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  • 8/16/2019 Modelagens - Bruno Monteiro

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    MINISTÉRIO DA DEFESAEXÉRCITO BRASILEIRO

    DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIAINSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

    Real Academia de Artilharia Fortifica瘠ao e Desenho - 1792 

    Modelagens de sistemas dinâmicos

    Relatório referente à modelagem de meio carro

    Bruno Monteiro Rocha Lima

    Orientador: Professor Elias Rossi

    Rio de JaneiroMaio 2016

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    Modelagem de meio carro

    A figura 1 é uma representação do problema.

    Figura 1: Representação do meio carro

    Para que seja desenvolvido o sistema de equações, deve-se olhar para o diagrama docorpo livre do chassi:

    Figura 2: Diagrama do corpo livre do chassi após deslocamento de  θ  e z

    Em que   F el(1),   F el(2),   F am(1)   e   F am(2)   são as forças das molas 1 e 2 e amortecedores1 e 2, respectivamente. Considerando que o ângulo de pitch se dá para ângulos muitopequenos,

    1

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    F el(1) = k1(z − u1 + aθ) (1)

    F el(2) = k2(z − u2 − bθ) (2)

    F am(1) = C 1(ż −  u̇1 + aθ̇) (3)

    F am(2) = C 2(ż −  u̇2 − bθ̇) (4)

    Com isso, aplicando a segunda lei de Newton e considerando que as posi ções iniciaissão no ponto de equiĺıbrio (o que significa que o peso do Chassi pode ser desconsideradodas equações),

    M ̈z  =

    F z   (5)

    M ̈z  = −k1(z − u1 + aθ) − C 1(ż −  u̇1 + aθ̇) − k2(z − u2 − bθ) − C 2(ż −  u̇2 − bθ̇) −M g

    O que resulta em:

    z̈  = −k1 + k2

    M   z −

    C 1 + C 2M 

      ż +bk2 − ak1

    M   θ+

    bC 2 − aC 1

    M θ̇+

    k1

    M u1+

    C 1

    M  u̇1+

    k2

    M u2+

    C 2

    M  u̇2−g   (6)

    Por sua vez, aplicando a equação de Euler:

    I θ̈ =

    M    (7)

    I θ̈ = −ak1(z − u1 + aθ) − aC 1(ż −  u̇1 + aθ̇) + bk2(z − u2 − bθ) + bC 2(ż −  u̇2 − bθ̇)

    O que resulta em:

    θ̈ =  bk2 − ak1

    I   z +

    bC 2 − aC 1

    I   ż −

    a2k1 + b2k2

    I   θ−

    a2C 1 + b2C 2

    I θ̇+

    ak1

    I   u1+

    aC 1

    I   u̇1−

    bk2

    I   u2−

    bC 2

    I   u̇2

    (8)Escolhendo as variáveis de estado da seguinte forma:

    x1 = z    (9)

    x2  = ż −C 1

    M  u1 −

    C 2

    M  u2   (10)

    x3  =  θ   (11)

    x4  =  θ̇ −aC 1

    I    u1 + bC 2

    I   u2   (12)

    Derivando as equações (10) e (12) chega-se a:

    2

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    ẋ2  = z̈ −C 1

    M  u̇1 −

    C 2

    M  u̇2   (13)

    ẋ4  =  θ̈ −aC 1

      u̇1 + bC 2

      u̇2   (14)

    Substituindo as equações (9), (11), (13) e (14) nas equações (6) e (8), vem:

    ẋ2 = −k1 + k2

    M   x1 −

    C 1 + C 2M 

      x2 + bk2 − ak1

    M   x3 +

     bC 2 − aC 1

    M   x4 +

    −C 21  + C 1C 2

    M 2  +

     abC 1C 2 − a2C 21

    M I   +

      k1

    u1 +

    C 1C 2 + C 22

    M 2  +

     abC 1C 2 − b2C 22

    M I   +

      k2

    u2 − g(15)

    Com

    ẋ1 = x2 + C 1

    M  u1 +

     C 2

    M  u2   (16)

    E

    ẋ4 = −bk2 − ak1

    I   x1 +

     bC 2 − aC 1

    I   x2 −

    a2k1 + b2k2

    I   x3 −

    a2C 1 + b2C 2

    I   x4 +

    bC 1C 2 − aC 21

    M I   −

    a3C 21  + ab2C 1C 2

    I 2  +

     ak1

    u1 +

    bC 22  − aC 1C 2

    M I   +

     a2bC 1C 2 + b3C 22

    I 2  −

    bk2

    u2(17)

    Com

    ẋ3  =  x4 + aC 1

    I   u1 −

    bC 2

    I   u2   (18)

    Assim, as equações do espaço de estado ficam:

    ẋ1ẋ2ẋ3ẋ4

    =

    0 1 0 0−

    k1+k2M 

      −C 1+C 2M 

    bk2−ak1

    bC 2−aC 1

    0 0 0 1bk2−ak1

    bC 2−aC 1

    I   −

    a2k1+b2k2I 

      −a2C 1+b2C 2

    x1x2x3x4

    +

    C 1

    C 2

    M   0

    −C 21+C 1C 2M 2

      +  abC 1C 2

    −a2C 2

    1

    MI   +   k1

    M   −

    C 1C 2+C 22M 2

      +  abC 1C 2

    −b2C 2

    2

    MI   +   k2

    M   −1

    aC 1

    I   −

    bC 2

    I   0

    bC 1C 2−aC 2

    1

    MI   −

    a3C 2

    1+ab2C 1C 2I 2

      +   ak1I 

    bC 2

    2−aC 1C 2

    MI   +

      a2bC 1C 2+b3C 22

    I 2  −

      bk2

    I   0

    u1u2

    g

      (19)

    E

    y =

    1 0 0 00 0 1 0

    x1x2x3x4

    (20)

    Considerando os valores do problema, de acordo com a tabela 1:Sabendo que as equações do espaço de estado são da forma

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    Tabela 1: Valores das constantes

    Parâmetro Valor

    Rigidez dianteira (k1) 7000  N 

    m

    Amortecimento dianteiro (C 1) 1340   Nsm

    Rigidez traseira (k2) 10000  N 

    m

    Amortecimento traseiro (C 2) 1600  Ns

    m

    Massa suspensa (M) 800 kg

    Momento de inércia do chassi (I) 624   N m2

    Distância entre CG e o eixo dianteiro (a) 1,2 m

    Distância entre o CG e o eixo traseiro (b) 1,8 m

    Altura do CG 0,5 m

    −→ẋ   = A−→x   + B−→u   (21)

    −→y   = C −→x   + D−→u   (22)

    Então,

    A =

    0 1 0 0

    −21, 25   −3, 675 12 1, 590 0 0 1

    15, 3846 2, 0385   −68, 0769   −11, 4

    B =

    1, 675 2 06, 6917   −2, 1884   −12, 5769   −4, 6154 0

    −12, 5010 27, 8461 0

    C  =

    1 0 0 00 0 1 0

    D =

    0 0 00 0 0

    A partir das equações do espaço de estados é posśıvel desenvolver um código emMATLAB para gerar gráficos do Pitch e Bounce em função do tempo com as entradas:degrau de 0,10 m de altura, a 30 km/h; quebra mola a 50 km/h (para tal, deve-se utilizaruma função cossenoidal, com amplitude de 0,15 m e 1 m de comprimento); imperfei çãona estrada (”costelas”) a 80 km/h (para tal, utilizar uma função senoidal, com amplitudede 0,04 m, com 15 picos e 6 m de comprimento).

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    Figura 5: Bounce para véıculo passando por um degrau de 0,10 m de altura positiva, a30 km/h

    O Pitch e o Bounce começam no zero e depois de aproximadamente 3,8 segundos elesestabilizaram em -0,12 rad e -0,53 m, respectivamente. Isso significa que na posição deequiĺıbrio do carro, ele tende para frente, em um ângulo de 6,87o (0,12 rad) e seu centrode massa cai em 0,53 m. Como o centro de massa está deslocado para frente (pois  a < b)

    e, consequentemente, a distribuição de peso é maior na parte dianteira, e, além disso, aconstante de mola é menor na parte dianteira (k1  < k2), era de se esperar que houvesseuma angulação negativa.

    Uma análise a ser feita é com a altura do centro de gravidade. Essa altura é de 0,5m e o valor do Bounce no equiĺıbrio é maior que isso em módulo. Ademais, antes deestabilizar, o Bounce passa por um pico de aproximadamente -0,67 m. Considerandoessas informações, o Chassi bateria no chão enquanto o carro estivesse estabilizando e iriaandar arrastando sua carroceria no mesmo. A análise daqui para frente será feita comose o chassi do carro estivesse condições de não manter contato com o chão.

    Em 5 segundos a roda dianteira passa pelo degrau e o Pitch aumenta o seu valor, apesar

    de continuar negativo. Isso acontece porque o carro fica inclinado para cima, já que subiuno degrau. O sistema de suspensão estava começando a estabilizar o carro, por isso dacurvatura. Entretanto, antes de estabilizar, a roda traseira passa pelo degrau, tendo umadiminuição do Pitch e, logo após, a estabilização do ângulo. Depois de aproximadamente8 segundos o carro estabiliza no mesmo valor do ponto de equiĺıbrio (-6,87o). Isso era dese esperar, já que o carro não tem mais inclinação quando a dianteira e traseira do véıculopassa pelo degrau.

    No tempo igual a 5 segundos a roda dianteira passa pelo degrau e o Bounce aumentaaproximadamente linear porque o tempo entre a roda dianteira e traseira passando pelodegrau é muito pequeno e, portanto, esse é muito pequeno para que o sistema de sus-

    pensões atue para estabilizá-lo. Depois da roda traseira passar pelo degrau, o sistema desuspensões atua no carro, estabilizando o Bounce e fazendo-o convergir para um valor de-0,43 m ( o que era de se esperar, visto que o degrau tem uma altura de 0,1 m).

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    Para um degrau de 0,10 m de altura negativa, a 30 km/h, foi posśıvel chegar aoseguinte gráfico:

    Figura 6: Véıculo passando por um degrau de 0,10 m de altura negativa, a 30 km/h

    A análise é análoga ao caso anterior, mas ”espelhado”no momento em que o véıculo

    passa pelo degrau. Além disso, o Bounce estabiliza num valor de -0,63 m, já que o degraué para baixo.

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    Figura 9: Bounce para véıculo passando por um quebra mola positivo a 50 km/h

    O estado de equiĺıbrio do véıculo é análogo ao caso anterior, ou seja, o Pitch estabilizaem -6,87o e o Bounce em -0,53 m. A explicação é a mesma que no caso anterior.

    Quando a roda dianteira, no tempo de 5 segundos, começa a passar pelo quebra molae chega ao pico dela, o Pitch aumenta de valor porque o carro fica inclinado para cima e

    o chassi adquire uma velocidade para cima. Quando a roda começa a descer pelo pico dalombada, o valor do Pitch deveria começar a diminuir, entretanto ele aumenta um poucomais. Isso acontece porque a roda acompanha a lombada, mas a carroceria já tinha umavelocidade para cima, fazendo com que, mesmo que a roda desça, o Pitch aumente umpouco e sendo amortecido pela suspensão. Após a lombada, o Pitch tende a voltar aoponto de equiĺıbrio, pela ação da suspensão. Entretanto, antes de voltar ao equiĺıbrio eapós a roda traseira começar a passar pelo quebra mola, o Pitch diminui. Isso aconteceporque desde o momento que a roda traseira toca a lombada até o pico dela, o carroinclina para baixo. Logo após o carro passar pela lombada, o Pitch volta ao estado deequiĺıbrio (-6,87o), o que era de se esperar.

    Quando a roda dianteira começa a passar pela lombada, o Chassi adquire velocidade

    para cima e o Bounce sobe porque o centro de gravidade também sobe por passar pelalombada. Antes do véıculo voltar ao estado de equiĺıbrio, ou seja, o Bounce começar adiminuir, a roda traseira passa pela lombada, aumentando a energia cinética do Chassi eaumentando ainda mais o Bounce. Após esse evento, o carro volta ao estado de equiĺıbrioe o Bounce volta para o valor de -0,53 m, o que era de se esperar.

    Para o véıculo passando por um quebra mola negativo a 50 km/h, foi obtido o seguintegráfico:

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    Figura 10: Véıculo passando por um quebra mola negativo a 50 km/h

    Como era de se esperar, o gráfico tem um aspecto ”espelhado”em relação ao anteriorno momento em que o véıculo passa pela lombada. As análises são análogas a anterior.

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    Resposta à imperfeição na estrada (”costelas”) a 80 km/h

    A análise foi considerada apenas para imperfeições positivas porque é o mais comumem estradas.

    Após a programação em MATLAB, foi posśıvel chegar ao seguinte gráfico para um

    véıculo passando por imperfeições na estrada (”costelas”) a 80 km/h:

    Figura 11: Véıculo passando por imperfeições na estrada (”costelas”) a 80 km/h

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    Figura 12: Pitch para véıculo passando por imperfeições na estrada (”costelas”) a 80km/h

    Figura 13: Bounce para véıculo passando por imperfeições na estrada (”costelas”) a 80km/h

    O estado de equiĺıbrio do véıculo é análogo ao caso anterior, ou seja, o Pitch estabiliza

    em -6,87o

    e o Bounce em -0,53 m. A explicação é a mesma que nos casos anteriores.Quando a roda dianteira começa a passar pelas imperfeições, o Pitch adquire umaconfiguração oscilatória e aumenta. Isso acontece porque a cada vez que a roda passa por

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    uma imperfeição, o carro aumenta a velocidade do Chassi para cima e também inclinao carro para cima. A oscilação acontece porque há a passagem de uma imperfeição aoutra pela roda. Quando a roda traseira começa a passar pela imperfeição, o Pitch, aindaoscilando, começa a diminuir. Isso acontece porque o carro inclina para baixo cada vez quea roda traseira passa pelas costelas. Nota-se que, mesmo com a roda dianteira passando

    pelas imperfeições, o que é mais pronunciado é a passagem da roda traseira, porque oPitch diminui. Essa diminuição é mais pronunciada ainda quando as rodas dianteiras nãopassam mais nas imperfeições. Depois das rodas passarem das imperfeições, o Pitch voltaao estado de equiĺıbrio, como o esperado.

    O Bounce, após o tempo de acomodação, só aumenta quando tanto a roda dianteirae/ou traseira passam pelas imperfeições. Isso acontece justamente porque o Chassi, acada vez que a roda passa por uma costela, ganha energia cinética e a velocidade paracima. A perda de energia proveniente dos amortecedores é menor que o ganho de energiaao se passar pelas lombadas. Por isso, o Chassi aumenta sua velocidade para cima e,consequentemente, o Bounce aumenta. Depois das rodas passarem das imperfei̧cões, o

    Bounce volta ao estado de equiĺıbrio, como o esperado.

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    Conclus̃ao

    A modelagem matemática do meio carro foi satisfatória. De acordo com os gráficosanalisados e associando com a f́ısica do problema, os resultados fazem sentido. O únicoproblema é o estado de equiĺıbrio do Bounce que é maior em valor absoluto que o centro

    de gravidade, fazendo com que o carro arrastasse no chão, o que não é o ideal.

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