moeda falsa 289

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Márcia Cavalcanti MOEDA FALSA (CP, 289) 01.OBJETIVIDADE JURÍDICA Fé pública, em especial a moeda. 02.SUJEITOS DO DELITO ATIVO: qualquer pessoa. Crime comum. PASSIVO: Estado, Coletividade e a pessoa física ou jurídica que sofre a eventual lesão. 03.TIPO OBJETIVO →AÇÕES NUCLEARES ▪FALSIFICAR: imitar, reproduzir fraudulentamente o objeto verdadeiro. ▪FABRICAR: criar uma moeda absolutamente semelhante a original, reproduzindo-a integralmente, com idoneidade para enganar. ▪ALTERAR: modificar a moeda existente, para aumentar o seu valor econômico. Súmula 73 STJ Papel Moeda Falsificado - Estelionato - Competência A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual. →OBJETO MATERIAL ▪MOEDA METÁLICA OU O PAPEL MOEDA DE CURSO LEGAL, NO PAIS OU FORA DELE De recebimento obrigatório, decorrente de lei. Moeda estrangeira: curso legal em outro pais e circulação comercial no Brasil (Convenção de Genebra). Não será moeda em sentido jurídico: ▪As moedas de valor histórico; ▪As moedas de curso convencional ou mercantil (convenção) (vale-refeição, cheque de viagem,) As moedas retirada de circulação Austral (Argentina), Cruzado (Brasil), Perseta (Espanha) ▪As moedas desmonetizada INSIGNIFICÂNCIA: O STF tem analisado a insignificância a partir dos vetores: ▪ mínima ofensividade da conduta do agente

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Page 1: Moeda Falsa 289

Márcia Cavalcanti

MOEDA FALSA (CP, 289)

01.OBJETIVIDADE JURÍDICAFé pública, em especial a moeda.

02.SUJEITOS DO DELITOATIVO: qualquer pessoa. Crime comum.PASSIVO: Estado, Coletividade e a pessoa física ou jurídica que sofre a eventual lesão.

03.TIPO OBJETIVO→AÇÕES NUCLEARES

▪FALSIFICAR: imitar, reproduzir fraudulentamente o objeto verdadeiro.▪FABRICAR: criar uma moeda absolutamente semelhante a original, reproduzindo-a integralmente, com idoneidade para enganar. ▪ALTERAR: modificar a moeda existente, para aumentar o seu valor econômico.

Súmula 73 STJPapel Moeda Falsificado - Estelionato - CompetênciaA utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.

→OBJETO MATERIAL▪MOEDA METÁLICA OU O PAPEL MOEDA DE CURSO LEGAL, NO PAIS OU

FORA DELE De recebimento obrigatório, decorrente de lei.Moeda estrangeira: curso legal em outro pais e circulação comercial no Brasil (Convenção de Genebra).Não será moeda em sentido jurídico:▪As moedas de valor histórico; ▪As moedas de curso convencional ou mercantil (convenção) (vale-refeição, cheque de viagem,) ▪As moedas retirada de circulação

Austral (Argentina), Cruzado (Brasil), Perseta (Espanha)▪As moedas desmonetizada

INSIGNIFICÂNCIA:O STF tem analisado a insignificância a partir dos vetores:▪ mínima ofensividade da conduta do agente▪nenhuma periculosidade social da ação▪reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento▪ inexpressividade da lesão jurídica provocada

04.TIPO SUBJETIVO ▪Mirabete, Grecco, Nucci

Dolo genérico. Vontade de fabricar ou alterar a moeda ▪Delmanto, Damásio, Bitencourt, PJCJ, Fragoso, Romeu de Almeida

Elemento subjetivo especial: colocar a moeda em circulação.

Page 2: Moeda Falsa 289

Márcia Cavalcanti

05.CONSUMAÇÃO No lugar e no momento e em que se conclui a fabricação ou alteração da moeda.

06.TENTATIVA▪Admissível em qualquer das condutas

07.DESTAQUES▪Exaurimento do crime

Colocação da moeda em circulação:

▪Crime únicoFalsificação de várias moedas, na mesma ocasião:

▪ Crime continuado:Falsificação de várias moedas em épocas diferentes:

▪Desistência da falsificação: Petrechos para a falsificação da moeda (CP, 291)

▪CP, 290Se colocada em circulação a partir de fragmentos de moeda verdadeira

08.CIRCULAÇÃO DE MOEDA FALSA ( 289 § 1º)

CONDUTAS INCRIMINADAS

▪Importar Trazer do exterior para o Brasil (terrestre, marítimo ou aéreo). Clandestina ou fraudulenta. Moeda falsificada no exterior;

▪ExportarFazer sair do Brasil para o exterior. Moeda falsificada no Brasil;

▪Adquirir Obter por qualquer forma (onerosa, gratuita, ilícita);

▪Vender Alienar a moeda falsa, a título oneroso;

▪Trocar Permutar, transmissão recíproca de uma moeda falsa por outra, verdadeira ou falsa ou por outro objeto;

▪Ceder Transferir a moeda falsa à terceiro, a qualquer título (oneroso ou gratuito);

▪Emprestar Entregar provisoriamente a terceiro com promessa de devolução;

▪Guardar (crime permanente)Ter consigo em depósito, sob sua custódia ou à sua disposição, dinheiro falso sem ser o proprietário;

▪Introduzir na circulação Fazer circular, passar o dinheiro falso a alguém iludido usando qualquer meio: troca, deixando em caixa de esmolas, abandonando em lugar público, passa a terceiro de boa fé.

Page 3: Moeda Falsa 289

Márcia Cavalcanti

09.FIGURA PRIVILEGIADA: RESTITUIR A CIRCULAÇÃO MOEDA FALSA RECEBIDA DE BOA-FÉ (CP, 289, § 2º)Pressuposto do delito: A boa-fé do agente, no momento em que recebeu o dinheiro falso.

10.FIGURA QUALIFICADA FABRICAÇÃO OU EMISSÃO IRREGULAR DE MOEDA

289§ 3º - é punido com reclusão, de 3 a 15 anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:I - de moeda com título ou peso inferior ou determinado em lei;II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. (Inferior: infração administrativa).

EMISSÃOÉ um processo econômico, de colocação de moeda em circulação (pode se dar também por meio de operações de crédito do BCB com os bancos). Passam a integrar o sistema monetário. Privativo do Banco Central (CF, 21, VII e 164)

FABRICAÇÃOÉ um processo físico, que compreende a confecção da peça de papel ou de metal que servirá de meio de pagamento de obrigações.Compete à Casa da Moeda do Brasil (Lei 4.595 de 1964, art. 2º e 4º, I)

ELEMENTARES NORMATIVAS▪TÍTULO: proporção ou teor da liga metálica determinado em lei, para a fabricação da

moeda;

▪PESO é a quantidade de massa metálica constante de cada moeda metálica.

O processo inflacionário fez com que o governo efetuasse sete mudanças no padrão monetário brasileiro: Cruzeiro Novo em 1967, novamente Cruzeiro em 1970, Cruzado em 1986, Cruzado Novo em 1989, o Cruzeiro em 1990, Cruzeiro Real em 1993 e, finalmente, o Real, em 1994.

Lei 8.891/1994Art. 1º. O Banco Central do Brasil fica autorizado a contratar, independentemente de procedimento licitatório, empresas estrangeiras para impressão de cédulas do novo padrão monetário, nas quantidades necessárias à fase inicial de substituição do meio circulante, observado o limite global de um bilhão e quinhentos milhões de unidades.

11.DESVIO E CIRCULAÇÃO ANTECIPADA (CP, 289, § 4º)▪DESVIAR: mudar a direção, o destino;▪FAZER CIRCULAR: retirar o dinheiro do local onde se encontra e colocar em

circulação antecipadamente. 289§ 4º- nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.