modelagem

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Apostila criada para dar suporte técnico no curso de tecnologia em design de moda.

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1 INTRODUÇÃO

A modelagem é uma das etapas mais importantes do ciclo de desenvolvimento de

um produto na Indústria do Vestuário, pois é ela quem dá vida as criações dos estilistas.

Mesmo diante de tantas tecnologias e softwares, o processo manual se faz necessário até

mesmo para que se conquiste uma maior desenvoltura para realizar esta tarefa utilizando os

sistemas CAD (Computer aided design ou desenho assistido por computador)

Este material didático, desenvolvido para o Curso de Superior de Tecnologia em

Design de Moda - Unipê, serão expostos uma série de conhecimentos teóricos que darão

suporte à prática da modelagem. Sendo assim será discutido um breve histórico da

modelagem em geral, recomendações para obter as medidas do corpo humano, tipos de

medidas, tipos e técnicas de modelagem, informações que devem constar nos moldes, dentre

outros dados relacionados às técnicas de modelagem.

A partir daí iniciam-se os exercícios práticos de modelagem feminina e masculina,

construídas na disciplina de Modelagem Básica. Ao longo do desenvolvimento dos diagramas

e dos moldes, você vai aprender a usar cada um dos materiais apresentados anteriormente.

Estes conhecimentos práticos proporcionarão então as noções necessárias para se usar a

modelagem na modelagem industrial.

2 O QUE É MODELAGEM?

A modelagem é uma técnica muito utilizada na construção de peças do vestuário e é

desenvolvida a partir de leitura de imagens, fotos ou desenhos técnicos e, posteriormente, na

interpretação de um modelo específico como bem representa a Fig. 1. Esta técnica é

multidisciplinar, sendo assim, abrange diversos estudos como morfologia (estudo das formas),

anatomia (estudo da silhueta do corpo humano), antropometria (mensuração dos corpos

humanos, dando surgimento as tabelas de medidas) e tecnologia têxtil (compreender as

propriedades dos tecidos e seu comportamento em diferentes tipos de modelagem e corpos

humanos).

Figura 1 – Processo da técnica de modelagem (desenho estilístico – desenho técnico – modelagem)

Fonte: Google

3 TÉCNICAS DE MODELAGEM

A modelagem pode ser dividida em dois planos, a Bidimensional e a Tridimensional.

A modelagem Bidimensional ou plana, pode tanto ser realizada manualmente como de forma

computadorizada e utiliza apenas as variáveis largura e altura, já a modelagem

Tridimensional, pode ser executada pela Moulage ou de forma computadorizada e utiliza as

variáveis altura, largura e a profundidade ou volume.

O plano bidimensional ou modelagem plana, utiliza os princípios da geometria para

o traçado de diagramas que resultarão em formas a envolver o corpo humano como mostra a

Fig. 2 e 3. Para o desenvolvimento da mesma, é necessário ter conhecimento da estrutura

anatômica do corpo humano, bem como de medidas que deem suporte a construção do

diagrama. Pode ser produzida manualmente sobre a base de papel ou utilizando sistema

CAD/CAM (Computer aided design/Computer aided manufacturing), denominada Modelagem

Computadorizada ou Modelagem Assistida por Computador.

Figura 2 - Modelagem bidimensional manual

Fonte: Google

Figura 3 - Modelagem bidimensional computadorizada

Fonte: Google

Já quanto o plano tridimensional, as modelagens são construídas a partir das

dimensões largura, altura e profundidade. Pode ser realizada manualmente – a partir de um

manequim ou busto de modelagem, ver Fig. 4, ou de forma computadorizada – por softwares

como o Audaces 3D, ver Fig. 5. Quando realizada manualmente, é chamada de Moulage que

é derivada da palavra moule, que significa forma. Outro termo conhecido para essa técnica é

a palavra inglesa Draping, que significa drapear e se refere à modelagem no corpo como os

antigos gregos faziam. Moulage ou draping são as palavras mais usadas para designar a

técnica de modelagem tridimensional, que consiste em moldar a roupa, a partir das formas

do corpo humano ou de um manequim, somando aos conhecimentos e técnicas da

modelagem plana.

Figura 4 – Modelagem tridimensional manual – Moulage

Fonte: Google

Figura 5 - Modelagem tridimensional computadorizada

Fonte: Google

Ainda no âmbito da modelagem tridimensional, temos a modelagem

computadorizada desenvolvida pelo software Audaces 3D, que permite visualizar a

modelagem em construção em dois ambientes, o 2D – que visualiza a modelagem plana – e o

3D – permite que a modelagem que está sendo desenvolvida no ambiente bidimensional seja,

em paralelo, representada em forma de roupa sob um corpo conforme a Fig. 6.

Figura 6 - Audaces 3D

Fonte: Adaptado do Google

Bidimensional Tridimensional

4 COMPARATIVO ENTRE AS TÉCNICAS DE MODELAGEM

Figura 7 - Comparativo entre modelagem plana, computadorizada e moulage

Fonte: Elaborado pelo autor

POSITIVO: Permite: Mais criatividade; Melhor caimento; Visualização do

produto; Já inclui os volumes;

NEGATIVO: Precisa planificar para

armazenar a modelagem;

É mais lento que o processo computadorizado;

Gera mais volume no armazenamento;

Desperdício de tecido; Depende do uso de

papéis e réguas.

POSITIVO: Não depende nem

de computador, nem de energia.

NEGATIVO: Mais lento; Não permite

visualização do produto;

Precisa adicionar os volumes;

Mais suscetível a erros;

Gera mais volume no armazenamento;

Depende do uso de papéis e réguas.

POSITIVO: Mais rápido; Mais preciso; Permite visualização do

produto; Já inclui os volumes; Gera mais lucratividade; Não depende do uso de

papéis e réguas; Simplifica as etapas; Permite prova virtual do

produto; Reduz o desperdício de

papel (mais ecológica); Faz encaixes automáticos; Maior aproveitamento;

NEGATIVO: Necessita de energia,

computador, mesa digitalizadora ou quadro digiflash e plotter.

5 TIPOS DE MODELAGEM

Existem dois tipos de modelagem, o primeiro é a Modelagem personalizada ou Sob

medida e a segunda, Modelagem industrial. A modelagem sob medida, Ver Fig 8, é utilizada

pelos alfaiates e pelos ateliês, qual utilizam para confecção das peças de roupas as medidas

específicas de um cliente, além de possuir uma pequena escala por modelo.

Figura 8 - Modelagem personalizada

Fonte: Google

Já a modelagem industrial tem sua produção em grande escala, ou seja, produz um

ou mais modelo(s) específico(s) em grande quantidade conforme a Fig. 9. Além de ter seus

produtos baseados em tabelas de medidas, que permite atender a um maior número de

pessoas por serem produzidos por médias corporais.

Figura 9 - Modelagem industrial

Fonte: Google

Modelagem industrial

6 BREVE HISTÓRICO DA MODELAGEM

A modelagem tridimensional vem sendo utilizada desde os primórdios da antiguidade.

É a primeira técnica de modelar de que se tem notícia na história do vestuário, não

exatamente na forma como a conhecemos hoje, evidentemente.

No período da Pré-história tinha-se o hábito de curtir as peles dos animais e utilizá-

las para confeccionar as roupas, estas sendo moldadas sobre o próprio corpo. Foi ainda nesse

período que surgiu a invenção da agulha de osso, que auxiliava na confecção das vestimentas.

Ainda na Pré-história, no Período Neolítico, os homens passaram a manipular as fibras. Como

exemplo deste processo, surgiu a feltragem de lã ou pelos, material mais maleável que a pele

curtida, permitindo, assim, mais facilidade no processo de confecção de roupas.

Com o avanço da humanidade, surgiu o processo de tecelagem e as fibras passaram

a ser entrelaçadas dando origem aos tecidos. Ainda assim, as modelagens ainda eram feitas

sobre o próprio corpo.

Já na antiguidade, a modelagem passou por uma grande evolução, pois os tecidos

passaram a serem planejados antes mesmo do processo de envolvê-los no corpo. Os tecidos

eram cortados em retângulos e envolvidos no corpo formando várias dobras ou drapeados.

Mas, somente em 600 a.C surge no Oriente a tesoura, possibilitando o

aperfeiçoamento das técnicas de modelar por meio do corte. Técnica a qual possibilitou que

as partes das vestimentas pudessem ser cortadas cada vez menores, permitindo cada vez mais

a aproximação da roupa ao corpo, assumindo formas anatômicas como: cintura, mangas,

golas, capuzes e calções. Outro fato importante dessa época é o surgimento do “gibão”,

conhecido como o precedente do casaco masculino. Em contraposição a toda essa evolução,

o Ocidente só aprimorou a técnica do corte na época das Cruzadas.

No início do Renascimento, por volta do século XIV, o luxo se propagou, ocasionando

um grande aumento e fortalecimento do ofício de fazer roupas. Diante da necessidade de

mercado, aparece a figura do alfaiate, que trabalhava a serviço da corte, bem como surge a

modelagem plana para atender essa demanda. Os alfaiates então passaram a ter noções de

conhecimentos sobre a geometria, aritmética e proporções do corpo humano, e utilizavam

como instrumentos a tesoura, as réguas e os compassos. Mas, somente no século XVI é

percebido do uso de diagramas para a confecção das modelagens.

A arte de desenvolver técnicas de projetar a roupa em planos bidimensionais, os

chamados diagramas – (por isso o nome “modelagem plana bidimensional”), foi aliada à

prática da indústria desde o início do prêt-à-porter. E isto justifica o reconhecimento e

importância da modelagem plana até hoje pelas confecções em geral. Ainda assim, percebe-

se que a modelagem plana teve grandes avanços a partir de 1800, devido a invenção da fita

métrica e do manequim, a publicação de métodos de modelagem e o desenvolvimento da

máquina de costura.

Já em 1850, Charles Frederich Worth, resgatou a antiga técnica de moldar a roupa

sobre o corpo, no intuito de introduzir a alta costura em seu trabalho, trazendo o conceito de

roupas assinadas e limitadas. Surge então a Moulage como a conhecemos hoje.

Em contraponto a alta costura e a ideia de exclusividade, a modelagem plana ganhou

grande importância a partir dos anos 1950 com o surgimento do prêt-à-porter. Em 1980 as

indústrias do vestuário começaram a se expandir e tornou-se setor fundamental da economia

mundial. Diante dessa necessidade do mercado e a velocidade que o mesmo impõe, surge a

informatização da modelagem.

A modelagem passou a ser confeccionada diretamente no computador por meio do

uso de softwares desenvolvidos a partir do sistema CAD/CAM (Computer Aided Desing -

Projeto Assistido por Computador/Computer Aided Manufacturing - Fabricação Assistida por

Computador). A sigla CAD foi utilizada pela primeira vez no início dos anos 60 pelo pesquisador

do Massachussetes Institute of Technology (M.I.T.) Ivan Sutherland.

Devido a esta evolução tecnológica, hoje já é possível criar, copiar, graduar e

programar encaixe para matrizes de corte a partir de sistemas computadorizados. No Brasil já

existem softwares desenvolvidos em território nacional e dentre eles se destaca o Audaces,

além dos estrangeiros Lectra e Gerber.

7 TABELA DE MEDIDAS

Diante de tanta evolução e novas tecnologias, a tabela de medidas no século XXI ainda

é uma grande incógnita para as confecções, varejo de moda e consumidores. Essa falta de

padronização das medidas gera inúmeros problemas, como por exemplo: coleções com

distorções entre os mesmos tamanhos, principalmente quando há mais de um modelista

freelancer, clientes confusos quanto a numeração real das suas roupas, lojas virtuais que têm

dificuldade em conquistar e fidelizar o cliente em uma venda online, dentre outros.

A padronização é uma missão árdua e complexa, pois o Brasil possui uma

heterogeneidade muito grande em sua população. No Brasil existe a Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT), que tem como objetivo tentar padronizar medidas utilizadas em

diversas áreas, assim como o vestuário. Atualmente existem a NBR 15800, lançada em 2009,

intitulada como referência de medidas para vestibilidade de roupas para bebê e infanto-

juvenil, e em 2012 lançou a NBR 16060 como referência para vestibilidade para homens corpo

tipo normal, atlético e especial.

Já quanto as tabelas de medidas femininas, estão bastante desatualizadas, visto que a

a ABNT lançou sua última no ano de 1995, a NBR 13377 – Medidas do corpo humano para

vestuário – Medidas referenciais. A NBR 13377, além de não estar acompanhando as

mudanças corporais da sociedade, é considerada também incompleta por não comtemplar

todas as medidas e, consequentemente, acaba dificultando o trabalho das indústrias e

modelistas..

Contudo, é importante considerar que o estudo da padronização das medidas é

dividido por grupos de acordo com a estrutura corporal como feminino, masculino e infantil.

Mais especificamente, são também considerados a faixa etária, etnia, postura física, dentre

outros.

8 ANTROPOMETRIA

A antropometria é uma ciência que mensura, identifica e compara diferentes

características do corpo humano e tem como propósito estudar as variações entre as

características físicas dos homens de um grupo e de grupos comparados entre si.

A história do vestuário é também uma história das formas corporais e deverá levar em

consideração as diversas representações do corpo humano, no tempo, no espaço e no interior

das diversas camadas sociais. Durante a evolução da sociedade, diferentes formas de

vestuário modelaram o corpo, destacando suas características plásticas e evidenciando, por

meio dos investimentos de que era objeto, o valor do corpo humano segundo propósitos e

normas culturais.

Para que se atinja o conforto em uma peça de vestuário, são aplicados critérios

técnicos na prática do traçado dos diagramas básicos, que representam a forma anatômica do

corpo humano e são usados para a interpretação da modelagem do vestuário. O conforto

proporciona ao usuário a liberdade de movimentos, bem estar, posicionamento correto, etc.

Atendendo os fatores ergonômicos e obedecendo as medidas antropométricas,

consequentemente a roupa será bem projetada, possuirá um perfeito caimento sobre a forma

do corpo e proporcionará a sensação de bem-estar em todos os aspectos que envolvem a sua

interação com o usuário.

9 MEDIDAS DO CORPO HUMANO

O fator mais importante para o desenvolvimento de uma modelagem é a exatidão

das medidas, pois são elas que dão perfeição ao molde e economizam o tempo. Quando

trabalhamos com a moulage, utilizamos o manequim como base para construção de uma

peça. Certamente então, já estamos utilizando medidas nele contidas. Porém precisamos ter

consciência de como extrair as medidas também do corpo e como usá-las quando não

utilizamos a silhueta do manequim. Para tanto, contamos com dois tipos de medidas: as

fundamentais e as complementares.

9.1 MEDIDAS FUNDAMENTAIS

As medidas fundamentais devem ser exatas e aferidas rente ao corpo ou ao

manequim. Acima de tudo, necessárias ao desenvolvimento das bases. Sendo assim, segue

abaixo o posicionamento correto de como obtê-las.

Figura 10 - Circunferência do busto

Circunferência do busto: contornar o corpo na altura do busto, na

parte superior da circunferência. Atenção para que a fita métrica

não escorregue pelas costas, descendo em direção à cintura, e nem

pressione o busto.

Fonte: Google

Figura 11 - Altura do busto

Altura do busto: posicionar a fita métrica no ponto de encontro do

ombro e do pescoço e registrar a medida deste ponto até o mamilo.

Fonte: Google

Figura 12 - Circunferência da cintura

Circunferência da cintura: contornar a cintura (espaço de menor

circunferência entre o busto e o quadril) com a fita métrica, sem

apertar e sem deixar folga.

Fonte: Google

Figura 13 - Contorno do quadril

Contorno do quadril: contornar o corpo com a fita, na altura dos

glúteos, na parte de maior circunferência. Para ter certeza da posição

correta, observe de lado.

Fonte: Google

Figura 14 - Altura do quadril

Altura do Quadril: posicionar a fita na cintura e medir até a parte mais

alta do glúteo, que vai corresponder com o local onde se aferiu a medida

de contorno do quadril.

Fonte: Google

Figura 15 - Altura da frente

Altura da frente: posicionar a fita métrica no ponto de encontro

entre o ombro e o pescoço e medir até a linha da cintura.

Fonte: Google

Figura 16 - Altura das costas

Altura das costas: posicionar a fita métrica no ponto de encontro

entre o ombro e o pescoço e medir até a linha da cintura.

Fonte: Google

Figura 17 - Largura das costas

Largura das costas: com os braços cruzados pela frente e as mãos

apoiadas sobre os ombros, medir a distância da cava esquerda até

a cava direita das costas.

Fonte: Google

Figura 18 - Separação do busto

Separação do busto ou seio a seio (entre seios): medir a distância

entre os mamilos.

Fonte: Google

Figura 19 - Largura do ombro

Largura do ombro: posicionar a fita no ponto de encontro do

ombro com o pescoço e medir até o final do ombro.

Fonte: Adaptado do Google

Figura 20 -Degolo

Pescoço ou degolo: contornar a fita em volta do pescoço, na

parte mais próxima do tronco.

Fonte: Adaptado do Google

Figura 21 - Comprimento do braço

Comprimento do braço: com a mão apoiada no quadril, medir

do final do ombro até o osso saliente do punho.

Fonte: Adaptado do Google

Figura 22 - Altura do joelho

Altura do joelho: medir da cintura até a rótula do joelho.

Fonte: Google

Figura 23 - Circunferência do joelho

Circunferência do joelho: contornar o joelho na altura da rótula.

Fonte: Google

Figura 24 - Altura do gancho

Altura do gancho: Com a pessoa sentada, com a

postura elegante, meça a distância entre a cintura e o

assento da cadeira pela lateral do corpo.

Fonte: Google

Figura 25 - Circunferência do punho

Circunferência do punho: passar a fita em torno da mão

fechada, na parte mais larga.

Fonte: Adaptado do Google

Figura 26 - Circunferência do pé

Circunferência do pé: com a fita na posição inclinada, contorne

o pé da ponta do calcanhar até a junta do dorso, aferindo a

medida da circunferência.

Fonte: Google

9.2 MEDIDAS COMPLEMENTARES

As medidas complementares são as folgas e todas as variações de medidas relativas

ao modelo, como: as definições de comprimento de manga, saia, vestido e calça, medidas de

golas e punhos, altura de cintura, nível de gancho, bocas de calça e tudo o mais que se fizer

necessário para a execução da peça de acordo com a Fig.27. Como exemplo temos o volume

em uma saia, manga ou abertura de boca de calça boca de sino.

Figura 27 - Medidas complementares

Fonte: Adaptado do Google

10 DIAGRAMA

O diagrama é o traçado em um plano bidimensional, como por exemplo em um papel,

qual é constituída por várias formas geométricas, bem como por linhas retas e curvas que, por

meio de medidas individuais ou padronizadas, dão origem a um molde com o formato do

corpo humano ou de um modelo conforme a Fig. 28.

É com base neste diagrama que surgem os moldes. Para que se “retire” o molde do

diagrama é necessário que reproduza o traçado desejado para outro papel com o auxílio da

carretilha, papel carbono, alfinetes e fita crepe.

Figura 28 - Diagrama

Fonte: Google

11 MOLDE

É proveniente do diagrama ou traçado, sendo assim, obtido por meio da

transferência de informações com o uso do carbono e da carretilha. O mesmo representa a

base do corpo humano ou modelo de roupa a ser confeccionado e é composto por

informações que norteiam tanto o próprio modelista quanto o cortador e a costureira na sua

confecção conforme a Fig. 29. Ainda assim, são acrescidos de uma margem de costura, sendo

esta de acordo como a máquina e largura do calcador a ser costurado, da bainha, dos

transpasses, etc.

Figura 29 - Molde

Fonte: Adaptado do Google

Margem de costura (1cm)

Bainha (4cm)

12 INFORMAÇÕES DO MOLDE

Todas as modelagens ao serem finalizadas devem ser identificadas por informações

essenciais ou códigos afim de facilitar o processo de comunicação entre todos os envolvidos

em uma confecção de vestuário. Essa linguagem é interna de cada empresa de confecção, e

todos os funcionários envolvidos no processo produtivo devem reconhecê-los. Sendo assim,

citamos abaixo todas as informações.

Referência ou descrição do modelo: nome ou código que identifica um modelo dentro da

coleção. Por exemplo: VES001V07 ou Vestido Jade Verão 2007. Este número pode ser o

mesmo que aparece no código de barras do produto na loja.

Tamanho: número ou letra do tamanho do respectivo molde. Ex. 40 ou Tam: M.

Parte componente: descreve-se no molde que o nome da peça faz parte do conjunto de

partes do modelo. Ex: Frente, centro da frente, babado costas.

Quantidade: informa quantas vezes o molde deve ser cortado para obter um produto

completo.

Fio: linha reta que deverá será delineada no centro do molde no intuito de identificar o

sentido em que a modelagem deverá ser posicionada sobre o tecido para o corte. O sentido

de um fio está diretamente relacionado ao caimento que o tecido terá sobre o corpo do

usuário. Geralmente, o fio do molde segue os fios de construção do tecido, em especial os de

urdume (fio no sentido do comprimento do tecido, ou seja, paralelo à ourela) conforme a Fig.

30. O fio enviesado é bastante utilizado em roupas que tem como proposta a fluidez, portanto,

deve ser marcado no sentido de 45° em relação ao fio de urdume. Quando se trata tecidos

com estampa de sentido único ou de tecido com felpa, como é o caso do veludo, a marcação

do fio manter a mesma direção para todas as partes da modelagem.

Figura 30 - Fio do tecido

Fonte: Google

Marcações: são detalhes que possuem a finalidade de auxiliar a confecção de uma peça,

facilitando todo o processo de montagem das peças, principalmente a costura. Como exemplo

temos os piques, que marcam posições de pences, pregas, bitolas de bainhas ou detalhes para

encaixe de costura. Também são marcações de furos de bolso, linhas de dobras, aumentos de

bainhas, costuras, dentre outros, que servem de guia para riscadores, cortadores e

costureiras.

Responsável: é o nome ou assinatura do modelista responsável pelo desenvolvimento do

molde. É aconselhável identificar o responsável que desenvolveu o trabalho, em especial no

caso de empresas que utilizam mais de um profissional para que em caso de gargalos ou

alterações o responsável identifique-as.

Data: para monitorar as peças que foram alteradas, testadas ou não, é importante identificar

o molde por meio de datas de execução.

Figura 31 - Informações do molde

Fonte: Google

13 PIQUE

A função do pique é mostrar o local de união das partes do molde, determinar a

posição de etiqueta, botões, bolsos, bem como sinalizar para costureira o número de paradas

que ela poderá efetuar durante uma determinada costura referentes a junção das partes

conforme a Fig. 32.

Figura 32 -Piques

Fonte: Adaptado do Google

É muito comum, nas empresas de confecções, vermos costureiras que fazem duas,

três e até quatro paradas para fechar uma lateral ou fechar entre pernas de uma calça, o que

aumenta bastante o tempo da operação em questão. Com uso dos piques as paradas irão

reduzir, pois as costureiras terão os piques para alinhar as peças evitando também o

retorcimento das mesmas.

O pique do molde na Figura 33 tem o objetivo de identificar o local de união do

dianteiro com o traseiro da calça, para evitar torção de tecido ou malha, caso não sejam bem

distribuídos, além de determinar o número de paradas durante a costura.

Utilizando este método para todas as costureiras, consequentemente é criado um

padrão entre as peças, além da redução do tempo da operação de 7 a 10%, melhorando assim

a performance do funcionário e indústria.

Figura 33- Pique de união

Fonte: Audaces

14 GRADUAÇÃO OU GRADAÇÃO DOS MOLDES

A graduação de tamanhos é o processo que constitui em aumentar ou diminuir o

tamanho base conforme as Fig. 35 e 36, é também o momento em que se define a grade de

tamanhos a ser cortada. Esse processo tem sido utilizado, de forma manual, por empresas que

ainda não possuem meios tecnológicos para desenvolver a tarefa, porém o processo

computadorizado além de ser mais rápidos são mais precisos.

Figura 34 -Graduação manual

Fonte: adaptado do Google

Figura 35 -Graduação computadorizada

Fonte: Google

15 PEÇA PILOTO

A peça-piloto é essencial ao processo produtivo de uma confecção, pois representa o

primeiro momento em que a roupa começa a ser materializada conforme a Fig. 36. É nessa

fase que o modelo é testadp quanto a sua funcionalidade, estética, caimento, conforto, entre

outros aspectos. Porém, destaca-se o fato de nem sempre a roupa ser aprovada na primeira

peça-piloto, o que faz necessário uma segunda, terceira, quarta, quinta, quantas peças forem

preciso até alcançar o resultado final desejado. O processo de faz, refaz e torna a fazer a peça-

piloto, faz com que haja gastos excessivo, com a produção de roupas testes, gasto de tempo

e desperdício de material. Uma solução interessante para reduzir a quantidade de peças testes

fabricadas e os custos é a utilização de sistemas de simulação tridimensional de modelagem,

esta não elimina o processo de pilotagem, mas reduz a quantidade de vezes para teste.

Figura 36 - Peça piloto

Fonte: Google

REFERÊNCIAS

htpp://www.audaces.com.br

ALDRICH, Winifred. Modelagem Plana para Moda Feminina. Porto Alegre: Bookman, 2014.

DUARTE, Sonia, SAGGESE, Sylvia. Modelagem Industrial Brasileira. Rio de Janeiro: Letras &

Expressões, 1998.

GRAVE, Maria de Fátima. Modelagem Tridimensional Ergonômica. São Paulo: Escrituras Editora,

2010.