moinhos da ribeira de seiça e do casenho (figueira da foz)

12
Inês Pinto Moinhos da Ribeira de Seiça e do Casenho (Figueira da Foz) Resumo Seiça foi outrora terra de monges e, numa região agrícola rica em água, o surgimento de moinhos de água foi uma evolução natural. Este artigo pretende dar a conhecer um pouco da história dos moinhos na ribeira de Seiça, particularmente a do único moinho que ainda se encontra activo nesta região. Manuel Carvalho é o último moleiro de uma família que há mais de 400 anos vive na povoação de Casenho, na freguesia de Borda do Campo. Abstract Seiça was once land of monks and an agricultural region rich in water, the appearance of watermill was a natural evolution. This article aims to present some history of mills on the Seiça riverside, particularly the only mill that is still active in this region. Manuel Carvalho is the last miller of a family that for over 400 years lives in the village of Casenho, in the parish of Borda do Campo. Região Numa zona de campos férteis e de linhas de água, outrora navegáveis, rodeada por florestas, arrozais e pauis, Seiça sempre teve uma influência mística para quem a visita, transmitindo a sensação de podermos viajar até ao passado. Localizada na freguesia do Paião, a cerca de 15 km da sede do concelho, Figueira da Foz, Seiça é uma localidade parada no tempo. A história deste lugar cruza-se com a lenda do abade João, monge retirado no Mosteiro de Lorvão, que recebeu do rei Ramiro I, de quem era tio paterno, a doação da vila de Montemor-o- Velho. Reza a lenda que este abade, acompanhado de um pequeno exército de cristãos, perseguiu os mouros até Seiça, onde os derrotou. Durante a noite, depois da vitória, recebe a notícia de que todos os seus homens mortos em combate, tinham ressuscitado milagrosamente. Em reconhecimento pela Graça concedida, o monge decidiu ficar para sempre em Seiça, onde mandou fundar a capela que dedicou a Nossa Senhora de Seiça. Dessa ermida, que ruiu em 1590, nada resta. Em 1602, no mesmo lugar e por iniciativa de Frei Manuel das Chagas, foi construída a actual capela de Nossa Senhora de Seiça.

Upload: ines-pinto

Post on 28-Mar-2016

226 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Artigo publicado em "Molinologia Portuguesa", n. 3, volume anual, 2009, Etnoideia, Lda

TRANSCRIPT

Page 1: Moinhos da Ribeira de Seiça e do Casenho (Figueira da Foz)

Inês Pinto

Moinhos da Ribeira de Seiça e do Casenho

(Figueira da Foz)

Resumo

Seiça foi outrora terra de monges e, numa região

agrícola rica em água, o surgimento de moinhos de

água foi uma evolução natural. Este artigo pretende

dar a conhecer um pouco da história dos moinhos

na ribeira de Seiça, particularmente a do único

moinho que ainda se encontra activo nesta região.

Manuel Carvalho é o último moleiro de uma

família que há mais de 400 anos vive na povoação

de Casenho, na freguesia de Borda do Campo.

Abstract

Seiça was once land of monks and an agricultural

region rich in water, the appearance of watermill

was a natural evolution. This article aims to

present some history of mills on the Seiça

riverside, particularly the only mill that is still

active in this region. Manuel Carvalho is the last

miller of a family that for over 400 years lives in

the village of Casenho, in the parish of Borda do

Campo.

Região

Numa zona de campos férteis e de linhas de água,

outrora navegáveis, rodeada por florestas, arrozais

e pauis, Seiça sempre teve uma influência mística

para quem a visita, transmitindo a sensação de

podermos viajar até ao passado. Localizada na

freguesia do Paião, a cerca de 15 km da sede do

concelho, Figueira da Foz, Seiça é uma localidade

parada no tempo.

A história deste lugar cruza-se com a lenda do

abade João, monge retirado no Mosteiro de

Lorvão, que recebeu do rei Ramiro I, de quem era

tio paterno, a doação da vila de Montemor-o-

Velho.

Reza a lenda que este abade, acompanhado de um

pequeno exército de cristãos, perseguiu os mouros

até Seiça, onde os derrotou. Durante a noite, depois

da vitória, recebe a notícia de que todos os seus

homens mortos em combate, tinham ressuscitado

milagrosamente. Em reconhecimento pela Graça

concedida, o monge decidiu ficar para sempre em

Seiça, onde mandou fundar a capela que dedicou a

Nossa Senhora de Seiça.

Dessa ermida, que ruiu em 1590, nada resta. Em

1602, no mesmo lugar e por iniciativa de Frei

Manuel das Chagas, foi construída a actual capela

de Nossa Senhora de Seiça.

Page 2: Moinhos da Ribeira de Seiça e do Casenho (Figueira da Foz)

Fig. 1 – Capela de Nossa Senhora de Seiça

No interior desta capela podemos observar um

conjunto de pinturas sobre a lenda do abade João.

Fig. 2 – Quadro existente no interior da capela de

Nossa Senhora de Seiça, sobre o combate do

abade João contra os mouros

A poucos metros de distância desta capela

encontra-se o Mosteiro de Santa Maria de Seiça,

do qual se desconhece a data exacta de fundação e

cuja referência documental mais antiga data de

1162, pertencendo então aos Frades Crúzios.

Diz a lenda que certo dia D. Afonso Henriques

andava à caça nas matas de Seiça quando um seu

criado caiu do cavalo e morreu. Existindo ali perto

uma ermida levaram para lá o corpo do jovem

cavaleiro. Mas quando já preparavam o seu

enterro, eis que o rapaz abre os olhos e revive. Tal

milagre foi logo atribuído a Nossa Senhora de

Seiça e o rei terá então mandado construir ali perto

um Mosteiro em honra a Santa Maria de Seiça. [1]

Fig. 3 – Quadro existente no interior da capela de

Nossa Senhora de Seiça, alusivo à fundação do

Mosteiro de Santa Maria de Seiça, com a legenda

“ermitão e o rei que lhe promete fundar o

mosteiro” [2]

Em 1175 D. Afonso Henriques doou àquela

comunidade uma carta de couto [3] e em 1195 este

Mosteiro passou para a Ordem de Cister.

Entre os finais do século XVI e o início do século

XVII este edifício foi totalmente reedificado, o

qual, devido à proximidade do Colégio de Santa

Cruz de Coimbra, passou a funcionar como Centro

Page 3: Moinhos da Ribeira de Seiça e do Casenho (Figueira da Foz)

de Estudos Filosóficos de toda a congregação da

Ordem de Cister, entre os séculos XVII e XVIII [4].

Fig. 4 – Fachada principal do Mosteiro de Santa

Maria de Seiça

Após a dissolução das ordens religiosas em 1834,

este mosteiro foi vendido a um particular que

transformou parte do edifício em fábrica de

descasque de arroz. Presentemente, este

monumento, propriedade da Câmara Municipal da

Figueira da Foz, encontra-se desprovido de

utilização.

Os Moinhos

Com o cognome de Povoador, o rei D. Sancho I,

favoreceu o povoamento em diversos pontos do

território português de então. A fundação de um

mosteiro não se tratava apenas de uma obra de

devoção ou edificação religiosa, assumindo

igualmente um papel de estímulo ao

desenvolvimento agrícola e à criação de

povoações. De facto, os monges desempenhavam

um papel civilizacional, económico e

administrativo do país, dado que, para além das

suas funções religiosas, também cultivavam e

ensinavam a cultivar terras e defendiam o território

dos inimigos.

A zona onde o convento foi instalado, junto à

ribeira de Seiça, então navegável, era uma área

bastante alagadiça e pantanosa. Os monges

brancos, como era conhecida a Ordem de Cister,

contribuíram de forma decisiva para o

povoamento, arroteamento e desenvolvimento das

vastas áreas que ocuparam. Aplicando as suas

inovadoras e intensivas técnicas agrícolas,

transformando as envolventes através do

desbravamento de terras e da construção de

sistemas hidráulicos, rapidamente criaram

condições para a fixação de povoados.

Utilizada tanto pelos monges como pelas

povoações, a ribeira de Seiça e o controlo dos

canais de água revelaram-se fundamentais tanto

Page 4: Moinhos da Ribeira de Seiça e do Casenho (Figueira da Foz)

para a agricultura, como para a implementação de

diversos moinhos de rodízio nesta região.

Para além desta ribeira, existem outros cursos de

água, tal como o rio Pranto e seus afluentes, que

permitiram igualmente a instalação de moinhos nas

suas margens.

Dada a escassez de informação é difícil determinar,

com exactidão, quantos moinhos terão existido

nesta região, qual a data da sua instalação, bem

como a sua capacidade produtiva. No entanto, de

entre as várias povoações referidas na relação de

foros, pagos ao mosteiro entre 1818 e 1835,

encontram-se referenciados diversos moinhos,

nomeadamente na Azenha, na Ribeira dos

Carriços, no Negrote, no Casenho, na Ribeira de

Seiça.

Nessa listagem de tributos é feita alusão aos

diversos pagamentos cobrados pelo mosteiro a

quem possuía bens, fossem eles terras de cultivo

ou moinhos (quadro 2).

De acordo com os documentos manuscritos e

respeitantes ao Mosteiro de Santa Maria de Seiça,

existentes no Arquivo da Universidade de

Coimbra, o foro mais antigo, indicado na referida

relação de foros do Mosteiro, é respeitante ao

pagamento que, desde 1815, António Joaquim

Lopes Garrido, pelo Prazo de um Moinho na

Ribeira do Cazenho, paga pelo S. Miguel oito

alqueires de trigo e outros oito alqueires de milho

e duas galinhas. [5]

No entanto tal não significa que seja o mais antigo,

pois tanto o moinho de José Lavaredas como o de

Manoel Pedroza filho, também mencionados nos

foros, foram herdados de seus pais e, de acordo

com os moradores mais antigos desta região,

existem moinhos junto à ribeira de Seiça há pelo

menos quatrocentos anos.

Analisando os dados transpostos para o quadro 2,

alguns factos se destacam, nomeadamente o valor

do foro (cuja diferença nas quantidades poderá

estar relacionada com o número de mós de cada

moinho), os tipos de cereais cultivados nesta região

na primeira metade do século XIX (trigo e milho),

e a época do ano em que o pagamento era

efectuado. Também se verifica que nem todos os

tributários residiam na povoação onde estava

instalado o moinho.

Fig. 5 – Rodízios de um moinho, actualmente

construídos em inox, mas que inicialmente seriam

de madeira

No século VIII surgiu na Europa um novo cereal, o

arroz, introduzido no sul de Espanha pelos Árabes.

Page 5: Moinhos da Ribeira de Seiça e do Casenho (Figueira da Foz)

Até meados do século XIX o cultivo desta planta,

em Portugal, era esporádico. Apenas por volta de

1840 é que a orizicultura se começou a

desenvolver de uma forma sustentada no Baixo

Mondego, em parte devido ao elevado grau de

instabilidade política vivida desde as Invasões

Francesas (1807-1810) até aquela data, mas

também ao facto de os campos de cultivo serem

muito pantanosos. [6]

O aparecimento deste novo cereal levou à

necessidade de conceber uma forma de o

descascar. Através de uma alteração ao sistema de

mós dos moinhos, com recurso à colocação de

placas de cortiça entre as mós, os moleiros

passaram a ter uma nova forma de rendimento.

Para além das mudanças que aconteceram na

agricultura, também no domínio da administração

do território ocorriam alterações.

Em 1830 Lavos foi elevado a concelho, composto

pelas freguesias de Lavos e de Paião [7] e integrado

na comarca de Soure. Em 1834 foram extintas as

ordens religiosas em Portugal e em 1835 o

concelho de Lavos passou a designar-se por

concelho de Lavos e Paião. Em 1853 este concelho

foi extinto, passando as povoações que o

constituíam a fazer parte da comarca e concelho da

Figueira da Foz, até à presente data.

De entre os documentos manuscritos da Câmara do

Couto de Lavos, existentes no Arquivo Histórico

Municipal da Figueira da Foz, encontra-se um

recenseamento geral dos eleitores do concelho de

Lavos, de 1852 [8], no qual é indicada a profissão

dos mesmos. Nesse recenseamento é feita a

referência a quatro moleiros na povoação de

Casenho, nove na Ribeira de Seiça e um no Vale

Vendeiro (quadro 3).

Na recolha de Informações para a Estatística

Industrial do Districto de Coimbra, em 1861,

Francisco Teixeira da Silva [9] relata que existiam

no distrito de Coimbra 1.101 moinhos, sendo o

concelho da Figueira da Foz aquele que possuía o

maior número, num total de 227 moinhos. Era na

freguesia do Paião [10] que se encontrava a maior

concentração de moinhos deste concelho: quarenta

e dois moinhos de água e quatro de vento.

Freguesias do concelho da

Figueira da Foz 3

Moinhos de água

Moinhos de vento

Alhadas 30 10

Brenha 2 5

Ferreira 27 -

Figueira - -

Lavos 14 13

Maiorca 4 2

Paião 42 4

Quiaios 6 8

Tavarede 14 8

Vila Verde 1 6

Buarcos - 31

Total 140 87

Quadro 1 – Número de moinhos inventariados em

1861 por Francisco Teixeira da Silva

Page 6: Moinhos da Ribeira de Seiça e do Casenho (Figueira da Foz)

Onde outrora existiram dezenas de moinhos de

água, hoje subsistem apenas vestígios de alguns

desses engenhos. Desde Seiça até ao Casenho

ainda é possível encontrar edificações de seis

moinhos, todos de rodízio horizontal, em relativo

estado de conservação.

Fig. 6 – Localização dos moinhos ainda existentes

desde o Mosteiro de Santa Maria de Seiça até ao

Casenho

Ribeira de Seiça, freguesia de Paião:

1 – Moinho dos Carriços, em ruínas;

2 – Moinho da Benta, em ruínas;

Casenho, freguesia de Borda do Campo:

3 – Moinho do Fernandes, conservado, mas

desactivado;

4 – Moinho de José Ferreira de Carvalho, em

ruínas;

5 – Moinho de Manuel Maria Ferreira de

Carvalho, ainda em funcionamento;

6 – Moinho de Manuel Maria Ferreira de

Carvalho, em ruínas;

Moinho de Manuel Carvalho

Deste seis moinhos apenas um se encontra em

pleno funcionamento. Manuel Carvalho é o único

moleiro que nesta zona ainda continua a fazer

farinha e a descascar arroz, a tempo inteiro, tal

como fazia o seu pai, o seu avô e as gerações

anteriores, desde há pelo menos quatrocentos anos.

Adaptado aos cereais produzidos na região, o seu

moinho possui dois conjuntos de mós, um para

farinação e outro para descasque de arroz.

Fig. 7 – Manuel Carvalho no seu moinho, junto às

mós de descasque de arroz (moinho 5 na fig. 6)

A manutenção de um moinho inclui diversas

tarefas, entre elas a picagem da mó andadeira. Com

alguma regularidade, e para tirar a casca ao arroz,

Page 7: Moinhos da Ribeira de Seiça e do Casenho (Figueira da Foz)

esta mó tem de ser picada, dado que a sua

superfície inferior vai ficando lisa.

Com o auxílio de um rodilhão e de uma alavanca,

o moleiro retira a andadeira da sua base.

Fig. 8 – O moleiro retira a mó andadeira

Depois de bem apoiada, segue-se picagem de toda

a superfície desta mó.

Fig. 9 – Picagem da mó andadeira

O descasque de arroz é efectuado através da

colocação de uma cama de cortiça entre as duas

mós, criando uma superfície macia, evitando assim

que o grão se quebre e ou se transforme em

farinha.

Fig. 10 – Cama de cortiça para o descasque de

arroz

Depois de concluída a picagem, é necessário voltar

a colocar a andadeira sobre a segurelha.

Fig. 11 – Reposição da andadeira

No fim desta tarefa terminada é altura de abrir a

comporta da água e colocar o rodízio a girar para

descascar arroz.

Page 8: Moinhos da Ribeira de Seiça e do Casenho (Figueira da Foz)

As mós de farinação sofrem um processo de

picagem idêntico, de forma a evitar que vidrem e

deixem de fazer farinha.

Fig. 12 – Arroz a ser descascado

Fig. 13 – Arroz descascado, em pormenor

Na fase de descasque, o arroz cai misturado com a

casca. Para o limpar, o moleiro ergue-o com

recurso a uma tarara.

Fig. 14 – Depois de descascado, o arroz tem de ter

erguido, para ficar limpo de cascas

São muitos os agricultores da região que procuram

este moinho. Quem já provou, diz que o gosto do

arroz descascado artesanalmente, sem qualquer

processo de branqueamento, tem outro sabor.

Dizem também que a farinha produzida neste

moinho atribui um paladar à broa muito mais

saboroso do que outra qualquer.

Um moinho tão antigo tem de ser tratado com

carinho. Com 86 anos e com a força que a saúde

ainda lhe permite é junto às mós que Manuel

Carvalho se sente feliz, mas lamenta que mais

ninguém queira aprender o ofício.

Para este moleiro o seu moinho é a sua vida e antes

que se perca para todo o sempre, urge preservar

este património vivo, para além do edificado.

Page 9: Moinhos da Ribeira de Seiça e do Casenho (Figueira da Foz)

Na Borda do Campo, uma freguesia onde o

património etnográfico é rico e cuja principal

actividade económica é ainda a agricultura,

nomeadamente o cultivo do arroz e do milho, mas

onde a mecanização foi aos poucos substituindo os

trabalhos outrora realizados através da força física,

é urgente preservar esse património [11], o qual

pode ser uma atracção turística e uma mais valia

para estas gentes, bem como um testemunho vivo

para as gerações futuras.

Localização do Moinho

Residência Tributário Foro anual por moinho Época de

Pagamento

A mulher de Manoel Ferreira Manço

Dois alqueires de trigo Dia de Natal

José Lavaredas Oito alqueires de trigo e duas galinhas

de crista tombada S. Miguel Casenho

José Manoel Brás d’Oliveira

24$000 Dia de Páscoa

Barra Luíz dos Santos Morgado Quatro alqueires de trigo e duas galinhas

de crista tombada S. Miguel

Copeiro António Joaquim Lopes

Garrido Oito alqueires de trigo, oito alqueires de

milho e duas galinhas S. Miguel

Casenho

Regalheiras de Lavos

António Gonçalves de Freitas

Dois alqueires de trigo e duas galinhas Dia de Natal

Manoel Pedroza filho Dois alqueires de trigo e dois alqueires

de milho, mais uma galinha e um frango Dia de Todos

os Santos

José Brás Cinco alqueires de trigo, cinco alqueires

de milho e duas galinhas S. Miguel

António da Costa Cabral Seis alqueires de trigo S. Miguel

Ribeira de Seiça

Ribeira de Seiça

António Rodrigues Bispo Um alqueire de trigo e duas boas

galinhas S. Miguel

Lavos e Marinha

Manoel Gonçalves Curado Dois alqueires de milho, dois alqueires

de trigo e um capão S. Miguel

Francisco Rodrigues Bispo Dois alqueires de trigo e duas galinhas S. Miguel

José Gomes Christino Dois alqueires de trigo e duas galinhas S. Miguel

Ribeira dos Carriços Ribeira dos

Carriços Bernardo da Costa Dois alqueires de trigo e duas galinhas S. Miguel

Amieira Francisco da Cruz Dois alqueires de trigo, dois capões e

duas galinhas S. Miguel

Negrote Negrote José de Brito Manço Meio alqueire de trigo S. Miguel

Azenha Amieira Francisco Veríssimo Três alqueires de trigo e duas galinhas

boas 1º de Maio

Esteiro da Caldeira

Bizorreiro de Lavos e de Paião

José da Silva Dois alqueires de trigo S. Miguel

Quadro 2 – Foros pagos pelos arrendatários / proprietários ao Real Mosteiro de Seiça, entre 1818 e 1834

Page 10: Moinhos da Ribeira de Seiça e do Casenho (Figueira da Foz)

Povoação Nome do Moleiro Dízima Idade

José Ferreira Carvalho 1.513$000 57 anos

José Ferreira Pedro 1.582$000 29 anos

José Thomaz 2.649$000 31 anos Casenho

Manoel Ferreira de Carvalho 2.890$000 32 anos

António da Costa Cabral 3.527$000 41 anos

Francisco da Cruz 4.705$000 46 anos

Bernardo da Costa 1.738$000 41 anos

Jerónimo da Costa 2.731$000 27 anos

José Pedrosa 1.822$000 29 anos

Manoel da Costa Jacintho 1.451$000 61 anos

Manoel Ferreira 5.753$000 51 anos

Manoel Pedrosa Vieira (filho) 4.594$000 30 anos

Ribeira de Seiça

Manoel Pedrosa Vieira 6.070$000 51 anos

Vale Vendeiro Luíz Carvalheiro 1.768$000 61 anos

Quadro 3 – Eleitores e elegíveis para deputados, do concelho de Lavos, em 1852, com a profissão de

moleiros

Notas

[1] SILVA, Eurico, Convento de Seiça – Memórias,

Cadernos Municipais, nº 36, Câmara Municipal da

Figueira da Foz, 1999, pp. 7-11

[2] Capela de Nossa Senhora de Seiça, IGESPAR,

http://www.igespar.pt/patrimonio/pesquisa/geral/be

nscomproteccaolegal/detail/74885/ , consultado em

07-12-2009

[3] Em 1175 D. Afonso Henriques (juntamente com

seu filho, o rei D. Sancho I) fez a doação do Couto

de Barra a D. Paio Egas, prior de Seiça. O

território doado ao Mosteiro compreendia quase

todas as terras que constituem actualmente as

freguesias de Alqueidão, Borda do Campo de

Marinha das Ondas e Paião, no concelho da

Figueira da Foz, bem como a quinta do Seminário,

pertencente à freguesia da Vinha da Rainha, no

concelho de Soure.

PRATAS, José Casaleiro, Elementos para a

história eclesiástica da freguesia do Paião, e

Assassinos e Assassínios no extinto concelho de

Lavos no tempo do cabralismo, Edição da Junta de

Freguesia do Paião, 2004, pp. 47-49

[4] Em 1774 esta escola foi transferida para o

Colégio do Mosteiro de Alcobaça, cujos alunos,

Page 11: Moinhos da Ribeira de Seiça e do Casenho (Figueira da Foz)

entretanto, vinham passar férias a Seiça. Após a

extinção das ordens religiosas em Portugal, em

1834, constatou-se que a biblioteca do Mosteiro de

Santa Maria de Seiça continha 1755 volumes.

SILVA, Eurico, Paião, edição da Junta de

Freguesia do Paião, 2005, pp. 21

[5] Livro dos Foros do Real Mosteiro de Ceiça, fl.

13 verso

[6] VAQUINHAS, Irene; MENDES, José Amado,

Canteiros de Arroz: a orizicultura entre o passado

e o futuro, Câmara Municipal de Montemor-o-

Velho, 2005, pp. 55-57

[7] Quando em 12 de Março de 1771, D. José I

criou a comarca da Figueira da Foz, entre outras

povoações, Paião e Lavos foram desmembrados do

concelho de Montemor-o-Velho, ao qual

pertenciam até essa data.

[8] Recenseamento geral dos eleitores e elegíveis

para deputados, do concelho de Lavos – 1852,

Câmara do Couto de Lavos

[9] SILVA, Francisco Teixeira da, Informações

para a Estatística Industrial do Districto de

Coimbra, Lisboa, Imprensa Nacional, 1861, pp. 44

[10] Actualmente o concelho da Figueira da Foz é

constituído por 18 freguesias. Parte do território da

freguesia do Paião passou para as freguesias de

Marinha das Ondas, Alqueidão e Borda do Campo,

criadas posteriormente.

[11] No endereço www.bordadocampo.com é

possível encontrar mais informação sobre esta

freguesia.

Bibliografia

CONCEIÇÃO, A. Santos, Terras de Montemor-o-

Velho, Câmara Municipal de Montemor-o-Velho,

1992

PRATAS, José Casaleiro, Elementos para a

história eclesiástica da freguesia do Paião, e

Assassinos e Assassínios no extinto concelho de

Lavos no tempo do cabralismo, Edição da Junta de

Freguesia do Paião, 2004

SILVA, Eurico, Convento de Seiça – Memórias,

Cadernos Municipais, nº 36, Câmara Municipal da

Figueira da Foz, 1999

SILVA, Eurico, Paião, edição da Junta de

Freguesia do Paião, 2005

SILVA, Francisco Teixeira da, Informações para a

Estatística Industrial do Districto de Coimbra,

Lisboa, Imprensa Nacional, 1861

VAQUINHAS, Irene; MENDES, José Amado,

Canteiros de Arroz: a orizicultura entre o passado

e o futuro, Câmara Municipal de Montemor-o-

Velho, 2005

Sitografia

Borda do Campo,

http://bordadocampo.com/freguesia/origens/,

consultado em 07-12-2009

Page 12: Moinhos da Ribeira de Seiça e do Casenho (Figueira da Foz)

Capela de Nossa Senhora de Seiça, IGESPAR,

http://www.igespar.pt/patrimonio/pesquisa/geral/be

nscomproteccaolegal/detail/74885/, consultado em

07-12-2009

Mosteiro de Santa Maria de Seiça, IGESPAR,

http://www.igespar.pt/patrimonio/pesquisa/geral/be

nscomproteccaolegal/detail/71634/, consultado em

07-12-2009

Documentos históricos

Arquivo Histórico Municipal da Figueira da Foz,

Câmara do Couto de Lavos, Recenseamento geral

dos eleitores e elegíveis para deputados, do

concelho de Lavos – 1852

Arquivo da Universidade de Coimbra, Documentos

do Mosteiro de Santa Maria de Seiça, Relação de

todos os indivíduos que pagavam foros ao

mosteiro

Idem, Livro dos Foros do Real Mosteiro de Ceiça

Agradecimentos

Anabela Bento, Manuel Mª Ferreira de Carvalho,

Guilherme Gaspar e Sílvio Gaspar

Autoria das Fotografas

Inês Pinto, Guilherme Gaspar e Sílvio Gaspar

Captions

Fig. 1 –Nossa Senhora de Seiça’s Chapel

Fig. 2 – Existing painting in the inside of Nossa

Senhora de Seiça’s Chapel, about the fight of abbot

João against the Moors

Fig. 3 – Existing painting in the inside of Nossa

Senhora de Seiça’s Chapel, illustrating the

foundation of the Monastery of Santa Maria de

Seiça, with the caption “eremite and the king who

promises him to found the monastery”

Fig. 4 – Main front of the Monastery of Santa

Maria de Seiça

Fig. 5 – Ladle-boarded wheel, currently built in

stainless steel, but initially would be made of wood

Fig. 6 – Location of mills still existing from the

Monastery of Santa Maria de Seiça to the Casenho

Fig. 7 – Manuel Carvalho in his mill, close by the

rice peeling millstone (mill 5 in fig. 6)

Fig. 8 – The miller takes out the moving millstone

Fig. 9 – Pricking the moving millstone

Fig. 10 – Cork bed for the peeling of rice

Fig. 11 – Restoring the moving millstone

Fig. 12 – Rice being peeled

Fig. 13 – Peeled rice, in detail

Fig. 14 – Once peeled, the rice must be cleaned, to

be rid of peels

Borda do Campo, Dezembro de 2009