miriade e multidão

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  • 8/9/2019 miriade e multido

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    SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS INTERDISCIPLINARES DACOMUNICAO

    UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    X Simpsio de Pesquisa em Comunicao da Regio Sudeste- SIPECRio de janeiro, 7 e 8 de dezembro de 2004

    Mirade e Multido: Serres, Negri e a Potica da Comunicao

    Gerson Dudus

    Faculdade de Filosofia de Campos

    Este trabalho quer aproximar os conceitos de dois pensadores contemporneos interessantes e

    ainda pouco conhecidos no meio acadmico em Comunicao. Michel Serres, francs, e sua Filosofia da

    Comunicao, seus personagens conceituais como a mirade de anjos; Antonio Negri, italiano, e sua

    militncia poltica, seus operadores biopolticos, sua f na resistncia da multido. Para ambos, a

    comunicao se encontra, no epicentro das questes importantes do nosso tempo.

    Michel Serres nasceu em 1930 em Agen , Frana. Em 1949, entra na Faculdade Naval e depois,

    em 1952, na Ecole Normale Suprieure. Em 1955, obteve agregao em Filosofia, e de 1956 a 1958

    serviu como oficial da Marinha em vrios navios. Sua vocao para as viagens, portanto, mais do que

    apenas acadmica. Em 1968, Serres obtm doutorado com tese na filosofia de Leibniz . Durante a dcada

    de 60 lecionou com Michel Foucault na Universidade de Clermont-Ferrand e Vincennes e depois foi

    apontado para a cadeira de Histria da Cincia na Sorbonne, onde ainda leciona. Serres tem sido

    professor pleno na Stanford University desde 1984, e foi eleito para a Academia Francesa em 1990.

    Serres tem uma vasta obra, com cerca de 25 livros publicados. Seus textos passam por Leibniz,Julio Verne, Zola, Lucrcio, a fundao de Roma, os cinco sentidos. Pela maneira transversal que

    trabalha e cria seus conceitos, pela maneira que escreve, tem sido acusado pelos crticos ( como

    Baudrillard e Luc Ferry) de fazer uma obra potica e no uma obra cientfica ou filosfica.

    Que sinal dos tempos, que para criticar cruelmente uma obra afirme-se a respeito dela

    que somente potica! Poesia em grego, significa fabricao, criao Os poemas de La

    Fontaine, Verlaine ou Mallarm exigem tanto rigor quanto um teorema da geometria, e a

    demonstrao deste pode revelar tenta beleza, s vezes, quanto estes mesmos poemas.

    Valia a pena, portanto, refletir sobre esse rigor e essa beleza comuns, sobre essa cultura

    evidentemente nica. No temos nem dois crebros, nem dois corpos, nem duas almas.1

    1 Serres, MichelLuzes pg 62, 44

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    Potica vem de poiesis, grego. H tempos atrs no MASP, onde Adlia Prado se apresentaria,

    Marilena Chau introduz a conversao com uma fala a respeito da poesia e sua etimologia. Ela afirma

    que o poeta um trabalhador, j quepoiesis sign ifica trabalho. E colocava em cheque as divises

    antigas e arbitrrias entre trabalho manual e intelectual, trabalho material e imaterial, o afetivo e o

    concreto, as palavras e as coisas. Era primeiro de maio, dia do trabalho.

    "Poetry, in a sense, is the noise of science. Without poetry there would be no science.(...) Serres firmlybelieves that the very viability and vitality of science depends on the degree to which it is open to its poeticalother.(...)Poetry is the way of the voyager open to the unexpected and always prepared to make unexpectedlinks between places and things."2

    Esse o trabalho de Michel Serres: produzir hibridaes, mostrar que nada est to separado entre

    os saberes, entre os tempos, entre os lugares, entre as coisas, entre a natureza e o homem. Serres faz falar

    o que toca de forma bastante singular. Com a linguagem dos Anjos, aquela que fez com que todos se

    entendessem no Pentecoste, que uniu todas as lnguas do depois de Babel numa que fazia com que todos

    se compreendessem. Esse seu objetivo. Mostrar que existe cincia num poema, poesia numa

    demonstrao matemtica, filosofia na comunicao. Passagens e relaes por todos os lados. Ficamos

    sabendo que a realidade porosa. Esponja por onde entram e saem os fluxos. Pensamento dacomplexidade, das multiplicidades e singularidades, do mestio.

    Serres afirma que sua obra est ligada s transformaes na histria do trabalho: a era dos

    "carregadores", na revoluo agrcola, representada por Atlas e Hrcules; a era dos "transformadores", na

    revoluo industrial, representada por Vulcano e Prometeu; e, na revoluo informacional (e uma

    revoluo "pedaggica", em grande parte por se realizar), a era dos "mensageiros", anunciada por Hermes

    e pelos anjos que povoam as trs grandes religies monotestas (judasmo, cristianismo, islamismo). Ele

    passa do personagem conceitual Hermes, que passeia em sua obra dos anos 60 at os 80, para o de Anjos,porque agora necessria a multiplicidade como figura deste tempo miditico-informtico. Segundo

    Maria Assad,scholaramericana que se dedica ao estudo da obra serresiana, o mltiplo comea a aparecer

    a partir do Parasita e do Gnesis, livros do incio da dcada de 80, e se torna:

    "Serre's first powerful paradigm for chaos as the overwhelming characteristic of the evolution of nonlinearsystems over time(...)the multiple as paradigm represents a significant stage in Serre's discourse, for it raises

    2

    Lechte, John 50 Key Contemporary Thinkers pg. 137

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    his aproach to the topics he pursues from then on to a different level one that appears to shift his writingsinto a mode that many critics call poetic(...)"3

    Mas j o percebamos antes, ainda na saga do Hermes, onde Serres diz que " o objeto do saber

    torna-se a multiplicidade como tal, uma distribuio(...)conjuntos infinitamente variveis, espaos nos

    quais continuamos ainda a encontrar outros espaos; a multiplicidade caracteriza no somente o objeto de

    uma regio, mas a regio por si prpria"(Hermes pg.117) ou "je ne suis pas un point fix ici e maintenant,

    j'habite une multiplicit d'espaces, je vis une multiplicit de temps, toujours autre et toujours le

    mme"(L'interfrnce pg.150)

    Sobre isso, Deleuze e Guattari tambm tem algo a dizer, que nos ajuda a compreender Serres:

    somente quando o mltiplo efetivamente tratado como substantivo, multiplicidade, que eleno tem mais nenhuma relao com o uno como sujeito ou como objeto, como realidade natural ouespiritual, como imagem e mundo.(...)uma multiplicidade no tem sujeito nem objeto, mas somente determinaes,grandezas(...)4

    Eles afirmam que as multiplicidades verdadeiras no vinculadas ao uno ou ao todo, so as

    rizomticas e no as arborescentes. Eles exemplificam com outras multiplicidades, na matemtica de

    Riemmann (multiplicidades dicretas e contnuas); em Meinong e Russel (multiplicidades de grandeza ou

    divisibilidade, e multiplicidades de distncia, intensivas; em Brgson (multiplicidades extensas oumultiplicidades de durao). Multiplicidades divisveis e molares, organizveis e totalizveis, conscientes

    ou pr-conscientes, por um lado e, por outro, as multiplicidades libidinais inconscientes, intensivas,

    moleculares, que no param de fazer-se e desfazer-se, comunicando, passando umas nas outras no

    interior de um limiar, ou alm ou aqum(Mil Plats 3 pg.46) Ao que parece, o trabalho de Serres com

    as multiplicidades moleculares. Trabalhando com as intensidades.

    A tarefa dos anjos atravessar a crescente enciclopdia, como diz Serres. E talo Calvino,

    mostrando como isso funciona na arte, considera que o conhecimento como multiplicidade um fio queata as obras maiores, tanto do modernismo como do ps-modernismo, acrescentando:

    O que toma forma nos grandes romances do sculo XX a idia de umaenciclopdia aberta, adjetivo que certamente contradiz o substantivoenciclopdia, etimologicamente nascido da pretenso de exaurir oconhecimento do mundo encerrando-o num crculo. Hoje em dia no maispensvel uma totalidade que no seja potencial, conjectural, multplice.5

    3 Assad, Maria Language, non-linearity and the problem of evil4

    Deleuze, Gilles e Guattari, Felix Mil plats 3 pg165 Calvino, talo, op. cit. pg 131-132

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    Como se v, antes de transformar o mltiplo em paradigma, Serres j mostrava a fora do conceitoque recobre o corpo do saber e do homem. Sua crtica consistente lgica excluidora do racionalismo

    cartesiano vem desde o Hermes, seu estilo de escrita que muda. No estudo sobre Leibniz e no Hermes

    ainda existia uma forma prxima do que se convencionou chamar filosofia ou crtica. Mas, depois:

    "Hoje, mais do que Hermes(...)a multiplicidade dos anjos.(...)A filosofia tradicional dispe, geralmente deum deus central(...)minha filosofia se assemelharia em vez disso a um cu repleto de anjos(...)Esse otranscendental ao qual eu me referia, o espao-tempo dos arcanjos, a enorme nuvem, sem borda precisa,anjos que passam, uma grande turbulncia de passagens. Um enxame. Talvez eu no tenha escrito outracoisa que no uma angelologia.6

    Uma Histria de Anjos, publicado aqui em 1995, classificado como um ensaio sobre acomunicao. um dilogo filosfico entre um casal, um inspetor de companhia area, que nunca pra

    em lugar algum, sempre viajando, e uma enfermeira de aeroporto,

    que est sempre no mesmo lugar. Pantope, ele, e Pia, ela, amigos, se encontram s vezes no Aeroporto de

    Paris e conversam. Nesta conversa eles falam de anjos. Comeam a brincar com as idias j estabelecidas

    sobre este conceito e da, vo entrando em variaes e aprofundamentos.

    Eu fiz dialogar um homem e uma mulher porque meu livro tambm um livro sobre o amor, o que jamais

    ousara abordar. Mas quando se escreve sobre a comunicao, preciso ter a coragem de ir at o fim: averdadeira comunicao entre os homens o amor.7

    Um belo livro que comea com uma morte um mendigo abandonado, um sem-teto abrigado no

    aeroporto, de nome arcanglico, Gabriel, morre. E termina com um nascimento, um casal de refugiados

    tem seu filho ali, Gabriel. Um livro que passa por todos os lugares, histria, poltica, arte, filosofia,

    cincia. Como tudo passa pelo aeroporto. O aeroporto o lugar da impermanncia, mas tambm o lugar

    dos (re)encontros. Uma figura do mundo contemporneo, que :

    um espao atravessado por mensagens, o que existe de mais luminoso? Olhe o cu aqui mesmo acima de

    ns, atravessado por avies, satlites artificiais, ondas eletromagnticas, televiso, rdio, fax, correioeletrnico. O mundo no qual nos banhamos um espao-tempo da comunicao. Por que no falaria deespao dos anjos, j que esta expresso significa os mensageiros, os conjuntos de fatores, de transmissesprestes a passar, ou os espaos dos passes? 8

    Como anjos, carregamos mensagens diretamente inscritas no corpo, j que tudo que somos pode

    ser lido como informao (DNA e suas bases nitrogenadas, zero e um na digitalizao do

    conhecimento...). O trabalho contemporneo, eminentemente imaterial, , para Serres, uma prtica

    anglica de colocarmo-nos em circulao atravs da rede global de informao.

    6 Serres, Michel op. cit. 155,1567

    cit em Teixeira, Ricardo Rodrigues Interface - comunicao, sade, educao8 Serres, Michel Luzes pg 156

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    Voc sabe, por exemplo, que a todo momento h pelo menos um milho de homens em vias de voar, acimada atmosfera, como que imveis e suspensos, invariantes por meio de variaes?Sim, vivemos no sculo dosanjos(...)A minha filosofia se assemelharia(...)a um cu repleto de anjos"9

    No entanto, Serres, afirma que a utopia da comunicao como um espao democrtico, horizontal,

    de troca, compartilhamento, comunho, pode ser pervertida pelos valores que a globalizao neo-liberal

    escolheu para represent-la: poder e lucro. O controle sobre os meios de comunicao e a legislao sobre

    a rede informacional que as corporaes querem criar mais uma figura da excluso e do mal, mais uma

    Esttua, que no permite outras lgicas e outros sentires: "No mundo das comunicaes, o poder pertence

    aos mesmos que o enguiam"(A Lenda dos Anjos pg. 104)

    Em Serres h toda uma angelologia da comunicao. Ela comporta Anjos como mensageiros de

    todo tipo; Querubins como centrais distribuidoras, mquinas sociais e tcnicas; Potncias, Tronos e

    Dominaes como os poderes;Serafins como os afetos;Arcanjos como os excludos. Esta angelologia

    no hierquica, mas de multiplicidade qualitativa, envolve o humano, suas organizaes, sua poltica, sua

    subjetividade, e o problema do mal:

    como possvel um mundo que tende ao angelismo com seus fluxos e mensagens(...)e que deveria resultar,por isso mesmo, na igualizao, na perequao, numa mistura ao mesmo tempo homognea e altamente

    diferenciada e, portanto na equidade, redundar, ao contrrio, em mais bestialidade, mais falsos deuses edio diablico, na constituio de escalas de poder e dominao mais destruidoras, em injustia ainda maiscruel que todos os seus predecessores?10

    O autor afirma que ns nos tornamos os novos mestres do universo, construmos um mundo quase

    universalmente miservel que se torna o dado bsico, objetivo, de nosso futuro. E no sabemos o que

    fazer com isso. Serres diz que no depende mais de ns que tudo dependa de ns. Isso bastante

    assustador, mas tambm desafiante.

    A partir dessa anlise do nosso tempo e de nossa civilizao, Serres aponta a possibilidade de uma

    escolha tica, de uma soluo para o impasse. Para este pensador, a comunicao tem que se tornar oamor: (...)nosso tempo, nossos espaos, nossos pensamentos e sentimentos, nossos atos colocam-se em

    relao a ele somente; s existe vida segundo ou seguindo o amor, s tocamos os outros e, talvez, ns

    mesmos no mais perto dele(A Lenda dos Anjos pg 274)

    Curiosamente, num texto falando tambm sobre anjos, o telogo e educador brasileiro Rubem

    Alves, numa carta aberta a Roberto Marinho, publicada na Folha de So Paulo, prope ao dono da Rede

    9 id, ibid pg 15610

    Serres, Michel A Lenda dos anjos pg 294

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    Globo que ele se torne um anjo, mas no um anjo qualquer: um anjo engravidante. que Rubem cr serpossvel atravs da mdia, num ato de amor, engravidar as pessoas com paixes alegres(como diria

    Spinoza):

    Anjos e televises se parecem em virtude de sua ilimitada capacidade virtual: dentro dos dois moram evoam pombas sem nmero. (...)Anjos freqentemente aparecem disfarados de homens comuns. Veio-me,ento, a idia de que, talvez, o senhor pudesse ser um deles. O Anjo engravidou uma virgem pela palavra. ATV engravida por palavra e imagem. O senhor, dono da Globo, muito mais potente que qualquer anjo.Anjos engravidam no varejo. O senhor pode engravidar no atacado. J imaginou? Engravidar uma naointeira?(...) Assim, se o senhor se transformasse em Anjo Engravidante, poderia ir pingando mnimassementes nos mnimos intervalos dos programas, imagens daquelas coisas boas e belas, gestos, atitudes,

    pensamentos que seduziriam as pessoas a ir recriando o Paraso neste nosso pas. Criar fome deParaso...11

    O que Rubem Alves sugere para uma mdia corporativa como a Rede Globo teria efeitos

    imediatos, j que esta a nica mdia que chega a 99,8% dos domiclios brasileiros. Mas este projeto no

    tem nenhuma relao com os objetivos da mdia corporativa. Ela tem outros interesses que no passam

    pela democratizao da informao, pela participao ativa das audincias, pela educao e cidadania

    amplificada que poderia gerar.

    Serres, num pequeno texto publicado em 1994, e que poderia servir de suplemento ao 'A Lenda

    dos Anjos', tenta pensar a nova materialidade da comunicao. As redes de comunicao dissolvem a

    abstrao do par sujeito-objeto, fazendo da humanidade tanto sujeito quanto objeto de seu trabalho.

    Quando todos os lugares esto presentes num nico lugar, efeitos das NTIC, Serres afirma que possvel

    tornar o mundo uma repblica global de utopia com uma distribuio igualitria de comunicao, e

    enfatiza os efeitos danosos da oligopolizao dos meios de comunicao.

    Essa democracia dos meios e a resultante liberdade de expresso e produo de informao para

    uma sociedade mais justa e inteligente, quem procura realiz-la, com todo o talento e usando todas as

    mdias que lhe caem nas mos, so justamente os novos movimentos sociais, uma espcie de ativismo

    global que est juntando foras. Eles esto fazendo comunicao horizontal, eles esto criando uma

    Potica da Comunicao com seus atos comunicativos inteligentes. Como nos diz Henrique Antoun,

    para o ativismo, resistir no mais apenas sofrer a paixo do embate com o poder atual doEstado (...) Resistir tornou-se tambm inventar os movimentos atravs dos quais os modos autnomos

    de viver e governar a prpria vida possam ser, ao mesmo tempo, as formas de lutar e se manifestar publicamente(Jornalismo e ativismo na hiper-mdia pg. 139)

    11 Alves, Rubem em Folha de So Paulo 17;02;1997 pg 3

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    E aqui que quero conectar o conceito de anjos ao conceito de multido. A multiplicidade dosanjos - "Massa de anjos, fervilhamento, multides(...)Os anjos sobem e descem a imensa escada ou rio ao

    longo da qual se constri, depois encarna, o Verbo, entre o rumor, a msica, o anncio e o dilogo, at a

    carne.(A Lenda dos Anjos pg. 295) - faz lembrar a multiplicidade da multido, no modo como Toni

    Negri o est pensando.

    Nascido em Pdua em 1933, Negri se licencia em Filosofia em 1956 pela Universidade de Pdua

    com uma tese sobre o historicismo alemo. Tambm exerce o cargo de diretor da revista IL B, rgo de

    expresso dos estudantes da sua universidade. No ano seguinte professor assistente de Filosofia doDireito na Faculdade de Jurisprudncia e professor de Cincias Polticas. Em 1958 j livre-docente em

    Filosofia do Direito em Pdua.Negri tem uma expressiva militncia poltica, participando e criando movimentos de esquerda.

    preso em 1979, acusado de ser o chefe das Brigadas Vermelhas, do assassinato de Aldo Moro e de haver

    fomentado a insurreio armada contra o Estado. Na verdade, Negri era o lder do Poder Operrio e

    exercia posio de destaque no movimento italiano Autonomia. Este movimento abrigava de forma

    republicana e espontnea muitos outros grupos esquerdistas. Embora absolvido em 1980, Negri

    permaneceu preso at ser eleito deputado em julho de 1983 por uma coalizo de grupos esquerdistas.

    Usando de sua imunidade parlamentar, refugiou-se na Frana por mais de uma dcada, onde viveu em

    semi-clandestinidade.

    Em 1997 decide retornar para a Itlia, a fim de repor no centro da discusso a anistia para os

    presos polticos italianos. preso ainda no aeroporto e produz alguns de seus livros no presdio de

    Rebibia. Hoje, est livre. Livros como Imprio; O Poder Constituinte; Kairs, Alma Vnus e

    Multitudo so importantes passos dados na compreenso desse novo momento poltico que passamos,

    criando conceitos para auxiliar a afirmao de uma desutopia, de uma ao que produza o novo agora, em

    comunidades, em cooperao.

    Vou ligar a mirde de anjos e o at a carne da citao de Serres na pgina anterior com a multido

    e a carne de Negri e alguns outros, que reforam a mestiagem que estou me permitindo fazer. Porque os

    anjos de Serres no so puros espritos, mas uma angelologia que no s admite, mas condensa, em sua

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    definio, a mistura: material-imaterial, corpo-esprito, social-natural, etc. Para Artaud, a carne era aligao direta entre o pensamento e a vida, a mente e o corpo, carne era a inseparabilidade. Para Ponty,

    the flesh is not matter nor mind, nor substance. In order to designate it weneed the old and new term element, in the same sense as this term was used to speak of

    water, air, earth and fire, i.e., in the sense of a general thing a sort of embodied principlethat brings a style of being where is a fragment of being.12

    Essa carne o quinto elemento, a materialidade vital da existncia. Nesse sentido, Negri fala que a

    primeira matria da multido a carne. Como a carne, a multido ento pura potencialidade, fora de

    vida informe e elemento do ser. Como a carne, a multido orientada para a plenitude da vida.(Negri

    Toward an Ontological Definition of Multitude)

    Hoje, o conceito de multido vindo de Spinoza, passando por Simondon e Marx se mostra

    como uma multiplicidade incomensurvel, um universal concreto. Multido um ator social ativo, uma

    multiplicidade que age. Age de modo diverso da turba ou da plebe ou da massa. Ela a responsvel por

    sua auto-organizao. Como nos diz Virno,

    "paraSimondon, contrariamente ao que afirma um sentido comum disforme, a vida de grupo o momento de uma ulterior e mais complexa individuao. (...) a singularidade burila-se e

    alcana seu apogeu no atuar conjuntamente, na pluralidade de vozes; em uma palavra, na esfera pblica."13

    Individuao, diferente de individualizao ou individualismo, que so processos

    homogeneizadores operados pelo sistema capitalista e suas mquinas reterritorializadoras. Individuao

    um processo de singularizao, de diferenciao.

    Para deixar mais inteligvel esse paradoxo de colocar a multido ao lado de uma maior

    singularizao porque estamos acostumados a, pelo senso comum, identificar multido com o

    indiferenciado sem vontade - vou trazer para a discusso a pequena multido que a amizade. C.S.Lewis,

    em seu livro sobre os quatro amores, fala do amor 'fileo' e o que acontece com nossa individuao num

    crculo de amigos. Ele diz que notamos isso de modo mais contundente quando um deles morre. Lewis

    diz que fica claro que o que se perde no apenas o amigo, mas com o amigo vai tambm aquilo de mim

    que s ele fazia vir tona, e aquilo de cada membro do grupo que s poderia emergir na relao afetiva

    com aquele que se foi e na conjuno entre os que ficaram e ele. Multido aqui potenciao, ao da

    vontade de potncia, diferenciao qualitativa, multiplicidade.

    12 in Negri, Toni Towards na Ontological Definition of Multitude13

    Virno, Paolo Multido e Princpio de Individuao

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    Como na batalha de Seattle ou Gnova nas manifestaes do movimento antiglobalizao quepararam a cidade e a OMC, ou nos cacerolazos argentinos de 2001 que derrubaram o poder; como na

    criao do Linux, onde mais de 400 mil trabalhadores imateriais entre tcnicos, hackers, curiosos

    desenvolveram o melhor sistema operacional ligado s leis da democracia na rede (software livre, open

    source, copy-left). Acabo de dar exemplos da poltica da multido a capacidade de resistir ao poder do

    capital, e do trabalho da multido a capacidade cooperativa, produtiva e inventora que agrega. Trabalho

    e poltica da multido tendem a coincidir.

    "A multido aparece como conceito de uma potncia: ela a condio e uma nova potncia produtivabaseada na produo de 'mais ser'. Essa potncia no quer penas se expandir, ela pretende sobretudoconstruir um corpo: o elemento constitutivo da multido a carne (...)a substncia viva e comum na qualcorpo e intelecto coincidem."14

    Uma Potica da Comunicao justamente utilizar estes conceitos que esto disposio para

    constituir prticas biopsicossociais que engendrem o novo. Os conceitos serresianos e negrianos em sua

    deriva nos ajudam a compreender a centralidade da comunicao no momento contemporneo e a querer

    transform-la em fraternidade, igualdade, liberdade.

    "Se a comunicao se torna cada vez mais o tecido da produo, e se a cooperao lingustica se torna cada

    vez mais a estrutura da corporalidade podutiva, ento o controle do sentido e do significado lingustico edas redes de comunicao constituem uma questo cada vez mais central para a luta poltica"15

    Vem da a necessidade de se apropriar das redes de comunicao para faz-las ressoar valores

    libertrios e fraternos, qualitativamente diferentes dos da globalizao corporativa ou do Mercado.

    exatamente isso que certos coletivos esto fazendo neste momento. Esto conjugando inteligncia e

    ativismo por um outro mundo, outra ordem mundial. Segundo Negri e Lazzarato, a unidade do poltico,

    do econmico e do social se determina na comunicao: no interior dessa unidade, pensada e vivida,

    que os processos revolucionrios podem hoje ser conceituados e ativados.

    Este novo ativismo acontecendo, que recupera o espao pblico e civil da poltica, est usando e

    cada vez melhor todos os equipamentos tecnolgicos que a nossa era da informao oferece para

    aumentar o espectro da democracia uma democracia no meramente representativa(em crise evidente

    e grave), mas uma democracia participativa. Esse ativismo fez acontecer uma coalizo de foras que antes

    nem se juntavam para conversar. Todos esto querendo mostrar um outro mundo possvel, que no este

    da excluso global de da populao do mundo aos benefcios da civilizao ocidental.

    14

    Negri, Toni e Cocco, Giuseppe O trabalho da multido e o xodo constituinte in O Trabalho da multido pg 2215 Hardt, Michael e Negri, Toni Imprio pg 428

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    O que o movimento antiglobalizao est demonstrando que as lutas sociais voltaram cena internacional como fonte de presso por mudanas que levem a transformaes domodelo civilizatrio em curso. Ele foi gerado pelo prprio sistema a que se contrape: a

    globalizao capitalista.(...)A novidade no movimento antiglobalizao que ele estunindo, sem apagar as diferenas, num campo de ao comum, grupos polticos e tribosculturais que at ento nem sequer se sentavam juntos para dialogar, ou seja, omovimento antiglobalizao , em si, um novo ator sociopoltico16

    Ativismo que, segundo Antonio Negri e Michael Hardt,

    uma atividade positiva, construtiva e inovadora(...)a resistncia est imediatamente ligada a umaparticipao vital e inevitvel no conjunto das estruturas sociais e formao de aparatos cooperativos deproduo e comunidade. Essa militncia faz da resistncia um contrapoder e da rebelio um projeto de

    amor.17Grupos como os da luta anti-globalizao ou da anti-publicidade, ou outros coletivos

    inimaginveis pouco tempo atrs, inventam formas de resistir, afirmando o potencial dos valores como

    cooperao e comunidade, produo e subjetividade.

    como formular uma nova teoria poltica que d conta dos novos coletivos... Se ocoletivo que mudou... Percebe? Esta nova coletividade... O conjunto das mulheres no

    planeta que tiveram cncer de mama no era um coletivo imaginvel h seis anos. umnovo coletivo. E eu acredito que muitos conceitos como a representao por um deputadoetc. devem ser re-retomados, re-refletidos e mesmo uma poltica em tempo real, isto , o

    processo de deciso etc., tudo deve ser repensado em virtude das novas tecnologias18

    preciso acreditar na potncia da multido, na criatividade e fora dos movimentos sociais para

    gerar um contrapoder que desequilibre o atual estado de coisas. E tudo isso atravs de pensamento e ao

    diferenciados em comunicao, quer dizer, fazendo os saberes e fazeres se comunicarem. Hakim Bey,

    pensador sem rosto, cone da contracultura contempornea - responsvel por livros e conceitos

    importantes da dcada de 90 como a Zona Autnoma Temporria (TAZ) ou o Terrorismo Potico- fala

    sobre as necessidades, neste momento da rebelio:

    O que significa isso tudo em termos de estratgia possvel ou at ttica "depois deSeattle", etc, etc? De que forma esta "espera por um sinal" se relaciona com a luta contraa OMC, o FMI, o World Bank, o NAFTA, o GATT, as grandes corporaes, os

    superfundos, para no mencionar os velhos inimigos de sempre, como governos eexrcitos, e novos e ambguos inimigos, como as ONGs?Eu gostaria de fazer um apelo teoria, o que de modo algum implica ideologia. "Theoria" originalmente significa "viso"e inclui tanto vista como "experincia visionria"19

    16 Gohn, Maria da Glria De Seattle a Gnova FSP Cadeno Mais! 27/01/2002

    17 Hardt, Michael e Negri, Toni op. cit. pg 437

    18

    Serres, Michel Novas Tecnologias e sociedade pedaggica19 Bey, Hakim Batalha Espiritual

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    Portanto preciso uma teoria que seja experincia visionria. Um potica da comunicao, quepensa diferente para produzir diferena. Para dar conta dos desafios que se colocam queles que querem

    mudana, eqidade, justia, paz, neste momento histrico.

    Construir conceitos significa fazer existir, na realidade, um projeto que umacomunidade. No existe outra maneira de construir conceitos que no sejatrabalhando de uma forma comum. Esta comunalidade , do ponto de vista da

    fenomenologia da produo, do ponto de vista da epistemologia do conceito e doponto de vista da prtica, um projeto no qual a multido est completamenteempenhada. Os bens comuns so a encarnao, a produo e a liberao da

    multido. Disse Rousseau que a primeira pessoa que desejou um pedao danatureza como sua possesso exclusiva, e a transformou na forma transcendente dapropriedade privada, foi quem inventou o mal. O bem, ao contrrio, aquilo que de todos. 20

    Os exemplos escolhidos do uma plida idia da criatividade e diversidade de aes que os

    movimentos sociais tem possibilitado. Essa potncia de criao, essa vitalidade um dado que vai

    continuar produzindo incmodo, alimentando a revolta da multido para a produo de um outro mundo,

    uma outra sociedade, uma outra comunicao.

    REFERNCIAS

    BAUDRILLARD, Jean. A Transparncia do Mal Campinas/SP Papirus Editora 1993

    CALVINO, talo. Seis Propostas para o Prximo Milnio S.Paulo Cia das Letras 1990

    DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Felix Mil Plats v.1 Rio de Janeiro Editora 34 1995

    ________________________________ Mil Plats v.2 idem

    ________________________________ Mil plats v.3 idem 1996

    ________________________________ O que a filosofia? Idem 1993

    LATOUR, Bruno. Jamais Fomos modernos Rio de Janeiro Editora 34 1994LEWIS, C. S. Os Quatro Amores So Paulo Editora Mundo Cristo 1983

    Lechte, John. Fifty Key Contemporary Thinkers UK Routledge 1994

    HARDT, Michael e NEGRI, Toni. Imprio Editora Record 2001

    NEGRI, Toni. Exlio S. Paulo Editora Iluminuras 2001

    PACHECO, Anelise COCCO, Giuseppe VAZ, Paulo. O Trabalho da Multido Museu da Repblica/Gryphus

    Editora 2002

    20 Hardt, Michael e Negri, Toni pg 323,324

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    SERRES, Michel. A Lenda dos Anjos S. Paulo Aleph Editora 1995_____________ Filosofia Mestia Rio de Janeiro Editora Civilizao Brasileira 1993

    _____________ Hermes Rio de Janeiro Graal 1990

    _____________ Hermes I La Communication France Ed. De Minuit 1969

    _____________ Hermes II LInterfrnce France Ed. De Minuit 1972

    _____________ Hermes III La Traduction France Ed. De Minuit 1974

    _____________ Hermes IV La Distribution France Ed. De Minuit 1977

    _____________ Hermes V Le Passage du Nord-Ouest France Ed. De Minuit 1980

    _____________ Hominescncias Rio de Janeiro Bertrand Brasil Editora 2003_____________ Le Parasite France Ed. Hachette 1997

    _____________ Luzes So Paulo Editora Unimarco 1999

    SODR, Muniz. Antropolgica do Espelho Petrpolis/RJ Editora Vozes 2002

    INTERNET

    1. ANTOUN, Henrique Jornalismo e Ativismo na Hiper-Mdiawww.eco.ufrj.br/ciberidea/ equipe/pdf/antoun/novamidiafamecos.pdf

    2.ASSAD, Maria Language, non-linearity and the problem of evilhttp://muse.jhu.edu/journals/configurations/toc/con8.2.html recuperado em 30/04/2004

    3.BEY, Hakim Batalha Espiritualhttp://riseup.net/anarquista/batalha_espiritual.htm recuperado em 11/05/2004

    4.BROWN, Steven D.Parasite Logic

    www.devpsy.lboro.ac.uk/psygroup/sb/parasite.htm recuperado em 03/dez/2003

    5.NEGRI, Toni. Towards an Ontological Definition of Multitude

    http://multitudes.samizdat.net/ recuperado em 20/04/2004

    6.POLIZZI, Gaspare.Hermetism, Messages and Angelshttp://muse.jhu.edu/journals/configurations/toc/con8.2.html recuperado em 30/04/2004

    7.SERRES, Michel.Novas Tecnologias e sociedade pedaggicawww.interface.org.br/revista6/entrevista1.pdfrecuperado em 27/02/2004

    8.TEIXEIRA, Ricardo Rodrigues. A Lenda dos Anjoshttp://www.interface.org.br/revista1/livro1.pdfrecuperado em 27/02/2004

    9.VIRNO, Paolo Multido e Princpio de Individuaohttp://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/1479,1.shl recuperado em 11/03/2004

    http://muse.jhu.edu/journals/configurations/toc/con8.2.htmlhttp://riseup.net/anarquista/batalha_espiritual.htmhttp://www.devpsy.lboro.ac.uk/psygroup/sb/parasite.htmhttp://multitudes.samizdat.net/%20%20%20%0Drecuperado%20emhttp://muse.jhu.edu/journals/configurations/toc/con8.2.htmlhttp://www.interface.org.br/revista6/entrevista1.pdfhttp://www.interface.org.br/revista1/livro1.pdfhttp://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/1479,1.shlhttp://muse.jhu.edu/journals/configurations/toc/con8.2.htmlhttp://riseup.net/anarquista/batalha_espiritual.htmhttp://www.devpsy.lboro.ac.uk/psygroup/sb/parasite.htmhttp://multitudes.samizdat.net/%20%20%20%0Drecuperado%20emhttp://muse.jhu.edu/journals/configurations/toc/con8.2.htmlhttp://www.interface.org.br/revista6/entrevista1.pdfhttp://www.interface.org.br/revista1/livro1.pdfhttp://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/1479,1.shl
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    10.ZEMBYLAS, Michalinos Of Troubadours, Angels, and Parasiteshttp://ijea.asu.edu/v3n3/ recuperado em07/10/2004

    http://ijea.asu.edu/v3n3/http://ijea.asu.edu/v3n3/