AVM Faculdade IntegradaMISSIOLOGIA

EDSON RONALDO TRESSMANN

CONTRIBUIO DA FILOSOFIA DA EDUCAO LUTERANA PARA A AO MISSIONRIA NO SCULO XXI

Querncia do Norte - PR2015

AVM Faculdade IntegradaMISSIOLOGIA

EDSON RONALDO TRESSMANN

CONTRIBUIO DA FILOSOFIA DA EDUCAO LUTERANA PARA A AO MISSIONRIA NO SCULO XXI

Projeto de pesquisa apresentado ao Cursode Ps-graduao em Missiologia como requisitoparcial para a realizao do trabalho de concluso de curso.

Querncia do Norte PR2015

SUMRIO

1. INTRODUO ............................................................................................p. 4 1.1 TEMA................................................................................................p. 6 1.2 PROBLEMA DA PESQUISA............................................................ p. 6 1.3 OBJETIVOS .....................................................................................p.6 1.3.1 - Objetivo Geral.......................................................................p. 6 1.3.2 - Objetivos Especficos ..........................................................p. 72. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ....................................................p. 7 2. 2 DELIMITAO DA PESQUISA .....................................................p.7 2.3 TIPO DE PESQUISA......................................................................p.73. Referencial Terico 3.1 Procedimentos metodolgicos....................................................p. 94. Incio da Histria da denominada Revoluo Educacional de Lutero..p. 115. Um homem do seu tempo.......................................................................p. 155.1 - Aspectos tericos da educao em Lutero no sculo XVI..........p.205.2 - Educao e misso composta por um Trip............................p.225.3 - Filosofia Educacional Luterana...................................................p. 236. Contribuies da filosofia luterana da educao para ao missionria em pleno sculo XXI....................................................................................p. 267. Consideraes finais...............................................................................p. 298. Bibliografia...............................................................................................p. 34INTRODUO

A educao sempre o resultado de um processo histrico, global e dialtico de compreenso da realidade, tendo em vista a sua transformao. (Avaliao da aprendizagem na educao superior / Priscilla Campiolo Manesco Paixo , Maring - PR, 2012. p. 7)A aula no se explica apenas pelo seu contexto interno, mas expressa tambm as dimenses sociais do tempo histrico em que se realiza. Dito de outro modo, as formas de organizao da AULA vo expressar os modos de ser, agir e pensar dos homens em cada tempo histrico, sistematizadas em teorias pedaggicas (VEIGA, 2007, p. 97, cit. por Priscilla Campiolo Manesco Paixo , Maring - PR, 2012. p. 7).A prioridade conceitual nos leva anlise de alguns termos. Para a maioria das pessoas educar uma obrigao exclusiva das instituies escolares e dos profissionais que nela atua. Em nosso entendimento, o conceito de educar vai muito alm do ato de transmitir conhecimento, educar estimular o raciocnio, aprimorar o senso crtico, as faculdades intelectuais, fsicas e morais de cada sujeito. (Priscilla Campiolo Manesco Paixo , Maring - PR, 2012. p. 14)Isto porque acreditamos que o ser humano um ser que precisa de orientao, informao e conhecimento formal. A educao funo de todos e cabe em qualquer lugar. Quando conversamos com uma pessoa de outra cultura, sociedade, estamos adquirindo conhecimentos e aprendizados que so levados e incorporados por toda a vida. (Priscilla Campiolo Manesco Paixo , Maring - PR, 2012. p. 14)Educar, ento, conduzir a um lugar do saber e a uma aquisio de valores em nossa vida como fim de um processo de operaes mentais que comeam pela relao que estabelecemos com o outro. (Priscilla Campiolo Manesco Paixo, 2012. p. 14)Charlot (2005), destaca um ponto importante: a educao pblica direito de todos, garantida e financiada pelo Estado, portanto, jamais poder ser reduzida condio de mercadoria e de servio. (Priscilla Campiolo Manesco Paixo, 2012. p. 14)A educao um direito de todos e no uma mercadoria. Deve ser pensada como um direito universal vinculado prpria condio humana e como direito que deve ser defendida, segundo nosso pensar. (Priscilla Campiolo Manesco Paixo, 2012. p. 14)Fazendo um passeio pela Histria, verificaremos que para Plato (2003), em sua obra Repblica, a polis deveria ser governada pelos guardies filsofos, sendo a principal funo desses, administrar a cidade e para isso precisavam ter algumas qualidades. Os guardies, segundo ele, deveriam se dedicar exclusivamente s questes ligadas ao Estado, deveriam ter coragem, sensatez, pureza, liberdade e todas as qualidades dessa espcie. (Priscilla Campiolo Manesco Paixo, 2012. p. 14)Outro grande filsofo, Aristteles (2004, p. 148), via a importncia da educao para a formao de uma boa cidade: Se portanto o primeiro dever do legislador garantir as crianas em educao uma organizao fsica o mais possvel robusta deve, antes disso preocupar-se com o casamento das qualidades que os esposos precisam trazer para a unio. (Priscilla Campiolo Manesco Paixo, 2012. p. 15)Para o mundo pr-moderno apresenta a tendncia de tudo derivar da autoridade e fazer da tradio um elemento determinante na vida das pessoas e povos. Os ps-modernistas citam a Igreja Catlica Romana como um exemplo de instituio pr-moderna. A modernidade teve seu ponto alto no momento iluminista, no sculo XVIII, dito das Luzes, quando se estabeleceu o primado da razo e da cincia e a ordem era: derrubar os altares e destronar os reis. A frase de Denis Diderot emblemtica quanto a isto: O mundo s ser livre no dia em que for enforcado o ltimo rei, nas tripas do ltimo padre. (Priscilla Campiolo Manesco Paixo, 2012. p. 18)Lutero deixou muitos questionamentos e apontamentos para a educao. Isso numa poca em que grandes mudanas aconteceram.Assim, como naquela poca, 1517, vemos que atualmente o mundo carece de sentido. Assim devemos atribuir-lhe um. No que esse seja a resposta a todos os problemas, mas acredito que muitos apontamentos de Lutero a educao nos faro pensar e quem saber resgatar princpios norteadores para que a educao seja o que fato se prope a ser, transformadora.De educadores a economistas, passando por filsofos, socilogos entre outros, todos concordam que vivemos atualmente um conflito de paradigmas, momento de crise se considerarmos que os valores antigos j no resolvem os problemas existentes e os novos valores ainda no deram conta das expectativas dos indivduos. (Priscilla Campiolo Manesco Paixo, 2012. p.19)Por essa carncia e busca de resposta a uma educao transformadora, como pastor da IELB (Igreja Evanglica Luterana do Brasil) proponho nessa pesquisa apontar possveis contribuies da filosofia da educao luterana para a educao no sculo XXI. Assim como outros contriburam, acredito que Lutero, um dos grandes nomes da modernidade tem muito a contribuir para a filosofia da educao.

1.1 TEMA

A princpio o tema: CONTRIBUIO DA FILOSOFIA DA EDUCAO LUTERANA PARA A AO MISSIONRIA PARA O SCULO XXI parece no interessar a ningum, no entanto, vale lembrar que Lutero um dos nomes mais pesquisados atualmente. Sua importncia no apenas no mbito eclesistico. Lutero um pensador moderno que viveu num perodo de grandes transformaes e foi responsvel por muitas dessas transformaes.Assim sendo, a Filosofia Luterana da Educao tem muitas contribuies inclusive para a ao missionria em pelo sculo XXI. Muitas dessas contribuies nos daro suporte para podermos fazer aquilo que a funo da educao e da ao missionria: transformar vidas.

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

Ser que a Filosofia da Educao Luterana pode contribuir para a ao missionria em pleno sculo XXI?

1.3 OBJETIVOS

De acordo com Loureiro e Campos (1999), os objetivos so os resultados concretos a que se pretende chegar com a elaborao da monografia. A especificao dos objetivos de uma pesquisa deve responder s questes para qu? e para quem? Os objetivos esto ligados ao problema da pesquisa, do qual so decorrentes e na sua essncia, constituem aquilo que precisa ser feito para que o problema da pesquisa seja resolvido.

1.3.1 Objetivo Geral

O objetivo geral trazer uma apreciao da Filosofia Luterana da Educao e propor um julgamento se a mesma contribuiu e o quanto tem a contribuir para a ao missionria no sculo XXI.

1.3.2 Objetivos Especficos

Mediante a apreciao da Filosofia Luterana de Educao, desejo exercer papel de juiz e apontar sua importncia e necessidade para a ao missionria no sculo XXI.

2 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

O caminho para apreciao, julgamento e apontamento da importncia da Filosofia Luterana da Educao no fcil e simples. Mas, a metodologia minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ao desenvolvida no trabalho de pesquisa ir nos capacitar para o mesmo.Os instrumentos, procedimentos e ferramentas usadas sero a vasta bibliografia sobre o tema. No entanto, elegemos como texto base o livro Igreja, Sociedade & Educao: estudos em torno de Lutero, escrito por Nestor Beck.

2.1 DELIMITAO DA PESQUISA

A fim de responder ao problema dessa pesquisa, Ser que a Filosofia da Educao Luterana pode contribuir para a ao missionria em pleno sculo XXI? elegemos como texto base o livro Igreja, Sociedade & Educao: estudos em torno de Lutero, escrito por Nestor Beck.

2.2 TIPO DE PESQUISA:

Pesquisa Bibliogrfica. Buscarei na Bibliografia existente sobre o tema apontar para a contribuio da filosofia luterana de educao para a ao missionria no sculo XXI.

3.Referencial Terico

PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

O caminho para apreciao, julgamento e apontamento da importncia da Filosofia Luterana da Educao no fcil e simples, e alm disso indicar esses apontamentos como importantes na ao missionria da igreja.Os instrumentos, procedimentos e ferramentas usadas sero a vasta bibliografia sobre o tema. No entanto, o texto base ser o livro Igreja, Sociedade & Educao: estudos em torno de Lutero, escrito por Nestor Beck. Bem como escritos de Lutero sobre o tema, tais como: LUTERO, Martinho. Aos Conselhos das cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas. In . Obras Selecionadas . v.5 p. 302 a 325. So Leopoldo: Sinodal. 1995 a. Tambm: Uma Predica para que se mandem os filhos escola. In: Obras Selecionadas v.5 p. 326 a 363. So Leopoldo: Sinodal 1995 c. E ainda, O Catecismo Maior e Menor In: Obras Selecionadas v.7 p. 315 a 470. So Leopoldo: Sinodal.1995 d.O intento dessa pesquisa responder ao seguinte problema, Ser que a Filosofia da Educao Luterana pode contribuir para a ao missionria em pleno sculo XXI?Inmeros autores tem trazido os ensinos de Lutero sobre educao apenas para a rea educacional em si. No entanto, como um dos primeiros na rea, desejo destacar a importncia dos aspectos educacionais em Lutero para a atuao missionria da igreja.Nessa pesquisa Bibliogrfica a busca pela Bibliografia existente sobre o tema ser como navegar numa piscina olmpica cheia de gua, afinal, muitos so os autores que buscaram e buscam em Lutero fundamentao educacional. Ao tratar sobre a temtica da contribuio da filosofia luterana de educao para a ao missionria no sculo XXI, busco no exaltar a filosofia da educao luterana, o objetivo tirar dessa filosofia aspectos importantes e necessrios para a atuao missionria em pleno sculo XXI. Os captulos sero distribudos em seis partes, de maneira simples, dinmica, objetiva e direta. Capitulo 1: Inicio da Histria da denominada Revoluo Educacional de Lutero; Capitulo 2: Um homem do seu tempo; Capitulo 3: Aspectos tericos da educao em Lutero e no sculo XVI; Captulo 4: Educao e misso composta por um Trip; Capitulo 5: Filosofia Educacional Luterana; Capitulo 6: Contribuies da filosofia luterana da educao para ao missionria em pleno sculo XXI. Nesses seis captulos irei abordar as ideias apresentadas por Lutero em seus famosos escritos: LUTERO, Martinho. Aos Conselhos das cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas. In . Obras Selecionadas . v.5 p. 302 a 325. So Leopoldo: Sinodal. 1995 a. Tambm: Uma Predica para que se mandem os filhos escola. In: Obras Selecionadas v.5 p. 326 a 363. So Leopoldo: Sinodal 1995 c. E ainda, O Catecismo Maior e Menor In: Obras Selecionadas v.7 p. 315 a 470. So Leopoldo: Sinodal.1995 d.Alm desses escritos bsicos e fundamentais, a pesquisa receber apontamentos de dois grandes estudiosos da Educao em Lutero: BECKER, Nestor Joo. Igreja, Sociedade & Educao: Estudos em torno de Lutero. Porto Alegre: Concrdia, 1988. Tambm: SEIBERT, Egon Martim. Filosofia luterana de educao. Vox concordiana Suplemento teolgico. Escola Superior de Teologia-Instituto Concrdia de So Paulo, ano 14, n. 2, p.39-58, 1999

4.Incio da Histria da denominada Revoluo Educacional de Lutero

Com o surgimento do Cristianismo mudam os rumos da cultura ocidental e consequentemente as ideias sobre o processo educacional.[footnoteRef:1] [1: A Educao Atravs Dos Tempos. Joo Cardoso Palma Filho. Unesp e Univesp. p. 02]

Era uma educao sem escolas como, alis, fora em outras religies. A comunidade crist primitiva o meio pelo qual se desenvolve o processo educacional. Este, pouco a pouco, vai se convertendo na organizao da Igreja de um lado e da famlia de outro. Estes so os dois ncleos bsicos fundantes do processo educacional, medida que o Cristianismo se institucionaliza em Igreja. Trata-se de uma educao elementar catequista. Mas pouco a pouco vo surgindo os primeiros educadores cristos.[footnoteRef:2] [2: A Educao Atravs Dos Tempos. Joo Cardoso Palma Filho. Unesp e Univesp. p. 02]

No contexto do surgimento do iluminismo, da queda do absolutismo, da ascenso da burguesia, do incio do capitalismo, da revoluo industrial, entre outras, surge uma nova viso nas artes, na vida e tambm na religio. Comea-se a questionar a origem do Universo, do homem e sua teleologia.Conforme Hasse (1959), com este pano de fundo surge um personagem chamado Martinho Lutero, que procura impingir Igreja Catlica sua maneira de ver e interpretar a Bblia. Para tanto, convida os religiosos a um debate, quando afixa suas proposies, as 95 Teses na porta da igreja, no dia 31 de outubro de 1517.[footnoteRef:3] [3: Op. Cit. III SEMINRIO INTERNACIONAL ORGANIZAES E SOCIEDADE: INOVAES E TRANSFORMAES CONTEMPORNEAS PORTO ALEGRE, 11 A 14 DE NOVEMBRO DE 2008 GT ORGANIZAES RELIGIOSAS A IGREJA LUTERANA COMO AGENTE SOCIAL E POLTICO. Hubert Matte Mestrando PUC/RS. p. 3]

Os sculos XV e XVI marcaram o nascimento da Modernidade. Foi o perodo da Renascena, um movimento intelectual, esttico e social que trouxe profundas modificaes, e da Reforma, que significou uma verdadeira revoluo no contexto da poca.[footnoteRef:4] [4: EDUCAO EM MARTIM LUTERO: CONTRIBUIES PROTESTANTES PARA A HISTRIA DA EDUCAO ALVORI AHLERT. p. 1]

O sculo XV inaugura uma nova fase na trajetria intelectual que o ser humano vem trilhando desde a Antiguidade Greco-Romana. O homem do Renascimento confia na razo e nas aquisies culturais da Antiguidade. Essa mudana no modo de ver o mundo e o prprio homem teve uma estreita relao com os avanos da cincia da poca e com as descobertas tecnolgicas. Assim que as grandes navegaes, a inveno da bssola e, principalmente, a inveno da tipografia por Gutenberg aumentaram a crena nas possibilidades do homem, favorecendo o individualismo, o pioneirismo e a aventura. Hoje, diramos que beneficiou o empreendedorismo. Desse modo, era inevitvel que surgissem novas concepes de educao e de ensino.[footnoteRef:5] [5: A Educao Atravs Dos Tempos. Joo Cardoso Palma Filho. Unesp e Univesp. p. 03 - 04]

A educao medieval uma educao que no atinge as grandes massas que permanecem analfabetas e incultas. Trata-se de uma educao, basicamente, voltada para a formao do homem burgus que atinge, principalmente, o clero, a nobreza e a burguesia.[footnoteRef:6] [6: A Educao Atravs Dos Tempos. Joo Cardoso Palma Filho. Unesp e Univesp. p. 04]

Quanto ao contedo, os estudos medievais compreendiam: - o trivium (gramtica, dialtica e retrica) e o quadrivium (aritmtica, geometria, astronomia e msica).[footnoteRef:7] [7: A Educao Atravs Dos Tempos. Joo Cardoso Palma Filho. Unesp e Univesp. p. 02]

A partir do sculo IX, sob a inspirao de Carlos Magno, o sistema educacional apresenta-se organizado em trs nveis: I - Educao Elementar, ministrada pelos sacerdotes em escola paroquiais. Essa educao tem por finalidade mais doutrinar as massas camponesas do que instru-las; II Educao Secundria, ministrada nos conventos; e III - Educao Superior, ministrada nas Escolas Imperiais, onde eram formados os funcionrios do Imprio.[footnoteRef:8] [8: A Educao Atravs Dos Tempos. Joo Cardoso Palma Filho. Unesp e Univesp. p. 03]

A partir do final do primeiro milnio da era crist surge a Escolstica que buscou conciliar a razo filosfica grega com a f crist. So Toms de Aquino foi o maior expoente dessa nova abordagem intelectual, para a qual a revelao divina era suprarracional, mas no antirracional. So Toms de Aquino procura elaborar uma sntese entre a educao crist e a educao greco-romana, procurando, desse modo, estabelecer uma educao integral que favorea o desabrochar de todas as potencialidades do indivduo. Ou seja, para So Toms de Aquino, o ensino era uma atividade em virtude da qual os dons potenciais se tornavam realidade.[footnoteRef:9] [9: A Educao Atravs Dos Tempos. Joo Cardoso Palma Filho. Unesp e Univesp. p. 03]

A escolstica influiu decisivamente sobre toda a pedagogia catlica, sendo inclusive transplantada para o Brasil pelos Jesutas que aqui chegaram, em 1549, com o primeiro Governador Geral do Brasil, Tom de Souza. Trata-se de um mtodo de ensino que, at hoje, exerce influncia na sala de aula tradicional.[footnoteRef:10] Assim como Lutero em sua poca rompeu com um modelo tradicional de ensino, ns, docentes, tambm precisamos transformar nosso atual modelo de ensino-aprendizagem. [10: A Educao Atravs Dos Tempos. Joo Cardoso Palma Filho. Unesp e Univesp. p. 03]

A educao sempre constituiu-se parte significativa da religio. Entretanto, a partir do Iluminismo e de forma mais exacerbada nos dias atuais, a educao foi considerada como algo dissociado da religio.[footnoteRef:11] [11: WESLLEY RUFINO CAETANO. EDUCAO E PROTESTANTISMO: ACONTRIBUIO PROTESTANTE PARA AEDUCAO. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. p 2]

A contribuio da Reforma Protestante para a popularizao da educao inegvel. Pois essa no estava somente preocupada com a formao espiritual do indivduo, mas buscava tambm fornecer-lhe uma base cultural slida visando contribuir para que o mesmo pudesse ser til no somente ao servio sagrado, mas tambm sociedade que o lugar onde alcana sua realizao cultural. A Reforma Protestante exerceu grande pioneirismo ao popularizar o ensino atravs da abertura de escolas populares onde se passou a oferecer ensino gratuito.[footnoteRef:12] [12: WESLLEY RUFINO CAETANO. EDUCAO E PROTESTANTISMO: ACONTRIBUIO PROTESTANTE PARA AEDUCAO. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. p 3]

Com relao Reforma, Eby (1976) afirma que, nenhum aspecto da vida humana ficou intato, pois abrangeu transformaes polticas, econmicas, religiosas, morais, filosficas, literrias e nas instituies, de carter definitivo; foi, de fato, uma revolta e uma reconstruo do Norte.[footnoteRef:13] [13: Op. Cit. EDUCAO EM MARTIM LUTERO: CONTRIBUIES PROTESTANTES PARA A HISTRIA DA EDUCAO ALVORI AHLERT. p. 1]

Em decorrncia desta conscincia, vrios pensadores cristos fundaram inmeras universidades e exerceram grande influncia na formao cultural nos mais diferenciados pases. Como exemplo, podem ser citados John Wicliff, John Huss, Martinho Lutero, Filipe Melanchthon, Joo Calvino e Joo Ams Comnio.[footnoteRef:14] [14: WESLLEY RUFINO CAETANO. EDUCAO E PROTESTANTISMO: ACONTRIBUIO PROTESTANTE PARA AEDUCAO. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. p 3]

Todos estes supra citados causaram grande impacto intelectual em sua poca e desta forma contriburam diretamente para o desenvolvimento da cincia e da educao. Seus ensinamentos e conceitos a respeito da educao, formulados e transmitidos atravs do exerccio da docncia nos sculos XIV, XV e XVI perpassam o tempo e atingem diretamente os moldes da educao em voga no sculo XXI.[footnoteRef:15] [15: WESLLEY RUFINO CAETANO. EDUCAO E PROTESTANTISMO: ACONTRIBUIO PROTESTANTE PARA AEDUCAO. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. p 3]

No entanto, nossa ocupao nessa pesquisa com as contribuies de Lutero para a Educao e a misso em pleno sculo XXI. Lutero foi o grande protagonista da Reforma Protestante assumindo a liderana do movimento educacional e missionrio que comeara na Alemanha e que lutava para libertar a educao, por meio do Estado, dos laos que a Igreja impunha por sculos. Esta luta tinha por causa a propagao das oportunidades para a educao e consequentemente sustentava a real necessidade da educao para a vida religiosa e secular do ser humano.[footnoteRef:16] [16: WESLLEY RUFINO CAETANO. EDUCAO E PROTESTANTISMO: ACONTRIBUIO PROTESTANTE PARA AEDUCAO. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. p 4]

Nesta luta, Lutero priorizou a leitura da Bblia. Lutero tambm procura redimensionar as relaes entre a Igreja e o Estado. Ele v que os dois precisam caminhar lado a lado, se completando, ou seja, um dando ao outro o espao necessrio para que ambos trabalhem.[footnoteRef:17] [17: III SEMINRIO INTERNACIONAL ORGANIZAES E SOCIEDADE: INOVAES E TRANSFORMAES CONTEMPORNEAS PORTO ALEGRE, 11 A 14 DE NOVEMBRO DE 2008 GT ORGANIZAES RELIGIOSAS A IGREJA LUTERANA COMO AGENTE SOCIAL E POLTICO. Hubert Matte Mestrando PUC/RS. p. 3]

5.Um homem do seu tempo

Lutero no pode simplesmente ser caracterizado como reformador da igreja. O impacto da reforma levou a transformaes na sociedade. Uma dessas a educao. Por isso, necessrio nos ocupar do seu pensamento e suas contribuies para o atual sistema de educao brasileira.Em 2013, ano dessa dissertao, comemoramos o cinquentenrio da instituio oficial do dia do professor. Entre muitos motivos que a sociedade tem para comemorar em relao a educao, tambm h muita coisa para se preocupar. Uma delas a perca de referencial, de um norte.Para busca de referencial, tomo a liberdade de trazer pensamentos e reflexes de Lutero, transformadas na Filosofia Luterana de educao, para dar um referencial, um norte.Mas, ser que Lutero, a Filosofia Luterana de Educao capaz de contribuir para o sistema educacional brasileiro? A resposta depende da sua busca por esse referencial.Segundo Beck por uma srie de circunstncias a sociedade brasileira no recebeu ainda o impacto da teologia de Martinho Lutero, que , por assim dizer, um divisor dguas entre sociedade medieval e moderna. [footnoteRef:18] Pode-se dizer que a mesma contribuio naquele perodo pode tambm ser nos til atualmente, quando estamos em plena ps-modernidade. [18: BECK, Nestor. Igreja, Sociedade & Educao: estudos em torno de Lutero. Ed. Concrdia, Porto Alegre, 1988. p. 29]

A sociedade em que Lutero atuou caracterizava-se como mundo cristo. Era a religio que lhe conferia sustentao e sentido. Com as criticas religio estabelecida, sendo constituidor do fundamento ideolgico da poca, acabou repercutindo em toda a sociedade. Em meio a essa repercusso, Lutero enfrentou a mesma. E desse enfrentamento acabou discutindo as implicaes educacionais da Reforma em vrios sentidos.[footnoteRef:19] [19: Volume 5, Lutero, p. 299]

Lutero est adiantado em seu tempo quando pede da educao uma perspectiva construtivista e ldica em meio a um tempo de educao opressora e sem prazerosidade.[footnoteRef:20] [20: EDUCAO EM MARTIM LUTERO: CONTRIBUIES PROTESTANTES PARA A HISTRIA DA EDUCAO ALVORI AHLERT. p. 5]

Junto com Alvori concluo que Com este pioneirismo em educao Lutero est muito frente de seu tempo, o que, no nosso entender, no tem sido suficientemente reconhecido pela historiografia educacional.[footnoteRef:21] [21: EDUCAO EM MARTIM LUTERO: CONTRIBUIES PROTESTANTES PARA A HISTRIA DA EDUCAO ALVORI AHLERT. p. 6]

Lutero Mestre e Doutor, professor universitrio. na universidade que influencia mais profundamente o processo de formao e educao. Para Nipperdey, a universidade alem foi uma instituio de formao do maior reconhecimento, pois formou uma viso de vida e de mundo, unindo a nao alem a partir do que ensinavam professores, pastores e demais profissionais egressos das universidades. Estando a Teologia ligada s universidades pluralistas (diversos cursos), sua interao intelectual fez surgir os modernos ismos: Pietismo, Idealismo, Liberalismo, Historismo, Psicologismo, Sociologismo, etc. Por um lado, ajudou no crescimento do secularismo na Europa. Esta formao do saber e da conscincia formou a cultura poltica alem. Os alemes passaram a viver de teorias, ensinamentos e doutrinas.[footnoteRef:22] [22: Op. Cit. EDUCAO EM MARTIM LUTERO: CONTRIBUIES PROTESTANTES PARA A HISTRIA DA EDUCAO ALVORI AHLERT. p. 6]

Gonzales aponta para um fato esquecido por muitos que no final do sculo XVI o confronto da teologia luterana nas universidades com outras teorias foi produzindo teologias luteranas. Para acomodarem-se os conflitos entre essas diferentes posies, caiu-se num escolasticismo luterano. As idias e ideais de Lutero foram sequestradas.[footnoteRef:23] [23: Op. Cit. EDUCAO EM MARTIM LUTERO: CONTRIBUIES PROTESTANTES PARA A HISTRIA DA EDUCAO ALVORI AHLERT. p. 8]

Em sua concluso Alvori diz que

Lutero via a educao como um instrumento fundamental para o exerccio da vida crist. Assim, a Reforma tornou-se a primeira escola do povo alemo, impulsionando a educao pblica. Lutero desafiou a sociedade de ento para a responsabilidade com a educao e a formao da juventude. No se trata de uma educao apenas direcionada para a formao de quadros para a Igreja, mas de uma educao que objetivava a formao integral do ser humano. Educao integral, de perspectiva construtivista e ldica, que preparasse a pessoa para o conhecimento de Deus, o conhecimento do mundo no sentido de viver este mundo segundo os critrios cristos, de justia, honestidade e responsabilidade pblica. Uma educao que premonizou a concepo freireana que v na educao um processo de humanizao do ser humano; uma forma de tornar o ser humano mais ser humano. Segundo Lutero, esta educao deveria ser assumida pelo Estado, em parceria com a famlia e a comunidade confessional. Esta defesa permitiu afirmar que, no contexto luterano, as proposies de Lutero deram incio escola pblico sustentada pelo Estado e pela comunidade, por quem poderia contribuir financeiramente com ela.[footnoteRef:24] [24: EDUCAO EM MARTIM LUTERO: CONTRIBUIES PROTESTANTES PARA A HISTRIA DA EDUCAO ALVORI AHLERT. p. 9]

Ao referir-se a Lutero como um educador na perspectiva construtivista e ldica, Alvori se refere a Altmann que ao comentar o escrito de 1524, Aos conselhos de todas as cidades da Alemanha, para que criem e mantenham escolas cristsops-se categoricamente educao repressiva que era a metodologia fundamental da escola do sistema antigo. Esta estava baseada em punies fsicas, como os aoites, alm de empregar permanente presso psicolgica sobre os alunos, atravs de deboche e de memorizao de toda a matria. Lutero, ao contrrio, advogou em favor de uma educao ldica. Afirmou explicitamente que se deveria aprender brincando, cantando e danando. A segunda proposta muito revolucionria, surgida talvez mais da intuio pragmtica do que de uma anlise rigorosa, foi a de vincular a escola com trabalho. Ou seja: junto com as disciplinas comuns, sugeria estudar-se, ademais, algum ofcio, alguma profisso artesanal.[footnoteRef:25] [25: Walter Altmann. Lutero e Libertao: Releitura de Lutero em perspectiva latino-americana. Ed. Sinodal e tica, 1994. p. 205]

Segundo Alvori quando Lutero props expulsar as teorias aristotlicas no processo de formao acadmica, sua inteno era reformar todos os cursos, Teologia, Medicina, Direito, etc.A educao moderna passa pelas reformas religiosas ocorridas no sculo XVI, quando vozes se levantaram para que houvesse uma democratizao do ensino e que o Estado assumisse este encargo. Esta viso estava calcada no fato de que a educao a base para que se tenha excelentes e bem formados cidados, pessoas hbeis no governo (SEIBERT, 1999, p. 44 apud Hubert Matte, 2008. P. 2). Como diz Lutero na explicao do quarto mandamento: se queremos pessoas excelentes e hbeis tanto para o governo secular como para o espiritual, cumpre deveras no nos poupemos empenho, faina e gastos na tarefa de ensinar e educar nossos filhos (Livro de Concrdia, 1980, p. 421)O pensamento educacional de Lutero, embebido de sua leitura das Sagradas Escrituras deixa claro que a educao fundamental na realizao do verdadeiro cristianismo. Sendo assim, Lutero formulou um conceito teolgico-educacional, a saber:Paul Monroe (Monroe, 1979, p. 179) diz:

O Estado deve ser obrigado a prover educao para todos.Lutero via claramente a importncia fundamental da educao universal para a Reforma e a preconizou insistentemente em suas pregaes. O ensino deveria chegar a todo o povo, nobre e plebeu, rico e pobre; deveria beneficiar meninos e meninas avano notvel; finalmente, o Estado deveria decretar leis para freqncia obrigatria [...] Era opinio de Lutero, ainda, que o Estado tinha o dever de obrigar os seus sditos a enviar seus filhos escola, da mesma forma que compelia todos eles a prestar servio militar para sua defesa e prosperidade. Conseqentemente, a educao deveria ser mantida e dirigida pelo Estado.Esta educao defendida por Lutero e oferecida pelo Estado deveria, portanto, ser mais ampla do que a que se tinha.A educao dever da famlia. Nos escritos de Lutero percebe-se a importncia que dava famlia como instituio educativa, pois para o reformador a responsabilidade de uma das partes no desobriga a outra de cumprir com seu papel na formao educacional do indivduo, pelo contrrio, a educao dada pela famlia e pela escolar devem caminhar juntas. A educao segundo Lutero deveria comear dentro de casa e ento estender-se ao aperfeioamento na escola.O currculo escolar. Para Lutero a base do currculo escolar deveria constituir-se do estudo do latim, do grego e do hebraico, tendo sempre em vista a preservao do texto bblico por serem nestas lnguas que se davam a conhecer os textos sagrados. Inclua tambm o estudo da lgica e as matemticas exigidas pelo tempo dava grande destaque cincia, msica, e desta forma grandes conseqncias trouxe para o povo alemo.Tempo de Aula. Segundo Lutero, as crianas deveriam ir escola diariamente para estudar por um perodo de uma ou duas horas. Deveriam realizar o servio em casa e tambm aprender um ofcio com seus pais a fim de que pudessem ser inseridas na sociedade. Nota-se, portanto, no protestantismo a preocupao no somente com a formao espiritual do indivduo, mas tambm em fornecer-lhe uma base cultural consistente que lhe possibilitasse ser introduzido na sociedade visando sua utilidade no somente as cincias divinas, ms tambm s cincias humanas.[footnoteRef:26] [26: Apud WESLLEY RUFINO CAETANO. EDUCAO E PROTESTANTISMO: ACONTRIBUIO PROTESTANTE PARA AEDUCAO. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. p 6 - 7]

Lutero preocupava-se com o ser humano de modo integral e no parcial, fragmentado, ou restrito a um s segmento da vida, pelo contrrio, esta preocupao com o ser abarca todos os segmentos da existncia humana, pois, a mesma est para com a famlia, para com a contribuio na sociedade quer pela escola ou pelo trabalho e principalmente para com a formao religiosa do homem o que lhe possibilitaria grande influncia na Reforma Protestante.[footnoteRef:27] [27: WESLLEY RUFINO CAETANO. EDUCAO E PROTESTANTISMO: ACONTRIBUIO PROTESTANTE PARA AEDUCAO. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. p 7]

Fundamentado em textos bblicos, Lutero preconiza uma educao que desenvolva um ser humano capaz de se relacionar mutuamente atravs da razo e no da fora. Toda a experincia na Histria prova: nunca a fora, privada da razo ou da sabedoria, teve sucesso. [...] no o direito dos punhos, mas o direito da cabea, no a fora, mas a sabedoria ou a razo que deve reinar tanto entre os maus quanto entre os bons.[footnoteRef:28] Assim, juntamente com Alvori afirmamos que a educao deve receber todos os investimentos possveis, pois a educao a forma de elevar as conquistas humanas e no a guerra.[footnoteRef:29] [28: Martim Lutero. Coleo Lutero para Hoje. Educao e Reforma. Ed. Sinodal e Concrdia, 2000, p. 90] [29: EDUCAO EM MARTIM LUTERO: CONTRIBUIES PROTESTANTES PARA A HISTRIA DA EDUCAO ALVORI AHLERT. p. 4]

Lutero no chegou a formular uma teoria crist de educao, no entanto, seus escritos justificam o empenho pela boa educao que uma caracterstica de comunidades e lideres luteranos em todos os tempos.[footnoteRef:30] [30: O.S. Volume 5, p. 299]

Os escritos que refletem e fundamentam a filosofia Luterana da educao foram escritos em 1520, Nobreza Crist da nao Alem, acerca da Melhoria do Estamento Cristo; 1524, Aos Conselhos de todas as Cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas crists; e 1530, Uma Prdica para que se mandem os filhos Escola. Esses documentos sero anexados em nossa pesquisa ao final do mesmo.[footnoteRef:31] [31: Id, p. 299 301.]

Em Nobreza Crist da Nao Alem acerca do Melhoramento do Estado Cristo, dirige-se aos leigos que dirigiam o Estado cristo, senhores, prncipes e imperador. Neste escrito sustenta o sacerdcio geral de todos os crentes, pois acredita que todos so sacerdotes e ministros perante Deus, apenas com funes diferentes. Separa as funes do clero, ordenados para anunciar o Evangelho e distribuir os Sacramentos, das do poder temporal, ou secular que tem a tarefa de administrar a sociedade e manter a ordem.[footnoteRef:32] [32: EDUCAO EM MARTIM LUTERO: CONTRIBUIES PROTESTANTES PARA A HISTRIA DA EDUCAO ALVORI AHLERT. p. 1 - 2]

5.1 - Aspectos tericos da educao em Lutero no sculo XVI[footnoteRef:33] [33: O pensamento e a prtica educacional de Lutero. Clvis Jair Prunzel. ULBRA. ]

Aps um milnio e meio, o pensamento do mundo cristo (corpus christianorum) passara das fontes bblicas para a leitura da realidade a partir dos pensadores gregos, primeiramente por Plato e depois por Aristteles. Quando o pensamento moderno comea a tomar forma, surge Lutero, que, com um p no pensamento medieval, mas j pensando e usufruindo do cientificismo/racionalismo que ir marcar o pensamento moderno, proporciona uma volta fonte bblica, retomando, de certa forma, o que se fizera nos primeiros trs sculos da era crist na histria da humanidade.A atitude de Lutero no Dia de Todos os Santos do ano de 1517 no foi nada de excepcional; pelo contrrio, o mundo acadmico universitrio favorecia a discusso utilizando argumentos em formas de teses. O simples fato de public-las em latim j direcionava o pblico e tambm selecionava quem tinha realmente condies de discuti-las. Esta atitude de Lutero fruto de alguns fatores que quero relembrar neste momento a fim de melhor entendermos o pensamento educacional de Lutero.1. Individualismo. O esprito do individualismo foi evocado durante o renascentismo, o que levou ao questionamento das estruturas institucionalizadas. Os valores do indivduo se contrapondo especialmente estrutura da Igreja foram cristalizados no movimento da Reforma.2. Criticismo. A crtica Igreja e ao clero, especialmente no que diz respeito ao rito, interpretao das Escrituras e da Tradio e conduta do clero, foram alvos constantes dos escritores humanistas. Por exemplo, Dante na sua Divina Comdia coloca o papa de sua poca no Inferno devido aos seus exageros e m conduta.3. Secularismo. O crescimento da valorizao de valores seculares em detrimento aos valores espirituais da Igreja providenciou um campo frtil para sentimos antieclesisticos, hostilizando as instituies religiosas.4. Abusos religiosos. A imoralidade presente durante o Renascimento, especialmente na Itlia, afetou profundamente a Igreja. Lderes religiosos frequentemente viviam como corruptos e com um padro secular de vida. Luxria e sensualidade invadiram o papado. O abuso das indulgncias, com o objetivo principal de construir a Igreja de So Pedro em Roma, levantou vozes contrrias prtica da Igreja. 5. Crescimento do poder poltico secular. Com o papado em crise, novos lderes surgiram. Especialmente na Alemanha e na Inglaterra, onde o poder dos representantes do papa estavam em baixa, proporcionando assim o fortalecimento de uma classe poltica que questionava a atitude de Roma.6. Manifestaes populares. Como a maior parte da populao estava sofrendo economicamente devido falta de oportunidades de trabalho, educao inferiorizada, altos impostos, taxas cobradas pela Igreja e abusos eclesisticos, isso tudo fez com que a populao comeasse a se articular.7. Imprensa. Desde 1450, a democratizao do conhecimento comeou a modificar o pensamento da populao. Fato importante para ser lembrando no pensamento nas propostas de Lutero para a educao.

5.2 Educao e misso composta por um Trip

Educar significa, primordialmente, agir para transformar. Ou seja, ensinar uma palavra de origem latina que significa deixar marcas. Toda ao docente parte de pressupostos, princpios, convices, valores quer implcitos, quer expressos.A responsabilidade primeira de ensinar dos pais. Educar os filhos no conhecimento de Deus um dever dos pais. sob pena destes perderem a graa divina. O quarto mandamento o mandamento com promessa: aos filhos que obedecerem os pais, Deus promete que tudo ir bem e que tero muito tempo de vida sobre a terra. Por conseguinte, se os filhos forem educados no temor do Senhor. Ele h de abeno-los ricamente. (Catecismo Maior. 1980).Lutero chama ateno dos pais e autoridade para a importncia da educao dos pberes. Assim, conclama os pais a enviarem seus filhos s escolas e aponta para as autoridades a necessidades delas manterem as escolas para todos, como forma de ter bons cidados e governantes aptos para as suas funes.[footnoteRef:34] [34: Id, Ibid, p. 3]

Lutero chama a ateno dos prncipes dizendo que a Igreja e o Estado so co-responsveis pela educao dos homens juntamente com os pais. A educao comea no seio da famlia; toda a sociedade juntamente com ela responsvel pela educao dos homens. Dessa forma, o professor tambm responsvel, juntamente com os pais pela educao das crianas e eles possuem autoridade para educar, Lutero destaca papel especial para os professores. Afirma que, mesmo que todos os pais fossem aptos (alguns s pensam em encher a barriga), eles no teriam tempo de educar bem as crianas. Por isso, para ensinar e educar bem, precisa-se de gente especializada. Diz que a um professor ou mestre dedicado e piedoso ou a quem quer que seja que eduque e instrua fielmente os meninos, jamais se pode recompensar o suficiente e no h dinheiro que lhe pague.[footnoteRef:35] [35: Sociedade Brasileira de Pesquisa Histrica (SBPH) Anais da XXIV Reunio Curitiba-2004 FILOSOFIA LUTERANA DE EDUCAO. E O PAPEL DO PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL NA DCADA DE 90. Marli Dockhorn Lemke. IJTP. p.344 ]

No entanto, se algum der um ducado [moeda de ouro] para a guerra contra os turcos (mesmo que no atacassem), seria justo que doasse cem ducados para educao. Mas com estes ducados se poderia educar apenas um jovem, para tornar-se um adulto verdadeiramente cristo. Um verdadeiro cristo melhor e mais til que todos os seres humanos na terra.[footnoteRef:36] [36: Martim Lutero. Coleo Lutero para Hoje. Educao e Reforma. Ed. Sinodal e Concrdia, 2000, p. 11]

A educao tarefa dos pais, mas compromisso precpuo das autoridades em todos os nveis, porque, na sua concepo, nenhum pecado mereceria maior castigo do que deixar de educar uma criana[footnoteRef:37] [37: Martim Lutero. Coleo Lutero para Hoje. Educao e Reforma. Ed. Sinodal e Concrdia, 2000, p. 16]

Educar bem as crianas significa ter uma estrutura social que garanta este acesso indistintamente para todas elas, isto , tambm para as crianas pobres ou para as crianas cujos pais no do valor nenhum educao. Da ser necessrio manter gente especializada para esta tarefa, gente mantida comunitariamente. tarefa do Estado garantir educao para todos.[footnoteRef:38] [38: EDUCAO EM MARTIM LUTERO: CONTRIBUIES PROTESTANTES PARA A HISTRIA DA EDUCAO ALVORI AHLERT. p. 5]

Na poca, no to diferente de hoje, muitos pais no enviavam seus filhos a escola por que necessitavam do rendimento do trabalho dos filhos. Assim, segundo Altmann (1994, p. 205), Lutero encontrou um mtodo prtico e factvel de fazer jus a necessidade sentida pelos pais, sem renunciar o seu propsito de universalizao do ensino escolar.[footnoteRef:39] [39: Walter Altmann. Lutero e Libertao: Releitura de Lutero em perspectiva latino-americana. Ed. Sinodal e tica, 1994. p. 205]

5.3 - Filosofia Educacional Luterana

A Educao, mesmo avanada em cincia e tecnologia, parece carecer de princpios norteadores. Entre os muitos estudiosos, pensadores, filsofos que contriburam para a educao, proponho nessa pesquisa poder contribuir com o pensamento de Lutero sobre a educao e sua aplicabilidade em pleno sculo XXI.Segundo Nestor Beck (1988 p.95) os luteranos entendem filosofia da educao uma fundamentao racional do educar. Precisa-se saber por que e para que se educa, como educar, o que preciso ensinar e aprender. Quando os luteranos discutem sobre educao, esto na verdade filosofando. E quando se busca uma filosofia de educao crist, pois essa a filosofia luterana, entende-se que no se deseja que a educao caia num tradicionalismo comandado pela prtica pedaggica, caindo no erro de se continuar fazendo o que sempre foi feito. Ao buscar desenvolver uma filosofia luterana de educao, os luteranos buscam justificar sua atividade educacional sabendo o que se busca ensinar e aprender. A busca pela filosofia luterana tem como princpio ter um horizonte, sem se deixar levar por uma ideologia do momento. As vantagens de uma filosofia Luterana ter clareza quanto o seu papel como agentes educacionais. Reconhecendo o papel da famlia, da igreja, do Estado e da prpria pessoa no aprender e ensinar. O desenvolvimento de uma filosofia educacional luterana busca pela segurana, quanto aos referenciais, nos objetivos educacionais. Haver clareza em seu currculo e mtodo de ensino.[footnoteRef:40] [40: IGREJA, SOCIEDADE & EDUCAO: Estudos em torno de Lutero. Nestor Beck. Ed. Concrdia, Porto Alegre, 1988. p. 95 - 96]

A filosofia luterana da educao desenvolve e fundamenta uma certa concepo. Sendo essa composta por uma viso crist do mundo e fundamentao crist da ao educacional.[footnoteRef:41] [41: Id. pp. 97, 102]

A melhor definio para Filosofia Luterana de Educao seja o conjunto de princpios e convices que fundamentam e regem um sistema educacional. A educao emana da fonte do cristianismo, sendo essa a Escritura Sagrada. Da mesma se extrai princpios e convices que a fundamentam e regem.A filosofia luterana de educao tem sua origem nos fatos ocorridos no sculo XVI, quando aconteceu a Reforma Luterana. A despeito de Lutero no ter deixado nenhum escrito diretamente relacionado com esta questo, deve-se a ele a democratizao do ensino e uma orientao diferenciada para o trato educacional, assim como uma nova forma de enxergar a importncia da escola na vida econmica, social e poltica das naes.[footnoteRef:42] [42: III SEMINRIO INTERNACIONAL ORGANIZAES E SOCIEDADE: INOVAES E TRANSFORMAES CONTEMPORNEAS PORTO ALEGRE, 11 A 14 DE NOVEMBRO DE 2008 GT ORGANIZAES RELIGIOSAS A IGREJA LUTERANA COMO AGENTE SOCIAL E POLTICO. Hubert Matte Mestrando PUC/RS. p. 2]

Seibert, se reportando a Martim C. Warth, afirma que a filosofia luterana de educao tem origem na perspectiva com que os homens habitualmente vem a Deus, a origem, natureza e destino do homem, a verdade, a igreja, o estado. E continua dizendo, filosofia de educao, portanto, a filosofia, a viso de mundo, a perspectiva de uma pessoa aplicada educao. A filosofia luterana de educao a teologia bblica na perspectiva luterana aplicada educao. O que tambm pode ser chamado de finalidade da educao.[footnoteRef:43] [43: III SEMINRIO INTERNACIONAL ORGANIZAES E SOCIEDADE: INOVAES E TRANSFORMAES CONTEMPORNEAS PORTO ALEGRE, 11 A 14 DE NOVEMBRO DE 2008 GT ORGANIZAES RELIGIOSAS A IGREJA LUTERANA COMO AGENTE SOCIAL E POLTICO. Hubert Matte Mestrando PUC/RS. p. 5]

A finalidade da educao luterana, chamada de cristo, por Nestor Beck, seria:... preservar e fomentar as condies e bens favorveis educao, portanto ter por alvo formar o homem como pessoa moral e racional, que faa uso da razo para promover o bem prprio e dos outros. Ser o homem que saiba gerir a prpria vida, promover sustento pelo trabalho e participar da gesto da coisa pblica. Ser, pois, o homem capaz de conduzir-se honradamente na famlia, na economia, na poltica, nas artes. (BECK, 1988, p. 102)[footnoteRef:44] [44: Op. Cit. Hubert Matte, p. 6]

A filosofia luterana pode ser vista da perspectiva de uma sociedade que est organizada na dimenso de seu princpio axiolgico que o ser um agente transformador com o fim de humanizar as relaes sociais. Aqui est a forma de Lutero atuar. Ele convocava os prncipes e pais para uma revoluo na educao. Ele escrevia cartas aos camponeses para promover a paz. Ele estava enfronhado no seu contexto scio-poltico e enxergava a Igreja, atravs da educao, como uma forma de atuar neste mesmo contexto. Ele insistia para que os pais e autoridades dessem educao escolar para todos, meninos e meninas, para que estes atuassem num mundo em transformao.[footnoteRef:45] [45: III SEMINRIO INTERNACIONAL ORGANIZAES E SOCIEDADE: INOVAES E TRANSFORMAES CONTEMPORNEAS PORTO ALEGRE, 11 A 14 DE NOVEMBRO DE 2008 GT ORGANIZAES RELIGIOSAS A IGREJA LUTERANA COMO AGENTE SOCIAL E POLTICO. Hubert Matte Mestrando PUC/RS. p. 14]

6.Contribuies da filosofia luterana da educao para ao missionria em pleno sculo XXI

Lutero recebeu ao longo dos anos muitas faces e no quero apresentar uma nova face de Lutero. Nessa pesquisa quero coloc-lo como um educador e um grande missionrio dentro da educao. Entretanto, Thomas Nipperdey nos alerta para o grande nmero de armadilhas que, ao longo da histria, tentaram sequestrar ou enquadrar em sua linha de pensamento o reformador Martin Lutero. A armadilha liberal do sculo XIX tentou transform-lo num grande libertador, num grande lutador contra as hierarquias. A armadilha conservadora transformou-o num fato histrico quase banido da ordem do dia. A armadilha nacional-protestante afirmava para si que Lutero, antes de qualquer outra coisa era um alemo. Em meio a isso, Nipperdey lembra que Lutero era um homem do seu tempo medieval. Sua preocupao era uma preocupao arcaica: como posso encontrar o Deus da misericrdia? (NIPPERDEY, 1983, p.13-14)[footnoteRef:46] [46: Op. Cit. EDUCAO EM MARTIM LUTERO: CONTRIBUIES PROTESTANTES PARA A HISTRIA DA EDUCAO ALVORI AHLERT. p.2]

Foi pregador, influenciando enormemente a conscincia do povo alemo. Ajudou a promover uma ampla reforma educacional, criando escolas para meninos e meninas, ginsios e universidades.[footnoteRef:47] [47: EDUCAO EM MARTIM LUTERO: CONTRIBUIES PROTESTANTES PARA A HISTRIA DA EDUCAO ALVORI AHLERT. p.2]

A principal consequncia da Reforma Protestante foi a transferncia da escola para as mos do Estado nos pases protestantes.[footnoteRef:48] [48: A Educao Atravs Dos Tempos. Joo Cardoso Palma Filho. Unesp e Univesp. p. 04]

Uma contribuio de Lutero a educao do sculo XXI est na sua concepo de uma educao pblica, universal e gratuita, para quem no pode custe-la. Neste sentido, acertadamente Lorenzo Luzuriaga v na Reforma a gnese da educao pblica. A educao pblica, isto , a educao criada, organizada e mantida pelas autoridades oficiais municpios, provncias, Estados comea, como dissemos, com o movimento da Reforma religiosa no sculo XVI. (LUZURIAGA, 1959, p.5)[footnoteRef:49] [49: Op. Cit. EDUCAO EM MARTIM LUTERO: CONTRIBUIES PROTESTANTES PARA A HISTRIA DA EDUCAO ALVORI AHLERT. p. 5]

Outra contribuio de Lutero sua educao integral. Pela graa de Deus, est tudo preparado para que as crianas possam estudar lnguas, outras disciplinas e Histria, com prazer e brincando. As escolas de hoje j no so mais o inferno e o purgatrio de nosso tempo, quando ramos torturados com declinaes e conjugaes. No aprendemos simplesmente nada por causa de tantas palmadas, medo, pavor e sofrimento. Se levamos tanto tempo para ensinar s crianas jogos de tabuleiro, cantar e danar, por que no usamos o mesmo tempo para ensin-los a ler e outras matrias? Eles so jovens e tm tempo, so capazes e tm vontade. Falo por mim mesmo: se eu tivesse filhos e tivesse condies, no deveriam aprender apenas as lnguas e Histria. Tambm deveriam aprender a cantar e estudar Msica, com Matemtica.[footnoteRef:50] [50: Martim Lutero. Coleo Lutero para Hoje. Educao e Reforma. Ed. Sinodal e Concrdia, 2000, p. 37 - 38]

Martinho Lutero e a Educao so lembrados no artigo de Paulo Weirich "Estudar brincadeira". O autor comenta que para muitos que estudaram coagidos pelo medo de ser reprovados, de perder ou at de apanhar, e para muitos que imaginam que severidade e punio so sinnimos de educao, o ttulo acima surpreende. O mesmo se d em muitas aes missionrias, o medo e o pavor tornam pessoas adeptas a determinada denominao religiosa.Weirich lembra Martinho Lutero que escreveu em 1529:Eis que assim poderamos educar os jovens, de maneira infantil e a brincar... Ento, sim, algo de bom poderia deitar razes, brotar e frutificar de modo tal que se desenvolvessem pessoas que fossem proveitosas e trouxessem alegria para um pas. Seria est tambm a maneira acertada de bem educar as crianas, desde que se possa acostum-las mediante bondade e divertimento.

Weirich comenta que esse o sentido que Lutero deu tambm exortao bblica de "inculcar o ensinamento nos filhos", de modo tal que o carinho e o amor de Deus sejam a imagem permanentemente gravada no corao do educando (Mensageiro Luterano, dez. 1992. p. 21).Alvori: sua inseparabilidade com a tica e a cidadania e necessidade de aprofundar a democratizao da educao em todos os nveis (p.9). Hubbert Matte apresenta-se, aos moldes de Lutero no sculo XVI, como um agente que procura democratizar a educao, porque abre-se a todos, especialmente aos excludo Religio e educao so inseparveis em sua doutrina. A ideia do sacerdcio universal de todos os crentes, que faz laicizar o mnus sacerdotal, transformando-o em ofcio civil, uma das mais importantes contribuies de Lutero ao pensamento moderno.[footnoteRef:51] [51: A questo da educao na obra de Martinho Lutero. Czar de Alencar Arnaut de Toledo. Departamento de Fundamentos da Educao, Universidade Estadual de Maring, Av. Colombo, 5790, 87020-900, Maring-Paran, Brazil. p. 129]

A despeito desta limitao, o uso da rgua Bblia, como preconizava Lutero, ser o centro da educao, no ficaria de todo prejudicado, uma vez que as Escrituras Sagradas, como diz a Igreja Luterana, poderiam servir de balizamento para toda a educao.[footnoteRef:52] [52: III SEMINRIO INTERNACIONAL ORGANIZAES E SOCIEDADE: INOVAES E TRANSFORMAES CONTEMPORNEAS PORTO ALEGRE, 11 A 14 DE NOVEMBRO DE 2008 GT ORGANIZAES RELIGIOSAS A IGREJA LUTERANA COMO AGENTE SOCIAL E POLTICO. Hubert Matte Mestrando PUC/RS. p. 6]

Hubert Matte critica muitas escolas luteranas que perderam o foco de se perdeu parte da viso de Lutero, que queria bons lderes para o imanente tambm.[footnoteRef:53] [53: Id, Ibid, p. 7]

7.CONSIDERAES FINAIS

Lutero deixou muitos questionamentos e apontamentos para a educao. Isso numa poca em que grandes mudanas aconteceram.Assim, como naquela poca, 1517, vemos que atualmente o mundo carece de sentido. Assim devemos atribuir-lhe um. No que esse seja a resposta a todos os problemas, mas acredito que muitos apontamentos de Lutero a educao nos faro pensar e quem saber resgatar princpios norteadores para que a educao seja o que fato se prope a ser, transformadora.A princpio o tema: CONTRIBUIO DA FILOSOFIA DA EDUCAO LUTERANA PARA A AO MISSIONRIA PARA O SCULO XXI parece no interessar a ningum, no entanto, vale lembrar que Lutero um dos nomes mais pesquisados atualmente. Sua importncia no apenas no mbito eclesistico. Lutero um pensador moderno que viveu num perodo de grandes transformaes e foi responsvel por muitas dessas transformaes.Assim sendo, a Filosofia Luterana da Educao tem muitas contribuies inclusive para a ao missionria em pelo sculo XXI. Muitas dessas contribuies nos daro suporte para podermos fazer aquilo que a funo da educao e da ao missionria: transformar vidas.O objetivo geral trazer uma apreciao da Filosofia Luterana da Educao e propor um julgamento se a mesma contribuiu e o quanto tem a contribuir para a ao missionria no sculo XXI. Mediante a apreciao da Filosofia Luterana de Educao, desejo exercer papel de juiz e apontar sua importncia e necessidade para a ao missionria no sculo XXI.O caminho para apreciao, julgamento e apontamento da importncia da Filosofia Luterana da Educao no fcil e simples. Mas, a metodologia minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ao desenvolvida no trabalho de pesquisa ir nos capacitar para o mesmo.Os instrumentos, procedimentos e ferramentas usadas sero a vasta bibliografia sobre o tema. No entanto, elegemos como texto base o livro Igreja, Sociedade & Educao: estudos em torno de Lutero, escrito por Nestor Beck.No primeiro captulo apontou-se para o incio da Histria da denominada Revoluo Educacional de Lutero. O surgimento do Cristianismo mudam os rumos da cultura ocidental e consequentemente as ideias sobre o processo educacional. No contexto do surgimento do iluminismo, da queda do absolutismo, da ascenso da burguesia, do incio do capitalismo, da revoluo industrial, entre outras, surge uma nova viso nas artes, na vida e tambm na religio. Comea-se a questionar a origem do Universo, do homem e sua teleologia. Conforme Hasse (1959), com este pano de fundo surge um personagem chamado Martinho Lutero, que procura impingir Igreja Catlica sua maneira de ver e interpretar a Bblia.Os sculos XV e XVI marcaram o nascimento da Modernidade. Foi o perodo da Renascena, um movimento intelectual, esttico e social que trouxe profundas modificaes, e da Reforma, que significou uma verdadeira revoluo no contexto da poca.A educao medieval uma educao que no atinge as grandes massas que permanecem analfabetas e incultas. Trata-se de uma educao, basicamente, voltada para a formao do homem burgus que atinge, principalmente, o clero, a nobreza e a burguesia.A escolstica influiu decisivamente sobre toda a pedagogia catlica, sendo inclusive transplantada para o Brasil pelos Jesutas que aqui chegaram, em 1549, com o primeiro Governador Geral do Brasil, Tom de Souza. Trata-se de um mtodo de ensino que, at hoje, exerce influncia na sala de aula tradicional. Assim como Lutero em sua poca rompeu com um modelo tradicional de ensino, ns, docentes, tambm precisamos transformar nosso atual modelo de ensino-aprendizagem.A educao sempre constituiu-se parte significativa da religio. Entretanto, a partir do Iluminismo e de forma mais exacerbada nos dias atuais, a educao foi considerada como algo dissociado da religio.Lutero foi o grande protagonista da Reforma Protestante assumindo a liderana do movimento educacional que comeara na Alemanha e que lutava para libertar a educao, por meio do Estado, dos laos que a Igreja impunha por sculos. Esta luta tinha por causa a propagao das oportunidades para a educao e consequentemente sustentava a real necessidade da educao para a vida religiosa e secular do ser humano.Nesta luta, Lutero priorizou a leitura da Bblia. Lutero tambm procura redimensionar as relaes entre a Igreja e o Estado. Ele v que os dois precisam caminhar lado a lado, se completando, ou seja, um dando ao outro o espao necessrio para que ambos trabalhem.No captulo 2 a propostas foi trazer Lutero como um homem do seu tempo. O captulo dois foi dividido em trs partes. 1) - alguns aspectos da educao em Lutero no sculo XVI; 2) Educao e Misso composta por um trip; 3) Filosofia educacional Luterana.O impacto da reforma levou a transformaes na sociedade. Uma dessas a educao. Por isso, necessrio nos ocupar do seu pensamento e suas contribuies para o atual sistema de educao brasileira.Para busca de referencial, tomo a liberdade de trazer pensamentos e reflexes de Lutero, transformadas na Filosofia Luterana de educao, para dar um referencial, um norte.Mas, ser que Lutero, a Filosofia Luterana de Educao capaz de contribuir para o sistema educacional brasileiro? A resposta depende da sua busca por esse referencial.Segundo Beck por uma srie de circunstncias a sociedade brasileira no recebeu ainda o impacto da teologia de Martinho Lutero, que , por assim dizer, um divisor dguas entre sociedade medieval e moderna. Pode-se dizer que a mesma contribuio naquele perodo pode tambm ser nos til atualmente, quando estamos em plena ps-modernidade.A sociedade em que Lutero atuou caracterizava-se como mundo cristo. Era a religio que lhe conferia sustentao e sentido. Com as criticas religio estabelecida, sendo constituidor do fundamento ideolgico da poca, acabou repercutindo em toda a sociedade. Em meio a essa repercusso, Lutero enfrentou a mesma. E desse enfrentamento acabou discutindo as implicaes educacionais da Reforma em vrios sentidos.Lutero via a educao como um instrumento fundamental para o exerccio da vida crist.A educao moderna passa pelas reformas religiosas ocorridas no sculo XVI, quando vozes se levantaram para que houvesse uma democratizao do ensino e que o Estado assumisse este encargo. Esta viso estava calcada no fato de que a educao a base para que se tenha excelentes e bem formados cidados, pessoas hbeis no governo.O pensamento educacional de Lutero, embebido de sua leitura das Sagradas Escrituras deixa claro que a educao fundamental na realizao do verdadeiro cristianismo.Lutero no chegou a formular uma teoria crist de educao, no entanto, seus escritos justificam o empenho pela boa educao que uma caracterstica de comunidades e lideres luteranos em todos os tempos.A atitude de Lutero no Dia de Todos os Santos do ano de 1517 no foi nada de excepcional; pelo contrrio, o mundo acadmico universitrio favorecia a discusso utilizando argumentos em formas de teses. O simples fato de public-las em latim j direcionava o pblico e tambm selecionava quem tinha realmente condies de discuti-las. Esta atitude de Lutero fruto de alguns fatores que quero relembrar neste momento a fim de melhor entendermos o pensamento educacional de Lutero.No captulo trs buscou-se mostrar as contribuies da filosofia luterana da educao para a ao missionria em pleno sculo XXI.Lutero ajudou a promover uma ampla reforma educacional, criando escolas para meninos e meninas, ginsios e universidades. Uma contribuio de Lutero a educao do sculo XXI est na sua concepo de uma educao pblica, universal e gratuita, para quem no pode custe-la. Aos moldes de Lutero no sculo XVI, como um agente que procura democratizar a educao, porque abre-se a todos, especialmente aos excludo Religio e educao so inseparveis em sua doutrina. A despeito desta limitao, o uso da rgua Bblia, como preconizava Lutero, ser o centro da educao, no ficaria de todo prejudicado, uma vez que as Escrituras Sagradas, como diz a Igreja Luterana, poderiam servir de balizamento para toda a educao.Se a grande preocupao era apontar para as contribuies da Filosofia educacional Luterana para a ao missionria em pleno sculo XXI, o objetivo foi alcanado com xito. Afinal, se em pleno sculo XXI a educao est, no seu formato, fadada ao fracasso, da filosofia educacional Luterana que pode-se buscar no apenas princpios educacionais, mas tambm missionrios. Alis, em pouco tempo, haver necessidade do resgate a tica e valores cristos para as crianas nas escolas. E em questo de tica e valores, tanto a educao como a atuao missionria da igreja tem muito a contribuir. E nesse sentido, a filosofia educacional luterana pode auxiliar vastamente.

8.BIBLIOGRAFIA

A Educao Atravs Dos Tempos. Joo Cardoso Palma Filho. Unesp e Univesp.

O pensamento e a prtica educacional de Lutero. Clvis Jair Prunzel. ULBRA.

III SEMINRIO INTERNACIONAL ORGANIZAES E SOCIEDADE: INOVAES E TRANSFORMAES CONTEMPORNEAS. PORTO ALEGRE, 11 A 14 DE NOVEMBRO DE 2008 GT ORGANIZAES RELIGIOSAS A IGREJA LUTERANA COMO AGENTE SOCIAL E POLTICO. Hubert Matte Mestrando PUC/RS.

BECK, Nestor. Igreja, Sociedade & Educao: estudos em torno de Lutero. Ed. Concrdia, Porto Alegre, 1988.

CAIRNS, Earle E. O cristianismo atravs dos sculos: uma histria da igreja crist. 2. ed. So Paulo: Vida Nova, 1990.

EBY, Frederic. Histria da educao moderna. Porto Alegre: Globo, 1970.

SEIBERT, Egon Martim. Filosofia luterana de educao. Vox concordiana Suplemento teolgico. Escola Superior de Teologia-Instituto Concrdia de So Paulo, ano 14, n. 2, p.39-58, 1999.

LUTERO, Martinho. Aos Conselhos das cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas. In . Obras Selecionadas . v.5 p. 302 a 325. So Leopoldo: Sinodal. 1995.

_____. Uma Predica para que se mandem os filhos escola. In: Obras Selecionadas v.5 p. 326 a 363. So Leopoldo: Sinodal 1995.

_____. O Catecismo Maior e Menor. In: Obras Selecionadas v.7 p. 315 a 470. So Leopoldo: Sinodal.1995.

LUTERO, Martinho. Educao e reforma. So Leopoldo: Sinodal/ Porto Alegre: Concrdia Editora, 2000.

Livro de Concrdia: As Confisses Luteranas da Igreja Evanglica Luterana. Traduo: Arnaldo Schler. Ed. Sinodal e Concrdia, Porto Alegre, RS. 1980.

Sociedade Brasileira de Pesquisa Histrica (SBPH) Anais da XXIV Reunio Curitiba-2004. FILOSOFIA LUTERANA DE EDUCAO. E O PAPEL DO PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL NA DCADA DE 90. Marli Dockhorn Lemke. IJTP

Mensageiro Luterano, dez. 1992.

LUZURIAGA, Lorenzo. A educao pblica religiosa. In: Histria da educao pblica. So Paulo: Nacional, 1959. p. 5-22.

Walter Altmann. Lutero e Libertao: Releitura de Lutero em perspectiva latino-americana. Ed. Sinodal e tica, 1994.

WESLLEY RUFINO CAETANO. EDUCAO E PROTESTANTISMO: ACONTRIBUIO PROTESTANTE PARA A EDUCAO. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE