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V ENTEC da UTFPR/Campus Campo Mourão,PR, Brasil, 02 a 05 de outubro de 2007. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DE UM TRECHO DO RIO DOS PAPAGAIOS, CAMPO MOURÃO – PR GUSMÃO, L. K 1 .; LEMOS, G. 2 ; LOPES, R. J. F. 3 ; SILVA, A. N. 4 ; SOUZA, D. C. 5 RESUMO O presente trabalho consistiu numa caracterização biológica e abiótica da área de estudo. Foram realizados estudos de fauna e flora através de levantamentos e análises químicas e biológicas da água e do solo. Os resultados obtidos demonstraram que a área apesar de alterada vem reabilitando-se naturalmente comprovado pelas espécies de fauna e flora encontradas. Os parâmetros físico/químicos e as características da microfauna do solo caracterizaram bem a ação antrópica na área, separando a área de agricultura do remanescente florestal e da várzea. A qualidade da água do rio Córrego dos papagaios, apesar de impactada pela agricultura e as possíveis influências das atividades circunvizinhas, não apresentou alterações significativas, com os parâmetros encontrando-se dentro do exigido pela resolução CONAMA 357/05. Concluindo-se que a área apesar de sofrer grandes pressões antrópicas encontra-se com potencial de regeneração natural necessitando apenas do cumprimento da legislação ambiental. PALAVRAS CHAVES: Solo; Fauna; Flora. 1 INTRODUÇÃO O Brasil é o país com uma das maiores biodiversidades em fauna e flora do planeta Mas nos últimos anos esses ambientes vêm sofrendo grandes impactos 1 Graduandos de Tecnologia em Gerenciamento Ambiental da UTFPR, Campus Campo Mourão, BR 369 Km 0,5 Campo Mourão, Paraná 2 Docentes da UTFPR, Campus Campo Mourão, BR 369 Km 0,5 Campo Mourão, Paraná. E-mail: [email protected] 3 Docentes da UTFPR, Campus Campo Mourão, BR 369 Km 0,5 Campo Mourão, Paraná 4 Docentes da UTFPR, Campus Campo Mourão, BR 369 Km 0,5 Campo Mourão, Paraná 5 Docentes da UTFPR, Campus Campo Mourão, BR 369 Km 0,5 Campo Mourão, Paraná

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V ENTEC da UTFPR/Campus Campo Mourão,PR, Brasil, 02 a 05 de outubro de 2007.

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DE UM TRECHO DO RIO DOS PAPAG AIOS,

CAMPO MOURÃO – PR

GUSMÃO, L. K1.; LEMOS, G.2; LOPES, R. J. F.3; SILVA, A. N.4; SOUZA, D. C.5

RESUMO

O presente trabalho consistiu numa caracterização biológica e abiótica da área de

estudo. Foram realizados estudos de fauna e flora através de levantamentos e

análises químicas e biológicas da água e do solo. Os resultados obtidos

demonstraram que a área apesar de alterada vem reabilitando-se naturalmente

comprovado pelas espécies de fauna e flora encontradas. Os parâmetros

físico/químicos e as características da microfauna do solo caracterizaram bem a

ação antrópica na área, separando a área de agricultura do remanescente florestal e

da várzea. A qualidade da água do rio Córrego dos papagaios, apesar de impactada

pela agricultura e as possíveis influências das atividades circunvizinhas, não

apresentou alterações significativas, com os parâmetros encontrando-se dentro do

exigido pela resolução CONAMA 357/05. Concluindo-se que a área apesar de sofrer

grandes pressões antrópicas encontra-se com potencial de regeneração natural

necessitando apenas do cumprimento da legislação ambiental.

PALAVRAS CHAVES : Solo; Fauna; Flora.

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é o país com uma das maiores biodiversidades em fauna e flora do

planeta Mas nos últimos anos esses ambientes vêm sofrendo grandes impactos

1 Graduandos de Tecnologia em Gerenciamento Ambiental da UTFPR, Campus Campo Mourão, BR 369 Km 0,5 Campo Mourão, Paraná 2 Docentes da UTFPR, Campus Campo Mourão, BR 369 Km 0,5 Campo Mourão, Paraná. E-mail: [email protected] 3 Docentes da UTFPR, Campus Campo Mourão, BR 369 Km 0,5 Campo Mourão, Paraná 4 Docentes da UTFPR, Campus Campo Mourão, BR 369 Km 0,5 Campo Mourão, Paraná 5 Docentes da UTFPR, Campus Campo Mourão, BR 369 Km 0,5 Campo Mourão, Paraná

V ENTEC da UTFPR/Campus Campo Mourão,PR, Brasil, 02 a 05 de outubro de 2007.

ambientais, tais como desmatamentos, construção de hidrelétricas, caça predatória,

venda de animais silvestres e a introdução de espécies exóticas (GEOCITIES,

2006).

A vegetação do entorno dos recursos hídricos é muito importante, pois é

reguladora dos fluxos d’água, controlando o escoamento superficial e

proporcionando a recarga natural dos aqüíferos, além disso, a vegetação promove o

aumento da fertilidade e teor de matéria orgânica, bem como favorece a atividade

biológica do solo (VIDAL e COUTO, 2000).

A proximidade das atividades humanas, aos ecossistemas naturais, pode

causar graves problemas e danos irreversíveis. O desmatamento ocasiona um

desequilíbrio no sistema, resultando em: maior escoamento superficial das águas,

maior erosão do solo, carreamento de materiais para os recursos hídricos,

provocando alterações ecológicas e assoreamento, com a conseqüente diminuição

da calha de escoamento ou da capacidade de armazenamento de mananciais e

diminuição da filtração da água para os mananciais subterrâneos (MOTTA, 1995).

Assim, procurando compreender a dinâmica de um ambiente sob pressões

antrópicas desenvolveu-se este trabalho. Tendo por objetivo caracterizar os

impactos existentes na área de estudo em relação a suas características química,

física e biológica.

2 MATERIAL E MÉTODOS

A área de estudo está localizada no município de Campo Mourão, região

Centro Oeste do Paraná, sua altitude média é de 630 metros. O clima é definido

como subtropical mediterrâneo de temperatura úmida, com verão chuvoso e inverno

relativamente seco (SIMIONATO, 1999)

A área a ser estudada situa-se entorno de um trecho do Rio Córrego dos

Papagaios, que compreende um local localizado aos fundos do Frigorífico Estrela,

no município de Campo Mourão – PR.

Em uma de suas margens observa-se um fragmento de vegetação ciliar,

seguida de um trecho de várzea e depois uma grande área onde a atividade

desenvolvida é a agricultura. Na outra margem encontra-se também um

remanescente de vegetação e logo em seguida o frigorífico Estrela.

V ENTEC da UTFPR/Campus Campo Mourão,PR, Brasil, 02 a 05 de outubro de 2007.

Para o desenvolvimento do trabalho foram utilizados métodos específicos de

coleta e observação da flora e da fauna RODERJAM et al.(2002) para as análises de

solo foram utilizados os métodos de TEDESCO et. al. (1995) e RUPERT e BARNES

(1996). Nas analises de água, foram empregadas as metodologias da SANEPAR

(1993) adaptados de FRANSON (1992).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A vegetação ao longo do curso d’água é menor que 10 m (dez metros) de

largura e conforme o Código Florestal (Lei 4.771/65), pelo menos 30 m (trinta

metros) de sua vegetação ciliar natural deveria ser ou estar preservada.

O resultado nas análises de água realizadas em diferentes pontos do rio

demonstram que a água encontrava-se levemente ácida com pH 6,25 e temperatura

de 15,8º C. A condutividade elétrica mostrou-se baixa (9,286µS/cm2), os sólidos

totais em 0,032mg/L, a matéria orgânica também baixa em torno de 4 mg/L e o

oxígênio em torno de 8,11 mg/L. Estes dados comparados com a resolução

CONAMA 357/05 apontam que a qualidade da água estava dentro dos níveis

aceitáveis para rios Classe II

Com base no levantamento florístico realizado, pode-se constatar a presença

de 49 espécies vegetais, distribuídas em 30 famílias (Tabela 01).

Os indícios de degradação podem ser facilmente observados, devido ao fato de

as espécies arbóreas ocorrentes no local possuírem o mesmo padrão de altura,

também pode ser citada a presença de espécies exóticas, tais como: Hovenia dulcis

Thunb., Melia azedarach L, entre outras. Destaca-se ainda que a área encontra-se

em processo de regeneração natural.

V ENTEC da UTFPR/Campus Campo Mourão,PR, Brasil, 02 a 05 de outubro de 2007.

Tabela 01: Famílias e espécies vegetais encontradas em área próxima ao rio Córrego dos Papagaios,

Campo Mourão - PR.

Família Nome Científico Nome Vulgar

Anacardiaceae Schinus terenbinthifolius Raddi. aroeira-

pimenteira

Araucariaceae Araucaria angustifólia (Bertol.) O kuntze. pinheiro-do-

paraná

Euterpe edulis Mart. palmito-juçara Arecaceae

Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassm. jerivá

Mikania capricorni B. L. Rob.

Praxelis clematidea (Grisb.)R. M. King & H. Rob.

Asteraceae

Condylocarpon isthmicum (Vell.) A. DC.

Bignoniaceae Mansoa difficilis (Cham,) Bur. & K. Schum.

Bromeliaceae Lepismium cruciforme (Vell.) Miq.

Lepismium lumbricoides (Lemaire.) Bharthlott.

Rhipsalis cereuscula (How.) Uolguim.

Cactaceae

Bauhinia forticata Link. Pata-de-vaca

Caesalpinaceae Scleria panicoides kunth.

Cyperaceae Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg. Boleiro

Euphorbiaceae Bernardia pulshella (Baill.) Müll. Arg.

Sapium glandulatum (Vell.) Pax. Leiteiro

Sebastiania brasiliensis Spreng. Branquilho

Sebastiania conmersoniana (Baill.) L. B. Sm. &

Downs

branquilho

Fabaceae

Casearia sylvestris Sw. Cafezeiro-bravo

Flacourtiaceae Xylosma ciliatifolium (Clos.) Eichler.

Peltodon radicans Pohl.

Endlicheria paniculata Macbride. Canela

Lamiaceae

Cordiline dracaenoides kunth.

Lauraceae Strichnos brasiliensis (Spr.) Mart.

Liliaceae Leandra australis (Cham.) Cogn.

Loganiaceae Miconia cinerascens Miq.

Melatomastaceae Cedrela fissilis Vell. Cedro-roxo

Melia azedarach L. santa-bárbara Meliaceae

Acacia parviceps (Speg.) �icr.

Mimosaceae Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan angico-branco

Parapiptadenia rígida (Benth.) Brenan. Gurucaia Monimiaceae

Campomanesia xanthocarpa O. Berg. Guabiroba

Myrtaceae Eucalyptus sp.

V ENTEC da UTFPR/Campus Campo Mourão,PR, Brasil, 02 a 05 de outubro de 2007.

Diante dos métodos aplicados, para a análise dos solos, no parâmetro

biológico, amostrou-se uma grande variedade de organismos nos ambientes

(Tabela 02).

Tabela 02 – Resultado obtido através do método do Funil de Berlese para a microfauna do solo na

área do rio Córrego dos Papagaios no município de Campo Mourão.

Amostra de Solo Organismos Encontrados Classificaçã o Quantidade

Larva de Inseto – Díptero(Insecta) Microfauna 3

Cupim Mesofauna 2

SOLO 1 -

Regeneração

Ácaro (Arachnideo) Mesofauna 4

Minhoca ( Oligochaeta) Macrofauna 3

Piolho-de-Cobra (Diplopoda) Macrofauna 1

Formiga (Insecta) Macrofauna 2

Larva de Coleóptero – Besouro

(Insecta)

Microfauna 3

SOLO 2 - Várzea Ácaro (Arachnideo) Mesofauna 3

Minhoca (Oligochaeta) Macrofauna 2

Ácaro (Arachnideo) Mesofauna 2

Aranha (Arachnideo) Mesofauna 2

SOLO 3 –

Agricultável

Cupim Mesofauna 1

Formiga (Insecta) Macrofauna 2

Besouro (Insecta) Mesofauna 2

Colembola Mesofauna 2

Os resultados obtidos demonstram que no ponto 1, o solo encontra-se em

regeneração, houve uma maior quantidade de organismos vivos encontrados, pois

era agricultável, o que resulta no revolvimento do solo e aumento da decomposição

da matéria orgânica, contando com a proteção vegetal existente, capoeira baixa.

Permitindo um maior desenvolvimento da microfauna.

Nas técnicas empregadas para caracterizar o solo da área de estudo, pode-se

observar que através dos três pontos de coleta, apresentaram valores diferentes

respectivamente. Com base nos resultados de macronutrientes, pode-se analisar

como o solo se encontra e se nele há ou faltam nutrientes importantes, afim de que

possa ser efetuado o manejo correto.

V ENTEC da UTFPR/Campus Campo Mourão,PR, Brasil, 02 a 05 de outubro de 2007.

A vegetação se encontra em fase de capoeirão para floresta secundária em

alguns trechos e já em outros trechos ela está uma floresta secundária mais madura,

isso pode ser percebido através da presença dos pica-paus de espécies diferente.

Esses animais fazem seus ninhos em árvores com certo grau de maturidade. Das

outras espécies de aves observadas a maioria delas estão associadas a áreas

abertas ou em áreas com diferentes tipos de regeneração natural e não são

necessariamente indicadoras de floresta alterada.

4 CONCLUSÃO

Por tudo o que foi mencionado, pode-se concluir que a área, não possui os 30

m de vegetação ciliar, sofre também com os impactos das ações antrópicas, mas

busca a reabilitação de sua função ecológica através da regeneração natural e que a

intervenção técnica é significativa para o equilíbrio ecológico da área.

5 REFERÊNCIAS

FRANSON, M. A. Métodos Normalizados Para el Análisis de Águas Pota bles y

Residuales. Madri: APHA, 1992. 73p.

MOTTA, S. Urbanização e Meio Ambiente . 2 ed.. Rio de Janeiro: ABES, 1995,

324p.

RODERJAN, C. V.; GALVÃO, F.; KUNIYOSHI, Y. S.; HATSCHBACH, G. G. Regiões

Fitogeográficas do Estado do Paraná; Revista Ciência e Ambiente , n. 24, p 75-96,

2002.

RUPPERT, E. E.; BARNES, R. D. Zoologia dos Invertebrados , 6 ed.. São Paulo:

Roca,1996, 347 p.