módulo iv – mitigação das alterações climáticas · tenham necessariamente que ter contornos...

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Índice

1 SUMÁRIO ............................................................................................................................... 1

2 ENQUADRAMENTO GERAL .................................................................................................... 2

3 O QUE É A MITIGAÇÃO DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS? ...................................................... 3

3.1 Medidas de mitigação das alterações climáticas .......................................................... 4

3.2 Mecanismos de mitigação das alterações climáticas .................................................... 7

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁGICAS ........................................................................................... 10

1

1 SUMÁRIO

As evidências acumuladas pela comunidade científica apontam para o facto de as

emissões antropogénicas de dióxido de carbono (CO2) e de outros gases com efeito de

estufa (GEE) continuarem a potenciar o aumento da temperatura média global da

superfície terrestre, durante e além do século XXI. Isto acarreta alterações no sistema

climático terrestre e, em consequência, nos sistemas naturais e humanos. Urge, assim,

atuar, sendo uma das possíveis formas a mitigação das emissões de GEE. A mitigação

inclui a intervenção humana para reduzir as fontes de GEE (em particular, o CO2), tal

como reforçar os seus sumidouros e desenvolver tecnologias de captura e

armazenamento de carbono. Neste contexto, as fontes de GEE são processos,

atividades ou mecanismos que libertam para a atmosfera estes gases, enquanto os

sumidouros estão associados à captura, ou sequestro, dos GEE da atmosfera.

Existem opções de mitigação disponíveis nos principais setores de atividade

humana. Em termos de custos, a mitigação pode ser mais eficiente se se optar por uma

abordagem integrada, com medidas de várias naturezas e transversais a vários setores.

Algumas das medidas chave para atingir a meta mais otimista de mitigação incluem a

produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, reduzindo a queima de

combustíveis fósseis, e avanços na eficiência da utilização de energia. Muitos dos

atuais mecanismos internacionais na origem destas medidas resultam da United

Nations Framework Convention on Climate Change1 e do consequente Protocolo de

Quioto, celebrado em 1997, que constituem os únicos enquadramentos legais para

combater as alterações climáticas. Encontra-se em preparação uma nova iniciativa

para o final de 2015, na qual a comunidade internacional deposita grandes

expectativas: a Conferência de Paris.

Palavras-chave: mitigação, fonte, sumidouro, setores de atividade humana, medidas de

mitigação, mecanismos internacionais de mitigação

1 Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.

2

2 ENQUADRAMENTO GERAL

Após um enquadramento científico dos conceitos fundamentais, causas (ver parte I

do manual do módulo II) e impactes (ver parte I do manual do módulo III) das

alterações climáticas, importa agora abordar as ações humanas que podem contribuir

para abrandar este fenómeno global.

Todos os cenários climáticos projetados para o futuro apontam para um contínuo

aumento da temperatura média global da superfície terrestre durante o século XXI

(IPCC, 2014a). Deste modo, dois tipos de medidas – de adaptação e de mitigação –

terão que ser implementados em paralelo e com elevada cooperação global, para

diminuir ou lidar com os impactes previstos e abrandar as alterações climáticas. A

mitigação visa reduzir a principal causa antropogénica das alterações climáticas, isto é,

a emissão massiva e continuada de gases com efeito de estufa (GEE). A adaptação visa

a acomodação dos sistemas naturais e humanos aos novos cenários climáticos,

procurando reduzir os impactes que os possam afetar (ver parte I do manual do

módulo V).

À semelhança dos manuais de módulos anteriores, também neste continuaremos a

recorrer às publicações do Intergovernmental Panel On Climate Change2 (IPCC), que

analisa e sintetiza os estudos realizados pela comunidade científica em relação às

alterações climáticas. O domínio da mitigação foi tratado pelo terceiro grupo de

trabalho da quinta avaliação do IPCC, publicada em 2014, pelo que muitas das sínteses

aqui apresentadas provêm do trabalho deste grupo.

O presente manual foca o enquadramento científico e as propostas de ação que a

literatura recomenda para a redução da emissão de GEE, no sentido de mitigar as

alterações climáticas. Apresentamos o conceito de mitigação e outros que lhe estão

associados, como fontes e sumidouros de carbono. Posteriormente, consideramos

algumas possibilidades em termos de respostas de mitigação, organizadas por setores

chave. Por fim, descrevemos brevemente alguns mecanismos internacionais que têm

vindo a ser acionados na mitigação das alterações climáticas, um pouco por todo o

mundo.

2 Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas.

3

3 O QUE É A MITIGAÇÃO DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS?

Adaptação e mitigação são estratégias complementares de combate às alterações

climáticas, dando cumprimento ao objetivo, traçado na United Nations Framework

Convention on Climate Change3 (UNFCCC), de alcançar

a estabilização das concentrações na atmosfera de gases com efeito de estufa a um nível que evite uma interferência antropogénica perigosa com o sistema climático. Tal nível deveria ser atingido durante um espaço de tempo suficiente para permitir a adaptação natural dos ecossistemas às alterações climáticas, para garantir que a produção de alimentos não seja ameaçada e para permitir que o desenvolvimento económico prossiga de uma forma sustentável (Decreto n.º 20/93, 1993, pp. 3347-3348, artigo 2.º).

O IPCC (2014a) tem definido mitigação como a intervenção humana que visa

reduzir as fontes e/ou reforçar os sumidouros de GEE, em particular de CO2. Neste

contexto, fontes são processos, atividades ou mecanismos que libertam para a

atmosfera GEE, aerossóis4 ou seus precursores. Um exemplo é a queima de

combustíveis fósseis, que liberta CO2 para a atmosfera. Já os sumidouros são

processos, atividades ou mecanismos que capturam ou sequestram os elementos

referidos da atmosfera (Allwood, Bosetti, Dubash, Gómez-Echeverri & von Stechow,

2014).

Implementar medidas de mitigação coloca desafios diferenciados a todos os países

do mundo, que estão relacionados com os seus níveis de desenvolvimento e,

consequentemente, com as suas capacidades de mitigação, isto é, de reduzirem as

emissões antropogénicas de GEE, de reforçarem os sumidouros naturais ou de,

eventualmente, desenvolverem tecnologias de captura e armazenamento. Tais

capacidades dependem das tecnologias, instituições, riqueza, infraestrutura e

informação de que os países dispõem (Allwood et al., 2014). Naturalmente, e tendo

em conta que estes aspetos variam de país para país, implementar medidas de

mitigação levanta questões de equidade. Na verdade, os países mais vulneráveis às

alterações climáticas têm sido aqueles que menos contribuíram e ainda contribuem

para as emissões de GEE. Daí que as medidas de mitigação de países diferentes

3 Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. 4 Conforme referido na parte I do manual do módulo II, aerossóis são pequenas partículas sólidas ou líquidas em suspensão na atmosfera que, geralmente, têm um efeito refletor da radiação solar.

4

tenham necessariamente que ter contornos e pesos ajustados ao seu nível de

desenvolvimento (IPCC, 2014a).

3.1 Medidas de mitigação das alterações climáticas

O IPCC (2014a) considerou dois cenários distintos, relativamente às emissões

antropogénicas de GEE, até ao final do século XXI: um sem medidas de mitigação e

outro com forte mitigação (ver figura 1). Os cenários mais otimistas de mitigação

preveem reduções substanciais das emissões de GEE, ao longo das próximas décadas,

e a possibilidade de emissões quase nulas, até ao final do século XXI. Contudo, para

atingir tal meta, serão necessárias medidas de mitigação em diversos setores de

atividade humana.

Figura 1 – Emissões diretas de dióxido de carbono (CO2) e de outros GEE (em gigatoneladas equivalentes de CO2

5), por setor, em cenário sem mitigação (barras brancas) e em cenário de mitigação (barras coloridas). Estes cenários não incluem o potencial de redução da produção elétrica devido a diminuição no consumo. As emissões negativas previstas no setor da eletricidade devem-se à implementação de bioenergia com captura e armazenamento de CO2. As emissões na agricultura, florestas e outros usos do solo (AFOLU) têm em conta medidas de florestação, reflorestação e desflorestação (IPCC, 2014a, p. 28).

A eficiência das respostas de mitigação nos diversos setores será maior, em termos

de custos, se estas forem adotadas de forma integrada e transversal (IPCC, 2014a). A

tabela 1 sintetiza algumas das medidas de mitigação disponíveis, por setores chave de

5 A comunidade científica internacional usa a unidade CO2-eq (equivalentes a CO2) para quantificar as emissões dos vários GEE. Para tal, multiplica as toneladas emitidas de um dado gás, por exemplo, metano, pelo seu potencial de aquecimento global (GWP = global warming potential). O valor obtido representa o contributo desse gás para o efeito de estufa.

5

atividade humana, com base nas sínteses do IPCC (Edenhofer et al., 2014; IPCC,

2014a).

Tabela 1 – Exemplos de medidas de mitigação por setor de atividade humana (Edenhofer et al., 2014; IPCC, 2014a).

Exemplos de medidas de mitigação

Produção de energia

- Produzir eletricidade a partir da energia nuclear e de fontes renováveis – eólica (vento), solar (sol), hidroelétrica (correntes de água), geotérmica (calor interno da Terra) e bioenergia (biomassa);

- associar tecnologias de captação e armazenamento de CO2, mesmo quando se usa bioenergia;

- substituir combustíveis de elevado carbono por combustíveis de baixo carbono (por exemplo, substituir o uso de carvão pelo uso de gás natural);

- controlar as perdas de metano para a atmosfera na cadeia de extração e transformação de combustíveis fósseis;

- substituir centrais termoelétricas6 tradicionais por centrais de ciclo combinado7 e de cogeração;

- utilizar tecnologias mais eficientes na extração das fontes energéticas, na sua conversão, transmissão e distribuição (por exemplo, redes inteligentes/SmartGrids).

Transportes

- Substituir os combustíveis atualmente usados por outros de baixo carbono (como eletricidade com

origem em fontes renováveis, células de combustível de hidrogénio e biocombustível);

- utilizar veículos mais leves e com motores mais eficientes;

- reduzir as emissões de GEE durante a produção dos veículos;

- promover a reciclagem e recuperação de materiais utilizados nos veículos;

- promover a eficiência de comportamentos e de infraestruturas, por exemplo, através do recurso aos

transportes públicos e a bicicletas, da condução ecológica, de maior eficiência no transporte de

mercadorias, da substituição do transporte aéreo e rodoviário de grande carga pelo comboio e do

planeamento mais eficiente das infraestruturas de transportes.

Construção e urbanismo

- Integrar a exploração de energias renováveis nos edifícios como, por exemplo, painéis solares térmicos (produção de água quente), painéis fotovoltaicos ou minigeradores eólicos (microgeração elétrica);

- integrar dispositivos eficientes na aclimatização e no aquecimento das águas, eletrodomésticos classificados com A+++ e usar dispositivos de iluminação mais eficientes (como lâmpadas LED);

- escolher matérias-primas mais duráveis e energeticamente mais eficientes;

- desenvolver e integrar mecanismos de automação e controlo, como, por exemplo, medidores de consumos, sensores, contadores inteligentes, controlos do sistema de climatização e de segurança.

Indústria

- Reduzir as emissões:

1) usando tecnologias de captura e armazenamento de carbono,

2) substituindo os combustíveis fósseis por combustíveis de baixo carbono ou biomassa e

3) recuperando os resíduos para produzir eletricidade e como combustível;

- instalar e utilizar sistemas de vapor, fornos e caldeiras mais eficientes, bem como aumentar a

6 Centrais termoelétricas são instalações onde se produz energia elétrica a partir da queima de combustíveis fósseis (normalmente carvão, petróleo ou gás natural). 7 Centrais de ciclo combinado produzem energia a partir de duas turbinas, uma alimentada pela queima de gás e outra por vapor de água, sendo mais eficientes que as centrais termoelétricas tradicionais.

6

Exemplos de medidas de mitigação

eficiência através da instalação de motores elétricos e de sistemas de controlo eletrónico nas máquinas;

- inovar processos de produção e de construção, utilizar novas abordagens ao desenho de produto e reutilizar ou recuperar materiais antigos (como as estruturas de aço);

- aumentar a disponibilidade de produtos mais duráveis e que possam ser utilizados de forma mais intensiva ou partilhada.

Agricultura, florestas e outros usos do solo

- Reduzir perdas e desperdícios alimentares e mudar dietas alimentares no sentido de serem

utilizados mais produtos cuja produção e transporte envolva menores emissões de GEE;

- conservar e aumentar os reservatórios de carbono existentes, através da redução da desflorestação

e da degradação das florestas, prevenindo e combatendo os incêndios, promovendo a articulação

entre agricultura e silvicultura, incentivando a florestação e a reflorestação e integrando sistemas de

captura do carbono nos solos8;

- reduzir emissões de metano na pecuária e de óxido nitroso na gestão do estrume animal;

- substituir combustíveis fósseis por resíduos agrícolas e florestais, em centrais de produção elétrica, e usar biocombustíveis nos transportes.

Gestão e tratamento da água e dos resíduos

- Utilizar produtos mais duráveis e mudar padrões de consumo;

- produzir eletricidade a partir do biogás resultante da decomposição da matéria orgânica de resíduos sólidos, em aterros sanitários e centros de tratamento de resíduos;

- usar tecnologias mais avançadas de tratamento de águas.

Em Portugal, a estratégia energética nacional implementada promoveu a

diversificação de fontes energéticas, com elevada dependência do uso da

hidroelétrica, seguida da eólica (APA, 2014). Todavia, em 2014, 52,29% da eletricidade

comercializada pela EDP proveio de fonte eólica e 13,65% de fonte hídrica (Origens da

eletricidade, S.d.). Também se promoveu a eficiência energética em diversos setores

económicos e estimulou um maior uso de tecnologias limpas (APA, 2010). Por

exemplo, o Decreto-Lei n.º 118/2013 de 20 de agosto tornou obrigatória a instalação

de painéis solares térmicos nos edifícios novos, sempre que haja exposição solar

adequada. No que concerne ao setor dos transportes, foram feitos investimentos na

modernização de redes e frotas de comboio e metro, em algumas cidades (APA, 2010),

pese embora esse investimento tenha decrescido mais recentemente, devido à crise

financeira e compromissos internacionais nos quais o Estado português se envolveu

(APA, 2014). Foi ainda incentivado o abate de veículos em fim de vida, para que sejam

8 A captura de carbono no solo é um processo pelo qual o CO2 atmosférico é capturado e armazenado no solo. Geralmente é absorvido pelas plantas (durante a fotossíntese), para produzir os seus próprios órgãos (como as raízes e os frutos) e, mais tarde, incorpora o solo sob a forma de húmus (matéria orgânica).

7

trocados por outros mais eficientes (APA, 2010). Já no que diz respeito à agricultura,

florestas e outros usos do solo, em Portugal apostou-se, essencialmente, na

reflorestação e na captura de carbono no solo, no âmbito de atividades agropecuárias

(APA, 2010; APA, 2014).

3.2 Mecanismos de mitigação das alterações climáticas

Em 1979, como resposta a catástrofes climáticas e ambientais das décadas de 1960

e 1970, a World Metorological Organization9 (WMO), o United Nations Environment

Programme10 (UNEP), a Food and Agriculture Organization of the United Nations11

(FAO), a United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization12 (UNESCO) e

a World Health Organization13 (WHO) organizaram a Primeira Conferência Mundial do

Clima, que teve como resultado o lançamento do Programa Mundial para o Clima

(Borrego, Lopes, Ribeiro, Carvalho e Miranda, 2010; UNFCCC, 2014).

Já em novembro de 1988, a WMO e o UNEP criaram o Intergovernmental Panel On

Climate Change (IPCC) que, ainda hoje, produz as avaliações que estão na base das

principais negociações internacionais em matéria de gestão das alterações climáticas,

seus riscos e impactes. O primeiro relatório de avaliação do IPCC, em 1990, declarava

expressamente que as emissões resultantes das atividades humanas estão a aumentar

substancialmente a concentração atmosférica de GEE (Houghton, Jenkins e Ephraums,

1990). Como resultado, no Rio de Janeiro, em 1992, decorreu a Conferência das

Nações Unidas do Ambiente e Desenvolvimento onde foi assinada a UNFCCC, que

vinculou os seus signatários ao estabelecimento de programas nacionais de redução

das emissões de GEE até 2000. Os países que assinaram esta convenção ficaram

conhecidos como as “Partes” e têm assento na Conferência das Partes (CoP) que reúne

anualmente para negociar respostas multilaterais às alterações climáticas. Atualmente,

a UNFCCC e o consequente Protocolo de Quioto constituem o principal

enquadramento legal internacional na base de diversos acordos e mecanismos de

9 Organização Meteorológica Mundial. 10 Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. 11 Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. 12 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. 13 Organização Mundial de Saúde.

8

combate às alterações climáticas. A tabela 2 sintetiza os principais eventos

internacionais pós-Quioto para o combate às alterações climáticas.

Tabela 2 – Principais eventos internacionais pós-Quioto de combate às alterações climáticas.

Ano Evento

1995 Primeira Conferência das Partes (CoP1), em Berlim, para apreciação da segunda avaliação do IPCC, e estabelecimento das bases para o que veio a ser o Protocolo de Quioto.

1997 O Protocolo de Quioto, primeiro tratado mundial que define metas de redução das emissões de seis GEE, é assinado por 83 países.

2005 Entrada em vigor do Protocolo de Quioto, impulsionada pela ratificação da Federação Russa, com a qual se passou a abranger mais de 55% das emissões mundiais de GEE.

2007 Conferência de Bali (CoP13), da qual resultou o Plano de Ação de Bali, organizado em cinco categorias: visão conjunta, adaptação, mitigação, tecnologia e financiamento.

2009 Conferência de Copenhaga (CoP15), de onde resultou o Acordo de Copenhaga, que prevê um investimento significativo dos países desenvolvidos na redução de emissões de GEE.

2010 Conferência de Cancún (CoP16), da qual resultaram os Acordos de Cancún, com a criação de novos mecanismos internacionais de medidas.

2011 Conferência de Durban (CoP17), onde foi mandatado um grupo de trabalho para propor um novo instrumento legal, a estar pronto em 2015, com metas e medidas para 2020.

2012 Conferência de Doha (CoP18), que marca o segundo período dos compromissos do Protocolo de Quioto.

2013 Conferência de Varsóvia (CoP19), que foca as problemáticas da desflorestação, degradação das florestas e perdas e danos devidos aos impactes das alterações climáticas.

IPCC publica a segunda parte do relatório da quinta avaliação, com uma síntese da Ciência das Alterações Climáticas.

2014 Cimeira do Clima, em Nova Iorque, tutelada pelo Secretário-geral das Nações Unidas, onde se prepara a Conferência de Paris.

IPCC publica a segunda parte do relatório da quinta avaliação, com avaliações dos impactes, adaptação, vulnerabilidade e mitigação.

Conferência de Lima (CoP20), que impulsiona negociações para a Conferência de Paris, em 2015.

No final de novembro de 2015, será organizada em Paris a 21ª Conferência das

Partes, com o objetivo de alcançar um compromisso legal e um acordo sobre o clima

que abranja todas as nações do mundo. A grande meta destes compromissos é a

redução das emissões de GEE para limitar o aumento da temperatura média global a

menos de 2°C, em relação a valores pré-industriais. De notar que, na sua última

avaliação, o IPCC projetou que os níveis de emissão estimados para 2020, com base

nos acordos de Cancún, não são consistentes com trajetórias de mitigação

economicamente rentáveis e com alguma probabilidade de alcançar a meta de

limitação do aquecimento global de 2°C (IPCC, 2014a). Por tal, existem grandes

expectativas nas negociações de Paris, que decorrerão no final de 2015.

Muitos dos encontros apresentados na tabela 2 vieram a dar lugar a mecanismos

internacionais de mitigação, que absorvem um elevado investimento dos países para

9

a implementação de medidas de combate às alterações climáticas. Alguns dos projetos

implementados envolvem medidas de mitigação como a produção de eletricidade à

base de fontes renováveis de energia, eficiência energética, reflorestação, entre outros

(Borrego, Lopes, Ribeiro, Carvalho e Miranda, 2010).

Portugal foi um dos países signatários do Protocolo de Quioto. O cumprimento dos

objetivos nacionais baseia-se nos seguintes instrumentos:

1) Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC): conjunto de políticas e

medidas de aplicação setorial;

2) Plano Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão para o período 2008-2012

(PNALE II): definia as condições a que ficaram sujeitas as instalações abrangidas

pelo Comércio Europeu de Licenças de Emissão de GEE (CELE);

3) Fundo Português de Carbono: instrumento financeiro do Estado para o

investimento na redução das emissões de carbono;

4) Roteiro Nacional de Baixo Carbono (RNBC): estudo da viabilidade técnica e

económica de diferentes trajetórias de redução das emissões de GEE, em Portugal,

até 2050, conducentes a uma economia competitiva e de baixo carbono;

5) Programa Nacional para as Alterações Climáticas para o período 2013-2020

(PNAC 2020): visa garantir o cumprimento das metas nacionais de alterações

climáticas para o período 2013-2020, para os setores não abrangidos pelo

Comércio Europeu de Licenças de Emissão, em articulação com o Roteiro Nacional

de Baixo Carbono.

Por fim, são estabelecidos, ao nível nacional, vários Planos Setoriais de Baixo

Carbono, da tutela dos ministérios para as áreas da sua competência.

Certo é que futuras emissões antropogénicas de GEE, continuadas ou reduzidas,

estão dependentes da economia global e de acordos geopolíticos que as limitem, no

sentido de atingir uma mitigação de sucesso.

10

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁGICAS

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Decreto-Lei n.º 118/2013 de 20 de agosto do Ministério da Economia e do Emprego (aprova o Sistema de Certificação Energética dos Edifícios, o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação e o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio e Serviços, e transpõe a Diretiva n.º 2010/31/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de maio de 2010, relativa ao desempenho energético dos edifícios). Diário da República: I Série, Nº 159 (2013). Acedido a 26 de junho, 2015, de: https://dre.pt/application/file/499375

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11

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