modelo de gestão integrada do sistema de defesa social de minas

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Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas Gerais Geórgia Ribeiro Rocha 1 Jésus Trindade Barreto Júnior 2 Ricard Franco Gontijo 3 Introdução Desde 2003, encontra-se em processo de implantação, em Minas Gerais, um modelo de gestão que visa articular a atuação dos órgãos de Segurança Pública e Defesa Social, de maneira a assegurar a efetividade da intervenção pública sobre o fenômeno da violência e da criminalidade e contribuir para a qualidade de vida da população. Tal modelo adquire relevância na medida em que surge como resposta ao desafio imposto pelo processo de redemocratização e concomitante recrudescimento da violência e criminalidade observado no Brasil, no final da década de 80, qual seja o de desenvolver a capacidade de enfrentamento de um fenômeno social intensamente complexo, por meio da inovação das técnicas de intervenção, aplicadas por instituições tradicionalmente organizadas sob um arranjo frouxamente articulado e carentes de legitimidade perante seus destinatários e necessários partícipes. Trata-se, portanto, de um modelo que propõe um novo arranjo institucional, baseado em mecanismos de governança colegiada e de gestão integrada de ações e informações, e que prevê a articulação horizontal e sistêmica dos órgãos envolvidos, por meio do compartilhamento de informações e do alinhamento estratégico e operacional, na busca de objetivos comuns e do alcance de resultados efetivos para a segurança da sociedade. 1 Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, mestranda em Administração Pública com ênfase em Gestão de Políticas Sociais pela Escola de Governo da Fundação João Pinheiro. 2 Delegado Geral de Polícia Civil de Minas Gerais, mestrando em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais. 3 Coronel de Polícia Militar de Minas Gerais.

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Page 1: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas Gerais

Geórgia Ribeiro Rocha1

Jésus Trindade Barreto Júnior2

Ricard Franco Gontijo3

Introdução

Desde 2003, encontra-se em processo de implantação, em Minas Gerais, um modelo de

gestão que visa articular a atuação dos órgãos de Segurança Pública e Defesa Social, de

maneira a assegurar a efetividade da intervenção pública sobre o fenômeno da violência

e da criminalidade e contribuir para a qualidade de vida da população.

Tal modelo adquire relevância na medida em que surge como resposta ao desafio

imposto pelo processo de redemocratização e concomitante recrudescimento da

violência e criminalidade observado no Brasil, no final da década de 80, qual seja o de

desenvolver a capacidade de enfrentamento de um fenômeno social intensamente

complexo, por meio da inovação das técnicas de intervenção, aplicadas por instituições

tradicionalmente organizadas sob um arranjo frouxamente articulado e carentes de

legitimidade perante seus destinatários e necessários partícipes.

Trata-se, portanto, de um modelo que propõe um novo arranjo institucional, baseado em

mecanismos de governança colegiada e de gestão integrada de ações e informações, e

que prevê a articulação horizontal e sistêmica dos órgãos envolvidos, por meio do

compartilhamento de informações e do alinhamento estratégico e operacional, na busca

de objetivos comuns e do alcance de resultados efetivos para a segurança da sociedade.

1 Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, mestranda em Administração Pública com ênfase em Gestão de Políticas Sociais pela Escola de Governo da Fundação João Pinheiro. 2 Delegado Geral de Polícia Civil de Minas Gerais, mestrando em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais. 3 Coronel de Polícia Militar de Minas Gerais.

Page 2: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

O texto ora apresentado se divide em três seções, nas quais serão abordados os aspectos

elencados anteriormente e a tradução desses aspectos na prática das instituições e

políticas mineiras para a área de Defesa Social.

1. Arranjo Institucional e Modelo de Governança do Sistema de Defesa Social de

Minas Gerais

Ao longo de vários períodos históricos, a questão da criminalidade e, sobretudo, do seu

controle vem provocando discussões em torno dos mais variados aspectos da vida em

sociedade e das instituições que se encarregam desse fenômeno. Dessas discussões, de

tempos e tempos, surgem novas idéias capazes de transformar o entendimento sobre a

criminalidade, suas causas e efeitos, bem como, sobre as estratégias de intervenção do

estado nesse fenômeno.

No Brasil, a partir da redemocratização política, houve a necessidade de vencer o

tradicional conceito de segurança pública, agora identificado com um padrão autoritário

de atuação, para o desenvolvimento e aplicação de um conceito de segurança cidadã, em

que a proteção da sociedade passa a ser mais importante que a defesa do estado. Nesse

contexto, surgiu a noção de ‘defesa social’ para traduzir a idéia de segurança como

direito social a ser garantido pelas instituições públicas, com a participação da própria

sociedade.

Outra verificação importante é a de que, historicamente, o estado, de modo geral, atua

de forma compartimentada em todas as áreas em que deve estar inserido. Independente

dos motivos que justificam essa compartimentalização, não se pode afastar a percepção

de que mesma opera desvantagens quando se fala em segurança pública. De fato,

quando se estuda o sistema de justiça de um estado4, se percebe a existência de várias

instâncias com atuações às vezes semelhantes.

4 Entende-se sistema de justiça, para efeito do presente trabalho, o ciclo percorrido nas instituições públicas desde a verificação do fato criminoso até o cumprimento de pena por condenação. O Sistema de Justiça Criminal no Brasil é composto por organizações distintas, quais sejam: Polícias Militar e Civil, Ministério Público, Defensoria Pública, Judiciário e Sistema Prisional.

Page 3: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

O que se quer explicar é que, uma vez adotado pelo estado o modelo burocrático que

preconiza a divisão de trabalho e de funções, se torna necessária a existência de alguma

capacidade de articulação entre departamentos que garanta a efetividade das ações

estatais. Significa dizer que quanto menor a articulação ente diversos atores, piores os

resultados alcançados.

Com relação ao sistema de justiça, em que se verifica a divisão de funções entre

instâncias do Poder Executivo e entre esse e o Poder Judiciário e Ministério Público, o

impacto da desarticulação é ainda mais percebido, se traduzindo no termo utilizado por

Sapori (2002), quando caracteriza o sistema de justiça criminal no Brasil como

‘frouxamente articulado’.

No contexto brasileiro, essa frouxa articulação ainda é agravada pela divisão do trabalho

policial, resultando na existência de duas instituições policiais, quais sejam, Polícia

Militar e Polícia Civil, sendo a primeira responsável pela ordem pública, através do

policiamento ostensivo, e a segunda pela apuração do fato criminoso, através do

inquérito policial, que se constitui em fase anterior ao processo judicial.

Em Minas Gerais, o arranjo institucional tradicional do Poder Executivo para a

segurança pública e justiça podia ser verificado pela existência da Polícia Militar, Corpo

de Bombeiros Militar, Secretaria de Estado de Segurança Pública (que incorporava a

Polícia Civil) e Secretaria de Estado de Justiça e de Direitos Humanos (responsável pelo

Sistema Prisional, Sistema Socioeducativo e pela Defensoria Pública).

A partir da constatação de que esse arranjo não atendia aos anseios da sociedade em

termos de efetividade no controle e redução dos índices de criminalidade, o Governo de

Minas Gerais implementou uma visão de Sistema Integrado de Defesa Social.

Com feito, o ano de 2003 marca uma grande virada política na produção da segurança

pública em Minas Gerais. Fundada em um denso conjunto de conceitos estruturantes,

inaugurou-se uma política pública marcada por traço fundamental: a definição de

estratégias sistêmicas para o desempenho funcional das organizações públicas e sociais

que, direta ou indiretamente, afetam a construção de modelos eficazes de prevenção e

repressão da violência e da criminalidade.

Page 4: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

Nesta perspectiva, transcendeu-se a concepção policial de matiz reducionista,

aproveitando-se evidências acadêmicas de grande importância, que desde a década de

1990 acumularam saberes sobre o sentido multifatorial do insucesso das políticas

tradicionais de segurança pública.

Se as organizações policiais são, de fato, nucleares nos esforços do Estado neste campo,

elas não podem ser as únicas protagonistas do processo. E, deste modo, firmou-se o

desafio de inaugurar uma forma alternativa de administração sobre as instituições do

Estado e da sociedade civil.

Basicamente, a nova política se funda numa visão de sinergia entre órgãos do

Executivo, que passam a gerir de forma transparente e alinhada as suas respectivas

competências. Trata-se de um arranjo institucional complexo, que implica na crescente

definição de processos produtivos, abrindo-se o sistema para o Poder Judiciário,

Ministério Público, esferas de governo e setores responsáveis da sociedade civil.

Fortemente orientada pelo saber científico, com clara presença do universo acadêmico,

a política de defesa social pretende superar conflitos e pontecializar as competências

jurídicas das polícias, de modo a criar um ambiente de cooperação que não se assente

apenas em bases éticas, mas também técnicas, isto é, imbricando cientificamente as

ações de polícia ostensiva e investigativa. A mais, busca adequar a ação policial aos

esforços gerais de prevenção social e administração interinstitucional do fenômeno da

violência.

No mesmo sentido, visa ampliar o foco de atuação, incorporando a atuação de outros

órgãos ou áreas responsáveis pela proteção social e pelo ciclo de justiça, tais como o

Corpo de Bombeiros Militar, Sistema Prisional, Sistema Socioeducativo e Defensoria

Pública.

Na prática, isso significou a criação de um órgão coordenador do Sistema, qual seja, a

Secretaria de Estado de Defesa Social.

Page 5: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

Foi estabelecida, então, uma política pública de integração do Sistema de Defesa Social

que visa o alinhamento horizontal e sistêmico entre os órgãos permanentes de estado

que exercem competências legais no campo da segurança pública e defesa social, sob a

coordenação e fomento político-econômico da Secretaria de Defesa Social, com

mecanismos de abertura à participação da sociedade, outros órgãos públicos

independentes, esferas de governo, tudo orientado pela lógica da promoção de direitos

individuais e coletivos, com clara especificação técnico-científica de funções e papéis

políticos dos respectivos agentes e instituições.

Tal política adquire relevância na medida em que se traduz em alternativa ao modelo

tradicional de construção e administração da segurança pública, com os seguintes eixos

de sustentação: 1. efetiva ação governativa, de cunho mediador e incitativo, pela

Secretaria de Defesa Social; 2. governança colegiada pelos órgãos do Executivo, desde

os escalões superiores até as bases de execução finalística; 3. atração política de poderes

e órgãos independentes para uma ação de sinergia republicana; 4. emprego racional e

convergente de recursos econômicos e financeiros segundo demandas cientificamente

levantadas a partir de bases territoriais, com suas características criminógenas, dentro de

contexto sócio-político e econômico; 5. estruturação científica do processo de captação,

tratamento e difusão de dados e conhecimentos sobre o fenômeno criminal em cada

unidade territorial; 6. racionalização da ocupação territorial das frações operacionais das

polícias e, conforme o caso, outros órgãos; 7. fortalecimento institucional das polícias,

Corpo de Bombeiros e Defensoria Pública segundo suas competências constitucionais;

8. crescente definição dos desdobramentos operacionais das competências juridicamente

definidas aos órgãos do sistema; 9. transparência e composição racional de conflitos

entre os atores envolvidos.

Trata-se de arranjo institucional que equaliza progressivamente papéis dos órgãos do

poder público e agentes da sociedade civil, por intermédio da indução político-

administrativa do Poder Executivo, via Secretaria de Defesa Social, com a finalidade de

articular ações preventivas às de enfrentamento da violência e criminalidade dentro de

uma ótica de promoção e defesa de direitos.

São três as características desse arranjo: 1. modelo de governança colegiada; 2. gestão

integrada de ações e operações; 3. gestão integrada de informações. Nesta seção, trata-

Page 6: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

se do modelo de governança colegiada, sendo as outras características tratadas nas

seções seguintes.

Assim, quanto à governança, ela se estrutura em 4 níveis: a) Colegiado de Integração do

Sistema de Defesa Social; b) Regiões Integradas de Segurança Pública; c) Áreas de

Coordenação Integrada de Segurança Pública e, d) Área Integrada de Segurança

Pública.

O Colegiado de Integração do Sistema de Defesa Social é composto pelos

representantes máximos da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros Militar,

Defensoria Pública, Subsecretaria de Administração Prisional e Subsecretaria de

Atendimento às Medidas Socioeducativas, sendo presidido pelo Secretário de Estado de

Defesa Social, e constituindo-se em: 1. espaço de enunciação das macro-políticas do

sistema de defesa social; 2. interlocutor de outros poderes, esferas de governo e da

sociedade civil no que tange a operacionalidade técnica do sistema; e, 3. instância de

efetiva convergência de informações de caráter estratégico, que lhe possibilitem

decisões políticas e administrativas eficientes e eficazes no plano tático-operativo dos

órgãos executivos.

O desdobramento das diretrizes definidas no Colegiado de Integração do Sistema de

Defesa Social são transmitidas aos órgãos integrantes e seus níveis hierárquicos pelas

respectivas chefias, conforme a estrutura de cada um desses órgãos.

No intuito de promover o alinhamento entre os órgãos nesse processo de desdobramento

das diretrizes estratégicas para os níveis táticos e operacionais, as estruturas desses

órgãos estão sendo reorganizadas em bases territoriais comuns. Trata-se de efetivar uma

compatibillização da responsabilidade territorial, em três níveis: 1. Região Integrada de

Segurança Pública – RISP; 2. Área de Coordenação Integrada de Segurança Pública –

ACISP - ; e 3. Área Integrada de Segurança Pública – AISP. Tal modelo já se encontra

implementado para as polícias, que já vêm realizando as alterações necessárias visando

a compatibilização de suas unidades, conforme a seguinte estrutura:

Page 7: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

Integração Territorial PMMG PCMG

Área Integrada de

Segurança Pública – AISP:

Companhia de Polícia Militar/

Pelotão / Destacamento

Delegacia de Polícia Civil

do Município / Comarca /

Distrito

Área de Coordenação

Integrada de Segurança

Pública - ACISP:

Batalhão de Polícia Militar/

Cia Independente Delegacia Regional

Região Integrada de

Segurança Pública – RISP: Região de Polícia Militar

Departamento de Polícia

Civil

A partir do novo arranjo institucional descrito, incluindo o modelo de governança

colegiada e a compatibilização territorial, é que Minas Gerais espera superar os

problemas relacionados à frouxa articulação entre os órgãos do Sistema de Defesa

Social.

Para que o modelo de governança colegiada alcance de forma representativa os níveis

intermediários de decisão, coloca-se como próximo passo, a inclusão dos demais órgãos

do Sistema de Defesa Social nesse modelo de compatibilização territorial. Além disso,

permanece o desafio de induzir o Poder Judiciário e Ministério Público a participarem

desse modelo.

2. Metodologia de Integração da Gestão Operacional da Segurança Pública

O arranjo institucional adotado em Minas Gerais a partir de 2003 tem como uma de suas

características a gestão integrada de ações e operações. O que se espera é que órgãos de

defesa social que se articulem efetivamente o façam também no nível operacional. Isso

Page 8: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

é notadamente importante para a superação da divisão do trabalho policial,

desenvolvido pela Polícia Civil e pela Polícia Militar.

Nesse sentido, tendo em vista a necessidade de se criar uma metodologia de trabalho

que pudesse promover a integração operacional das instituições policiais, foi

implementado o modelo IGESP.

O IGESP- Integração da Gestão em Segurança Pública consiste num modelo de gestão

do trabalho integrado das organizações policiais que encontra-se em funcionamento na

capital e demais municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte desde 2005 e

em processo de implantação nos grandes municípios do estado de Minas Gerais, tendo

como inspiração a experiência do COMPSTAT, implantada inicialmente em Nova York

e posteriormente adaptada para Bogotá.

Baseado nas modernas metodologias de policiamento orientado para resultados e de

policiamento orientado para a solução de problemas, o modelo se pauta pela

centralidade da gestão de informações na análise da dinâmica criminal e na definição e

avaliação de estratégias de prevenção e combate à criminalidade pelas organizações

policiais.

Nas últimas décadas a crescente criminalidade em todo o território brasileiro e a

incapacidade das entidades públicas em resolver esse problema tem preocupado os

cidadãos. Estudos recentes afirmam que o fenômeno da criminalidade apresenta

associações com uma multiplicidade e complexidade de fatores sociais que não se

esgotam no âmbito da ação de agências isoladas. Sendo assim, é fundamental que haja

uma compreensão profunda do fenômeno criminal, de modo que seja possível

identificar as principais características tanto das circunstâncias em que os eventos

criminais acontecem, quanto de possíveis fatores situacionais e eventos associados à sua

ocorrência.

As organizações que compõem o sistema de segurança pública brasileiro são agências

distintas que se dividem em subunidades administrativas e operacionais que nem

sempre mantêm uma troca eficiente de informações entre si. Foi com o intuito de

superar essa dificuldade que, no ano de 2005, a Secretaria de Estado de Defesa Social

Page 9: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

de Minas Gerais implementou um modelo de gestão que se baseia no compartilhamento

de informações e na implementação de ações conjuntas, capazes de abarcar a

diversidade de fenômenos que compõem o problema da criminalidade urbana. Trata-se

o IGESP de um modelo de organização e gestão do trabalho policial capaz de integrar

ações e informações de segurança. Seu objetivo é aumentar a eficiência da prevenção e

do combate ao crime, através da conjugação de práticas implementadas por diferentes

órgãos de segurança, especialmente a Polícia Militar e a Polícia Civil.

O modelo de policiamento orientado para a solução de problemas é pautado por um

método de gestão que envolve as seguintes etapas: identificação dos problemas, análise

das causas fundamentais do problema, definição de plano de ação contendo

contramedidas das principais causas do problema, implementação do plano de ação e

avaliação dos impactos das ações.

Já o modelo de policiamento orientado para resultados, por sua vez, tem como

princípios norteadores da ação: a regionalização e descentralização das atividades de

policiamento ostensivo; a utilização de ferramentas de geoprocessamento da violência e

da criminalidade e análise das características socioeconômicas das áreas de atuação das

unidades policiais; o estabelecimento de metas quantitativas e a avaliação de resultados.

Estas estratégias apresentam os seguintes pontos de similaridade: 1) dependem

fortemente da informação; 2) propiciam um relacionamento mais estreito do trabalho

policial com a comunidade; e 3) reconhecem as habilidades e a experiência adquirida

pelos policiais de linha de frente.

Cabe ainda ressaltar a necessidade de se combinar essas estratégias de atuação das

organizações policiais a outras medidas de controle social para que se tenha um efetivo

resultado no enfrentamento e prevenção da criminalidade.

A esse propósito, Beato (2002) afirma que a infinidade de fatores de natureza diversa

responsáveis pelas taxas de criminalidade urbana restringe a ação policial a um impacto

modesto no controle dessa criminalidade e que estratégias bem-sucedidas desse controle

resultam de uma articulação multiinstitucional entre diversas esferas de governo e

agências de controle social.

Page 10: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

O IGESP consiste num modelo de organização e gestão do trabalho policial que visa

aumentar a eficiência da prevenção e do combate à criminalidade, através da

implementação de ações táticas e estratégicas fundamentadas em informações

sistematizadas e precisas, acompanhadas da alocação rápida, sincronizada e focalizada

de recursos.

Para tanto, este modelo compreende a realização sistemática de reuniões de

planejamento entre as unidades policiais que compõem as Áreas Integradas de

Segurança Pública – AISP's - para elaboração de diagnóstico a respeito da dinâmica da

criminalidade na respectiva área de atuação e definição de um plano de ações e metas

para intervenção nesta realidade.

Este processo envolve ainda a realização de reuniões periódicas de validação do

planejamento e avaliação dos resultados obtidos pelas AISP's, o que ocorre com a

participação de representantes do nível estratégico das polícias e de outros órgãos que

atuam direta ou indiretamente no enfrentamento da criminalidade.

Por se tratar de um modelo baseado no gerenciamento das informações, o IGESP

necessita de que estas sejam precisas e atualizadas. O entendimento é que, se a polícia

precisa responder ao crime de modo efetivo e atender às necessidades da comunidade,

os policiais de todos os níveis necessitam de conhecer com exatidão quando, como e

onde os vários tipos de crimes estão ocorrendo e quem os está cometendo. Assim, a

precisão das informações é fundamental, pois os dados devem refletir com a maior

verossimilhança possível os acontecimentos ocorridos. A atualidade se faz necessária

devido ao fato de as informações tenderem a um rápido envelhecimento, devendo,

assim, serem coletadas e disponibilizadas o mais próximo possível do evento.

Uma vez recebidas as informações pelos gerentes das unidades policiais, é necessário

que se desenvolva e implemente um plano de ação e que se criem táticas que sejam

efetivas para a melhor solução dos problemas. As táticas devem ser flexíveis para se

adaptarem às tendências identificadas e devem possuir recursos específicos para

problemas específicos. A essência do IGESP é, portanto, o resultado. Através do

planejamento das táticas, pode-se responsabilizar os comandantes pelas falhas nas

ações.

Page 11: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

Após a utilização dos dados e informações para uma melhor compreensão do fenômeno

da criminalidade e o desenvolvimento de estratégias, torna-se necessária a rápida

alocação de recursos e pessoas. O IGESP fornece ao gerente das operações a autoridade

para utilizar os recursos e as pessoas da maneira que entender necessária para alcançar

os objetivos estipulados. Ademais, em várias situações, operações conjuntas deverão ser

realizadas para que se contenha algum “hot spot” de criminalidade. Nessas condições,

será necessário um esforço de coordenação para a reunião dessa equipe e sua atuação

conjunta.

O monitoramento rigoroso e a avaliação de resultados consistem no princípio mais

importante do IGESP, sendo, contudo, o mais trabalhoso. Seria ingênuo desenvolver e

implementar um plano de ação e acreditar que os outros o executarão sem que haja

algum tipo de acompanhamento. Acompanhar periodicamente as ações pode evitar o

surgimento de futuros problemas, além de permitir ajustes. Também possibilita verificar

se as ações estão alcançando o resultado previsto.

Várias são as formas de avaliação e podem incluir a revisão diária das estatísticas e

relatórios sobre os eventos criminais, a assistência de pesquisadores acadêmicos para

análises de tendências da criminalidade, impacto de estratégias policiais específicas e

avaliação de resultados e a realização de reuniões estratégicas de monitoramento e

avaliação de resultados em nível local e da cidade.

Por fim, tem-se como desafios determinantes para o sucesso da implementação desta

metodologia: a plena sistematização e integração de informações entre os órgãos

envolvidos, a disponibilização de informações atualizadas e precisas a todos os

operadores de segurança pública e a capacitação desses agentes no emprego de técnicas

e ferramentas de análise criminal.

Page 12: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

3. Sistema Integrado de Informações de Defesa Social – SIDS

Com o avanço do debate sobre os pressupostos da integração entre as Polícias Militar e

Civil, o Corpo de Bombeiro Militar, Defensoria Pública, Sistema Prisional, Sistema

Socioeducativo, o Ministério Público, e o Poder Judiciário, concluiu-se que o primeiro

passo seria a criação de um único sistema de informações, o que implicaria na correta

‘arquitetura’ de um serviço de compartilhamento e junção dos dados produzidos. De

fato, a situação era a seguinte:

Convencionou-se que o compartilhamento de informações deveria funcionar interagindo

sistemas de dados e conhecimentos sobre os cenários da Defesa Social, sobretudo sobre

a criminalidade no tempo e no espaço, permitindo a gestão das informações que vão

desde o atendimento das emergências policiais e de bombeiros, até a investigação

policial, a gestão de inquéritos, processos judiciais e a execução penal, sem desprezar,

em curto prazo, arquiteturas já existentes e em uso nos órgãos vinculados, buscando,

nestes casos, a interatividade desses sistemas naquilo que for necessário ao atendimento

dos objetivos do Sistema Integrado de Informações de Defesa Social – SIDS.

O SIDS foi oficialmente instituído por intermédio do Decreto Estadual nº 43.778 de 12

de Abril de 2004, O SIDS foi instituído como um sistema modular, integrado, que

permite a gestão das informações de Defesa Social, relacionadas a ocorrências policiais

CRIMINALCICLOPOLICIALCICLO

TCO´S / APF/ INQUÉRITOS

REGISTRO

BOP/BOB/ REPRESENTAÇÃO, REQUISIÇÃO, ETC

DESPACHO

DE VIATURAS

EVENTOFATO

POLICIAL

(190/193/197)

SISCON

JUDICIÁRIO

E MP

PROCESSOS

INFOPEN/

INFOPRI

SISTEMA DE INFORMAÇÕES POLICIAIS (SIP)

SISTEMA DE DESPACHO DE VIATURAS

(COPOM/COBOM/CEPOLC)

PRISÕES E PENAS

CRIMINALCICLOPOLICIALCICLO

TCO´S / APF/ INQUÉRITOS

REGISTRO

BOP/BOB/ REPRESENTAÇÃO, REQUISIÇÃO, ETC

DESPACHO

DE VIATURAS

EVENTOFATO

POLICIAL

(190/193/197)

SISCON

JUDICIÁRIO

E MP

PROCESSOS

INFOPEN/

INFOPRI

SISTEMA DE INFORMAÇÕES POLICIAIS (SIP)

SISTEMA DE DESPACHO DE VIATURAS

(COPOM/COBOM/CEPOLC)

PRISÕES E PENAS

Page 13: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

e de bombeiros, à investigação policial, ao processo judicial e à execução penal,

respeitadas as atribuições legais dos órgãos que o compõem.

O SIDS foi estruturado operacionalmente pelo Centro Integrado de Atendimento e

Despacho (CIAD) e pelo Centro Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS), a

saber:

• Centro Integrado de Atendimento e Despacho – CIAD: unidade resultante do

funcionamento conjunto, em um mesmo espaço físico e organizacional, do Centro

Integrado de Comunicações Operacionais (CICOP), da Polícia Militar, da Divisão de

Operações de Telecomunicações (CEPOLC), da Polícia Civil, e do Centro de Operações

de Bombeiros Militar (COBOM), do Corpo de Bombeiros Militar.

O CIAD tem por finalidade coordenar e gerenciar as ações operacionais das polícias

civil e militar, e de bombeiros, gerindo métodos de captação, organização e difusão de

ocorrências processadas segundo as competências legais dos respectivos órgãos.

O CIAD se fundamenta tecnicamente na centralização do atendimento de chamadas

telefônicas, de despachos de recursos operacionais das polícias e de bombeiros, e no

processamento automatizado dos registros de ocorrências efetuados, por outros meios,

pelos órgãos integrados.

• Centro Integrado de Informações de Defesa Social – CINDS: unidade formada por

representantes de todos os órgãos participantes do SIDS, responsável pela análise

criminal e de sinistro de todo o ciclo de informações, desde o registro do fato até a

execução da pena ou solução do sinistro.

O CINDS se fundamenta na análise, qualitativa e quantitativa, no tempo e no espaço,

das informações produzidas no âmbito do Sistema Integrado de Defesa Social.

O SIDS, como já afirmado, é um sistema modular e, nesse sentido, encontram-se em

desenvolvimento e implantação os seguintes módulos:

• Módulo Controle de Atendimento e Despacho Integrado - CAD: desenvolvido para

recepção de ligações e despacho de viaturas, este módulo permitirá o acompanhamento

da evolução do atendimento de ocorrências de modo efetivo, tendo, entre diversas

funcionalidades, a visualização do deslocamento das viaturas através do computador do

Page 14: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

despachante através de GPS’s instalados nas viaturas. Outra funcionalidade

particularmente interessante é o controle da frota e do efetivo operacional através do

Módulo Administrativo do CAD.

• Módulo Administrativo Policial – ADM/Polícia: módulo do sistema responsável pela gestão

das informações que são utilizadas no Módulo de Atendimento e Despacho Integrado

(SIDS/CAD), no tocante ao serviço prestado pelas Polícias Civil e Militar, tais como

efetivo policial, planejamento operacional, diretivas para atendimento de chamadas /

ocorrências, recursos recomendados para atendimentos de chamadas / ocorrências,

telefones úteis, endereços, locais de interesse, pessoas de contato, objetos de referência,

divisão territorial, naturezas de chamada, atividades operacionais, viaturas, segurança de

acesso, estatísticas de chamada, dentre outras.

• Módulo Administrativo de Bombeiro – ADM/Bombeiro: módulo responsável pela gestão das

informações que são utilizadas no Módulo de Atendimento e Despacho Integrado

(SIDS/CAD), no tocante ao serviço prestado pelo Corpo de Bombeiros, tais como efetivo

de bombeiro, planejamento operacional, relatório de resgate, diretivas para atendimento de

chamadas / ocorrências, recursos recomendados para atendimentos de chamadas /

ocorrências, telefones úteis, endereços, locais de interesse, pessoas de contato, objetos de

referência, assistência adaptada, divisão territorial, naturezas de chamada, atividades

operacionais, hidrantes, inventário de materiais perigosos, projetos de construções, viaturas,

acompanhamento de processos de prevenção, segurança de acesso, estatísticas de chamada,

dentre outras.

• Módulo de Registro de Eventos de Defesa Social - REDS: módulo do SIDS

destinado ao lançamento de ocorrências via web (pela Internet), independentemente da

instituição ou local de registro dos fatos. Trará benefícios às organizações que compõem

o Sistema de Defesa Social do Estado, tais como a padronização dos formulários dos

registros de ocorrências policiais, consistência dos dados (uma vez que interage com

outros sistemas de Segurança Pública do Estado), identificação e envio automático à

autoridade policial competente para a investigação do fato, transparência ao andamento

do fato através do fluxo de justiça criminal e produção de estatísticas criminais no

âmbito estadual sobre uma única fonte de dados, com maior grau de confiabilidade.

Page 15: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

Além disso, o REDS é uma ferramenta estratégica e operacional, uma vez que monitora

os indicadores de criminalidade, permitindo a redefinição das políticas de Segurança

Pública e monitora a dinâmica da criminalidade, permitindo a otimização dos recursos

operacionais existentes.

• Sistema de Informatização e Gerenciamento dos Atos de Polícia Judiciária -

PCNet: módulo do SIDS permitirá o gerenciamento dos procedimentos de investigação

nas unidades policiais, oferecendo agilidade e integridade no tratamento das

informações. Com o objetivo de modernizar e inserir a Polícia Civil e seus

procedimentos nas tecnologias mais avançadas existentes atualmente, em instrumentos

constituídos de software, hardware, rede de comunicação de dados, digitalização e

certificação digital de documentos, foi demandado o desenvolvimento do PCNet, com a

finalidade de promover a gestão de procedimentos das unidades de Polícia Judiciária e

Administrativa, onde todos os atos de polícia deverão ser eletrônicos. O PCNet é o elo

na cadeia do fluxo de justiça criminal, recebendo as ocorrências registradas por meio do

REDS e aproveitando todas as informações, fazendo que com isso não seja necessário

dispêndio de tempo e serviço para lançamento das informações.

• Georreferenciamento e Mapeamento Urbano: trata-se de um sistema de

informações geográficas – SIG, baseado em tecnologia de ponta para prover acesso a

informações geográficas armazenadas em um banco de dados único e espacial, de forma

simples e eficiente, permitindo ao usuário acessar diretamente a base de dados e realizar

consultas, análises, alterações e novas inserções em dados geométricos e alfanuméricos.

Possibilita, entre outras funcionalidades, que as viaturas sejam visualizadas em seus

mapas junto ao CAD e sua base de dados fomente o preenchimento de endereços

georreferenciados para o REDS.

• Módulo de Estatística Espacial: módulo gráfico da web para visualização, análise

espacial (em gráficos e números) de dados relativos aos eventos de defesa social

(ocorrências, chamadas, atividades, entre outros), oriundos dos órgãos de Defesa Social

do Estado. Esse módulo será denominado GEOEstatística Web. O módulo de estatística

espacial contempla a implementação dos seguintes métodos estatísticos: análise de

Kernel, teste knox, taxas bayesianas, séries temporais e algoritmo de alarme ou

vigilância.

Page 16: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

• Módulo de Informações de Segurança Pública - ISP: ferramenta que permite o

acesso, por meio de um único aplicativo, via web, a bancos de dados do Sistema de

Informações Policiais - SIP, de veículos - RENAVAN/DETRAN, e de condutores –

RENACH, administrados pela Polícia Civil.

Além dos módulos descritos anteriormente, estão sendo estabelecidas interfaces entre

vários sistemas existentes, tais como, entre o Sistema de Informações Penitenciárias –

INFOPEN, da Subsecretaria de Administração Prisional e o Sistema de Informações

Policiais – SIP e o PCNet, ambos da Polícia Civil.

Após o desenvolvimento dos módulos e das interfaces necessárias, um possível desenho

da arquitetura de sistemas pode ser definido conforme o seguinte:

CAD e Demais Mó dulos Mobilair

REDS

SIP

SIDSArmazém do SIDSG IS

Sistemas mantidos p/ Prodemge

RH, estrutura organizacional e viaturas (PM, PC e CB)

Informações Geo-referenciadas

Alterações dos Cadastros

SIP, Renach, Renavam,

ArmasInfopri e Infopen

Informações de Defesa

Social

Ministério Público

T JMG

Armazém Siscon

TJMGSiscon

Informações Criminais e

de Processos

Informações de Processos

Informações de Processos

Polícia Federal

(Sinarm)

Min. da Justiça

(Infoseg)

Armas Informações de

Indivíduos

RH, estrutura organizacional e viaturas (Polícia Civil)

Nesse cenário, todos os órgãos que compõem o ciclo de justiça criminal

compartilhariam informações, promovendo a geração de conhecimento a respeito do

fenômeno da criminalidade e das estratégias de intervenção sobre o mesmo.

Page 17: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

Nesse sentido, o desenvolvimento e a implantação do SIDS visam os seguintes

objetivos:

1. Promover a centralização do atendimento das emergências policiais e de bombeiros;

2. Promover a integração das ações e operações dos órgãos de Segurança Pública e

Defesa Social do Estado;

3. Fomentar a constituição de uma base de dados única, relacional, formada pela

integração de todos os sistemas informatizados das respectivas organizações, para

monitoração e/ ou gerenciamento de ocorrências e despachos de patrulhas

ostensivas, ações de investigação policial, do processo judicial e da execução penal;

4. Otimizar o emprego do efetivo e criar mecanismos de controle e acompanhamento

dos recursos materiais e humanos empregados na Segurança Pública e Defesa Social

do Estado;

5. Padronizar os formulários do Boletim de Ocorrências Policiais: será utilizado, pela

Polícia Militar e Polícia Civil, o mesmo formulário e o mesmo módulo

informatizado para registrar as ocorrências policiais, de modo a permitir a cada

órgão obter e gerir as informações necessárias à persecução de seu mister;

6. Padronizar a estatística criminal: com a utilização do mesmo formulário de

ocorrências policiais, harmonizado às necessidades de cada órgão, as naturezas de

ocorrências e todas as tabelas auxiliares utilizadas pelas polícias serão padronizadas,

o que permitirá a padronização da estatística criminal do Estado. Os fatos serão

registrados uma única vez, não importando quem agiu primeiro sobre ele. Todas as

demais ações sobre ele serão tratadas como itens processuais do ciclo da ação

policial e judicial;

7. Viabilizar a utilização do geoprocessamento por todos os órgãos do Sistema de

Defesa Social: o SIDS possibilitará que todos os órgãos integrantes utilizem o

mesmo mapa digital e as mesmas referências geográficas para realização de suas

estatísticas espaciais e operações finalísticas;

8. Permitir o compartilhamento de tecnologias:

Page 18: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

8.1 Integração das redes de microcomputadores e criação da Intranet de Defesa Social,

que servirá de elo de comunicação e meio de disseminação de informações entre

todos os órgãos e Poderes responsáveis pela Segurança Pública e Defesa Social. Em

fase de planejamento para registro de preços.

8.2 Integração das redes de rádio VHF/FM, com possibilidade de criação de um canal

de voz comum nos equipamentos fixos, móveis e portáteis hoje utilizados pelas

Corporações, para uso em operações integradas e/ou situações de emergência, a fim

de facilitar a coordenação das ações e operações no CIAD. Em fase de compra de

projeto alternativo.

8.3 Implantação de um sistema de posicionamento global (GPS/AVL), para localização

de patrulhas, que possibilitará otimização da coordenação das operações e do

gerenciamento logístico das viaturas. Em fase de teste e instalação nas viaturas das

Unidades de Polícia Militar de Belo Horizonte.

8.4 Utilização de computadores nas viaturas policiais e de bombeiro, a fim de aumentar

a capacidade operacional, segurança das informações e redução do tráfego de voz na

rede de rádio. Em fase de compra.

9. Permitir o acesso de informações de segurança Pública pelo cidadão: será

desenvolvido um módulo do sistema para Web, que será o meio de comunicação

entre os órgãos de Defesa Social e o cidadão, possibilitando-o o acompanhamento

das ações do Estado diante do atendimento de uma emergência policial ou de

bombeiro.

Entende-se que a gestão compartilhada de informações e tecnologias entre os órgãos

que integram o Sistema de Defesa Social e destes com aqueles que compõem o Sistema

de Justiça promoverá, em última instância a geração do conhecimento sobre a dinâmica

da violência e da criminalidade. É esse conhecimento, aplicado no desenvolvimento de

políticas públicas, que irá qualificar a ação do estado e de suas instituições, tornando

efetivo o atendimento aos anseios da sociedade quanto à demanda por segurança

pública.

Page 19: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

4. Conclusões

O Governo de Minas Gerais, desde 2003, tem efetivado esforços no sentido de

compreender e implementar uma política pública para a área de Defesa Social que,

primeiro, não se constitua em uma política apenas de segurança pública, mas que possa

alcançar todos os principais fatores que possam ser relacionados ao fenômeno da

criminalidade, e, segundo, que preconize um novo arranjo institucional, bem como, um

novo modelo de governança, que possibilitem a integração e coordenação entre os

órgãos do Sistema de Defesa Social.

Nesse sentido, vários instrumentos vêm sendo utilizados, tendo sido destacados neste

trabalho a compatibilização das bases territoriais das instituições, a adoção de uma

metodologia de integração da gestão operacional para a segurança pública, o

desenvolvimento de sistemas informacionais e o compartilhamento de informações.

O que se verifica de forma mais clara é a opção por uma política que se orienta pela

cooperação e articulação entre as instituições, superando, desse modo, discussões, em

tudo menos produtivas, quanto à possibilidade de fusão ou unificação de órgãos

distintos em suas funções e cultura organizacional.

A implementação dessa nova política e dos mecanismos oriundos da mesma encontra,

sem dúvida, um sem número de desafios, que demandam das instituições o

desenvolvimento de competências gerenciais, dentre as quais se destaca o exercício de

liderança, tendo em vista se tratar de um complexo processo de mudança

organizacional.

Referências Bibliográficas

Page 20: Modelo de Gestão Integrada do Sistema de Defesa Social de Minas

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Horizonte, UFMG. Palestra proferida para representantes da SEDS, PMMG e

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• SAPORI, Luis Flávio (2002). “A inserção da Polícia na Justiça Criminal Brasileira:

Os percalços de um sistema frouxamente articulado” in MARIANO, Benedito,

FREITAS,Isabel (orgs) - Polícia : Desafio da Democracia Brasileira. Porto Alegre:

CORAG - Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas.

• SAPORI, Luis Flávio (2007). “Segurança Pública no Brasil – desafios e

perspectivas”. Rio de Janeiro: Editora FGV.

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• SOARES, Luiz Eduardo (2002). “O enigma de Nova York”, in OLIVEIRA, Nilson

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