modelo de gestao hotel
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Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo
MODELO DE GESTO HOTELEIRA PARA MEIOS DEHOSPEDAGEM AMBIENTAL E ECOLGICO
MARIA LENIA ALVES DO VALE
Dissertao apresentada ao Programa dePs-Graduao em Engenharia deProduo da Universidade Federal deSanta Catarina, como requisito parcialpara obteno do ttulo de Mestre em
Engenharia de Produo.
Manaus, julho de 2003
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Ficha Catalogrfica
C149m VALE, Maria Lenia Alves do
Modelo de Gesto Hoteleira para meios deHospedagem Ambiental e Ecolgico./ Maria Lenia Alvesdo Vale. ___ Manaus : UFSC, 2003.
159f. il. 29cm.
Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado emEngenharia de Produo - UFSC.
1. Gesto Hoteleira 2. Ecoturismo 3. DesenvolvimentoSustentvel. I. Ttulo
CDB: 647.94
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MARIA LENIA ALVES DO VALE
MODELO DE GESTO HOTELEIRA PARA MEIOS DE HOSPEDAGEM
AMBIENTAL E ECOLGICO
Esta dissertao foi julgada e aprovada para a obteno do ttulo deMestre em Engenharia de Produo no Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produoda Universidade Federal deSanta Catarina.
Florianpolis, 25 de julho de 2003.
Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr.
Coordenador do Curso
BANCA EXAMINADORA
Prof. Alexandre de vila Leripio, Dr.Orientador
Prof. Gregrio Jean Varvakis Rados, Ph.D.
Profa. Lucila Maria de Souza Campos, Dra.
Prof. Tristo Scrates Baptista
Cavalcante,MsC .
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Dedicatria
minha av Leonarda Martins do Vale, que setornou referncia na minha vida, aos meus pais,Sebastio Martins do Vale e Maria Jos Alves doVale , pelos valores que me foram transmit idos,desde cedo, e pela dedicao incessante a minhaformao e ao meu f i lho Lucas Matheus do ValeBrasil , pela sua presena em minha vida.
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SUMRIO
RESUMO............................................................................................................. 05
ABSTRACT............................................................................................. ............ 06
LISTA DE FIGURAS........................................................................................... 09
1. INTRODUO................................................................................................ 101.1 Problema de Pesquisa.............................................................................. 121.2 Objetivos................................................................................................... 13
1.2.1 Objetivo Geral................................................................................... 131.2.2 Objetivos Especficos....................................................................... 13
1.3 Delimitao da Pesquisa.......................................................................... 141.4 Estrutura do Trabalho............................................................................... 14
2. FUNDAMENTAO TERICA...................................................................... 162.1 Fundamentos do Turismo e Hotelaria...................................................... 162.2 Gesto de Servios.................................................................................. 232.3 Gesto Hoteleira....................................................................................... 26
2.3.1 Gesto da qualidade ambiental em hotelaria.................................. 342.4 Desenvolvimento Sustentvel.................................................................. 38
2.4.1 Princpios do desenvolvimento sustentvel..................................... 412.5 Turismo sustentvel.................................................................................. 43
2.5.1 Impactos negativos do turismo........................................................ 442.6 Ecoturismo................................................................................................ 51
2.6.1 Ecoturismono Brasil........................................................................ 532.6.2 Ecoturismo no Amazonas................................................................ 56
2.6.2.1 Hoteis de Selva ................................................................... 582.7 Gesto Hoteleira em Meios de Hospedagens Ambiental e
Ecolgico.................................................................................................. 642.7.1Gesto de produtos e servios oferecidos em meios de
hospedagem ambiental e ecolgico................................................. 66
3. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS........................................................ 683.1 Classificao da Pesquisa........................................................................ 683.2 Justificativa da Pesquisa.......................................................................... 693.3 Questes da Pesquisa.............................................................................. 703.4 Populao e Tamanho da Amostra.......................................................... 71
3.5 Fases de Execuo do Estudo................................................................. 723.6 Descrio do Modelo Proposto e Etapas da Pesquisa............................. 733.6.1 Descrio do Modelo Proposto......................................................... 733.6.2 Etapas da Pesquisa.......................................................................... 76
4. APLICAO DO MODELO PROPOSTO....................................................... 914.1 Aplicao do Modelo Proposto................................................................. 91
4.1.1 Etapa 1 Descrio da estrutura organizacional do meio dehospedagem Pousada Amaznia.................................................. 91
4.1.2 Etapa 2Identificao do perfil gerencial da Pousada Amaznia... 94
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4.1.3 Etapa 3 -Priorizao dos itens de gesto com necessidade demelhoria............................................................................................. 100
4.2.Resultados da Aplicao do Modelo....................................................... 1034.3.Aes de Melhoria................................................................................... 105
5. CONCLUSES E RECOMENDAES......................................................... 1205.1 Consideraes acerca do Modelo Proposto............................................. 1205.2 Concluses............................................................................................... 1215.3 Sugestes para trabalhos futuros............................................................. 124
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA......................................................................... 126
ANEXO A............................................................................................................ 132
ANEXO B............................................................................................................ 146
ANEXO C............................................................................................................ 149
ANEXO D............................................................................................................ 151
ANEXO E............................................................................................................ 153
ANEXO F............................................................................................................ 156
ANEXO G............................................................................................................ 158
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Subsistema de Distribuio do SISTUR......................................... 17Figura 2 Combinao de avaliao dos componentes tangveis e
intangveis em hotis...................................................................... 20Figura 3 Hotel visto como um sistema.......................................................... 27Figura 4 Dimenso da Qualidade.................................................................. 31Figura 5 Princpios do desenvolvimento sustentvel.................................... 42Figura 6 Turismo no sustentvel versus Turismo Sustentvel.................... 47Figura 7 Classificao em rede dos tipos de turismo.................................... 48Figura 8 Tipos de sistemas e de turismo ecologicamente sustentvel......... 50Figura 9 Aes Estratgicas......................................................................... 54Figura 10 Modelo proposto............................................................................. 75Figura 11 Formulrio para descrio da estrutura organizacional.................. 76Figura 12 Questionrio de auto-avaliao gerencial do meio de
hospedagem................................................................................... 78
Figura 13 Pontuao do meio de hospedagem.............................................. 79Figura 14 Pontuao para identificao do perfil organizacional.................... 79Figura 15 Parmetros e valores para priorizao de itens com necessidade
de melhoria.....................................................................................82
Figura 16 Priorizao de itens com necessidade de melhoria........................ 83Figura 17 Perfil gerencial da Pousada Amaznia........................................... 95Figura 18 Pontuao dos itens de gesto....................................................... 96Figura 19 Itens de gesto................................................................................ 96Figura 20 Priorizao dos itens de gesto com necessidade de melhoria..... 100Figura 21 Mapeamento dos Resultados......................................................... 104Figura 22 Situao Atual e ResultadoFuturo................................................. 105Figura 23 Aes de Melhoria.......................................................................... 107Figura 24 Processo de Descentralizao da Pousada Amaznia.................. 112Figura 25 Resumo do mapeamento dos resultados, situao atual e futura
e proposta de aes de melhoria.................................................... 119
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RESUMO
VALE, Maria Lenia Alves do. MODELO DE GESTO HOTELEIRA PARAMEIOS DE HOSPEDAGEM AMBIENTAL E ECOLGICO. Florianpolis, 2002.159f. Dissertao (Mestrado em Engenharia de Produo) Programa dePs-Graduao em Engenharia de Produo, UFSC, 2002.
Na busca por alternativas de desenvolvimento sustentvel, o turismo
precisamente o naturalista, em sua modalidade turismo ecolgico ouecoturismo, apresenta-se como uma opo de atividade econmica, pautadanas potencialidades naturais da regio, sobretudo em regies focos deinteresse internacional, como a Amaznia, devendo estar fundamentado emuma poltica de planejamento e de manejo dos recursos naturais, deeducao ambiental, de conhecimento da natureza, da conscientizao e daintegrao das comunidades marginais ao turismo e ao desenvolvimentosustentvel. Dessa forma, este estudo leva em considerao o conceito dedesenvolvimento sustentvel, enfatizado, pela Agenda 21, apresentando emseu objetivo geral a proposta de um modelo de gesto hoteleira, para meiosde hospedagem ambiental e ecolgica, no Estado do Amazonas, com basenos critrios do Instituto Brasileiro de Turismo. Est estruturado em seiscaptulos, que tratam de assuntos sobre fundamentos do turismo e hotelaria,abordando um breve histrico de gesto, dando-se nfase ao gerenciamentode servios e de hotelaria, a partir da gesto da qualidade ambiental emhotelaria. Em seguida, abordar-se- sobre o desenvolvimento sustentvel,abordando os princpios do desenvolvimento sustentvel e do turismosustentvel, apontando os impactos negativos do turismo. Aps essepercurso, apresentar-se- sobre a histria do Ecoturismo no Brasil e, emespecial, no Amazonas, quanto ao hotel de selva. Por fim, ser abordadosobre a gesto hoteleira em meios de hospedagens ambiental e ecolgico,utilizando-se a gerncia de produtos e servios oferecidos em meios dehospedagem ambiental e ecolgico, cujos preceitos esto relacionados ao
objetivo do trabalho. Prope-se, tambm, um modelo de gesto hoteleira parameios de hospedagem ambiental e ecolgico, pautado na reviso daliteratura, a fim de propor uma forma adequada de gesto, faz-se ainda umaamostra caracterizada por um meio de hospedagem ambiental e ecolgico,localizado no Estado do Amazonas.
Palavras-Chave: Gesto Hoteleira, Ecoturismo, DesenvolvimentoSustentvel.
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ABSTRACT
VALE, Maria Lenia Alves do. MODELO DE GESTO HOTELEIRA PARAMEIOS DE HOSPEDAGEM AMBIENTAL E ECOLGICO. Florianpolis, 2002.159f. Dissertao (Mestrado em Engenharia de Produo) Programa dePs-Graduao em Engenharia de Produo, UFSC, 2002.
Searching for sustainable development, tourism, precisely natural
tourism on ecotourism modality, shows as an option to the economic activity,leaned on the natural potentiality of the region, over all on internationalinteresting regions, like the Amazon, has to be based on a planned politicsand management plan of natural resources, environmental education,ecological knowledge, awareness and integration of marginal communities tothe tourism and sustainable development. This study takes in considerationsustainable development concept, emphasizing, the 21 Agenda, showing in itsgeneral objective a purpose of a hotel management model in environmentaland ecological hotels, on the Amazon State, based on Brazilian Tourist Boardcriteria. It is structured in six chapters, in which discussed tourism foudationsand hotel management, a brief history of management emphasising servicesand hotel management coming from environmental quality management inhotels. Next, it will present sustainable development, principles of sustainabledevelopment and sustainable tourism, pointing out the negatives impacts oftourism. After that, it will present ecotourism history in Brazil and specially inthe Amazon and ecological lodging. At last, will talk about hotel managementin enviromental and ecological hotels, using management of products andservices that ecological lodging offers, which precepts are related to theobjectives of this research. It suggests, as well, a model of hotelmanagement to be used by environmental and ecological lodges based onliteracture review, aims to propose a more adequate way of management, andalso has a sampling caracterized by a enviromental and ecological hotel,located in the Amazon State.
Key-words: Hotel Management, Ecotourism, Sustainable Development.
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CAPTULO 1 - INTRODUO
Perodos de ascenso e declnio acentuados tm marcado a economia
do Estado do Amazonas. O marco principal localiza-se no perodo da
borracha, quando, nessa fase de crescimento e expanso urbana, seguiu-se
uma crise que atingiu vrios setores. Em seguida, ocorre a criao da Zona
Franca de Manaus, assinalando uma poca promissora, no que tange ao
desenvolvimento econmico do Estado, o que resultou em considervel
impulso econmico para a regio.
Na busca por alternativas de desenvolvimento sustentvel, o turismo,precisamente o naturalista, em sua modalidade turismo ecolgico ou
ecoturismo, apresenta-se como uma opo de atividade econmica, pautada
nas potencialidades naturais da regio, sobretudo, em regies focos de
interesse internacional, como o caso da Amaznia.
A despeito das perspectivas, a explorao dos recursos naturais tem
suscitado a preocupao dos pases desenvolvidos em relao manuteno
da floresta amaznica. Dentre as questes debatidas, o uso desordenado dosrecursos naturais apresenta-se como tema de vrias discusses no mundo
inteiro.
Segundo os dados da Organizao Mundial de Turismo (OMT) no ano
de 2025 cerca de 83 % da populao mundial, prevista de 8,5 bilhes de
habitantes, estaro vivendo nos pases em desenvolvimento, para os quais o
poder pblico dever estimular alternativas de auto-sustentao econmica,
pautada na preservao ambiental.
Nesse contexto, como resposta a essas discusses, surge o
Ecoturismo, inicialmente na forma de turismo de natureza, o que na verdade
j existia e vinha sendo desenvolvido h algum tempo, denominado de
turismo ecolgico. O Ecoturismo apresenta outra concepo, por meio do uso
do patrimnio natural, sem comprometimento para as futuras geraes, assim
como a promoo do bem-estar das comunidades envolvidas, baseado em
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um conceito, no qual se identifica a questo da conscincia ambientalista.
Vale destacar que este trabalho deriva-se das bases conceituais do
ecodesenvolvimento, sintetizados na seguinte expresso: o
ecodesenvolvimento um projeto de Estados e sociedades, cujo centro dedesenvolvimento econmico a sustentabilidade social e humana, capaz de
ser solidria com a biosfera (PEREIRA, 2001)
A partir deste conceito, busca-se um modelo voltado para o
desempenho sustentvel. Assim, segundo Kinlaw (1997) cada empresa ou
indstria deve traduzir o conceito de desenvolvimento sustentvel em
prticas empresariais. O conceito de desempenho sustentvel fundamenta-se
no fato de que a sobrevivncia das naes est ligada sobrevivncia dasempresas, para tanto estas necessitam obter lucro.
Segundo o posicionamento da OMT, o planejamento, desenvolvimento
e operao do turismo devem ser parte de estratgias de conservao ou de
desenvolvimento sustentvel para uma regio, devendo ser intersetoriais e
integrados, envolvendo vrias organizaes governamentais, empresas
privadas, grupos de indivduos, permitindo deste modo, obter o maior nmero
possvel de benefcios.
Por sua vez, as organizaes empresariais, bem como os grupos de
indivduos devem seguir princpios ticos e outros fatores inclusos na cultura
e no ambiente da rea anfitri, assim como o modo de vida no plano
econmico e poltico, a maneira de viver da comunidade, ou seja, o seu
comportamento tradicional e os seus padres de liderana.
Assim, fundamentado no prprio ambiente geogrfico, o turismo
ecolgico concentra a maior parte de suas atividades na natureza,necessitando de meios de hospedagem ambiental e ecolgico de selva. Esta
forma de explorao turstica apresenta amplas possibilidades de contribuir
para a economia das comunidades, onde esses meios de hospedagem so
instalados, podendo, alm de maximizar a difuso do desenvolvimento
sustentvel, contribuir efetivamente para a melhoria da qualidade de vida da
populao local.
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Vale ressaltar, no entanto, que, embora a importncia desse tipo de
turismo para as economias municipais esteja sempre na pauta das
discusses, o Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR) ainda no
organizou uma normatizao especfica sobre gesto hoteleira, em meios de
hospedagem ambiental e ecolgico, o que exige um modelo de gesto
adequados a essas especificaes. Essa falta de norteamento estimula a
experimentao e os descuidos quanto ao ambiente natural, dificultando o
benchmarkting com outros empreendimentos hoteleiros e reduzindo as
vantagens competitivas.
Neste prisma, a gesto hoteleira, para meios de hospedagem ambiental
ecolgico, considerada como fator relevante para o desenvolvimento
sustentvel, em determinados municpios. Assim, importante que se
perceba a problemtica da escassez da demanda turstica e que sejam
adotadas estratgias que consolidem o ecoturismo como uma alternativa de
sustentabilidade local. Pretende-se, ento, que os resultados deste estudo
possam constituir-se em instrumentos gerenciais auxiliados aos detentores
do poder de deciso, seja no mbito estadual ou municipal, pblico ou
privado.
1.1 Problema de Pesquisa
Baseando-se nos padres no sustentveis de consumo, formulou-se a
seguinte situao problema: os sistemas atuais de gesto hoteleira
atendem s necessidades dos meios de hospedagem ambiental e
ecolgico?
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1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Esta pesquisa, alm de buscar as respostas para a problemtica
mencionada anteriormente, tem por objetivo geral, propor um modelo de
gesto hoteleira para meios de hospedagem ambiental e ecolgica, no
Estado do Amazonas, com base nos princpios do Ecoturismo.
1.2.2 Objetivos Especficos
O objetivo geral dever ser alcanado, atendendo-se aos seguintes
objetivos especficos:
- Identificar os sistemas de gesto hoteleira para meios de
hospedagem ambiental e ecolgica;
- Descrever a situao do empreendimento de meio de
hospedagem ambiental e ecolgico.
- Comparar os sistemas de gesto hoteleira para meios de
hospedagem ambiental e ecolgico, com base nos princpios do
Ecoturismo.
O resultado deste estudo poder tambm, dar uma contribuio para o
setor hoteleiro no segmento de hospedagem ambiental e ecolgico medida
que a implementao de aes de melhoria dos procedimentos de gesto
seja adequada ao ecoturismo, atendendo dessa forma, aos preceitos do
desenvolvimento sustentado.
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1.3 Delimitao da Pesquisa
Em virtude da pesquisa se estruturar sob a forma qualitativa, torna-se difciltraar os limites de qualquer objeto delimitado (GIL, 1999). Por esta razo, Rosseto
(1998) afirma que difcil traar os limites de qualquer objeto social, sendo difcil
tambm determinar a quantidade de informaes necessrias para o projeto
delimitado. Neste caso, o estudo exigiu certa habilidade quela requerida nos
demais tipos de delineamento. A concepo exigiu tambm carter intuitivo para
compreender quais dados seriam necessrios para se alcanar a compreenso do
objeto como um todo.
Sua importncia liga-se ao fato de que a idia de delimitao nas
abordagens no s quantitativas, mas tambm qualitativas utilizada para
proporcionar uma melhor anlise e interpretao do material coletado,
afastando-se de um levantamento puramente experimental, dessa forma este
estudo faz confrontaes de conhecimentos, instituies generalizantes e
agrupamentos intuitivos do contedo pesquisado.
Portanto, a presente pesquisa delimita-se proposio de um modelo
de gesto hoteleira para meios de hospedagem ambiental e ecolgico, tendo
sido aplicado a um empreendimento localizado no Estado do Amazonas.
1.4 Estrutura do Trabalho
Este trabalho encontra-se estruturado em seis captulos, sendo que oCaptulo 1 Introduo, destinado ao posicionamento acerca do tema em
questo.
No captulo 2, tem-se a apresentao da fundamentao terica, o qual
procura atingir os temas pertinentes ao arcabouo terico que sustenta o
presente estudo. Para tanto, foram tratados assuntos como fundamentos do
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turismo e hotelaria, abordando um breve histrico de gesto, dando-se
nfase ao gerenciamento de servios e de hotelaria, a partir da gesto da
qualidade ambiental em hotelaria. Em seguida, abordar-se- sobre o
desenvolvimento sustentvel, abordando os princpios do desenvolvimento
sustentvel e do turismo sustentvel, apontando os impactos negativos do
turismo. Aps esse percurso, apresentar-se- sobre a histria do Ecoturismo
no Brasil e, em especial, no Amazonas, quanto ao hotel de selva. Por fim,
ser abordado sobre a gesto hoteleira em meios de hospedagens ambiental
e ecolgico, utilizando-se a gerncia de produtos e servios oferecidos em
meios de hospedagem ambiental e ecolgico, cujos preceitos esto
relacionados ao objetivo do trabalho.
O Captulo 3 Procedimentos Metodolgicos, explicita os principais
procedimentos metodolgicos que o pesquisador utilizou no sentido de atingir
os objetivos propostos no estudo.
O Captulo 4 Aplicao do modelo proposto, tem-se a apresentao
da proposio do modelo de gesto hoteleira para meios de hospedagem
ambiental e ecolgico, pautado na reviso da literatura, a qual prope uma
forma de gesto.
O Captulo 5 destinado s concluses e recomendaes, no qual o
pesquisador aborda os resultados encontrados, indicando eventuais
possibilidades de aplicao em outros contextos ou perodo, levando em
considerao a representatividade de estudo in loco realizado. Tambm
sero apresentadas aes de melhoria. Por fim, sugestes para estudos
futuros.
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CAPTULO 2 FUNDAMENTAO TERICA
2.1 Fundamentos do Turismo e Hotelaria
O setor turstico tornou-se um fenmeno mundial ao longo das ltimas
quatro dcadas. Grande parte dos turistas freqenta destinos tradicionais de
turismo de massa, o que comea a gerar sobre-ocupao das infra-estruturas
e degradao ambiental acelerada nas regies de acolhimento (EMBRATUR,
1994).
Quanto histria da hotelaria e do turismo destaca-se que a mesma
est diretamente relacionada s transformaes sociais e econmicas,
vivenciadas pela humanidade. Embora o turismo no seja o responsvel
direto pelo surgimento dos meios de hospedagem, o seu incremento somente
foi possvel graas aos avanos das viagens tursticas mundiais.
Voltados para este cenrio, os segmentos turstico e hoteleiro
comearam a se organizar a partir do Sculo XIX, mas somente a partir de1950, com o incremento das viagens, transformou o turismo numa atividade
de massa bastante significativa, passando a hotelaria a vivenciar um perodo
de maior significncia, em termos socioeconmicos.
Afirma-se isto, pois, a expanso da economia incorporou novos e
significativos contingentes sociedade de consumo, na qual o turismo se
insere como um segmento importante e em contnuo crescimento. As viagens
passaram a fazer parte da cultura e das aspiraes das populaes, fazendo
com que a demanda turstica passasse a ser cada vez mais crescente e
conseqentemente, a oferta hoteleira evolui em funo dessa demanda
(ANDRADE, 2000).
Nesse contexto, a hotelaria desponta como vetor fundamental de
expanso e consolidao do setor turstico. Sua atuao tem correspondido
demanda dos novos nichos de mercado e, ao mesmo tempo, propiciado o
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surgimento de novas modalidades de turismo, diversificando o portiflio de
produtos e servios.
Uma vez que o turismo composto de atividades essencialmente na
rea de servios, para Castelli (2001), preciso oferecer tambm um produtoacabado de tima qualidade. Isso significa a incluso de servios de primeira
qualidade, em especial aqueles referentes hospedagem, j que o hotel
um dos principais suportes do roteiro turstico. Efetivamente no existe
desenvolvimento turstico, comercial ou industrial sem uma hotelaria forte,
tanto em seus aspectos de confortabilidade, quanto naqueles referentes
qualidade de servios.
Na viso de Sampol (1999), a atividade turstica deve ser inserida emum setor complexo, haja vista a diversidade de atividades que a compe. As
variveis bsicas, para se analisar o turismo, bem como a hotelaria, podem
ser observadas do ponto de vista da oferta e da demanda, conforme
demonstrao do Sistema de Distribuio Turstica, apresentados na Figura
1.
Figura 1 Subsistema de Distribuio do SISTURFonte: LRIPPENDORF (1992)
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Uma vez focalizado o sistema de distribuio turstica, faz-se necessrio
uma abordagem especfica quanto empresa hoteleira.
A EMBRATUR (1994) define Empresa Hoteleira como sendo a pessoa
jurdica que explore ou administre meio de hospedagem e que tenha em seusobjetivos sociais o exerccio de atividade hoteleira.
Na concepo de Andrade (2000) qualquer que seja seu gabarito ou o
nvel de sua classificao, o hotel o edifcio onde se exerce o comrcio da
recepo e da hospedagem de pessoas em viagem ou no, e se oferece
servios parciais ou completos, de acordo com a capacidade da oferta, as
necessidades ou as requisies da demanda.
O conjunto das atividades prprias ou especficas do hotel, denomina-
se hospedagem e inclui os servios de bem receber e o fornecimento dos
bens necessrios ao desempenho requerido para o cumprimento cabal de
suas funes, que, baseados nas leis de mercado, essencialmente
profissionais e comerciais e visam melhor lucratividade possvel.
Os hotis, por serem considerados como empreendimentos de
caractersticas singulares, devem ser analisados na diversidade estrutural
que os caracteriza, pois seus servios se fundamentam nas seguintes
estruturas:
Estrutura fsica geral do empreendimento hoteleiro : destaca-se que
esta composta pelos seguintes elementos bsicos: edifcio ou prdio; reas
de deslocamento e de lazer destinadas aos hspedes; mveis e os utenslios;
almoxarifado; despensa; adega; cozinha; restaurante; cantina ou bar;
recepo; governana; alojamentos; garagem ou estacionamento para os
veculos dos hspedes; reas privativas e alojamentos dos funcionrios. Valefrisar que alguns elementos so concebidos com categorias mais elevadas,
devido oferecem possibilidades mais servios a seus hspedes, assim como:
salo de beleza, sauna e fisioterapia; teatro; centro de convenes; sala de
leitura; casa de cmbio; correio; farmcia; agncia de viagens; baby-sitter;
reas de lazer, quadras, piscinas; apartamentos com requintes de instalaes
e, conforme a localizao, heliporto e marina.
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Estrutura humana: impulsiona e faz funcionar todos os dispositivos
fsicos da hotelaria e se compe do conjunto de pessoas que exercem
atividades de administrao, recepo e de prestao de servios diretos e
indiretos de atendimento aos hspedes. A quantidade de funcionrios forma o
volume da estrutura fsica ou dos recursos humanos, mas o que a evidencia
como sendo de alto padro sua qualificao profissional, que, muitas
vezes, tem o suficiente poder de superar as limitaes e os defeitos da
prpria estrutura fsica do estabelecimento.
Vale ressaltar que as duas estruturas se efetivam de acordo com a
estrutura econmica que envolve a necessidade dos hotis abastecerem-se
por meio da aquisio de todos os produtos necessrios ao seu
funcionamento e da contratao de obra autnoma ou de empresas. Outros
possuem produo prpria, suficiente para seu abastecimento e quadro de
funcionrios para atendimento a todos seus setores, alm dos equipamentos
necessrios para garantir a eficincia e a agilidade dos diversos trabalhos. A
localizao regional, onde o estabelecimento se situa, e o prprio tipo de
potencial que o caracteriza so os fatores determinantes da estrutura
econmica mais apropriada, tanto para a qualificao dos servios, quanto
para o alcance da rentabilidade pretendida ou necessria.
De acordo com Castelli (1999), a empresa hoteleira, gradativamente,
vem aperfeioando equipamentos e instalaes, mudando seu
posicionamento socioeconmico, face s oscilaes conjunturais.
Conseqentemente, o elemento humano, base do seu esquema operacional,
deve estar devidamente preparado para assumir integralmente a empresa,
com isso, as pessoas, embora sejam a pea principal da empresa hoteleira,
devem adaptar-se evoluo que a prpria empresa sofre com a introduo
de novos equipamentos e tcnicas de gesto, e adequar-se s novas
exigncias dos clientes.
Assim, as empresas prestadoras de servios devem apostar
fundamentalmente na qualidade do elemento humano, j que a excelncia do
servio, condio de competitividade e sobrevivncia da empresa, depende
de como est interagindo com os clientes. Essa qualidade obtida
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HHH OOO TTT EEE LLL
capacitao dos Recursos Humanos, pois a imagem negativa ou positiva da
cidade resultado da qualidade do tratamento recebido no empreendimento
turstico.
Para Silva (1999), o produto hoteleiro, por possuir caractersticasprprias, passa obrigatoriamente pela transformao de matrias-primas,
envolvendo pessoas, equipamentos e instalaes, mas a diferena
substancial est na participao indispensvel do cliente no processo
produtivo, pois sem este no seria possvel a efetivao da prestao do
servio.
De acordo com Ferreira (1999), a participao do cliente no processo
produtivo, depende da combinao dos componentes tangveis e intangveis,de acordo com a Figura 2.
Figura 2 Combinao de avaliao dos componentes tangveis eintangveis em hotisFonte: Adaptado de Ferreira (1999)
COMPONENTESINTANGVEIS
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A intangibilidade dos servios, juntamente com a presena do cliente e a
simultaneidade da produo e consumo dos mesmos formam as principais
caractersticas especiais deste tipo de operao, o qual definir a avaliao
dos resultados e a agregao de valor aos servios prestados (GIANESI e
CORRA, 1996).
Para compreenso, quanto aos tipos de servios hoteleiros, estes sero
descritos a seguir, respectivamente aos diferentes tipos de hotel, cuja
tipologia foi utilizada por Cavalcante (2001), como sendo:
1. Hotis de Lazer (Resorts): voltados para viagens de frias ou de
descanso. Localizam-se principalmente em balnerios, rios, lagos, regies
montanhosas, reas rurais ou plos tursticos. Oferecem infra-estrutura paraatividades esportivas, como piscinas, quadras de esportes e salas de jogos.
Realizam atividades de entretenimento, coordenadas por animadores, como
passeios de barcos, caminhadas e competies;
2. Hotis de Negcios: atendem basicamente demanda gerada por
viagens de trabalho, feiras, convenes e eventos em geral. Localizam-se em
grandes centros comerciais e industriais e oferecem servios e facilidades
para executivos, como salas privativas para reunies, computadores, fax e
secretrias. Costumam ser reunidos em reas especficas, chamadas de
business centers;
3. Hotis de Trnsito: empreendimentos localizados prximos (ou no
interior) de aeroportos, ferrovias e rodovias. Procuram atender, em geral,
demanda por estadas de curto perodo, durante o deslocamento dos
passageiros;
4. Hotis-Residncia: conhecidos tambm com flats ou apart-hotis,caracterizam-se como edifcios em que so oferecidos servios de limpeza,
arrumao e lavanderia, cujos custos so inclusos no condomnio. Os
apartamentos so dotados de cozinha e servios de alimentao, costumam
restringir-se ao coffee shop;
5. Motis: tradicionalmente localizam-se beira de estradas ou de
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rodovias. So uma variao do hotel de trnsito. Em geral so
empreendimentos simples, de pequeno e mdio portes, horizontais e dotados
de garagens. Outra caracterstica a ausncia de contato direto com os
funcionrios. Os check-ine o check-outso informais e bastante rpidos;
6. Hotis-Cassino: estabelecimentos voltados para a demanda gerada
pelas viagens de lazer e entretenimento associadas aos jogos dos cassinos.
So normalmente empreendimentos sofisticados e de grande porte, situados
junto a complexos turst icos;
7. Hotis de Cura (ou hotis-clnica): empreendimentos que oferecem,
alm da hospedagem, tratamentos ou revitalizao. Contam com infra-
estrutura clnica, mdicos, fisioterapeutas, nutricionistas e outrosprofissionais. Situam-se, em geral em regies montanhosas, balnerios ou
estncias climticas;
8. Hotis-Fazenda: empreendimentos voltados para viagens de lazer.
Em geral ocupam grandes reas e oferecem atividades campestres, como
passeios a cavalo e infra-estrutura para esportes. Segundo Cavalcante, a
maior parte desses estabelecimentos est concentrada na regio Sudeste do
Pas, especialmente em So Paulo e no Rio de Janeiro; e
9. Hotis de Selva: empreendimentos localizados em regies que
desenvolvem atividades de ecoturismo. Costumam privilegiar a integrao
com o meio em que esto inseridos com o objetivo de minimizar os impactos
sobre o ambiente. Em geral so de pequeno e mdio porte e operam com
pouca sofisticao e sua localizao deve ser uma rea de mata preservada.
Esse tipo de hotel mais comum na Regio Amaznica, em especial no
Estado do Amazonas, pelas peculiaridades especficas da regio.
Por se caracterizarem os hotis de selva como empreendimentos
voltados diretamente ao ecoturismo, cujas atividades so tidas como uma
estratgia criativa para a preservao do meio ambiente, este tipo de hotel foi
o escolhido como base para este estudo, com a finalidade de propor um
modelo de gesto hoteleira especficos a esse empreendimento.
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Assim, buscar-se- um aprofundamento quanto gesto de servios,
considerando a complexidade da hotelaria, neste tipo de hotel, bem como, abordar
acerca dos conceitos gerais de gesto, gesto hoteleira e gesto da qualidade em
hotelaria. Para isso, as bases e conceitos gerais de gesto, consideradas essenciais
ao entendimento dos conceitos a serem aplicados neste estudo, serviro para a
sustentao do modelo proposto, portanto os assuntos sero abordados a partir do
item 2.2.
2.2 Gesto de Servios
Chiavenato (2000) afirma que a partir da dcada de 50, aps as
privaes e dificuldades de consumo impostas pela Segunda Guerra Mundial,
com novos valores socioeconmicos, as pessoas passaram a ver no consumo
sua possibilidade de auto-realizao, procurando o mundo empresarial
adaptar-se aos novos tempos, cujos conceitos gerenciais das organizaes
passaram a refletir as imposies das novas leis de mercado, fazendo-se
necessrio o envolvimento de toda a organizao.
Nessa perspectiva, o autor ainda defende que a organizao deve
procurar antecipar-se ao comportamento de foras ambientais, as quais
podem influenciar seus planos futuros na busca de vantagens competitivas,
consolidar sua posio no mercado e cumprir sua misso e seus objetivos,
com melhor utilizao de seus recursos disponveis.
A partir desse contexto, as organizaes passaram de uma viso
tradicional da maximizao dos lucros e minimizao dos custos para uma
viso moderna, na qual vista como uma instituio sociopoltica, voltando-
se para problemas tais como proteo ambiental, proteo ao consumidor,
controle da poluio, segurana e qualidade de produtos, assistncia mdica
e social (DONAIRE, 1999).
O atendimento dessas expectativas, segundo o autor, interfere nos
objetivos econmicos das organizaes e se tais expectativas so
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importantes para a sociedade e para o mundo moderno, as instituies no
tm outra escolha seno a de prover recursos para atender a essas
reivindicaes.
Tais reivindicaes sociais foram todos os segmentos de mercado, emespecial o segmento de servios, a melhorarem o atendimento das
expectativas de seus clientes, agora muito mais exigentes, tanto em relao
qualidade dos servios demandados, quanto qualidade do meio ambiente
onde as empresas esto inseridas. Isso possui especial importncia para
empresas hoteleiras, as quais atendem diretamente a todos os tipos de
clientes, cada um com necessidades especficas aos servios demandados.
Quando se trata de servios hoteleiros ecotursticos, a qualidade noatendimento torna-se muito mais complexa, uma vez que os servios
envolvem necessariamente questes relacionadas preservao ambiental,
a qual exige um esforo muito maior para conciliar empreendimentos
ecologicamente corretos e economicamente viveis, pela prpria natureza
dos servios.
Diante do exposto, torna-se necessrio enfatizar a gesto de servios,
tratada por Castelli (1999), como sendo um enfoque organizacional global daqualidade do servio, tal como sentida pelo cliente, a principal fora motriz do
funcionamento da empresa, transformando, assim, a empresa em um
departamento de atendimento ao cliente.
Uma vez que a qualidade est sendo considerada por Caravantes et al
(1997), como sendo a capacidade de satisfazer as necessidades tanto na
hora da compra, quanto durante a utilizao, sua gesto consiste em
desenvolver, criar e fabricar mercadorias mais econmicas, teis e
satisfatrias para o comprador, administrando o preo de custo, de venda e
de lucro.
Para Castelli (1999), empresas prestadoras de servios devem apostar
fundamentalmente na qualidade do elemento humano, j que a excelncia do
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servio, condio da competitividade e sobrevivncia da empresa, depende
de como est interagindo com os clientes.
A qualidade, a qual o autor se refere, obtm-se pela educao e
treinamento, a fim de satisfazer as necessidades de todas as pessoas com as
quais a empresa possui necessariamente compromisso, tais como:
empregados, clientes, fornecedores, acionistas e comunidade.
Assim, satisfazer as pessoas significa atender as suas necessidades,
sendo necessrio, portanto, manter um dilogo permanente com cada uma
delas, para evitar o desequilbrio, pois este pode causar um srio entrave
para a competitividade e sua sobrevivncia.
Para Paladini (1995), em servios so enfatizadas as relaes diretas
com os clientes e o processo deve ser flexvel, porque o cliente participa do
processo produtivo de forma efetiva. Portanto, as organizaes precisam ser
flexveis e possuir capacidade para mudana e renovao constante.
Em servios, a presena do cliente no processo altera materialmente o
que visto como produto, uma vez que na prestao de servios encontra-se
a subjetividade e a dificuldade de se estabelecer o que qualidade, pois
cada cliente reage diferentemente ao que parece ser o mesmo servio.
Em termos estratgicos, Paladini (2000, p.32), comenta ainda que
a produo de servios parece ser o setor econmico que tem maior
potencial atualmente, e manter esta posio de destaque em curtoprazo. Isso embora, haja, estranhamente, quem acredite que investirna qualidade do servio no vale a pena, porque servios noproduzem empregos, riqueza ou renda.
O autor tambm enfatiza que basta lembrar que a atividade produtiva
de maior impacto econmico do mundo hoje - o turismo - est nesta rea,
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tornando-se dessa forma o setor hoteleiro o referencial para se discutir sobre
qualidade na prestao de diversos servios.
Tratando-se de servios ecotursticos, toda a organizao precisa estar
definitivamente envolvida e participar da qualidade no s dos servios, mas
tambm da rea ou da qualidade ambiental.
2.3Gesto Hoteleira
Considerado a espinha dorsal do turismo, a hospedagem um sistema
complexo que apresenta uma grande diversidade de funes e exige bastante
conhecimento e habilidade no seu gerenciamento.
Contudo, Davies (2002) afirma que a sistemtica de funcionamento de
um hotel muito simples e de fcil entendimento. De acordo com esse
raciocnio, difcil errar: bem mais fcil acertar no correto processo de
administrar um estabelecimento hoteleiro. Ainda assim, imprescindvelentender que existem algumas regras mnimas, as quais precisam ser
consideradas, determinam que em geral, so cinco as reas principais de um
hotel convencional: administrao, hospedagem, alimentos e bebidas,
marketing e manuteno.
Outro fator fundamental diz respeito forma de administrar, uma vez
que
para um bom administrador, a recomendao a integrao dassuas reas afins e o bom relacionamento com os segmentosexternos. O resto fica por conta da qualidade dos servios, dapresteza e da eficincia no atendimento aos hspedes. Afinal decontas, o cliente a razo de ser de qualquer negcio e, emhotelaria, no poderia ser diferente (DAVIES, 2002, p. 19).
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Para Castelli (2001), o hotel pode ser visto como um sistema, composto
de vrios subsistemas ou reas, tais como: alimentos e bebidas, hospedagem
e administrao, entre outros. Cada uma dessas reas, dependendo do tipo e
do porte do hotel, pode estar desdobrada em vrias outras ainda maiores.
Um exemplo a rea de hospedagem, que se compe de recepo, telefonia
e governana, denominadas de Unidades Gerenciais Bsicas UGBs,
conforme pode ser observado na Figura 3.
Figura 3 Hotel visto como um sistemaFonte: Adaptado de Castelli (2001).
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Num primeiro plano, a rea habitacional ou de hospedagem compreende
os departamentos que desempenham um papel central, fornecendo os
servios esperados pelos hspedes durante sua estada:
recepo a rea mais em foco na propriedade e que mantm
maior contato com o hspede. O balco da recepo uma das partes
centrais das atividades de um meio de hospedagem, pois neste local que
os hspedes se registram (check in), tiram dvidas e mantm um contato
mais freqente com a estrutura e servios do local, alm de encerrarem suas
despesas ( check out);
telefonia neste setor so recebidas as chamadas dos hspedes
(potenciais e efetivos), de fornecedores e outras de interesse do meio de
hospedagem. Apesar de em muitos hotis j existir o servio de despertador
automtico nas UHs, a telefonia a responsvel, quando solicitada a fazer
este servio;
reserva responsvel por aceitar e fazer reservas para hspedes
potenciais e efetivos. Alm disto deve manter atualizada a planilha de statusdas UHs atualizadas;
governana a meta fundamental desse departamento oferecer
apartamentos vagos e arrumados, limpos, alm cooperar com a recepo
sobre a disponibilidade de cada UH.
Por sua vez a rea de alimentos e bebidas considerada o segundo
maior centro de receitas dos meios de hospedagem. responsvel por umaquantidade de funes importantes, como, comprar matria-prima, verificar
entregas, armazenar, preparar produtos vendveis, servir, vender, cobrar e
contabilizar as notas do caixa. Alguns tipos de servios da rea: cofee-shop,
room service, restaurante, bar, etc (DAVIES, 2002).
Por ltimo, o setor administrativo compreende as reas de compras,
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preventivas e anlise crtica pela direo.
Os elementos referentes Auditoria Interna, Servio No-Conforme e
Aes Corretivas continuam fortes, pois fazem com que a organizao
possua um sistema de gesto eficaz, mesmo quando as falhas soevidenciadas.
Considerando-se o crescimento do turismo, em nvel mundial, torna-se
necessrio que a hotelaria brasileira, e em especial a hotelaria da cidade de
Manaus, e em particular os meios de hospedagem ambientais e ecolgicos,
procurem adequar seus servios s novas exigncias da demanda, visto que
este setor considerado como um provedor de servios, precisam, portanto,
oferecer servios com qualidade, de forma a satisfazer necessidades de umaampla base de hspedes internacionais.
Afirma-se isto, pois a gesto qualidade, no setor turstico, segundo
Barbalho (1997), est diretamente relacionada s oportunidades de
fornecimento de servios que visam excelncia da performance,
satisfao do cliente, melhoria da produtividade e da eficincia, pela
reduo mxima de custos, alm da necessidade de aumento participativo no
mercado. A esses aspectos contextuais, deve-se ressaltar que a instituio
prestadora de servios conta constantemente com os aspectos relativos s
relaes entre pessoas, o que implica ainda a necessidade de gerenciar
processos sociais, considerando as interaes humanas como parte do
desempenho qualitativo do que oferecido, bem como implica a necessidade
de desenvolver mecanismos que tornem um servio em algo no to voltil e
passvel de controle. com base neste aspecto que a gesto pela qualidade
se apresenta como importante ferramenta para o desenvolvimento de
servios na rea do turismo.
A adoo de uma gesto pela qualidade implica, antes de tudo, a
necessidade de antever estrategicamente o futuro. Trata-se de uma realidade
que no mais se constitui um modismo, tendo em vista todo o referencial
terico e as conseqncias trazidas pela prtica da qualidade.
Para Castelli (1994), a qualidade apresenta mltiplas dimenses e
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pontos de vista que devem ser considerados no seu processo de melhoria,
pois so importantes para a definio e organizao estratgica de produtos
e servios para uma empresa, cidade, restaurante, etc., conforme poder ser
observado na Figura 4.
Figura 4 Dimenso da QualidadeFonte: CASTELLI, (1994)
De acordo com a figura apresentada, a qualidade pode ser percebida,
segundo Castelli (1994), sob vrias dimenses, tornando mais complexa a
tarefa, capaz de inserir todos os aspectos abaixo:
Desempenho: o produto/servio cumpre sua finalidade? Se seu produto um show de humor ele realmente faz seu cliente rir? Se a finalidade de uma
pousada, de um hotel o acolhimento para o repouso, o sono, o descanso,
seu estabelecimento efetivamente cumpre a sua finalidade com o seu
hspede ou se seu hspede reclama de barulho, excesso da claridade,
colcho e travesseiro desconfortveis, chuveiro sem gua, etc.
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Confiabilidade: relaciona-se confiana que se pode ter em relao ao
produto, antes de compr-lo, dever examinar inclusive o perodo de
garantia. Em alguns servios, como os da atividade turstica, este
procedimento no funciona muito bem, a avaliao acorre praticamente de
forma simultnea, j que nesta rea o cliente compra um produto intangvel, e
somente poder conferir sua qualidade ao usufru-lo, poder sentir-se
satisfeito ou no. Assim, a fidelizao uma forte estratgia para perpetuar o
cliente.
Caractersticas: diz respeito ao suplemento dos produtos ou servios
adicionais, ao funcionamento bsico, como facilidade e flexibilidade de uso.
Ex. controle remoto de televiso; possibilidade de um earlier check-in (entrar
no hotel antes da hora combinada, normalmente meio-dia) e/ou late check-
out (sair aps o horrio do vencimento da diria, normalmente, tambm aps
o meio-dia).
Conformidade: refere-se ao cumprimento do que est padronizado. Ao
tomar como exemplo um hotel, se este promete servios com padres
internacionais, no poder eximir-se de determinados padres (de acordo
com sua categoria), a no ser que o prprio cliente solicite qualquer
alterao.
Durabilidade: todo produto possui vida til. preciso cuidados
especiais para que um produto cumpra sua funo, durante o tempo previsto,
como a manuteno, a renovao e quando necessrio, sua substituio,
antes que cause prejuzo imagem da cidade, da empresa ou do prprio
consumidor.
Atendimento: a parte essencial da prestao de servios e isso
perpassa pela qualidade de pessoal existente na organizao, pois no se
deve ter a percepo de que o cliente o empecilho, portanto, um dos
impedimentos ao bom servio a falta da ateno necessria ao principal
elemento do processo de atendimento os colaboradores, quer sejam
funcionrios, proprietrios ou pessoas da famlia, participantes da equipe.
Objetivando, efetivamente, uma melhoria no atendimento, faz-se
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necessrio:
definir bem o perfil do colaborador e dos funcionrios;
realizar um bom recrutamento, ou seja, uma boa seleo;
treinar adequadamente os funcionrios e colaboradores.
Comumente, empresas hoteleiras aplicam muito dinheiro na construo
e em equipamentos, durante meses, porm dispensam pouca ateno mo-
de-obra qualificada.
Isto implica afirmar que a qualidade de um produto/servio depende de
todo um conjunto para identificar a dimenso da qualidade. Na verdade, isso
s se tornar possvel se a qualidade, nas empresas, for percebida como um
processo de melhoria contnua, portanto, incorporada ao de cada agente
envolvido.
Assim, a gesto pela qualidade, na verdade, constitui-se muito mais que
uma simples prtica em busca de maiores ndices de aceitao. Trata-se da
validao de uma prestao sria e competente de servios de turismo,
respeitando os princpios elementares que se constituem em respeito pelocliente, pelo cidado.
Na viso de Lamprecht e Ricci (1997), a adoo de um sistema de
qualidade baseado no sistema ISO 9000, em um hotel, pode ajudar a corrigir
deficincias nos seus servios e, certamente, ajudar a aumentar a
satisfao do cliente e, portanto, minimizar experincias desagradveis,
colocando ainda o hotel como um ponto de referncia comum para turistas,
em todo o mundo, em qualquer segmento turstico.
Nesse contexto, necessrio ter conscincia que, em muitas vezes, a
avaliao de um sistema de qualidade em servio, dificultada pela
intangibilidade, interferindo na padronizao dos servios, uma vez que a
gesto dos processos, nesse segmento mais complexa, pela prpria
diversidade de servios oferecidos nos diversos tipos de hotel (GIANESI e
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CORRA, 1996).
Infelizmente, o que se percebe pelos estudos que a implantao de
equipamentos e programas, baseados no uso de recursos naturais, em sua
maioria, so desenvolvidos sem o necessrio controle e fiscalizao, porisso, alguns deles causam uma srie de impactos ao meio ambiente,
comprometendo a sobrevivncia de alguns ecossistemas. Diante do exposto,
faz-se necessrio uma abordagem a respeito da Gesto da Qualidade
Ambiental em Hotelaria, descrito no item a seguir.
2.3.1 Gesto da qualidade ambiental em hotelaria
Abreu (2001), em sua pesquisa defende que para se fazer uma
abordagem sobre gesto ambiental em hotis de selva, torna-se essencial a
abordagem sobre gesto ambiental, pautada nas Normas Internacionais da
Srie ISO 14000, pois esta atividade desperta o interesse de muitas pessoas
que no esto preparadas para exercerem atividades de lazer, em harmonia,
e sem degradao do meio ambiente.
Vale ressaltar, tambm, que o segmento hoteleiro mundial tem atuado
nesta rea j alguns anos, porm com enfoque fortemente na reduo de
custos e desperdcios. Ricci (2002), afirma que os hotis europeus, desde os
anos 80, tm usado tcnicas para minimizar o uso de recursos naturais, tais
como energia e gua. Os hotis asiticos tambm so exemplos de
organizaes com preocupao ambiental, considerando-se como um dos
requisitos principais para obter a ISO 14001, a qual versa sobre o Sistema de
Gesto Ambiental, o comprometimento do hotel quanto ao atendimento
legislao ambiental pertinente.
As normas que compem a srie ISO 14000, de acordo com Badue
(1996), podem ser aplicadas a qualquer ramo de atividade, uma vez que visa
melhoria contnua do meio ambiente, pelo envolvimento com a organizao.
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Para Maimon (1999), a gesto ambiental definida como um conjunto
de procedimentos para gerir ou administrar uma organizao na sua interface
com o meio ambiente. Esta uma forma pela qual a empresa se mobiliza,
interna e externamente, para a conquista da qualidade ambiental desejada.
Segundo Cavalcante (2001), no tocante aos hotis de selva, o esforo
pela gesto ambiental deve ser muito maior, uma vez que esto inseridos no
meio ambiente natural, com peculiaridades especficas de cada localidade.
Donaire (1999) ressalta que a idia que prevalece do ponto de vista
empresarial, quando se trata da questo ambiental, quanto ao aspecto
econmico, pois quaisquer providncias tomadas, na rea ambiental, traz em
consigo o aumento de despesas e conseqentemente o acrscimo dos custosdo processo produtivo. Assim, destacam-se alguns dos benefcios
econmicos e estratgicos da gesto ambiental:
Benefcios Econmicos:
economias pela reduo do consumo de gua, de energia e de
outros insumos;
economias devido reciclagem, venda e aproveitamento de resduose diminuio de efluentes;
reduo de multas e penalidades;
aumento da demanda para produtos que contribuam para a
diminuio da poluio;
Benefcios Estratgicos:
melhoria da imagem institucional;
melhoria das relaes com os rgos governamentais, comunidade e
grupos ambientais;
acesso assegurado ao mercado externo; e
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melhor adequao aos padres ambientais.
Para Badue et al (1996) a responsabilidade empresarial, no que tange
proteo ambiental, deixou de ter apenas uma caracterstica compulsriapara transformar-se, tambm, em uma atitude voluntria e situar a empresa
acima de exigncias legais, mediante o sistema de gesto ambiental,
superando as expectativas da sociedade.
Layrargues (2000), afirma que o setor de servios, em especial o setor
hoteleiro, no qual o atendimento dos clientes ocorre de forma mais
abrangente, precisa ser integrado de uma forma mais intensa aos padres
ambientais, exigidos pelo mercado em qualquer segmento, seja turismo de
negcios ou ecoturismo
O SGA ISO 14001, de acordo com Maimon (1999), tem como objetivo
assegurar a melhoria contnua do desempenho ambiental da empresa,
devendo ocorrer sua implantao em cinco etapas sucessivas como:
poltica ambiental da Organizao;
planejamento;
implementao e operao;
monitoramento de aes corretivas; e
revises gerenciais.
Abreu (2002) afirma que quanto aos sistemas de gesto ambiental para
hotis de selva, apesar de ainda no estar claramente definido em lei,podero ser utilizados os critrios e parmetros do Sistema de Gesto
Ambiental, estabelecido pela ISO 14001, adequando-os sua realidade.
Na exposio de Silva (1999, p.37), as diretrizes do SGA da ISO 14001
foram redigidas de forma que possam ser aplicadas a qualquer tipo e
tamanho de organizao, em qualquer parte do mundo.
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2.4 Desenvolvimento Sustentvel
Dada a abrangncia da atividade, Ruschmann (1997) aponta que odesenvolvimento turstico geralmente enfocado do ponto de vista
econmico, utilizando a forma de abordagem, baseada nos mecanismo dos
preos, numa viso segundo a autora eminentemente comercial. Ressalta,
entretanto, que os aspectos sociais, culturais e ambientais da atividade no
podem ser negligenciados e exigem envolvimento direto e estudo, por parte
das entidades governamentais. Historicamente, o xito do turismo em uma
destinao depende da ao do Estado.
Continuando o pensamento da autora, nota-se que o turismo
contemporneo um grande consumidor da natureza e sua evoluo, nas
ltimas dcadas, ocorreu como conseqncia da busca do verde e da fuga
dos tumultos dos grandes conglomerados urbanos, pelas pessoas que tentam
recuperar o equilbrio psicofsico, em contato com ambientes naturais,
durante o seu tempo de lazer.
Faria (2001) afirma que a origem do conceito de sustentabilidade remetes relaes entre os seres humanos e o meio ambiente (recursos naturais).
Baseado em Mangel et al (1993), este conceito pode ser enfocado sob trs
diferentes aspectos:
a) uso sustentvel, ocorre quando os seres humanos utilizam os recursos
renovveis, permitindo a reposio dos processos naturais
conseqentemente a renovao indefinidamente, do sistema;
b) crescimento sustentvel, apresenta como questo bsica se o
crescimento econmico considera ou no a limitao de recursos, sem
o que ocorrer degradao do ambiente, pois no haver crescimento
sustentvel sem o controle do crescimento populacional, tambm do
consumo per capta de recursos; e, por fim;
c) do desenvolvimento sustentvel, termo mais utilizado porm de difcil
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3. os recursos naturais no-renovveis esto sendo consumidos de
forma exponencial;
4. a carga lanada de poluentes, no meio ambiente, vem
comprometendo o equilbrio do ecossistema global.
Diante dos problemas identificados, a proposta do referido grupo foi a de
crescimento zero, considerada inaceitvel, tanto por pases desenvolvidos
como por pases em desenvolvimento, os quais defendem o direito de
crescer.
Com a polmica gerada pelos resultados do relatrio Limites do
Crescimento, surgiu a proposta de um novo modelo de desenvolvimento, querecebeu inicialmente a denominao de ecodesenvolvimento, cujos
propsitos de promover a simbiose entre a sociedade humana e natureza foi
o centro das discusses da I Conferncia sobre Meio Ambiente Humano,
realizada em Estocolmo, em 1972.
Para Souza et al (1998) o ecodesenvolvimento uma tcnica de
planejamento que busca articular dois objetivos: por um lado, o
desenvolvimento para a melhoria da qualidade de vida da populao, peloincremento da produtividade, por outro, manter o equilbrio do ecossistema,
no qual so realizadas essas atividades.
Assim, o desenvolvimento sustentvel define-se como um processo
criativo de transformao do meio com a ajuda de tcnicas ecologicamente
prudentes, concebidas em funo das potencialidades deste meio, impedindo
o desperdcio dos recursos e cuidando para que estes sejam empregados na
satisfao das necessidades de todos os membros da sociedade, dada a
diversidade dos meios naturais e dos contextos culturais.
Posteriormente, a Comisso Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, criada pelas Naes Unidas, em 1983, presidida pela
primeira ministra da Noruega, Gro-Harlem Bruntland, no s consolidou os
princpios do novo modelo de desenvolvimento como agregou o sentido da
sustentabilidade, resgatado do documento World Conservation Strategy,
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produzido em 1980, pela Unio Internacional para a Conservao da
Natureza IUNC e World Wide Fund WWF, que o empregou para referir
capacidade dos animais e plantas de se reproduzirem ao longo do tempo.
Desenvolvimento sustentvel , portanto, uma noo recente e ainda em fasede elaborao, difundida a partir do relatrio Brundtland, denominado Nosso Futuro
Comum, de 1987 (CMMAD, 1988), e da Confederao das Naes Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992. Sua concepo e as estratgias de
sua efetivao encontram-se numa arena de disputa poltica, onde os diferentes
atores defendem propostas de acordo com seus interesses particulares. O relatrio
no s construiu o termo Desenvolvimento Sustentvel como apresentou o seu
conceito que o modelo de desenvolvimento que deve atender s necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade de as geraes futuras atenderem as
suas prprias necessidades. A proposta trouxe para a nossa reflexo primeiramente,
devemos planejar e agir sempre considerando um prazo mais longo do que estamos
acostumados e; devemos incorporar um compromisso tico para com as
prximas geraes.
2.4.1 Princpios do desenvolvimento sustentvel
A meta do Desenvolvimento Sustentvel s poder ser alcanada com a
obedincia a trs princpios, como determina a CMMAD (1998), a saber:
1. eqidade social: significa a disposio para reconhecer
igualitariamente o direito de cada um;
2. eficincia econmica: significativa que a distribuio e a gesto dosrecursos econmicos e financeiros feita de forma planejada, para garantir o
funcionamento eficiente do sistema;
3. prudncia ecolgica: significa a adoo de aes que visam aos
seguintes pontos:
a) reduzir o consumo de recursos naturais e a produo de resduos
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(lixo);
b) intensificar as pesquisas e a introduo de tecnologias limpas;
c) definir regras que permitam uma adequada proteo ambiental.
Representando esses princpios, por trs tringulos, conforme se
observa na Figura 5, pode-se perceber que a interseo dos mesmos
resultar em um modelo de desenvolvimento que contemple a
sustentabilidade nas trs dimenses ilustradas.
Figura 5 Princpios do desenvolvimento sustentvelFonte: Jornal Turismo da Gente Fascculo 1 (2002)
De acordo com Mangel (1993), o desenvolvimento sustentvel torna-se
uma tarefa impossvel quando sinnimo de crescimento sustentvel que
envolva crescimento da populao e do consumo de recursos, mas no
quando apresenta o significado de uso sustentvel, tornando-se ento um
imperativo. Ou seja, em se tratando de desenvolvimento sustentvel, o
crescimento descontrolado mina as possibilidades de promoo da melhoria
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social e econmica da populao do planeta, que poderia ser promovida pelo
uso sustentvel de recursos renovveis.
2.5 Turismo sustentvel
A partir da concepo de desenvolvimento sustentvel, passou-se a
considerar que desenvolvimento sustentvel do turismo aquele que atende
s necessidades dos turistas atuais, sem comprometer a possibilidade do
usufruto dos recursos pelas geraes futuras (SWARBROKKE, 2000, p. 38).
Este conceito est intimamente ligado sustentabilidade do meio natural
e cultural, considerados como atrativos bsicos do turismo. No entanto,
dentro da perspectiva do desenvolvimento sustentvel, no podemos
dissoci-lo da dimenso econmica e social.
inquestionvel a importncia para o turismo da presena de cenrios
naturais, como florestas, rios e lagos de guas lmpidas, montanhas e serras,
com ar puro, diversidade de animais, objetivando despertar a curiosidade
daqueles que no convivem com essas espcies. No entanto, o crescimento
vertiginoso, nos ltimos anos, do setor de turismo, mesmo mostrando
benefcios mensurados pela gerao de empregos diretos e indiretos e
crescimento econmico dos ncleos tursticos receptores, disfara os
passivos socioambientalistas decorrentes desta atividade.
O conceito de sustentabilidade pode, portanto, ver-se transformado em
uma questo mais poltica que ambiental, reflexo de conflitos e da pluralidade
de atores envolvidos, muitos deles afetados, ou mesmo responsveis, porepisdios de degradao ambiental. O Estado atua como intermediador
desses conflitos e, a depender do nvel de foras sociais que apiam o uso
sustentvel dos recursos naturais, pode interferir favoravelmente na sua
resoluo, exercendo o seu poder em funo do bem-estar social e
ambiental.
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2.5.1 Impactos negativos do turismo
A questo dos impactos negativos do turismo sobre o meio ambiente,
comeou a ser pesquisados adequadamente a partir dos anos iniciais da
dcada de 1980, quando o turismo expandiu-se rapidamente. O conceito de
desenvolvimento sustentvel abriu espao para a compreenso do turismo
como um fator importante para esse desenvolvimento.
Sob outro ngulo, baseando-se na ecologia como viso sociocultural e
poltica, tem-se uma abordagem preservacionista, em que a prioridadedever ser dada proteo dos recursos e ecossistemas naturais, podendo-
se denominar como desenvolvimento sustentvel do turismo, ou a
necessidade de assegurar a viabilidade a longo prazo da atividade turstica,
reconhecendo-se a necessidade de proteger certos aspectos do meio
ambiente.
Outra abordagem, baseia-se no desenvolvimento econmico
ecologicamente sustentvel, em que o turismo integra a estratgia global dodesenvolvimento sustentvel, sendo a sustentabilidade definida com base no
sistema total ser humano/meio ambiente. Desta perspectiva, segundo consta,
a conservao ambiental meta de importncia igual eficincia econmica
e justia social para a gerao de empregos, distribuio de renda e
melhoria da qualidade de vida.
Partindo deste prisma, surge a figura da indstria sem chamin, porm
seus impactos negativos podem repercutir tanto quanto o das indstrias
convencionais. No caso de ambientes naturais, ressalta-se como exemplo:
1. a destruio de espcies animais e vegetais, causada por situaes
como:
a) aterramento de manguezais ou de outros ecossistemas para
construo de hotis, pousadas e empreendimentos tursticos,
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Do ponto de vista econmico, a comunidade nativa pode vender seus
imveis para os turistas ou empresrios do turismo, ainda seus produtos
tradicionais so menosprezados pelos mesmos, que preferem suprir suas
necessidades com produtos de outras fontes a valorizar os produtos daregio. O aumento nos preos dos produtos de primeira necessidade pelos
comerciantes, dentre outras coisas, tambm dificulta a sobrevivncia dessas
comunidades, levando-as deteriorao de sua qualidade de vida.
Deste modo, preocupados em reduzir esses impactos negativos e
empenhados em estabelecer claramente as caractersticas especficas para o
desenvolvimento sustentvel do turismo, harmonizando seus aspectos
econmicos, sociais e ecolgicos, a Association Internationele dExperts
Scientifiques du Tourisme AIEST, em seu congresso anual de 1991,
apontou quatro caractersticas que devem ser perseguidas:
1. respeito ao meio ambiente natural: o turismo no pode colocar em
risco ou agredir irreversivelmente as regies nas quais se
desenvolve;
2. harmonia entre a cultura e os espaos sociais da comunidade
receptora sem agredi-la ou sem transform-la;
3. distribuio eqitativa dos benefcios econmicos do turismo entre a
comunidade receptora e os empresrios do setor;
4. formao de um turista mais responsvel e atencioso, receptivo s
questes da conservao ambiental e sensvel s interaes com ascomunidades receptoras.
Apesar de se revelarem apropriadas para reduzir os impactos negativos,
gerados pelo turismo ora praticado, a implementao destas caractersticas
apontadas requer uma mudana na educao, voltada para o turismo.
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Resumidamente podem ser estabelecidas algumas comparaes entre o
turismo no-sustentvel com o sustentvel, conforme a Figura 6.
Turismo No-Sustentvel Turismo Sustentvel
Estimula o grande nmero devisitantes larga escala
Respeita a escala compatvel com acapacidade do local.
Descontrole sobre a poluio edegradao de paisagem
Controle sobre a poluio e degradaoda paisagem com aplicao das leis.
Transforma a cultura local. Respeita e valoriza a cultura local.
Pouco contato com a comunidadelocal e no cria oportunidades para
todos participarem da atividadeturstica.
Interao com a comunidade localdando-se oportunidades de participao na
atividade turstica.
O turismo torna-se atividadeeconmica dominante.
A renda adicional gerada pelo turismocomplementa as atividades econmicastradicionais.
Turista insensvel cultura e stradies locais.
Turista sensvel e interessado na culturae nas tradies locais.
Figura 6 Turismo no sustentvel versus Turismo SustentvelFonte: Jornal Turismo da Gente Fascculo (2002)
Nas discusses realizadas, acerca do tipo de turismo sustentvel,
alguns analistas defendem que o turismo de massa, que privilegia a grandeescala, como grandes grupos de turistas, grandes hotis, etc., menos
sustentvel que o ecoturismo.
Para Kinlaw (1997) o desempenho sustentvel representa uma nova
forma de entender a empresa e a qualidade da liderana necessrias na era
ambiental.
No ponto de vista de Faria et al (2001) a complexidade do fenmeno
turstico visa, identificar quais fatores concorrem para a sua sustentabilidade,
isto no constitui tarefa fcil, principalmente, porque o conceito de
sustentabilidade apresenta uma srie de incongruncias, uma vez que as
interpretaes variam de acordo com o contexto no qual os fatores sociais,
econmicos, polticos, culturais e ambientais esto inseridos.
Assim, preciso ter bem claro que o antagonismo entre crescimento
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econmico e a sustentabilidade prprio de uma sociedade capitalista, na
qual a preocupao em garantir a continuidade do processo de
industrializao, afetado pelo esgotamento de recursos, esbarra em uma
lgica de mercado, alheia a estratgias de mdio e longo prazo que priorizam
benefcios sociais e ambientais em oposio acumulao de renda e
conseqente disparidades econmicas.
Deste modo, depreende-se que um desenvolvimento sustentvel
autntico para o mundo contemporneo implicaria garantir a preservao de
ambientes em alto risco de sobrevivncia. Outro critrio que os recursos
atuais sejam usados sem comprometer as opes das geraes futuras. O
conceito de sustentabilidade aplicado prtica do manejo pressupe a
necessidade de informaes cientficas como base para o processo de
tomada de deciso.
Considerar a sustentabilidade somente do ponto de vista ecolgico
um erro to grave quanto restringi-lo ao econmico, ao social ou ao cultural.
E trabalhar com o todo sustentabilidade ecolgica, econmica, social e
cultural implica conhecer e integrar as partes, da a importncia da
abordagem sistmica, porque representa objetivamente os constituintes e
suas relaes, conforme Figura 7.
Figura 7 Classificao em rede dos tipos de turismoFonte: FARIA (2001).
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Afirma-se isso, pois, a questo ecolgica, direta ou indiretamente,
influencia as demais, no que tange a sustentabilidade. Desta forma, faz-se
necessrio, ainda, ressaltar que dependendo do tipo de sistema envolvido, a
questo da sustentabilidade vai reportar-se a dois tipos principais de
mecanismos corretivos:
a) o primeiro, mais natural, permite que as correes ocorram sem
interferncias externas ou, mesmo quando estas ocorram, que seja
sutilmente e por meio de processos naturais, os quais possibilitam a
permanente preservao do sistema;
b) o segundo envolve grandes correes externas, um manejo intenso,
de modo a no permitir a destruio do sistema.
Estes dois tipos bsicos de sustentabilidade esto baseados em:
a) a sustentabilidade do tipo natural, pode ser vista como uma funo do
sistema, na qual a capacidade de suporte surge a partir da dinmica
deste. Este tipo s possvel com baixo nmero populacional e
baixas taxas de desenvolvimento, com a atuao do ser humano no
ambiente, sem causar impactos;
b) a sustentabilidade do segundo tipo atingida por meio de um ativo
envolvimento dos seres humanos, assim a capacidade de suporte
uma funo externa ao sistema, esta envolve mais riscos e incertezas
que o primeiro tipo.
No que diz respeito ao sistema destaca-se que este apresenta dois
tipos, conforme Figura 8.
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Figura 8 Tipos de sistemas e de turismo ecologicamente sustentvelFonte: FARIA (2001)
Com base na figura apresentada, v-se que a conservao ambiental
depende de dois conseqentes tipos de mecanismos corretivos
preservao ambiental ou manejo, diferenciando o tipo de turismo
sustentvel, do ponto de vista ecolgico:
1) um Turismo Ecolgico, que vise preservao natural de qualquer que
seja a atividade turstica desenvolvida;
2) um turismo manejado (Ecoturismo), que dependa de vriosprocedimentos artificiais, corretivos dos fortes impactos humanos
causados ao sistema.
Em qualquer situao, Faria (2001), afirma que a gesto deve ser
integrada para que as partes do sistema no deixem de ser consideradas e
possam dispor do monitoramento das variveis relevantes para o
funcionamento do sistema, sendo crucial, para isto, a definio da
capacidade de suporte, remetida diretamente para os estudos ambientais.
Para Wearing et al (2001, p. 29) a capacidade e suporte, tambm
conhecida como capacidade de carga, tem sua idia central.
que os fatores ambientais impem limites sobre a populao que
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uma rea pode acomodar. Quando esses limites so ultrapassados,a qualidade do meio ambiente sofre e, no final das contas, diminuisua capacidade de acomodar essa populao.
Tal fato ocorre devido aos elementos Biofsico (ecolgico)- que se
relacionam ao meio ambiente natural; Sociocultural relacionados,
principalmente, com o impacto sobre a comunidade receptora e sua cultura e;
Instalaes relacionadas experincia do visitante.
2.6 Ecoturismo
O ecoturismo uma atividade sustentvel e, por se preocupar com a
preservao do patrimnio natural e cultural, diferente, portanto, do turismo
convencional. uma tendncia mundial em crescimento e responde a vrias
demandas: desde a prtica do esporte radical ao estudo cientfico dos
ecossistemas.Visa:
promover e desenvolver turismo com bases cultural e
ecologicamente sustentveis;
promover e incentivar investimentos em conservao dos recursos
culturais e naturais utilizados;
fazer com que a conservao beneficie materialmente as
comunidades envolvidas, pois somente servindo de fonte de renda
alternativa, estas se tornaro aliadas de aes conservacionistas;
ser operado de acordo com critrios de mnimo impacto para ser
uma ferramenta de proteo e conservao ambiental e cultural;
educar e motivar pessoas, por meio de participao, em atividades
que possa perceber a importncia de rea natural e culturalmente
conservada.
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Desta forma, o ecoturismo constitui-se como um fenmeno caracterstico
do final do sculo XX e, como tudo indica, do sculo XXI. Este fenmeno tem
sua base de evoluo solidificada no aumento da viagem area a jato, nagrande popularidade dos documentos televisivos sobre a natureza e sobre
viagens e, no interesse crescente nas questes relacionadas conservao
e ao meio ambiente.
Embora o turismo, relacionado com a histria natural sempre tenha
existido, foi a partir de 1980 que se registrou um aumento considervel de
viagens com fins de conservao dos recursos da rea natural. Hoje, uma
quantidade, cada vez maior de turistas, visita as regies mais remotas daterra, da Antrtica Nova Guin.
De acordo com Ceballos-Lascurin (1991), o ecoturismo uma forma de
se praticar o ecodesenvolvimento, pois representa um meio prtico e efetivo
de atrair melhorias sociais e econmicas para todos os pases e um
poderoso instrumento para a conservao das heranas naturais e culturais
pelo mundo. Observa-se, portanto, duas vertentes de interesse pelo
ecoturismo: uma ligada gerao de renda e divisas e outra ao cunho social
(conseqncia da primeira e relacionada melhoria das condies de vida e
de comunidades tradicionais ou populaes de pequenas vilas e cidades no
que diz respeito a alternativas de renda por oferta de emprego e ocupao),
conceitua o ecoturismo como sendo a viagem para reas naturais com o
objetivo de estudar e admirar o cenrio, a flora, a fauna e as manifestaes
culturais do passado e presente.
Na avaliao de Neiman e Mendona (2000), o ecoturismo surgiu como
um meio de alcanar o desenvolvimento sustentvel das regies que ainda
hoje apresentam importantes conjuntos naturais, de grande valor ecolgico e
paisagstico e como estratgia de conservao de culturas tradicionais.
Portanto, ecoturismo no contm um fim em si, no existe para desenvolver-
se a si mesmo, mas sim para possibilitar a insero destas ditas regies que,
comumente, foram afastadas do desenvolvimento regional. Ocorre que as
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prioridades de conservao da natureza e das culturas locais no vm sendo
minimamente atendidas pelo vertiginoso crescimento dessa atividade. Na
experincia prtica, o potencial transformador, que o contato direto com a
natureza pode proporcionar, tem sido desperdiado.
As iniciativas e experincias sobre ecoturismo, no mundo, so limitadas
e bem localizadas. Somente alguns pases acreditaram e investiram nesta
modalidade de turismo, destacando-se a Costa Rica, o Belize, a Guatemala e
o Qunia.
Boo (1991) afirma que, como nunca antes, turistas visitaram parques e
reservas no mundo e esto encarando essa experincia como uma forma de
conhecer e apreciar o meio ambiente natural. E quais os interesses dosconservacionistas nessa exploso do ecoturismo? Seu objetivo determinar
se o ecoturismo constitui um instrumento legtimo para a conservao da
diversidade biolgica e para a promoo do desenvolvimento sustentvel.
Na viso de Lindberg (1995) os benefcios locais gerados pelo
ecoturismo sero maximizados. Assim, utilizando seu prprio exemplo de
uma pousada, o objetivo seria: desenvolver o turismo que maximiza os
gastos na pousada (aumento da receita bruta); desenvolver programas que
promovam a propriedade local e a administrao local da pousada (aumento
dos benefcios diretos para cada dlar de receita bruta); desenvolver fortes
elos entre a pousada e os fazendeiros locais; e financiar programas que
ajudem os fazendeiros a fornecer produtos que a pousada ainda importa de
outras regies (reduo de disperso e aumento dos benefcios indiretos).
2.6.1 Ecoturismo no Brasil
A Poltica Nacional de Ecoturismo, apresentada pela EMBRATUR
estabeleceu um processo de planejamento participativo, envolvendo vrios
ministrios como o do Meio Ambiente, do Turismo e da Educao, na
elaborao de diretrizes para uma poltica e um entendimento do que se
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considera como ecoturismo para o Brasil, apresenta o ecoturismo como o
segmento da atividade turstica que utiliza, de forma sustentvel, o
patrimnio natural e cultural, incentiva sua conservao e busca a formao
de uma conscincia ambiental, por meio da interpretao do ambiente,promovendo o bem-estar das populaes envolvidas (EMBRATUR, 2002).
No entanto, para que o ecoturismo possa efetivamente constituir uma
estrutura slida, acessvel e permanente, preciso que esteja alicerado em
diretrizes coerentes com o mercado, tecnologicamente ajustadas e
democraticamente discutida, de forma a acomodar adequadamente as
peculiaridades de cada ecossistema e de cada trao cultural.
Com base nos problemas identificados, durante a realizao do
planejamento, foram levantadas diversas aes que integradas resultaro
num elenco de realizaes prioritrias, cuja responsabilidade de
implementao alcana diversos setores governamentais e tambm atinge o
segmento do setor privado voltado ao ecoturismo, conforme a Figura 9.
AO N 1: Regulamentao do
Ecoturismo:
Dotar o segmento de estrutura legal prpria, harmonizada com as
esferas federal, estadual e municipal, e de critrios e parmetrosadequados;
AO N 2: Fortalecimento einterao Interinstitucional:
Promover a articulao e o intercmbio de informaes e deexperincias entre os rgos governamentais e entidades do setorprivado;
AO N 3: Formao e capacitaode recursos humanos:
Fortalecer a formao e a capacitao de pessoal para o desempenho dediversas funes permanentes a atividade de ecoturismo
AO N 4: Controle de qualidade doproduto:
Promover o desenvolvimento de metodologias, modelos e sistemas paraacompanhamento, avaliao e aperfeioamento da atividade deecoturismo, abrangendo o setor pblico e privado;
AO N 5: Gerenciamento deinformaes:
Realizar o levantamento de informaes, a nvel nacional e internacional,visando formao de um banco de dados e obteno de indicadorespara o desenvolvimento do ecoturismo;
AO N 6: Incentivos aodesenvolvimento do ecoturismo:
Promover e estimular a criao e a adequao de incentivos para oaprimoramento de tecnologias e de servios, a ampliao da infra-estrutura existente e a implementao de empreendimentosecotursticos;
AO N 7: Implantao e adequaode infra-estrutura:
Promover o desenvolvimento de tecnologias e a implantao de infra-estrutura nos destinos ecotursticos prioritrios;
AO N 8: Conscientizao einformao do turista:
Divulgar aos turistas atividades inerentes ao produto ecotursticos eorientar a conduta adequada nas reas visitadas;
AO N 9: Participao comunitria: Buscar o engajamento das comunidades localizadas em destinosecotursticos, potenciais e existentes estimulando-as a identificar noecoturismo uma alternativa econmica vivel
Figura 9 Aes EstratgicasFonte: Plos de Ecoturismo: Planejamento e Gesto (2001)
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Implica ressaltar que a proposta do ecoturismo seria a de satisfazer o
desejo do turista de entrar em contato com a natureza, aliando a explorao
do potencial turstico conservao do ambiente natural e ao
desenvolvimento da regio, com o mnimo impacto, tanto para a natureza
quanto para a cultura local.
Esta definio, costurou alguns elementos bsicos, extremamente importantes
no Brasil atualmente, destaca-se como o primeiro a atividade econmica, pois assim,
o Ecoturismo uma atividade econmica que promove a conservao dos recursos
naturais e valoriza econmica e financeiramente o patrimnio natural e cultural de
uma regio (BARROS, 2002, p.42).
O segundo elemento o mecanismo de educao ambiental e suaconscientizao, que permite s pessoas entender o valor daquilo que est
sendo explorado e compreender a importncia do equilbrio desse processo e
de sua manuteno para com as geraes futuras.
Como terceiro elemento, pode-se dizer que o ecoturismo tambm deve
ser encarado como uma atividade que tem obrigatoriedade de gerar
benefcios para a comunid