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Programa de Mestrado Profissional Em Saúde e Gestão do Trabalho A QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE NÍVEL MÉDIO COMO ESPECIALIDADE NA ATENÇÃO A SAÚDE DO IDOSO MIRTES DA SILVA ANDRADE RIBEIRO ITAJAÍ

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Programa de Mestrado Profissional

Em Saúde e Gestão do Trabalho

A QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE NÍVEL MÉDIO

COMO ESPECIALIDADE NA ATENÇÃO A SAÚDE DO IDOSO

MIRTES DA SILVA ANDRADE RIBEIRO

ITAJAÍ

MIRTES DA SILVA ANDRADE RIBEIRO

A QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE NÍVEL MÉDIO COMO ESPECIALIDADE NA ATENÇÃO A SAÚDE DO IDOSO

Dissertação apresentada como requisito para a título de Mestre em Saúde e Gestão do Trabalho Área de Concentração: Gestão do Trabalho e Educação na Saúde. Orientadora: Profª. Drª. Juliana Vieira de Araújo Sandri.

ITAJAÍ (SC), 2009.

R354q

Ribeiro, Mirtes da Silva Andrade, 1968-

A qualificação dos profissionais de saúde de nível médio [manuscrito] : como especialidade na atenção a saúde do idoso / Mirtes da Silva Andrade Ribeiro. – 2009.

143 f. : il. ; 30 cm

Cópia de computador (Printout(s)).

Dissertação (mestrado) – Universidade do Vale do Itajaí, Pró-reitoria de Pesquisa. Pós-graduação, Extensão e Cultura, 2010.

“Orientador: Profª. Drª. Juliana Vieira de Araújo Sandri”.

MIRTES DA SILVA ANDRADE RIBEIRO

A QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE NÍVEL MÉDIO COMO ESPECIALIDADE NA ATENÇÃO A SAÚDE DO IDOSO

Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de Mestre em Saúde

Coletiva e aprovada no Curso de Pós-Graduação em Saúde e Gestão do Trabalho.

Área de Concentração Gestão do Trabalho e Educação na Saúde.

Itajaí (SC), Dezembro de 2009.

Comissão Examinadora

________________________________ Profª. Drª. Juliana Vieira de Araújo Sandri

Presidente/Orientadora UNIVALI - Itajaí

________________________________ Profª. Drª. Elizabeth Navas Sanches

Examinador UNIVALI - Itajaí

________________________________ Profª. Drª. Lúcia Hisako Takase Gonçalves

Examinadora UFSC - Florianópolis

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho às minhas avós:

minha avó Maria, hoje com 100 anos

e à minha avó Chiquinha, com 97 anos.

Portanto, elas são exemplo de que envelhecer é uma conquista!

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que me guiou neste caminho e preparou para mim esta

oportunidade de estar aqui, pois sem ele nada é possível.

Agradeço ao meu amado filho, Harison, que é a razão da minha vida e que

compreendeu minha ausência e me cobria de carinho quando retornava para casa.

Ao meu amado esposo, Radamés, que cuidou do nosso filho para que eu

pudesse realizar esta caminhada. Meu porto seguro.

Agradeço a minha mãe por suas orações que sempre me deram forças em

todos os momentos desta jornada.

A minha amiga Elza Fernanda, que foi uma irmã nesta caminhada e cuidou

de mim em todos os momentos em que compartilhamos as alegrias, tristezas,

viagens de aventura até chegarmos a Itajaí e muitos conhecimentos adquiridos e

que, com sabedoria, saberemos aplicá-los em nossas vidas.

A minha querida professora Juliana Sandri, por sua paciência, por

compartilhar comigo seus conhecimentos, sua alegria em trabalhar esse tema. Sua

orientação foi ímpar, pois compartilhamos o ideal de que “envelhecer é uma

conquista; e com qualidade de vida, é um privilégio”.

Aos colegas de mestrado, no qual compartilhamos nossas experiências

tornando nossa vivência muito próxima ao ponto de nos chamarmos de amigos para

sempre.

A todos os professores da Univali, que compartilharam seus conhecimentos

e pela generosidade de cada um para com esta turma muito especial.

Agradeço ao Ministério da Saúde que através do projeto junto a UNESCO,

nos proporcionou a participação neste mestrado.

Meu agradecimento especial a banca examinadora, pela sua generosidade e

atenção que dispensaram para participar deste processo, e compartilhar suas

experiências profissionais e conhecimentos para este estudo com foco no idoso.

Agradeço a todos os colaboradores que acreditaram na minha proposta e

me ajudaram com seus conhecimentos para que a mesma fosse construída e

concluída.

A toda equipe da Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha, em

especial minha coordenadora, Anna Lúcia Leandro de Abreu, que em sua sabedoria

soube conduzir nossos trabalhos junto a esta comunidade escolar.

Ao Instituto Dom Moacyr, por nos disponibilizar o espaço da escola para

realização das oficinas e acolher esta proposta, como uma construção de cidadania

aos nossos educados.

Aos colegas de trabalho do HUERB por sua colaboração e apoio na escala

de serviço para que eu pudesse participar deste mestrado.

As minhas irmãs e os meus irmãos que a nossa união é a base familiar.

A todos o meu muito obrigado, vocês são muito especiais para mim!

TEMPO GLORIOSO

Vejo no idoso Um tempo glorioso Um peito carinhoso Que abriga filhos, netos... Quem sabe, bisnetos Que lhe devolvem AMOR Vejo um braço laborioso Que trabalhou, cumpriu seu dever... Vejo a experiência... A inteligência mais aguçada A ternura mais açucarada Vejo nas mãos crispadas No passo criterioso, embora inseguro Que o que era escuro... Agora é só claridade! Que o olhar está mais cansado O rosto ficou enrugado O corpo está mudado, é verdade... Mas seu coração é o mesmo A alma é mais bela... E mantém a mesma integridade! Nair Lúcia de Britto

RIBEIRO, Mirtes da Silva Andrade. A QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE NÍVEL MÉDIO COMO ESPECIALIDADE NA ATENÇÃO A SAÚDE DO IDOSO. Dissertação (Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho) – Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Itajaí (SC), 2009. Orientadora: Drª Juliana Vieira de Araujo Sandri

RESUMO

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e incontestável, ocorre em países desenvolvidos como também em desenvolvimento, segundo dados do BRASIL (2000e) a perspectiva para o Brasil no ano de 2025 e a de 6º lugar no ranking mundial da população idosa. Este evento traz consigo algumas particularidades referentes ao processo de envelhecimento como a senescência que é o processo natural do envelhecimento e a senilidade período este em que ocorre as doenças crônico-degerativas e como conseqüências destas doenças têm a perda da capacidade funcional e cognitiva. Diante deste quadro apresentamos à proposta de formação dos profissionais de saúde de nível médio com especialidade na atenção a saúde do idoso, respaldo na Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96 Decreto CNE/CEB nº 5.164/04, Parecer CNE/CEB nº 04/99 E Resolução CNE/CEB nº 16/99 e com embasamento legal das Políticas Públicas voltadas a pessoa idosa. Participaram desta construção os Coordenadores das áreas técnicas da ETSUS-ACRE e os Coordenadores da Atenção a Saúde Idoso Estadual e Municipal da cidade de Rio Branco – Acre. A metodologia utilizada durante a construção foi através do método construtivista, no qual considera o ser humano como centro do seu percurso em direção á construção do conhecimento. Os resultados obtidos da construção desta proposta foram: Perfil Profissional desta clientela que queremos formar com base na gerontologia e a Matriz Curricular formada por cinco eixos tecnológicos que serão norteadores desta proposta de formação como: Introdução ao Estudo do Envelhecimento: Um enfoque Gerontológico; Aspectos Legais de Envelhecimento: Ética e Cidadania; Patologias comuns a pessoa idosa; Assistência Humanizada à Pessoa Idosa; Atendimento em Situações de Agravos a pessoa idosa e o Aspecto da Tanatologia. Esses eixos são formados por competências, bases tecnológicas, habilidades valores e atitudes. PALAVRAS-CHAVE: Idoso. Qualificação profissional. Profissional de SaúdeF

1

1 Conforme dos descritores da saúde (site: http://decs.bvs.br/).

ABSTRACT

Population ageing is a global and indisputable phenomenon that is occurring in

developed and developing countries, and according to data from the IBGE (2000),

the forecast is that by 2025, Brazil will have the 6th largest elderly population in the

world. This event brings with it some special characteristics relating to the ageing

process, gerontology and senility, a period when chronic-degenerative diseases are

more likely to occur, resulting in loss of functional and cognitive capacity. In this

context, we present a proposal for technical training of undergraduate health workers

specializing in healthcare of the elderly, according to the guidelines of the Lei de

Diretrizes e Bases no. 9394/96, CNE/CEB Decree no. 5164/04, Opinion CNE/CEB

no. 04/99 and CNE/CEB Resolution no.16/99, with the legal backing of Public

Policies for elderly people. Coordinators of the technical areas of the ETSUS-ACRE,

State Coordinators of Healthcare for the Elderly, and the Local Council of the city of

Rio Branco - Acre took part in this construction. A constructivist methodology was

used, in which the human being is considered as being at the center of its path

towards the construction of knowledge. The results obtained from the construction of

this proposal were: a Professional Profile of this clientele that we seek to train, based

on gerontology and the Curricular Matrix formed by five technological axes that will

provide guidelines for this training proposal, namely: Introduction to the Study of

Ageing: A Gerontological focus; Legal Aspects of Ageing: Ethics and Citizenship;

Pathologies common to the elderly; Humanized Healthcare for Elderly People;

Healthcare for elderly people in situations of deteriorating health, and the Aspect of

care of the dying. These axes are made up of competencies, technological bases,

skills, values and attitudes.

KEY WORDS: Elderly; Professional qualification Health Professional.2

2 According to the health descriptors (Site: http://decs.bvs.br/). Annex 1

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Dinâmica do grupo de trabalho. .................................................................35

Figura 2: Eixos tecnológicos definidos pelos grupos na segundo oficina..................43

Figura 3: Gerontologia, ciência multidisciplinar .........................................................49

Figura 4: Matriz Curricular por Módulo proposto para o curso. .................................56

Figura 5: Matriz Curricular por Eixo Tecnológico.......................................................58

Figura 6: Quatro pilares da educação. ......................................................................61

Figura 7: Diagrama do Eixo I – Módulo I ...................................................................63

Figura 8: Diagrama do Módulo II – Eixo II .................................................................71

Figura 9: Diagrama do Módulo II – Eixo III ................................................................78

Figura 10: Diagrama do Módulo II – Eixo IV..............................................................88

Figura 11: Diagrama do Módulo III – Eixo V............................................................105

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................11 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................20

2.1 O envelhecimento humano e as políticas de direito do idoso ......................20 2.2 A formação especialista de nível médio. ......................................................24 2.3 A ETSUS e sua responsabilidade na formação dos profissionais para o SUS

.....................................................................................................................27 2.4 Conhecendo a trajetória da ETSUS-ACRE..................................................30

3 METODOLOGIA.................................................................................................33

3.1 Abordagem da pesquisa ..............................................................................33 3.2 Participantes da construção .........................................................................34

3.2.1 A dinâmica do grupo de trabalho ..............................................................35 3.3 Aspectos éticos ............................................................................................37 3.4 Construindo e analisando a proposta...........................................................37 3.5 Descrevendo as oficinas ..............................................................................38

4 A PROPOSTA DO CURSO DE QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE

SAÚDE DE NÍVEL MÉDIO COMO ESPECIALIDADE NA ATENÇÃO A SAÚDE DO IDOSO..........................................................................................................46

4.1 Perfil profissional ..........................................................................................51 4.2 Matriz curricular............................................................................................53

4.2.1 MÓDULO 1 - EIXO I: Introdução aos estudos do envelhecimento: Um enfoque gerontológico ..............................................................................63

4.2.2 2MÓDULO 2 - EIXO II: Aspectos Legais do Envelhecimento: Ética e Cidadania..................................................................................................71

4.2.3 MÓDULO 2 – EIXO III: Patologias Comuns a Pessoas Idosas.................78 4.2.4 MÓDULO 3 EXO IV: Assistência Humanizada à Pessoa idosa................88 4.2.5 MÓDULO 3 - EIXO V: Atendimento em situações de agravos a pessoa

idosa e o aspecto da tanatologia ............................................................105 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................113 REFERÊNCIAS.......................................................................................................116 ANEXOS .................................................................................................................131 ANEXO A - Solicitação ao Instituto de Desenvolvimento Profissional Dom Moacyr

Crechi ...............................................................................................................131 ANEXO B - Solicitação as instituições para a liberação dos participantes..............132 ANEXO C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .....................................133 ANEXO D: Termo de aceite de orientação..............................................................135 APÊNDICES ...........................................................................................................136 APÊNDICE A - Quadro da Matriz do Módulo I, II e III com suas respectivas Cargas

Horárias ............................................................................................................136

APÊNCIDE B - Matriz Curricular e os Eixos Tecnológicos, Competência, Bases Tecnológicas, Habilidades, Valores e atitudes. ................................................139

11

1 INTRODUÇÃO

No início de um novo milênio, em quase todos os países do continente, vem

ocorrendo o fenômeno do envelhecimento populacional. Ao mesmo tempo em que

traz uma sensação de vitória da vida sobre a finitude, também coloca para todos os

cidadãos uma série de situações a serem enfrentadas, decorrentes do aumento de

esperança de se viver mais.

Uma das principais características da população mundial neste início de um

novo século é a de que tem havido um aumento expressivo, tanto em número

absoluto como relativo de pessoas com 60 anos de idade ou mais. Dos cerca de 600

milhões de idosos vivendo hoje no mundo, cerca de 370 milhões estão vivendo em

países em desenvolvimento, e as projeções para os próximos anos apontam para

uma população de mais de um bilhão de idosos, dos quais 70% (700 milhões) irão

residir em países pobres (LITVOC; BRITO 2004).

Com o aumento da população idosa no Brasil previsto para os próximos

anos, torna-se necessário desenvolver Políticas Sociais e de Saúde voltadas para a

sobrevivência condigna do idoso, objetivando mantê-lo o maior tempo possível

autônomo e independente na comunidade e na convivência familiar.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) (BRASIL,

2004g) um dos efeitos da redução da taxa de fecundidade, foi à constatação do

estreitamento da base da estrutura etária com progressivo envelhecimento da

população.

O processo de envelhecimento da população, também, pode ser

acompanhado por meio do indicador que relaciona o número de pessoa de 60 anos

ou mais de idade para 100 crianças com menos de 05 anos de idade. Esse indicador

estava em 48,3 em 1981; passou para 76,5 em 1993; atingiu 97,8 em 1999, e

alcançou 120,1 no ano de 2004 (BRASIL, 2004g).

O rápido declínio da fecundidade no Brasil constitui-se uma das mais

importantes mudanças estruturais da sociedade brasileira no final do Século XX. O

menor ritmo de crescimento da população e a profunda modificação na estrutura

etária, com acelerado envelhecimento da população, têm e terão, obviamente,

profundas implicações sobre toda a vida social e econômica do país.

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A população que envelhece coloca novas exigências para os serviços

sociais e de saúde. Os problemas de saúde das pessoas idosas são freqüentemente

de natureza crônica e podem requerer intervenções custosas e de uso de

tecnologias complexas, acrescentando-se aos idosos os benefícios e pensões da

seguridade social (VERAS, 1994).

Dos 14,5 milhões de idosos identificados pelo Censo Demográfico de 2000,

55% eram mulheres. Esse fato é explicado pela mortalidade diferencial por sexo. De

acordo com Lloyd-Sherlock (2004) mesmo que a velhice não seja universalmente

feminina, ela possui um forte componente de gênero.

Atualmente, a maioria das idosas brasileiras apesar de não ter um trabalho

remunerado durante a sua vida adulta, progressivamente através de trabalhos extra

domésticos, viagens e trabalhos temporários e por viverem mais do que os homens,

acabam assumindo o papel de chefe de família e de provedoras (GOLDANI, 1999).

Diferentemente nos países europeus quando o envelhecimento de suas

populações ocorreu, a maioria desses países já apresentavam níveis sócio-

econômicos que proporcionavam a grande parte de seus habitantes, condições de

vida satisfatórias. Com isso, os problemas conseqüentes ao envelhecimento

populacional puderam ser encarados como prioritários (KALACHE, 1987).

No entanto, o envelhecimento da população brasileira está se processando

em condições de vida, ainda muito desfavoráveis para muitas pessoas. O idoso não

é uma prioridade, como pode ser visto nos países desenvolvidos. No entanto, eles

estão aí para ficar e em proporções crescentes, passando de 6% da população

em1980, para mais de 13% previsto para o início do século XXI (KALACHE, 1987).

O sistema de saúde brasileiro tradicionalmente está organizado para atender

à saúde materno-infantil e não tem considerado o envelhecimento como uma de

suas prioridades. Uma importante conseqüência do aumento do número de pessoas

idosas em uma população é que esses indivíduos provavelmente apresentarão um

maior número de doenças e/ou condições crônicos que requerem mais serviços

sociais e médicos e por mais tempo (FIRMO; UCHOA; LIMA-COSTA, 2004).

Isso já pode ser notado, uma vez que a população idosa, que hoje apresenta

cerca de 6% da população, consome mais de 26% dos recursos de internação

hospitalar no SUS (LIMA-COSTA et al, 2003). Além disso, é notável a carência de

profissionais qualificados para o cuidado ao idoso, em todos os níveis de atenção e

formação profissional.

13

Outro fator importante a ser considerado é que a saúde para a população

idosa não se restringe ao controle e a prevenção de agravos de doenças crônicas

não-transmissíveis. Saúde da pessoa idosa é a interação entre a saúde física, a

saúde mental, a interdependência financeira, a capacidade funcional e o suporte

social (RAMOS, 2006). Portanto, a saúde da pessoa idosa envolve diversas

dimensões da atenção a saúde.

Entretanto, a atenção a saúde do idoso é um ato político que envolve

diferentes atores sociais: gestores, sociedade civil organizada e a clientela de

idosos, que, em um processo democrático, participativo e consensual, articulam-se

entre si e negociam as tomadas de decisões para o enfrentamento do

envelhecimento populacional. Porém, o modo como os países subdesenvolvidos

responderão a esse desafio proposto pelo envelhecimento de suas populações

dependerá em grande parte do grau de sensibilização ao problema por parte da

sociedade como um todo e de seus profissionais da saúde.

Consideramos que só a formação não é suficiente para atender a demanda

ora imposta pelo processo de envelhecimento de nossa população. O ensino deve

promover uma qualificação apta a responder com qualidade aos desafios da

dinâmica do trabalho com responsabilidade e autonomia e ética. Todavia faz-se

necessário preparar os diversos profissionais da saúde para que possam prestar um

cuidado de qualidade dentro da especificidade que o envelhecimento humano exige.

A formação dos trabalhadores de nível técnico é um componente decisivo

para a efetivação da política nacional de saúde, capaz de fortalecer e aumentar a

qualidade de resposta do setor da saúde às demandas da população, tendo em vista

o papel dos trabalhadores de nível técnico no desenvolvimento de suas ações

representa 75% dos serviços de saúde (BRASIL, 2008j).

Isso requer um profissional qualificado para atender os usuários idosos

preconizado pela diretriz da Política Nacional da Política de Saúde da Pessoa Idosa,

de forma que o setor saúde possa dispor de pessoal em qualidade e quantidade

adequadas, e cujo provimento é de responsabilidade das três esferas de governo

(BRASIL, 2006h).

O Ministério da Saúde vem buscando alternativas para minimizar as lacunas

existentes na formação dos profissionais da saúde, por exemplo, o PROFAE –

Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem, que teve

seu início por haverem trabalhadores realizando ações específicas da enfermagem

14

nos serviços de saúde sem a qualificação e habilitação técnica necessária para o

exercício da profissão (FÓRUM NACIONAL DO PROFAE, 2003f).

O PROFAE é um exemplo de política pública voltado para formação de

profissionais, baseado na ética e na qualidade, contribuindo com a dignidade e

respeito aos usuários do sistema de saúde. A qualificação dos trabalhadores da

equipe de enfermagem foi um grande desafio para o Sistema Único de Saúde

(SUS).

As Escolas Técnica do Sistema Único de Saúde - ETSUS tiveram e têm um

papel importante neste processo de mudança, articulando e liderando, os atores

envolvidos com as questões da formação do trabalhador de nível médio, valorizando

a experiência do trabalhador, reconhecendo como sujeito de saberes através de

uma educação humanizadora.

No processo da evolução histórica, econômica e social dos homens, que

hoje se baseia nos conhecimentos e onde a organização econômica e social é

centrada na posse da informação, do conhecimento e na utilização do capital

humano, que significa pessoas estudadas e especializadas. Isto pressupõe uma

sociedade investindo, continuamente, na melhoria das habilidades e talentos de sua

população.

É dentro deste contexto em que as Políticas de Saúde devem estar voltadas

para o atendimento das demandas sociais, ora imposta pelo aumento da população

idosa em nosso país.

O Estado do Acre está localizado na porção sudoeste da região Norte do

Brasil, possui extensão territorial no sentido Norte-Sul de 445 km e no sentido Leste-

Oeste de 809 km. Situado na Amazônia brasileira (3,9%), boa parte do território do

Acre é caracterizado como região de planalto, sendo cortado a Oeste pela Serra da

Contamana, passando pela planície Amazônica, onde estão às nascentes dos rios

Juruá e Purus, afluentes do Rio Amazonas. Com uma área de 153.149,9 km²,

perfazendo 1,8% do território nacional. Distribuída em 22 municípios, a população

totaliza-se segundo dados do censo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de

2000 (BRASIL, 2000e): total de habitantes: 557.337, desse total, 370.267 é

constituído por população urbana e 187.259 por população rural com uma taxa de

crescimento anual de 3,61%. Os municípios mais populosos são: Rio Branco

(capital) com 259.537 e Cruzeiro do Sul, 62.691 habitante.

15

Nas últimas três décadas o contingente populacional do Estado do Acre

sofreu um significativo crescimento, de 215 mil habitantes para 557.337 mil

habitantes. A população é dividida em área urbana e rural, sendo que o primeiro

corresponde a 65% da população, já os moradores de zonas rurais somam 35%.

Neste sentido mais de 50% de toda a população do Estado habita na capital Rio

Branco que é a parte urbanizada do Estado. As informações do Censo Demográfico

de 1991, e da Projeção e Estimativas de 2001 a 2005, descrevem que a proporção

da população idosa do Estado do Acre apresentou 5,1% em 1991 e 6,0% em 2005.

A população total de idosos do Acre é de 27.592, e sua distribuição por sexo é de

43,3% de homens e 56,7% de mulheres (BRASIL, 2000c).

O envelhecimento da população acreana é um fato irreversível, e que deverá

se acentuar, no futuro próximo imediato, levando um conjunto de demandas

crescentes para os serviços sociais e, em particular de saúde. Esse é um problema

a ser enfrentado pelos gestores devido à escassez de recursos sócio-educativos e

de saúde direcionados ao atendimento ao idoso, como também a escassez de

equipe multiprofissionais e interdisciplinar com conhecimento sobre o processo de

envelhecimento (BRASIL, 2004g).

Após a contextualização e localização do objeto da pesquisa creio ser

importante destacar minha trajetória pessoal e profissional para compreender melhor

a relevância da proposta a ser construída para atender as necessidades da

população idosa do estado do Acre e porque não dizer do Brasil.

Sou enfermeira e exerço dois vínculos profissionais a docência e a

assistência. Trabalho no Hospital de Urgência e Emergência como Enfermeira desde

1994, na oportunidade trabalhei na clínica médica masculina e feminina onde na sua

maioria dos internos estão os idosos dependentes e frágeis. Momento em que

observei que os familiares e os profissionais da saúde não estão preparados para

cuidarem dos idosos, frente às demandas oriundas do processo de envelhecimento

que está entre a senescência e a senilidade.

Durante o período de 2000 a 2004, trabalhei no Programa Saúde da Família

(PSF) no município de Rio Branco e tive a experiência de trabalhar na zona urbana,

na Vila Santa Cecília, localizada na zona rural na BR 364 da cidade de Rio Branco –

Acre, onde residiam sequelados de hanseníase (apesar de serem pessoas curadas).

Tive a oportunidade de presenciar de perto a exclusão social, principalmente da

pessoa idosa. Na zona urbana não é muito diferente, ou seja, a indiferença com o

16

idoso é cada vez maior, como foi detectado em uma área de cobertura do PSF,

vivenciei um caso de maus-tratos com uma idosa, a qual foi encontrada trancada e

com higiene precária em um quartinho no fundo do quintal. Impactou-me bastante.

Em 1990, tive a oportunidade de participar de um concurso público para o

cargo de professor para ministrar aulas para o nível médio, e descobrir minha outra

paixão: a docência. Atualmente trabalho na Escola Técnica em Saúde Maria Moreira

da Rocha, que é uma escola da ETSUS, e faço parte de seu quadro profissional

como Coordenadora da Área Técnica de Enfermagem.

Em 2007, a escola foi convidada pelo Ministério da Saúde através da

Coordenação Nacional da Saúde do Idoso, a fazer parte de um projeto piloto de

Cuidadores de idosos Dependentes. Senti nesse momento que poderia fazer algo

importante para essa população tão excluída por seus familiares e sociedade em

geral.

O Ministério da Saúde proporcionou uma Oficina no município de Blumenau

- SC com outras quatro ETSUS para planejar o Curso de Cuidadores de Idosos

Dependentes. Voltei dessa oficina cheia de idéias para planejar o curso para a

cidade de Rio Branco (AC). A partir daquele momento, eu teria a oportunidade de

realizar um trabalho voltado a atender as necessidades da pessoa idosa com mais

dignidade.

Retornando ao Acre, procurei a Coordenadora Pedagógica da Escola para

elaborarmos uma Oficina de Ouvidoria com a Rede de Apoio ao Idoso buscando

parceria para trabalhar a temática que seria abordada de acordo com a realidade de

nossa região.

Tivemos grande participação dos convidados da comunidade governamental

e não governamental que trabalhavam na rede de apoio ao idoso de Rio Branco,

todos os convidados naquele momento parabenizaram a ETSUS/AC sobre a

iniciativa do tema, pois o trabalho da rede, às vezes, se torna isolado. Este encontro

possibilitou uma maior interação, principalmente, com a comunidade escolar que

oportunizou cada segmento delinear o perfil do cuidador que precisávamos formar.

Durante a implantação e a implementação do Curso de Cuidadores de

Idosos, tive a oportunidade de ensinar e aprender junto aos educandos cuidadores.

Estes desenvolveram várias atividades com a comunidade e puderam vivenciar

como é a vida de uma pessoa idosa asilada. Este contato com a realidade da vida

no envelhecimento levou-os a reavaliar seus valores éticos como: respeito,

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solidariedade, compreensão, amor, compaixão e de cidadania, tornando-os mais

justos e íntegros com seus semelhantes.

Porém, durante o curso de cuidadores de idosos, percebi que faltava algo

para completar a real necessidade da demanda de cuidado com a pessoa idosa

porque a clientela do curso se limitava aos cuidadores leigos, pois não eram

profissionais da saúde, mas pessoas da comunidade que atendiam ou cuidavam de

idosos. Fato este que deixa uma lacuna na atenção a saúde do idoso, pois os idosos

precisam ser assistidos de uma maneira integral por uma equipe de profissionais

qualificados que possam atender de forma interdisciplinar as necessidades frente às

demandas do processo de envelhecimento.

Em 2008, quando soube através da Coordenadora Geral da Escola Técnica

que teríamos a possibilidade de participar do processo seletivo para o Mestrado

Profissionalizante de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde do Ministério da

Saúde em parceria com a UNESCO e que concorreríamos com outra região do país,

vislumbrei uma grande possibilidade em poder realizar algo maior.

Ao ingressar no mestrado e durante a apresentação dos professores com

suas respectivas linhas de pesquisa, vislumbrei a possibilidade de estar trabalhando

com a área do idoso, haja vista a minha experiência no Curso de cuidadores de

idosos e o desejo de melhorar a qualificação dos profissionais de nível médio na

saúde. Deste modo, fiz o contato com a professora que trabalha com a saúde do

idoso, discutimos sobre a temática e optamos em construir uma proposta de curso.

Sendo assim, pensamos em propor um Curso de qualificação pós-técnico de nível

médio na área da saúde do idoso, mas que envolvesse todas as profissões

formadas na ETSUS/AC, portanto um curso que oportunizasse a

multi/interdisciplinaridade.

O trabalho que nos propomos a produzir está embasado na Lei de Diretrizes

e Bases da Educação nos seus artigos 39 a 41 da LBD e Decreto CNE/CEB nº

5.154/04, que estabelecem que a educação profissional seja articulada com o ensino

médio, e que os cursos e programas de formação inicial e continuado, incluindo a

capacitação e o aperfeiçoamento, devem ser ofertados segundo seus itinerários de

formação, objetivando o desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva e social.

Considerando a Resolução CNE/CEB nº 04/99, que institui as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico, que em seu

arts. 5º e 6º no qual definem que a educação profissional de nível técnico será

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organizada por áreas profissionais, com suas respectivas, competências e

habilidade necessária para o desempenho eficiente e eficaz para a natureza do

trabalho. E no seu art. 7º, § 2º dispõe que poderão ser organizados cursos de

especialização de nível técnico, vinculados a determinada qualificação ou

habilitação profissional, para o atendimento de demandas específicas (BRASIL,

1999 d).

Portanto, de acordo com o Parecer CNE/CEB nº 16/99 são considerados as

premissas básicas para a elaboração das Diretrizes Curriculares, que possibilitam a

definição das metodologias de elaboração de currículo a partir das competências

profissionais gerais do técnico por área; e cada instituição deve poder construir seu

currículo pleno de modo a considerar as peculiaridades do desenvolvimento

tecnológico com flexibilidade e atender às demandas do cidadão, do mercado de

trabalho e da sociedade. (BRASIL, 1999 d).

Sendo assim, apresentamos a construção da proposta de qualificação no

grau de especialista para o profissional de saúde de nível médio em saúde com

base nos documentos legais supracitados utilizando como base teórica: a Lei nº.

8.842, de 1994, que define a Política Nacional do Idoso (PNI), a qual foi

regulamentada pelo Decreto Lei nº 1.948, de 1996; a Política Nacional de Saúde

para o Idoso (PNSI) - Portaria de nº 1.395/Gabinete Ministerial de 1999, e

posteriormente, a Política Nacional da Pessoa Idosa (PNSPI) aprovada através da

Portaria nº 2.528/GM, de 2006; a Lei nº 10.741, de 2003 que dispõe sobre o Estatuto

do Idoso; o Caderno de Atenção Básica; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, Lei nº 9.394/96; entre outros documentos que norteiam a atenção da

saúde do idoso de modo multi e interdisciplinar.

A relevância deste estudo será proporcionar aos diversos profissionais de

saúde de nível médio uma qualificação especializada na área da saúde do idoso

com o intuito de poder prestar uma atenção a saúde de maior qualidade, objetivando

alcançar as metas previstas na PNI e na PNSPI, ou seja: favorecer a manutenção da

capacidade funcional do idoso, postergando os agravos de saúde advindos com o

processo de envelhecimento humano, mantendo o idoso o maior tempo possível no

convívio familiar e incluído na sociedade. Evitando, assim, a institucionalização do

idoso e o abandono familiar. Ter pessoal técnico capacitado para a atenção da

saúde do idoso significa ter uma força de trabalho habilitada para atender as

diversas dimensões do cuidado exigidas por essa clientela.

19

Sendo assim teço a seguinte questão de pesquisa: Como construir uma

proposta de qualificação no grau de especialista, aos diversos profissionais de

saúde de nível médio com relação à atenção a saúde do idoso respaldado na Lei de

Diretrizes e Bases nº 9.394/96, Decreto nº 5.154/04, Parecer nº 04/99 e Parecer nº

16/08 na forma de que essa proposta contemple as bases teóricas específicas da

área do idoso no contexto multi/interdisciplinar?

No sentido de atender a questão de pesquisa, este trabalho tem como

objetivo geral construir uma proposta de qualificação no grau de especialista,

aos profissionais de saúde de nível médio com relação à atenção a saúde do

idoso dentro do contexto interdisciplinar respaldado na Lei de Diretrizes e

Bases nº 9.394/96, Decreto nº 5.154/04, Parecer CNE/CEB nº 04/99 e Resolução

CNE/CEB nº 16/99. Porém, para que o mesmo possa ser alcançado foi necessário

desmembrá-lo em outros objetivos específicos, como: identificar as competências

gerais de cada categoria profissional de nível médio com relação à atenção à saúde

do idoso; elaborar a matriz curricular do Curso com as bases tecnológicas conforme

as competências esperadas para o atendimento ao idoso; introduzir inovações

curriculares em busca da melhoria da qualificação profissional considerando a

flexibilidade e a interdisciplinaridade curricular e; manter a proposta do curso dentro

do Projeto Político Pedagógico adotado na ETSUS-Acre.

20

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O envelhecimento humano e as políticas de direito do idoso

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e nos dias atuais é

possível observar rápido crescimento desta população. No Brasil estima-se que em

2020 o seguimento de pessoas idosas corresponderá a 13% da população

brasileira, atingindo um total de 13,5 milhões de idosos (COSTA, 2001).

Para Lamas (2007) o envelhecimento é um fenômeno biológico que tem sido

interpretado em ligação com teoria que explicam as causas do envelhecimento

celular e do aparecimento de perturbações de saúde. Neste sentido, tais teorias

defendem que todo o organismo multicelular dispõe de um tempo limite de vida, em

que as probabilidades de sobreviver vão sendo cada vez menores à medida que se

avança na idade.

Vitta et al (2000) descreve o envelhecimento como um processo lento e

gradual e que ocorre em diferentes ritmos para diferentes pessoas e grupos

conforme atuam sobre essas pessoas e grupos as influências genéticas, sociais,

históricas e psicológicas do curso de vida. Ele é, porém, universal, isto é, ocorre em

todos os seres vivos. O referido autor ainda ressalta que nesse sentido, as

modificações (biológicas, sociais, psicológicas, culturais) que ocorrem ao longo do

tempo podem ser consideradas determinantes quando algumas alterações

fisiológicas são evidenciadas, tais como: alterações tegumentares, do sistema

musculoesquelético, respiratório, cardiovascular, sistema nervoso, entre outros.

Neri (1995) considera que um envelhecimento bem sucedido relaciona-se

com a maneira pela qual um idoso consegue adaptar-se as diversas situações de

ganhos e perdas com as quais se depara, podendo ser estas perdas significativas

vivenciadas pelo idoso, a aposentadoria, mudanças de papeis sociais, viuvez,

doenças, perdas por entes queridos, alterações na própria auto-imagem, dentre

outras doenças.

Em nossa sociedade a velhice tende a ser vista como um período dramático,

associada à invalidez e a morte, e sendo assim, Mendes (1998, p. 20) afirma que:

21

Se no passado o status e o prestígio dos idosos era elevado, nos últimos anos, à medida que este processo de urbanização se amplia, também aumenta a discriminação dirigida às pessoas idosas, subestimando-se a sabedoria e o conhecimento acumulado no decorrer de suas vidas.

Em linhas gerais, este olhar sobre a imagem dos idosos na sociedade,

contribui muitas vezes para que o próprio idoso tenha um autoconceito negativo, já

que a sociedade tenta moldar o envelhecimento aos padrões do sistema

organizacional, a partir de suas normas e dos seus ideais humanos. A discriminação

social faz com que muitos idosos sejam destinados ao isolamento e a uma atitude

passiva, comprometendo sua saúde física, mental e social (MENDES, 1998).

O aumento significativo da população idosa, continuamente revela uma

extensão do tempo médio de vida destes indivíduos. No Brasil, as projeções para o

período de 2000 a 2025 permitem supor que a expectativa média de vida estará

próxima de 80 anos, para ambos os sexos (KALACHE, 1987).

O crescimento da população de idosos, em números absolutos e relativos, é

um fenômeno mundial e está ocorrendo a um nível sem precedentes. Em 1950,

eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo e, já em 1998, quase cinco décadas

depois, este contingente alcançava 579 milhões de pessoas, um crescimento de

quase 8 milhões de pessoas idosas por ano. As projeções indicam que, em 2050, a

população idosa será de 1900 milhões de pessoas, montante equivalente a

população infantil de 0 a 14 anos de idade (BRASIL, 2000e).

Deve, considera-se que este aumento vem ocorrendo em virtude da

diminuição da taxa de natalidade e mortalidade promovida respectivamente pelo

planejamento familiar e avanços técnico-científicos na medicina e nutrição; assim

como, as melhorias das condições de higiene e saneamento básico reduziram a

incidência de mortes por doenças infecto-contagiosas que assolavam as

populações, principalmente até o século XVIII (VERAS, 1994).

Do ponto de vista demográfico, segundo Carvalho e Andrade (2000) no

plano individual envelhecer significa aumentar o número de anos vividos.

Paralelamente à evolução cronológica, coexistem fenômeno de natureza biopsíquica

e social, importantes para a percepção da idade e do envelhecimento.

Este processo de transição demográfica se deve pela diminuição dos

coeficientes de mortalidade e das taxas de fecundidade e natalidade, ensejando,

22

dessa forma, a transição de uma população jovem para uma população mais

envelhecida (RAMOS et al, 1987; KALACHE, 1987).

Essa transição demográfica estar acompanhada por mudanças nos perfis

epidemiológicos, incorrendo em uma elevação de incidências e prevalência de

doenças crônico-degenerativa, queda de doenças infecciosas, definida como

transição epidemiológica.

Segundo Chaimowicz (1987), houve modificação do perfil de saúde da

população; em vez de processos agudos que se resolvem rapidamente por meio de

cura ou do óbito, o que se tornaram predominantes as doenças crônico-

degenerativas e suas complicações, o que implica longos períodos de utilização de

serviços de saúde.

No Brasil, o direito universal e integral à saúde foi conquistado pela

sociedade na Constituição de 1988 e reafirmado com a criação do Sistema Único de

Saúde (SUS), por meio da Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90. A regulamentação do

SUS estabelece princípios e direciona a implantação de um modelo de atenção a

saúde que priorize a descentralização, a universalidade, a integralidade da atenção,

a equidade e o controle social, facilitando o acesso das demandas populacionais aos

serviços de saúde.

A Política Nacional do Idoso, promulgada em 1994 e regulamentada em

1996, assegura os direitos sociais à pessoa idosa, criando condições para promover

sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade reafirmando o direito

à saúde nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde através da

Lei GM nº 8.842/94 e Decreto GM nº 1.948/96 (BRASIL, 2006a).

A Lei nº 10.7411/2003, que corresponde ao Estatuto do Idoso, dispõe sobre

os direitos fundamentais inerentes a pessoa humana, sem prejuízo de proteção

integral que trata este estatuto, assegurando-lhes a preservação de sua saúde física

e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social (BRASIL,

2003a).

A Portaria GM nº 399/2006, estabelece as Diretrizes Operacionais do Pacto

pela Vida, que é um compromisso dos gestores do SUS, de trabalhar com

prioridades os impactos sobre a situação de saúde da população brasileira, dentre

elas foi destacado a saúde do idoso, para que junto a essa clientela sejam

desenvolvidas ações de promoção do envelhecimento saudável, para que o idoso

seja assistido de forma integral por equipe multiprofissional de maneira

23

intedisciplinar e humanizadora, para que isso acontece os profissionais de saúde

necesitam de formação específica no conhecimento do processo de

envelhelhecimento que se mantenha a formação permanente dos mesmos nas

redes da atenção ao idoso de forma atender os princípios do SUS (BRASIL, 2006b).

A Portaria GM nº 2.528/2006 aprova a Política Nacional de Saúde da

Pessoa Idosa que tem por finalidade recuperar, manter e promover a autonomia e a

independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais

de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do SUS

(BRASIL, 2006a).

Dentre as necessidades enfrentadas como desafio a PNSPI, destacamos a

escassez de equipes multiprofissionais e interdisciplinares com o conhecimento em

envelhecimento e saúde da pessoa idosa. De acordo com as diretrizes da PNSPI, no

item 3.4, está descrito a necessidade de provimento de recursos capazes de

assegurar à qualidade da atenção a saúde da pessoa idosa, através de ações de

qualificação, capacitação de recursos humanos e, incrementos da qualidade técnica

dos profissionais de saúde do SUS na atenção a pessoa idosa (BRASIL, 2006a).

A Política Nacional de Atenção Básica, regulamentada pela Portaria GM nº

648/2006, caracteriza-se por desenvolver um conjunto de ações de saúde, no

âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção à saúde, a

prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção

da saúde juntamente com Política Nacional Saúde da Pessoa Idosoa, definem que a

atenção a saúde dessa população terá como porta de entrada a Atenção

Básica/Saúde da Família, tendo como referência a rede de serviço especializada de

média e alta complexidade (BRASIL, 2006a).

O Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde criou um

caderno de normas e manuais técnicos do envelhecimento e saúde da pessoa

idosa, que tem por finalidade oferecer alguns subsídios específicos em relação à

saúde da pessoa idosa, de forma a facilitar a prática diária dos profissionais que

atuam na atenção básica. O objetivo deste caderno é dar uma maior resolutividade

as necessidades da população idosa na Atenção Básica e tem como referência o

Pacto pela Saúde; Envelhecimento Ativo - OMS; Política Nacional de Atenção

Básica; Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e Política Nacional de

Promoção da Saúde (BRASIL, 2006a).

24

2.2 A formação especialista de nível médio.

A Lei Federal nº 9.394/96, atual LDB – Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Profissional – configura a identidade do ensino médio como uma etapa de

consolidação da educação básica, de aprimoramento do educando como ser

humano, de aprofundamento do conhecimento adquirido no ensino fundamental

para continuar aprendendo e de preparação básica para o trabalho e a cidadania

(BRASIL, 1996).

A preparação para profissionais técnicos, de acordo com o Parágrafo 2° do

artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases, poderá ocorrer, no nível médio do ensino

médio, após “atendida à formação geral do educando”, onde o mesmo se aprimore

como pessoa humana, desenvolvendo autonomia intelectual e pensamento crítico,

bem como compreende os fundamentos científicos e tecnológicos dos processos

produtivos, dando nova dimensão à educação profissional, como direito do cidadão

ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida social e produtiva (BRASIL,

1999a, p. 11).

Considerando o Parecer CNE/CEB nº 16/99, que dispões sobre o Decreto

Federal CNE/CEB nº 2.208/97, ao regulamentar os artigos 39 e 42 (Capítulo III do

Título V) e o parágrafo 2º do artigo 39 da Lei Federal nº 9.394/96, configurou três

níveis de educação profissional: básico, técnico e tecnológico, com o objetivo de

formar profissionais, qualificar, requalificar, especializar, aperfeiçoar e atualizar os

trabalhadores em seus conhecimentos tecnológicos visando sua inserção e melhor

desempenho no exercício do trabalho (BRASIL, 1999b).

A educação profissional de nível técnico contempla a habilitação profissional

de nível médio, as qualificações iniciais, intermediária a complementariamente da

especialização do aperfeiçoamento e da atualização, conforme a habilitação

profissional e as correspondentes especializações das áreas afins. A educação

profissional de nível técnico abrange, ainda, cursos ou módulos complementares de

especialização, aperfeiçoamento e atualização de pessoal já qualificado ou

habilitado nesse nível médio conforme as exigências do mercado de trabalho

(BRASIL, 1999b).

25

As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Profissionais Técnica de

Nível Médio foram definidas pela Resolução CNE/CEB nº 04/99, com base no

Parecer CNE/CEB nº 16/99. Com edição do Decreto nº 5.154/04, o conjunto dessas

DCNs, foi atualizado pelo Parecer CNE/CEB nº 39/04, deliberam as bases legais da

Educação Profissional de nível Médio (BRASIL, 1999b).

A Educação Profissional Técnica de Nível Médio, nos termos do Decreto

CNE/CEB nº 5.154/04, determina que quando estruturadas e organizadas em etapas

de terminalidades, poderá incluir saídas de certificados de qualificação profissional

para o trabalho, após sua conclusão com aproveitamento, bem como cursos de

especialização profissional técnica, de acordo com os itinerários formativos

intencionalmente planejados pela a instituição de ensino que atua com a oferta da

Educação Profissional Técnica de Nível Médio.

Para a obtenção do diploma de Técnico de Nível Médio, nos termos do

parágrafo único do Artigo 7° do Decreto nº 5.154/04, o aluno deverá concluir os seus

estudos de Educação Profissional Técnico de nível médio e do Ensino Médio.

Paralelamente, na forma integrada, para obter seu certificado de conclusão do

Ensino Médio, o aluno deverá concluir simultaneamente a habilitação técnica de

nível médio (BRASIL, 2004c).

A duração dos cursos de Educação Profissional Técnica de nível médio

realizados de forma integrada para o Ensino Médio deverá contemplar as cargas

horas mínimas definidas para ambos, isto é, para o Ensino Médio e para a Educação

Profissional técnica de nível médio. A esses mínimos exigidos, devem ser acrescidas

cargas horárias destinadas a eventuais estágios supervisionados, trabalhos de

conclusão de curso ou prova final e exames, quando previstos pelos

estabelecimentos de ensino em seus projetos pedagógicos (BRASIL, 2006c).

Considera etapas com terminalidade, os alunos concluintes, com perfis

claramente definidos, que farão jus aos respectivos certificados de qualificação

técnica de nível médio, da mesma maneira que aqueles que concluírem uma etapa

pós-técnico de nível médio, como especialização, farão jus ao correspondente

Certificado de Especialização Técnica de Nível Médio (BRASIL, 2006c).

De acordo com o Conselho Nacional de Educação e Câmara Básica de

Educação, que através da Resolução nº 04/99 instituiu as Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação Profissional de nível técnico, em seus artigos 2º, 3º e 7º

parágrafos 2º, 3º e 14º, o qual transcreve in verbis. No art. 2º, entende-se por diretriz

26

curricular o conjunto articulado de princípios, critérios, definição de competências

profissionais gerais do técnico por área profissional e procedimentos a serem

observados pelos sistemas de ensino e pelas escolas na organização e no

planejamento dos cursos de nível técnico (BRASIL, 1999b).

Para Brasil (1999c), no art. 3º preconiza os princípios norteadores da

educação profissional de nível técnico já enunciado no art. 3º da LDB, acrescido de:

I – independência e articulação com o ensino médio; II – respeito aos valores

estéticos, políticos e éticos; III – desenvolvimento de competências e laboralidade;

IV – flexibilidade, interdisciplinaridade e contextualização; V – identidade dos perfis

profissionais de conclusão do curso; VI – atualização permanente dos cursos e

currículos e; VII – autonomia da escola em seu projeto político pedagógico.

No seu artigo 7º dispõe sobre os perfis profissionais de conclusão de

qualificação, de habilitação e de especialização profissional de nível técnico, os

quais serão estabelecidos pela a escola, considerada a competência indicada no

artigo anterior. Poderão ser organizados cursos de especialização de nível técnico,

vinculados a determinada qualificação ou habilitação profissional, para o

atendimento de demandas específicas (BRASIL, 1999b).

No art. 14º as escolas expedirão e registrarão, sob sua responsabilidade, os

diplomas de técnico, para fins de validade nacional, sempre que seus planos de

cursos estejam inseridos no cadastro nacional de cursos de educação profissional

de nível técnico. No parágrafo 3° os certificados de qualificação profissional e de

especialização deverão explicitar o título de ocupação certificada. No caso das

profissões legalmente regulamentadas será necessário explicitar o título da

ocupação prevista em lei, bem como garantir a aquisição de competências

requeridas para o exercício legal da referida ocupação. Por exemplo, na Área de

Saúde: Diploma de Técnico de Enfermagem, Certificado de Qualificação de Auxiliar

de Enfermagem, Certificado de Especialização Profissional em Enfermagem do

Trabalho (BRASIL, 1999b).

Portanto, a definição do modelo de ensino de que necessitamos para os

próximos anos deve estar assentada sobre três eixos básicos: a flexibilidade para

atender a diferentes pessoas e situações e às mudanças permanentes que

caracterizam o mundo da sociedade da informação; a diversidade que garante a

atenção às necessidades de diferentes grupos em diferentes espaços e situações e

a contextualização que, garantindo uma base comum, diversifique os trajetos e

27

permita a constituição dos significados, dê sentido à aprendizagem e ao aprendido

(BERGER FILHO, 1999).

2.3 A ETSUS e sua responsabilidade na formação dos profissionais para o SUS

De acordo com as novas bases legais, Constituição Federal, art.200 – III, e a

Lei nº 8.080/90, que preconiza “ordenar a formação de recursos humanos na área

da saúde” e ainda o Decreto nº 5.154/04 que regula a Educação Profissional

remetem a construção de nova missão da Escola com vista a uma participação mais

efetiva no esforço da “ordenação” no âmbito de sua atuação, verificando vários

aspectos na missão e objetivos das ETSUS. As ETSUS têm a missão de promover a

Educação Profissional por meio da oferta de cursos de habilitação e qualificação

profissional para os trabalhadores do Sistema Único de Saúde (GALVÃO, 2002, p.

62).

O Ministério da Saúde, através da Secretaria de Gestão e Educação na

Saúde, vem se preocupando em efetivar uma política de Educação profissional

através de uma Rede de Escolas Técnicas para o SUS – RET-SUS, na qual a

Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha faz parte desde 2001. Essa

escola corresponde a uma instituição pública imbuída do dever de contribuir para a

qualidade de vida do povo acreano. No seu cotidiano vive intensamente os

processos de aprendizagem buscando a geração de conhecimentos que impactem

de forma positiva o processo de trabalho em saúde, garantindo assim assistência de

qualidade e humanizada às comunidades (ACRE, 2006).

A ETSUS- AC, é parceira das demais 36 ETSUS que compõem a Rede de

Escolas Técnicas do SUS – RETSUS, coordenada pelo Ministério da Saúde. A

Escola é legitimada pelo Sistema Estadual de Ensino e sua relação com o Conselho

Estadual de Educação – CEE é direta, visto que este órgão é responsável pela

legitimação e fiscalização dos processos educacionais. Sua ação tem conferido a

Escola Técnica em Saúde o respaldo necessário para a oferta de cursos, sendo esta

instituição uma importante parceira, que garante a qualidade e legitimidade de nossa

formação. (ACRE, 2006).

28

Considerando a responsabilidade constitucional do SUS de ordenar a

formação de recursos humanos para área de saúde e de incrementar na sua

atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico, e de acordo com o artigo 14 da

Lei nº. 080/90 que trata da criação e função das Comissões Permanentes de

Integração de Ensino-Serviço (CIES), que estas comissões devem funcionar como

instâncias institucionais e regionais para a co-gestão dessa Política de Educação

Permanente, orientada pelo plano de ação regional para área da educação na

saúde, com elaboração de projetos de mudanças de formação (na educação

técnica, graduação e pós-graduação) e no desenvolvimento dos trabalhadores

(BRASIL, 2007).

A Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha mantém parcerias com

as Secretarias Municipais de Saúde, Hospitais Estaduais e Filantrópicos, Unidades

Básicas de Saúde, Ministério da Saúde, Conselhos de Classe (COREN, CRO, CRFB

e outros), Conselho Estadual de Saúde e CIB (Comissão Intergestora Bipartite),

COSEMS (Conselho de Secretários Municipais de Saúde) e outras instituições da

sociedade civil organizada que possuem interface com a saúde. A Escola possui

gestão compartilhada com Secretaria de Estado de Saúde, sendo esta instituição a

sua principal parceira na definição das políticas prioritárias para a educação

profissional em saúde, todas as suas unidades se constituem campos pedagógicos

para a realização de práticas profissionais, que visam à formação (ACRE, 2006).

Para tanto, a Portaria GM nº 1.996/2007, que dispõe sobre as Diretrizes para

a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde,

considera que para a formação de trabalhadores de nível médio da área da saúde

deve ser trabalhada e articulada comas três esferas, a fim de superar a tradição de

se organizar uma listagem de capacitações e treinamentos pontuais (BRASIL, 2007

i).

O Ministério da Saúde por meio do Departamento de Gestão da Educação

na Saúde e da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde

considera que a Educação Permanente é a aprendizagem no trabalho, onde o

aprender e o ensinar se incorporam no cotidiano das organizações e no trabalho. As

instituições dos processos de formação dos profissionais de nível técnico no âmbito

do SUS deverão ser preferencialmente as Escolas Técnicas do SUS, Centro

Formador, Escolas de Saúde Pública (vinculada à gestão estadual ou municipal) e

as Escolas de Formação Técnica. Outras instituições formadoras poderão ser

29

contempladas, desde que legalmente reconhecidas e habilitadas para formação de

nível técnico (BRASIL, 2007 i).

A Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha é uma unidade pública

de Educação Profissional, vinculada administrativamente ao Instituto de

Desenvolvimento de Educação profissional Dom Moacyr, portanto constitui-se em

uma Unidade Descentralizada do IDEP-DM, recebendo a denominação de Centro de

Formação Profissional em Saúde e integrada a Rede de Escolas Técnicas do

Sistema Único de Saúde – RETSUS. (ACRE, 2006).

O Governo do Estado do Acre, através da CIES, elaborou o Plano de

Educação Permanente em Saúde do Estado do Acre, visando à implementação de

ações que qualifiquem a prestação do cuidado em saúde à população acreana, na

qual a Escola em Saúde Maria Moreira da Rocha faz parte desta comissão. Tal

atuação tem permitido a esta instituição elaborar e executar os programas que estão

em consonância com a Política Nacional e Estadual de Saúde, considerando sua

base legal para oferta de cursos. Sendo que, a oferta de curso na Escola Técnica

em Saúde obedece ao levantamento de demandas realizadas conforme a

construção do Planejamento Estratégico do Instituto Dom Moacyr (ACRE, 2006).

Assim, no exercício de 2009, há previsão de atendimento de 2.358 pessoas,

divididas em turmas que admitem variação de número de educandos (entre 25 e 36

educandos por turma). A composição das turmas se dá conforme a especificidade

do projeto, sendo que a seleção ocorre através da definição e aplicação de critérios

pré-estabelecidos no projeto de curso (ACRE, 2006).

A demanda por educação profissional em saúde é crescente, porém, por

sermos uma RETSUS, nosso público alvo são os servidores do SUS, que já estão

inseridos no mercado de trabalho e que precisam constantemente buscar sua

qualificação profissional. Dessa forma, para ingressar em um dos cursos oferecidos

pela Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha, o se faz necessário, dentre

todos os demais critérios, serem um servidor da saúde do SUS e estar inserido no

mercado de trabalho (ACRE, 2005).

Como falamos anteriormente sobre a identificação de demandas de cursos

junto a CIES e a equipe da Unidade Central Instituto Dom Moacyr – IDEP/DM. A

Escola Técnica Maria Moreira da Rocha e sua a equipe técnica da área de atuação,

e a equipe pedagógica realizam oficinas de ouvidoria para a construção do plano de

curso, mediante as Diretrizes Curriculares Nacionais preconizadas na Resolução

30

n./99, no seu art. 10 que estabelece que o plano de curso, seja coerente com o

Projeto Político Pedagógico, e que o mesmo será submetido à provação dos órgãos

competentes dos sistemas de ensino, contendo: justificativa e objetivos, requisitos

de acesso, perfil profissional de construção, organização curricular, critérios de

aproveitamento de conhecimento e experiências anteriores, critérios de avaliação,

instalação e equipamentos, quadro de docente e técnico, certificados e diplomas. Os

planos de cursos deverão ser aprovados pelos órgãos competentes dos respectivos

sistemas de ensino e serão por estes inseridos no cadastro nacional de cursos de

educação profissional de nível técnico (BRASIL, 1999b).

Para o desenvolvimento dos cursos na Escola Técnica Maria Moreira da

Rocha, considera as características tão significativas do público alvo, com o dever

de garantia da qualidade educacional, sendo fundamental a identificação da

metodologia problematização que possibilite a construção e reconstrução do

conhecimento e dentro de um processo de aprendizagem acolhedor e inclusivo

(ACRE, 2005).

Esta metodologia baseia-se na problematização: tendo como principal

referência o método do arco de Charles Maguerez, apresentado em esquema

desenvolvida em cinco etapas a partir da realidade ou de um recorte da realidade,

como a observação da realidade social, levantamento dos pontos-chaves,

teorização, elaboração de hipóteses e de soluções e aplicação da hipótese a

realidade por Bordenave e Pereira (2004).

No processo de aprendizagem da Escola Técnica em Saúde a avaliação não

é um fim e sim um meio que possibilita a identificação dos diferentes níveis de

alcance das competências pelo educando. É necessário que haja continuamente

uma avaliação do educando, do mediador e do currículo que está sendo

desenvolvido (ACRE, 2005).

2.4 Conhecendo a trajetória da ETSUS-ACRE

A Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha, antiga Escola

Estadual de Enfermagem do Acre, foi criada através do Decreto Estadual nº. 51 de

13 de novembro de 1964, iniciando suas atividades com a oferta do curso de Auxiliar

31

de Enfermagem. Durante esse período a Escola Estadual de Enfermagem era uma

unidade da Secretaria de Estado de Saúde, e mesmo apresentando descontinuidade

no seu funcionamento no período compreendido entre 1964 e 2000, formou 787

Auxiliares de Enfermagem (ACRE, 2006), desde então, a Escola já atuava de forma

descentralizada, e parte das suas turmas eram formadas nos municípios do interior

do Estado. Firmando-se como uma instituição de ensino capaz de legitimar o

processo de Educação Profissional em Saúde, foi reconhecida e credenciada pelo

Conselho Estadual de Educação (CEE - AC) em 13 de dezembro de 1994, através

da Resolução CEE nº 221/94. (ACRE, 2006).

Visando o desenvolvimento sustentável do Estado do Acre, através de

políticas voltadas para diversas áreas, inclusive a saúde, no ano de 2001, através do

Decreto Estadual nº 4.577, de 17 de dezembro a Escola, foi reposicionada

estrategicamente pelo Governo do Estado, recebendo a denominação a

denominação de Centro de Formação Profissional em Saúde - Escola Técnica em

Saúde Maria Moreira da Rocha, e ampliando suas áreas de atuação.

A Escola, unidade pública de Educação Profissional passava a ter

vinculação administrativa a Secretaria de Estado de Educação. Para que a Escola

pudesse contribuir de forma efetiva e comprometida com a saúde pública do Estado,

a equipe base foi assessorada pelo Ministério da Saúde Pública Cubano, através da

Médica Matilde Cisneiro, que orientou o posicionamento da unidade dentro do plano

de educação permanente em saúde do Acre.

No ano de 2005, com a criação da autarquia estadual da Educação

Profissional, o Instituto de Desenvolvimento de Educação Profissional Dom Moacyr,

a Escola então passou a ter novo vínculo administrativo, com a especificidade de

possuir Gestão Compartilhada com a Secretaria de Estado de Saúde (SESACRE),

visto que a mesma integra a Rede de Escolas Técnicas do Sistema Único de Saúde

– RETSUS, o que a torna uma unidade de formação de trabalhadores já inseridos no

sistema de saúde.

Durante o período de 1964 a 2006, a Escola Técnica em Saúde funcionava

em estruturas físicas cedidas por instituições públicas, em sua maioria, Escolas de

Ensino Fundamental e/ou Médio. No dia 25 de setembro de 2006, mais um passo foi

dado na consolidação da Política de Educação Profissional em Saúde no Estado do

Acre, a sede própria da Escola foi inaugurada, viabilizando assim a utilização de

32

uma estrutura física, com espaços didáticos adequados ao desenvolvimento de

cursos e atividades de aprendizagem que atendem sua missão institucional.

A Escola recebe o nome de Maria Moreira da Rocha, em homenagem a

primeira parteira qualificada do Estado do Acre, que por 35 anos prestou serviços na

Maternidade Barbara Heliodora, dedicando parte de seu tempo à formação de outras

parteiras.

A estrutura física da Escola Técnica em Saúde representa mais um passo na

consolidação da Política de Educação Profissional em Saúde. A comunidade escolar

e os trabalhadores de nível médio da saúde dispõem de uma estrutura com espaços

pedagógicos adequados ao desenvolvimento de competências que compõem o

perfil profissional desenhado nos planos de curso desta unidade.

A Escola Técnica em Saúde possui 1700 m2 de área física construída que

abriga sua sede. Está composta por quatro blocos assim denominados: Bloco A –

Enfermeira Vânia Lima, consta o laboratório de Enfermagem e Laboratório de

Odontologia; Bloco B – Ena Galvão, composto por cinco Salas de Aulas, Laboratório

de Análise Clínica e Laboratório de Nutrição; Bloco C – Administração com sala das

Áreas Técnicas (Coordenação de Área Técnica), Coordenação de Aprendizagem,

Sala dos Mediadores de Aprendizagem, Copa, Coordenação Geral, Secretaria,

Coordenação Administrativa, Coordenação de Projetos e Secretaria Escolar; Bloco

D – Roseane Nabiça (in memoriam), com Laboratório de Informática, Sala de

Multimeios e Biblioteca; Pátio – Área de convivência coberta e descoberta.

A escolha dos nomes dos blocos foi uma homenagem que a Escola fez a

essas mulheres que tem dado suas contribuições para o desenvolvimento da

Educação profissional na área da saúde no Estado.

33

3 METODOLOGIA

3.1 Abordagem da pesquisa

Corresponde a uma pesquisa metodológica utilizando o método

construtivista. Este método possibilita a construção de conhecimentos, através da

inter-relação entre o sujeito e o objeto que a priori se constituem mutuamente,

através da interação com o meio físico e social, na contínua construção e re-

construção do conhecimento.

Segundo Matuí (1995) o construtivismo focaliza a interação sujeito-objeto

como uma estrutura bifásica ou bipolar, cujos elementos são inseparáveis. Não há

sujeito sem o objeto e não há objeto sem sujeito. Assim, o construtivismo é a teoria

do conhecimento que engloba numa só estrutura dois pólos, o sujeito histórico e o

objeto cultural, em interação recíproca, ultrapassando dialeticamente e sem cessar

as construções já acabadas para satisfazer as lacunas ou necessidades.

Para o construtivismo a idéia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e

de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instancia como

algo terminado. Ele se constitui da interação do indivíduo com o meio ambiente, com

simbolismo humano, com o mundo das relações sociais (BECKER, 1992).

A abordagem construtivista considera o ser humano como centro do seu

percurso em direção a construção do conhecimento. A importância do meio no

construtivismo procede da historicidade do sujeito e, conseqüentemente, da

estrutura bifásica do sujeito e objeto. A interação entre o sujeito e o meio (objeto de

conhecimento) é tal, dada a interdependência da assimilação e acomodação, que

não pode separar um do outro. O meio é importante porque é o espaço/tempo onde

o sujeito se faz historicamente (MATUÍ, 1995).

Nesse processo de construção do conhecimento, deve-se participar de

maneira cooperativa, participativa e permanente, todos os sujeitos envolvidos na

situação a ser construída. É nesse espaço temporal que a construção do

conhecimento, num relacionamento de confronto coletivo situado na realidade do

contexto, pode ser resolvida através de uma contínua retroalimentação do sujeito e

34

do pesquisador, através de referenciais teóricos e de experiências na prática

cotidiana (SIQUEIRA; ERDMANN, 2007).

O desenho da pesquisa construtivista, a determinação dos participantes e a

escolha dos instrumentos dependem do contexto em que se desenvolve o processo

investigativo. “O objetivo e o foco da pesquisa estão na compreensão do ponto de

vista dos participantes” e, o “rigor da pesquisa está centrado na reconstrução da

realidade de maneira honesta e precisa” (RODWELL, 1999 apud SANDRI, 2004, p.

88). O método construtivista apresenta como possibilidade a abordagem qualitativa

(SANDRI, 2004).

Antes de se iniciar o trabalho de campo, é de fundamental importância

precedê-lo de uma etapa exploratória que contempla a escolha do espaço da

pesquisa, escolha do grupo de pesquisa, estabelecimento de estratégias a serem

utilizadas durante a pesquisa (MINAYO, 2007).

3.2 Participantes da construção3

A Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha tem como

característica a formação de auxiliares e técnicos em diversas áreas, capazes de

realizar com qualidade e cuidado as ações de proteção, promoção, prevenção de

agravos, recuperação e reabilitação da saúde e da coletividade.

Os participantes da construção desta proposta foram os profissionais que

trabalham nas áreas técnicas de cada curso da Escola Técnica em Saúde Maria

Moreira da Rocha com formação em 01 Profissional Bioquímica e Farmácia

Coordenador do Curso Técnico em Análise Clínicas; 01 Enfermeiro Coordenador do

Curso de Técnico em Enfermagem; 01 Nutricionista do Curso Técnico em Nutrição;

02 Pedagogos da Área Pedagógica da Escola; 01 Odontologo do Curso Técnico em

Higiene Dental; 01 Biólogo do Curso Técnico em Vigilância da Saúde; 01 Assistência

Social Coordenadora Municipal da Saúde do Idoso; 01 Tecnólogo em Radiologia do

Curso Técnico em Radiologia; 01 Antropóloga e Socióloga Coordenadora Estadual

da Saúde do Idoso e; 01 Enfermeiro do Curso Técnico de Agente de Saúde.

3 Estas categorias profissionais de nível médio foram selecionadas porque são formadas na

ETSUS/AC e são essenciais para a prestação no cuidado com a pessoa idosa.

35

Todos estes sujeitos constituíram um grupo de trabalho responsável pela

construção da proposta do Curso de Especialização na atenção a saúde do idoso.

Contudo, a escolha dos participantes seguiu alguns critérios como: afinidade e

conhecimento com a temática; envolvimento com trabalhos na área do idoso,

principalmente nos Conselhos Municipais de Saúde e do Idoso e; envolvimento com

a formação técnica em saúde. Não tivemos a intenção de formar um grupo com

muitos participantes, mas sim, com aqueles que de fato possam contribuir. O grupo

de trabalho foi constituído por 11 (onze) pessoas, dentre eles tivemos a participação

da Coordenadora Estadual da Saúde, antropóloga e especialista em gerontologia;

da Coordenadora Municipal da Saúde do Idoso que tem formação em Assistente

Social; dos Coordenadores das Áreas Técnicas da escola e da Área pedagógica.

Portanto, a escolha dos participantes aconteceu de forma intencional conforme os

critérios apontados.

3.2.1 A dinâmica do grupo de trabalho

Figura 1: Dinâmica do grupo de trabalho. Fonte: Elaborado pela autora.

36

Foram agendados previamente com os participantes do grupo de trabalho os

encontros de forma que todos pudessem participar. A frequência dos encontros

aconteceu quinzenalmente e o tempo de cada encontro teve uma média de duas

horas, no máximo. A quantidade de encontro foi de três oficinas para o

desenvolvimento da construção da proposta do Curso de especialização. O contato

para o agendamento dos encontros foi por via telefônica, pessoalmente ou on-line.

O grupo de trabalho teve um coordenador, que neste caso foi à

pesquisadora. Cabe ao coordenador conduzir os trabalhos, preparar as reuniões,

escolher os participantes, garantir um ambiente calmo e relaxado, nomear o tema a

ser abordado em cada encontro, explicar as regras do trabalho, cuja essência

consiste na maior liberdade de expressão, promover a participação de todos,

inibirem o monopólio das palavras e aprofundar as discussões (MINAYO, 2007).

Todos os encontros com o grupo de trabalho foram gravados para que a

pesquisadora pudesse obter as informações e discussões na íntegra sem perder a

essência do contexto refletido. Após cada encontro foi transcrita na íntegra as

gravações e encaminhadas de forma on-line aos participantes na intenção de

confirmar ou modificar as suas impressões e sugestões para que no encontro futuro

não houvesse arestas, permitindo um diálogo mais profícuo com relação à temática

e, assim aconteceu, sucessivamente, até a conclusão da proposta.

As oficinas aconteceram na Escola Técnica em Saúde Maria Moreira de

Rocha. Utilizamos o espaço da Sala de Multimeios da referida escola por motivo da

mesma ser equipada com recursos audiovisual, ambiente climatizado e acesso a

aparelhos de computador com internet (caso fosse necessário), tudo foi avaliado

para que houvesse um bom andamento das atividades.

A pesquisadora tentou motivar a participação de todos durante os encontros

com o grupo de trabalho de forma equânime e zelou para que não houvesse

desavenças evitando conflitos entre os mesmos. Procurou apreciar as diferenças,

respeitando o direito dos participantes em terem valores e opiniões diferentes.

A finalização dos trabalhos foi analisada pelo grupo de trabalho, mas

principalmente pela pesquisadora, ou seja, a pesquisadora procurou identificar o

momento em que a proposta estava constituída. É o momento de analisar a

proposta.

37

3.3 Aspectos éticos

Foram respeitados os preceitos determinantes na Resolução do Conselho

Nacional de Saúde 196/96, ao indicar que as pesquisas que envolvem seres

humanos devem atender exigências éticas e científicas fundamentais. Essa

resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os referenciais

básicos da bioética: autonomia, não maleficência e justiça entre outros, e visa

assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos

sujeitos da pesquisa e ao Estado. Todos os participantes do grupo de trabalho

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

do Vale do Itajaí, sob o Parecer nº 37/09.

O relatório final será entregue para a ETSUS/AC podendo ser apresentado

nos Conselhos Gestores de Saúde e do Idoso, bem como para o Ministério da

Saúde como uma proposta futura de implantação do Curso na RETSUS.

O trabalho foi orientado pela Profª. Enf. Drª. Juliana Vieira de Araujo Sandri.

(Anexo D).

3.4 Construindo e analisando a proposta

A proposta do Curso de especialização para os profissionais de saúde de

nível médio com relação à atenção a saúde do idoso construída pelo grupo de

trabalho foi analisada através da descrição de cada base tecnológica sugerida

juntamente com a competência profissional a ser alcançada. Portanto utilizamos

como referencial de análise o próprio desenho da proposta buscando vislumbrar as

bases tecnológicas e as práticas gerontogeriátricas através das competências

profissionais. Esses dois pontos têm como objetivo viabilizar a atenção integral à

saúde do idoso, enfocando a promoção à saúde, a recuperação, a proteção, a

prevenção e a reabilitação, bem como o processo de envelhecimento e suas

repercussões biopsicossociais.

38

Este momento de construção e reconstrução exigiu da pesquisadora muita

concentração e conhecimento da temática para saber analisar as sugestões dos

participantes no aperfeiçoamento da proposta. A seguir, será relatado como ocorreu

essa construção.

Nosso primeiro contato com os participantes se deu através de um convite

elaborado e encaminhado para cada um dos supostos participante e aguardamos a

resposta. Para a nossa alegria, outras pessoas souberam que realizaríamos uma

oficina com a temática relacionada à saúde de idosos e nos procuraram para

participar. Mas, como esta proposta era apenas de contar com um grupo limitado,

não foi possível permitir a participação de mais integrantes no processo, mesmo

porque a dialogicidade entre um grupo menor é a forma prática de se conduzir o

processo de interação sujeito-objeto para a construção do conhecimento. Ficaria

muito difícil para conduzir um grupo com o número maior de participantes.

Chegou o dia do encontro e ficamos gratificadas com a participação das

pessoas. Neste dia, entregamos uma pasta de trabalho contendo: caneta; papel com

pauta e sem pauta; fotocópias sobre as competências gerais que são comuns a

todas as áreas da saúde, do Estatuto do Idoso, da Política Nacional do Idoso, da

Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, da Lei de Diretrizes e Bases nos seus

art. 36 a 42; do Decreto nº 5.154/04 e, do Parecer nº 16/99. Todos foram

identificados por crachás para facilitar a comunicação entre si, dinamizando o

encontro.

3.5 Descrevendo as oficinas

Na primeira oficina, a metodologia de execução teve momentos

diversificados:

a) A dinâmica “Atenda o chamado”, teve o objetivo de acolher os participantes.

Colocamos-nos em círculos e partimos do pressuposto que somos todos iguais.

Foi o momento de nos apresentarmos e dizer quem somos? Para essa atividade

contamos com a ajuda da equipe administrativa da escola.

b) Apresentação de uma mensagem sobre o idoso em PowerPoint, que descreve

alguns aspectos do processo do envelhecimento. Esta apresentação teve a

39

intenção de sensibilizar os participantes com relação ao idoso. Fato este que

aconteceu de forma que as emoções foram manifestadas através de choros e

relatos da sua vivencia pessoal. Foi neste momento, que percebi que havia

sensibilizado os participantes para a temática a ser construída.

c) Apresentação da pesquisa aconteceu de forma formal utilizamos o datashow para

contextualizar os dados epidemiológicos relacionados à população idosa no

mundo, no Brasil e no Estado do Acre; o processo de senescência e senilidade;

instrumentos legais do MEC e a legislação que protege o idoso. Após essa breve

narrativa, apresentamos os objetivos do estudo e a proposta de trabalho para a

construção do Curso de Qualificação de pós-técnico.

d) Após a apresentação supracitada fizemos um lanche, que foi um momento

especial, pois proporcionou a troca de conhecimentos e também de se

reconhecerem com agentes desse processo de construção, além de se sentirem

acolhidos e valorizados por essa delicadeza.

e) O início dos trabalhos e questionamentos variados:

− “Como é possível a construção de um curso de especialização pós-técnico,

para todas as áreas trabalhadas por esta escola com foco na atenção ao

idoso?”

− “Qual será o perfil desse profissional?”

− “Como pode um técnico de laboratório cuidar de um idoso?”

− “Quais as implicações legais esse profissional irá ter ao adentrar outra área

como a enfermagem, por exemplo, ele não poderá administrar um

medicamento endovenoso?

E assim, foram surgindo às dúvidas, que foram esclarecidas, principalmente,

no que tange ao perfil do profissional que pretendemos aperfeiçoar/qualificar. Sendo

que ficou esclarecido que o embasamento teórico do curso será na área de

gerontologia.

Segundo Cachioni e Neri (2004) a gerontologia ocupa um lugar de destaque

entre as várias disciplinas científicas, beneficiando-se e sendo beneficiada pelo

intercâmbio de idéias e dados, num amplo campo de natureza multi e

interdisciplinar, ancorado pela biologia e pela medicina, pelas ciências sociais e pela

psicologia. Comporta numerosas interfaces com áreas de aplicação e de prestação

de serviços, principalmente a geriatria, a fisioterapia, a enfermagem, o serviço social,

40

o direito, a psicologia clínica e a psicologia educacional, o que permite classificá-la

também como campo multiprofissional.

Alguns participantes continuaram ainda com dúvidas de como iríamos

trabalhar com abordagem gerontológica e relataram que precisavam de textos para

se posicionar melhor neste contexto, visto que tínhamos naquele momento várias

áreas interdisciplinares, todos entendiam que os temas relacionados ao idoso eram

importantes para a construção da proposta.

Tive neste momento que dar uma orientação de como iríamos trabalhar

durante os demais encontros. Como todos os cursos que construímos na escola, ele

passa por um processo de ouvidoria, em que as pessoas convidadas estão de certa

forma envolvida com o tema e/ou curso pretendido, possibilitando a validação da

proposta, e este não será diferente.

Voltamos a falar das políticas votadas para as pessoas idosas, destacando

que o Acre foi o primeiro estado a implantar a Caderneta do Idoso, e que os

profissionais de nível superior (Enfermeiros do PSF) foram capacitados para o

acompanhamento dos idosos de suas áreas de atuação.

Isso abriu uma discussão cujo foco era os demais profissionais de saúde,

será que eles não precisam ser capacitados quanto ao processo de

envelhecimento? E os profissionais de nível médio?

Tivemos alguns posicionamentos de forma pacífica, apesar de alguns

participantes terem ainda alguma dúvida em relação à proposta, fiz o seguinte

questionamento para eles refletirem para o próximo encontro: Como seria o perfil

desse profissional à luz da gerontologia para atender a pessoa idosa?

Ao finalizarmos a primeira oficina, os participantes informaram que

precisavam de um tempo maior para elaborar uma proposta do perfil do educando

que queremos formar para atuar na área do idoso, bem como as competências e as

bases tecnológicas que comporão esta proposta. Mas antes de dar por encerrada

solicitamos uma avaliação do encontro, esta é uma prática pedagógica que

adotamos na escola, e escolhi alguns comentários:

“Acredito que preciso pensar considerando ser uma proposta inovadora e de responsabilidade institucional, por se tratar de uma especialização pós-técnico. Parabenizo a colega mestranda pela idéia e preocupação em estar disposta a construção de uma ação tão desafiadora e tão necessária”. “É uma proposta inovadora, que necessita de reflexão, tempo para digerir e amadurecer. Se concretizar será uma proposta que trarão bons frutos e irá fortalecer o Sistema Único de Saúde”.

41

“Porque conseguir entender o objetivo dessa oficina, pois foi muito produtivo, um grupo maravilhoso, pena que teve pouca duração, só duas horas, mas, trouxe-me muito conhecimento em relação ao idoso. O projeto parece muito interessante, você estar de parabéns pela a organização e pelo tema abordado”. “Pois me fez refletir sobre a importância de um dia me torna idoso, tinha muito receio sobre essa fase da via. Hoje mudei de opinião, entendi que envelhecer faz parte da vida. E esta proposta me deu certeza que o amanhã será diferente”. “Esta oficina foi bastante produtiva, o que contribuiu para o meu aprendizado, mas, apesar de ser o primeiro dia, nos sensibilizou bastante, esta proposta é uma resposta para as mudanças para a nossa população idosa”. “Pelo fato de existirem profissionais preocupados com o futuro dos nossos idosos e de certa forma me traquiliza. Vejo como é essencial oportunizar um curso de pós-técnico aos nossos profissionais de nível médio”. “Porque a escola só tem a ganhar como elemento formador destes egressos, os idosos precisam de profissionais qualificados para atendê-los em suas necessidades”. “Adorei seu projeto, finalmente um profissional da categoria da saúde, mostrou-se preocupado com essa temática, com certeza vamos construir junto esta proposta, fazer a diferença e fortalecer o Sistema Único de Saúde e acredito no potencial do seu projeto”. “Iniciei a oficina com um pouco de sono, não sabia exatamente o que me esperava. Término esta oficina com importante e estou motivado a contribuir para a elaboração desta proposta, que considero tão importante. Estou feliz por fazer parte deste momento, de sua vida, que imagino ser singular e representatividade do ponto de vista pessoal e profissional. A elaboração desta especialização e sua implementação será com certeza um marco para os profissionais de saúde de nível médio”.

A segunda oficina foi iniciada com uma dinâmica de acolhimento e

aquecimento - a música Como uma Onda, composição de Lulu Santos e Nelson

Motta.

Nada do que foi será De novo do jeito que já foi um dia Tudo passa tudo sempre passará A vida vem em ondas como o mar Num indo e vindo infinito Tudo que se vê não é Igual ao que a gente viu há um segundo Tudo muda o tempo todo no mundo...

O objetivo da escolha dessa música é para mostrar que a vida muda de

forma constante e com ela poderá vir mudanças significativas que necessitam de

cuidados especializados como, por exemplo, o envelhecimento humano. Fase da

vida em que há necessidade de profissionais da saúde capacitados para o seu

42

atendimento, de forma que possam atuar em equipe multidisciplinar através da

interdisciplinaridade, visando maximizar a capacidade funcional dos idosos e

melhorar sua qualidade de vida.

Conforme havíamos definido na primeira oficina os participantes trariam uma

proposta do perfil, das bases tecnológicas e da competência a serem alcançadas em

cada base tecnológica. Foi necessário dividir o grupo de trabalho em dois para que

não houvesse dispersão da temática.

O perfil do egresso foi respaldado no que dispõe a Resolução CNE/CEB nº

04/99 da área profissional de saúde que compreende ações integradas de promoção

e prevenção, educação, recuperação e reabilitação referentes às necessidades

individuais e coletivas. Contudo, pensando no perfil profissional para o Curso de

Qualificação dos Profissionais de Saúde de Nível Médio como Especialidade da

Atenção a Saúde do idoso. Este perfil deverá ficar claramente identificado no

respectivo plano de curso, determinando a correspondente organização curricular.

Já as bases tecnológicas, embora tenha sido solicitada aos participantes a

sua construção, a pesquisadora trouxe uma proposta prévia e que seria a partir dela

a discussão, inclusão ou exclusão dos temas propostos. Porém, as bases

tecnológicas precisam estar contidas no eixo tecnológico.

Segundo Brasil (2007) o eixo tecnológico é a linha central de estruturação de

um curso, definida por uma matriz tecnológica, que dá a direção para o seu projeto

pedagógico e que perpassa transversalmente a organização curricular do curso,

dando-lhe identidade e sustentáculo. O Eixo Tecnológico curricular orienta a

definição dos componentes essenciais e complementares do currículo, expressa a

trajetória do itinerário formativo, direciona a ação educativa e estabelece as

exigências pedagógicas. Também nos permite conhecer a dimensão tecnológica do

curso proposto, facilita a organização de itinerário formativo, fornecem a melhor

orientação ao trabalho interdisciplinar e permite o desenvolvimento das bases

tecnológicas que irão delinear a matriz curricular a ser construída.

Neste encontro, os grupos (após várias discussões de temas sobre o que

poderiam ser abordados durante o curso) definiram os temas em bloco e

apresentaram os eixos tecnológicos no qual será a linha central da construção da

matriz curricular da nossa proposta a seguir, portanto este encontro teve como

resultado final a construção dos eixos tecnológicos, os quais a partir destes serão

delineados as bases tecnológicas, quais sejam:

43

Figura 2: Eixos tecnológicos definidos pelos grupos na segundo oficina. Fonte: Elaborado pela autora durante as oficinas.

Diante da Figura 2, tivemos algumas discussões de como iríamos trabalhar

as bases tecnológicas para cada eixo temático. Este dia foi bastante produtivo, e no

final do encontro, foi realizada avaliação da oficina:

“Foi um dia produtivo, pois tivemos a oportunidade de dar da primeira oficina, hoje com uma melhor compreensão, após leitura dos textos sobre o assunto, pois estamos internalizando, ou seja, teorizando os conceitos, as idéias, e realmente é o tema é muito instigante, estou feliz por fazer parte desta construção”. “Por que a cada oficina que participo, tenho a oportunidade de trocar experiências e conhecimentos, em relação a este tema”. “Bom... creio que esta oficina foi mais produtiva e prazerosa, atribuo ao fato de termos nos apropriados desta temática, avalio que precisamos de mais encontros, pois realmente a construção desta proposta é um desafio”. “Este encontro me proporcionou uma visão geral de como iremos trabalhar esta proposta, os colegas em trabalho em grupo concordaram com os temas propostos, não foi cansativo, eu ficaria a tarde inteira discutindo esse assunto e não vi o tempo passar”.

Na terceira oficina: começamos com a dinâmica da “rede fechada”, o

objetivo desta dinâmica consiste em conscientizar que cada indivíduo dessa roda é

uma parte que forma um todo. É importante perceber que essas partes estão

interligadas, se comunicam se interagem e dependem umas das outras para que o

todo viva e funcione adequadamente. Essa é a essência de HtrabalharH em uma

equipe multidisciplinar - “Quando atingimos esta condição, atingimos o equilíbrio e

podemos conquistar qualquer objetivo”.

Enquanto você comenta estas palavras, encha o balão que você guardou e

coloque-o no centro da teia. Continuei, falando: “Esse balão, que está sendo

sustentado pela nossa rede, representa o equilíbrio ideal resultante da interação de

cada parte”. Observem que, para que o balão esteja perfeitamente equilibrado é

importante que todas as partes colaborem entre si. Assim é tudo na vida. Tudo

integra uma rede maior e igualmente é formado de redes menores. A comunidade

44

onde vivemos e o nosso ambiente de trabalho fazem parte dessa rede. E tudo isso,

todas estas partes, estão interdependentes numa totalidade harmônica e funcional,

numa perpétua oscilação em que o todo e as partes se mantêm mutuamente.

Para finalizar a dinâmica, comentei que todos devem lutar para manter o

equilíbrio da rede formada em uma equipe, incentivando-se mutuamente e

substituindo os comportamentos que comprometem essa integração por outros mais

coerentes e alinhados com a união entre todos. Para encerrar, todos foram

instruídos a se abraçarem enquanto estouravam todos os balões com os pés,

terminando com uma salva de palmas.

Foi muito interessante esta dinâmica, pois percebemos que necessitamos

uns dos outros para formar uma construção, já que cada parte é importante, o

trabalho em equipe através da interdisciplinaridade é muito importante. A rede de

apoio da pessoa idosa e os profissionais de saúde devem ter essa interatividade

aliada ao nosso Sistema único de Saúde.

Nesta oficina fiz uma breve explanação da Resolução CEE/AC nº 379/2008

que dispõe sobre a Educação Profissional Técnica de Nível Médio no âmbito do

Sistema de Ensino do Estado do Acre, em seu Art. 23 no qual considera para fins de

construção de plano de curso a competência profissional articulada com o

conhecimento, habilidades valores e atitudes necessárias para desenvolver com

eficácia as atividades inerentes ao curso proposto, no caso consideramos o curso de

qualificação no grau de especialista na atenção a saúde do idoso.

Para construir esta etapa da elaboração do curso solicitamos a participação

efetiva da responsável pela área pedagógica da ETSUS/AC, no sentido de nos

orientar e dar a sua contribuição para que não destoe do que já é preconizado nas

escolas técnicas da RETSUS, ou seja, seguir os pilares da educação dos saberes:

saber-saber, saber-fazer, saber-ser e saber conviver.

A discussão dessa etapa aconteceu de forma interativa, oportunizando a

participação de todos de forma democrática, sob a orientação e acompanhamento

da responsável pedagógica e da pesquisadora. A concretude dessa construção está

apresentada nos Quadros 1, 2, 3, 4 e 5. (Ver Apêndice B).

Com essa oficina, foi possível construir uma proposta de Curso pós-técnico

de nível médio na área da saúde do idoso. Portanto, temos todos os elementos para

apresentar a proposta de Curso, quais sejam: perfil profissional e a matriz curricular

contendo os eixos tecnológicos, as competências a serem desenvolvidas em cada

45

eixo, as bases tecnológicas, as habilidades, valores e atitudes. Dessa forma, com

esses dados construímos a nossa proposta para a Qualificação dos Profissionais de

Saúde de Nível Médio como Especialidade na Atenção a Saúde do Idoso.

Antes a pesquisadora agradeceu a todos os participantes do grupo de

trabalho, bem como daqueles que de uma forma ou outra contribuíram neste

processo. E se comprometeu em enviar a proposta na sua finitude. Antes, porém

teceu suas considerações que no início dos trabalhos sentiu certo acanhamento e

muitas dúvidas a respeito do trabalho, contudo na medida em que os encontros

aconteciam isso se dizimava, até que finalmente conseguimos construir uma

proposta.

46

4 A PROPOSTA DO CURSO DE QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE

SAÚDE DE NÍVEL MÉDIO COMO ESPECIALIDADE NA ATENÇÃO A SAÚDE

DO IDOSO.

O mundo todo está envelhecendo. Vivemos um momento ímpar, em que

uma das maiores conquistas da humanidade foi a ampliação do tempo de vida. As

nações estão começando a compreender este fenômeno e cada vez mais a buscar

medidas para manter seus cidadãos idosos socialmente e economicamente

integrados e independentes.

O envelhecimento populacional é uma resposta à mudança de alguns

indicadores de saúde, especialmente a queda da fecundidade e da mortalidade,

ocasionando o aumento de esperança de vida.

Conforme Kalache (1987), à medida que as sociedades envelhecem os

problemas de saúde entre os idosos desafiam os sistemas de saúde. Para isso,

estratégias de prevenção ao longo de todo o curso de vida tornaram-se mais

importantes para resolver os desafios advindos com este processo.

Para entender melhor o universo do envelhecimento humano é importante

conhecermos algumas terminologias relacionadas a essa etapa de vida, como:

envelhecimento, velhice e idoso.

O conceito de envelhecimento para a Organização Pan-Americana de Saúde

(2003; p. 8) é:

Um processo seqüencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deteriorização de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte.

Neri (2004) considera que a velhice é a última etapa do ciclo vital,

caracterizada pelo declínio de funções biológicas, resiliência, plasticidade e aumento

da dependência dos recursos da cultura.

Oficialmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera idoso o

indivíduo com idade igual ou superior a 65 anos residentes em países desenvolvidos

e com 60 anos ou mais para países em desenvolvimento (GIATTI; BARRETO,

2003). Essa diferenciação na conceituação parece levar em conta fatores que tem

47

atuação direta na qualidade de vida dos indivíduos, como diferenças econômicas,

políticas, culturais, sociais e ambientais dos países.

Contudo, independente da conceituação explanada pelos autores em que

mostram significados diferentes para expressar um momento do ciclo vital temos que

refletir que o envelhecimento faz parte da vida de qualquer ser vivo e acontecem de

forma gradual com mudanças mutidimensionais e multiderecionais de forma peculiar

e individual, portanto não é unidirecional e depende de diversos fatores como:

biológicos, genéticos e socioculturais.

Para Papaleo Netto (2000), os múltiplos aspectos que caracterizam o

processo de envelhecimento clamam por uma necessidade de propiciar à pessoa

idosa atenção abrangente à saúde, colocando em prática o que estão estabelecidos

pela Organização Mundial de Saúde, no contexto dos pilares da política para um

envelhecimento saudável, quais sejam: Participação, Saúde e Segurança (OMS,

2000). Busca-se com isso não somente o controle da doença, mas, e principalmente

o bem-estar físico, psíquico e social, ou seja, a melhoria da qualidade de vida.

Portanto, o termo envelhecimento (processo), a velhice (fase da vida) e o

idoso (resultado final) se constituem em um conjunto de componente intimamente

relacionado ao fenômeno do envelhecimento (PAPALEO NETTO, 2000).

Este fenômeno pode ser explicado pela gerontologia, que é uma área do

conhecimento que estuda o processo de envelhecer humano. Sendo assim, é

importante fazermos uma reflexão sobre a questão do processo de envelhecimento

e seus impactos psicológicos, sociais, culturais, econômicos e ambientais, para que

possamos atender as condições de vida da saúde da pessoa idosa.

A gerontologia surgiu no final do século XIX e início do século XX. O mundo

estava em processo de ebulição científica, entre o período e 1903 a 1909, no qual

surgem alguns termos que teria importância não só na medicina como em outras

áreas das ciências como na Antropologia, na Sociologia, nas Ciências Políticas,

entre outras.

Em 1903, Elie Metchnnikoff, médico Russo, emigrado da Rússia para a

França e sucessor de Pasteur, defendeu a idéia da criação de uma nova

especialidade a gerontologia, denominação obtida a partir das expressões gero

(velhice) e logia (estudo), pois o mesmo acreditava em uma velhice normal e não

doentia. Suas pesquisas serviram como base na comunidade científica sobre o

estudo do envelhecimento (PAPALEO NETTO, 2006).

48

Em 1909, Ignatz L. Nascher, médico vienense radicado nos Estados Unidos,

apresentou uma nova especialidade na comunidade cientifica a geriatria que visava

tratar as doenças dos idosos e da própria velhice. Já em 1922, o psicólogo G.

Stanley Hall, publicou o seu livro Senescence: The last half of life, que segundo

Lopes (2000), destaca que por meio de evidências históricas, médicas, literárias,

biológicas, fisiológicas e comportamentais, que este autor procurou comprovar que

as pessoas idosas tinham recursos até então não apreciados, contradizendo a

crença que a velhice é simplesmente o reverso da adolescência.

Desse modo, Nascher que foi considerado o pai da geriatria e teve que

enfrentar o desafio de divulgar suas posições sobre os aspectos biomédicos da

velhice, e, ao mesmo tempo de não se comprometer com os problemas relativos às

ciências sociais, que ele também julgava importante para o estudo do processo do

envelhecimento.

Em 1930, a estudiosa Marjory Warren assumiu a responsabilidade de cuidar

de um asilo o qual introduziu o conceito e a implementação de ações geriátricas

especializadas, tendo como ponto de partida o da avaliação multidimensional e

interdisciplinar (PAPALEO NETTO, 2006).

A partir da década de 1930 começaram a surgir numerosos trabalhos em

todas as áreas que compõem a ciência do envelhecimento.

Esse interesse permanece até hoje, entre os anos 1980 e 1990 abriram-se

novas frentes de interesses geradas pelas necessidades sociais associadas ao

envelhecimento populacional e à longevidade, como por exemplo, o apoio a

familiares que cuidam de idosos dependentes, os custos dos sistemas de saúde e

previdenciário, a necessidade de formação de recursos humanos, a necessidade de

ofertas educacionais e ocupacionais para as pessoas idosas (NERI, 2001).

A Figura 3 mostra as ramificações da gerontologia como uma ciência

multidisciplinar.

49

Figura 3: Gerontologia, ciência multidisciplinar Fonte: Papaleo Neto (2006).

A Gerontologia Social aborda os aspectos não-orgânicos. Geriatria tem

sob seus domínios os aspectos curativos e preventivos da atenção a saúde da

pessoa idosa. Biogerontologia tem como eixo principal o estudo do fenômeno do

envelhecimento, do ponto de vista molecular e celular, enveredando pelos os

caminhos populacionais e de prevenção de doenças associadas.

Portanto, a gerontologia é definida como ciência do envelhecimento e nos

fornece a possibilidade de perpassar nas suas ramificações, da gerontologia social,

biogerontologia e geriatria, que no seu conjunto atuam sobre os múltiplos aspectos

do fenômeno do envelhecimento e suas conseqüências.

Jeckel Netto (2000) afirma que o objetivo fundamental do conhecimento

sobre o processo de envelhecimento é o sucesso de qualidade de vida da pessoa

idosa, e que o papel da interdisciplinaridade permeia todos os aspectos da vida de

uma pessoa, do biológico ao social, e isso, exige que seja feita uma investigação de

maneira integrada através do trabalho em equipe.

O curso proposto estará respaldado nos conceitos gerontológico com a

abordagem interdisciplinar.

Segundo Fazenda (1993), a interdisciplinaridade surgiu na França e na Itália

em meados da década de 60, num período marcado pelos movimentos estudantis

que, dentre outras coisas, reivindicavam um ensino mais sintonizado com as

grandes questões de ordem social, política e econômica da época.

O conceito de interdisciplinaridade apareceu no século XX, mas vem desde

a pré-história à preocupação com a integração dos saberes para construir e tratar de

assuntos científicos e técnicos de forma a atender as necessidades humanas e a

compreensão de fenômeno social de consideração e dimensão relevantes com

50

aspectos sócio-históricos. É uma relação de reciprocidade, de mutualidade, que

pressupõe uma atitude diferente a ser assumida diante do problema do

conhecimento, ou seja, é uma substituição de uma concepção fragmentária para

unitária do ser humano (VILELA; MENDES, 2007).

No Brasil, já no final da década de 60 a interdisciplinaridade exerceu forte

influência na elaboração da Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692/71. Desde então, sua

presença no cenário educacional brasileiro tem se intensificado e, recentemente,

mais ainda, com a nova LDB nº 9.394/96 e com os Parâmetros Curriculares

Nacionais-PCN (CARLOS, 2007).

Segundo Japiassú (1976), na interdisciplinaridade faz-se necessário a

intercomunicação entre as disciplina, de modo que resulte uma modificação entre

elas, através do diálogo compreensível, uma vez que a simples troca de informações

entre organizações disciplinares não constitui um método interdisciplinar.

Na área da saúde a integração de conhecimento partilhado tem criado

modelos pedagógicos múltiplos para a formação profissional integradora de vários

saberes com o intuito de oferecer à população a maior quantidade possível de

serviços de saúde com qualidade e inovações tecnológicas. Suas estratégias

resultam da combinação de três grandes tipos de ações: a promoção da saúde, a

prevenção das enfermidades e a atenção curativa (VILELA; MENDES, 2007).

Essas mudanças no campo da saúde devem trazer transformações,

também, na área da educação e no mundo do trabalho através das inter-relações

pessoais e a produção do trabalho e na formação dos profissionais de saúde. A

interdisciplinaridade permite uma ação conjunta para construção e reconstrução do

saber, possibilitando mais desenvoltura de integração dos especialistas com

capacidade de solucionar problemas considerados complexos (VILELA; MENDES,

2007).

Segundo Giannotti (1996), com relação à saúde, a interdisciplinaridade, não

seria de competência de um único profissional, mas uma tarefa de vários

profissionais de áreas diversas, representantes de várias ciências, agregar-se-iam

em equipes de saúde, tendo como objetivos comuns: estudar as interações

somáticas psicossociais e encontrar métodos adequados que propiciem uma prática

integradora, tendo como enfoque a totalidade dos aspectos inter-relacionados à

saúde e à doença.

51

A interdisciplinaridade tem como objetivo alcançar alternativas que vise

responder pela complexidade do mundo atual, entre elas os problemas de saúde.

Através de um novo modelo de atenção à saúde e a formação dos profissionais de

saúde pautados em currículo integrado e de forma interdisciplinar.

Portanto, neste trabalho, buscamos uma ação de forma integrada às

diversas áreas dos profissionais de saúde de nível médio na atenção a saúde do

idoso de maneira interdisciplinar com abordagem na gerontologia.

Paim (1994) defende a necessidade de procurar novas formas organizativas

do estabelecimento de saúde, para se discutir as dificuldades do princípio da

integralidade, em detrimento de um modelo assistencial mais ampliado de saúde,

voltado para os principais problemas da população, através da redefinição das

práticas de saúde de modo a operar modelos de atenção ao indivíduo, família e

grupos sociais.

A integralidade está na necessidade de humanização dos serviços prestados

e das ações realizadas no âmbito do SUS e estas de serem repensada sobre as

dimensões técnicas das práticas de saúde na organização social e da produção de

serviços.

A seguir será apresentado o perfil profissional construído nas oficinas e a

matriz curricular composta de três módulos e cinco eixos tecnológicos.

4.1 Perfil profissional

Os Cursos de Educação Profissional de Nível Técnico, quaisquer que sejam,

em sua organização, deverão ter como referência básica no seu planejamento

curricular o perfil do profissional que se deseja formar, considerando-se que o

contexto da estrutura ocupacional da área, a observância destas diretrizes

curriculares nacionais e referenciais curriculares por área profissional, produzida e

difundida pelo Ministério da Educação. A propriedade dos cursos de educação

profissional de nível técnico depende primordialmente da aferição simultânea das

demandas das pessoas, do mercado de trabalho e da sociedade. A partir daí, é

traçado o perfil profissional de conclusão da habilitação ou qualificação prefigurada,

o qual orientará a construção do currículo (BRASIL, 1999b).

52

Este perfil é definidor da identidade do curso. É estabelecido levando-se em

conta as competências profissionais gerais do técnico de uma ou mais áreas,

completadas com outras competências específicas da habilitação profissional, em

função das condições locais e regionais, sempre direcionadas para a laborabilidade

frente às mudanças, o que supõe polivalência profissional (BRASIL, 1999b).

Por polivalência, aqui se entende o atributo de um profissional possuidor de

competências que lhe permitam superar os limites de uma ocupação ou campo

circunscrito de trabalho, para transitar para outros campos ou ocupações da mesma

área profissional ou de áreas afins. Supõe que tenha adquirido competências

transferíveis, ancorada sem bases científicas e tecnológicas, e que tenha uma

perspectiva evolutiva de sua formação, seja pela ampliação, seja pelo

enriquecimento e transformação de seu trabalho. Permite ao profissional

transcender a fragmentação das tarefas e compreender o processo global de

produção, possibilitando-lhe, inclusive, influir em sua formação (BRASIL, 1999b).

Portanto, o perfil profissional do Curso de Formação dos Profissionais de

Saúde de Nível Médio como Especialidade na Atenção a Saúde do Idoso, foi

construído, pelo Grupo de Trabalho através das oficinas realizadas, ora já descritas,

para atender as necessidades de atuar em equipe de forma interdisciplinar, afim, de

desenvolver ações que promovam a melhoria da qualidade de vida da pessoa idosa

em relação à equipe de saúde, à família e à sociedade os mesmos estão citados

abaixo:

Atuar em diferentes espaços de trabalho como na atenção básica,

hospitalar, domicílios, consultórios odontológico, clínicas de reabilitação,

restaurantes populares, cantinas, laboratórios de analises clínicas, em ações de

inclusão, promoção, prevenção, recuperação e reabilitação referenciada nas

necessidades de saúde individual e coletiva dos idosos, determinadas pelo processo

de saúde - doença.

a) Ter uma formação holística para aplicar os conhecimentos através do

relacionamento interpessoal, senso crítico-reflexivo, ter iniciativa, flexibilidade,

capacidade de observação, abstração e raciocínio lógico, reflexão e mudança

ativa em si mesmo e nas suas práticas, manifestadas por atitudes de

solidariedade, civilidade, compromisso, responsabilidade, empatia, aceitação,

prudência, ética e humanística, complementada pelo desenvolvimento de

53

competências que lhes permitam atuar, acompanhar, agir e garantir o completo

bem estar da pessoa idosa.

b) Ser capaz de compreender, criar e lidar com situações adversas de apoio aos

idosos, familiares equipes multiprofissionais e outros;

c) Conseguir encaminhar ou acompanhar a pessoa idosa em situações de agravos,

reabilitação e finitude;

d) Demonstrar competências para obter a informação necessária para assistir a

pessoa idosa junto à equipe multidisciplinar;

e) Possuir conhecimentos sobre o que é ser idoso, o que é a velhice e o processo do

envelhecimento no âmbito das áreas psicológicas, biológica, social e cultural;

f) Ser um profissional com formação generalista na área da atenção a saúde do

idoso, com visão humanista, crítico e reflexivo;

g) Ser capacitado para atuar na atenção a saúde da pessoa idosa, pautado em

princípios éticos e informações científicas em relação à saúde do idoso;

h) Ser preparado para atuar em contextos multiprofissionais e multidisciplinares na

perspectiva da atenção a saúde do idoso de diferentes questões que surgem

individual e coletivamente na velhice;

i) Ser capaz de compreender, criar, gerir, desenvolver e avaliar formas de apoio ao

idoso e seus cuidadores, familiares e profissionais.

Para Weil (1998), este perfil profissional deve promover ações de cuidado

que envolve conhecimento, valores, habilidades e atitudes no sentido de favorecer

as potencialidades das pessoas para manter ou melhorar a condição humana no

processo de envelhecimento. O processo de envelhecimento humano é complexo,

necessitando para sua compreensão contribuições de diferentes saberes e áreas de

conhecimento.

4.2 Matriz curricular

Na construção do currículo correspondente à habilitação ou qualificação, a

polivalência para trânsito em áreas ou ocupações afins deve ser garantida pelo

desenvolvimento das competências gerais, apoiadas em bases científicas e

tecnológicas e em atributos humanos, tais como criatividade, autonomia intelectual,

54

pensamento crítico, iniciativa e capacidade para monitorar desempenhos. A

identidade, por seu lado, será garantida pelas competências diretamente

concernentes ao requerido pelas respectivas qualificações ou habilitações

profissionais (BRASIL, 1999b).

Hoje, a Educação profissional está integrada a diferentes formas de

educação para o trabalho, para a ciência e para a tecnologia. Desenvolvendo

aptidões para a vida produtiva numa perspectiva do exercício pleno da cidadania

(BRASIL, 1999b).

Fini e Pestena (1999) afirmam que as matrizes curriculares conceituam as

competências, através de processos cognitivos as quais se desdobram em

habilidades instrumentais.

Portanto, a construção de uma Matriz Curricular, segundo Ortigão e Sztanj

(2001, p. 76) está na necessidade já estabelecida

A partir de parâmetros consensuais, sejam estes advindos da reflexão teórica sobre a estrutura da ciência e sua correspondente adequação ás estruturas de conhecimento, sejam advindos de uma consulta nacional sobre os conteúdos praticados pelas escolas brasileiras.

Machado (2008) afirma que a matriz tecnológica pode ser compreendida

como arranjos lógicos constituídos pelas bases tecnológicas, que por sua vez são

ingredientes tecnológicos básicos de uma formação.

Dessa forma a matriz se estrutura, na busca de organização dos conteúdos

desejáveis pelas demandas das exigências do mercado de trabalho. E tais

conteúdos foram sistematizados de forma a garantir uma continuidade. Desta

maneira esta matriz foi hierarquizada em três módulos e distribuídos por eixos

norteadores de caráter subsequentes.

Dentro de cada matriz há um eixo integrador que tem definidas as suas

competências cognitivas que serão utilizados nos processos de conhecimentos das

bases tecnológicas, como também suas respectivas habilidades instrumentais

devidamente distribuídas conforme cada necessidade a ser desenvolvida nos

processos de trabalho.

Segundo Brasil (1999b), a organização curricular será formada em

consonância com o perfil profissional do curso, sendo que o perfil do profissional

define a identidade do curso e caracteriza o compromisso ético da escola com os

educandos e com a sociedade.

55

Quando nos propusemos à construção desta proposta aos Profissionais de

Nível Médio em Saúde, levamos em conta a questão da flexibilidade, a

interdisciplinaridade na construção deste currículo, numa perspectiva de oferta de

curso pela demanda crescente da população idosa em nosso país, e observamos a

organização dos conteúdos por eixos tecnológicos e etapas modulares.

Portanto, o modelo de ensino de que necessitamos para os próximos anos

deve estar assentada sobre três eixos básicos: a flexibilidade para atender a

diferentes pessoas e situações e às mudanças permanentes que caracterizam o

mundo da sociedade da informação; a diversidade que garante a atenção às

necessidades de diferentes grupos em diferentes espaços e situações; e a

contextualização que, garantindo uma base comum, diversifique os trajetos e

permita a constituição dos significados, dê sentido à aprendizagem e ao aprendido

(BERGER FILHO, 1999).

O Parecer CEE/AC nº 379/08, no seu art. 14 e 15 que dispõem sobre a

organização curricular dos Cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio,

indica que o mesmo deverá contemplar todas as dimensões do desenvolvimento

humano: cognitiva, afetiva e psicomotora, fundamentada nos princípios éticos,

políticos e estéticos que contribuem para consolidação de conceitos e valores

indispensáveis ao exercício da cidadania.

A estruturação curricular permite a organização em forma de módulos ou

etapas com terminalidade correspondente a qualificações profissionais técnicas

identificadas no mercado, possibilitando também, saídas intermediárias com

obtenção de certificados de qualificação para o trabalho, após sua conclusão com

aproveitamento, devendo contemplar as seguintes dimensões: conjunto articulado

de princípios, critérios, competências profissionais gerais do técnico por área

profissional, conhecimento teórico-prático específico de cada profissão e atitudes e

habilidades comuns a uma área profissional e no mundo do trabalho (ACRE, 2008).

A carga horária mínima para o curso de qualificação profissional, etapas ou

módulos com terminalidade profissional que integrem itinerário de profissionalização

de nível médio, deverá ser acrescida de 30% de estágio supervisionado, quando

houver necessidade (ACRE, 2008).

O Decreto nº 5.154/04, no seu art. 6º dispõe sobre os cursos e programas de

Educação Profissional Técnica de Nível Médio que poderão ser estruturados e

organizados em etapas com terminalidade. Essas etapas com terminalidade deverão

56

estar articuladas entre si, compondo os itinerários formativos e os respectivos perfis

profissionais de conclusão.

Considera-se itinerário formativo o conjunto de etapas que compõe a

organização da Educação Profissional em uma determinada área, possibilitando o

aproveitamento contínuo e articulado de estudos. Tais etapas com terminalidade

podem ser organizadas como cursos específicos, módulos, ciclos, blocos temáticos,

projetos, alternância de estudos com trabalhos, sempre que o processo de ensino

assim o recomendar, conforme orienta o Artigo 23º da LDB (BRASIL, 1999b).

Representamos na Figura 4 o modelo de matriz modular a ser proposta para

o referido curso.

Figura 4: Matriz Curricular por Módulo proposto para o curso. Fonte: Elaborado pela autora a partir das oficinas realizadas.

a) Módulo I – Formação Básica da Atenção à Saúde do Idoso (Eixo I).

Este módulo tem por objetivo o conhecimento básico do processo de

envelhecimento contemplado no Eixo I e tem como princípio norteador o

conhecimento da Gerontologia, abordando questões de mudanças no processo do

envelhecimento do ponto de vista psicológico, sociológico, antropológico, legais,

sociais, ambientais, econômicos, éticos, espirituais, e políticos, levando em conta a

inserção do idoso, seja no contexto familiar e social, seja no ambiente cultural.

Este módulo terá uma duração de 90 horas/aulas teóricas e 10 horas

práticas (que será realizado o Seminário I), no qual os educando após se

apropriarem dos temas estudados precisarão colocá-los em prática através de

estudo de caso.

Esta unidade agrupa as competências comuns a todos os profissionais da

área de Saúde e, além disso, facilitará ao aluno a construção de itinerários de

57

formação profissional que atendam às suas expectativas e perspectivas de

trabalhabilidade.

Este módulo não tem terminalidade sendo que tem caráter subseqüente aos

demais módulo II e módulo III (Ver Apêndice A).

b) Módulo II – Formação Específica I da Atenção a Saúde do Idoso (Eixo II e III).

Este módulo tem característica específica devido aos dois eixos que

contemplamos. O Eixo II se refere aos aspectos éticos e legais do processo de

envelhecimento, e tem por finalidade dar um aporte ao educando quando este

interagir com as pessoas idosas e familiares, a fim de instrumentalizá-los quanto ao

conhecimento de seus direitos e deveres no desenvolvimento de ações de cidadania

e apoio social.

No Eixo III, o educando deverá desenvolver habilidades no campo da

promoção e reabilitação no cuidado a pessoa idosa, em caráter interdisciplinar de

forma humanizada visando à capacidade funcional da pessoa idosa.

Este módulo terá uma duração de 100 horas/aulas teóricas e 10 horas/aulas

de estágio supervisionado que será realizado em instituições previamente

identificadas na Rede de proteção ao Idoso, este módulo apresenta área de

conhecimento específico ao ciclo vital humano e 10hs para desenvolver atividades

do Seminário II.

Este módulo tem caráter subseqüente e sem terminalidade. (Ver Apêndice

A).

c) Módulo III – Formação Específica II da Atenção a Saúde do Idoso.

Este módulo tem característica específica do Eixo IV de assistência

humanizada a pessoa idosa, sendo que procura desenvolver no educando aporte

para que ele seja eficaz de desenvolver ações de promoção a saúde. Buscando

identificar fatores determinantes de qualidade de vida da pessoa idosa no seu

contexto familiar e social.

No Eixo V, o educando deve desenvolver ações de caráter de urgência e

emergência de maneira individual e/ou coletiva que visa à prevenção de situações

58

de agravos a pessoa idosa. Como também compreender os aspectos da Tanatologia

de acordo com as questões éticas e legais de cada pessoa idosa e seus familiares.

Este módulo terá carga horária teórica de 200 horas/aulas, sendo que 40

horas/aulas os educandos desenvolverão atividade de estágios supervisionados na

instituição previamente estabelecida e 20hs para desenvolvimento do Seminário III.

Portanto, este módulo tem caráter de terminalidade, somada as

competências desenvolvidas nos módulos I, II, III, permitirão aos alunos concluírem

a Especialização do Curso de Nível Técnico aos Profissionais de Saúde na Atenção

a Saúde do Idoso com carga horária total de 480 horas. (Ver Apêndice A).

O Decreto CNE/CEB nº 5.154/04 introduz o conceito de itinerário formativo

como sendo o conjunto de etapas que compõem a organização da educação

profissional em uma determinada área, possibilitando o aproveitamento contínuo e

articulado dos estudos, objetivando a qualificação para o trabalho e a elevação do

nível de escolaridade do trabalhador, o qual, após a conclusão com aproveitamento,

fará jus a certificados de formação inicial ou continuada para o trabalho (BRASIL,

2004a).

A partir da compreensão na organização de itinerário formativo da educação

profissional, estes espaços trazem ao processo educativo a promoção das

interpelações de saberes de natureza interdisciplinar.

De acordo com a descrição acima propomos um esquema de uma matriz por

eixo tecnológico representado pela Figura 5, para que, em seguida, seja

especificado cada um desses eixos e suas respectivas bases tecnológicas,

competências, habilidades e atitudes.

Figura 5: Matriz Curricular por Eixo Tecnológico. Fonte: Elaborado pela autora a partir das oficinas realizadas.

59

a) Eixo I: Introdução ao Estudo do envelhecimento: Um enfoque gerontológico.

Partimos do pressuposto que o envelhecimento é pessoal, e constitui uma

etapa do processo de vida e está intrinsecamente relacionado com as questões

objetivas e subjetivas do próprio ser. Sendo assim, o envelhecimento faz parte do

processo de viver. O ritmo do envelhecimento é influenciado pelas questões sociais,

econômicas, culturais e do meio ambiente que o cerca (HAMMERSCHMIDT et al,

2000).

Neste eixo abordaremos o aspecto gerontológico do processo de

envelhecimento, sendo considerada esta população algumas peculiaridades que são

intrínsecas a pessoa idosa, com características de uma classe etária que requer

cuidados diferenciados.

Pois, o modo de viver da pessoa idosa influência sua concepção de vida,

crença, valores e conhecimentos que são variáveis integrantes da cultura do

indivíduo, família ou coletividade.

A abordagem gerontológica possibilita a aproximação do profissional da área

da saúde com a pessoa idosa, bem como de sua família e deve ser compreendida

em múltiplas dimensões de maneira interdisciplinar. (Ver Apêndice B)

b) Eixo II: Aspectos Legais do Envelhecimento: Ética e Cidadania.

A criação de leis em prol das pessoas idosas e propiciadoras de sua

participação no contexto social simboliza um avanço nas relações do poder público

com o segmento populacional com 60 anos ou mais. No entanto, o rompimento do

ciclo de violência que inclui o abuso financeiro entre outros como a violência intra-

domiciliar requer mudanças no olhar da sociedade sobre a dinâmica do núcleo onde

o idoso encontra-se inserido. (Ver Apêndice B)

c) Eixo III: Patologias Comuns a Pessoa Idoso.

O ser humano, diferentemente dos demais seres vivos, foi o único que

modificou a própria expectativa de vida, a partir de gradativas mudanças

relacionadas a melhoria na qualidade de vida. Contudo, com o avançar da idade é

60

comum que haja a presença de uma ou mais patologias crônicas, as quais os idosos

e seus familiares cuidadores deverão aprender a conviver.

Ramos et al (2006), destacam que com o envelhecimento humano

prolongado estão associadas múltiplas patologias que, não raramente, levam a

perda da autonomia, independência e dificuldades de adaptação do idoso ao mundo

moderno.

Para Neri (1999), este período da vida do ser humano, fica mais vulnerável e

sujeito às perdas evolutivas em várias dimensões, em virtude de sua programação

genética, de eventos biológicos, psicológicos e sociais característicos de sua história

individual, e daqueles que ocorrem ao longo do curso da história de cada sociedade.

No entanto, todas as modificações que surgem com o envelhecimento

podem desencadear no indivíduo a necessidade de transformações, entretanto

estas, estão relacionadas a aceitação ou não do envelhecimento e que depende do

estado de equilíbrio entre as limitações e as potencialidades do indivíduo, para

enfrentar as perdas ocorridas com o envelhecimento.

Sabemos que com o decorrer do tempo algumas doenças fazem parte do

processo de envelhecimento que lhes são peculiares levando em conta a idade e o

estilo de vida e as condições socioeconômicas de cada pessoa idosa. (Ver Apêndice

B).

d) Eixo IV: Assistência Humanizada á Pessoa Idosa.

A assistência humanizada á pessoa idosa com o enfoque gerontológico,

surgiu como uma alternativa que beneficia a população idosa comprometida em sua

independência em decorrência da doença crônico-degerativa e tem por objetivo a

educação em saúde da pessoa idosa e sua família proporcionando uma assistência

humanizadora e de forma integral e interdisciplinar melhorando assim, a qualidade

de vida dos sujeitos sociais (SOUZA; CALDAS, 2007). (Ver Apêndice B).

e) Eixo V: Atendimento em Situações de Gravidade e o Aspecto da

Tanatologia.

O idoso na unidade de emergência (Pronto-Atendimento) corresponde por

12 a 21% de todos os atendimentos e estes números tendem a se tornar cada vez

61

maiores como resultados crescentes aumento da população na faixa etária de 65

anos e mais em todo o mundo (FERREIRA; TANURE, 2006).

Quanto à tanatologia o processo de envelhecimento se processa pela ação

do tempo sobre os indivíduos. Tempo individual da vida de cada um, que se esgota

na finitude objetivada na morte biológica, e tempo inesgotável da infinitude

subjetivadas na possibilidade de produzir eternidades que cada imaginário possui.

Trabalharemos alguns aspectos da atenção a pessoa idosa em fase terminal

e a seus familiares, chamando atenção para peculiaridades do desempenho

profissional no cuidado, para que a pessoa idosa possa morrer com dignidade. (Ver

Apêndice B).

Segundo a Conferência Mundial sobre a Educação para o século XXI,

realizado na Tailândia em 1990, trouxe em seu relatório elaborado pela UNESCO o

consenso internacional que a educação deve apresentar as quatro grandes

necessidades de aprendizagem dos cidadãos para o próximo milênio e que esta

deve responder por: Aprender a conhecer aprender a fazer, aprender a conviver e

aprender a ser. Diante deste desafio que representam essa aprendizagem,

destacamos a importância dos afetos e da criatividade para a educação, e por que

não dizer, a saúde através de sua política de humanização. Conforme Figura 6:

Figura 6: Quatro pilares da educação. Fonte: UNESCO, 1990.

62

Através das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional

de nível técnico regem-se por um conjunto de princípios que incluem o da sua

articulação com os ensinos médios, que são referentes aos valores estéticos,

políticos e éticos (BRASIL, 1999b).

Outros princípios definem sua identidade e especificidade e se referem ao

desenvolvimento de competências para laboralidade, à flexibilidade, à

interdisciplinaridade e à contextualização na organização curricular, à identidade dos

perfis profissionais de conclusão, à atualização permanente dos cursos e seus

currículos (BRASIL, 1999b).

Segundo BRASIL (1999b), o conceito de competência vem recebendo

diferente significado, e às vezes contraditório. Entende-se por competência

profissional a capacidade de articular, mobilizar e colocar em ação valores,

conhecimentos e habilidades necessários para o desempenho eficiente e eficaz de

atividades requeridas pela natureza do trabalho.

Para Resende (2000), a competência é aplicação prática de conhecimentos,

aptidões, habilidades, valores, interesse no todo ou em parte com obtenção de

resultados.

Já o conhecimento é entendido como o que muitos denominam de saber. A

habilidade refere-se ao saber fazer relacionando com a prática do trabalho.

Enquanto que o valor se expressa no saber ser, na atitude relacionada com o

julgamento da pertinência ação, com a qualidade do trabalho, à ética do

comportamento, a convivência participativa e solidária e outros atributos humanos,

tais como a iniciativa e a criatividade (BRASIL, 1999b).

Conforme o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP,

1999, p. 9)

Competências são as modalidades estruturais da inteligência, ou melhor, ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos, situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer. As habilidades decorrem das competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do saber fazer. Através das ações e operações, as habilidades aperfeiçoam-se e articulam-se, possibilitando nova reorganização das competências.

Portanto, os trabalhadores de saúde devem estar capacitados em termos de

conhecimentos, habilidades e atitudes para elaborar e operar protocolos para ações

63

programáticas específicas às necessidades deste grupo populacional de maneira

integrada com as demais práticas da rede de assistência a pessoa idosa.

A seguir, descreveremos um esquema dos eixos tecnológicos, dentro dos

módulos correspondentes, juntamente com as bases tecnológicas propostas, suas

competências, e habilidades como também os valores e atitudes, conforme

preconiza as Diretrizes Curriculares Nacionais. Em seguida, serão fundamentadas,

individualmente, as Bases Tecnológicas correspondentes a cada um dos módulos e

eixos tecnológicos.

4.2.1 MÓDULO 1 - EIXO I: Introdução aos estudos do envelhecimento: Um enfoque

gerontológico

Figura 7: Diagrama do Eixo I – Módulo I Fonte: Elaborado pela autora elaborado a partir das oficinas.

Um dos desafios impostos pela atualidade é o processo de envelhecimento

populacional que ocorre de forma acelerada o que levanta o discurso de redefinições

de papéis e de ações que atendam a esta nova demanda sob uma perspectiva de

forma integral. Portanto, o processo de envelhecimento e suas conceituações são

complexos e demandam uma abordagem interdisciplinar.

Segundo Martinez (1994), na maior parte dos seres vivos, e em particular

nos seres humanos, este processo não permite definições fáceis, não se resumindo

64

a uma simples passagem do tempo, e sim, sendo um processo dinâmico,

progressivo e irreversível, caracterizado por manifestações variadas nos campos

biológicos, psíquicos e sociais.

O processo de envelhecimento é marcado por fatores sócio-econômicos, por

fatores ambientais e pelo aparecimento de enfermidades, sendo influenciados não

apenas pela idade, mas, pelo modo de como o indivíduo vive e as relações que

estabelece.

Papaleo Netto e Britto (2001) descrevem que no processo de

envelhecimento existe distinção entre senescência ou senectude e que estes

resultam do somatório das alterações orgânicas, funcionais e psicológicas próprias

do envelhecimento normal, e senilidade, que é caracterizada por modificações que

freqüentemente acometem as pessoas idosas estando sempre em zona de

transição, dificultando discriminar cada um destes períodos.

Isto nos leva a um desafio importante ora apresentado aos serviços de

saúde: a promoção de um envelhecimento saudável. Contudo, os avanços do

conhecimento científico nos mostra que é possível a sociedade alcançar a

longevidade com qualidade, e isso depende muito das condições de saúde dos

indivíduos e da assistência oferecida (WHO, 2002).

Assim, o envelhecimento populacional exige maior aprofundamento de seus

conceitos na formação multidisciplinar e serviços de saúde. Entretanto, os cursos da

área de saúde não abordam suficientemente as questões relacionadas ao

envelhecimento (KELLER et al, 2002) e os serviços de saúde ainda não dispõem de

uma prática específica que reconheça as necessidades dessa população (VERAS,

1994 ).

a) Introdução a Gerontologia: Teorias Biológicas do Envelhecimento.

A abordagem deste tema visa o conhecimento sobre a origem do conceito

de gerontologia e as teorias biológicas do envelhecimento que nos servirão como

pressuposto teórico para o desenvolvimento do Eixo Tecnológico I: Introdução ao

estudo do envelhecimento, um enfoque gerontológico.

Sabemos que o processo do envelhecimento e longevidade foi

exaustivamente investigado ao longo destes últimos cem anos, incorporando os

65

avanços teóricos e experimentais, que o reducionismo biológico produziu ao longo

do caminho.

Existem diversos modos de classificar e organizar as diferentes teorias do

envelhecimento. Hart e Turturro (1983) sugeriram a adoção de uma escala

crescente de abrangência: teorias de base celular, teorias baseadas em órgãos e

sistemas, teorias populacionais e teorias integrativas.

Há uma multiplicidade de evidências relacionadas com o envelhecimento,

cada teoria sugere ser um dos seus componentes o ponto de origem do processo de

modificações associadas à idade, que acabam levando à morte do indivíduo, e se

volta à tentativa de provar sua sugestão ou hipótese (DA CRUZ; SCHWANKE,

2001).

Kalish et al (1986) afirmam que várias pesquisas biológicas deram origem á

inúmeras teorias que tentam explicar o envelhecimento humano sem que, até o

momento, exista uma teoria global e sólida.

Os estudos de maior qualidade sobre o envelhecimento são aqueles que

analisam a pessoa longitudinalmente, ao longo das diversas etapas de sua vida,

Moragas (1997) considera que as teorias estabelecem diferenças entre as teorias

baseadas em fatores externos (nutrição, vírus, radiação, poluentes, entre outras) e

teorias baseadas em fatores internos (teorias neuroendocrinológicas, imunológicas e

metabólicas).

Sabemos da importância dos estudos baseados na gerontologia para que os

educandos tenham a oportunidade de conhecer o processo do envelhecimento e

que seja capaz de compreender a realidade social e política do idoso na sociedade,

na família e que este em equipe multidisciplinar possa desenvolver ações de

prevenção, promoção e reabilitação da pessoa idosa.

b) A visão Antropológica do Envelhecimento.

Um dos caminhos para o desenvolvimento do cuidado gerontológico, com

sucesso, pode ser através do cuidado cultural, definido como valores, crenças e

expressões padronizadas, cognitivamente conhecidas, que auxiliam, apóiam ou

capacitam outro indivíduo ou grupo a manter o bem-estar, a melhorar uma condição

ou vida humana ou a enfrentar a morte e as deficiências (LEININGER, 2001).

66

Segundo Peixoto (1999), de envelhecer ninguém escapa. No entanto, se o

envelhecer é, em princípio, comum a todos, o processo de envelhecimento é

marcado por diferentes modos de se vivenciar esta experiência. Alguns envelhecem

mais rapidamente do que outros e nem todos vivem este processo da mesma

maneira, uma vez que esse processo está estritamente relacionado às condições

materiais e simbólicas que identifiquem socialmente cada indivíduo. O processo de

envelhecer é, assim, diferenciado segundo o grupo social, o sexo a que pertence.

Outra questão relevante sobre a visão antropológica do envelhecimento são

as questões de conflitos de gerações que, segundo Lenoir (1998), a velhice é o

momento em que as gerações mais jovens obrigam as gerações mais velhas a se

retirarem das posições de poder a fim de ocupá-las, o que constitui pretexto de luta

entre gerações.

Portanto, o cuidado cultural constitui parte das premissas necessárias para a

construção de um modelo de desenvolvimento sustentado de cuidado gerontológico.

E no seu desenvolvimento está presente a necessidade de interação com o idoso,

buscando compreender e apreender o modo de viver deste, bem como de seus

familiares e/ou indivíduos envolvidos no processo. Este caminhar para a prática

gerontológica alicerçada na multiplicidade dos princípios culturais, defendendo-se

esses como as múltiplas dimensões da vivência da pessoa idosa, incluindo as

grandezas espaciais, físicas, econômicas, sociais e ambientais, possibilitam maiores

chances da sustentabilidade do cuidado desenvolvido, bem como conscientização e

apreensão da amplitude que integra o processo de cuidado gerontológico

(HAMMERSCHMIDT; ZAGONEL; LENORDT, 2007).

A abordagem antropológica á luz do desenvolvimento de habilidades

desenvolvidas do educando junto à população idosa se justifica no empoderamento

sobre os seus hábitos e costumes durante sua vida e suas relações familiares e com

a comunidade a qual pertence, conhecendo sua história, seus mitos, sua linguagem

seus valores e crenças, dessa forma o mesmo poderão interagir e implementar as

ações de intervenções no processo do envelhecimento humano.

c) Contexto demográfico e epidemiológico do envelhecimento

Atualmente a população brasileira experimenta uma transição em três

dimensões: primeiro o demográfico, quando as mudanças históricas das taxas de

67

natalidade e a mortalidades passam de níveis mais altos para níveis mais baixos,

elevando assim, o aumento da população idosa; o segundo são as mudanças no

perfil de morbidades, ou seja, a diminuição das doenças infecto-contagiosas pelo

aumento das doenças crônico-degenerativas; e a terceira é a mudança no perfil das

famílias e os novos arranjos, demandando novas estratégias de serviços de saúde e

suportes sociais.

Os dados apontam que a população brasileira está vivendo mais, há de se

tornar digno o envelhecimento e as condições do envelhecer em todas as fases da

vida. Essa dignidade é garantida, na medida em que forem garantidos os direitos

sociais básicos a cada um dos indivíduos que envelhece. Para tanto, requer que o

Estado garanta às pessoas em todas as fases de suas vidas e às pessoas idosas,

bem como de suas famílias, uma rede de serviços capaz de assegurar a efetivação

dos direitos de promoção, proteção e defesa (RAMOS et al, 2008 ).

Do ponto de vista demográfico, segundo Carvalho e Andrade (2000) no

plano individual envelhecer significa aumentar o número de anos vividos.

Paralelamente à evolução cronológica, coexistem fenômenos de natureza

biopsíquica e social, importantes para a percepção da idade e do envelhecimento.

Sabemos da importância do conhecimento demográfico e epidemiológico

relacionado ao envelhecimento populacional, no qual permite a compreensão da

complexidade dos fenômenos relacionados ao envelhecimento de forma a

delinearmos um perfil desta população, afim de que o educando juntamente com sua

equipe interdisciplinar possam desenvolver ações de melhoria de qualidade de vida

e dos serviços prestados de forma integrada as redes de apoio aos idosos.

d) Psicogerontologia

A Neuropsiquiatria Geriátrica é definida como a disciplina que trata de

compreender a base neurobiológica dos distúrbios do comportamento humano na

pessoa idosa. Seu campo abrange, mais especificamente, o estudo das doenças

que causam distúrbios cognitivos, de comportamento e afetivos ou secundários a

doenças clínicas e toda a área de diagnóstico diferencial com as doenças

psiquiátricas no idoso (LIMA et al, 2006).

Parece-nos reducionista querer encarar os problemas mentais e

neurológicos a nosso ver, o modelo biopsicossocial é aquele que ainda é capaz de

68

melhor se adequar, na psiquiatria, à compreensão da gênese dos transtornos

mentais, inspirando uma resposta terapêutica orientada na readaptação psicossocial

(OMS, 2001).

Para Lima et al (2006), tais situações conflituosas produziram inúmeras

denominações aparentemente semelhantes, mas que possuem diferenças sutis que

merecem serem detalhadas:

− Psicogeriatria: Visa elaborar e a usar com finalidade terapêutica um corpo de

conhecimentos – o da patologia mental da pessoa idosa – que se aplica às

afecções psíquicas que surgem, continuam ou reaparecem na idade avançada.

Essa disciplina se apóia, essencialmente, no conceito de doença mental e se

inscreve numa orientação científica, na medida em que ela responde aos critérios

de verificação, de reprodução e de transmissão, que são aqueles de toda ciência.

− Psicogerontologia: É a ciência que procura descrever, explicar, compreender e

modificar as atitudes da pessoa que envelhece. Ela concerne a todas as idades,

mas constitui, na velhice, uma Psicologia da idade avançada.

− Psiquiatria gerontológica: É a disciplina que consiste independentemente da idade

da pessoa em questão, em interpretar clinicamente um problema comportamental

e em formular um projeto terapêutico por intermédio de uma conceitualização da

capacidade de induzir uma mudança. Ela considera o avanço em idade sob o

aspecto do envelhecimento bem sucedido. Tais definições possuem todas em

comum o radical “ger” (psicogeriatria, psicogerontologia, psiquiatria

gerontológica), o que pode induzir a confusões de limites de território de

intervenção com a geriatria e a gerontologia.

Who (1996) esclarece que as ambiguidades mencionadas anteriormente

quanto ao campo de atuação e de designação dessas subespecialidade, a

Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Associação Mundial de Psiquiatria

escolheram a denominação Psiquiatria da Pessoa Idosa para se referir ao ramo da

psiquiatria que participa da rede multidisciplinar de cuidados em saúde mental para

pessoas idosas.

A relevância desse conteúdo para o educando é de conhecer os conceitos

de envelhecimento biológicos e suas alterações em cada fase da vida, através de

uma visão holística da biologia do envelhecimento e os fatores sociais em que este

idoso está inserido, afim de que o mesmo possa compreender que a morte é um

processo natural ao ser humano.

69

e) Gerontologia Social

Trata dos fenômenos humanos associados ao fato do envelhecer, processo

inerente a todo o ser humano. Entretanto, a velhice, resultado do envelhecimento, é

vulgarmente considerada como realidade que afeta somente uma parte da

população. Os velhos se configuram como uma categoria independente do resto da

sociedade, separados como grupo com características próprias (MORAGAS, 1997).

Netto (1997) considera que a gerontologia social está diretamente associada

aos aspectos sociais. Cada sociedade determina as diferentes etapas cronológicas

dos seus indivíduos, padrões de conduta específicos, impondo, o seu cumprimento e

estabelecendo normas e valores.

Sabemos que quando trabalhamos sobre a dimensão social do

envelhecimento, percebemos que existem diferenças significativas nas formas como

as vidas dos indivíduos são periodizadas.

Cada sociedade define os períodos que compõem o ciclo da vida dos seres

humanos, os quais sofrem influências culturais, sociais e históricas. Basicamente

três são os princípios utilizados pelas sociedades para organizar os ciclos da vida: a

idade cronológica, a idade geracional e os níveis de maturidade.

Segundo Debert (1994), o processo de agrupar pessoas em função de sua

geração é totalmente distinto de agrupar pessoas em função do estágio de

maturidade ou da idade cronológica.

Carletti (1996) considera que os atendimentos especializados devem ser

realizados a partir do diagnóstico e de um plano de ação interprofissional,

compartilhados com o paciente e familiar, e com a formação da equipe, devem ser

compartilhadas as especificidades de cada profissional, permitindo a visão ampla,

integrada e totalizante. O profissional, ao socializar seus conhecimentos, atentando

para suas responsabilidades e limites, favorecerá a viabilização da

interdisciplinaridade.

O educando deverá conhecer os aspectos biológicos e psicossociais

relacionados à inserção do idoso na sociedade, e ter uma capacidade crítica e

reflexiva com responsabilidade ética e profissional no processo do envelhecimento,

para que o mesmo possa trabalhar em equipe, multisdiciplinar reconhecendo o seu

70

papel dentro do grupo, a fim de desenvolver ações participativas junto à família da

pessoa idosa, o idoso e a comunidade.

f) Gerontologia da Saúde

Moragas (1997) considera o envelhecimento como processo vital de

acumulação de anos, não tem por que ser um processo patológico resultado de

aquisição de algum tipo de doença. Destaca ainda, uma definição útil que associa

velhice normal com condição física em que não há doença relacionada. O conceito

relacionado com a saúde na velhice é o da longevidade ou extensão da vida

humana, considerando não somente o número de anos, mas a qualidade de vida

alcançada.

O educando deverá conhecer o processo saúde-doença seus determinantes

e condicionantes para que os mesmos possam atuar em equipe multidisciplinar nas

intervenções das boas práticas nas ações de prevenção, promoção e recuperação

da população idosa.

g) Gerontologia Educacional

É uma pedagogia específica para o idoso que aponta um novo paradigma

nas áreas da educação e do envelhecimento, tendo em vista as descobertas

recentes da neurociência acerca da plasticidade cerebral, que possibilita as pessoas

regenerar seus cérebros, conservar suas faculdades mentais, memória e inteligência

intactas através da reflexão, do pensar. Educar o idoso para conhecer e acreditar

em suas reais capacidades, desenvolver seus talentos, ensiná-lo a colocar o

conhecimento a serviço de sua construção como sujeito, isto é, a exercer sua

cidadania, são tarefas da Gerontologia Educacional (LIMA, 2000).

Este estudo nos leva a perceber a importância da educação e formação ao

longo da vida, e a preparação dos profissionais de saúde em desenvolver programas

que permitam prevenir o declínio prematuro do processo de envelhecimento. Este

conhecimento lhes permite analisar as mudanças intelectuais da pessoa idosa e a

intervir nas atividades sócias educativas e culturais através de atividades

desenvolvidas na comunidade que promovam a qualidade de vida da pessoa idosa.

71

4.2.2 2MÓDULO 2 - EIXO II: Aspectos Legais do Envelhecimento: Ética e Cidadania.

Figura 8: Diagrama do Módulo II – Eixo II Fonte: Elaborado pela autora a partir das oficinas realizadas.

A Constituição de 1988 e o Estatuto do Idoso estabelecem que a família e o

estado sejam responsáveis pelo bem estar do seu idoso, onde se inclui sustento

financeiro, manutenção da saúde, moradia e alimentação, sistema de proteção e a

inclusão da pessoa idosa na sociedade garantindo esses direitos nas três esfera do

governo desde a sua implementação, controle e avaliação das ações voltadas a

pessoa idosa.

No Capítulo da Seguridade Social da Constituição Federal, no seu artigo

198, é assegurada a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), regulamentado

pelas Leis 8.080/90 e 8.142/90, como uma nova formulação política e organizacional

para o re-ordenamento dos serviços e ações de saúde cujo objetivo é prestar

assistência a saúde da população baseada no modelo de promoção, proteção e

recuperação da saúde (BRASIL, 1990).

a.1) As políticas de Saúde do Envelhecimento.

Considera-se como o marco inicial para o estabelecimento de uma agenda

internacional de políticas públicas para a população idosa a primeira Assembléia

Mundial sobre o Envelhecimento ocorrida em Viena, em 1982. Essa assembléia foi o

72

primeiro fórum global intergovernamental centrado na questão do envelhecimento

populacional e que resultou na aprovação de um plano global de ação. Este evento

representou um avanço, pois, até então, a questão do envelhecimento não era foco

de atenção nem das assembléias gerais, nem de nenhuma agência especializada

das Nações Unidas. A questão era tratada de forma marginal pela Organização

Internacional do Trabalho (OIT), pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela

Organização para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) como parte de suas

atividades especializadas (CAMARANO; PASINATO, 2004).

A Segunda Assembléia Mundial aconteceu em Madri, em 2002. E nela foi

aprovada uma nova declaração política e um novo plano de ação que deverá servir

de orientação à adoção de medidas normativas sobre o envelhecimento no início do

século XXI. Espera-se que o plano de ação exerça uma ampla influência nas

políticas e programas dirigidos à população idosa em todo o mundo, especialmente

nos países em desenvolvimento (ONU, 2001).

a.2) Constituição Federal - Previdência Social

Na verdade, o Brasil é um dos pioneiros na América Latina na

implementação de uma política de garantia de renda para a população trabalhadora

que culminou com a universalização da seguridade social em 1988. A origem do

sistema de proteção social no Brasil acontece no período Pré-Constituição, pode-se

dizer que a incorporação, em alguma medida, da questão do envelhecimento

populacional na agenda das políticas brasileiras, quer sejam públicas ou por

iniciativa da sociedade civil, não são novas. Em 1888, foi regulamentado o direito à

aposentadoria dos empregados dos Correios (Decreto nº 9.912-A, de 26 de março

de 1888). Estes, após 30 anos de serviço e com uma idade mínima de 60 anos,

poderiam usufruir de uma aposentadoria (CAMARANO; PASINATO, 2004).

Já as primeiras políticas previdenciárias de iniciativa estatal para

trabalhadores do setor privado surgiram no início do século XX, com as leis de

criação do seguro de acidentes do trabalho em 1919 e a primeira caixa de

aposentadorias e pensões em 1923 (Lei Eloy Chaves). Na década de 30, o Brasil já

contava com uma política de bem-estar social, que incluía previdência social, saúde,

educação e habitação (PASSINATO, 2001).

73

O grande avanço em políticas de proteção social aos idosos brasileiros foi

dado pela Constituição de 1988, que levou em consideração algumas orientações da

Assembléia de Viena. Introduziu o conceito de seguridade social, fazendo com que a

rede de proteção social deixasse de estar vinculada apenas ao contexto

estritamente social-trabalhista e assistencialista e passasse a adquirir uma

conotação de direito de cidadania. O texto legal estabeleceu como princípios

básicos, à universalização, a equivalência de benefícios urbanos e rurais, a

seletividade na concessão, a irredutibilidade do valor das prestações

previdenciárias, a fixação do benefício mínimo em um salário mínimo, a

equanimidade no custeio e a diversificação da base de financiamento, a

descentralização e a participação da comunidade, de trabalhadores, empregadores

e aposentados na gestão (Art. 194 da Constituição). Assim sendo, a seguridade

social passou a ser conceituada como um contrato coletivo, integrante do próprio

direito de cidadania, onde os benefícios seriam concedidos conforme á necessidade

e o custeio seriam feito segundo a capacidade de cada um (OLIVEIRA; BELTRÃO;

GUERRA, 1997).

A Constituição de 1988 reformou o sistema de saúde por meio da criação do

SUS. A saúde passou a ser definida como um direito de todos e dever do Estado.

Foram estabelecidos os princípios, as diretrizes e a organização das ações e

serviços de saúde. As principais diretrizes foram: descentralização das ações e

serviços com direção única em cada esfera do governo; integralidade no

atendimento com prioridade para as atividades preventivas; e participação da

comunidade como mecanismo para efetivar o controle social do sistema

(CAMARANO; PASINATO, 2004).

A Constituição de 1988 foi a primeira a contar com um título - da Ordem

Social: Título VIII. Este Capítulo refere-se às questões da família, da criança, do

adolescente e do idoso. No artigo 230 dispõe que os idosos são de responsabilidade

da família, da sociedade e do Estado, os quais devem assegurar a sua participação

na comunidade, defender sua dignidade e bem-estar e garantir o seu direito à vida.

Em seu primeiro inciso, do Artigo 230 estabelece que os programas de

cuidados aos idosos sejam executados preferencialmente em seus lares. O segundo

inciso amplia para todo o território nacional uma iniciativa que já vinha sendo

observada em alguns municípios, desde o início da década de 1980: a gratuidade

dos transportes coletivos urbanos para os maiores de 65 anos (BRASIL, 1988a).

74

a.3) A Política Nacional do Idoso - Lei nº 8.842/94

Aprovada em 1994, é regulamentada pelo Decreto nº 1.948/96 e consiste

em um conjunto de ações governamentais com o objetivo de assegurar os direitos

sociais dos idosos, partindo do princípio fundamental de que “o idoso é um sujeito de

direitos e deve ser atendido de maneira diferenciada em cada uma das suas

necessidades: físicas, sociais, econômicas e políticas”. Para a sua coordenação e

gestão foi designada a Secretaria de Assistência Social do então Ministério da

Previdência e Assistência Social, atualmente Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome (MDS). Foi criado, também, o Conselho Nacional dos Direitos do

Idoso (CNDI), que veio a ser implementado apenas em 2002 (CAMARANO;

PASINATO, 2004, p. 269).

As autoras destacam que as principais diretrizes norteadoras da PNI

consistem em: incentivar e viabilizar formas alternativas de cooperação

intergeracional; atuar junto às organizações da sociedade civil representativas dos

interesses dos idosos com vistas a formulação, implementação e avaliação das

políticas, planos e projetos; priorizar o atendimento dos idosos em condição de

vulnerabilidade por suas próprias famílias em detrimento ao atendimento asilar;

promover a capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria

e gerontologia; priorizar o atendimento do idoso em órgãos públicos e privados

prestadores de serviços; e fomentar a discussão e o desenvolvimento de estudos

referentes à questão do envelhecimento.

a.4) Estatuto do Idoso

O Brasil está envelhecendo, principalmente, em consciência e participação,

pois a cada dia aumenta o número de cidadãos preocupados com a saúde,

crescimento cultural e reivindicando mais espaço na sociedade.

O Estatuto do Idoso é a coroação de esforços do movimento dos idosos, das

entidades de defesa dos direitos dos idosos e do Estado e se constitui no

instrumento jurídico formal mais completo para a cidadania do seguimento do idoso.

Não há que se negar a sua relevância do ponto de vista teórico e legal, na medida

em que é, sem dúvida, um avanço a partir da Lei nº 8.842/94, cujos princípios ainda

75

estão muito longe de serem garantidos na realidade brasileira (PAZ; GOLDMAN,

2006). Os autores consideram que a consolidação do Estatuto do Idoso requer

efetivação de políticas públicas para o seguimento, além de pessoal especializado

para prestar serviço de toda ordem ao idoso.

O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,

sem prejuízo da proteção integral de que trata o estatuto, assegurando-lhes meio

para todas as oportunidades e facilidades, afim da preservação de sua saúde física

e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social.

O Art. 15 dispõe sobre a seguridade da atenção integral à saúde do idoso,

através do SUS, garantindo-lhes o acesso universal e igualitário, articulado em

conjunto com as ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e

recuperação da saúde, através de atendimento especializado em unidade de

referência e atendimento domiciliar. Já o Art. 18 mostra a responsabilidade das

instituições de saúde, as quais devem atender aos critérios mínimos para o

atendimento às necessidades, promovendo o treinamento e a capacitação e

orientação aos cuidadores familiares e grupos de auto-ajuda.

O Art. 20 descreve que o idoso tem direito a educação, cultura, esporte,

lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem suas peculiares

relacionadas à idade. No seu Art. 24 os meios de comunicações manterão espaços

ou horários especiais voltados aos idosos, com finalidade, informativa, educativa,

artística e cultural, e pública sobre o processo de envelhecimento.

O Estatuto destina-se a regular os direitos assegurados às pessoas com

idade igual ou superior a 60 anos; e institui penas severas para quem desrespeitar

ou abandonar cidadãos idosos dentro das diversas áreas relacionadas às políticas

sociais: saúde, educação, transporte, lazer, cultura, habitação (BRASIL, 2003a).

A relevância deste tema permite ao educando a conhecer este documento

em sua integra de forma poder instrumentalizar o idoso quanto o seu direito de

cidadão e a família no seu dever de cuidar de seus idosos. Contudo, é importante e

necessária a participação em movimentos sociais na defesa da pessoa idosa.

a.5) Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa – Portaria nº 2.528/2000

Tem como propósito a promoção do envelhecimento saudável, a

manutenção e a melhoria, ao máximo, da capacidade funcional dos idosos, a

76

prevenção de doenças, a recuperação da saúde dos que adoecem e a reabilitação

daqueles que venham a ter sua capacidade funcional restringida (BRASIL, 2000c).

As diretrizes propostas na PNSPI estão respaldadas na promoção de um

envelhecimento saudável, na manutenção da capacidade funcional, na assistência

às necessidades de saúde do idoso, na reabilitação da capacidade funcional, na

capacitação de recursos humanos, no apoio ao desenvolvimento de cuidados

informais e no apoio ao estudo e pesquisa.

a.6) Redes de Apoio ao Idoso,

a.6.1) Redes de Assistência a Saúde do Idoso - Portaria nº 702/2002

As significativas mudanças no perfil de morbidade e mortalidade dos adultos,

com o rápido envelhecimento populacional e o crescimento significativo,

principalmente do seguimento mais velho (85 anos), aumentarão consideravelmente

a demanda pelos serviços de prestadores de cuidados de saúde, em especial os de

longa permanência, além de estabelecer como prioridade para o sistema de saúde o

desenvolvimento de estratégias que permitam a permanência dos idosos na

comunidade, de maneira a fornecer o apoio necessário para postergar ou evitar a

institucionalização prolongada ou permanente (SAYEG; MESQUITA; DA COSTA,

2006).

Nesse sentido, faz-se necessária implantação de serviços sociais,

administrados pelo estado para o atendimento aos idosos, a saber, Centros de

Referência em Assistência à Saúde do Idoso, sendo este um hospital que seja

devidamente cadastrado como tal, e que disponha de condições técnicas,

instalações físicas, equipamentos e recursos humanos específicos e adequados

para a prestação de assistência à saúde de idosos de forma integral e integrada

envolvendo as diversas modalidades assistenciais como a internação hospitalar,

atendimento ambulatorial especializado, hospital-dia e assistência domiciliar, e tenha

capacidade de se constituir em referência para a rede de assistência à saúde dos

idosos (BRASIL, 2002).

O campo de atuação da saúde compreende um conjunto intersetorial e

interdisciplinar de ações em prol da qualidade de vida das pessoas idosas na

comunidade, portanto, para isso devemos investir em ações de hábitos saudáveis,

que correspondam às necessidades desta clientela, através de programas que

77

promovam o envelhecimento ativo e saudável no curso da vida, sem deixar de

responder com eficácia às necessidades institucionais para os idosos fragilizados

(KALACHE; KICKBUSH, 1997).

a.6.2) Política Nacional de Humanização

Com a crescente tecnologização do cuidado, é preciso resgatar uma visão

antropológica holística, que considere o sofrimento humano nas dimensões física,

social, psíquica, emocional e espiritual (PESSINI, 2004 ).

Guimarães (2003) destaca que a principal proposta da Política Nacional de

Humanização é resgatar o respeito à vida humana sem desconsiderar fatores

sociais, éticos, educacionais e psicológicos presentes na pessoa tanto do cliente

como o do profissional da área. Tem a ver com a valorização e despertar de alguns

atributos que melhoram a qualidade das relações humanas, como: sensibilidade,

solidariedade e criatividade.

Para os autores Caldas e Souza (2008), a política de assistência

humanizada deve ter o cuidado com a dignidade do ser humano e que a mesma

venha atender as necessidades da pessoa frágil, atendendo-o com respeito aos

valores éticos e bioéticos, através da sensibilidade dos profissionais no processo de

tomada de decisões terapêuticas, preparando-o para o cuidado com a vida com

humanismo e as devidas competências técnico-científicas.

Estas mudanças só ocorrerão no sentido da humanização quando cada

profissional de saúde juntamente com sua equipe colocarem em práticas esses

valores e atitudes no atendimento ao cliente (GUIMARÃES, 2006).

Consideramos relevante que o educando tenha conhecimento das políticas

de proteção à pessoa idosa, para que possa desenvolver ações de cidadania e a

garantia de seus direitos e de apoio social, oferecendo uma vida digna a quem tanto

já contribuiu para sua família e a sociedade.

78

4.2.3 MÓDULO 2 – EIXO III: Patologias Comuns a Pessoas Idosas

Figura 9: Diagrama do Módulo II – Eixo III Fonte: Elaborado pela autora.

Em decorrência do rápido processo de envelhecimento populacional, as

doenças crônico-degenerativas, acometem os indivíduos na idade adulta e na fase

idosa. Por isso, a Organização Mundial de Saúde tem alertado todos os países para

o fato de que as doenças crônicas serão a principal causa de morte e incapacitantes

no mundo em 2020, contribuindo com cerca de dois terços do total das doenças e

trazendo enormes custos com os cuidados de saúde para toda a sociedade

(LITVOC; BRITO 2004).

A melhoria das condições socioeconômicas e tecnológicas dos últimos anos

tem favorecido o aumento significativo da longevidade e, conseqüentemente,

mudanças no perfil epidemiológico, na qual as doenças crônico-degenerativas

passaram a desencadear aumento na dependência das atividades básicas de vida

diária, tornando-se necessária uma forma de atendimento mais confortável e

eficiente para os idosos, por conseguinte necessitamos de profissionais

competentes para atuar de forma interdisciplinar nos seus serviços de saúde

direcionados aos idosos (BEENDENDO; GURGEL, 2007).

Paschoal (1996) descreve o processo natural do envelhecimento como a

diminuição da função de cada órgão de nosso corpo (coração, pulmão, rins, cérebro,

fígado etc.). À medida que o tempo passa cada órgão vai, pouco a pouco, quase

sem percebermos, perdendo um pouco da sua função.

79

Envelhecer de forma senil significa envelhecer com fragilidade. A senilidade

compõe um conjunto de deficiências desencadeadas, ao menos em parte, por

doenças. Do ponto de vista biológico, podemos dizer que é um processo

caracterizado por mudanças somáticas e psíquicas que aparecem inexoravelmente

com o passar do tempo e que afeta não só o indivíduo que envelhece, mas todos

que o cercam. Em segundo lugar o processo de envelhecimento não é um fenômeno

invariável, ou seja, nem todas as pessoas envelhecem da mesma maneira e, mesmo

em um mesmo indivíduo os diferentes sistemas (circulatório, respiratório, nervoso,

etc.) não envelhecem na mesma intensidade (SOARES, 2009).

Necessitamos de uma atenção especial para distinguir entre alterações

normais do envelhecimento e doenças do idoso, para não atribuirmos erroneamente

ao envelhecimento natural doenças que são passíveis de prevenção e tratamento,

ou mesmo cura.

O conhecimento das doenças prevalentes no processo de envelhecimento

possibilita a identificação de sinais e sintomas, como também, sinais de alertas para

que em conjunto com a equipe multidisciplinar o educando atue de forma

humanizadora na instrumentalização da família e do idoso para a adoção de

medidas preventivas que minimizem o processo patológico através de intervenções

interdisciplinar objetivando o alcance da qualidade de vida da pessoa idosa e de

seus familiares.

a) Sistema Nervoso, transtornos mentais e comportamentais no processo de

envelhecimento

O processo de envelhecimento na vida dos indivíduos permanece, ainda,

como um dos pontos mais complexos, obscuros e críticos para a ciência, apesar dos

grandes esforços que vêm sendo feito, especialmente desde a segunda metade do

século XX (CANÇADO; HORTA, 2006).

O Sistema Nervoso Central é o sistema biológico mais comprometido com o

processo de envelhecimento, pois é o responsável pela vida de relações como

sensações, movimentos, funções psíquicas, entre outros e pela vida vegetativa que

são as funções internas.

Cançado e Horta (2006) consideram que as células nervosas, os neurônios,

e as células de apoio, as células gliais, estão sujeitas a danos no decorrer do

80

processo de envelhecimento através de fatores intrínsecos (genético, sexo,

circulatório, metabólico, radicais livres, etc.) e extrínsecos (ambiente, sedentarismo,

tabagismo, drogas, radiações e etc.) que não deixam de exercer uma ação deletéria

com o decorrer do tempo. Sinais de deficiências funcionais vão aparecendo de

maneira discreta no decorrer da vida de relação, suas atividades pessoais,

gerenciais e executivas e podem ser considerados como envelhecimento saudável

(senescência).

Contudo, o envelhecimento patológico (senilidade) ocorre quando esses

mesmos danos se aderem a uma intensidade muito maior, levando a deficiências

funcionais marcantes e, seguramente, alterações das funções nobres do sistema

nervoso central, atingindo, especialmente, as relacionadas com a capacidade

intelectual do indivíduo, através de alterações da atenção, memória, raciocínio e

juízo crítico, as funções práxicas e gnósicas, na fala e outras formas de

comunicação e, por conseguinte, comprometendo progressiva e severamente a sua

vida de relação, sua afetividade, sua personalidade e sua conduta (CANÇADO;

HORTA, 2006).

O conhecimento do processo de envelhecimento fisiológico humano, é de

vital relevância para que o educando possa realizar sua atividades de apoio ao

idoso, conhecendo através da sua história de vida, se o mesmo teve hábitos

saudáveis (senescência) ou não, e que nesta etapa de vida desenvolveu ou não

alguma doença crônico-degenerativa (senilidade), estas informações servem de

parâmetro para identificar os sinais de alerta nos idoso com transtornos mentais e

comportamentais, afim de que junto com a equipe multidisciplinar possam conduzir e

orientar a família quanto as medidas preventivas para manter o maior tempo

possível capacidade funcional desse idoso e, conseqüentemente a sua

independência.

b) Doenças comuns ao Sistema Respiratório.

Gorzoni e Russo (2006) consideram que o processo de envelhecimento é

caracterizado por alterações fisiológicas que podem acometer diversos órgãos e

sistemas, com prejuízo de suas funções. O efeito da idade na função pode ser

classificado em várias fases. Na fase de crescimento inicia-se logo após o

nascimento, quando ao ácinos ainda não estão totalmente formados e há um

81

extenso remodelamento dessas unidades, com a formação acelerada de novos

alvéolos e capilares. Durante a fase da adolescência, ocorre a fase de maturação,

caracterizado pelo o acelerado aumento da função pulmonar e término do

crescimento. Em torno de 20 a 25 anos observa-se uma fase de platô, com a

manutenção dos parâmetros funcionais por um tempo não estipulado, finalizando

com a fase de declínio, na qual há redução progressiva da função respiratória

pulmonar, mas com a adequada capacidade de manter as trocas gasosas dentro da

perspectiva de vida de pessoa saudável.

Os mesmos autores, afirmam que o aparelho respiratório pode sofrer

alterações anatômicas e funcionais, que variam de amplitude, porém são inerentes

ao processo normal e natural do envelhecimento, não devendo ser avaliadas como

fator isolado, e sim, alguns agravantes do processo de envelhecimento como o

tabagismo, poluição ambiental, exposição profissional, doenças progressivas

pulmonares ou não. Diferenças socioeconômicas, constitucionais e raciais.

Portanto, o conhecimento das alterações funcional pulmonar no idoso dará

suporte à equipe multidisciplinar de planejar ações de acompanhamento em suas

atividades mais sutis a programas de condicionamento físicos que melhorem as

condições e a qualidade de vida da pessoa idosa.

c) Doenças comuns ao Sistema Circulatório (Cardiovascular).

Quando falamos em envelhecimento devemos sempre distinguir as

modificações estruturais e funcionais produzidas exclusivamente pelo processo de

envelhecimento (senescência) e as causadas pelas doenças que acometem os

idosos (senilidade), pois o processo de envelhecimento modifica e é modificado

pelas doenças que acometem o idoso (AFFINE, 2006).

Segundo Affine (2006), o envelhecimento atualmente pode ser considerado

um processo heterogêneo em razão de diferenças genéticas ou morte celular

programada, bem como fatores externos, como doenças, dietas, exercícios e estilos

de vida ou a combinação de todos esses fatores. Com a possibilidade da distinção

da importância desses fatores no sistema cardiovascular nos dificulta dizer se essas

alterações são próprias do envelhecimento ou resultante de tais fatores.

Hayflick (1979) em sua teoria orgânica afirma que o sistema cardiovascular

sofre significativa redução de sua capacidade funcional com o envelhecimento. Em

82

repouso contínuo, o idoso não apresenta redução importante do débito cardíaco,

mas em situações de maior demanda, tanto fisiológicas (esforço físico) como

patológicas (doença arterial coronariana), os mecanismos em manutenção podem

falhar, resultando em processos isquêmicos.

Portanto para o educando o estudo do sistema circulatório esclarece quanto

os efeitos da idade e os fatores extrínsecos atuam diretamente no estilo de vida da

pessoa idosa e suas consequência se tornam resultante do processo de

envelhecimento (senilidade), sendo esta doença de maior comorbirdade nesta faixa

etária, e que através de intervenções de promoção de ações junto ao idoso e a

família possam instrumentalizar a identificar os sinais de alertas decorrentes deste

processo e que venham melhorar sua qualidade de vida e a manutenção da

capacidade funcional.

d) Doenças comuns ao Sistema Digestório.

Ferriolli, Morigutti e Lima (2006) afirmam que com o envelhecimento, o

aparelho digestório apresenta alterações estruturais, de motilidade e da função

secretória, que variam em intensidade e natureza em cada segmento do mesmo.

O conhecimento dessas alterações no sistema digestório permite a

compreensão de diversos fatores que, não centrais, muitos estão relacionados com

a boa prática da geriatria e gerontologia e com a manutenção da qualidade de vida,

além de permitir a identificação da base fisiopatológica sobre a qual se desenvolvem

as diversas doenças do aparelho digestório (FERRIOLLI; MORIGUTTI; LIMA, 2006).

No nível do paladar, há uma diminuição da capacidade de perceber os

sabores doces e salgados. Também a perda dentária dificulta o consumo de alguns

alimentos, portanto, a OMS tem a meta de que os idosos possam conservar 20-22

dentes nessa etapa da vida. Cerca de 10% dos octogenários perdem a coordenação

dos músculos esofágicos e a debilidade do diafragma torna mais freqüente a

existência de hérnias hiatais (ESPÍNOLA, 2000).

As alterações na mucosa gástrica e nas glândulas digestivas provocam

diminuição da capacidade funcional digestiva. A menor flexibilidade do fundo

gástrico leva à saciedade com menor quantidade de comida que no adulto. A

diminuição da motilidade intestinal, a superfície intestinal útil para absorção, a

capacidade de transporte de nutrientes e a redução do fluxo sanguíneo entre a

83

célula mucosa e a veia porta, alteram a capacidade global de digestão e absorção. A

significativa atrofia do músculo propulsor e as mudanças nas células secretoras de

muco provocam alterações estruturais (diverticulose) e funcionais (estreitamento) do

cólon (PALLAS, 2002).

e) Doenças comuns ao Sistema endócrino

O envelhecimento pode ser visto como um processo dinâmico e progressivo

em que há modificações morfológicas, funcionais, psicológicas e bioquímicas e que

determinam a perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente e a

perda da reserva funcional, com maior incidência de processos patológicos que

terminam por levá-lo à morte (LIBERMAN, 2006).

Liberman (2006) considera que as alterações no sistema endócrino (e

imune) associadas à idade levariam a deterioração do organismo e ao processo do

envelhecimento, o autor baseia-se na teoria neuroendócrina que muitos dos

indivíduos jovens com doenças endócrinas (osteoporose, diminuição do hormônio do

crescimento, hipoganadismo) apresentam alterações morfológicas, funcionais e

bioquímicas que são encontras em indivíduos idoso sem doença.

Moriguchi e Jeckel Neto (2003) ainda destacam as seguintes alterações no

sistema endócrino no envelhecimento: redução de liberação de esteróides sexuais

pelas gônadas, a elevação do cortisol e de adrenocorticotrófico séricos e a

diminuição da liberação do hormônio de crescimento pela hipófise. Além disso, a

elevação dos níveis circulantes do hormônio leptina no idoso parece estar

relacionada ao aumento da adiposidade do que com o processo de envelhecimento

em si.

O educando em conjunto com a equipe multidisciplinar deverá desenvolver

ações de prevenção e promoção junto à população idosa a família e a comunidade

sobre as doenças relacionadas ao sistema endócrino como diabetes mellitus,

alterações cardiovasculares, climatério, menopausa e andropausa, afim de que

estes possam melhorar sua qualidade de vida e que não venham a desenvolver

essas patologias.

84

f) Doenças comuns ao Sistema Osteomuscular

Matsudo (2001) descreve que a perda da massa muscular e

conseqüentemente da força muscular, é um indicativo marcante da perda da

mobilidade e da capacidade funcional do indivíduo que está envelhecendo.

Gallahue e Ozmun (2001) consideram a estrutura e a função do músculo

esquelético também se alteram com a idade e que estrutura da massa muscular

diminui à medida que o número e o tamanho das fibras musculares declinam

durante o final da meia-idade e dos anos posteriores com o envelhecimento.

Kauffman (2001 apud DESCHENES, 2004) dentre as diversas funções

prejudicadas pelo avanço da idade está à função muscular, que, quando diminuída,

afeta significativamente a qualidade de vida dos idosos, levando a que tenham

dificuldades para a realização das atividades cotidianas e, muitas vezes, tornando-

os dependentes do auxílio de outras pessoas. É importante ressaltar que o

envelhecimento progride a uma velocidade diferente em indivíduos distintos e que

há uma grande variabilidade de indivíduo para indivíduo no grau de perda funcional

com a idade.

O declínio da resistência muscular é um aspecto que contribui para a perda

funcional e para a incapacitação nos idosos. Em comparação com adultos mais

jovens, os mais velhos são obrigados a ativar um percentual maior da massa

muscular reduzida para produzir a mesma força, isto é, exercícios realizados com

uma intensidade determinada requerem um percentual mais elevado da capacidade

máxima em pessoas idosas. Isso resulta do estabelecimento precoce da fadiga em

consequência de um maior estresse metabólico (KAUFFMAN, 2001 apud

DESCHENES, 2004).

Sabemos que o conhecimento inerente ao sistema osteomuscular afeta

diretamente as atividades diárias da pessoa idosa, com isso o educando junto a

equipe multidisciplinar deverá realizar uma abordagem integral ao idoso e a família

através de apoio juntos as redes de atenção ao idoso na manutenção da capacidade

funcional da pessoa idosa minimizando os efeitos deletéricos da perda da

funcionalidade motora desse idoso e melhorando a qualidade de vida e sua

independência.

85

g) Doenças comuns ao Sistema Imunológico.

Em 1975 foi dado um grande passo na imunologia com o desenvolvimento

da técnica dos anticorpos monoclonais por George Kohler e Cesar Milstein (1975),

que permitiu a identificação de vários grupamentos células imune e de suas etapas

de ativação por meio de suas próprias moléculas de superfícies (membrana), que

poderiam ser reconhecidas pelos anticorpos desenvolvidos por esta técnica.

No mundo inteiro a expectativa media de vida vem aumentando e é cada vez

maior o interesse na compreensão das leis que regem o sistema de defesa em idade

mais avançadas (VEIGA, 2006).

Veiga (2006) descreve que o sistema imune é um processo adaptativo

interagindo com vários componentes dele mesmo e com o meio ambiente. Seu

papel é garantir a integridade do organismo. Este objetivo é alcançado por meio da

capacidade de distinguir o próprio do não próprio e da alta especificidade e da

memória imunológica.

Menon et al (1974) descreveram que uma das mais dramáticas modificações

na resposta imune que ocorrem com a idade é o declínio na função envolvendo a

proliferação das células T. Tem sido demonstrado que o envelhecimento é

acompanhado por progressivo aumento na proporção de células que funcionam

pobremente.

A modificação funcional da célula T durante o envelhecimento associadas à

redução de seu número fazem aumentar a permanência do estresse provocado pelo

estímulo antigênico, levando a diminuição do telômero e concomitante com a perda

da capacidade proliferativa, conhecida como senescência replicativa, que é uma

conseqüência da divisão celular e não de um tempo cronológico. O número de

divisões celulares, no qual a senescência á atingida, depende da espécie, da idade

e do conjunto genético do indivíduo (VEIGA, 2006).

Para a autora, outra característica do envelhecimento do sistema imune é o

aumento proporcional das células de memória (aquelas que já entraram em contato

com um antígeno), em relação às células virgens (aquelas que ainda não tiveram

contato com o antígeno), o que resultará em diminuição do potencial de reatividade

a novos antígenos.

Com os estudos realizados sobre o sistema imune para entendermos sobre

as modificações deste sistema no processo de envelhecimento, nos leva a teoria de

que a senescência celular é mediada pela exaustão replicativa e com o avançar da

86

idade há aumento de número de células que parecem normais, mas falham em

responder ao estímulo motivador, portanto o envelhecimento do sistema imune estar

associado com a marcada redução na reposividade e desregulação funcional

simultânea (VEIGA, 2006).

h) Farmacologia e terapêutica no Idoso.

Estima-se que em 2025, a população brasileira terá aumentado cinco vezes

em relação à de 1950, ao passo que o número de pessoas com idade superior a 60

anos terá aumentado cerca de 20 vezes. Esse aumento colocará o Brasil na

condição de portador da sexta maior população de idosos do mundo, em termos

absolutos (FONSECA; CARMO, 2000).

Anderson e Kerluke (1997) consideram que sendo marcado por uma

elevação da freqüência de doenças crônico-degenerativas, o processo de

envelhecimento é acompanhado por uma maior demanda pelos serviços de saúde e

por medicamentos, o que predispõe grandemente a população geriátrica aos riscos

da prática de polifarmácia e aos efeitos adversos dos medicamentos.

Para Gorzoni e Passarelli (2006), o frequente encontro de idoso com

múltiplas queixas e doenças provoca o uso paralelo e constante de vários

medicamentos ao mesmo tempo. Tendo em vista que o risco de efeitos colaterais e

de interações medicamentosas é proporcional ao número de fármacos consumidos.

Beyth e Shorr (2002) defendem que os parâmetros farmacológicos para a

distribuição e a metabolização dos medicamentos são os que mais afetam o

envelhecimento do organismo. A biodisponibilidade de drogas hidrossolúveis

administradas por via oral, por exemplo, pode estar aumentada, haja vista que o

idoso possui menor teor de água no organismo dificultando o seu volume de

distribuição.

A compreensão das mudanças produzidas pelo envelhecimento na

farmacinética é primordial para a boa assistência aos idosos. Dosagens e padrões

terapêuticos necessitam de atenção devido às alterações relacionadas com

processos intrínsecos às pessoas idosas. Esses dados quando ignorados, podem

provocar graves complicações e aumentar a mortalidade desses pacientes

(GORZONI; PASSARELLI, 2006).

87

Carvalho-Filho et al (1996) relatam que o atendimento do idoso apresenta

um caráter multidisciplinar, já que profissionais de várias áreas associam-se para

oferecer uma assistência global ao paciente, o conceito de iatrogenia em geriatria

tem significado mais amplo, relacionando-se às condutas tomadas pelos vários

membros da equipe.

A documentação das complicações iatrogênicas tem sido geralmente pouco

evidente e vaga, sendo raros os serviços médicos que adotam protocolos para

verificação das complicações determinadas pelas medidas diagnósticas e

terapêuticas adotadas (CARVALHO-FILHO et al, 1996).

Este fato pode ser consequência da associação entre grande número de

drogas administradas e maior gravidade das afecções, assim como da interação das

drogas.

Karnikowski et al (2004) destacam que diante do cenário exposto acima, é

importante que para uma prescrição adequada ao idoso seja considerada: o estado

clínico geral do paciente; redução do número de drogas a serem administradas para

evitar interações medicamentosas e maiores possibilidades de reações adversas;

que seja iniciada com pequenas doses e adequada conforme a resposta; evite ao

máximo o uso de medicamentos considerados impróprios pela literatura médica e

científica; e em situações em que os mesmos não possam ser evitados, que seu uso

se dê com cautela e monitoramento constante. O uso racional de medicamentos

pelos idosos é fundamental para evitar gastos excessivos com múltiplos

medicamentos, prevenindo internações desnecessárias, de modo a desonerar o

sistema público de saúde bem como assegurar boa qualidade de vida das pessoas

idosas.

Devemos também considerar que existem idosos que moram sozinhos e que

precisam de acompanhamento de profissionais de saúde para que não aconteçam

as iatrogenias decorrentes do uso de polifármacos. È de fundamental importância

que o educando tenha efetivo conhecimento sobre o que as interações

medicamentosas possam causar nos indivíduos idosos, para que o mesmo em

conjunto com a equipe interdisciplinar possa conhecer os efeitos terapêuticos e as

reações adversas, a fim de poder orientar ao idoso, a família e ao cuidador quando

ao manuseio e uso da medicação para a pessoa idosa.

88

4.2.4 MÓDULO 3 EXO IV: Assistência Humanizada à Pessoa idosa

Figura 10: Diagrama do Módulo II – Eixo IV Fonte: Elaborado pela autora a partir das oficinas realizadas.

O Ministério da Saúde implantou em 2001 a Política Nacional de

Humanização, cujo foco está em promover a pessoa humana como valor

fundamental no seio das práticas públicas de assistência a saúde.

Para Brasil (2004c), a humanização diz respeito a uma proposta ética,

estética e política. A ética pressupõe uma mudança de atitude dos usuários,

gestores e trabalhadores de saúde, para que assim haja um comprometimento dos

mesmos como co-responsáveis pela qualificação das ações e serviços gerados.

Afirma também que é garantido aos usuários o acesso a informações gerais

sobre saúde, entre elas os direitos do código dos usuários do SUS e, ainda, o

acompanhamento, durante seus tratamentos, por pessoas de suas redes sociais, de

livre escolha, fato essencial ao atendimento de idosos em domicílio.

Supõe-se que a humanização é troca de saberes e diálogos entre os

profissionais e a interação com os sujeitos sociais através de atitude ético-estética e

política em sintonia com uma rede humanizada em defesa da vida.

Para Mezzomo (2003), a cultura da Política Nacional de Humanização está

focada no modo de pensar, de tratar e de como se comportar nas relações

89

terapêuticas com clientes, familiares e colegas de trabalho visando uma melhor

colaboração e à efetividade no atendimento. Assegura que a humanização se realiza

e ocorre nas relações interpessoais, as quais se desenvolvem dentro de níveis de

atitudes: simpatia, bem-querer e amor.

A essência do ser humano e o respeito a sua individualidade e dignidade

deve ser considerada direcionando-lhe o cuidado solidário da dor, e do sofrimento,

com competência técnica e científica (BANDEIRA; PIMENTA; SOUZA, 2006).

As ações direcionadas ao idoso devem estimular a inter-relação e o convívio

social, respeito à individualidade, autonomia, independência e o fortalecimento dos

laços familiares, numa perspectiva de prevenção ao asilamento, melhoria da

qualidade de vida, o acesso aos direitos de cidadania e a efetiva participação social

do idoso, assegurando o envelhecimento ativo (BANDEIRA; PIMENTA; SOUZA,

2006).

a) Modalidade de Assistência ao Idoso e a Família: Impactos sobre a qualidade

de vida

A maior parte dos estudos em gerontologia reconhece a família como uma

unidade de cuidado. As pessoas aprendem a reproduzir e manter padrões de

cuidados culturalmente herdados, voltados a uma vida saudável. Por essa razão a

estrutura familiar é modelar, ou seja, funciona como uma matriz sobre a qual a

família e suas ações cuidativas estão fundadas (MOREIRA; DOMINGOS;

FIGUEIREDO, 2007).

A modalidade de assistência ao idoso e a família basicamente apresenta

dois enfoque: o social que está voltada para a solução das necessidades básicas

das pessoas idosas, relacionadas aos subsídios econômicos, entre outros fatores

existentes como, abandono, rejeição familiar, inexistência de familiares. E, o

segundo focado nos de problemas de saúde, relacionadas à incapacidade funcional

e necessidades de cuidados especiais (DIOGO, 2006).

Para este autor a Portaria nº 73/2001 da Assistência Social em consonância

com o Estatuto do Idoso, definiram parcerias promovendo a integração intersetorial,

estimulando a co-responsabilidades dos estados e municípios, levando em

consideração o idoso, a família e a sociedade e a reorganização dos serviços de

saúde na atenção ao idoso.

90

Portanto, o serviço de saúde tem como objetivo fundamental a prevenção de

incapacidades e da independência do idoso para as atividades da vida diária. Sendo

a sua organização desse serviço em nível de complexidade crescente, a partir da

atenção primária à saúde nas Unidades Básicas de Saúde, seguida pelo o

atendimento ambulatorial, depois pelo domiciliar, em nível institucional, como o

hospital-dia geriátrico e por último a internação de média ou longa permanência

(DIOGO, 2006).

Estes estudos sobre a modalidade de assistência a pessoa idosa nos leva a

repensar as nossas práticas enquanto profissionais de saúde, através da quebra de

paradigmas do modelo assistencial biologicista, no qual o indivíduo é assistido por

partes e não de forma integral. Portanto, temos que repensar nossas práticas

enquanto equipe de saúde, pois através do atendimento integral e interdisciplinar

com enfoque Gerontológico, oferecendo um atendimento mais humanizado,

poderemos maximizar a capacidade funcional da pessoa idosa, contribuindo para

sua autonomia e dignidade humana.

b) Cuidados em Domicílio: Conceitos e Práticas

A natureza do cuidado no domicílio segundo Cunha (1991, p. 28)

É uma atividade desenvolvida desde a antiguidade, estando, porém mais atual a cada dia que passa [...] ele é redescoberta como uma resposta à necessidade de se prestarem cuidados aos pacientes em suas próprias casas, quer por falta de Instituições Hospitalares, quer pela dificuldade financeira deles frente a esta situação e até mesmo pelos altos custos relativos aos tratamentos e permanência hospitalares.

O atendimento domiciliário com enfoque Gerontológico surgiu como uma

alternativa que beneficia especialmente a população idosa comprometida em sua

independência decorrente das doenças crônico-degenerativas, resultando na

necessidade de cuidados em seu próprio contexto familiar (ALBUQUERQUE, 2003).

Boff ( 2001) afirma que o cuidado representa uma atitude de ocupação, de

preocupação, de responsabilidade, de zelo, de atenção e desenvolvimento afetivo

com o outro porque, sem o cuidado, o ser humano deixa de ser humano. Se não

receber cuidado, desde o nascimento até a morte, o ser humano desestrutura-se,

definha, perde sentido e morre.

91

Leme e Silva (1996) chamam atenção para a incapacidade de a família

dispor de tempo para cuidar do idoso, o que tende a contribuir para a ineficiência do

cuidado familiar, que pode levar a um quadro de morbidades significativas,

compondo as chamadas síndromes de insuficiência familiar, o que pode ser

contornado com o suporte da rede de apoio formal.

Domingos (2003) realizou um estudo que abordava a questão do cuidado

familiar, estes estudos demonstraram que para o idoso os cuidados referem-se às

ações e comportamentos de apoio, desenvolvidos por familiares na assistência as

suas necessidades, através das seguintes dimensões: apoio afetivo-social, apoio

para a manutenção da saúde, apoio material ou instrumental.

Duarte e Diogo (2000) destacam que existem várias definições de família,

mas todas compartilham três traços comuns: interação, compromisso e afetividade.

Portanto, o contexto familiar em que está inserido o idoso possui uma história

própria ao longo do tempo.

A contribuição desses estudos aos educandos como equipe interdisciplinar

centra-se no fato de que a assistência domiciliar difere muito da assistência

hospitalar para o qual devem ser observados alguns aspectos como avaliação global

do idoso, com enfoque nos aspectos biofuncionais, psicológicos, sociais e

ambientais, sua autonomia e o grau de dependência.

c) Qualidade dos Cuidadores ao idoso Institucionalizado

As Instituições de Longa Permanência para Idosos são espaços sociais que,

em sua maioria, concentram idosos que ao serem ‘abandonados’4 por seus

familiares, passam a residir nesses locais de caráter asilar. São disponibilizados

abrigo, alimentação, recreação (em sua minoria) e encaminhamento quando se faz

necessário para cuidados médico-hospitalares (ARAÚJO; COUTINHO; SALDANHA,

2005).

As instituições de Longa Permanência para Idoso se por um lado

desempenham seu papel de acolhedora dos idosos em processo de exclusão social,

por outro lado suas normas internas contribuem para o afastamento dos problemas

sociais externos, proporcionando um confinamento social, ficando os idosos restritos

4 Grifo nosso.

92

apenas a vida asilar, caracterizando-se como uma forma de ruptura dos elos que os

ligavam à vida familiar e social (ALCANTARA, HEREDIA; CORTELLETTI; CASARA,

2004).

Já Born e Boechat (2006) consideram que as Instituições de Longa

Permanência para o Idoso, são moradias especializadas, cuja função básica é de

proporcionar assistência gerontogeriátricas conforme as necessidades dos seus

residentes e oferece ao mesmo tempo um ambiente doméstico, aconchegante,

capaz de preservar a intimidade e a identidade dos seus residentes, a qualidade do

cuidado exigirá uma atenção contínua para que sua missão se mantenha em

equilíbrio, sem haver negligência de nenhum aspecto.

Infelizmente no Brasil, ainda se constituem minoria as instituições

merecedoras dessa qualificação, pois é um país marcado pela diversidade cultural e

de grandes desigualdades socieconômicas, as instituições para idoso se revelam

certa heterogeneidade quanto aos padrões de atendimento, qualidade de estrutura,

organização financeira e a população atendida (BORN; BOECHAT, 2006).

A proposta desse estudo requer dos profissionais de saúde uma qualificação

ao atendimento do idoso em uma Instituição de Longa Permanência, sendo estes

responsáveis pelo seu cuidado cotidiano, pois quanto maior for números de idosos

institucionalizados maior deverá ser o quadro de pessoal especializado, para a

manutenção da qualidade de vida dos residentes, favorecendo o desenvolvimento

de suas capacidades funcionais e garantindo o melhor cuidado de saúde

multidisciplinar, de acordo com suas necessidades.

d) Fragilidade no envelhecimento e fenômeno multidimencional

A fragilidade é um termo utilizado por geriatras e gerontólogo com referência

as condições clínicas não-ótimas de idosos.

Segundo Yeow (2002), uma definição operacional de fragilidade seria útil

porque possibilitaria a identificação dos estados precursores do declínio funcional

nos idosos, contribuindo para o desenvolvimento de programas que facilitariam a

prevenção e o tratamento da síndrome.

Para Fried e Walston (2000), a incoerência no uso do termo fragilidade tende

a ser um fator de complicação de estratégias de prevenção e de promoção de

saúde. A fragilidade deve ser transformada em definições explícitas, possibilitando a

93

realização de programas que minimizem as conseqüências da síndrome da

população idosa em risco.

Segundo Nash et al (2005) o emprego de uma terminologia comum referente

à fragilidade facilitaria a comunicação, tanto entre os profissionais de saúde como

entre esses e os clientes. A disponibilidades de indicadores de fragilidade nos

bancos de dados relativos à saúde da população facilitaria a organização das

políticas de implementação de serviços de atendimento à saúde dos idosos.

Hogan et al (2003) consideram os critérios para a definição de fragilidade em

três grupos a ser classificados: dependência da vida diária e nas atividades

instrumentais da vida diária, vulnerabilidade aos estresses ambientais, às patologia

e as quedas e estados antológicos agudos crônicos.

Campbell e Buchner (1997) consideram que diferentemente de

incapacidade, fragilidade refere-se a uma condição instável que implica risco de

declínio funcional. Esses autores salientam a interação do indivíduo com o ambiente,

na qual a ocorrência de um evento menor pode causar limitações no desempenho

das atividades, resultando ou não em perda de autonomia.

Hamermam (1999) descreve a fragilidade como uma expressão complexa e

acumulativa de respostas homeostáticas alteradas aos múltiplos estresses,

resultando em desequilíbrio metabólico.

Para Bortz (verificar ano - 2002), a fragilidade resulta de patologias

antecedentes em múltiplos sistemas, implicando alterações na força muscular, na

mobilidade, no equilíbrio e na resistência.

Segundo Teixeira e Neri (2006), estudos na década de 90 apontam que o

conceito sobre o estado do ser frágil foi sendo gradualmente substituído pela

condição de torna-se frágil. Tais mudanças basearam-se em três premissas: a

primeira que nem todas as pessoas com limitações no desempenho das atividades

seriam frágeis, a segunda nem todas as pessoas frágeis apresentariam limitações

no desempenho da atividade e por último a terceira seria a existência de potencial

para a prevenção.

A importância desse estudo para o educando é de conhecer os elementos

estressores e causadores da fragilidade no processo de envelhecimento, para atuar

junto a equipe multidisciplinar no planejamento de ações de proteção, promoção e

recuperação, através de uma avaliação global do idoso, levando em consideração

os fatores biológicos, psicológicos, ambientais, de estrutura social como o grau de

94

escolaridade, patologia crônico-degenerativas que são as causas secundárias na

síndrome da fragilidade na pessoa idosa, e que esta avaliação sirva de parâmetros

em vários níveis de atenção a saúde do idoso.

e) Planejamento e adaptações do ambiente para a pessoa idosa

O envelhecimento biológico traz uma série de alterações em diversos

sistemas, as quais interferem na capacidade dos idosos em responder e a interagir

com o ambiente, e, este ambiente tem um papel fundamental na sua qualidade de

vida e no seu bem-estar. Também pode ser definido como um conjunto de atributos

físicos, sensoriais, cognitivos, afetivos, espirituais, climáticos e funcionais que nos

circundam no dia-a-dia e do qual fazermos parte (PERRACINI, 2006).

A mesma autora descreve que diante do crescimento populacional do

envelhecimento, torna-se cada vez mais urgente o planejamento e adequação dos

ambientes para as pessoas idosas. O homem padrão, para o qual por séculos os

projetos foram feitos, é um mito.

Para Shicchi (2000), os ambientes devem ser planejados para promover e

encorajar a independência e a autonomia, de forma que uma boa qualidade de vida

possa ser proporcionada a todos os indivíduos, seja ou não parecidos com a

maioria. As pessoas que envelhecem e os idosos fazem parte de uma minoria, mas

também devem ser atendidos em suas necessidades de conforto, segurança e

atividade.

De acordo com Corcoran Gitlin (1997), a avaliação de ambiente familiar deve

incluir as características físicas e arquitetônicas da residência, observando-se em

linhas gerais, aspectos tipo como: tipos de paredes, pisos, portas, presença de

escadas, números de cômodos, características relativas à iluminação, à ventilação e

à circulação e as características do imobiliário, como disposição, quantidade e

presença de tapetes. Essa avaliação pode ser realizada utilizando-se as seguintes

estratégias: observação do ambiente entrevista com o idoso, com familiares e/ou

cuidador.

Fala-se muito, hoje, da importância de meios ambientes saudáveis e

amigáveis para o desenvolvimento do ser humano. À medida que as pessoas

envelhecem, e eventualmente se tornam mais frágeis, as pessoas deveriam dispor

de ambientes adaptados as suas necessidades de assistência de locomoção. Viver

95

em ambiente seguro possibilita exercer o controle de sua vida pessoal (PERRACINI,

2006).

É importante observar que os problemas relacionados ao ambiente incluem

qualquer fator que cause insegurança e ofereça riscos, restrinja a escolha de

preferências, limite e desempenho ou que cause desconforto. Vale salientar que um

ambiente precisa ser calmo, previsível, acolhedor, ter acessibilidade e

funcionalidade, estar bem protegido sem riscos de lesões e acidentes, ter boa

comunicação e privacidade. Portanto, a modificação do ambiente objetiva fazer com

que o idoso tenha suporte para usufruir de uma vida com independência e

autonomia (PERRACINI, 2006).

Através do estudo sobre o planejamento e adaptações do ambiente para o

idoso, o educando estará capacitado e poderá atuar junto a sua equipe

interdisciplinar dando suporte de orientação a família quanto aos aspectos de

funcionalidade do ambiente adequado a pessoa idosa, visando sua autonomia com

à promoção e proteção de riscos ao idoso, como também identificando as

necessidades da capacidade funcional dessa população.

f) Negligência e Maus-Tratos à pessoa Idosa

Ao longo da história da humanidade, não se conhece nenhuma sociedade

que não tenha em sua história o registro de situações de violência atingindo

indivíduos, grupos e sociedades.

Minayo (1994) descreve que a partir dos diversos estudos desenvolvidos,

existe hoje a idéia quase unânime de que a violência não compõe a natureza

humana, mas é um fenômeno biopsicossocial, complexo e dinâmico, cujo espaço de

surgimento e desenvolvimento é a vida em sociedade, passando a ser um

comportamento aprendido e internalizado culturalmente. Sendo assim, a violência

tem sido tradicionalmente objeto de preocupação da justiça, da segurança pública e

também dos movimentos sociais

Minayo (1994) conta que de acordo com aumento das mortes por acidentes

e violência que ocorreram a partir da década de 1980, vem sendo realizadas no

Brasil, pesquisas de caráter regional sobre a violência, abordando, sobretudo a

mortalidade e morbidade, embora isso represente ainda pouco para que se conheça

como esse fenômeno afeta a nossa saúde populacional.

96

Em 1997, foi fundada a organização não-governamental INPEA

(Internaltional Network the Prevention on Elder Abuse), visando congregar

mundialmente os estudiosos, as universidades, os governos e a sociedade civil, com

o objetivo de incrementar a consciência e o conhecimento do público em geral bem

como promover a educação e o treinamento de profissionais na identificação,

tratamento e prevenção; defender as idosas (os) vítimas de abusos e

negligenciados; e estimular a pesquisa das causas, consequência, prevalência,

prevenção e tratamento de maus-tratos aos idosos (MACHADO; QUEIROZ, 2006).

Os acidentes e as violências no Brasil configuram problemas de saúde

pública de grande magnitude e transcendência, com forte impacto na morbidade e a

mortalidade da população, como aponta a Política Nacional de Redução da

Mortalidade por Acidentes e Violência (SEMINÁRIO INTERNACIONAL

ENVELHECIMENTO POPULACIONAL, 1996).

A segunda causa de mortalidade no Brasil é a violência. A violência é hoje

uma das grandes preocupações da área da saúde, pois atinge todos os grupos

etários e classes sociais, e, mesmo quando não leva à morte, provocam lesões,

traumas físicos e emocionais de grande intensidade

Para Minayo (2003), no Brasil as agressões a indivíduos com 60 anos ou

mais de idade se manifestam e vão desde as tradicionais formas de discriminação,

como o atributo que comumente lhe é impingido como descartáveis e peso social,

até as lesões físicas e psicológicas propriamente ditas. Nada se iguala à negligência

e aos abusos dentro dos lares, uma vez que o choque de gerações, problemas

financeiros, dentre outros, costumam intervir num imaginário social que considera a

velhice como decadência, ou seja, não mais portador de direitos na sociedade.

Conforme Souza et al (2004), a negligência e os maus-tratos, contra a

pessoa idosa habitualmente acontecem na presença de fatores de risco no processo

do cuidado continuado e duradouro em condições desfavoráveis, constituindo-se em

espaço de violência intrafamiliar.

Machado e Neri (2006) destacam alguns fatores, tais como violência

intradomiciliar, problemas de saúde mental do cuidador, associados ou não a

consumo de álcool e de drogas, incapacidade funcional do idoso dependente, tendo

maiores o risco e a vulnerabilidade para maus-tratos e negligência quanto maior for

o grau de dependência. Outro fator é o estresse causado pelo ato de cuidar; por

97

questões financeiras e por falta de suporte de serviços comunitários. A dependência

e o isolamento social do agressor são fatores a serem considerados.

Minayo (2003) afirma que os aspectos da negligência e maus-tratos se

tornam uma temática complexa e difícil de identificar, uma vez que os idosos não

denunciam os abusos, o menosprezo, o abandono e as desatenções sofridas. Tem

medo de serem punidos e perderem o afeto de seus familiares, além da vergonha de

fazer denúncias.

No que tange aos direitos dos idosos, o Estatuto do Idoso reafirmou os

princípios constitucionais e os da Política Nacional do Idoso, e acrescentou outras

questões como: as políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo,

para os que delas necessitem; serviços especiais de prevenção e atendimento a

vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;

serviço de identificação e localização de parentes ou responsáveis por idosos

abandonados em hospitais e instituições de longa permanência; proteção jurídico-

social por entidades de defesa dos direitos dos idosos; e mobilização da opinião

pública para ampliar a participação social no atendimento ao idoso (FONSECA;

GONÇALVES, 2003).

Em vista do preconceito cultural que ainda existe contra o idoso em nossa

sociedade, torna-se difícil reconhecer a violência contra os idosos. Portanto, a

relevância desse estudo aos educandos tem como princípio da gerontologia a busca

da promoção da saúde da pessoa idosa, de forma a identificar a ocorrência de

maus-tratos, elaborando estratégias de intervenção junto à equipe multiprofissional,

a fim de manter a integridade física e mental e a manutenção da capacidade

funcional, como também seus direitos e dignidade humana, respaldada pela Lei nº

8.842/94 da Política Nacional do Idoso, definindo os direitos da pessoa idosa e a

responsabilidade das três esferas do governo, da responsabilidade da família e da

sociedade.

g) Aspectos da reabilitação cognitiva em gerontologia

Yassuda e Abreu (2006) descrevem que as alterações cognitivas no idoso

merecem atenção dos profissionais de saúde que trabalham com a geriatria e a

gerontologia, devido à sua importância para a autonomia e para a capacidade

funcional, para que os mesmos possam melhor acompanhar estes pacientes.

98

Para as autoras, a avaliação da função cognitiva influencia decisões a

respeito da possibilidade do paciente idoso continuar a viver independente com

segurança, por exemplo: dirigir seu automóvel, cuidar de suas finanças e manejar

suas medicações.

Diversos fatores podem gerar declínio cognitivo entre eles o envelhecimento

normal. A literatura cognitiva documenta o declínio significativo em funções como

memória, atenção e função executivas mesmos em idosos não acometidos por

doenças. O declínio cognitivo também pode ser causado por fatores como: tumores

benignos ou malignos, traumas resultantes de quedas ou acidentes automobilísticos,

afecções tais como encefalites, sífilis, AIDS; anóxia após ataque cardíaco, parada

cardiopulmonar; toxinas como álcool e/ou outras substâncias; doença vascular, tais

como as produzidas por infarto hemorrágico ou isquêmico; desordens psíquicas

como: esquizofrenia ou a depressão crônica, ou condições neurológicas tais como

doença de Parkinson, a esclerose múltipla e doenças neurovegetativas, como o

Alzheimer (YASSUDA; ABREU, 2006).

Um dos objetivos da neurociência cognitiva é o de identificar, seja em

condições normais ou patológicas, um fenômeno apresentado pela atividade de um

conjunto de células neurais, a função correspondente de um determinado

desempenho cognitivo ou de um comportamento (SALGADO; AFFINI, 2006).

De acordo com as autoras, tradicionalmente, a cognição tem sido vista como

uma função cortical que pode ser divida em subfunções distintas, tais como atenção,

orientação, memória organização visuomotora, raciocínio, função executiva,

planejamento e solução de problemas.

Salgado e Affini (2006) ilustram a cognição como capacidade do indivíduo de

adquirir e usar informação, a fim de adaptar-se às demandas do meio ambiente. A

capacidade de adquirir uma informação, organizá-la, assimilá-la e intregrá-la com

experiências anteriores. Ou seja, as funções cognitivas incluem o uso espontâneo

de estratégias eficientes de processamentos, as habilidades para acessar

conhecimento prévio quando necessário e a consciência da própria capacidade

cognitiva.

Dessa forma, uma disfunção cognitiva pode afetar a capacidade funcional

em todas as esferas da vida: social e interpessoal, trabalho, lazer e atividades

diárias.

Segundo Wilson (2003, p. 315), a reabilitação cognitiva é

99

Um processo em que a pessoa com lesão cerebral coopera com profissionais de saúde, familiares e membros da comunidade mais ampla para tratar ou avaliar deficiências cognitivas resultantes de dano neurológico. O objetivo da reabilitação cognitiva é capacitar pacientes e familiares a conviver, lidar, contornar, reduzir ou superar as deficiências cognitivas.

A intervenção da reabilitação cognitiva tem como propósito melhorar a

habilidade no processamento da informação, que pode ser trabalhada, à medida que

aumenta a habilidade do paciente em utilizar estratégias cognitivas, que consistem

basicamente, em estratégias desenvolvidas e aplicadas em técnicas cognitivas para

a restauração clínica de funções e secundariamente para a compensação de

funções com o objetivo de minimizar os distúrbios da atenção, de linguagem, de

processamento visual, da memória, do raciocínio e resolução de problemas, além

das funções executivas das atividades diárias (SALGADO; AFFINI, 2006).

Farina et al (2002) afirmam que os princípios da reabilitação cognitiva podem

ser aplicados em quatro passos a seguir: concentrar a atenção para reduzir

confusão cognitiva; promover a consciência dos déficits e de capacidades

remanescentes por meio de aconselhamento individual e em grupo; conscientizar o

paciente e familiares da necessidade de uso de estratégias compensatórias e treinar

sua aplicação no dia-a-dia; fazer treinos cognitivos e de habilidades sociais.

A relevância dessa abordagem permite ao educando ter uma visão geral

quanto a necessidade de uma avaliação global da equipe multidisciplinar na

abordagem da avaliação cognitiva, como também no planejamento de estratégias de

reabilitação cognitiva junto ao idoso e a familiares, de forma a maximizar as

habilidades individuais, promovendo uma maior qualidade de vida do idoso portador

de déficit cognitivo, mantendo a dignidade e o respeito da pessoa idosa.

h) Fonoaudiologia em Gerontologia

O processo de senescência traz em si várias modificações para a habilidade

lingüística, tais como a dificuldade de nomeação, o discurso prolixo, redundante e de

pouca informação, a tangencialidade, a dificuldade para entender a mensagem mais

complexas principalmente quando fornecido oralmente, e dificuldade para reter

informações, essas modificações nas habilidades liguísticas podem estar

100

concomitante com outros fatores como: afasia, depressão e doenças neurológicas

degenerativas (ULOTOWSKA, 1985).

No idoso portador de afasia, as alterações cognitivas características dos

diferentes tipos de afasia estão associadas às alterações próprias do processo de

senescência, citadas anteriormente. Essa somatória torna muitas vezes difícil e

complicada do ponto de vista da comunicação, entre o que é inerente ao

envelhecimento normal e o que é resultado do quadro afásico. Conhecer os fatores

constituintes do envelhecimento e suas interferências na diminuição e impedimento

da comunicação irá auxiliar na avaliação da queixa trazida pelo o idoso e seus

familiares (BILTON; COUTO, 2006).

Segundo as autoras com o aumento da perspectiva de vida da população

idosa, impõe-lhes as situações da vida atual como: excesso de ruído,

medicamentos, estresses, todos esses elementos estressores podem provocar entre

outras doenças, alterações no sistema auditivo, causando dificuldades importantes

na comunicação de sujeitos idosos. Podemos também termos perda auditiva

decorrente das mudanças degenerativas que acompanham o envelhecimento,

denominada de presbiacusia. A deficiência auditiva é uma dos fatores que pode

interferir significativamente na qualidade de vida do idoso, uma vez que as

dificuldades da comunicação decorrentes interferem no relacionamento social,

familiar e mesmo profissional.

A relevância do estudo sobre a Fonoaudiologia na geriatria é de fundamental

importância ao educando para que o mesmo tenha o conhecimento das alterações

decorrentes do processo de envelhecimento relacionados á anormalidade no

processo de deglutição e suas causas multifatoriais e que interfere na ingestão da

alimentação da pessoa idosa, a alteração no sistema auditivo, implica dificuldades

de comunicação do idoso, levando-o ao isolamento familiar e social, como também a

alteração vocal denominada presbifonia, apesar de que estas alterações fazem parte

do processo do envelhecimento.

Portanto, os profissionais de saúde através de uma avaliação

multiprofissional devem estar atentos a essas alterações, orientando a família e ao

cuidador da pessoa idosa, quando as modificações inerentes ao ambiente e ao

comportamento no momento da comunicação e da observação com maior rigor na

hora da alimentação.

101

i) Nutrição em Gerontologia

No processo de envelhecimento normal ocorrem alterações fisiológicas e

biológicas que afetam a alimentação e a nutrição do idoso. Entre eles podem ser

citados: aumento do tecido adiposo, redução da massa muscular, redução da água

corporal total, perda do paladar e do olfato, diminuição na ingestão de alimentos e

na absorção de vitamina B12, ferro e folato (ácido fólico encontrado amplamente nos

alimentos como: fígado, feijão e vegetais verde-escuras) entre outras substâncias

(SCRIMSHAW, 1989)

Segundo Ahmed (1992), a alimentação pode ter grande influência tanto no

aparecimento de doença como na determinação de sua gravidade, o que justifica a

preocupação com o padrão de alimentação e com o conhecimento das alterações

nutricionais que ocorrem com o envelhecimento.

Najas e Pereira (2006) informam que a partir da terceira década de vida,

iniciam-se as alterações na composição corporal, com perda de massa magra e

aumento do tecido adiposo. Essas modificações podem explicar o aumento de peso

nos adultos jovens e as perdas involuntárias a partir de 60 anos. No entanto, embora

comuns e esperadas, as perdas de peso corpóreo dos idosos devem ser sempre

investigadas. Quando graves, ou de ordem de mais de 5% do peso em 30 dias,

implicam perda de massa magra, o que aumenta de forma acentuada a fragilidade

do idoso e pode interferir negativamente em eventuais processos de reabilitação.

Morigutti (2001) relata que a prevalência de desnutrição na população idosa

brasileira, em seguimento ambulatorial, é de cerca de 20%. Entre os idosos

hospitalizados, essa percentagem salta para 60%. Esses dados refletem a

importância de se tentar evitar ou mesmo retardar perdas de peso indesejáveis, a

partir da monitorização de técnicas dietéticas que permitam melhorar o valor calórico

e, consequentemente, a adequação da quantidade e da combinação de nutrientes

essenciais para o organismo.

Keller (1993, apud LIPSCHITZ, 1994) consideram dentre as causas de

desnutrição do idoso: anorexia, causada por depressão, por medicação, por

deficiências vitamínicas, por falta de minerais, como o zinco, por má-absorção

intestinal, causada por isquemias, por dificuldade de deglutição, por problemas

metabólicos (hipertireoidismo), por fatores sociais e pela formação dentária.

102

Portanto, se faz necessário que os profissionais de saúde compreendam a

manutenção do estado nutricional através de uma avaliação global da equipe

multidisciplinar, que discutam indicadores do estado nutricional da pessoa idosa,

para que em conjunto oriente ao idoso e a família quanto à manutenção do estado

nutricional, favorecendo assim a preservação da capacidade funcional do indivíduo.

j) Saúde Bucal do Idoso

De acordo com a definição da Organização Mundial de Saúde - OMS, saúde

bucal significa mais que bons dentes, é integrante da saúde geral e essencial para o

bem estar. Ter boa saúde bucal implica: estar livre de dor crônica orofacial, de

câncer bucal ou da orofaringe, de lesões dos tecidos moles bucais, de defeitos

congênitos como lábio leporino e palato fendido e de outras doenças que afetam os

tecidos bucais, dentais, orofaciais que incluem, entre outras, cárie e periodontite

(PETERSEN, 2003).

A partir desse conceito ampliado de saúde, 47,8% dos idosos avaliados no

levantamento epidemiológico de saúde bucal foi considerado que sua capacidade

mastigatória como ruim (BRASIL, 2003a).

Biazevic et al (2004) destacam que entre os idosos brasileiros as poucas

evidências que apontam como fatores causadores de maior impacto de qualidade de

vida relacionada com a saúde bucal foi a necessidade de prótese dental,

evidenciando que a desigualdade socioeconômicas no acesso a saúde bucal,

provavelmente, desempenham um papel fundamental na qualidade de vida

relacionada à saúde bucal.

As doenças bucais, embora geralmente não sejam ameaçadoras da vida ou

produzam graves conseqüências, podem contribuir para uma piora do quadro de

saúde de indivíduos idosos, pois problemas mastigatórios podem levar a deficiências

nutricionais. A enfermidade periodontal está associada a doenças cardiovasculares,

sendo que alguns estudos sugerem uma possível relação entre pneumonia

aspiratória e doença periodontal (BANDEIRA; PIMENTA; SOUZA, 2006).

Chalmers et al (2001), consideram que a ausência de dor e desconforto na

boca, a capacidade de alimentar e falar confortavelmente e uma boa aparência

restabelecida pela reabilitação dentária contribuem para a interação social e a

preservação da auto-estima.

103

k) Fisioterapia em Gerontologia

Com o envelhecimento da população brasileira, observa-se um aumento de

prevalência de doenças crônico-degerativas, e o declínio funcional é um dos

aspectos mais relevantes desses indivíduos. Essas doenças acarretam limitações à

participação social dos idosos e interagem com fatores socioeconômicos, culturais,

ambientais e familiares. Considera todos esses aspectos, buscando uma integração

multidisciplinar e interdisciplinar, além de um envolvimento familiar e com outros

cuidadores, informal e formal. É papel dos fisioterapeutas na atenção secundária

todo o processo de reabilitação do idoso (CORRÊA DIAS; DIAS; SITTA, 2006).

Partindo do princípio de que as habilidades funcionais são dependentes das

interações harmônicas do sistema sensório-motor e que este se encontra alternado

com o processo de envelhecimento, é fácil perceber que a independência funcional

declina com a idade, e que esse declínio, por sua vez, é influenciado por um

conjunto de fatores biológicos e sociais (PEREIRA; GOMES et al, 2004).

Corrêa Dias et al (2006) consideram que a funcionalidade é um termo que

abrange todas as funções do corpo, atividade e participação social do indivíduo de

maneira similar, são metas de o fisioterapeuta promover o adiamento das

instalações de incapacidades decorrentes do processo do envelhecimento; tratar as

alterações funcionais e motoras provenientes de doenças e problemas associados e

reabilitar o idoso dentro das suas potencialidade e especificidades. E, neste contexto

atuar nos níveis, primários, secundários e terciários da atenção à saúde do idoso.

Portanto, o estudo da fisioterapia está relacionado à educação para a saúde,

exercícios globais com uma abordagem da integralidade com a equipe

multidisciplinar, através da classificação biopsicossocial, sendo que a capacidade

funcional não é similar a doença. Promove medidas de reabilitação junto ao idoso,

para a manutenção da melhoria das atividades da vida diária dos idosos.

l) Terapia Ocupacional

O crescimento proporcional do número de idosos e o novo desenho

epidemiológico observado na população brasileira estão sendo acompanhado pelo

aumento das demandas por ações específicas destinadas a esse seguimento

104

populacional. Neste contexto, estão inseridos diversos profissionais que se dedicam

ao estudo e à atenção aos idosos, sendo a equipe multiprofissional imprescindível

na atenção gerontológica e, o terapeuta ocupacional é um destes profissionais

(BARRETO; TIRADO, 2006).

Segundo a Associação Americana de Terapia Ocupacional (1999), a Terapia

Ocupacional é uma profissão da saúde e da reabilitação que ajuda o indivíduo a

recuperar, desenvolver e construir habilidades para a independência funcional, sua

saúde, sua segurança social. A ênfase da Terapia Ocupacional é na capacidade do

desempenho funcional das pessoas, compreendida nos aspectos sensório-motores

(praxias, coordenação motora, percepção e habilidades) nos componentes de

integração cognitiva (memória, atenção, concentração, entre outrros) e nos aspectos

psicossociais (valores, interesses, papéis e relações) que são considerados

essenciais para a realização das atividades cotidianas de autocuidado, de trabalho e

lazer.

Barreto e Tirado (2006) relatam que a Terapia Ocupacional Gerontológica

visa manter, restaurar e melhorar a capacidade funcional, mantendo o idoso ativo e

independente o maior tempo possível, promovendo o desempenho dos idosos nas

atividades da vida diária e nas atividades instrumentais da vida diária.

As autoras consideram que o terapeuta ocupacional é um profissional da

área da saúde, que poderá intervir junto ao idoso nos diversos níveis de atenção na

promoção em saúde e na prevenção de doenças; na prevenção da instalação de

incapacidades associadas e no tratamento.

Wilkins e Law Letts (2001) consideram que o processo terapêutico se inicia

com a identificação das habilidades e das limitações funcionais do idoso através da

avaliação mais ampliada de suas necessidades, elaborando e implementando

intervenções que são seguidas de reavaliações periódicas.

Consideramos que o assunto sobre a terapia ocupacional tem relevância

junto a esta proposta, pois visa à manutenção das atividades da vida diária e as

atividades instrumentais da vida diária da pessoa idosa através de uma avaliação

global e multidisciplinar e interdisciplinar, maximizando a qualidade de vida,

orientando a família e cuidadores de idoso quanto preservação da capacidade

funcional da pessoa idosa.

105

4.2.5 MÓDULO 3 - EIXO V: Atendimento em situações de agravos a pessoa idosa

e o aspecto da tanatologia

Figura 11: Diagrama do Módulo III – Eixo V Fonte: Elaborado pela autora a partir das oficinas realizadas.

As alterações anatômicas e fisiológicas, além de doenças preexistentes,

predispõem aos idosos a acidentes. Tais acidentes, comuns também aos jovens,

diferem-se no idoso com relação à gravidade, duração e evolução das lesões. A

queda continua sendo o mecanismo de lesão mais frequente na população geriátrica

(40%), seguida pelo acidente automobilístico (28%), atropelamento (10%), ferimento

por arma de fogo (8%), entre outros. Os idosos são de alto risco para quedas por

diversas razões, principalmente causas músculo-esqueléticas, neurológicas e

cardiovasculares, as quais muitas vezes necessitam de atendimento emergencial

(FERREIRA; TANURE, 2006).

O desafio do atendimento de emergência no idoso é estabelecer diferença

entre as modificações morfológicas e funcionais que vão ocorrendo com o avançar

da idade, as condições patológicas mais frequentes nos idosos e as implicações

destas condições na avaliação inicial e procedimentos que devem ser realizados

nesta vítima (SOUZA; IGLESIA, 2002).

A medicina no século XXI, com relação ao envelhecimento, precisa buscar

alternativas de atenção a saúde que reduza a incidências das doenças

cardiovasculares e dos diferentes tipos de câncer. Contemplar esse aspecto será

bem mais difícil do que tem sido a efetiva contribuição oferecida pela própria

medicina no século passado ao proporcionar uma maior expectativa de vida aos

106

idosos, combatendo as infecções e reduzindo a incidência de doenças

cardiovasculares ao recomendar a prática de hábitos saudáveis de vida (COSTA,

2005).

Souza e Iglesia (2002) consideram que o atendimento de emergência do

idoso está baseado em saber estabelecer diferença entre as modificações

morfológicas e funcionais que vão ocorrendo com o avançar da idade, as condições

patológicas mais frequentes nos idosos e as implicações destas condições na

avaliação inicial e procedimentos que devem ser realizados nesta vítima.

Consideramos importante este tema como base tecnológica a ser ministrada

no curso proposto porque vem fomentar a qualificação profissional dos educando,

visto que com o grande aumento da demanda populacional do idoso deveremos

estar preparados para as reais circunstâncias que esta clientela nos impõe diante de

uma situação de emergência e urgência com risco de morte. Todavia, em todas as

ações de saúde, independente da situação encontrada busca-se o alcance da

manutenção da vida e da sua capacidade funcional.

a) A Bioética e emergências: Aspectos éticos no atendimento de emergência

Uma nova ciência vem despertando crescentemente o interesse e a

conscientização populares denominam-se bioética. Entende-se a mesma como uma

maneira de regulamentação das novas práticas biomedicais e nas entre biologia,

medicina e direito. Corresponde a tudo que diz respeito à vida (bio + ética), ou seja,

é a ética da vida ou do vivo; bioética ou ética aplicada à vida, no sentido etimológico

(CARLIN, 1994).

A Bioética começa a ganhar expressão a partir do aparecimento do termo,

em 1970, introduzido por Van R. Potter, que o utilizou para designar uma nova

ciência da sobrevivência ou ciência dos sistemas vivos (bio) e do conhecimento dos

sistemas de valores humanos (ética) e a considera como uma ciência interdisciplinar

procurando a melhorar a qualidade de vida (CARLIN, 1994).

No Código Penal Brasileiro no seu Art. 135, conceitua-se crime de omissão

de socorro: “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco

pessoal, à criança abandonada, extraviada, ou à pessoa inválida, ferida, ao

desamparado ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro

da autoridade pública”. Muitos médicos entendem que suspender ou não indicar

107

medidas de suporte avançado caracterizaria, em qualquer circunstância, omissão de

socorro. Partindo da premissa de que a morte é inexorável e não haveria como

salvar a vida, é permitido entender que este artigo do Código Penal não se aplicaria.

Isto não significa deixar de prestar a assistência, conforto físico, afetivo e emocional

ao paciente, dando o apoio e informações necessárias aos familiares

(CONSTANTINO; HIRSCHHEIMER, 2005, p. 85).

Portanto a assistência de saúde em situações de emergência ou de urgência

tem inúmeros aspectos éticos que merecem ser discutidos. A justificativa ética para

o atendimento diferenciado que estas situações merecem está baseada em Hegel.

Para HegelH (1999, p. 97) o “‘direito à emergência’ é o direito que cada indivíduo tem

de abrir uma exceção a seu favor, em caso de extrema necessidade.” Segundo

WeberH (1999, p. 118) "a situação de emergência não invalida a lei, mas mostra que

ela não é absoluta. [...] Isto significa dizer que é necessário levar em conta as

circunstâncias de cada situação". Segundo Hegel (1999, p. 97) "a vida tem um

direito de emergência".

Assim a assistência em situações de emergência e urgência se caracteriza

pela necessidade de um paciente ser atendido em um curtíssimo espaço de tempo.

A emergência é caracterizada como sendo a situação onde não pode haver uma

protelação no atendimento, o mesmo deve ser imediato. Nas emergências o

atendimento deve ser prestado em um período de tempo que, em geral, é

considerado como Hnão superior a duas horasH. As situações não-urgentes podem ser

referidas para o pronto-atendimento ambulatorial ou para o atendimento ambulatorial

convencional, pois não tem a premência que as já descritas anteriormente (GOLDIN,

2003).

Concordamos que a bioética surge da necessidade de desvendar as novas

relações humanas com a biotecnologia de reprodução e criação da vida, com

respeito à dignidade humana, buscando com responsabilidade respostas aos

dilemas éticos que envolvem os seres humanos neste fim de milênio através da

interdisciplinaridade, sendo este um dos maiores desafios da humanidade.

b) Bioética: Envelhecimento humano e dignidade no adeus a vida

Segundo Potter (1971), essa nova ciência chamada de Bioética combina o

trabalho humanista e cientistas, cujos objetivos são sabedoria e conhecimento. A

108

sabedoria é definida como o saber sobre como usar o conhecimento para o bem

social. A busca da sabedoria tem uma nova orientação porque a sobrevivência do

homem está em jogo. Os valores éticos devem ser testados em termo de futuro e

não podem ser divorciados dos fatos biológicos. Ações que diminuem as chances de

sobrevivência humanas são imorais e devem ser julgados em termo de

conhecimento disponível e monitoramento de parâmetros de sobrevivência, que são

escolhidos pelos cientistas e humanistas (PESSINI, 2006).

Chamamos a atenção dentro da geriatria e da gerontologia, que existem

muitas discussões éticas, sobre a questão da criogenia como um exemplo que tem

um viés ideológico de negar a dimensão da finitude e mortalidade humana.

Necessitamos ter o discernimento para não nos deixarmos seduzir por magos que,

num passe de mágica nos prometem a imortalidade em nossa condição humana

(PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2006).

Portanto, o envelhecer é um processo natural do crescimento do ser

humano, que se inicia com o nascimento e termina com a morte. Cada ser humano é

uma pessoa única, desde o primeiro momento da vida. Cada fase do viver apresenta

mudanças que são respostas a determinadas tensões no curso da vida. Como

resultados dessas transformações têm perda e ganhos. Essa filosofia do

envelhecimento deve levar em conta as perdas que o idoso passa como: a

antecipação da morte, os mitos e preconceitos que são vítimas, bem como a riqueza

e potencialidades que são portadores (PESSINI, 2006).

A reflexão da bioética na sua essência é um grito pelo resgate da dignidade

da vida humana, ao nascer, crescer, desenvolver, atingir a maturidade, envelhecer

graciosa e elegantemente após viver muito e, quando chegado o momento,

dignamente de dizer adeus (BARCHIFONTAINE; PESSINI, 2001).

Portanto, a bioética como ciência vem para nos fomentar quanto às

questões éticas relacionada com o ciclo da vida como o nascer, envelhecer e

morrer.

c) Bioética: morte e morrer

O escrito Rubens Alves descreve sobre a morte e o morrer:

[...] Mas tenho muito medo do morrer. O morrer pode vir acompanhado de dores, humilhações, aparelhos e tubos enfiados no meu corpo, contra a minha vontade, sem que eu nada possa fazer, porque já não sou mais dono

109

de mim mesmo; solidão, ninguém tem coragem ou palavras para, de mãos dadas comigo, falar sobre a minha morte, medo de que a passagem seja demorada. Bom seria se, depois de anunciada, ela acontecesse de forma mansa e sem dores, longe dos hospitais, em meio às pessoas que se ama, em meio a visões de beleza (ALVES, 2003; p. A3).

O termo Eutanásia vem do grego, podendo ser traduzido como boa morte ou

morte apropriada. O termo foi proposto por Francis Bacon, em 1623, em sua obra

Historia vitae et mortis, como sendo o tratamento adequado às doenças incuráveis.

De maneira geral, entende-se por eutanásia quando uma pessoa causa

deliberadamente a morte de outra que está debilitada ou em sofrimento. Neste

último caso, a eutanásia seria justificada como uma forma de evitar um sofrimento

acarretado por um longo período de doença (GOLDIN, 2006).

No Direito Brasileiro, a eutanásia é vista como homicídio, portanto, ilícita e

imputável, mesmo que a pedida do paciente. No Código vigente, ela é vista como

assassinato e o motivo piedoso alegado não atenuam a pena. A conduta de desligar

equipamentos será lícita se não significar encurtamento da vida, obedecendo ao

princípio de não-maleficência (NOVAES; TRINDADE, 2007).

A forma de conceber a morte tornou-se um produto social que vem se

alterando ao longo dos séculos acompanhando as evoluções históricas e culturais

da sociedade. Diversas são as reações psicológicas suscitadas pelo morrer, que

representa a única certeza universal, amedrontando por sua implacabilidade

(FIRLEUX et al, 2003).

A desmistificação da morte, adquirida ao longo da formação profissional, tem

sua vulnerabilidade freqüentemente evidenciada quando incidentes no decurso da

prática médica promovem a insinuação da vida ou da humanização outrora

ignorada, gerando angústias e sofrimentos para o profissional de saúde (NOVAES;

TRINDADE, 2007).

Estes autores consideram que a questão de nossa finitude existencial

remonta a filosofia grega. A dimensão teológica está presente nas grandes questões

bioéticas e contemporâneas, tais como: eutanásia, distanásia e mistanásia. A

dimensão psicológica inerente ao tema do morrer foi elucidada nas contribuições da

psiquiatra suíça Kübler Ross (1996). Esta psiquiatra observou as diferentes

estratégias de enfrentamento do morrer. Pacientes graves na busca de alívio da

angústia diante desta realidade passam a negar barganhar, chorar, se rebelar e

alguns conseguem aceitar a realidade da morte.

110

Os idosos podem desejar morrer antes de experimentar gradualmente a

diminuição das forças e energias. Seu desejo de morrer, frequentemente, é uma

resposta à solidão e ao seu isolamento que lhes são impostos (PY, 1999).

Através desta proposta visa instrumentalizar os profissionais de saúde em

entender e a enfrentar a morte e o morrer da pessoa idosa. Em suas etapas de

segregação, a desolação e a perda do eu, que estão inseridos num contexto

sociopolítico-econômico, que expõe o idoso a solidão em que a morte é a solução

para o seu problema. Diante deste quadro temos o compromisso de desmistificar a

finitude, portanto através de ações interdisciplinar poderemos ousar a cuidar dos

nossos idosos com sabedoria, com solidariedade quebrando as barreiras do

preconceito do envelhecimento, pois a morte é algo pessoal. Temos que ser capaz

de manter o nosso equilíbrio psíquico, de modo que possamos responder as

necessidades das pessoas idosas que estão no fim da vida.

d) Finitude e Infinitude, repensando a vida e a morte do ponto de vista

filosófico

A filosofia já foi considerada, no passado, o aprendizado da morte. Desde

Sócrates, filósofo era aquele que sabia morrer. Função da filosofia seria preparar-

nos para uma boa morte, e o termo grego genérico, no caso, era mesmo eutanásia.

Supunha-se que aquele que sabe morrer aprendeu a viver, e assim a vida e a morte

se iluminava reciprocamente.

Os filósofos da existência, no século XX, aprenderam esse dado sob a

fórmula mais genérica da experiência da finitude humana. Para Heidegger, um dos

existenciais que caracterizariam o homem é o ser-para-a-morte: Zum-Tode-sein. Isto

significaria que entre as diversas possibilidades do homem há uma que representa a

possibilidade da impossibilidade, ou seja, quando esta ocorre, todas as demais

possibilidades ficam excluídas (VALLS, 2002).

A questão de nossa finitude existencial remonta a filosofia grega. A

dimensão teológica está presente nas grandes questões bioéticas e

contemporâneas. A dimensão psicológica inerente ao tema do morrer foi elucidada

nas contribuições de Kübler Ross (1996) em que observou as diferentes estratégias

de enfrentamento do morrer.

111

Nossa sociedade isola, esconde e excluem os idosos, os pacientes

portadores de doenças crônico-degenerativas, os que vivem com uma doença fora

de possibilidades terapêuticas de cura. Para Py (2004) este comportamento seria

justamente porque essas pessoas, concretamente, são uma lembrança viva do que

todos nós vamos ter que enfretear um dia, sem possibilidade de subterfúgios ou

fugas, isto é, nossa própria finitude ou mortalidade. Talvez, seja por isso que a morte

assusta tanto.

e) Luto, viuvez na velhice

O rápido aumento da expectativa de vida no último século transformou as

formas de convivências nas sociedades atuais. Entre as múltiplas consequências,

como o alto número de pessoas idosas em relação às crianças, famílias menores e

uma convivência de até cinco gerações diferentes, podemos destacar os dos

casamentos longevos. Trata-se de uma nova situação histórica de ter tantos

casamentos de longa duração, causado, além da expectativa de vida mais alta,

também pelo fato de um alto grau de casamento no grupo dos hoje idosos,

acompanhado de um número, ainda pequeno de separações (SHMITT; RE, 2004).

Dessa forma, a grande maioria dos casamentos longevos termina somente

pela morte de um dos parceiros. Com isso, a própria viuvez modificou seu caráter,

pois acontece hoje, na maioria dos casos, no final da vida e após um longo, e muitas

vezes doloroso, processo de morte (CARR; UTZ, 2001).

Tratar da viuvez é falar sobre um tema altamente sensível e complexo. O

enorme impacto que a viuvez causas nas pessoas, provavelmente, advém do fato

de que, ao se tornar viúva, a pessoa enfrenta dois acontecimentos extremamente

dolorosos ao mesmo tempo: a separação do parceiro e o confronto com a morte e a

finalidade da existência (DOLL, 2006).

Segundo Doll (2006), esse evento traz consequências para todas as esferas

do ser humano, exige processo de elaboração e de readaptação, que são

acompanhados, em geral, por profunda tristeza, problemas de saúde, distúrbios

psíquicos, diminuição dos contratos sociais e alterações de status social, entre

outros. Na maioria dos casos, as pessoas conseguem, depois de certo tempo, se

adequar às novas circunstâncias, mas em sua maioria existem complicações como,

doenças mentais e até a morte.

112

Não há dúvidas que a cultura influência os comportamentos das pessoas,

especialmente em situações de crise como a perda do parceiro e o confronto com a

morte. Nessa situação, que é percebida pela a maioria das pessoas como um

choque, a existência de formas de rituais de expressar sua dor e de agir em relação

às outras pessoas pode ser uma ajuda e uma orientação para pessoa enlutada

(DOLL, 2006).

Rosenblatt (2001) destaca a existência de certos elementos universais;

assim, à morte é percebida em todas as culturas como um problema, e a reação de

luto à perda do parceiro ou de uma pessoa querida também se encontra em todos

os lugares. No entanto, a forma concreta de lidar com a morte e de expressar o luto

varia muito, dependendo da cultura na qual a pessoa vive, e pode ir de um rápido

passar a diante até uma obrigação de mostrar tristeza, dor e desespero durante um

longo período. As diferenças podem ser provocadas por valores e crenças distintos,

especialmente em relação à morte, mas também por necessidades específicas da

comunidade e do indivíduo.

Doll (2006, p. 1351) relata que “devemos considerar a viuvez como uma

instituição social, marcada por elementos culturais, que é sensível a mudanças nas

sociedades”.

Reconhecer esses padrões dentro da comunidade assistida pela equipe

multidisciplinar leva o educando a orientar e providenciar o apoio e suporte para que

a pessoa enlutada possa lidar com suas perdas e finitude.

113

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A longa sobrevivência tem feito parte dos sonhos da população ao longo da

história.

Tenho a felicidade de conviver com minha avó materna que hoje tem 100

anos de vida: mulher batalhadora, que morava no seringal quando seu esposo foi a

óbito por doença natural para esta região da Amazônia Ocidental. Nesta época, sem

estudo e com 12 filhos para criar, veio para a capital, durante toda a sua vida

trabalhou muito e com muita dificuldade criou todos os seus filhos, e nunca desistiu

das adversidades da vida .

Durante seu processo de envelhecimento tem apresentado seqüelas que

lhes são peculiares da senescência. Minha avó é um exemplo de vida para vários

brasileiros que, cada dia, cresce mais em nosso país. Tenho o privilégio de sentar

com as minhas duas avós e ouvir suas aventuras e histórias de épocas passadas e

as “estórias” do interior (mitos). Vejo que poucas pessoas dão o devido valor a estes

momentos.

Portanto, considero importante que os profissionais de saúde de nível médio

tenham a oportunidade de acessar um curso de especialização na área da saúde do

idoso com abordagem da gerontologia, possibilitando o conhecimento do processo

de envelhecimento

Entender o processo de envelhecimento é se colocar no lugar do outro,

quando ao fazermos a leitura para este projeto, fica muito explicito que não estamos

preparados para enfrentar este ciclo da vida. Temos um complexo de ações

envolvidas no seu contexto histórico, social, biológico, psicológico e econômico que

estão envolvidos em todo o processo de envelhecimento. Um envelhecimento ativo

e saudável depende desses determinantes sociais e pessoais.

Hoje os nossos idosos estão muito vulneráveis, pela falta de efetivação das

políticas de saúde na atenção ao idoso, pois não temos profissionais capacitados

suficientes para atendê-lo em sua integralidade, o Estado alega que a família deve

cuidar dos seus idosos, contudo será que estes estão preparados para atendê-los?

O que está faltando? Nossos idosos em sua maioria estão desenvolvendo doenças

crônico-degenerativas, perdendo suas capacidades funcionais, portanto o idoso está

114

perdendo sua autonomia, e cada vez mais necessita de ajuda, de internações de

longa duração. Esse é o quadro que observamos, e o que devemos fazer?

Segundo Paviani e Neri (2000), a perda da autonomia, leva dependência e

esta pode estar relacionada a várias causas como problemas de saúde já existente

e que podem se agravar, tratamentos com medicamentos inadequados que podem

induzir o idoso a inatividade, a apatia e a deteriorização cognitiva agravando a

dependência, também sua incapacidade pode aumentar com alguns eventos da vida

cotidiana, por exemplo, conflitos e contratempos domésticos, eventos estressantes

da vida pessoal e da vida dos entes queridos como a viuvez e/ou filhos.

As práticas sociais discriminatórias em relação ao idoso podem restringir sua

autonomia e sua independência por fazerem dele um ser mais pobre, desamparado,

doente, frustrado, ressentido e desesperançoso, oferecerem ambientes

excessivamente rotinizado e despersonalizado, tratam o idoso de modo

desrespeitoso ou infantilizado, dificultando o acesso a serviços de saúde.

Hoje o nosso sistema de saúde atende o idoso de forma fragmentada, sem

ter uma referência e contra-referência aos mesmos, isso ocasiona na não

resolutividade de suas necessidades. Temos as políticas de proteção ao idoso, mas

não há a sua efetivação de fato e de direito.

Dentre estas políticas, há o da assistência domiciliar ao idoso, mas para que

isso ocorra precisa-se uma avaliação global deste idoso. Existe um protocolo a ser

seguido, mas será que há profissionais capacitados para esse atendimento? E as

famílias estão preparadas para esse cuidado? Permito-me a estas indagações

quando nos propusemos a construir esta proposta.

Sabemos que trabalhar com idoso é trabalhar com seu contexto como um

todo, conhecer o meio em que vivem os laços de parentescos e de amizade, e

buscar todo o tipo de informação que possa auxiliar no seu atendimento de maneira

holística, portanto é fundamental cultivar hábitos saudáveis, para que possam

manter sua capacidade funcional, para isso precisamos do apoio das redes de

suporte para que possamos junto a esta clientela articular os dois suportes de apoio:

o social e o da saúde.

A partir destas colocações feitas, convém destacar o Art. 196 da

Constituição Federal (BRASIL, 1988, p. 131) “a saúde é um direito de todos e dever

do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução

115

do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário as ações

de serviço para a sua promoção, proteção e recuperação”.

A construção se deu para atender uma necessidade crescente da população

idosa em nosso país e que de acordo com as Políticas de Saúde de Atenção a

Saúde do Idoso, que visa à capacitação dos profissionais de saúde no âmbito da

Geriatria e Gerontologia, nos propôs a construção desta proposta de formação de

grau de especialista a fim de atender aos profissionais de saúde de nível médio com

relação à atenção a saúde do idoso, respaldado na Lei de Diretrizes e Bases nº

9.394/96, Decreto nº 5.154/04, Parecer nº 04/99 e Parecer nº 16/08 na forma de que

essa proposta contemple as bases teóricas especificas da área do idoso no contexto

multi/interdisciplinar.

Após alguns encontros com os profissionais das áreas Técnicas de Saúde

da escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha, escola esta pertencente à

RETSUS, e com a participação dos colaboradores da Área de Atenção ao Idoso a

nível estadual e Municipal do município de Rio Branco foi possível construir esta

proposta.

O resultado obtido da construção desta proposta foi a definição do Perfil

Profissional que queremos formar, tendo com base a gerontologia e o desenho da

Matriz Curricular formada por cinco eixos tecnológicos norteadores desta proposta

de formação, como: Introdução ao Estudo do Envelhecimento: Um enfoque

Gerontológico; Aspectos Legais de Envelhecimento: Ética e Cidadania; Patologias

comuns a pessoa idosa; Assistência Humanizada à Pessoa Idosa; Atendimento em

Situações de Agravos a pessoa idosa e o Aspecto da Tanatologia. Esses eixos são

formados por competências, bases tecnológicas, habilidades valores e atitudes, os

quais estão apresentados nos apêndices A e B.

A nossa pretensão em relação a esta proposta ora criada será de

encaminhar para apreciação do Ministério da Saúde, do Conselho Estadual de

Educação, do Instituto de Desenvolvimento Profissional Dom Moacyr, sendo que

esta proposta é possível de modificação, para fins de efetivação junto aos órgãos no

qual será encaminhada.

116

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131

ANEXOS

ANEXO A - Solicitação ao Instituto de Desenvolvimento Profissional Dom Moacyr

Crechi

Ilmo.Sr.

IRALTON LIMA DE SOUZA

Diretor Presidente do Instituto de Educação Profissional Dom Moacyr Crechi.

Senhor Diretor,

Venho por meio deste, apresentar a Vossa Senhoria o tema a ser

desenvolvido para obtenção do título de Mestre em Saúde em Gestão do Trabalho,

pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI/SC “A Qualificação dos

Profissionais de Saúde de Nível Médio como Especialidade na Atenção a

Saúde do Idoso”.

O objetivo principal da pesquisa é propor uma formação no grau de

Especialista Pós-Técnico aos profissionais de saúde de nível médio, com finalidade

de qualificar estes, com habilidades e competências no atendimento a população

crescente de Idosos do nosso Estado.

Essa pesquisa tem como embasamento legal as Políticas Públicas voltadas a

Atenção ao como também a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.294/94 o Decreto

CNE/CEB N.5.154/96, Parecer CNE/CEB nº 04/99 e Resolução CNE/CEB nº 16/99.

Solicito de Vossa Senhoria, autorizar a utilização do espaço físico para

desenvolvimento desta pesquisa na Unidade Descentralizada CEP- Saúde Escola

Maria Moreira da Rocha.

Atenciosamente,

Mirtes da Silva Andrade Ribeiro. Mestranda

132

ANEXO B - Solicitação as instituições para a liberação dos participantes

Ilmo. Sr (a).

Diretor (a):

Prezado Sr (a).

Venho por meio deste, apresentar o projeto de pesquisa intitulado: A

qualificação dos Profissionais de Saúde de Nível Médio como Especialista na

Atenção a Saúde do Idoso. Esta investigação será produzida visando desenvolver a

dissertação para o Programa de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho.

O objetivo principal desta pesquisa é propor a construção de um curso de

especialização de nível médio aos profissionais de saúde na atenção a saúde do

idoso.

Para tanto, solicito de vossa senhoria a colaboração no sentido de estar

autorizando e liberando o participante senhor (a) fulano de tal, para fazer parte do

grupo de trabalho que irá construir esta proposta.

Certa de sua colaboração.

Atenciosamente.

Mirtes da Silva Andrade Ribeiro Mestranda

133

ANEXO C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado(a) de forma alguma.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA

Título do Projeto: A qualificação dos profissionais de saúde de nível médio como especialidade

na atenção a saúde do idoso. Pesquisador Responsável: Juliana Vieira de Araujo Sandri Telefone para contato: (47) 9987-3129 – 3341-7932 Pesquisador colaborar: Mirtes da Silva Andrade Ribeiro Telefone para contato: (68) 3227-3816 e (68) 9206 0350

Tem como objetivo construir uma proposta de formação no grau de especialista, aos profissionais de saúde de nível médio com relação à atenção a saúde do idoso dentro do contexto interdisciplinar respaldado na Lei de Diretrizes e Bases n.9394/96, Decreto n.5154/04, Parecer CNE/CEB n.04/99 e Resolução CNE/CEB n.16/99. Será realizado junto aos profissionais que atuam na área da saúde do idoso, dos Coordenadores das Áreas Técnicas dos Cursos Técnico de Vigilancia em saúde , Técnico em Enfermagem, Técnico em Nutrição, Técnico em Agente Comunitário de saúde e Técnico em Análise Cliníca, representante do Conselho Estadual de educação, Coordenador Pedagógico da Escola Técnicaem Saúde maria Moreira da Rocha, utilizando como método de pesquisa o construtivismo através de grupos de trabalho que serão agendados quinzenalmente e o tempo médio será no máximo de duas horas,o número de encontros dependerá do desenvolvimento da contrução da proposta do Curso de especialização.Os encontros serão realizados na Escola Técnica em saúde Maria Moreira da Rocha, durante os encontros serão gravados e transcritos na integra e encaminhados de forma on-line para que todos os participantes possam obter as informações das discussões sem perder a essência do contexto para o próximo encontro. Os encontros serão realizados no período de março a junho de 2009.Destacamos que poderá retirar o seu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo. O sigilo e anonimato serão mantidos em caráter confidencial de todas as informações obtidas. Poderá fazer questionamentos a respeito do processo. A sua participação estará contribuindo para a Formação dos Profissionais de Nível Médio como Especialidade na Atenção a Saúde do Idoso.Desta forma estaremos contribuindo para atenção integral e integrada da pessoa idosa nos moldes de linha de cuidado, com foco no usuário, baseado nos seus direitos, necessidades, preferências e habilidades, estabelecendo o fomento à saúde de forma favorável ao envelhecimento com profissionais capacitados e qualificados na atenção a saúde do idoso. Os dados serão utilizados para fins acadêmicos e como proposta a Rede de Escola Técnica do SUS, os relatórios, trabalhos de conclusão de curso, artigos, livros e resumos. Caso aceite participar, solicito que assine esse termo. Nome do Pesquisador: Juliana Vieira de Araujo Sandri e Mirtes da Silva Andrade Ribeiro Assinatura do Pesquisador:

134

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO

Eu, ,RG , CPF abaixo assinado concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve á qualquer penalidade ou interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento. Local e data: Nome: Assinatura do sujeito ou responsável: Telefone para contato:

135

ANEXO D: Termo de aceite de orientação

Eu, JULIANA VIEIRA DE ARAUJO SANDRI, professora do Programa de

Mestrado Profissionalizante em Saúde e Gestão do Trabalho, área de concentração

em Saúde da Família, declaro que a mestranda MIRTES DA SILVA ANDRADE

RIBEIRO é minha orientanda, tendo como tema de dissertação: A Qualificação dos

Profissionais de Nível Médio como Especialidade na Atenção a Saúde do

Idoso.

Itajaí, 04 de fevereiro de 2009.

JULIANA VIEIRA DE ARAUJO SANDRI Orientadora

MIRTES DA SILVA ANDRADE RIBEIRO Mestranda

136

APÊNDICES

APÊNDICE A - Quadro da Matriz do Módulo I, II e III com suas respectivas Cargas

Horárias

MÓDULO 1: Formação Básica da Atenção a Saúde do Idoso

Carga Horária (hs) Eixo Tecnológico I Base Científica e Tecnológica

T E Total

Introdução a Gerontologia: Teorias do Envelhecimento

10 - 10

Antropologia do Envelhecimento 10 - 10 Demografia e Epidemiologia do Envelhecimento

20 - 20

Psicogerontologia 10 - 10

Biogerontologia 10 - 1-

Gerontologia Social 10 - 10

Gerontologia da Saúde 10 - 10 Gerontologia Educacional 10 - 10

Eix

o I:

Intr

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Ger

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Seminário I: Estudo de caso relacionado ao aspecto gerontológico da pessoa idosa

- 10 -

CARGA HORÁRIA TEÓRICA 90 - -

CARGA HORARIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO - 10 -

CARGA HORÁRIA TOTAL - - 100

Quadro 1: Matriz Curricular Legenda: T = Teoria

E = Estágio

137

MÓDULO 2: Formação Especifica I da Atenção a Saúde do Idoso

Carga Horária (hs) Eixo Temático

Área de conhecimento

T E Total

As políticas de Saúde do Envelhecimento: Constituição Federal, Política Nacional do Idoso, Estatuto do Idoso,

10 - 10

Rede de Proteção ao Idoso: Redes Estaduais de Assistência ao Idoso,

10 - 10

Política de Humanização 10 - 10 Sistema Nervoso, transtornos mentais e comportamentais 10 - 16

Doenças Comuns ao Sistema Respiratório no processo de Envelhecimento

08 - 08

Doenças Comuns ao Sistema Circulatório no processo de Envelhecimento.

10 - 10

Doenças Comuns do Sistema Digestório no processo de Envelhecimento

10 - 10

Doenças comuns ao Sistema Osteomuscular no processo de

Envelhecimento

12 - 12

Doenças Comuns ao Sistema Imunológico no processo de Envelhecimento

08 - 08

Fármacologia e a terapêutica no idoso: Uso de medicações mais comuns à pessoa idosa e Interação medicamentosa e a Iatrogenia

16 - 16

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Seminário II: Apresentação de um estudo de caso na Rede de proteção ao idoso, relacionado a patologias comuns ao idoso.

- 10 -

CARGA HORÁRIA TEÓRICA 100 - -

CARGA HORÁRIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO e SEMINÁRIO II - 20 -

CARGA HORÁRIA TOTAL - - 120

138

MÓDULO 3: Formação Especifica II da Atenção a Saúde do Idoso

Carga Horária (hs) Eixo Temático Área de conhecimento

T E Total

Modalidades de Assistência ao Idoso e a Família: Impactos sobre a qualidade de vida

08 - 08

Cuidados em Domicílio: Conceitos e Práticas 08 04 12 Qualidade dos Cuidados ao Idoso Institucionalizados 10 04 14 Fragilidade no Envelhecimento: Fenômeno multidimensional 20 10 30

Planejamento e Adaptação do Ambiente da pessoa idosa. 10 10 20 Negligências e Maus Tratos à Pessoa idosa. 10 10 20 Aspectos da reabilitação cognitiva em gerontologia 20 10 20

Fonoaudiologia em Gerontologia 10 10 20 Nutrição em Gerontologia 10 10 18 Saúde Bucal do idoso 20 10 30 Fisioterapia em Gerontologia 20 10 30 Terapia Ocupacional em Gerontologia 10 12 20 Bioética e Emergência: Aspectos éticos no atendimento de emergência

12 - 12

Bioética: Envelhecimento humano e dignidade no adeus a vida

08 - 08

Bioética: morte e morrer 08 - 08

Finitude e Infinitude, repensando a vida e a morte do ponto de vista filosófico

04 - 04

Luto, Viuvez na Velhice 04 - 04

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Seminário III: Sobre a assistência Humanizada a Pessoa Idosa e atendimento em situações de agravos a pessoa idosa.

20

CARGA HORÁRIA TEÓRICA 200 - -

CARGA HORÁRIA DO SEMINÁRIO III - 20 -

CARGA HORÁRIA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO - 40 240

CARGA HORÁRIA GERAL DO CURSO 460

139

APÊNCIDE B - Matriz Curricular e os Eixos Tecnológicos, Competência, Bases

Tecnológicas, Habilidades, Valores e atitudes.

EIXOTEMÁTICO 01: Introdução ao estudo de envelhecimento: Um Enfoque Gerontológico

COMPETÊNCIA: Conhecer os conceitos necessários para uma compreensão holística do processo de envelhecimento nos seus aspectos, biológicos, sociais e culturais, para atuarem na equipe de multi- disciplinar, visando ao atendimento de apoio ao idoso.

HABILIDADES:

1.1. Conhecer e identificar a teoria do engajamento, teoria da atividade, teoria da continuidade do envelhecimento, teoria da subcultural, teoria da gerotranscendencia.

2.1Ter uma visão holística para trabalhar junto a várias culturas identificando os aspectos relativos, ao velho e a velhice na forma de inclusão na sociedade.

3.1 Conhecer os processos fisiológicos do envelhecimento nos diversos sistemas orgânico

4.1 Conhecer as alterações do processo cognitivo, comportamentais e suas conseqüências; Conhecer o processo de envelhecimento, abordando as variações de classe, gênero e Etnia .

5.1 Conhecer os aspectos biológicos e psicossociais, relacionados a inserção do idoso na sociedade; Conhecer o conceito de comunidade, família e sociedade;

5.2Conhecer o processo de envelhecimento a partir da perspectiva biocultural e sociocultural voltada para a população idosa.

6.1Conhecer os determinantes do processo saúde/ doenças relacionadas à pessoa idosa;

6.2 Conhecer os aspectos éticos e legais no campo social e da saúde da pessoa idosa.

BASES CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS:

1.0 Introdução a Gerontologia: Teorias do Envelhecimento.

2.0 Antropologia do Envelhecimento.

.

3.0 Biogerontologia.

4.0 Psicogerontologia.

5.0 Gerontologia Social.

6.0 Gerontologias da Saúde

.

7.0 Gerontologias da Educação.

7.1 Conhecer a importância da educação na formação ao

longo da vida quer para a pessoa idosa quer para os

profissionais de saúde.

7.2 Saber avaliar o grau de necessidade de formação de

programas educativos ao idoso, a família e a comunidade.

VALORES/ATITUDES: Ética, Responsabilidade, Acessibilidade, Respeito, Humanização, Multiculturalismo, Responsabilidade, Organização e Solidariedade

140

EIXO TEMÁTICO 02: Aspectos Legais de Envelhecimento: Ética e Cidadania

COMPETÊNCIA: Compreender e instrumentalizar o indivíduo e a família para reconhecer os direitos do idoso e desenvolver

ações de cidadania e apoio social.

HABILIDADES:

1.1 Conhecer os direitos da pessoa idosa relacionados à moradia,

lazer e cultura, saúde, educação, transporte, trabalho, violência e

abandono.

1.2 Conhecer os artigos 229 e 230 da CF que diz respeito à pessoa e a

família

2.1 Conhecer e fazer valer as Redes de Saúde da Pessoa Idosa,

buscando a atenção integral.

BASE CIENTIFÍCA E TECNOLÓGICA:

1.O As Políticas de Saúde para o envelhecimento:

• Constituição Federal de 1988;

• Política Nacional do Idoso (PNI- Lei n° 8.842/94 e Decreto n° 1.148/96;

• Política Nacional da Pessoa Idosa (PNSPI – Portaria n° 2.528/00).

2.0 Redes Estaduais de Assistência a Saúde do idoso:

• (Portaria n° 702/02);

• Política Estadual do Idoso (Lei n° 1.343/00);

• Política Social do Idoso do município de Rio Branco/AC, n° 1.175/94.

3.0 Pactos pela Vida Portaria n° 399/06.

• Política Nacional da Atenção Básica Portaria n° 648/06.

• Política Nacional de Humanização.

3.1 Conhecer e implementar as ações de saúde dessa população tendo

como porta de entrada a Atenção Básica e a Estratégia Saúde da

Família;

3.2 Valorizar as inter-relações-humanas, buscando uma qualificação

digna prestada ao usuário de forma humanizadora ao sofrimento

alheio.

VALORES/ATITUDES: Ética, Solidariedade, Responsabilidade, Cidadania Respeito, Acessibilidade, Universalidade, Equidade

141

EIXO TECNOLOGICO 03: Patologias Comuns a Pessoa Idosa

COMPETÊNCIA: Promover conhecimento e o cuidado da equipe interdisciplinar de forma humanizadora, visando à capacidade

funcional da pessoa idosa.

HABILIDADES

1.1 Identificar os sinais de alerta nos idosos com transtornos

comportamentais e orientar aos familiares quanto às medidas

de prevenção dos idosos a fim de melhorar sua qualidade de

vida

2.1 Conhecer o processo de envelhecimento respiratório e

planejar ações multidisciplinares junto a pessoa idosa portadora

desta patologia.

3.1 Conhecer e orientar ações de prevenções primárias quanto

mudanças de estilo de vida do idoso e familiar.

3.2 Conhecer e identificar sinais e sintomas para planejar ações

multidisciplinares junto ao idoso

4.1 Orientar o idoso e a família quanto o tipo de alimentação

como medida de prevenção.

5.1 Conhecer os sinais e sintomas e Planejar e programar ações

multidisciplinares de cuidados paliativos para melhor qualidade

de vida da pessoa idosa;

5.2 Instrumentalizar um plano de ação para avaliação das

atividades da vida diária da pessoa idosa.

6.1 Conhecer e planejar junto a equipe multidisciplinar ações de

promoção de saúde ao idoso e a família.

7.1Conhecer o processo patológico da doença e planejar com a

equipe multidisciplinar ações de cuidados paliativos;

BASE CIENTIFÍCA E TECNOLÓGICA

1.0 Sistema Nervoso, transtornos mentais e comportamentais no processo de envelhecimento.

2.0 Doenças Comuns Sistema Respiratório.

3.0 .Doenças Comuns ao Sistema Circulatório.

4.0 Doenças Comuns ao Sistema Digestório.

5.0 Doenças Comuns ao Sistema Osteomuscular.

6.0 Doenças Comuns ao Sistema Endócrino.

7.0 Doenças Comuns ao Sistema Imunológico.

8.0 Farmacologia e Iatrogenia.

8.1 Conhecer e identificar os medicamentos mais utilizados e

seus efeitos terapêuticos e as reações adversas utilizados por

pessoa idosa.

VALORES/ATITUDES: Ética, Empatia, Iniciativa, Criatividade, Criticidade, Responsabilidade, Organização, Humanização e

Solidariedade

142

EIXO TECNOLÓGICO 04: Assistência Humanizada a Pessoa idosa.

COMPETÊNCIA: Capacidade de identificar os fatores determinantes da qualidade de vida da pessoa idosa, em seu contexto

familiar e social, de forma humanizadora com responsabilidade compartilhada para o desenvolvimento de ações de equipes

multidisciplinar que contribuem para o alcance de uma vida saudável.

HABILIDADES:

1.1 Compreender o significado da promoção a saúde da pessoa idosa e

sua relação com os determinantes da qualidade de vida (sociais,

políticos, econômicos, ambientais, culturais e individuais

2.1 Conhecer as diferenças estruturais e institucionais no contexto do

envelhecimento de forma a dar suporte emocional e instrumental a

pessoa idosa.

3.1 Interagir com a equipe multidisciplinar o planejamento da avaliação

global do idoso

4.0 Identificar os ambientes de risco a pessoa idosa orientando ao

idoso e a família as barreira que podem ser adequada para o ambiente

melhorando a qualidade de vida da pessoa idosa.

5.1 Conhecer as condições de vida e de saúde da pessoa idosa e seu

contexto familiar identificando condições de negligência e maus tratos

ao idoso.

Conhecer ações de reabilitação ao idoso dependente.

6.1 Conhecer e orientar para manejo das doenças crônicas e

incapacidades em vários cenários de atenção a saúde da pessoa idosa;

7.1 Conhecer os parâmetros nutricionais da pessoa idosa para que

possa orientar ao idoso e a famílias o tipo de alimentação adequada

para cada idoso de acordo com sua patologia.

8.1Conhecer as doenças bucais mais comuns no idoso e juntamente

com a equipe interdisciplinar orientar os cuidados necessários de

acordo com o grau de capacidade de cada idoso e orientar a família a

fazer o acompanhamento junto a um especialista.

9.1Conhecer ações de reabilitação ao idoso e o do grau de

dependência da pessoa idosa, para que o mesmo possa ser

acompanhado por um especialista.

BASE TECNOLÓGICA

1.0 Modalidades de Assistência ao Idoso e a Família:

Impactos sobre a qualidade de vida;

2.0 Cuidados em Domicílio: Conceitos e Práticas e

Cuidados ao Idoso Institucionalizado;

3.0 Fragilidades no envelhecimento fenômenos

multidimensionais e Autocuidado na velhice;

4.0 Planejamento e Adaptação do Ambiente para a

pessoa Idosa;

5.0 Negligências e maus-tratos a pessoa idoso;

Aspectos da Reabilitação em gerontologia:

6.0 Fonoaudiologia em gerontologia.

7.0 Nutrição em gerontologia;

8.0 Saúde Bucal do Idoso

9.0 Fisioterapia em gerontologia.

10.0 Terapia Ocupacional na gerontologia.

10.1 Conhecer e identificar as alterações morfofisiológicas para que

possam atuar em grupos junto à equipe interdisciplinar orientando a

família e/ou a pessoa idosa.

VALORES E ATITUDES: : Iniciativa Criatividade, Criticidade Responsabilidade, Organização, Humanização,Solidariedade, compaixão

143

EIXO TECNOLOGICO 05: Atendimento em situações de agravos à pessoa idosa e o Aspecto da Tanatologia.

COMPETÊNCIA: Capacidade para desenvolver ações de caráter individual e coletivo de forma humanizadora à preservação da

vida em situação de emergência e a compreensão da Finitude.

HABILIDADES:

1.1 Conhecer e identificar sinais de alerta nos casos de urgência e

emergência a fim de acionar a equipe de suporte básico de vida e

orientar os familiares e cuidadores da pessoa idosa.

2.1 Identificar os sinais de agravos a pessoa idosa e estabelecer

critérios de acesso de urgência e emergência

3.1 Saber avaliar o grau de dor da perda para a família e os

cuidadores para as devidas intervenções multidisciplinar

4.1 Interagir com a família Junto as redes sociais preparando os

mesmo quanto as dimensões do envelhecimento.

5.1 Compreender o aspecto da tanatologia, a Finitude e orientar o

idoso e a família no adeus a dignidade da vida.

BASE CIENTIFÍCA E TECNOLÓGICA:

1.0 Emergências mais comuns no idoso.

2.0 Bioética e Emergência: Aspectos éticos no atendimento de emergência e a Fisiopatologia da dor

3.0 .Repensando a vida e a morte do ponto de vista filosófico

4.0 Bioética: Envelhecimento humano e dignidade no adeus a vida.

5.0 Finitude e Infinitude: Dimensões no tempo e experiências do envelhecimento.

6.0 Luto, Viuvez na Velhice

6.1 Orientar a família na busca do atendimento de apoio psicológico

para enfrentar a fase do luto e viuvez e a solidão e a saudade do

parceiro e/ou parceira.

VALORES/ATITUDES: Iniciativa Criatividade, Criticidade Responsabilidade, Organização, Humanização, Solidariedade,

compaixão.