7Anjos

Mirna A. Grzich

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ANJOS SEMPRE

“Benvindo ao mundo dos Anjos!”... assim começava o livro Anjos, Tudo que Você Queria Saber, que realizei em parceria com Biba Arruda, em 1995. Foi ela que me convidou para a empreitada de escrever e editar aquele livro, que fez um grande sucesso em todo Brasil, alcançando mais de dois milhões de exemplares vendidos.

Reli “Anjos” recentemente e percebi o quanto ele estava adian-tado na sua época, como continuava fresco, vivo, íntegro. Reescrevi, modifiquei e acrescentei informações novas, ecumênicas, pois afi-nal os Anjos aparecem em todas as culturas do mundo, não só nas judaico/cristãs/muçulmanas. Aparecem no budismo, no hinduísmo, no taoismo...

O mais interessante no processo deste livro atual foram os mi-lagres, que aconteceram desde que comecei a escrever. Eu pedi, rezei, solicitei, e a ajuda veio, fabulosa. Em contatos imediatos de primeiríssimo grau, fui recebendo orientações e ensinamentos dos próprios Anjos durante toda a feitura da obra, em visitas majestosas e doces, durante os sonhos e sestas.

As mensagens que recebi são arrebatadoras, elas nos dão inspi-ração e coragem para seguir adiante, em direção do futuro, em har-monia interior, em paz com toda a humanidade e com reverência a este planeta tão precioso. E vamos precisar de coragem para trabalhar internamente nosso amor incondicional, porque nos tempos que virão precisaremos nos transformar em anjos uns dos outros. Muito já o são, mas muitos ainda precisam daquele empurrãozinho para prosseguir.

Isso envolve a perspectiva que acredita na evolução do ser hu-mano e do universo, e que tem profunda fé e confiança nos tem-

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pos que virão. Não é hora de temer o futuro, mas de co-criá-lo, desenhá-lo, implementá-lo. Quem pensaria tempos atrás no desen-volvimento da internet, das redes sociais, dos pequenos aparelhos eletrônicos com os quais vivemos diariamente? Quem pensaria que as pessoas – principalmente os mais jovens – estariam hoje tão pre-ocupados e engajados na luta para salvar o meio ambiente do nosso planeta? Quem pensaria que cada vez mais as pessoas descobrem que espiritualidade é diferente de religião, e que estar em contato consigo mesmo, estar presente, com um bom coração, é estar em contato com Deus?

Este o papel dos Anjos nesse nosso tempo – ajudar nessa cone-xão cósmica, aumentar nosso entendimento e consciência, acalentar nossa alma, tirar nosso medo do futuro. Amparar, reforçar, dar-nos a mão. Para que possamos olhar para esta nossa época atual, daqui a 15 anos, celebrar as mudanças e agradecer pela inspiração e coragem.

Por causa do primeiro “Anjos”, fui parar um dia na casa de Chi-co Xavier, em Uberaba, que nos chamou para uma conversa. Ele estava colecionando nossa obra, só tinha elogios para ela, e ouvia minhas fitas de meditação! Momento emocionante, passar um fim de semana perto daquele ser iluminado, vendo seu trabalho, suas sessões inspiradas, o suporte social que ele e seus obreiros davam aos pobres e desvalidos. E receber sua apreciação tão humilde, tão verdadeira... Sinto suas bênçãos até hoje.

Na época, se falava muito em anjos da cabala, e muitas pessoas acendiam velas e realizavam rituais para conseguir graças e prodi-gios. Eu sempre preferi outra perspectiva, pois para mim tudo é vivo, interconectado, tem inteligência e não precisa ser subjugado para a realização de nenhum desejo meu.

Prefiro ansiar pela graça ou mesmo recebê-la sem ter ansiado por nada – milagre dos milagres, quando recebemos mais do que po-deríamos sonhar. Como quando comecei a receber os ensinamentos diretamente, dos próprios Anjos. Não quero controlar nada, muito menos a vida. Aliás, que grande ilusão, dizia um mestre de budismo, achar que temos controle sobre alguma coisa! A vida é um grande misterio!

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A gente trabalha, estuda, trabalha, produz, trabalha, consome, trabalha, se apaixona, e de repente alguma coisa acontece e parti-mos desse mundo. Estamos aqui de passagem...

Outro mestre que conheci costumava dizer que estamos aqui nesta vida como num piquenique, mas ficamos discutindo a cor da toalha, a qualidade da grama, se vai chover, se tem formigas e se queremos sanduíche ou bolachas. Nós nos perdemos em tolas discussões, e na hora de findar o piquenique, nem amamos, nem rimos, nem fomos felizes como poderíamos ter sido.

15 anos se passaram desde que escrevi o primeiro “Anjos” – nesses quinze anos, amadureci, tive grandes conquistas e grandes perdas, mas sempre prestei atenção às sincronicidades, aos sonhos, nunca deixei de fazer minhas práticas, nunca deixei de perceber a maneira dos Anjos se manifestarem. Mesmo quando me senti sozi-nha, fragilizada, não perdi a fé.

Entendi principalmente que a felicidade não depende de fato-res externos, que podemos estar felizes mesmo em momentos difi-ceis e não prósperos. Ou não tão saudáveis.

Felicidade é um estado de alma, que atrai os Anjos. Atraímos os Anjos porque ficamos felizes ou ficamos felizes porque atraímos os Anjos? Você quer mesmo saber? Leia este livro, aprenda tudo sobre eles, pratique seus ensinamentos, e depois relaxe e esqueça. Quan-do você menos esperar, vai sentir a presença deles, a seu lado, num sonho ou numa intuição, porque afinal eles nunca se afastaram (cla-ro, estão dentro de você!), mesmo nos momentos em que tudo pa-recia estar em pleno caos. Os Anjos estão nos chamando agora para esse processo de ascensão e integração de saberes universais, como num elevador, esperando que todos entrem para subirmos juntos na grande espiral da consciência, em direção a uma civilização de paz, verdade e sabedoria.

–Sobe!

s umário

Quem são os Anjos 23Entrando em Contato 45Relaxando 57Criatividade e Alegria 69Anjos em Todas as Culturas 83A Espiral dos Anjos 103O Significado do Ritual 115Vamos Entender o Perdão? 127Os Anjos na Arte e Na Literatura 135Os Cinco Sentidos: Sua Ponte para o Mundo 147Ao conectar com a Natureza, nos conectamos com Deus 161Sonhando com os Anjos e Relembrando os Sonhos 181Anjos do Cotidiano 191Anjos na Terra 203

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1c apítulo

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A palavra ANJO vem do grego Angelus, mensageiro. Para a cul-tura hebraica o termo é MALAKL, mensageiro ou emissário. Deno-minados malaika, os anjos do Islamismo são formados de luz.

Judaismo, Cristianismo e Islamismo são chamados de religi-ões reveladas exatamente porque foram os anjos que revelaram e ditaram seus preceitos aos profetas, além de aparecerem para seus protagonistas.

Mas os anjos não são apenas os seres alados da tradição judaico--cristã-islâmica, com suas temidas aparições e revelações. Também não são os fofos querubins pintados por Raphael na Capela Sistina, durante a Renascença. Nem aquela imagem kitsch dos anos 50, do anjo protetor das criancinhas na travessia da ponte. Muito menos os espíritos dos que já partiram em que, de repente, nasceram asas.

Os anjos são seres ou energias, inteligentes e sensíveis, que es-tão numa frequência de vibração um pouco mais elevada que a nos-sa e do que os nossos sentidos podem sintonizar. Embora não possa-mos percebê-los com nossos olhos e ouvidos, podemos senti-los – e eles também a nós. São movidos por incomensurável compaixão e amor incondicional.

A imagem dos anjos como concebemos no cristianismo ociden-tal provavelmente tem suas origens na antiga religião persa, o Zo-roastrismo, (559 aC-651 dC), que foi a religião mais poderosa do

QUEM SÃO OS ANJOS

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mundo no tempo de Jesus Cristo. O Zoroastrismo reconhece várias classes de seres espirituais além do Ser Supremo (Ahura Mazda). São nomes misteriosos para nós: Spentas, Yazatas, Fravashis. Os praticantes adotam (ou são adotados) por um anjo patrono para sua proteção, e por toda a sua vida dedicam preces a esses anjos.

Numa visão integral de vida, os anjos são as energias benévolas que equilibram a harmonia do universo, em oposto à entropia. No nível pessoal, nosso anjo da guarda é um protetor, um removedor de obstáculos. Ou pode aparecer também como aquele anjo feito em fúria, que nos barra o caminho, quando insistimos teimosamente em fazer algo que não é para ser feito... Para o judaísmo, existe o anjo mau, e proteções contra sua energia, e no budismo tibetano ele é a entidade quântica que está na origem dos cinco elementos - a terra, a água, o fogo, o ar e o espaço.

Neste momento de grandes transformações em nosso mundo, vivendo a crise do aquecimento global e dividido entre o eternalismo (as religiões fundamentalistas) e o niilismo (a inteligência materia-lista, o capitalismo, a mídia), ao mesmo tempo vivendo um de seus períodos de maior evolução, com a nova geração participando da sociedade virtual, com milhões de amigos mas sem conexão com sua própria alma, sua essência, neste momento precisamos mais do que nunca dos anjos para integrar os saberes, mudar essa cul-tura humana de superioridade sobre as outras espécies, encontrar soluções, desenvolver competências, participar ativamente desse processo evolutivo, agir com a maior eficiência possível, com menos stress possível.

Comparados aos fotons da física quântica por Einstein, os anjos são importantes hoje para nos lembrar do processo de expansão que acontece no universo, e da evolução da nossa consciência em dire-ção a uma civilização com mais bondade e solidariedade.

Por que precisamos deles? Os anjos acalmam nossa alma. Quando nos entregamos a eles, à noite, pedimos para ter um sono profundo, com sonhos bons, sem pesadelos, pedimos proteção. E nos sentimos protegidos. Também são eles que nos dão aquela mão amiga no meio da noite quando acordamos de repente e lembramos

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da nossa finitude. Mas eles também precisam de nós, pois somos a sua missão, a sua razão de existir. Eles estão aqui por nós. Os anjos caminham sobre a terra exatamente como eu e você. Inter-conectados, parelelos. Você pode encontrar anjos na forma de um comissário de bordo, numa atendente de telemarketing, o que você imaginar. E você pode começar a perceber em si mesmo o seu lado anjo, na forma de um bodhisatva, como dizem os budistas, aquele ser que está aqui na terra para servir, para ajudar. Aí é o melhor mo-mento, e o objetivo deste livro que você tem em mãos.

Os anjos têm a responsabilidade de equilibrar a harmonia do universo. Muitos dizem que os anjos são a manifestação do pensa-mento de Deus, enquanto outros afirmam que eles foram criados pelo Divino Espírito da Mãe. Há bilhões de anjos no universo, e uma parcela relativamente pequena toma conta da humanidade e do nosso planeta. Entre eles estão nossos anjos da guarda – intima-mente conectados conosco.

Como energias, dizem que os anjos são andróginos podendo manifestar-se como luz ou com atmosfera feminina ou masculina – mas sempre representando os mais altos ideais humanos e valores, como o amor, a beleza, a graça, sabedoria, força, perdão, paz, pure-za, verdade, esperança e proteção espiritual. Eles estão aqui para nos ajudar a desenvolver a inteligência espiritual.

HISTÓRIAS, MITOSOs anjos estão cada vez mais próximos de nós, seres humanos co-muns. No início dos tempos da nossa cultura, eles apareciam so-mente para os profetas ou patriarcas; depois, já na Idade Média, apareciam para santos e videntes. Hoje, eles visitam poetas, artistas, criadores, terapeutas. Aparecem para mim, para você. Existe uma urgência nesses tempos de grandes transformações. Os mestres es-tão com pressa, os anjos estão com pressa, não porque vamos ser aniquilados por algum cataclisma global, mas porque temos em nossas mãos a possibilidade de evolução da nossa espécie humana.

O Velho Testamento está pleno de histórias sobre os anjos. Abraão e sua mulher Sara, com mais de 90 anos, receberam a vi-

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sita de três anjos que lhes disseram que teriam um filho, o que de fato aconteceu, com o nascimento de Isaac. Quando Deus man-da Abraão sacrificar Isaac como uma prova de fé, é um outro anjo quem vem interferir e deter a sua mão.

As histórias se sucedem: Jacó, neto de Abraão, lutou a noite intei-ra com um anjo, numa alegoria sobre a luta que travamos entre nossos instintos e nossa natureza espiritual. Mil anos depois de Jacó, os pro-fetas Ezequiel e Daniel narram seu contato com os anjos. O primeiro teve visões do trono de Deus cercado de querubins de quatro rostos, com uma sonoridade impressionante. Já Daniel pode ser considerado o primeiro a chamar um anjo pelo nome. Gabriel apareceu para ele com o objetivo de ajudá-lo a interpretar seus sonhos. Quando Daniel foi jogado aos leões, um anjo selou a boca das feras. E Daniel saiu ileso. Ao longo de todos os tempos, os anjos salvaram homens e mu-lheres de situações nas quais a morte parecia inevitável.

No Novo Testamento, é o arcanjo Gabriel que aparece a Maria anunciando o nascimento de Jesus. Do seu nascimento à sua morte, os anjos estiveram sempre perto de Jesus. Segundo a tradição, foram eles que removeram a lápide de seu túmulo.

No Islamismo, é o arcanjo Gabriel que dita o Corão ao profeta Mohamed, em 613 d.C. Depois é o mesmo anjo que o leva ao Pa-raíso. Foram os sufis, os místicos secretos do mundo islâmico, que viram os anjos como reflexo de Deus, nossos amigos de coração. A importância do sufismo em reconhecer os anjos como nossos ami-gos queridos é inestimável; eles os reconhecem como uma energia não exterior a nós, mas como um aspecto da nossa alma.

O mais importante texto da Kabalah judaica, o Zohar, fala de métodos para entrar em êxtase místico e falar diretamente com os anjos. E diz que nossos anjos são formados por nossas palavras e nossos atos.

Na Idade Média, houve uma tendência para manipular os anjos como servos potenciais para quem soubesse falar os seus nomes cabalísticos. Daí que surgiram tratados sobre como invocá-los e controlá-los, mas esses rituais são no fundo perigosos e ingênuos. Como não acredito muito em invocações e controles, muito menos

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Peter Paul Rubens. Anunciação, 1609-1610. Viena, Kunsthistorisches Museum.

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em genios da garrafa, mas sim na força da compaixão e do amor, que nos conecta com nosso anjo espontaneamente, que faz nossa vida virar uma dança de sincronicidades, de infinitas possibilidades, que-ro nesta obra ajudar você a abrir seu coração, dar-lhe asas, aprender a ser anjos, juntos. Basta pedir, basta falar com eles, dentro de nós. Como um aplicativo que facilita tudo, podemos “baixá-lo” sem nenhum custo material, apenas abrindo nossa própria energia, pres-tando atenção plena à vida, tendo um bom coração.

Eles estão mais do que nunca presentes, porque têm uma mis-são muito importante para o nosso planeta – ajudar nossa consci-ência a dar um salto quântico na direção da evolução, do serviço espiritual, do reequilíbrio ecológico, de uma sociedade mais justa, de um mundo de paz.

SINCRONICIDADE Sinal de que há anjos por pertoVocê já pensou que há na coincidência algo mais que simplesmente um acaso aleatório? O psicólogo Carl Jung e o físico Wolfgang Pauli pensavam assim e denominaram esse “algo mais” de sincronicidade.

A sincronicidade envolve o relacionamento interdependente de dois eventos cuja conexão é evidente para o observador, mas cujo re-lacionamento não pode ser explicado pelo princípio da casualidade. Esses eventos parecem influenciar um ao outro de maneiras para as quais ainda não temos uma explicação científica. David Bohm, o grande fisico já falecido, amigo do Dalai Lama, dizia que todas as coisas e todas as pessoas estão interconectadas, que o espaço está preenchido de estruturas invisíveis, canais de conexão. Bohn dizia que as conexões invisíveis interligam tudo num tecido, influenciado pelas nossas intenções e pelo nosso jeito de ser. E que não se dar conta dessa energia e perceber o mundo como fragmentado é uma grande ignorância.

Jung explorou o relacionamento entre eventos aleatórios objetivos e o estado psíquico subjetivo do observador desses eventos. Uma das teorias de Jung é a de que o mundo interior afeta o que está aconte-cendo no mundo exterior, ou vice-versa. Os físicos nos dizem também que o mundo que observamos como matéria, sólida, palpável, é 99.99