modelagem de um motor de induÇÃo trifÁsico

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unesp MODELAGEM DE UM MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO OPERANDO COM TENSÕES DESEQUILIBRADAS POR MEIO DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS JOSÉ EDUARDO ALVES DE OLIVEIRA BAURU – SP 2011 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE ENGENHARIA CAMPUS DE BAURU

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unesp

MODELAGEM DE UM MOTOR DE INDUO TRIFSICO

OPERANDO COM TENSES DESEQUILIBRADAS POR MEIO

DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

JOS EDUARDO ALVES DE OLIVEIRA

BAURU SP 2011

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE ENGENHARIA

CAMPUS DE BAURU

2

unesp

MODELAGEM DE UM MOTOR DE INDUO TRIFSICO

OPERANDO COM TENSES DESEQUILIBRADAS POR MEIO

DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

JOS EDUARDO ALVES DE OLIVEIRA

Orientador: Prof. Dr. Paulo Jos Amaral Serni

BAURU SP

2011

Dissertao apresentada Faculdade de

Engenharia da UNESP Campus de Bauru,

para a obteno do Ttulo de Mestre em

Engenharia Eltrica.

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE ENGENHARIA

CAMPUS DE BAURU

3

4

5

minha esposa, Raquel,

Ao meu filho, Mateus,

meus pais, Jos Rodrigues e Izabel,

E meus amigos, Mrio e Arlete.

6

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Professor Doutor Paulo Jos Amaral Serni, pelos seus

ensinamentos e pelo seu apoio ao longo de todo o desenvolvimento, e pela sua

colaborao na elaborao deste trabalho.

Ao Professor Doutor Jos Alfredo Covolan Ulson, pelo seu apoio e

colaborao na elaborao deste trabalho.

Ao Professor Mestre Andr Luiz Andreoli, pela amizade, pela sua ajuda e

colaborao na elaborao deste trabalho.

Ao Professor Doutor Alessandro Goedtel, pelas sugestes e apoio na

elaborao deste trabalho.

Ao Professor Doutor Paulo R. de Aguiar, pelo emprstimo da banca de ensaio

de motores, utilizada neste trabalho.

A todos os professores do Programa de Mestrado em Engenharia Eltrica da

FEB-UNESP, que contriburam para este trabalho.

Aos tcnicos de laboratrio da FEB-UNESP, pelo apoio na realizao da

etapa experimental.

Ao Sr. Mrio Eduardo Cazo, diretor da escola SENAI, da cidade de Lenis

Paulista, pela compreenso e colaborao no perodo de elaborao deste trabalho.

Aos colegas de trabalho da escola SENAI, da cidade de Lenis Paulista,

pela colaborao e incentivo na elaborao deste trabalho.

i

SUMRIO

SUMRIO...................................................................................................................I

LISTA DE FIGURAS................................................................................................III

LISTA DE TABELAS...............................................................................................VI

RESUMO.................................................................................................................VII

ABSTRACT............................................................................................................VIII

1. INTRODUO......................................................................................................1

1.1 MOTIVAO E RELEVNCIA DO TRABALHO........................................................1

1.2 PROPOSTA E JUSTIFICATIVA DA DISSERTAO................................................7

1.3 TRABALHOS PUBLICADOS EM EVENTOS CIENTFICOS...................................10

2. REVISO BIBLIOGRFICA E ESTADO DA ARTE..........................................11

2.1 MOTOR DE INDUO OPERANDO COM TENSES DESEQUILIBRADAS........11

2.2 MODELAMENTO MATEMTICO DO MOTOR DE INDUO...............................18

2.3 REDES NEURAIS ARTIFICIAIS..............................................................................19

3. MODELAMENTO MATEMTICO DO MOTOR DE INDUO TRIFSICO.....22

3.1 INTRODUO.........................................................................................................22

3.2 TRANSFORMAO 0.........................................................................................29

3.3 TRANSFORMAO qd0.........................................................................................31

3.4 EQUAES DE TRANSFORMAO DO ROTOR................................................35

4. REDES NEURAIS ARTIFICIAIS........................................................................40

4.1 INTRODUO.........................................................................................................40

4.2 NEURNIO BIOLGICO........................................................................................42

4.3 NEURNIO ARTIFICIAL.........................................................................................43

ii

4.4 TOPOLOGIAS DAS REDES NEURAIS ARTIFICIAIS..............................................47 4.4.1 Redes No-Recursivas ...................................................................................................... 47

4.4.2 Redes Recursivas .............................................................................................................. 48

4.4.3 Redes Totalmente Conectadas e Parcialmente Conectadas ............................................ 49

4.5 APRENDIZADO DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS..............................................50 4.5.1 Treinamento Supervisionado ............................................................................................. 50

4.5.2 Treinamento No-Supervisionado ..................................................................................... 51

4.6 REDE PERCEPTRON MULTICAMADA...................................................................51

4.7 ALGORITMO BACKPROPAGATION.......................................................................54 4.7.1 Erro quadrtico .................................................................................................................. 56

4.7.2 Erro quadrtico mdio ....................................................................................................... 57

4.7.3 Algoritmo de Levenberg-Marquardt ................................................................................... 60

4.7.4 Algoritmo de Levenberg regularizado ................................................................................ 64

5. MOTOR DE INDUO TRIFSICO OPERANDO COM TENSES DESEQUILIBRADAS..............................................................................................67

5.1 INTRODUO..........................................................................................................67

5.2 MTODO COMPUTACIONAL CLSSICO...............................................................69 5.3.1 Anlise por meio do circuito eltrico equivalente ............................................................... 81

5.4 MTODO EXPERIMENTAL.....................................................................................86 5.4.1 Avaliao da temperatura dos enrolamentos do estator .................................................... 90

5.4.2 Comparao dos resultados .............................................................................................. 93

5.5 MTODO COMPUTACIONAL POR REDES NEURAIS...........................................97

5.6 ANLISE DOS RESULTADOS...............................................................................104

6. CONCLUSES.................................................................................................107

6.1 FUTURAS LINHAS DE PESQUISAS.....................................................................109

7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................110

8. APNDICE A....................................................................................................116

9. APNDICE B....................................................................................................121

iii

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1 Comportamento do aquecimento e das perdas no motor em funo do desequilbrio de tenses. ..................................................................................................... 14

FIGURA 2.2 Comportamento do aumento da temperatura no motor, em vrios pontos, em funo do desequilbrio de tenses. ..................................................................................... 16

FIGURA 4.1 Representao de um neurnio natural. ....................................................... 43

FIGURA 4.2 Representao de um neurnio artificial. ...................................................... 44

FIGURA 4.3 RNA no-recursiva com Camada nica. ...................................................... 47

FIGURA 4.4 RNA Progressiva com Mltiplas Camadas. .................................................. 48

FIGURA 4.5 RNA com retropropagao - Backpropagation.............................................. 49

FIGURA 4.6 Diagrama esquemtico da rede PMC. .......................................................... 55

FIGURA 4.7 (a) Dados ajustados adequadamente (boa generalizao); (b) Fenmeno do overfitting (generalizao pobre). ...................................................................................... 65

FIGURA 5.1 Circuito desenvolvido no programa Matlab/Simulink usado nas simulaes. 70

FIGURA 5.2 Correntes eficazes do MIT operando com tenses equilibradas. .................. 71

FIGURA 5.3 Comportamento da velocidade no eixo do MIT com tenses equilibradas. ... 72

FIGURA 5.4 Comportamento do torque eletromagntico do MIT com tenses equilibradas. ............................................................................................................................................ 72

FIGURA 5.5 Formas de onda das correntes instantneas no rotor [ir(t)] e no estator [is(t)], para a fase A, com o MIT operando com tenses equilibradas. ........................................... 74

iv

FIGURA 5.6 Anlise FFT da corrente do rotor [ir(t)], para a fase A, com o MIT operando com tenses equilibradas. ................................................................................................... 75

FIGURA 5.7 Correntes eficazes do MIT operando com tenses desequilibradas. ............ 76

FIGURA 5.8 Comportamento da velocidade no eixo do MIT operando com tenses desequilibradas. ................................................................................................................... 76

FIGURA 5.9 Comportamento do torque eletromagntico do MIT operando com tenses desequilibradas. ................................................................................................................... 77

FIGURA 5.10 Anlise FFT do torque eletromagntico, com o MIT operando com tenses desequilibradas. ................................................................................................................... 78

FIGURA 5.11 Formas de onda das correntes instantneas no rotor [ir(t)] e no estator [is(t)], para a fase A, com o MIT operando com tenses desequilibradas. ..................................... 79

FIGURA 5.12 Anlise FFT da corrente do rotor [ir(t)], para a fase A, com o MIT operando com tenses desequilibradas. .............................................................................................. 80

FIGURA 5.13 Circuito eltrico equivalente de sequncia direta por fase do MIT. ............. 81

FIGURA 5.14 Circuito eltrico equivalente de sequncia inversa por fase do MIT. ........... 83

FIGURA 5.15 Torque eletromagntico em funo da velocidade no eixo do motor: Curva A= CEE com tenso equilibrada (Vs1 = 127V); Curva B = CEE com tenses desequilibradas (Vs1 = 110V e Vs2 = 12V). .................................................................................................... 85

FIGURA 5.16 Bancada experimental utilizada nos ensaios. ............................................. 86

FIGURA 5.17 Bancada experimental com instrumentao ao fundo. ................................ 87

FIGURA 5.18 Diagrama eltrico dos ensaios realizados com o MIT. ................................ 87

FIGURA 5.19 Instrumentao utilizada nos ensaios do MIT. ............................................ 88

FIGURA 5.20 Variao da resistncia eltrica de um metal puro em funo da temperatura. ........................................................................................................................ 91

v

FIGURA 5.21 Comparativo entre os valores de corrente da fase A: Real x Simulador. ..... 96

FIGURA 5.22 Comparativo entre os valores de corrente da fase B: Real x Simulador. ..... 96

FIGURA 5.23 Comparativo entre os valores de corrente da fase C: Real x Simulador. .... 97

FIGURA 5.24 Evoluo do treinamento e validao da RNA. ........................................... 99

FIGURA 5.25 Comparativo entre os valores de corrente da fase A: Real x RNA. ........... 101

FIGURA 5.26 Comparativo entre os valores de corrente da fase B: Real x RNA. ........... 101

FIGURA 5.27 Comparativo entre os valores de corrente da fase C: Real x RNA. ........... 102

FIGURA 5.28 Correlaes entre corrente, tenso e potncia, obtidas atravs da RNA. . 102

FIGURA 5.29 Comportamento da corrente, da fase B, em funo da tenso e da potncia na mquina CC. ................................................................................................................. 103

vi

LISTA DE TABELAS

TABELA 4.1 Funes de Ativao para RNA.................................................................... 46

TABELA 5.1 Parmetros do MIT usado nos trs mtodos. ............................................... 69

TABELA 5.2 Valores obtidos na simulao do MIT com tenses equilibradas. ................. 73

TABELA 5.3 Simulao do MIT com tenses desequilibradas. ......................................... 77

TABELA 5.4 FP do MIT com tenses desequilibradas. ..................................................... 78

TABELA 5.5 Comparativo entre os valores de correntes experimentais e os obtidos na simulao. ........................................................................................................................... 93

TABELA 5.6 Comparativo entre os valores da potncia de entrada pelo modo experimental e pela simulao. ................................................................................................................. 94

TABELA 5.7 Comparativo entre as correntes obtidas experimentalmente e as obtidas na simulao do MIT. ............................................................................................................... 95

TABELA 5.8 Arquitetura da RNA e suas caractersticas. .................................................. 98

TABELA 5.9 Comparativo entre correntes obtidas experimentalmente e as obtidas pela RNA. .................................................................................................................................. 100

vii

RESUMO

O desequilbrio de tenso nos sistemas eltricos pode provocar problemas

indesejveis na operao de equipamentos, principalmente nos motores de induo

trifsicos, devido importncia destes motores em ambientes industriais. A

utilizao de modelos convencionais para a modelagem destes motores operando

com tenses desequilibradas impe resultados imprecisos e a obteno de modelos

adequados apresenta grande complexidade em funo das assimetrias e no

linearidades. Neste contexto, a utilizao de ferramentas inteligentes, mais

especificamente, redes neurais artificiais (RNA), reduz substancialmente a tarefa de

modelagem, permitindo sua utilizao sob condies de assimetrias e no

linearidades. Assim, uma bancada de testes foi montada para a aquisio de dados

experimentais de um motor de induo trifsico de 1CV, 4 polos, 220V/380V, tipo

gaiola de esquilo. Os dados coletados foram usados para o treinamento e validao

de uma RNA que modela a relao entre as tenses, correntes e a potncia no eixo.

Os resultados experimentais foram comparados com os obtidos com a RNA e com o

modelo dinmico, e constatou-se que a modelagem por meio de RNA adequada

para descrever matematicamente o comportamento de motores de induo trifsicos

operando com tenses desequilibradas.

Palavras-chave: Motor de Induo; modelamento de motores; tenses

desequilibradas; redes neurais artificiais.

viii

ABSTRACT

Unbalanced voltages in electrical systems can deteriorate the performance of

equipments and cause potential safety hazards and be harmful for the respective

applications, especially in the three-phase induction motors, the most common

energy receivers in industrial. The analysis of three phase induction motors under

supply voltage unbalance conditions using the well-known symmetrical components

analysis provide inaccurate results, and correct models are laborious, due to the

complex nature of voltage unbalance factor like asymmetries and nonlinearities. In

this context, the use of intelligent tools, specifically artificial neural networks (ANN),

significantly reduces the modeling task and allowing the use under conditions of

asymmetries and nonlinearities. Thus, a workbench tests was built for testing of the 4

pole, 220V/380V, 1CV squirrel-cage induction motor. Experimental set up for testing

were used to ANNs training and validation. The ANNs model showed the

relationship between the voltages, currents and shaft power. The results of

experimental investigations and computer calculations (ANN and dynamic model)

were compared and the results indicate that the ANN is adequate model that makes

it possible to mathematically describe an induction motors operating with unbalanced

voltage.

Keywords: Induction motor; motor modeling; voltage unbalance; artificial

neural networks.

1

1. INTRODUO

1.1 MOTIVAO E RELEVNCIA DO TRABALHO

Em um sistema eltrico trifsico, os valores associados s grandezas de

tenso ou corrente eltrica, podem ser alterados em funo de muitos fatores.

Dentro deste contexto, destacam-se quatro tipos de perturbaes que so

produzidas nos sinais de tenso ou corrente eltricas:

A perturbao na amplitude da tenso;

A perturbao na freqncia do sinal;

A distoro na forma de onda do sinal;

O desequilbrio de tenso ou corrente eltrica em sistemas trifsicos.

O desequilbrio de tenso em um sistema eltrico trifsico uma condio

onde as tenses entre as fases apresentam amplitudes diferentes entre si, ou

2

defasagem angular diferentes de 120 eltricos ou, ainda, as duas condies

simultaneamente. Destas, apenas a primeira freqentemente evidenciada no

sistema eltrico (OLESKOVICZ, 2007).

Desequilbrio de tenso muitas vezes definido como o desvio mximo dos

valores mdios das tenses ou correntes trifsicas, dividido pela mdia dos mesmos

valores, expresso em percentagem. O desequilbrio tambm pode ser definido

usando-se a teoria de componentes simtricos. A razo entre os componentes ou de

seqncia negativo ou zero, com o componente de seqncia positivo pode ser

usado para especificar a percentagem do desequilbrio (OLESKOVICZ, 2007).

Uma das causas de desequilbrio de tenso a presena de cargas trifsicas

desequilibradas, como fornos de induo e a arco, conectadas a um sistema

trifsico, uma vez que as correntes absorvidas nas trs fases no so simtricas,

isto , no so iguais em amplitude nem to pouco defasadas de 120 (DUGAN,

2003).

Outro fator que causa o aparecimento do desequilbrio de tenso a

existncia, nos sistemas de distribuio, de cargas monofsicas distribudas

inadequadamente, ou consumidores alimentados de forma trifsica que possuem

uma m distribuio de carga em seus circuitos internos. Isto gera correntes

eltricas desequilibradas no circuito, fazendo surgir tenses tambm desequilibradas

(OLESKOVICZ, 2007).

O desequilbrio de tenso tambm pode surgir devido existncia de linhas

de transmisso mal transpostas, onde as caractersticas eltricas destas linhas,

como a impedncia, no so uniformes no seu percurso, ou tambm por

transformadores com enrolamentos no simtricos.

Assim, o desequilbrio de tenso pode provocar problemas indesejveis na

operao de equipamentos, dentre os quais podemos destacar os motores de

induo trifsicos (MIT), em funo da importncia destas cargas em ambientes

industriais.

3

Os MIT so usados em diversos setores industriais, sendo o principal

elemento de converso de energia eltrica em mecnica motriz. Sua popularidade

se deve ao baixo custo e robustez (GOEDTEL, 2003).

O setor industrial brasileiro responsvel por cerca de 47% do consumo de

energia eltrica do pas. Sabe-se, ainda, que o consumo de energia nos

sistemas motrizes corresponde a 62% do total da energia eltrica

consumida na indstria, o que corresponde a 28,5% do consumo total deste

insumo no pas. O elevado consumo apresentado pelos sistemas motrizes,

maior at que os demais segmentos individualmente, torna esses sistemas,

o principal foco de atuao de programas de eficincia energtica voltados

ao setor industrial (ELETROBRAS, 2010).

O MIT o tipo de motor eltrico mais utilizado e difundido, tanto para

motorizao de sistemas, quanto para processos industriais. Sua principal vantagem

a eliminao de contatos eltricos deslizantes e uma construo bastante simples,

possibilitando um custo mais baixo, sendo fabricadas para uma grande variedade de

aplicaes (CAD, 2000).

Motores de induo trifsicos aplicam um simples, mas inteligente e

eficiente sistema de converso eletromecnica de energia. No MIT com

rotor em gaiola de esquilo, o qual constitui a vasta maioria das mquinas de

induo, o rotor inacessvel. Nenhum contato mvel necessrio, tais

como o comutador e as escovas das mquinas de corrente contnua ou

anis deslizantes e as escovas nos motores e geradores sncronos. Este

arranjo eleva consideravelmente a confiabilidade dos motores de induo e

elimina os riscos de centelhas, permitindo aos motores deste tipo serem

utilizados com segurana em ambientes muito agressivos ou em reas

classificadas contendo atmosfera potencialmente explosivas. Um grau

adicional de robustez provido pela ausncia de fiao no rotor, cujos

enrolamentos consistem de barras de metal no isoladas formando uma

gaiola de esquilo a qual d nome a este tipo de motor. Este robusto rotor

pode girar em elevadas rotaes e suportar grandes sobrecargas

mecnicas e eltricas (BULGARELLI, 2006).

4

Para as anlises dos efeitos de tenses desequilibradas aplicadas a um motor

de induo, consideram-se os efeitos produzidos pelas tenses de seqncia

negativa, que somados aos da tenso de seqncia positiva, resultam, num

conjugado pulsante no eixo da mquina (OLESKOVICZ, 2007).

O torque pulsante aumenta a vibrao da mquina com conseqente

aumento na gerao de rudo. Alm disso, em motores de eixo curto e pequeno

entreferro, as vibraes podem provocar leve contato entre rotor e estator elevando

a temperatura nos pontos de atrito (LEE, 1998).

Alm disto, as correntes de seqncia negativa causam um

sobreaquecimento no MIT. Como conseqncia direta desta elevao de

temperatura, tem-se a reduo da expectativa de vida til dos motores, visto que o

material isolante sofre uma deteriorao mais acentuada na presena de elevadas

temperaturas nos enrolamentos (OLESKOVICZ, 2007).

A margem de elevao de temperatura permissvel, em mquinas eltricas

de fabricao atual, de 40C acima da temperatura ambiente. Estudos

empricos mostram que, para cada acrscimo de 10C na temperatura de

funcionamento do motor em relao ao limite recomendado, a vida do

enrolamento reduzida pela metade (KOSOV, 1972).

Sob tenses desequilibradas, o torque mdio igual soma algbrica do

torque produzido pela componente de seqncia positiva mais o torque produzido

pela componente de seqncia negativa (KRAUSE, 2002). Portanto sob estas

condies o torque eletromagntico produzido menor que o torque desenvolvido

em condies ideais. Do ponto de vista de rendimento, verifica-se uma reduo

deste, devido a dois fatores principais: ao aumento das perdas no cobre do estator e

do rotor, e ao crescimento nas perdas no ferro (MACHADO, 2008).

Outro aspecto a ser considerado na operao do MIT com tenses

desequilibradas a grande variao que a corrente solicitada em cada fase do

motor pode apresentar. Esta variao no possui um comportamento linear.

5

Na Figura 1.1 so apresentados alguns exemplos de correntes em cada fase

de um MIT operando com diversas combinaes de desequilbrio de tenso, obtidos

experimentalmente. Os valores das tenses e cargas no eixo do MIT, que geraram

estas correntes so mostrados no Apndice A.

FIGURA 1.1 Corrente eficaz em cada fase de um MIT operando com tenses desequilibradas.

Como o valor das correntes solicitadas pelo MIT tanto na partida como em

regime so fundamentais no dimensionamento dos dispositivos de proteo e

controle, esta variao da corrente provocada pelas tenses desequilibradas implica

em grande incerteza, tanto para a vida til do MIT e dos demais elementos do

sistema, quanto para o funcionamento adequado dos elementos de controle e

segurana.

Observa-se tambm que um desequilbrio de corrente torna difcil a correta

seleo do dispositivo de proteo e atuao do mesmo (MACHADO,

2008).

As maiores dificuldades do controle eficiente do MIT consistem no tratamento

das no linearidades e complexidade analtica do motor. Na prtica, tais fatores se

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Co

rre

nte

de

fa

se (

A)

Combinaes de desequilbrio de tenso

Ia - Real Ib - Real Ic - Real

6

agravam devido ao efeito da curva de magnetizao do fluxo eletromagntico, ao

efeito pelicular, alimentao desequilibrada, ao efeito das harmnicas, s

variaes paramtricas do motor em funo do aumento de temperatura e

assimetria do motor, tornando o sistema altamente no linear e, consequentemente,

de difcil soluo matemtica (SUETAKE, 2008).

Os mtodos tradicionais de modelamento matemtico do MIT fazem uma

transformao linear do comportamento do motor, com o objetivo de simplificao

matemtica. Isto provoca uma impreciso nos resultados das simulaes

computacionais que usam tais mtodos de modelamento do MIT, quando os valores

das tenses, em cada fase, deixam de ser iguais.

Os modelos convencionais de mquinas ou processos acionados por

motores eltricos apresentam resultados satisfatrios em determinadas

situaes, mas normalmente so bastante particularizados ou falhos quando

lidam com o comportamento no-linear dos componentes envolvidos em tais

sistemas. Um modelo empregando redes neurais artificiais para mapear o

comportamento dessas mquinas pode lidar satisfatoriamente com esses

problemas caracterizados pelas no-linearidades das variveis envolvidas

no processo (GOEDTEL, 2003).

Na tentativa de contornar tais problemas, as tcnicas baseadas em sistemas

inteligentes para a anlise e controle do MIT de tornam atraentes em virtude da sua

habilidade de lidar com sistemas no lineares e variantes no tempo e de no

necessitar de um modelo matemtico preciso, alm de apresentar uma grande

facilidade de integrao computacional com as tcnicas convencionais. Dentre as

diversas tcnicas de sistemas inteligentes, as principais e mais populares consistem

nas Redes Neurais Artificiais (RNA), nos Sistemas Fuzzy e nos Algoritmos

Genticos (SUETAKE, 2008).

Neste contexto, uma alternativa para a determinao das correntes

resultantes da operao do MIT com tenses desequilibradas o uso da RNA. As

RNA so modelos computacionais que utilizam tcnicas de processamento

7

inerentemente paralelas e adaptativas atravs de um grande nmero de unidades

simples de processamento (HAYKIN, 1999).

Alguns trabalhos j empregam a RNA como uma ferramenta alternativa na

anlise de no-linearidades do MIT, como por exemplo, os trabalhos de GOEDTEL

(2003 e 2007) onde o primeiro estima o conjugado de carga, e o segundo, a

velocidade do MIT utilizando RNA.

As aplicaes com redes neurais tm aumentado a cada dia, fornecendo

uma nova viso e alternativa ao tratamento de sistemas complexos. Essa

metodologia est sendo utilizada em vrias aplicaes devido ao aumento

do poder computacional dos microprocessadores. Vrios estudos tm

mostrado alternativas ao tratamento das no-linearidades que envolvem um

sistema dinmico cujo equacionamento convencional um tanto quanto

falho pelas suas aproximaes aos sistemas lineares (GOEDTEL,

2003).

1.2 PROPOSTA E JUSTIFICATIVA DA DISSERTAO

A necessidade crescente de busca por processos mais econmicos, e na

utilizao racional e eficiente da energia eltrica, tem implicado na realizao de

estudos detalhados para a otimizao de todo o processo industrial. Desta forma, os

motores eltricos se tornaram elementos indispensveis na maioria dos processos

dos setores produtivos, pois os mesmos se destacam como os principais elementos

de converso de energia eltrica em mecnica (SILVA, 2007).

As indstrias se esforam para otimizar o tempo de operao dos processos

produtivos. Uma vez que os motores eltricos representam cerca de 90% dos

acionamentos das mquinas associadas a estes processos, a identificao e a

correo de problemas de manuteno eltricos e mecnicos destes motores so

fundamentais para a elevao dos nveis de confiabilidade do sistema e para o

aumento dos lucros operacionais (BULGARELLI, 2006).

8

Em processos industriais, todos os aspectos de produo necessitam serem

analisados de forma a possibilitar a produo com qualidade, segurana e a

custos desejados. Os custos de investimento e de consumo de energia

podem ser otimizados pela rgida coordenao entre o motor e a carga

acionada, uma vez que a menor potncia possvel para o motor deve ser

especificada, de forma a operar no valor de eficincia mais alto possvel, o

que no ocorreria se o motor tivesse sido sobre-dimensionado. A seleo e

a aplicao adequada dos dispositivos de proteo do motor contribuem

para minimizar os custos operacionais da indstria (BULGARELLI,

2006).

Os custos de manuteno podem ser mantidos em valores mnimos pela

deteco antecipada e preditiva de ndices que possam levar a ocorrncia de falhas

em motores. Nestes casos, podem ser executados servios de manuteno

preventiva com menores custos, quando comparados aos elevados custos das

manutenes corretivas, onde normalmente so exigidos reparos ou substituies

de equipamentos ou componentes danificados (BULGARELLI, 2006).

Com o aumento de fatores que causam o desequilbrio de tenso nos

sistemas trifsicos de distribuio, a operao dos MIT com tenso desequilibrada

passa a ser uma situao real, tornando-se uma varivel instvel nos mtodos

tradicionais de proteo do MIT.

Portanto, existe a necessidade de uma ferramenta ou metodologia simples

que seja capaz de descrever de forma satisfatria o comportamento do MIT

operando com desequilbrio de tenso, observando-se que tal aspecto tem se

tornado fator limitante nos sistemas de proteo e acionamento.

Em geral, as abordagens inteligentes tm sido aplicadas cada vez mais em

sistemas complexos, onde o equacionamento convencional um tanto falho

para processos no-lineares que envolvam um sistema dinmico, pois os

mesmos em certos casos acabam sendo aproximados por sistemas

lineares. Alm disso, tais abordagens inteligentes esto, tambm, sendo

cada vez mais utilizadas em vrias aplicaes devido ao incremento do

poder computacional dos microprocessadores (SILVA, 2007).

9

Neste contexto, este trabalho prope a utilizao de uma RNA no

modelamento do MIT, para estimar os valores das correntes no motor, por fase,

operando em condies de equilbrio ou de desequilbrio de tenso.

Assim, a estimativa das correntes do MIT operando com tenses equilibradas

ou no, pode contribuir para trs finalidades principais:

A primeira finalidade prover informaes sobre os valores de

sobrecorrentes que sero exigidas pelo motor, em funo do

desequilbrio de tenses, onde ser possvel determinar o fator de

reduo de potncia do motor (derating), contribuindo para o correto

dimensionamento do mesmo em condies de desequilbrio.

A segunda finalidade prover dados relativos ao sistema de proteo do

motor, onde ser possvel determinar uma faixa de atuao dos

dispositivos de proteo, dentro de limites pr-estabelecidos, evitando

desligamentos desnecessrios e mantendo a confiabilidade do sistema.

A terceira finalidade prover informaes para o sistema de

acionamento e controle do motor, onde os dispositivos sero

dimensionados de acordo com a faixa de valores de tenso e corrente,

evitando o mau funcionamento ou a queima destes dispositivos.

Assim, por meio de uma RNA, sero determinadas as correntes eltricas

exigidas por um MIT de 1CV, a partir dos valores das tenses aplicadas,

equilibradas ou no, e do valor da carga no seu eixo.

Para tal desenvolvimento, uma bancada de ensaios foi montada para o

levantamento dos dados experimentais, necessrios para o treinamento e validao

da RNA.

Por fim, com a utilizao de uma RNA, a relao entre as tenses de

alimentao e as correntes em cada fase estabelecida e o resultado desta

modelagem comparado aos resultados de simulaes de um modelo dinmico.

10

1.3 TRABALHOS PUBLICADOS EM EVENTOS CIENTFICOS

A seguir tem-se o artigo publicado em congresso relativo divulgao dos

resultados desta dissertao:

OLIVEIRA, J. E. A., SERNI, P. J. A., ULSON, J. A. C., ANDREOLI, A. L.,

AGUIAR, P. R. e GOEDTEL, A., Modelagem de um Motor de Induo Trifsico

Acionado com Tenses Desequilibradas por meio de Redes Neurais Artificiais. In:

Conferncia Internacional de Aplicaes Industriais IX INDUSCON, So Paulo,

2010.

11

2. REVISO BIBLIOGRFICA E ESTADO DA ARTE

2.1 MOTOR DE INDUO OPERANDO COM TENSES

DESEQUILIBRADAS

Em 1936, REED e KOOPMAN realizaram um dos primeiros estudos do motor

de induo operando com tenso desequilibrada. O mtodo utilizado foi o das

componentes simtricas, e eles concluram que a eficincia do motor diminui sob

tenses desequilibradas devido divergncia dos torques gerados pelas tenses de

sequncia positiva e negativa.

WILLIAMS (1954) realizou uma avaliao quantitativa das perdas num motor

sob vrios nveis de tenses desequilibradas utilizando o mtodo de componentes

simtricas. O processo dividido em cinco etapas:

Determinao das componentes de seqncia positiva e negativa das

tenses, utilizando mtodo grfico;

12

Clculo das impedncias de seqncia positiva e negativa do motor;

Determinao das componentes de seqncia positiva e negativa das

correntes;

Avaliao das trs correntes de linha das componentes;

Determinao das perdas no motor.

A partir destas avaliaes, foi definida uma expresso para o clculo das

perdas no motor provocadas pelas componentes de seqncia negativa:

[ ]12

).1()2).(cos.(..3 RssZZ

VPerdas AO

=

(2.1)

V-AO = tenso de seqncia negativa [V]

Z- = impedncia de seqncia negativa []

cos - = fator de potncia de seqncia negativa

s = escorregamento

R1 = Resistncia do estator []

As concluses finais do trabalho de WILLIAMS (1954) foram que a carga no

eixo do motor no interfere nas perdas devido ao desequilbrio das tenses; que

pequenos desequilbrios nas tenses provocam elevados desequilbrios nas

correntes de linha.

No trabalho de GAFFORD (1959) foi realizada uma pesquisa sobre o

comportamento da temperatura em um motor operando com tenses

desequilibradas, onde foram realizados testes em um motor de induo trifsico de

10HP, 220V, 6 plos, ligado em tringulo. Sua concluso foi que quanto maior o

desequilbrio de tenso, maior era o aumento de temperatura no motor de induo

trifsico e que este aquecimento era devido principalmente s perdas no cobre dos

enrolamentos do motor.

BERNDT (1963) realizou testes com motores de induo trifsicos, operando

com tenses desequilibradas, com o objetivo de definir uma expresso para calcular

a potncia reduzida do motor, nestas condies, denominado em ingls como

13

derating. Os testes foram realizados com trs motores de 5HP, 220V, 1800rpm,

ligados em Y, onde foi determinada a taxa de elevao de temperatura dos motores,

com as temperaturas sendo medidas pela variao da resistncia do enrolamento e

com termopares.

A expresso definida foi:

=

s

sRI

s

sRIP rrrr

2

1.'.)'(

1.'.)'( 2

2

21

2

1 (2.2)

Ir1 = corrente no rotor de seqncia positiva [A]

Ir2 = corrente no rotor de seqncia negativa [A]

Rr1 = resistncia do rotor de seqncia positiva []

Rr2 = resistncia do rotor de

seqncia negativa []

s = escorregamento

Alm da expresso para o clculo da potncia reduzida, o trabalho de

BERNDT (1963) destacou a necessidade de reviso das normas para definir valores

de desequilbrios permitidos, e que, se o desequilbrio das tenses existir e no

puder ser evitado, uma alternativa superestimar a potncia do motor.

A pesquisa de WOLL (1975) demonstrou que os efeitos prejudiciais da tenso

desequilibrada na operao do motor de induo polifsico podem ser obtidos a

partir da decomposio das componentes de seqncia positiva e negativa.

medida que o desequilbrio de tenso aumenta, a tenso de seqncia positiva

diminui e a de seqncia negativa, aumenta. Ambas as variaes so prejudiciais ao

bom funcionamento do motor.

Foi mostrada tambm uma curva com o comportamento das perdas no motor

e do aquecimento em funo do desequilbrio da tenso (Figura 2.1), e outra curva

onde foi mostrado o comportamento da vida do isolamento dos enrolamentos do

motor em funo do desequilbrio da tenso, para cada duas classes de isolao e

dois fatores de servio diferentes (Figura 2.2).

14

FIGURA 2.1 Comportamento do aquecimento e das perdas no motor em funo do desequilbrio de tenses.

FONTE: Woll, 1975.

LEE (1997) investigou os efeitos de diferentes tenses desequilibradas com o

mesmo fator de desequilbrio de tenso (VUF Voltage Unbalanced Factor) no

desempenho de um motor trifsico, e seus efeitos no sistema de alimentao. Para

isto, foi realizado um teste de carga para medir o desempenho de um motor de

induo trifsico sob oito condies diferentes de desequilbrio de tenses:

Desequilbrio de subtenso numa nica fase (1-UV);

Desequilbrio de subtenso em duas fases (2-UV);

Desequilbrio de subtenso em trs fases (3-UV);

Desequilbrio de sobretenso numa nica fase (1-OV);

Desequilbrio de sobretenso em duas fases (2-OV);

Desequilbrio de sobretenso em trs fases (3-OV);

Desequilbrio no ngulo de fase numa nica fase (1-A);

Desequilbrio no ngulo de fase em duas fases (2-A);

DESEQUILBRIO DE TENSO (%)

Norma NEMA

AU

ME

NT

O (

%)

Aquecimento no motor

Perdas no motor

15

Um dos resultados do trabalho de LEE (1997) foi que para um mesmo fator de

desequilbrio, o aumento da tenso de sequncia positiva provoca um aumento no

rendimento e uma diminuio do fator de potncia do motor. Outra concluso foi que

o comportamento do aumento de temperatura no motor era diferente para cada

condio de desequilbrio de tenses, sendo que os casos de desequilbrio com sub-

tenses provocavam os maiores aumentos de temperatura. Alm disto, o autor

verificou que o desequilbrio de tenses no motor no s provoca a perda de

potncia, como tambm o aumento no consumo de energia, provocando

instabilidade de sistema de alimentao.

O trabalho de EGUILUZ (1999) verificou que o motor de induo operando

com desequilbrio de tenses, tinha seu fator de potncia alterado, provocando o

aumento da quantidade de energia reativa exigida, o que aumentava os valores de

correntes do circuito.

Em 1999, LEE realizou outra investigao do comportamento do motor de

induo operando com tenses desequilibradas, onde novas condies foram

estabelecidas:

Mesmo fator de desequilbrio de tenso (VUF) com diferentes valores de

tenses;

Uma nica tenso desequilibrada, com diferentes graus de desequilbrio;

Mesma tenso de seqncia positiva, com diferentes tenses de

seqncia negativa.

As concluses do autor foram que para uma correta anlise os efeitos do

desequilbrio de tenso nos motores, tanto as tenso de seqncia positiva, quanto

s de seqncia negativa devem ser consideradas, e que as tenses

desequilibradas provocam um aumento excessivo de temperatura no motor e

diminuem a vida til do mesmo.

Nas pesquisas de DYMOND e STRANGES (2005) foram realizados testes em

um motor de induo trifsico de 1500HP, 4 polos, sob trs diferentes nveis de

desequilbrio de tenso,

no estator e no rotor, velocidade

Os resultados foram apresentados em um grfico, onde se mostrou o

comportamento do aumento d

do desequilbrio de tenso (Figura 2.

Uma das concluses de

fsica do rotor gaiola de esquilo influencia n

temperatura do motor, em condies de desequilbrio. Outro resultado

foi que o desequilbrio de tenso afeta as perdas

vibrao, a pulsao no torque, o escorregamento e o torque de partida do motor.

FIGURA 2.2 Comportamento

O trabalho de FAIZ e EBRAHIMPOUR (200

desequilbrio de tenso, a carga do motor deve ser reduzida de acordo com o fator

AU

ME

NT

O D

E T

EM

PE

RA

TU

RA

(C

)

desequilbrio de tenso, com o objetivo de apresentar o resultado do aquecimento

no estator e no rotor, velocidade-torque e o desempenho com rotor bloqueado.

Os resultados foram apresentados em um grfico, onde se mostrou o

o aumento da temperatura no motor, em vrios pontos

quilbrio de tenso (Figura 2.2).

Uma das concluses de DYMOND e STRANGES (2005)

fsica do rotor gaiola de esquilo influencia no comportamento do

, em condies de desequilbrio. Outro resultado

desequilbrio de tenso afeta as perdas no cobre, o aquecimento, o rudo, a

vibrao, a pulsao no torque, o escorregamento e o torque de partida do motor.

Comportamento do aumento da temperatura no motor, em vrios pontosfuno do desequilbrio de tenses.

FONTE: Dymond e Stranges, 2005.

O trabalho de FAIZ e EBRAHIMPOUR (2006) prope que, sob condies de

desequilbrio de tenso, a carga do motor deve ser reduzida de acordo com o fator

DESEQUILBRIO DE TENSO (%)

Barramento do rotor

Enrolamento do estator

Anel final _

Ncleo_

16

o resultado do aquecimento

esempenho com rotor bloqueado.

Os resultados foram apresentados em um grfico, onde se mostrou o

em vrios pontos, em funo

DYMOND e STRANGES (2005) foi que a estrutura

comportamento do aumento de

, em condies de desequilbrio. Outro resultado deste artigo

, o aquecimento, o rudo, a

vibrao, a pulsao no torque, o escorregamento e o torque de partida do motor.

em vrios pontos, em

FONTE: Dymond e Stranges, 2005.

) prope que, sob condies de

desequilbrio de tenso, a carga do motor deve ser reduzida de acordo com o fator

17

de reduo de potncia do motor (derating), melhorando o seu rendimento e

garantindo a sua operao segura.

SERNI (2006) realizou uma investigao sobre os efeitos do desequilbrio de

tenses em cargas industriais trifsicas, onde verificou que o torque eletromagntico

de um motor de induo trifsico, alimentado com tenses desequilibradas, em

regime permanente, oscila prximo do valor do torque de carga e que esta oscilao

indica a existncia de uma componente de 120Hz no torque eletromagntico. Esta

componente pode ser atribuda existncia das componentes de sequncia inversa

presentes nas tenses desequilibradas.

Em 2008, MACHADO desenvolveu um estudo sobre o impacto de tenses

desequilibradas no desempenho dos motores de induo trifsicos, utilizando o

modelamento clssico, por meio do programa Matlab/Simulink, e tambm propondo

um modelamento, onde foi utilizado um circuito equivalente que levava em

considerao as perdas no ferro do estator.

O artigo conclui que na presena de componentes de seqncia negativa, a

corrente de estator sofre um aumento significativo, que eleva as perdas por efeito

Joule no rotor e no estator. Outro efeito secundrio deste fenmeno reduo da

vida til do isolamento da mquina.

Tambm foi constatado que quando submetido a tenses desequilibradas, o

torque eletromagntico do motor torna-se pulsante, aumentando assim a vibrao e

gerao de rudo.

O autor conclui tambm que, operando sob desequilbrio de tenso, o

rendimento do motor tem uma reduo de aproximadamente 9%. Esta reduo de

aproximadamente 12,84%, quando se considera as perdas no ferro do rotor.

18

2.2 MODELAMENTO MATEMTICO DO MOTOR DE INDUO

Em 1918, FORTESCUE publicou seu clssico artigo sobre o mtodo das

componentes simtricas. Este mtodo de transformao encontrou imediata

aplicao na anlise da operao desequilibrada de mquinas de induo.

No final dos anos 20, PARK (1929) revolucionou a anlise de mquinas

eltricas, quando formulou um sistema de transformao linear, que transformava as

variveis girantes do rotor de uma mquina sncrona, em variveis pseudo-

estacionrias. Nesta transformao, o referencial bifsico convertido para um

sistema de 2 vetores ortogonais e que giram em sincronismo com a freqncia da

rede.

Em 1938, STANLEY apresentou uma mudana de variveis que

transformavam as variveis girantes do rotor de uma mquina de induo, em um

sistema de coordenadas estacionrias.

Em 1943, CLARKE apresentou um mtodo para transformar o sistema

trifsico varivel num sistema de 2 vetores ortogonais e estacionrios, como uma

mquina C.C.

KRON (1951) introduziu uma mudana de variveis na qual transformava as

variveis do estator e do rotor de uma mquina de induo simtrica para

coordenadas rotativas em sincronismo com o campo girante.

BARBI (1985) apresentou um estudo dos princpios bsicos dos fenmenos

associados a converso eletromecnica de energia que seriam empregados no

modelamento da mquina de induo.

KRAUSE (1995) apresentou uma anlise de mquinas eltricas utilizando a

teoria do sistema de coordenadas arbitrrias. Sua tcnica de modelamento do motor

de induo trifsico o mtodo usado no software Matlab/Simulink, que foi utilizado

neste trabalho.

19

ONG (1997) apresentou tcnicas de modelamento e simulao de mquinas

eltricas utilizando o software Matlab/Simulink.

2.3 REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

Em 1943, o neurofisiologista McCulloch e o matemtico Walter Pitts,

realizaram um trabalho que fazia uma analogia entre clulas vivas e o processo

eletrnico, simulando o comportamento do neurnio natural, onde o neurnio

possua apenas uma sada, que era uma funo do valor de suas diversas entradas.

Da surgiu o modelo do neurnio artificial (LOURENO, 2010).

Em 1949, o psiclogo Donald Hebb demonstrou que a capacidade da

aprendizagem em redes neurais biolgicas vem da alterao da eficincia sinptica,

isto , a conexo somente reforada se tanto as clulas pr-sinpticas quanto as

ps-sinpticas estiverem excitadas. Hebb foi o primeiro a propor uma lei de

aprendizagem especfica para as sinapses dos neurnios (LOURENO, 2010).

Em 1951, aconteceu a construo do primeiro neuro-computador,

denominado Snark, por Mavin Minsky. O Snark operava ajustando seus pesos

sinpticos automaticamente (LOURENO, 2010).

Ashby (1952) publicou o livro Design for a Brain: The Origin of Adaptive

Behavior. O livro mostra que o comportamento adaptativo no inato, mas sim

aprendido, e que atravs da aprendizagem o comportamento de um sistema muda

para melhor. Isto definiu os conceitos de adaptabilidade dos seres vivos, onde a vida

e a inteligncia podem desenvolver-se em qualquer sistema fsico se forem

cumpridos determinados limites fisiolgicos (LOURENO, 2010).

Em 1954, Minsky escreveu uma tese intitulada Theory of Neural-Analog

Reinforcement System and Its Application to The Brain-Model Problem, sendo o

20

primeiro a usar o termo redes neurais. Tambm em 1954, Garbor props os

conceitos de filtros adaptativos no lineares (ULSON, 2002).

Em 1956, Taylor iniciou o trabalho sobre memrias associativas neurais, que

so modelos do fenmeno biolgico que permite o armazenamento de padres e a

recordao destes aps a apresentao de uma verso ruidosa ou incompleta de

um padro armazenado (ULSON, 2002).

Rosemblatt (1958) mostrou em seu livro Principles of Neurodynamics o

modelo dos "Perceptrons". Nele, os neurnios (Perceptron) eram organizados em

camada de entrada e sada, onde os pesos das conexes eram adaptados a fim de

se atingir a eficincia sinptica usada no reconhecimento de caracteres

(LOURENO, 2010).

Em 1960 surgiu a rede ADALINE (ADAptative LInear NEtwork) e o

MADALINE (Many ADALINE), proposto por Widrow e Hoff. O ADALINE/MADALINE

utilizou sadas analgicas em uma arquitetura de trs camadas (ULSON, 2002).

Em 1969, Minsky e Papert publicaram um livro que constata que um neurnio

do tipo Perceptron s capaz de resolver problemas com dados de classes

linearmente separveis, salientando as limitaes quanto a computadores e

estaes de trabalhos para conduzir experimentos nesta rea. Aps a publicao

deste livro, e tambm, por no haver suporte financeiro para conduzir projetos nesta

rea, as pesquisas com RNA ficaram esquecidas at o incio de 1980 (LOURENO,

2010).

Em 1974, Werbos descreveu o algoritmo de propagao do erro

(Backpropagation), que se baseia na heurstica do aprendizado por correo de erro,

onde este retro-propagado da camada de sada para as camadas intermedirias

da RNA. Este algoritmo s foi redescoberto em 1986 (ULSON, 2002).

21

Em 1980, Grossberg estabelece a teoria da ressonncia adaptativa (ART),

que envolvia uma camada de reconhecimento e uma camada de generalizao,

onde se aplicava um princpio de auto-organizao (LOURENO, 2010).

Em 1982, foram publicados os trabalhos do fsico e bilogo Hopfield relatando

a utilizao de redes simtricas para otimizao, atravs de um algoritmo de

aprendizagem que estabilizava uma rede binria simtrica com realimentao. Esta

particular classe de redes neuronais com realimentao atraiu grande ateno nos

anos 80, tornando-se conhecida como redes de Hopfield (LOURENO, 2010).

Rumelhart, Hinton e Williams (1986) introduziram o poderoso mtodo de

treinamento denominado Backpropagation. Neste mesmo ano, Rumelhart e

McClelland escreveram o livro Processamento Paralelo Distribudo: Exploraes na

Microestrutura do Conhecimento (LOURENO, 2010).

Broomhead e Lowe (1988) descreveram um procedimento para o projeto de

uma rede neural (feedforward) usando funes de base radial (Radial Basis Function

- RBF), que proporcionou um Perceptron alternativo. Eles aplicaram as RNA na rea

de anlise numrica e de filtros adaptativos lineares. Um trabalho suplementar

apareceu em 1990 com Poggio e Girosi, que enriqueceram a teoria de redes RBF

aplicando a teoria da regularizao de Tikhonov (ULSON, 2002).

22

3. MODELAMENTO MATEMTICO DO MOTOR DE

INDUO TRIFSICO

3.1 INTRODUO

Para que se possa representar matematicamente a mquina em estudo,

sero feitas algumas hipteses simplificativas, sem as quais as expresses seriam

extremamente complexas (BARBI, 1985):

Os enrolamentos do estator so todos iguais;

Os enrolamentos do rotor so todos iguais;

Os ngulos eltricos entre os enrolamentos so iguais, tanto no estator

quanto no rotor;

O entreferro considerado constante;

O circuito magntico considerado ideal. A saturao no existe;

A densidade de fluxo magntico no entreferro radial e senoidal;

23

A mquina ser considerada bipolar;

No sero consideradas as perdas magnticas.

Na Figura 3.1 tem-se a representao de uma mquina de induo trifsica

simtrica com dois plos e seus enrolamentos conectados em estrela, onde as, bs e

cs so os eixos de coordenadas com referencial estatrico e ar, br e cr so os eixos

de coordenadas com referencial rotrico (KRAUSE, 1995).

FIGURA 3.1 Representao de uma mquina de induo trifsica de 2 polos em estrela.

FONTE: Krause, 1995.

24

onde:

Ns = Nmero de espiras do enrolamento do estator;

Nr = Nmero de espiras do enrolamento do rotor;

rs = Resistncia eltrica do enrolamento do estator [];

rr = Resistncia eltrica do enrolamento do rotor [].

Sendo o estator alimentado por uma fonte de tenso trifsica equilibrada e os

enrolamentos do rotor curto-circuitados, tm-se correntes equilibradas percorrendo

os enrolamentos do estator. Tais correntes iro gerar uma fora magneto motriz

(FMM) girante no entreferro, com velocidade sncrona (ns).

Considerando o rotor girando em uma velocidade constante (n) no mesmo

sentido do campo girante do estator. A diferena entre a velocidade sncrona (ns) e a

velocidade do rotor denominada escorregamento (s). O escorregamento

normalmente expresso como uma relao com a velocidade sncrona, podendo ser

determinado, como:

s

s

n

nns

=

s = escorregamento

ns = velocidade sncrona [RPM]

n = velocidade do rotor [RPM]

(3.1)

Com a diferena de velocidade entre o campo girante do estator a rotao do

rotor, sero induzidas correntes equilibradas nos enrolamentos curto-circuitados do

rotor. A frequncia das correntes no rotor ser a diferena entre as velocidades,

podendo ser determinada em funo do escorregamento.

er fsf .=

fr = frequncia no rotor [Hz]

s = escorregamento

fe = frequncia no estator [Hz]

(3.2)

25

Assim, as correntes induzidas no rotor iro criar uma FMM que gira na

velocidade determinada pela frequncia das correntes no rotor. A interao entre a

FMM no estator com a FMM no rotor ir produzir um torque constante que mantm a

rotao do motor. Este torque denominado torque assncrono, e existe em

qualquer velocidade do rotor diferente da velocidade sncrona (FITZGERALD, 2006).

As indutncias prprias de todos os enrolamentos so consideradas

constantes, desta forma, no existir o torque de relutncia. Sendo os enrolamentos

do estator iguais, suas indutncias prprias tambm sero iguais. Assim tm-se:

cscsbsbsasas LLL == (3.3)

Sendo:

mslsasas LLL += Lls = indutncia de disperso do estator [H]

Lms = indutncia de magnetizao do estator [H] (3.4)

onde:

g

rlNL sms

0

2

.2

=

Ns = nmero de espiras do enrolamento do estator

0 = permeabilidade no ar livre

r = raio mdio do entreferro

l = comprimento axial do entreferro

g = distncia uniforme do entreferro

(3.5)

Da mesma forma, todas as indutncias mtuas do estator sero iguais,

sendo:

msasbs LL2

1= (3.6)

26

O mesmo acontece no rotor, onde:

mrrarar LLL += (3.7)

g

rlNL rmr

0

2

.2

=

(3.8)

mrarbr LL2

1=

(3.9)

As indutncias mtuas entre os enrolamentos do estator e do rotor podem ser

determinadas por:

rsrcscrbsbrasar LLLL cos=== (3.10)

+===

3

2cos

rsrcsarbscrasbr LLLL

(3.11)

===

3

2cos

rsrcsbrbsarascr LLLL

(3.12)

onde:

g

rlNNL rssr

0.2

.2

= (3.13)

Assim, as equaes de tenso podem ser definidas como:

dt

driv assasas

+= . (3.14)

dt

driv bssbsbs

+= . (3.15)

dt

driv csscscs

+= . (3.16)

27

dt

driv arrarar

+= . (3.17)

dt

driv brrbrbr

+= .

(3.18)

dt

driv crrcrcr

+= .

(3.19)

onde:

crascrbrasbrarasarcsascsbsasbsasasasas iLiLiLiLiLiL ...... +++++= (3.20)

Com as equaes de tenses definidas, as equaes de fluxo concatenado

no estator e no rotor, no formato matricial, sero:

( )

=

abcr

abcs

r

T

sr

srs

abcr

abcs

i

i.

LL

LL

(3.21)

Sendo:

[ ]Tcsbsasabcs = = fluxo concatenado estatrico por fase

(3.22) [ ]Tcrbrarabcr = = fluxo concatenado rotrico por fase

[ ]Tcsbsasabcs iiii = = vetor corrente de estator por fase

[ ]Tcrbrarabcr iiii = = vetor corrente de rotor por fase

As submatrizes de indutncias estator-estator e rotor-rotor (indutncias

prprias) e estator-rotor (indutncia mtua) podem ser representadas por:

28

+

+

+

=

mslsmsms

msmslsms

msmsmsls

s

LLLL

LLLL

LLLL

2

1

2

12

1

2

12

1

2

1

L

(3.23)

+

+

+

=

mrlrmrmr

mrmrlrmr

mrmrmrlr

r

LLLL

LLLL

LLLL

2

1

2

12

1

2

12

1

2

1

L

(3.24)

+

+

+

+

=

rrr

rrr

rrr

srsr L

cos3

2cos

3

2cos

3

2coscos

3

2cos

3

2cos

3

2coscos

.L (3.25)

Lls = indutncia de disperso estatrica [H] Lms = indutncia mtua estatrica [H]

Llr = indutncia de disperso rotrica [H] Lmr = indutncia mtua rotrica [H]

Ls = indutncia prpria do estator [H] Lsr = indutncia mtua rotrica/estatrica [H]

Lr = indutncia prpria do rotor [H]

Desprezando-se as perdas de entreferro e magnticas, podemos representar

as indutncias mostradas anteriormente, em funo do nmero de espiras do

enrolamento do estator (Ns), do enrolamento do rotor (Nr), e da permencia do

entreferro (Pg), com as seguintes relaes (MINOTTI, 2008):

29

gss PNL .2= (3.26)

=

3

2cos..2

gsms PNL (3.27)

grssr PNNL ..= (3.28)

grr PNL .2= (3.29)

=

3

2cos..2

grmr PNL (3.30)

Pode-se verificar a mquina idealizada descrita por seis equaes

diferenciais de 1 ordem, uma para cada fase do enrolamento do estator e do rotor.

Estas equaes diferenciais so acopladas uma outra atravs das indutncias

mtuas existentes entre os enrolamentos, particularmente nos termos de

acoplamento estator-rotor, que so funo da posio rotrica. Assim, quando o

rotor gira, estes termos que acoplam as equaes variam em funo do tempo

(ONG, 1997).

As transformaes matemticas como qd0 ou 0 sero usadas para facilitar

a resoluo tornando as equaes diferenciais com coeficientes variveis no tempo

em equaes diferenciais com coeficientes constantes (MINOTTI, 2008).

Estas transformaes tm a finalidade de estabelecer modelos mais simples a

partir do modelo original para estudo do comportamento da mquina (BARBI, 1995).

3.2 TRANSFORMAO 0

A primeira transformao com o objetivo de se obter modelos mais

adequados e simples para a anlise da mquina de induo a transformao 0.

30

Fisicamente, a mquina simtrica trifsica convertida em uma mquina

simtrica bifsica, de mesma potncia mecnica, torque, velocidade e nmero de

plos. Assim, conhecida tambm como transformao trifsica-bifsica (BARBI,

1985).

Desta forma, o MIT ser visto como se fosse constitudo apenas por duas

bobinas fictcias defasadas espacialmente de 90, nos enrolamentos estatrico e

rotrico ao invs do sistema original, de 3 eixos defasados de 120 entre si.

FIGURA 3.2 Representao de um sistema trifsico simtrico e sua respectiva representao num sistema bifsico simtrico.

FONTE: Barbi, 1985.

Entretanto, a transformao 0 ser apenas uma das etapas para a

transformao qd0, que ser base do modelamento matemtico do MIT.

31

3.3 TRANSFORMAO qd0

A transformada de Park (qd0) transforma a mquina bifsica com

enrolamentos estatricos fixos e enrolamentos rotricos girantes, em

enrolamentos estatricos fixos e rotricos pseudo-estacionrios (BARBI,

1985).

As correntes dos enrolamentos fixos tero freqncias diferentes das

correntes de enrolamentos girantes. O sistema de coordenadas qd0

tradicionalmente escolhido em virtude da sua convenincia para a representao de

outros elementos. Assim, para se analisar o MIT, sero utilizados os referenciais

sncrono e estacionrio. Deste modo, para anlise de transitrios, melhor o

referencial fixo; j para regime permanente o referencial sncrono tem melhores

atributos (ONG, 1997).

O sistema de coordenadas arbitrrias formado pelo eixo q (quadratura), pelo

eixo d (direto) e zero. Aqui, salienta-se a incluso da componente de seqncia

zero, importante para a anlise de sistemas assimtricos ou desbalanceados

(MINOTTI, 2008).

Matematicamente, a componente de seqncia zero vem de uma condio da

inverso da matriz de transformao.

Estabelecendo uma varivel que faa a correspondncia biunvoca entre os

sistemas de coordenadas abc e qd0 (GOEDTEL, 2003), tem-se:

abcsssqd fKf .0 = K = relao entre as variveis de ambos os sistemas de coordenadas

(3.31)

onde:

( ) [ ]sdsqs

T

sqd fff 00 =f (3.32)

( ) [ ]csbsasT

abcs fff=f (3.33)

32

A matriz de transformao Ks definida por:

+

+

=

2

1

2

1

2

13

2

3

2

3

2cos

3

2coscos

3

2

sensensensK (3.34)

E a sua matriz inversa ser:

( )

+

+

=

13

2

3

2cos

13

2

3

2cos

1cos1

sen

sen

sen

sK (3.35)

A Figura 3.3 representa a relao entre os dois sistemas de coordenadas.

FIGURA 3.3 Relao entre as coordenadas abc e qd0.

FONTE: Krause, 1995.

33

A potncia total instantnea pode ser expressa nas variveis abc como:

cscsbsbsasasabcs ivivivP ... ++= (3.36)

J a potncia total instantnea pode ser expressa nas variveis qd0,

substituindo a expresso (3.31) em (3.36):

( )ssdsdsqsqssqd ivivivP 000 .2..

2

3++= (3.37)

Todas as variveis do rotor referenciadas ao estator sero:

abcr

r

sabcr v

N

Nv ='

(3.38)

abcr

s

rabcr i

N

Ni ='

(3.39)

abcr

r

sabcr

N

N ='

(3.40)

As indutncias mtuas e de magnetizao podero ser definidas como:

+

+

+

=

=

mslrmsms

msmslrms

msmsmslr

r

r

sr

LLLL

LLLL

LLLL

N

N

'2

1

2

12

1'

2

12

1

2

1'

'

2

LL

(3.41)

34

+

+

+

==

=

rrr

rrr

rrr

mssr

r

s

sr LN

N

cos3

2cos

3

2cos

3

2coscos

3

2cos

3

2cos

3

2coscos

' LL (3.42)

As equaes de fluxo concatenado podem ser expressas como:

( )

=

abcr

abcs

r

T

sr

srs

abcr

abcs

'.

'

'

' i

i

LL

LL

(3.43)

E as equaes das tenses sero:

( )

+

+=

abcr

abcs

rr

T

sr

srss

abcr

abcs

pp

pp

'.

'''

'

' i

i

LrL

LLr

v

v (3.44)

onde:

r

r

sr

N

Nrr

2

'

= (3.45)

A equao do torque eletromagntico pode ser expressa como:

( ) [ ]abcrsr

r

T

abcsmec

PT ''..

2iLi

= (3.46)

35

O torque eletromagntico e a velocidade do rotor podem ser relacionados em:

Lrmec TpP

JT +

= .

2.

Tmec = torque eletromagntico [N.m]

TL = torque de carga [N.m]

J = momento de inrcia do rotor [kg.m2]

P = nmero de plos

r = velocidade angular do rotor [rad/s]

(3.47)

3.4 EQUAES DE TRANSFORMAO DO ROTOR

Estabelecendo as mesmas relaes para a mudana de variveis do rotor,

tem-se:

abcrrrqd '.' 0 fKf = (3.48)

onde:

( ) [ ]rdrqr

T

rqd fff 00 '''' =f (3.49)

( ) [ ]crbrarT

abcr fff '''' =f (3.50)

+

+

=

2

1

2

1

2

13

2

3

2

3

2cos

3

2coscos

3

2

sensensenrK

(3.51)

r = (3.52)

36

A sua matriz inversa ser:

( )

+

+

=

13

2

3

2cos

13

2

3

2cos

1cos

1

sen

sen

sen

rK (3.53)

A Figura 3.4 representa a relao entre os dois sistemas de coordenadas nas

variveis do rotor.

FIGURA 3.4 Relao das variveis do rotor nas coordenadas abc e qd0.

FONTE: Krause, 1995.

As equaes de tenso no sistema de coordenadas qd0, podem ser

representadas por:

sqddqssqdssqd p 000 . irv ++= (3.54)

( ) rqddqrrrqdrrqd p 000 '''.'' irv ++= (3.55)

37

onde:

( ) [ ]0qsdsTdqs = (3.56)

( ) [ ]0''' qrdrTdqr =

As equaes de fluxo concatenado nas coordenadas qd0 podem ser

expressas como:

( ) ( )( ) ( ) ( )

=

rqd

sqd

rrrs

T

srr

rsrssss

rqd

sqd

0

0

11

11

0

0

'.

''

'

' i

i

KLKKLK

KLKKLK

(3.57)

onde:

( )

+

+

=

ls

Mls

Mls

sss

L

LL

LL

00

00

001

KLK

(3.58)

( )

+

+

=

lr

Mlr

Mlr

rrr

L

LL

LL

'00

0'0

00'

'1

KLK

(3.59)

( ) ( ) ( )

==

000

00

00

''11

M

M

s

T

srrrsrs L

L

KLKKLK

(3.60)

msM LL2

3=

(3.61)

38

Como normalmente os parmetros do sistema so expressos em unidades de

impedncia, conveniente substituir as indutncias por suas respectivas reatncias,

nas equaes. Assim, as equaes de tenso no sistema de coordenadas qd0,

podem ser representadas por:

sqdb

dqs

b

sqdssqd

p000 . irv

++= (3.62)

rqd

b

dqr

b

rrqdrrqd

p000 '''.'' irv

+

+= (3.63)

Onde o fluxo concatenado por segundo, com unidade em volt, definido

como:

( )qdrqdsMsqdlssqd XX '.. 00 iii ++=

(3.64)

( )qdrqdsMrqdlrsqd XX '.'.'' 00 iii ++=

Na forma matricial, o fluxo concatenado por segundo pode ser definido como:

=

r

dr

qr

s

ds

qs

lr

rrM

rrM

ls

Mss

Mss

r

dr

qr

s

ds

qs

i

i

i

i

i

i

X

XX

XX

X

XX

XX

0

0

'

0

0

'

'

'.

00000

0'000

00'00

00000

0000

0000

'

'

' (3.65)

39

onde:

Mlsss XXX += (3.66)

Mlrrr XXX += ''

(3.67)

lr

r

sblr L

N

NX .'

2

= (3.68)

Finalmente, o torque eletromagntico pode ser determinado por:

( )qrdrdrqrb

mec iiP

T '.''.'.1

.2

.2

3

=

(3.69)

Com as equaes mostradas neste desenvolvimento possvel simular o

comportamento eltrico e mecnico do MIT.

Um dos objetivos deste trabalho simular o comportamento do MIT, em

regime permanente, alimentado com tenses senoidais desequilibradas, numa

frequncia de 60Hz, utilizando o programa Matlab/Simulink, que tem como base, o

modelamento matemtico visto neste captulo.

40

4. REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

4.1 INTRODUO

A reproduo de inteligncia em mquinas construdas pelo homem um dos

objetivos mais desejados pelos pesquisadores e cientistas. Assim, a inteligncia

artificial recebeu inmeras definies, dentre elas destacam-se (ULSON, 2002):

Inteligncia artificial o estudo das faculdades mentais atravs do uso

de modelos Computacionais (Charniak e McDermott, 1985);

Inteligncia artificial o estudo de como fazer os computadores

realizarem tarefas que, no momento, so feitas por pessoas (Rich,

1983);

Inteligncia artificial o estudo das idias que permitem habilitar os

computadores a fazerem coisas que tornam as pessoas inteligentes

(Winston, 1977);

41

Inteligncia artificial o campo de conhecimentos onde se estudam

sistemas capazes de reproduzir algumas das atividades mentais

humanas (Nilsson, 1986).

O conceito de inteligncia artificial passou a atuar nos nveis mais elevados

de inteligncia, como o raciocnio lgico e o conhecimento. Os nveis mais bsicos

da inteligncia, como a percepo, o reconhecimento de padres e a aprendizagem,

receberam outra denominao: Inteligncia Computacional.

Assim, a inteligncia computacional busca, atravs de tcnicas inspiradas na

natureza, o desenvolvimento de sistemas inteligentes que imitem aspectos bsicos

do comportamento humano, tais como: aprendizado, percepo, evoluo e

adaptao.

A inteligncia computacional composta por diversas linhas de

desenvolvimento, tais como:

Redes Neurais Artificiais (Artificial Neural Networks);

Lgica Nebulosa (Fuzzy Logic);

Computao Evolucionria:

Algoritmo Gentico;

Programao Gentica;

Aprendizado de Mquina (Machine Learning);

Sistemas Hbridos.

As Redes Neurais Artificiais (RNA) so modelos computacionais inspirados no

crebro humano e que possuem a capacidade de aquisio, manuteno e

generalizao do conhecimento. Do ponto de vista estrutural, as RNA podem ser

definidas como um conjunto de unidades processadoras (neurnios) que so

interligados por um grande nmero de interconexes (sinapses).

42

As RNA so ferramentas de inteligncia computacional que possuem um

modelo matemtico inspirado no comportamento, na estrutura cerebral e na maneira

como o crebro humano realiza suas tarefas (HAYKIN, 1999). Fazendo uma

analogia de RNA com o crebro humano, as RNA possuem caractersticas de

armazenar e aplicar o conhecimento, assim como adaptao e generalizao, com a

capacidade de aprender e tomar decises baseadas na aprendizagem.

RNA so processadores maciamente paralelos constitudos por unidades

bsicas de processamento, chamados de neurnios. A conexo existente entre os

neurnios chamada de sinapse, onde so atribudos os valores, que so

chamados de pesos sinpticos. Os pesos sinpticos so utilizados para armazenar o

conhecimento (OSRIO e BITTENCOURT, 2000). No processo de aprendizagem

das RNA, ocorrem diversas modificaes significantes nas sinapses, que acontecem

de acordo com os ajustes dos neurnios.

Fornecendo uma nova viso e alternativa ao controle convencional, essa

metodologia se tornou atraente com o aumento do poder computacional dos

microprocessadores. Vrios estudos tm mostrado alternativas ao tratamento das

no-linearidades que envolvem um sistema dinmico, cujo equacionamento

convencional passvel de falhas devido s suas aproximaes aos sistemas

lineares (GOEDTEL, 2003).

4.2 NEURNIO BIOLGICO

O crebro humano precisa de uma enorme rede de circuitos neurais

conectando suas principais reas sensoriais, isto , neurnios capazes de

armazenar, interpretar e emitir respostas eficientes a qualquer estmulo. Existem

aproximadamente quinze bilhes de neurnios no crebro humano, responsveis

por todas as funes do sistema (HAYKIN, 1999).

A estrutura bsica do neurnio composta por: corpo celular, axnio (fibra

nervosa) e dendritos. O corpo celular o centro do processo meta

partir do corpo celular projetam

dendritos. O axnio um dispositivo de sada que transmite o sinal do corpo celular

para suas extremidades. Os dendritos so dispositivos de entrada que conduz

sinais das extremidades para o corpo celular (K

O neurnio biolgico um dispositivo elementar do sistema nervoso, que

possui mltiplas entradas e somente uma sada. As entradas so dadas atravs das

sinapses, que fazem a conexo entre

transmitem sinais que so pulsos eltricos tambm conhecidos como impulsos

nervosos, que so responsveis pela informao que o neurnio processa, com o

objetivo de produzir como sada o impulso nervoso nesse axnio

2010).

FIGURA

4.3 NEURNIO ARTIFICIAL

O modelo lgico

prope simular a forma, o comportamento e as funes

estrutura bsica do neurnio artificial composta por: peso, funo somatrio e

funo de transferncia (K

A estrutura bsica do neurnio composta por: corpo celular, axnio (fibra

nervosa) e dendritos. O corpo celular o centro do processo meta

partir do corpo celular projetam-se extenses filamentares, os axnios e os

dendritos. O axnio um dispositivo de sada que transmite o sinal do corpo celular

para suas extremidades. Os dendritos so dispositivos de entrada que conduz

sinais das extremidades para o corpo celular (KOVACS, 1996).

O neurnio biolgico um dispositivo elementar do sistema nervoso, que

possui mltiplas entradas e somente uma sada. As entradas so dadas atravs das

sinapses, que fazem a conexo entre os dendritos e os axnios. Os axnios

transmitem sinais que so pulsos eltricos tambm conhecidos como impulsos

nervosos, que so responsveis pela informao que o neurnio processa, com o

objetivo de produzir como sada o impulso nervoso nesse axnio

FIGURA 4.1 Representao de um neurnio natural.

FONTE: www.profrobertabiologia.blogspot.com

NEURNIO ARTIFICIAL

O modelo lgico-matemtico desenvolvido por McCulloch e Walter Pitts

prope simular a forma, o comportamento e as funes de um neurnio biolgico. A

bsica do neurnio artificial composta por: peso, funo somatrio e

transferncia (KOVACS, 1996).

43

A estrutura bsica do neurnio composta por: corpo celular, axnio (fibra

nervosa) e dendritos. O corpo celular o centro do processo metablico da clula. A

se extenses filamentares, os axnios e os

dendritos. O axnio um dispositivo de sada que transmite o sinal do corpo celular

para suas extremidades. Os dendritos so dispositivos de entrada que conduzem os

O neurnio biolgico um dispositivo elementar do sistema nervoso, que

possui mltiplas entradas e somente uma sada. As entradas so dadas atravs das

os dendritos e os axnios. Os axnios

transmitem sinais que so pulsos eltricos tambm conhecidos como impulsos

nervosos, que so responsveis pela informao que o neurnio processa, com o

objetivo de produzir como sada o impulso nervoso nesse axnio (LOURENO,

atural.

profrobertabiologia.blogspot.com

matemtico desenvolvido por McCulloch e Walter Pitts

de um neurnio biolgico. A

bsica do neurnio artificial composta por: peso, funo somatrio e

44

Os pesos so coeficientes que se adaptam no interior da rede determinando a

intensidade do sinal de entrada. Tais intensidades podem ser alteradas de acordo

com as regras de aprendizado e a topologia da rede. A funo somatria o produto

dos pesos pelas entradas, fundamental no processamento dos elementos. A funo

de transferncia um processo algortmico que transforma o resultado da funo

somatrio em sada funcional (LOURENO, 2010).

Em uma analogia com o neurnio biolgico, os dendritos so equivalentes s

entradas, cujas ligaes com o corpo celular artificial so realizadas atravs de

elementos chamados de peso (simulando as sinapses). Os estmulos captados pelas

entradas so processados pela funo de soma, e o limiar de ativao do neurnio

biolgico ser substitudo pela funo de transferncia. O resultado ser um modelo

com inmeras entradas, que representam os dendritos e apenas uma nica sada,

que representa o axnio (LOURENO, 2010).

Assim, o neurnio artificial a unidade bsica de processamento de uma

RNA, e est associado a uma estrutura matricial, que possui uma ou mais entradas

(xN) e uma sada (yN). A cada entrada fica associado um peso sinptico (wN) que

pondera de forma quantitativa cada entrada em relao sada. O produto da

entrada pelos pesos determina a primeira operao matemtica de um neurnio

artificial (P1).

FIGURA 4.2 Representao de um neurnio artificial.

Limiar de ativao

P1 P2

45

Em seguida, no combinador linear, somam-se todos estes produtos

juntamente com um limiar de ativao do neurnio (). O resultado desta soma (uN)

a varivel independente de uma funo de ativao (g(.)) que faz a

correspondncia do somatrio anterior com a sada (yN), atuando de forma a limitar a

amplitude do sinal de sada (P2).

O funcionamento de um neurnio artificial pode ser representado

matematicamente, por:

( )

=

=

=n

i

ii xwu

ugy

1

.

y = sinal de sada do neurnio artificial

g(.) = funo de ativao

wn = peso sinptico de cada entrada

xn = sinais de entrada

n = nmero de entradas do neurnio artificial

= limiar de ativao do neurnio artificial

(4.1)

O limiar de ativao do neurnio, denominado como bias, tem o efeito de

aumentar ou diminuir os valores resultantes de soma dos produtos de todos os

vetores de entrada pelos seus respectivos pesos, dependendo se ele positivo ou

negativo, respectivamente.

As funes de ativao so escolhidas em funo do problema que a RNA

esteja tratando. Do ponto de vista funcional, a funo de ativao processa o

conjunto de entradas recebidas e o transforma em estado de ativao.

Normalmente, o estado de ativao do neurnio pode assumir os seguintes

valores:

Binrios (0 e 1)

Bipolares (-1 e 1)

Reais

46

As funes normalmente usadas como funo de ativao so mostradas na

Tabela 4.1 (ULSON, 2002):

TABELA 4.1 Funes de Ativao para RNA.

TIPO EQUAO FUNO

Degrau ( )

47

4.4 TOPOLOGIAS DAS REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

De modo abrangente, as RNA so subdivididas em funo de como so

dispostos os neurnios nas camadas e as conexes entre as mesmas. As redes

podem ter uma ou mais camadas, podem ser no-recursivas ou recursivas, e ainda

podem ser totalmente conectadas ou parcialmente conectadas. (ASSEF, 1999).

4.4.1 REDES NO-RECURSIVAS

As redes no-recursivas, tambm denominadas de redes progressivas, ou do

ingls, feedforward, so aquelas cuja configurao no tem realimentao. So

freqentemente representadas em camadas e, neste caso so chamadas redes em

camadas. O fluxo de dados flui somente na direo da entrada para sada,

propagando-se de forma unidirecional (AZEVEDO, 2000).

4.4.1.1 Redes No-recursivas com Camada nica

Nesta topologia, a rede possui uma camada de entrada e uma nica camada

de neurnios que a prpria camada de sada (Figura 4.3). Suas principais

aplicaes so em memria associativas e no reconhecimento de padres.

FIGURA 4.3 RNA no-recursiva com Camada nica.

FONTE: Ulson, 2002.

Entradas Sadas

48

4.4.1.2 Redes No-recursivas com Mltiplas Camadas

Nesta topologia, cuja denominao em ingls Feedforward Multilayer, a

rede possui uma ou mais camadas entre as unidades de entrada e a camada de

sada. Essas camadas recebem o nome de camadas escondidas (ou ocultas) e so

os principais pontos na distino desta topologia de redes. A funo das camadas

escondidas intervir entre a entrada externa e a sada da rede, adicionando-se uma

ou mais camadas escondidas, tornando a rede capaz de extrair estatsticas de

ordem elevada. A habilidade dos neurnios ocultos, de extrair estatsticas de ordem

elevada, particularmente valiosa quando o tamanho da camada de entrada

grande (HAYKIN, 1999).

Suas principais aplicaes so em reconhecimento de padres, aproximador

universal de funes e em controle. Na Figura 4.4, tm-se uma RNA progressiva

com duas camadas escondidas.

FIGURA 4.4 RNA Progressiva com Mltiplas Camadas.

FONTE: Ulson, 2002.

4.4.2 REDES RECURSIVAS

As redes recursivas, tambm denominadas como redes de retropropagao,

se distinguem das redes no-recursivas por possurem pelo menos um lao de

realimentao, ou seja, a informao que o neurnio da rede recursiva processa

Camadas escondidas

Entradas Sadas

49

utilizada por ele posteriormente. A presena dos laos de realimentao influencia

na capacidade de aprendizagem da rede e no seu desempenho.

Em determinadas configuraes, as redes de retropropagao, cuja

denominao em ingls backpropagation, tem suas sadas determinadas pela

entrada corrente e pela sada anterior, ou seja, direcionam a sada anterior de volta

para as entradas.

Na fase de treinamento, o erro calculado com a diferena entre a sada

gerada pela rede e o resultado esperado. Normalmente, o erro dos neurnios

artificiais ento propagado para trs, para uma camada anterior. Assim, este valor

retropropagado multiplicado por cada um dos pesos das conexes de chegada

para modific-los antes do prximo ciclo de aprendizagem.

FIGURA 4.5 RNA com retropropagao - Backpropagation.

FONTE: Ulson, 2002.

4.4.3 REDES TOTALMENTE CONECTADAS E PARCIALMENTE CONECTADAS

Nas redes parcialmente conectadas ficam faltando algumas conexes, ou

seja, nem todos os neurnios se conectam a todos simultaneamente. Em uma rede

totalmente conectada cada neurnio de uma camada conectado a todos os outros

neurnios (AZEVEDO, 2000).

Camadas escondidas

Sadas Entradas

Fluxo do sinal de entrada Fluxo dos sinais dos erros

50

4.5 APRENDIZADO DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

O processo de ajuste dos pesos sinpticos de uma RNA, onde so

estabelecidas as relaes entre entradas e sada denominado aprendizagem ou

treinamento.

Ele um processo gradual e iterado onde os pesos so modificados e

ajustados varias vezes, aos poucos, de acordo com uma regra de aprendizado que

possibilita a rede se auto-organizar e adquirir o conhecimento especfico para

solucionar um determinado problema (OSRIO e BITTENCOURT, 2000).

O treinamento de uma RNA acontece quando, a aplicao de um conjunto de

entradas resultar em um conjunto desejado de sadas. As entradas e sadas so

referenciadas como sendo vetores diferentes. O treinamento obtido atravs de

aplicao sucessiva de vetores na entrada enquanto se ajustam os pesos das

sinapses de acordo com o procedimento pr-estabelecido.

As principais formas de treinamento so: o treinamento supervisionado e o

treinamento no-supervisionado.

4.5.1 TREINAMENTO SUPERVISIONADO

Nesse mtodo de aprendizado, pares de entrada e sada so apresentados a

RNA, e, atravs dos pesos associados s diversas camadas, o valor de sada

calculado. Essa resposta comparada com o sinal de sada desejado, e caso sejam

diferentes, a RNA gera um sinal de erro que ser usado para calcular o ajuste que

deve ser feito nos pesos sinpticos da rede e o erro minimizado. Este processo se

repete at que a diferena entre a sada da rede e o valor desejado fique dentro de

uma margem de erro aceitvel.

Neste modelo, o algoritmo usado nos clculos para minimizao do erro

uma poderosa ferramenta matemtica derivada de tcnicas de otimizao. Outro

51

ponto importante o processo de modelagem dos sinais de entrada, que em sua

codificao determina o sucesso do treinamento nas RNA. Geralmente, os dados

apresentados s entradas so valores numricos, que so convertidos, em valores

quantificveis, a partir de estmulos oriundos do mundo real, o que extremamente

necessrio, para que os dados possam ser trabalhados pelas RNA.

4.5.2 TREINAMENTO NO-SUPERVISIONADO

Este tipo de aprendizado tambm conhecido como aprendizado auto-

supervisionado, e classifica os padres similares sem utilizar pares (entrada - sada),

isto , ao contrrio do aprendizado supervisionado, neste tipo no h uma sada

desejada. O treinamento realizado somente com um conjunto de vetores de

entrada. A rede trabalha essas entradas e se organiza de modo a classific-las

mediante algum critrio de semelhana. Esse tipo de rede utiliza os neurnios como

classificadores, e os dados de entrada como elementos de classificao.

4.6 REDE PERCEPTRON MULTICAMADA

O Perceptron a forma mais simples de RNA empregada na classificao de

padres linearmente separveis. composta basicamente de um nico neurnio

com pesos sinpticos ajustveis e uma polarizao (bias).

O algoritmo usado para ajustar os parmetros livres desta RNA foi

apresentado pela primeira vez no procedimento de aprendizagem desenvolvido por

Rosenblatt, onde ficou provado que se os padres (vetores) usados para treinar o

Perceptron so retirados de duas classes linearmente separveis, ento este

algoritmo converge e posiciona a superfcie de deciso na forma de um hiperplano