“modelamento do rendimento metálico em fornos elétricos a...

168
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO “Modelamento do Rendimento Metálico em Fornos Elétricos a Arco” ALUNO: Cláudio Correa do Nascimento ORIENTADOR: Prof. PhD José Adilson de Castro 2008

Upload: leliem

Post on 16-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

DISSERTAÇÃO DE

MESTRADO

“Modelamento do Rendimento Metálico em

Fornos Elétricos a Arco”

ALUNO: Cláudio Correa do Nascimento ORIENTADOR: Prof. PhD José Adilson de Castro

2008

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Cláudio Correa do Nascimento

“Modelamento do Rendimento Metálico em Fornos Elétricos a Arco”

Orientador: Prof. PhD. José Adilson de Castro-UFF

Co-Orientador: Prof.Msc. Maurício Waineraich Scal - Gerdau Aços Longos S/A

Volta Redonda

2008

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em metalurgia da Universidade Federal Fluminense, como requisito complementar para obtenção do título de mestre em Engenharia Metalúrgica.

Cláudio Correa do Nascimento

“Modelamento do Rendimento Metálico em Fornos Elétricos a Arco”

Aprovada em de de 2008

Banca Examinadora:

____________________________________________________________ Prof.: PhD. José Adilson de Castro - Orientador

EEIMVR – UFF – Universidade Federal Fluminense

____________________________________________________________ Prof.: MSc. Maurício Waineraich Scal – Co-Orientador

Gerdau Aços Longos S/A

____________________________________________________________ Prof.: PhD. Marcelo Breda Mourão

USP – Universidade de São Paulo – Escola Politécnica

____________________________________________________________ Prof.: D.Sc. Carlos Roberto Xavier

EEIMVR – UFF – Universidade Federal Fluminense

DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação aos meus pais Oswaldo Oliveira do Nascimento e

Dinéa Luzia Correia do Nascimento, a quem devo tudo que tenho. Seus exemplos e

sua força de vontade foram fundamentais para me tornar o que sou. A minha esposa

Priscila, companheira de todas as horas que despendeu a mim muita compreensão,

paciência, carinho e que mesmo nos momentos mais difíceis esteve ao meu lado.

Aos meus filhos maravilhosos, “Princesa” Aallya e “Cavaleiro” Claudinho por serem

uma constante fonte de inspiração em minha vida. Aos irmãos e amigos pela

presença, às vezes até confusa, mas sempre real e intensa, por toda força e

confiança que me passaram, acreditando bravamente em meu sucesso.

“THERE’S NO SPOON...”

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pela força e sabedoria fundamentais para chegar até aqui.

Ao amigo, “coach”, mentor e guru Maurício Waineraich Scal, pelo estímulo,

paciência, confiança, incentivo, e as longas discussões, fundamentais para meu

crescimento profissional e pessoal.

Ao professor José Adilson de Castro pela amizade, incentivo, paciência e orientação

ao longo desta árdua jornada.

A toda equipe da Aciaria COSIGUA, a equipe do Forno e em especial aos amigos

Bruno Breder, Fernando Cerqueira, Gilberto Santos, Mário Teobaldo e Victor Araújo,

sem os quais seria impossível a realização da parte experimental deste trabalho.

A equipe do laboratório da Aciaria COSIGUA, em especial aos colaboradores Ademir

de Oliveira, Edmilson José, Carlos Alberto Pereira e Erica Serapião, por todo esforço

na realização das análises químicas apresentadas neste trabalho.

Aos colaboradores da PUC-RJ, em especial a Jose Frederico Assis de Almeida, pela

contribuição significativa durante este trabalho.

A Gerdau COSIGUA e USIBA por permitir o desenvolvimento deste trabalho, em

especial a Alexandre Martins, Jose Luiz Lopes de Sousa, Nestor Mundstock,

Eugênio Mineu dos Santos Rocha e a Raimundo Fortes.

Aos Professores e Funcionários da EEIMVR - UFF, por todo aprendizado ao longo

da Graduação e Pós-Graduação.

A minha família, em especial meus pais, esposa, filhos, e irmãs por todo apoio e

muito mais.

A toda comunidade carente das periferias brasileiras, onde nasci e cresci

aprendendo coisas que nenhuma escola do mundo ensina como disciplina,

humildade, criatividade, orgulho, determinação e respeito, características

fundamentais para o sucesso em qualquer lugar.

RESUMO

Rendimento Metálico é o índice que compara a quantidade de Carga Metálica

utilizada com a quantidade de aço produzido, sendo um dos mais importantes

indicadores das Aciarias de alto desempenho em todo mundo.

Nos últimos anos, a fabricação de aços a partir de fornos a arco elétrico foi

forçada a se adaptar as novas condições do mercado. O acelerado crescimento

econômico do mercado asiático aumentou a demanda mundial por matérias-primas

para fornos EAF e conseqüentemente, a necessidade de se “perder” cada vez

menos matéria-prima durante a fabricação do aço, ou seja, aumentar a produtividade

e o rendimento dos processos de fusão e refino dos fornos EAF sem afetar a

qualidade do aço.

Além disso, há uma grande perspectiva de entrada de novos concorrentes no

mercado siderúrgico brasileiro, o que certamente irá aumentar ainda mais o preço da

sucata e seus substitutos.

Ao longo deste trabalho, a partir de experimentos realizados em escala

industrial em um Forno Elétrico de 100 t de capacidade de aço líquido, serão

determinadas as principais parcelas responsáveis pelo rendimento metálico através

de um modelo parametrizado e serão propostas ações corretivas no processo para

incrementar consistentemente este indicador sem modificações no nível de

qualidade da sucata ou do ferro gusa.

ABSTRACT

Metallic Yield is the index that compares the amount of Metallic Charge used

as raw material in the steelmaking process and the quantity of steel produced, and is

the most important index of high performance Meltshops in worldwide.

In recent years, the steel production from the electric arc furnace has been

forced to adapt to new market conditions. The accelerated economic growth in the

Asian market increased global demand for raw materials for EAF furnaces and

consequently, the need to decrease "losses” of raw material in the steelmaking, what

means, increase productivity and performance of the fusion and refining process in

EAF furnaces without affecting the quality of steel.

Moreover, there is a great prospect of entry of new competitors in the Brazilian

steel market, which certainly will further increase the price of scrap and its

substitutes.

Throughout this work, from experiments carried out on industrial scale in an

Electric Arc Furnace with a capacity of 100 metric tons of liquid steel, the main plots

responsible for the Metallic Yield will be determined through a parametric model and

will be proposed corrective actions in the process to increase consistently this

indicator without upgrading the quality level for scrap or pig iron.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 1

1.2 Objetivos.................................................................................................. 7

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................. 8

2.1 Produção de Aço a partir de Fornos Elétricos a Arco.............................. 9

2.1.1 Operação do Forno a Arco Elétrico............................................. 10

2.1.2 Termodinâmica do Processo de Fusão e Refino........................ 17

2.1.3 Balanço de Energia do FEA........................................................ 19

2.1.4 Transferência de Massa.............................................................. 23

2.1.5 Taxa Parabólica de Oxidação de Ferro....................................... 24

2.1.6 Oxidação do Carbono em Misturas CO2-CO............................... 26

2.1.7 Propriedades do Aço Fundido..................................................... 27

2.1.7.1 Solubilidade de Gases em Ferro Líquido................... 27

2.1.8 Propriedades de Escórias Fundidas........................................... 29

2.1.8.1 Aspectos Estruturais.................................................. 29

2.1.8.2 Basicidade de Escórias............................................. 31

2.1.8.3 Óxido de Ferro na Escória........................................ 33

2.1.8.4 Atividade de Óxidos na Escória................................ 34

2.1.8.5 Solubilidade dos Gases na Escória.......................... 34

2.1.9 Formação de Escórias no FEA.................................................. 36

2.1.9.1 Oxidação dos Elementos do Banho na Formação da

Escória do FEA......................................................... 36

2.1.9.2 Dissolução da Cal no FEA........................................ 38

2.1.10 Equilíbrio Aço Líquido – Escória.................................................. 40

2.1.10.1 Oxidação do Ferro.................................................... 40

2.1.10.2 Oxidação do Manganês............................................ 42

2.1.10.3 Oxidação do Silício................................................... 44

2.1.10.4 Oxidação do Carbono............................................... 45

2.1.10.5 Cinética da Oxidação do Carbono............................ 46

2.1.10.6 Descarburação e Formação do FeO......................... 50

2.2 Rendimento Metálico................................................................................. 55

2.2.1 Modelando o Rendimento Metálico.............................................. 56

2.2.2 Análise dos Fatores de Influência no Rendimento Metálico......... 60

2.2.2.1 Influência da Sucata no Rendimento Metálico........... 61

2.2.2.2 Influência das Práticas de Injeção no Rendimento

Metálico...................................................................... 63

2.2.2.3 A Injeção de Carbono e a Cinética da Redução do

%FeO – Interface Carbono – Escória........................ 64

2.2.2.4 A Cinética de Redução do FeO na interface Metal –

Escória....................................................................... 66

2.2.2.5 Volume de Escória..................................................... 67

2.3 Balanço de Massa no FEA......................................................................... 68

2.4 Desenvolvimentos Recentes...................................................................... 69

3 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS............................... 75

3.1 Análise da Carga Fria................................................................................. 75

3.1.2 Caracterização Química................................................................ 76

3.2 Análise de Escórias.................................................................................... 78

3.2.1 Coleta de Amostras....................................................................... 78

3.2.2 Caracterização Química de Escórias............................................ 80

3.2.3 Difração de Raios-X...................................................................... 82

3.2.4 Análises Metalográficas................................................................. 83

3.3 Coleta de Dados dos Parâmetros de Processo do FEA............................. 86

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 87

4.1 Análise Preliminar do Rendimento Metálico da Aciaria ............................. 87

4.1.1 Composição da Carga Fria........................................................... 88

4.1.2 Perdas pelo Sistema de Despoeiramento.................................... 91

4.1.3 Perdas Metálicas.......................................................................... 92

4.1.4 Percentual de Ferro não Recuperado na Escória......................... 93

4.1.5 Perdas Devido à Carepas e Borras do Lingotamento................... 94

4.1.6 Conclusões Preliminares............................................................... 94

4.2 Balanço de Massa Experimental ............................................................... 97

4.2.1 Balanço de Massa – FEA.............................................................. 101

4.3 O Impacto da Sucata C no Rendimento Metálico...................................... 103

4.3.1 Caracterização da Sucata C.......................................................... 104

4.4 Evolução do Óxido de Ferro na Escória..................................................... 106

4.4.1 Quantificação da Massa de Escória pela Porta do FEA................ 111

4.4.2 Impacto do Total de Oxigênio no %FeO da Escória do FEA......... 115

4.4.3 Impacto do Total de Carbono Injetado no %FeO da Escória do

FEA................................................................................................ 116

4.4.4 Impacto da Massa Total de Escória e Basicidade no %FeO da

Escória do FEA.............................................................................. 118

4.5 Ações Corretivas Propostas e seus Respectivos Impactos na

Operação.................................................................................................... 120

4.5.1 Comparativo entre o Comportamento do %FeO da Escória Antes

e Depois das Alterações................................................................ 120

4.6 Balanço de Massa Após as Alterações....................................................... 124

4.7 Modelo de Regressão para a Estimativa da Taxa de Redução do %FeO

da Escória ao Longo do Tempo.................................................................. 128

4.8 Ganhos Indiretos do Trabalho..................................................................... 132

5 CONCLUSÕES .................................................................................................. 136

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.................................................. 139

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fluxograma resumido dos principais processos de fabricação de

aços. 2

Figura 2 Desenvolvimento de Tecnologias em Fornos a Arco Elétrico x

Principais Evoluções dos Indicadores de Desempenho. 3

Figura 3 Típica Influência da sucata no custo do tarugo em plantas Semi-

integradas. 4

Figura 4 Evolução do Preço do Aço x Custo dos Metálicos (sucatas e

substitutos) 4

Figura 5 Ferro Gusa Sólido. 5

Figura 6 Desenho Esquemático do Forno EAF da COSIGUA Ilustrando

Posição de Eletrodos, Injetores e Queimadores. 14

Figura 7 Forno a Arco Elétrico da Aciaria 2 da COSIGUA e Principais

Características Operacionais. 15

Figura 8 Fronteira do Sistema para Forno Elétrico. 19

Figura 9 Balanço contendo as principais reações do FEA. 20

Figura 10 Dependência da temperatura pela constante da taxa parabólica de

oxidação de ferro exposto ao ar ou oxigênio sem água. 23

Figura 11

Representação esquemática da despolimerização da rede de

silicatos com a dissolução dos óxidos metálicos na fusão de

silicatos.

28

Figura 12

Atividades do FeO (l) (experimental), CaO (s) e SiO2 (s) (obtidos a

partir da integração de Gibbs-Duhem) na fusão do sistema CaO –

FeO – SiO2 em equilíbrio com ferro líquido a 1550 ºC.

32

Figura 13 Capacidade da Hidroxila, COH do sistema CaO – FeO – SiO2 e

CaO – Al2O3 – SiO2, fundidos a 1500 ºC. 33

Figura 14 Diagrama do Potencial de Oxigênio. 36

Figura 15

Efeito da basicidade B no coeficiente de atividade do FeO,

referente a óxidos em escórias simples e complexas a

temperaturas de 1550 a 1700 ºC.

40

Figura 16 Variação da razão entre os coeficientes de atividade e a

basicidade. 41

Figura 17

Efeito da basicidade B nos coeficientes de FeO e MnO, referente a

óxidos líquidos puros em escórias simples e complexas a

temperaturas de 1550 a 1700 ºC.

42

Figura 18

Gráfico esquemático demonstrando a forma de uma curva da

variação da velocidade de descarburação com o tempo (a) e

representação esquemática da taxa de descarburação em função

do tempo de sopro em sistemas do tipo BOF.

46

Figura 19 Evolução dos teores de carbono e silício em um processo BOF. 51

Figura 20 Fatores que influenciam o Rendimento Metálico. 54

Figura 21 Composição Típica do Rendimento Metálico. 57

Figura 22

Reações químicas na interface metal-escória (a), na interface gás-

escória (b) e o papel da sílica como componente ativo da superfície

na escória.

63

Figura 23 Balanço de massa médio de 31 corridas para um forno elétrico com

capacidade para 100 toneladas. 66

Figura 24 Modelo da reação entre o carbono contido na gota metálica e o

conteúdo de FeO da escória líquida através do Halo Gasoso. 68

Figura 25

Modelo físico para simulação da interação entre escória e aço

líquido e formação de gotas metálicas durante a espumação da

escória.

70

Figura 26 Observação da evolução da bolha de CO durante a espumação

utilizando equipamentos para observação a altas temperaturas. 70

Figura 27 Arranjo físico interno do espectrômetro de emissão ótica. 74

Figura 28 Curva de calibração (intensidade de corrente elétrica x

concentração química do elemento). 74

Figura 29 Espectrômetro utilizado para as análises no laboratório da

COSIGUA ARL METAL ANALYZER. 75

Figura 30 Coleta de Amostras no FEA com a Concha. 76

Figura 31 Coleta de Amostras Automática no FEA com o robô. 76

Figura 32 Espectrômetro de Raios-X por Fluorescência ARL OPTMI’X. 77

Figura 33 Esquema de funcionamento do equipamento de Raio-X por

Fluorescência. 78

Figura 34 Goniômetros Siemens D5000 79

Figura 35 Amostras de escória colhidas no pátio da planta de processamento

de escórias 81

Figura 36 Amostra de escória embutida cortada e polida. 81

Figura 37 Mosaico Capturado para Análise. 83

Figura 40 Levantamento do Histórico do Rendimento Metálico da Aciaria

COSIGUA (2004 a 2006). 88

Figura 41 Avaliação do % de Ferro Total presente nos lotes de Ferro Gusa

(amostragem aleatória) utilizados durante o período de Janeiro a 89

Setembro de 2006 na Aciaria.

Figura 42

Avaliação do Rendimento Metálico Teórico Máximo Possível

baseado no % de Material Ferroso presente nos Mix de Cargas

Metálicas acrescido de parcela (1,47%) referente aos residuais do

produto final das corridas produzidas entre Janeiro a Setembro de

2006 na Aciaria.

90

Figura 43

Distribuição das Perdas Metálicas na Aciaria (excluindo-se a

Sucata C) durante o período de Janeiro a Agosto de 2006 seu

impacto no rendimento.

92

Figura 44 Evolução das Perdas Metálicas de Aço Líquido na Aciaria em 2006. 93

Figura 45 Gráfico Pareto ilustrando as fontes de perdas do Rendimento

Metálico da Aciaria COSIGUA. 94

Figura 46

Evolução do % de Ferro Total presente no mix de Carga Metálica

das corridas produzidos entre Janeiro a Setembro de 2006 na

Aciaria da COSIGUA (média diária).

95

Figura 47

Gráfico com a Correlação entre o Teor de Fe na carga e

Rendimento Metálico (valores médios mensais de jan a set de

2006).

96

Figura 48

Avaliação da Evolução do Rendimento Metálico das corridas

produzidos entre Janeiro a Setembro de 2006 na Aciaria (média

mensal) comparada com o % Fe total da carga diminuído das

perdas metálicas do mês.

97

Figura 49 Fluxograma da planta de beneficiamento de escórias da Aciaria. 99

Figura 50 Composição para Rendimento Metálico, obtida a partir de

experimento prático. 100

Figura 51 Esquema comparativo entre o resultado do balanço de massa

realizado no FEA DA Aciaria, o resultado obtido por Pfeifer em seu 102

experimento em realizado em 31 corridas de usinas européias e a

faixa típica de resultados para FEAs encontrada na literatura.

Figura 52

a) Imagem segmentada das gotas; b) Imagem segmentada das

partículas cinza; c) Imagem segmentada da fase cinza; d) Imagem

segmentada dos poros. (aumento 50x)

105

Figura 53 Resultado da análise da escória no DRX. 106

Figura 54 Avaliação dos principais valores das análises de escória padrão de

Agosto de 2006. 107

Figura 55 Perfil de Evolução do %FeO da escória ao longo do tempo (Agosto

2006). 108

Figura 56 Taxa de Redução do FeO da Escória (2006). 110

Figura 57 Gráfico comparando a evolução do tempo de retenção da escória

no interior do FEA. 111

Figura 58 Evolução da Densidade da Escória e do %FeO ao Longo da

Corrida. 113

Figura 59 Exemplo de avaliação da vazão através de imagens do FEA. Figura

(a) vazão de 859 kg/min e Figura (b) vazão de 386 kg/min. 113

Figura 60 Variação da Massa de Escória pela porta ao longo da corrida com

base no método de quantificação de vazão de escória proposto. 114

Figura 61

Variação das Perdas de Ferro pela porta de escória do FEA na

forma de FexOy ao longo da corrida com base no método de

quantificação de vazão de escória proposto.

114

Figura 62 Gráfico comparativo do %FeO ao longo do tempo para diferentes

quantidades de O injetado no FEA.

115

quantidades de O2 injetado no FEA.

Figura 63 Taxa de Redução do %FeO da Escória para Diferentes

Quantidades de O2 Injetado. 116

Figura 64 Gráfico comparativo do %FeO ao longo do tempo para diferentes

quantidades de C injetado no FEA. 117

Figura 65 Taxa de Redução do %FeO da Escória para Diferentes

Quantidades de C Injetado. 117

Figura 66 Gráfico comparativo do %FeO ao longo do tempo para diferentes

quantidades de Cales Calcíticas Adicionadas no FEA. 119

Figura 67 Taxa de Redução do %FeO da Escória para Diferentes

Quantidades de Cales Calcíticas Adicionadas no FEA. 119

Figura 68

Gráfico comparativo do %FeO ao longo do tempo para as

condições operacionais iniciais do FEA (2006) e para as condições

atuais.

121

Figura 69

Gráfico Comparativo para as Taxas de Redução do %FeO da

Escória para as condições operacionais iniciais do FEA (2006) e

para as condições atuais.

121

Figura 70

Gráfico Comparativo Ilustrando a Variação da Massa de Escória

pela Porta ao Longo da Corrida Antes e Após as Alterações

Propostas.

122

Figura 71 Análise Gráfica Comparativa entre as Perdas de Fe pela Escória

(2006 x Atual). 123

Figura 72

Esquema comparativo entre o resultado do balanço de massa

realizado no FEA da Aciaria em 2006, o resultado obtido em um

Balanço de Massa realizado após as alterações propostas e a faixa

126

típica de resultados para FEA encontrada na literatura.

Figura 73 Evolução do Rendimento Metálico da Aciaria. (2005 a 2007). 128

Figura 74 Gráfico comparativo do %FeO ao longo do tempo calculado pelo

Modelo e de Corridas Experimentais. 130

Figura 75 Gráfico Comparativo para as Taxas de Redução do %FeO da

Escória Calculadas pelo Modelo e de Corridas Experimentais. 131

Figura 76 Esquema demonstrativo do Mecanismo da Espumação da Escória. 132

Figura 77 Diagrama de Saturação Isotérmica Indicando a Faixa Ideal para

Espumação da Escória. 134

Figura 78 Comparativo da Evolução do %MgO ao Longo da Corrida. (2006 x

Atual) e o % MgO necessário para Saturação. 135

1

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais componentes da Escória do EAF, sua origem e % da

composição final da escória. 12

Tabela 2 Balanço de Energia típico para fornos EAF. 19

Tabela 3 Reações Químicas que ocorrem no FEA e as suas respectivas

energias geradas. 23

Tabela 4 Composição média do Ferro Gusa utilizado na Aciaria em 2006. 55

Tabela 5 Composição Média da Escória do Forno FEA da Aciaria. 67

Tabela 6 Óxidos analisados pelo Espectrômetro por Raios-X na Aciaria. 81

Tabela 7 Condições para o experimento de Difração de Raios-X. 83

Tabela 8 Exemplo de tabela de referência para composição química de

sucatas. 90

Tabela 9 Exemplo de mix de sucata utilizado para cada grupo de aço com

diferentes tipos e quantidades de sucatas. 90

Tabela 10 Mix Médio de Sucata utilizado durante o experimento. 98

Tabela 11 Resumo dos Resultados do Balanço de Massa. 99

Tabela 12 Resumo dos Resultados do Experimento para o FEA. 101

Tabela 13 Porcentagem das diversas fases presentes na amostra. 104

Tabela 14 Mix Médio de Sucata utilizado durante o experimento II. 124

Tabela 15 Resumo dos Resultados do Balanço de Massa Após as Alterações. 125

Tabela 16 Resumo dos Resultados do Balanço de Massa Após as Alterações. 126

2

Tabela 17 Comparativo entre balanços destacando o aumento do Rendimento

Metálico. 127

Tabela 18 Dados das Corridas Experimentais para Comprovação do Modelo. 130

1

1 INTRODUÇÃO

O Grupo Gerdau ocupa a posição de maior produtor de aços longos no

continente americano, com usinas siderúrgicas distribuídas no Brasil, Argentina,

Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Índia, México, República Dominicana,

Uruguai e Venezuela. Possui também 40% de participação societária na empresa

Sidenor, localizada na Espanha. Hoje, alcança uma capacidade instalada total de

18,8 milhões de toneladas de aço por ano.

A unidade da Gerdau S.A. – COSIGUA é uma usina semi-integrada, ou seja,

possui as etapas de refino e conformação, partindo do processamento da sucata,

gusa, ferro esponja, etc. para a produção do aço, conforme ilustrado na figura 1. É a

maior Usina de Aços longos do Grupo Gerdau, com uma produção anual estimada

de 1.000.000 de toneladas.

A produção de aço utilizando fornos elétricos a arco (FEA) ou eletric arc

furnace (EAF) tem mantido um crescimento contínuo por todo mundo, ocupando

lugar de destaque em diversos países, como a principal rota para fabricação de aço.

Um processo real de fabricação de aço envolve fenômenos físico-químicos

complexos tais como oxidação, descarburação, desfosforação, formação de escória,

etc.

2

Figura1: Fluxograma resumido dos principais processos de fabricação de aços. (fonte: Site Gerdau)

Nos últimos anos, a fabricação de aços a partir de fornos a arco elétrico foi

forçada a se adaptar as novas condições do mercado, apresentando significativa

evolução, como pode ser visto na figura 2. O acelerado crescimento econômico

mundial, mais especificamente do mercado asiático, aumentou a demanda mundial

por matérias-primas para fornos EAF e conseqüentemente, a necessidade de se

“perder” cada vez menos matéria-prima durante a fabricação do aço, ou seja,

aumentar a produtividade e o rendimento dos processos de fusão e refino dos fornos

EAF sem afetar a qualidade do aço.

UsinasIntegradas

UsinasSemi -Integradas

Produção do Aço

UsinasIntegradas

UsinasSemi -Integradas

Produção do Aço

3

Figura 2: Desenvolvimento de Tecnologias em Fornos a Arco Elétrico x Principais Evoluções dos Indicadores de Desempenho (Fonte: Pfeifer 28).

Nos custos de produção do aço em plantas semi-integradas, a parcela relativa

ao processamento e emprego da sucata contribui com aproximadamente metade do

montante, ficando evidenciada a importância que a matéria-prima tem no processo

de produção e nos custos de produção (figura 3). Portanto, em função da magnitude

do emprego da sucata no processo de produção do aço, qualquer variação no preço,

na qualidade ou características físicas e químicas da sucata, impacta diretamente no

desempenho dos processos de aciaria e no custo final do aço produzido.

4

Mão de ObraAmortização

EletrodosEnergia Elétrica

OutrosCarga Metálica

Categoria

55,0%

15,0%

15,0%

5,0%

5,0%5,0%

Típico Impacto da Carga Metálica no Custo do Tarugo

Fig. 3: Típica Influência da sucata no custo do tarugo em plantas Semi-integradas. (fonte: IBS 10)

Além disso, há uma grande perspectiva de entrada de novos concorrentes no

mercado siderúrgico brasileiro e internacional, o que certamente irá aumentar ainda

mais o preço da sucata e seus substitutos (figura 4).

Figura 4: Evolução do Preço do Aço x Custo dos Metálicos (sucatas e substitutos) (Fonte: ISII 32)

5

A qualidade do aço depende basicamente das propriedades da matéria-prima

que será fundida no EAF e do controle dos fatores operacionais durante seu refino e

durante seu vazamento antes da segunda operação de refino secundário no Forno

Panela 38.

O Ferro Gusa ou Pig Iron é a forma intermediária pela qual passa

praticamente todo minério de ferro utilizado na produção de aço. É um produto de

primeira fusão obtido a partir da redução do minério de ferro em alto-forno. No Brasil,

o uso de ferro gusa sólido no FEA já é bastante difundido (cerca de 30% contra uma

média mundial de 5%) 10 e é normalmente fornecido na forma de “pães” de ferro

gusa (figura 5).

Figura 5: Ferro Gusa Sólido. (fonte: IBS 10)

O ferro gusa contém em média 4% de carbono sob a forma de cementita

(Fe3C). Possui como principais impurezas o Silício (0,2 a 2%), o Enxofre (0,01 a

1%), o Fósforo (0,05 a 0,2%) e o Manganês (0,1 a 2%) e é utilizado na forma sólida

ou líquida 36. Tradicionalmente considera-se que a qualidade do aço produzido

através do emprego de ferro gusa é isento de elementos químicos residuais (Cu, Sn,

Cr, Ni, Mo, etc.). Uma outra vantagem na sua utilização consiste no fato deste

material apresentar uma temperatura de fusão inferior a da sucata

(aproximadamente 1350 ºC), o que em condições adequadas poderá acelerar a

fusão da carga. Além disso, possui importantes fontes de energia química na sua

6

composição (C e Si) que auxiliam no processo de fusão da carga. Entretanto,

dependendo do minério de ferro utilizado e do processo de fabricação utilizado, pode

apresentar elevados teores de P e S, o que prejudica a operação de refino no Forno

Elétrico.

O percentual de ferro gusa utilizado nos Fornos Elétricos do Brasil varia de

20% a 50% dependendo do tipo de aço fabricado e da disponibilidade/preço da

sucata e do ferro gusa no mercado.

Ao longo deste trabalho irá se verificar a influencia deste % de Ferro Gusa

utilizado na carga além de outros parâmetros de processo que influenciam no

rendimento metálico da aciaria. Irá também ser proposto um modelo que permita

melhor compreender o comportamento deste processo de fusão e refino, além de

determinar o rendimento % metálico do forno EAF e propor maneiras de aperfeiçoá-

lo a partir da redução do Fe presente na escória, reduzindo assim os custos de

fabricação do tarugo na Aciaria e conseqüentemente aumentando sua

competitividade.

7

1.2 OBJETIVOS

Esta dissertação tem por objetivos analisar o fenômeno do Rendimento

Metálico da aciaria COSIGUA, focando principalmente nas perdas de Fe pela

escória.

Será elaborado um modelo que permita identificar e quantificar a influência

dos parâmetros de processo, tais como, quantidade de Oxigênio da lança

supersônica e dos cojets, injeção de grafite e principalmente mix e composições de

cargas frias de uso intensivo de Ferro Gusa utilizadas na Aciaria na formação de

FeO.

Ao compreender-se a evolução do %FeO da escória durante a fusão e refino

do Forno Elétrico a Arco, será possível propor ações corretivas para o crescimento

consistente do Rendimento Metálico da Aciaria.

8

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Plantas siderúrgicas semi-integradas partem da fusão da carga metálica em

Forno Elétrico a Arco (EAF). A carga metálica é constituída basicamente por sucata

reciclada, havendo variações no mix com o emprego de determinados percentuais

de ferro gusa sólido, para compensar algum déficit de carbono no processo ou a

própria falta de sucata no mercado onde a planta está inserida. Portanto, em plantas

semi-integradas, como a da COSIGUA, a matéria-prima fundamental é a sucata

reciclada.

O nascimento das mini-mills está associado ao aproveitamento de uma

inovação tecnológica que permitiu significativos ganhos de eficiência e custo na

produção de aço: o lingotamento contínuo. Substituindo o lingotamento

convencional, possibilitou uma operação simplificada com menores custos e perdas

de aço no processo de produção, reduzindo a geração de sucata interna nas

plantas. Mais tarde o lingotamento contínuo também foi adotado em plantas

integradas que buscaram usufruir dos mesmos benefícios.

A escala de produção destas plantas é inferior a das integradas, o que

determina o direcionamento ao atendimento de mercados locais. Pelo baixo grau de

pureza da sucata, em relação ao aço originário do minério, tais empresas

inicialmente atingiram um mercado restrito, oferecendo uma gama limitada de

produtos menos elaborados que puderam ser expandidos com a incorporação de

uma matéria prima mais livre de impurezas, o ferro esponja e ferro gusa sólido ou

líquido.

9

Este capítulo visa fornecer informações sobre este processo de fabricação de

aço líquido em fornos a arcos elétricos e suas principais particularidades.

2.1 – Produção de Aço a partir de Fornos Elétricos a Arco

O Forno Elétrico a Arco (FEA) foi inventado na França em 1899. No entanto, o

primeiro FEA em escala comercial foi instalado pela US Steel nos Estados Unidos.

No entanto, a escassa oferta de energia impediu o sucesso inicial da alternativa. Por

volta da década de 30, voltou a ser utilizado na produção do aço pela também

americana Northwestern Steel and Wire company. Entretanto, a oferta de sucata

constituía um complicador que limitava a expansão da tecnologia. Apenas nos anos

60 a tecnologia do FEA teve uma difusão significativa, fazendo emergir a nova rota

tecnológica semi-integrada.

Nos últimos 20 anos, o uso de Fornos Elétrico a Arco para a produção de aço

tem crescido consideravelmente. Existem diversas razões para isso, mas a principal

de todas está relacionada ao custo de produção e os avanços tecnológicos na área.

Para se ter uma idéia, o custo anual médio por tonelada para capacidade instalada

gira em torno de US$ 140-200/t para uma aciaria baseada em operações com EAF.

Para um processo com capacidade produtiva similar, utilizando um forno BOF (Basic

Oxigen Furnace) este custo gira em torno de US$ 100/t 11. Como resultado desta

melhora, os processos baseados nos fornos a arco elétrico têm sido gradualmente

implementados em aciarias que tradicionalmente utilizavam outros processos. O

aumento da utilização de fornos a Arco elétrico enfrenta grandes desafios tais como

o controle do nível de residuais no aço (essencialmente elementos contidos no aço

que não são removidos durante a fusão e refino) e gases dissolvidos no aço

(nitrogênio, hidrogênio e oxigênio).

Ambos os problemas citados acima, possuem grande efeito na qualidade do

aço e devem ser cuidadosamente controlados nos processos baseados nos fornos a

Arco Elétrico para produção de aços de alta qualidade.

Por outro lado, existem inúmeras vantagens na tecnologia dos fornos EAF

que garantem sua competitividade. A maior parte destas está relacionada ao

aumento da produtividade, acarretando em um custo de produção mais baixo,

conforme será abordado mais adiante.

10

2.1.1 – Operação do Forno a Arco Elétrico

O forno a arco elétrico opera como um processo de lotes. Cada “lote” de aço

produzido é chamado de “corrida”. O ciclo de operação de um FEA é denominado

ciclo “tap-to-tap”. O ciclo “tap-to-tap” consiste das seguintes operações:

Carregamento do Forno, Fusão, Refino, Escorificação, Vazamento e Retorno.

O primeiro passo na produção de qualquer corrida é a seleção do tipo de aço

a ser produzido. O Pátio de Sucata irá carregar o FEA de acordo com o tipo de aço

que será produzido. A preparação do cestão é uma operação importante, não

somente para garantir a química da fusão apropriada, mas também para garantir

boas condições para que a fusão ocorra. A sucata deve ser organizada no cestão de

acordo com o tamanho e a densidade de maneira a garantir uma formação rápida de

uma poça de material fundido na soleira do forno, enquanto também protege as

paredes e abóbada do forno da radiação do arco. Outras considerações incluem

minimizar as pontas de sucatas que podem quebrar os eletrodos e garantir que

pedaços pesados de sucatas não fiquem diretamente na frente dos queimadores, o

que poderia resultar num retorno de chama nos painéis refrigerados. A carga do

cestão pode incluir cal e carbono nas mais diversas formas.

A etapa de fusão é o coração das operações do EAF. O EAF é cercado de

aparatos altamente eficientes de fusão e projetos modernos objetivando maximizar a

sua capacidade de fusão. A fusão está atrelada ao fornecimento de energia ao

interior do forno. Esta energia pode ser elétrica ou química. A energia elétrica é

fornecida via eletrodos de grafite e é normalmente a que mais contribui para o

processo de fusão. A princípio, uma voltagem intermediária é selecionada até que os

eletrodos perfurem a sucata. Normalmente, sucatas leves são posicionadas na parte

superior do cestão para acelerar a perfuração. Após alguns minutos, os eletrodos

irão penetrar a sucata suficientemente para que um arco longo (alta voltagem) possa

ser utilizado sem riscos de a radiação danificar a abóbada do forno. O arco extenso

maximiza a transferência de energia para a sucata e uma poça de material líquido

será formada na soleira do forno. Aproximadamente 15% da sucata serão fundidas

no período de perfuração inicial do eletrodo. No início da fusão o arco é errático e

instável. Grandes oscilações na corrente são observadas, acompanhadas por

rápidos movimentos dos eletrodos. Conforme a atmosfera do forno é aquecida, o

11

arco tende a se estabilizar e uma vez formada a poça de material líquido o arco se

torna bem estável e a energia média adicionada à carga aumenta.

A energia química pode ser fornecida através de diversas formas tais como

queimadores oxi-combustíveis e lanças de oxigênio. Queimadores oxi-combustíveis

queimam gás natural utilizando oxigênio ou uma mistura de oxigênio e ar. O calor é

transferido para a sucata por convecção e radiação. O calor é transferido através da

sucata por condução. Em algumas operações, utiliza-se oxigênio para cortar a

sucata. Como era de se esperar, pedaços maiores de sucatas demoram mais para

fundir que os menores. O oxigênio reage com a sucata quente e queima o ferro para

produzir um calor intenso para cortar a sucata. Uma vez que a poça de aço líquido é

gerada no forno, o oxigênio pode ser lançado diretamente no banho. Este oxigênio

irá reagir com diversos componentes do banho, incluindo alumínio, silício,

manganês, fósforo, carbono e ferro. Todas essas reações são exotérmicas (geram

calor) e vão fornecer energia para auxiliar na fusão da sucata. Os óxidos metálicos

que são formados, vão eventualmente se localizar na escória. A reação do oxigênio

com o carbono no banho irá produzir monóxido de carbono o qual irá queimar no

forno caso haja oxigênio disponível. A reação do oxigênio do FeO com o carbono irá

auxiliar na formação de uma escória espumante que irá cobrir o arco e proteger a

superfície interna do forno, ao mesmo tempo em que uma grande quantidade de

energia ficará retida na escória e será transferido para o banho, aumentando a

eficiência de energia. Uma grande parte do monóxido de carbono será direcionada

ao sistema de despoeiramento.

A operação de refino nos fornos EAF tradicionalmente envolve a remoção de

fósforo, enxofre, alumínio, silício, manganês e carbono. Nos últimos tempos, gases

dissolvidos no banho também fazem parte desta lista, especialmente nitrogênio e

hidrogênio. O refino ocorre após a fusão, a partir do momento que o banho plano é

atingido. As reações de refino são todas dependentes do oxigênio disponível. O

oxigênio foi adicionado ao banho no final da fusão para reduzir o teor de carbono

para o nível desejado para o vazamento. A maior parte dos componentes que

deverão ser removidos durante o refino tem mais afinidade pelo oxigênio que o

carbono. Desta forma o oxigênio irá reagir preferencialmente com esses elementos

para formar óxidos, os quais irão para a escória.

12

Nas operações atuais de refino o oxigênio é adicionado ao banho ao longo de

toda corrida. Como resultado, algumas das operações de refino ocorrem durante a

fusão.

A maioria das impurezas, tais como fósforo, enxofre, silício, alumínio e cromo

são parcialmente removidas através da transferência para a escória. Essas reações

serão discutidas posteriormente. Nas equações particulares de equilíbrio a relação

entre metal e escória é dada como funções da composição química e temperatura

da escória.

A escória na operação no EAF irá ter, de maneira geral, uma basicidade

inferior ao dos processos de fabricação de aço a base de oxigênio. Adicionalmente,

a quantidade de escória por tonelada será menor no EAF. Deste modo a remoção

de impurezas no EAF é limitada. A faixa de composição de uma escória típica de um

EAF é apresentada na tabela 1.

Tabela 1: Principais componentes da Escória do EAF, sua origem e % da composição final da escória. (Fonte: Steel Making Refining 37)

Componente Origem Faixa de Composição CaO Carregamento 25-35%

SiO2 Produto da Oxidação/Carga 5-15%

FeO Produto da Oxidação 25-45%

MgO Carregamento (cal dolomítica) 3-8%

CaF2 Carregamento (fluidizante da escória) -

MnO Produto da Oxidação 2-5%

S Absorvido do Aço -

P2 O5 Carregamento -

Uma vez na fase de escória, estes materiais não necessariamente ficarão lá.

A retenção do fósforo na escória é uma função da temperatura do banho, da

basicidade e o nível de FeO na escória. Sob temperaturas mais altas ou baixos

níveis de FeO, o fósforo irá reverter da escória de volta para o banho. A remoção do

fósforo é realizada normalmente o mais breve possível na corrida. A prática de fundo

úmido é extremamente benéfica para a remoção do fósforo devido ao fato da injeção

de oxigênio ser realizada no banho a temperaturas ainda não tanto elevadas. No

início da corrida têm-se então uma escória com alto nível de FeO, oriundos da

corrida anterior. Isso auxilia na remoção do fósforo. Basicidades elevadas (alto teor

13

de cal, por exemplo) são também benéficas à remoção de fósforo, porém deve-se

tomar cuidado em não saturar a escória com cal, pois ia se formar uma escória de

elevada viscosidade a qual seria menos efetiva para remoção do fósforo. Em alguns

casos adiciona-se fluorita para ajudar a fluidização da escória. A mistura do banho

através de gases (“stirring”) também é benéfica, pois auxilia na renovação da

interface metal-escória, fundamental para a cinética de reação de desfosforação.

De maneira geral, caso sejam necessários baixos níveis de fósforo para um

determinado tipo de aço, deve-se selecionar matérias-primas que quando fundidas

resultaram num baixo nível deste elemento.

O enxofre é removido principalmente na forma de sulfetos dissolvidos na

escória. A relação de enxofre na escória-banho é dependente da análise química e

temperatura da escória (altas basicidades são melhores, assim como baixos níveis

de FeO também são), fluidez da escória (fluidez elevadas são melhores), o nível de

oxidação do aço (o qual deverá ser o mais baixo possível) e a composição do

banho. Geralmente a relação varia de 3 a 5 nas operações do EAF.

Pode se notar que a remoção de enxofre no EAF será dificultada

especialmente devido às modernas práticas aplicadas, aonde os níveis de oxidação

do banho são bem elevados. Caso seja necessário atingir níveis elevados de cal na

escória, devem-se utilizar agentes fluidizantes para manter a escória fluida.

Normalmente a escória da fusão deve ser removida e uma segunda escória deve ser

produzida. A maioria das operações de EAF acredita ser mais eficaz realizar a

dessulfuração durante a fase de redução da fabricação de aços. Isso significa que a

dessulfuração é normalmente realizada durante o vazamento (no qual é gerada

escória de aluminato de cálcio) e durante as operações no forno panela.

O controle dos constituintes metálicos do banho é importante, pois determina

as propriedades do produto final. Usualmente, o processo do EAF irá objetivar níveis

mais baixos no banho que os especificados para o produto final. O oxigênio reage

com alumínio, silício e manganês para formar óxidos metálicos que são

componentes da escória. Esses componentes metálicos tendem a reagir antes que o

carbono no banho comece a reagir com o oxigênio conforme a tabela 1. Esses

compostos metálicos também irão reagir com o FeO, resultando em uma

recuperação de ferro pelo banho, por exemplo:

14

Mn + FeO � MnO + Fe

O teor de manganês irá normalmente ser diminuído para cerca de 0,06% no

banho.

A reação do carbono com o oxigênio no banho para produzir CO é importante,

pois fornece energia ao banho e é responsável por reações de refino ao mesmo

tempo. Nas operações modernas de EAF a combinação do oxigênio com o carbono

pode fornecer de 30% a 40% do total de calor introduzido no forno. A evolução do

monóxido de carbono é muito importante para a espumação da escória. Atrelado a

uma escória básica, as bolhas de CO vão ajudar a “inflar” a escória o que auxiliará a

submergir o arco. Isto fornece uma grande melhoria da eficiência térmica e permite o

forno a operar com altas voltagens de arco mesmo quando o estado de banho plano

é atingido. Submergir o arco auxilia na prevenção da exposição do banho ao

nitrogênio o qual pode ficar dissolvido no aço (“pick-up” de Nitrogênio).

Caso as moléculas de CO estejam no banho, elas irão também remover o

nitrogênio e hidrogênio do aço. A capacidade de remoção de nitrogênio depende da

quantidade de CO gerada no metal. Níveis de nitrogênio por volta de 50 ppm podem

ser obtidos no forno antes do vazamento. Vazamentos de fornos tipo EBT são

benéficos à manutenção de níveis baixos de nitrogênio devido ao curto período de

tempo para executar esta operação. Altos níveis de oxigênio são mais benéficos

para reduzir o “pick-up” de nitrogênio no vazamento quando comparados com aços

muito desoxidados.

A 1600°C, a solubilidade máxima do nitrogênio no ferro puro é de 450 ppm.

Tipicamente, os níveis de nitrogênio no aço após o vazamento são de 80-100 ppm.

A equação que demonstra a solubilidade do nitrogênio será dada posteriormente.

A descarburação é também benéfica para a remoção do hidrogênio. Tem sido

demonstrado que a descarburação a taxa de 1% por hora pode reduzir os níveis de

hidrogênio do aço de oito ppm para dois ppm em 10 minutos.

Ao final do refino, a temperatura do banho é medida e coleta-se amostra do

material. Se a temperatura é muito baixa, deve-se aplicar energia ao banho.

A operação retirada de escória do forno (escorificação) é realizada para retirar

impureza do forno. Durante as operações de fusão e refino, alguns materiais

indesejáveis do banho são oxidados e passam para a escória.

15

Por isso é vantajoso remover o máximo de fósforo possível para a escória o

mais cedo possível durante a corrida (enquanto a temperatura do banho ainda está

baixa). Então, a escória é lançada para fora do forno através da porta de escória. A

remoção da escória elimina a possibilidade de reversão do fósforo.

Durante a operação de espumação da escória, pode-se injetar carbono na

escória o qual irá reduzir o FeO a ferro metálico e irá gerar monóxido de carbono

que irá auxiliar a “inflar” a escória. Se a escória de alto fósforo não tiver sido

removida antes desta operação, a reversão de fósforo irá ocorrer.

Operações modernas operam com um ciclo de “tap-to-tap” com duração

inferior a 60 minutos.

O percentual típico de duração cada etapa de um ciclo “tap-to-tap”, segundo

Turkdogan 37 é:

Nas figuras 6 e 7 pode-se observar resumidamente, as principais

características do FEA da Aciaria, tema principal do estudo do presente trabalho.

- Primeiro Carregamento 5 %

- Primeira Fusão 33 %

- Segundo Carregamento 5 %

- Segunda Fusão 23 %

- Refino 17 %

- Vazamento 5 %

- Retorno 12 %

TOTAL 60 minutos

16

(a)

(b)

Figura 6: Desenho Esquemático do Forno EAF da COSIGUA (a) Ilustrando Posição de Eletrodos,

Injetores e Queimadores (b).

COJET

QUEIMADOR INJETOR

COJET

QUEIMADOR INJETOR

17

Unidade GERDAU COSIGUA

Fabricante DEMAG - KYOEI

Tipo de Forno FEA (Forno Elétrico a Arco)

Método de Carregamento Cestões de Sucata

Método de Vazamento EBT (Eccentric Bottom Tapping)

Capacidade Nominal 120 t

Figura 7: Forno a Arco Elétrico da Aciaria 2 e Principais Características Operacionais.

2.1.2 – Termodinâmica do Processo de Fusão e Refino

A variação de entalpia acompanhando uma reação é dada pela diferença

entre as entalpias dos produtos e de seus reagentes.

Para uma reação isobárica e isotérmica:

DCBA +=+ (2.1)

a variação de entalpia é dada por:

( ) ( )BADC 0000 ∆Η+∆Η−∆Η+∆Η=∆Η (2.2)

18

Por convenção, H é positivo (+) para reações endotérmicas (absorção de

calor) e H é negativo (-) para reações exotérmicas (liberação de calor).

Efeito da temperatura:

[ ] ∴−+∆Η−∆Η=∆Η ∑ ∫ ∑∑∑T

PPT dTreagentesCprodutosCreagentesprodutos298

0

298

0

298

0 )()()()(

( )∫ ∆+∆Η=∆Η∴T

PT dTC298

0

298

0 (2.3)

Quando uma reação ocorre em um sistema isolado, por exemplo, sem troca

de calor entre o sistema e sua vizinhança, a temperatura do sistema irá modificar de

acordo com o calor da reação.

Como exemplo, pode se considerar a oxidação interna de uma partícula de

Ferro metálico não passivado em um recipiente, inicialmente a 25ºC. A entalpia da

reação a 298K é:

Fe + ½O2 � FeO, 10

298 267 −−=∆Η kJmol

O cálculo balanço térmico é feito para 100 kg Fe no recipiente com 150 kg

FeO formados na oxidação. O calor absorvido pelo recipiente é kJxx 26772

10150

3

e o

aumento de temperatura é calculado por:

( ) ( )[ ]( )298−+= TCnCnQFeOPFeOFePFe (2.4)

molgnFe −= 17905 , para 100 kg de Fe.

molgnFeO −= 7,2087 , para 150 kg de FeO.

11042,0)( −−= KkJmolFeCP

11059,0)( −−= KkJmolFeOCP

Substituindo-se em (2.4):

)298)(123752(557416 −+==∴ TQ (2.5)

19

Com uma reação adiabática, a temperatura do recipiente irá aumentar para

T=935K (662ºC).

2.1.3 – Balanço de Energia do FEA

Para fundir sucatas de aço é necessário teoricamente um mínimo de 300

kWh/t 27. Para fornecer um superaquecimento acima do ponto de fusão de 1520 ºC é

necessário uma energia adicional e para uma temperatura típica necessária para o

vazamento, à energia total teórica necessária varia de 350 a 370 kWh/t. No entanto,

devido à eficiência do processo de fabricação de aços a partir de fornos EAF serem

de 55 a 65% 28 o resultado real obtidos nos processos atuais é de 560 a 680 kWh/t.

Esta energia pode ser fornecida por diversas fontes, por exemplo, eletricidade,

queimadores oxi-combustíveis e reações químicas no banho. A distribuição típica

entre estas fontes é de 60 a 65%, 5 a 10% e 30 a 40%, respectivamente 11. Esta

distribuição é extremamente dependente da matéria-prima utilizada e custos de

consumíveis e tende a ser específica para cada aciaria. Um balanço típico de

energia para fornos antigos e modernos pode ser visto na tabela 2.

Tabela 2: Balanço de Energia típico para fornos EAF. (Fonte: Steel Making and Refining 37)

Fornos de Alta

Potência Fornos de Baixa/Média

Potência

Energia Elétrica 50-60% 75-85%

Queimadores 5-10%

Reações Químicas 30-40% 15-25%

EN

TR

AD

AS

Total de Entradas 100% 100%

Aço 55-60% 50-55%

Escória 8-10% 8-12%

Sist. Refrigeração 8-10% 5-6%

Diversos 1-3% 17-30%

Gases Expelidos 17-28% 7-10%

SA

ÍDA

S

Total de Saídas 100% 100%

20

Algumas conclusões imediatas podem ser tiradas da tabela 2. Atualmente

emprega-se muito mais energia química no EAF e consequentemente, o consumo

de energia elétrica tem sido reduzido. A eficiência dos fornos tem melhorado com a

operação em fornos de alta potência como indica a maior porcentagem de energia

sendo retida no aço. Perdas para o sistema de refrigeração são maiores em fornos

de alta potência devido a maior exigência a que são submetidos os painéis

refrigerados. Perdas diversas tais como ineficiências elétricas foram muito elevadas

para fornos antigos (baixa e média potência) e baixas para fornos modernos. Perdas

energéticas para gases expelidos são muito maiores para fornos de alta potência

devido a altas taxas de introdução de energia e tempos reduzidos de “tap to tap”.

Obviamente, os valores apresentados são altamente dependentes dos

parâmetros individuais de cada operação e variam consideravelmente de uma planta

para outra. Fatores como composição da matéria-prima, taxa de injeção de energia e

práticas operacionais (pós-combustão, pré-aquecimento da carga, etc.) podem

alterar consideravelmente o balanço de energia. Em operações que utilizam uma

grande quantidade de carbono na carga ou matérias-primas com alta quantidade de

carbono, até 60% da energia contida nos gases expelidos podem ser recuperadas

devido a grande quantidade de monóxido de carbono oxidado. A recuperação desta

energia no EAF pode aumentar de 8 a 10% a energia fornecida para o processo.

Desta forma, é importante considerar estes fatores ao avaliar o balanço de energia

para uma determinada operação.

O balanço completo ou total de energia baseia-se na primeira lei da

termodinâmica. Conforme será apresentado posteriormente, será necessário então

de uma completa definição da fronteira do sistema analisado, como demonstrado na

figura 8. Esta definição de fronteira do sistema inclui as perdas de energia elétrica no

transformador do forno e no sistema de alta corrente, por exemplo. Por outro lado, a

figura mostra que a energia elétrica específica utilizada para o sistema de

despoeiramento e/ou para o forno panela não está inclusa. Assim como para casos

de carga metálica pré-aquecida e para sistemas com adições de combustíveis para

os sistemas de pós-combustão. O balanço de energia poderá ser descrito da

seguinte forma:

21

∑ ∫=

=

+++

n

i calor

i

ii

iI

i

dRHPQ1

0τ (2.6)

Onde, i

iQ é o fluxo de calor (por exemplo, pela parede, abóbada, etc.); P é a

energia elétrica, i

iH é a entalpia do fluxo de massa (gases gerados, aço líquido,

escória) e i

iR é a reação metalúrgica de oxidação (C, Si, Mn, Fe).

Notação: m ���� massa; .

m ���� fluxo de massa; .

V ���� fluxo de volume; x ���� concentração; T ���� temperatura; ∆T ����

diferença de temperatura.

Índices: br���� queimador; C ���� carbono; el ���� elétrico; cw���� água para refrigeração; O2 ���� oxigênio; sl ���� escória;

st ���� aço; og ���� saída de gás.

Figura 8: Fronteira do Sistema para Forno Elétrico (Fonte: Pfeifer 27).

Este balanço, apresentado de maneira mais detalhada na figura 8, assume

que a energia interna do forno é igual após cada corrida. Para um balanço após 1ª

lei da termodinâmica o forno elétrico é analisado como uma “caixa preta”. Isto

significa que é necessário conhecer os fluxos de massa e energia somente neste

sistema. Para reações químicas, por exemplo, a reação de oxidação do carbono,

deve-se assumir que a entalpia específica da reação de oxidação completa C+O2 �

CO2 é considerada, porque o CO da saída dos gases é considerado como perdas

de energia. Um resumo contendo as reações químicas e a região onde ocorrem no

Saída de Gases

Água para Refrigeração

Lança

Escória Aço

Queimador Oxicombustível

Saída de Gases

Água para Refrigeração

Lança

Escória Aço

Queimador Oxicombustível

Transfor-

mador

22

FEA pode ser visto na figura 9. As reações mais importantes para o processo do

forno elétrico e suas respectivas energias específicas são listadas na tabela 3.

Figura 9: Balanço contendo as principais reações do FEA. (Fonte: Rizzo 30).

23

Tabela 3: Reações Químicas que ocorrem no FEA e as suas respectivas energias geradas. (Fonte:

Fundamentals of Steelmaking 38)

Reação Energia da Reação

2 Al + 3/2 O2 � Al2O3 [ - 8,61 kWh/kg Al ] [ -13,86 kWh/m3 O2 ]

Si + O2 � SiO2 [ - 8,70 kWh/kg Si ] [ - 10,92 kWh/m3 O2 ]

Mn + ½ O2 � MnO [ -1,95 kWh/kg Mn ] [ - 9,56 kWh/m3 O2 ]

2 Cr + 3/2 O2 � Cr2O3 [ - 3,05 kWh/kg Cr ] [ - 9,44 kWh/m3 O2 ]

S + O2 � SO2 [ - 2,75 kWh/kg S ] [ - 3,94 kWh/m3 O2 ]

2Fe + 3/2 O2 � Fe2O3 [ - 2,03 kWh/kg Fe ] [ - 4,74 kWh/m3 O2 ]

Fe + ½ O2 � FeO [ - 1,32 kWh/kg Fe ] [ - 6,58 kWh/m3 O2 ]

C + O2 � CO2 [ - 9,10 kWh/kg C ] [ - 4,88 kWh/m3 O2 ]

C + ½ O2 � CO [ - 2,55 kWh/kg C ] [ - 2,73 kWh/m3 O2 ]

CO + ½ O2 � CO2 [ - 2,81 kWh/kg CO ] [ - 2,81 kWh/m3 O2 ]

2.1.4 – Transferência de Massa

Em processos a altas temperaturas como os processos piro - metalúrgicos, a

taxa de reações químicas interfaciais são geralmente mais rápidas que as taxas de

transferência dos reagentes e dos produtos da reação oriundos da mesma. As

formulações das equações de taxa para reações de transporte controladas variam

consideravelmente com as propriedades físicas e tipos de fluxo de fluidos sobre a

superfície de reação da fase condensada. Deste modo, tem-se formulação das

equações de taxa para diferentes regimes de bolhas de gás no metal líquido e na

escória.

Existem inúmeros softwares de computador, por exemplo, PHOENICS,

FLUENT, CFDS-FLOWS3D, GENMIX, TEACH (2D, 3D), 2E/FIX, SOLA/VOF,

METADEX(R) e FID, que são utilizados nas indústrias de aço nos processos e

projetos de engenharia e no controle de processos de produção de aços.

24

2.1.5 – Taxa Parabólica de Oxidação de Ferro

A escala que da forma a oxidação do ferro e de aços de baixa liga consiste

em três camadas de óxidos: wustita na superfície ferrosa seguida por magnetita e

posteriormente hematita na superfície externa da escala. Em diversos experimentos

realizados constatou-se que na média as relações de espessura wustita: magnetita:

hematita é de aproximadamente 95:4:1. Em óxidos de ferro a difusividade do ferro é

maior que a do oxigênio. A taxa de oxidação é controlada principalmente pela

difusão de ferro através da camada de wustita da interface ferro-wustita para a

interface wustita-gás ou wustita-magnetita e a partir daí através das finas camadas

de magnetita e hematita.

tX λ=2 (2.7)

; aonde λ é a constante da taxa parabólica em cm2 s-1.

Se a medida da taxa de oxidação é feita pelo método termo-gravitométrico a

constante de taxa parabólica Pk será em escalas de (gO)2 cm-4 s-1. Das

composições e densidades de óxidos, para relações relativas de espessura para

wustita:magnetita:hematita iguais a 95:4:1, os valores de Pk e λ podem ser

descritos pela equação (2.8).

( ) 12142,877.1 −−− = scmscmgOkP λ (2.8)

Diversos estudos experimentais foram realizados sobre a taxa de oxidação do

ferro no ar e oxigênio a temperaturas de 600 a 1300ºC. A dependência da constante

da taxa parabólica é demonstrada no gráfico da figura 10.

25

Figura 10: Dependência da temperatura pela constante da taxa parabólica de oxidação de ferro

exposto ao ar ou oxigênio sem água. (Fonte: Sheasby – 1984)

Considera-se a equação abaixo para constante de taxa parabólica em termos

da atividade do oxigênio e a auto-difusividade de componentes móveis em escala

para casos da wustita, com OFe DD** >> :

(2.9)

onde a’O e a’’O são as atividades das interfaces de ferro-wustita e wustita-

magnetita, respectivamente. A difusão de íons de ferro na fase não-estequiométrica

de wustita FexO, é através de vacâncias de cátions na estrutura da wustita. É por

esta razão que a auto-difusividade do ferro aumenta com o aumento da relação

atômica O/Fe na wustita.

∫=

''

'

)(ln2 *O

O

a

a

OFe

Fe

O adDN

26

2.1.6 – Oxidação do Carbono em Misturas CO2-CO

A maior parte das formas de Carbono é porosa, por isso, a taxa de oxidação

do mesmo é decisivamente afetada pela estrutura dos poros, pela área superficial

interna dos poros, difusividade efetiva do gás nos poros e tamanho das partículas.

Dependendo do tamanho da partícula, da estrutura dos poros, temperatura e

pressão do gás teremos ambas as queimas de carbono, a interna e a externa. A

equação da taxa de combustão são as seguintes, para esses dois casos:

(i) Para partículas de carbono com poros pequenos a baixas temperaturas e

pressões, teremos uma rápida difusão de CO2 e CO através dos poros e a taxa de

oxidação é controlada pela cinética química nas paredes dos poros do carbono.

Para este caso de completa combustão interna do carbono a equação da taxa é:

tSCF iφ−=− )1ln( (2.10)

Onde F é a fração de massa de carbono oxidada, Φ a constante da taxa

isotérmica específica da reação química por unidade de área da parede do poro, S a

área da superfície interna conectada por unidade de massa cm2 mol-1, Ci a

concentração molar de CO2 por cm3 no fluxo de gás e t é o tempo de oxidação.

(i) Para partículas grandes e a altas temperaturas e pressões, a difusão é

confinada as aberturas dos poros na superfície das partículas de carbono. Para este

caso a equação da taxa de combustão externa será:

( )( )

tCr

SDF i

φρ θ2

1

31

11 =−− (2.11)

Onde Dθ é a difusividade de CO2-CO efetiva do poro, ρ é a densidade

aparente do carbono e ro é o raio inicial da partícula e carbono.

27

2.1.7 – Propriedades do Aço Fundido

As propriedades termodinâmicas dos aços líquidos ligados têm sido

estudadas extensivamente, tanto experimental quanto teoricamente. A maior parte

destes estudos foi conduzida durante o período de 1950 até 1970. Irão ser

abordados a seguir somente os dados de atividades necessários ao entendimento

das reações químicas do ferro e da fabricação de aço.

2.1.7.1 – Solubilidade de Gases em Ferro Líquido

Gases diatômicos como O2, S2, N2 e H2 dissolvidos em metais líquidos e

sólidos na forma atômico ½ X2 (g) = [X] para os quais a constante de equilíbrio

isotérmica é:

[ ]( ) 2/1

2

%

xp

XK = (2.12)

Para soluções ideais, a concentração de X é diretamente proporcional à raiz

quadrada da pressão parcial de equilíbrio do gás, conforme a lei Sievert.

Para conteúdo de soluto em ppm (por massa) e para pressões de gases em

atm, a dependência da temperatura pela constante de equilíbrio para solubilidade de

H2, N2 e O2 é apresentada a seguir.

[ ]( )

423.21900

log2/1

2

+−=Tp

ppmH

H

(2.13)

[ ]( )

760.2188

log2/1

2

+−=Tp

ppmN

N [ ]( )

242.46046

log2/1

2

+−=Tp

ppmO

O

28

O monóxido de carbono se dissolve em ferro líquido (aço) através da

dissociação em átomos de carbono e oxigênio:

CO (g) � [C] + [O]

para o qual a constante de equilíbrio (que não é tão sensível à temperatura) é

dada pela seguinte equação para aços baixa liga contendo menos de 1% C.

[ ][ ]( )

20%

==atmp

ppmOCK

CO

(14)

Para maiores conteúdos de carbono, deve-se fazer uma correção em K,

devido aos coeficientes de atividade [ ]( )CffC

O

C

O %13,0log −= (2.15) e

[ ]( )CffC

C

C

C %18,0log = (2.16).

Para a reação CO2 (g) � CO (g) + [O]

[ ] 4101,1

2

xppmOp

pK

CO

CO == ; a 1600ºC. (2.17)

Para 800 ppm, O em aços baixo carbono, a relação de equilíbrio pCO/pCO2 é

13,75. Para este estado de equilíbrio, a mistura de gás contém 6,8% CO2 e 93,2%

CO.

Da energia livre de formação de vapor de água e a solubilidade de hidrogênio

e oxigênio em ferro líquido, a seguinte constante de equilíbrio é obtida para a reação

de vapor de água com ferro líquido a 1600ºC.

H2O (g) � 2 [H] + [O]

[ ] [ ]( )

6

2

1077,1

2

xatmp

ppmOppmHK

OH

== a 1600ºC. (2.18)

29

De acordo com estudos realizados por Taylor, Chipman e Distin 37 a

solubilidade do oxigênio em ferro líquido pode ser representada por:

[ ] 765,26380

%log +−=T

O sat (2.19)

O teor de oxigênio no óxido de ferro líquido, em equilíbrio com ferro líquido,

decresce conforme a temperatura aumenta e atinge a composição estequiométrica

(22,22%) a aproximadamente 2000 ºC.

2.1.8 – Propriedades de Escórias Fundidas

Neste item serão discutidas de maneira sucinta as propriedades das escórias

fundidas, item crítico para a o processo de fusão e refino do FEA.

2.1.8.1 – Aspectos Estruturais

Escórias fundidas possuem natureza iônica, consistindo de íons carregados

positivamente (cátions) e íons complexos de silicatos, aluminatos e fosfatos

carregados negativamente (ânions).

A unidade fundamental na sílica sólida e nos silicatos fundidos é o silicato

tetraédrico SiO44-. Cada átomo de silício é rodeado tetraedricamente por quatro

átomos de oxigênio e cada átomo de oxigênio está ligado a dois átomos de silício. A

valência do silício é +4 e a do oxigênio -2, deste modo, o silicato tetraédrico tem 4

cargas negativas.

A adição de óxidos metálicos, tais como FeO, CaO, MgO, etc., à sílica fundida

gera uma quebra da rede de silicatos, representado de maneira geral na forma pela

reação:

30

+

+

−−→+

−−−− 2

|

|

|

|

|

|2 MOiSMOiSOiS

Os cátions são dispersos dentro da rede quebrada de silicatos. Na fusão do

MO-SiO2 a relação atômica O/Si>2, desta forma parte dos átomos de oxigênio estão

ligados entre dois átomos de silício e parte ligada a somente um átomo. A

despolimerização parcial da rede de silicatos com a adição do óxido MO é

demonstrada na figura 11.

Figura 11 – Representação esquemática da despolimerização da rede de silicatos com a dissolução

dos óxidos metálicos na fusão de silicatos. (Slag Atlas 39)

Em escórias de elevada basicidade com relação molar MO/SiO2>2, a rede de

silicatos se quebra totalmente para SiO4 individuais misturados de forma tetraédrica

a cátions de M2+ e a alguns íons de oxigênio O2-.

Em baixas concentrações, o Al2O3 se comporta como uma rede, modificando

óxidos e formando cátions de alumínio Al3+. Em altas concentrações, o alumínio

entra na estrutura isomórfica tetraédrica com o silício. Este processo pode ser

representado esquematicamente pela reação:

31

+

+

−−−−−−→+

−−−− MiSOAlOiSMAlOiSOiS

|

|

|

|

|

|2

|

|

|

|2

O cátion M+ está localizado na vizinhança da ligação Al-O de modo a

preservar o balanço de carga local. Em baixas concentrações de fósforo na escória,

os íons de fosfato PO43- são incorporados na rede de silicatos. Nas escórias do forno

o enxofre se apresenta na forma de íon de sulfeto S2-. Os íons de sulfato SO42-

estarão presentes na escória somente sob condições de altamente oxidantes e

ausência de ferro ou qualquer outro metal oxidável.

Embora a escória fundida seja ionizada, a composição da escória pode ser

representada em termos de óxidos constituintes, por exemplo, CaO, FeO, SiO2,

P2O5. A atividade termodinâmica de um íon na escória não pode ser determinada.

No entanto, a atividade de um óxido dissolvido na escória fundida, formando íons de

M2+ e O2-, pode ser determinada experimentalmente e a igualdade a seguir pode ser

escrita:

MO � M2+ + O2-

( )

( )( )00

22

22

−+

−+

=

OM

OM

MO

MO

aa

aa

a

a (2.20)

Onde o índice 0 refere-se ao estado padrão, o qual é normalmente sólido puro

ou óxido líquido.

2.1.8.2 – Basicidade de Escórias

Para escórias de baixo conteúdo de fósforo, a basicidade da escória é

normalmente representada pela relação de concentração de massa a seguir:

2%

%

SiO

CaOV = (2.21)

32

Para escórias contendo altas concentrações MgO e P2O5, como as escórias

de experimentos em laboratórios, a basicidade pode ser definida pela relação de

concentração de massa, assumindo-se que a basicidade molar das concentrações

de CaO e MgO são equivalentes. De maneira similar, em uma base molar ½ P2O5,

por exemplo, P2O5, é equivalente ao SiO2.

522 %84.0%

%4.1%

OPxSiO

MgOxCaOB

+

+= (2.22)

Para escórias contendo MgO < 8% e P2O5 < 5% a basicidade B é

essencialmente diretamente proporcional a V.

VB 17.1= (2.23)

Outra medição da basicidade de escória é obtida através da diferença entre a

soma das concentrações dos óxidos básicos e os óxidos ácidos.

(%CaO + %MgO + %MnO) – (%SiO2 + P2O5 + TiO2)

Esta maneira de cálculo não é normalmente utilizada.

Para escórias do tipo aluminato de cálcio utilizadas em refino de forno panela,

a basicidade da escória utilizada em algumas publicações(38,39) alemãs e japonesas

é definida pela relação:

322 %%

%

OAlxSiO

CaOB = (2.24)

No entanto, relações deste tipo se tornam sem sentido para baixas

concentrações de SiO2 ou Al2O3. Para escórias de fornos panela a basicidade pode

ser definida através da seguinte relação de concentração de massa, assumindo-se

que a base molar Al2O3 é equivalente a do SiO2.

33

322 %6.0%

%4.1%

OAlxSiO

MgOxCaOBLF

+

+= (2.26)

As basicidades de escórias, conforme definidas acima, são para as

composições de escórias fundidas. Na prática, as escórias da fabricação de aços

sempre contêm CaO e MgO não dissolvidos. As análises químicas destas amostras,

sem correção para o CaO e MgO não dissolvidos, irão nos dar uma basicidade irreal,

muito mais elevada que aquela da escória fundida.

Há uma tendência nos últimos tempos para relatar algumas propriedades

físico-químicas das escórias, tais como capacidade do sulfeto, capacidade do

fosfato, capacidade do carboneto, etc., e até basicidade ótica de escórias.

2.1.8.3 – Óxido de Ferro na Escória

O óxido de ferro se dissolve na escória em dois estados de valência: cátions

bivalentes de ferro (Fe2+) e cátions trivalentes de ferro (Fe3+). A relação entre

Fe3+/Fe2+ depende da temperatura, potencial de oxigênio e composição da escória.

Na formulação das constantes de equilíbrio das reações escória-metal e as

atividades termodinâmicas dos óxidos na escória, o ferro total dissolvido na escória

na forma de óxido é normalmente convertido para a forma estequiométrica FeO e

representado por FetO.

%FetO = %FeO (analisado) + 0.9 x %Fe2O3 (analisado) (2.27)

ou

%FetO = 1.286 x %Fe (total na forma de óxido) (2.28)

Para facilitar o entendimento, o índice t será omitido nas equações e

diagramas subseqüentes.

34

2.1.8.4 – Atividade de Óxidos na Escória

As atividades dos óxidos no sistema CaO – FeO – SiO2 relevantes ao

oxigênio na fusão ocorrida nos processos de fabricação de aço em equilíbrio com o

ferro líquido por volta de 1550 ºC são apresentadas na figura 12.

Figura 12 - Atividades do FeO (l) (experimental), CaO (s) e SiO2 (s) (obtidos a partir da integração de

Gibbs-Duhem) na fusão do sistema CaO – FeO – SiO2 em equilíbrio com ferro líquido a 1550 ºC.

(Fonte: Morris 1970)

2.1.8.5 – Solubilidade dos Gases na Escória

Em fusões acidíferas, o vapor de H2O reage duplo oxigênio ligado e

despolimeriza a fusão conforme é ilustrado a seguir:

−−⇒+

−−−− OHiSOHiSOiS

|

|2

|

|

|

|2

Em fusões básicas, o vapor de H2O reage com íons livres de oxigênio:

(O2-) + H2O � 2(OH)-

35

Para ambos, acidífero e básico, a equação geral da fusão é representada por:

(O*) + H2O � 2(OH*)

onde O* representa o oxigênio duplo ou simples, ou O2- e OH* é simples e

ligado ao silício ou na forma de íon livre. A constante de equilíbrio para uma dada

composição fundida será:

( )( ) 2/1

2

2OH

OHp

OppmHC = (2.29)

onde OHp2 é a pressão parcial de vapor.

A solubilidade do H2O (em unidade de massa ppm de H2O) a 1 atm de

pressão de vapor de H2O no sistema CaO – FeO – SiO2 a 1550 ºC obtida a partir de

dados experimentais é dada na figura 13, apresentada a seguir.

Figura 13: Capacidade da Hidroxila, COH do sistema CaO – FeO – SiO2 e CaO – Al2O3 – SiO2,

fundidos a 1500 ºC. (Fonte: Iguchi 1969)

O oxigênio se dissolve em escórias fundidas através da oxidação de íons

bivalentes de ferro para o estágio trivalente.

36

Reação gás-escória: ½ O2 (g) + 2 (Fe2+) = 2 (Fe3+) + (O2-)

Reação escória-metal: Fe0 + 4 (Fe3+) + (O2-) = 5 (Fe2+) + [O]

Estas reações fornecem o mecanismo para a transferência de oxigênio do

gás para o metal através da camada de transição com a escória. Em parte devido a

este fato, a reoxidação do aço será minimizada através da manutenção de baixas

concentrações de óxido de ferro nas escórias da panela, tundish e molde.

2.1.9 – Formação das Escórias no FEA

Os óxidos constituintes da escória possuem origens distintas. A maior parte é

oriunda da oxidação de elementos do banho, tais como SiO2, MnO, FeO, Al2O3,

P2O5, etc. Os demais, tais como CaO e MgO, provem das cales que são adicionadas

ao longo do processo no FEA (cal calcítica e dolomítica) ou dos refratários.

Como se pode observar, o controle da composição da escória do FEA não é

tarefa fácil, haja visto que, para realiza-lo de maneira eficaz, necessita-se conhecer

alguns parâmetros, tais como composição química da carga, quantidade de

impurezas presentes, composição e qualidade das cales, etc. Vale ressaltar que no

dia a dia da operação no FEA não são disponibilizadas todas estas informações.

2.1.9.1 – Oxidação dos Elementos do Banho na Formação da Escória do

FEA

A oxidação propriamente dita ocorre durante o refino no FEA. A oxidação

começa pelos elementos com maior afinidade ao O2, tais como o Si e o Al. No

entanto, a oxidação dos demais elementos do banho com menor afinidade (Fe e Mn,

por exemplo) também é realizada em conjunto com as demais.

37

Desta forma, a oxidação pode ser representada pelas seguintes equações

das principais reações:

Si + 2O � SiO2

C + O � CO

Mn + O � MnO

Fe + O � FeO

A velocidade e extensão destas reações serão comandadas pelo potencial de

oxigênio da região (conforme ilustrado na figura 14), pela composição da escória

que já tiver sido formada, além dos teores de Si, Mn e Fe. Além disso, após o início

da dissolução dos cales, mais dois óxidos serão incorporados ao sistema, o CaO e o

MgO. A entrada destes dois óxidos, como era de se esperar, irá modificar as

atividades dos óxidos pré-existentes abaixando a atividade da SiO2 (favorecendo a

oxidação do Si) e aumentando a atividade do FeO e do MnO (favorecendo a

redução dos mesmos).

38

Figura 14: Diagrama do Potencial de Oxigênio. (Fonte: Richardson 1948)

2.1.9.2 – Dissolução da Cal no FEA

A cal é o mais comum fluxante utilizado nas operações do FEA. Como a maior

parte das operações utiliza refratários básicos, deve-se manter uma escória básica

no FEA de maneira a minimizar o consumo de refratário. A basicidade da escória

39

também é fundamental para uma boa espumação. Desta forma, a adição de cal é

sempre feita, seja via carregamento (cestão) ou via injeção. A adição de cal pode

variar muito, pois dependerá basicamente da composição química da carga. À

medida que alguns elementos presentes no banho (tais como P, Al, Si, Mn,Fe, etc.)

são oxidados, a acidez da escória aumenta. Sendo assim, devem-se adicionar a

escória, componentes básicos, de maneira a eliminar esta acidez. Se os níveis de

sílica na escória forem muito elevados, por exemplo, e não for compensado com

uma maior adição de cales, tem-se um significativo aumento no consumo dos

refratários. Além disso, devido a maior solubilidade do FeO em escórias com alto

teor de sílica, têm-se um aumento no teor de FeO, aumentando-se assim as perdas

de Rendimento Metálico.

A formação de escória permite também que esses óxidos oriundos da

oxidação do banho sejam eliminados pela porta do FEA junto com a escória durante

a etapa de escorificação.

Em resumo, a presença da cal é fundamental para a operação do FEA tanto

no aspecto econômico quanto operacional. Suas principais funções são:

- Retardar e diminuir a oxidação de elementos de liga, cuja oxidação

geralmente forma óxidos básicos;

- Criar condições para a eliminação de impurezas, tais como o fósforo e

enxofre;

- Retardar e diminuir o ataque aos refratários pela escória.

Desta forma, deseja-se que a cal seja dissolvida na escória o mais rápido

possível, mantendo a basicidade em um patamar mais alto possível durante o maior

tempo. Para isso, deve-se atentar para os fatores de maior influência na dissolução

da cal, tais como atividade do CaO, viscosidade, temperatura e teor de FeO da

escória, dentre outros.

40

2.1.10 – Equilíbrio Aço Líquido – Escória

As reações de equilíbrio nos sistemas aço líquido – escória tem sido

amplamente estudada, de maneira experimental ou prática na siderurgia mundial

através da aplicação dos princípios termodinâmicos apresentados anteriormente.

Como era de se esperar, as constantes de equilíbrio aplicadas nestes

estudos, variam significativamente em função das características da escória, tais

como basicidade, concentração de massa de óxidos ácidos e/ou básicos que

compõem a escória, dependendo da reação, como será visto adiante. No presente

trabalho, especificamente, será dado atenção especial às reações envolvendo Fe e

C, devido à influência destes elementos no rendimento metálico.

2.1.10.1 – Oxidação do Ferro

A maior parte da oxidação do Ferro ocorre na superfície do banho, a qual

recebe o impacto do O2 oriundo dos sistemas de injeção (Lança do Manipulador e

Cojets).

Deve-se considerar o sistema Fe-FeO para se descrever esta reação pois ele

é necessário calcular-se o potencial de oxigênio nesta superfície. A escolha deste

sistema deve-se ao fato de ser considerada a saturação em oxigênio nesta região, e,

portanto, a presença de FeO líquido puro.

Desta forma tem-se:

)()(2)( 22 lgl FeOOFe →+ ;

Com ∆G0 = -113800 + 23,64 T (2.30);

Como ∆G = ∆G0 + RT ln Q e considerando-se o sistema Fe-FeO em equilíbrio

interno temos que:

41

∆G = 0 e Q = K.

Sendo assim

2.ln

2

20

OFe

FeO

pa

aRTG −=∆ (2.31)

Com FeO hipoteticamente puro líquido sendo considerado o estado padrão, a

atividade do óxido de ferro é derivada a partir da concentração do oxigênio

dissolvido em ferro líquido que está em equilíbrio com a escória. Para a reação de

equilíbrio:

FeO (l) � Fe + [O]

[ ]

FeO

O

Oa

aK = (2.32)

na qual aO= [%O] fO, utilizando-se log fO = -0.1 x [%O]. A dependência da

temperatura pela constante de equilíbrio KO é apresentada a seguir.

397.25370

log +−=T

KO (2.33)

Diversas formulações vêm sido desenvolvidas para descreverem a

dependência do coeficiente de atividade e da atividade do óxido de ferro pela

composição em escórias complexas 25,39. Em pesquisas recentes relacionadas a

propriedades da escória, Turkdogan 38 concluiu que, dentro dos limites de incerteza

dos dados experimentais das reações de equilíbrio entre metal-escória, têm-se uma

correlação decisiva entre o coeficiente de atividade do FeO e a basicidade da

escória conforme demonstrado na figura 15.

42

Figura 15: Efeito da basicidade B no coeficiente de atividade do FeO, referente a óxidos em escórias

simples e complexas a temperaturas de 1550 a 1700 ºC. (Fonte: Turkdogan 38)

A atividade γFeO atinge o pico em basicidades próximas a B = 1,8. Vale

relembrar que a concentração de óxido de ferro é em relação ao total de ferro na

forma de óxido na escória representada pela fórmula estequiométrica FeO.

Os dados experimentais utilizados para a derivação da relação na figura

anterior são para escórias simples e complexas as quais diferem consideravelmente

em suas composições da seguinte forma: CaO 0-60, MgO 0-20, SiO2 0-35, P2O5 0-

20, FeO 5-40 e MnO 0-15.

2.1.10.2 – Oxidação do Manganês

Para a reação entre FeO e MnO referente à oxidação do manganês tem-se:

(FeO) + [Mn] � (MnO) + [Fe].

43

Sendo assim, a relação de equilíbrio, levando-se em consideração a

concentração de massa dos óxidos será:

( )( )[ ]MnFeO

MnOK FeMn

%%

%= (2.34)

A relação do coeficiente de atividade γFeO / γMnO, derivada a partir do

equilíbrio metal-escória com dados obtidos experimentalmente, varia com a

basicidade conforme ilustra a figura 16. Observa-se um brusco decréscimo na razão

dos coeficientes de atividade quando a basicidade aumenta de 1.5 para 2.0. Com

basicidades superiores a 2.5, a relação γFeO / γMnO é essencialmente constante

igual a 0.63. A curva para γMnO, ilustrada na figura 17 é derivada da combinação da

curva para γFeO com a razão na figura 16.

Figura 16: Variação da razão entre os coeficientes de atividade e a basicidade. (Fonte:Turkdogan

1994).

44

Figura 17: Efeito da basicidade B nos coeficientes de FeO e MnO, referente a óxidos líquidos puros

em escórias simples e complexas a temperaturas de 1550 a 1700 ºC. (Fonte: Turkdogan 1994)

2.1.10.3 – Oxidação do Silício

Para baixos teores de Si deve-se utilizar a concentração de massa de Si e O

na constante de equilíbrio para a reação:

[Si] + 2[O] � (SiO2)

[ ]2%][%

2

OSi

aK

SiO

Si = (2.35)

Onde a atividade da sílica refere-se a SiO2 como estado padrão. A

dependência de KSi com relação à temperatura é dada por:

45

59,1130410

log −=T

K Si (2.36)

Na prática, o aço no final do processo do FEA apresenta de 0,003 a 0,005%

Si 5.

2.1.10.4 – Oxidação do Carbono

A reação de descarburação é uma das mais relevantes na fabricação do aço

por ser a que irá impor o ritmo de produção.

A reação da oxidação do carbono se dá de acordo com a reação:

C + O � CO (g)

Desta forma, a constante de equilíbrio para a reação será:

[ ][ ]ppmOC

pK CO

C%

= (2.37)

Para a reação entre metal-escória, a equação da oxidação do carbono será:

(FeO) + [C] � CO + [Fe]

Sendo assim:

FeO

CO

FCaC

pK

][%= (2.38)

e 1.55730

log +−=T

K FC .

Para a reação:

46

(MnO) + [C] � CO + [Mn]

Com:

MnO

CO

MCaC

pK

][%= (2.39)

e 6.813182

log +−=T

K MC .

2.1.10.5 – Cinética da Oxidação do Carbono

O mecanismo da descarburação consiste em:

- difusão (ou transporte por convecção) do oxigênio e do carbono através do

banho até a camada limite;

- difusão do oxigênio e do carbono através da camada limite até a interface

gás-metal;

- formação do gás CO na interface gás-metal e transporte da mesma para o

meio gasoso.

Para que ocorra a descarburação é necessária à nucleação de uma bolha de

CO. Uma vez nucleada a bolha, deve haver um fluxo contínuo de carbono e oxigênio

à interface gás-metal.

Todos os mecanismos mencionados acima são suficientemente rápidos e a

descarburação é quase sempre limitada pelo suprimento de oxigênio ao banho.

Somente depois que o teor de carbono do banho ultrapassa certo valor mínimo é

que a velocidade de difusão do carbono através da camada limite se torna o estágio

limitante do processo. Desta forma, a descarburação ocorre em duas fases distintas:

uma limitada pela concentração de oxigênio e a outra limitada pela concentração de

carbono.

47

Na primeira, a velocidade da descarburação é limitada somente pela

velocidade/concentração de Oxigênio no banho e pode ser expressa pela reação

abaixo:

[ ] '%K

dt

Cd=− (2.40)

Onde K’ é uma constante determinada pela vazão de oxigênio.

Na segunda, a velocidade de descarburação depende da velocidade de

difusão de carbono (é desta forma função do teor momentâneo de carbono e do

nível de agitação do processo). Desta forma a velocidade de descarburação pode

ser representada por uma equação de primeira ordem do tipo:

[ ] ( )*''%CK

dt

Cd=− (2.41)

Onde (C)* representa a força motriz da reação de descarburação e é

representada pela diferença entre a porcentagem de carbono momentânea e aquela

em equilíbrio conforme ilustrado a seguir.

(C)* = (%C - %Ce); (2.42)

Por conseguinte:

[ ][ ] [ ]

dtKCC

Cd

e

''

%%

%=

−− (2.43)

Integrando-se a equação (2.43), têm-se:

[ ] [ ]( ) RtKCC e +=−− ''%%ln (2.44)

Onde R e a constante de integração.

48

No início, t=0 e [%C] = [%C] inicial; o que nos dá

[ ] [ ]( )eCCR %%ln −−= . (2.45)

Como resultado final tem-se:

[ ] [ ]( )[ ] [ ]( )

tKCC

CC

e

einicial ''

%%

%%ln =

−− (2.46)

A figura 18 (a) mostra as etapas apresentadas anteriormente acrescentando

uma fase prévia que corresponde ao consumo de oxigênio pela oxidação

preferencial de outros elementos presentes no banho.

Diversos trabalhos sobre ao assunto tem sido desenvolvidos nos últimos

tempos. Em um deles, Turkdogan et al 38, comenta que em conversores LD (BOF), a

vazão de sopro de oxigênio situa-se entre 2,2 a 3,0 Nm3/min, dependendo da

composição da carga. Durante os primeiros 3 ou 4 minutos de sopro de oxigênio a

maior parte do silício é oxidada e 0,4 a 0,5% do carbono também. Neste intervalo,

fase prévia a taxa de descarburação aumenta, conforme é ilustrado na figura 18 (b).

(a)

(b)

Figura 18: Gráfico esquemático demonstrando a forma de uma curva da variação da velocidade de

descarburação com o tempo (a) e representação esquemática da taxa de descarburação em função

do tempo de sopro em sistemas do tipo BOF (Fontes: (a) Falconi 1980 5, Turkdogan 1996 38).

49

Dependendo da vazão de sopro e do teor de carbono, a taxa de

descarburação, para a fase I, fica na faixa de 0,2 a 0,28% de carbono por minuto e

consome aproximadamente 90% do teor de oxigênio soprado. Quando o carbono

atinge valores inferiores a 0,25%, aproximadamente, a taxa de descarburação

diminuiu (fase II) em função do consumo do oxigênio pela oxidação do manganês,

fósforo, ferro e mesmo pelo aumento do teor de oxigênio dissolvido no banho

metálico. Neste intervalo da análise pode-se dizer que o mecanismo de

descarburação do aço referente à fase I, é função da vazão de oxigênio injetada –

independente, portanto da cinética química especificamente, mas associado aos

mecanismos de transporte. Na fase II, no entanto, ocorre uma mudança de

mecanismo e o controle da taxa da reação é função da concentração de carbono.

Desta forma, conclui-se que o processo de descarburação é dividido em duas

partes principais, que apresentam comportamento cinético distinto. Essas partes são

separadas por um determinado teor de carbono, denominado teor de carbono crítico,

que será apresentado a seguir.

O teor crítico de carbono é de suma importância, pois o mesmo marca o início

da fase II, é determinado pelas condições de projeto do equipamento e uma vez

ultrapassado durante a descarburação, determina uma drástica redução na

velocidade de descarburação, juntamente com uma grande perda de oxigênio.

A taxa de difusão do carbono é proporcional à diferença de concentração do

carbono entre dois pontos.

-VC = f ([%C]b – [%C] i (2.47)

Quando a velocidade ou taxa de difusão do carbono (Vc) for igual à taxa de

suprimento de oxigênio (VO), tem-se:

-VC = - VO = f ([%C]C – [%C] i (2.48)

Onde

-VC é a taxa ou velocidade de difusão do carbono;

-VO é a taxa ou velocidade de difusão de oxigênio;

50

[%C]b é o % de carbono dissolvido no banho;

[%C]i é o % de carbono dissolvido na interface gás-metal

[%C]C é o % de carbono crítico.

Vale ressaltar que o teor crítico de carbono será função do tipo de processo e

pode assumir até valores diferentes para um mesmo processo, pois depende de

condições de operação. No processo em FEA o teor de carbono crítico apresenta

valores níveis mais altos que nos outros processos. Tem sido relatados na literatura

valores entre 0,1 a 0,08% de carbono, dependendo do processo no qual foi feita à

medição.

2.1.10.6 – Descarburação e Formação do FeO

Como dito anteriormente, a mais importante reação na operação do FEA. Ela

não só determina a velocidade do processo, mais também determina o teor de FeO

na escória, afetando diretamente o rendimento metálico e o refino. Quando se injeta

oxigênio no forno, uma tremenda quantidade de gás está envolvida, formando uma

emulsão gás-metal-escória a qual é de três a quatro vezes maior em volume que a

massa de escória-metal não emulsificada. As reações químicas ocorrem entre as

gotas metálicas, escória e gases em emulsão. Essas reações têm sido amplamente

observadas em laboratórios utilizando técnicas de raios-x indicando em muitos casos

que a fase gasosa (principalmente CO) separa a escória e o metal e cumpre

importante papel na descarburação.

Quando o oxigênio inicia o contato com o banho líquido, contendo ferro e

carbono este reage primeiro com o ferro conforme ilustrado nas reações abaixo,

apesar de, do ponto de vista da termodinâmica, ser mais favorável à reação com o

carbono. Este fato deve-se a abundancia de ferro em relação ao carbono. Logo

após, o carbono no líquido difunde-se para a interface, reduzindo o FeO.

Fe + ½ O2 � FeO

51

FeO + C � CO + Fe

C + ½ O2 � CO

No entanto, o carbono só pode ser oxidado na velocidade que o mesmo é

transferido para a superfície.

Para altas concentrações de carbono, a taxa de transferência de massa é

elevada, de maneira que a maior parte do FeO formado é reduzido e a taxa de

descarburação é controlada pela taxa de fornecimento de oxigênio, conforme a

relação a seguir:

[ ] ( ))1100% 2

.

+−

= fW

MN

dt

Cd CO (2.50)

Onde 2

.

ON é o fluxo de oxigênio em moles; MC é o peso molecular de carbono

(12); W é a massa de aço e f é a fração do gás na forma de CO (o restante é CO2 e f

é próximo de uma unidade (0,8 a 1)).

Abaixo de um teor crítico de carbono a transferência de massa é insuficiente

para reagir com todo o oxigênio injetado. Neste caso, a taxa de descarburação será:

[ ] ( )∑−−=i

iie AmCCWdt

Cd%%

% ρ (2.51)

Onde ρ é a densidade do aço; %Ce é o carbono de equilíbrio em FeO + C �

CO + Fe e é próximo a zero; mi é o coeficiente de transferência de massa para o

local da reação e Ai é a área superficial para o local da reação metal – FeO.

Para processos com sopro por cima a reação ocorre entre as gotas de metais

ejetadas na emulsão e o FeO na escória. Para sopros por baixo ou processos como

o FEA a reação ocorres na interface do banho metálico e as bolhas que sobem para

a superfície as quais tem o FeO associado. O carbono crítico será quando as taxas

dadas pelas duas equações são iguais e gira em torno de 0,3%C.

52

Os valores para mi e Ai são desconhecidos, consequentemente uma

constante geral da descarburação KC pode ser definida e a taxa para valores abaixo

do teor de carbono crítico é obtida por:

∑=i

iiC AmW

(2.52)

[ ] ( )eC CCKdt

Cd%%

%−−= (2.53)

Ou;

( )( )

( )CC

eC

e ttKCC

CC−−−=

%%

%%ln (2.54)

Onde tC é o tempo no qual o teor de carbono crítico é atingido. O teor de

carbono do equilíbrio (%Ce) é próximo à zero. No entanto, nos processos atuais de

fabricação de aço há um limite prático que varia entre 0,01 a 0,03 para o %Ce.

O valor de KC aumenta com a taxa de injeção à medida que a quantidade de

gotas metálicas e bolhas aumentam. Por outro lado, KC decresce com a quantidade

de aço (W), como apresentado anteriormente. Nos processos atuais, a taxa de

injeção é proporcional ao peso de aço, sendo assim, KC apresenta valores similares

em quase todas as operações de BOF. Para sopros pelo topo, KC gira em torno de

0,015 s-1 e para sopros pela soleira em torno de 0,017 s-1. Os valores de teor de

carbono crítico também são similares variando de 0,2 a 0,4%C. A taxa de

descarburação para um processo típico de fabricação de aço é demonstrada na

figura 19.

53

Figura 19: Evolução dos teores de carbono e silício em um processo BOF. (Fonte: Adaptado de

Turkdogan)

No estágio inicial, no qual o silício está sendo oxidado, a taxa de

descarburação é baixa. O valor de KC é maior para o processo de sopro pela sola

devido à mistura mais intensa proporcionada neste processo e a reação ocorre na

interface das bolhas que sobem assim como que na emulsão escória-metal.

Neste período inicial no qual o silício é oxidado, uma grande parte de energia

é fornecida para o banho a partir da reação:

Si + ½ O2 � (SiO2)

A termodinâmica da reação indica que virtualmente todo Si será oxidado. A

taxa é controlada pela transferência de massa líquida representada pela equação

(52).

[ ] ( )e

Si SiSiW

mA

dt

Sid%%

%−−=

ρ (2.55)

Tempo (min)

Co

nte

úd

o d

e C

e S

i (%

)% Silício

% Carbono

Tempo (min)

Co

nte

úd

o d

e C

e S

i (%

)% Silício

% Carbono

54

Onde mSi é o coeficiente de transferência de massa para o silício e %Sie é o

conteúdo de silício no banho em equilíbrio com a escória e é aproximadamente zero.

Assim como na descarburação, pode-se definir um parâmetro para a taxa de

remoção de silício, KSi, similar a KC. Intuitivamente, estima-se KSi quase igual a KC

pois A e W são os mesmos. Desta forma tem-se

tKSi

SiSi−=

0%

%ln (2.56)

Onde %Si0 é o silício inicial e KSi é a constante da reação do Si e é

aproximadamente igual a KC. Esta taxa também está ilustrada na figura 19.

Abaixo do teor de carbono crítico, a taxa de transferência de massa de

carbono é insuficiente para reduzir todo o FeO formada e desta forma, o conteúdo

de FeO na escória aumenta rapidamente. Atualmente, nos fornos, pouco FeO é

formado, devido a sua baixa atividade na escória, resultando em teores que variam

de 5 a 10% na escória. O %FeO se mantém constante até atingir o teor de carbono

crítico a partir do qual cresce rapidamente. A quantidade de FeO pode ser calculada

a partir de um balanço de massa do oxigênio. O oxigênio, especificamente não

utilizado para o carbono, silício ou manganês, oxidará o ferro em FeO. O número de

moles de FeO na escória, a qualquer momento (NFeO) é dado por:

)(100

)1(%222

0

.

Mn

O

Si

O

t

C

OFeO NNdtM

fW

dt

CdNN +−

+−= ∫ (2.57)

Onde Si

ON2 e

Mn

ON2 são os números de moles de oxigênio consumidos na

oxidação do Si e Mn, respectivamente. Como a taxa de descarburação é

ligeiramente maior para processos com sopro pelo topo e combinado esses

processos apresentam menores teores de FeO.

55

2.2 – Rendimento Metálico

Rendimento Metálico é a relação utilizada para mensurar a quantidade de

Carga Metálica contida no carregamento que é convertida em Aço. Índices de

Rendimento Metálicos elevados estão atrelados à redução de perdas metálicas no

processo fusão, refino e solidificação do aço e conseqüentemente ao aumento da

produtividade.

Operações de fornos EAF com mix de Sucata e Ferro Gusa Sólido resultam

em diferentes rendimentos metálicos atrelados a natureza de cada material. A

maioria dos autores considera a sucata contendo mais de 98% de Fe. A partir dos

dados da tabela 4 pode-se ter uma idéia da composição do Ferro Gusa utilizado no

FEA da Aciaria.

Tabela 4 – Composição média do Ferro Gusa utilizado na Aciaria em 2006.

Elemento Média (%) Mín. (%) Máx. (%)

C 3,96 3,42 4,37

Si 0,31 0,03 1,15

Mn 0,17 0,39 0,73

S 0,017 0,008 0,04

P 0,13 0,085 0,17

Composição Média Ferro Gusa COSIGUA (*)

A redução do rendimento metálico implica em aumentar a quantidade de

carga de maneira a manter a mesma quantidade de aço vazado (produzido), que por

sua vez implica em uma maior quantidade material no forno e, por conseguinte em

uma maior quantidade de energia elétrica a ser utilizada para o processamento no

Forno EAF. De acordo com estimativas de mercado, consegue-se reduzir de US$ 3

a US$ 4 do custo do aço por tonelada produzida para cada 1% de aumento no

rendimento metálico 36 daí a importância do presente trabalho para o desempenho

das Aciarias.

Em termos gerais, o rendimento metálico depende tanto da qualidade dos

materiais que compõem a carga quanto do processo de fabricação do aço, conforme

o fluxo da figura 20. No que diz respeito à carga metálica, o rendimento metálico irá

56

aumentar de acordo com o aumento do percentual de Fe total, do teor de carbono e

diminuição do teor de residuais presentes na carga, características referentes à

qualidade da sucata (dependem tipo de sucata, limpeza, etc.). No que diz respeito

ao processo de fabricação os fatores que nos levam a um aumento do rendimento

metálico são aqueles que reduzem os níveis de óxido de Ferro presente na escória.

Cada variável tem um impacto diferente. O propósito deste trabalho é analisar o

impacto das variáveis de processo no rendimento metálico, modelando o processo

do forno elétrico da aciaria COSIGUA, tornando possível realizar diversas

simulações com diferentes condições de contorno que ocorrem neste processo.

Figura 20: Fatores que influenciam o Rendimento Metálico. (Fonte: Torres 36)

2.2.1 – Modelando o Rendimento Metálico

Rendimento Econômico é a forma final para expressar-se qualquer tipo de

rendimento na indústria moderna. Este termo contém a quantidade de material e os

1. Prática de Injeção de Oxigênio

2. Balanço de C – O 3. Prática de Espumação

da Escória 4. Prática de Cales 5. Temperatura de

Vazamento

Ferro Gusa :

- Teor de Fe

- Teor de Carbono

Carga Metálica Processo de Fabricação

Sucata :

- Tipo de Sucata - % de Impurezas

Rendimento Metálico

57

custos de produção, incluindo salários, custos de energia, depreciação, perdas de

material, etc. o Rendimento econômico é dado pela seguinte relação:

oduçãoCustos

VendasoFaturamentY

Pr_

_= (2.58)

O Rendimento Metálico, segundo Torres et al 36 pode ser expresso pela

seguinte relação:

ac

TA

W

WY

arg

= (2.59)

onde WTA representa o peso total do aço e Wcarga representa a carga metálica

do carregamento. O peso de aço do aço vem da diferença entre o material metálico

carregado e o material metálico perdido (equivalente ao total de aço vazado). As

fontes principais de perdas metálicas são os Óxidos de Ferro presente na escória e

as perdas na forma de Aço Líquido e Tarugos, conforme ilustrado na figura 21.

Figura 21: Perdas Metálicas de Ferro durante o Processo de Fabricação de Aços.

Desta forma tem-se:

(2.60)

)(

..

Re

argarg

Re

argarg

Re

arg

Ligas

Sujeira

Ligas

siduais

aC

Sujeira

aC

siduais

aC

Voláteis

Ligas

Fe

aC

Fe

Perdas

FeLigassiduais

Ligas

Fe

aC

Fe

WWWWWWW

WWWWWY

++++++

−+++=

βα

Prática de Injeção de Oxigênio Fe + O ���� (FeO)

Fe na Carga Metálica Fe0 Fe como FeXOy

Perdas Metálicas (Fe) - Escória (25 -55% FeXOy) - Perdas Metálicas (Aço Líquido/Tarugos)

58

Onde;

Ligas

Fe

aC

Fe WW +arg (58) é a parcela referente ao Fe total na carga e;

AçoTarugos

Fe

AçoLíduido

Fe

Escória

Fe

Perdas

Fe WWWW ++= (2.61)

Onde; AçoTarugos

Fe

AçoLíduido

Fe WW + (2.62) é a parcela referente às perdas de aço nas

forma líquida e sólida (tarugos) e Escória

FeW é o peso de ferro presente na escória

retirada da seguinte relação (considerando-se todo Fe na forma de FeO):

( )Escória

Escória

Fe

Escória

FeO

FeOW

W

W

Wf 56

72.== (2.63)

Deste modo:

( )72

56.EscóriaFeO

Escória

Fe WfW = (2.64)

Porém,

( )56

72argarg .Escória

FeFundentes

aC

AO

aC

BOescória WWWWW +++= (2.65)

Na qual BO e AO representam a parcela referente aos óxidos básicos (CaO,

MgO, etc.) e ácidos (SiO2, Al2O3, etc.).

Substituindo-se nas equações (61) e (62) têm-se:

( ) ( )( )( )( ) ( )( )

56

72

72

56argarg

72

56

56

72argarg

72

56 .

Escória

FeFeOFundentes

aC

AO

aC

BOFeO

Escória

FeFundentes

aC

AO

aC

BOFeO

Escória

Fe

WfWWWf

WWWWfW

+++=

+++= (2.66)

59

Reorganizando-se os termos:

( )( )( ) ( )( )Fundentes

aC

AO

aC

BOFeOFeO

Escória

Fe

Fundentes

aC

AO

aC

BOFeO

Escória

FeFeO

Escória

Fe

WWWffW

WWWfWfW

++=−∴

++=−

argarg

72

56

argarg

72

56

1 (2.67)

O peso do fundente vem da seguinte diferença, assumindo que:

aC

AO

Escória

AO WWarg= . (2.68)

aC

BO

aC

AO

aC

BO

Escória

AOFundente

Escória

AO

Escória

BO

aC

BO

Escória

BOFundente

WWBWWBW

WBW

WWW

argargarg

arg

..

.

−=−=∴

=

−=

(2.69)

Onde B é a basicidade da escória.

Substituindo-se (2.69) na equação (2.67):

( ) ( )( )aC

BO

aC

AO

aC

AO

aC

BOFeOFeO

Escória

Fe WWBWWffW argargargarg

72

56 .1 −++=− (2.70)

A forma final da expressão para calcular Escória

FeW é a seguinte, considerando a

relação:

aCii WfW arg= (2.71)

( ) ( )( )( )FeO

aC

AOFeOEscória

Fef

BWfW

+=

1

1arg

72

56

(2.72)

Substituindo na equação (56) têm como valor para o rendimento:

( ) ( )( )( )

( )aC

AO

aC

BO

aC

C

aC

O

aC

FeaC

FeO

aC

aC

AOFeO

aC

aC

Fe

aC

TA

fffffW

f

BWffWf

W

WY

argargargargarg

arg

arg

arg

72

56

arg

arg

arg

1

1

++++

+−

== (2.73)

Ou, de maneira mais organizada;

60

( )[ ]( )

( )

+++++−==

FeO

FeOaC

AO

aC

BO

aC

C

aC

O

aC

TA

f

Bfffff

W

WY

1

11.1 72

56

argargargarg

arg

(2.74)

2.2.2 – Análise dos Fatores de Influência no Rendimento Metálico

Neste tópico serão levantados os principais fatores que influenciam o

resultado final do rendimento metálico.

A composição típica do rendimento metálico para usinas semi-integradas

pode ser vista na figura 21. Nela, podem-se observar as fontes de perdas neste

indicador, com base nos diversos processos de fabricação de aço a partir de fornos

elétricos, e seus respectivos impactos % no valor final deste indicador. Fica claro

que a maior parcela de perdas é referente às características da carga metálica, a

qual contém diversos componentes que não serão diretamente aproveitados na

fabricação do aço, tais como, sujeira e ferrugem das sucatas (características para

cada tipo de sucata), a parcela de pó que é captada pelo sistema de

despoeiramento, parte dos residuais e voláteis presentes na carga metálica. Apesar

de representar a maior parcela de perda para o rendimento, no presente trabalho

não irá atuar de maneira intensiva na parcela referente à carga metálica, pois a

mesma é definida em função do preço, disponibilidade e momento do mercado,

fatores que dificilmente poderão ser influenciados por este trabalho.

As demais perdas do rendimento (perdas metálicas de aço líquido e tarugo e

perdas metálicas pela escória), que também corresponde a uma parcela significativa

do rendimento, serão analisadas, quantificadas e será o foco das ações corretivas

levantadas por este trabalho.

61

Figura 22: Composição Típica do Rendimento Metálico.

2.2.2.1 – Influência da Sucata no Rendimento Metálico

Como aspecto físico da sucata, impureza é a designação de todos os

componentes não ferrosos presentes nas cargas de sucata. As impurezas são

classificadas em duas classes:

• Impurezas intrínsecas: são aquelas que necessariamente estão

agregadas à sucata e que fazem parte das peças conforme sua natureza, desde

que, considerando o bom senso, não estejam presentes em quantidades acima do

normal. Como exemplo de impureza intrínseca: pintura sobre a superfície da sucata,

revestimentos leves, ferrugem, entre outros;

• Impurezas extrínsecas: são aquelas que podem estar agregadas à

sucata ou apenas soltas em meio às sucatas. Normalmente as impurezas

extrínsecas estão presentes em quantidade que chamam a atenção do classificador

CARGA METÁLICA(100%)

Fe total da Carga + Residuais Finais

Rend(%) = 100% - (I)

- Sujeira / Ferrugem;- Pó Despoeiramento;- Parte dos Residuais;

- Voláteis;

5%-15%

(I)

Escória : % Fe da Escória não recuperado pela

Sobremetal(FexOy e Gotas)

2%-6%(II)

Perdas Metálicas:

Perdas de Aço Líquido e Tarugos 1,5%- 4%

(III)

RENDIMENTO:

100 – (I+II+III)%CARGA METÁLICA

(100%)

Fe total da Carga + Residuais Finais

Rend(%) = 100% - (I)

- Sujeira / Ferrugem;- Pó Despoeiramento;- Parte dos Residuais;

- Voláteis;

5%-15%

(I)

Escória : % Fe da Escória não recuperado pela

Sobremetal(FexOy e Gotas)

2%-6%(II)

Perdas Metálicas:

Perdas de Aço Líquido e Tarugos 1,5%- 4%

(III)

RENDIMENTO:

100 – (I+II+III)%CARGA METÁLICA

(100%)

Fe total da Carga + Residuais Finais

Rend(%) = 100% - (I)

Fe total da Carga + Residuais Finais

Rend(%) = 100% - (I)

- Sujeira / Ferrugem;- Pó Despoeiramento;- Parte dos Residuais;

- Voláteis;

5%-15%

(I)

- Sujeira / Ferrugem;- Pó Despoeiramento;- Parte dos Residuais;

- Voláteis;

5%-15%

(I)

Escória : % Fe da Escória não recuperado pela

Sobremetal(FexOy e Gotas)

2%-6%(II)

Escória : % Fe da Escória não recuperado pela

Sobremetal(FexOy e Gotas)

2%-6%(II)

Perdas Metálicas:

Perdas de Aço Líquido e Tarugos 1,5%- 4%

(III)

Perdas Metálicas:

Perdas de Aço Líquido e Tarugos 1,5%- 4%

(III)

RENDIMENTO:

100 – (I+II+III)%

RENDIMENTO:

100 – (I+II+III)%

62

no momento da inspeção das cargas e, portanto, devem ser descontadas conforme

a quantidade avaliada ou pesada.

O nível de impureza presente nas sucatas entregue, tanto intrínsecas como

extrínsecas, é um dos fatores que afetam diretamente o rendimento, podendo afetar

também o desempenho do processo de fusão se estas impurezas não forem

corretamente removidas nos processos de beneficiamento da sucata.

Como valores gerais, a quantidade de impurezas removidas nos processos de

beneficiamento da sucata pode variar de 10%, para prensas tesouras com tambor

rotativo, até 20% para os shredders. Neste último, a limpeza é tão profunda que

normalmente a sucata beneficiada tem removida até a camada de pintura de sua

superfície.

Entre os vários problemas gerados por um elevado nível de impurezas

recebidas estão:

• Redução do rendimento do pátio de sucata, dificultando o controle do

estoque, pois as quantidades efetivas de entrada de sucata, na realidade, são

menores que o comprado.

• Aumento do volume de rejeitos e custo com o tratamento da terra e

óleos que devem ser descartados atendendo às necessidades de preservação

ambiental;

Pior ainda se estas impurezas não forem corretamente removidas por falha no

processo de beneficiamento ou falha de definição de rota. Nesta situação os

problemas serão:

• Redução do rendimento do forno com menor produção de aço líquido,

para um mesmo peso de carregamento, pois as impurezas estão ocupando o lugar

da sucata. Economicamente significa reduzir a produtividade da aciaria devido ao

aumento do tempo para o processo de fusão com uma menor produção de aço

líquido;

• Aumento do consumo de energia elétrica para fundir a sucata e as

impurezas carregadas. O aumento do consumo de energia elétrica acarreta o

aumento de outros custos em efeito cascata como: custo de eletrodos, custo de

refratários e custo da cal;

As características químicas das sucatas são as quantidades de elementos de

liga que estão contidos na matriz de ferro com carbono que constitui o aço, portanto,

63

em geral podemos dizer que elementos de liga são aqueles diferentes do ferro e do

carbono que constituem o aço e definem as características metalúrgicas do aço

líquido e em solidificação como as características de resistência mecânica e química

nos produtos finais obtidos deste aço.

2.2.2.2 – Influência das Práticas de Injeção no Rendimento Metálico

O Oxigênio é de suma importância na fabricação de aços a partir de fornos

EAF para a descarburação assim como fonte de energia química. Nos últimos anos

há uma tendência a aumentar a quantidade de oxigênio injetado nos fornos EAF de

maneira a reduzir o consumo de energia elétrica. Esta prática deve ser

cuidadosamente definida baseada em fatores de cada local. Alguns pontos devem

ser considerados, tais como:

- A injeção de carbono é baseada em princípio no conteúdo de carbono

presente na carga metálica. Mais carbono significa que mais oxigênio será

necessário para o processo.

- O excesso de oxigênio aliado a um déficit de carbono no sistema promove

um aumento do FeO na escória, reduzindo o rendimento metálico.

- A pressão durante a injeção de oxigênio também é importante. Normalmente

considera-se conveniente à utilização de pressões de no mínimo 10 kgf/cm2.

- A eficiência da injeção de oxigênio geralmente varia de 80 a 90%.

A espumação é um fator importante para melhoria do rendimento metálico. A

eficiência na redução do óxido de ferro a partir da prática de injeção de carbono

depende de inúmeros fatores e a princípio, a compreensão do mecanismo de reação

é vital.

Os subsistemas demonstrando as interfaces das reações entre injeções de C

e O2, banho metálico e escória podem ser vistos na figura 23.

64

Figura 23: Sub-Sistemas de reações químicas durante o processo de Fusão e Refino no FEA. [(1)

Interface Metal – Escória; (2) Interface Injeção de C – Escória; (3) Interface Lança de O2 – Escória].

(Adaptado de Morales 21)

2.2.2.3 – A Injeção de Carbono e a Cinética da Redução do %FeO –

Interface Carbono – Escória

Conforme citado anteriormente, o controle dos teores de Fe na escória do

FEA é a melhor maneira para controlar o rendimento metálico e consequentemente,

a produtividade e a economia da planta. Durante a fusão da carga no FEA, os níveis

de FeO, podem atingir valores elevados (superiores 45-50% da massa). Nesta

condição tem-se um banho plano, com formação de escórias com uma baixa

capacidade de espumação, acarretando em um elevado consumo de energia

elétrica e de refratário do forno. O consumo de refratário é oriundo da alta exposição

da parede e do teto do forno à radiação direta do arco. Para que esta situação seja

65

evitada, tem-se uma “janela” na qual a composição da escória, formada

principalmente por óxidos de ferro, é adequada para manter as propriedades de

espumação de maneira isolar a radiação do arco. Estas são as razões de ser

necessário manter a oxidação do ferro sob controle durante a fusão da carga. Para

que isso seja possível, ao longo dos últimos anos a injeção de materiais

carbonáceos para reduzir os óxidos de ferro em escórias complexas de fornos tem

se tornado uma prática comum. Vários modelos matemáticos 21, 25, 34, 35 desta reação

de redução foram publicados. Esses artigos descrevem com detalhes os

mecanismos da reação química entre as partículas carbonáceas e o FeO em

escórias complexas de fornos, injetadas através de uma lanças injetoras. A taxa de

redução cinética do FeO é estimada como função dos parâmetros da lança e

propriedades físico-químicas da escória, as quais dependem do tempo.

A taxa cinética da redução do óxido de ferro em escórias complexas de fornos

através de partículas carbonáceas em zonas do jato da lança pode ser calculada,

segundo Morales 21, através da expressão:

−=

30

1)(

)(

pi

pf

C

FeOPS

R

R

M

MFQ

td

FeOd (2.75)

Esta equação envolve todos os parâmetros do processo de injeção de

partículas de carbono, tais como, a fração de partículas que penetram na escória, 0

PF e seus respectivos raios inicial (Rpi) e final (Rpf), o fluxo de massa de sólidos SQ ,

além da massa de FeO da escória (MFeO) e a massa de carbono injetado (MC). São

considerados também, alguns outros fatores como a resistência química à

transferência de massa devido à atividade da sílica, a qual se comporta como um

componente da superfície ativa está implícito na equação. Outras variáveis, tais

como, o conteúdo de óxido de ferro, basicidade da escória, ângulo da lança e seu

diâmetro, tamanho da partícula e sua reatividade, etc., também estão implícitos no

cálculo do raio final da partícula (Rpf), para um dado tempo de residência tR

(calculado utilizando um método Lagrangeano). Deste modo, o modelo de injeção

pode ser diretamente integrado em um modelo cinético para um processo de forno a

arco elétrico, como será visto a seguir.

66

2.2.2.4 – A Cinética de Redução do FeO na interface Metal – Escória.

No balanço de carbono é necessário se levar em conta à cinética de redução

do óxido de ferro pela dissolução de carbono na interface Metal-Escória. O

mecanismo desta reação é essencialmente o mesmo proposto para a reação entre

as partículas de carbono e o FeO do volume de escória ilustrado na figura 24.

(a)

(b)

Figura 24: Reações químicas na interface metal-escória (a), na interface gás-escória (b) e o papel da

sílica como componente ativo da superfície na escória. (Fonte:Morales 19)

Uma bolha de CO é nucleada na interface metal-escória reagindo, durante

seu movimento ascendente através da camada de escória, com o FeO para formar

ferro e dióxido de carbono. Posteriormente reage com o carbono para formar

novamente CO e na verdade o CO2 é o agente descarburante do banho.

Naturalmente, também neste caso a sílica afeta a área superficial disponível da

bolha para a reação de redução devido às propriedades superficiais ativas da

escória. A taxa de descarburação pode ser escrita de acordo com a expressão:

[ ]( )COC

m ANMdt

CWd=−

% (2.76)

Onde; A é a área interfacial metal-escória e NCO é o fluxo de massa de CO.

Interface Gás-Escória

Interface Aço -Escória

AÇO (((( )))) (((( ))))gg COCOC 22 ⇒⇒⇒⇒++++

ESCÓRIA

67

2.2.2.5 – Volume de Escória.

A fusão de ferro gusa produz mais escória que a fusão da maioria das

sucatas utilizadas na COSIGUA, devido a seu conteúdo elevado conteúdo de Si.

Maior quantidade de Si equivale numa maior formação de SiO2, o que aumenta a

necessidade de utilização adicional de fluxantes de maneira a se manter a

basicidade da escória constante. A basicidade binária da escória do forno EAF da

aciaria COSIGUA possui intervalo de confiança para média de 1,7 a 1,9, conforme

consta na tabela 5. Do ponto de vista químico este tipo de escória é considerada

ácida. Uma basicidade binária maior do que dois é importante para fornecer o

balanço estequiométrico necessário para neutralizar a sílica. Uma escória ácida não

fornece as propriedades de transporte adequadas, tais como viscosidade e tensão

superficial, para espumar a escória e, além disso, a quantidade de MgO necessária

para saturar a escória é aumentada consideravelmente. Uma escória básica é

positiva por diversos motivos, não só do ponto de vista do refino, mas também do

ponto de vista do aumento da quantidade de partículas de carbono efetivas na

redução do óxido de ferro da escória.

Tabela 5: Composição Média da Escória do Forno FEA da Aciaria.

Composição Média da Escória do EAF COSIGUA (*)

Componente Média Desvio Padrão

CaO 31,0 2,7

SiO2 17,4 1,2

Al2O3 2,6 0,4

MgO 8,9 1,4

FeO 30,3 3,4

MnO 4,8 0,5

P2O5 0,8 0,2

SO2 0,1 0,09

Cr2O3 1,7 0,5

BASICIDADE (1) 1,8 0,1

BASICIDADE (3) 1,7 0,3

(*) período analisado: jan-06 a jun-06

68

2.3 – Balanço de Massa no FEA

Denomina-se como balanço de massa o estudo comparativo entre entradas e

saídas do forno elétrico. Os objetivos do balanço são, por exemplo, a determinação

das reações metalúrgicas (C, Si, Mn, Fe), a massa de ar infiltrado e a saída de

gases em adição a dados bem conhecidos tais como carga metálica, consumo de

eletrodo, produtividade, escória, etc. Para que sejam realizadas estas medições

referentes à composição do gás na saída são necessários o fluxo de volume e a

temperatura do gás. A figura 25 ilustra o resultado do balanço de massa médio de

31 corridas, realizado por Pfeifer 28, para um forno elétrico de 100 t de capacidade

com uma capacidade relativamente baixa de energia específica de 450 kVA/t e um

consumo de oxigênio, grafite e gás natural relativamente alto. Estes resultados são

baseados em balanços de massa de carbono (medição da saída de gases),

nitrogênio (infiltração de ar) e CaO (massa de escória), conforme mostra a equação

a seguir:

PósPósCaOEscEscCaOfratfratCaOCalCalCaO mxmxmxmx ,,.Re.Re,, +=+ (2.77)

Onde x é o conteúdo de CaO e m é a massa.

Os valores de mCaO,Cal, mCaO,pós e xCaO,Refrat, são conhecidos a partir de

análises químicas das amostras. Os valores de mRefrat. e mPós são conhecidos a

partis de dados estatísticos e mCal é um parâmetro do processo. A composição da

escória xCaO,Esc é determinado a partir de amostras de escórias retiradas no

vazamento a cada corrida.

69

Figura 25: Balanço de massa médio de 31 corridas para um forno elétrico com capacidade para 100

toneladas. (Fonte: Pfeifer 28).

2.4 – Desenvolvimentos Recentes.

A necessidade de se produzir cada vez mais, gastando-se cada vez menos

aliada ao aumento estratosférico das matérias primas utilizadas na fabricação de aço

tornou a preocupação com o rendimento metálico e consequentemente com as

perdas metálicas do processo fato comum a todas as usinas siderúrgicas mundiais.

Diversos trabalhos 19, 20, 21 vêm sido desenvolvidos em toda parte visando minimizar

as fontes de perda que reduzem o rendimento metálico das aciarias.

Para conhecer a origem das perdas é primeiramente necessário medi-las.

Pfeifer 28 et al, em seu trabalho de análise termodinâmica da eficiência energética

em fornos elétricos em 2005, apresentou resultados de balanços de massa

realizados em 31 corridas e comparou os mesmos com valores médios

apresentados na literatura, visando determinar o balanço energético das reações

metalúrgicas (C, Si, Mn, Fe, etc.) que ocorrem na operação do FEA. Além disso,

escória refratários aço

entrada de ar

gás natural

grafite

oxigênio cal cítica/dolomitica

eletrodo

finos

saída de gases

carga metálica

Faixa típica de EAF(média de 31 corridas)

escória refratários aço

entrada de ar

gás natural

grafite

oxigênio cal cítica/dolomitica

eletrodo

finos

saída de gases

carga metálica

Faixa típica de EAF(média de 31 corridas)

70

tentou quantificar a entrada de gases que contribuem para o aumento do consumo

de energia elétrica dos fornos.

Torres 36, et al, em seu trabalho para análise das perdas de rendimento na

Ispat Mexicana (IMEXSA), quantificaram as diversas fontes de perdas no rendimento

metálico, baseando-se em alterações de parâmetros de seu processo tais como

características ma matéria prima, práticas de injeção de oxigênio e carbono, volume

de escória e temperatura de vazamento. No trabalho apresentado puderam concluir

que a características da matéria prima utilizada, (no caso uma carga com grande

quantidade de ferro-esponja), influenciava em quase 7% o rendimento metálico,

assim como as práticas de injeção no forno, devido ao seu impacto no % FeO da

escória e no volume de escória do processo, poderia reduzir o rendimento metálico

em até 10%.

Morales 21, et. al, elaborou um modelo matemático para simulação da

operação de fusão em fornos elétricos, levando em consideração a mudança e

propriedades físicas da escória ao longo do tempo, assim como os alterações dos

aspectos operacionais do processo utilizando diferentes tipos de matérias primas no

forno. Em seu modelo foi considerando também o controle da oxidação do banho

através da injeção de carbono na escória.

Como resultado, foi quantificada a influência da carga metálica no rendimento

metálico, quando se altera a quantidade de Fe metálico da carga, assim como a

influência desta carga no teor de FeO e demais componentes da escória do forno.

Além disso, avaliou-se a influência da reatividade do carbono, assim como o ângulo

de contato da lança de injeção de carbono na taxa de redução de FeO da escória.

Também foi analisado pelo modelo o impacto da basicidade na taxa de

redução do FeO da escória, comparando-se valores extremos para a basicidade

binária e seu respectivo impacto na evolução do FeO ao longo do processo de fusão

e refino do FEA.

Como grande parte das perdas no rendimento metálico são oriundas da

escória e seu conteúdo de FexOy e gotas metálicas, vários trabalhos descrevem o

mecanismo de formação destes óxidos e partículas metálicas, assim como a cinética

destes processos. Além disso, como o mecanismo de redução do FeO está

diretamente relacionado ao fenômeno de espumação da escória, inúmeras

publicações 23,29,35 sobre o assunto estão disponíveis. No entanto, poucas abordam o

71

tema especificamente para os fornos elétricos. A maioria das publicações relata as

particularidades do tema voltadas para os fornos a oxigênio (LD).

Um tópico de recente e muito importante sobre o assunto, trata sobre a taxa

de reação entre o FeO das escórias e o carbono presente nas gotas metálicas. Esta

reação, como já apresentado, é responsável pela descarburação do banho.

Em um destes estudos, Mulholland et al 22. utilizando raios-X de fluorescência

da reação entre o carbono contido nas gotas metálicas e o conteúdo de FeO da

escória mostrou a existência de um halo gasoso envolvendo a gota metálica

conforme a reação desta e a escória ocorre. Outros autores também realizaram

observações similares e medições referentes à taxa desta reação. Baseado nestes

estudos é geralmente aceito que a reação entre o FeO da escória e carbono das

gotas ocorre através de um halo gasoso de CO-CO2. Em estudos mais recentes, Min

e Fruehan 18, mediram de maneira mais detalhada a geração de gás CO ao redor da

gota metálica utilizando um medidor de fluxo de massa gasosa e observaram, com o

auxílio de uma filmadora acoplada a um raios-X de fluorescência a sua interação

com a escória. Desta forma eles determinaram a taxa de reação para diferentes

composições de escórias e gotas metálicas e identificaram os passos para

controlarem a cinética desta reação.

Figura 26: Modelo da reação entre o carbono contido na gota metálica e o conteúdo de FeO da

escória líquida através do Halo Gasoso. (Fonte: Lanyi 2000).

72

O modelo por eles proposto possui duas reações separadas que ocorrem em

dois sítios distintos com o CO2 atuando como agente transportador do oxigênio

através do halo gasoso conforme a figura 26. Essas reações podem ser mais bem

explicadas da seguinte maneira:

- Transferência de massa de íons de Fe+2 e O-2 para a escória líquida;

- Reação na interface escória/halo gasoso:

FeO(esc.) + CO(gás) � Fe(liq.) + CO2 (gás)

- Difusão de gás CO2 funcionando como agente transportador do oxigênio

através do halo gasoso;

- Reação na interface gás/metal:

CO2 (gás) + C (dissolvido na gota metálica) � 2 CO (gás);

- Transferência de massa (difusão) do carbono da gota metálica.

Baseado nestas considerações foi levantado, experimentalmente, a influência

de parâmetros, tais como conteúdo de C, temperatura e tamanho da gota metálica,

na taxa de cinética de redução do FeO.

O mecanismo de formação das gotas metálicas e sua influência na

taxa de redução do FeO também vem sido amplamente estudado. A maior parte dos

autores utiliza modelos físicos a baixas temperaturas para simularem e observarem

as gotas metálicas de aço na escória.

Iwamasa 23, et al, simulou, a partir de utilização de água e óleo com relações

de densidades similares ao do sistema aço/escória, o mecanismo de formação de

gotas devido a espumação de escória gerado devido a redução o FeO pelo C (vide

figura 27). Neste trabalho foi apresentado um modelo a partir do qual se pode

estimar o diâmetro das gotas metálicas parâmetro importantíssimo na redução do

FeO da escória, haja visto que, a área de contato entre as gotas metálicas e a

escória, assim como o tempo de contato entre as mesmas (tempo de permanência

73

da gota na escória) influenciará a taxa de redução do FeO, conforme confirmado

posteriormente por Sahajwalla 34 (figura 28).

Gotas de Água

Óleo

Água

Gotas de Água

Óleo

Água

Figura 27: Modelo físico para simulação da interação entre escória e aço líquido e formação de gotas

metálicas durante a espumação da escória. (Fonte: Dayal 2005).

Figura 28: Observação da evolução da bolha de CO durante a espumação utilizando equipamentos

para observação a altas temperaturas. (Fonte: Sahajwalla 2005).

74

Fruehan e Manning 6, em seu trabalho para analisar o comportamento do

fósforo durante o processo no FEA, elaboraram um modelo a partir do qual

estimaram a evolução dos óxidos da escória ao longo do tempo, considerando a

influência de diversos parâmetros, tais como:

- Oxidação da carga metálica durante a fusão;

- Redução do FeO da escória;

- Adição contínua de Cao e MgO, assim como a dissolução de componentes

não dissolvidos da escória devido ao aumento da temperatura e alterações do FeO;

- Variações na massa de escória devido aos fatores citados acima, assim

como a saída de escória pela porta do FEA.

Os resultados do modelo foram comparados com diversas corridas em um

forno elétrico da North Star Steel – Texas e BHP – Sydney, apresentando resultados

satisfatórios, condizentes com a realidade da operação.

No trabalho de Ozawa 23, et al, diversos testes práticos, em uma planta da

Daido Steel CO, Japão, foram conduzidos com o intuito de avaliar a eficiência da

injeção de carbono no banho na redução do FeO na operação do forno a arco

elétrico.

Nestes testes, realizados em um forno elétrico de 70 t, foi avaliada a eficiência

da injeção na taxa de redução de FeO, variando-se 3 fatores:

- Qualidade do Carbono injetado (avaliado a partir da quantidade de voláteis e

%C presente no coque injetado);

- Área interfacial do coque com a qual o FeO reagirá (avaliada variando-se o e

diâmetro das partículas de coque injetadas e a taxa de injeção); e;

- Propriedade da escória, (avaliada variando-se a adição de cal calcítica (em

kg/t) no FEA).

Desta forma, pode-se determinar a melhor combinação de parâmetros para a

operação ótima no FEA, além de se determinar as constantes das equações

cinéticas da reação de redução de FeO pelo C injetado.

75

3 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Neste capítulo serão descritas as técnicas e procedimentos experimentais

utilizados ao longo deste trabalho.

3.1 – Análise da Carga Fria

O ferro-gusa analisado nesse trabalho é proveniente da unidade da Gerdau

Contagem – MG, a qual possui dois alto-fornos e capacidade de produção mensal

18.000 toneladas e alguns fornecedores terceirizados, a maior parte da região de

Sete Lagoas – MG.

A COSIGUA recebe mensalmente cerca de 35.000 toneladas de Gusa, sendo

40% próprio (Gusa 3 – Contagem) e o restante de terceiros.

A análise do Gusa 0/1, de terceiros é feita no próprio fornecedor,

normalmente a cada lote, sendo utilizados diferentes tipos de análise, tais como via

úmida e espectrômetro.

No caso do Gusa 3, próprio, as amostras são coletadas na planta de

Contagem, a cada corrida e enviada para a COSIGUA para análise via

espectrômetro.

Para as sucatas, devido a grande variação do tipo utilizado no FEA, é

estimada a composição baseado na literatura sobre o assunto, não sendo realizada

coletas de amostras regulares. A tabela com a composição considerada para o

presente trabalho será apresentada posteriormente.

76

3.1.2 – Caracterização Química

Para a caracterização química das amostras de ferro gusa e de aço

apresentadas neste trabalho, é utilizada a caracterização por via-úmida (Gusa de

Terceiros, realizada no próprio fornecedor) ou através da análise em um

Espectrômetro de Massa (gusa próprio na Unidade da COSIGUA).

Os espectrômetros de emissão ótica foram desenvolvidos para quantificar e

qualificar os elementos presentes na composição dos metais.

O espectrômetro de emissão ótica industrial consiste basicamente em:

- uma fonte de centelhamento,

- uma câmara de vácuo,

- uma câmara para inserção de amostra,

- um sistema de circuitos eletrônicos e

- um software dedicado.

Estes equipamentos fazem com que a amostra a ser analisada emita uma luz

branca com a descarga de um arco elétrico em sua superfície, esta luz é então

canalizada e incidida sobre uma placa de superfície refratária, semelhante à

superfície de um compact disc, chamada de GRADE DE DIFRAÇÃO. Esta grade é

capaz de difratar a luz branca da mesma forma que ocorre no fenômeno natural do

arco-íris e as tonalidades de cores diferentes tal qual se observa nas superfícies dos

CDs.

O feixe de luz difratado consiste num arranjo de feixes de luzes coloridas bem

definidas, sendo cada um característico de um elemento químico e a variação da

intensidade da luz de cada elemento função de sua concentração na amostra.

Sabendo-se disso cada feixe de luz colorida é canalizada para equipamentos

sensíveis às tonalidades e intensidades destas luzes, estes equipamentos

conhecidos como foto-tubos são capazes de converter a energia luminosa em

77

intensidade de corrente elétrica (figura 29). Dessa forma quanto maior for a

concentração do elemento na amostra maior será a corrente elétrica gerada pelo

foto-tubo posicionado para detectá-lo, esta relação intensidade de luz e corrente

elétrica fornece dados para o levantamento de curvas de calibração para cada

elemento, bastando apenas que a intensidade de corrente elétrica medida seja

aplicada à equação da curva para se ter uma estimativa da concentração do

elemento na amostra em questão (figura 30).

Figura 29. Arranjo físico interno do espectrômetro de emissão ótica.

Figura 30. Curva de calibração (intensidade de corrente elétrica x concentração química do elemento).

78

Abaixo, na figura 31, uma foto do equipamento utilizado para realização das

análises na COSIGUA, um espectrômetro ARL METAL ANALYZER.

Figura 31: Espectrômetro utilizado para as análises no laboratório da COSIGUA ARL METAL ANALYZER.

3.2 – Análise de Escórias

3.2.1 – Coleta de Amostras

As amostras de escória para o presente trabalho foram coletadas de duas

formas. Nos períodos iniciais do refino, utiliza-se uma “concha” metálica que é

inserida no FEA para a coleta das amostras de escória (figura 32). Em períodos mais

avançados do refino, nos quais a maior parte do banho já se encontra em estado

líquido, utiliza-se um robô-amostrador para a coleta de amostras de aço, escória e

medição de temperatura (figura 33).

79

Figura 32. Coleta de Amostras no FEA com a Concha.

Figura 33. Coleta de Amostras Automática no FEA com o robô.

Para cada amostra é identificada a partir do valor da Energia Elétrica e

Power-on do momento da amostragem. Com esses parâmetros, consegue-se

rastrear todas as informações de parâmetros de processo da corrida no exato

momento da amostragem.

80

3.2.2 – Caracterização Química de Escórias

Para a caracterização química de escória, utilizou-se a técnica de análise de

espectrometria a partir de raios-X de fluorescência. Estes espectrômetros operam a

partir da irradiação de um feixe de alta energia, excitando os raios-x característicos

de cada elemento presente na amostra. Os comprimentos de ondas individuais são

analisados a partir de um sistema composto de cristais e detectores, nos quais

intensidades específicas são acumuladas para cada elemento. Quando necessário,

as concentrações químicas de cada elemento são estabelecidas através de dados

padrões armazenados no equipamento. Abaixo, o equipamento utilizado para

realização das análises, um espectrômetro por Raios-X de fluorescência ARL

OPTMI’X (figura 34) e um esquema simplificado do mecanismo de análise (figura

35).

Figura 34: Espectrômetro de Raios-X por Fluorescência ARL OPTMI’X.

81

Figura 35: Esquema de funcionamento do equipamento de Raio-X por Fluorescência.

Como o equipamento analisa somente a concentração dos elementos e não

dos compostos por ele formado, a lógica do sistema converte a proporção do

elemento analisado na sua respectiva quantidade na forma de óxidos, pré-

estabelecidos pelo fornecedor do equipamento. Um exemplo da análise fornecida

pelo equipamento e seus respectivos óxidos é apresentada na tabela 6.

Tabela 6: Óxidos analisados pelo Espectrômetro por Raios-X na Aciaria.

0,1 0,11,50,82,3

% F % SO2%Cr2O3% P2O5% Al2O3

4,642,87,113,324,8

% MnO% FeO% MgO% SiO2% CaO

0,1 0,11,50,82,3

% F % SO2%Cr2O3% P2O5% Al2O3

4,642,87,113,324,8

% MnO% FeO% MgO% SiO2% CaO

Amostra

Colimador

Drive 2 θ

Encoder Ótico

Detector

Encoder Ótico

Drive 1 θ

Cristal

Tubo de Raios-X

Amostra

Colimador

Drive 2 θ

Encoder Ótico

Detector

Encoder Ótico

Drive 1 θ

Cristal

Tubo de Raios-X

82

3.2.3 – Difração de Raios-X

O principal objetivo desta análise é de determinar de que forma os elementos

estão combinados. Utilizou-se esta técnica para a caracterização das fases

presentes na análise do agregado de escórias do FEA.

Um elétron de alta velocidade pode colidir e substituir um elétron fortemente

ligado próximo ao núcleo ionizando o átomo. Quando certa camada interna de um

átomo é ionizada desta maneira, um elétron de uma camada mais externa pode

ocupar a vacância 26 criada emitindo um raio-x característico do átomo envolvido.

Este fenômeno permite identificar fases químicas presentes em diversos materiais

(Klug e Alexander, 1959).

Partes dos fragmentos do agregado das escórias do FEA foram moídas a

uma granulometria de 400 mesh, e submetidas a uma varredura de 12 horas, em um

Difratômetro SIEMENS, modelo D 5000 (figura 36), localizado no laboratório de

Difração de Raio-x do Departamento de Ciência dos Materiais da PUC – RJ. Os

resultados deste experimento foram analisados pelo método Rietveld com o software

EVA e TOPAS da Bruker AXS. Compostos com baixas concentrações (<5%) nas

amostras são de difícil detecção. As condições do experimento estão descritas na

tabela 7.

Figura 36: Goniômetros Siemens D5000.

83

Tabela 7: Condições para o experimento de Difração de Raios-X.

Parâmetro Valores

Arranjo Bragg ө - 2ө

Faixa 10 – 80°

Variação 0,050°

Tempo 6s, c/ monocromador de grafite.

Potência 40 KV e 35 mA

Fenda de divergência 0.6°

Fenda de espalhamento 0,6°

Fenda do difratômetro. 0.2°

Estado da amostra analisada Moída

3.2.4 – Análises Metalográficas

Entende-se por metalografia o estudo da morfologia e estrutura dos metais.

Para a realização da análise, o plano de interesse da amostra é cortado, lixado,

polido e atacado com reagente químico, de modo a revelar as interfaces entre os

diferentes constituintes que compõe o metal.

Através das análises macrográficas e das análises micrográficas é possível a

determinação de diversas características do material, inclusive a determinação das

causas de fraturas, desgastes prematuros e outros tipos de falhas.

A técnica tradicional de microscopia implica em capturar imagens de

diferentes campos de um espécime, levando a uma amostragem limitada. No caso

do agregado analisado, esta técnica não é adequada devido à grande variação

micro-estrutural presente nas amostras. Por esta razão, utilizaram-se os recursos de

microscopia digital para obter imagens de mosaico, cobrindo toda a superfície da

amostra.

Amostras de fragmentos de escórias foram coletadas na área de triagem da

planta de processamento de escórias nas instalações da COSIGUA, conforme

ilustrado na figura 37.

84

Figura 37: Amostras de escória colhidas no pátio da planta de processamento de escórias.

Em uma segunda etapa desta análise, quatro fragmentos de escória foram

embutidos a vácuo em moldes de 25 mm com resina polimérica por 24h. Uma vez

embutidas, as mesma foram cortadas em uma seção transversal (figura 38).

Figura 38: Amostra de escória embutida cortada e polida.

As amostras foram então lixadas e polidas com uma politriz automática e

posteriormente analisadas por microscopia digital.

A microscopia digital e o processamento digital de imagens se tornaram fortes

ferramentas na fase da quantificação dos elementos presentes na amostra. Com a

interação entre o Microscópio Óptico Zeiss, e o software AxioVision é possível

capturar imagens a partir de amostras da escória e posteriormente analisá-las com

diversos parâmetros pré-estabelecidos.

85

As imagens foram obtidas com uma câmera digital AxioCam HR, com

resolução 1300 x 1030 pixels, acoplada a um microscópio óptico digital Axioplan 2,

motorizado e controlado por software. Com este sistema é possível capturar

seqüências de campos da amostra com controle automático de foco.

A técnica tradicional de microscopia implica em capturar imagens de

diferentes campos de um espécime, levando a uma amostragem limitada. No caso

da escória analisada, esta técnica não é adequada devido à grande variação micro-

estrutural presente na amostra, conseqüência do processo de fabricação. Por esta

razão, utilizaram-se os recursos de microscopia digital para obter imagens de

mosaico, cobrindo toda a superfície da amostra.

Os mosaicos são formados pela concatenação de imagens obtidas com baixa

magnificação (lente objetiva de 5x). Nestas condições, a resolução espacial é de

2.10 µm/pixel e cada campo ocupa uma área de 2750 x 2180 µm2. Cada mosaico

engloba 56 campos, sendo 8 na direção x e 7 na direção y.

As imagens finais foram processadas através do software AxioVision 4.5. Ao

longo do processo foram testados diversos parâmetros visando à correta

discriminação das diversas fases presente no material (Gotas, Fases cinzas, Poros).

Após esta etapa foram realizadas diversas medidas, como a fração de área ocupada

pelas gotas, fases cinzas, Poros.

A figura 39 mostra um dos mosaicos obtidos. As gotas aparecem como

regiões mais claras. Nesta magnificação, as fases cinza aparecem como uma região

cinza escura sobre um fundo poroso, caracterizado pela tonalidade preta. Um dos

problemas na discriminação dos poros e das fases cinza advém do processo de

preparação da amostra, que gera alguns arrancamentos da escoria arranhando

assim as gotas e gerando poros. Um segundo embutimento com resina colorida

poderá solucionar este problema.

86

Figura 39 – Mosaico Capturado para Análise. (aumento 5x)

3.3 – Coleta de Dados dos Parâmetros de Processo do FEA

Todos os dados referentes a parâmetros de processo (Quantidade de Grafite,

Oxigênio, Carga de Sucata, Quantidade de Gusa na Carga, Quantidade de Liga,

Quantidade de Cal, energia elétrica, Gás Natural, etc.) estão disponíveis no PLC do

FEA da Aciaria.

87

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No presente capítulo serão apresentados os resultados das análises

realizadas na planta. A princípio será abordada a evolução do Rendimento Metálico

histórico. A seguir, serão apresentadas as análises iniciais para que se possa

compreender melhor o comportamento das variáveis que influenciam o resultado do

Rendimento Metálico. Logo após, baseado nos resultados obtidos com as análises

iniciais, irá se propor ações corretivas para este indicador e apresentar os resultados

destas ações avaliando-se as suas eficácias.

4.1 Análise Preliminar do Rendimento Metálico da Aciaria

Os valores obtidos para o rendimento metálico da aciaria, durante o período

destinado a análise para este trabalho, são mostrados no gráfico da figura 40.

88

Figura 40: Levantamento do Histórico do Rendimento Metálico da Aciaria (2004 a 2006).

Durante o período de Janeiro a Agosto de 2006 foi conduzida uma ampla

coleta de dados referentes à matéria-prima, insumos e demais parâmetros de

processo referentes ao forno EAF da Aciaria. Com base nestes dados tem-se a

composição para o Rendimento Metálico atual da Aciaria e suas respectivas

parcelas.

4.1.1 – Composição da Carga Fria

A presença de materiais não ferrosos no ferro gusa e na sucata reduzem o

rendimento metálico final da aciaria. No período analisado o Gusa utilizado na

COSIGUA apresentou um teor médio de Ferro de aproximadamente 92,84 %

conforme ilustra o gráfico da figura 41.

89

9594939291

X_

%

92,75 92,94

Valor Médio - 92,84%

% de Ferro Total do Gusa(com 95% t-intervalo de confiança para a média)

Intervalo de confiança -->

Figura 41: Avaliação do % de Ferro Total presente nos lotes de Ferro Gusa (amostragem aleatória) utilizados durante o período de Janeiro a Setembro de 2006 na Aciaria.

Este valor equivale a quanto do % do Gusa realmente é ferro e quando

fundido será transformado em aço. Os aproximadamente 7% serão convertidos em

energia química para a fusão, no caso do C ou Si, por exemplo, e/ou irá compor a

escória (Silício e demais impurezas presentes no material).

Além disso, de acordo com o tipo de aço fabricado, utilizam-se diferentes

quantidades de sucata (1, 2 ou 3 cestões com pesos que variam de 30 a 66

toneladas), de diversos tipos (sucatas de estamparia, pacote, cavaco, miúda, retorno

interno, etc.), nas quais o % de não ferrosos (tintas, graxas, sílica, etc.) pode variar

de 5,34 a 21,54% do valor de massa total a sucata, conforme apresentado na tabela

8.

90

Tabela 8: Exemplo de tabela de referência para composição química de sucatas.

Sucata Sujeira Finos Residuais VoláteisTotal

(Imp)

%Fe

TotalA 3,80% 4,80% 0,94% 3,00% 12,54% 87,46%B 1,20% 1,20% 0,64% 2,30% 5,34% 94,66%C 1,40% 0,72% 4,09% 2,00% 8,21% 91,79%D 1,60% 0,48% 5,14% 0,20% 7,42% 92,58%E 0,40% 0,72% 1,14% 3,34% 5,60% 94,40%F 0,80% 1,92% 1,04% 3,64% 7,40% 92,60%G 9,00% 3,60% 0,94% 1,00% 14,54% 85,46%H 2,50% 0,72% 0,99% 3,00% 7,21% 92,79%I 6,50% 1,00% 0,26% 1,00% 8,76% 91,24%J 11,00% 3,60% 0,94% 6,00% 21,54% 78,46%

Componentes

Tabela 9: Exemplo de mix de sucata utilizado para cada grupo de aço com diferentes tipos e quantidades de sucatas.

Aço 1 Aço 2 Aço 3

% Mix Prod. 33,3 33,3 33,3

A 4,6 5,5 7,3 5,8B 16,5 11 7,3 11,6C 5,0 2,8 5,5 4,4D 15,3 22 22 19,8E 2,8 3,7 5,5 4,0F 8,3 2,8 4,6 5,2G 18,5 13,8 15,6 16,0H 1,8 1,8 1,8 1,8I 20,0 31,2 17,4 22,9J 5,5 0 4,6 3,4

L 1,8 5,5 8,3 5,2

Emprego Real %

Considerando-se estes matérias e o mix de sucata (exemplificado na tabela 8)

utilizados na COSIGUA durante o período de análise chega-se ao valor estimado de

93,48% de Fe total mais residual do produto final, presentes na carga metálica,

91

incluindo neste % a parcela referente ao Fe metálico e a parcela de Fe na forma de

óxidos (ferrugem). A análise detalhada destes valores é apresentada na figura 42.

94,494,093,693,292,892,4

Median

Mean

93,49093,48593,48093,47593,47093,46593,460

1st Q uartile 93,277

Median 93,467

3rd Q uartile 93,697

Maximum 94,671

93,474 93,492

93,458 93,476

0,359 0,371

A -Squared 22,81

P-V alue < 0,005

Mean 93,483

StDev 0,365

V ariance 0,133

Skewness 0,197015

Kurtosis 0,662408

N 6798

Minimum 92,054

Anderson-Darling Normality Test

95% C onfidence Interv al for Mean

95% C onfidence Interv al for Median

95% C onfidence Interv al for StDev

95% Confidence Intervals

Rendimento Máximo Teórico Possível

Figura 42: Avaliação do Rendimento Metálico Teórico Máximo Possível baseado no % de Material Ferroso presente nos Mix de Cargas Metálicas acrescido de parcela (1,47%) referente aos residuais

do produto final das corridas produzidas entre Janeiro a Setembro de 2006 na Aciaria.

4.1.2 – Perdas pelo Sistema de Despoeiramento

Durante a produção do aço no FEA, nas etapas de carregamento, vazamento

e fusão da matéria-prima, ocorre a geração de emissões gasosas. Para evitar a

dispersão dessas emissões com partículas de material para a atmosfera, são

instalados sistemas de controle que captam e filtram estes fumos.

A média total mensal de material coletado no despoeiramento é de 1300

toneladas o que representa um total aproximado de perdas no rendimento de

aproximadamente 16,83 kg de finos por tonelada produzida.

92

Resultados de análises do pó do despoeiramento, realizadas por laboratórios

externos apontam uma média de 37,3% de Fe presente nos finos extraídos, ou seja,

um total de 6,3 kg de Ferro por tonelada produzida. Isso equivale a um decréscimo

de 0,63 % do Rendimento Metálico Total da Aciaria, considerando as suposições

anteriormente apresentadas.

4.1.3 – Perdas Metálicas

Perdas metálicas são as perdas de aço que ocorrem durante o processo de

fabricação. As perdas metálicas da aciaria se dividem em Perdas de Aço Líquido e

Perdas de Tarugos. As perdas de tarugos são as perdas que ocorrem após o aço

ser solidificado no processo de lingotamento contínuo. As perdas de aço líquido

ocorrem antes de o aço ser solidificado na forma de tarugos. O presente trabalho irá

focar principalmente as perdas de aço Líquido que estão associadas ao forno EAF.

A distribuição das perdas de aço na Aciaria durante o período de janeiro de

2005 a fevereiro de 2006 e seu impacto no rendimento estão ilustradas na figura 43.

Figura 43: Distribuição das Perdas Metálicas na Aciaria (excluindo-se a Sucata C) durante o período de Janeiro a Agosto de 2006 seu impacto no rendimento.

Perdas Metálicas: Perdas de Aço Líquido e Tarugos

Média 2006: 2,1%

Perdas de Aço Líquido Perdas de Tarugos

Média 2006: 1,63% Média 2006: 0,47%

Perdas Metálicas: Perdas de Aço Líquido e Tarugos

Média 2006: 2,1%

Perdas de Aço Líquido Perdas de Tarugos

Média 2006: 1,63% Média 2006: 0,47%

93

Durante o ano de 2005 foram realizados diversos trabalhos focados na

redução das Perdas de Aço Líquido. A figura 44 mostra o gráfico com a evolução

das Perdas de Aço Líquido durante o período.

Figura 44: Evolução das Perdas Metálicas de Aço Líquido na Aciaria em 2006.

4.1.4 – Percentual de Ferro não Recuperado na Escória

Durante o experimento realizado constatou-se que a quantidade de escória

gerada por corrida varia entre 9 a 12 toneladas. Analisando esta escória, constatou-

se que aproximadamente 26,8 % da mesma consistem em Fe. Considerando-se a

parcela de material recuperado (já computado nas perdas metálicas de aço líquido),

este teor de Fe representa cerca de 2,75% de perdas no rendimento metálico da

aciaria da COSIGUA.

94

4.1.5 – Perdas Devido à Carepas e Borras do Lingotamento

De acordo com a literatura 5, o % do rendimento metálico que é perdido

devido à geração de carepa durante a solidificação do tarugo e borras do oxicorte é

de aproximadamente 1%. Devido a particularidades do processo de lingotamento da

COSIGUA (quantidade de água, velocidade de lingotamento e extensão da zona de

resfriamento), o % estimado para perdas do rendimento devido à geração de

carepas é de 1,2% na Aciaria.

4.1.6 – Conclusões Preliminares

Com base nas informações apresentadas conclui-se que as perdas do

rendimento metálico distribuem-se de acordo com gráfico da figura 45.

Perda

Perda Metálica Tarugo

Perda Metáli ca Aço L íquido

%Fe Escóri a

N Metáli co Sucatas

12

10

8

6

4

2

0

100

80

60

40

20

0

%

Acu

mulad

o

Pareto das Parcelas de Perdas no Rendimento da Aciaria CSG

Figura 45: Gráfico Pareto ilustrando as fontes de perdas do Rendimento Metálico da Aciaria COSIGUA.

95

O gráfico anterior (figura 45) indica que a maior fonte de perdas no

rendimento metálico é oriunda dos componentes não metálicos (sujeira, graxa,

voláteis, etc.) presentes na carga metálica. No entanto, esta perda não pode ser

reduzida com ações de processo no FEA. Na verdade esta parcela é intrínseca do

mix de carga selecionado e dependerá do preço e disponibilidade de sucatas no

mercado. No geral, sucatas com menores teores de sujeira e residuais apresentam

um preço mais elevado do que as menos nobres. Desta forma, tenta-se adequar o

menor preço com a melhor qualidade possível no processo do FEA, resultando em

oscilações dos valores % de ferro na carga.

O gráfico da figura 46 demonstra as oscilações no % de ferro da carga

durante o período de análise, muitas delas oriundas de modificações no mix metálico

em função de pressões do mercado de sucata.

1/out29/ago30/jul30/jun31/mai1/mai1/abr2/mar30/jan1/jan

93,0

92,5

92,0

91,5

Datas

Total ger

al (%Fe

)

5/mai5/abr 14/set6/jun 27/jul

92,32

91,96

92,17

92,6

92,08

Análise Temporal da Evolução do Rendimento x Total geral (%Fe) na Carga

Figura 46 - Evolução do % de Ferro Total presente no mix de Carga Metálica das corridas produzidos entre Janeiro a início de Outubro de 2006 na Aciaria (média diária).

96

Sendo assim, apesar da forte correlação entre o tipo (devido ao teor de ferro

da mesma) e o rendimento metálico (vide figura 47), optou-se por atuar nas perdas

de Fe pela escória na forma de FexOy e gotas metálicas e nas perdas metálicas, que

representam respectivamente a segunda e terceira maior fonte de perdas no

rendimento metálico da COSIGUA, pois estas fontes de perdas estão diretamente

relacionadas ao processo do FEA.

Foram analisadas as influências destes parâmetros selecionados para que se

pudesse verificar o peso de cada parâmetro no resultado final do rendimento

metálico, conforme apresentado na figura 48.

92,592,492,392,292,192,091,991,891,791,6

90,8

90,6

90,4

90,2

90,0

89,8

89,6

89,4

89,2

Total geral (%Fe)

Rend

imen

to S

em Ligas

S 0,0366391

R-Sq 99,6%R-Sq(adj) 99,4%

Correlação entre Total de Fe (%) na Carga x Rendimento Sem LigasRendimento Sem Ligas = 5429 - 117,9 Total geral (%Fe)

+ 0,6509 Total geral (%Fe)**2

Figura 47 – Gráfico com a Correlação entre o Teor de Fe na carga e Rendimento Metálico (valores médios mensais de jan. a set de 2006 (exclusos 2 meses influenciados por causas especiais que

apresentaram valor muito abaixo do esperado)).

97

Figura 48 – Avaliação da Evolução do Rendimento Metálico das corridas produzidos entre Janeiro a Setembro de 2006 na Aciaria (média mensal) comparada com o % Fe total da carga diminuído das

perdas metálicas do mês.

As análises iniciais confirmaram a influência do %Fe da carga metálica no

rendimento, mas também apontaram uma influência significativa das perdas de Fe

pela escória na forma de FexOy e gotas metálicas, assim como das perdas metálicas

de aço líquido no FEA. Para que se pudesse ter uma melhor idéia quantitativa

destas parcelas de perda realizou-se um balanço de massa, conforma apresentado

a seguir.

4.2 – Balanço de Massa Experimental

Foi realizado, a critério de comprovação experimental, o balanço de massa de

158 corridas consecutivas, para que fosse possível verificar de maneira precisa o

valor das perdas metálicas da aciaria (barrado (porta do forno), panelas (fundo de

panela e basculamento), tundish e tarugos), valores reais de rendimento atual,

perdas para o despoeiramento, assim como a característica e a massa total de

escória gerada. Foram mantidas todas as práticas operacionais utilizadas durante os

Evolução do Rendimento Metálico & (%) Fe Total da Carga - Perdas Metálicas

85,0

85,5

86,0

86,5

87,0

87,5

88,0

88,5

89,0

jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06

(%) Re

ndim

ento M

etálico da

Aciar

ia

88,5

89

89,5

90

90,5

91

91,5

(%) Fe

Total -

Par

cela de Pe

rdas

Metálicas

(Aço

Líq +

Tar

ugos)

Rendimento Metálico

(%) Fe Total - Perdas

98

meses anteriores em 2006, assim como se utilizou lotes de gusa e mix de sucatas

com características similares aos utilizados nestes meses. Na época da realização

deste primeiro balanço não se dispunha de análise de composição química dos lotes

de ferro gusa utilizados, assim como das sucatas.

O mix de carga médio, utilizado no período pode ser observado na tabela 10.

Tabela 10: Mix Médio de Sucata utilizado durante o experimento.

Tipo de Sucata %

A 15,3%

B 7,5%

C 2,8%

D 35,1%

E 5,6%

F 5,4%

G 1,4%

H 25,7%

I 1,3%

% Total de Fe 92,1%

Nas corridas do balanço todo material que saiu pela porta de escória durante

a sua fabricação foi separado e pesado antes de seu processamento na planta de

beneficiamento de escórias terceirizada (vide fluxo na figura 49). Além disso, todas

as perdas nas demais etapas do processo foram separadas e pesadas. Com isso se

consegue ter uma idéia real do rendimento e da quantidade de material que se

perde em cada etapa do processo de fabricação.

99

Figura 49 – Fluxograma da planta de beneficiamento de escórias da Aciaria.

O resumo contendo os resultados finais do balanço de massas é apresentado

na tabela 11.

Tabela 11: Resumo dos Resultados do Balanço de Massa.

Total de Corridas 158

Carga Fria (Sucata+Gusa) (Média) (t) 111,5

Ligas Metálicas (Média) (t) 1,2

Carga Metálica Média (t) 112,7

Produção (Média) (t) 98,9

Rendimento Metálico % (Médio) 87,8%

Perdas Totais (t) 13,8

Perdas Metálicas Recuperadas (Média) (t) 1,50

Sucata A (87,5% Met) 1,27

Sucata B (77,1% Met) 0,23

Perdas Metálicas Tarugos (Média) (t) 0,24

Perdas Metálicas Escória (t) 4,92

Sucata C (t) 1,09

Perdas de Fe na Escória (FexOy) + Gotas (t) 3,83

Peso Total de Escória (t) 12,0

Perdas Despoeiramento (Média) (t) 1,67

Perdas por Não Metálicos na carga (t) 6,55

BALANÇO DE MASSA - ACIARIA

Forno Elétrico a Arco Baia de Escóriapara processamento

Alimentação da Planta deProcessamento de Escória

Separação MagnéticaMetal/Escória

Classificação Granulométrica

da Escória

Empilhamento de Escória para

Comercialização

Escória (não metálico)

Sucata recuperada(metálico)

retorna para o forno

Atividades Terceirizadas

100

Os resultados apresentados na tabela 11 estão coerentes com as análises

médias apresentadas anteriormente. Para cálculo da perda metálica, a COSIGUA

considera somente as perdas metálicas de sucatas do tipo A e do tipo B. Essas

sucatas são caracterizadas pela granulometria (Sucata A entre 2 ½” e 6” e Sucata B

entre 1 ½” e 2 ½”) e pelo teor de metálico (Fe) (Sucata A maior que 85% e Sucata B

entre 75 e 85%).

As sucatas do tipo C representam uma grande fonte de perda que não é

considerada pela COSIGUA. Serão apresentadas considerações sobre esta parcela

de perda posteriormente, quando forem apresentadas as análise do rendimento

especificamente para o FEA.

De maneira geral, baseado nos valores já apresentados anteriormente (vide

3.5.2) têm-se os seguintes valores para a composição do rendimento (figura 50).

Figura 50: Composição para Rendimento Metálico, obtida a partir de experimento prático.

CARGA METÁLICA(100%)

Fe total da Carga + Residuais Finais

Rend(%) = 100% - (I)

- Sujeira / Ferrugem;- Pó Despoeiramento;- Parte dos Residuais;

- Voláteis;

7,3%

(I)

Escória : % Fe da Escória não recuperado pela

Sobremetal(FexOy e Gotas)

3,4%(II)

Perdas Metálicas:

Perdas de Aço Líquido e Tarugos

1,5%

(III)

RENDIMENTO:

87,8%100 – (I+II+III)

CARGA METÁLICA(100%)

Fe total da Carga + Residuais Finais

Rend(%) = 100% - (I)

Fe total da Carga + Residuais Finais

Rend(%) = 100% - (I)

- Sujeira / Ferrugem;- Pó Despoeiramento;- Parte dos Residuais;

- Voláteis;

7,3%

(I)

Escória : % Fe da Escória não recuperado pela

Sobremetal(FexOy e Gotas)

3,4%(II)

Escória : % Fe da Escória não recuperado pela

Sobremetal(FexOy e Gotas)

3,4%(II)

Perdas Metálicas:

Perdas de Aço Líquido e Tarugos

1,5%

(III)

RENDIMENTO:

87,8%100 – (I+II+III)

101

4.2.1 – Balanço de Massa – FEA

O resultado do balanço, analisando-se especificamente o FEA, está na tabela

12.

Tabela 12: Resumo dos Resultados do Experimento para o FEA.

Total de Corridas 158

Carga Metálica (Média) (t) 112,7

Carga Total (Média) (t) 115,7

Produção (Média) (t) 102,4

Carga Total (t) 18286,2

Produção Total (t) 16181,4

Peso de Escória + Met. (t) 1634,3

Produção + Escória (t) 17815,7

Sucata A (87,5% Met) 0,46%

Sucata B (77,1% Met) 0,10%

Sucata C (67,6% Met) 1,18%

Perdas Metálicas (%) 0,57%

Peso de Escória (t) 1542,8

Perdas de Fe na Escória (FexOy) + Gotas (t) 3,40%

Total de Médio de Escória por Corrida no FEA (kg) 9764,7

Rendimento Metálico FEA % (Médio) 90,9%

FEA

Para critério de avaliação de desempenho, na figura 51 comparam-se os

valores obtidos no FEA COSIGUA com os valores obtidos por Pfeifer 28. No que diz

respeito ao rendimento metálico, o resultado do balanço de massa apresenta

desempenho extremamente inferior ao do teste realizado por ele (90,9% contra

96,5%), indicando que há uma grande oportunidade de melhoria neste indicador

para a COSIGUA. É óbvio que existem outras características independentes do

processo do FEA, a característica da sucata, por exemplo, que são limitadores para

atingirem-se estes valores elevados, conforme demonstrado anteriormente.

102

Figura 51: Esquema comparativo entre o resultado do balanço de massa realizado no FEA da Aciaria, o resultado obtido por Pfeifer 28 em seu experimento em realizado em 31 corridas de usinas européias

e a faixa típica de resultados para FEAs encontrada na literatura.

As análises iniciais para o FEA apontam perdas de 3,16% no rendimento

devido a perdas metálicas pelo barrado (porta do forno) (0,57% da perda) e perdas

de Fe pela escória na forma de óxidos de ferro e gotas metálicas.

A parcela de Sucata C, de acordo com os critérios da COSIGUA, não é

recuperada, é considerada um agregado e é contabilizada na parcela de escória

total, sendo englobada desta forma na parcela de perdas de Fe pela escória.

No entanto, devido à quantidade elevada de material caracterizado como este

tipo de sucata e consequentemente a possibilidade de ganhos para o rendimento

referentes à mesma, realizou-se uma análise mais detalhada do material conforme

será visto a seguir.

escória refratários aço

entrada de ar

gás natural

grafite

oxigênio cal cítica/dolomitica

eletrodo

finos

saída de gases

carga metálica

Faixa típica de FEA(média de 158 corridas

Balanço de Massa COSIGUA)

(28 kg)

(35 kg)

(21 kg) (8,6 kg)

(78 kg)(101 kg)

(16 kg)(13,8 kg)

(56 kg)(66 kg)

(4 kg) (4,5 kg)

(3,05 kg)(2,02 kg)

(2,6 kg)(1,83 kg)

(235 kg)(323,9 kg)

(162 kg)(223,3 kg)

(Desempenho Acima)

(Desempenho Abaixo)

(Desempenho dentro do Esperado)

(Valores obtidos por Pfeifer)

(1036 kg) (1101 kg)

escória refratários aço

entrada de ar

gás natural

grafite

oxigênio cal cítica/dolomitica

eletrodo

finos

saída de gases

carga metálica

Faixa típica de FEA(média de 158 corridas

Balanço de Massa COSIGUA)

escória refratários aço

entrada de ar

gás natural

grafite

oxigênio cal cítica/dolomitica

eletrodo

finos

saída de gases

carga metálica

Faixa típica de FEA(média de 158 corridas

Balanço de Massa COSIGUA)

(28 kg)

(35 kg)

(21 kg) (8,6 kg)

(78 kg)(101 kg)

(16 kg)(13,8 kg)

(56 kg)(66 kg)

(4 kg) (4,5 kg)

(3,05 kg)(2,02 kg)

(2,6 kg)(1,83 kg)

(235 kg)(323,9 kg)

(162 kg)(223,3 kg)

(Desempenho Acima)

(Desempenho Abaixo)

(Desempenho dentro do Esperado)

(Valores obtidos por Pfeifer)

(1036 kg) (1101 kg)

103

4.3 – O Impacto da Sucata C no Rendimento Metálico

São consideradas sucatas do tipo C, todo o material, que depois de

processado na planta de beneficiamento de sucata (figura 49) apresenta

metalização inferior a 75% mas ainda assim apresenta propriedades magnéticas

suficientes para serem separadas na planta por magnetização. Além disso,

apresenta granulometria inferior a 1 ½”. No momento a utilização deste material não

é considerada economicamente viável pela Gerdau – COSIGUA, devido a seu baixo

teor metálico.

O teste para verificação da metalização, realizado na planta de

beneficiamento de escórias consiste das seguintes etapas:

1. O material a ser analisado é coletado com auxílio de uma pá

carregadeira e imantado pelo eletroímã da planta.

2. Uma amostra deste material é então posto em estufa por 24h para ser

analisado.

3. A caixa na qual será depositado o material é pesada vazia.

4. A amostra é condicionada na caixa de maneira a não ultrapassar o

limite da ponteira.

5. Com auxílio do balde a caixa é preenchida com água até a ponteira e

pesada.

Utilizando-se então os valores de densidade de escória, aço e água, e tendo-

se o volume de água deslocado (Princípio de “Arquimedes”), calcula-se, de maneira

aproxima do teor de metalização das amostras.

O total de sucata do tipo C, coletada no período de realização do balanço de

massas foi de 190,3 toneladas, considerando-se somente o FEA. Como o teste de

metalização realizado neste período, apresentou um valor médio de 67,6% de aço

nas sucatas, pode-se considerar uma influência no rendimento de até 0,8%, o que

seria um valor maior do que as perdas metálicas do FEA (0,77%) considerando-se

somente as sucatas A e B.

104

Para que fosse confirmado este potencial de ganho, realizou-se a

caracterização deste material conforme será apresentado a seguir.

4.3.1 – Caracterização da Sucata C

Para caracterização da sucata C utilizou-se a técnica de análise

metalográfica.

Na figura 52, pode-se observar as diferentes segmentações realizadas. Foi

possível observar quatro tipos de fases devidamente segmentadas, ajustando os

limiares manualmente.

De acordo com a tabela 13 a fração de gotas presentes nas amostras indica

uma perda importante de material na escória. Em um cálculo aproximado rápido, a

partir do qual se aproximou a proporção volumétrica à fração de massa, a proporção

de gotas metálicas na escória representam 0,13% do Rendimento Metálico Total do

FEA.

Tabela 13: Porcentagem das diversas fases presentes na amostra.

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Média

Gotas 1,43 1,31 0,24 2,22 1,3Partículas Cinzas 13,37 9,26 14,19 1,47 9,6Fase Cinza 61,17 53,95 35,8 62,4 53,3Poros 21,76 31,04 33,47 34,9 30,3

FasePorcentagem Volumétrica

105

Figura 52: a) Imagem segmentada das gotas; b) Imagem segmentada das partículas cinza; c) Imagem segmentada da fase cinza; d) Imagem segmentada dos poros. (aumento 5x)

O resultado das análises feitas por Difração de Raios-X pode ser conferido no

gráfico da figura 53.

a) b)

c) d)

106

Figura 53: Resultado da análise da escória no DRX.

Este espectro foi analisado com os programas EVA e TOPAS. O primeiro

software realiza uma busca geral a partir da escolha de alguns elementos da tabela

periódica, dando como resultado alguns compostos que possuem os elementos

previamente selecionados. Neste caso, os elementos selecionados foram: Ferro

(Fe), Silício (Si), Cálcio (Ca), Oxigênio (O), Magnésio (Mg), dentre outros.

Após uma filtragem dos compostos obtidos pelo EVA, o espectro é então

analisado com o Topas, onde é possível obter a porcentagem de cada composto no

material. Através de uma análise preliminar e não conclusiva ainda, pode-se

observar uma presença relativa de Magnésio-Ferrita (MgOFe2O3) na ordem de 30 %

assim como uma quantidade de 39% de Wuestita (FeMg)O com 15% de Mg e 85%

de Fe. Em quantidades menores obtemos Ferro puro Fe, Magnetite, Hematite;

Andradite Ca3Fe2(SiO4)3 e Maghemita Fe2O3. Durante a análise foi descoberto um

composto que ainda não está presente na literatura e em nenhuma base de dados

existentes, o composto em questão é: 7CaOMgO4SiO2. Foram realizadas extensas

buscas, mas até a presente data este composto ainda não foi identificado.

4.4 – Evolução do Óxido de Ferro na Escória

As análises de escória padrão, realizadas momentos antes do vazamento da

corrida, coletadas durante o mês de agosto de 2006, são apresentadas nos gráficos

da figura 54.

107

50454035302520

8

6

4

2

010,89,68,47,26,0

8

6

4

2

0

2,22,01,81,6

8

6

4

2

0

% FeO

Freq

uênc

ia%MgO

CaO/SiO2

Média 37,19DesvPad 6,388N 36

% FeO

Média 8,510DesvPad 1,433N 36

%MgO

Média 1,945DesvPad 0,1871

CaO/SiO2

Gráfico Histograma para Análise do % FeO; %MgO e B2 (CaO/SiO2) - Agosto 2006

Figura 54: Avaliação dos principais valores das análises de escória padrão de Agosto de 2006.

Como já citado, as perdas de Ferro pela escória na forma de óxidos,

representa uma parcela significativa do rendimento. Desta forma, torna-se

fundamental a compreensão da evolução e comportamento destes óxidos na escória

ao longo da corrida. Realizaram-se em corridas aleatórias, coletas de amostra de

escória ao longo do tempo para que se pudesse entender a evolução da oxidação

do Fe ao longo da corrida. O resultado pode ser visto na figura 55.

108

454035302520

80

70

60

50

40

30

20

Power On (minutos)

% FeO

(Amostrag

em 200

6)

R-Sq 45,9%

Regressão

95% IC

95% IP

Evolução do %FeO ao longo do tempo - 2006% FeO - 2006 = 150,1 - 6,583 Power On + 0,09389 Power On**2

O2 total --> 45,6 Nm3/t

C injetado --> 2,4 kg/t

C na Carga --> 21,6 kg/t

cal calcítica --> 16,7 kg/t

Figura 55: Perfil de Evolução do %FeO da escória ao longo do tempo (Agosto 2006).

Como já explicado anteriormente, a equação da redução do %FeO pode ser

descrita por:

FeO(esc.) + C � Fe(l) + CO(g)

Desta forma, segundo Gupta 9 , pode-se considerar que no início da reação

(t=0), a concentração de Fe (produto) gerado por esta reação é igual a 0. Após certo

intervalo de tempo (ta) a concentração de Fe será X e a concentração do FeO

(%FeO) será (%FeOa). Sendo assim, podemos calcular a taxa de formação de FeO

através de ( )

dt

FeOd %.

Assumindo-se que a redução do %FeO é uma equação de primeira ordem, se

pode considerar que:

( ) ( ) ( )[ ]aFeOFeOK

dt

FeOd%%

%−= (4.1)

109

Onde, (%FeO) é a concentração de FeO na escória;

t é o power-on (tempo);

K é a constante cinética e;

(%FeOa) é a concentração de FeO na escória após o intervalo de tempo t.

Integrando-se a equação (4.1) se tem:

( ) ( )[ ] CKtFeOFeO a +=−− %%ln (4.2)

Onde C é a constante de integração que pode ser avaliada utilizando-se a

condição de contorno na qual t e (%FeOa) são iguais a zero.

Sendo assim:

- ( ) CFeO =%ln (4.3)

Substituindo-se este valor de C na equação anterior obtém-se:

( ) ( )[ ]t

FeOFeOFeOK

a%%ln)ln(% −−= (4.4)

Que representa o valor da constante da reação da redução do %FeO.

No gráfico demonstrado na figura 56 tem-se a taxa de redução de FeO ao

longo da corrida.

110

Taxa de Redução do %FeO

2

2,5

3

3,5

4

4,5

20 25 30 35 40 45

Power-On (min)

ln (%Fe

O-%

FeOª)

Ln (%FeO-%FeOª)

Figura 56: Taxa de Redução do FeO da Escória (2006).

A amostragem realizada indicou um elevado teor de FeO no início do refino

(56,8% de FeO, conforme modelo de regressão determinado).

Desta forma, o momento de saída de escória pela porta é fundamental, por

que, quanto mais cedo a escória sair pela porta, maior será o teor de Fe presente e,

por conseguinte, maior as perdas no Rendimento Metálico.

Sendo assim, além de trabalhar-se na redução dos teores de FeO da escória,

foi necessária a elaboração de um plano de ação a partir do qual se pode atrasar ao

máximo o momento de saída de escória pela porta do forno alterando-se a

inclinação do FEA, quantidade de fundo úmido, entre outros parâmetros.

Elaborou-se uma planilha para controle do momento de saída de escória da

porta, associando-se a mesma com a energia total acumulada na corrida. Em média,

a saída de escória ocorria a partir do 18,9 MWh de energia acumulada, o que

equivalia na época a 19,4 minutos de power-on, considerando-se os valores médios

das corridas utilizadas para a análise da evolução do %FeO.

Os resultados para o momento inicial de saída de escória pela porta do FEA

obtidos com as modificações foram satisfatórios como se pode observar no gráfico

da figura 57.

111

jan/07dez/06nov/06out/06set/06ago/06

40

35

30

25

20

15

Mês

Powe

r On (m

inutos)

Evolução do Momento de Saída da Escória do FEA

Figura 57: Gráfico comparando a evolução do tempo de retenção da escória no interior do FEA.

Este maior tempo de permanência da escória no interior do forno, além de

reduzir as perdas através da menor saída de material pela porta, fornece um maior

tempo para reação de redução do FeO da escória pelo C (injetado e dissolvido no

banho).

4.4.1 – Quantificação da Massa de Escória pela Porta do FEA

Um método para quantificação de massa/vazão de escória pela porta do FEA

durante o refino foi elaborado, utilizando-se métodos de análise de imagens

gravadas. Baseado neste modelo pode-se estimar a vazão de escória para cada

intervalo da corrida e determinar-se uma curva que associa a vazão de escória pela

porta ao longo do power-on. Associando-se estes valores à composição química da

instantânea da escória ao longo da corrida pode-se desta forma identificar os

momentos críticos para a perda na forma de FexOy pela porta.

Para associar o volume estimado de escória que sai pela porta do FEA ao

longo da corrida com a massa da escória, calculou-se a densidade da mesma,

112

baseando-se na análise composição química instantânea da escória e a sua

temperatura estimada.

O valor da densidade de escórias compostas por CaO-MgO-SiO2-Al2O3,

segundo Turkdogan 38 é dado por:

2

2

2

32

2

)(

1 )44(SiO0,00004837 - )O9(Al0,00013098 MgO) +1(CaO0,00033057 T

1290,08 + 1,45428 (=

0

++C

ρ

(4.5)

O valor da densidade de escórias compostas por FeO-MnO é dado por:

)T

1290,08 + (3,6=

)(

20

C

ρ (4.6)

Desta forma, o valor geral para a densidade da escória para o sistema do

FEA será:

21322Total MnO) % + (%FeO + )O%Al + %SiO + %MgO + (%CaO == ρρρ (4.7)

Com base nos cálculos acima, pode-se calcular a evolução da densidade da

escória ao longo da corrida, conforme apresentado na figura 58.

113

Evolução da Densidade da Escória ao longo da Corrida

3,70

3,75

3,80

3,85

3,90

3,95

4,00

4,0519,4 20

20,7

21,4

22

22,7

23,4 24

24,7

25,4 26

26,7

27,4 28

28,7

29,3 30

30,7

31,4

32

32,7

33,4 34

34,7

35,4 36

Power-On

Den

sida

de da Es

cória (kg/

m3)

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

% F

exOy

ρ (kg/m3) %FeO (2006)

Figura 58: Evolução da Densidade da Escória e do %FeO ao Longo da Corrida.

As estimativas para evolução da massa de escória e ferro que sai pela porta

do FEA ao longo do tempo, com base no modelo desenvolvido são demonstradas na

figura 59 e quantificadas ao longo do tempo baseadas nos gráficos das figuras 60

(massa total de escória) e 61 (massa total de Ferro).

(a)

(b)

Figura 59: Exemplo de avaliação da vazão através de imagens do FEA. Figura (a) vazão de 859 kg/min e Figura (b) vazão de 386 kg/min. (valores considerados de acordo com a técnica de análise

da filmagem do FEA).

114

Massa de Escória pela porta FEA Acumulada ao Longo da Corrida

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

1100019,4 20

20,7

21,4

22

22,7

23,4 24

24,7

25,4 26

26,7

27,4 28

28,7

29,3 30

30,7

31,4

32

32,7

33,4 34

34,7

35,4 36

Power-on (min)

Mas

sa de Es

cória (kg)

Massa de Escória Acumulada

Figura 60: Variação da Massa de Escória pela porta ao longo da corrida com base no método de

quantificação de vazão de escória proposto.

Evolução das Perdas de Ferro pela Escória (FexOy) ao longo da Corrida

0,0

500,0

1000,0

1500,0

2000,0

2500,0

3000,0

3500,0

19,4 20

20,7

21,4

22

22,7

23,4 24

24,7

25,4 26

26,7

27,4 28

28,7

29,3 30

30,7

31,4

32

32,7

33,4 34

34,7

35,4 36

Power-On

Mas

sa de Fe

rro (kg)

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

% F

exOy

Massa de Fe (FEA 2006) %FeO (2006)

Figura 61: Variação das Perdas de Ferro pela porta de escória do FEA na forma de FexOy ao longo da

corrida com base no método de quantificação de vazão de escória proposto.

115

Deste modo, pode-se considerar que aproximadamente durante os primeiros

9 minutos a partir do início da saída de escória, as perdas de Fe na forma de FeO

correspondem a quase 70% do total das perdas de Ferro pela escória, devido ao

elevado teor de FeO da escória durante este período (inicial de aproximadamente

58%) combinado com os picos vazão elevada de escória neste período.

4.4.2 – Impacto do Total de Oxigênio no %FeO da escória do FEA

Conforme mencionado nos capítulos anteriores, o oxigênio exerce um papel

importantíssimo na oxidação da escória do FEA. Desta forma, visando obter uma

quantificação do impacto do mesmo no teor de FeO da escória, realizou-se duas

corridas experimentais, com características idênticas no que diz respeito a carga fria

e demais parâmetros de processo, distinguindo-se somente o total de O2 injetado. O

resultado pode ser visto no gráfico da figura 62.

383634323028

35,0

32,5

30,0

27,5

25,0

Power-On (min)

%Fe

O

O2 total ==> 47 Nm3/tO2 total ==> 38,3 Nm3/t

Condições de Oxigênio

C injetado --> 5,0 kg/t

C na Carga --> 14,2 kg/tcal calcítica --> 21,0 kg/t

Evolução do %FeO da Escória para Diferentes Quantidades de O2 Injetado

Figura 62: Gráfico comparativo do %FeO ao longo do tempo para diferentes quantidades de O2 injetado no FEA.

116

O gráfico comparativo entre as taxas de reação do FeO para os dois

experimentos realizados é apresentado na figura 63.

Taxa de Redução do %FeO para Diferentes Quantidades de O2 Injetado

2,70

2,80

2,90

3,00

3,10

3,20

3,30

3,40

3,50

3,60

3,70

27,0 29,0 31,0 33,0 35,0 37,0 39,0

Power-On (min)

ln (%Fe

O-%

FeOª)

Ln (%FeO-%FeOª) - O2 Total ==> 47 Nm3/t

Ln (%FeO-%FeOª) - O2 Total ==> 38 Nm3/t

Figura 63: Taxa de Redução do %FeO da Escória para Diferentes Quantidades de O2 Injetado.

A corrida com uma maior quantidade de oxigênio injetado apresentou um

comportamento pouco favorável no que diz respeito ao %FeO da escória,

confirmando-se o esperado.

A injeção de C, apesar de ser a mesma da corrida com menor volume de O2

injetado, não foi suficiente para reduzir a quantidade de %FeO da escória, tendo

inclusive o mesmo aumentado, timidamente, a uma taxa de 0,3 pontos percentuais

por minuto.

4.4.3 – Impacto do Total de Carbono Injetado no %FeO da escória do

FEA

Realizando-se testes simulares aos do tópico anterior, procurou-se comparar

o efeito da quantidade de C injetado no banho. Os resultados são apresentados nas

117

figuras 64 (%FeO em função do Tempo) e 65 (taxa de redução do %FeO ao longo

do tempo).

3836343230

42,5

40,0

37,5

35,0

32,5

30,0

27,5

25,0

Power-On (min)

%Fe

O

C total Injetado ==> 2,5 kg/tC total Injetado ==> 5,1 kg/t

Condições de C injetado

Evolução do %FeO da Escória para Diferentes Quantidades de C Injetado

O2 injetado --> 38,8 Nm3/t

C na Carga --> 14,2 kg/tcal calcítica --> 21,5 kg/t

Figura 64: Gráfico comparativo do %FeO ao longo do tempo para diferentes quantidades de C injetado no FEA.

Taxa de Redução do %FeO para Diferentes Quantidades de C Injetado

2,70

2,90

3,10

3,30

3,50

3,70

3,90

27,0 29,0 31,0 33,0 35,0 37,0 39,0

Power-On (min)

ln (%Fe

O-%

FeOª)

Ln (%FeO-%FeOª) - C Total Injetado ==> 2,5 kg/t

Ln (%FeO-%FeOª) - C Total Injetado ==> 5,1 kg/t

Figura 65: Taxa de Redução do %FeO da Escória para Diferentes Quantidades de C Injetado.

118

A injeção de C reduzida, mantendo-se a quantidade de O2 injetada, mostrou-

se mais crítica para o controle do %FeO da escória. A menor quantidade injetada

resultou em um elevado aumento a uma taxa de crescimento de 1,5 pontos

percentuais por minutos no teor de FeO presente na escória.

As análise indicaram que o excesso de O2 no FEA acarreta no aumento do

%FeO da escória, reduzindo-se desta maneira o rendimento metálico. Da mesma

forma que a injeção de C deverá ser suficiente para que não ocorra o aumento do

%FeO resultando no mesmo problema.

Com base nestas informações decidiu-se reduzir a quantidade de O2 injetado

nas corridas, reduzindo-se as vazões de O2 dos injetores de pós-combustão e a

vazão da lança de injeção no manipulador da porta.

Além disso, para que fosse possível manter o %FeO controlado durante um

maior período da corrida, aumentou-se o total de C injetado, através do aumento do

período de injeção pelos injetores de C ao longo da corrida.

4.4.4 – Impacto da Massa Total de Escória e Basicidade no %FeO da

Escória do FEA

Foram realizados testes adicionais nos quais foram adicionadas diferentes

quantidades de cales calcíticas no FEA para que se pudesse avaliar o impacto tanto

do volume de escória contido no FEA quanto da basicidade na taxa de redução do

FeO. Os resultados podem ser observados nas figuras 66 (%FeO em função do

Tempo) e 67 (taxa de redução do %FeO ao longo do tempo).

119

35,032,530,027,525,0

48

46

44

42

40

38

36

34

32

30

Power-On (min)

%Fe

O

Cal Calcítica Adicionada ==> 13,3 kg/t

Cal Calcítica Adicionada ==> 17,6 kg/t

Condições para a Cal

Evolução do %FeO da Escória para Diferentes Adições de Cales Calcíticas

C Injetado --> 9,2 kg/tO2 Injetado --> 39,8 Nm3/t

C na Carga --> 12,1 kg/t

Figura 66: Gráfico comparativo do %FeO ao longo do tempo para diferentes quantidades de Cales Calcíticas Adicionadas no FEA.

Taxa de Redução do %FeO para Diferentes Quantidades de Cales Adicionadas

2,90

3,10

3,30

3,50

3,70

3,90

22 24 26 28 30 32 34

Power-On (min)

ln (%Fe

O-%

FeOª)

Ln (%FeO-%FeOª) - Cal Adicionada ==> 17,6 kg/t

Ln (%FeO-%FeOª) - Cal Adicionada ==> 13,3 kg/t

Figura 67: Taxa de Redução do %FeO da Escória para Diferentes Quantidades de Cales Calcíticas Adicionadas no FEA.

120

Os resultados dos experimentos mostram que a quantidade de escória do

forno, parâmetro diretamente proporcional a quantidade de cal calcítica adicionada,

exerce uma forte influência na taxa de redução do % FeO ao longo da corrida. Isto

se comprova a partir do fato de que apesar dos teores iniciais de FeO das corridas

dos dois experimentos serem similares, nas corridas do experimento no qual utilizou-

se 4,2 kg/t de cal calcítica a menos observou-se uma queda significativamente maior

do %FeO da escória apresentado um percentual final menor que os das corridas do

experimento com uma maior quantidade de cal.

4.5 – Ações Corretivas Propostas e seus Respectivos

Impactos na Operação

Utilizando-se os resultados dos testes realizados, propôs-se a redução do

volume total de O2 injetado por tonelada produzida (48Nm3/t para 43Nm3/t) aliada a

uma maior injeção de C no banho por tonelada produzida (de 5,1 kg/t para 11 kg/t).

Além disso, reduziu-se a quantidade de cal calcítica adicionada por tonelada

produzida (17 kg/t para 13 kg/t) e adicionou-se coque na carga visando auxiliar ainda

mais a redução do %FeO da escória no momento que a mesma começa a sair pela

porta do FEA.

4.5.1 – Comparativo entre o Comportamento do %FeO da Escória Antes

e Depois das Alterações

Com base nas amostras coletadas no FEA com as configurações de 2006 e

as atuais, elaboraram-se modelos de regressão para as duas condições, conforme

demonstrado no gráfico da figura 68.

121

Comparativo entre a Evolução do %FeO ao Longo da Corrida (2006 - atual)

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

50,00

55,00

60,00

18 23 28 33 38 43

Power-On (min)

%Fe

O

2006 Atual

Figura 68: Gráfico comparativo do %FeO ao longo do tempo para as condições operacionais iniciais do FEA (2006) e para as condições atuais.

Também é possível, da mesma maneira, comparar-se as taxas de redução

dos modelos de regressão, como demonstrado na figura 69.

Comparativo entre a Taxa de Redução do %FeO (2006 - atual)

2

2,5

3

3,5

4

18 23 28 33 38 43

Power-On (min)

ln (%Fe

O-%

FeOª)

2006 Atual

Linear (2006) Linear (Atual)

Figura 69: Gráfico Comparativo para as Taxas de Redução do %FeO da Escória para as condições operacionais iniciais do FEA (2006) e para as condições atuais.

122

Analisando-se os gráficos das figuras 68 e 69, anteriormente apresentados,

pode-se observar uma grande evolução no que diz respeito ao teor de FeO inicial e

final da escória, quando se compara a condição anterior com a atual. Além disso,

nesta condição, a queda do %FeO se mostra contínua até o final da corrida.

Com relação às taxas de redução, apesar de serem similares, a condição

atual ainda leva vantagem, pois o %FeO inicial menor favorece a uma menor perda

de Ferro pela escória. Não se pode esquecer que, por se tratarem de valores

percentuais em relação à massa total de escória no FEA, a condição atual leva

grande vantagem, já que a quantidade de escória no FEA é menor, devido a menor

quantidade de cal adicionada.

Uma análise comparativa entre a quantidade total de massa pela porta de

escória do FEA e de Ferro antes e após as alterações é demonstrada nas figuras 70

e 71 respectivamente.

34,933,231,529,728,026,324,522,821,119,4

10000

8000

6000

4000

2000

0

60

55

50

45

40

35

30

Power-On 2

Mas

sa de Es

cória Acumulad

a (kg)

% FeO

Massa Acumulada - 2006 (kg)%FeO (2006)Massa Acumulada Atual (kg)

%FeO (atual)

Comparativo da Evolução da Escória ao longo do Tempo (2006 x Atual)

Figura 70: Gráfico Comparativo Ilustrando a Variação da Massa de Escória pela Porta ao Longo da Corrida Antes e Após as Alterações Propostas.

123

34,933,231,529,728,026,324,522,821,119,4

3500

3000

2500

2000

1500

1000

500

0

60

55

50

45

40

35

30

Power-On 2

Perd

a de

Fer

ro Pela Porta do

FEA

Acumulad

a (kg)

% FeO

Massa Acumulada Fe (2006)%FeO (2006)Massa Acumulada Fe (atual)%FeO (atual)

Evolução das Perdas de Fe (FexOy) pela Escória (atual x 2006)

Figura 71: Análise Gráfica Comparativa entre as Perdas de Fe pela Escória (2006 x Atual).

Analisando-se os gráficos apresentados nas figuras 68 e 69, pode-se

observar que a diferença entre a quantidade de escória dos períodos analisados é

oriunda do adiamento do momento de início de saída de escória pela porta do FEA.

Este adiamento é função do menor volume de escória presente no forno, devido a

menor adição de cales, aliada as práticas operacionais. O menor volume de escória

retarda o momento no qual a massa total do FEA alcança o patamar da porta

causando o transbordamento da escória para fora do mesmo. Além disso, o menor

volume de escória no FEA requer uma menor quantidade de carbono injetado para

reduzir o %FeO.

O maior benefício, no que diz respeito ao rendimento metálico, está na

liberação de escória através da porta do FEA com níveis mais baixos de %FeO

dissolvidos na mesma. A maior quantidade de C injetado aliada ao menor volume de

O2 injetado, resulta em menores teores de %FeO na escória. Além disso, como dito

anteriormente, a maior permanência da escória no interior do FEA possibilita um

maior tempo para que a reação de redução do %FeO ocorra. Isto resulta em uma

redução de 486,8 kg de ferro entre os períodos analisados, ante uma diferença de

388 kg de massa total de escória entre os mesmos períodos analisados.

124

4.6 – Balanço de Massa Após Alterações

As análises apresentadas no tópico anterior direcionam a operações no FEA

com menores volumes de O2 injetado, uma maior quantidade de C injetado e a uma

menor quantidade de cales adicionada.

Após estas alterações terem sido realizadas foi realizado um novo balanço de

massas com um mix de sucatas similar ao anterior, conforme tabela 14, para que se

pudesse comparar a eficácia das ações. O resultado do balanço é demonstrado na

tabela 15.

Tabela 14: Mix Médio de Sucata utilizado durante o experimento II.

Tipo de Sucata %

A 11,70%

B 12,20%

C 4,40%

D 30,10%

E 5,10%

F 16,20%

G 1,40%

H 17,00%

I 1,80%

% Total de Fe 92,1%

125

Tabela 15: Resumo dos Resultados do Balanço de Massa Após as Alterações.

Total de Corridas 174

Carga Fria (Sucata+Gusa) (Média) (t) 107,8

Ligas Metálicas (Média) (t) 1,4

Carga Metálica Média (t) 109,2

Produção (Média) (t) 97,9

Rendimento Metálico % (Médio) 89,7%

Perdas Totais (t) 11,3

Perdas Metálicas Recuperadas (Média) (t) 0,76

Sucata A (87,5% Met) 0,65

Sucata B (77,1% Met) 0,11

Perdas Metálicas Tarugos (Média) (t) 0,24

Perdas Metálicas Escória (t) 2,53

Sucata C (t) 0,46

Perdas de Fe na Escória (FexOy) + Gotas (t) 2,07

Peso Total de Escória (t) 12,0

Perdas Despoeiramento (Média) (t) 1,67

Perdas por Não Metálicos na carga (t) 6,56

BALANÇO DE MASSA - ACIARIA

Conforme realizado anteriormente, analisaram-se separadamente os

resultados do FEA, onde foi feita a maior parte das alterações. O resultado para o

balanço de massas no FEA pode ser observado na tabela 16. Além disso,

compararam-se os novos valores do balanço de massas com o experimento de

Pfeifer 27 (figura 72).

126

Tabela 16: Resumo dos Resultados do Balanço de Massa Após as Alterações.

Total de Corridas 174

Carga Metálica (Média) (t) 109,2

Carga Total (Média) (t) 112,6

Produção (Média) (t) 100,1

Carga Total (t) 19594,6

Produção Total (t) 17418,5

Peso de Escória + Met. (t) 1687,3

Produção + Escória (t) 19105,8

Sucata A (87,5% Met) 0,30%

Sucata B (77,1% Met) 0,02%

Sucata C (67,6% Met) 0,61%

Perdas Metálicas (%) 0,32%

Peso de Escória (t) 1631,5

Perdas de Fe na Escória (FexOy) + Gotas (t) 2,26%

Total de Médio de Escória por Corrida no FEA (kg) 9377,0

Rendimento Metálico FEA % (Médio) 92,8%

FEA

Figura 72: Esquema comparativo entre o resultado do balanço de massa realizado no FEA da Aciaria

em 2006, o resultado obtido em um Balanço de Massa realizado após as alterações propostas e a faixa típica de resultados para FEA encontrada na literatura.

escória refratários aço

entrada de ar

gás natural

grafite

oxigênio cal cítica/dolomitica

eletrodo

finos

saída de gases

carga metálica

Faixa típica de FEA(Comparativo Entre

Balanços 2006 x atual)

(35 kg)

(30,8 kg)

(8,6 kg) (14,1 kg)

(101 kg)(96,9 kg)

(13,8 kg)(14,5 kg)

(66 kg)(62 kg)

(4,5 kg) (4,8 kg)

(2,02 kg)(1,57 kg)

(1,83 kg)(1,47 kg)

(323,9 kg)(318,1 kg)

(223,3 kg)(223,3 kg)

(Desempenho Acima)

(Desempenho Abaixo)

(Desempenho dentro do Esperado)

(Valores obtidos em 2006)

(1104 kg) (1077 kg)

escória refratários aço

entrada de ar

gás natural

grafite

oxigênio cal cítica/dolomitica

eletrodo

finos

saída de gases

carga metálica

Faixa típica de FEA(Comparativo Entre

Balanços 2006 x atual)

escória refratários aço

entrada de ar

gás natural

grafite

oxigênio cal cítica/dolomitica

eletrodo

finos

saída de gases

carga metálica

Faixa típica de FEA(Comparativo Entre

Balanços 2006 x atual)

(35 kg)

(30,8 kg)

(8,6 kg) (14,1 kg)

(101 kg)(96,9 kg)

(13,8 kg)(14,5 kg)

(66 kg)(62 kg)

(4,5 kg) (4,8 kg)

(2,02 kg)(1,57 kg)

(1,83 kg)(1,47 kg)

(323,9 kg)(318,1 kg)

(223,3 kg)(223,3 kg)

(Desempenho Acima)

(Desempenho Abaixo)

(Desempenho dentro do Esperado)

(Valores obtidos em 2006)

(1104 kg) (1077 kg)

127

As alterações propostas pelo trabalho baseadas nas análises do impacto dos

parâmetros abordados no %FeO da escória se mostraram satisfatórias. A tabela 17

abaixo, na qual são comparados os desempenhos no FEA entre os dois balanços

(2006 e atual), mostra a evolução do rendimento e nos principais indicadores de

perdas no rendimento.

Tabela 17: Comparativo entre balanços destacando o aumento do Rendimento Metálico.

Indicador 2006 AtualCarga Metálica Média (t) 112,7 109,2

Perda Metálica (kg/t) 5,7 3,2

Perda Metálica (%η) (inclusa Sucata C) 1,7% 0,9%

Total de Escória Corrida (kg) 9765 9377

Total de Escória (kg/t) 95,4 93,6

%FeO na Escória (Média) 35% 25,80%

Fe total na escória (kg) 542,4 387,3

Fe total na escória (%η) 3,4% 2,3%

Rendimento Médio (%) 90,9% 92,80%

Diferença entre os Rendimentos (%) 1,90%

Conforme era esperado, após as alterações o valor do Rendimento Metálico

aumentou consideravelmente, passando de 90,9% para 92,8% no FEA, um aumento

de 1,9%.

Este acréscimo significativo pode ser explicado através da redução das

perdas metálicas do FEA (ganho de 0,8% quando se inclui a parcela referente à

sucata C) e a redução das perdas de Fe pela escória (FexOy) (ganho de 1,1%). A

figura 73 mostra a evolução do Rendimento Metálico da Aciaria avaliando o impacto

das alterações.

128

Figura 73: Evolução do Rendimento Metálico da Aciaria (2005 a 2007).

4.7 – Modelo de Regressão para a Estimativa da Taxa de

Redução do %FeO da Escória ao Longo do Tempo

A aplicação de modelos estatísticos é hoje em dia uma valiosa ferramenta

para a análise e predição de comportamentos dos mais diversos processos.

Utilizam-se modelos matemáticos para previsão de taxas de reprodução de animais

exóticos, passando pela previsão climática voltada ao auxílio à agricultura e

chegando finalmente aos processos industriais.

Modelos empíricos vêm sendo aplicados amplamente na Siderurgia 27,28 para

a predição de indicadores críticos de processo, tais como consumo específico de

energia elétrica, consumo de eletrodos, rendimento metálico, etc. Para o seu

desenvolvimento, utilizam-se os mais diversos parâmetros de processo de maneira a

direcionar a tomada de ações, baseando-se em fatos e dados reais do processo em

questão.

Na regressão linear múltipla assume-se que existe uma relação linear entre

uma variável Y (a variável dependente) e k variáveis independentes, j x (1,...j = , k).

129

As variáveis independentes são também chamadas variáveis explicativas ou

regressores, uma vez que são utilizadas para explicarem a variação de Y. Muitas

vezes são também chamadas variáveis de predição, devido à sua utilização para se

predizer Y.

Baseando-se nos dados das corridas coletados nos testes, foram elaborados

modelos de regressão linear para a predição para o cálculo do %FeO e da taxa de

redução do %FeO (Ln (%FeO-%FeOª)), utilizando-se técnicas de regressões

estatísticas.

Estes modelos utilizam como dados de entrada as seguintes variáveis:

Pon � Power-On da Corrida (min);

O2 � O2 Total / Carga Metálica Total da Corrida (Nm3/t);

Cinj � Carbono Total Injetado (kg/t);

Ccar � Carbono Total da Carga (kg/t);

Calcit � Cal Calcítica / Carga Metálica Total da Corrida (kg/t).

As equações determinadas pelo modelo são apresentadas a seguir:

% FeO = 66,1 - Pon + 0,363 O2 - 0,559 Cinj - 1,92 Ccar + 1,16 Calcit (4.8)

para cálculo do % FeO e;

Ln (%FeO-%FeOª) = 4,26 - 0,0501 Pon + 0,0344 O2 - 0,0400 Cinj - 0,0564 Ccar

+ 0,0376 Calcit (4.9)

para cálculo da Taxa de Redução do % FeO.

Vale ressaltar que como condições de contorno para o modelo pressupõem-

se valores de Power-on superiores a 22 minutos e inferiores a 39 minutos.

A título de validação do modelo, realizaram-se corridas experimentais

alterando-se os valores das variáveis de entrada do modelo. As características das

corridas do experimento podem ser vistas na tabela 18. Os resultados são

apresentados nas figuras 74 e 75.

130

Tabela 18: Dados das Corridas Experimentais para Comprovação do Modelo.

O2/ Carga Met (Nm3/t)

C inj. (kg/t) Ccar (kg/t) Calcit (kg/t)

Valores Médios 38,3 7,4 13,9 13,7

Valores Máximos 41,1 11,3 17,2 17,3

Valores Mínimos 33,6 2,5 10,5 12,0

Comparativo entre os Valores %FeO Calculados pelo Modelo x Experimentais

R2 = 0,7235

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

50,0

25 30 35 40 45 50%FeO - Calculado

%Fe

O -

Rea

l

%FeO (Valores Experimentais)

Ideal

Figura 74: Gráfico comparativo do %FeO ao longo do tempo calculado pelo Modelo e de Corridas Experimentais.

131

Comparativo entre os Valores ln (%FeO-%FeOª) Calculados pelo Modelo x Experimentais

R2 = 0,6524

3,00

3,15

3,30

3,45

3,60

3,75

3,90

3,00 3,15 3,30 3,45 3,60 3,75 3,90

ln (%FeO-%FeOª) - Calculado

ln (%Fe

O-%

FeOª) -

Rea

l

ln (%FeO-%FeOª) (Valores Experimentais)

Ideal

Figura 75: Gráfico Comparativo para as Taxas de Redução do %FeO da Escória Calculadas pelo

Modelo e de Corridas Experimentais.

O modelo apresentou resultados satisfatórios, no que diz respeito ao teor de

FeO da escória, apresentando um R2 aproximado de 73%. Já na predição da taxa de

redução ao longo do tempo, os valores calculados não foram tão apurados. Este

desvio do modelo com relação ao resultado experimental se deve ao fato de a taxa

depender de parâmetros dinâmicos, tais como vazão dos injetores e da injeção de

carbono, que ditam a cinética da reação de redução. Por abordar valores de entrada

estáticos (somente o início e fim da corrida) os valores calculados apresentam certos

desvios em relação aos valores reais obtidos no FEA.

No entanto, para quantificação da influência de cada variável de entrada no

indicador de saída, ambos os modelos se mostram muito úteis.

Por exemplo, com base no modelo para cálculo do %FeO, se pode afirmar

que a o Carbono contido na Carga (Ccar) é, dentre as variáveis consideradas pelo

modelo, o parâmetro de maior influência no %FeO inicial da escória. Desta forma,

para um melhor controle do %FeO no momento inicial de saída de escória pela porta

do FEA deve-se aumentar a quantidade de C presente na carga. Ou, para

compensar um período no qual é necessário utilizar uma maior quantidade de O2 na

corrida, deve-se compensar aumentando a quantidade de C na carga na proporção

132

de 0,2 kg/t de Carbono a mais na carga para cada 1 Nm3/t a mais injetado no banho,

caso não seja desejado alterar o %FeO da escória.

Já com relação à taxa de redução do %FeO, todos os parâmetros apresentam

influência similar no valor calculado pelo modelo. De maneira análoga a anterior, a

cada 1 kg/t a mais de cal calcítica adicionada no FEA deve-se injetar 0,9 kg/t de C a

mais na corrida para que se mantenha o nível de FeO da escória.

4.8 – Ganhos Indiretos do Trabalho.

Além dos ganhos referentes ao Rendimento Metálico, as alterações propostas

por este trabalho atuaram de maneira positiva no que diz respeito à capacidade de

espumação da escória.

A escória espumante é uma prática operacional amplamente aplicada e foi

inicialmente associada com operações de fusão de DRI, onde FeO e carbono do

ferro pré-reduzido reagiam no banho, produzindo CO a qual espumava a escória.

Desta forma, a espumação da escória é simplesmente o resultado de reações

que geram bolhas em escórias adequadas para que as mesmas se mantenham

(figura 76).

Figura 76: Esquema demonstrativo do Mecanismo da Espumação da Escória.

CO

ESCÓRIA ESPUMANTE

FeOO2

O2 O2C C

C C

CO

CO

CO

CO

COCO

COCOCO

COC C

C

CARBURANTE

AÇO LÍQUIDO

AÇO LÍQUIDO

ESCÓRIA ESPUMANTE

O2

O2

O2

O2

O2

O2

CO

CC

CARBURANTE

FeOFeO FeOFeO

FeO CO

C

O2O2

O2O2

C

CO2

CO

ESCÓRIA ESPUMANTE

FeOO2

O2 O2C C

C C

CO

CO

CO

CO

COCO

COCOCO

COC C

C

CARBURANTE

AÇO LÍQUIDO

AÇO LÍQUIDO

ESCÓRIA ESPUMANTE

O2

O2

O2

O2

O2

O2

CO

CC

CARBURANTE

FeOFeO FeOFeO

FeO CO

C

O2O2

O2O2

C

CO2

133

Pode-se destacar como benefícios referentes a uma boa escória espumante

no FEA o aumento do Rendimento Metálico através da redução do %FeO da escória

redução das perdas térmicas para os painéis refrigerados permitindo o aumento do

input de energia (utilização de maiores potências) e o aumento do comprimento do

arco sem aumentar sua exposição, aumento da taxa de transferência de calor para o

banho aumentando a produtividade do FEA, redução das oscilações de tensão e

potência, redução dos consumos de refratários, energia elétrica e eletrodos além de

reduzir os Ruídos da Operação (poluição sonora).

Devido a esses fatores, a escória espumante é fundamental para as

operações nos FEAs de alto desempenho.

As reações envolvidas na espumação da escória são:

C + ½ O2 (g) � CO (g)

FeO + C � Fe + CO (g)

ou seja, equações diretamente relacionadas a redução do %FeO da escória e

desta forma, diretamente relacionadas ao Rendimento Metálico.

Além disso, uma escória adequada para a espumação, deverá possuir

viscosidade e densidade adequadas de maneira a reter as bolhas de gás em seu

interior, gerando uma escória volumosa e eficiente. Também é necessária a

presença de partículas de uma segunda fase (normalmente Ca2SiO4 e FeO.MgO)

que auxiliem na permanência destas bolhas por mais tempo na escória.

Pretorius 29 elaborou um estudo, baseado em diagramas de fases ternários e

quaternários, que determinava a faixa ideal de composição química de escória para

a espumação, levando-se em conta a precipitação de partículas de segunda fase.

Durante este trabalho, foi realizado estudo similar, a partir do qual se desenvolveu

um modelo que determina a faixa ideal de composição de escórias em diversas

temperaturas, para obtenção de uma escória adequada no que diz respeito à

espumação. Um exemplo de gráfico gerado pelo modelo desenvolvido pode ser

observado na figura 77.

134

DIAGRAMA DE SATURAÇÃO ISOTÉRMICA

C2S

+

L

L

C2S

+

MW

+

L

MW

+

L

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 10 20 30 40 50FeO (%)

MgO (%)

1,9 1.600 ºC

Executar

Basicidade (B3) Temperatura

Figura 77: Diagrama de Saturação Isotérmica Indicando a Faixa Ideal para Espumação da

Escória.

O gráfico da figura 77 mostra a faixa de composição mais adequada para

espumação, levando-se em consideração os % de FeO e MgO da escória para a

temperatura de 1600 ºC. Como a basicidade (B3) é fixa, os teores de CaO, SiO2 e

Al2O3 também são. Pode-se também interpretar o gráfico da seguinte maneira.

Como já demonstrado anteriormente, a composição da escória varia ao longo da

corrida, assim como sua temperatura. Desta forma, deve-se garantir durante os

períodos críticos da corrida um % mínimo de MgO de maneira garantir-se a

precipitação de partículas de segunda fase (FeO.MgO) para a composição da

escória do momento, ficando dentro da faixa adequada para a espumação.

A figura 78 mostra um gráfico comparativo entre a evolução do %MgO de

corridas aleatórias produzidas antes e após as alterações propostas, assim como a

posição das mesmas com relação ao % mínimo de MgO de saturação.

135

Comparativo da Evolução do %MgO da Escória (2006 x Atual)

5,00

6,00

7,00

8,00

9,00

10,00

23 25 27 29 31 33 35 37 39

Power-On

% M

gO

%MgO antes das Alterações%MgO após as alteraçõesMgO Saturação

Figura 78: Comparativo da Evolução do %MgO ao Longo da Corrida. (2006 x Atual) e o %

MgO necessário para Saturação.

Conforme demonstrado no gráfico da figura 78, a condição da escória atual é

muito mais favorável para a espumação no FEA, quando comparada com a condição

de 2006. Esta melhor condição é justificada pela menor massa de escória presente

no forno atualmente, (devido a redução da quantidade de Cal Calcítica e FeO da

escória) e da maior permanência da escória dentro do FEA, dando um maior tempo

para a completa dissolução da Cal Dolomítica.

Outro ganho indireto obtido pelo trabalho é referente a um melhor rendimento

de ligas no Forno Panela devido a menor oxidação da escória do FEA. Todos os

resultados foram devidamente comprovados na prática, enaltecendo ainda mais o

resultado deste trabalho.

136

5 CONCLUSÕES

Com base nos resultados apresentados conclui-se que:

− O Rendimento Metálico da Aciaria aumentou consideravelmente, em

1,9%, pelo incremento do Rendimento Metálico do FEA que passou de

90,9% para 92,8%. Este acréscimo significativo pode ser explicado,

sobretudo, pela redução das perdas metálicas do FEA e a redução das

perdas de Fe pela escória;

− As perdas de aço líquido representam a maior fração das perdas

metálicas recuperáveis do processo, correspondendo inicialmente a

1,33% do Rendimento Metálico da Aciaria e reduzindo-se para 0,69%.

− Apesar de não ser considerada como perda metálica recuperável pelo

critério atual, o impacto da Sucata do Tipo C no Rendimento Metálico

foi reduzido de 1,44% a 0,63%. Ainda assim, apresenta um grande

potencial de ganho para trabalhos futuros;

− Recomenda-se a realização de novas análises de Difração de Raios-X

da Sucata C. Foram identificadas fases não estáveis

termodinamicamente nas condições de operação do FEA.

Provavelmente estas fases foram formadas ao longo do resfriamento

lento ao ar das escórias coletadas no FEA;

137

− As perdas de Ferro pela escória do FEA na forma de Óxidos (FexOy)

representavam cerca de 3,4% do Rendimento Metálico e foram

reduzidas para 2,3% através das alterações propostas pelo trabalho. O

conhecimento da evolução dos óxidos da escória conduziu ao controle

do momento de saída de escória pela porta do FEA, mudanças nas

práticas de Injeção de O2 e C e adição de cales;

− A realização de Balanços de Massas a nível industrial se mostrou uma

ferramenta consistente para a identificação e quantificação das fontes

de perda do Rendimento Metálico da Aciaria conforme descrito

anteriormente;

− Foi proposto um método de quantificação da vazão de escória pela

porta do FEA ao longo do tempo da corrida a partir de filmagens da

operação. O mesmo se mostrou satisfatório, porém há necessidade de

se realizar uma maior amostragem, correlacionando-se esses valores

de vazão com parâmetros dinâmicos de operação do FEA. Este estudo

já está sendo desenvolvido atualmente;

− O maior tempo de permanência da escória no FEA aliada a uma

melhor prática de escórias possibilitou não só incrementos no

Rendimento Metálico, como também melhorias na escória espumante.

As alterações no %MgO e no %FeO confirmam a eficácia das

mudanças para o processo do FEA;

− A quantidade de O2 e Carbono injetados, bem como a quantidade de

Cal Calcítica adicionada mostraram uma forte influência no %FeO da

escória. É necessário balancear seus valores para que se alcance um

rendimento metálico superior a 89,5% sem prejudicar

significativamente outros indicadores do FEA, tais como custo da carga

metálica, consumo de energia elétrica e eletrodos, refratários e outros;

− O Modelo de Regressão para cálculo do %FeO ao longo do tempo se

mostrou muito importante para quantificar o impacto de cada variável

138

analisada e permitir ações corretivas adequadas, em síntese, ajustes

dos parâmetros de processo.

139

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

� Desenvolver de um modelo mais sofisticado para a quantificação da

vazão da escória pela porta do FEA;

� Desenvolver um modelo matemático que possa determinar a taxa de

fusão da carga metálica no FEA e a respectiva taxa de liberação do

Carbono Contido na Carga para o banho e dessa forma quantificar o

impacto desta na taxa de redução do %FeO da escória;

� Desenvolver um modelo dinâmico para estimativa do %FeO da escória

baseado nas taxas instantâneas de O2 e Carbono no FEA, além de

considerar a taxa de liberação de C pela Carga para o banho;

� Analisar o Espectro de Raios-x da escória após o resfriamento brusco

com diversas composições, para que se possam identificar de maneira

adequada as fases presentes na mesma;

� Correlacionar o teor de Óxidos de Ferro na Escória com a composição

química dos gases do FEA;

140

� Desenvolver um modelo Físico que permita avaliar o impacto da área

de contato e do volume de O2 injetado no FEA, assim como a área de

contato dos injetores de Carbono no FEA.

141

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] S. Aminorroaya and H. Edris – “The effect of foamy slag in the electric arc

furnaces on electric energy comsumption” – Isfahan University of Technology –

2005

[2] M. S. Bafghi; M. Fukuda; Y. Ito; S. Yamada and M. Sano – “Effect of CO gas

formation on reduction rate of iron oxide in molten slag” – ISIJ International, Vol.

33, 1993

[3] M. S. Bafghi; Y. Ito; S. Yamada and M. Sano – “Effect of slag composition on

the kinetics of reduction of iron oxide in molten slag by graphite” – ISIJ

International, Vol. 32, 1992

[4] R. T. DeHoff – “Thermodynamics in material science” – McGraw – Hill, 1993.

[5] V. C. Falconi – “Tecnologia de fabricação de aço líquido” – ABM, Vol. 1, 1985

[6] R. J. Fruehan, C. P. Manning – “Behavior of phosphorus in DRI/HBI during

electric furnace steelmaking”, AISI, 2001

[7] R. Fruehan , United States Steel Co – “The Steelmaking and Refining Volume

of The Making” – Shaping and Treating of Steel, 11th, 1998

142

[8] S. S. Ghag, P. C. Hayes and H. G. Lee – “Model development of slag foaming”

– ISIJ International, Vol. 38, 1998

[9] C. K. Gupta – “Chemical Metallurgy: Principles and Practice” – Wiley-VCH

Verlag GmbH & Co. KGaA , Weeinheim , 2003

[10] IBS – Instituto Brasileiro de Siderurgia – www.ibs.org.br

[11] J. A. T. Jones, B. Bowman and P. A. Lefrank – “The making, shaping and

treating of steel. Steelmaking and refining” – The AISE Steel Fundation, Vol. 10,

1998

[12] S. Kitamura and K. Okohira – “Influence of slag composition and

temperature on slag foaming” – ISIJ International, Vol. 32, 1992

[13] M. D. Lanyi – “Discussion on Steel Burning in Oxygen (from a Steelmaking

Metallurgist's Perspective)” – American Society for Testing and Materials, West

Conshohocken, PA, 2000.

[14] H. G. Lee – “Chemical Thermodynamics for metals and materials” – Imperial

College Press, 1999.

[15] Z. J. Lin – “The modeling of emulsification, slag foaming an ally addition

behavior in intensively stirred metallurgical reactors” – Thesis of Doctor of

Philosophy Degree – McGill University – Montreal – Canada

[16] M. Meraikib – “Effects of Sponge Iron on the Eletric Arc Furnace Operation”

– ISIJ International Vol. 33, 1993

[17] T. W. Miller, J. Jimenez, A. Sharan and D.A. Goldstein – “The making,

shaping and treating of steel. Steelmaking and refining” – The AISE Steel

Fundation, Vol. 9, 1998

143

[18] D. J. Min, R. J. Fruehan – “Rate of reduction of FeO in slag by Fe-C drops” –

Metallurgical Transactions B, Vol. 23, 1992

[19] R.D. Morales, R. Lule, F. Lopez, J. Camacho and A. Romero - “The Slag

Foaming Pratice in EAF and Its Influence on the Steelmaking Shop

Productivity” – ISIJ International, Vol. 35, 1995

[20] R.D. Morales, H. Rodríguez-Hernández and A.N. Conejo – “A Mathematical

Simulator for EAF Steelmaking Process Using Direct Reduced Iron” – ISIJ

International, Vol. 41, 2001

[21] R.D. Morales, H. Rodríguez-Hernández, P. Garnica-Gonzalez and J.A. Romero-

Serrano – “A Mathematical Model for the Reduction Kinetics of Iron Oxide in

Eletric Furnace Slags by Graphite Injection” – ISIJ International, Vol. 37, 1997

[22] P. Nyssen, R. Colin, S. Knoops, J.L. Junque – “On-line EAF control with

dynamic metallurgical model” – AISTECH 2005

[23] M. Ozawa, S. Kitagawa, S. Nakayama and Y. Takesono - “Reduction of FeO in

Molten Slags by Solid Carbon in the Electric Arc Furnace Operation” – ISIJ

International, Vol. 26, 1986

[24] R. K. Paramguru, H.S. Ray and P. Basu – “Some Kinetic Aspects of

Reduction of FeO in Molten Slags by Solute Carbon” – ISIJ International, Vol. 37,

1997

[25] R. K. Paramguru; H. S. Ray and P. Basu – “Some kinetics aspects of

reduction of FeO in molten slag by solute carbon” – ISIJ International, Vol. 37,

1997

[26] J. H. Park and D. J. Min – “Thermodynamic behavior of carbon in molten

slags” – ISIJ International, Vol. 40, 2000

144

[27] H. Pfeifer, M. Kirschen and J. P. Simões – ”Thermodynamic analysis of EAF

electrical energy demand“ – ECC Birmingham, 2005.

[28] H. Pfeifer, M. Kirschen – “Thermodynamic analysis of EAF energy efficiency

and comparison with a statistical model of electric energy demand” – Institute

of Industrial Furnaces and Heat Engineering in Metallurgy, RWTH Aachen, Germany,

2005

[29] E. B. Pretorius and R. C. Carlisle – “Foamy slag fundamentals and their

practical application to electric furnace steelmaking” – Electric Furnace

Conference Proceedings, 1998

[30] E. M. S Rizzo – “Introdução aos processos de refino primário dos aços nos

fornos elétricos a arco” – ABM, 2006.

[31] K. Seo and R. J. Fruehan – “Reduction of FeO in slag with coal char” – ISIJ

International, Vol. 40, 2000

[32] Steel University – Developed by International Iron and Steel Institute and

MATTER – www.steeluniversity.org

[33] M. Swinnerton – “The influence of slag evolution on BOF

dephosphorisation” – Thesis of M.Sc. Dregree of University of Wollongong

[34] S. L. Teasdale and P. C. Hayes - “Observation of the reduction of FeO from

slag by graphite, coke and coal char” – ISIJ International, Vol. 45, 2005

[35] S. L. Teasdale and P. C. Hayes - “Kinetics of reduction of FeO from slag by

graphite and coal chars” – ISIJ International, Vol. 45, 2005

[36] R.G. Torres, R.G. Lule, F.A. Lopez, A.N. Conejo – “Analysis of Yield Losses in

Steel Production in EAF of IMEXSA” – 14th IAS Steelmaking Conference, 2003,

San Nicolas, Argentina

145

[37] E. T. Turkdogan and R. J. Fruehan – “The making, shaping and treating of

steel. Steelmaking and refining” – The AISE Steel Fundation, Vol. 2, 1998

[38] E. T. Turkdogan – “Fundamentals of steelmaking” – Institute of Materials,

London, 1996

[39] Verslag Stahleisein GmbH – “Slag Atlas” – Verein Deutscher Eisenhuttenleute

– 1995

[40] P. Wei, M. Sano, M. Hirasawa, K. Mori – “Kinetics of carbon oxidation

reaction between molten iron of high carbon concentration and iron oxide

containing slag” – ISIJ International, Vol. 31, 1991

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo