrais coronarianas, insuficiência renal e/ou cardíaca
entre outros (OCHSENHOFER et al., 2006).
O consumo em excesso de gordura saturada e sódio, está associada ao
aparecimento de doenças cardiovasculares, esses compostos são referidos por
grande parte do público que consome produtos que os contem como mais saborosos
e proporcionadores de prazer ao serem ingeridos. De acordo com Hoffman, Silva e
Siviero (2010) o sódio é um mineral comumente utilizado pela indústria alimentícia a
fim de realçar o sabor e aumentar a conservação.
Desse modo, a escola deve incentivar bons hábitos alimentares, sendo
também necessário que tanto educadores quanto alunos discutam sobre a sua
forma de alimentaçã e também das mensagens vinculadas na mídia, interpretação
dessas mensagens, entre outros (OCHSENHOFER et al., 2006).
As classes menos favorecidas segundo Mendes et al. (2009) são privadas
de informações no tocante a padrões alimentares vindo a potencializar o excesso de
peso nesse grupo e “[...] a obesidade em faixas etárias precoces demonstram a
relação direta com futuras complicações, bem como é apresentada com contribuinte
para doenças” (MENDES et al., 2009, p. 270).
Para Ochsenhofer et al. (2006, p. 4)
[...] adolescentes e crianças são caracterizados como cultura, normas, tradições e valores, assim como a mídia e o prestígio social do alimento são envolvidos no aprendizado e na incorporação de determinados hábitos [...] a exposição de três segundos a comerciais de alimentos, influência na escolha do consumo de determinado produto.
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No Brasil, quase 90% dos cidadãos possuem um aparelho de televisão em
seus lares, milhares de brasileiros recebem em seu cotidiano informações por meio
de sons e imagens induzindo a determinados hábitos, gostos ou atitudes. Para Orsi
e Crisostimo (2013) deve-se levar em consideração a influência que esse meio de
comunicação possui, em especial na adolescência, por ser esse um período
conflitante e decisivo na vida da pessoa. Então a escola deve priorizar e discutir o
tema e suas possíveis influências nos hábitos alimentares dos alunos.
Moran, Macetto e Behrens (2004) apresentam técnicas que auxiliam o
professor a conduzir seus alunos de forma a compreenderem e terem uma visão
crítica da televisão, e relaciona a escola e meios de comunicação no tocante às
formas que esses meios possam de forma direta e inovadora contribuir para o
ensino alem disso, sugerem meios de utilização dos instrumentos de comunicação
em sala de aula.
Segundo Silva e Malina (2003) há uma diferenciação entre propaganda e
publicidade e em muitas ocasiões o público não sabe distingui-las, para o autor, a
propaganda tem a intenção de propagar certa filosofia e a publicidade, visa lucros
econômicos. Nesse sentido, a publicidade torna um produto conhecido, desperta ao
consumidor o desejo da coisa anunciada, ou cria prestígio ao anunciante de forma
aberta sem encobrir nome e intenções (SILVA; MALINA, 2003).
A publicidade desempenha um papel importante no processo de compra
através da informação que presta e mediante a excitação da atenção que os
anúncios podem provocar, induzindo, dessa forma, a uma aprendizagem involuntária
(LAS CASAS, 1997). Nesse sentido, o indivíduo seleciona e interpreta a informação
para dar significado ao mundo. A maneira como se percebem as coisas ao redor
varia de acordo com as experiências passadas, crença, atitudes, valores,
personalidade etc. A percepção irá variar também de acordo com as necessidades
dos indivíduos.
Las Casas (1997) destaca que os indivíduos também recebem muita
influência de fatores externos, a saber: família, classe social, grupos de referência e
cultura, onde a família é um dos primeiros determinantes do comportamento do
indivíduo. Devido ao contato entre os membros desse grupo social, além de grande
credibilidade, em muitos casos, a família passa a ser uma das fontes mais
importantes na determinação de hábitos e costumes, classes sociais, determinam os
valores, tendências ou modismos, e se diferenciam quanto poder aquisitivo, o poder
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capital, e não aos valores culturais e capacidades intelectuais dos indivíduos.
Os grupos de referência são importantes influenciadores no processo de
compra, podendo ser primários e secundários. Os grupos primários são formados
pelos que de uma forma ou outra estão envolvidos no cotidiano do indivíduo,
podendo afetar diretamente seu modo de vida, comportamento, entre outros. Os
grupos secundários são formados principalmente por associações fraternais,
profissionais, clubes etc. A influência destes grupos não é tão acentuada como nos
casos primários, mas interferem de muitas formas no comportamento do
consumidor. Por fim os aspectos culturais são importantes fatores influenciadores,
tanto que, algumas nações já se caracterizam por certos estereótipos de
comportamento (LAS CASAS, 1997).
Doravante a esse aspecto, Lovison e Petroll (2011) consideram a
propaganda como um dos pilares do marketing, estando inserida em um dos "4 P´s"
do mix de marketing e se agrega ao conceito de promoção, que atualmente foi
substituído pela terminologia comunicação de marketing.
O objetivo da propaganda nas ações de Marketing e a relação de consumo
se dão a partir de uma espécie de manipulação que esse recurso, ou seja, a
propaganda exerce na vida das pessoas, através da exposição de um produto e/ou
serviço, utilizando como ferramentas mensagens subliminares e as diversas formas
e linguagens da mídia (SILVA; SANTOS, 2009).
As ferramentas utilizadas pela propaganda, nos dias atuais, envolvem uma
gama considerável de veículos, devido à evolução da comunicação e da tecnologia.
As informações estão dispostas de forma surpreendente e variada, a exemplo
quando se acessa um link da internet, assiste televisão, lê jornal ou similares , ouve
rádio, entre outros (TOLEDO; CAIGAWA; ROCHA, 2006).
Existem várias maneiras de abordagem, que vão desde as mais singelas até
as mais elaboradas e tecnológicas. Investe-se muito dinheiro em propaganda,
contando com o maior alcance possível: isto significa atingir o maior público
possível, a fim de veicular promoções e informações sobre diversos produtos e
serviços (TOLEDO; CAIGAWA; ROCHA, 2006).
Segundo Pinto (2012) na atual conjuntura as redes sociais são importantes
no processo de marketing devido a sua velocidade no compartilhamento de
informações. Kotler e Armstrong (1998) afirmam que os profissionais de mídia estão
sempre em busca de chamar a atenção do público-alvo, buscam mídias alternativas,
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como por exemplo, anúncios em balões, carros de corrida, elevadores, etc.
Alves (2010) argumenta que a propaganda é instrumento influenciador na
sociedade e atua diariamente no comportamento do consumidor, já que sua função
é alcançar resultados por meio de ações planejadas com o uso de linguagem
sedutora e persuasiva refletindo na crença e ideia da necessidade de adquirir o
produto ou serviço. A propaganda tem a função de influenciar os consumidores e,
para tanto, são realizados diversos estudos sobre as necessidades que o
consumidor tem e a partir dos resultados é que se lançam campanhas direcionadas
para determinado público-alvo, com a intenção de aguçar e provocar estímulos nos
consumidores, intencionando fazer com que estes consumam mais produtos ou
serviços (ALVES, 2010).
Costa (2012) reafirma o dito popular de que a propaganda é a alma do
negócio. Nesse sentido, as verbas investidas em propagandas interferem no
faturamento bruto da empresa quando bem propagada.
É sabido que o poder de compra do brasileiro tem aumentado
consideravelmente e a propaganda cumpre seu papel quando consegue
potencializar e tornar real o consumidor do produto que anuncia. Desta forma, o
marketing e a propaganda são veículos que trazem à economia mundial um grande
filão de lucratividade (COSTA, 2012).
4 Procedimentos Metodológicos
Lakatos e Marconi (2010) consideram que a ciência sem emprego de
métodos científicos não existe. A metodologia tem a atribuição de descrever e
explicar os procedimentos que serão realizados, a fim de alcançar os objetivos
traçados em um trabalho científico, e segundo Minayo (2007) a pesquisa qualitativa
é definida como aquela que se preocupa com um nível de realidade que não pode
ser quantificado e que trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações,
crenças, valores e atitudes que, por sua vez, correspondem a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis.
O objeto de pesquisa constituiu-se de alunos de uma sala do 1º ano do
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ensino médio de uma escola pública da cidade de Lupionópolis-Pr., tendo o objetivo
de ofertar aos alunos conhecimento sobre a forma química dos alimentos que
consomem, estimulando o conhecimento do mecanismo de ação de tais compostos
em seu organismo além de estimular a reflexão de seus hábitos alimentares, as
imposições da mídia sobre suas opções de consumo e, o apelo estético por elas
transmitidas com a finalidade de alerta-los quanto ao crescimento da obesidade
nessa faixa etária e estimula-los ao interesse no tocante à disciplina de química.
Nesse sentido, buscou-se saber quais alimentos foram predominantes nas refeições,
ocorrência de diferença no cardápio dos meninos e das meninas, bebidas mais
consumidas, influências das mídias e costumes familiares.
Depois da construção do diário comum os alunos, com a mediação da
professora, foram orientados a pesquisar como esses alimentos agem no organismo,
podendo tirar suas conclusões à respeito do que consumiram. Para finalizar
realizaram um estudo sobre os cardápios elaborados pelos grupos, analisando os
hábitos alimentares, a frequência com que eles aconteciam, e a influência da mídia
nestas escolhas.
A coleta de dados se deu em uma turma com 36 alunos da 1ª série do
Ensino Médio, do período matutino do Colégio Estadual Machado de Assis, durante
os meses de outubro, novembro e parte de dezembro do ano de 2012, em
aproximadamente 20 aulas, com duração de 50 minutos cada. A avaliação foi
realizada durante todo o processo de aplicação do estudo, através da observação da
aquisição do conhecimento científico, da interpretação de textos e sua
interdisciplinaridade com as seguintes áreas:
Português - A professora da disciplina de Português ofereceu subsídios para
que os alunos construíssem um diário etnográfico, descrevendo suas práticas diárias
de alimentação, os motivos e sensações que os levaram a escolha do alimento;
Sociologia – Foi realizado um trabalho em conjunto com o professor da
disciplina de Sociologia abordando os temas sobre sociedade contemporânea,
diversos costumes e diferentes culturas, influência política, econômica e cultural das
escolhas dos indivíduos.
Este intercâmbio possibilitou aos alunos aliar o conhecimento adquirido nas
aulas de Sociologia com a atividade executada na disciplina de Química,
promovendo a interdisciplinaridade no entendimento mais profundo da cultura nas
escolhas humanas, sobretudo a influência das mídias, ferramentas tão atuais da
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sociedade.
Os alunos foram informados sobre as atividades à serem realizadas
referentes à Unidade Didática de Química do PDE, cujo título é “ALIMENTO.COM:
mídia, os novos mapas de consumo e a educação em Química”. A primeira atividade
deu-se com a elaboração de um diário alimentar etnográfico a fim de que, tanto o
aluno quanto o professor pudessem avaliar a ingestão alimentar habitual em um
período de tempo pré-determinado, no caso, 7 dias.
O Diário é um método simples, fácil e que necessita de pouco tempo e
material para ser aplicado e ainda, apresenta como vantagem, não depender da
memória de quem descreve, uma vez que, todos os alimentos ingeridos são
descritos imediatamente.
Foram elaborados 31 diários, individualmente, e depois dessa atividade
realizada, os alunos se organizaram em grupos para elaborar um cardápio comum
aos membros com os alimentos mais consumidos.
Ressalta-se que a coleta e análise de dados não obedecem a uma
metodologia estanque, mas está em constante mudança, passando por processos e
etapas.
Assim, a escolha do diário etnográfico como instrumento de pesquisa
justifica-se pela importância e pelo relato das vivências durante o processo. A
pesquisa orientou-se pelo registro do “diário etnográfico” proposto por Souza (1999),
em que ressalta a importância desse instrumento tanto para o professor quanto para
o aluno, escrevendo/registrando cronologicamente os fatos ocorridos em sala de
aula e na comunidade.
O que caracteriza esse instrumento é o relato e a anotação das reações e
impressões acerca dos acontecimentos que permeiam a pesquisa. Aprender a
documentar os acontecimentos permite o acompanhamento das próprias ações e as
implicações no meio onde se atua. “[...] poderá ajudá-lo a fazer mudanças
pedagógicas” (SOUZA, 1999, p. 19). Assim, descrever situações em que o professor
e o aluno estão envolvidos permite que tenham uma visão crítica em processos de
construção de identidades sociais e profissionais.
Ao final da semana de relatos, os diários foram recolhidos e analisados pela
professora, juntamente com os alunos.
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5 Resultados e Discussão
Na primeira etapa do trabalho onde foi elaborado um diário alimentar, os
alunos relataram o que consumiram durante uma semana, nas principais refeições,
com o objetivo de refletirem sobre suas escolhas alimentares e sobre a influência
dessas escolhas. Dos 31 alunos que participaram do estudo, 17 eram meninos e 14
meninas.
Os dados obtidos permitiram a percepção de que os adolescentes desse
estudo frequentemente não costumam tomar o café da manhã mesmo que os pais
deixem a mesa preparada antes de irem trabalhar. Muitos deles relataram que isso
se da por acordarem tarde ou então por não terem fome como se pode observar nos
relatos abaixo:
“Acordei as 06:42 da manha , não tomei café da manha porque e muito difícil eu tomar café da manha, pode ter o que for que eu so tomo café da manha se eu sentir muita fome ou vontade [...]” “[...] geralmente eu não gosto de comer nada de manha porque eu fico sem fome para o almoço [...]” “Acordei 07:30 da manha já estava atrasada para ir a aula” “Acordei cedo e tomei um copo de refrigerante, mas tinha leite e pão mas não tenho costume de comer cedo. Depois fui para a escola chupando bala” “Comi bolacha porque eu não gosto de tomar leite de manhã” “Eu acordei e me arrumei para ir para a escola, Como já era tarde não tomei café da manha”
Foi percebido que nas meninas uma das causas principais de não tomarem
café é o fato de acordarem prestes a entrada do horário das aulas. França, Kneube
e Souza-Kaneshima (2006) objetivando conhecer as preferências alimentares e
estilo de vida 100 adolescentes, sendo 56% do sexo feminino e 44% masculino com
faixa etária entre 11 e 19 anos matriculados em uma escola pública no município de
Maringá, Paraná percebeu que o lanche da manhã e da tarde juntamente com a ceia
são as refeições mais omitidas, sendo o café matinal negligenciado por de 34% das
meninas e 19% dos meninos.
De acordo com Marchisete (2013) a maioria dos adolescentes não se dão
conta da importância do café da manhã e ainda que a não ingestão dessa refeição
16
potencializa o ganho de peso e o mau desempenho nos estudos.
O café da manhã deve ser composto por frutas, sucos naturais e fibras, a fim
de auxiliar o funcionamento correto do intestino. Recomenda-se também o consumo
do leite e seus derivados devido ao cálcio que previne osteoporose e auxilia na
formação dos ossos, bem como vitamina D para auxiliar na absorção de cálcio. Para
Marchisete (2013) essa refeição deve representar 25% das calorias consumidas ao
longo do dia.
O ser humano necessita de alimentação correta e balanceada e uma das
formas adotadas por vários países inclusive o Brasil é o esquema da pirâmide
alimentar, que agrupa os alimentos de acordo com suas características e
necessidades de consumo diárias. Desse modo alimentos são classificados através
dos grupos de energéticos, reguladores, construtores e energéticos extras. O
consumo segundo a pirâmide deve ocorrer na linha decrescente, sendo os
energéticos em maior quantidade devendo evitar a ingestão dos energéticos extras
(SANTOS, SCHERER, 2012).
Tendo em vista de que a “pirâmide Alimentar é um instrumento de
orientação nutricional utilizado por profissionais com objetivo de promover mudanças
de hábitos alimentares visando a saúde global do indivíduo e a prevenção de
doenças” (PHILIPPI et al., 1999, p. 66) e para melhor compreensão e visualização
apresenta-se a seguir um exemplo formulado por Philippi et al. (1999).
Figura 1 – Pirâmide alimentar
17
Fonte: Philippi et al. (1999, p. 69).
Dentre os alimentos energéticos incluem-se os carboidratos complexos
(farinhas, massas, pães, tubérculos, trigo entre outros) podendo ser consumidos de
seis a onze porções diárias. No caso dos reguladores legumes, frutas e verduras
fornecedores de vitaminas, minerais e fibras, o consumo deve ser de três a cinco
porções de vegetais e de duas a quatro porções de frutas ao dia (SANTOS,
SCHERER, 2012), enquanto os construtores como leite, carne, ovos, leguminosas
por serem responsáveis tanto pela construção quanto pelo crescimento e reparação
do desgaste natural dos tecidos necessitam ser ingeridos de duas a três porções de
leite e derivados e também de duas a três porções de carne, ou similares durante o
dia. Os energéticos extras tais como açúcares e doces encontram-se no ápice da
pirâmide devendo ser consumidos de forma moderada.
De acordo com Duarte (2001) as gorduras realizam um isolamento térmico
protegem contra choques e transporte de algumas vitaminas. São também
potencializadoras na formação de doenças metabólicas e do diabetes devendo
então serem ingeridas em quantidade mínima.
Dentre alimentos mais consumidos observou-se que a carne e o arroz
prevaleceram tanto no grupo masculino quanto o feminino, vindo a coincidir com o
18
estudo de Hoffman, Silva e Siviero (2010) onde o consumo diário de 30% dos 564
alunos do 6º ao 8º ano entre a faixa etária de 10 a 15 anos consumiam carne. O
estudo de Toral, Conti e Slater (2009) percebeu que os alimentos mais consumidos
pelos adolescentes foram os energéticos, principalmente arroz e, o estudo de
França, Kneube e Souza-Kaneshima (2006) observou que tanto os meninos quanto
as meninas consomem de uma a duas porções diárias de carnes.
Com a finalidade de conhecer os alimentos que fizeram parte dos relatos
colhidos, elaborou-se dois gráficos, sendo um com os alimentos mais consumidos
pelos meninos e outro com os alimentos mais consumidos pelas meninas.
Gráfico 1 – Alimentos consumidos pelos meninos
Fonte: Da autora
Outros alimentos também foram elencados pelos meninos nos diários
etnográficos à serem descritos conforme quantidade de prevalência, a exemplo: pão
com mortadela, lanche, batata frita, salgado, pizza, pão com manteiga, lasanha,
bolo, strogonoff, ovo / omelete, café, sorvete, polenta, empanado, brigadeiro, torta
salgada, salsicha, pastel, miojo, maionese, macarrão instantâneo, leite com
chocolate, legumes, frutas, farofa, fanta laranja, café com leite, bolacha recheada,
bis, batata palha, todynho, passatempo, pão com requeijão, nuguets, leite com café,
hot pocket, hambúrguer, fricasse, comida preparada, chocolate, carolinas, bolinha de
queijo.
Quanto aos alimentos indicados pelas meninas, os mais prediletos
encontram-se no gráfico 2.
19
Gráfico 2 – Alimentos consumidos pelas meninas
Fonte: Da autora
Da mesma forma que foi elencado pelos meninos em seus diários
etnográficos, será descrito a prevalência quanto á preferência dos alimentos
consumidos pelas meninas, a exemplo: chips, bolacha, chocolate, frutas, lanche,
miojo, pão com mortadela, ovo / omelete, pão, pizza, brigadeiro, dormiu, farofa, leite,
pão com manteiga, pipoca, todynho, bala, batata frita, bis branco, café, comida
preparada, doce de leite, empanado, leite com chocolate, leite com Nescau, leite
com Tody, pão com queijo / presunto, pão com requeijão, passatempo, pirulito,
queijo, suco natural, amendoim, barra de cereal, batata, batata recheada, bis,
bolacha recheada, brigadeiro de panela, canjica, capuccino, carne de carneiro,
chicletes, coca-cola com vodka, danoninho, fandangos de presunto, fanta, , filé de
panda (peixe), frango assado, fritura, geladinho, iogurte, lanche da escola nunca
agrada, lasanha, leite com leite condensado, maionese, nescau, nissin miojo, pão
com ovo, peixe, picolé chambinho, pipoca colorida, pipoca de microondas manteiga,
pudim de leite condensado, purê de batata, pure de mandioca, salada de frutas,
smarfs, strogonof, sucrilhos com leite, tampico, torcida, torta salgada, trident, Yakult,
verdura.
De acordo com Vitalle (2010) há muitos fatores que interferem na
alimentação durante a adolescência e vao desde a imagem corporal, situação
financeira da família, influencia da mídia, disponibilidade de alimentos e também
facilidade de preparo. A facilidade do prepara foi evidenciada no diário de uma
adolescente que descreve não ter se alimentado da seguinte maneira, “estou com
20
fome mas,estou com preguiça”.
De acordo com os gráficos 1 e 2 , foi percebido que os itens, arroz, carne,
feijão e suco tiveram a mesma preferência em ambos os gêneros. No ano de 2009 a
Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar constatou que o feijão seguido das
guloseimas foi o alimento mais consumido entre escolares do nono ano do ensino
fundamental nos municípios das capitais e no Distrito Federal, sendo que a cidade
de Curitiba 60,5% consomem o feijão pelo menos 5 vezes durante a semana, sendo
Manaus a capital com menor índice de consumo por apresentar 24%. Doravante à
esse resultado se contemplarmos as dificuldades em relação ao consumo do feijão
no Amazonas, dado o transporte que por sua vez aumenta o custo do produto e com
isso diminui a possibilidade de compra das famílias dessa cidade (IBGE, 2009).
Um dado que deve ser considerado é a ingestão de peixe por duas
adolescentes durante a semana. Esse alimento ao ser ingerido traz muitos
benefícios nutricionais ao organismo por dispor de proteínas, vitaminas, minerais e
ainda ômega 3 (COSTA, ROSA, 2010.)
No tocante às bebidas mais consumidas pela população deste estudo,
percebeu-se que a coca-cola é a bebida preferida pelas meninas e o suco pelos
meninos, e o refrigerante, nos dois gêneros é o segundo alimento mais consumido,
conforme quadro abaixo:
Quadro 1 – Alimentos mais consumidos
Meninos Meninas
Suco 11 Coca-cola 15
Refrigerante 9 Refrigerante 12
Leite 7 Suco 11
Coca-cola 7 Suco natural 2 Fonte: Da autora.
A Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas não
Alcoólicas (ABIR) conceitua o refrigerante como “[...] uma bebida industrializada, não
alcoólica, carbonatada, adicionada de aromas, com alto poder refrescante. Uma lata
de refrigerante do tipo cola contém cerca de sete a nove colheres de sopa de
açúcar” (ESTIMA et al., 2011, p. 42).
21
O suco durante as refeições nesse estudo foi o segundo líquido mais
consumido, vindo a coincidir com os dados do estudo de Estima et al. (2011)
realizado com 71 adolescentes entre 14 e 17 anos, estudantes do ensino médio
numa escola técnica da região metropolitana de São Paulo. Nesse caso, ocorreu o
inverso, ou seja, a bebida mais consumida durante as refeições foi o suco de frutas
industrializado e logo após o refrigerante, sendo o suco natural a terceira opção.
Na presente pesquisa não foi possível perceber se o suco citado pelos
participantes era industrializado ou não, porém as características comentadas nos
diários tais como “[...] suco de manga com maracujá” “[...] bebi suco de morango
com abacaxi”, ‘’tomei suco de morango’’, leva a inferência de que os sucos são
industrializados.
De acordo com Estima et al. (2011) as bebidas açucaradas, em especial
refrigerantes e sucos industrializados, são disponíveis e consumidas tanto em casa
quanto na escola, sendo consideradas saborosas pelos adolescentes.
No ano de 1990 começou a vigorar o Código de Defesa do Consumidor, a
fim de garantir os direitos e deveres dos consumidores e fornecedores como meio de
evitar práticas abusivas. De acordo com Santos e Scherer (2012) a Política Nacional
de Relação de Consumo busca as necessidades dos consumidores, garantindo o
respeito, dignidade, saúde e segurança, proteger seus interesses econômicos,
melhorar sua qualidade de vida, e garantir a transparência nas relações de
consumo. O artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor entre outras coisas
determina que
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos. II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos (BRASIL, 1990).
22
No tocante à necessidade de hábitos alimentares, o Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária, instituiu uma regulamentação especial dirigida ao
público infantil e juvenil onde amplia os conceitos da seção dois exigindo
principalmente a prática da ética nas propagandas direcionadas à esse público
(SANTOS; SCHERER, 2012). Dentre as diretrizes da Política Nacional de
Alimentação e Nutrição está o monitoramento da situação alimentar e nutricional,
promoção de boas práticas alimentares entre outras.
Um fato revelado por um adolescente do sexo feminino chamou a atenção
pois, a mesma afirma ter consumido refrigerante com vodca, como pode ser
percebido no relato a seguir:
“[...] jantei churrasco e bebi coca com vocka 21:00h. Depois do churrasco com os amigos, fui dormir tarde. Domingo eu senti fome no meio da noite, por volta das 3:00 h da manha comi bolacha de chocolate. Não tomei café da manhã”.
O relato vem a confirmar os dados encontrados numa pesquisa realizada
pelo Centro Brasileiro de Álcool e Drogas com adolescentes entre 14 a 17 anos,
residentes em 143 municípios brasileiros. Segundo a pesquisa 75% dos
adolescentes haviam consumido bebida alcoólica pelo menos uma vez na vida vindo
ao encontro de dados semelhantes observados em outras pesquisas nacionais e
internacionais apontando uma problemática que ultrapassa as fronteiras e preocupa
tanto o Brasil quanto outras partes do mundo uma vez que “o uso do álcool na
adolescência é um fator de exposição para problemas de saúde na idade adulta,
além de aumentar significativamente o risco de o indivíduo se tornar um consumidor
em excesso ao longo da vida” (MALTA et al., 2011, p.137).
Um outro ponto que merece ser destacado é que em muitos diários foram
identificados dados de que a merenda ofertada pela escola não agrada, é ruim, não
tem diversificação e para um dos alunos a merenda escolar dá “nojo” e o cheiro é
“horrível”. De acordo com Ochsenhofer et al (2006) as merendas merecem
acompanhamento especial e ainda em muitas ocasiões são as responsáveis pela
principal refeição dos estudantes. O autor sugere que haja uma relação harmoniosa
entre a escola e as preferencias dos alunos quanto a alimentação escolar,
incentivando o seu consumo e adequando dentro de suas possibilidades às
preferencias sem deixar de lado o seu principal objetivo que é o de ofertar alimentos
que auxiliem na promoção da qualidade de vida.
23
Foi percebido que nos diários etnográficos não há propriamente dados que
indicavam considerar com certeza a influencia da mídia em relação ao consumo
alimentar dos alunos, porem se torna necessário apresentar dados sobre o
município de Lupionópolis, pois, as características do local e um ponto influenciador
nos hábitos alimentares dos adolescentes desse estudo.
O município foi criado em 1951 pela Lei nº 613 de 27/01/1951. Seu clima é
sub-tropical. Localiza-se ao extremo norte do estado do Paraná, possui segundo
dados do IBGE uma população de 4.521 habitantes distribuída em uma área de
121,067 Km sendo sua economia baseada exclusivamente na produção agrícola,
em especial, nas pequenas propriedades (PORTAL DOS CONVÊNIOS, 2013). No
que se refere a ensino publico o município conta com uma escola de educação
infantil, uma de ensino fundamental uma de ensino médio (IBGE, 2013). De acordo
com Portal ODM (2013) no ano de 2005 a escola publica de ensino médio contava
com 100% dos seus computadores instalados nos laboratórios de informática com
acesso a Internet.
Dado as suas características, o município não possui redes de fast food ou
shoppings que são locais onde essas redes geralmente se instalam por meio de
sistema de franquia que preparam comidas internacionais, como Spolleto, Kotobuki,
Mister Pizza, Habib’s, Bacalhau e Cia. Como também comidas brasileiras como
Camarão e Cia., Casa da Empada, Casa do Pão de Queijo, entre outros (FREITAS;
ÁVILA, 2010).
Essa realidade talvez tenha impedido que os participantes da pesquisa
indicassem nomes de fast fods conhecidos porem eles especialmente no horário de
almoço apontaram dados “comi marmitex”, “fui no restaurante”, “comi um x-tudo”,
“comi lanche com bata frita e refrigerante” que nos levam a acreditar que mesmo que
o município não conte com redes fast food, seus adolescentes não se diferenciam,
tão pouco possuem características diferentes dos que vivem em cidades mais
populosas.
De acordo com Poulain (2006, p.258) “a alimentação marca, no interior de
uma mesma cultura, os contornos dos grupos sociais, quer isso seja em termos de
categorias sociais, ou em termos regionais”. As reuniões nas casas dos amigos
ocorrem com frequência e os entrevistados usam o termo “churrasquear” para
denominar essa reunião entre seus pares e entre outros alimentos comem carne
assada, salada, maionese, mandioca, pão entre outros, regados a refrigerantes e em
24
muitas ocasiões a bebidas alcoólicas, fato esse comprovado através do depoimento
já relatado anteriormente, mas que vale ser ressaltado quando a adolescente diz
“jantei churrasco e bebi coca com vocka 21:00h. Depois do churrasco com os
amigos, fui dormir tarde”. Infere-se então que possivelmente a ingestão de bebida
alcoólica não tenha sido um caso isolado.
A satisfação e o atendimento das necessidades dos consumidores é sempre
o alvo do marketing, e desse modo esse setor atenta-se no comportamento dos seus
consumidores tanto de forma individual quanto de forma coletiva. Em muitas
ocasiões são fatores determinantes do comportamento do consumidor pontos como
influências sociais, coletivas, culturais, psicológicos, entre outros e, os profissionais
de marketing e propaganda sempre estão analisando os comportamentos dos
consumidores a fim de buscar estratégias que visem a melhor forma de lançamento
de um produto, a divulgação de um serviço entre outros. Nesse sentido a motivação
de uma forma geral é o ato de esforçar em torno de um determinado objetivo de
forma individual.
As necessidades humanas seguem uma hierarquia tanto de importância
como de influência, necessidades fisiológicas e de autorrealização (MASLOW,
2000). A atitude segundo Kanaane e Ortigoso (2001) é uma reação avaliativa que se
aprende e se valida no decorrer da existência do indivíduo. Compõe de:
a) Componente afetivo-emocional: sentimentos ou reações que
apresentamos numa determinada situação;
b) Componente cognitivo: são as crenças, conhecimentos e valores
individuais associados a situações, objetos e /ou pessoas;
c) Componente comportamental: são as ações desfavoráveis ou
não relacionadas a situação em foco e,
d) Componente coletivo: são as motivações, anseios, expectativas
e necessidades adquiridas ou inatas do indivíduo.
Já os valores pessoais segundo Dominguez (2000) têm uma forte influência
sobre o comportamento em diversas áreas, incluindo o consumo são eles que
representam um marco para a segmentação de mercados internacionais e são
expressos em sua cultura pessoal, de sua região e/ou pais.
Por fim, o estilo de vida demostra a atitude do indivíduo na escolha de
25
mercadorias e padrões de consumo além de articulação desses recursos culturais
como forma de expressar seu individualismo ou distinção social. O estilo de vida
influencia tanto os padrões de consumo quanto nas diferentes formas de ação de
marketing já que as atitudes do consumidor irão depender do conhecimento que
possuem do produto a sua frente ou então, pelo produto conhecido por meio da
publicidade ou outros meios onde o individuo fara a avaliação dos pontos favoráveis
e desfavoráveis (FEATHERSTONE, 1995).
Para Moura (2010) a propaganda de alimentos na televisão, em especial os
produtos alimentícios onde a exposição é feita nos horários de maior audiência da
televisão influencia o comportamento alimentar dos indivíduos. No Brasil a televisão
é a que obtém maior investimento publicitário. De acordo Moura (2010) os
adolescentes passam o maior tempo assistindo televisão, são mais influenciados no
consumo de alimentos e tendem a consumir mais produtos industrializados
[...] jovens também são envolvidos com freqüência nos recursos de cena. O fator mais problemático é que mais de 90% dos atores ou modelos destes comerciais são magros ou muito magros, e anunciam produtos ricos em calorias. Este tipo de estratégia pode influenciar as pessoas a pensarem que o consumo de tais alimentos não as levará a ganhar peso (MOURA, 2010, p. 118).
Para Damiani, Carvalho e Oliveira (2000) os meios de comunicação
influenciam na formação, aquisição e incorporação de bons ou maus hábitos
alimentares durante a adolescência. Dentre os produtos consumidos, os
adolescentes elencaram algumas marcas como: Bis, Chambinho Coca-cola, Fanta,
Hot Pocket, Nescau, Nissin Miojo, Passatempo, Tampico, Tody, Todynho, Torcida,
Trident, Yakult, Smarfs.
Observou-se que as meninas assistem mais televisão que os meninos além
de citar mais marcas comerciais, vindo a permitir a inferência de que a mídia
influencia esses adolescentes quanto a sua preferência alimentar.
Dentre as programações apontadas pelas meninas, estão as novelas em
especial a Malhação, cuja temática vem de encontro à fase no qual as entrevistadas
passam já que nesse programa o elemento principal são os adolescentes e todas as
problemáticas, aventuras, encontros, desencontros e situações que vivenciam nesta
faixa etária. Já para os meninos jogo de futebol foi a programação preferida.
Tanto as programações assistidas pelas meninas quanto pelos meninos
transmitem durante os intervalos propagandas que remetem ao consumo de
26
alimentos, estilo de moda e ainda bebidas alcoólicas.
O último objetivo desse estudo buscou contemplar a influência da família no
hábito alimentar. De acordo com Lemos e Dallacosta (2005) a mudança ocorrida nos
hábitos alimentares dos adolescentes brasileiros é preocupante. Nessa faixa etária
há uma maior facilidade pra incorporar nossos hábitos alimentares e eles deixam de
fazer as refeições em casa com frequência, pulam o café da manhã e o fazem
juntamente com o almoço. É sabido que as pessoas tendem a adotar hábitos
alimentares influenciados pela família, e depois de consolidados os hábitos são
difíceis de serem mudados.
Num dos diários foi percebido que a ausência dos pais em decorrência da
necessidade do trabalho para a sobrevivência da família pode ser um dos fatores
determinantes na mudança dos hábitos, como se pode observar abaixo:
“[...] domingo eu acordei, na mesa tinha pão, leite e manteiga. Isso é o que a minha mãe come no café da manhã nos fins de semana [...] na segunda feira não tinha café na mesa porque minha mãe vai trabalhar e não tomamos café, por isso que na hora do almoço eu estou faminto e acabo comendo muito bem [...] na janta minha mãe me forçou a comer pelo menos umas bolachas porque eu não quis jantar [...] de segunda a sexta minhas refeições são acompanhadas por água, só bebo refrigerante aos fins de semana”.
Em um segundo diário o fator da influencia familiar é indiscutível, quando o
aluno categoricamente afirma; “comi esses alimentos porque eu gosto e porque
minha mãe fez, ué”.
O prazer em estar com a família e amigos também foi percebido através do
diário de uma adolescente que completou anos durante o período da coleta de
dados
“As 17:00 meu pai me ligou para dar os parabéns. As 20:00 comemorei meu aniver (sic) com minha família e minhas amigas, comemos pizza e bolo e coca. As 00:00 meu irmão chegou e dormiu em casa e eu e ele fomos dormir as 3:00 da madruga (sic) esse foi o melhor dia da minha vida”
Foi percebido também que as condições financeiras da família esta atrelada
ao consumo alimentar, ao habito de não tomar café da manha e a maus hábitos
alimentares como no caso a seguir:
“como posso sair a hora que eu quero por ser empregada na loja do meu pai, tudo que eu quero ele me dá, então atarde (sic), por volta de 15:30h comi pão presunto e mussarela, iogurte, Yakult e bebi coca-coca [...] como
27
de costume em casa não tem café da manhã. Só bebi leite e 10:15 eu comi risólis com guaraná”.
A prática de reunir-se durante as refeições vem sofrendo influências e
perdendo espaço para a mídia, computador e outras tecnologias como se pode
observar através de uma fala escolhida entre tantas nos diários:
“[...] geralmente eu faço as minhas refeições sozinho porque eu como na sala e a minha família na cozinha”. “[...] não tomei café da manhã, não comi nada até agora e estou com fome”.
Estudos mostram que a influência familiar é um fator determinante para a
construção de bons hábitos alimentares e apontam que a dieta dos brasileiros
incorporou excessivamente produtos industrializados, o que para Raphaelli et al.
(2009, p. 3)
[..] as práticas alimentares inadequadas dos adolescentes são reflexos dos valores apreendidos na família. Sabe-se que o hábito alimentar deve ser trabalhado desde cedo, pois é no contexto familiar que se aprende a ingerir e a gostar de determinados alimentos, é nesta fase da vida que as preferências alimentares são introduzidas e podem tornar-se permanentes até a idade adulta.
Para Albuquerque et al. (2012) a pessoa adquire o seu hábito alimentar na
infância através de contato de familiares, convívio social e influência da mídia. A
forma e o preparo dos alimentos advêm da cultura, da renda econômica, do paladar,
entre outros. Esses autores afirmam que a família influencia nos hábitos alimentares
dos jovens.
6 Considerações Finais
A partir dos dados coletados e também do referencial teórico contido no
estudo, é possível considerar algumas situações: as meninas dormem o maior
número de horas durante a tarde do que os meninos, assistem mais televisão,
apontam indisposição para fazer comida, são pontuais em marcas e algumas
trabalham fora, sendo verificado que uma com os pais e outra cuida de criança.
Há também o relato de um problema de saúde pública, que é o fato da
28
gravidez na adolescência. Outra situação que nos preocupa e também nos faz
refletir é o fato da ingestão de bebidas alcoólicas pelo sexo feminino. Considera-se
que meninas comem mais frituras e não apontam a prática de exercícios físicos.
Quanto aos meninos, a ingestão de salada é duas vezes maior que as
meninas, em nenhum momento apontam ingestão de bebida alcoólica e pelo que se
pode observar não trabalham fora. Praticam atividades físicas principalmente futebol
e ingerem frutas.
É possível afirmar que a alimentação do indivíduo se constrói com o passar
do tempo e fatores como influências de cultura social e em especial ambiente
familiar podem trazer consequências positivas ou negativas ao hábito alimentar.
Há também o fator mídia, esse sem contestação é o objeto usado para
atingir público de todas as faixas etárias e possuem um poder de persuasão tanto na
compra, quanto no consumo e hábitos dos indivíduos.
Diante dessas afirmações, infere-se que a escola pode ser um determinante
positivo na obtenção e preservação de hábitos alimentares salutares e um
instrumento de mediação que pode ajudar a minimizar a obesidade e todas as suas
consequências.
O presente trabalho não encerra uma discussão e sim suscita a necessidade
de outros estudos para que a problemática acerca dos hábitos alimentares
diagnosticados através dos dados seja contemplada por novos objetivos e ideias
sobre a questão da alimentação, o compromisso da instituição escolar e a reflexão
dos professores que atuam com os adolescentes.
29
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