modulo 2 - efeitos de substancias psicoativas

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  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

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    Sistema para detecção do

    Uso abusivo e dependência de substâ

    Psicoativas:

    Encaminhamento, intervenção breve,

    Reinserção social e

    Acompanhamento

    Efeitos de

    substâncias

    psicoativas

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     MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

    Secretara Nacona de Pocas sobre Drogas

    Módulo 2

    Efetos das substâncas pscoavas

    9ª Edição

    BrasaMJ

    2016

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    Módulo 2

    Efetos de substâncas pscoavas

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     MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

    Secretara Nacona de Pocas sobre Drogas

    Módulo 2

    Efetos das substâncas pscoavas

    9ª Edição

    BrasaMJ

    2016

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

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      E27

    Efetos de substâncas pscoavas: móduo 2. – 9. ed. – Brasa: Secretara Nacona de

    Pocas sobre Drogas, 2016.146 p. – (SUPERA: Sstema para detecção do Uso abusvo e dependênca de

    substâncas Pscoavas: Encamnhamento, ntervenção breve, Renserção soca eAcompanhamento / coordenação [da] 9. ed. Mara Luca Overa de Souza Formgon)

    ISBN 978-85-5506-032-8

    1. Drogas – Uso – Abuso I. Formgon, Mara Luca Overa de Souza II. Bras. Secretara Nacona de Pocas sobre Drogas III. Sére.

    CDD – 613.8

    SUPERA - Sstema para detecção do Uso abusivo

    e dependência de substâncias Pscoavas:

    Encamnhamento, ntervenção breve, Renserção soca

    e Acompanhamento.

    Projeto orgna de Paulina do Carmo Arruda Vieira

    Duarte e Mara Luca Overa de Souza Formgon

    © 2016 SENAD. Departamento de Pscobooga e

    Departamento de Informáca em Saúde – UnversdadeFedera de São Pauo (UNIFESP), Assocação Fundo de

    Incenvo à Pesqusa (AFIP)

    Secretara Nacona de Pocas sobre Drogas (SENAD)

    Luz Guherme Mendes de Pava (Secretáro Execuvo)

    Leon de Souza Lobo Garca (Dretor de Arcuação e

    Coordenação de Pocas sobre Drogas)

    Unversdade Federa de São Pauo

    Soraya Soubh Sma (Retora)

    Vaéra Petr (Vce-Retora)Fundação de Apoo à UNIFESP (FapUnfesp)

    Jane Zveter de Moraes (Presdente)

    INFORMAÇÕES

    Secretara Nacona de Pocas sobre Drogas (SENAD)

    Espanada dos Mnstéros, Boco T, Anexo II, 2º andar,

    saa 213 – Brasa/DF. CEP 70604-000 www.senad.gov.br

    Unversdade Federa de São Pauo (UNIFESP)

    Undade de Dependênca de Drogas (UDED) da

    Dscpna de Medcna e Socooga do Abuso de Drogas

    do Departamento de Psicobiologia

    Rua Napoeão de Barros, 1038 – Va Cemenno/SP

    CEP 04024-003

    Quaquer parte desta pubcação pode ser reproduzda,

    desde que ctada a fonte.

    Dsponve em:

    Edção: 2016

    EQUIPE EDITORIAL

    Coordenação UNIFESP

    Mara Luca Overa de Souza Formgon –

    Coordenadora Gera, Supervsão Técnca e Cenica

    Ana Regna Noto Fara – Vce-Coordenadora

    Revsão de Conteúdo

    Equpe Técnca – SENAD

    Dretora de arcuação e Coordenação de Pocassobre Drogas

    Coordenação Gera de Pocas de Prevenção,

    Tratamento e Renserção Soca – SENAD

    Equpe Técnca – FapUnfesp e AFIP

    Keth Machado Soares

    Yone G. Moura

    Desenvovmento da Tecnooga de Educação a

    Dstânca

    Fabrco Land de MoraesEqupe de Apoo TI (FapUnfesp)

    Fabo Land, Otávo Perera, Thago Kadooka

    Projeto Gráico Orgna

    Sva Cabra

    Dagramação e Desgn

    Marca Omor

    Revsão Ortográica e Gramaca

    Emne Kzahy Barakat

    LINHA DIRETA SUPERA

    0800 771 3787

    Homepage: www.supera.senad.gov.br

    e-ma: [email protected]

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

    9/146

    EFEITOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVASMódulo

    2

    Sumário

    Introdução do módulo ......................................................................................................................11

    Objevos de ensno  ...........................................................................................................................12

    Capítulo 1 - Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitos biológicos comunsàs drogas de abuso .................................................................................................................... 13

    O cérebro e o meo ambente na vunerabdade à dependênca de substâncas ............................14

    Um pouco de hstóra  ........................................................................................................................14

    Sstema de recompensa cerebra  ......................................................................................................15

    Aspectos comportamentas reaconados ao consumo de drogas de abuso ....................................18Aspectos neuroboógcos reaconados ao processo de absnênca da droga ................................20

    Fssura (Craving) ................................................................................................................................20

    Pape do ambente e da genéca  ......................................................................................................21

    Avdades  ..........................................................................................................................................24

    Bbograia  ........................................................................................................................................26

    Capítulo 2 - Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos): efeitos agudos e crônicos ... 29

    Benzodazepncos  .............................................................................................................................30

    Soventes ou naantes  ......................................................................................................................32

    Opáceos  ............................................................................................................................................38

    Avdades  ..........................................................................................................................................41

    Bbograia  ........................................................................................................................................43

    Capítulo 3 - Álcool: efeitos agudos e crônicos ........................................................................... 45

    Ácoo é uma droga pscotrópca .......................................................................................................46

    Bebdas acoócas e seus efetos no organsmo ................................................................................49

    Ácoo e bebdas energécas .............................................................................................................54

    Ácoo e trânsto  ................................................................................................................................55

    Ácoo e nves de gcema  ................................................................................................................56

    Ácoo e gravdez  ...............................................................................................................................62

    Dependênca de ácoo  ......................................................................................................................64

    Avdades  ..........................................................................................................................................66

    Bbograia  ........................................................................................................................................68

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

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    EFEITOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVASMódulo

    2

    Captuo 4 - Drogas esmuantes (anfetamnas, cocana e outros): efetos agudos e crôncos ...71

    Cocana  ..............................................................................................................................................72Anfetamnas  ......................................................................................................................................74

    Ncona  .............................................................................................................................................80

    Avdades  ..........................................................................................................................................82

    Bbograia  ........................................................................................................................................84

    Capítulo 5 - Crack: um capítulo à parte... .................................................................................. 87

    O que é o crack?  ................................................................................................................................88

    Epdemooga  ....................................................................................................................................89

    A ação da droga no Sstema Nervoso Centra ...................................................................................90Danos íscos  ......................................................................................................................................91

    Danos psqucos  .................................................................................................................................96

    Abordagens terapêucas  ..................................................................................................................97

    Avdades  ........................................................................................................................................104

    Bbograia  ......................................................................................................................................106

    Capítulo 6 - Drogas perturbadoras (maconha, LSD-25, êxtase e outros): efeitos agudos e crônicos 111

    Drogas perturbadoras  .....................................................................................................................112

    Indócos (LSD, psocbna e DMT) ..................................................................................................113

    FEAs – Feneamnas (mescana e êxtase) ...................................................................................115

    Anconérgcos  ...............................................................................................................................118

    Anestéscos dssocavos (fenccdna e ketamna) ........................................................................119

    Canabnodes – maconha ................................................................................................................119

    Avdades  ........................................................................................................................................123

    Bbograia  ......................................................................................................................................125

    Capítulo 7 - Problemas médicos, psicológicos e sociais associados ao uso abusivo de álcool e outras

    drogas .................................................................................................................................... 127Probemas assocados ao uso de substâncas .................................................................................128

    Carga goba do uso de ácoo e outras drogas ................................................................................129

    Probemas socas  ............................................................................................................................131

    Probemas psqucos e comorbdades .............................................................................................134

    Repercussões médcas do uso abusvo de ácoo e outras drogas ..................................................134

    Avdades  ........................................................................................................................................141

    Bbograia  ......................................................................................................................................143

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    EFEITOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVASMódulo

    2

    Introdução do módulo

    Sabe-se hoje que fatores neuroboógcos nluencam de forma mportante tanto o nco

    quanto a manutenção dos sntomas da dependênca de substâncas pscotrópcas. Este

    Móduo traz a você nformações sobre as estruturas cerebras, os mecansmos de reforço

    e recompensa, as nluêncas do ambente e da genéca na dependênca. Em seguda você

    conhecerá os prncpas efetos das drogas pscotrópcas. Aás, você conhece a deinção

    de drogas e sabe qua a dferença entre droga pscoava e pscotrópca? Vamos recordar:

    “Droga”, segundo a Organzação Munda de Saúde (OMS) é: quaquer substânca que é

    capaz de modicar a função dos organsmos vvos, resutando em mudanças isoógcas

    ou de comportamento. Aqueas que modicam a avdade do Sstema Nervoso Centra,aumentando-a (esmuantes), reduzndo-a (depressoras) ou aterando nossa percepção

    (perturbadoras) são chamadas de pscoavas. Dentre as drogas pscoavas agumas são

    procuradas (“tropsmo”) peos seus efetos prazerosos, podendo evar ao seu uso abusvo

    ou dependênca – estas são chamadas de pscotrópcas.

    No Captuo sobre drogas depressoras, você saberá quas são, seus efetos, snas e sntomas.

    Dentre eas são destacados os opáceos, muto mportantes na medcna peo seu poder

    anagésco. Um Captuo ntero deste Móduo é dedcado ao ácoo, já que esta é uma droga

    cta, mas cujo uso abusvo consste em um grave probema de saúde púbca.

    Na sequênca são apresentadas as drogas esmuantes, como a cocana, as anfetamnas e a

    ncona, e as drogas perturbadoras, como a maconha, LSD-25, êxtase e outras, e quas são

    seus efetos agudos e crôncos.

    Os probemas causados peo uso do crack não são muto dferentes daquees causados

    peo uso abusvo de outras drogas. No entanto, o rápdo aumento do seu consumo entre

    cranças, adoescentes e adutos, prncpamente entre aquees em stuação de rua, no Bras,

    tem pressonado governos e a socedade cv para o desenvovmento e a mpementação

    de ações terapêucas efevas. Assm, um Captuo ntero deste Móduo traz desde a

    epdemooga do crack até as abordagens terapêucas mas recentes.

    Este Móduo é encerrado com uma descrção dos probemas médcos, pscoógcos e socas

    assocados ao uso abusvo do ácoo e outras drogas.

     

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    EFEITOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVASMódulo

    2

    Objetivos de ensino

    Ao fna do móduo, você será capaz de:

    9 Descrever o modo de ação das prncpas drogas pscoavas, seus efetos

    agudos e crôncos;

     9 Concetuar e ctar exempos de drogas esmuantes, depressoras e

    perturbadoras do Sstema Nervoso Centra (SNC);

     9 Deinr os mecansmos de reforço e recompensa das drogas de abuso;

     9 Idenicar os prncpas efetos agudos e crôncos das drogas de abuso no SNC

    e em outros sstemas orgâncos;

     9 Enumerar os prncpas probemas médcos, pscoógcos e socas assocados

    ao uso abusvo das drogas de abuso.

    Capítulos

    1. Neurobooga: mecansmos de reforço e recompensa e os efetos boógcos

    comuns às drogas de abuso

    2. Drogas depressoras (benzodazepncos, naantes, opáceos): efetos agudos e

    crôncos

    3. Ácoo: efetos agudos e crôncos

    4. Drogas esmuantes (cocana, anfetamnas e outros): efetos agudos e crôncos

    efetos agudos e crôncos

    5. Crack: um captuo à parte...

    6. Drogas perturbadoras (maconha, LSD-25, êxtase e outros): efetos agudos ecrôncos

    7. Probemas médcos, pscoógcos e socas assocados ao uso abusvo de ácoo

    e outras drogas

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    EFEITOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVASMódulo

    2

    Neurobiologia: mecanismos de reforço

    e recompensa e os efeitos biológicoscomuns às drogas de abuso

    TÓPICOS

     9 O cérebro e o meio ambiente na vulnerabilidade à

    dependência de substâncias 9 Um pouco de história

     9 Sistema de recompensa cerebral

     9 Aspectos comportamentais relacionados ao consumo dedrogas de abuso

     9 Aspectos neurobiológicos relacionados ao processo deabstinência da droga

     9 Fissura (Craving)

    9Papel do ambiente e da genética

     9 Atividades

     9 Bibliografia

    Capítulo

    1

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    14/146

    aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão

    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

    4SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    O cérebro e o meio ambiente navulnerabilidade à dependência desubstâncias

    Muito provável que você já tenha se perguntado algum dia: Por que algumas pessoas setornam dependentes de substâncias psicoativas e outras não?

    A dependência de substâncias pode ser entendida como uma alteração cerebral

    (neurobiológica) provocada pela ação direta e prolongada de uma droga de abuso no

    encéfao. Essas aterações são nluencadas por aspectos ambentas (socas, cuturas,

    educaconas), comportamentas e genécos.

    Ao ongo do tempo, mutas deas dferentes sobre esse assunto foram dvugadas. Hoje, é

    possve airmar que exstem város fatores envovdos nesse processo, como se pode ver

    na igura abaxo:

    Fatores que influenciam no desenvolvimento da dependência de drogas

    Um pouco de históriaEm meados do sécuo XIX, agumas teoras sobre movação airmavam que o comportamento

    dependente resutava de “nsntos subconscentes”. Contudo, nenhuma dessas teoras

    consegua expcar adequadamente todos os eementos envovdos na dependênca de

    substâncas, ncundo os aspectos pscoógcos e neuroboógcos. Fo no nco da década

    de 40, no sécuo passado, que surgu uma nova expcação para a dependênca, abrangendo

     As teorias diferemquanto ao peso

    atribuído aos fatoresque influenciam o

    estabelecimento dadependência de drogas.

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

    15/146Módulo 2 | O uso de substâncias psicoativas no Brasil

    aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão

    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

    concetos tanto da pscooga como da psquatra. Essa teora, chamada de “teora do

    reforço”, fo testada em aboratóros de pesqusa. Um trabaho ponero, reazado porSpragg, demonstrou que chmpanzés se admnstravam drogas vountaramente.

    Após receberem repedamente drogas opodes, os chmpanzés “pedam a droga” ao

    pesqusador – sto é, assumam a posção própra para receber as njeções da droga,

    contrarando o esperado de seus comportamentos nsnvos programados genecamente.

    Isso aguçou a curosdade da comundade cenica por esse tema.

    Ods e Mner, em 1954, observaram que ratos com eetrodos (ios eétrcos) ntroduzdos

    em certas regões profundas do cérebro “trabahavam” (sto é, baam as patas em barras,

    como observado na igura abaxo) para receber um esmuo eétrco naquea regão. Ees

    apresentavam o comportamento de “autoesmuação” de forma tão exagerada que, àsvezes, dexavam de comer e dormr. Observou-se que somente um número mtado de

    regões cerebras desencadeava tas comportamentos. As esmuações eétrcas nessas

    regões também fazam com que os anmas apresentassem comportamentos naturas de

    consumo de água e comda, mpcando em sensações

    de recompensa e movação.

    Os censtas descobrram que as mesmas regões

    cerebras que provocavam “autoesmuação” também

    são as regões avadas peas drogas de abuso.

    As principais vias neurais envolvidas nesse circuito

    movacona são as vas mesombca e mesocorca.

    As drogas de abuso esmuam as mesmas regões do

    cérebro que nduzem autoesmuação eétrca em

    anmas e que são avadas em stuações prazerosas.

    Sistema de recompensa cerebralCada droga de abuso tem o seu mecansmo de ação parcuar, mas todas eas atuam, dreta ou

    ndretamente, avando uma mesma regão do cérebro: o sstema de recompensa cerebra.

    Esse sstema é formado por crcutos neuronas responsáves peas ações reforçadas posva

    e negavamente. Quando nos deparamos com um esmuo prazeroso nosso cérebro ança

    um sna (aumento de dopamna – mportante neurotransmssor do SNC (Sstema Nervoso

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

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    aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão

    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

    6SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    Centra) – no núceo accumbens – região central do sistema de recompensa e importante

    para os efeitos das drogas de abuso).Normamente exste um aumento de dopamna com esmuos prazerosos: comda, avdade

    sexua, esmuos ambentas agradáves, como ohar para uma pasagem bonta ou escutar

    uma músca da qua gostamos. As drogas de abuso agem no neurônio dopaminérgico

    (representado na igura abaxo), nduzndo um aumento brusco e exacerbado de dopamna

    no núcleo accumbens, mecansmo comum para pracamente todas as drogas de abuso. 

    Esse sna é reforçador, assocado a sensações de prazer, fazendo com que a busca pea

    droga se torne cada vez mas prováve.

    Neurôno dopamnérgco da va mesombca, que parte da área tegmentar ventra (ado esquerdo da igura) e nerva o

    núceo accumbens (ado dreto da igura).

    Inúmeros estudos demonstraram que as drogas de abuso ou esmuos ambentas naturas

    (comer, beber água, fazer sexo, ouvr uma boa músca), reconhecdos peo organsmo como

    prazerosos, geram mudanças no cérebro, mas precsamente nas substâncas qumcas

    chamadas “neurotransmssores”, responsáves pea comuncação entre os neurônos.

    As drogas de abuso agem sobre mutas estruturas do SNC, mas a ação sobre o sstema

    mesombco e o sstema mesocorca, que juntos constuem o sstema de recompensa

    cerebra, é de fundamenta mportânca.O sstema mesombco (seta em verde na igura a segur) é composto por projeções

    dopamnérgcas que partem da área tegmentar ventra e chegam, prncpamente, ao

    núceo  accumbens. A área tegmentar ventra é onde se ocazam os corpos neuronas

    dopaminárgicos; a mesma também é responsável pelas projeções desses neurônios para

    as demas estruturas do sstema de recompensa e o núceo accumbens é responsável pelo

    aprendzado e pea movação, bem como pea vaorzação de cada esmuo. É mportante

    tanto com o sistema límbico (associado às emoções)como com os principais centros responsáveis pela

    memória (amígdala e hipocampo).

    Sistema derecompensa

    cerebral: caracterizado por

    seus componentescentrais (núcleo

    accumbens , áreategmentar ventral e

    córtex pré-frontal)e seu envolvimento

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

    17/146Módulo 2 | O uso de substâncias psicoativas no Brasil

    aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão

    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

    saentar que exstem projeções dopamnérgcas para outras estruturas cerebras, tas como

    o hpocampo, estrutura assocada com aprendzagem e memóra espacas; e a amgdaa,estrutura responsáve peo processamento do conteúdo emocona de esmuos ambentas.

    O sstema mesombco  está relacionado ao mecanismo de condicionamento ao uso da

    substânca, bem como à issura, à memóra e às emoções gadas ao uso.

    O sstema mesocorca  (seta em azu-caro na igura abaxo) é composto pea área

    tegmentar ventra, peo córtex pré-fronta, peo gro do cnguo e peo córtex orbtofronta.

    O córtex pré-fronta é responsáve peas funções cognvas superores e peo controe do

    sequencamento de ações. O gro do cnguo, por estar ocazado acma do corpo caoso,

    tem conexões com dversas outras estruturas do sstema mbco e tem as seguntes funções:

    atenção, memóra, reguação da avdade cognva e emocona; o córtex orbtofronta éresponsáve peo controe do mpuso e da tomada de decsão. Portanto, as aterações que

    ocorrem no sstema mesocorca em decorrênca do consumo de substâncas pscoavas

    estão reaconadas com os efetos de substâncas pscoavas, compusão e perda do controe

    para o consumo de drogas.

    Representação de um corte sagital médio do encéfalo humano com a marcação das principais áreas do sistema de

    recompensa cerebral. O sistema dopaminérgico mesolímbico está representado pela seta em verde e o sistema

    dopamnérgco mesocorca está representado pea seta em azu-caro.

     

    Ambos os sstemas, mesombco e mesocorca, reaconam-se, funconando paraeamenteentre s e com as demas estruturas cerebras e coniguram o sstema de recompensa

    cerebral.

    A dopamna é o prncpa neurotransmssor presente no sstema de recompensa cerebra,

    porém não é o únco responsáve por sua ação. Neurotransmssores como a serotonna,

    noradrenana, gutamato e o GABA são responsáves pea moduação do SNC e também

    estão presentes no sistema de recompensa.

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

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    aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão

    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

    SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    A ação das drogas de abuso sobre o sistema de recompensa

    cerebral pode levar ao desenvolvimento da dependência.

     

    Aspectos comportamentais relacionadosao consumo de drogas de abuso

    O termo reforço, bastante usado nessa área, refere-se a um esmuo que fará com que um

    determnado comportamento ou resposta se repta, devdo ao prazer que causa (reforço

    posvo), ao “desprazer ” ou desconforto que ava (reforço negavo).

    Por exempo: quando você come uma comda decosa (por exempo, um bombom de

    chocoate), mesmo sem estar com fome, a comda é um reforço posvo. Quando você

    come uma comda de que não gosta, somente porque está com muta fome e aquea é a

    únca comda dsponve, a comda é um reforço negavo, porque ava uma sensação rum,

    de desconforto – a fome.

    Como as drogas de abuso aumentam a beração de dopamna no núceo accumbens, as

    pessoas podem usar drogas porque querem ter uma sensação de bem-estar, de aegra

    (reforço posvo).

    Mas as pessoas também podem usar drogas porque estão trstes, deprmdas ou ansosas

    e querem avar essas sensações runs – nesse caso, procuram a droga por seu poder

    reforçador negavo. Essa propredade reforçadora da droga, causando prazer ou avando

    sensações runs (por exempo, a sndrome de absnênca na ausênca da droga), aumenta a

    chance da reuzação da droga.

    O uso repedo de drogas de abuso produz aterações no SNC que podem evar às ateraçõescomportamentas (toerânca e/ou sensbzação). Essas aterações comportamentas

    contrbuem para aumentar a “saênca” do ncenvo e o “desejo de consumr mas drogas”.

    Quando uma droga é admnstrada repedamente e não provoca mas o mesmo efeto, ou

    é precso aumentar a dose para ter a mesma sensação, dz-se que a pessoa está “tolerante” 

    àquee efeto da droga. Esse fenômeno, a tolerância, é comumente encontrado nas

    pessoas que se tornaram dependentes das drogas. Isso é reavamente comum com drogas

    depressoras, como benzodazepncos, barbtúrcos e atas doses de ácoo.

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

    19/146Módulo 2 | O uso de substâncias psicoativas no Brasil

    aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão

    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

    Lembre-se:

     9 Perda de tolerância: após perodo de absnênca, a toe-

    rânca pode ser perdda, evando a overdoses acdentas.

     9 Reaquisição da tolerância: após o período de “perda de

    toerânca”, a reaqusção ocorre de manera mas rápda

    que a aquisição inicial.

     9 Sndrome de Absnênca: Na AUSÊNCIA da droga, mutas

    dessas adaptações se tornam disfuncionais e podem

    desencadear uma sére de sntomas, em gera, opostosaos efetos agudos da droga e que podem ser reverdos

    pea admnstração de novas quandades de droga. As

    adaptações evam a um novo estado de equbro, mas às

    custas de aterações mportantes em mutos sstemas, que

    são funcionais SOB a ação da droga, mas dsfunconas na

    ausência da droga.

    Outras substâncias podem desencadear um efeito inverso ao da tolerância – ao invés de

    uma redução do efeto ocorre um aumento do efeto após repedas admnstrações. Esse

    processo é chamado de sensbzação e ocorre com drogas esmuantes, como anfetamna

    e cocana, ou com doses baxas de ácoo. Sabe-se que a toerânca e a sensbzação estão

    reaconadas, peo menos em parte, com a forma de uso da droga (ntervao entre as doses

    e via de uso).

    Veja no gráico como podem ser mostradas a toerânca e a sensbzação aos efetos das

    drogas.

    Para alguns efeitos (em geral depressores) ocorre

    toerânca, mas para outros (esmuantes da avdade

    locomotora, por exempo) ocorre sensbzação.

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

    20/146

    aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão

    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

    SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    A sensbzação pode ser mensurada de forma comportamenta peo aumento progressvo

    dos efetos motores (e ocomotores) causados pea admnstração repeda das drogas deabuso. Veja na igura abaxo.

    Sensbzação: a mesma dose inicial passa a

    desencadear um efeito inicial maior.

     

    Aspectos neurobiológicos relacionadosao processo de abstinência da droga

    Nos estados de absnênca das drogas de abuso, em gera, a pessoa apresenta sntomasopostos aos observados quando ea está sob o efeto agudo das drogas. Nesses casos,

    observa-se uma “ depleção” dos nves de dopamna (sto é, uma redução mportante devda

    ao excesso de beração que ocorreu durante o uso da droga), prncpamente no núceo

    accumbens.  Provavelmente isso desencadeie um forte desejo  (issura) de usar a droga

    novamente.

    Fissura (Craving )Esse fenômeno é descrto como um desejo urgente e quase ncontroáve de usar a substânca,

    que nvade os pensamentos do usuáro de drogas, aterando o seu humor e provocando

    sensações íscas e modicação do seu comportamento. Város estudos reatam que a issura

    está gada tanto a desencadeadores externos (a própra droga, ocas ou stuações de uso)

    como nternos (humor deprmdo, ansedade). Pesqusas de neuromagem – por tomograia

    computadorzada com emssão de fóton únco (SPECT), tomograia por emssão de póstron

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

    21/146Módulo 2 | O uso de substâncias psicoativas no Brasil

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    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

    (PET) ou ressonânca magnéca funcona (FMRI) – anasaram a issura uzando vdeos

    com magens reaconadas à droga e compararam com vdeos neutros e/ou com esmuoserócos, cenas trstes ou aegres. Observou-se que, em agumas regões cerebras, usuáros

    crôncos de cocana têm o luxo sanguneo dmnudo (avaado na SPECT), e esse dado é

    semehante aos observados em agumas aterações psquátrcas, como pscose e mana.

    Observou-se que tanto o uso agudo como o uso crônco de drogas provocam mudanças na

    função cerebra, e que eas persstem por ongo tempo após a rerada da substânca. Essas

    modicações manfestam-se na avdade metabóca, na sensbdade e quandade de

    receptores snápcos, e na expressão gênca, gerando dferentes respostas aos esmuos

    ambientais.

    Papel do ambiente e da genética

    MECANISMOS DE APRENDIZADO E MEMÓRIA

    Agumas das questões mas dscudas peos estudosos da área são:

     9 Quas são e como ocorrem as transformações boógcas na dependênca de

    drogas?

     9 De que forma essas aterações são “gravadas” no cérebro a ponto de modicar

    o comportamento do animal ou da pessoa mesmo após a cessação do efeito da

    substância?

    Os mecansmos moecuares que se reaconam com os efetos das drogas de abuso, a ongo

    prazo, podem ser dvddos em duas casses prncpas: as adaptações homeostácas e o

    aprendzado assocavo.

     9 As adaptações homeostácas são as respostas compensatóras das céuas à

    exposção repeda à droga de abuso.

     9 O aprendzado assocavo representa aterações permanentes ou de ongoprazo que ocorrem na snapse (regão especazada para a comuncação entre

    os neurônios) e que contêm códgos que armazenam nformações especicas,

    atuando como uma “memóra ceuar”.

    Há város ndcos de que esmuos ambentas podem aterar o rsco de usar drogas. É o

    que se chama de “condconamento” ao ambente. Por exempo: quem tem um anma de

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

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    aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão

    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

    SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    esmação, um cachorro, percebe que o smpes fato de pegar a vasha na qua se coocará a

    comda do anma, ou evantar da mesa de refeções, faz com que o cachorro se agte e corrapara o oca no qua se costuma dar a comda, “antecpando” a recompensa.

    Com as drogas de abuso acontece coisa parecida:

    A smpes vsão do oca no qua o usuáro costumava usar a droga pode esmuar a vontade

    de usá-a, porque ocorreu uma assocação entre o ambente e o efeto da droga. Outro

    ndco da mportânca do ambente é o pape do estresse na dependênca, que costuma

    esmuar o uso de drogas. É muto comum ver em imes e noveas pessoas usando bebdas

    acoócas para “reaxar”, para dar com estresse. Parte desse comportamento é socamente

    “aprenddo” e outra parte é uma assocação entre o efeto ansoco (redutor da ansedade)

    de agumas drogas e a stuação estressante. Por outro ado, aguns estudos mostraram que

    certas condções ambentas, como vver em um ambente rco em esmuos posvos,

    com acesso a mas recursos ou estresse dmnudo, podem reduzr a autoadmnstração de

    drogas. O hábito de consumo de álcool por determinadas famílias também pode ser um

    fator de risco ao desenvolvimento de dependência.

    GENÉTICA

    Os fatores genécos desempenham outro pape mportante no desenvovmento da depen-

    dência química. Estudos epidemiológicos têm estabelecido há muito tempo que o alcoolis-mo, por exempo, possu um componente familiar preponderante, com uma esmava de

    40% a 60% do rsco para o desenvovmento desse transtorno. Parte dessa nluênca é dev-

    da a caracterscas herdadas por meo dos genes. Como exempo: predsposção genéca a

    agumas doenças psquátrcas ou o nve de prazer sendo peo consumo da droga podem

    estar associados ao desenvolvimento de dependência.

    O fato de exsr uma nluênca genéca, uma maor

    vunerabdade, NÃO sgnica que a dependênca de ácooseja competamente herdada, que seja ago pré-determnado.

    Entretanto, pessoas com hstóra famar de dependênca

    devem ser alertadas para o fato de que têm maior risco de

    desenvolverem um problema semelhante aos pais do que a

    população em geral.

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

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    aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão

    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

    Estudos sobre a nluênca de fatores genécos no desenvovmento do acoosmoencontraram uma reação entre a gravdade da dependênca e a presença do aeo A1

    do receptor DRD2 de dopamna (BLUM et a, 1990). Isto é, pessoas com esse aeo está

    assocado à baxa responsvdade à dopamna e teram maor chance de desenvover

    quadros graves de dependênca de ácoo, e sso parece ter reação com seus nves basas

    mas baxos de dopamna. Aém dsso, há mutos estudos sobre a nluênca de outros genes

    na dependência de álcool.

    PARA FINALIZAR!

    Segundo aguns autores, a maora dos aspectos neuroboógcos (estudados neste Captuo)

    das dependêncas pode ser resutante da desreguação dos mecansmos moecuares, gados

    à memóra de ongo prazo, que futuramente poderão ser modicados por medcações

    especicas. Já os comportamentos aterados, decorrentes dessa desreguação, podem

    com frequênca ser suprmdos, peo menos por um perodo, por mecansmos de controe

    que requerem funções do córtex fronta (através da ógca e da razão) e que podem ser

    trenados peas técncas de tratamento pscoterápcas. Contudo, devdo à natureza desses

    comportamentos e à ntensdade das mudanças boógcas assocadas, não é surpreendente

    que, apesar dos esforços, ocorram recadas.

    As pesqusas no campo da dependênca de substâncas evouram muto nos úmos 30 anos,

    principalmente em relação aos aspectos comportamentais e neurobiológicos envolvidos

    na busca e no consumo de drogas, e já trouxeram grandes descobertas, como agumas

    medcações que ajudam a dmnur a issura peas drogas. É prováve que nos próxmos anos

    novos estudos, prncpamente sobre o pape das mudanças nas expressões gêncas e os

    mecansmos moecuares da memóra, tragam novas formas de abordagem desse compexo

    transtorno.

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    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

    4SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    Atividades

    REFLEXÃO

    Como o entendmento das aterações neuroboógcas pode ajudar no desenvovmento

    de novas formas de intervenção?

    TESTE SEU CONHECIMENTO

    1. Em relação ao sistema de recompensa cerebral é CORRETO  airmar que:

    a) É formado por uma únca va neurona.

    b) Consste somente na beração de dopamna, neurotransmssor responsáve pea

    sensação de prazer e bem-estar.

    c) O sstema mesombco e o sstema mesocortca fazem parte dee.

    d) É atvado apenas por drogas pscoatvas.

    2. Dependência de drogas de abuso é considerada:

    a) Uma ateração cerebra nfuencada por fatores ambentas, afetando o

    comportamento.

    b) Apenas um problema de personalidade.

    c) Uma questão genétca.

    d) Um probema educacona e cutura.

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    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

    3. Em reação ao fenômeno da toerânca ao efeto da droga de abuso, podemos airmar

    que:a) O indíviduo sempre precisa da mesma quantidade da droga para sentir seus

    efeitos.

    b) Durante a abstnênca pode ocorrer uma rápda perda de toerânca, o que é

    perigoso nos episódios de recaída.

    c) A tolerância só ocorre em casos de uso esporádico da droga de abuso.

    d) Não exste assocação entre os processos de dependênca e toerânca.

    4. Assnae verdadero (V) ou faso (F):

    ( ) A fissura ocorre devido a alterações neurobiológicas no cérebro de dependentes

    químicos.

    ( ) Quando a fssura acontece, não há como evtar, o únco desfecho é a recada.

    ( ) Exstem técncas cogntvo-comportamentas que podem ser ensnadas ao

    paciente para que ele enfrente melhor a fissura e evite uma recaída.

    ( ) O uso de pscofármacos também é út para ajudar a dmnur a fssura em aguns

    pacientes.

     

    A aternava CORRETA é:

    a) V V V F.

    b) F V V V.

    c) V F V V.

    d) F V V F.

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    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

    6SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    Bibliografia

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  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

    27/146Módulo 2 | O uso de substâncias psicoativas no Brasil

    aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão

    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

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  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

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    aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, Félix Kessler, Flávio Pechansky, Carmen Florina Pinto Baldisserotto, Karina Possa Abrahão

    Neurobiologia: mecanismos de reforço e recompensa e os efeitosbiológicos comuns às drogas de abuso

    Capítulo

    1

    SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

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    EFEITOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVASMódulo

    2

    Drogas depressoras (benzodiazepínicos,

    inalantes, opiáceos): efeitos agudos ecrônicos

    TÓPICOS

     9 Benzodiazepínicos

     9 Solventes ou inalantes 9 Opiáceos

     9 Atividades

     9 Bibliografia

    Capítulo

    2

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    oseli Boerngen de Lacerda, Luiz Avelino de Lacerda, José Carlos Fernandes Galduróz

    Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos

    Capítulo

    2

    SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    Benzodiazepínicos

    São ndcados terapeucamente, prncpamente como tranquzantes ou ansocos, ou

    seja, dmnuem a ansedade, ou como hpnócos, pos factam a ndução do sono.

    Também são empregados para controar estados convusvos, ncusve aquees decorrentes

    da sndrome de absnênca ao ácoo. Outros usos terapêucos desses medcamentos

    ncuem o reaxamento muscuar e a sedação pré-anestésca.

    Os benzodiazepínicos  podem ser cassicados de acordo como tempo de mea-vda, sto é, o tempo que a droga permanece

    no sangue até que metade dea tenha sdo metabozada e

    emnada:

     9 Longa duração (dazepam, lurazepam);

     9 Méda duração (orazepam, aprazoam);

     9 Curta duração (trazoam, luntrazepam, temazepam,

    mdazoam).

    Esses benzodazepncos de ação curta são os que apresentam o

    maor potenca de abuso.Os ansocos reduzem a avdade em determnadas regões do

    cérebro, evando:

     9 À dmnução de ansedade;

     9 À ndução de sono;

     9 Ao reaxamento muscuar;

     9 À redução do estado de aerta;

     9 À dicudade nos processos de aprendzagem e memóra.

    Essas drogas também prejudcam as funções pscomotoras, dicutando avdades que

    exjam atenção, como drgr automóves ou operar máqunas, aumentando a probabdade

    de acdentes. Aém dsso, é precso aertar os pacentes para não usar essas substâncas

     juntamente com o ácoo, pos seus efetos são potencazados, provocando rsco de morte.

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

    31/146Módulo 2 | O uso de substâncias psicoativas no Brasil

    oseli Boerngen de Lacerda, Luiz Avelino de Lacerda, José Carlos Fernandes Galduróz

    Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos

    Capítulo

    2

    O uso reguar de benzodazepncos e de outros sedavos produz:

     9 Sonoênca, vergem e confusão menta;

     9 Dicudade de concentração e de memorzação;

     9 Náusea, dor de cabeça, ateração da marcha;

     9 Probemas de sono;

     9 Ansedade e depressão;

     9 Toerânca e dependênca, após um perodo reavamente

    curto de uso;

     9

    Sntomas sgnicavos de absnênca, na sua reradaabrupta;

     9 Overdose e morte, se usados com ácoo, opáceos ou outras drogas depressoras.

    EFEITOS TÓXICOS

    São medcamentos reavamente seguros, sendo que a dose tóxca é cerca de 20 vezes

    maor que a terapêuca. Os prncpas efetos tóxcos são: hpotona muscuar (dicudade

    para icar em pé, andar, drgr), amnésa (perda de memóra) e eve dmnução da pressão

    sangunea.

    TERATOGENICIDADE

    Essa paavra sgnica defetos no feto, produzdos anda no útero

    da mãe. Os benzodazepncos podem provocar esses defetos,

    prncpamente se usados pea muher grávda no prmero trmestre

    da gestação. Os mas comuns são defetos nos ábos e no céu da boca,

    como “ábos epornos”, um espaço entre os ábos superores da

    crança, o que requer crurga ogo após o nascmento. Mas raramente,a crança pode nascer com probemas cardacos.

    TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA

    A Organzação Munda da Saúde recomenda a prescrção dos

    benzodazepncos por perodos entre duas e quatro semanas, no

    ATENÇÃO! A gravidade do quadrode intoxicação pode seintensificar muito se a pessoa ingerir bebidaalcoólica junto com os

    benzodiazepínicos, poiso efeito dos ansiolíticos

     fica potencializado(mais forte), podendo

    levar ao coma(grande diminuição

    do funcionamentocerebral), parada

    respiratória e

    até à morte.

    LEMBRE-SE:Quando alguém se

    torna dependente debenzodiazepínicos,

    isto é, não consegue ficar sem usá-los, se

     parar repentinamente pode sofrer uma

    síndrome de abstinênciaintensa. A síndrome de

    abstinência consisteem um conjunto de

    sintomas, consequentesà retirada do ansiolítico,geralmente opostos aosdo uso agudo: agitação,

    insônia, tremores,irritabilidade, sudorese,

    náusea e vômito,hipertensão e dores de

    cabeça. Eventualmente, podem aparecer

    convulsões e delírio.

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

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    Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos

    Capítulo

    2

    SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    máxmo, e apenas nos quadros de ansedade ou nsôna ntensa. É comum haver toerânca

    a esses medcamentos, sto é, a pessoa precsa aumentar a dose que fo ncamenterecomendada peo médco para obter o mesmo efeto. No entanto, a apcação dos crtéros

    dagnóscos para dependênca (APA, 2002) é mtada para essas drogas que têm ndcação

    terapêuca. Por exempo: os crtéros dagnóscos para dependênca – uso connuado

    apesar de probemas íscos ou pscoógcos reaconados ao uso, esforços para reduzr o

    uso e perda de nteresse em avdades socas e recreaconas devdo ao uso – não são

    ndcavos de abuso ou dependênca de benzodazepncos se a pessoa apresenta um grave

    transtorno de ansedade.

    Mesmo tendo o conhecmento da possbdade de ocorrer sndrome de absnênca, se

    a medcação for suspensa abruptamente, os pacentes fazem uso da droga para evtar oretorno do transtorno de ansedade ou da nsôna. O uso abusvo ou a dependênca dos

    benzodazepncos é mas comum em ndvduos que abusam de outras drogas, como o

    ácoo, opáceos ou esmuantes.

     

    Embora a compra desse po de medcamento seja controada

    (só pode ser venddo com a retenção de um recetuáro especa,

    chamado de Noicação B, que tem a cor azu), essas substâncas

    são bastante abusadas. Os estudos mostram que em muitos

    casos essas drogas são prescritas indevidamente e que asmulheres abusam mais delas que os homens.

    Solventes ou inalantes

    Solvente sgnica “uma substânca que dssove outras”. 

    Os soventes têm a propredade de se evaporar facmente e são

    inalados  para obter aterações psqucas, chamadas por aguns

    usuáros de “barato”. Essas substâncas fazem parte da composção

    de város produtos de uso domésco ou ndustra, como coas

    (especamente a coa de sapatero), produtos de mpeza que contêm

    ntrtos (mpadores de cabeça de vdeocassete, mpadores de couro,

    SAIBA QUE:Popularmente solventes

    e inalantes são usadoscomo sinônimos,

    mas “solvente” serefere à propriedade

    de dissolver outrassubstâncias e “inalante”

    à sua forma de uso.

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

    33/146Módulo 2 | O uso de substâncias psicoativas no Brasil

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    Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos

    Capítulo

    2

    aromazadores qudos para carro), ança-perfume (coreto de ea), combusves (ner,

    aguarrás, removedores em gera, gasona, gás de squero etc.), produtos de beeza (spray  para cabeo, acetona, removedor de esmate, esmate) e de papeara (corretor qudo –

    “branqunho”), entre outros.

    Razões típicas para uso de inalantes:

     9 Inco do efeto rápdo: por ser naado, chega rapdamente ao pumão e de á,

    pea pequena crcuação, ao cérebro;

     9 Quadade e padrão dos efetos: as pessoas reatam ncamente uma sensação de

    bem-estar e cabeça eve;

     9 Baxo custo;

     9 Facdade de aqusção, grande dsponbdade de produtos, como pode ser vsto

    na tabea a segur;

     9 Menos probemas egas do que com outras substâncas, pos em mutos ocas

    não há egsação especica para sua venda;

     9 Há uma grande varedade desses produtos, o que facta o seu abuso.

    O quadro a segur mostra a dversdade de produtos voátes conhecdos como soventes ou

    naantes.

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    Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos

    Capítulo

    2

    4SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    Grupos químicos das substâncias voláteis mais comumente usadas para obtersensações prazerosas

    PRINCIPAIS SUBSTÂNCIAS VOLÁTEIS GERALMENTE ABUSADAS

    Classe química Produtos comercializados

    Hidrocarbonetos

    Afácos

    Butano Fudo de squero; gás de bojão

    HexanoTner; ntas; contatos adesvos;

    benzna

    Propano Fudo de squero

    Hidrocarbonetos

    Aromácos

    Toueno (touo;

    mebenzeno; fenmetano)Vernzes; coa de sapatero; ntas

    Xeno (xo; dmebenzano) Tntas; soventes de resna

    (aguarrás); coa de madera

    Hidrocarbonetos

    Afácos/

    Aromácos

    Gasona (dervado do

    petróeo)Combusve

    Querosene (dervado do

    petróeo)Combusve

    Hidrocarbonetos

    Halogenados

    Trcoroeeno Removedores doméscos demanchas

    Coreto de ea Anestésco

    Corofórmo (Trcorometano) Anestésco

    Haotano (Trluobrometano) Anestésco

    Freon 11

    (Trcoroluorometano)

    Exntores de ncêndo; aerossós;

    aquê para cabeos

    1,1,1 Trcoroetano Fudo corretor

    Compostos

    Oxigenados

    Acetato e seus ésteres –meecetona

    Removedor de esmate; esmate

    Óxdo ntroso (dntrogêno,

    monoxgêno)“Gás do rso”

    Ntrto de sobua Sprays desodorzantes

    Éter (éter eco) Anestésco tópco Fonte: Adaptado de Fanagan; Ives (1994).

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    Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos

    Capítulo

    2

    EFEITOS AGUDOS DOS INALANTES

    Assm como ocorre com o ácoo, os soventes são substâncas que têm efeto bfásco, ou

    seja, causam uma exctação nca, seguda por depressão do funconamento cerebra, cuja

    ntensdade dependerá da dose naada.

    Os efetos estão sumarzados no quadro a segur:

    EFEITOS CRÔNICOS DO USO DE INALANTES

    Sintomas decorrentes da ação local dos inalantes:

     9 Rnte crônca; epstaxe (sangramento nasa) recorrente;

     9 Hatose (mau háto); ucerações (ferdas) nasas e bucas;

     9 Conjunvte;

     9 Bronqute.

    Os ntrtos (sprays  e desodorantes) podem aumentar a exctação sexua, a ereção e o

    reaxamento do esíncter ana.

    Sintomas decorrentes da ação no Sistema Nervoso Central:

     9 Anorexa (perda do apete e perda de peso);

     9 Irrtabdade;

     9 Depressão;

    Primeira Fase

    Excitação: sntomas de eufora, exctação, tonturas, perturbações

    audvas e vsuas.

    Efeitos indesejados: náuseas, esprros, tosse, savação, fotofoba e

    vermehdão na face.

    Segunda FaseDepressão inicial do SNC: confusão menta, desorentação, vsão

    embaçada. Podem surgr cefaea e padez.

    Terceira FaseDepressão média do SNC: redução acentuada do estado de aerta,

    ncoordenação ocuar e motora, faa pastosa e perda de relexos.

    Quarta FaseDepressão profunda do SNC: nconscênca, podendo ocorrer

    convusões e mesmo morte súbta, por probemas cardacos ou

    parada respratóra.

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    Capítulo

    2

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    9 Agressvdade;

     9 Paranoa;

     9 Neuropaa perférca.

    Razões associadas a mortes provocadas por inalantes:

     9 A prncpa causa de morte é arrtma cardaca causada por uma hpersensbdade

    das ibras do mocárdo, podendo provocar parada cardaca;

     9 Sufocamento – acdentes com o uso de saco pásco, pos no momento da naação

    a pessoa cooca o saco pásco na cabeça e pode se sufocar;

     9

    Quedas – os soventes provocam vergens e tonturas, podendo evar a quedas; 9 Atropeamentos e outros acdentes de trânsto devdos à ncoordenação motora

    e ao prejuzo de relexos.

    O uso regular de inalantes está associado com:

     9 Vergem e aucnações, sonoênca, desorentação, vsão embaçada;

     9 Sntomas semehantes a um resfrado, snuste, sangramento nasa;

     9 Indgestão, úceras estomacas;

     9

    Acdentes e esões; 9 Perda de memóra, confusão menta, depressão, agressão;

     9 Dicudade de coordenação, relexo dmnudo, hpóxa (fata de oxgêno no

    cérebro);

     9 Dero, convusões, coma, danos de órgãos (coração, pumão, ígado, rns);

     9 Morte por dsfunção cardaca.

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    Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos

    Capítulo

    2

    Perigos associados a algumas substâncias químicaspresentes em inalantes:

     9 Ntrtos: suprmem a função munoógca, danicam as

    hemácas, aumentam o rsco de eucema e são tóxcos ao

    sstema reproduvo;

     9 Butano e propano: provocam probemas cardacos e

    quemaduras (são atamente nlamáves);

     9 Freon: causa morte súbta, por obstrução respratóra, e

    dano hepáco;9 Coreto de meeno: reduz a capacdade do sangue de

    carregar o oxgêno, afeta o múscuo cardaco e aumenta a

    frequênca cardaca;

     9 Óxdo ntroso (“gás do rso”) e hexano: podem matar por

    fata de oxgenação do cérebro, ateram a coordenação

    motora e a percepção, causam blackouts  (apagamento,

    esquecmento do que aconteceu) devdo a mudanças da

    pressão sangunea, reduzem o funconamento do múscuo

    cardaco; 9 Toueno: atera a cognção, provoca a perda da massa de

    tecdo cerebra, do equbro, da audção (surdez súbta) e

    da vsão, danos no ígado e nos rns;

     9 Trcoroeeno: pode determnar morte súbta, crrose

    hepáca, danos à audção (surdez súbta) e à vsão.

    Como podemos reconhecer uma pessoa que usa inalantes?

    Preste atenção aos sntomas que vmos acma e perceba se há fortes odores na roupa ou no

    háto, ou snas de nta e outros produtos esconddos sob a manga da roupa, se a pessoa

    parece bêbada ou desorentada, se sua faa está aterada, se ea perdeu o apete ou reata

    náuseas, se está muto desatenta, rrtáve ou deprmda.

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    Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos

    Capítulo

    2

    naturais (morina, codena) ou opáceos semssntécos,  quando são resutantes de

    modicações parcas das substâncas naturas (como é o caso da herona).A paavra Opode é usada para nos referrmos às substâncas produzdas peo nosso

    organsmo (como as endorinas, encefanas e dnorinas) que agem se gando aos receptores

    opodes endógenos. Aguns autores usam o termo opode também para se referr a

    substâncas totamente sntécas, fabrcadas em aboratóro e que não são dervadas do

    ópo, como é o caso da meperdna, do propoxfeno e da metadona, que são chamadas de

    opodes (sto é, semehantes aos opáceos).

    Efeitos dos opiáceos: 9 Anagesa (reduz ou emna a sensação de dor);

     9 Deprme o centro da tosse (por sso é usado em xaropes);

     9 Dmnu o perstasmo ntesna, eva quase à parasa e provoca

    forte prsão de ventre (devdo a esse efeto, aguns opáceos podem

    ser uzados para combater darreas ntensas);

     9 Sonoênca;

     9 Bradcarda (dmnução da frequênca cardaca);

     9 Bradpnea (dmnução da frequênca respratóra); 9 Hpotensão artera (dmnução da pressão) que pode chegar a

    nves graves;

     9 Acama: estado de serendade, cama momentânea após um

    perodo de agtação (efeto buscado peas pessoas que fazem abuso

    dos opáceos);

     9 Mose – Contração acentuada da pupa, que pode chegar a icar do

    tamanho da cabeça de um ainete;

     9 Parasa do estômago – a pessoa sente como se não fosse capaz de

    fazer a dgestão.

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    Capítulo

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    SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    DEPENDÊNCIA E SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA

    A dependênca dos opáceos se nstaa com certa facdade, porém sso não jusica o

    cudado excessvo de mutos médcos ao prescrever esses medcamentos. A morina é um

    dos poucos medcamentos que abranda a dor e o sofrmento provocados peo câncer e pea

    AIDS.

    Nesses casos, mutos pacentes sofrem desnecessaramente por fata do uso dos opáceos.

    A Organzação Munda da Saúde já aertou o nosso pas, mas de uma vez, peo baxo

    consumo desses medicamentos nos casos de doenças que causam dores intensas.

    Os dependentes de opáceos são tratados, geramente, pea chamada terapa de substução.

    O usuáro recebe daramente uma dose de metadona, um agonsta dos opáceos (temefeto semehante à droga opácea que está sendo usada abusvamente, mas com menor

    potenca de abuso), porém esse uso é controado por médcos e va entamente sendo

    dmnudo ao ongo do tempo. A metadona tem efeto mas proongado que a herona e

    menos ntenso (prncpamente em reação aos efetos no SNC).

    A sndrome de absnênca acontece quando a pessoa nterrompe repennamente o uso dos

    opáceos e pode ser muto ntensa, com mdrase (datação da pupa), dores generazadas,

    náuseas e vômtos, darrea, câmbras muscuares, cócas ntesnas, acrmejamento,

    corrmento nasa, sntomas que podem durar até 12 das.

    O uso regular de opiáceo está associado com:

     9 Cocera, náusea e vômto;

     9 Sonoênca;

     9 Conspação, enfraquecmento dos dentes;

     9 Dicudade de concentração e de memorzação;

     9 Redução do desejo e do desempenho sexua;

     9 Dicudades de reaconamento;

     9 Probemas proissonas e inanceros, voações da e;

     9 Toerânca e dependênca, sntomas de absnênca;

     9 Overdose e morte por nsuicênca respratóra.

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    Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos

    Capítulo

    2

    Atividades

    REFLEXÃO

    Se um pacente que vem tomando benzodazepnco há aguns anos ver até seu

    consutóro e soctar uma prescrção desse medcamento, qua sera sua conduta?

    TESTE SEU CONHECIMENTO

    1. Quem prescreve ansocos precsa orentar as pessoas para o fato de que ees:

    a) Podem provocar dependênca.

    b) Podem reduzr o efeto do ácoo.

    c) Podem mehorar os refexos e a coordenação motora.

    d) Todas as aternatvas anterores estão corretas.

    2. Os benzodiazepínicos são drogas que têm potencial para uso abusivo e podem causarsndrome de absnênca quando o medcamento é suspenso abruptamente. São

    manifestações dessa síndrome:

    a) Agtação, nsôna e rrtabdade.

    b) Tremores, hpertensão e dores de cabeça.

    c) Sudorese, náusea e vômto.

    d) Todas as aternatvas estão corretas.

    3. Dentre as causas mas comuns de morte provocada peos soventes, ctadas a segur,

    apenas uma está INCORRETA. Assinale-a:

    a) Atropeamentos.

    b) Acdentes em gera.

    c) Arrtma cardaca.

    d) Faênca rena.

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    Capítulo

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    SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    4. Os soventes apresentam efeto bfásco, sto é, provocam uma exctação nca e

    posteriormente um efeito depressor do sistema nervoso central. A frase está:a) Competamente correta.

    b) Competamente errada.

    c) Parcamente correta, pos os soventes apresentam um efeto bfásco, mas

    ocorre ncamente depressão e depos exctação.

    d) Parcamente correta, pos ocorre depressão nca e posterormente, sonoênca

    profunda, mas não há exctação.

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    Drogas depressoras (benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos):efeitos agudos e crônicos

    Capítulo

    2

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    Capítulo

    2

    4SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

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     ______; ______; ______; FONSECA, A.M. V Levantamento Nacional sobre o Consumo de

    Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de

    Ensino nas 27 Capitais Brasileiras, 2004. Brasa: SENAD; São Pauo: CEBRID/UNIFESP, 2004.

    399 p.

    JAVORS, M.A.; KING, T.S.; GINSBURG, B.C.; GERAK, L.R. Neurobehavora toxcoogy of

    substances of abuse. In: JONHSON, B.A. (Ed.).  Addcon Medcne. New York: Sprnger,

    2012. p. 283-331.

    RENNER, J.A.; SUZUKI, J. Opates and prescrpon drugs. In: JONHSON, B.A. (Ed.). Addcon

    Medicine. New York: Sprnger, 2012. p. 463-493.

    SHEN, Y.C.; CHEN, S.F. Cnca aspects of nhaant addcon. In: JONHSON, B.A. (Ed.).

     Addcon Medcne. New York: Sprnger, 2012. p. 525-532.

    WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Use and abuse of benzodazepnes. Bull World

    Health Org., 1993;61(4):551-62.

  • 8/18/2019 Modulo 2 - Efeitos de Substancias Psicoativas

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    EFEITOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVASMódulo

    2

    Álcool: efeitos agudos e crônicos

    TÓPICOS

     9 Álcool é uma droga psicotrópica

     9 Bebidas alcoólicas e seus efeitos no organismo

     9 Álcool e bebidas energéticas

     9 Álcool e trânsito

     9 Álcool e níveis de glicemia

     9 Álcool e gravidez

     9 Dependência de álcool

    9 Atividades

     9 Bibliografia

    Capítulo

    3

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    aria Lucia Oliveira de Souza Formigoni, José Carlos Fernandes Galduróz, Denise De Micheli, Ana Paula Leal Carneiro

    Álcool: efeitos agudos e crônicosCapítulo

    3

    6SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    Álcool é uma droga psicotrópica

    Para muitas pessoas, DROGA é somente aquela substância cujo consumo é proibido, ou

    seja, as chamadas drogas ilícitas ou ilegais. No entanto, é importante lembrar que existem

    as DROGAS lícitas, aqueas cuja venda e consumo são permdos por e. O álcool é uma

    delas. 

    O uso abusivo de álcool é um grave problema de saúde pública, responsável por grande

    número de doenças, sendo associado a muitos acidentes e episódios de violência, além de

    levar muitas pessoas a se tornarem dependentes.

    O uso de álcool é aceito socialmente e pode em alguns casos não desencadear problemas.Isso dicuta dar com o fato de que para cerca de 30% das pessoas este uso se torna

    abusivo e gera problemas, entre eles a dependência.

     Uso de álcool

     9   VI Levantamento Nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre

    estudantes do Ensino Fundamental e Médio das Redes Pública e Privada de

    Ensino nas 27 capitais Brasileiras – 2010: o uso pesado (maor ou gua a 20

    vezes/mês) no Bras fo de 1,6% dos estudantes, sendo maor o uso pesado de

    ácoo em estudantes de escoas púbcas (1,7%) se comparado com os estudantesdas escoas prvadas (1,1%); contudo, o uso no ano de ácoo é maor entre os

    estudantes das escoas prvadas (47,5%) se comparado com as púbcas (41,1%).

     

    Observe abaxo o uso no ano de ácoo entre 50.890 estudantes de Ensno Fundamenta e

    Médo das Redes Púbca e Prvada das 27 captas braseras, por gênero de acordo com a

    rede de ensino.

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    47/146Módulo 2 | O uso de substâncias psicoativas no Brasil

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    Álcool: efeitos agudos e crônicosCapítulo

    3

    Uso na vda de ácoo entre Ensno Fundamenta e Médo da Rede Púbca das 27 captas

    braseras, de acordo com o gênero, comparando-se os anos de 2004 e 2010. 9 II Levantamento Domiciliar – 2005 o uso na vda de ácoo nas 108 cdades com

    mas de 200 m habtantes é de 74,6% e o uso pesado (maor ou gua a 20 vezes/

    mês) é de 7,0%.

    DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL – BRASIL E REGIÕES

    Amostra total

    Faixa etária 12 a 17 anos

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    Álcool: efeitos agudos e crônicosCapítulo

    3

    SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    Tratamento relacionado ao uso excessivo de álcool ou outras drogas

    Fonte: II Levantamento Domcar no Bras (CARLINI et a, 2006).

    Segundo o II LENAD (II Levantamento Nacona de Ácoo e Drogas) a prevaênca de

    dependênca de ácoo na popuação é de 6,8%. O gráico apresenta o consumo de ácoo no

    úmo ano por adutos, mostrando que houve uma eve redução no consumo, comparando

    o ano de 2006 com 2012.

    Uso no último ano

     

    Fonte: II LENAD (II Levantamento Nacona de Ácoo e Drogas – ).

    SAIBA QUE:Mesmo os dependentes

    relutam em procurartratamento.

     

    De acordo como levantamento,11,7 milhões de

     pessoas no Brasil sãodependentes de álcool.

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    49/146Módulo 2 | O uso de substâncias psicoativas no Brasil

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    Álcool: efeitos agudos e crônicosCapítulo

    3

    Bebidas alcoólicas e seus efeitos noorganismo

    O que é beber de baixo risco?

    O beber de baxo rsco pode ser consderado como o uso de ácoo em quandade e

    padrões que não causam danos para a pessoa e para outros. Agumas evdêncas cenicas

    ndcam que os rscos de danos aumentam sgnicavamente quando se consome o ácoo

    em quandades maores que duas doses por da e mas que cnco das por semana. Aém

    dsto, mesmo em pequenas quandades, o uso de bebdas acoócas apresenta rscos em

    certas crcunstâncas. Para reduzr os rscos reavos ao uso de ácoo, a OMS ndca que oconsumo não deve ser maor do que a quandade de doses ndcada anterormente e que

    não se beba álcool antes de dirigir ou operar uma máquina, no período da gravidez ou da

    amamentação, se esver tomando medcamentos que reajam ao ácoo ou quando não se

    consegue parar ou controlar este uso.

    Vamos conhecer um pouco mais sobre as bebidas alcoólicas e seus efeitos no organismo?

    O ácoo presente nas bebdas acoócas é o etano, produzdo pea fermentação de frutas

    e grãos ou desação de seus produtos – como ocorre com a cana-de-açúcar. No Bras, há

    uma grande dversdade de bebdas acoócas, cada po com quandades dferentes deálcool em sua composição.

    Que fatores influenciam a ação do álcool?

    A frequênca da ngestão, a quandade de ácoo ngerdo, a quandade de ácoo absorvdo,

    sua distribuição pelos tecidos do organismo, a variabilidade individual, a sensibilidade

    ndvdua dos dferentes tecdos e órgãos e a veocdade de metabozação afetam os

    efetos do ácoo.

    Você sabe qual a quantidade de álcool existente nas bebidas alcoólicas?

    BEBIDA PORCENTAGEM DE ÁLCOOLCerveja light  3,5%

    Cerveja ou cooler  4,5 a 6,5%

    Vinho 12%

    Vnhos foricados 20%

    Uísque, vodca, pinga 40%

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    Álcool: efeitos agudos e crônicosCapítulo

    3

    SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    Você sabe o que é uma dose “padrão” de álcool?

    É uma quandade de bebda acoóca que contém em torno de 14 gramas de etano puro.Como a densdade do ácoo é 0,79 g/m, em 17 m de ácoo (etano) puro exstem 14 gramas

    de ácoo. Consderando a concentração das dferentes bebdas:

    UMA DOSE PADRÃO DE ÁLCOOL EQUIVALE A:

    40 ml

    de pinga,

    uísque ou

    vodca

    85 mlde vinho

    do Porto,

    vermutes ou

    licores

    140 ml

    de vinho de

    mesa

    340 ml

    de cerveja ou

    chope = 1 ata

    600 ml1 garrafa

    grande de

    cerveja contém

    2 doses

    As muheres são mas sensves aos efetos do ácoo e angem nves de concentração mas

    atos com menores quandades da droga.

    Você sabe qual a relação entre as doses ingeridas e a concentração de álcool no organismo

    cerca de 30 mnutos após a ngestão?

    CONCENTRAÇÃO DE ÁLCOOL (em gramas por litro de sangue)

    Doses padrão Homem com 60 kg Homem com 70 kg Homem com 80 kg

    1 0,27 0,22 0,19

    2 0,54 0,44 0,38

    3 0,81 0,66 0,57

    Como o álcool é metabolizado pelo organismo?

    90% do ácoo (etano) é metabozado no ígado, transformando-se em acetadedo ouadedo acéco, devdo à ação da enzma ácoo desdrogenase. O acetadedo é então

    transformado em acetato, que será emnado do organsmo pea urna.

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    Álcool: efeitos agudos e crônicosCapítulo

    3

    O acetaldeído, que se forma no processo de metabozação do

    ácoo, aumenta a pressão artera, os bamentos cardacos e

    pode causar rubor faca, náuseas e vômtos.

    Mutos efetos observados após a ngestão de bebdas acoócas

    são, na verdade, efetos do acetadedo, que permanece no

    sangue por mais tempo do que o álcool. Medicamentos como

    o Antabuse® contêm dssuiram, uma substânca que nbe a

    enzima aldeído desidrogenase, responsável pela eliminação do

    acetaldeído.

    Esses medcamentos anda são usados em aguns ocas paraauxiliar no tratamento de pessoas dependentes de álcool, com

    a únca inadade de ajudá-as na decsão de não beber, pos

    se beberem enquanto esverem sob o efeto do medcamento

    (que dura até uma semana depois de ingerido o comprimido)

    podem senr ma-estar forte, com eevação na pressão artera,

    aumento dos bamentos cardacos, chegando até a morte, por

    parada respiratória ou cardíaca.

    A ideia é fazer com que o paciente tenha de decidir apenas uma vez por dia se vai beber

    ou não. Se ee tomou o comprmdo NÃO PODE BEBER por até 7 das, pos pode senr

    mal-estar forte.

    Faz diferença beber lentamente ou rapidamente?

    Como o organsmo só é capaz de emnar 1 dose padrão por hora, se a pessoa beber várias

    doses segudas seu organsmo rá acumuar mas ácoo no sangue. Agumas formas de

    beber, como o “vra-vra-vra”, são parcuarmente desaconseháves, porque aumentammuito rapidamente os níveis de álcool no sangue.

    Veja na igura abaxo a dferença entre quem bebeu 60 m de usque

    a cada hora, durante 4 horas (curva nha ponhada) e quem bebeu

    de uma só vez a mesma quandade (4 x 60 = 240 m) de usque.

    Observe que o tempo total para eliminar completamente o álcool é

    pracamente o mesmo, mas os nves máxmos de ácoo no sangue

     ATENÇÃO! Esses medicamentos

     jamais devem seradministrados sem

    que o pacientesaiba e concorde!

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    Álcool: efeitos agudos e crônicosCapítulo

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    SUPERA  | Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento

    são bem maiores em quem bebeu tudo de uma só vez!

    Porcentagem de álcool no sangue de um homem em duas ocasiões diferentes:

     9 Lnha Ponhada: quando ngeru 60 m de usque a cada hora durante 4 horas

    (tota 240 m).

     9 Lnha Connua: quando foram ngerdos 240 m de usque de uma únca vez.

    Quais são os efeitos do álcool no Sistema Nervoso Central?

    Seus efetos podem ser dvddos em esmuantes e depressores do organsmo:

     9 INICIALMENTE (doses baxas ou na fase nca do efeto de doses atas), o ácoo

    age como um esmuante do Sstema Nervoso Centra, evando a sensações de

    eufora, desnbção, socabdade, prazer e aegra.

    9 EM UM SEGUNDO MOMENTO, o álcool age como um “depressor” do Sistema

    Nervoso Centra, reduzndo a ansedade, contudo prejudcando a coordenação

    motora. À medida que aumenta a concentração de álcool no sangue, ocorre a

    dmnução da autocrca, que por afetar a capacdade de avaação dos pergos,

    pode levar a comportamentos de risco, como beber e dirigir ou operar máquinas,

    levando a acidentes.

    Pode haver enicação pscomotora, dexando a faa “pastosa” ou “arrastada”, redução

    dos relexos, sonoênca e prejuzos na capacdade de racocno e concentração.

    Em DOSES ALTAS, a