módulo iii - jurisdição

5
JURISDIÇÃO - É o poder, função ou atividade de aplicar o direito a um fato concreto, pelos órgãos públicos destinados a tal, obtendo a justa composição da lide (Vicente Greco Filho). - É o poder que o Estado tem, entre as suas atividades soberanas, de formular e fazer atuar praticamente a regra jurídica concreta que, por força do direito vigente, disciplina determinada situação jurídica. (Enrico Túllio Liebman). - É a função do Estado de realizar e declarar, de forma prática, a vontade da lei diante de uma situação jurídica controvertida. (Humberto Theodoro Jr.). A função jurisdicional só atua em casos concretos de conflito de interesses (lide ou litígio) e sempre na dependência da invocação dos interessados, contrariamente, por ex., da função legislativa, que é exercida em abstrato. Lide ou Litígio é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. Sem lide não há interesse de se instaurar uma relação jurídica processual. A Jurisdição é função precípua (própria) do Estado, exercida pelo Poder Judiciário. Modos do exercício da tutela jurisdicional Manifestação dá-se em 03 formas: pela decisão; pela execução e pelas medidas preventivas ou cautelares. - Tutela Jurisdicional de Conhecimento ou de declaração : é aquele que o juiz conhece a lide colocada e a soluciona através da aplicação da lei ao caso concreto, proferindo uma decisão. Instaura um processo, chamado de processo de conhecimento. - Tutela Jurisdicional de Execução : dá força ao comando da sentença caso o vencido não satisfaça sua obrigação espontaneamente. Instaura o processo de execução.

Upload: luciano-fernandes

Post on 23-Jan-2016

217 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

direito processual civil

TRANSCRIPT

Page 1: Módulo III - Jurisdição

JURISDIÇÃO

- É o poder, função ou atividade de aplicar o direito a um fato concreto, pelos órgãos públicos destinados a tal, obtendo a justa composição da lide (Vicente Greco Filho).

- É o poder que o Estado tem, entre as suas atividades soberanas, de formular e fazer atuar praticamente a regra jurídica concreta que, por força do direito vigente, disciplina determinada situação jurídica. (Enrico Túllio Liebman).

- É a função do Estado de realizar e declarar, de forma prática, a vontade da lei diante de uma situação jurídica controvertida. (Humberto Theodoro Jr.).

A função jurisdicional só atua em casos concretos de conflito de interesses (lide ou litígio) e sempre na dependência da invocação dos interessados, contrariamente, por ex., da função legislativa, que é exercida em abstrato.

Lide ou Litígio é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. Sem lide não há interesse de se instaurar uma relação jurídica processual.

A Jurisdição é função precípua (própria) do Estado, exercida pelo Poder Judiciário.

Modos do exercício da tutela jurisdicional

Manifestação dá-se em 03 formas: pela decisão; pela execução e pelas medidas preventivas ou cautelares.

- Tutela Jurisdicional de Conhecimento ou de declaração: é aquele que o juiz conhece a lide colocada e a soluciona através da aplicação da lei ao caso concreto, proferindo uma decisão. Instaura um processo, chamado de processo de conhecimento.

- Tutela Jurisdicional de Execução: dá força ao comando da sentença caso o vencido não satisfaça sua obrigação espontaneamente. Instaura o processo de execução.

- Tutela Jurisdicional Cautelar ou Preventiva: é uma tutela emergencial, que visa assegurar uma situação de perigo para o direito ou interesse do litigante.

Características da jurisdição

1) Substitutiva: pois o Estado substitui a atividade das partes (atividade primária), que estão em conflito na lide, e são proibidas de fazer “justiça pelas próprias mãos”.

No penal, esta característica é absoluta, o que já não ocorre no processo civil, que é possível a autocomposição.

2) Instrumental: torna efetiva e concreta a atuação prática das regras de direito, abstratas e genéricas, previstas no ordenamento jurídico.

Page 2: Módulo III - Jurisdição

3) Definitiva e imutável: impossibilidade da mudança da sentença proferida durante o processo, não admitindo revisão por outro poder, diferentemente das decisões administrativas.(art. 5° XXXVI CF/88).

4) Natureza Declaratória: O Estado, ao exercer a jurisdição, não cria direitos subjetivos, mas tão somente reconhece os direitos preexistentes.

5) Escopo jurídico: é o cumprimento, realização das normas de direito substancial culminando na pacificação social.

6) Lide: a função da jurisdição é a justa composição da lide, buscando um resultado quanto à pretensão deduzida.

Princípios fundamentais:

1) Inércia: a atividade jurisdicional desenvolve-se somente quando provocada. Art. 2° do CPC - Garantia de Imparcialidade do juiz - Ne procedat iudex ex-officio.

Como os direitos subjetivos, em princípio, são disponíveis, podendo ser ou não exercidos, também o acesso aos órgãos jurisdicionais fica entregue ao poder dispositivo do interessado.

Existem exceções a regra da inércia: execução trabalhista; decretação de falência no curso da concordata; abertura de inventário, etc...

2) Inevitabilidade: não se pode opor qualquer instituto para impedir que a jurisdição alcance os seus objetivos e produza os seus efeitos; independe da vontade das partes aceitarem os eventuais efeitos do processo.

3) Indelegabilidade: as atribuições do Judiciário só podem ser exercidas pelos seus respectivos órgãos. O juiz não pode delegar sua atividade à outro, externa ou internamente.

4) Juiz Natural: só pode atuar como juiz quem se enquadre em órgão judiciário previsto de modo expresso em norma jurídica constitucional. Proíbe os tribunais de exceção - art.5°, XXXVII da CF.

5) Duplo Grau de Jurisdição: a parte que não obteve a satisfação de sua pretensão em primeiro grau, pode provocar um novo exame de seu processo por um órgão de segundo grau, diverso daquele que julgou anteriormente. Juízes mais experientes, órgãos colegiados, etc...

6) Investidura: a jurisdição só pode ser exercida por quem dela se ache legitimamente investido.

Page 3: Módulo III - Jurisdição

7) Aderência ao Território: os Magistrados só possuem poder dentro dos limites territoriais, só podendo praticar atos processuais dentro de um determinado limite territorial;

- Cartas (precatórias e rogatórias).

8) Inafastabilidade: também chamado de princípio do controle jurisdicional, visa garantir a todos o acesso ao Poder Jurisdicional, nem mesmo o juiz pode deixar de decidir alegando lacuna ou obscuridade da lei. (art. 5° XXXV – art. 126 CPC).

Espécies de jurisdição

Embora a atividade jurisdicional seja una, tendo em vista o princípio da divisão do trabalho e a diferença de matéria jurídica a ser manipulada pelo juiz, didaticamente se fala em espécies de jurisdição.

Quanto à matéria: (conforme a natureza da pretensão)

- Penal: versa sobre as lides de natureza penal, que são reguladas pelo direito penal, sendo o instrumento de composição o processo penal;

- Especial: versa sobre as lides de natureza especial, ou seja, trabalhista, militar penal e eleitoral;

- Civil: por exclusão, que versa sobre lides de natureza não penal, excluídas as lides especiais, cujo instrumento é o processo civil.

A Jurisdição Penal e Civil formam a chamada Jurisdição Comum, ao lado da Jurisdição Especial.

OBS: relacionamento entre a jurisdição civil e penal: não é possível isolar completamente uma relação jurídica da outra (civil e penal);

ato ilícito (sanção civil e penal);

suspensão prejudicial (do processo-crime para solução do cível; do processo cível para solução do crime);

prova emprestada.

Quanto ao grau em que é exercida: (Princípio do duplo grau de jurisdição)

- Jurisdição Inferior: exercida pelo primeiro órgão a conhecer da causa submetida ao Estado-juiz. Fala-se em competência originária; (1a. Instância);

- Jurisdição Superior: exercida pelo órgão que conhece da causa em grau de recurso. Fala-se em competência recursal. (2a. Instância); (competência originária dos Tribunais);

Page 4: Módulo III - Jurisdição

Jurisdição voluntária   ou contenciosa:

Contenciosa:

A parte busca obter uma determinação judicial que obrigue a parte contrária.

A sentença sempre favorece uma das partes em detrimento da outra, já que ela decide um conflito entre ambas.

Pede-se ao juiz que dê uma decisão, solucionando um conflito de interesses, que lhe é posto, diretamente, para julgamento.

Voluntária:

Busca uma situação que valha para ela mesma.

É possível que a sentença beneficie as duas partes.

A questão apresentada não é posta diretamente em juízo para apreciação judicial.

A jurisdição voluntária não serve para que o juiz diga quem tem razão, mas para que tome determinadas providências que são necessárias para a proteção de um ou ambos os sujeitos da relação processual.